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INSTITUTO MÉDIO TÉCNICO PROFISSIONAL COMBATENTE MUPONH

Curso:
Educação de infância
Formação de Professor
Disciplina:
Metodologia de Investigação Cientifica (MIC)
Tema:
Conhecimentos Teológicos

1oAno

Beira, Agosto de 2023


INSTITUTO MÉDIO TÉCNICO PROFISSIONAL COMBATENTE MUPONHA

Curso:
Educação de infância
Formação de Professor
Disciplina:
Metodologia de Investigação Cientifica (MIC)
Tema:
Conhecimentos Teológicos

1oAno

Formandos:
Verónica Fernando Geremias
Marcos Inácio Andrade
Osvaldo José
Keren Baptista
Celso Manuel
Josefina Sousa Luís
Formador:
Lucas de Sousa Joaquim Mortal

Beira, Agosto de 2023


Indice
CAPITULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 4
1. Introdução ................................................................................................................................................. 4
1.2. Objectivos do Estudo ............................................................................................................................. 4
1.2.1. Objectivo Geral ................................................................................................................................... 4
1.2.2. Objectivo Especifico ........................................................................................................................... 4
METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................................................................... 4
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 5
2.1. Introdução .............................................................................................................................................. 5
2.2. Revisão da Literatura Teórica ................................................................................................................ 5
2.2.1. Aspectos Gerais .................................................................................................................................. 5
2.2.2.1.2. Modos de Conhecer ...................................................................................................................... 6
2.3. Conhecimento Teológico ou Religioso .................................................................................................. 7
2.3.1. Definição de conceitos ........................................................................................................................ 7
2.3.2. Características do Conhecimento Teológico ....................................................................................... 8
2.3.3. Posição dos Teólogos .......................................................................................................................... 9
2.3.3.1. Identidade do objecto Material ........................................................................................................ 9
2.3.3.1.2. Diversidade dos Princípios............................................................................................................ 9
2.3.3.1.2.3. Diversidade de Princípios subjectivos operativos .................................................................... 10
2.3.3.1.2.3.4. Diversidade dos Princípios ou Fundamentos Objectivos ...................................................... 11
2.3.3.2. Passos do Conhecimento Teológico .............................................................................................. 11
2.3.3.3. Diferenças entre Conhecimento Teológico e Conhecimento Cientifico ........................................ 12
CAPITULO III: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DA PESQUISA ............................................. 14
Conclusão.................................................................................................................................................... 14
Referências Bibliográficas .......................................................................................................................... 15
CAPITULO I: INTRODUÇÃO
1. Introdução
Ao longo da história da humanidade o homem vem acumulando conhecimento desde o seu
nascimento, conhecimentos vitais e necessários para sua sobrevivência. O conhecimento chega a
ser uma necessidade básica, uma capacidade inerente ao ser humano vivida com base em
experiencias cotidiana, e, tradicionalmente, distingue-se quatros tipos de conhecimentos na
história da humanidade: conhecimento popular ou senso comum, o conhecimento teológico,
conhecimento cientifico e conhecimento empírico, pois o pesquisador necessita de
acompanhamento da metodologia científica e de seus princípios básicos.

O presente trabalho visa fazer uma abordagem em torno dos conhecimentos teológicos, com base
em algumas concepções teóricas, característica própria e especificas que difere dos outros tipos de
conhecimentos.

O conhecimento é necessário para o progresso do homem, pois ela é a manifestação da consciência


de conhecer, onde o ser humano é dotado da capacidade de conhecer e de pensar e elas não
constituem apenas uma capacidade mas tende a ser vista como uma necessidade para sobrevivência
do homem. Pode-se dizer que conhecer é poder estar ciente da existência de algo.

