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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

CIÊNCIAS ACTUARIAIS

3º Ano

TEMA:

Desafio da Expansão Actual do Subsistema de Segurança Social Obrigatório no Sector


Informal.

Estudo de Caso dos Pescadores da Praia Nova, Beira, Sofala.

Docente:

Moreira Santos

Beira, Abril de 2023


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

CIÊNCIAS ACTUARIAIS

3º Ano

Nome:

Tahis Ismail Fernandes

Docente:

Moreira Santos

Beira, Abril de 2023


Índice
1 CAPITULO I - INTRODUÇÃO................................................................................6

1.1 Contextualização.................................................................................................6

1.2 Justificativa.........................................................................................................8

1.3 Relevância...........................................................................................................8

1.3.1 Relevância académica.................................................................................8

1.3.2 Relevância Social........................................................................................9

1.3.3 Relevância Económica................................................................................9

1.4 Delimitação.......................................................................................................10

1.4.1 Delimitação temática.................................................................................10

1.4.2 Delimitação espacial..................................................................................10

1.4.3 Delimitação temporal................................................................................10

1.5 Problematização................................................................................................10

1.6 Hipótese............................................................................................................10

1.6.1 Hipótese Nula............................................................................................10

1.6.2 Hipótese Afirmativa..................................................................................10

1.7 Objectivo Geral e Específico............................................................................11

1.8 Resultado esperado...........................................................................................11

2 CAPUTULO II - ENQUADRAMENTO TEÓRICO..............................................11

2.1 O Sector Informal em Moçambique.................................................................13

2.2 Segurança e Protecção Social em Moçambique...............................................17

2.3 Natureza do Trabalho Informal em Moçambique.............................................18

2.4 Implicação da Expansão da Segurança Social para o Sector Informal.............19

2.5 Desafios Enfrentados pelos Trabalhadores Informais no Acesso ao Subsistema


de Segurança Social Obrigatório.................................................................................19

3 CAPITULO III - METODOLOGIAS......................................................................20


3.1 Natureza da Pesquisa........................................................................................20

3.2 Abordagem da Pesquisa....................................................................................20

3.3 Quanto aos procedimentos................................................................................20

3.4 Metodologias quanto aos objectivos.................................................................20

3.5 População e Amostra........................................................................................21

3.5.1 Amostra.....................................................................................................21

3.6 Técnica de Colecta de Dados............................................................................21

4 CAPITULO IV - DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.....................................22

4.1 Estudo de Caso: Pescadores da Praia Nova em Beira Sofala...........................22

4.2 Razões pelas quais o subsistema de segurança social obrigatório ainda não
alcançou os trabalhadores do sector informal em Moçambique..................................23

5 CONCLUSÃO.........................................................................................................24

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................25
Índice de Tabela
Tabela 1: Modelo Conceptual para economia informal..................................................15
1 CAPITULO I - INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo se associou o sector informal a vários termos adjacentes
como sector não estruturado, paralelo, inferior, marginal, etc., ainda que se reconheça o
seu contributo e importância como regulador económico e social e, como refere Amaral
(2005), o mesmo abarca um leque muito vasto de actividades.

A transição mencionada é proposta com o objectivo de reduzir os desafios para


os direitos dos trabalhadores, incluindo os princípios e direitos fundamentais do
trabalho, para a protecção social e condições de trabalho decentes e ainda, para o
desenvolvimento inclusivo do Estado de Direito, sustentabilidade das empresas, receitas
públicas no âmbito da actuação dos governos, entre outros aspectos, reduzindo assim os
riscos e vulnerabilidade existentes nos grupos sociais que compõem o referido sector.
Moçambique, segundo a Proposta da Estratégia Nacional da Segurança Social
Obrigatória 2019/24, apresenta um universo de 10 milhões de pessoas pertencentes a
população economicamente activa não coberta pela segurança social, sugerindo que
grande parte desta realiza actividades no sector informal da economia.

O subsistema de segurança social obrigatório é um componente fundamental do


sistema de protecção social em Moçambique. Seu objectivo é fornecer segurança social
aos trabalhadores e suas famílias em caso de doença, velhice, acidentes de trabalho,
entre outros riscos. No entanto, o acesso ao subsistema de segurança social obrigatório
tem sido limitado no sector informal, onde a maioria dos trabalhadores moçambicanos
estão empregados. Isso representa um grande desafio para a expansão do sistema de
segurança social em Moçambique. Este artigo examina o desafio da expansão actual do
subsistema de segurança social obrigatório no sector informal em Moçambique.

1.1 Contextualização
A Segurança Social é um direito garantido a todo o cidadão moçambicano pela
Constituição da República, nos nºs 1 e 2 do artigo 95 da Constituição da República de
Moçambique.

