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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO: CIÊNCIAS ACTUARIAIS

Análise do processo de cobertura dos danos contra terceiros relacionados aos


transportes semi-colectivo de passageiros.

Caso de estudo: Transportadores de Semi-Colectivo - Beira, 2019 - 2021”

António Joaquim Dango António

BEIRA, 2022

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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO: CIÊNCIAS ACTUARIAIS

Análise do processo de cobertura dos danos contra terceiros relacionados aos


transportes semi-colectivo de passageiros.

Caso de estudo: Transportadores de Semi-Colectivo - Beira, 2019 - 2021”

Projecto apresentado à Faculdade de Ciências e Tecnologia da


Universidade Zambeze como requisito para à obtenção do
título de licenciado em Ciências Actuariais.

Orientador

____________________________________

(Msc. Dinis Francisco Simbe)

BEIRA, 2022

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Índice
CAPÍTULO I : INTRODUÇÃO.................................................................................... 5
1.1. Contextualização ................................................................................................ 5
1.2. PROBLEMATIZAÇÃO ..................................................................................... 6
1.3. HIPÓTESES ...................................................................................................... 6
1.4. OBJECTIVOS DA PESQUISA .......................................................................... 6
1.4.1. Objectivo Geral .............................................................................................. 6
1.4.2. Objectivos Especificos .................................................................................... 6
1.5. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA .................................................................. 7
1.6. DELIMITAÇÃO E LIMITAÇÃO DO TEMA .................................................... 8
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ............................................................ 9
2.1. Dano .................................................................................................................. 9
2.2. Contrato ............................................................................................................. 9
2.2.1. Contrato de adesão .......................................................................................... 9
2.3. Responsabilidade Civil ....................................................................................... 9
2.3.1. Histórico da responsabilidade civil................................................................ 11
2.3.2. Pressupostos da responsabilidade civil .......................................................... 12
2.3.2.1. Do fato ...................................................................................................... 12
2.3.2.2. Do dano .................................................................................................... 13
2.3.2.3. Do nexo de causalidade ............................................................................. 14
2.3.3. Espécies de responsabilidade civil ................................................................ 14
2.4. O Seguro e seus princípios ............................................................................... 15
2.4.1. Chapas ...................................................................................................... 16
2.4.2. Origem dos Chapas ................................................................................... 16
CAPÍTULO III: METODOLOGIA ............................................................................. 18
3.1. Abordagem da pesquisa .................................................................................... 18
3.2. Natureza do estudo ........................................................................................... 18
3.3. População e amostra do estudo ......................................................................... 19
3.3.1. Amostragem ................................................................................................. 19
3.3.1.1. Tipo de amostragem .................................................................................. 19
3.3.2. População e Amostra .................................................................................... 19
3.4. Instrumentos e técnicas de recolha de dados ..................................................... 19
3.5. Tratamento e análise de dados .......................................................................... 20

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CAPITULO VI: CRONOGRAMA E ORÇAMENTO. ................................................ 21
Cronograma de actividade. ...................................................................................... 21
Orçamento............................................................................................................... 22
Referência Bibliográfica ............................................................................................. 23

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CAPÍTULO I : INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Desde a antiguidade, o homem, por diversas razões, possui a necessidade de,


constantemente, deslocar-se. Antes da invenção da roda, o transporte humano dava-se,
basicamente, com força própria ou com o auxílio de animais. Com o advento dos barcos
à vela, dos motores a vapor, da revolução industrial, das estradas e das aeronaves, o
transporte de pessoas e mercadorias desenvolveu-se amplamente, possibilitando a
locomoção por todo o planeta. (VENOSA, 2012, p. 165).

Portanto, com o desenvolvimento dos meios de transporte, o deslocamento entre,


cidades, estados, países e continentes tornou-se mais rápido, seguro e barato, o que
possibilita que a maioria da população mundial, com a finalidade de suprir suas
necessidades, utilize tais serviços. Com efeito, o transporte, segundo Rui Stoco, “é o
meio por meio através do qual a pessoa humana, em sua inquietude e extrema
curiosidade, exerce um dos seus direitos fundamentais: a liberdade física de locomover-
se e de ir e vir”. (2013, p. 380).

