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HISTÓRIA DA ARQUITETURA III - D’ARQ|FCTUC

PROFESSORES: JORGE FIGUEIRA, BRUNO GIL


CATARINA JEGUNDO 2018/2019

- Condições para a Arquitetura Moderna


- Iluminismo
- Arquitetos Visionários: Piranesi, Boullée e Ledoux
O Iluminismo é um movimento que que se deu ao longo do séc. XVIII, essencialmente em França (com um
caráter mais revolucionário) e em Inglaterra (com um caráter mais moderado e empírico). Decorreu desde
1715, alcançando o seu auge com a Revolução Francesa. Este, juntamente com a Revolução Industrial,
foram os acontecimentos que abriram caminho para o surgimento da Arquitetura Moderna.
Por esta altura dá-se uma separação entre o estado e a religião e Deus deixa de ser uma resposta
completa. Os homens iluministas apresentam-se como moralistas e defendem o uso da razão. A aristocracia
cai e a burguesia determina e reorganiza a sociedade e a cidade. O homem iluminista pretende encontrar
felicidade não só no amanhã ou na vida após a morte, mas no hoje, no quotidiano. Para além disso, a
Natureza surge como exemplo de beleza racional, sendo estudada através da Filosofia. A propósito do
estudo e do conhecimento, surge uma nova fonte de conhecimento acessível a todos, sendo esta a
Enciclopédia. Com Edmund Burke nasce o conceito do SUBLIME, o extremo medo/pânico do ser humano
perante um enorme movimento. Com isto não quer dizer que se tenha perdido as noções da Arquitetura
Clássica, porém, na contemporaneidade já não está totalmente presente (com algumas exceções –
América).
Focam-se então 3 arquitetos, que são vistos como os precursores da Arquitetura Moderna: Giovanni
Battista Piranesi em Roma, Etiénne-Louis Boullée e Claude-Nicolas Ledoux em França.

- GIOVANNI BATTISTA PIRANESI (1720-1778)


Piranesi surge como um ilustrador de gravuras, dedicando-se ao registo e ilustração rigorosos das ruínas, da
cidade e da história. Move-se contra a ideia de que o passado é distante, vivendo as ruínas como se fossem
do presente, algo vivo e intemporal, caracterizando-as como “Palcos do Presente”. Na parte final da sua vida
dedica-se à arqueologia, um processo mais adulto, não tão utópico e que exige um conhecimento prático.
- Le Antichità Romane, Veduta del Pantheon
Este monumento surge como um retrato que implica um todo, uma
cidade infernal, uma ruína inabitada. No seu registo, Piranesi demonstra
pormenor e presença. O Pantheon não é só um monumento grandioso, é
vivido e faz parte de um quotidiano no presente. O edifício está a ser
tomado na Natureza, ganhando SUBLIMIDADE.

- Le Antichità Romane, Veduta dell’interno del Pantheon


Neste retrato, o homem surge “pequeno”, “esmagado” por toda
a grandiosidade envolvente. As coisas não têm uma única explicação,
fachada ou visão. Há sempre mais do que se aparenta. Dimensão teatral.
- Carceri [Carcere V] “Os Baixos Relevos dos Leões”
- Carceri [Carcere VII] “A Ponte Levediça”
- Carceri [Carcere III] “A Torre Redonda”

Retrato do homem preso a si mesmo. Noções de gigantismo, um processo


arquitetónico no qual a monumentalidade se baseia na representação de uma escala maior
(perda de escala).

- Opera Varie, “Parte di Ampio Magnifico Porto…”


Atenção ao detalhe e consequentemente, demasiada informação
que gera claustrofobia. Viragem de um paradigma.

- Le Antichità Romane, “Antiquus Circi Martual”


Demonstração da complexidade do mundo através do rigor e da
brutalidade. Organiza numa via as várias peças que compõem o mundo,
mostrando um desejo de modernidade, reorganização.

- Le Antichità Romane, “Antiquus Bivii Viarum”


Já não existe intervenção divina, apenas presença e claustrofobia.

- Antiquità d’Albano e di Castel Gandolfo “Prospettiva della Scala della conserva


d’acqua…”
Mostrar a sombra, criando a dúvida do belo/feio, sombra/luz. O iluminismo em
Piranesi é sombrio.

- Claude Perrault: Cabana primitiva segundo Vitrúvio, 1674


- Jacques-François Blondel: Cabana Primitiva. Curso de Arquitetura Civil
- Marc-Antoine Laugier: Essai sur L’Architecture
Na academia francesa há uma separação entre a Arquitetura e a Engenharia e
alguns académicos franceses fazem experiências em torno da Cabana Primitiva. Claude
Perrault estuda a Cabana segundo Vitrúvio e Jacques-François Blondel estuda a Cabana
Primitiva, que surge como uma crítica radical do Barroco, uma ideia iluminista. A mais
conhecida é a do Abade Laugier, que é composta por uma estrutura básica.
(Not sure of this shit tho)
- ETIÈNNE LOUIS BOULLÉE (1728-1799)
Arquiteto francês que se dedica à obra teórica, transformando a arquitetura em poesia radical através do
desenho e investigação. Para além disso, elabora uma busca pela geometria da arquitetura, concebendo
edifícios públicos de grande escala onde explora os volumes geométricos na sua forma mais pura. Leva ao
extremo a luz/sombra, bem como a geometria e o gigantismo da escala. Com isto existe a procura de uma
Arquitetura Cívica.
- Cenotáfio de Newton, Alçado em perspetiva, 1784
A esfera é a forma tida como perfeita e tem um sentido de
enquadramento. Esta peça tem um efeito sublime (não é nem belo nem
feio). Boullée tenta mostrar a arquitetura perante a Geometria (plantas, cortes e
alçados).

- Biblioteca Pública, 1785


Conjunto de projetos meramente teóricos, não construídos.
Exaltação da simetria e foco dos cidadãos como centro da Arquitetura.
Linguagem clássica de um edifício público.
- Biblioteca Real, 1785
Estantes fazem parte da arquitetura. Vestígios de ordens clássicas.
Grande escala e dimensão. Abóboda de canhão que permite entrada de luz
zenital. Início da ideia de open space.

- Palácio Nacional
Geometria simétrica que pretende enaltecer assimetrias. Melhoramento
do projeto em busca da Perfeição – retorno à Cabana Primitiva.

- CLAUDE-NICOLAS LEDOUX (1736-1806)


Arquiteto francês que deixa de trabalhar em prol de um Deus ou de um rei e que passa a trabalhar em prol
da sociedade, numa ideia de apelo social. Simplifica as formas e os volumes, elaborando a chamada
“Arquitetura Falante”.
- Villa de Chaux, Arc-et-Senans
Vila utópica. Reinventa os modelos clássicos numa espécie de
revolução agrícola. Esta surge como a primeira demonstração prática da
arquitetura social e não uma cidade ideal mítica. Processo de
higienismo. Exploração de dois mundos: um artificial criado pelo homem
que pretende imitar a natureza.
- Salinas de Chaux
Sociedade organizada por funções. Espaço limpo e claro – “higienismo”.
Proximidade entre a ordem clássica e a Natureza.

- Casa do Diretor
Elementarização das formas. Casa no centro
das salinas – óculo a vigiar. A forma deve pressupor
o programa do edifício.

- ARQUITETURA FALANTE
Esta surge como uma forma da arquitetura expressar na sua forma o que ela realmente é. É espelho
do funcionalismo (FORM FOLLOWS FUNCTION – Louis Sullivan) onde a arquitetura surge como a
reorganizadora social.