Em Moçambique, a Segurança Social é um direito consagrado pela Lei da


Protecção Social de 2007 (RdM, 2007). Esta lei estabelece os eixos do sistema de
Segurança Social. O primeiro é o subsistema da Segurança Social Obrigatória para
trabalhadores assalariados na economia formal e, crescentemente, trabalhadores por

6
conta própria (RdM, 2015). Este proporciona benefícios a curto e longo prazo, incluindo
o subsídio de maternidade e de doença e a pensão de velhice e de sobrevivência. O
subsistema é financiado pelas contribuições dos trabalhadores e empregadores (ou, no
caso de trabalhadores independentes, apenas dos trabalhadores). No sector privado, é
gerido pelo Instituto Nacional de Segurança Social, e no sector público, pelo Instituto
Nacional de Previdência Social e pelo banco de Moçambique (RdM, 2017).

O segundo é o subsistema da Segurança Social Básica, que proporciona


transferências sociais aos cidadãos incapacitados para o trabalho e à pessoas vulneráveis
que vivem em situação de pobreza absoluta (RdM, 2018). Este subsistema é financiado
principalmente pelo Orçamento Geral do Estado e gerido pelo Instituto Nacional de
Acção Social (INAS).

Em 2019, o subsistema visava cobrir 609 405 agregados familiares, o que é


significativamente inferior às metas aprovadas pelo Conselho de Ministros através da
Estratégia Nacional de Segurança Social e cada família recebia de 540 a 1050 meticais
por mês dependendo do seu agregado familiar.

Apesar de um avanço gradual na cobertura do sistema de Segurança Social,


apenas 10% da população moçambicana tem acesso a Segurança Social obrigatória ou a
Segurança Social Básica. Em 2019, 61% da população economicamente activa, segundo
o processo laboral, trabalhava por conta própria, 19% eram trabalhadores familiares sem
remuneração, 5% assalariados no sector público, 7% assalariados no sector privado e
8% em outras áreas.

O sector informal é uma parte importante da economia moçambicana. Segundo o


Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2021, o sector informal empregava mais de
80% da força de trabalho. No entanto, a maioria desses trabalhadores não tem acesso à
segurança social, o que os coloca em risco de pobreza e exclusão social.

O subsistema de segurança social obrigatório foi introduzido em Moçambique


em 2007. Desde então, tem sido um componente fundamental do sistema de protecção
social do país. O subsistema é gerido pelo Instituto Nacional de Segurança Social
(INSS), que é responsável por cobrar contribuições dos trabalhadores e empregadores e
fornecer benefícios de segurança social.

7
No entanto, a expansão do subsistema de segurança social obrigatório tem sido
limitada no sector informal. Isso se deve a vários factores, incluindo a natureza informal
do trabalho, a falta de informação sobre o subsistema e a falta de incentivos para os
empregadores aderirem ao subsistema.

1.2 Justificativa
Tendo em conta que muitas pessoas do sector informal não têm o conhecimento
da verdadeira importância do subsistema da segurança social obrigatória. As pessoas
devem saber a verdadeira importância da segurança social que é um instrumento
redistributiva capaz de reduzir a pobreza e a desigualdade, e promover o
desenvolvimento Socioeconómicos.

A expansão do subsistema de segurança social obrigatório no sector informal é


essencial para a protecção social dos trabalhadores e suas famílias. Além disso, a
expansão do subsistema pode ter um impacto positivo na economia moçambicana,
promovendo a estabilidade financeira das famílias e reduzindo a pobreza e a exclusão
social. No entanto, a expansão do subsistema de segurança social obrigatório no sector
informal é um desafio complexo que requer a identificação e abordagem de várias
questões. Este artigo pretende fornecer uma análise das questões envolvidas na
expansão do subsistema de segurança social obrigatório no sector informal e apresentar
possíveis soluções.

1.3 Relevância
A expansão do subsistema de segurança social obrigatório no sector informal é
relevante para a sociedade moçambicana em vários aspectos. Em primeiro lugar, é
relevante do ponto de vista social, pois pode ajudar a reduzir a pobreza e a exclusão
social. Em segundo lugar, é relevante do ponto de vista económico, pois pode ajudar a
aumentar a estabilidade financeira das famílias e, por sua vez, aumentar o consumo e o
investimento. Além disso, é relevante do ponto de vista político, pois pode ajudar a
melhorar a imagem do governo em relação à protecção social dos trabalhadores e suas
famílias.

1.3.1 Relevância académica


A questão da segurança social para os trabalhadores do sector informal é uma área
importante de estudo para pesquisadores, economistas e formuladores de políticas
8
públicas. O acesso à segurança social é fundamental para garantir o bem-estar social e
económico de indivíduos e comunidades. Além disso, a falta de protecção social pode
contribuir para o aumento da pobreza e da desigualdade.

Este estudo tem relevância académica, pois fornece informações importantes sobre a
situação dos trabalhadores do sector informal em relação à segurança social em
Moçambique. Os resultados do estudo podem ser usados para informar políticas
públicas que visam melhorar a cobertura da segurança social para os trabalhadores do
sector informal em Moçambique e outros países em desenvolvimento.,

1.3.2 Relevância Social


A expansão do subsistema de segurança social obrigatório no sector informal é de
grande importância social, uma vez que visa garantir a protecção social dos
trabalhadores informais. Essa protecção social é essencial para assegurar a dignidade
dos trabalhadores e de suas famílias, especialmente em situações de vulnerabilidade,
como doenças, invalidez, desemprego, entre outros.