1.2. Objectivos do Estudo


1.2.1. Objectivo Geral
 Analisar o impacto do uso do conhecimento teológico no passado e na vida quotidiana do
ser humano.
1.2.2. Objectivo Especifico
 Avaliar teorias existentes sobre a busca sistemática do conhecimento Teológico das
experiencias passadas e atuais;
 Identificar princípios fundamentais no processo do conhecimento teológico.

METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia adoptada pela autora, será uma metodologia por método de pesquisa
Bibliográfica, metodologia Mista Qualitativa, desenvolvida com base em materiais elaborados
como livros e artigos científicos e textos retirados da internet. (fontes eletrónicas).
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Introdução
A revisão consiste em dois componentes distintos: teóricos e empíricos. A literatura teórica discute
essencialmente questões teóricas a cerca do tópico em estudo, ajudando a descobrir alternativas de acção a
cerca do tema em estudo. Portanto, neste capítulo será apresentado as teorias necessárias existentes em
relação ao conhecimento teológico.

2.2. Revisão da Literatura Teórica


2.2.1. Aspectos Gerais
Quando diz-se o fenómeno do conhecimento em geral, bem como sobre os diferentes modos de
conhecer, quisemos preparar o caminho para uma abordagem mais direta sobre a natureza da
ciência.
A palavra ciência pode ser assumida em duas acepções: em sentido amplo, ciência significa
simplesmente conhecimento, como na expressão tomar ciência disto ou daquilo; em sentido
restrito, a ciência não significa um conhecimento qualquer, e sim um conhecimento que não so
apreende ou registra fatos, mas também os demonstra pelas suas causas determinantes ou
constitutivas.
A ciência é fruto da tendência humana para procurar explicações válidas para questionar e exigir respostas
e justificações positivas e convincentes. Este dinamismo questionador peculiar ao espirito humano já se
manifesta na primeira infância, quando a criança multiplica seus “ o quê” e seus “Por quê”, que chegam a
embaraçar os adultos. Felizmente ou infelizmente, as crianças se contentam com respostas incompletas,
imperfeitas ou mesmo tautológicas.

A história humana é a história das lutas pelo conhecimento da natureza, para dominá-la, para interpretá-la
e cada geração foi recebendo um mundo interpretado pelas gerações passadas. As gerações dos místicos
intentaram a interpretação mística do universo a partir de intuições, de iluminações proféticas. As gerações
dos filósofos procuraram ultrapassar a experiência vulgar para encontrar o transcendente, o absoluto, o
ontológico, a partir de elucubrações metafisicas, nas quais eram de capital importância o rigor lógico-
dedutivo de um lado e, de outro, a coerência do ser e de suas categorias consigo mesmas. Finalmente, as
gerações dos cientistas desdobraram o universo em milhares de segmentos, não para dizer o que é o ser,
mas para saber “como” cada coisa é.

A actual geração encontra, pois, diante de seus olhos, um mundo já pensado, já interpretado, pronto para
uso e consumo: historia interpretada, sociedade organizada, normas estabelecidas de moral, leis de direito
codificadas, religiões estruturadas, classificação e virtudes dos alimentos especificadas para cada idade,
regulamentos para dirigir carro, programas escolares e assim por diante.

2.2.2.1.2. Modos de Conhecer


Existem no Brasil, nas Américas, na Europa e no mundo inteiro celebres institutos e Faculdade de Teologia,
com suas publicações e professores de reconhecida autoridade. Reina, por outro lado, a maior obscuridade,
para leigos nesta matéria, sobre a natureza do modo de conhecer teológico. Não deveríamos, pois omitir
referência ao conhecimento teológico nesta nossa introdução aos diversos modos de conhecer.

Entretanto, o ser humano é dotado da capacidade de conhecer e de pensar, conhecer e pensar constituem
não somente uma capacidade, como também uma necessidade para o homem. Ademais, o conhecimento é
necessário para o progresso do homem.