De acordo com Luis Felipe Salomão, “o transporte envolve um antigo sonho humano e
conduz a uma série de reflexões sobre as dimensões de tempo e espaço”. (2013, p. 161).

Diante da necessidade de se praticar actos de comércio, importar e exportar, a presença


e a eficiência dos meios de transporte ganham relevante importância. Não apenas por
possibilitar trocas comerciais, o transporte possui importância em virtude de ser o meio
através do qual milhões de pessoas, todos os dias, nas grandes e pequenas cidades,
deslocam-se de suas casas até os locais nos quais estudam ou trabalham (VENOSA,
2012, p. 165).

Com o passar dos tempos, o transporte colectivo tornou-se uma forma prática para que
as pessoas se locomovessem de um local para o outro, pois em virtude do trânsito
caótico em que nos deparamos, o excesso de veículos nas ruas e estradas, a falta de vias
em boas condições de trafegabilidade, o preço do combustível, dentre outros, eleva-se o
número de pessoas que usufruem desses serviços, especialmente nas cidades onde a
população é maior. Consequentemente, com a sua grande procura e o elevado número

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de acidentes de trânsito, com danos materiais e pessoais que foram surgindo, tornou-se
necessário que se atribuíssem responsabilidades, a fim de indemnizar os prejudicados

1.2.PROBLEMATIZAÇÃO

Em um mundo globalizado em que cada vez mais a velocidade da comunicação dita o


ritmo de nossas vidas, é preeminente a necessidade de locomoção para os mais diversos
pontos do nosso pais e do mundo, sendo uma das formas mais utilizadas para este
deslocamento o transporte terrestre, principalmente os semi-colectivo de passageiros.

A verdade é que centenas de milhares de moçambicanos diariamente utilizam desses


meios de transporte, e num cenário cada vez mais comum de acidentes em que os
automobilistas estão envolvidos, e como as vezes obrigações assumidas pelas partes não
são cumpridas por factos alheios a vontade de qualquer ser humano diligente, ante a sua
imprevisibilidade ou inevitabilidade. Diante disso o estudo pretende responder a duas
questões: Os danos causados aos terceiros pelos transportes semi – colectivo de
passageiros têm sido repostos?

1.3. HIPÓTESES

As hipóteses levantadas para o presente estudo são:

H0: Os danos causados aos terceiros por transporte semicolectivo de passageiro tem
sido reposto.

H1: Os danos causados aos terceiros por transporte semicolectivo de passageiro não tem
sido reposto.

1.4. OBJECTIVOS DA PESQUISA

1.4.1. Objectivo Geral

Analisar o processo de cobertura dos danos contra terceiros relacionados aos transportes
semi-colectivo de passageiros.

1.4.2. Objectivos Especificos

 Identificar o nível de cobertura dos danos causados pelo sinistro dos transportes
semi-colectivo;

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 Explicar a funcionalidade do nivel de cobertura dos danos causados pelos
sinistros transportes semi-colectivo;
 Destacar as vantagens da contratação de seguros contra terceiros para os
transportadores de semi-colectivo.

1.5. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A responsabilidade é um dos institutos do Direito mais antigos na humanidade. Sua


importância diz respeito a uma justiça que serve para equilibrar as relações jurídicas
quando estas são abaladas por algum evento danoso.

A elaboração deste trabalho justifica se pelo facto da cidade escolhida registar um


elevado número dos “chapas” (sem-colectivos) que não possuem seguro de
responsabilidade civil.

O tema é do interesse do autor pelo facto dela quer mostrar a importância da


responsabilidade civil decorrente do contrato. Também esta ligado ao facto do autor do
trabalho querer mostrar algo que esta relacionada com área de sua formação, e, assim,
deixar a sua colaboração nas linhas de pesquisas em temas em epígrafes.

Diante do alto índice de acidentes envolvendo colectivos e das frequentes dúvidas


quanto ao dever de indemnizar o passageiro, e os terceiros que sofreram de acidente o
presente tema é de grande relevância socialmente, levando em consideração que o
número de acidentes envolvendo transporte semi-colectivo de passageiros vem
aumentando a cada dia. Espera-se, com este trabalho, contribuir com subsídios para os
passageiros e outros lesados do acidente que poderão encontrar respostas ao seu direito
perante o transportador acerca de uma indemnização pelo dano sofrido em virtude da
execução do contrato, e para os donos de empresas transportadoras, para que os mesmos
tenham conhecimento da responsabilidade que sua actividade apresenta, bem como das
hipóteses em que poderá se valer de possíveis excludentes.

