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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Módulo de Didáctica de Educação


Visual e Ofícios
“Construindo competências profissionais para um ensino de qualidade”

Formação de Professores do Ensino Primário

Elaborado por: Daniel Dinis da Costa e José J. A. Hoguane

INDE
INSTITUTO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

Testagem 2012
V BLOCO

DURAÇÃO 12 SEMANAS

INÍCIO: 12 DE FEVEREIRO DE 2018

TÉRMINO: 04 DE MAIO DE 2018

ACTIVIDADES: AULAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

MÓDULO DE DIDÁCTICA DE EDUCAÇÃO VISUAL E


OFÍCIOS

Duração do Módulo: 96 Horas


Bloco 5

ii
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO AO MÓDULO...................................................................................1
2. COMPETÊNCIAS A DESENVOLVER.....................................................................2
3. RESULTADOS DE APRENDIZAGEM DO MÓDULO...........................................4
4. VISÃO GERAL DOS TEMAS DO MÓDULO...........................................................5
UNIDADE TEMÁTICA I - IMPORTÂNCIA DE EDUCAÇÃO VISUAL E DOS
OFÍCIOS NA FORMAÇÃO INTEGRAL DO INDIVÍDUO........................................6
UNIDADE TEMÁTICA II - ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO GRÁFICO DA
CRIANÇA........................................................................................................................12
UNIDADE TEMÁTICA III - PLANIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO............................30
UNIDADE TEMÁTICA IV - MOLDAGEM................................................................48
UNIDADE TEMÁTICA V - MODELAGEM...............................................................58
UNIDADE TEMÁTICA VI - PAPEL............................................................................68
UNIDADE TEMÁTICA VII - TÊXTEIS......................................................................74
UNIDADE TEMÁTICA VIII - MADEIRAS................................................................84
UNIDADE TEMÁTICA IX - METAIS.........................................................................91
UNIDADE TEMÁTICA X - AGRO-PECUÁRIA........................................................97
UNIDADE TEMÁTICA XI - CULINÁRIA................................................................105
UNIDADE TEMÁTICA XII – COSTURA.................................................................114
UNIDADE TEMÁTICA XIII - CARTAZ...................................................................122
UNIDADE TEMÁTICA XIV – COR/PINTURA.......................................................129
UNIDADE TEMÁTICA XV - DESENHO GEOMÉTRICO.....................................139
UNIDADE TEMÁTICA XVI - IMPRESSÃO E ESTAMPAGEM................................149

iii
1. Introdução ao Módulo

O presente módulo de Didáctica de Educação Visual e Ofícios, tem por finalidade


permitir ao formando adquirir conhecimentos científicos que lhe permitirão abordar com
segurança os conteúdos de Educação Visual e Ofícios no Ensino Primário.

“O módulo de Didáctica de Ofícios e Educação Visual, na formação de professores,


pretende, inicialmente, alertar os formandos para a importância das artes visuais, bem
como chamar à atenção do valor da imagem como meio de comunicação. Neste
seguimento, as técnicas de expressão plástica serão igualmente desenvolvidas. Depois de
estes conteúdos serem devidamente desenvolvidos, o módulo abordará num segundo
plano, a acção prática do futuro professor. O Módulo (…) assume um papel importante
da sociedade, pois visa dar a conhecer os diversos ofícios mais requisitados na
comunidade e as respectivas competências exigidas para cada profissão, ajudando, assim,
a preparar o formando para um futuro profissional mais íntegro e informado. Nesta
perspectiva, os formandos começarão por ser sensibilizados para a importância dos
ofícios para o desenvolvimento integral do indivíduo. Os futuros professores conhecerão,
mais afincadamente, diversos processos e materiais, tais como: a moldagem, a
modelagem, o papel, os têxteis, a madeira, os metais, a agro-pecuária, a culinária e a
costura. Paralelamente, a utilização de diferentes ferramentas, utensílios e equipamentos
será uma constante. Para que tal ocorra da melhor forma, será crucial que os hábitos de
higiene e de segurança no trabalho sejam bem entendidos pelos futuros professores.
Depois de tudo isto, e numa vertente mais pedagógica, os formandos conhecerão o
programa do ensino de ofícios e reflectirão na questão dos ofícios na relação escola-
comunidade. Por fim, os formandos planificarão neste âmbito e construirão os
respectivos instrumentos de avaliação, para que seja viável uma intervenção.”(INDE,
2004).

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2. Competências a Desenvolver

2.1.Competências Gerais

1. Promove o espírito patriótico, a cidadania responsável, os valores universais e os


direitos da criança;

2. Age de acordo com os princípios éticos e deontológicos associados à profissão de


professor;

3. Demonstra Domínio dos conhecimentos científicos do Ensino Primário;

4. Demonstra domínio dos conhecimentos das Ciências da Educação relacionadas


com o Ensino Primário;

5. Promove o auto-desenvolvimento profissional e envolve-se num trabalho


cooperativo, colaborativo e articulado;

6. Planifica e medeia o processo de ensino-aprendizagem de modo criativo,


reflexivo e autónomo;

7. Avalia necessidades, interesses e progressos dos alunos, adaptando o processo de


ensino-aprendizagem à sua individualidade e ao contexto;

8. Desenvolve e utiliza estratégias e recursos didácticos estimulantes de sucesso para


situações concretas de aprendizagem.

2
2.2.Competências Específicas a desenvolver no Módulo

1. Menciona e defende a contribuição das disciplinas de Educação Visual e de Ofícios


na formação equilibrada e integral do indivíduo;

2. Aplica métodos de ensino adequados às etapas de desenvolvimento gráfico da


criança;

3. Planifica actividades ligadas ao meio ambiente e ensaia métodos de avaliação


contínua do progresso do aluno;

4. Produz objectos decorativos e utilitários de cerâmica com base nos moldes


previamente elaborados por ele;

5. Faz objectos decorativos com pasta de papel reciclado;

6. Faz trabalhos de tecelagem com diversos materiais naturais como algodão, sisal,
palha, folhas de palmeiras, entre outros;

7. Aproveita desperdícios de madeira e de metais para construir objectos lúdicos simples


e utilitários

8. Prepara e usa equipamento agrícola básico para produção e colheita, assim como
construções básicas para pequenas criações de animais;

9. Prepara correctamente diversos alimentos aproveitando basicamente receitas


popularmente conhecidas;

10. Faz moldes e produz peças simples de vestuário;

11. Cria cartazes ilustrando temas de outras áreas disciplinares e questões transversais;

12. Aplica as diferentes técnicas de pintura em telas individuais e em painéis colectivos;

13. Faz composições decorativas utilizando as construções geométricas;

14. Faz composições em papel, tecido, utilizando várias técnicas de impressão.

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3. Resultados de aprendizagem do módulo

1. Interpretar o Plano Curricular e o Programa de Educação Visual e de Ofícios;

2. Identificar a importância das disciplinas de Educação Visual e de Ofícios na formação


equilibrada e integral do indivíduo;

3. Expressar e comunicar (ideias e mensagens) através das Artes Visuais, usando


diversos instrumentos riscadores;

4. Caracterizar as etapas de desenvolvimento gráfico e artístico infantil;

5. Produzir peças de gesso e de argila moldadas e modeladas queimadas em fornos


artesanais e/ou industriais;

6. Criar objectos artísticos (bi e tridimensionais) com base no recorte, picotagem,


dobragem, colagem e com pasta de papel reciclado;

7. Dominar as técnicas de tecelagem, tapeçaria e de costura;

8. Fazer objectos simples lúdicos, utilitários e decorativos com madeira e com metais;

9. Aplicar o método de rotação de cultura e de conservação dos produtos agro-


pecuários;

10. Medir e cozinhar alimentos em água e óleo usando receitas seleccionadas;

11. Fazer moldes e produzir peças simples de vestuário;

12. Usar o cartaz para comunicar ideias e mensagens visuais num quadro disciplinar
transversal;

Utilizar a cor de diferentes classificações e tons (matizes/ s. m. combinação de cores diversas num tecido,
pintura, paisagem, etc., gradação de cores.
na pintura em telas individuais e em painéis colectivos;

13. Fazer composições geométricas com base nos conhecimentos elementares da recta,
dos ângulos, dos polígonos, dos arcos e das espirais;

14. Usar as técnicas de impressão/estampagem (carimbo, decalque) em composições.

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4. Visão Geral dos Temas do Módulo

TEMPO
UNIDADE TEMA
(HORAS)
Importância de Educação Visual e dos Ofícios e a na 2
I
formação integral do indivíduo

II Etapas do desenvolvimento gráfico da criança 6

III Planificação e Avaliação 6

IV Moldagem 6

V Modelagem 6

VI Papel 4

VII Têxteis 6

VIII Madeiras 4

IX Metais 4

X Agro-pecuária 6

XI Culinária 8

XII Costura 8

XIII Cartaz 6

XIV Cor/Pintura 8

XV Desenho Geométrico 10

XVI Impressão e Estampagem 6


TOTAL 96 Horas

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Unidade Temática I - Importância de Educação Visual e dos Ofícios na
formação integral do indivíduo

Duração da Unidade: 2 Horas

1. Introdução da Unidade Temática:


O objectivo principal desta unidade é de levar o formando a compreender a enorme
contribuição dos Ofícios e da Educação Visual na aprendizagem dos alunos no ensino
básico. Pretende-se que o futuro professor se sensibilize sobre a importância destas áreas
disciplinares no desenvolvimento de competências no campo da literacia visual,
inovação e espírito empreendedor no desenvolvimento do indivíduo.

A unidade funda-se em quatro pilares fundamentais: Aprender a conhecer, Aprender a


fazer, Aprender a viver juntos e Aprender a ser.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:

1) Defende a importância de Ofícios como forma de desenvolver o “saber fazer” e


resolução de problemas concretos;
2) Menciona a contribuição da disciplina de Ofícios na formação equilibrada e
integral do indivíduo;
3) Enumera algumas acções de interdisciplinaridade (produção de material
didáctico).

4) Defende a importância de Educação Visual no desenvolvimento do indivíduo;


5) Enumera algumas formas de colaboração com outras áreas de conhecimento;
6) Aplica métodos de ensino da importância da Educação Visual no
desenvolvimento do indivíduo

6
3. Recursos de Aprendizagem

Texto: A importância na disciplina de Ofícios e Educação Visual

O processo de ensino e aprendizagem de Ofícios e de Educação Visual têm sua


ancoragem em quatro pilares estruturais da educação são: (1) Aprender a
conhecer (enquanto pré-requisito para adquirir outros saberes); (2) Aprender a fazer (na
visão prática do saber); (3) Aprender a viver juntos (dadas as características de
multiculturalidade cada vez mais presentes nas sociedades); (4) e, tudo isto,
para Aprender a ser.

No contexto da vida, os ofícios e a educação visual não são as únicas plataformas sobre
as quais se aprende. "Cabe à educação fornecer [ao aprendente] as bases culturais que
lhes permitam distinguir e permear sobre as mudanças que se operam na sociedade. Tal
leva a que o aprendente, como indivíduo, adquira competências para a leitura,
interpretação de informação (cf. UNESCO, 1996).
Qualquer educador procura realizar estas metas fundamentais que justificam os meios e
objectivos a atingir.

Ao constatarmos a importância fundamental desta disciplina para uma boa integração do


aluno na escola e na sociedade, destacamos a importância da sua afirmação pessoal
enquanto criador e empreendedora com um potencial próprio.  

Nesta fase em que o domínio das TIC’s na educação é inegável, devemos reconhecer a
importância da utilização das ferramentas de comunicação, da Internet, e outros suportes
digitais, para proporcionar a construção de materiais de apoio aos professores na sua
planificação das unidades de trabalho a incluir nos seus Projectos Curriculares,
particularmente deste grupo disciplinar (OEV), como a outros das áreas de artes e ofícios.

O professor ocupa o lugar central para utilizar e divulgar a diversidade de meios, de


informação e tecnologia digital para se poder ir mais longe; ou seja, se possa tornar um
7
meio aberto de partilha de ideias, de informação, de experiências e práticas para todos os
professores empenhados na educação das áreas visual e de ofícios.
 
Em Ofícios e Educação Visual, a criança não é considerada artista nem profissional
porque ela é vista pelos adultos como um ser que está a aprender. O desenho ou pintura
infantil, mesmo tendo características visuais semelhantes às de muitos artistas
consagrados, não é entendida como arte. Ao analisarem-se os factores que envolvem a
criação de uma obra, tanto a criança como o adulto têm condições de criar e produzir
obras com qualidades estéticas.
A arte deve ser compreendida a partir dos elementos que a concretizam: o criador, a obra
e o espectador. Isto por um lado. Por outro, ao trabalhar no corte e costura, ao dar os
primeiros passos na agro-pecuária, na culinária esta a dizer-se que ‘lançamos a semente’
para que o aluno esteja a preparar-se para o mercado do emprego e auto-emprego cada
vez mais exigente e dinâmico sobre o qual deverá desenvolver capacidades pessoais e
empreendedoras para sua inserção.

No entanto, no nosso quotidiano enquanto professores destas áreas constatamos que


estamos longe de fazer uma abordagem coerente, flexível e de acordo com uma
pedagogia onde se reconheça a importância e o valor das artes, e da sua partilha, focamo-
nos, muitas vezes, no ensino mais técnico, na repetição de trabalhos e áreas de
exploração, muitas delas não são aceites nem compreendidas pelos alunos deste nível
etário, como é geralmente, por uma deficiente abordagem, nem se proporciona aos
alunos, a possibilidade de se expressarem livremente e de trabalharem com prazer.

Como tal é necessário reformular as nossas práticas no sentido de levar o aluno a


despoletar e desenvolver o seu potencial em ofícios previstos pelo programa do ensino
básico, sobretudo na interdisciplinaridade, no saber fazer e adaptar-se as dinâmicas
socioeconómicas do auto-emprego (formal e do informal), do turismo, e da produção de
riqueza.

Essa reformulação da prática deve igualmente nos conduzir a vivenciar os fenómenos


visuais, fazendo, aprendendo a olhar, participando criativamente, através dos seus
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trabalhos, revelando, naturalmente, os seus sentimentos e expressões. Devemos levar o
aluno a sentir o seu potencial artístico, e o valor das artes visuais, no fortalecimento da
sua sensibilidade, auto-estima e capacidade de comunicação ,  e de acordo com os
estágios de desenvolvimento da criança, para uma melhor abordagem do currículo e das
competências a atingir,  esperando também contribuir, para uma gestão mais flexível do
currículo.

É, enfim, na troca de ideias, e inovando criativamente, que se avança para uma prática de
aprendizagem mais activa e centrada nos alunos, procurando ir de encontro aos seus
interesses, da sua criatividade, e necessidades de expressão e da apreciação do belo e da
estética no meio a volta.

4. Actividades
A actividade consiste na leitura individual do texto “a importância na disciplina de
Ofícios e Educação Visual”. Os formandos poderão fazer uma pequena visita de
estudo na escola anexa para entre outros confrontar o que leram no texto acima
mencionado. Os formandos depois organizam um pequeno seminário de reflexão e
reflexão sobre o que observaram na escola.

5. Autoavaliação

a) Quais os quatro pilares da educação sobre os quais se desenvolve o processo


de ensino e aprendizagem de Ofícios e de Educação Visual.
b) Discuta a seguinte afirmação no quadro do uso das TICs na educação: “Cabe à
educação fornecer ao [aprendente] as bases culturais que lhes permitam
distinguir e permear sobre as mudanças que se operam na sociedade. Tal leva
a que o aprendente, como indivíduo, adquira competências para a leitura,
interpretação de informação (cf. UNESCO, 1996).”

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c) Justifique a razão da criança não ser considerada artista nem profissional
porque ela é vista pelos adultos como um ser que está a aprender. Dê dois
exemplos da prática escolar.
d) Os professores de ofícios e educação visual devem dar aos alunos
possibilidade de se expressarem livremente e de trabalharem com prazer.
Como discutirias estas ideias tomando em consideração os recursos e meios
de ensino e aprendizagem.
e) Debruce-se sobre a necessidade do professor a necessidade de levar o aluno
desenvolver o seu potencial de criação e de produção de artefactos,
confrontando essa ideia com as etapas de desenvolvimento da criança.
f) Fale uma prática de aprendizagem mais activa centrada nos alunos. Apresente
quatro exemplos dessa abordagem pedagógica.

6. Chave de Correcção
Os formandos deverão responder a autoavaliação proposta a partir do texto sugerido e na
base das experiências tidas durante a visita e reflexão durante o seminário.

7. Bibliografia Complementar

Desaulniers, J. (1997). Formação, competência e cidadania. Consultado em 2007, Julho, 18


disponível em http://www.scielo.br/pdf/es/v18n60/v18n60a3.pdf

Grupo Sistemas Multimédia (s.d.). A Tecnologia do Computador e a Formação de


Professores: um contributo para a avaliação do Projecto Minerva. Disponível em
http://lsm.dei.uc.pt/ribie/docfiles/txt200352145924A%20 Tecnologia%20do%20
Computador.pdf; acessado em 28/Nov/2011

Magalhães, C. (2007). Arte-Educação. Consultado em 2007, Julho, 18 disponível em


http://www.arteducacao.pro.br

10
Rosa, I. (2004). O ensino de Arte. Consultado em 2007, Julho, 18 disponível em Retirado de
http://www.projetopresente.com.br/revista/rev6_ensino_arte.pdf.

UNESCO (2007) Formação de professores. Consultado em 2007, Julho, 14 disponível em


http://www.unesco.org.br/areas/educacao/areastematicas/formprof

8. Resumo da Unidade
A presente unidade levou o futuro professor a compreender a importância do ensino e
aprendizagem dos Ofícios e da Educação Visual no ensino básico. A unidade ajudou-o a
reflectir sobre as (boas-)práticas com a (i) leitura de uma texto, (ii) realização de uma
visita de estudo e a (iii) participação numa reflexão sobre Ofícios e da Educação Visual
em seminário.

9. Glossário

Fenómenos visuais – O que acontece e permite a reacção da nossa sensibilidade ocular.

Aprendizagem mais activa e centrada nos alunos – Que se baseia em pedagogia


moderna que preconiza que o aluno é o centro da aprendizagem que constrói o seu
próprio saber contrária à pedagogia conservadora e tradicional em que o professor se
acha o centro do saber e dele emana toda a orientação do processo de ensino e
aprendizagem.

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Unidade Temática II - Etapas do desenvolvimento gráfico da criança

Duração da Unidade: 6 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


A ciência sobre as etapas do desenvolvimento gráfico da criança é complexa, disputada
por inúmeros teóricos e difícil de definir. Por etapas do desenvolvimento gráfico da
criança se entende que sejam processos evolutivos de aquisição e desenvolvimento de
capacidades individualizadas que ocorrem, por vezes, retardados, como o previsto e/ou
precocemente (alunos dotados) com ou sem apoio do adulto.

“Embora tenha[mos] observado centenas e centenas de crianças enquanto desenhavam,


nunca [nos aborrecemos] e até hoje [continuamos maravilhados] pelo modo como as
crianças podem exprimir-se e revelar as suas atitudes através de imagens gráficas”
(Münsterberg apup Salvador, 1988:7) e, por essa via, conduzindo-nos a variadíssimas
interpretações.

No entanto, inúmeros trabalhos teóricos concordam num ponto que é : “todas as crianças
de todas as culturas em que os pais desenham, desenham também, e é interessante
observar como todas elas passam pelas mesmas etapas na evolução dos seus desenhos”
(Salvador, 1988) e que a missão do formador seja de (...) entender os desenhos das
[nossas crianças] se, cairmos em erros que podem levá-los a não desfrutar deste meio de
expressão (Luquet, 1974).

Afirme-se ainda que, muito embora as crianças possam passar de uma etapa a outra de
desenvolvimento gráfico por idade biológicas semelhantes, essa similitude não ocorrem
em simultâneo e da mesma maneira nelas. É por isso que essas etapas não sejam
rigidamente estanques, dependendo o meio e a personalidade da criança; ou seja, “variam

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no momento de aparecimento, na duração e inclusivamente na clareza com que se
manifestam” (Salvador, 1988).

Por conseguinte, nesta unidade, o futuro professor aprenderá as etapas de


desenvolvimento gráfico da criança que incluem:

 Garatuja
 Pré-Esquemático
 Esquemático
 Pseudo-Realismo
 Início do realismo
 Realismo
 Interpretação da arte infantil
 Formas de trabalho com alunos com necessidades educativas especiais.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:

1) Analisa o conteúdo das mensagens dos desenhos infantís;


2) Propõe acções para trabalho com crianças com necessidades educativas especiais;
3) Aplica métodos de ensino das etapas de desenvolvimento gráfico da criança.

3. Recursos de Aprendizagem
Texto 1: Etápas gráficas
Vários estudiosos observaram e procuraram identificar e descrever as etapas gráficas do
desenvolvimento do desenho, entre os mais conhecidos estão Luquet, Piaget e
Lowenfeld.
Luquet, por exemplo, dividiu as etapas gráficas em Realismo Fortuito, Realismo Falhado,
Realismo intelectual e realismo visual.
no Realismo Fortuito, a criança começa a fazer traços sem qualquer objectivo (não há
intenção para uma representação gráfica), mesmo sabendo que os traços realizados por
outrem podem querer determinar um objecto determinado e representa-lo efectivamente,
a criança não considera a ideia de também possuir a mesma habilidade. É nesta fase

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também que podemos identificar as famosas "garatujas", e de acordo com as definições
de Piaget, este é o período sensório-motor.

 A princípio, para a criança, o desenho não é um traçado executado para fazer uma
imagem mas um traçado executado simplesmente para fazer linhas (Luquet, 1969
pg.145).  Em certo ponto, a criança produzirá mesmo acidentalmente uma parecença não
procurada. A partir daí ela passará por uma série de transições até adquirir a totalidade
das faculdades gráficas (intenção, execução e a interpretação correspondente à intenção)
chegando consequentemente ao realismo intencional.

Fig. 2.1 - Desenho feito por V. (3 anos)


 
 A Segunda Fase descrita por Luquet é o Realismo Falhado; quando a criança chega ao
desenho propriamente dito, quer ser realista mas a sua intenção choca-se com obstáculos
ráficos e psíquicos, que dificultam a sua manifestação. São exemplos de obstáculos ag
incapacidade para dirigir seus movimentos gráficos, o caráter limitado e descontínuo da
atenção infantil e principalmente a incapacidade sintética – quando a criança não chega a
sintetizar num conjunto coerente os diferentes pormenores que desenha com a
preocupação exclusiva de os representar cada um por si.
 
 A terceira fase, é a do realismo intelectual, onde a criança pretende deliberadamente
reproduzir do objecto representado não só o que se pode ver mas tudo o que ali existe e
dar a cada um dos elementos a sua forma exemplar.
 

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Fig. 2.2 e 2.3- (Desenhos de V. com 8 anos) "mamâe que joga capoeira" e "mamãe
lutando e ouvindo os ‘apoiantes’"

Fig. 2.4 - Desenho de V. com 8 anos " colorado indo para o Japão"
 
Enfim, aos quatro anos, a criança chega ao realismo visual cuja principal manifestação é
a submissão mais ou menos infeliz na execução à perspectiva. (Luquet, p.212).

 De acordo com Piaget, é neste ponto que a criança se encontra no estágio pré-
esquemático, que inicia-se por volta dos 4 anos e se estende até os 7 anos mais ou menos.
Após esta fase a criança com idade entre 7 e 9 anos entra no estágio esquemático, e após
os 9 anos passa para o estágio do realismo nascente, vale ressaltar que estes estágios
compreendidos entre os 7 e 11 anos estão dentro do período das operações concretas.
 
É claro que estes estágios não são estáticos, imutáveis, existem crianças que pulam
alguns estágios de desenvolvimento, e existe crianças que param de se desenvolver
devido a vários factores que influenciam em sua vida, como família, situação social e
económica, distúrbios psicológicos e gosto particular.
 

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 POR QUE PARAMOS DE DESENHAR?

A medida que a criança cresce, desenvolve seu espírito crítico em relação aos seus
trabalhos. Muitas vezes essa consciência crítica supera seu desejo de expressar-se
criativamente; principalmente nos casos em que a criança passa com rapidez da infância
para a adolescência em um prazo demasiado curto, não podendo ajustar-se com suficiente
brevidade à sua nova consciência crítica e ficando assim, insatisfeita com suas
realizações. Acha tudo “infantil e mal feito”.
 
 Quando isto sucede com muita frequência e nada se faz para remediar, a criança perde
interesse pela arte e suspende completamente, as suas actividades artísticas. Já não pode
desenhar coisa alguma, porque devido à sua repentina “tomada de consciência” crítica
passa a perceber a pobreza dos seus meios infantis de expressão. Seus desenhos lhe
parecem até ridículos, da mesma maneira como certos folguedos infantis, por exemplo, o
“esconde-esconde”, lhe parecem indignos da sua actual “maturidade”.(Lowenfeld, 203).
 
Também Luquet exemplifica como se dá o abandono da criança pela actividade do
desenho. Conforme sua teoria, esse desinteresse é produzido na idade em que a criança
chega à concepção do realismo visual – com a sua consequência fundamental: a
perspectiva; os desenhos que executava anteriormente de acordo com o realismo
intelectual já não satisfazem o seu espírito crítico desenvolvido, e sente-se incapaz de
fazer desenhos como quereria fazer.
Fonte: http://fases-do-desenho.pbworks.com/w/page/7482183/etapas%20gr
%C3%A1ficas

Texto 2: Estágios do desenvolvimento da criança

“A criança mobiliza todo o seu ser quando se entrega espontaneamente a uma actividade
criadora. É um verdadeiro meio de disciplina interior que envolve processos de formas
superiores de vida mental e que traz à criança, no plano geral, equilíbrio e harmonia,
preparando-a ainda para a aprendizagem formal da escola.

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Por que desenham as crianças? Desenham para apreender, compreender-se a si mesmas e
as coisas que as rodeiam. Desenham a sua experiência de vida. Desenham os objectos que
conhecem, as pessoas que conhecem, os personagens dos seus desejos e medos. São
representações gráficas que denotam os recursos da sua educação e cultura.”  Mahylda
Bessa 
“Os primeiros estudos sobre a produção gráfica das crianças datam do final do século
passado e estão fundados nas concepções psicológicas e estéticas de então. É a psicologia
genética que impõe o estudo científico do desenvolvimento mental da criança” (Rioux,
1951).
As concepções de arte que permearam os primeiros estudos estavam baseadas numa
produção estética idealista e naturalista de representação da realidade. Sendo a habilidade
técnica, portanto, um factor prioritário.
São os psicólogos que no final do século XIX descobrem a originalidade dos desenhos
infantis, publicam as primeiras notas e observações sobre o assunto. As concepções
relativas à infância modificaram-se progressivamente. A descoberta de leis próprias da
psique infantil, a demonstração da originalidade do seu desenvolvimento, levaram a
admitir a especificidade desse universo. A maneira de encarar o desenho infantil evolui
paralelamente.

Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é capaz de manter ritmos regulares e
produzir os seus primeiros traços gráficos, fase conhecida como dos rabiscos ou garatuja
(termo utilizado por Viktor Lowenfeld para nomear os rabiscos produzidos pela criança).

 Na evolução da garatuja para o desenho de formas mais estruturadas, a criança


desenvolve a intenção de elaborar imagens criativas. Começando com símbolos muito
simples, ela passa a articulá-los no espaço bidimensional do papel, na areia, na parede ou
em qualquer outra superfície. Passa também a constatar a regularidade nos desenhos
presentes no meio ambiente e nos trabalhos aos quais ela tem acesso, incorporando esse
conhecimento nas suas próprias produções. No início, a criança trabalha sobre a hipótese
de que o desenho serve para imprimir tudo o que ela sabe sobre o mundo. No decorrer da
simbolização, a criança incorpora progressivamente regularidades ou códigos de
representação das imagens que vai memorizando, passando a considerar a hipótese de

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que o desenho serve para imprimir o que se vê. É assim que, por meio do desenho, a
criança cria e recria individualmente formas expressivas, integrando percepção,
imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras
simbólicas de outras crianças e adultos”.

“O desenho como possibilidade de brincar, o desenho como possibilidade de falar e de


registar, marca o desenvolvimento da infância, porém em cada estádio, o desenho assume
um carácter próprio. Estas fases definem maneiras de desenhar que são bastante similares
em todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade.
Esta maneira de desenhar própria de cada idade varia, inclusive, muito pouco de cultura
para cultura”. Fonte: https://sites.google.com/site/arteemevt/estadios-de-desenvolvimento

Texto 3: Grafismo infantil: linguagem do desenho - Silvia Sell Duarte


Pillotto, Maryahn Koehler Silva e Letícia T. Mognol

A representação gráfica infantil, pesquisada por teóricos da psicologia, da arte e da


educação, tem sido alvo de polémicas e discussões nos mais variados contextos – nas
escolas, nas universidades, nas famílias, nos consultórios de psicologia e psicopedagogia,
entre outros. A reflexão gira em torno de como melhor compreender a criança através de
um de seus meios mais expressivos - o desenho.