- Cemitério de Ville de Chaux


Projeto não realizado. Já não é a esfera cósmica de Boullèe mas sim mais
pragmática. Representação do nada, do vazio.
- Revolução Industrial
- Arquitetura do ferro e do vidro
- Neoclassicismo
- Medievalismo
A Revolução Industrial originou-se em Inglaterra, onde predominava o capitalismo e o socialismo. Com o
pós-guerra há uma necessidade de uma nova visão sobre o mundo. Alguns pensadores iluministas, como
Piranesi, já mostravam um grande interesse em mudanças tecnológicas. Com a Revolução Industrial, criam-
se as siderurgias, isto é, a fabricação e tratamento do aço e do ferro, dando assim aso a uma nova forma de
utilizar o ferro, um material mais estável e aparentemente mais seguro. Com estes ideais há uma evolução
repentina do uso e da técnica (visão vanguardista). O ferro e o vidro começam a ser os materiais
fundamentalmente trabalhados.
No meio de tudo isto, Inglaterra permitiu uma evolução social, que se mostrou pela subida de classe
das classes mais baixas. Para além disso, há uma forte afluência dos campos para a cidade, provocando um
processo vertiginoso, de aceleração e desorientação. Com isto, surge a necessidade de criar pontes de
distribuição e circulação mais rápidas, sendo estas os caminhos de ferro. Desenvolve-se a chamada
imprensa e a sociedade evolui. A Arquitetura mantém o seu caratér social, procurando executar programas
públicos conscientes.
O Neoclassicismo é uma estratégia que permite criar os programas necessários na cidade burguesa.
Surge como um classicismo sem propósito religioso e de muita plasticidade. Surge a criação de pontes,
necessidades arquitetónicas mais trabalhadas com o ferro, que respondem às novas necessidades da vida
urbana.
O Medievalismo é, no entanto, antagónico à arquitetura do ferro e do vidro. Ruskin, Pugin e Morris
criam um movimento que rejeita a Revolução Industrial e a arquitetura Neoclássica, em nome do trabalho
manual. É, no fundo, uma visão crítica e pessimista. Pretendem voltar à sociedade mística e harmoniosa da
Idade Média e começam, pela primeira vez, a pensar no mundo como um projeto integral (OBRA DE ARTE
TOTAL). Fazem avançar os campos da arte e da arquitetura e exploram a arquitetura na vertente de Obra de
Arte Total, desenhando o interior, os espaços, o mobiliário, até ao mais ínfimo pormenor.

- Ponte Coalbrookdale (1777/1779), Wilkinson/Pritchard


Nesta construção aparecem os primeiros sinais do ferro com uso na
indústria, daí aumentar a sua produção e comércio. Há uma grande escassez
de recursos e a técnica mais rápida e eficaz é a linha e o arco.

- Ponte Maria Pia sobre o Douro (1867), Gustave Eiffel


Há uma forte transparência e aparente simplicidade na construção,
parecendo a construção frágil. Opõem-se aos ideais da arquitetura Neoclássica,
que se classificava como opaca e fechada.

- Brooklyn Bridge (1869/1883), Nova Iorque, John A. Roebling


Pórticos brutos de características góticas, numa tentativa de suavizar a
tecnologia. Forte presença.
- Tower Bridge (1886/1894), Londres, J. Wolfe Barey, Horace Jones
Forte ideia de uma vanguarda tecnológica, porém com pensamentos
góticos.

- Liverpool Lime Station (1849), Richard Burton, William Fairburn


Transparência e clareza arquitetónica. Espacialidades interpretadas com a
utilização do ferro e do vidro. “Nave” que transparece através da fachada.

- Estação St Pancras (1863/65), Londres, William Henry Barlow,


Roland M. Ordish
Reflexo integral do Capitalismo (“TIME IS MONEY”).
Interior com pensamento moderno envolto por uma fachada
historicista.
- Estação King’s Cross (1850/52), Londres, Lewis Cubitt

Ideal de FORM FOLLOWS FUNCTION. Fachada revela a monumentalidade do


seu interior.

- Palm House, Royal Botanical Gardens (1844/48), Decimus Burton, Richard


Turner
Arquitetura High-Tech. Modelação do ferro e do vidro.
- Estufa em Chatsworth (1836/41), Derbyshire, Joseph Paxton

Balão insuflável de vidro – ideia de “kit de montagem” – pré-fabricação.


Arquitetura Neoclássica presente na fachada.

- Crystal Palace (1850/51), Hyde Park, Londres, Joseph Paxton


Comprimento monumental. Arquitetura do ferro e do vidro no
seu auge. Construído pelo arranque do capitalismo. Construção ‘pré-
fabricada’. (Incendiou)

- Torre Eiffel (1889), Paris, Gustave Eiffel


Monumentalidade do ferro presente em verticalidade. Recorre à tecnologia da construção de
pontes.
- VIOLET-LE-DUC (1814-1879)
Arquiteto francês nacionalista. Apoia a ideia de um restauro que dê uma nova vida ao edifício.
Contrariamente a Ruskin, que defende que é impossível reabilitar uma ruína, bem como pessoas, Le-Duc
defende a transformação da ruína em algo extraordinário. Grande personagem na discussão do
aproveitamento patrimonial.

- Restauro da Catedral de Notre Dame (1845/64), Paris


Le-Duc explora o ferro de forma extremamente decorativa.

- Biblioteca de Sainte-Geneviève (1842/50), Paris, Henri Labrouste


(1801-1875)
Labrouste é discípulo de Boullée e prevê o conceito de “Arte
Nova”. Na Biblioteca, Labrouste explora uma fachada clássica que
alberga um interior moderno composto por ferro. Retoma a ideia de
Ledoux das paredes funcionarem como estantes de livros.

- Altes Museum (1824/28), Berlim, Karl Friedrich Scinkel (1781-1841)


Assemelha-se a uma cortina de colunas (fachada contínua quase de ‘vidro’).
Referências clássicas/neoclássicas. Herança greco-romana/renascentista.

- Academia de Arquitetura (1831/36), Berlim


Modulação e repetição na linguagem arquitetónica. Remete-nos para
a Escola de Chicago.

- MEDIEVALISMO
- “Constrasts”: Uma “cidade católica” em 1440 e em 1840 (1836), Pugin
(1812-1853)
Nesta obra retrata-se a diferença entre a cidade bela de 1440 e a
cidade feia de 1840. Para Pugin, a cidade medieval/gótica é uma
harmonia destruída pela cidade industrial.

- Paisagem industrial (1841)


As igrejas estão a perder-se no meio da paisagem da cidade industrial – chaminés competem com
torres das igrejas.
- JOHN RUSKIN (1819-1900)
“ALL GOOD WORK MUST BE FREE HANDWORK”
Ruskin valoriza o trabalho manual, defendendo que o mundo industrial escraviza a sociedade. Propõe uma
reforma ideológica.

- VIOLET-LE-DUC
Adere aos instrumentos produzidos e propõe reforma na arquitetura num sentido técnico, ou seja, segundo
princípios não contraditórios com a estrutura da sociedade contemporânea.

- WILLIAM MORRIS (1834-1896)


Morris é discípulo de Ruskin. Cria a sua própria empresa de mobiliário (Morris & Co.) e nesta fase, trabalha
com a manufatura, deixando de lado a industrialização.

- Red House (1859), Bexley Heath, Kent


Obra com pensamento e conceito medieval presenta na
fachada. “Castelo medieval”.
- Escola de Chicago
- Grande Incêndio de 1871
- Exposição Colombiana de 1893
- Henry Hobson Richardson, Daniel Burnham, Louis Sullivan
Os EUA, até ao séc. XIX, limitavam-se a copiar os modelos da arquitetura europeia. A partir deste século, a
situação inverte-se. Os EUA surgem como uma potência mundial, apresentando um forte
empreendedorismo, uma autenticidade e um aumento populacional explosivo vindo da Europa (em busca
do sonho americano). Por esta altura, a taxa de criminalidade sobe a pique. Chicago torna-se uma cidade
emblemática. Enquanto que Washington se apresenta como uma cidade axial, Chicago desenvolve, à
semelhança do modelo de colonização espanhola, uma malha reticulada. Burnham e Bennett desenvolvem
uma proposta de plano para Chicago, que se opunha à malha reticulada, sobrepondo esta com um sistema
clássico de grandes eixos e arcos.
A 8 de outubro de 1871, deu-se em Chicago um grande incêndio que destruiu a cidade quase por
completo. Por ela ser maioritariamente construída em madeira, pouco sobrou das construções pré-
existentes. Posteriormente, a cidade renasce em pleno período da Revolução Industrial e torna-se um
grande centro. Tanto Adolf Loos como Álvaro Siza Vieira defendem que “Só há avanços na arquitetura
quando há mudanças na técnica”, e a partir daí, Chicago renasceu. Como fundamento, agrega-se um novo
movimento apelidado de A Escola de Chicago.

- ESCOLA DE CHICAGO
A Escola de Chicago surge como uma vanguarda fundamental para o movimento moderno e tem por base a
construção em altura. Começaram a surgir os arranha-céus, construções que respondem a uma corrida
contra o tempo, funcionando na verticalidade – primeiros indícios da Arquitetura Moderna – onde os
elevadores são um elemento fundamental.

- WILLIAM LE BARON JENNEY


- First Leiter Building (1879), Chicago
Protagonismo do vidro e imponência na fachada vertical. Gaiola de ferro que permite o
arranha-céus e que alberga as chamadas “cortinas de vidro”.
A parede perde lugar face ao vão.

- Fair Store (1891)


Construção rápida, homogénea e eficaz. Estrutura composta por
um “esqueleto de aço”.

