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Faculdade de Ciência e Tecnologia

Licenciatura em

1º Ano

DIDÁCTICA GERAL

Beira, 2021
Departmento: Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso:

Cadeira de Didáctica Geral

Tema: Didáctica Geral

-Síntese da Didáctica Geral

-Seu objecto de estudo

-Principais categorias da Didáctica Geral

-Relação com outras ciências

1º ano

Estudante: Docente:

Beira, Março 2021


Índice
Introdução..........................................................................................................................3
Didáctica geral...................................................................................................................4
Objeto de estudo................................................................................................................4
O significado da didáctica.................................................................................................4
 Vocação......................................................................................................................5
 Ser didacta..................................................................................................................5
Principais categorias didacticas.........................................................................................6
a) Estimulação................................................................................................................7
 Estimular para uma determinada tarefa......................................................................7
 Consolidação e reactivação no nível inicial...............................................................7
 Estimulação permanente............................................................................................8
b) Transmissão do conteúdo novo..................................................................................8
Didáctica geral com outras ciências..................................................................................8
Conclusão........................................................................................................................10
Referências Bibliográficas...............................................................................................11
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Introdução

Didáctica é um ramo da ciência pedagógica que tem como objetivo de ensinar métodos e
técnicas que possibilitam a aprendizagem do aluno por parte do professor ou instrutor. É
uma disciplina prática ainda que tenha como base as teorias pedagógicas que analisam os
métodos mais convenientes a aplicar-se. A Didáctica concretiza estes métodos em
situações específicas escolhendo os melhores caminhos em cada caso para chegar a uma
determinada meta.
A Didáctica é, pois, uma disciplina da Pedagogia que estuda o processo de ensino, através
dos seus componentes e é ao mesmo tempo, uma matéria de estudo fundamental na
formação profissional dos professores e um meio de trabalho do qual os professores se
servem para dirigir a actividade de ensino, cujo resultado é a aprendizagem dos conteúdos
escolares pelos alunos (Libâneo, 1994:52).

Historicamente podem ser reconhecidas três fases na evolução da educação: na


primeira os pais únicos educadores dos seus filhos, na segunda as famílias
responsabilizam a educação dos adolescentes a anciãos de experiência comprovada
(ritos de iniciação), enquanto na Grécia antiga, famílias aristocratas contrataram
escravos (pedagogos) para educar seus filhos e na terceira um grupo de famílias se
juntava para contratar um filósofo ou um educador profissional, esta situação evoluiu
até a idade média quando a igreja católica criou as primeiras escolas com a função de
preparar as crianças para a vida.
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Didáctica geral

A palavra didáctica vem da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que
se pode traduzir como arte ou técnica de ensinar. A didáctica é a parte da pedagogia
que se ocupa dos métodos e técnicas de ensino, destinados a colocar em prática as
directrizes da teoria pedagógica. A didáctica estuda os diferentes processos de ensino
e aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é
reconhecido como o pai da didáctica moderna, um dos maiores educadores do século
XVII.

Objeto de estudo

A Didáctica aborda o desenho da arte do ensino, provendo as bases para que os


professores possam trabalhar as situações de aprendizados em sala de aula. Mas esta
ideia se sintetiza os métodos e técnicas de ensino, limitando o verdadeiro significado da
ciência e não a explicando por completo.

O significado da didáctica

O significado ou essência da didáctica é a arte de ensinar: o procedimento pelo qual o


mundo da experiência e da cultura é transmitido pelo educador ao educando, nas escolas
ou obras especializadas, portanto a didáctica se ocupa do conjunto de teorias relativas à
mediação da aprendizagem, no quadro do fenómeno sociocultural da enculturação, base
da vitalidade da humanidade. Assim, os principais elementos da acção didáctica são: o
professor, o aluno, a disciplina (matéria ou conteúdo), o contexto da aprendizagem e as
estratégias metodológicas.

Este é o elemento central na formação de professores ou magistério, trata-se da pessoa


que ensina e educa, portanto para além de transmitir conhecimentos científicos, cuida da
formação da personalidade do aluno. Contudo, pode-se ensinar sem educar, tentativas
de separação entre o ensino e a educação ensaiadas nos países do leste, não tiveram
resultados muito vistosos e o exemplo de Macarengo não foi continuado. Assim, para
realizar com zelo e simultâneas as duas tarefas, há um conjunto de requisitos que o
professor deve reunir:
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 Vocação: inclinação especial a alguma coisa, jeito ou mestria de fazer bem,


resulta de uma motivação intrínseca e extrínseca, mas sobretudo cultiva-se.
Ela associa-se a aquele egocentrismo profissional dos indivíduos que os leva
a considerar a sua profissão como a mais bela e difícil e a dos outros de fácil
e irrelevante [veja-se o deontologia do professorado].
 Segundo a associação norte americana do professor, este não deve ter grandes
Ambições materiais, pois a sua profissão é a menos remunerada, excepto no
Japão e na Alemanha.
 Ser didacta: Não basta conhecer as matérias, mas saber articular a linguagem
e as actividades para ser compreendido. Para a didáctica tradicional (teórica)
se houve ensino houve também aprendizagem, mas na prática não é assim,
constitui uma falácia sem cabimento o argumento de que eles não sabem mas
eu ensinei. O processo educativo é um processo de comunicação, e só há
comunicação quando há feedback e para que a comunicação seja eficaz o
professor deve:

