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FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO
Carmen Lúcia de Oliveira
Cabral
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
EQUIPE DE APOIO
Liana Cardoso
Luana Monteiro
Cleidinalva Oliveira
Rafael Barreto Marques
Nádia Cataryna Nogueira e Silva
Copyright © 2007. Todos os direitos desta edição estão reservados à Universidade Federal do Piauí (UFPI). Nenhuma
parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros,
sem a prévia autorização, por escrito, do autor.
CABRAL, Carmen L. de O.
Inclui bibliografia
C.D.D
2
Apresentação
Este texto é destinado aos estudantes aprendizes que
participam do programa de Educação a Distância da
Universidade Aberta do Piauí (UAPI) vinculada ao consórcio
formado pela Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Centro Federal de
Ensino Tecnológico do Piauí (CEFET-PI), com apoio do
Governo do estado do Piauí, através da Secretaria de
Educação.
3
Unidade 1: A Especificidade da Filosofia. Como
Filosofar: analisa os modos como se instituir sentido à
realidade, distinguindo-os em suas caracterizações
especifica como filosófico, científico e o senso comum,
dando ênfase ao processo de produção do conhecimento
filosófico.
4
brasileira, explicitando as abordagens teórico-filosoficas que
orientam a práxis educativa. Em um segundo momento,
analisa as orientações político-ideológicas com que as
propostas educações são elaboradas, bem como suas
efetivas nos espaços educativos.ços no Brasil.
5
Sumário
UNIDADE 1: A ESPECIFICIDADE DA
FILOSOFIA. COMO FILOSOFAR?
1.1 Orientação ao estudo de Filosofia ..................... 10
6
E AS TEORIAS EDUCACIONAIS
7
Unidade 1
A Especificidade da Filosofia.
Como Filosofar?
Resumo
Este Unidade procura analisar os modos como se
instituir sentido à realidade, distinguindo-os em suas
caracterizações especificas como filosóficos, científicos e o
senso comum, dando ênfase ao processo de produção do
conhecimento filosófico.
Com vistas a atingir tais fins distribui o conteúdo
nestes tópicos:
- Orientação ao estudo de filosofia;
- O filosófico, o científico e o senso comum;
- A gênese e conceito de filosofia: a atitude e a
reflexão filosófica.
De forma que, as discussões contemplem as metas
seguintes:
- Sistematizar um procedimento de leitura e escrita;
- Caracterizar a filosofia como uma linguagem de
apreensão e expressividade da realidade natural e
humana;
- Distinguir a especificidade filosófica em relação à
cientificidade e o senso comum.
Sumário
UNIDADE 1: A ESPECIFICIDADE DA
FILOSOFIA. COMO FILOSOFAR?
1.1 Orientação ao estudo de Filosofia ..................... 10
9
1.1 Orientação ao Estudo de Filosofia
Dimensão
Simbólica A modalidade dos recursos não-materiais refere-se à
Expressa a
realidade como produção de sentido, conceitos, pensamento, linguagem,
uma relação de que por sua vez, vão expressar as normas, o conhecimento,
sentido
instituído em um de uma forma geral, constitui a dimensão simbólica, do
contexto cultural imaginário, da imaginação, com que o ser humano elabora e
expressa sua compreensão de realidade, bem como sua
prática e agir no mundo.
11
abrangência social do reconhecimento da validade e os
procedimentos necessários para elaborá-los.
12
para interpretar e expressar o sentido da realidade, também
apresenta diferenças no tipo de certeza que proporciona.
Com esta perspectiva, constata-se na perspectiva histórica,
a aceitação social de modos excludentes de apreensão da
realidade.
13
vem sendo tomado como da sistematização de um novo
conjunto de princípios, conceitos, condições e finalidades
A Linguagem
Mítica é instalado entre os séculos VI e V no mundo grego.
elaborada
usando
alegorias, Nesta época o modo tradicional do ser humano
figurações, responder às indagações sobre as realidades natural e
significativa em
uma tradição humana demonstrava certo esgotamento na capacidade de
cultural. convencimento, sendo um modo instituído na linguagem
mítica de representação da realidade, que distanciava as
respostas dadas do raciocínio argumentativo, discursivo que
expressa, de fato, o modo de sistematizar o pensar e a
externalização do pensamento humano.
14
Os sofistas ocupavam-se com uma prática
Sofistas que se
destacaram: discursiva, argumentativa do convencimento, da persuasão,
Protágoras de destituída da preocupação com a verdade, no sentido de
Abdera
Górgias de expressar a essência do ser.
Lêoncios,
Hípias de Élide
Eles conduziam o discurso à aceitação imediata e
circunstancial, o que possibilitava a mudança da
argumentação, sem comprometimento dos fins a que se
dirigiam. Os filósofos, por sua vez, prezavam pelo discurso
verdadeiro, que expressasse o ser em sua essência, sem os
traços acidentais, circunstanciais adquiridos em suas
relações com o mundo e com os outros.
15
historicamente instituída, buscando atingir o principio de ser
e os fins que os fazem da forma como se expõem. A atitude
avaliativa, em que se elabora o julgamento, um dos
movimentos do ato de pensar, na perspectiva filosófica,
constitui o momento da crítica, que deve se processar com
rigor, abrangendo a realidade pensada como um todo, de
forma a expressar um sentido de ser primeiro, em sua
singularidade de origem.
Para Refletir
Atividade 1
16
Saiba Mais
17
Unidade 2
As Questões do Conhecer
e o Estatuto da Filosofia:
As Racionalidades
Históricas
Resumo
As discussões desta Unidade envolvem a gênese do
conhecimento pela razão humana, situando-a nas
abordagens históricas que visam a explicar sua origem,
diante do que distribui o conteúdo nos tópicos: Gênese do
Conhecimento: Ceticismo e Racionalismo; Racionalismo
Empírico, Racionalismo Idealista e Romantismo Razão:
posições históricas; Razão e Pensamento: o
método;Pensamento, Verdade e Ideologia.
