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Curso: PSICOPEDAGOGIA
Crédito: 4
0. INTRODUÇÃO
Este Módulo foi escrito especialmente para estudantes do Curso de
Licenciatura em Psicopedagogia que se preparam para o exercício
profissional do ensino e para educadores que se ocupam de outras
modalidades de acção educativa. Pretende oferecer um estudo e reflexão
de temas da vida escolar articulados com aspectos mais amplos da vida
social e tem como objectivo levar ao estudante da Psicopedagogia um
conjunto de anotações para um melhor acompanhamento das aulas de
Filosofia da Educação.
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Antonio Gramsci, um filósofo italiano, diz que todos os homens são
filósofos. Mas, para isso, é necessário que se dediquem aotrabalho de
pensar metodologicamente como condição para a reflexão crítica. Temos
certeza de que tanto os professores como os alunos são capazes disso.
Agradecemos, antecipadamente, toda contribuição crítica que ajude a
melhorar os conteúdos deste módulo.
i. Objectivos
Até ao fim deste módulo, o estudante dever ser capaz de:
Definir/conceituar Filosofia da educação
Desenvolver conhecimentos e modos de abordagem do fenómeno
educativo do ponto de vista filosófico;
Reflectir filosoficamente sobre a realidade da prática educativa e da
escola
Usar os instrumentos metodológicos que o possibilitem a reflexão
crítica sobre temas e problemas da realidade educacional;
Produzir novos entendimentos filosóficos sobre sua actividade
profissional.
Promover o desenvolvimento de um olhar crítico e reflexivo
relativamente aos debates e às opções pedagógicas e ou
educativas;
Reconhecer a complexidade e a diversidade das situações e
temáticas educativas;
Identificar alguns dos principais temas e momentos da evolução
histórico-educativa.
Relacionar a reflexão teórica com os problemas decorrentes da
prática pedagógica;
Promover competências ao nível da pesquisa autónoma.
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ii. Metodologia
Para atingir os objectivos predefinidos, teremos:
Sessões teóricas: expositivas e discursivas
Discussões filosóficas de temas actuais
Trabalho em grupos (seminário)
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I. PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO
O papel da educação é possibilitar ao ser humano olhar para o mundo
ao seu redor para poder dar-lhe um sentido. Por isso existe uma relação
de reciprocidade entre filosofia e educação. É partir da visão de mundo
que o ser humano já possui, que ele inicia o seu procedimento
educacional, que por sua vez, vai possibilitar-lhe nova leitura de mundo.
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2. As concepções da realidade
Várias são as concepções do mundo que nos rodeia. Vamos apresentar
apresentar aqui, de forma breve, apenas duas:
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apropriadas. Mesmo a filosofia "pura" — metafísica e lógica — é
implicitamente pedagógica. Tem a intenção de corrigir a miopia do
passado e do instante.
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educação moral e religiosa?) restabelecem as controvérsias que
marcam a história da filosofia, de Platão à epistemologia social.
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Partindo de discussões fecundas e responsáveis da política educativa
remetem inevitavelmente para questões filosóficas, que as sugerem e
enquadram: essas questões são articuladas e examinadas de maneira
mais precisa na teoria moral e política, na epistemologia e na filosofia da
mente. Daí surgem alguns questionamentos importantes: 1. Quais são
as finalidades próprias da educação? (Preservar a harmonia da vida
cívica? Salvação individual? Criatividade artística? Progresso científico?
Capacitar indivíduos para que façam escolhas sábias? Preparar
cidadãos para entrar numa força de trabalho produtiva?). 2. Quem deve
deter a responsabilidade primordial de formular a política educativa?
(Filósofos, autoridades religiosas, governantes, uma elite científica,
psicólogos, pais ou autarquias locais?). 3. Quem deve ser educado?
