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Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.

com 846458829

ÍNDICE

1.Introdução.......................................................................................................................4

1.1.Objectivos do trabalho.............................................................................................5

1.2.Metodologias...........................................................................................................5

2.Revisão de Literatura......................................................................................................6

2.1.Da definição de Filosofia.........................................................................................6

2.2.Do método da Filosofia............................................................................................8

2.3.Da função da Filosofia.............................................................................................9

2.4.Objecto da Filosofia...............................................................................................11

2.5.Os problemas da Filosofia.....................................................................................12

2.5.1.Os períodos da Filosofia..................................................................................13

2.5.2.A transformação do homem através da filosofia.............................................14

2.5.3.O sentido da filosofia para a educação............................................................15

Conclusão........................................................................................................................16

Bibliografias....................................................................................................................17

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Autor: Sergio Alfredo Macore sergio.macore@gmail.com 846458829

1.Introdução

O presente trabalho de pesquisa tem como tema ‘’Objecto de Estudo da Filosofia’’.


No contexto histórica humana sobre a filosofia, a importância dada às disciplinas revela
um compromisso em garantir o acesso aos saberes elaborados socialmente, pois estes se
constituem como instrumentos para o desenvolvimento, a socialização, o exercício da
cidadania e a actuação no sentido de reformular os conhecimentos, as imposições de
crenças e valores.

Através da educação estamos tratando do ato de educar, orientar, acompanhar, nortear,


mas também o de trazer de "dentro para fora" as potencialidades do individuo
(Gasparello, 1986). Falar da Filosofia, da sua importância, da luta pela autonomia, é
pensar em mudança cultural, em mudança de visão de mundo, de paradigmas.

Filosofar dentro da estrutura escolar com as crianças, adolescentes e jovens é capacitá-


los para o debate, para a confrontação de ideias. Se a Filosofia consiste na experiência
com o conceito, é importante que o jovem estudante tenha a oportunidade de fazer ele
mesmo a experiência do pensamento e não apenas reproduzir. Portanto, abrir espaços
para uma educação filosófica com as crianças, adolescentes e jovens é, acima de tudo,
buscar um novo posicionamento diante da realidade social. Trata-se de sair do senso
comum e ir para a consciência crítica. Isto não está somente a cargo do ensino da
Filosofia, não será ela, por si só, que despertará o aluno para as mudanças de atitude
perante o mundo, ou que o fará agir como sujeito responsável de sua história.

A experiência vivida por outro, sempre tendo como base uma tradição de pensamentos
filosóficos. Afinal, os filósofos convivem connosco. Assim, havendo uma mudança de
mentalidade, da forma de pensar, via educação, alcançaremos uma mudança política. O
caminho da mudança pela educação filosófica passa pelo esclarecimento e consolida-se
na íntima relação entre saber, poder, cultura e transformação, isto é, passa pela
emancipação do indivíduo.

Tendo-se em vista este panorama, pode-se entender o porquê da importância da


Filosofia não somente para os alunos, mas também para os professores, a chave mestra
para a mudança na educação está nos professores.

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1.1.Objectivos do trabalho

 Contextualizar historicamente o surgimento da Filosofia;


 Situar a Filosofia como uma das dimensões para compreender e transformar o
homem e o mundo;
 Distinguir o pensamento mítico do filosófico, identificando elementos que
indicam a ruptura e a continuidade entre mito e filosofia.

1.2.Metodologias

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o
método indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de
algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. A Indução é um processo
mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente
constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes
examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo
conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais nos baseia-mos.

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2.Revisão de Literatura

2.1.Da definição de Filosofia

A filosofia trata da realidade não a partir de recortes, mas do ponto de vista da


totalidade. A visão da filosofia é de conjunto, de entendimento do problema, não de
modo parcial mas relacionando cada aspecto observado outros do contexto em que está
inserido (Cunha, 1992).

A Filosofia não faz juízos de realidade, como a ciência, mas juízos de valor. Isto
significa que filosofar é ir além do que é, é buscar entender como deveria ser, julgar o
valor da acção, ir em busca do significado Filosofia propriamente surge quando um
pensar torna-se objecto de uma reflexão (Cunha, 1992).

Para Apel (1986), A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado
de três modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na
cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos conteúdos,
contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza, justiça,
verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de temas seleccionados, como os indicados
acima. No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc.
XIX não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia
incorporava todo o saber. No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de
tratamento dos temas a que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de
conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma
análise da assim considerada primeira proposição filosófica.