Na busca de orientar a apreensão deste conteúdo
programático propõe as seguintes metas: Discutir a Gênese
do Conhecimento nas Abordagens Clássicas: o
Racionalismo e o Empirismo;Compreender o Conceito de
Razão e Suas Relações Históricas com a Verdade e a
Ideologia e o Método;Explicar a Especificidade Conceitual
das Abordagens Teóricas que Orientam o Exercício do
Filosofar;Compreender a Constituição do Campo do
Conhecimento Filosófico como Estruturação das Bases
Teóricas de Elaboração de Sentido das Realidades;
18
Sumário
UNIDADE 2: AS QUESTÕES DO CONHECER E O
ESTATUTO DA FILOSOFIA: AS RACIONALIDADES
HISTÓRICAS
2.1 Gênese do Conhecimento: racionalismo e 20
ceticismo ..............................................................
2.2 Racionalismo Empírico, Racionalismo 23
Idealista, Romantismo .........................................
2.3 Razão: posições históricas ................................ 26
19
UNIDADE 2: AS QUESTÕES DO CONHECER E O
ESTATUTO DA FILOSOFIA: AS RACIONALIDADES
HISTÓRICAS
20
Entre uma das primeiras posturas resultantes desta
admiração encontram-se os pensadores denominados pré-
socráticos. A realidade admirada por estes pensadores,
sábios na época, era percebida constituída por duas
A Phisis Grega:
refere-se à naturezas: a physis grega, expressando tudo que existe
natureza, o sem intervenção humana, até o próprio ser humano, a
mundo não
criado pelos ordem natural em si; e, o nomos grego, que significa a
humanos. realidade criada pelo ser humano, a ordem cultural, o mundo
O nomo grego: simbólico, das convenções humanas.
refere-se ao
mundo da
cultura, da Estas duas posturas dos pensadores pré-socráticos
norma, inauguraram o modo racional, argumentativo e discursivo, de
simbólico criado
pelos humanos. se elaborar a apreensão da realidade e de expressá-la.
Eram os físicos explicando os fenômenos da natureza de
forma especulativa, sem a constatação de fato, instituindo
três campos de conhecimento – a meteorologia, a
cosmologia e a cosmogonia; ou inferindo sobre a
constituição primeira de tudo que existe, o princípio primeiro
que dota de existência as coisas tais como elas são. É a
arché grega.
21
Os sábios que se voltam para a realidade dos nomos,
da realidade criada pelos e para os seres humanos,
autodenominaram-se de sofistas, no século V a.C.. A
atuação dos sofistas centrava-se na elaboração do discurso
como uma prática educativa, tendo como finalidade preparar
o cidadão adequado às novas exigências do contexto
sociopolítico e cultural ateniense.
22
por pensadores que duvidam da capacidade da razão
abstrair o sentido mesmo da realidade, porque toda
proposição que se elabore em relação à natureza da
realidade conduz a novos questionamentos.
23
a realidade segundo os modos clássico e helenístico e sob a
influência de interpretações destes modos que caracteriza o
ser mediévico.
24
O racionalismo empírico sistematiza-se no
pensamento inglês através de John Locke e David Hume,
influenciando a percepção da realidade que toma a
experiência como mediação no processo de elaborar
explicações de como tal realidade acontece. Os pensadores
que consideram a experiência como um meio necessário na
apreensão da realidade dá suporte à elaboração do
David Hume
conhecimento que parte da observação, utiliza métodos
quantitativos e experimentais, denominado ciência.
25
sentimentos do sujeito cognoscente, posicionam-se
filósofos que vêem a construção de sentido da realidade
como uma expressão particular da existencialidade do ser
humano no mundo.
26
ordenada das realidades natural e humana, daí a afirmação
dos princípios do pensar, porque para que a realidade seja
compreendida precisa seguir uma orientação interpretativa,
que lhe imprima sentido, fins e forma de ser.
27
Em uma perspectiva mais sociopolítica e cultural,
filósofos como Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert
Marcuse, procuram explicar a construção da razão como
consciência instituída historicamente, segundo os
determinantes do contexto em que as pessoas vivem.
28
realizações de momentos revolucionários, em que instituem
ou validam conjuntos de leis, princípios, concepções,
hipóteses, crenças, procedimentos metodológicos e
investigativos, chamados de paradigmas.
29
O pensamento vai se constituir em algo elaborado
pela razão, na busca de um conhecimento mais preciso,
perseguindo a intenção de verdadeiro, expressando-se tanto
como abstrato e intelectual quanto prático, de agir no
mundo.
30
Resulta do pensamento a formulação de explicações
fundamentadas, dentro das exigências de constatações
formais e os princípios de racionalidade e demonstração,
podendo-se, assim, considerá-las verdadeiras ou falsas a
partir da consistência própria com que se expressam. Estas
explicações atendendo a este nível de exigência constituem
uma teoria.
31
experimentos e hipóteses, que constituem os mais
apropriados das ciências naturais; os das realidades
humanas, em suas condições histórico-culturais, expressas
pelos significados, práticas, comportamentos, sendo,
portanto, compreensivo-interpretativos.
32
sentido verdadeiro de tudo resultaria de um processo
detalhado de investigação, que começaria com a negação
dos traços falsos da realidade imediata, excluídos pela
dúvida metódica, atingindo, então, as idéias claras e
precisas.
33
O pensar humano, a atuação humana no mundo, as
interações sociais, políticas, simbólicas e produtivas
expressam as condições materiais de existência, não a
predeterminação do destino, conforme concluíram os
filósofos políticos (Ludwig Feuerbach, Karl Marx, Antonino
Grasmci), que procuram olhar o mundo e o homem sob o
prisma dos determinantes socioeconômicos, políticos e
culturais. Desta forma, expõem as práticas de condução
intelectual ou ideologia a que se expõe o ser humano,
através das instituições sociais.
Para Refletir
As transformações espirituais que demarcam o
capital cultural da humanidade têm definido
mudanças radicais nas concepções de mundo,
sociedade, vida e do próprio ser humano, por esta
perspectiva a humanidade caracteriza-se, na
atualidade, como detentora de uma espiritualidade
emancipada?
34
Atividade 1
1. Pesquise os pensadores pré-socráticos e discuta
a repercussão de suas idéias no campo de
conhecimento filosófico e científico.