Conhecer e pensar colocam o universo a nosso alcance e lhe dão o sentido, finalidade e razão de ser. O
homem é “o ser verdadeiro, o olho que vê o mundo”. Vê e conhece, conhece o que vê e pensa no que viu e
no que não viu, conhece e pensa, pensa e interpreta. Os animais conhecem as coisas; o Homem, além disso,
investiga-lhes as causas e elabora o material de seus conhecimentos diferentes dos animais que só conhecem
por via sensorial.

Segundo Santo Tomás de Aquino, as coisas concretas nos oferecem imagens sensíveis, a cognição dos
princípios nos e dada pelos sentidos. Na maneira de adquirir o conhecimento, existe uma relação que se
estabelece entre o sujeito que se conhece e o objeto cognoscente.

O conhecimento supõe e exige três elementos, a saber: o sujeito, ou seja, a consciência cognoscente, o
objecto, ou aquilo a que o sujeito se dirige para conhecer, e a imagem, que representa o ponto de
coincidência entre o objecto e o sujeito. Todo conhecimento consiste numa relação sui generia entre o
sujeito cognoscente e o objecto conhecido: relação de assimilação do objecto pelo sujeito, relação de
produção do objecto pelo sujeito, relação de coincidência ou de identificação entre sujeito e objecto. Se
não houver tal identificação, estamos diante de um erro, de um desconhecimento, nunca de verdadeiro
conhecimento.

Contudo, vale dizer que o sujeito não conhece tudo das coisas, mas apenas parte. No processo do
conhecimento, o sujeito toma posse, de certo modo, dos objectos conhecido. Os indivíduos (sujeitos) não
são aptos a captar tudo o que as coisas apresentam. A própria ciência tem como função acumular
conhecimentos, o que a conduz sempre a uma incessante revelação. (FACHIN, 2017).
2.3. Conhecimento Teológico ou Religioso
2.3.1. Definição de conceitos
Marconi e Lakatos (2003), afirmam que:

O conhecimento religioso, isto é teológico, é um tipo de conhecimento que


apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por
terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo,
tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um
conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e
destino) como obra de um criador divino suas evidências não são verificadas
esta sempre implícita de uma atitude de fé perante um conhecimento
revelado, assim, o conhecimento religioso ou teológico, parte do princípio
de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem
em “revelações” da divindade (sobrenatural), a adesão das pessoas passa a
ser um acto de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada como
decorrente do acto de um criador divino, cujas evidências não são postas em
divida nem sequer verificáveis (p:79).

Galiano (1986) diz, de modo geral o conhecimento teológico apresenta respostas para perguntas
que o homem não pode responder com o conhecimento Empírico, cientifico ou Filosófico, assim
os indivíduos lançam mão da busca de verdades reveladas por divindades (por Deus) que
justifiquem sua existência.

Teológico ou religioso é baseado nas doutrinas e proposições sagradas, é inspiracional e suas


evidências não são verificadas, a adesão das pessoas passa a ser um acto de fé cujas evidências
não são postas em causa em são verificadas, ele é tão antigo quanto o conhecimento Empírico e
todas as religiões estão baseadas em homens extraordinários, de um modo geral o conhecimento
teológico apresenta respostas para questões que o homem não pode responder com os restantes
tipos de conhecimento assim o sujeito lança uma busca pelas verdades reveladas por Deus que
justifiquem a sua existência ela é sustentada pela fé religiosa, ou seja, a crença de que todos os
fenómenos acontecem pela vontade de entidades ou energias sobrenaturais por esse motivo, o
conhecimento religioso ou teológico apresenta explicações dogmáticas que não podem ser
refutadas, ao redor do mundo, o conhecimento religioso é organizado em diferentes religiões que
possuem seus próprios conjuntos de crenças, rituais e códigos morais, a exemplo do cristianismo,
islamismo, hinduísmo, judaísmo (Marconi e Lakatos, 2003; Galliano, 1986)

O conhecimento teológico, é baseado na fé religiosa. Assim, acredita-se que a religião é a


verdade absoluta e possui todas as explicações para os mistérios que rondam a mente
humana. Como por exemplo, o mundo e os homens foram criados por Deus.