Se dermos crédito a Nietzsche, a primeira proposição filosófica foi aquela enunciada


por Tales, a saber, que a água é o princípio de todas as coisas [Aristóteles. Metafísica].

Cabe perguntar o que haveria de filosófico na proposição de Tales. Muitos ensaiaram


uma resposta a esta questão. Hegel, por exemplo, afirma: "com ela a Filosofia começa,
porque através dela chega à consciência de que o um é a essência, o verdadeiro, o único
que é em si e para si. Começa aqui um distanciar-se daquilo que é a nossa percepção
sensível". Segundo Hegel, o filosófico aqui é o encontro do universal, a água, ou seja,
um único como verdadeiro. Nietzsche, por sua vez, afirma:

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"A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a
origem e a matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a
sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo
sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e,
enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisália, está contido
o pensamento: ‘Tudo é um’. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em
comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo
mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o
primeiro filósofo grego", Gadotti (1979).

O importante é a estrutura racional de tratamento das questões. Nietzsche analisa esse


texto, não sem crítica, e remarca a violência tirânica como essa frase trata toda a
empiria, mostrando que com essa frase se pode aprender como procedeu toda a
filosofia, indo, sempre, para além da experiência.

A Filosofia representa, nessa perspectiva, a passagem do mito para o logos. No


pensamento mítico, a natureza é possuída por forças anímicas. O homem, para dominar
a natureza, apela a rituais apaziguadores. O homem, portanto, é uma vítima do processo,
buscando dominar a natureza por um modo que não depende dele, já que esta é
concebida como portadora de vontade. Por isso, essa passagem do mito à razão
representa um passo emancipador, na medida em que libera o homem desse mundo
mágico, Chaui (1992).

"De um sistema de explicações de tipo genético que faz homens e coisas nascerem
biologicamente de deuses e forças divinas, como ocorre no mito, passa-se a buscar
explicações nas próprias coisas, entre as quais passa a existir um laço de causalidade e
constâncias de tipo geométrico [...] Na visão que os mitos fornecem da realidade [...]
fenómenos naturais, astros, água, sol, terra, etc., são deuses cujos desígnios escapam aos
homens; são, portanto, potências arbitrárias e até certo ponto inelutáveis".

A ideia de uma arqué, que tem sentido amplo em grego, indo desde princípio, origem,
até destino, porta uma estrutura de pensamento que a diferencia do modo de pensar
anterior, mítico. Com Nietzsche, pode-se concluir que o logos da metafísica ocidental
visa desde o princípio à dominação do mundo e de si. Se atentarmos para a estrutura de
pensamento presente no nascimento da Filosofia, podemos dizer que seu logos
engendrou, muitos anos depois, o conhecimento científico. Assim, a estrutura presente

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na ideia de átomo é mesma que temos, na ciência actual, com ideia de partículas. Ou
seja, a consideração de que há um elemento mínimo na origem de tudo. A tabela
periódica também pode ser considerada uma sofisticação da ideia filosófica da
combinatória dos quatro elementos: ar, terra, fogo, água, da qual tanto tratou a filosofia
eleática, Habermas (1990).

Portanto, em seu início, a Filosofia pode ser considerada como uma espécie de saber
geral, omniabrangente. Um tal saber, hoje, haja vista os desenvolvimentos da ciência, é
impossível de ser atingido pelo filósofo.

Temos, portanto, até aqui:

 A Filosofia como conhecimento geral;


 A Filosofia como conhecimento específico.

2.2.Do método da Filosofia

A ciência moderna, caracterizada pelo método experimental, foi tornando-se


independente da Filosofia, dividindo-se em vários ramos de conhecimento, tendo em
comum o método experimental. Esse fenómeno, típico da modernidade, restringiu os
temas tratados pela Filosofia. Restaram aqueles cujo tratamento não poderia ser dado
pela empiria, ao menos não com a pretensão de esclarecimento que a Filosofia
pretenderia, Habermas (1987).

A característica destes temas, determina um modo adequado de tratá-los, já que eles não
têm uma significação empírica. Em razão disso, o tratamento empírico de tais questões
não atinge o conhecimento próprio da Filosofia, ficando, em assim procedendo, adstrita
ao domínio das ciências.