2. Escolha um filósofo empirista e um filósofo
racionalista e elabore um confronto do conceito
de razão.
3. Comente a consistência da apreensão do sentido
de ser e de realidade elaborada pela atitude
filosófica irracionalista.
4. Analise a relação entre a razão cética e a
racionalidade científica.
5. Explique as implicações dos conceitos de
ideologia e inconsciente nas crenças de liberdade
e emancipação humana fins da racionalidade
moderna.
6. Caracterize a condição pós-moderna em
confronto com o pensamento da modernidade.
Saiba Mais
Verifique a bibliografia abaixo:
35
Unidade 3
Filosofia da Educação:
Conceito, Tarefas e a
Educabilidade Humana
Resumo
36
Sumário
UNIDADE 3: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO:
CONCEITO, TAREFAS E A EDUCABILIDADE
HUMANA
3.1 O Ser e o Vir-a-Ser Humano: a educabilidade .. 39
37
UNIDADE 3: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO:
CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO
38
interativo que caracteriza a existencialidade humana, sendo,
estes princípios éticos e estéticos, fundadores de um estilo
político de ser humano, com o qual se expressa de forma
autônoma e emancipada nos ambientes sociopolíticos e
Hominizar:
Transmitir as culturais.
qualidades de ser
humano – a
espiritualidade, A natureza epistemológica da relação entre filosofia e
tornando-o mais
educação explicita-se na atitude reflexiva e crítica com que
do que um ser
natural – um deve conduzir o processo formativo – o devir humanizador –
complexo
do ser natural em ser humano pela assimilação da cultura.
psíquicobiológico.
Para a concretização consciente e comprometida dessa
formação, o educador, mediador do processo, deve saber
caracterizar, identificar e avaliar as abordagens teóricas,
metodológicas e instrumentais que dão suporte às propostas
e práticas educativas.
39
antropobiopsicossocial, a qual se institui em um contexto
sociopolítico e histórico.
40
indivíduo, alcança em relação à individualidade humana e na
condição de ser social.
3.2 Exercício do Filosofar da Educação: as Inflexões
Filosóficas
42
ontológica, a filosofia se ocupa também com o
esclarecimento da linguagem utilizada no campo da
educação.
43
A ação de pensar o educativo, segundo procedimentos
formais, sistemáticos, configura-se no saber-fazer
pedagógico, que envolve um conjunto de aportes teórico-
metodológicos para fornecer uma base sólida aos projetos
educativos e conduzi-lo enquanto uma práxis.
44
ser humano conforme o contexto sociopolítico, culturais e
históricos, da mesma forma com a dimensão produtiva deste
contexto, pensá-lo pedagogicamente implica em um saber-
fazer complexo. Isto é, um pensar interdisciplinar que
abarque as dimensões científica, filosófica e pragmática do
fazer educativo.
Diretório DiTudo –
<http://www.ditudo.etc.br/ciencia/ciencias_humanas/filosofia.html>
45
Para Refletir
Atividade
1. Discuta a concepção de educação
trabalhada no texto.
2. Explique as dimensões antropológica,
política, axiológica e epistemológica da
educação.
3. Comente a ocupação da educação com a
hominização e humanização do ser
humano.
4. Discuta o conceito de educabilidade como
finalidade da educação.
5. Explique as inflexões filosóficas em relação
à educação.
6. Analise a concepção de pedagogia
relacionando-a com a formação e prática do
professor.
46
Saiba Mais
47
Unidade 4
Os Paradigmas do
Conhecimento e a
Pedagogia
Resumo
Esta Unidade faz uma abordagem epistemológica da
pedagogia, procurando resgatar sua construção histórica
desde as origens filosóficas até os movimentos que visam a
instituir um suporte teórico que confirme sua inserção no
campo da cientificidade do conhecimento. Diante do que
analisa sua aproximação às Ciências Humanas em seus
procedimentos de produção de conhecimento, desta forma,
inaugura o campo das Ciências da Educação. A discussão
desta temática está distribuída nos seguintes tópicos
principais: A Epistemologia: Conceito e Questionamentos e
Significação; A construção da Pedagogia: as racionalidades
do conhecimento; Os Questionamentos Epistemológicos da
Pedagogia: a especificidade da pedagogia e as relações
com as ciências da educação. Com o que visa a atingir as
metas seguintes: Entender o Conceito de Epistemologia e o
Sentido de seu Questionamento no Campo da Educação;
Distinguir as Concepções de Pedagogia nas diferentes
racionalidades do conhecimento; Discutir os
questionamentos da natureza da Pedagogia em relação aos
critérios de cientificidade; e, Caracterizar a relação entre
Pedagogia e as Ciências da Educação.
48
Sumário
Unidade 4: Os Paradigmas do Conhecimento e
Pedagogia .............................................................
4.1 A Epistemologia: conceito, questionamentos e 50
significação ..........................................................
4.2 As Tendências da Abordagem 52
Epistemológica: analítica e histórica .................
4.2.1 Tendência Analítica ...................................... 52
49
UNIDADE 4: OS PARADIGMAS DO CONHECIMENTO E A
PEDAGOGIA
50
Portanto, sendo o ato de conhecer uma relação entre o
sujeito que conhece e a realidade a ser conhecida, sejam
quais forem as interpretações dada a esta relação, surgem
os questionamentos quanto a origem, a fundamentação, a
validade e as implicações que o conhecimento possa
provocar.
51
4.2. As Tendências da Abordagem Epistemologica:
Analítica e Histórica
52
linguagem com o objetivo de reduzir o sentido da realidade –
natural e humana – a significados empíricos, constatáveis
pela racionalidade lógica da matemática e da física. Critério
substituído pelo de confirmabilidade, em que as teorias
científicas teriam que ser validada através da experiência,
em sua consistência empírica.
53
4.2.2 Tendência Histórica
54
Feyerabend. A ciência não se concentra em um único
método, diante da constituição diversificada da realidade, o
modelo da física e/ou da matemática não apresenta
consistência teórico-metodológica para ser o modelo de
produção do conhecimento. Esta perspectiva se firma nos
modelos de cientificidade da biologia, da antropologia e
etnografia.