No entanto, mesmo com os inúmeros estudos sobre essa questão, realizados por teóricos
como Read (1958), Lowenfeld (1977) e Dewey (1934), entre outros, na maioria das
vezes, a criança não é respeitada nas suas especificidades e na sua forma própria de
perceber o mundo. Fazem-se prementes, portanto, pesquisas sobre a produção gráfica da
criança, uma vez que esse meio de expressão é, para ela, um dos mais significativos,
envolvendo o seu mundo real e imaginário. O mundo real construído e apropriado pela
observação e imitação de seus pares, e o imaginário, aquele que ela constrói a partir da
sua absorção da realidade. Quando a criança brinca, e nesse ato representa situações e
personagens do mundo adulto, ela apreende o mundo, manifestando-se simbolicamente.
Rabiscar, desenhar e escrever são formas construídas pelo ser humano, ao longo dos
anos, para manifestar-se expressivamente e comunicar-se, objectiva e subjectivamente.
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Para a criança, entretanto, a intenção de transmitir algo a alguém nem sempre está
presente, uma vez que, ao desenvolver suas capacidades sensoriais e motoras, ela
descobre no lápis, no giz, na tinta ou em qualquer outro objecto que tenha estas
propriedades, a possibilidade de deixar as suas marcas. Com o passar do tempo, essas
marcas passam a ter uma intenção, ou seja, a criança passa a ter necessidade de ser
compreendida pelo grupo do qual faz parte. Deixar mensagens é primordial desde épocas
remotas, pois os seres humanos sempre procuraram deixar registada a sua história,
simbolizando seus desejos, conflitos e pensamentos aos outros da sua espécie. A criança
também utiliza o desenho para comunicar-se. Através dele, transmite a sua experiência
subjectiva e o que está activo em sua mente, registando aquilo que é significativo para
ela. Todo ser humano externaliza seus conflitos, suas emoções, entre tantos outros
sentimentos, de uma maneira particular. Essas expressões podem ser percebidas através
da leitura dos desenhos infantis que, quando analisados sob critérios profissionais,
possibilitam a compreensão das relações existentes no contexto infantil, pois suas
produções materializam dados reais e subjectivos. Nesse sentido, é possível nos
remetermos ao contexto da educação infantil, espaço entendido por nós como
possibilidade de apropriação das linguagens (visual, sonora, corporal) e manifestações
expressivas.
No contexto da educação infantil, o educador que percebe a criança como um ser em
desenvolvimento e transformação pode contribuir significativamente no seu processo de
desenvolvimento, uma vez que compreende a criança em seu tempo histórico,
respeitando as suas várias formas de manifestações expressivas. Autores como
Lowenfeld (1977) e Novaes (1972) trazem em seus estudos a reflexão sobre a relevância
de pais e educadores compreenderem as fases e transformações do grafismo infantil a fim
de contribuírem nos processos de criação da criança. Lowenfeld (1977, p. 53) a respeito
das fases do desenvolvimento infantil, afirma que “o conhecimento das mudanças, nos
trabalhos que aparecem em vários níveis de desenvolvimento e das relações subjectivas
entre a criança e seu meio, é necessário ao entendimento da evolução das actividades
criadoras”.
Novaes (1972) considera que o ser humano cria, quando expressa novas formas
existenciais, tanto para ele como para o mundo. Em se tratando da criança, isso se
19
observa no momento em que ela ultrapassa o ato de rabiscar, substituindo-o por outros
grafismos que ampliam significados, culminando na comunicação com outras pessoas em
seu entorno. Para a autora, todas as crianças são únicas nas suas formas de percepção e
expressão, nas suas experiências de vida e nas suas fantasias. A variação do potencial
criador dependerá das oportunidades que terão para expressá-lo. Toda criança é capaz de
criar, basta dar-lhe oportunidades para que isso aconteça. A liberdade de acção, no que
concerne à busca da expressão através do desenho, favorece os processos de criação do
ser humano.

Ao rabiscar, a criança desenvolve seus processos criativos, ampliando suas


potencialidades de expressão. Nessa perspectiva, May (1982, p. 116) afirma que o ato
criativo tem origem “na luta do ser humano contra e com aquilo que o limita”. O autor
observa dois factores presentes no ato criativo: o primeiro refere-se à natureza do
encontro, e o segundo, à intensidade do encontro. O encontro pode ser com um objecto
real, com uma ideia, uma visão interior, assim como pode também ser envolto em
esforço, voluntário ou não. Afirma, ainda, que cada pessoa passa por uma situação de
encontro com o objecto, que pode ser algo que está procurando, ou que simplesmente lhe
tenha chamado a atenção, mas, com certeza, é tomada por emoções. Desta forma, é
possível identificar as emoções em qualquer período do desenvolvimento humano,
embora a capacidade simbólica surja apenas em torno dos dois anos de idade. A criança,
nessa fase, tem necessidade de comunicar-se com outros e, também, consigo mesma. Os
significantes construídos e atribuídos pela criança através do objecto e do seu entorno,
modificam-se de acordo com a sua faixa etária, uma vez que, gradativa e continuamente,
ela passa a ter consciência reflexiva, da qual já é dotada. Através da capacidade
simbólica, a criança potencializa a sua capacidade de criar. A internalização de símbolos
permite-lhe a transposição de uma situação à outra, de um objecto a outro; permite à
criança imaginar-se numa posição diferente da qual se encontra para resolver algum
problema.
Percebe-se o movimento contínuo da criança nas suas ações, a medida em que ela vai
atribuindo funções a objectos ou reproduzindo situações nas quais os objectos não se
fazem presentes. Essas situações estimulam os seus potenciais criativos, permitem-lhe
liberdade de escolha e a transposição do tempo/espaço real.
20
A passagem da actividade motora para a simbolização ocorre quando a
criança, pela primeira vez, produz uma forma que ela interpreta como
semelhante a algum objecto do seu meio (na maioria dos casos, a primeira
forma simbólica é a figura humana). À medida que tais marcas se tornam
simbólicas, a criança começa a construir círculos, rectângulos, triângulos,
etc. e a combiná-los em padrões mais complexos, estabelecendo um
vocabulário de linhas e formas que são as bases da construção da linguagem
gráfica. A partir de então, a criança cria esquemas, padrões fixos, para
objectos e constrói estratégias gráficas para explorar as possibilidades
espaciais oferecidas pelo papel. Entre 5 e 7 anos, as crianças desenham com
notável expressividade, organização e prazer. Há uma necessidade afectiva
de expressar-se num domínio simbólico, buscando entender o mundo e
elaborar sentimentos em relação a temas que lhe são caros. (PILLAR, 1996,
p. 52).

Os símbolos representam o mundo a partir das relações que a criança estabelece com as
pessoas que fazem parte do seu contexto social e cultural, e consigo mesma. A sua
imaginação desenha objectos significativos, sejam eles reais ou frutos da sua fantasia,
expressando uma grande gama de emoção, criação e significados. A linguagem do
desenho permite às crianças inventarem e experimentarem suas idéias, suas ações, seus
desejos e seus sentimentos expressos de formas variadas, deixando transparecer as suas
emoções e o seu imaginário.

Lowenfeld (1977, p. 51) afirma que: “[...] através da compreensão da forma, como o
jovem desenha, e dos métodos que usa para retratar seu meio, podemos penetrar em seu
comportamento e desenvolver a apreciação dos vários complexos modos como ele cresce
e se desenvolve”. Sobre os diferentes estágios do desenvolvimento gráfico, o autor
considera difícil perceber onde uma etapa termina e a outra tem início, já que o
desenvolvimento desse processo é contínuo. Também as diferenças individuais da criança
devem ser levadas em conta, isto é, nem todas passam de uma fase para outra na mesma
época e da mesma forma.

Referindo-se às fases do desenvolvimento, Lowenfeld (1977) denomina a primeira como


Estágio das Garatujas, que acontece por volta dos dois aos quatro anos de idade. Nesta
etapa, a criança faz rabiscos desordenados, ao acaso. A organização e o controle do
traçado são percebidos aos poucos por ela, havendo uma evolução gradativa que vai dos

21
riscos às formas controladas. Nesse estágio, a criança passa por várias fases de
desenvolvimento, explorando seu corpo e espaço. A segunda etapa, Estágio Pré-
Esquemático, tem início por volta dos quatro anos e estende-se até sete,
aproximadamente. Apresenta as primeiras tentativas de representação do real. A criança
desenvolve a consciência da forma e transmite isso pelas imagens dos seus desenhos,
embora as figuras ou objectos apareçam, ainda, de forma desordenada, podendo haver
variações consideráveis nos seus tamanhos. O Estágio Esquemático começa por volta dos
sete anos, estendendo-se até os nove. Nesse estágio, a criança desenvolve o conceito da
forma e seus desenhos simbolizam o que pertence ao seu meio, de maneira descritiva.

[...] é neste período que aparece uma interessante característica


dos desenhos infantis: a criança dispõe os objectos que está
retratando numa linha recta, em toda a largura da margem
inferior da folha de papel. Assim, por exemplo, a casa é seguida de
uma árvore, à qual se segue uma flor que fica ao lado da pessoa
que poderá ficar antes de um cão, que é a figura final do desenho.
(LOWENFELD,1977, p. 55).

Fig. 2.5 - Produção infantil de Luísa Mognol – 6 anos

O Estágio do Realismo perfaz um caminho dos nove aos doze anos, aproximadamente.
Ainda existe muita simbolização nos desenhos, mas a criança tem maior consciência a
seu respeito, projectando-os em suas produções. Se, antes, ela tinha prazer em realizar
desenhos livres, mostrá-los e explicá-los aos outros, nesse estágio, prefere ocultá-los da
observação dos adultos, justamente pela consciência que tem de si e do seu ambiente
natural, gerando uma autocrítica que não se manifestava antes. Luquet (1969) foi um dos
primeiros estudiosos sobre o desenho da criança do ponto de vista de sua evolução
22
cognitiva, procurando compreender o que e como a criança desenha. A partir dessas
concepções, Pillar (1996, p. 40) afirma que “o desenho é a reprodução de um modelo
interno que a criança possui do objecto”. Ao utilizar a expressão “modelo interno”, busca
fazer referência à realidade psíquica que existe no pensamento da criança, o que, por sua
vez, dá origem ao ato criador, pois o ser humano possui uma representação mental do
objecto e uma maneira de representá-lo através de desenhos.
Os quatro estágios do desenvolvimento gráfico, definidos por Luquet (1969), podem
contribuir para a compreensão do educador e da família sobre os processos de
desenvolvimento da criança. O primeiro é denominado de realismo fortuito, estágio esse
que tem início por volta dos dois anos e subdivide-se em desenho involuntário e
voluntário. No primeiro, a criança desenha linhas, uma vez que ainda não tem
consciência de que o conjunto delas passa a representar objectos e não atribui significado
a seus grafismos, mas o faz pelo prazer em repetir os gestos em função da actividade
motora adquirida. No segundo, a criança desenha sem intenção, porém, percebe
semelhanças entre seus traçados e um objecto real, considerando-o de acordo com sua
semelhança. Em seguida surge a intenção, o desejo consciente de desenhar alguma coisa.
Entretanto, a interpretação do desenho para a criança pode modificar-se de acordo com os
significantes atribuídos por ela.
O segundo estágio denomina-se de realismo falhado ou incapacidade sintética– nesse
estágio a criança se preocupa em representar cada objecto de forma diferenciada, não
integra o que desenha num conjunto coerente e exagera ou omite partes, por considerar,
apenas, o seu ponto de vista. Nessa etapa de vida, “a criança não tem a simultaneidade
das acções em pensamento, ela as considera como independentes umas das outras, sem
estarem coordenadas num todo que as reúna.” (PILLAR, 1996, p. 46).
É possível observar que as ações e os pensamentos da criança não se encontram
coordenados, o que lhe impossibilita agrupar as partes de um desenho. Mèredieu (1995)
refere-se à evolução do espaço, afirmando que não existe nenhuma constância de
grandeza ou tentativa para apresentar a profundidade (perspectiva) na produção gráfica
infantil. Embora exista a compreensão de uma relação entre os elementos de um desenho,
esses são representados justapostos, ao invés de coordenados. Esse estágio começa por
volta dos 4 anos e tende a estender-se até os 10 ou 12 anos de idade.

23
O terceiro estágio, chamado de Realismo intelectual, é a representação dos objectos pelo
conhecimento intelectual. A criança, de forma deliberada e consciente, procura
reproduzir o objecto, representando o que vê e também o que não está presente, isto é,
torna transparentes partes de objectos que, a princípio, estariam encobertos, como órgãos
sob a pele e móveis através da parede.
Outra particularidade desse nível é o uso de “legendas nos desenhos para nomear os
objectos, o que faz com que o nome passe a ser uma característica essencial do objecto,
tal como as suas partes”. (PILLAR, 1996, p. 49). A criança procura desenhar a partir da
noção que tem do objecto, iniciando a construção das relações projectivas, isto é, a
projecção dos objectos no espaço, dando a noção de diferentes planos e de profundidade.
Observa-se, também, nessa etapa que a criança coordena os objectos no espaço,
considerando suas posições, distâncias e proporções a partir de uma base de referência.
O quarto e último estágio é denominado de realismo visual, trata-se da representação
visual que a criança tem do objecto. Diferente da etapa anterior, a criança representa os
elementos visíveis, abandonando a transparência. Pillar (1996, p. 50) afirma que os
objectos passam:

Gardner (1999) também apresenta tendência desenvolvimentista, porém não adopta os


estágios de Luquet (1969), atendo-se à variedade de símbolos usados pelas crianças, à
investigação de cada linguagem artística, apontando diferenças encontradas entre elas,
assim como à integração dos aspectos cognitivo e afectivo do desenvolvimento do sujeito
humano.
A criança começa a fazer uso dos símbolos por volta dos dois anos de idade, e entre os
dois e cinco anos passa a ter um domínio maior dos sistemas simbólicos; observa-se,
então, que os primeiros desenhos são decorrentes da actividade motora e não simbólica.
O uso progressivo dos símbolos tem a sua origem em acções significantes, que se
reportam a realidades ausentes. Segundo Rivière (1995), as acções significantes são
formas elaboradas de interacção comunicativa, isto é, a criança passa a utilizar palavras
ou gestos como acções simbólicas quando o objecto, ao qual se refere, não está presente.
Outro aspecto apontado pelo autor é o fato de a criança já se comunicar com o adulto
antes de completar um ano de vida, tendo essa comunicação carácter pré-simbólico, uma
vez que o objecto precisa estar presente para ela poder indicar o que deseja.
24
A medida em que a criança se desenvolve, os recursos simbólicos tornam-se mais
complexos para ela. Se, no início, necessitava da presença do objecto e era restrita às
percepções e experiências imediatas, com o passar do tempo isso se torna dispensável; ela
passa a representar papéis sociais cada vez mais elaborados e cria formas diversificadas
de lidar com situações presentes ou futuras. Isso também é percebido no seu desenho,
uma vez que ela inicia seus traçados com rabiscos que, aos poucos, são substituídos por
figuras e objectos que denotam uma representação com contornos mais próximos àquilo
que ela percebe.
Perondi (2001, p.175) considera que “os desenhos podem ser inspirados por
circunstâncias não previsíveis, porém, frequentemente, eles se relacionam por
acontecimentos próximos ou por circunstâncias similares às experiências já vividas.” A
partir do exposto, é fundamental que se compreenda a criança como um ser pensante,
sensível, que constrói, através das suas representações gráficas, um espaço real e
imaginário.
O estudo aqui socializado com a comunidade académica, educadores, psicólogos e
familiares, busca pensar caminhos para a compreensão do ser e estar criança, em espaço
real, no qual se permita a ela pensar e manifestar-se expressivamente como criança, esse
ser que guarda sinais subjectivos inatingíveis da alma humana, sendo isso o que a torna
tão instigante e tão surpreendentemente interessante. Nessa perspectiva, é fundamental
que o adulto perceba e compreenda a criança como ser humano com características,
pensamentos, sentimentos e vontades próprias.
Fonte: http://revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1219/1033

4. Actividades

Os formandos para aprofundar o conhecimento sobre os textos (1, 2 e 3) acima


apresentados deve realizar as seguintes actividades:
a) Proceder a leitura individual dos textos e produzir um relatório analítico e
comparativo em micro-grupos

25
b) Fazer a recolha, na escola anexa, de desenhos sobre as etapas de
desenvolvimento de crianças
c) Em seminário, os micro-grupos apresentam o relatório e defendem-no através de
debate.

5. Autoavaliação
a) Explique, por tuas próprias palavras o conceito de ‘etapas de
desenvolvimento gráfico da criança’.
b) Como se pode compreender que não hajam pelo menos dois indivíduos
que façam sua evolução idêntica, de uma etapa a outra no seu grafismo?
c) Argumente, apresentado quatro situações do fenómeno da propensão da
criança imitar adultos, de fazer ‘como os grandes’ na fase da garatuja.
d) Confronte os teóricos Luquet, Piaget e Lowenfeld quanto às etapas da
evolução da arte da criança.
e) Caracterize o realismo fortuito, recolhendo e analisando quatro desenhos
desta etapa na sua escola anexa.
f) Há uma etapa da evolução do grafismo da criança em que ela tem a
tendência de usar a ‘transparência’ nos seus desenhos, qual é? Encontre pelo menos
3 desenhos caracterizadores, descrevendo-os.
g) Como discutirias o seguinte trecho: “a transparência é substituída pela
opacidade, suprimindo-se os pormenores visíveis dos objectos. A criança é sujeita à
perspectiva visual…”
h) Justifique a importância do conhecimento das etapas da evolução gráfica
da criança durante a planificação e aprendizagem dos alunos.
i) Como usar o conhecimento das etapas da evolução gráfica da criança no
seu valor catártico e terapêutico (sobretudo em crianças com necessidades
educativas especiais).

6. Chave de Correcção
O grosso das respostas são obtidas através da leitura atenciosa os três textos apresentados
acima. Por outro lado, ao formando se lhe exige a busca ‘in situ’ (na escola anexa) de

26
desenhos que os analisa confrontando-os com as teorias sobre a evolução de Luquet,
Piaget e Lowenfeld e outros.

7. Bibliografia Complementar
DEWEY, J. Art as experience. Londres, 1934.
GARDNER, H. O verdadeiro, o belo e o bom: os princípios básicos para uma nova
educação. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.
LUQUET, G. H. O desenho infantil. Porto: Editora do Minho, 1969.
LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da capacidade criadora.
São Paulo: Mestre Jou,1977.
MAY, R. A coragem do ato de criar. Tradução Aulyde Soares Rodrigues. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1982.
MÈREDIEU, F. O desenho infantil. São Paulo: Cultrix, 1995.
NOVAES, M. H. Psicologia da criatividade. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1972.
Núcleo de Pesquisa em arte na Educação – NUPA, Grafismo infantil: linguagem do
desenho, encontrado em:
http://revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1219/1033, acessado em
26/Nov/2011
PERONDI, D. Processo de alfabetização e desenvolvimento do grafismo infantil.
Caxias do Sul: EDUCS, 2001.
PILLAR, A. D. Desenho e escrita como sistemas de representação. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1996.
READ, H. A educação pela arte. Trad. Ana Maria Rabaça e Luis Filipe Silva
Teixeira.
São Paulo : Martins Fontes, 1958.
REVIÈRE, A. Origem e desenvolvimento da função simbólica na criança. In: COLL,
C. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. Tradução
Francisco Franke Settineri e Marcos A.G. Domingues. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
SALVADOR, A. Conhecer a criança através do desenho. Porto. Porto Editora, 1988
27
TELES, M. L. S. Socorro! É proibido brincar! Petrópolis: Vozes, 1999.

8. Resumo da Unidade

Nesta unidade estudamos as etapas do desenvolvimento gráfico da criança que é um


conceito complexo e difícil de definir. A unidade destacou e caracterizou as distintas
e disputadas (vide Luquet, Piaget e Lowenfeld) etapas da evolução gráfica, desde a
garatuja, à pré-esquemática, à esquemática, ao pseudo-realismo, ao Início do realismo,
realismo, até à Interpretação da arte infantil , alertando para o facto de não haver uma
‘fronteira rígida’ entre onde começa uma fase e termina a outra, pois dependem muito
dos factores como a personalidade individual e os factores ambientais e de
socialização da criança.

Quando o formando estuda os textos sugeridos, ao mesmo tempo desencadeiam-se e


se oferecem linhas de propostas de intervenção e apoio aos alunos, sobretudo àqueles
com necessidades educativas especiais (valor catártico e terapêutico).

9. Glossário

Garatuja – Rabisco; a criança garatuja com a intenção de transmitir uma mensagem.


Etapa das Garatujas é dos 2 a 4 anos. Faz parte da fase sensório-motora (0 a 2 anos) e
parte da fase pré-operacional (2 a 7 anos). É o rabisco efectuado pelo simples prazer
do gesto. É essencialmente motor. Aparece com a aprendizagem do andar e do
sentido de equilíbrio. Divide-se em: (i) Garatuja Desordenada: consiste em traços sem
sentidos, com grandes movimentos. Não tem controlo muscular e os rabiscos não se
limitam à folha de papel; e (ii) Garatuja Controlada: notando que seu gesto produz um
traço, repete-o, agora pelo prazer do efeito.

Etapa pré-Esquemática - é a fase em que a criança cria conscientemente modelos,


que têm alguma relação com o mundo à sua volta, e em consequência, inicia a
compreensão gráfica. Fase pré-esquematica ou simbólica vai desde os 4 aos 7 anos.
Surge o “homem-girino”, origem de toda a figura e profundamente egocêntrico. Ler
mais em: http://infancia12b.webnode.com/news/fase-pre-esquematica/ e
28
http://artes-ae.blogspot.com/2010/09/etapas-do-grafismo-infantil.html

Etapa Esquemática – ou de realismo lógico surge dos 7 aos 9 anos. A criança esta
nas primeiras séries do ensino fundamental. Descobre que é membro da sociedade e
gosta de ter responsabilidade. Desenha não aquilo que vê do objeto, mas aquilo que
sabe. Algumas das características que surgem com maior freqüência nesta fase são:
(i) Rebatimento (plano deitado e casas deitadas de cada lado da rua); (ii)
Transparência (casa representada de dentro e de fora ao mesmo tempo; (iii)
Descontinuidade ; (representação dos objetos fora de ordem); (iv) Sincretismo de
tempo e espaço (vários tempos em uma cena ou vários espaços em um mesmo plano);
(v) Automatismo (persistência em esquemas representativos); e (vi) Pormenores
funcionais (exagero nas minúcias)

Pseudo-realismo – ou Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações abstractas


(10 anos em diante) É o fim da arte como actividade espontânea. Inicia a investigação
de sua própria personalidade. No espaço já apresenta a profundidade ou a
preocupação com experiências emocionais (espaço subjectivo). Na figura humana as
características sexuais são exageradas, presença das articulações e proporções.

Realismo Visual - Representa a realidade visual, usa as cores conforme a natureza.


Desenvolve a noção de superfície e autocrítica. Entre os 9 e 12 anos a criança
descobre que é um membro da sociedade e que tarefas realizadas em conjunto se
revestem de maior significado. Por isso, os aspectos sociais (planeamento urbano,
ajuda aos pobres e etc) são os que mais atraem as crianças nesta idade.

29
Unidade Temática III - Planificação e Avaliação

Duração da Unidade: 6 Horas

1. Introdução da Unidade Temática:


A presente unidade temática aborda dois aspectos fundamentais para o ensino de ofícios e
educação visual: a planificação e avaliação. Procura-se interpretar o novo paradigma de
planificação e avaliação no âmbito da implementação do plano curricular e programa de
ensino de ofícios e educação visual.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:


 Interpreta o Plano Curricular e o programa de ensino da disciplina de Educação
Visual.

3. Recursos de Aprendizagem

Texto 1: Planificação

Por planificação se entende que seja um processo de racionalização, organização e


coordenação da acção docente, articulando a actividade escolar e a problemática do
contexto social. A planificação tem por objectivo termos uma boa aula.

Uma boa aula de ofícios e de educação visual deve, entre outros, ser caracterizada
por:

 Reflectir robustez nos conteúdos assimilados;


 Segurança
 O conhecimento ser disponível;
 O conhecimento ser aplicável.

A planificação do processo de ensino e aprendizagem da disciplina dos ofícios e


educação visual deve gravitar sobre o seguinte leque de questões e que neles se baseia:
30
 Para que fim este trabalho será realizado esta actividade? [Objectivos]
 Que assuntos se pretendem aprender/estudar em ofícios e educação visual?
[conteúdos]
 Para quem estamos a organizar/planificar o trabalho/actividade da disciplina de
ofícios e educação visual? [sujeito da aprendizagem = aluno]
 Como é que esta actividade será realizada de quanto necessita? [métodos]
 Em que medida foi/será conseguida esta actividade [meios de avaliação]

As questões acima são consideradas importantes porque permitem indicar e considerar os


objectivos, conteúdos, métodos e meios de avaliação do plano da lição.

Os objectivos de uma aula de ofícios e de educação visual devem estar de harmonia com
os objectivos de ensino do SNE. Estes objectivos devem situar-se num grau de
compreensão escrita apropriada para o nível dos alunos; ou seja relevantes e que não
suscitem interpretações variadas. A formulação dos objectivos do ensino de ofícios e de
educação visual é essencial dado que melhora a planificação, a orientação e avaliação das
actividades inerentes ao processo de ensino e aprendizagem.

Os conteúdos para o ensino e aprendizagem de ofícios e educação visual são


seleccionados tendo em conta aos objectivos, a sua compreensibilidade, cientificidade e
relevância ao sujeito da aprendizagem; o aluno.

Ao planificarmos a nossa lição de ofícios e de educação visual é também importante


considerarmos os métodos de ensino através dos quais os conteúdos (matéria) do ensino
serão aprendidos pelos alunos. Os métodos principais a considerar são: expositivo,
elaboração conjunta, e trabalho independente dos alunos. O uso destes métodos pelo
professor deve ser comedido: se o professor está introduzir uma matéria ou transmitir
novos conceitos na aprendizagem; se o professor busca o desenvolvimento de habilidades
nos alunos; se o professor quer consolidar as matérias aprendidas pelos alunos; e se o
professor quer que os alunos apliquem os conhecimentos adquiridos num determinado
contexto ou situação. Aqui o professor deve ter em conta dos novos paradigmas do
ensino e aprendizagem que apontam para uma participação activa do aluno na construção
dos seus saberes e na natureza eminentemente prática das disciplinas de ofícios e
educação visual.

31
Por outro lado, a planificação duma aula tem em conta a questão dos meios e formas de
avaliação. A avaliação compreende um processo de identificar, obter e proporcionar
informação útil e descritiva acerca do valor e do mérito das metas da planificação, da
realização e do impacto de um objectivo determinado com o fim de servir de guia para a
tomada de decisões para solucionar os problemas de responsabilidade e para
compreensão dos fenómenos implicados. Essencialmente, o plano deve procurar que o
professor faça:

 Avaliação diagnóstica (geralmente no início das aulas ou da matéria para aferir do


nível dos alunos)

 Avaliação formativa (tida como sendo qualitativa que se traduz pela verificação
pontual da aquisição da aprendizagem através de perguntas orais, trabalhos de
casa e sua correcção conjunta, trabalho em grupo, trabalho independente durante a
aula)

 Avaliação sumativa (que se resume na classificação, selecção e aprovação e


reprovação dos alunos).

Estas formas de avaliação são importantes no julgamento do processo de ensino e


aprendizagem de ofícios e educação visual. Mas o que é avaliação? Quais são as etapas
da avaliação? Que instrumentos de avaliação se usam? O por quê das reprovações?