A nível económico, o seguro traz grandes vantagens na medida que este vai custear as
despesas do prejuízo causado pelo acidente. Este proporciona um serviço essencial e
indispensável, cumprindo um papel económico de grande importância.
O estudo é relevante cientificamente, pois fornece informação pertinente para consulta,
bem como, o despertar do interesse dos pesquisadores sobre o tema, tendo-se como

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corolário, o desenvolvimento do acervo bibliográfico produzido por académicos
moçambicanos, relativo ao tema. A importância deste tema reside no facto de englobar
um assunto pertinente e pouco estudado para a realidade moçambicana.

1.6. DELIMITAÇÃO E LIMITAÇÃO DO TEMA

Marconi e Lakatos (2009) descrevem que são estabelecidos limites para o que se propõe
investigar quando limita-se a pesquisa. A pesquisa pode ser limitada em relação ao
assunto, à extensão ou a uma série de factores que podem restringir o seu campo de
acção.

Em termos espaciais, o estudo será realizado na cidade da Beira junto aos


transportadores de semi-colectivo que desenvolvem as suas actividades nas rotas Baixa-
Munhava, Baixa-Estoril e Baixa-Macuti.

Em termos temporais, a análise compreendera o período entre 2019 a 2021, dado que o
estudo procurou destacar os eventos mais recentes ligados a questão de cobertura de
danos contra terceiros.

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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Dano

“É o prejuízo ressarcível experimentado pelo lesado, traduzindo-se, se patrimonial, pela


diminuição patrimonial sofrida por alguém em razão de acção deflagrada pelo agente,
mas pode atingir elementos de cunho pecuniário e moral”. (BITTAR, Carlos, 1982, p.
64)

2.2.Contrato

“Contrato é o acordo de duas ou mais pessoas, na conformidade da ordem jurídica,


destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo
de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial”. (DINIZ,
Maria Helena, 2005. p. 24).

2.2.1. Contrato de adesão

“Tratando-se de contrato de adesão, um das partes apenas adere às condições pré-


estabelecidas pela outra parte, sem nenhuma alternativa. Vale dizer, uma das partes,
qual seja, o vendedor, dotado de uma posição dominante na relação contratual, impõe
determinadas cláusulas, nas quais geralmente inexiste poder de negociação por parte do
adquirente”(DOWER, Nelson, 2005, p. 24).

2.3. Responsabilidade Civil

“É a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a


outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam”.
(SAVATIER, 2001, p. 06).

A responsabilidade civil surgiu com o intuito de alcançar a justiça, isto é, fala- se nela
no momento em que alguém comete determinado ato que acarreta um prejuízo a outrem.

Gagliano e Pamplona Filho (2003, p. 09) referem acerca do conceito da


responsabilidade civil:

A noção jurídica de responsabilidade pressupõe a actividade danosa de alguém


que, actuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente (legal

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ou contratual), subordinando-se, dessa forma, às consequências de seu ato
(obrigação de reparar).

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, os supracitados autores traçam esse conceito
no âmbito do direito privado, dizendo:

A responsabilidade civil deriva da agressão a um interesse eminentemente


particular, sujeitando, assim, o infractor, ao pagamento de uma compensação
pecuniária à vítima, caso não possa repor in natura o estado anterior de coisas.
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2003, p. 09)

Já para Gonçalves (2008), a responsabilidade civil é “decorrência de uma conduta


voluntária violadora de um dever jurídico, isto é, da prática de um ato jurídico, que pode
ser lícito ou ilícito”.

Ainda, Diniz (2008, p. 35) conceitua da seguinte forma:

A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a


reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela
mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela
pertencente ou de simples imposição legal.

Monteiro (2007) destaca que a fonte da responsabilidade civil é o ato pelo qual se busca
restabelecer o equilíbrio (moral ou patrimonial) que foi violado pelo dano.