Paul
Feyerabend
Para saber mais Outros teóricos que dão sustentação à tendência
acesse:
http://pt.wikipedi histórica da epistemologia demonstram a insuficiência da
a.org/wiki/Paul_ base empírica como validação da cientificidade, a
Feyerabend
inconsistência histórica do critério de falseabilidade de Karl
Popper, entre eles encontram-se Norwood R Hanson e Imre
Transdisciplinar:
Lakatos.
Conhecimento
que apresenta
uma
Filósofos como Júrgen Habermas retomam as
interpretação da
realidade proposições epistemológicas da vertente da “nova filosofia
resultante da
da ciência”, confirmando a reabilitação da dimensão
articulação de
outras metafísica do pensar e agir no campo da cientificidade, isto,
interpretações
retomando Thomas Kuhn e Imre Lakatos.
de natureza
diversas.
Como uma postura epistemológica contemporânea do
final do século XX, encontra-se a elaboração da
compreensão de realidade com uma contextura mais
complexa do que a proporcionada pela concepção de
ciência da modernidade. A produção do conhecimento
assimilou a estrutura organizacional e conceptual das
ciências biológicas, mais os princípios e procedimentos
metodológicos das ciências humanas e sociais, fazendo
surgir conhecimentos com novas naturezas como os inter e
transdisciplinares. Sendo o termo epistemologia da
complexidade um modo de nomear esta postura, com Edgar
Morin. Também se faz presente à teorização pós-modernista
e pós-estruturalista, no pensamento de Jacques Derrida,
55
Michel Foucault, François Lyotard, Boaventura de Souza
Santos.
56
especificidade e consistência da pedagogia como campo de
conhecimento e de formação profissional do pedagogo.
57
ambiente de estudo, com a ampliação do conhecimento
torno-se a condução intelectual, moral, ética.
58
Por essa perspectiva, a pedagogia vai se consolidando
como uma realidade de sentido complexo devido envolver-
se com a gestão (sistematizar, organizar, conduzir, controlar,
avaliar) do conhecimento a ser trabalhado como saber
educativo, com o plano da teorização da prática educativa,
estendendo-se com o tempo aos procedimentos
operacionais dessa prática nos aspectos de organizar e
administrar os espaços educativos.
59
movimento do cientismo, tem sua natureza e constituição
questionadas quanto às exigências do estatuto de
cientificidade do conhecimento.
60
e costumes, sem uma sistematização mais sólida na
construção do conhecimento gerado, não lhe confere de
imediato o estatuto de cientificidade. Há certa conjunção de
fatores – aspectos da própria constituição da pedagogia e
dos critérios do estatuto de cientificidade – que limita a
concessão de ser a pedagogia uma ciência dentro das
exigências da positividade que caracteriza tal modalidade de
conhecimento em meados do século dezenove.
Para saber mais teórico e prático –, que até então se centrava no campo do
acesse: ensino no interior das escolas como uma apreensão
http://www.centror
efeducacional.com pragmática de sua realização. Entretanto, o que de fato se
.br/pestal.html produz é a negação do estilo tradicional de refletir e
sistematizar as práticas educativas, feita a partir da
experiencialidade do prático em educação, passando a
recorrer às contribuições dos campos do conhecimento
positivos sobre o homem e a sociedade.
61
pedagogia em relação à educação. Este teórico parte da
concepção positiva de ciência para elaborar uma concepção
de pedagogia, pondo em questão seu estatuto de
cientificidade.
62
Pela perspectiva compreensivista da realidade
humana, o conhecimento produzido também se caracteriza
como científico fundado numa abordagem histórico-social
que para Wilhelm Dilthey (1833-1911) constituía a ciência do
espírito. Com essa concepção de ciência, a pedagogia,
enquanto ciência do espírito seria uma ciência histórico-
social que se ocuparia da prática educativa em sua
cotidianidade, seus conteúdos e métodos de realização,
convergindo para o processo mais amplo da educabilidade,
processo intrínseco da condição humana.
63
existencialidade no mundo.
64
da educação através da fisiologia e da psicologia. E, em um
segundo momento, quando as ciências humanas e sociais
se consolidam, passando a serem as bases do
conhecimento educativo, ampliando o suporte científico da
pedagogia com o apoio da Psicologia, Sociologia, História e
Antropologia.
65
Para Saber Mais
www.ipv.pt/Milleniu/pce6_dnp.htm
www.hottopos.com/ rih6/dora2.htm
www.dominiopublico.gov.br
www.chaves.com.br/TEXTSELF/esboco.htm.
66
que lhe apoiariam com os subsídios fundamentais para a
produção dos estudos científicos da educação.
67
perspectiva perseguida pela pedagogia é substituída pelos
interesses particulares das diversas ciências que passam a
ser consideradas como as ciências da educação: história,
sociologia, psicologia, antropologia etc.
68
Ainda na perspectiva de justificar a denominação de
ciências da educação, dois aspectos são vistos como
implicativos desta mudança. O primeiro se refere à sua
origem epistemológica nas correntes pragmáticas anglo-
saxônicas, que vem se consolidando historicamente nos
meios acadêmicos e profissionais. O outro aspecto enfoca a
mudança de perspectiva filosófica tradicional dos estudos da
educação para a perspectiva da positividade científica do
Maria conhecimento, que se consolida entre os séculos dezenove
Montessori
(1870-1952) e vinte.
69
metodologias e técnicas de análises, das dimensões teórico-
prática e dos aspectos contingenciais, em situações
complexas cuja explicação requer a contribuição de diversos
conhecimentos como é o caso da educação.
70
Para Refletir
71
Atividade
Saiba Mais
72
Unidade 5
As Orientações
Filosóficas
E As Teorias
Educacionais
Resumo
As discussões desenvolvidas nesta Unidade procura
explicitar a importância da teorização da educação como
uma atividade do trabalho pedagógico, apresentando a
vinculação entre as concepções de ser humano e as
concepções de formação dos filósofos que pensam a
educação. Com esta preocupação distribui as discussões
nos tópicos:
73
Sumário
UNIDADE 5: AS ORIENTAÇÕES FILOSÓFICAS
E AS TEORIAS EDUCACIONAIS
5.1 A Teorização no campo educacional: conceito 75
e função da Pedagogia ........................................