Texto 2: Avaliação
1. O que é avaliação?
Avaliar não é simplesmente medir. Pode-se medir o comprimento da sala de aula [os
ângulos de uma porta, o perímetro de uma estante, etc.]. Mas não se pode medir
objectivamente o comportamento de uma pessoa, a aprendizagem de um aluno. Como
pode o professor medir objectivamente as mudanças produzidas por um processo de
aprendizagem sobre a personalidade de uma criança [na execução de um desenho ou uma
pintura decorativa]?
Então, o que [será] avaliar? É muito mais do que medir, embora possa inc1uir a medida.
Mas, a medida não pode constituir "julgamento final". Se um professor avalia um aluno
pelo acerto ou pelo erro numa conta de somar, por exemplo, ele estará usando a medida
“errou ou acertou” como a avaliação final: João errou e está mais atrasado que Justina,
que acertou; Justina sabe [desenhar] e João não sabe. No entanto, quem garante que João
32
não sabe [desenhar]? Quem garante que ele não [fez bem o desenho] apenas porque se
atrapalhou na hora, porque estava nervoso, porque não ligou muito para a [composição
estava a executar]? Além disso, o facto de João não ter [feito bem o desenho] não
significa que esta mais atrasado que Justina, pois João pode saber muitas outras coisas
que Justina não sabe. Além disso, apesar de ter errado [o desenho], João pode ter
aprendido, pois muitas vezes o erro também ajuda a pessoa a aprender.
Estamos falando de avaliação escolar e avaliação escolar refere-se à aprendizagem. Isto
é: o aluno aprendeu ou não aprendeu? Aprendeu do jeito que foi ensinado ou não? Sabe
fazer sozinho o que aprendeu? Como se vê, a avaliação escolar é muito limitada,
restringe-se aos objectivos da escola ligados à cada uma das matérias. Entretanto, muitas
vezes, a questão da avaliação vai muito longe: a partir de uma nota baixa em [Ofícios e
Educação Visual], o aluno passa a ser considerado incapaz de aprender, passa a ser
discriminado, marginalizado pelo professor e pelos colegas e, muitas vezes, e obrigado a
deixar a escola. As vezes, a partir de algo tão limitado quanto o rendimento numa matéria
escolar, atinge-se toda a vida do estudante: suas emoções, seus divertimentos, suas
relações com os amigos, com os pais, etc.
Uma avaliação escolar, [e sobretudo em Ofícios e Educação Visual] mais adequada deve
ser limitada ao que o aluno faz num caso específico, numa matéria específica, e não
produzir efeitos sobre outros aspectos da vida. E mesmo a avaliação específica e limitada
pode ter sua utilidade posta em dúvida, Para que serve? Ajuda o aluno a aprender mais?
Não poderia ele mesmo, individualmente e em silêncio, verificar se fez ou não bem o
desenho? Para que todos devem ficar sabendo? Para que registar em numerosos papéis
que este sabe [desenhar] e aquele não sabe? Por que convocar os pais para dizer-lhes que
seu filho não sabe [desenhar]? Tudo isso cria uma situação constrangedora para o aluno,
torna a escola algo desagradável. E tudo isso mata a vontade de aprender.
Mas, como até hoje a avaliação não foi abolida das escolas, vejamos algumas
informações sobre como se pode fazer a avaliação escolar e interpretar seus resultados da
forma menos prejudicial à aprendizagem livre e criativa [em Ofícios e Educação Visual].

2. Etapas da avaliação.
A avaliação não é um momento, no final do processo de aprendizagem. A avaliação, na
realidade, começa na planificação: no estabelecimento dos objectivos a serem atingidos

33
pelos alunos, ao final do processo, e na escolha das actividades que poderão levar os
alunos a atingir esses objectivos. Duas perguntas devem ser respondidas pela
planificação: O que devem saber fazer os alunos no final do processo? Que actividades
podem levá-los a aprender?
O segundo passo é a realização das actividades planificadas. Se, ao final do processo, o
aluno deve saber [desenhar], durante o processo de aprendizagem deve realizar as
actividades que podem levá-lo a esse objectivo: ouvir uma explicação do professor,
acompanhar um exemplo feito pelo professor, conversar com os colegas à respeito, tentar
fazer [um desenho], etc.

O terceiro passo é a verificação. Por meio de vários instrumentos de avaliação, o


professor verifica se o aluno aprendeu ou não, se sabe ou não [desenhar]. Caso tenha
aprendido, passa-se para o ponto seguinte. Caso não tenha aprendido, volta-se ao mesmo
ponto, lançando mão de actividades diferentes, próprias para a aprendizagem [do
desenho].
Nas três etapas – planificação, realização e verificação - e de importância fundamental
o debate com os outros professores e técnicos da escola e a participação dos alunos.
Para planificar juntamente com os alunos, o professor deve discutir com eles os
objectivos a atingir, verificar se são esses os objectivos que todos os alunos pretendem, se
há alunos que não querem alcançar esses objectivos. Será que os alunos se acham capazes
de atingir esses objectivos? Quais as actividades que podem levar ate os objectivos? Há
outras actividades sugeridas pelos alunos?
Realizar juntamente com os alunos consiste em acompanhar e orientar o trabalho dos
alunos, possibilitar que tomem iniciativas, que realizem espontaneamente. Isso não será
difícil se todos tiverem chegado a um acordo quanto aos objectivos a atingir e quanto às
actividades adequadas para atingir tais objectivos.

Em todas as etapas da avaliação, a participação dos alunos e de importância fundamental.

Se os alunos participaram da escolha dos objectivos e das actividades e se desenvolveram


as actividades, naturalmente estão em condições de verificar se alcançaram ou não os
objectivos, se as actividades foram adequadas ou não. Se tal verificação for feita pelos
alunos, juntamente com o professor, eles estarão mais dispostos a mudar o que for

34
preciso, caso não tenham alcançado os objectivos, e a continuar o processo de
aprendizagem.

3. Instrumentos de avaliação
Entre os vários instrumentos que podem ser utilizados para a verificação da
aprendizagem, os mais empregados são os testes objectivos, as provas orais, as
dissertações e os trabalhos livres.

Testes objectivos
Os chamados testes objectivos, na verdade não são tão objectivos. Na formulação das
perguntas, na escolha da matéria que vai ser incluída ou que vai ficar de fora e na própria
selecção da resposta correcta entra muito da subjectividade do professor que elabora os
testes. Veja a opinião de Brownell sobre os testes:
"Bem, em primeiro lugar alguém decide aplicar um teste. A decisão não é, naturalmente,
baseada em considerações puramente objectivas. Segundo, a pessoa determina se vai
elaborar ou comprar um teste. "Terceiro, deve decidir-se à respeito do tipo do teste-se vai
ser do tipo tradicional, do tipo mais modemo ou uma combinação dos dois - julgamento
subjectivo, novamente. Quarto, fixa o objectivo do teste - mais uma vez, julgamento
subjectivo. Quinto, selecciona os itens a serem incluídos - pequena objectividade, aqui.
Sexto, escolhe a forma a ser empregada - verdadeiro-falso, múltipla escolha ou qualquer
outra - novamente pequena objectividade. Sétimo, constrói os itens tão cuidadosamente
quanto possível - e mais uma vez tem apenas seu próprio tirocínio como guia. Oitavo,
prepara uma chave de correcção, colocando numa lista as respostas certas - um
julgamento que pode não ser aceite por outros professores, mesmo os da mesma matéria.
Nono, através de sua opinião, define as condições de aplicação do teste. Décimo, corrige
as provas - finalmente, objectividade. Mas, décimo primeiro, dá as notas -mais um
julgamento bastante subjectivo". (Apud: LINDGREN. Op. cit., p. 440)
Os testes objectivos mais conhecidos são os seguintes: falso-verdadeiro, múltipla
escolha, complemento ou lacunas, e acasalamento.

Vejamos um exemplo de cada tipo:


1.°) falso-verdadeiro:
35
Antes da seguinte afirmação, assinale o "F", se for falsa ou o"V", se for verdadeira: FV -
na verdade, os testes chamados objectivos não são tão Objectivos como muitos poderiam
pensar.
2.°) Múltipla escolha: Assinale a alternativa correcta: [O reconhecimento de
Malangatana Ngwenha como ícone das artes e cultura pelo Estado Moçambicano, ditou
que:
A. a arte moçambicana fosse mais conhecida no mundo.
B. a apreciação das artes pelos locais diminuísse.
C. uma nova página nas artes e cultura no país.
D. se exportasse mais arte para o mundo ocidental.
3.°) Complemento ou lacunas: Na frase que segue, escreva a palavra que falta: Na
verdade, os testes chamados objectivos não são tão como muitos poderiam pensar.
4.°) Acasalamento: Relacione a coluna da direita com a da esquerda, escrevendo antes
de cada teoria o número do psicólogo que a defendeu:

1. Skinner ( ) Teoria psicanalítica


2. Bruner ( ) Teoria humanista
3. Maslow ( ) Teoria cognitiva
4. Freud ( ) Teoria do condicionamento

A elaboração de testes objectivos é demorada, mas sua correcção e tão simples que pode
ser feita por qualquer pessoa, desde que tenha a lista das respostas. Estas não permitem
variação e, por isso, afirma-se que a avaliação é mais objectiva, mais neutra. A correcção
pode ser feita, inclusive, por computador, o que aumenta a rapidez, fazendo com que tais
testes sejam os preferidos quando o número de examinandos e muito grande, como, por
exemplo, nos concursos vestibulares.
Entretanto, na medida em que estimulam principalmente a memorização, esses tipos de
teste tendem a limitar o desenvolvimento do pensamento e do raciocínio, Limitam,
também, o desenvolvimento da linguagem, pois, normalmente, o aluno se restringe a
assinalar a resposta correcta, sem precisar escrever nada. Além disso, o acerto pode estar
baseado no acaso e não no conhecimento da matéria, pois, muitas vezes, quando não
sabe, o aluno "chuta" qualquer resposta e tem certa probabilidade de acertar. No teste tipo

36
falso-verdadeiro, a probabilidade de acerto por acaso e de 50% e no teste de múltipla
escolha, com quatro alternativas, essa probabilidade e de 25%.

Provas orais
Essas provas foram muito utilizadas no passado. Actualmente foram praticamente
abandonadas, por várias razoes: O exame de todos os alunos é muito demorado; O aluno
tímido, com dificuldade de falar em público, leva desvantagem; a variação da dificuldade
das questões apresentadas aos diversos alunos pode ocasionar graves injustiças na
avaliação, etc.
Todavia, apesar das desvantagens apontadas, quando conduzidas com seriedade, as
provas orais podem trazer resultados positivos: O aluno adquire maior domínio da
matéria, desenvolve sua habilidade para falar em público, treina sua expressão oral,
promove-se a convivência social na sala de aula, etc. Além disso, as provas orais
possibilitam ao professor um maior conhecimento do aluno e, também, uma interacção
saudável entre professor e alunos.

Dissertações
Dissertações são provas escritas, que podem assumir a forma de perguntas a serem
respondidas ou de um tema sobre o qual o aluno deve fazer uma redacção. Na verdade, as
provas dissertativas permitem um trabalho mais criativo do aluno, pois ele tem maior
liberdade para responder ou escrever sobre o tema proposto. Estimulam o pensamento, a
elaboração pessoal e desenvolvem a linguagem. Ninguém aprende a escrever a não ser
escrevendo. É importante que o professor encontre tempo para comentar as dissertações
dos alunos, valorizando os progressos que vão alcançando.
Os que são contrárias as provas dissertativas alegam que elas não permitem objectividade
na correcção, já que cada professor pode usar critérios diferentes. Observou-se, em
pesquisas, que a mesma prova dissertativa, corrigida por diferentes professores, obteve
notas muito diferentes, Entretanto, entre uma prova que e subjectiva na preparação - O
teste - e outra que e subjectiva na correcção -a dissertação - devemos escolher aquela que
contribui mais para o desenvolvimento da criatividade e para a realização pessoal. Parece
ser o caso da dissertação, que permite uma certa liberdade no desenvolvimento das
questões ou do tema proposto. As questões a serem resolvidas, como as de [ofícios e
37
educação visual], podem ser propostas de forma aberta, para que os alunos as resolvam, e
não com algumas respostas fechadas, entre as quais deve ser indicada a correcta.

Trabalhos livres
Quando o aluno pode escolher o tema de sua dissertação, o assunto de sua pesquisa ou o
tipo de trabalho que vai fazer, certamente seu grau de liberdade e bem mais amplo. Com
maior liberdade de trabalho, crescem a participação pessoal, o interesse, o entusiasmo. E
os resultados, em termos de rendimento escolar e de realização pessoal, serão muito mais
significativos.

O resultado de uma prova não deve permitir formulação de juízos de valor sobre um
aluno nem comparações entre alunos.

4. Interpretação dos resultados


Não se pode, como já foi dito, dar demasiada importância aos resultados de uma prova e,
a partir deles, fazer juízos de valor sobre o aluno. Sobre a interpretação dos resultados, e
importante a consideração de cinco pontos:
1.°) Toda avaliação deve ter como critério o aluno que está sendo avaliado, suas aptidões
e interesses. Isso significa que, em ciências, por exemplo, se um aluno se interessa mais
por ofícios pode trabalhar mais nessa área, e ser especialmente avaliado por esse
trabalhos realizados nessas disciplinas; se outro se interessa mais educação visual, pode
ser avaliado mais especialmente nessa área, e assim por diante.
2.°) Como consequência do exposto acima, é prejudicial toda comparação dos resultados
de um aluno com os resultados conseguidos por outro aluno: se a comparação pode
estimular o aluno que conseguiu melhores resultados, pode também desestimular o que se
saiu pior. Além disso, tal comparação cria um clima de competição, mais tarde
transferido da sala de aula para a vida diária, Nesse clima, cada um passa a ver o
companheiro como um concorrente a ser vencido ou eliminado, e não como um ser
humano com o qual deve trabalhar junto, em busca da solução dos problemas comuns.
3.°) A avaliação deve servir para aumentar a confiança do aluno em sua própria
capacidade. A avaliação e um meio, um instrumento, que deve servir como ponto de
referência para o aluno, para que ele saiba em que direcção esta avançando, em que
direcção os outros estão avançando, se esta se aproximando ou não dos objectivos
38
estabelecidos. O aluno não deve ser escravo da avaliação, estudar em função dela. Se
fizer assim, esquecerá rapidamente o que tiver aprendido.
4.°) Para o professor, a avaliação também deve servir de meio de análise dos resultados
de seu próprio trabalho. E comum ouvir professores dizerem que os alunos vão mal em
suas provas porque não estudam, porque são preguiçosos. Será que a explicação não e
outra? Não será o trabalho do professor que não está sendo adequado? Por isso, a
avaliação pode ajudar o professor a mudar sua forma de trabalho, sua maneira de dar
aula.

5.°) Por fim, mais uma palavra sobre a nota. A nota é tão valorizada nas escolas que cria
traumas, medos, e ate sintomas físicos, como tremedeira, transpiração excessiva,
diarreias, etc. É evidente que o pavor de tirar nota baixa, o medo diante de uma prova
prejudicam a aprendizagem e o rendimento do aluno. Se as notas não podem ser abolidas,
como seria desejável, sua importância deve ser reduzida ao mínimo indispensável, de
forma que não interfiram negativamente na aprendizagem, sem qualquer proveito para o
aluno.

5. O problema da reprovação
De maneira geral, a reprovação é prejudicial, tanto para o desenvolvimento emocional e
social do aluno, quanto para seu desenvolvimento intelectual. O que ocorre, geralmente, e
que a escola, o currículo, a própria maneira de trabalhar e de ensinar, podem ser
inadequadas para as crianças, Nesse caso, convém mudar o currículo e a escola ao invés
de reprovar as crianças. Se apenas 10% dos que começam o primeiro grau chegam ao
início do segundo grau, isso e sinal mais do que evidente de que a escola e que deve
mudar para atender as necessidades da população.

6. Filosofia geral da avaliação do processo de ensino e aprendizagem na formação


de professores primários

A avaliação como parte integrante do processo de ensino-aprendizagem, é uma actividade


contínua que visa verificar até que ponto as metas do processo estão a ser alcançadas. Ela
permite, por um lado, que se obtenha uma imagem do desempenho do formando em

39
termos das competências descritas no plano curricular e, por outro, servir como
mecanismo de retro alimentação ao processo de ensino-aprendizagem.

Objectivos da avaliação:

a) Determinar o grau de aquisição e desenvolvimento de competências do formando;

b) Comprovar a adequação, eficiência e eficácia dos métodos e meios de ensino-


aprendizagem utilizados pelos formadores bem como da relevância do Currículo e
dos programas de formação;

c) Contribuir para avaliação do desempenho do formador;

d) Contribuir para a elevação da qualidade de formação.

Numa formação baseada em competências, a base de avaliação é o desempenho


competente do futuro professor primário, isto é, “a capacidade de mobilizar
conhecimentos, habilidades, procedimentos métodos e técnicas, atitudes e valores e pôr
em acção em qualquer situação”; (UNESCO, 2004).
A fonte principal de avaliação das competências são evidências que demonstram o
alcance de um determinado resultado de aprendizagem dentro de um módulo por parte do
formando, as evidências podem ser de natureza oral e escrita ou em forma de um produto
específico.

Formas de avaliação

As formas de avaliação devem ser diversificadas e articuladas com as estratégias


utilizadas no processo de ensino-aprendizagem para permitir que o formando tenha maior
participação na mobilização, pesquisa e articulação de conhecimentos e seja capaz de
construir quadros de referência próprios, testar as suas estratégias de aprendizagem e
criar mecanismos de auto-controlo nessa aprendizagem. Os instrumentos de avaliação são
ferramentas para avaliar os resultados da aprendizagem, os critérios de desempenho e o
âmbito da aplicação. Ao realizar a avaliação, o formador deve estar claro sobre a
finalidade da mesma, isto é, se se trata de avaliação diagnóstica, formativa ou sumativa.

A avaliação diagnóstica deve anteceder a introdução de cada módulo, como forma de se


identificar o nível em que cada formando se encontra, para que o formador possa orientar
40
melhor o processo. A avaliação formativa é aquela que é feita ao longo do processo de
ensino/aprendizagem, para se aferir sobre o progresso do formando.

A avaliação sumativa é feita após a conclusão de um módulo e visa fornecer evidências


para efeitos de certificação.

O formador de cada módulo deve prever as formas de avaliação que deverão ser
utilizadas e como se traduzirão os dados recolhidos para a classificação a atribuir. Para
um processo avaliativo, espera-se que o formador dê a conhecer antecipadamente alguns
destes princípios1:

 O que vai avaliar;


 As técnicas e métodos de avaliação;
 As possibilidades e limitações das técnicas escolhidas para a avaliação;

Os critérios de avaliação que indiquem as aprendizagens imprescindíveis. (…)

Avaliação como garantia de qualidade de formação

O resultado desejável para de Formação de Professores é reconhecer o formando pelo seu


conhecimento, habilidades, atitudes e grau de autonomia. Por conseguinte, torna-se
fundamental que o sistema de avaliação forneça uma medida de sucesso equiparável aos
resultados da aprendizagem. Uma avaliação eficaz deve suster-se da recolha de diversas
evidências de aprendizagem, tal como por exemplo as seguintes:

1. Evidências de Desempenho: Observação directa das actividades práticas realizadas


 Práticas Pedagógicas na escola Primária;
 Simulações de aulas no IFP;
 Estágio na escola Primária
 Projectos/trabalhos/Relatórios

2. Evidências de Conhecimento e Compreensão: Poderão ser aplicados testes escritos e


orais
Escritos (Resumo, reconto, questionário, etc.)
Orais (Relato, reconto, descrição, etc.)
 Fichas avaliativas de escolha múltipla

1
Piletti, 1986: 194-5.
41
Ao nível das IFP, a avaliação deverá decorrer a três níveis em termos de quem avalia, a
saber:
 dentro da sala de aula, os formadores responsáveis pela leccionação do módulo
avaliam o processo da sua aprendizagem;
 ao nível interno, o IFP’s deverá identificar um grupo de formadores para avaliar
alguns formandos seleccionados aleatoriamente para legitimar a avaliação feita
pelo formador do módulo já leccionado (concluído).

No terceiro momento, a avaliação deve ser legitimada por um grupo de formadores


(avaliadores), designados verificadores externos. Tanto na verificação interna como na
externa os verificadores tem como actividade identificar as evidências que comprovem
que os formandos adquiriram competências (conhecimentos, habilidades e atitudes)
relativas a um determinado módulo.

4. Actividades

Acerca da planificação
1) Busque da literatura conceitos sobre planificação e em micro-grupos partilhe com os
teus colegas, cuidando dos aspectos comuns, diferentes. Sob ponto de vista do grupo
o que deve ser a planificação no âmbito dos ofícios e educação visual.

2) Refaça o esquema abaixa atendendo o pressuposto construtivista de que o aprendente


é construtor dos seus saberes?

3) Fale dos elementos que compõem um plano de aulas. Discuta pelo menos quatro
deles.

42
Sobre avaliação

1) Como discutirias os aspectos da avaliação constantes dos programas de ensino de


Ofícios e da Educação Visual do ensino básico? Dê pelo menos cinco exemplos de
formas de avaliação.

2) Converse com alguns colegas sobre as avaliações escolares em sua escola e relate
dois exemplos: um que mostre a influência negativa da avaliação sobre o desempenho
de algum aluno, e outro que mostre uma influência positiva em ofícios e educação
visual.

3) Escreva algumas linhas sobre o seguinte assunto: Minha experiência com provas e
notas.

4) Escreva o maior número possível de sugestões que, em seu entender, podem melhorar
o sistema de avaliação em sua escola.

5) Trabalho em grupo. Discussão colectiva das sugestões apresentadas no item 5.


Apontar as vantagens e desvantagens de cada uma, verificar quais podem ser
aplicadas.

6) Debate. A turma pode ser dividida em dois grupos para debater a seguinte questão:
Reprovação: prós e contras. Inicialmente. Cada grupo pode apresentar argumentos
favoráveis a uma das posições: em seguida, se possível, a turma pode chegar a
algumas conclusões gerais.

7) Debruce-se sobre a filosofia geral da avaliação do processo na formação de


professores em termos das suas finalidades. (ler o texto do plano curricular da
formação de professores primários (PCFPP))

8) Quais os objectivos da avaliação preconizadas no PCFPP?

9) Discuta as formas de avaliação sugeridas no PCFPP e compare com a situação em


que se encontra nesse âmbito.

10) Em micro-grupos debater a avaliação como garantia de qualidade de formação para


depois, em plenária, apresentar os resultados das discussões.

5. Autoavaliação

1.) Questões sobre a planificação


43
a) O que entende por planificação?
b) Como se pode caracterizar a planificação em ofícios e educação visual?
c) De que depende a planificação do processo de ensino e aprendizagem da disciplina
dos ofícios e educação visual?
d) Distinga os objectivos dos conteúdos.
e) Quais os métodos de ensino que conhece? Discuta pelo menos dois deles.
f) Fale do papel do aluno na perspectiva de uma pedagogia moderna

2.) Questões sobre a avaliação


a) A que é avaliação? A que é avaliação escolar e quais os seus limites?
b) Por que se pode afirmar que a avaliação ocorre durante O planificação, a realização e a
verificação das actividades escolares?
c) O que significa planificar, realizar e avaliar juntamente com alunos e outros
professores?
d) Os testes objectivos são mesmo objectivos? Por que? Cite exemplos nas disciplinas de
ofícios e educação visual.
e) Faça um quadro em que apareçam as vantagens e desvantagens de cada instrumento de
avaliação: testes objectivos, provas orais, dissertações e trabalhos livres.
f) Como interpretar os resultados da avaliação?
2.1 Classifique cada uma das seguintes afirmações como verdadeira ou falsa:
a) A avaliação escolar e tão objectiva quanto a realização de uma pintura decorativa.
b) Avaliar é muito mais do que medir.
c) O aluno que erra um desenho não aprendeu a lição.
d) A avaliação do professor e sempre objectiva e justa.
e) O aluno deve participar de todas as etapas da avaliação.
f) A avaliação não se limita ao momento da prova.
g) As testes de múltipla escolha são medidas objectivos.
h) Os testes de múltipla escolha são os mais indicados para o desenvolvimento criativo.
i) As provas orais favorecem o desenvolvimento da linguagem oral e do desembaraço
para falar em público.
l) As provas dissertativas possibilitam um trabalho criativo por parte do aluno.
I) Os trabalhos livres produzem aumento de interesse do aluno pelo estudo.
44
m) O professor e o único critério da avaliação,
n) A comparação entre os resultados obtidos por diversos alunos é benéfica para a
aprendizagem.
0) A avaliação deve aumentar a autoconfiança do aluno.
p) O aluno deve estudar para obter boas notas.
q) O aluno deve ser reprovado, quando não alcança os resultados esperados, pois
aprenderá mais no ano seguinte.
r) O baixo rendimento dos alunos é quase sempre consequência da inadequação da
escola.
s) A auto-avaliação é fundamental para a formação do ser humano.

6. Chave de Correcção
Respostas as perguntas da auto-avaliação são em parte encontradas nos textos 1 e 2 e, por
vezes, se buscam das experiências.

7. Bibliografia Complementar

INDE Plano Curricular de Formação de Professores, Maputo.2006.

MEC (2006) Plano Curricular de Formação de Professores para o Ensino Primário;

Perrenoud, Ph., Gather T, M., De Macedo, L., Machado, N.J. e Allessandrini, C.D. As
Competências para Ensinar no Século XXI. A Formação dos Professores e o Désafio da
Avaliação. Porto Alegre: Artmed Editora. 2002;

Pilleti, N. Psicologia Educacional. São Paulo, Ática, 2008;

8. Resumo da Unidade

Planificação é um processo de racionalização, organização e coordenação da acção


docente, articulando a actividade escolar e a problemática do contexto social. Ao

45
planificarmos a nossa lição de ofícios e de educação visual é também importante
considerarmos os objectivos, métodos de ensino, conteúdos e a avaliação. Por sua vez,
Avaliar e muito mais do que medir. Avaliar envolve sempre, a partir dos dados
observados, um juízo de quem avalia, influenciado por sua subjectividade. Na escola,
procura-se avaliar a aprendizagem, mas, muitas vezes, a partir da avaliação da
aprendizagem atinge-se, de forma negativa, a pessoa do aluno.

A avaliação compreende três etapas principais: a) a planificação de objectivos e


actividades; b) a realização das actividades; c) a verificação dos resultados alcançados.
Em todas as etapas e fundamental a participação dos alunos.

Entre os instrumentos de avaliação, podemos citar: a) os testes objectivos: falso-


verdadeiro, múltipla escolha, completamento ou lacunas, acasalamento; b) as provas
orais; c) as dissertações; d) os trabalhos livres.

Na interpretação dos resultados, devem ser considerados alguns pontos importantes: a)


toda avaliação deve ter como critério o aluno que esta sendo avaliado; b) a comparação
entre um aluno e outro e prejudicial; c) a avaliação deve aumentar a confiança do aluno;
d) a avaliação pode contribuir para que 0 professor modifique seu sistema de trabalho; e)
as notas não podem ser supervalorizadas.

A reprovação em geral e prejudicial, pois não serve para motivar os alunos nem para
manter o nível elevado, nem para tornar a turma mais homogénea, Se os alunos vão mal,
provavelmente e a escola que deve mudar.

A auto-avaliação, treinada diariamente, e um meio eficaz para o desenvolvimento da


consciência crítica e a formação do ser humano livre e responsável.

9. Glossário

46
Competência - é a capacidade de enfrentar com sucesso ou levar a cabo uma tarefa.
Neste âmbito, um desempenho competente corresponde a combinação de habilidades
cognitivas e práticas inter-relacionadas, conhecimento (incluindo o conhecimento tácito),
motivação, valores e ética, atitudes, emoções e outros componentes sociais e
comportamentais e o contexto. UNESCO (2004) apup INDE, 2004.

Competências profissionais - conjunto diversificado conhecimentos da profissão, de


esquemas de acção e de posturas que são mobilizadas no exercício da profissão de
professor (Perrenoud et al, 2002).

Currículo - No sentido amplo, consiste na proposta educativa de uma sociedade. O


currículo oficial consiste naquilo que as autoridades decidem que é necessário ensinar. O
currículo real é o que, realmente, acontece nos processos de ensino - aprendizagem nas
escolas. (INDE/PCESG: 2004)

Plano curricular - É um documento oficial, onde constam os fundamentos, os


objectivos, os conteúdos, as orientações didáctico – pedagógicas e as propostas de
avaliação de maneira a orientar a prática educativa.

47
Unidade Temática IV - Moldagem

Duração da Unidade: 6 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


Há muito tempo que o Homem vem usando diferentes materiais para produção de
objectos, principalmente utilitários e decorativos. Dentre os vários procedimentos de
produção, consta a moldagem, que será assunto de abordagem nesta Unidade Temática.

Assim, farão parte desta Unidade, a noção de moldagem, os materiais e utensílios para
moldagem, o molde, os acabamentos nas peças, os fornos e a secagem e cozedura das
peças.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática

 Executa alguns processos simples de moldagem;

 Executa moldes simples para produção de peças em série;

 Prepara barro creme (barbotina);

 Distingue o processo artesanal do processo industrial de produção de objectos;

 Produz objectos decorativos e utilitários com base nos moldes previamente


elaborados por ele;

 Faz acabamento e decoração das peças moldadas;

 Constrói fornos artesanais;

 Faz a secagem e cozedura das peças.

48
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Noção de moldagem

A moldagem é um processo que consiste em produzir objectos a partir de um molde ou


forma. Usando materiais que podem tomar várias formas (pastosos ou líquidos), enche-
se a concavidade do molde e, após ter secado o suficiente, retira-se a peça já com o
formato do respectivo molde. Assim pode ser seguidas etapas complementares como a
decoração e queima se necessário.