- “Three American Architects”


Livro que explora a trilogia da fundação, os pilares da arquitetura americana, sendo estes
Richardson, Sullivan e Wright.
- HENRY HOBSON RICHARDSON (1838- 1886)
Arquiteto com formação em Paris. Introduz os temas do Medievalismo, começando a fugir ao Classicismo.
Expressão material rude e bruta.

- Trinity Church (1872/77), Boston


Mistura de temas europeus com vínculos americanos. Criação de um estilo próprio.

- Marshall Field (1885/87), Chicago


Ponto de inspiração para Sullivan. Peça sólida, feita de pedra.
“Futurista” tentando dar um caráter rústico e vernacular a uma peça
moderna.

- BURNHAM E ROOT
- The Rookery (1885/88), Chicago

Conjugação de elementos clássico e modernos. Presença afirmada do vidro.


Cúpula sobre o pátio. Presentes os pormenores vanguardistas, mas procura algo mais
exótico, com uma decoração islâmica (rutura com o clássico).

- Reliance Building (1891/95)

Torre explorada em altura. Avanço estético e técnico – famosa janela de


Chicago “bow window”. Fachada transparece leveza e expressionismo.

- ALDER E SULLIVAN
- Auditorium Building (1887/89)
Escritório de Sullivan. Embasamento
que demonstra o efeito Richardson.
Decoração exagerada pelos próprios
materiais – proximidade à Arte Nova.
Arcos com grande expressão.

- CHICAGO’S WORLD FAIR, 1893


É desenvolvida em Chicago uma feira mundial, que marca um
momento de quebra/rutura e sucesso público. Nesta são explorados
materiais novos revestidos a pedra para uma aparência classicista.
Começa a existir um pensamento mais monumentalista e há uma extrusão vertical do modelo gótico-
romano. A Escola de Chicago perde força.
- Palace of Fine Arts (1893), Charles B. Atwood
Retrocesso de pensamento. Estrutura moderna numa linguagem
clássica.

- LOUIS SULLIVAN
Maior protagonista da Escola de Chicago. Mestre de Frank Lloyd Wright. Sullivan é o primeiro teórico de
arquitetura e tenta encontrar teorias para explicar os arranha-céus (Arquitetura Vertical).
- Wainwright Building (1890/91), St. Louis

FORM FOLLOWS FUNCTION. Discurso sobre o que é o arranha-céus. Arranha-céus


tripartido (embasamento, corpo e cobertura). Estrutura totalmente em aço. Decoração
estridente à procura de um novo imaginário de identidade americana.

- EXPOSIÇÃO COLOMBIANA, 1893


Evento que comemorava o 4º centenário da descoberta da América. A Escola de Chicago é posta em
causa. Daniel Burnham é o responsável pela exposição que se rege por traços neoclássicos, horizontais e
formalistas.
A área destinada a abrigar os pavilhões da exposição foi planeada numa escala monumental,
formada por diversos edifícios, entre os quais palácios, em torno de um grande espelho de água, ficando
esta área conhecida como “White City”.
Esta feira tinha o propósito de encontrar soluções para organizar o caos urbano em que se
encontravam as grandes cidades americanas.
- Arte Nova
- Victor Horta, Hector Guimard, Charles Rennie Mackintosh, Hendrik Petrus Berlage,
Antoni Gaudi
A Arte Nova dá-se nas regiões mais prósperas e nacionalistas, que querem mostrar uma elite cultural,
artística e arquitetónica. Este movimento opunha-se claramente ao grande movimento da Industrialização.
A Arte Nova (Art Noveaux) atingiu o seu auge em finais do séc. XIX e inícios do séc. XX. Baseia-se no
movimento Arts&Crafts, com algumas influências góticas, rococós, japonesas e folclóricas inglesas.
As fontes de inspiração passam a ser a Natureza e o homem, surgindo assim estruturas orgânicas,
movimentos sinuosos, fortes dinâmicas, formas estilizadas, sintetizadas ou geometrizadas.

- VICTOR HORTA (1861-1947)


Victor Horta foi o primeiro a explorar a Arte Nova, tornando-se assim uma personagem inventiva e
inovadora. É o pioneiro do movimento em Bruxelas.
- Casa Tassel (1892/93), Bruxelas
Esta obra ficou conhecida como sendo o princípio da
Arte Nova. Há nela presente uma simbiose entre pedra
maciça granítica e o ferro, que introduz a materialidade
industrial. Tem também alguma referência à Arquitetura
Gótica, sendo a ideia principal da casa a noção de que a
Arquitetura é uma obra de arte total. Reflexo disto é o
interior que é trabalhado detalhadamente, chegando a
ser um cuidado arquitetónico sufocante. Tudo pertence à
arquitetura, desde a parede até ao corrimão das escadas.

- Casa Estúdio (1890/1900)


Nesta casa, Horta desenvolve uma experiência estrutural de
modo que a própria estrutura chega a confundir-se com a
decoração. Os pormenores são bastante orgânicos e o desenho
artesanal. É colocada uma certa pessoalidade na obra.

- Casa Solvay (1898/1990)


Esta casa é invadida pelo pormenor, porém tem uma aparência
mais austera. Há uma tentativa de encontrar narrativas que
substituam as ordens clássicas, formando uma linguagem inovadora.
Outro dos detalhes bastante importante da Arte Nova é o grafismo
e o lettering.
- Casa Van Eetvelde (1899)
A pedra desaparece e o ferro emerge.
Apresenta-se como um edifício gótico/neo-gótico,
porém, com a mesma caligrafia elegante. O ponto
fulcral desta casa é a sua exploração espacial, sendo
vista como pioneira.

- Casa do Povo (1896/99)


Esta pretende ser uma arquitetura do ferro e do vidro. O edifício
ganha um caráter experimental pelo vidro que percorre toda a
fachada. Não apresenta uma escala doméstica e quer expressar-se no
tempo (demolido).

- HECTOR GUIMARD (1867-1942), França


- Estação de Metro (1900), Paris
Racionalismo estrutural transforma-se em irracionalismo gráfico/estrutural. A
estrutura está à vista.

- Casa e Atelier (1909/10)


Ideia de um rochedo que se ergue transmitida pela utilização da pedra maciça
(geotectónica). É uma arquitetura biomórfica com metáforas geológicas.

- CHARLES RENNIE MACKINTOSH (1868-1928), Glasgow


- Glasgow School of Art (1897/99 – 1907/09)
Numa primeira fase, este edifício apresenta
uma influência neo-gótica, com forte presença da
pedra e com um recorte muito vincado. Numa
segunda fase, há uma forte dicotomia entre portes
medievalistas (aspeto de castelo) e os panos
envidraçados (modernismo), sendo que o pensamento
vanguardista está mais presente. Há, então, um salto
das formas neo-góticas para uma invenção mais
racionalista e geometrizada de uma eventual
produção em série. O seu interior é algo complexo e a
biblioteca, especificamente, apresenta uma maior liberdade poética e geométrica.
- Hill House (1902/03), Helensburg
Aqui, Mackintosh apresenta uma certa aproximação da
linguagem de Frank Lloyd Wright, com uma forte
linguagem moderna na composição e mobiliário.

- HENDRIK PETRUS BERLAGE (1856-1934), Holanda


Berlage foi a figura tutelar da Escola de Amsterdão. Tem uma grande importância no avanço da arquitetura
moderna. Para Berlage, a arquitetura era, acima de tudo, a criação de espaços para as pessoas e não apenas
uma fachada. O que ficaria “para fora” era tão ou menos importante quanto o que se encontraria no interior
do edifício.
- Bolsa de Amsterdão (1897/1903)
É um edifício central da Arte Nova,
assemelhando-se a uma catedral românica.
Trabalha-se a luz zenital com painéis de vidro e há
um avanço na tipologia e nos materiais. Surge como
uma arquitetura urbana (e humana).

- ANTONI GAUDI (1852-1926), Barcelona


As primeiras obras de Gaudi apresentavam-se muito inventivas. A sua arquitetura tinha uma linguagem
muito manual e a presença de uma cultura islâmica, interligando assim as arquiteturas mediterrâneas.
Gaudi aplica a ornamentação acima da função.

- Casa Vicens (1883/88)


Primeira obra de Gaudi. Leva o campo experimental para lá da função.
Decoração excessiva e aparência de textura. Decoração histórica e cultural.