5.2 As Ontologias do ser humano e as 77
Abordagens Filosóficas da Educação ...............
5.2.1 As Abordagens Essencialistas da Educação ... 81
74
UNIDADE 5: AS ORIENTAÇÕES FILOSÓFICAS E AS
TEORIAS EDUCACIONAIS
75
Desta forma, a pedagogia torna-se um conhecimento
que tem como finalidade não só explicar ou expressar uma
compreensão de uma determinada realidade, mas também
avaliar, planejar e conduzir a realização desta realidade.
76
Paradigma:
No sentido Estes projetos educativos historicamente elaborados
próprio significa
modelo; na expressam um referencial conceitual de ser humano e de
concepção de modelos de sociedade, situando-se, desta forma, no interior
Thomas Kuhn é
um conjunto de de um paradigma sócio, antropológico, político e cultural.
conceitos, Diante desta concepção e considerando a diversidade de
princípios, leis,
teorias, contextos socioculturais, da mesma forma a duração
metodologias, histórica da humanidade, abre-se um leque de perspectivas
típico de uma
abordagem teóricas de natureza científica e filosófica propondo modelos
cientifica da de formação.
realidade.
77
distanciamento entre o ser em si e o ser empiricamente
exposto, tomando-os como duas realidades distintas.
78
Com a densidade do conhecimento sobre os seres
vivos em geral e, em especial, sobre o ser humano, o
entendimento de que a espiritualidade resulta da atividade
da razão vai sendo contestada, primeiro pela crítica à
atuação humana na sociedade, expondo as contradições
dos hábitos e preceitos morais vigentes, o que caracteriza as
produções renascentistas.
79
Lógica Observa-se que, explicar a realidade humana com
Dialética: esta articulação entre pensamento e ação caracteriza-se na
Atividade de
estruturação das concepção de práxis elaborada a partir dos princípios da
idéias em lógica dialética e dos princípios materialismo histórico, que
argumentos a
partir do fundamentam a produção teórica dos marxistas e dos
princípio de teóricos da teoria crítica.
contradição,
motor da história
humana Esta materialidade refere-se à concepção de que a
constituição do ser humano é uma realidade sóciohistórica,
política e cultural, distanciando-se das perspectivas
puramente idealistas que defendem uma essencialidade
produzida pela razão, desvinculada da ação humana no
mundo. Da mesma forma, posiciona-se contrária às
perspectivas que concebem o ser humano somente como
ser empírico, sendo suficiente a atuação no mundo de forma
a garantir a constituição de uma espiritualidade que tem nos
sentidos a mediação com o mundo.
Modelos
Antropológicos:
Tipos de ser Com estes entendimentos históricos da realidade
humanos que se humana, fundados em concepções ontológicas divergentes,
deseja formar
com o processo situam-se as teorias educacionais que têm como fins a
educativo. formação deste ser, atendendo as concepções
antropológicas, sociopolíticas e culturais que caracterizam o
80
Diante desta proposição, considerando a diversidade
ontológica supra, um modo de classificar estas teorias
consiste no uso das concepções cosmológicas e
antropológicas em que se fundam como princípios de
articulação ou disjunção entre elas.
81
Descartes (1596-1650), Leibniz (1646-1716), E. Kant (1724-
1804), Fichet (1762-1814), Hegel (1770-1831) e W. Dilthey
(1833-1911), que mesmo diferentes no modo de caracterizar
a essência humana, têm em comum, entre outros aspectos,
uma visão transcendente da espiritualidade humana.
82
manifestações psíquicas como os instintos e as pulsões,
não a razão, surgem dois novos modelos antropológicos em
suas concepções de formação humana.
83
Encontram-se ainda as teorias de cunho político
Ser-em-si: anarquista que propagam um modelo antropológico centrado
termo usado no ser em si, a formação do indivíduo deve ser o fim da
para designa a
existência educação. A educação deve formar no indivíduo uma
particular dos consciência auto-gestora da existencialidade no mundo, na
seres, presente
em Hegel, sociedade, visto que pregam o fim do Estado e demais
Sartre. instituições sociais, por considerá-las instâncias repressoras.
84
A concepção de mundo e de ser humano em questão
situa ambos em uma realidade natural, mas retrabalhada
pela produção cultural humana. De forma que, o mundo
passa a ser visto como passível de ser conhecido e
transformado pelo conhecimento científico-tecnológico, bem
como o ser humano, que tem sua condição de ser reduzido
a uma realidade orgânica, empírica, podendo ser explicada
como as demais realidades naturais, fenomênicas.
85
As diversas teorias pedagógicas que influencia
afirmam a importância da interferência externa para o
desenvolvimento psíquico, com M. Montessori (1870-1952);
das atividades sensório motor, com as atividades lúdicas de
Fröebel (1782-1852); a formação social, ética e intelectual,
com J. F. Herbart (1776-1841); e, propriamente
pedagógicos, com J. A. Coménius (1592-1670).
86
os estudos experimentais da natureza, no campo da física e
da química, o que dá um grande impulso ao conhecimento
científico e a produção tecnológica, proporcionando
transformações radicais nos meios de produção,
consolidando, da mesma forma, o modelo de sociedade
industrial.
87
No campo da educação, as idéias de liberdade,
autonomia, iniciativa, criatividade e indivíduo promovem
mudanças nos princípios educativos, decretando a
substituição do modelo de escola tradicional para o modelo
de escola nova.
88
conhecimento. A realidade se constitui no que a experiência
nos proporciona como percebido.
89
que danificam a realidade, resulta do confronto entre a razão
universal da modernidade, o irracionalismo e a razão
singular que insurge no interior da modernidade como uma
posição dissidente.