o Saber escutar o aluno e transmitir saberes que vão ao encontro das


suas necessidades, não se trata de decidir por ele, mas leva-lo a
reflectir e posicionar-se em função das suas vivências, como dizia
Dom Bosco “se não atingirmos o coração da criança não
conseguiremos educá-la”. Portanto os gritos, o tratamento rude,
abusos verbais, ameaças e castigos físicos, devem ser evitados e, por
outro lado deve-se moderar nos gracejos e ignorar erros triviais;

o Ser justo: elogiar os bons feitos, evitar apenas reprimir o erro. O


professor ensina, o educador educa, o mestre é o modelo de vida, o
que ensina é mensagem.

 Ter amor ao próximo: o professor deve gostar da humanidade, isto é, ter


inclinação e simpatia pelo ser humano.

 O professor deve ser alegre (conservar o sorriso): A seriedade não é


oposta da alegria, esta facilita a comunicação com os alunos pois se sentem
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atraídos e ficam contaminados pela alegria do professor. Ora, a alegria é uma


característica de quem se sente em paz consigo próprio e, é resultado do dever
cumprido pelo professor que não sente remorso de ter despachado ou enganado
os alunos. Não se fazem amigos de cara fechada e o professor precisa de ser
amigo e confidente dos seus alunos, principalmente quando adolescentes.

Principais categorias didacticas


Constituem as principais categorias didáticas:

 Ensino (professor);
 Aprendizagem (aluno);
 Meios;
 Conteúdos;
 Métodos e objectivos

Por outra categorias didacticas são as orientações que o professor deve ter em
consideração para a realização do processo completo da aquisição de conhecimentos
e outras qualidades da personalidade. Representam fins pedagógicos em cada etapa
do ensino, cada etapa de uma aula cumpre uma finalidade dentro do processo de
aquisição, esta finalidade designa-se função didáctica dominante.

Esta função dominante realiza-se na base de outras funções, o que significa que na
introdução de conteúdo novo, por exemplo, como função dominante, o professor
controla simultânea e permanentemente a compreensão, verifica e consolida esse
conteúdo novo, realizando desta forma outras funções didácticas, mas em ligação
com a função didáctica dominante.

Para organizar um processo completo de aquisição, o professor deve realizar as


seguintes funções didácticas, que tem relações múltiplas entre si e se realizam de
diversas formas, sendo que o ordenamento abaixo não é de prioridade da realização,
poder-se começar com um controlo para a partir desses resultados conduzir os alunos
à aquisição de um conteúdo novo, ou começar pele introdução do conteúdo novo em
forma de apresentação de um problema, para cuja solução os alunos não tenham
conhecimentos:
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a) Estimulação: visa criar motivos e interesses para a aprendizagem e


compreensão, o que inclui o conhecimento dos objectivos, a reactivação
dos conhecimentos já adquiridos.

Os resultados da aprendizagem dependem da maneira como os alunos são


activados para aprender, esta motivação não deve constituir preocupação apenas
no inicio da aula (motivação permanente). Para criar motivos, interesses,
necessidades cognitivas, disposição e atitude positiva à aprendizagem o professor
deve:

 Estimular para uma determinada tarefa: o professor deve tomar em


consideração as condições necessárias, onde o mais importante é que os
alunos conheçam os objectivos da aprendizagem, isto e, que os conteúdos
são úteis na sua vida futura. EX: Perante o conhecimento de que se faz
preces para a chuva, não é necessário dizer que é mentira e entrar em
choque com este saber oferecido pelo ethos, mas colocar à sua disposição a
explicação científica e contextualizar aquele sei saber. Assim, deixar ao seu
critério o julgamento e opções que reflectem uma nova forma de percepção
e mudança de atitude.
 Consolidação e reactivação no nível inicial: os conhecimentos e
habilidades já adquiridos são a base da resolução de tarefas novas e
compreensão do conteúdo. O nível inicial pode ser constituído pela matéria
dada anteriormente (aula, semana, classe ou disciplina). Pode-se recorrer ao
controlo ou diagnostico oral ou escrito, ou pela repetição ou recapitulação
feita pelo professor no início ou no fim da aula.
 Estimulação permanente: Ela reactiva o interesse da aprendizagem,
através da explicação dos objectivos, da lógica do conteúdo, marcando ou
destacando os pontos essenciais.

b) Transmissão do conteúdo novo: Visa tornar possível organizar a aquisição


de
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novos conhecimentos, novas operações mentais e novas actividades.

 Repetição e exercício: Permite fixar na memória os conhecimentos essenciais


e exercitar as operações mentais de modo a formar capacidades, habilidades e
hábitos.

 Sistematização: Consiste em integrar os conhecimentos num sistema para


compreender as relações entre eles e facilitar a fixação da aprendizagem.

 Aplicação: permite utilizar os conhecimentos já existentes para elaborar


novos conhecimentos e resolver problemas práticos.