(Todos por igual? Cada um segundo o seu potencial? Cada um segundo
as suas necessidades?). 4. Como é que a estrutura do conhecimento
afecta a estruturação e a sucessão das aprendizagens? (Será que é a
experiência prática, ou a matemática, ou a história, que deve fornecer o
modelo de aprendizagem?). 5. Que interesses devem guiar a escolha
de um currículo? 6. Como devem as dimensões intelectual, espiritual,
cívica, moral, artística, psicológica e técnica da educação estarem
relacionadas entre si?
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A maior parte das teorias éticas — certamente as de Hume, Rousseau e
Kant — tinham a intenção de reorientar a educação moral. O alcance
prático das teorias políticas — as de Hobbes, Mill e Marx — não se
limita apenas à estrutura das instituições, também chega à educação
dos cidadãos. Sistemas metafísicos gerais — os de Leibniz, Espinosa e
Hegel — fornecem modelos de investigação e, como consequência,
estabelecem orientações e padrões para a educação de espíritos
esclarecidos. Alguns filósofos — Locke, Rousseau, Bentham e Mill, por
exemplo — fizeram dos seus programas educativos uma característica
nuclear dos seus sistemas filosóficos. Outros — Descartes, Espinosa e
Hume — tinham boas razões para não tornarem explícito o significado
educativo dos seus sistemas.
3. Conceito de filosofia
Quem não ouviu pelo menos uma vez falar em Filosofia? Na história do
pensamento, que a humanidade vem construindo ao longo do tempo,
muitos foram os pensadores que deram uma definição ou um conceito
para a Filosofia. Por vezes, esses conceitos foram complexos, por
vezes simples; por vezes rebuscados e quase incompreensíveis. Diante
deles muitas pessoas se sentem entediadas e, em vez de enfrentar o
problema, preferem descartá-lo, dizendo que a Filosofia é um “jogo inútil
e estéril de palavras”, ou que é “muito difícil e só serve e interessa a
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pessoas especiais e muito inteligentes”. Esse descrédito pode ser
resumido numa frase, mais ou menos popular, que diz: “a filosofia é
uma ciência com a qual ou sem a qual o mundo continua tal e
qual”. Ou seja, podemos passar muito bem com ou sem a filosofia.
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nível do senso comum, geralmente preconceituoso e limitado, sobre a
realidade pessoal, social e da natureza.
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O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer
quando falamos, o que queremos fazer quando agimos?
Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos,
fazemos o que fazemos?
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A filosofia é esse campo de entendimento que nos faz reflectir sobre a
quotidianidade dos seres humanos, desde os simples encontros com as
pessoas, até a complexa reflexão sobre o sentido e o destino da
humanidade.
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compreender a vida que, normalmente, não tem registo escrito, como os
ancião e sábios não instruidos fazem parte das nossas famílias,
povoações. Só aqueles que colocaram por escrito suas ideias, como os
poetas populares, os trovadores, etc., é que são lembrados.
O que importa ter claro, é o facto de que a filosofia nos envolve, não
temos como fugir dela, pois como o ar que respiramos, está
permanentemente presente. Se nós não escolhemos qual é a nossa
filosofia, qual é o sentido que vamos dar à nossa existência, a
sociedade na qual vivemos nos dará, nos imporá a sua filosofia. E como
se diz que o pensamento do sector dominante da sociedade tende a ser
o pensamento dominante da própria sociedade, provavelmente aqueles
que não buscam criticamente o sentido para a sua existência assumirão
esse pensamento dominante como o seu próprio pensamento, a sua
própria filosofia. Quem não pensa é pensado por outros! Deste modo, a
filosofia se manifesta como o corpo de entendimento que cria o ideário
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que norteia a vida humana em todos os seus momentos e em todos os
seus processos. Esse corpo de entendimento é a compreensão da
existência.
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Governos que, de um lado, alijam a filosofia como subvertedora da
ordem, de outro, contratam especialistas para criarem um pensamento,
uma forma de conceber o mundo que garanta a sua forma de
administrar politicamente o povo e a nação.