Com o procedimento da moldagem, é possível a produção de uma série de objectos


idênticos, com exactidão muito aproximada e em curto espaço de tempo. Por exemplo,
várias peças de loiça, brinquedos, peças de automóveis, grelhas ou respiradores usados
em construções, entre outros, são fruto do processo de moldagem.

Fig. 4.1 – Exemplos de produtos moldados.

3.2. Materiais e utensílios para moldagem

O processo da moldagem consiste basicamente no enchimento de moldes com


substâncias que poderão tomar a forma deste. Deste modo, para a excussão desta
actividade é necessário ter basicamente:

 Recipientes (bacias, baldes, etc.) onde se preparará a substância a moldar;

49
 Utensílios que usará para o enchimento dos moldes (colheres, pás, púcaros,
chávenas, etc.);

 Os moldes adequados às formas que se pretendem produzir;

 Superfície de trabalho (mesa, tábuas, etc.).

Os materiais habitualmente usados para a moldagem são o cimento, o vidro, o chumbo, o


plástico, as argilas, o gesso, a pasta de papel, o metal fundido, entre outros.

Fig. 4.2 – Enchimento de um molde.

3.3. Molde

Já se disse atrás que o processo de moldagem tem como base o molde. Este trata-se de
um objecto previamente preparado (em madeira, metal, cimento ou outro material
consistente) e adequado à forma das peças que nele se pretendem produzir.

Deste modo, a forma e configuração do molde interferem substancialmente na forma das


peças a produzir. Por exemplo, o resultado de um molde côncavo (ou em baixo relevo)
será diferente do resultado de um molde convexo (ou em alto relevo).

Fig. 4.3 – Moldes de gesso e de barro.

50
3.4. Acabamentos

Os acabamentos constituem o momento em que se dá um toque especial aos objectos


criados, de forma a conceder-lhes um aspecto mais cómodo, agradável e sobretudo ligado
á sua função (prática, simbólica, estética).

Dependendo do material moldado, as peças podem receber diferentes acabamentos. Por


exemplo, as peças em pasta de papel recebem uma cola branca (preferencialmente de
madeira) para garantir-lhes mais consistência e pintura a tintas líquidas para atingirem um
efeito estético impressionante.

Fig. 4.4 – Pintura sobre um vaso em pasta de papel

Igualmente, as peças em gesso podem ser decoradas a verniz ou por pintura a guache.

Fig. 4.5 – Peças de gesso decoradas por verniz e guache.

51
Por sua vez, o acabamento das peças em barro pode ser feito recorrendo a vários
processos, dentre eles, a pintura com tinta acrílica ou com engobes, a aplicação do vidro,
a aplicação da grafite, realizando incrustações ou encaixes, incisões e gravações, por
polimento, por modelação ou plasticização, etc.

Fig. 4.6a – Modelação ou plasticização Fig. 4.6b– Incrustações ou encaixes

Fig. 4.6c – Pintura com tinta acrílica Fig. 4.6d – Aplicação do vidro

3.5. Fornos

Os fornos são os locais em que se faz a cozedura das peças de cerâmica. Existe uma
variedade de fornos, como se pode mostrar pelas imagens que se seguem.

Fig. 4.7 – Exemplos de fornos eléctrico, artesanal e industriais.

52
Como forma de minimizar a falta de fornos em muitas escolas, são construídos os fornos
descartáveis, envolvendo alunos. Estes fornos, após horas sob altas temperaturas,
permitem uma boa cozedura. São basicamente constituídos por uma abertura feita no solo
para colocação da lenha e do fogo, outra abertura na parte superior com função de
chaminé, uma cobertura composta por sucessivas camadas alternadas de papel/jornal e
barro húmido (todo este conjunto coberto finalmente por terra).

Nas comunidades, é ainda comum o uso de fogueiras de fogo contínuo em substituição


dos fornos.

Fig. 4.8a – Constituição do forno descartável Fig. 4.8b – Uso de fogueiras

3.6. Secagem e cozedura

A secagem é o momento antes da cozedura. Neste período é eliminada a água existente


nas peças de cerâmica, o que provoca contracções das peças resultando numa certa
diminuição do seu tamanho.

Para garantir que todas faces sequem em simultâneo, deve-se eliminar lenta e
controladamente a água, ao abrigo da luz solar e das correntes de ar, por 2 a 5 semanas
(dependendo da grandeza e da espessura das peças). Assim, deverá colocar as peças em
sacos plásticos com orifícios que permitam a evaporação lenta da água, evitando ainda o
encoste das peças durante a secagem.

53
Fig. 4.9 – Secagem das peças de barro (ao abrigo do sol e dentro do saco plástico).

A queima ou chacotagem é consumada com mestria em fornos esquentados


vagarosamente para que as peças não sofram compressões bruscas. Em escolas ou locais
sem fornos, as peças são queimadas em fornos alternativos ou em grandes fogueiras
(como atrás se fez referência) num processo que pode chegar a durar 12 horas. Em
qualquer dos casos, a cozedura provoca uma junção das partículas constituintes do barro.
Assim, para que se tornem compactas, resistentes e com alto nível de impermeabilidade,
as peças de barro necessitam esfriar completamente (durante 8 horas) para acautelar
fracturas consequentes de choques térmicos causados pela diferença da temperatura das
peças e do meio externo.

4. Actividades

Efectue um levantamento de objectos de madeira, vidro, cimento, etc. e use-os ou


aperfeiçoe-os para aproveitá-los como moldes para a construção em série de peças
decorativas e utilitárias de várias configurações.

Encha os moldes com gesso ou barro creme (barbotina) preparados em objectos


juntamente com seus colegas.

Após a retirada dos moldes, faça o acabamento e decoração das peças moldadas ao seu
gosto, procurando contudo, variar as técnicas de peça em peça.

Deixe secar as peças e queime as peças seleccionadas para tal.

54
5. Autoavaliação
 O que entende por moldagem? Como é que ela ocorre?
 Que materiais são necessários?
 O que é um molde? Como se utiliza o molde?
 Defina os conceitos e importância dos acabamentos, decoração, secagem e cozedura.
 Explique os procedimentos a seguir e os cuidados a ter em conta em cada aspecto
mencionado.
 Visite uma fábrica de cerâmica (ou de peças moldadas para construção) e produza um
relatório descritivo dos instrumentos, técnicas, matéria-prima, peças, etc. que
observou.

6. Chave de Correcção

Os objectos seleccionados e construídos para moldes devem ter configurações


interessantes e variadas. É necessário evitar que o molde e a peça sejam do mesmo
material pois, em certas circunstancias, poderá colar definitivamente o conteúdo ao
molde.

Ao encher os moldes evite saturá-los, podendo pressionar levemente o conteúdo (que


deverá estar pastoso) para preencher satisfatoriamente todos os espaços do molde. Pode
trocar os moldes com seus colegas.

Explore a sua criatividade. Procure experimentar a potencialidade das várias técnicas de


acabamento e decoração das peças moldadas.

Precisará de tempo e cuidados especiais para deixar secar as peças. As que irão ao forno,
não precisam levar a tinta antes da queima pois, o fogo pode estragar as tintas.

55
7. Bibliografia Complementar
Andrade, P. S., Educação Visual, ComuniCarte, 3º Ciclo do Ensino Básico, 1.ed. Lisboa.
Plátano Editora, 2002, pp. 74-75;
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 144-165;
Brito, C., Trabalhos Manuais 5º ano de escolaridade, 4.ed. Lisboa. Texto Editora, 1991,
pp. 41-60;
Marques, L., Maravilhas, J. e Aires, A., Aprender para fazer, Trabalhos Manuais 5º ano
de escolaridade, Educação Manual e Tecnológica. 2.ed. Portugal. Porto Editora,
1991, pp. 23-61;
URL:http://livroevt2.no.sapo.pt/central/materiais_materias_primas/argilas/argilas.htm
Vaz, Ma J. e Gomes, C., Construir Ideias, Educação Visual e Tecnológica 6º ano, 3.ed.
Lisboa. Texto Editora, 1995, pp.145-160.

8. Resumo da Unidade

Nesta unidade abordamos a moldagem, um processo de produção em série que consiste


em produzir objectos a partir de um molde, no qual de faz um enchimento de substância
liquida ou pastosa que adquirirá a forma interna do molde. Vimos que com a moldagem
são produzidos vários objectos utilitários e decorativos.

As peças moldadas devem ser colocadas a secar com cuidados especiais para garantir a
sua resistência. Depois podem ser decoradas para adquirirem aspectos mais interessantes
ou queimadas em vários tipos de fornos para consolidar a sua resistência e garantir a
impermeabilidade.

9. Glossário

Barbotina ou lambugem – pasta fina de argila obtida através da mistura de quantidades


iguais de água e de barro num recipiente, usada para colar peças de barro umas às outras.

56
Engobe – pasta colorida obtida pela mistura de um óxido (que é o agente colorante
diversificado: branco, vermelho, cinzento) com a barbotina.

Grafite – pó cinzento com um brilho metálico usado para decoração de peças de


cerâmica.

Incisão e gravação - processo que consiste em criar desenhos com os teques de


decoração, dedos, pentes, garfos, pregos ou com os materiais existentes na Natureza.

Incrustação ou encaixe - processo que consiste em encaixar ou embutir profundamente


nas paredes da peça de cerâmica pequenas partículas de um material diferente.

Modelação – processo que consiste em colar peças menores previamente modeladas à


superfície duma peça pela aplicação da barbotina.

Plasticização – processo que consiste em colocar junto à superfície duma peça de


cerâmica quantidades de barro que permitem executar motivos decorativos.

Polimento - processo que consiste em friccionar um pedregulho ou uma lixa sobre partes
da superfície do objecto cerâmico seco até apresentar um brilho.

57
Unidade Temática V - Modelagem.

Duração da Unidade: 6 Horas

1. Introdução da Unidade Temática

À semelhança da moldagem abordada na unidade temática anterior, a modelagem é um


dos processos mais antigos que Homem usa para produção de objectos utilitários e
decorativos. Inicialmente feito apenas com as mãos, o Homem primitivo começou a
executar as primeiras peças, grosseiras e de forma muito simples. Hoje, com a criação e
evolução de vários instrumentos de trabalho, as actividades de cerâmica quer artesanal
assim como industrial são realizadas com notável mestria e com uma grande variedade de
produtos, desde loiça sanitária, loiça de cozinha, telhas, vasos, panelas, dentre outros.

Esta unidade temática fará uma abordagem em torno do processo da modelagem, na qual
serão abordados a noção de modelagem, os materiais e ferramentas, as técnicas de
modelagem (do rolo, da bola e da placa), a secagem e a cozedura das peças.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática

 Distingue a modelagem da moldagem;

 Identifica os diferentes materiais e ferramentas usadas na modelagem;

 Levanta peças para o uso decorativo e utilitário;

 Constrói teques de madeira ou arame;

 Faz acabamentos e decoração das peças criadas;

 Faz a secagem e cozedura das peças.

58
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Noção de modelagem

A modelagem é um processo de exploração da tridimensionalidade ou criação de objectos


com volumes, pela acção directa das mãos sobre uma matéria naturalmente plástica,
como são os casos do barro e do gesso.
Pelo conceito acima, pode se perceber que modelar é o acto de dar uma nova forma a
qualquer matéria plástica modelável. São tidos como modeláveis, aqueles materiais cuja
natureza física possibilita que sejam usados para a produção de diversos objectos com a
aplicação da técnica da modelagem.

3.2. Materiais e Ferramentas

Os materiais modeláveis mais usados são a argila/barro, o gesso, a pasta de papel, a pasta
de madeira, a cera, a pasta de farinha e sal, o cimento e a plasticina.

Fig. 5.1a – Variedades do barro Fig. 5.1b – A pasta de gesso

Para a realização dos seus trabalhos em cerâmica, precisará de um conjunto de


equipamento/utensílios e materiais como o gesso em pó, o barro, mesas ou planos de
trabalho, bacias de plástico ou outros recipientes para armazenar barro e gesso antes e
depois de preparado, teques, rolo de massa (de madeira), garrote, pano, esponja,

59
plásticos, aventais ou batas, pincéis, tintas, armários ou outros locais para armazenar os
materiais e os trabalhos em construção, prateleiras ou outros locais para secagem e para
colocação das peças acabadas e forno para cozedura das peças de barro.
Os materiais apresentados podem ser adquiridos em ferragens e noutros locais
disponíveis ou fabricados localmente pelos alunos, usando material reciclado.

Fig. 5.2 – Os teques e o rolo de massa

3.3. Técnicas de modelagem

Antes de abordar propriamente as técnicas de modelagem, é necessário dar algumas dicas


sobre a preparação da pasta homogénea e plástica. Primeiro procure retirar as impurezas
que possam estar contidas no barro. Mais em diante, procure conseguir uma pasta
homogénea e plástica que lhe favoreça seu trabalho em cerâmica. Para tal deverá:
 Depositar o barro num recipiente com água e remexer durante vários dias;
 Retirar a água e com ajuda duma peneira de rede fina passar a pasta resultante para
outro recipiente;
 Eliminar o excesso de água na pasta, batendo constantemente contra uma tábua ou
qualquer superfície que possa ser molhada. Pode ainda optar em colocar a pasta num
recipiente de gesso que possa absorver a água, ou então, deixar a pasta de barro a
enxugar ao ar livre durante o tempo razoável para alcançar a plasticidade desejada.

Os seus trabalhos, estarão baseados nas técnicas da bola, do rolo e da placa que a seguir
serão apresentadas. Se a pasta se colar aos seus dedos significa que ainda tem água a mais
(amasse até evaporar a água em excesso), e se apresentar fendas significa que está
demasiado seca (misture barro mais húmido ou adicione água).

a) Técnica da bola
60
É uma técnica simples que lhe possibilita o levantamento de pequenas peças de formas
arredondadas, tais como vasos, taças, canecas, etc.
Inicie fazendo uma bola de barro sobre. Pressione com os polegares de forma a abrir uma
cavidade. Role a bola para aperfeiçoar e aumentar a cavidade. Ao finalizar, alongue as
paredes da peça com os dedos, acautele que elas tenham aproximadamente a mesma
espessura, nivele a superfície com esponja húmida ou teque e decore ao seu gosto.

Fig. 5.3a – Preparação da bola Fig. 5.3b – Objectos feitos pela técnica da bola

b) Técnica do rolo
Trata-se de uma técnica identicamente fácil que lhe possibilita o levantamento de
pequenas peças de formas arredondadas.
Comece por criar rolos/cilindros com espessura aproximada à de um dedo e com eles,
faça primeiro uma espiral correspondente à base que deseja. De seguida, justaponha
circularmente os rolos para a subida das paredes, una-os com barbotina e pressionando-os
com os dedos. No final realize os acabamentos e decorações ao seu gosto.

Fig. 5.4a – Preparação do rolo Fig. 5.4b – Objectos feitos pela técnica do rolo

c) Técnica da placa
É uma técnica abundantemente aplicada na construção de objectos com faces, como
caixas. No seu trabalho, comece por fazer as placas necessárias para a construção da
peça. A placa é feita colocando barro suficiente sobre a mesa de trabalho e pressionando

61
com o rolo de massa até uniformizar a espessura da placa. Depois, corte as partes que
necessita para compor a peça usando uma faca. A seguir, ligue as placas utilizando a
barbotina e efectue os acabamentos com esponja húmida ou teque. No final realize
decorações ao seu gosto.

Fig.5.5a – Preparação e ligação das placas Fig.5.5b –Objecto acabado

3.4. Secagem e cozedura das peças

A secagem e cozedura assim como a decoração das peças fruto do processo da


modelagem segue os mesmos cuidados arrolados a quando da abordagem da secagem e
cozedura das peças moldadas na unidade anterior.

Antes da secagem o barro goza da propriedade da plasticidade. Após a secagem e


cozedura, as peças obtêm novas propriedades como sonoridade, impermeabilidade e
resistência.

4. Actividades

Tarefa 1: Construção de objectos com barro.

Usando as técnicas aprendidas, produza trabalhos utilitários e decorativos, como vasos,


tijolos, panelas, bonecos (figura humana e de animais), etc. Procure variar os formatos,
tamanhos e as decorações nas peças criadas.

Tarefa 2: Fabrico de máscaras da cara com gesso.

62
Materiais:

Película aderente ou creme gordo; 1 Rolo de ligadura de gesso (adquira na farmácia); 1


Alguidar com água e 1 Tesoura.

Procedimento:

Coloque creme gordo em bastante quantidade ou película aderente na cara de um colega;


dê a volta à cabeça e faça os orifícios para a boca e o nariz, para respiração do colega a
ser mascarado. De seguida, corte as tiras da ligadura nas medidas do rosto, tanto no
comprimento como na largura, de forma a fazer três camadas. Passe as tiras por água e
coloque no rosto, alisando com o dedo, amontoando várias camadas, para dar mais
consistência. Com o calor da cara e ao fim de uns minutos o gesso vai ficando rijo. Retire
o creme ou a película da cara e de seguida do molde, ponha a secar e mais tarde arranje
os defeitos nas pontas. Finalmente decore ao seu gosto.

Tarefa 3: Elaboração da maqueta/esboço da escola ou quarteirão usando gesso

Materiais básicos:

Gesso, barro, teques, papel, alfinetes, palitos, sisal, esquadros e réguas, sólidos
geométricos em gesso maciço, superfície de assentamento (madeira ou contraplacado).

Procedimento:

Em grupos, elaborem uma maqueta da escola ou de um quarteirão.

1º - Em primeiro lugar, façam um estudo da planta da escola ou quarteirão e dos volumes


existentes (construções e outros) à escala a que se quer executar a maqueta. Para o efeito,
devem medir as dimensões com auxílio de um esquadro de 30º ou 45º, usando a técnica
do braço esticado;

2º - Produzam a planta da escola ou quarteirão, desenhado todas as curvas necessárias na


base (plano ou superfície de assentamento) e efectuem o relevo em gesso sobre papel
amassado. Enquanto executam, convém medir sempre o nível obtido ou então espetar
antes palitos, alfinetes ou outros materiais, ao longo das curvas desenhadas na base;

63
3º - Demarquem as alturas desejadas e coloquem o barro ou gesso até ao local indicado.
Ao representar os edifícios, podem fazê-lo usando sólidos geométricos tais como cubos,
paralelepípedos, esferas para o caso de árvores, cilindros para o caso de tanques de água,
em gesso maciço. Ao colocarem estes volumes no terreno/base, façam-no com gesso,
raspem ligeiramente e com cuidado as duas zonas de contacto para aderirem com mais
facilidade.

4º - Procurem dar um tratamento de cores que se assemelhe à realidade que procuram


representar.

5. Autoavaliação

 Qual é a diferença existente entre a modelagem da moldagem?

 Identifique os diferentes materiais e ferramentas usadas na modelagem;

 Avance exemplo de peças para o uso decorativo e utilitário feitos com base na
modelagem;

 Explique em que consistem as técnicas de placa, do rolo e da bola;

 Explique os procedimentos e os cuidados necessários para acabamentos, decoração,


secagem e cozedura das peças;

 Visite uma cooperativa de cerâmica (ou grupo de ceramistas) e produza um


relatório descritivo dos instrumentos, técnicas, matéria-prima, peças, etc. que
observou.

6. Chave de Correcção

Tarefa 1: Construção de objectos com barro.

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Depois da aprendizagem da cada técnica, exercite e produza trabalhos diversos para seu
aperfeiçoamento. Comece por produzir peças simples de formato circular como vasos ou
reproduzindo alguns recipientes domésticos com aplicação da técnica da bola e do rolo e,
de forma gradual passe para peças mais rigorosas com aplicação da técnica da placa.
Num estágio mais avançado, crie verdadeiras obras de arte combinado as técnicas e
produzindo peças utilitárias e de decoração realísticas ou imaginárias.

Em todos os momentos, objectos ou utensílios por si produzidos devem evidenciar um


elevado nível de execução e um forte carácter artístico. Para tal explore a diversidade dos
materiais existentes em seu redor, principalmente para decoração e acabamentos. Sempre
que possível, produza seus próprios materiais de trabalho, pois isto irá lhe permitir
continuar a fabricar suas obras fora da escola e depois de concluído a formação.

Tarefa 2: Fabrico de máscaras da cara com gesso.


Procure seguir atentamente os passos de construção propostos e pratique até que os seus
trabalhos se tornem cada vez mais perfeitos. A prática sistemática lhe permitirá conhecer
as potencialidades de uso de cada material disponível ao seu redor. Para o caso especifico
da máscara com gesso, poderá chegar a construções como a que se apresenta no exemplo
que se segue:

Fig. 5.6 – Exemplo de uma máscara de gesso

Tarefa 3: Elaboração da maqueta/esboço da escola ou quarteirão usando gesso


É igualmente importante para esta tarefa o envolvimento de todos elementos do grupo, a
divisão de tarefas e a observância das etapas de excussão. Ao construir os sólidos
geométricos em gesso maciço deverão:

65
a) Encher pequenas embalagens com gesso líquido, cujas medidas estejam de acordo com
o que pretendem representar e convenientemente bem atadas. Verão que a embalagem
sairá facilmente após a secagem do gesso;
b) Escavar algumas cavidades no barro (moldes) com a forma dos sólidos a representar e
encher com gesso líquido. Após a secagem, solta-se o barro à volta;
c) Modelar as peças em barro e passar em gesso. Neste procedimento, é melhor modelar
numa só peça um grupo de volumes que se encontram adjacentes.

Fig. 5.7 – Exemplo de uma maqueta (trabalho de alunos)

7. Bibliografia Complementar
Andrade, P. S., Educação Visual, ComuniCarte, 3º Ciclo do Ensino Básico, 1.ed. Lisboa.
Plátano Editora, 2002, pp. 74-75;
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 144-165;
Brito, C., Trabalhos Manuais 5º ano de escolaridade, 4.ed. Lisboa. Texto Editora, 1991,
pp. 41-60;
Marques, L., Maravilhas, J. e Aires, A., Aprender para fazer, Trabalhos Manuais 5º ano
de escolaridade, Educação Manual e Tecnológica. 2.ed. Portugal. Porto Editora,
1991, pp. 23-61;
URL:http://livroevt2.no.sapo.pt/central/materiais_materias_primas/argilas/argilas.htm
Vaz, Ma J. e Gomes, C., Construir Ideias, Educação Visual e Tecnológica 6º ano, 3.ed.
Lisboa. Texto Editora, 1995, pp.145-160.
66
8. Resumo da Unidade

Nesta unidade abordamos a modelagem, um processo de produção objectos utilitários e


decorativos a partir de substâncias modeláveis, sujeitas a transformações variadas até a
determinação das formas desejadas. Abordamos igualmente os materiais, instrumentos e
utensílios de trabalho, as técnicas básicas de modelagem (técnicas da bola, do rolo e da
placa).

À semelhança das peças moldadas, os objectos modelados devem ser colocados a secar
com cuidados especiais para garantir a sua resistência. Depois são decorados para
adquirirem aspectos mais interessantes (algumas decorações podem ser feitas antes da
secagem) ou queimados em vários tipos de fornos para consolidar a sua resistência e
garantir a impermeabilidade (caso seja necessária).

9. Glossário

Garrote – utensílio usado para o corte do barro, constituído geralmente por duas pegas
de madeira ligadas por um fio fino de cerca de 30 a 50 cm.

Impermeabilidade – propriedade que um corpo tem de não absorção de qualquer


líquido, como o que o barro adquire após a cozedura.

Maqueta – miniatura arquitectada usando uma escala de redução, representando uma


realidade de grandes dimensões (edifícios, mobiliário, estradas, plantações, etc.).

Materiais modeláveis – são aquelas substâncias que podem manter as diversas formas
que lhes são dadas ao trabalhar sobre elas.

Pasta homogénea e plástica – produto alcançado após retirada das impurezas do barro,
seguida de mistura com água e finalmente amassado.

Plasticidade – característica que o barro e outras matérias têm de se tornarem modeláveis


(adquirirem várias formas sob acção do agente modelador.

67
Sonoridade – propriedade dos objectos de emissão de sons mediante batimentos com
ligeira força.

68
Unidade Temática VI - Papel.

Duração da Unidade: 4 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


O papel tem sido um elemento importante que o Homem utiliza desde há muito tempo
para servir de suporte para a transmissão de mensagens visuais (texto e imagem).
Contudo, após o seu uso, tem sido habitual encontrar-se muito papel espalhado pelo chão,
criando muito lixo e pondo em causa a situação da higiene dos bairros, escolas, etc.
Nesta unidade temática, será abordado o uso do papel reciclado, uma das formas de
aproveitar o papel que muitas das vezes é tido como lixo e de contribuir para a
conservação do meio ambiente. Serão abordados a origem e propriedades de papel, a
selecção de papel reciclável, a reciclagem artesanal do papel (pasta de papel) para
construção de vários objectos.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática


 Recolhe e selecciona papel reciclável;
 Faz artesanalmente o papel;
 Faz objectos com pasta de papel (bolinhas, máscaras, etc.)
 Faz objectos com pasta de papel usando moldes (tigelas, vasos, patos, etc.)

3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Origem e propriedades do papel


Antes da invenção do papel (termo originário do latim "papyrus".), o Homem se servia
de diversas formas para se expressar através da escrita: pedras, folhas de palmeiras,
cascos de tartaruga e mais tarde o papiro e o pergaminho (China, Índia e Egipto). A
69
invenção do papel feito de fibras vegetais é atribuída aos chineses, no ano de 123 antes de
Cristo. As matérias-primas mais usadas no oriente nos tempos seguintes foram a erva
chinesa "Boehmeria", o bambu, restos de tecidos, desprezando-se os demais materiais
fibrosos. O fabrico estendeu-se posteriormente às costas do Norte da África, chegando até
a Europa pela Península Ibérica, onde por volta do ano 1150 os árabes a implantaram na
Espanha, produzindo papel de algodão.

Mais tarde, com a invenção da imprensa, o aumento de consumo fez com que
aumentassem o número de moinhos papeleiros. Muitos países começaram a produzir
papel e proibiam a exportação de trapos, para que a sua indústria do papel elevasse a
produção para atender o consumo, sempre crescente. Nos Estados Unidos, por exemplo,
por volta de 1800, existiam mais de 180 fábricas de papel, e os trapos de tecido
tornavam-se escassos (e caros). O primeiro jornal dos Estados Unidos em papel de polpa
de madeira foi impresso 1863, em Boston, Massachusets (Boston Weekly Journal). A
madeira, matéria-prima utilizada até hoje, passa por processamento industrial,
mecanizado e controlado por computador.

Com a produção industrial do papel, é possível a obtenção de vários tipos de papel como,
o de máquina (80g/m2), o cavalinho, o kraft, o de fantasia, o de lustro, o vegetal, o de
seda, o veludo, o metalizado, o crepe, o de fumar, o sanitário, para além das cartolinas e
cartões. Com esta vasta gama de papéis, pode-se as propriedades físicas (espessura e
resistência) das propriedades ópticas (diferentes aspectos observáveis nos diferentes tipos
de papeis).

3.2. Selecção do papel


O papel é essencialmente uma folha composta por fibras comprimidas e aderentes umas
às outras, como vimos, geralmente de origem vegetal. Após sua dispersão em água,
seguida pela compressão e secagem, as fibras que constituem o papel têm a propriedade
de aderirem entre si. Esta propriedade da aderência será aproveitada durante a realização
dos seus trabalhos com a pasta de papel, como veremos mais em diante.
Por agora, importa salientar que da vasta gama de papéis atrás mencionados, deverá
seleccionar alguns para fazer a pasta de papel. A selecção consiste em escolher papéis
70
com tratamento e acabamento similar e simples (como papel de jornal, livros, de máquina
e cartões) para a produção da pasta, como ilustra a tabela que se segue:

Tabela 6.1: Possibilidades de reciclagem do papel


PODE RECICLAR NÃO PODE RECICLAR

Caixas de papelão  Papéis sanitários 


Jornal  Papéis plastificados 
Revistas  Papéis metalizados 
Impressos em geral  Papéis parafinados 
Fotocópias  Copos descartáveis de papel 
Rascunhos  Papel carbono 
Envelopes  Fotografias 
Papéis timbrados  Fitas adesivas 
Cartões  Etiquetas adesivas 
Papel de fax  Papel vegetal 

3.3. Pasta de papel


Com a pasta de papel é possível fazer vários objectos decorativos e utilitários como
cabeças de fantoches, enfeites para pendurar no tecto (para o Natal, por exemplo),
bonecos com íman para enfeitar o frigorífico, material didáctico, etc. Veja como se
desenvolve a actividade passo-a-passo:
1º - Corte pedacinhos de papel e cartão (de embalagens fininhas) para dentro de um
alguidar;
2º - Junte água quente e deixe de molho até o papel se desfazer. (Se houver ainda pedaços
muito grandes deverá triturar);
3º - Com a mão, retire o papel amolecido para dentro de um pano. Aperte bem o pano
para que toda a água saia;
4º - Filtre a água do alguidar com uma rede fina, aproveitando-se assim todos os
pedacinhos de papel;
5. Coloque a massa de papel num recipiente e junte um pouco de cola de madeira
(branca). Amasse bem e utilize de imediato.