- Parque Güell (1900/14)


Apresenta-se como um “pós-
catástrofe”, algo muito único e
característico. A escultura e a arte são
exploradas ao máximo. Há uma forte
organicidade, antecedente ao surrealismo.
- Casa Batló (1905)
Lote com grande destaque. Há
uma transformação de todos os
elementos arquitetónicos em peças da
Arte Nova. Não existem ângulos retos,
dando uma certa poesia e fluência à casa.
É quase como se fosse uma casa
desconstrutivista.
- Casa Milà (1906/10)
Metáfora geológica, uma rocha erudita.
Distorção da forma convencional. Esta surge como uma
peça insólita, um pouco delirante. A estrutura
desaparece e a natureza invade o edifício.
- Henry Van de Velde
- Viena: Otto Wagner
- Secessão Vienense: Joseph Maria Olbrich, Josef Hoffman
- Adolf Loos
Centro da Europa, séc. XIX e XX, onde tudo está a acontecer.
- HENRY VAN DE VELDE (1863-1957)
Van de Velde surge como um arquiteto intelectual, estilista e com bom gosto. É um homem da Arte Nova
que segue Morris e a Escola de Glasgow. Tenta teorizar sobre a Arte Nova e prevê a sua queda. Defende a
ideia de que a linha é uma força. Participa na Deutscher Werkbund (1907/38), instituição que tem por base
a discussão do futuro da arquitetura.
- Exposição da Secessão Vienense em Munique (1899)
Aqui volta-se a ideia de uma certa sobriedade na arquitetura. Deve existir rigor no desenho e um
certo caráter medievalista regendo a arquitetura. É explorada a noção de Obra de Arte Total, ideia de que
tudo deve ser desenhado (móveis, tapeçarias, portas, roupa…). É criticado por Loos, que acha ridículo o
desenho da roupa e a condicionante que isso se torna na vida do cliente.
- Projeto para um Museu de Artes Aplicadas (1903/04), Weimar
Nasce uma caligrafia mais ornamentalista, dando início ao Expressionismo (queda da Arte Nova). Há
um pensamento relativamente ao impacto do edifício na paisagem urbana e há uma certa explosão de
diagonais e curvas.
- Projeto para um Teatro (1904)
Van de Velde quer dar ao edifício um caráter monumental sem o classicismo com frontão e colunas.

- Academia de Belas Artes (1904/11)


Este é o primeiro edifício da Bauhaus, sendo um edifício muito sóbrio e
controlado, não existindo ornamentação. Os panos de vidro que compõem a
fachada são desenhados com um pensamento da escola de Glasgow.

- Teatro construído para a Exposição da Werkbund (1914), Colónia


O edifício apresenta uma geometria complexa, eleva os
espíritos no sentido de uma redenção urbana. É
umaarquitetura cheia de ângulos com caráter de convulsão
urbana. Surge assim como um “edifício coroa”, uma alteração
metafísica do contexto urbano envolvente.

- Exposição de Artes Aplicadas (1906), Dresda


Exposição que pretende enaltecer as várias artes em comunhão.
- Boekentoren, Torre de Livros (1933/42), Bélgica
Edifício construído durante a guerra e tomado pelos Nazis. Linguagem mais
moderna, mais Art Déco (não é moderno, mas também não é Arte Nova, sendo um
sentido decorativo mais moderno). A Arquitetura Moderna está a ser compilada. Há
um desenho rigoroso do mobiliário.

- OTTO WAGNER (1841-1918)


Principal dinamizador, teórico e operativo da racionalização dos processos de transformação urbana de
Viena entre os dois séculos. Em 1890, fica encarregado de estudar um novo plano para Viena – MODERNE
ARCHITEKTUR.
Vem de uma geração anterior e daí nasce uma relação entre o antes e o depois. Não faz parte da
Secessão Vienense mas dá emprego aos jovens da mesma. Acredita que é preciso um novo movimento
capaz de deixar a ornamentação para trás.
- Edifício da Caixa de Poupança (1906), Viena
Amplia o reportório clássico da Arquitetura,
mostrando uma necessidade de avanço e
experimentação. Acerto entre o desenho elegante
e a construção. Racionalidade, funcionalidade,
limpeza das formas clássicas.

- SECESSÃO VIENENSE
Grupo de artistas, em 1897, forma um movimento que pretende romper com a atitude
conservadora que até então dominava a vida artística de Viena. Vontade de manter a
forma clássica e acrescentar, pontual e eficazmente, elementos decorativos.
- Cartaz da Exposição (1906)
Ponto do culminar da Arte Nova. Enfatiza todos os elementos fundamentais do
edifício e liga a Arte Nova à arte gráfica.

- JOSEPH MARIA OLBRICH (1867-1908)


Grande figura da Secessão Vienense.
- Cartaz para a 2ª e 3ª Exposições (1898/99)
Design gráfico com grande importância, diretamente relacionado com a arquitetura.

- Edifício da Secessão Vienense (1897/98)


Cúpula detalhada e ornamentada que é expressão da
Arte Nova. É um edifício sólido, ornamentado
excessivamente, porém, com um interior rigoroso.
- JOSEF HOFFMAN (1870-1956)
Segunda figura mais importante da Secessão Vienense.
- Palácio Stoclet (1905/11)
Marco do fim da Arte Nova. Não é um castelo, nem
um palácio nem uma casa – é algo intermédio. É uma
arquitetura mais pensada, severa e composta.

- ADOLF LOOS (1870-1930)


Adolf Loos era surdo até aos 12 anos e daí ter-se tornado uma personalidade solitária e, consequentemente,
um génio. Loos faz uma viagem à América para visitar a Exposição Colombiana, obtendo contacto com a
arquitetura da Escola de Chicago e aprendendo com Sullivan. Trás, posteriormente, para Viena, o lado mais
pragmático da América, uma visão do mundo contaminado pela cultura americana.
Loos critica o ornamento proveniente da Arte Nova, afirmando que, por não ter uma base clássica,
está destinada a morrer. Defende que a arquitetura só é arte quando tem função. Loos tem uma forte
noção de espaço, afirmando que este não pode ser desperdiçado, mas tem de ser dimensionado conforme
a função do mesmo. Categoriza o espaço como elemento fundamental do desenho,
tratando-o através do corte. Faz também uma crítica à Secessão Vienense, dando
início à Arquitetura Moderna.
- Revista “Das Andere” (1903)
Revista onde faz comentários de opinião e críticas.
- Goldman & Salatsch (1909/11), Viena
Nesta obra, Loos busca uma certa simplicidade modesta. No
entanto, recua na discrição e o edifício surge com bastante
decoração, mas uma decoração feita através da materialidade –
expressão dos materiais.

- Casa Steiner (1910)


Primeiras linhas de uma
Arquitetura Moderna a surgir. Surge o
RAUMPLAN (ódio ao desperdício espacial).
Este conceito é o antecessor da planta
livre, onde a estrutura se liberta da parede
exterior, criando a noção de open space. A
base deste conceito é o trabalho dos espaços em corte, alterando os pés-direitos para ajustar os mesmos.
Loos acredita que cada divisão deve ter a dimensão que lhe é apropriada. Há um certo domínio da simetria
clássica presente nas fachadas. IDEIA LOOSIANA – cubo compactado que depois é submetido ao jogo de
cortes e desenho dos vãos.
- Casa Helene Horner (1912)
Cubo ligeiramente arredondado onde ainda não há uma ideia de fragmentação. Há
uma procura de robustez na forma.
- Chicago Tribune (1922)
Primeiro concurso Internacional de Arquitetura. Aqui, Loos projeta um arranha-céus em
forma de coluna clássica dórica, utilizando a estrutura tripartida de Sullivan (embasamento –
corpo – cobertura).

- Casa Tristan Tzara (1925/26), Paris


Tzara é um homem dadaísta que introduz Pancho Guedes. Esta é uma casa
que apresenta uma grande subtileza na fachada.

- Casa Moller (1927/28), Viena


Ideia de uma dupla fachada. A fachada frontal apresenta-se
mais densa e atrevida e a fachada traseira mais relaxada.

- Casa Müller (1930), Praga


Império da Arquitetura Moderna no centro da Europa. Presença de uma forte experimentação.
Nesta casa ocorre uma operação racionalista. É um espaço desenhado em função das escadas elemento de
circulação vertical e mesmo horizontal. Há desenho de antecâmaras e meios pisos. O ornamento está
presente na robustez do material. -+7
- Experiências urbanas no séc. XIX e na viragem do séc XX
- Utopias Urbanas Socialistas: Robert Owen, Charles Fourier
- Urbanismo Reformista: Ildefons Cerdà, Georges Haussman
- Urbanismo Culturalista: Camilo Sitte, Ebenezer Howard
- Urbanismo Progressista: Soria y Mata, Tony Garnier
No século XIX, sobre a ideia de construir cidade, começa a nascer um pensamento de onde se conclui que a
Arquitetura e a Cidade estão interligadas, chegando a estar quase dependentes uma da outra. Com a
evolução da cidade industrial, surgem grandes metrópoles e o conceito de ‘cidade muralhada’ já não faz
mais sentido, devido a um crescente desejo de expansão. Com a migração da população diretamente do
campo para a cidade e a construção das linhas ferroviárias, há uma necessidade de higienização do
território, à qual o urbanismo moderno iria responder.