Retificação:
Outra postura filosófica que insurge do confronto com
Termo derivado
do latino res que as concepções de mundo, de ser humano e de sociedade
significa coisa,
dominante na modernidade, põe em questão o conceito de
usado como
transformação realidade objetiva, em que os seres humanos constroem
das ações
suas histórias de vida. Com estes pressupostos e a
humanas em
coisas com vida aplicação dos princípios da lógica dialética e das
própria, que
concepções materialistas e históricas da existência e
passam a
determinar a produção humana, os filósofos políticos Karl Marx (1818-
vida humana.
1883) e F. Engels (1820-1895) elaboraram um projeto
90
sociopolítico e cultural revolucionário do contexto
socioeconômico dominante.
91
ideológicas, que no movimento histórico têm suas origens
determinadas pela base produtiva. Nesta perspectiva, o ser
humano se constitui com uma configuração dual, enquanto
ser natural é dado; já, enquanto um ser social é um devir
histórico, que se produz a partir dos determinantes
sociopolítico, econômico e cultural.
92
Estes adeptos elaboraram concepções educacionais
a partir de princípios, conceitos e finalidades das práticas
sociopolíticas e culturais, que colocam a cultura capitalista
sob críticas desestruturantes e revolucionárias, culminando
na proposta de outra sociedade, fundada nas concepções
socialistas e comunistas pregadas por Marx.
93
os elementos que constituem a base estruturante da
existência humana. Um traço típico destas abordagens está
na intenção de anular ou neutralizar as interferências
subjetivas, não se envolvendo com a dimensão individual do
ser humano.
94
e das crenças no princípio de continuidade histórica e da
universalidade da razão. A história busca a origem e a
processualidade dos fatos, o sistema visa o sentido
expresso na organização dos fatos em questão.
95
complexidade interpretativa da realidade exige no processo
de busca de entendimento e inventabilidade, espera do
sujeito cognoscente a elaboração de novos paradigmas de
conhecimento.
96
natural, nega os princípios newtonianos e cartesianos e
elege os princípios inter e transdisciplinares, gerados nas
interações de áreas de conhecimentos diversas. Implicando,
desta forma, em uma concepção de organização sistêmica,
em que os saberes fragmentados e desarticulados, vistos
como completos em si, não mais contemplam a realidade a
ser conhecida.
97
pesquisa educacional. Tais propostas refletem no campo da
formação docente, conseqüentemente.
Para Refletir
A filosofia da educação em sua função de instituir sentido crítico, reflexivo,
sistemático das realidades apreciadas, tem, historicamente, elaborado uma
diversidade de abordagens teóricas tanto sobre o ser humano quanto o para
quê da educação, assim, como explicar sua contribuição na formação do ser
social?
Atividade 1
Elabore um quadro demonstrativo relacionando as
abordagens filosóficas da educação e os tipos de
educação que orientam, expondo as
características, filósofos, os educadores e as
épocas que viveram.
SAIBA MAIS
Verifique a bibliografia abaixo:
ARANHA, Maria Lúcia de A. Filosofia da educação. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Moderna,
2006.
KONDER, Leandro. Filosofia e educação: de Sócrates a Habermas. Rio de Janeiro: Forma &
Ação, 2006.
OLIVEIRA, Ivanilde A. de. Filosofia da educação: reflexões e debates. Petrópolis: Vozes, 2006.
OZMON, Howard A.; CRAVER, Samuel M. Fundamentos filosóficos da educação. 6. ed. Trad.
de Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2004.
98
Unidade 6
Filosofia da
Educação no
Brasil
Resumo
As discussões deste capítulo, primeiramente situam a
filosofia da educação na realidade educacional brasileira,
explicitando as abordagens teórico-filosoficas que orientam o
exercício de filosofar no Brasil. Em um segundo momento, analisa
as abordagens político-ideológicas com que as propostas
educações vêm sendo aplicadas no Brasil. E, de forma sucinta
proporciona um referencial de análise para o estudo da filosofia
em sua substancialidade política e pedagógica, discutindo
questões como a infância, a adolescência, a formação. Com vistas
a contemplar estas abordagens da teorização educacional distribui
o conteúdo nos tópicos: Abordagens Filosóficas e a Educação
Brasileira; Os Filósofos da Educação Brasileira: Anísio Teixeira,
Joel Martins, Dermeval Saviani, Paulo Ghiraldelli Jr., Antonio
Joaquim Severino, Marilena Chauí, Olgária Matos, etc.;
Contradições Político-Ideológicas da Educação. O Discurso
Ideológico na Educação Brasileira; A problemática filosófico-
educacional na realidade brasileira: a infância, a formação e a
adolescência.
Desta forma procura atingir as seguintes metas: Descrever
a constituição do campo da filosofia da educação no Brasil. Os
filósofos brasileiros; Refletir sobre os problemas educacionais
brasileiros: as influências teóricas e o contexto sociopolítico e
cultural. Confrontar as concepções de ideologia; Examinar as
contradições sociopolíticas e históricas do sistema educacional
brasileiro.
99
Sumário
UNIDADE 6: A FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NO
BRASIL
6.1 A Tradição Filosófica da Educação Brasileira .. 101
100
UNIDADE 6: ABORDAGENS FILOSÓFICO-
EDUCACIONAIS NA REALIDADE
BRASILEIRA
101
significa “Organização e Planos de Estudos”, elaborado
pelos próprios Jesuítas. A natureza da educação proposta
era as humanidades que, então, constituía a base de
formação do modelo antropológico europeu. Como proposta
sistemática oferecia a formação em Gramática, Retórica,
Filosofia (Física, Metafísica, Moral e a Matemática), Latim,
Grego e teologia, vivenciado pelos procedimentos da
escolástica. Esta proposta atendia tanto o educando em
geral, quanto o educador.
102
Assim, a educação nesta perspectiva visava a formar
o ser humano transcendente, em relação à realidade
concreta e objetivamente vivida. Fundada nas concepções
essencialistas tanto na perspectiva aristotélica como
kantiana, a educação proporciona, prioritariamente, a base
da formação moral, do caráter propriamente humano ao
educando.