Conforme Cavalieri Filho (2007), o termo responsabilidade se refere a várias situações


que possuem reflexos no campo jurídico, porém, o que aqui interessa é o ato que
desencadeia a obrigação de indemnizar. Dessa forma, a responsabilidade pode ser
directa ou indirecta. A primeira se refere ao próprio causador do dano, enquanto que a
segunda está ligada a uma conduta de terceiro, que, de uma maneira ou outra, possui um
vínculo com o ofensor, vínculo este regrado pelo ordenamento.

Há uma distinção interessante trazida por Gonçalves (2008, p. 02-03), entre obrigação e
responsabilidade:

A obrigação nasce de diversas fontes e deve ser cumprida livre e


espontaneamente. Quando tal não ocorre e sobrevém o inadimplemento, surge a
responsabilidade. Não se confunde, pois, obrigação e responsabilidade. Esta só
surge se o devedor não cumpre espontaneamente a primeira. A responsabilidade

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é, pois, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação
obrigacional.

No campo da responsabilidade civil, com a ocorrência de uma obrigação de indemnizar,


faz-se necessária uma prestação equivalente entre o dano sofrido e o posterior valor
indemnizatório, evitando, assim, eventual enriquecimento ilícito, tanto de quem recebe
uma indemnização maior do que o dano sofrido, tanto por parte de quem indemniza a
menor do dano causado.

2.3.1. Histórico da responsabilidade civil

No entendimento de Gagliano e Pamplona Filho (2003), a responsabilidade civil surge


da concepção de vingança privada, forma esta rudimentar, porém compreensível do
ponto de vista humano, considerando que seria uma maneira pessoal encontrada para
reagir ao mal sofrido. Os autores ainda salientam que o Direito Romano partiu desse
ponto de vista, sendo essa reacção natural e espontânea, que mais tarde foi
regulamentada, concedendo ao lesado direito de reacção ao mal sofrido, ou não, quando
não havia motivo para tanto. Em decorrência desses fatos é que surgiu a Lei de Talião,
conhecida pela rigidez, em que o mal era combatido com o mal.

Para Diniz (2008), na origem da civilização humana, prevalecia a vingança colectiva,


isto é, ocorria uma reacção do grupo contra o ofensor. Na sequência, essa visão foi
sofrendo transformações, e a vingança individual passou a ser a utilizada na época. Com
isso, os homens faziam justiça com suas próprias mãos, também com amparo na
referida Lei de Talião, em que as fórmulas eram “olho por olho, dente por dente”,
“quem com ferro fere, com ferro será ferido”.

Com o intuito de proibir exageros, o poder público se manifestava. Porém, essa


intervenção era apenas no sentido de mostrar quando e como o lesado poderia exercer o
seu direito de retaliação, para que este pudesse ocasionar ao lesante um dano igual ao
que sofreu. Importante destacar que a responsabilidade nessa época era objectiva, ou
seja, independente de culpa, caracterizada somente como um direito de reacção do
lesado contra o lesante.

Um marco da evolução histórica da responsabilidade civil, destacado por Gagliano e


Pamplona Filho (2003), diz respeito à criação da Lex Aquilia, por meio da qual
originou-se a nova designação da responsabilidade civil delitual ou extracontratual.
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A Lex Aquilia, na concepção de Diniz (2008), foi um período no qual se pôs em
questão a conveniência de se proporcionar a reparação do dano, buscando no património
do ofensor a devida prestação. Assim, o ofensor prestaria o poena, que nada mais era do
que um pagamento em dinheiro, como forma de compensar o lesado pelo dano sofrido.
Isto porque, não ocorrendo a composição dessa forma, e sim através da retaliação, o
lesado não seria recompensado, e sim se ocasionaria um duplo dano. Salienta a
doutrinadora que foi na Idade Média que ocorreu uma diferenciação entre a
responsabilidade civil e a penal, bem como se traçou uma visão de dolo e culpa stricto
sensu.

2.3.2. Pressupostos da responsabilidade civil

Apesar de a doutrina ser bastante imprecisa sobre caracterização dos pressupostos da


responsabilidade civil, esta necessita de alguns elementos essências para que exista.
Dessa maneira, pode-se falar que a mesma irá acontecer quando da ocorrência de um
fato, acção comissiva ou omissiva, que cause um dano ou prejuízo a alguém, existindo
um nexo de causalidade entre o fato e o dano. Sobre tais três elementos, tratar-se-á
agora de forma esmiuçada.
2.3.2.1. Do fato

O fato ou conduta geradora de um dano é uma ação ou omissão, lícita ou ilícita,


voluntária, realizada pelo autor do prejuízo ou por terceiro ou por animal ou coisa
inanimada àquele vinculado juridicamente e que resulte no dano.