Ora, o tratamento dos assuntos filosóficos não se pode dar de maneira empírica, porque,
desta forma, confundir-se-ia com o tratamento científico da questão. Por isso, no dizer
de Kant "o conhecimento filosófico é o conhecimento racional a partir de conceitos".
Ou seja, "as definições filosóficas são unicamente exposições de conceitos dados [...]
obtidas analiticamente através de um trabalho de desmembramento". Portanto, a
Filosofia é um conhecimento racional mediante conceitos, ela constitui-se num
esclarecimento de conceitos, cuja significação não pode ser ofertada de forma empírica,
tais como o conceito de justiça, beleza, bem, verdade, etc, Cunha (1992).

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Apesar de não termos uma clara noção destes conceitos, nem mesmo uma significação
unívoca, eles são operantes na nossa linguagem e determinam aspectos importantes da
vida humana, como as leis, os juízos de beleza, etc.

2.3.Da função da Filosofia

Em razão da impossibilidade de abarcar, hodiernamente, todo o âmbito do


conhecimento humano, parece mais plausível pensar numa restrição temática à
Filosofia, deixando-a tratar de certos temas, como os mencionados acima.

Nesse sentido, a filosofia teria um âmbito de problemas específicos sobre os quais


trataria. No entanto, o tratamento desse âmbito específico continua a manter ao menos
uma função geral, a qual pode ser considerada de forma extremada ou de forma mais
modesta. Assim, a lógica, a ética, a teoria do conhecimento, a estética, a epistemologia
são disciplinas filosóficas, tendo uma função geral para o conhecimento em geral, seja
para as ciências, a partir da lógica, teoria do conhecimento, epistemologia, seja para os
sistemas morais, a partir da ética filosófica, seja para as artes, a partir dos
conhecimentos estéticos, Gadotti (1979).

Por exemplo, no que concerne à lógica, ao menos como a concebeu Aristóteles, ela
pode apresentar uma refutação do ceticismo e, portanto, estabelecer a possibilidade da
verdade, determinando a obediência necessária ao princípio de não contradição. De
forma menos modesta, mas não sem o mesmo efeito, podemos dizer que as outras
disciplinas pretendem o mesmo, determinando, portanto, a possibilidade de
conhecimentos morais, estéticos, etc. No caso da moral, ela pode mostrar que questões
controversas podem ser resolvidas racionalmente, bem como apontar para critérios de
resolução racional de problemas, Kohan (2000).

Essa tarefa pode ser considerada de uma forma mais ou menos audaciosa. Habermas
apresenta, nesse particular, três concepções. A de Kant, a de Rorty e a sua própria. Kant,
dentro do fundamentalismo da teoria do conhecimento, "ao pretender aclarar de uma
vez por todas os fundamentos da ciência e de uma vez por todas definir os limites do
experienciável, a Filosofia indica às ciências o seu lugar". É a função de indicador de
lugar.

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Conjugado com isso, Kant pôde afirmar: "pode-se encarar a Crítica da Razão Pura como
o verdadeiro tribunal para todos os conflitos da razão. Com efeito, não está envolvida
nestas disputas enquanto voltadas imediatamente para objectos, mas foi posta para
determinar e julgar os direitos da razão em geral segundo os princípios de sua primeira
instituição". Aqui, a Filosofia é concebida como um tribunal, exercendo o papel de juiz,
a partir de seu lugar privilegiado, de onde detém os fundamentos e dita leis.

Rorty, por sua vez, desconfia desse conhecimento privilegiado que a Filosofia possa ter.
Por isso, "abandonar a noção do filósofo que conhece alguma coisa acerca de conhecer
o que mais ninguém conhece tão bem seria abandonar a noção de que a sua voz tem
sempre um direito primordial à atenção dos outros participantes na conversação. Isto
implica no abandono de que o filósofo possa decidir quaestiones juris. A tese de Rorty
é, portanto, relativista. De fato, já Wittgenstein afirmara: "a filosofia não deve, de modo
algum, tocar no uso efectivo da linguagem; em último caso pode apenas descrevê-lo.
Pois também não pode fundamentá-lo. A filosofia deixa tudo como está".

Já, Habermas propõe a função de guardiã de racionalidade no lugar da função de


indicador de lugar. Ou seja, a Filosofia seria uma espécie de defesa da racionalidade
contra o relativismo extremado. Por outro lado, função de juiz seria substituída pela de
intérprete, na medida em que faria uma mediação entre os saberes especializados e o
mundo vivido, Gadotti (1979).