O sector informal em Moçambique é composto, na maioria, por trabalhadores de baixa


renda, com pouca ou nenhuma protecção social, o que significa que, em caso de
necessidade, esses trabalhadores não possuem nenhum tipo de suporte financeiro.
Assim, a expansão do subsistema de segurança social obrigatório contribui para a
redução da pobreza e da desigualdade social, além de promover a inclusão social desses
trabalhadores.

1.3.3 Relevância Económica


A expansão do subsistema de segurança social obrigatório no sector informal também
possui uma grande relevância económica. Isso porque a protecção social dos
trabalhadores informais pode estimular a formalização desses trabalhadores,
contribuindo para o aumento da produtividade e da qualidade dos serviços prestados,
além de melhorar as condições de trabalho.

Além disso, a protecção social dos trabalhadores informais pode gerar impactos
positivos na economia local, uma vez que esses trabalhadores terão mais estabilidade
financeira e, consequentemente, poderão consumir mais e investir em suas actividades
económicas.

9
1.4 Delimitação

1.4.1 Delimitação temática


Os estudos irão abranger o período de 2020 – 2022;

1.4.2 Delimitação espacial


O estudo ira abranger a Província de Sofala, Cidade da beira especificamente a na zona
da Praia nova.

1.4.3 Delimitação temporal


Este estudo se concentra na situação actual dos pescadores da Praia Nova em relação à
segurança social em Moçambique. O estudo analisa a implementação do subsistema de
segurança social obrigatório em Moçambique desde 2007 até o presente. O estudo
também examina as perspectivas futuras para a expansão da segurança social para os
trabalhadores do sector informal em Moçambique.

1.5 Problematização
Sector informal envolve a actividade que está a margem de formalidade, sem firma
registada, sem imitir notas fiscais, sem empregados registados e sem contribuir com
imposto ao governo. Desta forma, pode definir-se sector informal como tudo que é
produzido pelo sector primário, secundário ou terciário sem conhecimento do Governo.

Problema: Quais são os desafios da expansão do actual subsistema de segurança social


é obrigatória no sector informal?

1.6 Hipótese

1.6.1 Hipótese Nula


A expansão do subsistema de segurança social obrigatório no sector informal não pode
ser alcançada em Moçambique devido a restrições financeiras e estruturais.

1.6.2 Hipótese Afirmativa


A expansão do subsistema de segurança social obrigatório no sector informal pode ser
alcançada em Moçambique através de políticas públicas adequadas e colaboração com
as organizações da sociedade civil e os trabalhadores do sector informal.

10
1.7 Objectivo Geral e Específico
O objectivo geral deste artigo é examinar o desafio da expansão actual do subsistema de
segurança social obrigatório no sector informal em Moçambique. Para atingir esse
objectivo, o artigo tem os seguintes objectivos específicos:

1. Analisar a natureza do trabalho informal em Moçambique;

2. Identificar os desafios enfrentados pelos trabalhadores informais no acesso ao


subsistema de segurança social obrigatório;

3. Identificar as possíveis soluções para expandir o subsistema de segurança social


obrigatório no sector informal.

1.8 Resultado esperado


Este estudo espera fornecer uma compreensão mais profunda dos desafios que os
trabalhadores do sector informal enfrentam em relação à segurança social em
Moçambique. Especificamente, espera-se que o estudo forneça informações sobre as
razões pelas quais o subsistema de segurança social obrigatório ainda não alcançou os
trabalhadores do sector informal e possíveis soluções para expandir a cobertura da
segurança social para esses trabalhadores.

2 CAPUTULO II - ENQUADRAMENTO TEÓRICO


Em 1944, a Conferência Geral da Organização Mundial do Trabalho reconheceu a
obrigação solene de auxiliar a aplicação, em todas as nações do mundo, de programas
que visem o alargamento das medidas de segurança social de forma a assegurar um
rendimento de base a todos aqueles que necessitem deste tipo de protecção, bem como,
de cuidados médicos completos (OIT, 2007).

Na América Latina, em 2013, os empregos informais afectavam 130 milhões de


trabalhadores dos quais, 27 milhões eram jovens e representavam 46,8% do total dos
empregos não agrícolas. Na mesma região, ocorre uma grande variação da proporção de
empregos informais no sector de actividade não agrícola entre os países, se salientam,
por exemplo, a Costa Rica com 30,7% e Guatemala com 73,6% (ILO, 2014).

Mais de metade (55,7%) dos trabalhadores informais têm idade entre os 15 e 24 anos e
44,9% encontram-se no sector informal, tendo na sua maioria, níveis de escolaridade
bastante baixos e concentrando a maior porção da população com os rendimentos mais
11
baixos. Os 20% dos rendimentos mais baixos representam três quartos (3/4) dos
trabalhadores informais (Idem).