A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada
como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidencias não são postas em duvida nem
sequer verificáveis. A postura dos cientistas e teólogos diante da teoria da evolução das espécies,
particularmente do homem, demonstra diversas abordagens, os teólogos fundamentam seus
ensinamentos de textos sagrados enquanto, os cientistas por outro lado buscam em suas pesquisas,
fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses. Se o fundamento do
conhecimento cientifico consiste na evidência dos fatos observados e experimentados controlados,
e o do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em
ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos, ou da análise dos
conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas a procura
de evidência, mas da causa primaria, ou seja da revelação divina.

2.3.2. Características do Conhecimento Teológico


Valorativo- O conhecimento religioso baseia-se em julgamentos subjectivos e não em fatos e
acontecimentos comprovados;

Inverificável- Por lidar com questões espirituais, metafisicas, divinas e sobrenaturais, o


conhecimento religioso não e submetido à verificação científica;

Infalível e indiscutível- O conhecimento religioso explica os fenómenos e mistérios da vida


através de proposições dogmáticas (verdades absolutas);

Sistemático- independente da religião, o conhecimento religioso é organizado em um conjunto de


regras que se complementam;
Inspiracional- o conhecimento teológico é baseado em doutrinas e ensinamentos revelados de
forma sobrenatural.

2.3.3. Posição dos Teólogos


No livro summa contra gentiles, o teólogo Tomás Aquino, em inúmeras passagens estabelece
confronto entre o conhecimento teológico e o conhecimento filosófico ou científico.

“Se algumas coisas são igualmente consideradas pelo filósofo e pelo fiel a respeito
das criaturas, filosofo e fiel são guiados por princípios diversos. Na verdade, o
filósofo (ou o cientista) tira seu argumento das próprias causas das coisas, enquanto
o fiel o toma da causa primeira, a saber, porque assim foi divinamente revelado; ou
porque isto reverte para glória de Deus; ou porque o poder de Deus é infinito. Por
isso mesmo também ela (a doutrina da Fé) deve ser considerada sabedoria máxima,
porque pensa a partir da causa mais elevada. E. por isso, a filosofia humana serve
a ela (à teologia do fiel) como o inferior ao superior (…). E dai decorre que uma e
outra doutrina se conduzem em ordem diversa. Pois, na doutrina da Filosofia (e da
ciência) que considera as criaturas em si a respeito das criaturas e a ultima versa a
respeito de Deus. Na doutrina da Fé, porem, que não considera as criaturas a não
ser enquanto referidas a Deus, respeito das criaturas. E desta maneira a doutrina da
fé é mais perfeita porque mais semelhante ao conhecimento divino que se conhece
a si mesmo e em si intui todas as coisas”.

A análise, ainda que breve, deste texto de Santo Tomás de Aquino, considerado no contexto de
toda sua obra da primeira parte da sua summa theologico, oferece um perfeito entendimento sobre
o conceito que fazem do conhecimento teológico os autores cristãos católicos.

2.3.3.1. Identidade do objecto Material


2.3.3.1.2. Diversidade dos Princípios
Em primeiro lugar, o objecto material de estudo da Teologia e da Filosofia ou da ciência é o
mesmo, ou pode ser o mesmo “se algumas coisas são igualmente consideradas pelo Filosofo e pelo
fiel a respeito das criaturas…” A Teologia e a Filosofia ou as ciências não se distinguem, pelo
objecto de estudo, que é ou pode ser o mesmo. Tornaram-se célebres na História as controvérsias
entre teólogos e cientistas, por exemplo, quanto à teoria da evolução das espécies e particularmente
do Homem. Os teólogos firmavam suas posições baseados que ensinamentos dos textos bíblicos,
enquanto os cientistas enveredavam, em suas pesquisas, à procura de fatos concretos capazes de
comprovar suas hipóteses. Pode-se afirmar que, em nossos dias, a preocupação dos teólogos em
reestudar suas doutrinas para não cair em contradição com as suas conclusões científicas é bem
maior que a dos cientistas em pressupor dogmas religiosos.