 Controlo e avaliação: Permite provar a eficácia do processo de aquisição e


dos seus resultados, levando à comparação desses resultados com os
objectivos inicialmente previstos, valorizando deste modo esses resultados
como forma importante de estimulação.

Didáctica geral com outras ciências

Conforme o esquema acima, a Didáctica Geral estabelece relação com as Didácticas


especiais, ou seja, Metodologias de Ensino de Disciplinas especificas (ex.: Matemática,
Línguas, etc.). De facto, as Metodologias das diferentes disciplinas analisam as questões
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de ensino de uma determinada disciplina, enquanto que a Didáctica Geral tem um


objecto de natureza geral: se abstrai das particularidades das distintas disciplinas e
generaliza as manifestações e leis especiais do ensino e aprendizagem nas diferentes
disciplinas e formas de ensino.

Assim, as Didácticas ou Metodologias especificas são uma base importante para a


Didáctica Geral, e esta, por sua vez, generaliza os resultados de estudo sobre o ensino
das disciplinas especificas.

Finalmente, no que diz respeito as outras disciplinas, constata-se que a relação da


Didáctica Geral com estas disciplinas se explica da seguinte maneira:

a. A Psicologia indica à Didáctica as oportunidades que melhor favorecem a


expansão/desenvolvimento da personalidade bem como os processos que melhor
garantem a efectivação da aprendizagem.
b. A Biologia orienta sobre o desenvolvimento físico e os índices de fadiga dos
alunos.
c. A Sociologia indica as formas de trabalho que permitem desenvolver a
solidariedade, a liderança, a responsabilidade.
d. A Filosofia actua na integração das demais ciências que servem de base à
Didáctica, coordenando-as numa visão que tem por fim explicar o educando
como um ser completo que necessita de atendimento adequado, personalizado,
de forma que se possam efectivar os propósitos da educação.

Conclusão

Contudo, a Didáctica tem uma importante contribuição a dar em função de clarificar o


papel politico da educação, da escola e, mais especificamente, no ensino.
A partir daí, a Didáctica vem sendo colocada em questão. Esse questionamento tem
levado os professores a revisão de seus pressupostos e a busca de sua reconstrução,
tendo em vista uma concepção critica de educação.
O enfoque da Didáctica, de acordo com os fundamentos da Pedagogia Critica, devera
trabalhar no sentido de ir além dos métodos e técnicas, procurando associar escola-
sociedade, teoria-pratica, bem como desenvolver uma alternativa que supere a relação
dicotômica entre a pedagogia e a politica, dotadas de especificidade próprias, porem
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inseparáveis por se constituírem em modalidades especificas de um pratica, a pratica


social.
O processo de ensino é mecanizado e alicerçado nos pressupostos da tecnologia
educacional, visando a sua produtividade e consequentemente, o alcance da eficiência e
da eficácia. Já a Didáctica a partir das teorias critico-reprodutistas, ao buscar a sua
Didáctica a partir das teorias critico-reprodutivista, ao buscar a sua desmitificação e
evidenciar o conteúdo ideológico do ensino.
Com isso, ser professor é sobretudo saber escutar, saber transmitir, saber
ensinar/aprender, saber despertar interesse nos alunos pela matéria, saber dosear a
matéria em função no nível etário e cognitivo, ter um método de trabalho claro, de tal
maneira que todos, ou pelo menos, a maioria entenda. Assim, dizer que os alunos não
aprendem [são burros] ou que não querem ou não cooperam com o professor, não é
próprio de professores conscientes, pois para saber se ele ensina bem ou não também
recorre-se aos resultados do seu trabalho que são os conhecimentos que seus alunos
adquiriram.
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Referências Bibliográficas

 Alves, Rubem; Dimenstein, Gilberto. Fomos maus alunos. São Paulo:


Papirus, 2003.
 Aranha, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna,
2002.
 Arredondo, S.C. e Diago, J.C. Avaliação Educacional e Promoção Escolar.
São Paulo: Unesp, 2009.
 Behrens, Marilda Aparecida. A prática pedagógica e o desafio do paradigma
emergente. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 80, n. 196,
Brasília: 1999. p. 383-403.
 Bordenave, J. D.; Pereira, A. M. Estratégia de ensino-aprendizagem.
Petrópolis: Vozes, 1991.
 Libâneo, J. C. Didáctica. São Paulo: Cortez, 1990.
C. Borges; D. Hunger & S. Souza Neto. Conceitos de
Didáctica: depoimentos de docentes universitários da área de Educação
Física. Motriz, Rio Claro, v.15, n.2, p.228-235
 Libâneo, José Carlos. Didáctica, Cortês, 1994
 Nivagara, Daniel Daniel. Didáctica Geral – Aprender a Ensinar. Módulo de
Ensino à distância, Universidade Pedagógica.
 Piletti, Claudino. Didáctica Geral, Ática, 1997
 Veiga, Ilma Passos Alencastro (Coord.). Didáctica: uma retrospectiva
histórica. IN:. Repensando a Didáctica; 5 ed; Campinas, SP: Papirus, p. 33-
51.

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