103
mas entra em choque com o modelo econômico pós-colonial
monoculturalista agrário, sob uma forma organizacional
trabalhista ainda marcada pelos vestígios do escravismo. E,
mesmo com a Proclamação da República (1889), tendo o
lema positivista, de origem ainda em Augusto Comte (1789-
1857), “Ordem e Progresso”, a espiritualidade brasileira
continua tradicionalmente centrada na racionalidade
humanista clássica.
104
na organização político-administrativa da educação,
juntamente com outros educadores, como Lourenço Filhos,
Anísio Teixeira.
105
Ainda em confronto com a política tradicional de
educação, nos aspectos do planejamento, organização e
funcionamento, o que implica nos conceitos de sociedade,
formação do tipo de homem e uma perspectiva de educação
própria para o momento histórico, um grupo de educadores
elaborou um documento reivindicador, que ficou na história
denominado de Manifesto Pioneiro da Educação Nova,
lançado em 1932.
106
como a tendência filosófica eclética francesa, principalmente
com as idéias de Victor Cousin (1792-1867).
107
O Existencialismo, evidenciando as questões da
liberdade, da autonomia plena de ser humano, fundado em
uma concepção ateísta de mundo; já a Fenomenologia
propõe tanto uma teorização quanto uma metodologia
própria para analisar a racionalidade humana, vista como
uma construção da consciência. A representação destas
tendências na produção intelectual brasileira só se faz
presente em meados do século XX.
108
formação humana, ganha adeptos com Moacir Gadotti,
Wagner Gonçalves Rossi, Carlos Rodrigues Brandão, Paulo
Freire, Demerval Saviani, Antonio Joaquim Severino.
109
A psicanálise freudiana contribui com esta abordagem
ao ir além da interpretação naturalista do ser humano,
introduzindo a concepção de sujeito pulsional libidinoso, que
nega a supremacia da razão na busca pelo desejo.
110
limiar do século XXI, as problemáticas históricas da
realidade sociopolítica e cultural brasileira ainda persistem
como o analfabetismo, agora ampliado para o funcional e o
tecnológico, a qualificação do profissional que trabalha com
a educação, preocupação central da década de 20 do século
XX, mas que ainda não foi superada.
111
Com esta perspectiva a dimensão conceitual, que
fornece as referências do contexto sociocultural e histórico,
tornando a ação adequada e conseqüente, adquire a
conotação de intrínseca à experiencialidade. As questões de
seu sentido próprio e de suas implicações valorativas são
substituídas pela eficiência do uso, tornando-se, senão uma
verdade, uma referência conceitual validada.
112
conforme as conclusões de teóricos reprodutivistas, como:
Bourdieu, (1961, 1970), Establet (1977), Althusser, (1970).
113
certeza com que explicava a realidade humana com o das
ciências físico-matemática, explicando, teoricamente, o
contexto sociopolítico e econômico da sociedade.
114
humana e social. Isto porque confrontaria a noção de
verdade das ciências com as interpretações parciais e
comprometidas, com os interesses sociopolíticos e
econômicos dos contextos sociais, o que limitaria a clareza
do conhecimento sistemático.
115
Para Poulantzas o discurso ideológico tem a função
de dissimular a condição de ser da realidade factual,
criando, no imaginário, um discurso coerente que sustenta
as práticas concretas no interior da sociedade. Enquanto
percebe a ciência com a função social de desvendar a
realidade, explicitando uma constituição interpretativa
verdadeira.
116
dissimulações quanto fortalecendo a dissimulação e
pretensão de dominação da lógica instrumental.
117
características do discurso ideológico, Marilena Chauí dá à
ideologia a função social de exercitar uma visão velada da
realidade, em que os elementos conceituais e valorativos
dominantes são tomados como as referências padrões.
118
Invalidando este discurso do esgotamento da
ideologia, constata-se no âmbito político-econômico a
fragilidade estrutural do modelo neoliberal, do discurso do
multiculturalismo como princípio de conservação da
diversidade e o discurso da globalização como mediação
política de interação internacional.
119
condução intelectual, o que a torna um campo sólido e fértil
para incorporar o discurso ideológico.
120
educacionais. Assim, com esta função social, a educação
contribui para a confirmação do consenso social, ao
configurar, propagar e reproduzir a ideologia.
121
sociopolíticos e econômicos hegemônicos da sociedade
brasileira, das posturas teóricas do liberalismo e da
tradicionalista dos grupos que tinham a atuação fundada na
visão de mundo do catolicismo.
122
políticos vinculados aos interesses dos grupos econômicos
nacionais e internacionais. A ideologia deste momento passa
à história denominada de tecnocrática, ou seja, o domínio da
técnica, o que se intensifica com o avanço cientifico -
tecnológico em todos os campos da atuação humana.
123
gênero, sexo, etnia e as condições socioeconômicas usadas
como referências naturais da realidade sociocultural; das
estórias em quadrinho com os modelos de personalidades
heróicas e anti-heróicas.
124
– 1962: com a implantação da primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.
4.024/1961), as diretrizes de 1939 passam pela
primeira reformulação, com o Parecer 251/1962 e o
Parecer 292/1962;
125
educação, mas por imprecisão do sentido de pedagogia,
bem como de sua posição na área da cientificidade, os
primeiros profissionais formados assim foram nomeados.
Historicamente, situa-se no momento de confronto entre a
tradição essencialista-neotomista da educação católica
e o cientismo sustentáculo da proposta educativa
escolanovista.
126
Entretanto, as entidades representativas tornam-se
autônomas e passam a defender uma posição política
antagônica às oficiais, mas mantendo o diálogo com os
órgãos governamentais. Destes debates surgiram às atuais
diretrizes para o curso de Pedagogia que expressam, teórica
e politicamente, o conflito de ideais, a partir de uma
estruturação confusa e eclética, na busca de um consenso
formal, pragmático, principalmente por parte das entidades
representativas, para assim preservar suas posições
políticas junto a comunidade educacional e as instâncias
governamentais.
127
Neste contexto as relações sociais se tornam mais
competitivas, exigindo profissionais que acompanhem e
dominem a dinamicidade do avanço do conhecimento e a
densidade de informações de natureza diversas que são
veiculados no interior da sociedade, denominada de
sociedade do conhecimento ou da informação.