Deste simples conceito pode-se tirar inúmeros desdobramentos, como o entendimento


de que a conduta voluntária, requisito tanto da responsabilidade civil subjectiva quanto
da objectiva, coincide com a intenção do autor, no sentido de que ele possua algum
controle daquela acção. Destarte, não se imputarão ao autor do fato danoso aquele que
foi praticado de forma inconsciente, sob coação absoluta ou por eventos insuperáveis.
(Saraiva, 2008, p.28)

Ainda sobre a voluntariedade da conduta, ensina Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo


Pamplona Filho:

Em outras palavras, a voluntariedade, que é pedra de toque da noção de conduta


humana ou acção voluntária, primeiro elemento da responsabilidade civil, não
traduz necessariamente a intenção de causar o dano, mas sim, e tão-somente, a

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consciência daquilo que se está fazendo. E tal ocorre não apenas quando estamos
diante de uma situação de responsabilidade subjectiva (calcada na noção de
culpa), mas também de responsabilidade objectiva (causada na ideia de risco),
porque em ambas as hipóteses o agente causador do dano deve agir
voluntariamente, ou seja, de acordo com a sua livre capacidade de
autodeterminação.

Em relação ao fato lesivo ser comissivo ou omissivo, na primeira situação tem-se a


realização de uma acção que o autor deveria abster-se de praticá-la, já a segunda
hipótese diz respeito ao não cumprimento de uma obrigação que deveria fazê-la, que
ocorre mais comummente pelas modalidades de inexecução contratual.

Por último, a actuação do agente pode ocorrer de forma ilícita ou lícita. A


responsabilização se dá na primeira delas quando o agente age com culpa ao
desrespeitar um dever, de outra forma, quando de sua actuação nem mesmo a culpa
existir, derivando assim o evento danoso de um ato regular do direito, a
responsabilização se faz pela teoria do risco, que surgiu da necessidade de conseguir
responsabilizar algumas situações em que não era possível apontar a violação de um
dever ou provar uma conduta culposa, gerando a obrigação ressarcitória pela simples
autoria de actividade que pressuponha um risco especial de ocasionar um ato danoso,
conforme as hipóteses explicitamente previstas.
2.3.2.2. Do dano

O dano representa o prejuízo causado em face de um ato, que é elemento indispensável


para a responsabilização. Dele se desdobra uma relação tripolarizada com
indemnização, qual seja de: causalidade (o dano é condição para que exista uma
indemnização), quantificação (a extensão do prejuízo é o que vai mensurar o
ressarcimento) e eficácia (a reparação tem o poder de alcançar a integralidade do
património do responsável, privando-lhe deste no montante indemnizatório).

Em relação a sua classificação, esta dividido em dois tipos principais: dano patrimonial
e dano extrapatrimonial.

O dano patrimonial, também muito conhecido como dano material, refere-se a todo o
prejuízo concreto que alcançar o conjunto de bens e relações jurídicas que possuem
apreciação económica de uma pessoa e que estejam sujeitos de ressarcimento. Tal
espécie se subdivide em dano emergente e lucro cessante. O primeiro deles acontece

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quando há uma perda directa no património da vítima após o fato lesivo, ao passo que o
outro diz respeito ao que deixará de ser auferido no futuro em decorrência do acto
danoso, uma que este fulmina a expectativa de um proveito económico vindouro que,
pelo desenrolar normal das actividades da vítima, era previsível.

Já o dano moral (a melhor representação de dano extrapatrimonial), por outro lado, não
recebe uma definição precisa pela doutrina, sendo aceito, por alguns, como o dano que
não tem carácter patrimonial, ou seja, sem uma diminuição pecuniária à vítima. Estando
ligado à ideia clássica de dor, vexame e humilhação sofrida pela vítima do fato danoso.
Geralmente ocorre quando há lesão aos direitos de personalidade, tais como: imagem,
privacidade, nome, honra, dignidade, entre outros.