Para obter uma superfície mais macia e um acabamento mais perfeito nos seus trabalhos
com pasta de papel, depois de moldada, mas ainda húmida, cubra a pasta de papel com

71
um pouco de pó de gesso. Não se esqueça de manter o seu local de trabalho sempre limpo
e organizado, usando panos, aventais, jornais, vassouras, baldes, bacias e outros
utensílios.

4. Actividades
1. Recolha e seleccione papel de jornal ou revistas, papel de cartão, etc.
2. Produza a pasta de papel seguindo os passos aprendidos;
3. Construa material didáctico como globo terrestre, colares para contagem de números
naturais e outros que achar pertinentes, e decore ao seu gosto;
4. Construa objectos decorativos como bonecos, bolinhas, animais, máscaras,
composições imaginárias, etc. e decore ao seu gosto.

5. Autoavaliação
1. Faça uma resenha histórica sobre a origem do papel.
2. Aponte a matéria-prima hoje usada no fabrico do papel.
3. O que entende por reciclagem do papel? Que importância tem isso?
4. Que cuidados deverão ser observados ao seleccionar papel para reciclagem?
5. Descreva as etapas de produção da pasta de papel e de construção de objectos.

6. Chave de Correcção
Actividade 1: Procure acautelar a selecção do papel para a pasta. Evite misturar papel
com acabamentos em plástico ou aluminizados e indissociavelmente ligados a outros
materiais que possam interferir no processo da produção da pasta;
Actividade 2: Quanto mais moído estiver o papel, conseguirá obter uma pasta mais
homogénea que facilitará o seu trabalho.

72
Actividades 3 e 4: Na construção dos objectos pode optar pela modelagem (com as
mãos) ou pela moldagem (usando um molde com a forma que pretende moldar). A
colocação da cola de madeira (branca) e do gesso não pode superar as proporções do
papel. A decoração é feita após a secagem das peças e pode ser feita aplicando tintas que
procuram sugerir os elementos a destacar. Tenha o cuidado de reunir o material na mesa
de serviço antes de iniciar os trabalhos.

Fig. 6.1 – Objectos feitos com pasta de papel (moldagem, modelação e acabamentos)

7. Bibliografia Complementar
Andrade, P. S., Educação Visual, ComuniCarte, 3º Ciclo do Ensino Básico, 1.ed. Lisboa.
Plátano Editora, 2002, pp. 46-49 e pp. 142-145;
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 120-133;
Brito, C., Trabalhos Manuais 5º ano de escolaridade, 4.ed. Lisboa. Texto Editora, 1991,
pp. 25-38;

73
Marques, L., Maravilhas, J. e Aires, A., Aprender para fazer, Trabalhos Manuais 5º ano
de escolaridade, Educação Manual e Tecnológica. 2.ed. Portugal. Porto Editora,
1991, pp. 63-94.

URL:http://livroevt2.no.sapo.pt/central/materiais_materias_primas/papeis/papeis.htm

8. Resumo da Unidade
Na unidade temática que termina, fizemos uma visão resumida da história da origem do
papel em países como China, Índia, Egipto e mais tarde da Espanha e Américas. Vimos a
evolução da produção e dos materiais usados ate aos dias de hoje. Esta crescente
produção, levanta um novo problema, relacionado com a conservação do meio ambiente,
o que emerge a reciclagem do papel como uma das formas inteligentes de minimizar este
problema.
O trabalho com a pasta de papel foi o principal aspecto tratado. Este, requer uma série de
etapas: a selecção do papel, a produção da pasta e a criação dos objectos. São necessários
uma série de cuidados no trabalho, como, a selecção criteriosa do papel a reciclar, a
trituração completa do papel, a adição da cola de madeira, a secagem e a decoração das
peças.

9. Glossário
Aluminizados – com cobertura de alumínio, que confere resistência e brilho metálico.
Fibra – filamentos, pequenos fios.
Lustro – que brilha, que resplandece.
Pasta – massa húmida conseguida através da mistura de certa substância (gesso, papel,
barro, cimento, etc.) em pó ou em pequenos pedaços com água.
Propriedade aderente – possibilidade que as fibras (e outros materiais) têm de colarem-
se umas às outras.
Reciclagem – processo de reutilização (geralmente para outros fins) de materiais
(incluindo o papel) já considerados inúteis.
Trituração – processo de despedaçamento do papel (ou outro material) tornando-o em
pedaços minúsculos que possibilitam a obtenção da pasta.
74
75
Unidade Temática VII - Têxteis.

Duração da Unidade: 6 Horas

1. Introdução da Unidade Temática

Falar de têxteis é referir-se a um material ou a uma série de actividades relacionadas com


o mesmo. Referindo-se ao material têxtil, estaremos falando de material que dividido em
fios (ou fibras) é passível de ser tecido. Por outro lado, referindo-se a actividades têxteis,
estaremos falando do conjunto de actividades que vão desde o fabrico de matéria-prima,
o fabrico do tecido, confecção de produtos com os tecidos e por fim a venda dos mesmos.

Desde o século XVIII que a industria têxtil tem vindo e evoluir bastante, com a
introdução de novas tecnologias e avanços científicos que culminaram com a descoberta
de novas fibras (artificiais e sintéticas).

Nesta unidade temática, falaremos dos têxteis, na qual abordaremos as propriedades dos
materiais têxteis, as actividades da tecelagem, da tapeçaria e da cestaria e, o curtume.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática

 Faz trabalhos de reciclagem com diversos materiais naturais como algodão, sisal,
palha, folhas de palmeiras, etc;

 Faz teares;

 Faz batuques;

 Faz pastas para escola em tecelagem.

76
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Propriedades dos materiais têxteis


Os materiais têxteis são constituídos por fios ou fibra têxtil resultante da transformação
de matérias-primas (designada fiação). As primeiras fibras a serem conhecidas datam de
2000 anos a.C., e eram basicamente de origem vegetal e animal. Hoje podem ser de
origem vegetal, animal, mineral, sintética ou artificial, como indica a tabela que se segue:

Tabela 7.1 – Origem dos materiais têxteis



Animal Nylon
Seda
Algodão
Terylene
Linho Não
Naturais
Vegetal Juta naturais
Trevira
Sisal
Ráfia
Dralon
Mineral Amianto

As propriedades notáveis dos materiais têxteis são a tenacidade (resistência à ruptura) e a


elasticidade (capacidade de retomar a forma inicial após ser deformado, por exemplo, por
um puxão.) De uma forma geral, os tecidos têxteis são flexíveis (dobram-se ou fazem
pregas facilmente), outras são menos flexíveis, mas não são tão rígidos como placas
metálicas ou matérias plásticas moldadas.

3.2. Tecelagem, tapeçaria e cestaria


a) Tecelagem
A tecelagem é uma actividade constituída por um conjunto de operações que se baseiam
em entrelaçar fios ou fibras têxteis para produção de tecidos. Originariamente artesanal e
hoje também realizada industrialmente, a tecelagem passou igualmente por momentos de
grandes evoluções, podendo actualmente ser executada em teares manuais, mecânicos,
automáticos ou em máquinas de tecer. O tear mais antigo teria sido criado na Ásia Menor

77
à 6000 anos a.C., e era colocado na posição vertical, no qual os fios eram esticados por
pesos. Mais tarde, o tear foi usado na Grécia e no Egipto.

Fig. 7.1a – Tecelagem artesanal/manual Fig. 7.1b – Tecelagem mecanizada

Os teares podem ser feitos com formato rectangular assim como circular, dependendo do
formato de tecido que se pretende obter no final da tecelagem.

Fig. 7.2 – Tecelagem em teares rectangular e circular

Um aspecto comum que caracteriza a técnica da tecelagem ao longo dos tempos é a


divisão dos fios em dois grupos: uns (designados fios da urdidura ou teia) são paralelos
às bordas do tecido (comprimento /longitudinal) e outros (designados fios da trama) são
perpendiculares aos primeiros (constituem a largura do tecido). Estes dois grupos de
fibras são entrelaçados através de uma lançadeira. Assim, a tecelagem permite a
construção de vários padrões: tafetá, sarja e cetim.

78
Fig. 7.3a – Esquema de um padrão Fig. 7.3b – Os fios da trama e da urdidura

b) Tapeçaria
A tapeçaria é um objecto têxtil que data de há mais de 2000 anos, desenvolvida pelas
tribos do Oriente. Mais tarde se espalhou pelo Norte de África e pela Península Ibérica, e
depois pelo resto do Mundo. Ela pode ser dividida em bordada e tecida.

Fig. 7.4 – Tapeçaria em tapete

O trabalho de tapeçaria é habitualmente realizado sobre tecidos de seda e telas (juta e


talagarça), podendo porém, ser realizado também em outros tecidos. Contudo, é
preferencialmente bom trabalhar em tecidos cuja malha (cruzamento dos fios) tenha uma
abertura suficiente para a passagem da linha do bordado. Por outro lado, é necessário
preparar materiais como pente, tesoura, naveta e uma variedade de agulhas (entre elas
agulhas de tapeçaria, gancho-agulha, “fada do lar” e “esmirna”) que possam permitir
introduzir e puxar a linha de qualquer das superfícies do tecido a bordar.

Os bordados podem ser: de fios contados (pontos de tamanho uniforme), com relevos
(enchimento de espuma de nylon) e trapologia (aplicação de pedaços de pano com cores
diferentes e contornados à mão ou à máquina com ponto de zig-zag). Os pontos do

79
bordado podem ser: meio ponto, alinhavo, ponto cruz, ponto cadeia, ponto pé de flor,
ponto lançado, ponto de recorte, ponto Bolonha e ponto de nó.

Fig 7.4 – Variedades de bordados (em fios contados, com relevo e em trapologia).

No final e se necessário, pode se decorar as tapeçarias através da tinturaria (aplicação da


tinta), usando tintas já industrializadas ou corantes naturais. Por exemplo pode se ferver a
casca de cebola para o castanho ou laranja, amoras para o azul púrpura, folhas de
eucalipto para o cinzento, folhas de chá para o creme escuro, etc.

c) Cestaria
A cestaria é uma actividade que acompanha o Homem desde a antiguidade, no fabrico de
objectos para responder a funções práticas exigidas no dia-a-dia das suas actividades. Os
materiais usados variam desde palha, folhas de palmeira e outras árvores. Com o decorrer
dos tempos, as formas criadas (inicialmente simples) ganharam notável evolução da sua
complexidade para responder a novas funções.
Em Moçambique, os artesãos enveredarem por manifestações mistas, nas quais tentam
manter os traços característicos do local, ao mesmo tempo que tentam satisfazer os
variadíssimos gostos da clientela. Isto faz com que a cestaria produza peças com formas,
tamanhos e funções diferentes das originais, embora continuem algumas linhas
características de um conservadorismo.

Fig. 7.6 – Alguns dos produtos da cestaria

80
À semelhança da tecelagem, a cestaria tem como base o entrelaçamento de tiras (neste
caso de palha, de folhas de palmeira ou outro material preparado para o efeito).
Geralmente, enquanto se faz a tecelagem, simultaneamente se vai dando a configuração
desejada do objecto final. Contudo, um olhar atento à superfície do objecto, pode dar a
ideia da malha básica usada na construção do objecto.

Fig. 7.7 – Pormenor de duas malhas estruturais usadas em cestaria

3.3. Curtume
Em geral, curtume é o processo de tratamento de peles de animais para obtenção do
couro cru de modo a torná-lo ajustável e utilizável na indústria. Os curtumes podem ser
também vegetais ou minerais. Os processos de um curtume, vão além do curtimento
propriamente dito, e em geral seguem as seguintes etapas:
1ª - Salga: momento de colocação do sal, que permite a conservação do couro;
2ª - Remolho: etapa de retirada do sal para dar início à transformação de pele em couro;
3ª - Depilação: momento em que se dissolvem os pelos utilizando derivados de enxofre;
4ª - Caleiro: momento de adição de cal hidratada para provocar o intumescimento das
peles, a fim de promover a limpeza entre as fibras, permitindo que os próximos processos
tenham maior eficácia;
5ª - Desencalagem: etapa em que se retira a cal hidratada;
6ª - Acidificação e Curtimento: momento em que se adicionam aos couros uma
quantidade de ácidos inorgânicos para acertar o pH das peles e iniciar o curtimento.

81
Fig. 7.8 – O couro

O couro pode apresentar alguns defeitos, que podem ter diferentes origens: uns são
formados durante a vida do animal, outros durante a esfola e a conservação ou ainda no
processamento das peles em couros. Quando pronto, este produto pode ser usado para o
fabrico de muitos produtos, como cintos, pastas, calçado, carteiras, etc.

Fig.7.9 – Exemplos de aplicação do couro (calçado e pasta)

4. Actividades
1. Com base em simples teares da sua autoria, de formato rectangular, quadrangular e
circular, efectue pequenos trabalhos de tecelagem com fins ornamentais e utilitários,
como bolsas, carteiras, cestos, gorros, etc.
2. Aplicando os conhecimentos sobre a tapeçaria, faz um levantamento de tecidos e
elabore composições decorativas, procurando explorar o potencial dos diversos tipos
de tapeçaria.
3. Tendo como base os conhecimentos sobre a tecelagem, realize trabalhos diversos
como chapéus, chinelas, bolsas, carteiras, cestos, pastas escolares, vassouras, etc. e
decore-os ao seu gosto.

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Lembre-se sempre de verificar os cuidados básicos de higiene nos seus trabalhos. A mesa
de trabalho sempre limpa, manusear correctamente fogo e objectos cortantes, trabalhar
em locais suficientemente espaçosos e iluminados, usar de luvas e aventais, etc.

5. Autoavaliação
1. Indique duas fibras de origem animal, vegetal e não naturais.
2. Explique o conceito e o procedimento básico da tecelagem.
3. Aponte os materiais básicos usados na tecelagem.
4. Explique o conceito de tapeçaria.
5. Indique e diferencie os tipos de tapeçaria que conhece.
6. Explique o conceito de cestaria.
7. Indique as diferentes aplicações da cestaria.
8. Explique o conceito de curtume.
9. Identifique e explique as etapas de curtume.
10. Aponte exemplos de aplicação de couro.
11. Faça uma pesquisa de actividades de tecelagem e cestaria na comunidade e redija um
relatório descritivo dos materiais usados, técnicas aplicadas, instrumentos utilizados,
objectos produzidos e outros elementos de interesse particular.

6. Chave de Correcção
Actividade 1: Os teares da autoria do formando podem ser feitos em bases de cartão
(caixa), contraplacado, chapa “unitex”, ou outro material plano e de fácil manuseamento.
É importante a exploração de linhas diversas cores nos teares para obter composições
variadas.
Actividade 2: No levantamento de tecidos para tapeçaria bordada deve se procurar
aqueles que apresentam uma malha que facilite a passagem da linha do bordado. Quanto
aos trabalhos de tapeçaria tecida, poderá aproveitar os teares usados para a exercitação da

83
tecelagem. Em ambos os trabalhos, é importante ter um desenho prévio da composição
que deseja produzir na tapeçaria.
Actividade 3: Os trabalhos em tecelagem devem ser de complexidade crescente. Os
materiais a usar podem ser naturais ou reciclados. Se por acaso não haver palha ou sisal
para tecelagem na zona, os formandos poderão usar como alternativa as fibras de papel e
de desperdício (fibras de sacos). As tintas para decoração podem ser naturais (obtidas
através de folhas, frutos e flores) ou artificiais (corantes à venda em ferragens e outros
estabelecimentos comerciais).

Fig. 7.10 – Exploração de vários materiais e técnicas de tecelagem (trabalhos de alunos)

7. Bibliografia Complementar

Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 198-209;
Brito, C., Trabalhos Manuais 5º ano de escolaridade, 4.ed. Lisboa. Texto Editora, 1991,
pp. 77-99;
Marques, L., Maravilhas, J. e Aires, A., Aprender para fazer, Trabalhos Manuais 5º ano
de escolaridade, Educação Manual e Tecnológica. 2.ed. Portugal. Porto Editora,
1991, pp. 97-144;

84
Vaz, Ma J. e Gomes, C., Construir Ideias, Educação Visual e Tecnológica 6º ano, 3.ed.
Lisboa. Texto Editora, 1995, pp.183-196.

URL:http://livroevt2.no.sapo.pt/central/materiais_materias_primas/texteis/texteis.htm

8. Resumo da Unidade
Na unidade temática que termina, abordamos os têxteis. Foi avançado um conceito de
têxteis como materiais e como procedimentos/técnicas que consistem em entrelaçar tiras
para produção de tecidos. Foram ainda apontadas diferentes origens das fibras têxteis.
As técnicas arroladas durante a unidade foram a tecelagem, a tapeçaria e a cestaria. Em
cada técnica, foram explicados os procedimentos e avançados alguns exemplos
ilustrativos dos produtos resultantes.
Por fim, abordou-se o curtume, um processo de transformação das peles e outros
produtos (vegetais e minerais) em couro cru. Foram arroladas as etapas de produção e a
aplicação do couro nos dias de hoje.

9. Glossário

Cetim – padrão obtido através do cruzamento de cada fio da trama sobre ou sob dois a
cinco fios da urdidura;

Naveta – instrumento que transporta o fio na excussão da trama;

Padrão – desenho ou sequência que se obtém cruzando os fios da trama com os da teia;

Sarja – padrão obtido através do cruzamento de cada fio da trama sobre ou sob dois fios
da urdidura;

Tafetá – padrão obtido através do cruzamento alternado dos fios da trama e da urdidura,
um por um, por cima e por baixo;

Tapeçaria bordada – técnica que consiste em cobrir com pontos bordados, tecidos ou
telas já confeccionadas;

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Tapeçaria tecida – técnica que consiste em cruzar os fios da trama com os da teia, de
acordo com um desenho determinado;

Tear – aparelho simples ou complexo, no qual monta-se a teia.

86
Unidade Temática VIII - Madeiras.

Duração da Unidade: 8 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


Desde o aparecimento do Homem até aos dias de hoje, a técnica e a arte de trabalhar a
madeira tem evoluído desde o processo manual e primitivo, até à vasta e engenhosa
indústria moderna. A madeira esteve sempre ao alcance do Homem desde os tempos mais
antigos. Foi um dos primeiros materiais utilizados pelo Homem, tendo como principais
funções: potenciar a defesa (como arma ou fazendo parte dela), expulsar animais, se
aquecer, cozinhar, iluminar, erguer abrigos, construir jangadas e barcos, etc. A evolução
científico-tecnológica trouxe novas matérias-primas, mas a madeira e seus derivados
continuam a ser muito usados.
Nesta unidade temática, será abordada a madeira e, nela serão tratados a origem e
propriedades da madeira, as técnicas de transformação da madeira e as principais
ferramentas usadas no trabalho com a madeira.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática

 Identifica os tipos de árvores que produzem madeira;

 Identifica derivados de madeira (contraplacado, unitex, cartão prensado, carvão


vegetal, serradura, etc);

 Faz o aproveitamento de desperdícios de madeira para construir objectos lúdicos


simples (jogo de damas, dominó, xadrez, brinquedos) e utilitários (bases para
panelas, bancos, cadeiras, carteiras e material didáctico).

87
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Origem e propriedades da madeira


A madeira é uma matéria sólida e dura, excelente material de construção, proveniente das
árvores, conhecida e utilizada desde a pré-história, como atrás fizemos referência. As
árvores para produção da madeira podem ser encontradas em florestas e, dividem-se em
dois grandes grupos: resinosas ou coníferas (possuem resina e os frutos são em forma de
cone ou pinha e geralmente a sua folhagem é persistente) e folhosas ou de folha caduca
(perdem a folhagem periodicamente).

Fig. 8.1a – Touros de madeira Fig. 8.1b – Madeira em tábuas

As árvores mais usadas para o fabrico da madeira são: o pinho, a umbila, a chafuta, o
jambirre e o eucalipto. Porém, existem outras árvores que igualmente produzem madeira
de boa qualidade, tais como o pau-preto, o pau-rosa, o carvalho, o plátano, a faia, o
sobreiro, a nogueira, o mogno, dentre outras. O abate das árvores é geralmente feito
usando a moto-serra e a parte do tronco que se aproveita é o interior, de forma a
responder aos vários fins a que ela se destina: tábuas, ripas ou barrotes.

As propriedades da madeira dividem-se em físicas, mecânicas e químicas.


 Propriedades físicas: cor, cheiro, grau de humidade, densidade, peso específico,
durabilidade;
 Propriedades mecânicas: dureza, resistência à tracção, resistência à compressão,
resistência à flexão, resistência ao choque, resistência ao corte;
88
 Propriedades químicas: células lenhosas constituídas por celulose (quimicamente
mais estável) e lenhina (cimento envolvente das cadeias da celulose).

3.2. Técnicas de transformação da madeira


As principais técnicas envolvidas na transformação da madeira em objectos utilitários e
decorativos serão:
 Medição - é primeira técnica a executar quando se realiza um trabalho em madeira.
Os instrumentos de medição deverão ser usados conforme a tarefa a executar;
 Traçar (traçagem) - será marcar com rigor sobre a madeira, demarcando as zonas a
serem trabalhadas;
 Cortar - significa separar ou dividir a madeira pelas demarcações feitas. As
ferramentas mais usadas são os serrotes;
 Recortar - é efectuar um corte curvo com o auxílio de uma serra de recortes;
 Furar - será atravessar a madeira com o auxílio de um berbequim e de uma broca;
 Desbastar e limar - consiste em retirar pedaços de madeira utilizando uma plaina ou
uma lima;
 Pregar - será unir peças de madeira através de pregos utilizando um martelo.
 Colar – é a união das peças de madeira de derivadas dela por meio da cola apropriada
(cola branca).
 Lixar – tem por finalidade tornar as faces das peças mais lisas ou polidas e prontas a
receber outros tratamentos (cobertura com tinta, cera ou verniz).

No processo de transformação das árvores em madeiras, para além das tábuas, ripas,
barrotes, podem ser outros produtos derivados, como as chapas “unitex”, o contraplacado
o cartão prensado, o carvão vegetal, a serradura, etc.

Fig. 8.2 – Chapas “unitex”, madeira prensada e contraplacado.

89
3.3. Ferramentas
Na aplicação das diversas técnicas de transformação da madeira, são usadas muitas
ferramentas e utensílios na execução de peças e objectos. Vejamos alguns utensílios e
ferramentas:
 Utensílios para medir e traçar: escala, metro articulado, fita métrica, esquadro,
graminho metro articulado, suta, compassos (de pontas e de volta), etc;
 Ferramentas de corte: serrotes (de espada ou universal, de ponta, de costas, de traçar,
de rodear, de ferro, de cabelo ou ourives), serra braçal, etc;
 Ferramentas de furar: berbequins eléctricos e manuais, arco de pua, verruma, brocas,
etc;
 Ferramentas de desbastar e alisar: limatão triangular, grosa, limas (bastarda, paralela
e quadrada) limatão redondo, grosa redonda, plaina, Guilherme, formão, goivas,
escova para limpar limas, etc;
 Ferramentas de percussão: martelos de orelhas e de pena, maço de madeira, etc;
 Ferramentas auxiliares: pedra de afiar, esmeril, alicates diversos, chaves (de fendas,
de estrela, de bocas e inglesa), grampo de esquadria, grampo simples, etc.

Fig. 8.3 – Principais utensílios e ferramentas usadas no trabalho com madeiras.

4. Actividades
1. Faça uma lista dos tipos de árvores que produzem madeira existentes da sua
comunidade.

90
2. Faça um levantamento e traga para a sua aula exemplos de objectos utilitários e
decorativos fabricados pela madeira e seus derivados.
3. Faça uma ou várias visitas a carpintarias e realize um levantamento (ilustrado e
legendado) das ferramentas utilizadas.
4. Com base no aproveitamento de desperdícios de madeira, construa objectos lúdicos
simples (jogo de damas, dominó, xadrez, brinquedos) e utilitários (bases para panelas,
bancos, cadeiras, carteiras e material didáctico). No final decore-os ao seu gosto
(pode usar tintas, verniz ou um pirogravador).

Nos seus trabalhos, não se esqueça de observar as regras básicas de organização, higiene
e segurança no trabalho. Por ser um momento em que trabalhará com ferramentas
cortantes, exigirá maior cuidado no seu manuseamento. Prefira trabalhar de pé, junto à
bancada apropriada e verifique o posicionamento dos objectos em seu redor. Como nas
outras unidades temáticas, poderá precisar de usar luvas, aventais ou batas, etc e ter o
cuidado de deixar a sala de trabalhos limpa antes e depois dos trabalhos.

5. Autoavaliação
1. Que utilidade tem a madeira e seus derivados nos dias de hoje?
2. Quais são as propriedades da madeira?
3. Indique pelo menos três árvores que conhece, que são usadas na produção da madeira
em Moçambique.
4. Qual a parte dos troncos que se aproveita para fazer madeira? Porque?
5. Enumere e explique as técnicas de transformação da madeira.
6. Indique os derivados da madeira e fale a sua aplicação do dia-a-dia.
7. No trabalho com madeira, as ferramentas são agrupadas segundo suas funções. Para
cada função aprendida aponte pelo menos três ferramentas usadas.

91
6. Chave de Correcção
Actividades 1, 2 e 3: Os levantamentos a serem feitos (dos tipos de árvores locais que
produzem madeira, dos objectos utilitários e decorativos fabricados pela madeira e seus
derivados, e das ferramentas utilizadas em carpintarias), poderão surtir um bom efeito
capitalizando o contacto com populares e carpinteiros locais. As questões poderão ser
sobre qualidade da madeira, manuseamento das ferramentas, entre outros É importante
estar munido de um bloco de notas e de uma câmara fotográfica para os registos.

Actividade 4: o aproveitamento de desperdícios de madeira pode ser feito junto das


carpintarias visitadas. Com pequenos pedaços de madeira, é possível construir objectos
lúdicos simples (jogo de damas, dominó, xadrez, brinquedos) e utilitários (bases para
panelas, bancos, cadeiras, carteiras e material didáctico). É importante procurar explorar
no máximo o contacto com as carpintarias, principalmente para aprender a manusear os
vários instrumentos que usará em seus trabalhos.A exercitação permitirá que em
momentos posteriores o formando produza e recupere material escolar de vária ordem.

Fig. 8.4 – Objectos feitos de madeira e seus derivados (trabalhos de estudantes)

7. Bibliografia Complementar
92
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 166-181;
Brito, C., Trabalhos Manuais 5º ano de escolaridade, 4.ed. Lisboa. Texto Editora, 1991,
pp. 103-124;
Marques, L., Maravilhas, J. e Aires, A., Aprender para fazer, Trabalhos Manuais 5º ano
de escolaridade, Educação Manual e Tecnológica. 2.ed. Portugal. Porto Editora,
1991, pp. 151-172.
URL:http://livroevt2.no.sapo.pt/central/materiais_materias_primas/madeiras/
madeiras.htm

8. Resumo da Unidade
Nesta unidade temática, foi abordada a madeira e, igualmente tratados a origem e
propriedades da madeira, as técnicas de transformação da madeira e as principais
ferramentas usadas no trabalho com a madeira. Vimos que a madeira é originária de
várias árvores que podem ser agrupadas em folhosas ou de folha caduca e resinosas ou
coníferas, e apresenta propriedades físicas, mecânicas e químicas.
No processo de transformação das árvores em madeiras, são obtidas tábuas, ripas,
barrotes e outros produtos derivados. Na produção dos objectos de madeira aplicando
diversas técnicas, são usadas muitas ferramentas e utensílios, tais como ferramentas para
medir e traçar, de desbastar e alisar, de percussão, de furar, de corte e auxiliares.

9. Glossário

 Desbastar – o mesmo que desengrossar, tornar uma porção da madeira mais delgada
ou fina que a outra.
 Durabilidade – resistência que as madeiras apresentam à acção dos organismos
destruidores (fungos, bolores, insectos) e depende do tratamento a que forem
sujeitas, do grau de humidade e da aplicação adequada.
 Dureza – resistência que a madeira oferece à penetração de um prego ou outros
materiais.
 Grau de humidade – percentagem de água contida numa substância (madeira).
Conforme diminui o teor de humidade, também diminuem as suas dimensões.

93
 Percussão – pancada, neste caso refere-se às batidas do martelo sobre a cabeça do
prego.
 Peso específico – peso da unidade de volume da substância.