- UTOPIAS URBANAS
Explorando este conceito, Owen e Fourier afirmam que a cidade industrial não é renovável e apoiam a ideia
de criar narrativas, criando espaços cuja organização seja mais funcional e, ao mesmo tempo, compactada.
- ROBERT OWEN (1771-1848)
- Nova Comunidade Harmony, EUA, 1826
Esta surge na forma de um paralelograma, uma
figura única e isolada. A habitação é instalada nas fachadas e,
rodeado por estas abre-se um pátio comum onde desenrola a vida
quotidiana.
- CHARLES FOURIER (1772-1837)
- Falanstério, 1841
Fourier compõe este complexo que apresenta
grandes semelhanças ao Palácio de Versalhes. Neste, as
pessoas viveriam abrigadas, em galerias. Para além disso,
propõe uma relação direta com o campo e a atividade
agrícola, tendo sido uma missão falhada que não teve
repercussão.
- JEAN BAPTISTE GODIN
- Familistério de Guise, 1871
Godin desenha um edifício mais
concentrado na estrutura social comum, isto é, a família.
Aqui prevalece uma ideia de coletividade, aparecendo a
arquitetura como máquina social. Godin promove a
atividade industrial e, em certo ponto, o edifício
assemelha-se a uma prisão, apresentando uma
contradição de ideias no seu pensamento social.
- URBANISMO REFORMISTA
Dando vida a este conceito, surgem duas personagens importantes: Cerdà em Barcelona e Haussman em
Paris. Estes dois arquitetos pretendem reformar a cidade, expandindo-a e preparando-a para desafios do
futuro. A ideia utópica desaparece e as coisas começam, de facto, a ser feitas.
- GEORGES HAUSSMAN (1809-1891)
- Plano Haussman, Paris
A cidade de Paris, nesta altura é uma cidade já expandida. No entanto, Haussman prepara a
cidade para os séculos seguintes, sendo que ainda hoje o seu plano urbano se mantém intocado e a
responder a todas as necessidades.
Para começar, Haussman realiza um levantamento do pré-existente e das infraestruturas e só
depois intervém. As ruas estreitas e medievalistas com curvas, que permitiam barricadas, desaparecem e
emerge um gesto político, personificado pelos grandes eixos e boulevards.
A sua proposta pressupõe a limpeza do plano urbano do ponto de vista axial, e uma maior
higienização. Há um modelo para as fachadas das frentes de rua que transmite uma certa regularidade e
unidade.
- Sistema de Boulevards
- Avenida da Ópera
- Sistemas de anéis de
circulação
- Ille de la Cité

- ILDEFONS CERDÀ (1815-1876)


- Barcelona
À semelhança de Haussman,
em Paris, temos Cerdà, em Barcelona. Este
arquiteto, após realizar o levantamento da
cidade, propõe a expansão da cidade para lá
da muralha, desenhando uma malha urbana
que ainda hoje é um grande marco na
história da Arquitetura.
Cerdà cria um grande eixo, neste caso diagonal, do qual partem vários arruamentos,
organizando a cidade nos famosos quarteirões, que podem ou não ser públicos no seu interior. Com este
desenho urbano, há uma maior capacidade de gestão do espaço.

- URBANISMO CULTURALISTA
Este tipo de urbanismo nasce de um pensamento atento e observador da cidade e dos
seus habitantes. Para tal, é necessária uma análise das sensações e vivências que a cidade
irá proporcionar e tirar o melhor partido do desenho urbano, para realizar isso mesmo.
- CAMILLO SITTE (1843-1903)
Camillo Sitte escreveu a “A Arte de criar a cidade”, um livro onde ele critica
a forma como as cidades estão a crescer e o seu geometrismo. Sitte defende que o
Modernismo anda ligado à mecânica enquanto que o Medievalismo é pura arte.
No seu livro, faz análise de praças medievais e chega à conclusão de que é mais interessante
e acolhedor do ponto de vista urbano que a igreja surja num enquadramento medievalista, infiltrada no
plano urbano, do que revelada por uma praça aberta, onde surge como um edifício imponente.
- EBENEZER HOWARD (1850-1928)
Ebenezer Howard ficou conhecido pela criação de uma
utopia, denominada de “A Cidade Jardim”, sobre a qual desenvolve
um esquema teórico. A cidade jardim surge como uma estrutura
autónoma da cidade, com vida própria. Aqui é explorado um modelo
de casa com dimensões mais pequenas e humanas, que dá aso a um
maior conforto. Para além disso, é explorada a relação com a
natureza, com um pensamento social e cultural.
- URBANISMO PROGRESSISTA
- ARTURO SORIA Y MATA (1844-1920)
- Cidade Linear
Soria y Mata desenvolve uma teoria motivada pela
mobilidade, criando assim o conceito de “cidade linear”. Uma
Arquitetura sem projeto, logo, uma Arquitetura sem Arquitetura.
Este considera que a mobilidade é uma âncora fundamental da
cidade do século XX e desenvolve o plano urbano em torno de um
eixo central viário. A ideia é, assim, mais progressista do que a
própria arquitetura em si, que fica aquém das expectativas.
- TONY GARNIER (1869-1948)
- Cidade Industrial
Garnier faz na sua altura, o que
Corbusier fará como urbanista. Este surge
como um socialista numa cidade progressista.
O seu plano urbano separa-se em patologias –
higienização – e ele considera obrigatório a
presença de luz natural nas habitações.
- Quarteirão Residencial
- Hospital
- Oficina metalúrgica
- Matadouro La Mouche
- Estádio Olímpico
- FRANK LLOYD WRIGHT
Frank Lloyd Wright (1869-1959) é um dos três grandes pilares da nação americana. Trabalhou com Sullivan
durante 7 anos, até criar o seu próprio atelier, em 1893, aquando a Exposição Colombiana, onde contacta
com a Arquitetura Japonesa e se fascina com a mesma.
Com as famosas Casas da Pradaria, Wright ‘inventa’ a Arquitetura Moderna, onde o espaço passa a
ser o ponto principal do projeto. Para além disso, desconfigura o arquétipo infantil da casa com telhados de
2/4 águas e inova com o telhado inclinado. Há quem defenda até que Wright é a própria Arquitetura
Moderna, sendo que nos anos 20 surge um conjunto de arquitetos modernos europeus que lhe “roubam” o
palco, como Le Corbusier, etc.
A sua arquitetura pode ser caracterizada como orgânica, inteligente, criativa e enérgica. O arquiteto
passa, assim, de um mundo orgânico (final séc. XIX) para uma utopia de ficção científica (séc. XX).
- Casa e Estúdio, Oak Park, Illinois, 1889/98
Estamos em Chicago, onde a Escola de
Chicago predomina. No entanto, Frank Lloyd
Wright cria a sua própria linguagem, mais
doméstica.
A sua casa estúdio possui, claramente,
influências japonesas, sendo o principal
argumento desta afirmação o facto da lareira
surgir como centro da casa. Neste projeto, o arquiteto procura diferenciar-se dos arquitetos europeus, que
se regem pela simetria e axialidade, e a fachada é espelho de um grande jogo de volumetrias e geometrias.
Quanto ao interior, este não se rege por nenhum eixo simétrico ou axial, sendo o espaço organizado
por pequenas divisórias, em vez de ser compartimentado – noção de open space. Para além disso, Frank
Lloyd Wright joga ainda com os pés direitos, provocado diferentes sensações. Dá importância à luz zenital e
natural, procurando também influências exóticas.
- Casa William Winslow, 1893/94
Aqui começa a notar-se o telhado
desconfigurado. Existe uma certa axialidade e
simetria na fachada e uma procura de uma certa
horizontalidade, embora a verticalidade esteja
presente, marcada pela chaminé.

- Charnley Residence, 1981


Projeto em parceria com Sullivan, no qual Wright
lhe rouba o protagonismo. Neste são explorados
elementos exóticos aparecendo, ao mesmo
tempo, algum classicismo na fachada – loggia.
A decoração e ornamentação são frutos da Arte
Nova, levantando um ‘novo mundo’ na América.