Em África, segundo ILO (2009), estima-se que nove em cada dez trabalhadores rurais e
urbanos têm um emprego informal, tendo maior significado no caso das mulheres, que
não apresentam outra opção senão o emprego no sector informal para sua sobrevivência
e de sua família, coincidindo a maior prevalência do emprego informal com países de
baixa renda.

Na África Subsaariana, o auto emprego chega a representar 70% do emprego informal.


Tal situação tem permitido uma maior coexistência e interdependência entre os sectores
formal e informal. Assim, o sector informal torna-se em África, em muitos casos,
indispensável para o crescimento da economia formal. Estando a ocorrer por exemplo,
na Nigéria, como avança Ikeije, AKOMOLAFE & ONUBA (2016), o crescimento de
trabalhadores por conta própria, com formação superior e o aumento da qualidade de
serviços prestados pelo sector informal ao formal, intensificando assim a relação entre
estes.

SMIT & MPEDI (2010) consideram que os benefícios da assistência social destinam-se
principalmente a garantir que os indivíduos não caiam abaixo de um certo nível mínimo
básico de existência e os benefícios da segurança social são em grande medida focados
à substituição do rendimento. Esta última, é responsável pela exclusão de grande parcela
de trabalhadores do sector informal dos sistemas formais de segurança social associado
ao facto destes serem incapazes ou não pretenderem contribuir com uma percentagem
relativamente alta de seus rendimentos para financiar benefícios de segurança social em
detrimento de suas necessidades prioritárias.

Entre os constrangimentos encontrados em África para a expansão da segurança social


para a sector informal, podem ser destacados os apresentados no estudo desenvolvido na
Zâmbia por PELLERANO & GOURSAT (2016) onde referem que:

 A falta de conhecimento é um dos principais factores que contribuem para o


registo extremamente baixo de trabalhadores do sector informal nos sistemas de
segurança social. Assim, ter fraco conhecimento e/ou informação sobre
segurança e protecção social, cria mal-entendidos que podem potencialmente
desencorajar o registo em tais instituições;

12
 Outros desafios apresentados no estudo são os rendimentos neste sector, que se
caracterizam como baixos, irregulares e imprevisíveis. Esses rendimentos muitas
vezes são suficientes apenas para a satisfação de necessidades básicas e
associados a insegurança no trabalho, torna a contribuição contínua para a
segurança social, muito difícil e onerosa;
 A relação divergente entre as complexas relações do trabalho informal e o
desenho linear dos sistemas de segurança social, pois, estes últimos, são
desenhados para trabalhadores com emprego e renda fixas e com relações
estáveis e claramente estabelecidas, como a existência de contratos escritos de
trabalho (European Commission, 2013);
 A distância geográfica entre as instituições que provém os serviços e os
potenciais contribuintes, muitas vezes essas não se fazem representar em locais
mais periféricos em sua jurisdição e, por último;
 A baixa confiança, por parte dos trabalhadores deste sector, nas instituições e na
sua capacidade de prover os benefícios decorrentes das contribuições feitas ao
sistema de segurança social.

Apesar do acima referido, segundo o Relatório do ILO (2011), embora haja um rápido
crescimento económico nos anos recentes, a Região da África Subsaariana continua a
enfrentar um grande défice em relação a provisão de trabalho considerado formal e
decente, permanecendo altos os níveis de trabalho não formal, com ausência de serviços
de protecção social.

Em Moçambique, Segundo QUIVE (2007), a protecção social ainda está em gestação,


por isso, ainda não podemos falar de um sistema único e acabado. Os diferentes
instrumentos de protecção social não têm as mesmas prestações e não coordenam as
suas actividades apesar de existir uma nova lei de protecção social.

2.1 O Sector Informal em Moçambique


Segundo a OIT (1972), compreende-se como sector informal uma série de formas de
organização da produção e de possibilidades de inserção no mercado de trabalho que
não correspondam a estrutura das firmas e relações trabalhistas predominantes nas
economias centrais. Para Becker (2004), o sector informal é a porção do mercado, não
regulada e não formal, que produz bens e serviços para venda ou outra forma de

13
remuneração, sendo utilizado o termo economia informal como seu sinónimo. As
principais características são as seguintes:

 Propriedade familiar do empreendimento;


 Pequena escala das operações;
 Facilidade de entrada;
 Dependência em relação a recursos naturais;
 Mercados não regulamentados,
 Intensidade de trabalho e tecnologias adaptadas e concorrenciais e;
 Trabalhadores com qualificações académicas muitas vezes adquiridas fora do
sistema educacional formal.

Esta abordagem, ao incluir de forma genérica uma alusão à propriedade familiar, ao


admitir que à mão-de-obra empregue não precisa de deter conhecimento formal e a
pequena escala das operações, pode oferecer-se a controvérsia, sobretudo em economias
como a nossa, onde tais características se observam em grande medida também no
chamado sector tradicional.