Em segundo lugar, consta do texto em estudo a distinção entre Teologia e Filosofia ou ciência em
função dos “princípios diversos” que guiam filósofos e teólogos “em ordem diversa”. Tanto a
Teologia como a Filosofia e as ciências têm ou podem ter o mesmo objecto de estudo, como, por
exemplo, a origem do mundo, das espécies ou do Homem. Entretanto, “filosofo e fiel são guiados
por princípios diversos”. Este elemento especificativo do conhecimento teológico merecerá, pois,
especial consideração.

Se perguntarmos quais os “princípios diversos” que distinguem a conduta científica da conduta


teológica, a resposta de Tomas de Aquino e dos teólogos em geral, desdobrar-se-á em duas
considerações, a saber: diversidade de princípios operativos e diversidade de fontes objectivas.

2.3.3.1.2.3. Diversidade de Princípios subjectivos operativos


Os princípios subjectivos operativos que guiam o filósofo ou o cientista são os sentidos corporais
e a inteligência ou a razão natural; diversamente acontece com o teólogo ou com o fiel que operam
com sua razão iluminada, ilustrada, elevada pelo dom sobrenatural e gratuito da fé, conforme
ensina a própria teologia. A fé eleva a razão a uma ordem superior e divina de conhecimento: “…a
doutrina da fé é mais perfeita, porque mais semelhante ao conhecimento divino que se conhece a
si mesmo e em si intui todas as outras coisas”, escreve Tomás de Aquino.

A ciência, eleva a capacidade natural e humana de ver e de conhecer, assim também, ensina a
Teologia, o dom da fé confere luz especial à mente humana, de tal maneira que, onde o filósofo
ou cientista vê apenas um homem, o fiel, o crente, com sua mente iluminada pela fé, consegue ver
um Deus; e onde o cientista ou filósofo vê um texto semelhante a inúmeros outros textos, o fiel, o
crente, vê fulgores da palavra divina; e ao aceitar os textos sagrados como expressão da mente ou
da ciência divina.
Assim, os princípios operativos, que guiam o fiel e o filósofo ou cientista, são diferentes; no caso
do filósofo ou cientista, age a razão natural; no caso do fiel, o princípio operativo que aceita o
dogma religioso não é a razão natural mas a razão elevada, ilustrada, iluminada pelo dom gratuito
da fé. Além desta diversidade de princípios operativos, subjectivos por sua própria natureza, resta
analisar a diversidade dos fundamentos ou princípios objectivos que diferenciam a Teologia em
relação à Filosofia.

2.3.3.1.2.3.4. Diversidade dos Princípios ou Fundamentos Objectivos


O fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e
controlados experimentalmente; o fundamento do conhecimento filosófico e de seus enunciados
consiste na evidência lógica; nesses dois modos de conhecer, a evidência deve resultar da pesquisa
dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados. No caso do conhecimento teológico, o fiel
não se detém na pesquisa dos fatos ou na análise dos conteúdos dos dogmas à procura de evidência,
como escreve Tomás de Aquino: “Na verdade, o filósofo tira seu argumento das próprias causas
das coisas, enquanto o fiel o toma da causa primeira, a saber, porque assim foi divinamente
revelado”. Esse detalhe do fundamento do conhecimento teológico ou do motivo que leva o fiel a
aceitar como verdade inconteste o dogma da fé merece exposição mais cuidadosa, do que resultara
a estrutura fundamental do conhecimento teológico.

Se perguntarmos ao teólogo, ou ao fiel cristão esclarecido, por que admite que o Homem seja
dotado de alma espiritual, imortal, que não resulta da evolução da matéria e que não é transmitida
pelos pais aos seus filhos, ele só terá uma resposta: -Porque tal verdade consta dos textos bíblicos,
que são a palavra de Deus, isto é, a comunicação da verdade que Deus tem em suas mente e
comunica aos homens.