Kant Rorty Habermas


Função indicador de lugar - Guardiã de
racionalidade
Função juiz - Intérprete

Pode-se dizer que esse trabalho esclarecedor tem o papel de tornar explícitos saberes
operantes na linguagem e na nossa forma de ver o mundo e, nesse sentido, tem um papel
conscientizador e por que não, potencialmente crítico, já que torna as pessoas mais
atentas a certas determinações conceitua.

Em suma, a filosofia tem como tarefa delimitar uma concepção mínima de


racionalidade. Porém, o conceito de razão daqui resultante não é, como em Kant, "uma
ilha fechada pela natureza mesma dentro de limites imensuráveis". Segundo Habermas,
"a razão comunicativa não passa certamente de uma casca oscilante – porém, ela não se
afoga no mar das contingências, mesmo que o estremecer em alto mar seja o único

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modo de ela ‘dominar’ as contingências". Nesta perspectiva, a filosofia conserva uma


função crítica no sentido kantiano, isto é, uma autoridade indirectamente legisladora,
pois aponta os desvios no cumprimento das condições de possibilidade da racionalidade.
A recusa de uma posição teórico filosófico como sendo sem valor para a prática já foi
diagnosticada por Kant como sendo a pseudosabedoria do olhar de toupeira, incapaz de
olhar com os olhos de um ser feito para ficar de pé e contemplar o céu.

Temos, portanto:

 O conhecimento específico da filosofia com uma função geral forte [Kant];


 O conhecimento específico da filosofia sem uma função geral [Rorty];
 O conhecimento específico da filosofia com uma função geral fraca [Habermas].

2.4.Objecto da Filosofia

Em um mundo cada vez mais apressado e superficial, no qual, tantas vezes nos
perdemos de um link para outro, entre leituras breves, interrompidas pelas mensagens
que chegam pelas redes sociais, você, que parou para ler este texto, deve estar se
perguntando: para que serve estudar Filosofia? Qual é o objecto da Filosofia? Parece
uma carreira muito abstracta para você?

A Filosofia é uma área de estudos crítica e analítica, que oferece a oportunidade de


entrar em contacto com as correntes de pensamento que moldaram o mundo. É a chance
de estudar com profundidade, ler sobre a essência do homem e a formação das
sociedades. Essa é uma área do conhecimento que ajuda a entender o mundo, a fazer
análises, a reflectir sobre as nossas questões. É para isso que serve o estudo da Filosofia,
para termos compreensão de quem somos, como agimos e para onde vamos enquanto
indivíduos e grupos, Chaui (1986).

O objecto da Filosofia, o material para reflexão, está em todos os lugares: nos livros,
nos jornais, nos programas de televisão, nas conversas que se ouvem nas ruas, na mesa
do café da manhã, em casa. A gente pode reflectir o tempo todo sobre como pensam as
pessoas e a sociedade, Apel (1986).

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2.5.Os problemas da Filosofia

Como vimos anteriormente, a Filosofia constitui, ao mesmo tempo, uma actividade e


uma atitude racional de busca do conhecimento verdadeiro. Nesse sentido, qualquer
tema, a princípio, pode ser objecto da reflexão de um filósofo, não é mesmo?

De qualquer forma, basta um estudo mais atento da própria história da Filosofia para
percebermos que alguns desses problemas mostram-se recorrentes e, apesar de distintos,
permite-nos extrair características em comum. Em outras palavras, os filósofos, de
modo geral:

1. Preocupam-se com a questão da fundamentação das ideias e práticas (as


chamadas “condições de possibilidade”);
2. Acabam por desenvolver um sistema conceitual, a partir do qual pretendem
explicar determinados fenómenos ou actividades;
3. Partem de observações críticas sobre os demais pensadores, a fim de justificar a
sua “solução” aos problemas encontrados.

Foi um velho filósofo alemão, chamado Immanuel Kant (1724-1804), que disse, pela
primeira vez, que a Filosofia deveria se ocupar de três perguntas fundamentais, a saber:

1. O que podemos conhecer?


2. O que devemos fazer?
3. O que nos é permitido esperar?

No entanto, segundo Kant, essas três questões podem e devem - ser reduzidas a uma
outra que questiona sobre o que é o homem?

