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Universidade Federal do Reconcavo da Bahia

Discente: Nerize Portela


Docente: Olegário Matos
Artes Visuais - 6º Semestre

Fichamento: Entre o paraíso e o inferno - Nicolau Sevcenko.

O autor utiliza a análise histórica cabível feita em dois tempos: a transição tecnológica, que criou
o momento do modernismo, e o momento atual.

O paradigma de uma nova sociedade:

- A arquitetura no momento de transição do século XIX para o século XX, com elementos que
representassem a sociedade cuja base seria equidade, prosperidade e solidariedade;

- E a emergência do movimento moderno nas artes.

- A urbanização e a o planejamento racional como forma de consolidar a reforma social e a


consolidação social-democrática.

Contexto:

- Segunda Revolução Industrial e surgimento das megalópoles modernas tal como conhecemos
hoje, centros industriais e novas formas de energia;

- Formação da sociedade e cultura de massa, e partidos políticos, que dão origem a dois polos de
reforma e de vanguardas: as de âmbito político e as de âmbito cultural;

Características das vanguardas:

- Obsessão com as formas geométricas, cores puras, composições rítmicas e o racionalismo;

- Colapso do liberalismo e da democracia propiciando o surgimento de nova ordem ideológica,


de caráter totalitário e excludente, sintetizados no monumento de arte pública, como a Torre Eiffel.

A simbologia da arte pública:

- A Torre Eiffel, não foi concebida como obra de arte e sim como uma espécie de propaganda e
demonstração da capacidade das novas descobertas na metalurgia. A torre não havia sido feita pra
ser monumento, mas acabou se tornando um símbolo para Paris, devido a revoltas e manifestações
quando a prefeitura anunciou sua retirada tornando-se um objeto de arte pública. Havia se
transformado em um símbolo de força, solidariedade conquista e coesão de uma nova sociedade.
Além disso o autor cita que mesmo sendo um elemento propagandístico, percebeu-se que seria
muito útil, como forma de transmissão e antena durante o processo de radiodifusão, e foi vital para
a vitória aliada na Primeira Guerra como estratégia de comunicação.

- Essa mesma inspiração foi seguida por Tatlin, artista russo, para o monumento a Terceira
Nacional, uma grande estrutura metálica, gigantesca e megalomaníaca de forma a ilustrar a agitação
pública em torno de uma nova sociedade, um novo homem, não chegou a ser construída. Outros
símbolos que possuem a mesma conotação são o Empire State, o Golden Gate e a Porta de
Brandemburgo.
Universidade Federal do Reconcavo da Bahia

A origem e significacação da palavra monumentum, segundo o autor, vêm de monare que signica,
predizer, advertir, que deram origem a palavra monstrum. Ou seja todos significados do mau augúrio, e
de ameaças, etc. A palavra uma síntese de coisas que remete a fantasmagoria, um evento de terror ou
mau presságio. A epoca de ouro da arte pública é o Império Romano, época em que o poder dos
cidadãos era alienado, servindo também com instrumento de repressão.

A Terceira Revolução Industrial:

- O processo de globalização promoveu um efeito de abolição do tempo e espaço, os recursos e


a tecnologia tornou a visibilidade possível, sobre tudo e todos. E ao mesmo tempo o que é visto nos
mostra “uma parte insignificante da totalidade”. Porem a impressão de que se tem é de que naquele
momento esta é a totalidade, que “impõe para promover um processo de homogeneização da
percepção e de homogeneização cultural.”

- Do ponto de vista da arquitetura a cidade ficou fragmentada, e destinada a aos luxos humanos,
alem de comportar áreas intransponíveis, bolsões de riqueza. O investimento estético limita-se ao
aspecto visual, sem o sopro de vanguarda reformista do período moderno.

- Do ponto de vista social, há o desemprego em massa, resultado da qualificação de alguns que


possuem previlégios. Alem de preconceitos como a forma de falar, jeito de se vestir, ligados ao
consumo, etc. Esse processo sem fim de exclusão social, gerou movimentos nos anos 70, o ‘ocupar e
recuperar’, na Alemanha, Austria e Holanda. E também em outros países como Londres e Nova
Yorque, devido a exclusão de parte da sociedade em determinadas áreas. É este público que é tido
como vândalos, anti-sociais, etc.

Os artistas neste contexto:

- A busca pela mudança da ideologia unificadora da arte pública, como Markus Ramershoven,
artista alemão, que colou sobre o Portal de Brandemburgo, uma película de papel, e depois retirou
fragmentando e expondo partes na cidade, de modo que as pessoas vissem o monumento
reduzido.

- Judith Barry, Dennis Adams e Barbara Kruger seguem essa mesma linha, com obras que se
dispersam na cidade, ônibus, nas zonas de exclusão, etc.

- O projeto de Wodiczko, Veículo para Sem-teto, traz como base um carrinho de supermercado.
Coberto por uma blindagem de folha flandres, impermeável, engloba ainda um bico aerodinâmico,
que lembram foguete, mas evoca acima de tudo a velocidade vertiginosa, vetor do progresso
industrial como na Torre Eiffel. Nas mãos dos sem-teto evoca também a exclusão de quem não teve
acesso a qualquer possibilidade de consumo, quem não participa do mercado. Todos os seus
pertences e sua vida se encontram ali dentro.

“O carrinho do supermercado é o vetor da total privacidade, o do sem-teto é o da total exposição; o


carrinho de supermercado está vinculado a pessoas que vivem a experiência da das novas modalidades
energéticas e o do sem teto é movido a energia física ou, mais cruamente, a tração animal, a tração do
próprio sem-teto.”

Não é uma obra para uma galeria, pertence ao espaço público, onde adquire importância, e
justamente ele parece trazer este elemento sagrado dos monumentos, que é a criação do monstrum,
“o monstro nos vem como um aviso, como uma advertência, como um pressagio de desgraças, que
certamente virão se perdermos nossa capacidade de indignação.”

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