Não há como negar a filosofia sem fazer filosofia, porque para se negar
o valor da filosofia dentro do mundo é preciso ter uma concepção do
mundo que sustente esta negação. Os maus políticos, efetivamente,
agem assim. Preferem a massificação do povo, por isso impedem o
desenvolvimento do pensamento filosófico. Mas “filosofam” para
sustentar sua ação deletéria contra a Filosofia. Vale lembrar os esforços
dos governos totalitários na perspectiva de criar “uma filosofia capaz de
justificar o sentido de sua política e propagá-la como filosofia total do
universo” (Leôncio Basbaum).
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4. O “filosofar”
Já vimos que quando não temos um corpo filosófico que dê sentido e
oriente a nossa vida, assumimos o que é comum e hegemónico na
sociedade; assumimos o “senso comum”, que é o conjunto de valores
assimilados espontaneamente, na vivência cotidiana. Mas, como é que
se constitui a filosofia, como se constrói esse corpo de entendimentos,
que poderemos assumir criticamente como aquele que queremos para o
direcionamento de nossas experiências. Em primeiro lugar, temos que
superar os preconceitos sobre a dificuldade e a especialidade da
filosofia, pois ela não é inútil e nem tão difícil. Logo, contrariando muitos
governantes e políticos, podemos e devemos nos dedicar ao filosofar.
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Industrial, podendo inventariar e criticar os seus valores. E também por
ter vivido num momento histórico em que os seres humanos estão
exaustos desses valores e aspirando por outros que lhes garantam mais
vida. Marcuse entrou na corrente do contexto em que viveu, mas isso
não quer dizer que ele seja um puro reprodutor dessa época, mas sim
que ele captou o “espírito” dessa época.
Questões para reflexão e compreensão:
1. O que entende por filosofia?
2. Quais foram as razões que possibilitaram o surgimento da
filosofia?
3. Tem alguma importância a filosofia? Justifique a sua resposta.
4. Quais são as tres questões sobre as quais gira a filosofia?
5. O que tem a ver a filosofia com a educação?
6. Quais os problemas educacionais que podem ser objecto de
reflexão filosófica.
7. Apresente uma lista de pelo menos 10 filósofos que conheces ou
que já ouviu falar.
8. O que entende por filosofia da educação?
9. O pensamento filosófico manifesta-se tanto como condicionado
pelo momento histórico quanto como condicionante do momento
histórico subsequente, como impulsionador da acção, visando a
concretização de determinadas aspirações dos homens, de um
povo, de um grupo ou de uma classe. Comente a afirmação.
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Bibliografia Principal
ARANHA, Maria Lúcia De Arruda Filosofia da Educação.. Moderna, 3ª. ed. S. Paulo:
Moderna, 2006
LUCKESI, Carlos C. Filosofia da Educação. S. Paulo: Cortez, 1990.
Bibliografia Complementar
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como Cultura. S. Paulo: Brasiliense,
1985
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. S. Paulo, Á tica.
CHAUÍ, Marilena et al. Primeira Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1988
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. S. Paulo: Editora Perspectiva, 1972
FREIRE, Paulo. Educação Como Prática da Liberdade. 17ª ed. São Paulo: Paz e
Terra, 1986.
____________ Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1997
MARX, Karl. Miséria da Filosofia. Porto: Escorpião, s/d.
MONDIN, Batista. Introdução à Filosofia. São Paulo: Paulinas, 1981
MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-Feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. 2ª ed. São
Paulo: Cortez Editora, 1999.
PINTO, Álvaro Vieira. Sete Lições Sobre Educação de Adultos. 9ª ed. São Paulo:
Cortez, 1994.
SANTO, Ruy C. do Espírito. O Renascimento do Sagrado na Educação. Campinas:
Papirus, 1998.
SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica. S. Paulo:
Cortez, 1985.
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