94
Unidade Temática IX - Metais.

Duração da Unidade: 4 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


Desde há muito tempo que o Homem desenvolve várias técnicas de trabalhar com
diferentes matérias-primas para o fabrico dos seus instrumentos de trabalho. Umas das
matérias-primas largamente usadas são os metais. Primeiramente fundidos em processos
rudimentares para o fabrico de instrumentos elementares de caça e agricultura, o uso dos
metais conheceu uma grande evolução, motivada pelo desenvolvimento tecnológico da
indústria siderúrgica. Hoje, muitas são as aplicações que têm os metais como a base de
produção, tais como, o fabrico de automóveis, de loiça metálica, de jóias, em instalações
eléctricas, em canalizações de água, dentre outras.
Nesta unidade temática, serão abordados os metais, nos quais serão arrolados a origem e
propriedade dos metais, as técnicas de transformação de metais e o processo de fundição
de metais.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:

 Identifica e caracteriza os metais mais comuns (ferro, chumbo, alumínio, cobre,


zinco, e latão)

 Descreve o processo de fundição;

 Faz o aproveitamento e reciclagem de metais (latas, tampas de garrafas, etc);

 Constrói brinquedos simples em metais.

95
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Origem e propriedade dos metais


Os metais são matérias-primas extraídas de minérios que se encontram no subsolo. Para a
sua extracção, são abertas minas que, podem ser no interior da terra ou a céu aberto. As
principais propriedades dos metais são: condutibilidade térmica e eléctrica,
ductibilidade, cor, flexibilidade ou maleabilidade, inoxibilidade, densidade,
fusibilidade, elasticidade e tenacidade.

Os metais mais comuns são o ferro, o chumbo, o alumínio, o cobre e o zinco, o ouro e a
prata. O ferro puro não tem aplicação industrial, pelo que, se utiliza como componente
principal de ligas metálicas. O alumínio é um metal de cor branca-prateada muito usado
no fabrico de loiça. O zinco um metal macio de cor branca-azulada muito usado no
fabrico de chapas de cobertura e tubos de canalização (em forma de ligas metálicas). O
cobre é um metal de cor castanho muito usado no fabrico de condutores de electricidade,
caldeiras e peças decorativas.

Havendo necessidade de fortificar ou adaptar a matéria-prima à função ou formato do


objecto, são igualmente produzidas ligas metálicas. Estas são o produto da combinação
de dois ou mais metais ou em associação com alguns elementos químicos. Por exemplo, o
latão é uma liga de cobre e zinco, o aço é uma liga de ferro e carbono, a alpaca é uma liga
de cobre, níquel e zinco.

3.2. Técnicas de transformação de metais


As técnicas usadas para a transformação dos metais são basicamente: medir e traçar,
cortar, dobrar, furar, unir, repuxar, limar e polir.
Para marcar linhas utiliza-se o riscador, uma espécie de “lápis” para metal. A marcação
de pontos é feita com ajuda de um punção de bico. No caso de medição e traçagem de
linhas rectas e curvas, recorre-se ao esquadro metálico, a régua e ao compasso.

96
Fig. 9.1 – Instrumentos de traçagem e verificação (compasso, suta, punção e riscador).

Para dobrar, cortar e serrar, são usados alicates, tesoura corta-chapa, escopro, serra de
rodear, serrotes ou através da quinadeira.

Fig. 9.2 – Variedades de alicates, o escopro e os serrotes.

Para furar as chapas metálicas é usada a broca. Para unir pode ser aplicada a soldadura
(de estanho ou de chumbo), a quinagem e a rebitagem.

Fig. 9.3 – Chapas unidas por soldadura, quinagem e rebitagem


Para repuxar pode se usar o buril ou cinzel e o martelo de bola. Para limar, usam-se as
limas e limatões. No final dos trabalhos, pode-se fazer a limpeza com palha-de-aço e
polir os objectos com lixa.

97
Fig. 9.4 – O martelo de bola, a lima e os cinzéis.

3.3. Processo de fundição de metais.


Ao se extrair a rocha com minérios, a obtenção do metal passa por um processo de
fundição. Neste processo de transformação metalúrgica, são retiradas as impurezas do
metal, realizadas as ligas metálicas e obtida uma substância homogénea. Com o metal
fundido, podem ser fabricados vários objectos aplicando principalmente os moldes.

Fig. 9.5 – Fundição metálica e enchimento de moldes.

4. Actividades

1. Faça a recolha de vários tipos de metais e constitua um mostruário tendo em conta as


características e propriedades de cada um deles.

2. Na comunidade circunvizinha, realize um levantamento de actividades de ferreiros ou


pequenas oficinas de latoaria e registe os procedimentos e instrumentos de produção.

98
3. Explorando metais em várias configurações (chapas, arames, etc), produza de forma
individual ou em grupos de trabalho, vários tipos de objectos decorativos e utilitários
(baldes, tampas de panelas, panelas, latas para água, carrinhos de arame, etc.).

O trabalho com metais implica lidar com muito equipamento cortante e de pontas
aguçadas. É importante ter-se muita atenção na manipulação destes objectos. Procure
segurar as chapas, os arames, os alicates, etc com luvas, e vista material protector sempre
que necessário.

5. Autoavaliação

1. Identifique alguns metais mais comuns e fale das suas características e aplicações.

2. Explique em que consiste a fundição.

3. Aponte as técnicas de transformação dos metais e os instrumentos mais utilizados.

6. Chave de Correcção

1) Actividade 1: A recolha dos tipos de metais e construção de um mostruário deverá ter


um guia de recolha, onde se indica o nome do metal, as propriedades, a aplicação e se
possível acompanhar por imagens. No final pode-se fazer uma exposição conjunta.
Actividade 2: O levantamento de actividades de ferreiros ou pequenas oficinas de
latoaria deverá ser realizado com ajuda de um bloco de notos e se possível uma máquina
fotográfica para registar o equipamento e momentos de interesse particular.

2) Actividade 3: Os vários tipos de objectos decorativos e utilitários deverão realçar um


nível cada vez crescente de criatividade. É importante que antes de trabalhar os metais,
realize um projecto do trabalho que pretende desenvolver.

99
Fig. 9.6 – Objectos de metais/reciclagem (trabalhos de alunos)

7. Bibliografia Complementar
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 184-197;
Brito, C., Trabalhos Manuais 5º ano de escolaridade, 4.ed. Lisboa. Texto Editora, 1991,
pp. 127-142;
Marques, L., Maravilhas, J. e Aires, A., Aprender para fazer, Trabalhos Manuais 5º ano
de escolaridade, Educação Manual e Tecnológica. 2.ed. Portugal. Porto Editora,
1991, pp. 179-198.

URL: http://livroevt2.no.sapo.pt/central/materiais_materias_primas/metais/metais.htm

8. Resumo da Unidade
Nesta unidade, foram abordados os metais. Originários de rochas naturais com minérios,
os metais precisam de passar por um momento de fundição para limpeza de impurezas,
constituição de ligas metálicas e posterior aplicação. Perante a variedade de metais e suas
propriedades, estes recebem diferentes aplicações.

100
Foram ainda abordadas as principais técnicas de transformação dos metais, entre elas
medir e traçar, cortar, dobrar, furar, unir, repuxar, limar e polir, bem como os respectivos
instrumentos aplicados.

9. Glossário
Condutibilidade – propriedade que os metais tem de conduzir calor e electricidade.
Ductibilidade – propriedade que os metais possuem de poder ser reduzidos a fios.
Fusibilidade – propriedade que os metais possuem de poder se fundir ou derreter.
Maleabilidade – é a propriedade que os metais possuem de se poderem reduzir a
lâminas.
Tenacidade – propriedade que os metais possuem de poder resistir à ruptura por tracção.

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Unidade Temática X - Agro-pecuária

Duração da Unidade: 6 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


Com a presente unidade pretende-se que você desenvolva algumas habilidades na
área agropecuária para que tenha noções de como veicular o conhecimentos nela tidos
no seio dos alunos nas escolas primárias. A unidade compreende temáticas sobre as
funções, limpeza e arrumação dos instrumentos e utensílios agrícolas, construção de
capoeiras para criação de aves, o solo e as técnicas de sementeira, plantio, sacha,
colheita e conservação de produtos agrícolas. É nesta unidade que também trataremos
da temática sobre a criação dos animais domésticos e construção de currais e
pocilgas. Por último falaremos sobre a criação de cultura e os métodos de
conservação de produtos perecíveis.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:

1) Conhece as funções de enxada, catana, sachola, machado, ancinho, pá, etc.


2) Prepara cabos de enxadas, machados e ancinhos;
3) Faz ancinhos com pregos e paus;
4) Constrói capoeiras para a criação de aves;
5) Faz preparação do solo, sementeira e plantio;
6) Faz a sacha, a colheita e a respectiva conservação de produtos agrícolas;
7) Cria animais domésticos;
8) Constrói currais e pocilgas;
9) Conserva produtos perecíveis;
10) Prepara um local para criação peixe;
11) Usa, limpa e arruma os instrumentos e utensílios após o trabalho.

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3. Recursos de Aprendizagem

Texto 1: Preparação do solo, sementeira e plantio

a) Indicações prévias

Para uma actividade eficaz de preparação do solo/terra é muito importante preparar a


terra cedo e dominar o uso do arado, enxada e sulcador para evitar dificuldades. Temos
que abrir canais adequadamente que permita um bom escoamento de água.

b) Benefícios
 Torna o solo solto
 Permite a entrada de ar e de água
 Encoraja o desenvolvimento de raízes
 Enterra as ervas daninhas, restos de plantas e incorpora estrume no
solo
 Cria reserva de água no solo
 Melhora a fertilidade no solo.

A preparação da terra atempadamente, logo depois da colheita; isto é, de Abril a Julho,


ajuda o controle das ervas daninhas, conservação de humidade, controle de insectos e
doenças.

c) Lavoura
A lavoura deve ser feita sempre perpendicularmente à inclinação e a profundidade do
cultivo deve ser considerada entre 20-30 cm. Depois da lavoura, a terra deve ser feita em
camalhões. A distância entre os camalhões depende do tipo de cultura a ser plantada. O
camalhão e a cobertura morta servem para a colheita de água e como método de controle
de erosão. Os camalhões são formados quer pelo amontoador quer pela enxada ao longo
das curvas de nível. Os camalhoões devem ser compactados para conversar a água e
controlar a erosão. A compactação poderá quebrar-se durante o período de excesso de
chuva.

103
Ademais, poderemos precisar de cavar linhas de plantação (20 cm) para controlar as
ervas daninhas.

d) Cuidados especiais
A compactação poderá sofrer o efeito do excesso de água durante o período chuvoso. Se
usamos a enxada e a cobertura morta, devemos controlar o capim. Para maximizar o
rendimento do solo, controlar e eliminar possíveis pestes. É preciso ainda que saibamos
que a humidade pode ser retida no solo se os resíduos das plantas permanecerem.

e) A lavoura atempada
Para uma boa colheita, nós devemos ser capazes de saber seleccionar a melhor altura para
fazer a lavoura. Com efeito, é preciso conhecer e perceber as vantagens da lavoura
atempada. A lavoura atempada faz com que poupemos o nosso tempo e melhore o
aproveitamento das primeiras chuvas para a plantação. As vantagens da lavoura atempada
são entre outros as seguintes:
 A qualidade da lavoura desejada será alcançada
 As culturas serão plantadas atempadamente
 O solo continuará húmido e suave, portanto, fácil para a lavoura no fim do
crescimento da planta
 Permite a decomposição das ervas daninhas antes do estabelecimento das culturas

A fim de garantir e atingir bons resultados com a lavoura, recomenda-se que lavremos no
inverno ou no início do verão ou ainda logo depois das primeiras chuvas. Nesse contexto,
para bons resultados, dever-se-á aplicar a seguinte ordem:

1. Lavoura de Abril – Maio


2. Lavoura de Junho – Julho
3. Lavoura tardia de Julho/Agosto/Setembro.

104
f) Vantagens da lavoura no inverno sobre a lavoura no início de verão

Lavoura no Inverno Lavoura no Verão

Solo está húmido e mole, portanto, fácil de Solo torna-se duro e seco portanto difícil de
trabalhar lavrar

As ervas daninhas têm tempo para se As ervas daninhas não se decompõem


decomporem provocando a falta de água

As ervas daninhas são destruídas e portanto As ervas daninhas continuam a usar a


a humidade é conservada humidade antes da lavoura tardia

Não recomenda o uso da tracção animal Cresce a necessidade em tracção de


animais

Texto 2: Currais e Pocilgas

a) Maneio e manutenção do curral e pocilga


É importante que mantenhamos uma gestão devida do nosso curral/pocilga para
beneficiar do seu estrume e para que os animais não saiam indevidamente do cerco.

b) Manutenção do Curral e da pocilga


Quando o curral e a pocilga são construídos, é essencial mantê-los em boas condições e
em segurança. De entre vários procedimentos a seguir para atingir tais objectivos é
necessário que nós:
 Certifiquemos se os postes (ou estacas) verticais e horizontais (cruzadas) estão
sempre robustos (fortes);
 Façamos a substituição das estacas velhas
 Certifiquemos se o comedoiro está sempre em condições para que os animais
sejam alimentados no local.

c) Introdução de restos vegetais e feno


No período ou época seca é necessário tomar providências para que os animais sejam
devidamente alimentados. Assim sendo, devemos:

105
 Guardar muita quantidade de restos vegetais ou preparar feno para os animais
(guardar em lugar com protecção contra o sol e a chuva)
 Alimentar os animais através do comedouro para mantê-los bem na época seca
quando houver pouco pasto disponível.
 Obedecer horários regulares para introdução do restos vegetais ou feno no curral
ou pocilga.

d) Limpeza do curral ou pocilga


Fazer uma cova, do lado mais baixa, fora do curral ou pocilga
Limpar o curral/pocilga quando os restos vegetais e o esterco (excremento) estiverem
devidamente misturados a uma altura de mais ou menos de 10 cm e pôr a mistura no
buraco.

e) Conclusão
É portanto, muito importante manter, meter restos vegetais, feno no buraco e manter o
curral/pocilga em condições de forma a obter os benefícios acima indicados.

f) Cobertura do curral
A razão que nos leva a cobrir o curral ou pocilga prende-se com o facto de animais mais
jovens necessitarem de protecção contra condições climáticas adversas (sol e chuva). Por
isso precisamos do material seguinte para a cobertura:
 Estacas de 2 x 520 x 7,5-10 cm
 Estacas de 270 x 7,5-10 cm
 Colmos ou caniços
 Arame para amarrar.
Depois de obter o material, fixa as estacas ao longo da metade final do curral dos topos
dos postes e assegura que o caimento/inclinação seja do centro da pocilga/curral para
fora. É necessário que faça uma cobertura de colmo ou caniços. O comedouro deve estar
especialmente protegido das adversidades acima mencionadas. Recomenda-se que se use
um curral/pocilga de pernoita de 4 m2/animal adulto, como a imagem abaixo ilustra.

106
4. Actividades

a) Constrói um ancinho na base dos conhecimentos e experiências que tem.


b) Constrói uma pequena capoeira para aves e tenta adquirir pássaros que nela sejam
criados.
c) Faça esquematicamente um pombal e demonstre por escrito as funções de cada
compartimento.
d) Em grupos de 4 a 6 estudantes fazer a preparação do solo, sementeira e plantio de
tomate, mandioca e batata reno, cuidando da lavoura, sacha, colheita e a
respectiva conservação desses produtos agrícolas;
e) Constrói ou ajuda a construir uma pocilga ou um curral?
f) Visitar em grupos um local onde se criem peixes, para depois de ter aprendido a
técnica de criação de peixes, criá-los.

5. Autoavaliação
1. Qual é a importância de conservação dos instrumentos e utensílios agrícolas?
2. Como construir uma pequena capoeira para aves (indicar os materiais e
instrumentos)?
3. Como fazer a preparação de solo para lavoura?

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4. Quais são as vantagens da lavoura atempada?
5. Com fazer a manutenção de currais e pocilgas?
6. Quais são os materiais necessários para a cobertura de currais e pocilgas?

6. Chave de Correcção
Para responder as questões da auto-avaliação, ler o textos 1 e 2 acima.

7. Bibliografia Complementar
Gaspar, J. A (2010), (editor). Manual do extensionista, Maputo: Ministério da
Agricultura.

FAO (2009), Escola na Machamba do Camponês: uma metodologia de aprendizagem


participativa.

Vasconcelos, A. P e Ecole, C.C. (2009). Maneio da cultura da batata, Ficha técnica 2,


Agrifocus, Agrifocus.

MISAU (2008, Set.). Manual de educação para Saúde, Maputo.

Singh, Y. K e Singh, S.B. (2010). Biologia da pós-colheita, economia e tecnologia.


Maputo: Minerva Central

8. Resumo da Unidade
Aprendeu nesta unidade temáticas sobre as funções, limpeza e arrumação dos
instrumentos e utensílios agrícolas, construção de capoeiras para criação de aves, o solo e
as técnicas de sementeira, plantio, sacha, colheita e conservação de produtos agrícolas. É
nesta unidade que também falámos da criação dos animais domésticos e construção de
currais e pocilgas. Por último criação de peixes e os métodos de conservação de produtos
perecíveis foram destacados.

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9. Glossário

Lavoura – é uma operação que consiste em remover a terra permitindo a incorporação e


decomposição de matéria orgânica disponível quer seja estrume, resto de culturas
anteriores ou adubo. Ela permite a circulação do ar no solo, calor, água favorecendo a
germinação das sementes e penetração das raízes. Para a sua execução depende de
factores climáticos especialmente a humidade do solo deve ser conveniente, nem muito
seco nem encharcado. A lavoura deve ser orientada para melhorar a conservação do solo.

Gradagem – consiste em desfazer os torrões deixados pela lavoura, ou cortar restos


vegetais e para pulverizar a terra. A lavoura assim como a gradagem podem ser repetidos
duas vezes dependendo da cultura a praticar.

109
Unidade Temática XI - Culinária

Duração da Unidade: 8 Horas

1. Introdução da Unidade Temática:


A presente unidade visa desenvolver no futuro professor capacidades sobre a culinária
que o permitam intervir com domínio neste campo tanto na escola onde vai leccionar
como na comunidade em geral. Com a temática pretende-se que o futuro professor
adquira saberes sobre uma alimentação saudável. É nesta unidade que vai aprender a
fazer receitas culinárias locais, nacionais e de outras partes do mundo.

A receita culinária tem como objectivo informar a fórmula de um produto seja ele


industrial ou caseiro, contando detalhadamente sobre seu preparo. É uma sequência de
passos para a preparação de alimentos.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:

1) Faz recolha de receitas locais, nacionais e internacionais;


2) Constrói uma balança artesanal;
3) Utiliza utensílios para medir (copos, copo graduado, balança);
4) Cozinha alimentos em água e óleo;
5) Faz bolos e salgadinhos

3. Recursos de Aprendizagem

Texto I: Culinária

A culinária é a arte de cozinhar, ou seja, confeccionar alimentos e foi evoluindo ao longo


da história dos povos para tornar-se parte da cultura de cada um. Variam de região para
região, não só os ingredientes, como também as técnicas culinárias e os

110
próprios utensílios. Por exemplo, a cataplana é um recipiente para cozinhar alimentos
típico do Algarve, equivalente à tajine de Marrocos. A alheira de Mirandela é um dos
alimentos mais exclusivos da cozinha portuguesa, enquanto no Brasil, os pratos típicos
incluem a feijoada brasileira e o churrasco.

A cozinha muitas vezes reflete outros aspectos da cultura, tais como a religião –


a carne de vaca é tabu entre os hindus, enquanto a de porco é proibida entre
os muçulmanos e judeus – ou determinadas posições políticas, como
o vegetarianismo em que não são consumidos alimentos provenientes de animais ou
oriundo de animais como leite e ovos para esse efeito.

O desenvolvimento industrial teve igualmente um grande impacto na forma como as


pessoas se alimentam. Por exemplo, a maior incidência de pessoas trabalharem longe
de casa ou terem mais horas de trabalho levou ao surgimento da comida rápida; por outro
lado, a consciência da segurança alimentar e da qualidade dos alimentos levou à criação
de regras, por vezes na forma de leis, sobre a forma como os alimentos devem ser
vendidos.

Uma disciplina associada à culinária é a gastronomia que se ocupa, não do modo como os


alimentos são preparados, mas principalmente no refinamento da sua apresentação.
Outras disciplinas relacionadas são a nutrição e a dietética, que estudam os alimentos do
ponto de vista da saúde ou da medicina.

História da Culinária

No início da história humana, os alimentos eram vegetais ou animais caçados para esse
fim e consumidos crus; com a descoberta do fogo, os alimentos passam a ser cozinhados,
o que aumentou a sua digestibilidade, possibilitando o desenvolvimento orgânico do
homem. Também era comum bater os alimentos contra o pênis do homem primitivo,
ritual esse praticado pelas fêmeas, de modo que acreditava-se garantir mais força para
quem fosse comer.

As descobertas da agricultura e da pecuária foram outros fatores que melhoraram, não só


a qualidade dos alimentos, mas também a sua quantidade. Finalmente, as técnicas de
fertilização do solo e do controle de pragas e, mais recentemente, a modificação genética
dos animais e plantas de cultura, levaram a um maior rendimento na sua produção.
111
A preparação dos alimentos teve uma história paralela a esta, com os desenvolvimentos
tecnologia|tecnológicos modificando gradualmente os lista de utensílios culinários|
utensílios e as lista de técnicas culinárias|técnicas culinárias.

Ingredientes

Os tipos de ingredientes usados na alimentação humana dependem da sua disponibilidade


local: o trigo é um dos ingredientes básicos da culinária europeia e mediterrânica,
enquanto na Ásia é o arroz. No entanto, alguns produtos foram exportados das suas
regiões de origem, como a batata, originária dos Andes, que se tornou num dos alimentos
principais no norte da Europa, ou o milho, originário das regiões norte do México, que é
o alimento básico na África oriental.

A expansão comercial que, na Europa, provavelmente começou com as invasões


dos fenícios, e que se alargou com as viagens de Marco Polo, no século X, trouxe
também novos ingredientes e técnicas culinárias, como as massas alimentícias e o uso
das especiarias.

As espécies de animais existentes em cada região são também determinantes na dieta


alimentar dos povos..

Técnicas e utensílios culinários

O primeiro – e ainda o principal – utensílio culinário foi a mão. Com ela, os nossos


antepassados colhiam ou caçavam os alimentos ou a bebida e os levavam à boca. Hoje ela
serve para segurar os alimentos e os utensílios e para deitar as importantes pitadas de sal
ou outros temperos (embora seja mais higiénico usar colherinhas).

Com a descoberta do fogo, o homem teve que inventar utensílios para preparar a comida
– pensa-se que isso foi possível com a descoberta da cerâmica, apareceram as
primeiras panelas e recipientes para a água. Provavelmente a cozedura simples dos
alimentos em água mostrou a existência de gordura animal que foi, mais tarde, refinada e
usada para os refogados e guisados e depois para a fritura.

Entretanto, outros utensílios primitivos de cozinha foram pedras para cortar ou triturar os
alimentos e paus para os mexer no fogo. Com a descoberta da metalurgia, devem ter

112
aparecido as primeiras facas e garfos – as colheres devem ter continuado por muito tempo
a ser feitas de madeira, como ainda se usam hoje.

A fogueira para assar a caça deve-se ter transformado gradualmente nos


actuais fogões e fornos. O forno permitiu a invenção dos assados, mas só depois da
descoberta da agricultura deve ter sido descoberto o pão, os bolos e, depois da descoberta
das massas alimentícias, os pastéis e outros alimentos preparados no forno cobertos de
massa, como o famoso vol-au-vent da culinária de França.

Entretanto, a Revolução Industrial provocou a criação de cozinhas industriais, bem


diferentes das cozinhas colectivas dos mosteiros da Idade Média. E de alguns utensílios
industriais, como as fritadeiras gigantes, devem ter sido inventadas as versões
domésticas, menores; já o fogão industrial é uma versão moderna e ampliada do fogão
doméstico. O forno de micro-ondas só foi possível com a revolução tecnológica

Culinária industrial

A indústria alimentar passou por várias fases até ao presente, em que é possível


comprar refeições já preparadas e prontas para comer, não só nos supermercados, como
nas várias cadeias de comida rápida.

A preparação "industrial" de ingredientes para cozinhar deve remontar aos primeiros


tempos da agricultura, em que o homem decidiu conservar produtos frescos que eram
produzidos em quantidades maiores do que podiam ser consumidos, numa época do ano,
enquanto noutra, os mesmos alimentos faltavam. Provavelmente a primeira técnica de
conservação de alimentos foi a secagem, que ainda hoje é extremamente importante, não
só nos países menos industrializados, mas principalmente naqueles em que a exportação
de alimentos, como os cereais e o leite, tem grande importância na economia.

Os {mosteiros} deram uma grande contribuição à industrialização da comida durante


a Idade Média e Moderna, não só inventando e vendendo grandes quantidades
de doces, licores e conservas, mas também descobrindo a forma de preparar grandes
quantidades de comida.

Mas foi a revolução industrial que permitiu o desenvolvimento de novas formas de


preparar e conservar os alimentos. Por outro lado, a industrialização foi igualmente o

113
factor que levou grande número de pessoas a procurarem alimentos produzidos em série,
primeiro por trabalharem muitas vezes longe de casa, depois por ter promovido o
crescimento duma classe média que “inventou” o campismo como forma
de entretenimento.

Culinárias regionais
Cada país e região tem a sua culinária própria que depende, não só da mistura de culturas,
mas principalmente dos ingredientes disponíveis. Além disso, a globalização fez com que
as técnicas e tradições culinárias se mudassem de continente para continente,
levando receitas, ingredientes e utensílios e fazendo com que os hábitos alimentares, e
logo culinários, se fossem evoluindo até às culinárias regionais que existem no mundo.

Texto II. Receitas culinárias

a) Frango à Cafreal

Ingredientes:
Frangos, azeite, piripiri, manteiga, sal e pimenta
Preparação:
Abrem-se os frangos pelas costas e espalmam-se (ficando o peito inteiro) e batem-se as
articulações com um maço. Untam-se com um pouco de azeite, temperando com sal e
pimenta e assim se deixam umas horas até se grelharem. Num pilão esmaga-se uma boa
porção de piripiri com um pedaço de manteiga e com esta massa se vão untando os
frangos enquanto grelham no carvão.

b) Caril de Caranguejo

Ingredientes:
2 kg de caranguejo, 4 tomates médios pelados, 2 cebolas médias picadas, 4 dentes de alho
picados, 2 folhas de louro, 6 cravinhos da Índia, 1 porção de gengibre, 3 colheres de sopa
cheias de óleo de amendoim, 1 coco ralado misturado com uma colher cheia de
tamarindo esmigalhado que se junta a um litro e meio de água a ferver, coando-se num
pano para uma tigela, 2 colheres de sopa bem cheias de pó de caril sal q.b., e 1 colher de
chá cheia de tamarindo.

114
Preparação:
Lava-se, limpa-se e parte-se o caranguejo. Numa panela juntam-se o tomate, a cebola,
alho, louro, cravinho, gengibre e óleo. Põe-se tudo a refogar muito bem, juntamente com
pequenas porções de água a ferver. Depois de cozido, junta-se a têmpera e um pouco de
leite de coco. Deixa-se cozer muito bem a têmpera, acrescentando-se leite de coco
sempre que necessário. Depois deita-se o caranguejo, e deixa-se ferver em lume brando,
acrescentando-se o resto do leite de coco até ficar um molho grosso e bem apurado.
Serve-se com arroz branco solto ou com arroz cozido em água do leite de coco.

c) Doce de Manga
Ingredientes:
Mangas e Açúcar.
Preparação:
Lavar as mangas, descascar e cortar aos bocados. Passar por uma peneira. Fica um polme
bastante fino e sem fios. Medir igual quantidade de açúcar. Leva-se ao lume e deixa-se
ferver até tomar ponto. Mexer com colher de pau, de vez em quando para não pegar.
Leva algum tempo a fazer.

d) Bolo de Mandioca
Ingredientes:
1/2 Kg de açúcar, 1 copo de água (200 ml), 120g de margarina ou manteiga, 8 gemas, 1/2
kg de mandioca ralada e 200ml de leite de coco.
Preparação:
Faça uma calda com o açúcar e a água. Deixe ferver até o ponto de calda. Desligue o
lume e adicione a margarina. À parte, misture a mandioca ralada com as gemas e o leite
de coco. Adicione a mistura à calda de açúcar. Untar uma forma com margarina
polvilhada com açúcar e despejar a mistura. Deixar em forno quente durante 50 minutos.

e) Frango Cafrial à Zambeziana


Ingredientes:
1 frango médio, 1 coco ralado, 8 dentes de alho, 1 folha de louro e sal q.b.