- Parker Residece, 1892


Esta surge como uma casa vertical com uma certa influência inglesa. No
entanto, a horizontalidade está presente no enquadramento das janelas.
- Moore Residence, 1895 (1923)
- Goodrich Residence, 1896
Fachada sinalizada pelo ‘corpo’ estranho que
dela emerge.

- Furbeck Residence, 1897 (1907)


Os edifícios começam a escorregar horizontalmente, mas está sempre
presente algum ponto vertical, como a chaminé.

- Hills Residence, 1900 (1906)


Nesta obra aparece a consola. O corpo que sobressai na fachada surge como
convite a entrar e explorar o interior. As esquinas surgem em negativo,
decompondo a volumetria.

- Fricke Residence, 1901


Uma casa já não é uma casa mas sim um conjunto
decomposto em pequenos volumes, existindo desfasamento
e desconstrução na mediação entre o exterior e o interior.
A entrada começa a ter uma conexão orgânica, quase
camuflada, sendo sinalizada por uma promenade até à porta
principal.
A horizontalidade é forçada através da marcação dos
frisos e há uma atenção especial à topografia e às suas
características. A planta desta casa surge como “jogo de
tabuleiro”, fugindo à simetria.

- Frank Thomas Residence, 1901


Entramos finalmente na “Casa da Pradaria”. A entrada é marcada pelo
arco de Richardson – outro pilar da nação – e por uma referência à
Escola de Glasgow no lettering presente na parede. A casa cria uma
linguagem, proveniente do avanço e recuo dos planos, da promenade
e das várias pistas que vão sendo dadas nesta última.

- Heurtley Residence, 1902


A casa apresenta-se inteiramente horizontal, sendo a chaminé uma exceção à
regra.
- Cheney Residence, 1903
Esta surge como uma “casa ecológica” com várias respirações e uma forte
presença da Natureza.
- Thomas Gale Residence, 1904
O que é moderno nesta casa são os balanços e os planos lançados sobre a
paisagem.

- Unity Temple, 1904


Nesta obra, a horizontalidade desaparece e a
verticalidade enaltece o conceito de templo. O seu
exterior apresenta um certo caráter misterioso,
sendo composto por dois volumes interligados por
um corpo mais saliente.
- Robbie House, 1906
Esta casa surge como o ponto alto das Casas da Pradaria.
Os volumes são lançados horizontalmente, libertando consolas,
fruto do telhado inclinado e distendido. A própria chaminé, dada
a força do projeto no geral, surge como um gesto centralizado,
não se sentindo a sua verticalidade.

- Taliesin, Spring Green, Wisconsin, 1911


Aqui, FLW constrói a sua casa, o seu atelier e o seu mundo. Há uma
individualidade radical presente na sua linguagem.
Ao contrário dos arquitetos europeus, Wright nunca abandona o
vernacular, o arcaico e a exploração da materialidade. Assim, produz
equilíbrio entre o arcaísmo e a sofisticação.

- Imperial Hotel, Tóquio, 1915/22 (demolido)


Personificação de uma estrutura coerente – sobrevive ao
terramoto. Encontro com a Arquitetura Japonesa.

- Storer Residence, Hollywood Boulevard, Los Angeles, 1923


Neste projeto é explorada uma certa ornamentação exótica –
textile blocks. Há uma exploração da arquitetura pré-colombiana,
dando lugar a um corpo insólito, desconcertante e ‘outside the box’.

- Ennis Residence, Glendower Avenue, LA, 1923


À semelhança da anterior, esta também apresenta uma certa
ornamentação exótica. Há também presente influência da ficção
científica.
O edifício não é uma Casa da Pradaria, nem moderno, nem um templo – intermediário.
- Millard House, Pasadena, 1924
Mesmas características das anteriores, mas numa escala
mais reduzida.

- Falling Water, Pennsylvania, 1935/39


Auge da comunhão da construção com a natureza. Há uma integração
ativa e violenta na paisagem, contrariamente a Taliesin, onde ocorre
uma integração passiva.

- Johnson Company, Wisconsin, 1936/39


Questão da luz zenital explorada.

- Taliesin West, Arizona, 1937/56


Diferença na aplicação do telhado. Relação com a
natureza.

- Guggenheim Museum, Nova Iorque, 1943/46 – 1955/69


Talvez o único edifício de NY que não pertence, de facto, a NY.
Influência SYFY – ficção científica. Desfecho do momento em que
trabalha com novos materiais – betão e vidro. Explora a luz zenital, a
curva e o percurso – subida de elevador para descer pelas rampas.

- Marin County, Califórnia, 1957/66


Criação de um “mundo à parte”, com uma componente mais extrovertida.

- Broadacre City, 1934


Ideia de uma cidade expandida sem um centro definido. Pretende
responder aos arquitetos europeus (Corbusier), dividindo a cidade
por setores, deslocação automóvel e espaços sociais
pontualmente distribuídos.
Neste plano não existem hierarquias, sendo uma cidade
igualitária.
- Living City, 1958
Ficção científica: o automóvel desaparece e os transportes passam a ser voadores.
- Futurismo Italiano: Antonio Sant’Elia
- Expressionismo Alemão: Bruno Taut, Rudolf Steiner, Erich Mendelsohn
O Modernismo é um movimento que tem por base um conjunto de vanguardas e estilos que abriram
caminho para o seu aparecimento. Alguns destes são precisamente o Futurismo e o Expressionismo.
Por esta altura, as vanguardas pretendiam criar premissas que fariam a arquitetura progredir, com o
objetivo de poder ter arte e arquitetura novas.
As alterações do século XX obrigam a mudanças no Homem e estas, nascem também com a
Literatura, onde existe uma vontade de destruir a semântica/gramática.

- FUTURISMO ITALIANO
O Futurismo Italiano surge como a mãe de todas as vanguardas. Aqui existe um pensamento de avanço
radical, espelhando-se nas mais variadas formas de arte. Há uma procura de cores vibrantes e
contrastantes, formas geométricas e sobreposição de imagens, dando a ideia de dinamismo e da beleza da
velocidade. Relativamente à arquitetura, é abraçado de novo o conceito de cidade industrial, deixando para
trás os conceitos reformistas e da cidade jardim. É utilizada a tecnologia e regressa-se aos materiais ‘novos’
– ferro, vidro e betão armado. Os volumes surgem mais arrojados, imaginativos e dinâmicos, sendo o
movimento dado através de linhas oblíquas ou elípticas. A ornamentação é abolida.
Sendo a Europa maioritariamente constituída por pastelarias e cafés, as tertúlias eram onde o
processo vanguardista era criado. Neste caso, as conversas de café dão vida a manifestos, sendo estes o
modo de expressão natural dos vanguardistas, consistindo em textos proclamativos do caminho da
humanidade.
Sendo a linguística mais fácil de mudar do que a arquitetura, o centro do Futurismo é a literatura. A
poesia desaparece e aparece o grafismo, caracterizado por palavras soltas que deixam algum impacto. A
fotografia ganha uma posição mais marcada e importante, deixando as artes para trás, porque os fotógrafos
conseguem captar, em segundos, algo que os pintores dos séculos anteriores foram fazendo ao longo dos
anos.
Falando deste movimento, é impossível deixar de parte três nomes de grande importância: Antonio
Sant’Elia (arquiteto), Umberto Boccioni (escultor) e Filippo Tommaso Marinetti (poeta).
Marinetti é responsável por escrever o “Manifesto Futurista” em 1909, que vai expor desejos de
mudança na sociedade, criando uma Tábua Rasa, isto é, começar de novo. Fica assim conhecido como o
fundador do movimento.
Umberto Boccioni, por sua vez, é aquele que mais se aproximou do movimento em si. Trabalhando a
escultura, este trabalhava a cabeça pequena, não priorizando o pensamento, e sim o músculo e o corpo,
caracterizando-os como mais importantes. Nas suas obras, há uma forte expressão do movimento contínuo
e de um estado de agitação que espelha a velocidade.
- “Irredentismo”, Marinetti
Com esta tábua rasa, não conhecemos a estrutura nem identidade da
própria obra. A poesia é libertada do seu cânone, tomando lugar o ruído
das palavras, cujo grafismo é explorado, expressando uma certa liberdade
futurista e um tom agressivo. Aa artes gráficas são a herança mais forte e
duradoura do século XX, ainda hoje.

- “Salto em comprimento com vara”, cronofotografia, 1890, Étienne-Jules Marey


A arte (fotografia) precisa de andar mais depressa que a tecnologia.
- “Rapariga a correr”, desenhos de estudo, 1912, Giacomo Balla
Preocupação de representar a velocidade/movimento num contexto abstrato com
influências cubistas. O protagonismo passa a ser do tema central e não da
personagem.