De certa forma, essa é uma maneira bem interessante encontrada pelo filósofo de
abordar os campos de investigação filosófica, uma vez que, cada uma dessas perguntas,
representaria uma área específica da própria Filosofia. Tomando como base esse
raciocínio, teríamos, actualmente, uma divisão bem mais complexa que a proposta por
Kant:

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1. Metafísica e Ontologia – estudo das questões sobre o Ser, o Ente e demais


conceitos que se encontram além do campo de estudo das ciências.
2. Epistemologia ou teoria do Conhecimento – estudo das condições de
possibilidade do conhecimento, da verdade.
3. Ética ou Filosofia Moral – reflexão sobre o agir humano em sua dimensão dos
valores.
4. Filosofia Social ou Política – reflexão sobre o agir humano no interior de uma
sociedade.
5. Antropologia Filosófica – questionamento sobre a natureza humana, a questão
da liberdade e temas correlatos.

2.5.1.Os períodos da Filosofia

A divisão em períodos históricos, como tudo o mais no campo da Filosofia, é palco de


grandes polémicas. No entanto, a fim de deixarmos de lado – pelo menos
provisoriamente esse complicado debate, optamos por apresentar uma versão bastante
simplificada a partir da linha do tempo abaixo:

Assim, para fins didácticos, dividimos a História da Filosofia em:

a) Filosofia Antiga (VI a.C – VI d. C): Composta pela escola pré-socrática (de
Tales a Empédocles), pelos filósofos chamados “clássicos” (Sócrates, Platão e os
Sofistas), pelo período sistemático representado por Aristóteles e, finalmente,
pelo período helênico das escolas epicuristas, estoicas, céticas e cínicas tanto
gregas quanto romanas.
b) Filosofia Cristã (I d.C. – XIV d. C.): Composta pela Patrística (que abrange
desde os primeiros escritos cristãos até a filosofia de Sto. Agostinho de Hipona)
e todo o período medieval ou escolástico, cujo principal representante foi S.
Tomás de Aquino.
c) Filosofia Moderna (XIV d. C. – XIX d. C): Iniciada pelos filósofos
renascentistas como René Descartes, seguidos pelos iluministas, como
Immanuel Kant.
d) Filosofia Contemporânea (a partir do final do séc. XIX d.C): Marcada pela
reflexão dos filósofos como Karl Marx e Friedrich Nietzsche até os dias de hoje.

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2.5.2.A transformação do homem através da filosofia

O homem é um ser que interroga a vida, e deve interrogá-la continuamente. O modo de


perguntar difere de homem para homem, mas o próprio enigma sempre permanece. A
resposta do homem ocorre dentro de um determinado contexto histórico (Husserl,
1965).

Para Aristóteles (384-322 a C.), “todos os homens desejam naturalmente saber. Muitos,
contudo, se perdem nesta tarefa ao longo da vida, talvez por desconhecerem um
caminho”.

É preciso buscar conceituar a filosofia de forma simples e existencial, compreender o


que ela é, e verificar o seu significado para a vida humana. A filosofia está associada
tanto ao saber teórico quanto à sabedoria prática. De fato, o sucesso da filosofia teórica
não nos oferece qualquer garantia de que seremos filósofos no sentido prático ou de que
agiremos e sentiremos de modo correcto sempre que nos envolvermos em determinadas
situações práticas. A filosofia se manifesta como uma forma de entendimento que tanto
propicia a compreensão de sua existência, em termos de significado, como oferece um
direcionamento para sua acção.

A filosofia é o campo de entendimentos que, quando nos apropriamos dele, nos


percebemos reflectindo sobre a quotidianidade dos seres humanos: Desde as coisas mais
simples ate as mais complexas. O acto de filosofar não é unicamente um processo
individual, mas também um processo que possui uma contrapartida social.

Ao colocar-se na posição de que o homem, ser da natureza, constitui entre muitos outros
cósmicos, físicos, biológicos, um agente da transformação do universo, a filosofia
situou na experiência de campo e processo dessas contínuas metamorfoses. Não agimos
por agir. Agimos por certa finalidade, que pode ser mais amplas ou restritas; as
finalidades mais amplas são aquelas que se referem ao sentido da existência, busca o
bem da sociedade, lutar pela emancipação dos oprimidos, e assim por diante. Isso
porque e certo que a vida só tem sentido se vivido em função de valores dignos e
dignificantes (Husserl, 1965).

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Não existe um modelo de homem, é impossível existir um homem padrão, um modelo


que todos deveriam seguir a risca. O que existe é uma condição humana que resulta do
conjunto das relações humana, de sua vocação como homem.

Este último ponto é importante, pois afasta qualquer tentativa de estabelecer a existência
de uma natureza humana fixa e imutável, ou de estabelecer distinções entre os homens
com base em qualquer aspecto extrínseco, como a raça, a cor, ou religião (Husserl,
1965).