2.3.3.2. Passos do Conhecimento Teológico


1. Deus existe.
2. Deus tem ciência infinita
3. Deus tem poder infinito e, portanto, tem o poder de se comunicar com os homens, fazendo-
os participantes de seus princípios conhecimentos.
4. Entre as diversas maneiras de se comunicar com os homens poderia escolher a revelação
direta a cada um, ou então, a revelação direta a alguns profetas e hagiógrafos que se
comunicariam depois com outros homens, falando e escrevendo sob inspiração divina.
5. Deus falou de fato aos profetas e, pelos profetas, a todo o seu povo e pelo seu filho Jesus
Cristo a toda Humanidade.
6. O que Deus falou, ou parte do que Deus falou, está escrito nos textos das escrituras sagradas
do antigo e novo testamento vulgarmente denominados Bíblia.
7. Os textos bíblicos são autênticos, não foram adulterados, e são suficientemente claros e
explícitos para que possamos entender hoje quanto foi escrito a dois, quatro ou mais
milénios.
8. Se tudo o que está na Bíblia encerra a própria ciência divina comunicada por Deus aos
homens; se Deus merece todo crédito e exige que os homens recebam sua palavra e aceitem
como condição de salvação, é natural que não se procure a evidência dos conteúdos da
revelação divina, mas que se aceite o dogma “porque assim foi divinamente revelado”.

Não parece existir outro esquema que melhor caracterize a estrutura do conhecimento teológico,
ou seja, a estrutura da aceitação do dogma como verdade inconteste. Realmente, se Deus existe,
se revelou aos homens uma parcela de seus conhecimentos, se esta revelação foi transcrita
fielmente e integralmente preservada de corruptelas nos textos sagrados da Bíblia, é evidente que
tudo o que está claramente contido na Bíblia deve ser aceito como expressão da verdade divina, e,
como diz Tomás de Aquino, o fiel conhece através da verdade com que Deus conhece a si e a todas
as coisas em si. Incumbe, entretanto, ao teólogo provar que Deus existe, que de fato falou aos
homens, que os textos bíblicos foram inscritos sob inspiração divina, que este ou aquele
ensinamento se encontram claramente contidos nos textos sagrados.

2.3.3.3. Diferenças entre Conhecimento Teológico e Conhecimento Cientifico


O conhecimento teológico supõe e exige a autoridade divina; nela se fundamenta e só a ela
atende; a ciência, ao contrário, não supõe, não exige, não admite autoridade; a ciência só admite
o que foi provado, na exata medida em que se podem comprovar experimentalmente os fatos. A
Teologia não demonstra o dogma; apela para a autoridade divina que o revelou e exige fé; a
ciência demonstra os fatos e só se apoia na evidência dos fatos;
1. A ciência não cogita da existência ou necessidade de especial dom divino para chegar ao
conhecimento da natureza; a Teologia fala da existência e da necessidade de uma especial
iluminação divina denominada “graça sobrenatural da fé” para que o fiel consiga conhecer
a verdade divina da revelação.
2. A ciência estuda fenómenos experimentalmente controláveis e inova com plena autonomia
a partir de novas descobertas; a Teologia, para ser fiel aos seus princípios, deveria
conservar sempre as mesmas doutrinas dos livros sagrados e das tradições. A fonte e
objecto de estudos da Teologia são os livros sagrados.
3. A ciência pede entendimento a partir da evidência dos fatos; a Teologia exige fé a partir da
autoridade magisterial de Deus. A ciência nasce da razão; a fé brota do desejo e da
submissão; a ciência ganha prestígio e a Teologia dogmática desagrada o homem
contemporâneo;
4. Nos conflitos entre a ciência incipiente e as doutrinas tradicionais de fé, a autoridade da
teologia prevalece sobre as ousadias das ciências. Hoje a ciência não se subjuga à influência
de doutrinas a ela estranhas, e é a Teologia que procura rever seus ensinamentos e
reformulá-los para não se opor à mentalidade científica e adogmática do homem
contemporâneo.