- “Formas únicas de continuidade no espaço”, 1913, Umberto Boccioni


Escultura de uma figura que não é exatamente humana (futurista). Tem presente uma
componente mecânica e ruidosa, e uma certa radicalidade no gesto. Personificação de
uma necessidade de avanço, mesmo que no sentido de autodestruição.

- “Expansão dinâmica + velocidade”, 1913, Giocomo Balla


A nova ‘musa’ não é a realidade nem qualquer figura central, mas sim
a ideia abstrata do movimento.

- ANTONIO SANT’ELIA (1880-1916)


O arquiteto pretendia pôr a Arquitetura em movimento e velocidade. Dessa vontade, escreve com Marinetti
o “Manifesto da Arquitetura Futurista”, em 1914. Nele, Sant’Elia caracteriza o edifício moderno como uma
máquina, sendo influenciado por Otto Wagner e pelas cidades industriais dos EUA.
- Cidade Nova, 1914
Há uma tentativa de pensamento de uma cidade futurista, onde o movimento surgiria no exterior. As
cores são quentes, próximas do fogo e os mecanismos passam a habitar o edifício – romper com o
classicismo. A escala torna-se monumental e os arranha-céus emergem. Há um pensamento de vias
suspensas para os veículos e a estrutura é deixada a “nu”. O excesso de elementos é vincado e os elementos
são ligados à indústria.
- Edifício de Habitação
Edifício em escadinhas, retratando
movimento. As suas cores de combustão são ameaçadoras
e o edifício perde o caráter de vernacular ganhando uma
nova expressão.
- Estação de comboios e aeroporto
Presente uma ideia industrial e febril.
Poderia ser quase uma fábrica ou uma central
hidroelétrica.
- Edifício Monumental, 1915
O gigantismo não é feio nem bonito, é
apenas sublime (mete medo).
- Ponte e estudo de volumes, 1914,
Alemanha, Mario Chiattone
Noção de verticalidade e transparência.
- EXPRESSIONISMO ALEMÃO
Este movimento é uma vanguarda contemporânea do Futurismo, mas é mais complexo que este último e
tem presente uma certa nostalgia pelas pessoas. Há um desejo primitivo de expressão e de colocar na forma
arquitetónica esse mesmo desejo. O ângulo reto é recusado e entra a diagonal e a curva. Neste movimento
está presente uma componente pouco racional, mais moderna.
O homem aparece novamente como elemento central deste movimento e, ao mesmo tempo que há
uma paixão pela tecnologia, há também uma preocupação com a população. Este movimento caracteriza-se
por uma forte emoção e pela compreensão e representação da natureza.
- BRUNO TAUT (1880-1938)
Taut foi um teórico fundamental da arquitetura do séc. XX, desenvolvendo a teoria do edifício
expressionista.
- Pavilhão de Vidro, Exposição da Werkbund, Colónia, 1914
Edifício efémero que expõe possibilidades de construção em
vidro e explora o efeito da luz através do material.

- “Die Stadtkrone ALpine Architektur”, 1910


Captar a essência da cidade medieval em tempos modernos. Separação entre
hierarquias dos edifícios: Volkhaus – casa do povo (modesta)/ Stadtkrone – coroa da
cidade (edifício imponente que se destaca em altivez.

- Teatro da Werkbund, 1914, Henry Van de Velde


Edifício puramente expressionista.

- RUDOLF STEINER
- Goetheanum, Dornach, 1914
Procura da espiritualidade em conjugação com a ciência.
O primeiro edifício sofreu um incêndio e foi reconstruído em
1924/28. Nele está então presente um expressionismo
hardcore, assustador e perturbador. Há uma expressão
primitiva, cavernal onde a transparência não existe.

- ERICH MENDELSOHN
- Einsteinturm, Berlim, 1919-21
Gesto curvilíneo, assemelhando-se a um esquisso rápido.
- Construtivismo Russo: Kasimir Malevich, El Lissitzky

O Construtivismo é um movimento fundamental para entender a arquitetura contemporânea dos últimos


20/40 anos, porque nele surgiram personagens cruciais para iniciar e fechar o século XX. Arquitetos como
Rem Khoollas, Zaha Hadid e Bernard Tschumi não ‘existiriam’ sem este movimento. Comparativamente ao
Futurismo, que explorava a estética do movimento, o Construtivismo explora também uma estética, a da
construção. Neste movimento, a arte e a arquitetura misturam-se, quase não se distinguindo uma da outra.
Com Stalin no governo, não se geram condições para o movimento construtivista sair do papel e da
maqueta para se tornar real. O movimento separou-se, iniciando-se por vota de 1917 e congelando, até à
queda do muro de Berlim, devido à situação política que se vivia na altura (ditadura).
Em 1917, com a Revolução Russa, aparece o chamado “Agit Prop” que, como o nome indica, era uma
propaganda de agitação que permitiu que o construtivismo saísse à rua. Esta propaganda baseava-se uma
componente gráfica, de desenho e teatral, acreditando que se podia fazer uma revolução a partir da arte. A
forma de comunicação usada não eram as redes sociais, como hoje em dia, mas sim os grafitis que se
intrometiam no quotidiano das pessoas. O movimento foi então estetizado com o uso da diagonal e da
espiral, linhas que fogem ao clássico e que foram estratégias fundamentais.
O Construtivismo surge então com duas fases. A primeira ligada à construção e a segunda com uma
componente metafísica e cósmica, sobressaindo o Suprematismo. Contrariamente ao Construtivismo, que é
uma experiência mais ligada à arquitetura e, consequentemente, à construção e à materialidade, o
Suprematismo, termo criado por Malevich, é mais ligado à arte, tendo uma componente mais espiritual e
geométrica e abstrata.

- KASIMIR MALEVICH (1875-1935)


Malevich foi um pintor que concretizou experiências arquitetónicas. Diretamente saído do cubismo,
entende-se que não há perspetiva nem geometrização das formas, ganhando protagonismo a abstração. A
fotografia estava a superar os artistas e o Cubismo vem responder de forma radical. Ele
cria (?) então a UNOVIS, Escola de Nova Arte, em 1919, dando início ao movimento.
- “O Lenhador”, 1912/13
Nesta obra há bases comunicáveis com o Futurismo e a perspetiva é posta de lado.

- “Quadrado preto sobre fundo branco”, “Quadrado branco sobre fundo


branco”, 1918
Esta obra surge como equivalente ao Manifesto Futurista de Marinetti,
na medida em que há uma vontade de desenvolver algo. Nela, há a
procura de uma essência e espiritualidade, tentando abranger o cosmos.
Partilha a ideia do início de algo a partir do qual vai surgir algo mais.
- “Suprematism”, 1915
Construção de linhas e manchas geométricas que nunca acabam,
pairando sobre o cosmos.

- “Suprematist Architectons”, 1923


Aqui se observa um cruzamento entre a arte e a arquitetura.
- “Construção espacial/ Objeto espacial”, 1921, A. Rodchenko
Há uma estetização da arquitetura para escultura. Com esta ideia, surge o
centro do Construtivismo, a imagem de uma peça em construção – visão niilista.

- 3ª Exposição Obmokhu, Moscovo, 1921


Exposição realizada com uma componente
teatral e ao estilo de instalação (peças
penduradas por fios que são cortados,
provocando a destruição das mesmas). Ideia de que não é a estrutura
“estrutural” que interessa, mas sim a estrutura “estética”.

- Monumento para a 3ª Exposição Internacional de Moscovo, 1919/20, V. Tatlin


Este apresenta-se com 400m de altura. Misturam-se assim o Construtivismo –
estrutura exterior, construção a construir-se – e o Suprematismo – estrutura interior,
arte.
- Restaurante num penhasco, 1922, N. Laovski
Presente uma certa brutalidade e assimetria acelerada. Presença da diagonal.
O desequilíbrio é uma prova de força. Há uma secundarização do programa/função
do edifício – organização e distribuição.

- União dos Arquitetos Contemporâneos, 1920, Alexander e Viktor Vesnin


Espetáculo da construção descarnada, com a ideia de que ‘quanto mais melhor’ – aumento das
peças do edifício para terem mais expressão.
- Concurso para o Palácio do Trabalho, 1923, irmãos Vesnin
Edifício onde o que normalmente é escondido, é revelado – aproximação da
engenharia. Quanto mais complexo for a estrutura do edifício, mais interessante ele
é. Cada volume corresponde a uma função.