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Confecção:
Limpe bem o frango e deixe escorrer num passador.
Rale o coco para dentro de uma bacia plástica e, depois de ralado deite meia chávena de
chá de água quente e meia de água fria, mexa muito bem com as mão até ficar um leite
mais ao menos cremoso, deixe arrefecer, enquanto pila-se o alho e o sal.
Para temperar o frango, ponha-o num tabuleiro e tempere com o preparado e a folha de
louro. Uns minutos depois deite meia quantidade do leite do coco e fica a marinar por
meia hora. À parte, numa tigelinha junte o resto do leite de coco e um pouco de azeite.
Este frango é assado na brasa e de vez em quando, com uma pena de galinha vá
borrifando o preparado de leite e azeite sobre o frango até estar pronto para servir.
Nota: O preparado de leite de coco e azeite é para que na altura de assar o frango na brasa
a pele fique mais estaladiça.

4. Actividades

Os futuros professores devem ser conduzidos a fazer a leitura individual do texto I e II.
De seguida o docente orientará um debate para aprofundar os conhecimentos sobre a
culinária. É nesta unidade que os futuros professores são orientados a fazer a recolha das
receitas alimentares locais e nacionais e, por vezes, fazer visitas às cantinas escolares,
refeitórios escolares e dos hospitais entre outros locais para ver como se faz a preparação
de alimentos nesses locais. O formador deve, com apoio, de um/a cozinheira/o local
convidado, orientar uma sessão de preparação de alimentos (Fazer bolos, salgadinhos e
alimentos em água e óleo). Com o produto dessa preparação dos alimentos, os futuros
professores podem ser orientados a organizar pequenas feiras gastronómicas localmente.

5. Autoavaliação
a) O que é uma receita? Para que serve?
b) Identifique e apresente quatro receitas locais.

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c) Como pesar e medir alimentos? Fale de duas receitas específicas demonstrando o
uso dos instrumentos de medição.
d) Quais os instrumentos de medição dos alimentos? Pode propor uma balança da
sua autoria?
e) Como preparar alimentos na base de água e óleos? Dê dois exemplos de cada tipo.
f) Como promover uma pequena feira de gastronomia
g) Qual é a diferença entre a culinária industrial e culinária familiar?

6. Chave de Correcção
As respostas da autoavaliação podem ser encontradas nos textos 1 e II. Algumas das
perguntas são destinadas a extrair as experiências dos formandos no campo da culinária.

7. Bibliografia Complementar

Wikipédia, Culinária, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Culin%C3%A1ria;


acessado a 28/Novembro/2011

Wikipédia, Massa, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Massa_(alimento);


acessado a 25/Novembro/2011

MAISRECEITAS, Gastronomia moçambicana, disponível em:


http://www.maisreceitas.com/content/category/10/107/33/; acessado a
12/Novembro/2011

8. Resumo da Unidade
Esta unidade tinha por objectivo habilitar o futuro professor no domínio das técnicas de
culinária local e nacional. Pretendia-se que o formando aprendesse os conceitos básicos,
recolhesse as receitas locais, preparasse alimentos com base em água e óleos, visitar
locais públicos ou privados de confecção de alimentos, e organizasse uma pequena feira
de gastronomia local.

9. Glossário
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Técnicas de culinária – modo típico de preparação dos alimentos. Algumas técnicas de
cozimento básicas podem ser utilizadas na culinária saudável. Ao utilizar estas técnicas
de culinária saudável, você pode efectivamente reduzir a gordura e calorias, mas você
ainda pode reter os nutrientes.
O cozimento é uma das técnicas de culinária saudável. você pode queimar a carne
magra, aves, peixe, legumes e frutas, etc. Estufado é outra técnica culinária saudável.
Grelhar grelhada e pode ser usado para reduzir significativamente a gordura dos
alimentos. Torrefacção também pode ser usada para escorrer a gordura do alimento.
Você pode assado de frutos do mar, carnes, aves, mas você precisa saber que, torrefação
tendem a fazer comida para secar. Cozinhar e agitar-fritura como técnicas de cozinha
também são bons.
Receita culinária  – é um conjunto ou sequência de passos para a preparação
de alimentos que podem ser escritas n um livro ou caderno, etc.

118
Unidade Temática XII – Costura

Duração da Unidade: 8 Horas

1. Introdução da Unidade Temática:

Costura é uma arte milenar que evoluiu com as transformações ocorridas no mundo. Da
forma arcaica como os nossos antepassados costuravam o seu vestuário, hoje o processo
de costura é apoiado e dinamizado pelo avanço tecnológico, com a existência de
máquinas de costura quer manual quer industrial.
Nesta unidade vamos aprender sobre o processo da costura de roupas e outros objectos na
base de retalhos localmente encontrados, desde do algodão, linho, seda entre outros para
lhe habilitar a confeccionar peças do vestuário (calça, camisa, vestido, etc.). Com base
nesses tipos de peças podemos permear tópicos como:
 Produção de moldes
 Medidas
 Alinhavo antes da cosedura
 Distinção da roupa masculina da feminina e da criança
 Simples pregas de zipe e de botões
 Costura de roupa simples para criança, grupo teatral entre outros fins.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:

a) Alinhava costuras antes de coser;


b) Remata para não desmanchar;
c) Cose as costuras em ponto de máquina;
d) Prega botões;
e) Passaja buracos;
f) Faz colchas, lençóis ou cobertores, juntando pedaços de tecidos;
g) Coloca elástico;
h) Prega zipe;
119
i) Faz moldes simples;
j) Faz peça simples de vestuário para crianças;
k) Faz vestuário para o grupo teatral da escola.

3. Recursos de Aprendizagem

TEXTO: Orientações para alinhavo de costuras e coser

Moldagem
O primeiro passo para a modelagem é definir as medidas do corpo. Em seguida serão
executados os Moldes Básicos que servirão como ponto de partida para interpretação de
diversos modelos.

Principais Moldes Básicos:


Tecido Plano: Base da blusa, base da manga, base da saia e base da
calça.
Malha: Base da blusa justa, base da manga justa e base da calça.
Fig. 12.1: Moldes

Listamos a seguir o material necessário para execução dos moldes: Papel Manilha ou
papel Pardo; Lapiseira 0,7mm ou 0,9mm; Régua curva pequena; Régua curva grande;
Esquadro; Fita Métrica; Tesoura para papel; Fita adesiva e cola; Carretilha; Borracha;
Papel carbono para tecido nas cores branco, amarelo e vermelho.

Orientações sobre a execução dos moldes

Os moldes serão traçados através de diagramas.


Exemplo: O traçado do rectângulo ABCD com as seguintes
dimensões: A - B = 1/2 do quadril e A - C e B - D = Altura
do quadril
Fig.12. 2: Traçado
- As bases serão quase sempre traçadas pelas metades, das
do molde
costas e da frente, com excepção da calça que é traçada com o
papel aberto.

120
- Para todas as bases, os traços serão orientados através
de letras ou números.
Para o traçado dos moldes é de grande ajuda um conjunto
de réguas como o da figura 12.3, mas não é
indispensável.
Fig. 12.3: Réguas
Sobre a Malha: Diferente do Tecido Plano, as malhas são
produzidas por laçadas interligadas que resultam em uma estrutura flexível. Dependendo
do fio e da estrutura utilizada é determinado o grau de elasticidade da malha.

Tipos de Malha

Malhas Firmes Malhas elásticas 


- Lycra, cotton-lycra,etc.
- Meia-malha de algodão
- Moletom, plush etc.
Preparação da Malha para o Corte: A malha antes de ser cortada deve passar pelo
processo de descanso, que consiste em deixá-la desenrolada em uma superfície plana
durante 24 horas.
Máquinas utilizadas para Malhas: Galoneira, Overlock, Reta e Interlock. Para Costurar
Malha: Agulha de máquina nº 9 ou 11 (ponta bola) e Fio Nylon ou poliéster. Deve utilizar
4 pontos de máquina por centímetro e reduzir a tensão do fio.

 Cálculo da Elasticidade da Malha


A modelagem para malha sofre reduções de acordo com a elasticidade da malha. O
costureiro/a visitante poderá explicar e demonstrar este cálculo.

 Como Tirar Medida


As medidas devem ser tiradas rentes ao corpo sem apertar nem afrouxar a fita métrica.
Coloque um cadarço/atador ao redor da cintura para marcá-la e para que as medidas que
partem da cintura saiam todas do mesmo lugar. Seja muito criteriosa ao tirar as medidas
pois o perfeito resultado da modelagem dependem desse critério, quer se trate de medidas
femininas quer masculinas. As medidas exactas a usar tanto para adultos como para

121
crianças incluindo folgas ou costuras podem ser obtidos junto de um costureiro/a que o
professor poder convidar ou consultar as normas.
Molde Básico para uma Blusa
Medidas Necessárias: Tórax, Busto, Cintura, Altura da cava, Comprimento da blusa na
frente, Separação do busto, Altura do busto, Largura do braço e Largura das costas.

Cortando no tecido
Distribui-se o molde no tecido de forma que na frente fique uma
margem de 2cm para o abotoamento; nas costas encosta-se o molde
na dobra do tecido. Usam-se alfinetes para prender os moldes ao
tecido. O processo que se segue é do traçado do molde da frente
(cava de frente, linha de cintura, linha lateral), costas (decote das
costas, cova das costas, linha lateral das costas). Seguidamente se
colocam a pence de frente, horizontal e vertical assim como as Fig. 12. 4: Medição
pences vertical das costas e fechada. da cintura ao joelho

Molde Básico da Saia para Tecido Plano


Medidas necessárias: Cintura - Contorne a cintura com a Fita
Métrica. Medida Exacta; Quadril - Contorne onde o Quadril é
mais volumoso. Medida Exacta; Altura do Quadril - Meça
Verticalmente pela lateral partindo da Cintura até onde foi tirada
a medida do Quadril; Altura do Joelho - Meça verticalmente pela
lateral partindo da Cintura até o Joelho (figura 12.6). Medida da
Separação do Busto - Meça a distância entre os dois mamilos Fig. 12. 5: Medição
da distância entre
(figura 12.5). mamilos

Material necessário para a modelagem: Papel, Lápis, Carretilha e Réguas (Esquadro e


Régua de Quadril). A régua de quadril pode ser dispensada e os traços serão feitos a mão
livre.  A seguir se faz o traçado do molde e o corte do tecido.

122
Quantidade de tecido: Se o tecido tiver 1,40m de largura compre uma altura mais as
folgas para costura. Se o tecido tive 90 cm de largura compre duas alturas mais as folgas
para costura.

 Camisa Masculina

A modelagem na figura 12.6 servirá como Básico para diversos modelos.

O procedimento começa com o desenho do molde com a folha de


papel aberta. Deixa-se uma margem de 7cm do lado esquerdo do
papel de modo a obter os moldes da frente, das costas, manga, cava
de frente, cava das costas, gola, ponho, carcela e bolso.

Fig. 12.7: Camisa masculina

 Molde Básico da Calça Masculina para Tecido Plano

Normalmente deixa-se uma margem de 20cm a esquerda do papel e


de 10cm na parte superior do papel. Traça-se o rectângulo para
depois obter as medidas da cintura, frente, altura, costas, largura dos
joelhos, e pence.

Fig. 12.8: Moldes da frente e das costas

Observe-se que a Medida da Altura do Gancho (figura 12.7) é


tirada da mesma forma que fazemos no feminino, ou seja, a
pessoa sentada em uma superfície lisa, com o corpo erecto,
mede-se com a fita métrica da Cintura até encostar na superfície.
Atenção para que a fita métrica inicie na cintura e não na altura
que a pessoa usa a calça.

Fig. 12.9: Altura do Gancho

123
Abotoamento da Camisa

Fig. 12.10: Molde mostrando o abotoamento

Lado Esquerdo

 No abotoamento do lado esquerdo não precisa colocar entretela.


 Marca-se com papel carbono as linhas de costuras.
 Dobra-se na primeira linha para o avesso.
 Vira-se para o avesso o trecho a ser vincado e pesponte .
Lado Direito
 O lado direito do abotoamento necessita de entretela.
 Cola-se a entretela no lugar indicado conforme ilustração abaixo.
 Vinca-se para o avesso na linha onde termina a entretela.
 Vira-se a roupa para o direito e pesponte na beirada.
 Vira-se a roupa para o avesso.
 Vinca-se para o avesso a parte que foi pespontada conforme ilustração abaixo.
 Pesponte por toda extensão da dobra.
 Abre-se a peça da roupa e fazem-se as casas.

4.   Actividades

124
Nesta unidade temática, você estudante junto do seu professor e um possível convidado
costureiro/a da comunidade ajudar-vos-á a executar de costura das seguintes actividades:
a) Produzir de moldes simples
b) Costurar de uma camisa
c) Costurar de uma blusa
d) Costurar de uma saia
e) Costurar de uma calça
f) Abotoar uma camisa/Prega de botões;
g) O docente e o costureiro convidado poderão realizar um debate sobre as medidas
para adultos e crianças de ambos os sexos.
h) A turma deve ser levada a aprender a cozer as costuras em ponto de máquina;
i) Sob orientação do docente, você estudante deve experimentar passajar buracos de
uma roupa qualquer;
j) Usando o seu poder criativo e experiência, fazer uma colchas, lençóis ou
cobertores, juntando pedaços de tecidos
k) Experimente, a seguir, colocar elástico numa saia ou num calção
l) Vai tentar com linha ou à máquina fazer a prega de zipes em pequenas bolsas,
saias ou calções.
m) Faça uma peça uma simples de vestuário (camisa, saia ou calção) para crianças;
n) Buscando a sua iniciativa criadora, em micro-grupos, fazer vestuário para o grupo
teatral da escola.
o) Faça uma experiência com o molde básico, use um tecido baratinho, costure e
verifique se ficou de acordo com seu corpo.

5. Autoavaliação
1. O que é um molde?
2. Como fazer uma moldagem em costura?
3. Qual é o material necessário para execução dos moldes
4. Como distingue a costura de roupa masculina da feminina?
5. Qual é a importância das medidas na costura?

6. Chave de Correcção
O estudante obterá as respostas da auto-avaliação ao longo do texto proposto e na base da
sua própria experiência.
125
7. Bibliografia Complementar
BASES LYCRAS (2008). Blusas, vestidos, calzas e ciclistas. Disponível em:
https://picasaweb.google.com/100604136123723599837/Baseslycras; acessado
12/Dez/2011.
CORTANDO E COSTURANDO (2009). Corte e Costura. Disponível em
http://cortandoecosturando.com/index.html, acessado a 11/Dez/2011

8. Resumo da Unidade
A presente unidade foi para, primeiro, fornece-lhe noções sobre costura procurando
distinguir como costurar roupa masculina e feminina, do adulto e da criança. A unidade
temática também o conduziu a pequenas experiências do pregar de um zipe e de botões.
Sugerimos nesta unidade que, com base em tecido localmente adquirido ou trapos que
restam de uma costura se pudesse criativamente produzir colchas, lençóis, vestidos,
calças, camisas para entre outros fins vestir o grupo teatral e/ou exposições.

9. Glossário
Colchas – tecido, geralmente, que se sobrepõe ao cobertor e o lençol. Coberta de cama,
trabalhada ou não, também usada para enfeitar janelas, sacadas e paredes.
Colcha de retalhos, a que é feita pela união de pequenas partes de diferentes tecidos.

Moldes – forma que se produz com intenção de dar o feitio ao que pretende coser.

126
Unidade Temática XIII - Cartaz.

Duração da Unidade: 6 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


Desde a existência do Homem na face da Terra, uma das preocupações candentes de
todos os tempos é a comunicação, ou seja, a passagem de mensagem de um emissor para
um receptor de modo a criar neste uma reacção. Vários foram as formas de comunicação
usadas, desde o fumo, os tambores, os manuscritos em pedras, o telefone, etc. Contudo, a
necessidade cada vez crescente de comunicar com as massas faz emergir novas formas de
comunicar, como por exemplo o uso da rádio, da televisão e outros.
Nesta unidade temática abordaremos o cartaz, um instrumento muito usado para a
comunicação de massas. Arrolaremos o conceito de cartaz, os tipos de cartaz (comercial,
social, cultural e político) e os elementos do cartaz (imagem, texto, cor, forma, tamanho e
composição).

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática


a. Distingue o cartaz segundo a sua finalidade;
b. Faz cartazes criativos utilizando diferentes técnicas de expressão (desenho, pintura,
colagem, impressão, etc.);
c. Cria postais, logótipos e convites;
d. Cria cartazes ilustrando temas de outras áreas disciplinares e questões transversais;
e. Aplica métodos de ensino e estratégias de avaliação.

127
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Conceito de cartaz


O cartaz é um meio de comunicação visual que combina imagem e texto. Permite
multiplicar mensagens ao afixar em locais públicos. Sua principal função é publicitar.

3.2. Tipos de cartaz


Os cartazes são divididos em vários tipos, de acordo com a função específica para a qual
foram elaborados. Assim, temos o cartaz comercial, o social, o cultural e o político.

a) Comercial
Este tipo de cartaz destina-se essencialmente a publicitar ou promover produtos e
serviços de empresas ou outro tipo de organizações com fins lucrativos ou económicos.

b) Social
Sem fins económicos, o cartaz social destina-se a publicitar às massas eventos de
interesse social como campanhas de saúde pública, prevenção e combate às calamidades
naturais, cuidados com as minas e outros objectos explosivos, etc.

c) Cultural
Este tipo de cartaz, está virado à publicitação de eventos e informações culturais, tais
como, cinema, festivais de dança tradicional, concursos de talentos musicais, bienais ou
exposições de artes plásticas, etc.

d) Político
Como sugere o próprio nome, o cartaz político destina-se essencialmente a publicitar ou
promover eventos ou imagens políticas. É comum encontrar este tipo de cartazes em
momentos eleitorais, usados nas campanhas eleitorais de partidos e candidatos políticos e
nas campanhas de educação cívico-eleitoral.

128
Fig. 13.1 – Exemplos de cartazes (comercial, social, cultural e político).

3.3. Elementos do cartaz


Os elementos que habitualmente constituem o cartaz são a imagem, o texto, a cor, a
forma, o tamanho e a composição.

a) Imagem
A imagem de um cartaz é o desenho, a pintura, a colagem, a fotografia, etc existente no
cartaz. Esta situa-se geralmente na zona centro óptico do cartaz, e é o principal elemento
que contem a mensagem a transmitir, pelo que, é preciso muita atenção para se conseguir
elaborar uma imagem atractiva que fale por si e consiga transmitir a mensagem desejada
mesmo para receptores que não saibam ler. Por vezes, a imagem pode ser constituída por
um sinal, uma cor ou pela distribuição tipográfica do texto.

b) Texto
O texto de um cartaz deve ser reduzido ao importante ou essencial, não deve repetir nem
estar desfasado da imagem, mas sim deverá existir uma complementaridade entre o texto
e a imagem. As letras que constituem o texto deverão ser de um tamanho suficientemente

129
grande de modo que ao ser afixado a uma distância considerável possa permitir a leitura
fácil e compreensão imediata pelo receptor. Geralmente o texto é colocado no topo ou no
rodapé do cartaz.

c) Cor
As cores devem ser atraentes e complementares ou contrastantes. Assim, a cor do fundo
não deve inutilizar a imagem nem o texto. É necessário criar uma distinção fácil entre as
cores do texto, da imagem e do fundo. Para tal, o fundo recebe geralmente tonalidades
mais claras, enquanto que a imagem e o texto recebem tonalidades mais escuras.

d) Forma
Habitualmente os cartazes são de forma rectangular. Contudo, segundo a finalidade e a
criatividade do autor, o cartaz pode tomar outras formas.

e) Tamanho
O tamanho ou grandeza do cartaz deverá variar conforme o local a ser afixado. Por
exemplo, um cartaz para uma sala tem dimensões reduzidas pois será lido a curta
distância, enquanto que um cartaz de rua, para poder ser lido a maiores distâncias, deverá
ter um tamanho maior. Para exteriores é mais prático a utilização de painéis ou outdoor.

Fig. 13.2 – O outdoor

130
f) Composição
A composição refere-se à forma como organizamos os diversos elementos do cartaz. Este
acabamento deverá ter em conta o espaço disponível (área do cartaz), o tamanho do texto,
a harmonia das cores e a imagem a colocar.

4. Actividades

1- Elabore cartazes criativos utilizando diferentes técnicas de expressão (desenho,


pintura, colagem, impressão, etc.) e enquadrados nos tipos de cartazes que aprendeu.

2- Como forma de enriquecer a sua produção, crie postais, logótipos e convites


explorando o máximo da sua criatividade.
3- Elabore igualmente cartazes ilustrando temas de outras áreas disciplinares e questões
transversais de interesse actual. Eis algumas propostas de temas:
 Alimentação;
 Prevenção contra doenças, acidentes e outros males;
 Datas comemorativas nacionais e internacionais;
 Direitos humanos e da criança, e
 Higiene e segurança no trabalho.

4- De acordo com os requisitos que cada elemento do cartaz deve apresentar, elabore
uma grelha de avaliação que usaria para avaliar cartazes elaborados pelos seus alunos.

5. Autoavaliação
1- O que entende por cartaz? Qual a sua utilidade?
2- Mencione os tipos de cartazes que conhece e explique a finalidade de cada um.

131
3- Indique os elementos constituintes do cartaz e fale das qualidades que deverão
apresentar.

6. Chave de Correcção

Actividades 1 e 3: Deve priorizar-se os recursos naturais, convencionais e de


desperdício, para criar cartazes. Propõe-se que as técnicas de expressão sejam, para além
da técnica mista o desenho, a pintura, a colagem, a impressão, etc. Para além da
abordagem de temas de outras disciplinas poder-se-á igualmente criar cartazes com os
temas transversais propostos. Mais ainda, eventos da instituição (palestras, teatros,
sensibilização para limpeza entre outros) poderão ser anunciados através da mensagem
veiculada pelo cartaz.

Actividade 2: Os formandos poderão recolher amostras de outras formas de comunicação


visual como o postal, logótipo e convites para servir de inspiração na tarefa e fazer uma
análise comparativa com o cartaz de modo a identifica similaridades e diferenças.

Actividade 4: A grelha de avaliação deve ajudar o formando a desenvolver capacidade


crítica e de autocrítica perante cartazes elaborados.

7. Bibliografia Complementar
Andrade, P. S., Educação Visual, ComuniCarte, 3º Ciclo do Ensino Básico, 1.ed. Lisboa.
Plátano Editora, 2002, pp. 205-207;
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 24-26;
Gândara M. e Knapic, M., Educação Visual 8º Ano, 1.ed. Lisboa. Texto Editora, 1989,
pp.25-26;

8. Resumo da Unidade
132
Nesta unidade temática vimos que uma das preocupações importantes de todos os tempos
é a comunicação. Vários formas de comunicação são usadas, dentre elas o cartaz, um
meio de comunicar rapidamente com as massas em pouco tempo.
Nesta unidade tratamos os tipos de cartaz de acordo com a finalidade para a qual são
elaborados (comercial, social, cultural e político) assim como os elementos do cartaz
(imagem, texto, cor, forma, tamanho e composição) e as características que estes deverão
ter. Salientamos a complementaridade entre o texto e a imagem, o contraste de cor entre o
fundo e a imagem e texto, o tamanho das letras, a composição dos elementos, tudo tendo
em conta a necessidade de uma fácil leitura e percepção imediata da mensagem.

9. Glossário
Centro óptico – ponto onde centramos a visão quando olhamos para uma imagem visual
e localiza-se um pouco acima do centro geométrico do cartaz.
Composição – organização harmoniosa dos vários elementos constituintes do cartaz, de
moda a torná-lo funcional (atractivo, claro, perceptível)
Comunicação visual – comunicação que acontece através da visão (impulsos visuais). A
mensagem é contida na imagem, cor e texto.
Massas – grande número de pessoas
Outdoor – tela gigante (incluindo painéis electrónicos ou ecrãs gigantes) capaz de passar
inúmeras informações em pouco tempo sem desperdício de suporte (papel, chapa, etc.).

133
Unidade Temática XIV – Cor/Pintura.

Duração da Unidade: 8 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


Falar de cor é falar de um elemento que constitui um fenómeno natural que acompanha as
formas naturais que existem na Natureza. A cor pode ser vista como luz e como
pigmento. Hoje, todas as actividades humanas utilizam a cor, desde a comunicação
(cartazes, televisão, revistas, panfletos, sinais de trânsito, etc.), a indústria de vestuário,
de automóveis, de tintas, etc.), actividades artísticas (pintura, mosaicos, design, cinema,
fotografia, etc.), dentre outras actividades.
Nesta unidade temática, serão abordadas a cor e a pintura, na qual serão arroladas as
técnicas de pintura com diferentes materiais (aguarela, guaches, lápis de cor e cera e
tintas artesanais), a mistura de cores, o circulo cromático, a gradação da cor, a simbologia
da cor e a pintura colectiva.

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática


 Aplica as diferentes técnicas de pintura;
 Faz experiência de mistura de cores;
 Aplica as cores primárias, secundárias, quentes, frias e complementares em
composições com temas livres ou orientados;
 Pinta painéis colectivos;
 Exemplifica a relação da cor no contexto social.
 Aplica métodos de ensino e estratégias de avaliação nos trabalhos.

134
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Técnicas de pintura

As técnicas de pintura aparecem normalmente associadas aos materiais que se utilizam


para pintar e a como esses materiais são diluídos e aplicados. Podemos nomear por
exemplo, o pastel, a pintura a óleo, a aguarela ou o acrílico, entre as várias técnicas de
pintura mais conhecidas. Aqui, abordaremos especialmente a aguarela, o guache, o lápis
de cor, o lápis de cera e algumas tintas artesanais.

Fig. 14.1 – Aguarelas, guaches, lápis de cor e lápis de cera

a) Pinturas a aguarela e a guache

A pintura a aguarela, consiste em diluir as tintas com bastante água, de modo a torná-las
transparentes. Ao executar a pintura, deve-se iniciar por aplicar as tonalidades mais claras
e depois colocar as mais escuras. Sendo uma técnica de muita transparência das cores e
predomínio de tonalidades claras, o branco do papel deverá jogar o papel da tonalidade
mais clara, que representa as zonas de maior ou total incidência da luz. É importante
trabalhar em próprio papel para aguarela disponível no mercado.

Por sua vez, a pintura a guache consiste em diluir suficientemente o guache em pequenas
quantidades de água até atingir uma consistência apropriada, que permita o trabalhar com
135
pincéis variados e manter as tintas opacas (não transparentes como no caso anterior). As
misturas podem ser feitas em godés, azulejo branco ou em paletas brancas. Na excussão,
tenha sempre um papel branco de lado para realizar as experimentações das misturas, e só
aplique sobre a tela quando tiver obtido a mistura desejada.

Fig. 14.2a – Pintura a aguarela Fig. 14.2b – Pintura a guache

b) Pinturas a lápis de cor e de cera

Para realizar pinturas a lápis de cor é preciso verificar o grau de dureza que apresenta ou
a suavidade com a qual aderem ao suporte. Este material é igualmente da fácil acesso e
maneio, facilitando também a obtenção de várias misturas de cores por não ser totalmente
transparente nem totalmente opaco.

Por sua vez, o lápis de cera permite-nos cobrir grandes superfícies e utilizar uma grande
variedade de suportes (papel, cartolina, cartão, madeira, metal, vidro, plástico, tecido,
etc.) com mais facilidade do que o lápis de cor. Sendo uns solúveis e outros não, o seu
traço é grosso, admite sobreposição de camadas e tonalidades, e o seu uso pode ser feito
igualmente deitando o lápis rente á superfície.

Fig. 14.3a – Pintura a lápis de cor Fig.14.3b – Pintura a lápis de cera

136
c) Pintura usando tintas artesanais

Com recurso a diversos frutos, flores, raízes, folhas de plantas e outras misturas, podem
ser obtidas artesanalmente cores naturais. Por exemplo da casca de cebola pode se obter o
castanho ou laranja, das amoras se obtém o azul púrpura, das folhas de eucalipto se
obtém o cinzento, das folhas da mandioqueira se obtém o verde, das folhas de chá se
obtém o creme escuro, etc. Esta actividade pode ser acompanhada pelo fabrico de pincéis
artesanais usando penas leves de aves, palha fina, fibra da casca de coco, ou
experimentando o potencial de outros materiais.

3.2. Mistura de cores

A mistura de cores é um processo de adição de pigmentos que permite a obtenção de


cores secundárias e terciárias partindo das cores primárias. São designadas cores
primárias as que não resultam de nenhuma mistura, e comummente são apontadas o
vermelho, o azul e o amarelo. Desta denominação, as cores secundárias serão o
resultado da mistura de duas cores primárias, como a baixo se ilustra:

Fig. 14.4 – Obtenção de cores secundárias

Por sua vez, as cores terciárias serão o resultado da mistura de uma cor secundária
primária que a produziu. Isto significa que, por exemplo, que o verde poderá ser
misturado apenas com o amarelo e o azul.