Para além das características ora apresentadas, CACCIAMALI (2007) e HUSSMANNS


(2004), incluem ainda:

 Não ser organizada juridicamente ou segundo os parâmetros da relação capital-


trabalho;
 Empresas não constituídas legalmente com entidades separadas de seus donos;
 Tamanho abaixo de certo limite determinado a partir das circunstâncias de cada
país e/ou que não sejam registadas perante legislação de abrangência nacional
(segurança social ou pagamento de impostos).

Pela diversidade de discussões em matéria do que é formal, a OIT (2010), definiu um


modelo conceptual na definição do que se deve entender por economia informal tal
modelo permite uma definição mais precisa de estratégias de recolha de dados bem
como uma melhor interpretação de realidades objectivas a serem estudadas no âmbito
do sector informal.

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Tabela 1: Modelo Conceptual para economia informal
Unidades de Posição, não ocupação
Produção
Conta-própria Empregadores Membros Empregados Membros de
do cooperativas de
Domicili produtores
o

Informal Formal Informal Formal Informal Informal Formal Informal Formal

Empresas 1 2
formais

Empresas 3 4 5 6 7 8
informais

Domicílios 9 10

Fonte: KREIN e PRONI (2010).

Legenda:

Ocupações que, por definição, não existem no tipo de unidade de produção em questão;
Ocupações existentes mas, não relevantes para análise ou implementação de políticas;
1e5 Sem vínculo empregatício formal ou protecção social, independente do tipo de empresa
2, 6 e 10 Empregados informais de empresas formais, informais ou domicílios
3e4 Trabalhadores por conta própria e empregadores com empreendimentos informais
(características do empreendimento)
7 Empregados em empresas formais com contratos informais (empregada informal devido ao
número de empregados)
8 Membros de cooperativas informais
9 Produtores de bens para seu próprio consumo (Ex: Agricultura de Subsistência)

A OIT (1972) apresenta um conceito de sector informal baseado no posicionamento do


modo de produção operante na unidade em que o trabalhador exerce seu ofício. Engloba
uma série de formas de organização de produção e de possibilidades de inserção no

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mercado de trabalho que não corresponde a estrutura de firmas e relações trabalhistas
predominantes na economia. Assim, o sector informal destaca-se pela:

 Propriedade familiar do empreendimento;


 Pequena escala de operações.

Estando desta forma, para o trabalhador, a informalidade associada a relação trabalhista


e para a empresa, baseada nas características da mesma.

Para os países em desenvolvimento, a maior preocupação não é a não formalização do


mercado formal de trabalho, mas a expansão do sector informal da economia, o que
implica baixos rendimentos e fracas condições de trabalho, tal é resultado do fraco
crescimento de “bons empregos”.

Assim, os trabalhadores no contexto do sector informal tendem a se distinguir dos


demais, devido entre outros aspectos:

 O emprego assalariado, de longa duração e em tempo integral, ter deixado de ser


a forma dominante de relação contratual, cedendo lugar ao trabalho temporário,
parcial, executado de forma autónoma ou por projecto, terciarizado ou
subcontratado, marcado pela baixa qualidade, não formalização e privação de
direitos trabalhistas e previdenciais (COCKELL & PERTICARRARI,2008);
 A economia informal consistir em todas as actividades que se realizam fora da
estrutura institucional oficial. O baixo rendimento obriga aos pequenos
produtores a evitarem a relação com o quadro institucional existente pois, a
conformidade com a regulamentação do mercado formal, envolve custos
financeiros e de tempo, para ultrapassar as barreiras administrativas
(CANAGARAJAH & SETHURAMAN, 2001);
 O sector informal tender a concentrar trabalhadores menos escolarizados, mais
jovens, com remuneração mais baixa, com mais probabilidade de habitar em um
domicílio pobre, factor que incita debate na esfera de política pública, visando
ampliar o acesso da população a postos de trabalho formais (BARROS,
MELLO, & PERO,1993);

As características ora descritas, associadas aos conceitos apresentados pela OIT, sobre
sector informal, não se dissociam significativamente do conceito assumido pelo INE
(2005) segundo o qual, o sector informal compreende as actividades caracterizadas por

16
um baixo nível de organização com divisão limitada ou inexistente entre trabalho e
capital e relações de trabalho, geralmente baseadas em colaboração ocasional, de
relação familiar ou de amizade, ao invés de contratos formais.

2.2 Segurança e Protecção Social em Moçambique


Segundo a OIT (1972), a Segurança Social corresponde a protecção que a sociedade
prevê para seus membros, através de uma série de medidas públicas, contra o
sofrimento económico e social decorrente da paralisação ou redução substancial dos
ganhos decorrentes de doenças, da maternidade, desemprego, invalidez, velhice e morte,
fornecendo cuidados médicos e provendo subsídios para familiares e crianças.

A protecção social, por sua vez, compreende políticas e programas desenhados para
reduzir a pobreza e vulnerabilidade através da promoção de um mercado de trabalho
eficiente, reduzindo a exposição das pessoas ao risco e aumentando sua capacidade para
proteger a si próprio contra os perigos da interrupção e perda de rendimentos.