- Torre Pravda, 1924, irmãos Vesnin


Quiosque transformado num arranha-céus. Edifício tomado pelo lettering e pelo
episódio construtivo.

- Parque Automóvel, Melnikov


Plasticidade do movimento.
- Pavilhão da União Soviética, Exposição de Artes Decorativas de Paris, 1925,
Melnikov
Edifício rasgado por uma diagonal, em convulsão,
fragmentado.

- Casa do Arquiteto, Moscovo, 1927, Melnikov


Cilindro com aberturas. Interseção de duas formas – tema construtivista.

- Clube Rusakov, Moscovo, 1927/29, Melnikov


Edifício que cria aspetos revolucionários na sociedade. O objetivo não é
construir algo belo ou harmonioso, mas sim radical.

- Clube Zuyev, Moscovo, 1927/28, Ilya Golseisov


Inventário de colisões com a agregação de volumes que são formas em
contradição.

- Conjunto Habitacional Narkomfin, Moscovo,


1928/29, Mosci Ginsburg/I. Milinis
A habitação é um problema fundamental que
necessita de resolução. Este edifício dispõe de
falérias de distribuição para conjuntos de duplexs e
semi-duplexs – referência essencial para Corbusier.

- Exercício volumétrico, final dos anos 20, Chernikov


Chernikov faz “dicionário” de exercícios volumétricos.
- Lenin Institute, 1927, Ivan Leonidov
O fator construtivo aparece em movimento – arquitetura que possa
subir e descer.

- Serpentine Gallery, Rem Koolhaas, 2006, Londres


Pavilhão surge como um balão prestes a levantar – homenagem
a Leonidov.

- Estúdios de Cinema Sovkino, 1927, Leonidov


Link entre formação artística e arquitetónica é muito próxima.
- Nova Cidade linear em Magnitogorski, 1929, Leonidov
Na cidade convencional burguesa os ricos vivem nos melhores
sítios e os pobres são colocados no centro. No (des)urbanismo
russo, não há distinção de classes sociais.

- EL LISSITZKY (1890-1941)
Lissitzky era um dos construtivistas mais viajado. Foi um arquiteto que fez experiências artísticas, fazendo a
síntese entre o lado mais metafísico e o materialista do construtivismo.
- “Beat the whites with the red wedge”, 1919
Comunismo a invadir a política.
- Tribuna Lenine, 1924, Leonidov
Arquitetura nómada – pode mover-se – e efémera – no sentido de ser
precária. A diagonal surge como espelho de balanço. A estrutura surge “descarnada”
e o lettering está presente.

- Arranha-céus horizontal, 1923/25, El Lissitzky (Koolhaas apresenta


semelhanças no CCTV)
Arranha-céus comunista (diferente do capitalista – vertical - remate com
coroa). Remate horizontal na altura vertiginosa. Procura de uma nova tipologia,
algo novo.

- Vkhutemas
Escola de Arquitetura, sítio onde a aventura tem alguma aplicação. Modo
vanguardista onde não há distinção entre as artes.

- Concurso para o Palácio dos Sovietes, Moscovo, 1931, Le Corbusier


Homenagem ao construtivismo. Melnikov participa em conjunto com Le Corbusier. No entanto,
vence um edifício clássico cujo apenas a base foi construída.
- Concurso para o Palácio dos Sovietes, Moscovo, 1931, B. Yofan/ V. Gelfrich/ V. Shchuko
Estátua no topo do edifício – remate hierárquico.
- De Stijl
- Neo-plasticismo: Van Eesteren, Piet Mondrian, Theo Van Doesburg, Gerrit Rietvel, J. J.
P. Oud

O Neoplasticismo é uma vanguarda nascida na Holanda, num contexto político e social diferente do
Construtivismo. Como a Holanda não participou na 1ª Guerra Mundial, tem as condições necessárias para
anunciar uma vanguarda. Contrariamente à divulgação no Construtivismo, que é feita através de várias
escolas, no Neoplasticismo a divulgação é feita através de uma revista, intitulada “De Stijl”. Os principais
nomes que se ouvem quando se fala neste movimento são Theo Van Doesburg, mais relacionado com as
questões teóricas, e Piet Mondrian, o famoso pintor que tentava conectar a sua arte com teoria.

- PIET MONDRIAN (1872-1944)


Figura bastante famosa na história da pintura. A sua linguagem é abstrata e utiliza as cores, as linhas e as
formas no seu estado mais puro e elementar. As composições são bastante elegantes, contrariamente ao
Construtivismo.
- “Avond (the evening) the red tree”, 1908/10
Passagem do realismo para o cubismo e depois para a abstração.
Vontade dos artistas se destacarem dos fotógrafos, enaltecendo aquilo que
não se vê.

- “Pier rand ocean”, 1915


Sair do campo da perceção do real, do campo da fotografia. Ir para além da
superfície.

- “Composição em cor”, 1917


Vanguarda mais elegante, deixando para trás o caos do construtivismo.

- “Composição em vermelho, amarelo e azul”, 1922


Caracterizada por linhas ortogonais e cores primárias. As telas são pintadas na
integridade.

- Capa da revista “De Stijl”, Vilmos Huszák vs capa da Wendingen, 1918


Duas revistas concorrentes, defendendo duas arquiteturas. Intimidade com a
gramática da Bauhaus – gramática do homem novo.

- THEO VAN DOESBURG (1883-1931)


Van Doesburg renuncia à tradição ornamental, aplicando uma simplicidade radical nos edifícios. Os corpos
arquitetónicos são tratados por ele como esculturas.
- Círculo de Theo Van Doesburg
Grupo neo-plasticista, centrado em Van Doesburg.

- Exercício de estilização de uma vaca


Desenho rigoroso de uma vaca que é explorado até se encontrar o
necessário para transmitir a sua imagem numa simplicidade geométrica e
colorida.

- “Sant’Elia” publicado no “De Stijl” (volume 2, nº 10), 1919


Celebração das vanguardas essenciais.
- “De Stijl” (volume 4, nº1), 1921, Mondrian e Van Doesburg
Estamos perante o princípio de que tudo é desenhável. A pintura tem o mesmo impacto que a
arquitetura na cidade. O desenho passa a ser algo fundamental – o arquiteto deve saber desenhar tudo.
- “Quadrado Preto” publicado no “De Stijl” (volume 5, nº 9), 1922, Malevich
Celebração do construtivismo.
- DADA, Theo Van Doesburg, 1922
Surgimento do Dadaísmo – comunicativo com o Neo-plasticismo.

- Robbie House, Chicago, Illinois, 1906, Frank Lloyd Wright


Os holandeses fascinam-se com esta obra, como se ela tivesse uma
intenção/geometria plástica.

- Villa at Huis ter Heide, 1916, Rob Van’t Hoff


Arquiteto holandês com inspiração em Wright. Cruzamento de culturas.

- Casa, 1923, Cornelis Van Eesteren e Theo Van


Doesburg
Imagem limpa e clara com materiais brutos e
“feios” – tijolo e cimento. Representação sofisticada e
complexidade volumétrica.

- “Towards a Plastic Architecture”, 1924, Theo Van Doesburg


Há uma nova arquitetura elementar, desenvolvendo os elementos de
construção num sentido mais amplo. A cor deixa de ser um simples
ornamento decorativo da arquitetura e passa a ser parte integrada do modo
orgânico de expressão. Extinção da divisão – abertura das paredes.
- GERRIT RIETVELD (1988-1964)
Arquiteto fundamental para a criação da relação entre o “De Stijl” e a arquitetura.

- Cadeira vermelha/azul; Mesa Schröder, 1917/18


Intenção de soltar o objeto, suspendê-lo.

- Casa Schröder, 1924/25


“Pintura tridimensional de
Mondrian”. Implantação que quebra
com o envolvente. Cada elemento da
casa tem uma certa individualidade,
porém, juntos, constroem a unidade.
Não há alçados principais, fazendo tudo
parte da composição em si. A cor
passa a organizar também o interior.

- Café de Unie, Roterdão, 1925 (1985), J. J. P. Oud


Destruído durante a guerra mas reconstruído noutro
sítio. Fachada neo-plasticista.

- Capa “Klassiek-Baruk-Modern”, 1920, Theo Van Doesburg


Introdução da diagonal na linguagem – quebra das regras.

- Café de L’aubette, 1929, Theo Van Doesburg


Usa e abusa da diagonal, assumindo-o.

- “Boogie Woogie”, 1942/43, Mondrian


Retrato da cidade de Nova Iorque, cubista – desenho das ruas e
das luzes representadas através das formas geométricas, aplicando a cor.

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