3.3. Círculo cromático


137
O círculo cromático é um disco multicolor geralmente constituído por seis (6) ou (12)
cores. No primeiro caso, representam-se as três cores primárias e as três secundárias. No
segundo caso, a estas seis cores são adicionadas as seis cores terciárias. Importa realçar
que, conforme a aplicação da cor na indústria gráfica, as cores primárias são consideradas
o magenta, o azul-ciano e o amarelo. Misturando estas cores, se obtém o círculo
cromático que a baixo se apresenta. Nele é possível identificar cores quentes (que dão
sensação de calor), frias (que dão sensação de frio) e complementares (opostas em
relação ao centro do círculo).

Fig. 14.5 – O círculo cromático

3.4. Gradação da cor

138
Falar de gradação da cor é referir-se a uma escala crescente ou decrescente de tonalidades
das cores. Isto significa que a gradação pode ser realizada de tonalidades mais claras para
as menos claras (escuras) e vice-versa.

Fig. 14.6 – Gradação de cores

Com as tonalidades da cor, é possível usar a cor para representar objectos com zonas
iluminadas e com sombra, como a segui se pode observar.

Fig. 14.7 – Definição de luz e sombra (volume) aplicando tonalidades da cor

3.5. Simbologia da cor


Muitas vezes a cor não é usada simplesmente para efeitos decorativos. A sua aplicação
pode igualmente ter finalidades comunicativas, ligadas especialmente à cultura e religião.
Veja alguns exemplos de cor e suas ligações:

Preto – associado à ideia de morte, luto ou terror, ao mistério e à fantasia, sendo


hoje em dia uma cor com valor de uma certa sofisticação e luxo;

Branco – associado à ideia de paz, de calma, de pureza. Também está associado ao


frio e à limpeza. Significa  inocência e pureza;

Vermelho – associado à paixão e ao sentimento. Simboliza o amor, o desejo, mas


também simboliza o orgulho, a violência, o perigo, a agressividade ou o poder;

139
Verde – associado ao vigor, à juventude, ao frescor, à esperança e calma.

Amarelo – associado ao calor, ao Verão, à luz, à descontracção e à prosperidade. É


também uma cor energética, activa que transmite optimismo;

Azul – é a cor do céu, do espírito e do pensamento. Simboliza a lealdade, a


fidelidade, a personalidade, a subtileza, o ideal e o sonho.

3.6. Pintura colectiva


A pintura colectiva é uma actividade geralmente realizada em grandes dimensões ou em
forma de um mural, na qual participam vários indivíduos em simultâneo. Deste modo, a
temática abordada em pinturas colectivas pode variar muito, excepto nos casos em que
deliberadamente se decide pintar em prol de uma mesma causa. Outrossim, estes
trabalhos registam uma variação de estilos e técnicas aplicadas em função dos
participantes do trabalho. A harmonização destas variações atribuirá uma mais valia à
estética final da pintura colectiva.
É importante que antes de se fazer o trabalho sobre a superfície escolhida (tela gigante,
muro, parede, etc.) se realize conjuntamente um cartão ou plano de ocupação da
superfície que será posteriormente ampliado no painel.

4. Actividades
a. Aplicando diferentes técnicas e materiais de pintura, desenhe o círculo cromático e
realize pinturas basicamente sobre papéis apropriados e cartolinas.

140
b. Numa fase posterior passe à pintura em telas, abordando temáticas de interesse
actual e transversal que, deverá culminar com a realização de uma exposição
conjunta.
c. Para terminar, escolhe-se uma parede ou muro para a realização de um painel
colectivo.

O trabalho com tintas, embora não envolva objectos potencialmente cortantes, também
requer certos cuidados de higiene e segurança no trabalho. Mantenha o espaço de
trabalho limpo, os trabalhos arrumados, os materiais (tintas, pincéis, telas, godés, etc.)
bem organizados. Se achar conveniente use um avental ou bata para protecção.

5. Autoavaliação

1- Quais são as técnicas de pintura que conhece? Explica em consiste cada uma delas.
2- O que entende por cores primárias e terciárias? Explique o procedimento para sua
obtenção.
3- O que são cores frias, quentes e complementares? Como as pode identificar no círculo
cromático?
4- No contexto social, a cor pode ter vários significados e aplicações. Indique os
significados e aplicações das cores mais usadas na sua comunidade.

6. Chave de Correcção
Actividade 1: Em seus trabalhos, é importante que o formando exercite inicialmente a
mistura de cores, testar as potencialidades de cada material de pintura, pois estes
conhecimentos serão úteis para a realização dos seus quadros de pintura.
141
Actividade 2: O formando deve desenvolver as suas potencialidades de comunicar
através das artes. Os temas retratados nas pinturas (a serem exibidas em exposição
conjunta) deverão criar reflexões e instigar a tomada de consciência e mudança de atitude
em torno de temas de interesse da comunidade e da sociedade em geral.
Actividade 3: Na ausência de um muro ou parede livre/disponível, este trabalho pode ser
realizado igualmente numa tela gigante. É importante a participação de todos e a
planificação/esboço atempado do espaço a ocupar.

7. Bibliografia Complementar
Andrade, P. S., Educação Visual, ComuniCarte, 3º Ciclo do Ensino Básico, 1.ed. Lisboa.
Plátano Editora, 2002, pp. 24-29, 40-43, 70-71, 82-86 e pp.90-93;
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 62-67 e pp.110-119;
Genro, O., Luz e Sombra, 1.ed. Portugal. Plátano Editora, 2002, pp.29-49 e pp. 63-95;
Instituto Brasileiro de Cultura, Revista “Passo-a-passo do Desenho & Pintura”, Ano 1,
No5, São Paulo. Editora OnLine, s/d;
Martins, R., Lápis de cor, 1.ed. Portugal. Plátano Editora, 2003;
Vaz, Ma J. e Gomes, C., Construir Ideias, Educação Visual e Tecnológica 6º ano, 3.ed.
Lisboa. Texto Editora, 1995, pp.170-172.

8. Resumo da Unidade

Nesta unidade foi abordada a cor, um elemento que acompanha as formas naturais e
fabricadas pelo Homem. Vimos a cor do ponto de vista de luz e de pigmento e a vasta
aplicação que hoje ocupa em várias áreas de actividade humana.

142
Foram igualmente arroladas as técnicas de pintura com diferentes materiais (aguarela e
guaches, lápis de cor e cera e tintas artesanais), a mistura de cores para obtenção de cores
secundárias e terciárias, o círculo cromático (no qual estão patentes as cores quentes, frias
e complementares), a gradação da cor e a definição do volume/luz-sombra, os
significados que a cor pode transmitir (a simbologia da cor) e a pintura colectiva como
forma interventiva em grupo.

9. Glossário
Cor-luz – refere-se á luz reflectida pelos objectos iluminados e captada pela nossa vista.
As restantes cores são absorvidas.
Cor-pigmento – refere-se à cor produzida (em forma de tintas ou outros materiais)
através da aplicação de pigmentos (minúsculas partículas químicas) sólidos ou
dissolvidas.

143
Unidade Temática XV - Desenho Geométrico.

Duração da Unidade: 10 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


O trabalho com o desenho subdivide-se em duas áreas principais: o desenho livre e o
desenho rigoroso. Enquanto que o primeiro, como o nome sugere, refere-se à expressão
livre dos sentimentos do sujeito, o segundo refere-se à uma excussão rigorosa e
tecnicamente orientada por normas.
Nesta unidade temática, falaremos do Desenho Geométrico (desenho rigoroso) e nele
abordaremos inicialmente os materiais usados neste tipo de desenho e as formas
geométricas dos objectos. Posteriormente abordaremos algumas construções simples,
partindo das mais elementares: método geral da divisão de segmentos em partes iguais,
concordâncias (espirais, concordâncias de arcos, concordâncias de arcos com rectas),
ângulos (adição, subtracção, divisão e multiplicação de ângulos) e construção de
polígonos (método geral, especifico e estrelados).

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:

 Identifica as formas dos objectos (triangular, quadrangular, circular, esférica,


cilíndrica, cónica, prismática e piramidal) em objectos da natureza;

 Faz composição utilizando as construções geométricas;


 Aplica métodos de ensino e estratégias de avaliação.

144
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Materiais para o desenho geométrico


A boa qualidade das construções em desenho geométrico depende basicamente do
material disponível e da forma correcta de o manusear. Os materiais de desenho
geométrico são diversos e variados segundo algumas especificidades, mas o básico é
constituído por: lápis de grafite ou lapiseira, réguas e esquadros, transferidor, compasso,
borracha, afiador, escantilhões de letras e de curvas.

Fig. 15.1 – Alguns materiais de desenho geométrico

3.2. Formas geométricas dos objectos

As formas da natureza e os objectos fabricados pelo Homem têm em geral uma forma
geométrica envolvente. As formas geométricas básicas são o triângulo equilátero, o
quadrado e o círculo.

Fig. 15.2 - Formas geométricas básicas: o triângulo equilátero, o quadrado e o círculo.

145
Derivadas destas formas surgem as formas mais complexas como piramidal, prismática,
cilíndrica, cónica e esférica.

Fig. 15.3 – Formas geométricas piramidal, prismática, cilíndrica, cónica e esférica

3.3. Método geral da divisão de segmentos de recta em partes iguais

Este método permite a divisão do segmento de recta em 2, 4, 8, 16, 32, etc partes iguais.
Dado um segmento AB, com abertura do compasso maior que a metade, traçam-se dois
arcos de circunferência de centros em A e B. Unindo as intersecções destes arcos, tem-se
a linha mediatriz do segmento dado. Para mais divisões repete-se o procedimento.

Fig. 15.4 – Mediatriz de um segmento de recta.

3.4. Concordâncias
Os aspectos particulares de concordância que serão abordados são as espirais, as
concordâncias de arcos e destes com resctas.

a) Espirais

As espirais são linhas curvas abertas que nos lembras um fio que vai de desenrolando. As
espirais podem ser de 2, 3, 4 ou mais centros.

146
Para o traçado da espiral de dois centros, são marcados os centros C1 e C2 sobre uma
linha. Com abertura de C1 a C2 traça-se o primeiro arco (de meia volta) até à linha.
Fazendo centro em C2 traça-se a outro arco de meia volta. Este processo é repetitivo até
obter um tamanho desejado.

Para as espirais de três e quatro centros, desenha-se antes um pequeno triângulo


equilátero ou quadrado. Os seus lados são prolongados segundo uma certa sequência e
funcionarão como o início e fim dos arcos de circunferência cujos centros serão os
vértices do pequeno triângulo equilátero ou quadrado.

Fig. 15. 5 – Espirais de dois, três e quatro centros.

b) Concordância de arcos

A concordância de arcos é obtida quando se consegue fazer uma continuidade ou


transição harmoniosa de um arco para o outro. Assim, a sua construção estará baseada na
tangência entre circunferências, quer internas assim como externas, ou ainda pela
combinação dos dois casos.

Fig. 15.6 – Concordâncias de arcos

147
c) Concordância de arcos com rectas

A concordância de arcos com rectas é obtida quando se consegue fazer uma continuidade
ou transição harmoniosa de um arco para uma recta ou vice-versa. Assim, a sua
construção estará baseada na tangência entre circunferências e rectas.

Fig. 15.7 – Concordância de arcos com rectas

3.5. Ângulos

O ângulo é o espaço plano existente entre duas linhas rectas cruzadas. O ponto em que
acontece o cruzamento recebe o nome de vértice, enquanto que as semi-rectas que
limitam o espaço recebem o nome de lados do ângulo. As medições dos ângulos são
feitas com ajuda do transferidor e medem-se em graus ( o). Conforme as suas aberturas, os
ângulos pode ser nulo (0o), agudo (entre 0o e 90o), recto (90o), obtuso (entre 90o e 180o),
raso (180o) e giro (360o).

a) Adição de ângulos

Dados dois ângulos, traça-se um arco de circunferência em cada ângulo fazendo centro
em V e obtendo os pontos AB e CD. Com a mesma abertura, traça-se outro arco numa
nova linha fazendo centro na sua extremidade. Neste arco, são marcadas as aberturas AB
e CD resultando no ângulo AVD fruto do somatório dos ângulos anteriores. Este
procedimento é válido para somar igualmente mais de dois ângulos.

148
Fig. 15.8 – Adição de Ângulos

b) Subtracção de ângulos

A subtracção de ângulos segue o processo inverso da adição. Para tal, é dado um ângulo
maior do qual serão subtraídos ângulos menores. O ângulo resultante será deste modo,
menor que o ângulo inicial.

c) Divisão de ângulos

A divisão de ângulos em duas partes iguais (bissectriz) tem um procedimento similar à


divisão do segmento de recta. Dado o ângulo a ser dividido, fazendo centro em V, traça-
se um arco que determina dois pontos A e B. Fazendo centro nestes pontos, traçam-se
dois arcos com a mesma abertura e que se intersectam num ponto P. Unindo P ao V
temos a bissectriz procurada. Para sucessivas divisões repete-se o procedimento.

Fig. 15.9 – Bissectriz de um ângulo

149
d) Multiplicação de ângulos

A multiplicação de elementos é por definição uma soma sucessiva do mesmo elemento.


Nesta ordem de ideias, a multiplicação de ângulos consistirá basicamente em fazer um
somatório sucessivo do mesmo ângulo, o número de vezes que for solicitado. O
procedimento segue os passos da adição de ângulos.

3.6. Construção de polígonos pelo método geral e específico

Os polígonos podem ser regulares (lados todos iguais) e os irregulares (lados diferentes).
Para o nosso estudo consideraremos apenas os polígonos regulares, para os quais o
método geral consiste em:

a) Dado o diâmetro da circunferência, fazer a divisão pelo número de partes iguais


ao número dos lados do polígono, sendo o primeiro vértice obtido pela união de P
a 2. A distância AB será repetida pelo resto da circunferência.

b) Dado o lado AB do polígono, marca-se na extremidade B um ângulo igual a


divisão de 360o pelo número dos lados do polígono, e marca-se sobre o ângulo a
medida do lado (ângulo CB2= 360o/5 = 72o). As mediatrizes dos segmentos AB e
B2 intercectam-se no centro da circunferência que, traçada pelos vértices A, B e
2, e transportando a medida do lado, permite encontrar os restantes vértices.

Fig. 15.10 - Construção de polígonos (dado o diâmetro e dada a medida do lado)

150
Por outro lado, o método específico consiste na divisão da circunferência em partes
iguais, segundo o número de lados do polígono. Por exemplo, para a construção do
triângulo equilátero, quadrado, pentágono, hexágono, etc, dividimos a circunferência em
3, 4, 5, 6, etc partes iguais.

Fig. 15.11 - - Método específico da construção de polígonos

3.7. Construção de polígonos estrelados


A construção de polígonos estrelados resulta do processo de divisão da circunferência em
partes iguais. Após a divisão da circunferência, os pontos são unidos alternadamente, ou
conforme a seguir se ilustra.

Fig. 15.12 – Polígonos estrelados

4. Actividades
151
1 - No nosso meio envolvente é possível encontrar objectos com as mais variadas formas.
Faça um levantamento das formas dos objectos (triangular, quadrangular, circular,
esférica, cilíndrica, cónica, prismática e piramidal) que podem ser identificados no seu
meio envolvente.
2- Utilizando os conhecimentos sobre as construções geométricas elabore composições
decorativas. No final decore ao seu gosto. Faça igualmente recortes de composições
decorativas em cartolinas.

5. Autoavaliação

1. O que entende por desenho geométrico?


2. Quais os principais materiais usados em desenho geométrico?
3. Identifique as formas geométricas básicas.
4. O que são concordâncias?
5. Indique e estabeleça a diferença entre os tipos de concordância que aprendeu.
6. O que entende por ângulo? Quais são os elementos de um ângulo?
7. Indique e estabeleça a diferença entre os tipos de ângulos que aprendeu.
8. Indique as diferenças e as semelhanças entre adição, subtracção, multiplicação e
divisão de ângulos.
9. O que entende por polígono?
10. Indique e estabeleça a diferença entre os tipos de polígonos que aprendeu.
11. Diferencie o método geral do específico na construção de polígonos.

6. Chave de Correcção
Actividade 1: O formando deverá fazer uma catalogação de formas naturais e artificiais
que se assemelhem às formas geométricas aprendidas. É útil fazer o registo fotográfico de
tais formas e fazer correspondência com as formas geométricas.

152
Actividade 2: O formando deverá exercitar a construção dos diferentes polígonos e
concordâncias, primeiro em separado e mais tarde explorando o potencial destes
elementos na elaboração de composições decorativas. No final são decorados e
recortados para criar mais interesse às composições.

7. Bibliografia Complementar
Andrade, P. S., Educação Visual, ComuniCarte, 3º Ciclo do Ensino Básico, 1.ed. Lisboa.
Plátano Editora, 2002, pp. 155-161, 164-165 e pp.170-171;
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp.80-83 e pp.98-99;
Lopes, M., Desenho Técnico, Ensino Secundário, Portugal, Edições ASA, s/d, pp.16-17,
42-43, 52-59 e pp. 62-75.

8. Resumo da Unidade
Na unidade temática que termina, falamos do Desenho Geométrico e nele abordamos os
materiais de rigor usados, e as formas geométricas (básicas e complexas envolventes) dos
objectos. Abordamos igualmente construções geométricas que vão desde o método geral
da divisão de segmentos em partes iguais, as concordâncias (espirais de vários centros,
concordâncias de arcos, concordâncias de arcos com rectas), ângulos (classificação,
adição, subtracção, divisão e multiplicação de ângulos) até a construção de polígonos
(pelo método geral, especifico) e estrelados.

9. Glossário
Ângulo – Espaço plano que fica limitado por duas linhas rectas cruzadas. No caso de
ângulo volumétrico formado por dois planos recebe o nome de ângulo diedro.
Bissectriz – Linha recta com origem no vértice do ângulo e que o divide em dois iguais.
Concordância – Fenómeno de perfeita ligação e continuidade entre arcos ou entre estes
com rectas, sem no entanto se notar um ponto de quebra ou descontinuidade.
Formas geométricas básicas – São as formas geométricas mais elementares, cuja
combinação nos permite a construção de outras formas mais complexas.
153
Mediatriz – Linha perpendicular que divide um segmento de recta em duas partes iguais.
Polígonos – São figuras planas limitadas por linhas rectas poligonais (fechadas).

154
Unidade Temática XVI - Impressão e Estampagem.

Duração da Unidade: 6 Horas

1. Introdução da Unidade Temática


A necessidade de passar informações em forma de texto ou de imagem, preocupa o
Homem já há bastante tempo. As manifestações mais antigas datam de 2800 (a. C.) em
forma de traços registados em argila. Por volta do século VIII (a. C.), na China eram
frequentes gravações em tijolos e madeira para posteriormente serem reproduzidas em
folhas de papel de arroz. Contudo, com a evolução tecnológica notou-se uma expansão
acentuada de técnicas de impressão pelo mundo fora e, novas formas de transferência de
imagens foram e continuam surgindo, umas mais simples e outras mais complexas.
Nesta unidade temática, abordaremos a impressão e estampagem. Nela arrolaremos a
origem e o conceito de impressão, os tipos de impressão (com maior destaque para a
serigrafia, a monotipia e o decalque), a produção de carimbos a partir de vegetais, cartão
e esferovite, a criação de composições por sobreposição, repetição, variações de
dimensões e alternância, a criação de composições mistas (desenho e impressão, desenho
e decalque, colagem e impressão).

2. Evidências Requeridas da Unidade Temática:


a. Faz experiências de estampagem;
b. Cria forma em matriz para imprimir posteriormente;
c. Faz composições em papel, tecido, utilizando as várias técnicas de impressão;
d. Faz projecto de impressão para a indústria têxtil;
e. Faz composições mistas.
f. Aplica métodos de ensino e estratégias de avaliação.

155
3. Recursos de Aprendizagem

3.1. Origem e conceito


Como já foi referenciado a cima, a impressão é uma actividade que vem acompanhando a
inquietação do Homem em transmitir e guardar mensagens escritas, tendo sido
significativamente reformada desde o século VIII (a. C.), na China.
As palavras impressão e estampagem têm significados semelhantes: imprimir, gravar,
reproduzir, marcar, etc. Contudo, a palavra impressão é mais usada para designar um
conjunto de procedimentos que lhe permitirão fazer a transferência da imagem de um
desenho feito numa superfície designada suporte (madeira, chapa metálica, linóleo, pedra,
etc.) para o papel, tecido, cartolina ou outro material.

3.2. Tipos de impressão

Na actividade da impressão podem ser usadas várias técnicas dentre elas a Monotipia, a
Impressão a linóleo, a linogravura, a Impressão serigráfica, os Fotogramas e os Batiques.
Neste manual dar-se-á destaque para a serigrafia, a monotipia e o decalque. Caso haja
dificuldades na concretização destas técnicas de impressão, explore aquelas que, pelas
características da sua região, sejam mais exequíveis ou que os materiais para a sua
execução estejam facilmente disponíveis.

a) Serigrafia ou Silk-Screen
A serigrafia é um procedimento de impressão plana que funciona com “máscaras”
(conjunto de partes reservadas e outras que deixam passar a tinta), muito usada em
tecidos, papéis, cartazes, etc. A base de trabalho é a matriz, e a mais utilizada é feita de
nylon na qual a imagem plana é gravada através de vernizes, cola, emulsões fotográficas,
filmes serigráficos dentre outros processos.
O processo de impressão na serigrafia é feito espalhando a tinta (geralmente com um
rodo que faz pressão entre a tela e a cópia), fazendo com que a tinta seja chupada através

156
das áreas furadas da imagem que se pretende reproduzir. Trata-se de um procedimento
muito usado na indústria de tecidos para a estampagem de imagens.

Fig. 16.1 – Esquema de impressão serigráfica

b) Monotipia
Trata-se de uma técnica conhecida por “técnica de uma só reprodução”, resultado da
aplicação de tinta espessa ou diluída sobre um suporte não absorvente. No final, as
imagens resultantes (positiva e negativa) são simétricas ou inversas às do suporte. Por
vezes, esta técnica pode não imitar fielmente a obra, uma vez que na passagem ao papel,
as tintas podem se misturar criando resultados imprevisíveis (daí o interesse desta
técnica). A impressão é única quando a pintura for feita directamente sobre a superfície
lisa e transferida para papel ou tecido mas, a Monotipia permite que se crie mais de uma
impressão (processo pouco usado e que exige uma nova montagem dos materiais usados
na impressão mas com baixa probabilidade de obter cópias idênticas).

Fig. 16.2 – Impressão em Monotipia

c) Decalque
O decalque é a cópia de uma imagem em determinada superfície que passa a ser
reproduzida em outro papel, aplicando materiais transparentes. Por sua vez, a técnica de

157
impressão por decalque consiste em reproduzir uma imagem duma superfície, através da
aplicação de uma suave pressão sobre o papel a imprimir (colocado por cima da imagem
ou do objecto), usando um meio riscador (como lápis de cor ou de cera) que permite
buscar todas as linhas do contorno e texturas da imagem.

Fig. 16.3 – Decalque colorido feito sobre folhas

3.3. Produção de carimbos

A produção de carimbos é uma actividade muito interessante de impressão. Para tal


poderá usar materiais como vegetais (batata, frutos verdes, etc.), cartão e esferovite. O
trabalho consistirá em fazer o desenho da imagem que pretende imprimir e de seguida
proceder aos recortes de modo a produzir relevo. Após passar a tinta sobre a superfície
em relevo, procede-se à carimbagem em folhas ou tecidos de modo a obter a composição
desejada.

Fig. 16.4 – Impressão por carimbagem

3.4. Composições

A excussão de composições poderá ser mais criativa e diferenciada quanto mais


criatividade e exploração se verificar. Existem várias técnicas de optimizar as
composições, das quais se destacam a sobreposição, a variação de tamanhos, a repetição e
a alternância ou combinação destes, como se pode ver a seguir.

158
Fig. 16.5 – Composições por sobreposição, variação de tamanhos e combinação da
repetição (na horizontal) e alternância (na vertical)

3.5. Composições mistas

As composições mistas são aquelas que resultam da mistura de técnicas. Por exemplo,
das várias misturas ou combinações possíveis, podemos encontrar com maior facilidade a
combinação desenho/impressão, desenho/decalque e colagem/impressão, como a seguir
se pode observar.

Fig. 16.6 – Composições mistas (desenho/impressão e colagem/impressão)

4. Actividades

1- Com o seu grupo de estudo, prepare uma proposta de logótipo da sua instituição de
formação como projecto de impressão para uma empresa de impressão em têxteis.

159
Realizem o estudo/experimentação das cores e os respectivos efeitos em preto-e-
branco.
2- Usando tintas naturais (disponíveis no meio envolvente), artesanais ou convencionais
(adquiridas em estabelecimentos comerciais), efectue composições decorativas em
papel, cartolina e tecido aplicando as diferentes formas de impressão.
3- Aplicando as várias técnicas de impressão aprendidas, efectue composições mistas
em papel, cartolina e tecido através da combinação de tais técnicas.

Devem ser observadas regras de higiene e segurança em todas as actividades realizadas.


Na pesquisa das tintas naturais, por exemplo, salienta-se a necessidade de saber se estas
são nocivas ou não à saúde. A comunidade local poderá ajudar no estudo de
aproveitamento de plantas úteis.

5. Autoavaliação
1. O que entende por impressão? Fale um pouco sobre a sua história.
2. Quais os tipos de impressão que conhece? Explique em que consiste cada tipo.
3. Existem várias técnicas de optimizar as composições, das quais se destacam a
sobreposição, a variação de tamanhos, a repetição e a alternância. Explique em que
consiste cada técnica.
4. Explique o conceito de composições mistas e avance alguns exemplos.
5. Visite uma empresa de impressão serigráfica e faça um relatório detalhado dos
procedimentos, equipamentos e produtos realizados.

6. Chave de Correcção
Actividade 1: O estudo das cores permitirá que o formando tenha consciência das
tonalidades de cada cor a usar, o contraste que isso cria e a visibilidade que o conjunto
garante em caso de impressão em tecidos de diferentes cores e em preto-e-branco.

160
Actividade 2: Os formandos deverão procurar explorar o potencial e as possibilidades em
cada tipo de impressão, desde a variação dos materiais, a densidade e transparência das
cores até à mistura das tintas. Muitos materiais naturais e algumas texturas artificiais
podem ser usados como motivos interessantes para decalque, enquanto que a carimbagem
pode ser feita por relevos recortados em batatas, cartões, esferovite, etc. daí poderão
resultar composições por repetição, alternância, sobreposição e variações de tamanhos.
Actividade 3: A combinação das técnicas de impressão deverá espelhar o grau de
criatividade do formando. Durante a exercitação, decidirá a ordem de combinação das
técnicas conforme o resultado que disso se pretende.

7. Bibliografia Complementar
Andrade, P. S., Educação Visual, ComuniCarte, 3º Ciclo do Ensino Básico, 1.ed. Lisboa.
Plátano Editora, 2002, pp. 242-245;
Azevedo, M. M., Vamos lá VER, Educação Visual e Tecnológica 5º ano, 4.ed. Lisboa.
Texto Editora, 1995, pp. 100-109;
Vaz, Ma J. e Gomes, C., Construir Ideias, Educação Visual e Tecnológica 6º ano, 3.ed.
Lisboa. Texto Editora, 1995, pp.120-130.

8. Resumo da Unidade
Na unidade temática que termina, abordamos a impressão e estampagem, uma actividade
de produção de imagens que teve as suas primeiras manifestações por volta do século
VIII (a. C.), na China. Hoje existem variadíssimas formas de transferência de imagens,
umas mais simples e outras mais complexas. Arrolamos igualmente a origem e o conceito
de impressão, os tipos de impressão (nos quis mereceram maior destaque a serigrafia, a
monotipia e o decalque), a produção de carimbos a partir de vegetais, cartão e esferovite,
a criação de composições por sobreposição, repetição, variações de dimensões e

161
alternância bem como a criação de composições mistas (desenho/impressão,
desenho/decalque e colagem/impressão).

9. Glossário
Colagem – é o processo que consiste em colar sobre uma dada superfície, imagens
recortadas (em revistas, jornais, etc) ou em preencher espaços de um desenho por outro
material (por exemplo tiras de papel de diversas cores e tamanhos) resultando numa
espécie de mosaico de papel.
Esferovite (ou EPS) - é a espuma rígida de poliestireno, depois de expandido. É um
produto leve, branco, robusto, que resiste ao envelhecimento, mais do que qualquer outro
material moderno para isolamento térmico. É largamente usado em embalagens (caixas)
para protecção de electrodomésticos, loiça e outros objectos quebráveis.

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