O homem, como os outros seres vivos, também se esforça para se preservar, numa das
coisas que difere dos outros organismos é que produz os meios para sua existência,
reorganizando e modificando os recursos naturais disponíveis. Age dirigido por
finalidades conscientes, para responder aos desafios da natureza e para luar pela
sobrevivência.

2.5.3.O sentido da filosofia para a educação

As experiências vitais da maioria dos Homens, aquelas que tecem a estrutura de suas
personalidades e determinam o curso de suas vidas, são amplamente ignoradas na
pesquisa mental e social. À medida que nos aproximamos da experiência interior do
Homem, dos métodos necessários à compreensão dessa experiência, vai-se ingressando
em um novo universo, de mitos e significados, de valores pessoais, de imagens mentais
e simbolismos criativos.

As questões decorrentes desse universo interno de experiência, quando traduzidas e


reificadas pelo indivíduo, representam as amplitude e profundidade da personalidade
humana. Surgem polaridades vitais: amor e ódio, vida e morte, alegria e pena, crime e
castigo, estabilidade e mudança, criatividade e conformismo, responsabilidade e
dependência, e tudo isso adopta relações de tensão que devem ficar abertas à
conscientização.

As concepções e teorias filosóficas limitadas do homem são aquelas que preferem vê-lo,
ou como vítima predestinada por uma programação genética, construída ao longo de
milénios, ou de uma complexa história de reforço de comportamento; ou somente como
joguete em um duelo de forças psíquicas inconscientes e pressões sociais externas, na
busca da satisfação de seus instintos e pulsões.

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Conclusão

Chegando ao fim deste trabalho, conclui-se que, a filosofia possibilita um salto para
uma vida mais plena e, junta outras manifestações do espírito humano, como a arte, a
literatura, a religião, é um convite à transcendência.

A filosofia deve ter um lugar privilegiado na vida humana, pois além de possibilitar a
racionalidade, sempre esteve na origem das mudanças decisivas na história da
humanidade, por isso não é inútil como pensam. Tem como objecto a totalidade das
coisas, desde as raízes, as causas primeiras até as ultimas. Tudo o que diz respeito a vida
refere-se à Filosofia e torna-se ponto de partida de sua reflexão. Ajuda a desvendar os
horizonte obscuro e incompreensível para o homem comum, que pouco questiona sobre
os sentidos das coisas.

A Filosofia é uma actividade humana indispensável. Pode nos livrar do conceito de


juízos antecipados, de uma abordagem superficial da realidade, fruto da limitação da
compreensão humana, sustentada por aparências, às quais o homem se apega
facilmente. Se a filosofia está começando a encontrar novamente um lugar no ensino é
porque educadores descobriram que os jovens podem se encantar com ela e que ela
contribui significativamente para seu desenvolvimento educacional.

Talvez em nenhum outro lugar a Filosofia seja mais bem vinda do que na sala de aula.
Toda disciplina parece ser mais fácil de aprender quando seu ensino é inspirado pelo
principio aberto, crítico e de rigor lógico característico da Filosofia, ajudando os alunos
a reflectirem efectivamente sobre os valores que constantemente são importantes para
eles.

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Bibliografias

Apel, Karl-Otto. (1986). O desafio da crítica total da razão e o programa de uma teoria
filosófica dos tipos de racionalidade. Novos Estudos CEBRAP. São Paulo.

Chauí, Marilena et al. (1986). Primeira Filosofia: lições introdutórias. Sugestões para o
ensino básico de Filosofia. 5. ed., São Paulo: Brasiliense.

Cunha, J. Auri. (1992). Filosofia; iniciação à investigação filosófica. São Paulo: Actual.

Gadotti, Moacir. (1979). “Para que serve afinal a filosofia?” Reflexão.

Habermas, J. (1987). Teoria de la acción comunicativa (I). Madrid, Taurus.

Habermas, J. (1989). Consciência moral e agir comunicativo. (Trad. de Guido A. de


Almeida: Moralbewusstsein und kommunikatives Handeln). Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro.

Habermas, J. (1990). Pensamento pós-metafísico: estudos filosóficos. Rio de Janeiro,


Tempo Brasileiro.

Kohan, Walter O. & WUENSCH, Ana Míriam (orgs.) (2000). Filosofia para crianças: a
tentativa pioneira de Matthew Lippman. Petrópolis: Vozes. (Col. Filosofia na
Escola, vol. 1).

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