Existe ainda o dano estético, que para alguns doutrinadores é um terceiro tipo de dano,
de forma que não possui entendimento pacífico, corresponde às alterações morfológicas
em alguém, como aleijão, deformidades, cicatrizes e defeitos que provoque o afeamento
da pessoa lhe causando repugnância, desgosto ou complexo de inferioridade.

2.3.2.3. Do nexo de causalidade

O nexo de causalidade ou nexo causal, por sua vez, é tido como um liame ou uma
ligação directa e necessária entre o dano causado e a acção ou omissão do agente que
lhe deu causa. Maria Helena Diniz diz que:

Todavia, não será necessário que o dano resulte apenas imediatamente do fato
que o produziu. Bastará que se verifique que o dano não ocorreria se o fato não
tivesse acontecido. Este poderá não ser a causa imediata, mas, se for condição
para a produção do dano, o agente responderá pela consequência.

Assim, pode-se observar que é imprescindível a presença do nexo entre a conduta e o


dano para que haja a responsabilização por um evento dano. A falta deste liame, pode
ensejar em uma excludente de responsabilidade civil.

2.3.3. Espécies de responsabilidade civil

Conforme ao fato gerador, ao seu fundamento e o agente da conduta, pode-se dividir a


responsabilidade civil em espécies, de acordo com a perspectiva a ser observada. A
autora Maria Helena Diniz p.126-129, preceitua que essa divisão é feita em seis tipos,
que são:

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 Contratual,
 Extracontratual,
 Subjectiva,
 Objectiva,
 Directa e
 Indirecta.

2.4. O Seguro e seus princípios

Seguro é um sistema pelo qual um risco, de pessoa física ou pessoa jurídica, é


transferido à Seguradora, que indemnizará o segurado e ou o beneficiário em caso de
sinistro, mediante o pagamento de uma contraprestação, desde que seja um evento
coberto pelo contrato, denominada de apólice de seguro.

A finalidade primordial desse sistema é restabelecer o equilíbrio econômico perturbado,


ou seja, mediante o pagamento da indenização, procura devolver ao segurado a situação
econômica que se encontrava, antes do sinistro.

O seguro, portanto, é a celebração de um contrato de natureza jurídica e bilateral, onde


uma das partes (segurador) se obriga com a outra (segurado), mediante o recebimento
de um valor pré-determinado (prêmio), a indenizá-la de um dano e/ou prejuízo
(sinistro), resultante de um evento futuro, possível e incerto (risco), desde que esteja
coberto no contrato (apólice).

Bens, coisas, pessoas, responsabilidades e obrigações são chamados de bens seguráveis


ou objeto do seguro, enquanto que os eventos são os diferentes tipos de incidentes ou
sinistros, garantidos pelas coberturas disponíveis em cada uma das modalidades ou
ramos de seguros. Cabe ao segurado, com o auxílio do corretor de seguros, determinar
as coberturas que deseja contratar e se proteger dos prejuízos que, no futuro, possam
ocorrer.

Qualquer que seja a finalidade do seguro, se observa algumas características básicas: a


previdência - proteção contra danos e perdas que possam atingir, no futuro, as próprias
pessoas, suas propriedades e bens; – a incerteza - dúvida quanto à ocorrência e/ou
época do evento que provoca danos e perdas; - o mutualismo - reunião de um grupo de
pessoas, com interesses seguráveis comuns, que concorrem para formação de uma

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massa econômica, com a finalidade de suprir, em determinado momento, necessidades
eventuais de algumas daquelas pessoas; – o comutatismo - onde uma das partes se
compromete a indemnizar à outra, mediante recebimento de uma contra-partida,
denominado prémio de seguro.

2.4.1. Chapas

Tal como em muitas metrópoles africanas, o problema da mobilidade dos cidadãos mais
carenciados foi resolvido através da utilização em massa de mini-bus operados por um
sector privado informal. Em Moçambique, esta solução foi designada de “chapas”, os
quais têm sido o actor principal da mobilidade de passageiros, quer na Cidade da Beira,
quer a nível nacional, para os trajectos urbanos, provinciais e inter-provinciais. O único
segmento que não dominam, nem exploram, é o transporte internacional. Contudo, nos
restantes são “líderes de mercado” incontestados, suplantando o transporte particular, o
sector público e o sector privado convencional.