128
educativas. Assim, toma-se como tema nuclear as políticas
de formação docente no interior de um momento histórico
que apresenta as relações entre a educação e os avanços
científico-tecnológicos de forma positiva, mas encontra
dificuldades de propor uma formação de qualidade técnica
(instrumental) articulada aos princípios de conscientização
do docente de seu compromisso sociopolítico e cultural,
tanto como cidadão quanto profissional.
129
Com esta caracterização também presente nas
políticas de formação docente, surge o questionamento dos
processos educativos nas dimensões pedagógicas e
políticas, considerando-se que o trabalho docente se ocupa
com a transmissão e produção de conhecimento, enquanto
sistemático e objetivo, visando a superação das
interpretações e atuação do educando fundadas no senso
comum.
Para Refletir
130
Atividades De Avaliação
Saiba Mais
131
OLIVEIRA, Ivanilde A. de. Filosofia da
educação: reflexões e debates. Petrópolis:
Vozes, 2006.
ROMÃO, José E.; OLIVEIRA, José E. (Coords.).
Questões do século XXI. São Paulo: Cortez,
2003.
SAVIANI, DERMEVAL. A filosofia da educação no
Brasil e sua veiculação pela Revista Brasileira de
Estudos Pedagógicos. Revista Brasileira de
Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 65, n. 150, p.
273-290, maio.ago. 1984.
SEVERINO, Antonio J. Educação, ideologia e
contra-ideologia. São Paulo: EPU, 1986.
SILVA, Carmen S. B. da. Curso de Pedagogia
no Brasil: história e identidade. Campinas, SP:
Autores Associados, 1999.
132
Unidade 7
A Filosofia na Formação
Docente
Resumo
As discussões deste capítulo analisam a relação entre
a teoria e prática na formação docente, considerando-a
como um principia que demonstra a complexidade tanto da
formação em si, quanto da prática docente. Da mesma
forma que, procura demonstrar, como uma característica
intrínseca do ser e do fazer docente, as questões ético-
políticas e estéticas da educação. Com esta perspectiva
distribui o conteúdo nos tópicos:
- A Relação Teoria e Prática na Formação do
Docente;
- As Dimensões Ético-Política e Estética da
Prática Educativa;
Com vistas a atingir as seguintes metas:
- Entender como se realiza a relação teoria e
prática;
- Identificar os elementos que definem a relação
entre teoria e prática na formação docente;
- Demonstrar como se apresentam as
dimensões ético-política na prática educativa;
- Refletir sobre a Interferência da sensibilidade
na educação.
133
Sumário
134
UNIDADE 7 - A FILOSOFIA NA FORMAÇÃO DOCENTE
135
elaboração/re-elaboração e realização do ensinar-aprender
(FREIRE, 1996), diante das exigências de emancipação e
autonomia do pensar e agir dos autores/atores deste ato,
torna-se significativo e necessário fazer a articulação entre a
teoria e a prática, segundo uma lógica conjuntiva.
136
caracteriza de natureza interdisciplinar, sendo apreendida
como um método que elabora explicações com uma
estrutura complexa, possibilitando, assim, atingir a
constituição multidimensional da realidade.
137
7.2. As Dimensões Ético-Políticas e Estéticas e a
Prática Educativa
138
em um sentido geral, como determinante dos fins e dos
meios com que o ser humano elabora a ação.
Para Refletir
Para o professor exercer suas funções docentes
precisa de uma formação específica?
Como o conhecimento filosófico articula-se com o
processo de formação do professor? E,
especificamente, com a formação do professor do
campo das ciências naturais?
139
Atividade 1
1. Analise a afirmação de que a formação docente é de
natureza complexa.
2. Explique as dimensões ética-política e estética como fatores
que contribuem na definição conceptual da prática docente.
3. Caracterize a formação docente segundo as teorias
expostas no Capitulo das Abordagens Filosóficas da
Educação.
4. Explique como o princípio de interdisciplinaridade pode ser
aplicado no processo de formação docente.
5. Analise a natureza de práxis com que se caracteriza a
formação docente.
Saiba Mais
140
Referências Básicas
ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. Trad.
Wolfgang Leo Maar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
141
DUARTE, Newton. A individualidade para-se: contribuição
a uma teoria histórico-social da formação do indivíduo. 2. ed.
Campinas (SP): Autores Associados, 1999.
DUARTE, Newton. Sociedade do conhecimento ou
sociedade das ilusões? Campinas, SP: Autores
Associados, 2003.
142
GIROUX, Henry. Os professores como intelectuais: rumo
a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Tradução Daniel
Bueno. Porto Alegre (RS): Artes Médicas, 1997.
143
OS PRÉ-SOCRÁTICOS: fragmentos, doxografia e
comentários. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1989.
144
SUCHODOLSKI, Bogdan. A pedagogia e as grandes
correntes filosóficas: pedagogia da essência e a
pedagogia da existência. 3. ed. Trad. de Liliana Rombert
Soeiro. Lisboa: Horizontes, 1983.
Dicionários
145
Revistas
Sites
http://www.filosofia.pro.br/
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/
http://www.mundodosfilosofos.com.br/
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/textos.htm
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/convite.pdf
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
www.tvebrasil.com.br/salto/boletim2002/crê
http://pt.wikipedia.org/wiki/Epistemologia
www.diminiopublico.gov.br/pesquisa
www.cefa.org.br
http://www.anped.org.br
http://www.scielo.br
146
http://www.pedagogiaemfoco. pro. br
www.mec.gov.br
http://www.lite.fae.unicamp.br
147
Sobre a autora
Carmen Lúcia de Oliveira Cabral
Possui graduação em Licenciatura
Plena Em Filosofia pela Universidade
Federal do Piauí (1985), graduação em
Licenciatura Plena em Pedagogia pela
Universidade Federal do Piauí (1988),
mestrado em Mestrado em Educação
pela Universidade Federal do Piauí
(1999) e doutorado em Educação pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (2003). Atualmente é professora
adjunto 2 da Universidade Federal do Piauí. Tem
experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia
da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas:
pedagogia, epistemologia da pedagogia, formação docente,
educação e filosofia.
148