Segundo a OIT (2015), a protecção dos trabalhadores, engloba aquela contra a


exploração, os riscos de doenças ou outros perigos, os salários demasiados baixos ou
irregulares e os horários de trabalho imprevisíveis ou excessivamente longos,
aumentando a capacidade dos trabalhadores e respectivas famílias alcançarem o bem-
estar material em condições de liberdade e dignidade, segurança económica e igualdade
de oportunidades, e de se adaptarem à evolução da sua vida profissional e pessoal.

Como indica SMIT & MPEDI (2010), as actividades no campo da protecção social,
incluem a segurança social e estão previstas na Declaração de Filadélfia, de 10 de Maio
de 194421, relativa aos fins e objectivos da OIT expresso nos documentos fundamentais
da OIT (2007,pp. 26), através do reconhecimento na Conferência Geral da Organização
Mundial do Trabalho da obrigação da OIT acompanhar a execução, entre as diferentes
nações do mundo, de programas próprios à realização:

 Do pleno emprego e da elevação do nível de vida;


 Do emprego dos trabalhadores em ocupações nas quais tenham a satisfação de
aplicar toda a sua habilidade e os seus conhecimentos e de contribuir da melhor
forma para o bem-estar comum;
 Para atingir esse objectivo, da concretização, mediante garantias adequadas para
todos os interessados, de possibilidades de formação e meios próprios para

17
facilitar as transferências de trabalhadores, incluindo as migrações de mão-de-
obra e de colonos;
 Da possibilidade para todos de uma participação justa nos frutos do progresso
em termos de salários e de ganhos, de duração do trabalho e outras condições de
trabalho, e um salário mínimo vital para todos os que têm um emprego e
necessitam dessa protecção;
 Do reconhecimento efectivo do direito de negociação colectiva e da cooperação
entre empregadores e trabalhadores para a melhoria contínua da organização e
da produção, assim como da colaboração dos trabalhadores e dos empregadores
para a elaboração e aplicação da política social e económica;
 Da extensão das medidas de segurança social com vista a assegurar um
rendimento de base a todos os que precisem de tal protecção, assim como uma
assistência médica completa;

A Lei de protecção social da República de Moçambique estrutura o sistema de


segurança social em três níveis resumidos através do modelo abaixo, elaborado pelo
INSS e envolve tanto instituições públicas como privadas, estando estas sujeitas a
comparticipação ou não, em virtude da sua relação com o mercado de trabalho e renda
auferida. Assim, como demonstra o esquema abaixo, este sistema, composto pela
segurança social obrigatória, que prevê uma contrapartida como condicionante para os
benefícios futuros oferecidos pelo sistema, seguido pela segurança social básica, que
não prevê contrapartidas por parte dos beneficiários e pessoas elegíveis e por último a
segurança social complementar que visa a cobertura das situações não previstas no
âmbito da segurança social obrigatória.

2.3 Natureza do Trabalho Informal em Moçambique


O trabalho informal em Moçambique é caracterizado por empregos que não estão
protegidos pela legislação laboral e não são registados. A maioria dos trabalhadores
informais trabalha em pequenas empresas ou é autónoma. Esses trabalhadores não têm
acesso a benefícios trabalhistas, como férias, licença médica remunerada, seguro saúde
e aposentadoria. A natureza informal do trabalho dificulta a inclusão desses
trabalhadores no subsistema de segurança social obrigatório. Instituto Nacional de
Segurança Social. (2021).

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2.4 Implicação da Expansão da Segurança Social para o Sector Informal
A expansão da segurança social para o sector informal pode ter implicações
significativas para os trabalhadores informais e para a economia em geral. A inclusão
dos trabalhadores informais no sistema de segurança social pode proporcionar-lhes
maior segurança e protecção social, além de reduzir a pobreza e a desigualdade.

Além disso, a expansão do sistema de segurança social pode ter efeitos positivos sobre a
economia. Os trabalhadores informais que têm acesso à segurança social são mais
propensos a investir em sua educação e treinamento, melhorar sua produtividade e
inovar em seus negócios. Isso pode levar a um aumento na renda e no crescimento
económico. (Instituto Nacional de Segurança Social, 2021).

2.5 Desafios Enfrentados pelos Trabalhadores Informais no Acesso ao


Subsistema de Segurança Social Obrigatório
Os trabalhadores informais enfrentam vários desafios no acesso ao subsistema de
segurança social obrigatório em Moçambique. Um dos principais desafios é a falta de
informação sobre o subsistema e os benefícios que ele oferece. A maioria dos
trabalhadores informais não está ciente dos benefícios da segurança social obrigatória e,
portanto, não faz contribuições para o sistema.

Outro desafio é a falta de incentivos para os empregadores aderirem ao subsistema de


segurança social obrigatório. A maioria dos empregadores no sector informal é
composta por pequenas empresas ou é autónoma.