2.4.2. Origem dos Chapas

Segundo (Davide 2006, pag12) A origem dos “chapas” está directamente ligada ao
declínio da empresa pública de transportes do Município da beira. No anos oitenta, a
deterioração da frota automóvel dos TPB e a redução do suporte financeiro do Estado à
empresa criaram um vazio de oferta. Simultaneamente assistia-se a um aumento da
procura, resultado do crescimento populacional na região.

Ainda segundo mesmo autor este vazio de oferta foi sendo colmatado, de forma
informal, por pequenos empreendedores proprietários de mini-bus. Estes empresários
informais contrataram condutores para os seus veículos e colocaram-nos em circulação
para o transporte colectivo de passageiros. Este serviço sempre foi caracterizado pelo
baixo nível de serviço a troco de um preço também reduzido, e por uma velocidade
comercial elevada. Estes veículos originalmente apelidados de “chapas 100”, visto a
tarifa praticada ser 100 meticais para todas as deslocações, mas com a inflação do preço,
passaram a ser unicamente designados por “chapas”.

No início, esta forma de transporte era totalmente desregulada, não havendo licenças,
rotas, horários, etc. Por parte do governo havia unicamente um reconhecimento tácito da
importância dos “chapas”, porém nenhuma medida de legalização foi inicialmente

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tomada. O Estado viu-se no entanto obrigado a intervir, em resposta à pressão popular
que começou a ser exercida e que exigia um serviço com melhores condições. Foi então
iniciado um processo de regulação que envolveu a emissão de licenças para actuar em
rotas específicas, a proibição dos veículos de caixa aberta e a imposição de outras
normas de segurança relativas à lotação, conforto e estado de manutenção dos veículos.
Foi também incentivada a criação de uma associação de transportes de passageiros, que
funcionaria como mediador representativo dos diversos operadores (Matos et al., 1999).

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CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Neste capítulo, apresenta-se o percurso metodológico usado para a efectivação do


trabalho, no qual constam a abordagem da pesquisa, natureza da pesquisa, população e a
amostra da pesquisa, instrumentos e técnicas de recolha de dados, caracterização da
amostragem, estratégias para a colecta de dados, tratamento e análise de dados.

3.1. Abordagem da pesquisa

Quanto a abordagem da pesquisa, optar-se-á pela abordagem quantitativa. De acordo


com Gil (1999), a pesquisa quantitativa significa segundo Richardson (1999),
transformar opiniões e informações em números para possibilitar a classificação e
análise. Exige o uso de recursos e de técnicas estatísticas.

Portanto, para o presente estudo, a abordagens quantitativa será utilizada, porque


permitirá recolher, em larga escala, as respostas dos inquiridos e traduzi-los em dados
estatísticos, com vista a verificar o grau ou nível percentual destes respondentes em
relação ao mesmo objecto estudado.

3.2. Natureza do estudo

Quanto à sua natureza, optar-se-á pela pesquisa de tipo exploratória-descritiva.


Descritiva porque preocupa-se em analisar e registar características de uma determinada
população ou fenómeno” (Gil, 1999). Exploratório porque visa proporcionar e
desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um determinado
ambiente ou problema, facto ou fenómeno, para a realização de uma pesquisa futura
mais precisa ou modificar e clarificar conceitos (Lakatos e Marconi, 2003).

Assim, o estudo poderá fazer uma exploração das informações ou dados e procurar
descrevê-las com recursos à revisões bibliográficas.

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3.3. População e amostra do estudo

3.3.1. Amostragem

3.3.1.1. Tipo de amostragem

No que concerne a amostragem, ao presente estudo serve-se da amostragem não


probabilística por conveniência ou intencional. Este método consiste em escolher
intencionalmente um grupo de elementos que irão compor a amostra, ou seja, os
elementos são escolhidos por facilidade operacional na execução da pesquisa ou por se
encontrarem no lugar exacto em que a pesquisa está sendo efectuada (Lakatos e
Marconi, 2003).

Partilha Gil (1999) diz que neste tipo de amostragem, os indivíduos são seleccionados
mediante a sua particularidade por reunirem as características essenciais e únicas que
pertencem.