Diversamente do que acontece com o conhecimento vulgar, o conhecimento científico não atinge
simplesmente os fenómenos na sua manifestação global, mas atinge em suas causas, na sua
constituição íntima, caracterizando-se, desta forma, pela capacidade de analisar, e explicar, de
desdobrar, de justificar, de induzir ou aplicar leis, de predizer com segurança eventos futuros.

Conhecer perfeitamente é conhecer pelas causas, saber cientificamente é ser capaz de demonstrar.
O conhecimento científico difere do conhecimento vulgar e vai muito além deste, porque explica
os fenômenos e não só os apreende.

Conhecimento científico é expressão que lembra laboratório, instrumental de pesquisa, trabalho


programado, metódico, sistemático e não provoca associações com inspiração mítica ou artística,
religiosa ou poética. A expressão “conhecimento cientifico” evidencia o carácter de autoridade, de
respeitabilidade, que falta ao conhecimento vulgar.
CAPITULO III: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DA PESQUISA
Conclusão
Chegado ao fim do trabalho de pesquisa, conclui-se que, há motivos para inclusão do item
conhecimento teológico nos modos de conhecer, e com base nos ensinamentos de Santo Tomás de
Aquino pode-se dizer que, tanto o teólogo como o filósofo ou cientista podem tomar os mesmos
problemas como objetos de estudo. A teologia distingue-se da Filosofia ou da ciência pela
diversidade dos princípios subjectivos operativos e pela diversidade de fontes objectivas, o
principio operativo subjectivos do fiel não são a razão e a fé, ou melhor, a razão iluminada e
elevada pela fé, o mesmo principio para o filosofo e para o cientista é a razão pura, a razão natural.
E a fonte objectiva é a evidência dos fatos, que resulta da pesquisa, e a fonte objectiva do
conhecimento teológico não é o conteúdo dos enunciados ou a pesquisa dos fatos, mas o textos
bíblicos cujo autor principal é o próprio Deus.

Os passos da justificação do conhecimento teológico é superior a qualquer outra forma de


conhecimento e essa estrutura não é suficiente para justificar a fé religiosa, nem provas da
existência de Deus, nem os argumentos para demonstrar o fato da revelação tem clareza e evidência
suficientes para convencer quem não tem fé.

Portanto, tanto o conhecimento vulgar como o cientifico, tanto o conhecimento filosófico como o
teológico alimentam o mesmo propósito e lutam pelo mesmo objectivo, que é o de chegar à
verdade sobre o Homem e sobre o universo, sobre o ser e sobre cada uma das realidades que
constituem infinitos segmentos da natureza. A certeza religiosa fundamenta-se nas inspirações da
fé que determina a crença que nos enunciados dogmáticos, pelo fato de terem sido revelados por
Deus como verdades divinas e, se Deus os revelou, logo o homem atinge as mesmas verdades que
Deus.
Referências Bibliográficas
LAKATOS, E.M; MARCONI, M.A. (2009). Metodologia Cientifica- 5. ed. São Paulo: Atlas S.A.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. (2008) Fundamentos de metodologia
científica. 6. Ed. São Paulo: Atlas.
CHARLOT, B. (2000). Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Trad.B. Magne.
Porto Alegre: Artmed.

MENEZES, P. (s.d.). conhecimento empirico, cientifico, filosofico e teologico? Obtido em 19 de


Agosto de 2023, de www.diferenca.com/conhecimento-empirico-cientifico-filosofico-e-
teologico/
KOCHE, J.C. (2010). Fundamentos de Metodologia Cientifica. 19aEdicao, São Paulo: Editora
Atlas S.A.

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