Outro desafio é a falta de infra-estrutura adequada para colectar contribuições e


gerenciar o sistema de segurança social para os trabalhadores informais. Muitos
trabalhadores informais não têm acesso a serviços bancários, o que torna difícil a
colecta de contribuições e o pagamento de benefícios. Além disso, a administração do
sistema de segurança social para os trabalhadores informais pode ser complicada,
especialmente em áreas remotas e rurais.

Os trabalhadores informais também podem enfrentar dificuldades em relação à


cobertura do seguro. Muitos trabalhadores informais não estão cobertos por seguro
saúde ou seguro de acidentes de trabalho. Além disso, os benefícios oferecidos pelo
sistema de segurança social podem não ser adequados para as necessidades dos
trabalhadores informais. (Organização Internacional do Trabalho, 2017).

19
3 CAPITULO III - METODOLOGIAS
A metodologia utilizada neste artigo foi a pesquisa bibliográfica, que consiste na colecta
de informações em fontes secundárias, como livros, artigos e revistas científicas. Além
disso, foram utilizadas técnicas de análise e interpretação dos dados colectados, com o
objectivo de compreender a realidade e os desafios enfrentados na expansão do
subsistema de segurança social obrigatório no sector informal.

3.1 Natureza da Pesquisa


A natureza da pesquisa realizada neste artigo foi exploratória, uma vez que o objectivo
era compreender a realidade e os desafios enfrentados na expansão do subsistema de
segurança social obrigatório no sector informal. Dessa forma, foram realizadas
pesquisas bibliográficas e análises dos dados colectados, com o objectivo de explorar o
tema e compreender as suas particularidades.

3.2 Abordagem da Pesquisa


A abordagem da pesquisa utilizada neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica e
documental, que tem como objectivo buscar informações e dados em fontes
secundárias, como livros, artigos, relatórios e documentos governamentais, relacionados
ao tema em questão. A pesquisa bibliográfica é essencial para este estudo, pois
possibilita a análise e interpretação de dados e informações que foram produzidas
anteriormente sobre o assunto.

3.3 Quanto aos procedimentos


Para a realização desta pesquisa, foi necessário a colecta e selecção de uma variedade de
materiais bibliográficos que se relacionassem com o tema em questão. Foram utilizadas
diversas bases de dados, como a Scopus, Google Scholar e Portal de Periódicos da
CAPES. Foram seleccionados artigos científicos, livros, relatórios e documentos
governamentais que abordam o subsistema de segurança social obrigatório no sector
informal em Moçambique.

3.4 Metodologias quanto aos objectivos


Para alcançar os objectivos deste estudo, foi utilizada uma abordagem qualitativa, que
incluiu entrevistas em profundidade e análise de documentos. Foram entrevistados
pescadores da Praia Nova e representantes das organizações da sociedade civil que

20
trabalham com os trabalhadores do sector informal. Também foram analisados
documentos relevantes, como relatórios governamentais e estudos anteriores sobre a
segurança social em Moçambique.

3.5 População e Amostra


A população de interesse desta pesquisa são os trabalhadores do sector informal
especificamente os pescadores da Praia Nova em Moçambique. Para a selecção da
amostra, foi utilizada a técnica de amostragem não-probabilística por conveniência, que
consiste na selecção de participantes que estão facilmente disponíveis e dispostos a
participar do estudo. Foram seleccionados trabalhadores do sector informal de
diferentes áreas, como vendedores ambulantes, artesãos, trabalhadores domésticos, entre
outros.

3.5.1 Amostra
A amostra deste estudo consistiu em 15 pescadores da Praia Nova e 5 representantes de
organizações da sociedade civil que trabalham com os trabalhadores do sector informal
em Moçambique. A amostra de pescadores foi seleccionada com base na diversidade de
idade, género e tempo de trabalho como pescador na Praia Nova.

3.6 Técnica de Colecta de Dados


Para a colecta de dados, foi utilizada a técnica de entrevista estruturada com
questionário pré-elaborado. Foram elaboradas perguntas sobre o conhecimento e
percepção dos trabalhadores do sector informal em relação ao subsistema de segurança
social obrigatório. As entrevistas foram realizadas em locais públicos frequentados
pelos trabalhadores do sector informal, como feiras livres, praças e ruas movimentadas.
As entrevistas foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas para análise dos
dados.

Por fim, é importante destacar que a implementação de um subsistema de segurança


social eficaz para o sector informal em Moçambique requer uma abordagem integrada e
participativa, que envolva o governo, organizações sociais e os próprios trabalhadores
informais. Somente assim será possível garantir a protecção social.

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4 CAPITULO IV - DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Beira Sofala é uma cidade costeira em Moçambique, onde a pesca é uma actividade
económica importante. A Praia Nova é uma das praias mais populares de Beira Sofala,
onde muitos pescadores trabalham. Os pescadores da Praia Nova são principalmente
trabalhadores informais que não têm acesso a protecção social.

4.1 Estudo de Caso: Pescadores da Praia Nova em Beira Sofala


Os pescadores da Praia Nova em Beira Sofala são um exemplo de trabalhadores
informais que enfrentam desafios para a inclusão no sistema de segurança social. A
maioria dos pescadores é autónoma e não tem um empregador formal. Eles têm renda
irregular e muitas vezes dependem do clima e das condições do mar para sustentar suas
famílias, (Organização Internacional do Trabalho, 2018).

A falta de documentação é outro desafio enfrentado pelos pescadores. Muitos não têm
documentos de identificação ou registo formal como trabalhadores. Isso dificulta sua
inclusão no sistema de segurança social.

Além disso, a infra-estrutura para colecta de contribuições e administração do sistema


de segurança social é limitada em áreas rurais como Beira Sofala. Isso torna difícil para
os pescadores acessarem o sistema de segurança social e se registarem como
contribuintes.

Os pescadores da Praia Nova dependem do mar para sustentar suas famílias, mas
enfrentam riscos significativos ao trabalhar em condições precárias e perigosas. Além
disso, eles frequentemente não têm acesso a seguro saúde e outros benefícios de
segurança social. Como resultado, muitos pescadores são vulneráveis a doenças, lesões
e outros riscos que podem afectar sua capacidade de trabalhar e sustentar suas famílias.

Para abordar esses desafios, o governo de Moçambique implementou uma série de


programas e políticas destinados a expandir o sistema de segurança social para os
trabalhadores informais. No entanto, muitos pescadores ainda não estão cientes dessas
políticas ou enfrentam barreiras ao acesso.

Para garantir que os pescadores da Praia Nova e outros trabalhadores informais tenham
acesso ao sistema de segurança social, é necessário um esforço colaborativo que
envolva o governo, organizações internacionais, organizações não-governamentais e a

22
sociedade civil. Isso pode incluir campanhas de conscientização para informar os
trabalhadores informais sobre os benefícios do sistema de segurança social, bem como
esforços para simplificar o processo de registo e administração do sistema.
(Organização Internacional do Trabalho, 2018).

4.2 Razões pelas quais o subsistema de segurança social obrigatório ainda


não alcançou os trabalhadores do sector informal em Moçambique
Existem várias razões pelas quais o subsistema de segurança social obrigatório ainda
não alcançou muitos trabalhadores do sector informal em Moçambique, incluindo os
pescadores da Praia Nova. Algumas dessas razões incluem:

 Falta de conhecimento sobre o subsistema de segurança social obrigatório:


muitos trabalhadores do sector informal não têm conhecimento sobre o
subsistema de segurança social obrigatório e como se inscrever.
 Dificuldades em se inscrever: o processo de inscrição no subsistema de
segurança social obrigatório pode ser complicado e difícil de entender para
alguns trabalhadores do sector informal.
 Falta de colaboração entre as organizações da sociedade civil e os trabalhadores
do sector informal: as organizações da sociedade civil muitas vezes não
colaboram com os trabalhadores do sector informal para aumentar a
conscientização sobre a segurança social e ajudá-los a se inscrever.
 Falta de apoio governamental adequado: o governo de Moçambique ainda
precisa fornecer mais apoio para expandir a cobertura da segurança social para
os trabalhadores do sector informal. (Organização Internacional do Trabalho,
2018).

23
5 CONCLUSÃO
A expansão do subsistema de segurança social obrigatório para o sector informal em
Moçambique é um desafio que exige acções conjuntas do governo, organizações sociais
e trabalhadores informais. A falta de protecção social para esses trabalhadores
representa uma grande lacuna na legislação trabalhista do país, e isso pode levar a uma
maior vulnerabilidade desses trabalhadores em relação a acidentes de trabalho, doenças
e envelhecimento.

Este estudo destaca a importância da segurança social para o desenvolvimento


económico e social do país, e a necessidade de se garantir a inclusão dos trabalhadores
do sector informal nos subsistemas de segurança social. A pesquisa revelou que muitos
trabalhadores informais desconhecem o subsistema de segurança social obrigatório e as
vantagens que ele oferece, e que há uma necessidade de se promover uma maior
conscientização e informação sobre o tema.

A expansão do subsistema de segurança social obrigatório para o sector informal


apresenta vários desafios. O estudo de caso dos pescadores da Praia Nova na Beira
Sofala ilustra alguns desses desafios. No entanto, a inclusão dos trabalhadores informais
no sistema de segurança social pode proporcionar-lhes maior segurança e protecção
social, além de reduzir a pobreza e a desigualdade.

Os governos podem desempenhar um papel importante na expansão do sistema de


segurança social para o sector informal, garantindo que as políticas e programas
atendam às necessidades dos trabalhadores informais. Isso inclui o estabelecimento de
infra-estrutura adequada para a colecta de contribuições e administração do sistema de
segurança social, bem como a criação de benefícios adequados e acessíveis.

As organizações internacionais podem fornecer recursos e expertise técnica para apoiar


os governos na expansão do sistema de segurança social. Além disso, as organizações
não-governamentais e a sociedade civil podem desempenhar um papel importante na
conscientização e mobilização dos trabalhadores informais para que participem do
sistema de segurança social.

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