3.3.2. População e Amostra

Devido ao tamanho ou volume das informações que se pretende colher, por vezes é
inviável ou até mesmo impossível estudar todo o universo ou população, daí a
necessidade de se estudar apenas uma parte deste.

De acordo com Lakatos e Marconi (2006:41), o Universo ou População é “o conjunto


de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em
comum” e, ainda segundo a mesma obra, a Amostra é “uma porção ou parcela,
convenientemente seleccionada do Universo”.

Neste trabalho, a população é conjunto de todos transportadores de semi-colectivo que


desenvolvem as suas actividades nas rotas Baixa-Munhava, Baixa-Estoril e Baixa-
Macuti, que na sua totalidade perfazem 500 transportadores.

Deste grupo, para a colecta de dados, trabalharemos com 50 transportadores.

3.4. Instrumentos e técnicas de recolha de dados

Na concepção de Quivy e Campenhougt (1992), numa pesquisa os instrumentos são as


ferramentas disponibilizados que permitem a recolha dos dados pretendidos e as

19
técnicas constituem as várias estratégias adoptadas para prossecução dos dados e dos
objectivos estabelecidos.

Assim, para a recolha de informações, utilizaremos, como instrumento, o inquérito por


questionário.

Segundo Cervo & Bervian (2002), O questionário é constituído de perguntas abertas,


fechadas ou dicotómicas e de escolha múltipla. A opção pelo questionário justifica-se
pelo facto de o mesmo conter um conjunto diversificado de perguntas (fechadas ou
dicotómicas e de escolha múltipla) e abranger um elevado número ou efectivo de
inquiridos o que permite obter uma vasta e diferenciadas formas de respostas em relação
ao mesmo propósito (Lakatoset al, 2003) pelo que, por vantagens, esta técnica de
recolha de informação será administrada aos colaboradores do Impar.

3.5. Tratamento e análise de dados

O tratamento e análise de dados serão feitos mediante ao uso de pacotes informático,


designadamente, o Excel. Este método permitira a tabulação e quantificação dos dados
para a posterior interpretação baseando-se numa abordagem qualitativa.

20
CAPITULO VI: CRONOGRAMA E ORÇAMENTO.

Cronograma de actividade.
Actividades/ Meses J F M A M J J A
a e a b a u u g
n v r r i n l o
1 Elaboração do tema X

2 Definição dos objectivos X


5 Elaboração do projecto de X X
pesquisa
6 Entrega do Projecto X
7 Pesquisa do campo X
8 Análise e Interpretação dos dados X
obtidos
9 Redacção preliminar X
1 Revisão e correcção da X
0 Monografia.
1 X
Redacção final
1
1 X
Entrega da monografia
2
1 X
Defesa
3

21
Orçamento
Descrição Quantidade Preço unitário Preço total
Modemwifi 1 1350,00mts 1350,00mts
Pacote inicial 1 1500,0mts 1500,00mts
Diamante
Esferográfica 5 10,00mts 50,00mts
Computadir, 1 Cada 100000,00mt 100000,00mts
Maquina
fotográfica,
Folhas A4
Locomoção --------- 400,00mt 400,00mts
Impressão final 2 Exemplares 600,00mt 1200,00mt
do projecto
Total 12 103320,00mt 103420,00mt

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Referência Bibliográfica

 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo:


Malheiros, 2007.
 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil.
São Paulo: Saraiva, 2008. v. 7
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: responsabilidade civil.
São Paulo: Saraiva, 2008. v. 4.
 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 3° Volume. Teoria das
Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 29° ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 7° Volume.
Responsabilidade Civil. 18° ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Volume 3: contratos e
atos unilaterais. 14° ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
 MONTEIRO, Washinton de Barros. Curso de Direito Civil das Obrigações.
2.ªparte. 34 ed. Atual. Por Carlos Alberto Dabus Maluf e Regina Beatriz Tavares
da Silva São Paulo: Saraiva, 2003, v. 5.
 STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6° ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2004.
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil – contratos em espécie. Vol. I II. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2004, p. 492.
 BITTAR, Carlos Alberto. Responsabilidade c ivil nas atividades nucleares. Tese
apresentada ao curso de livre docência para o Departamento de Direito Civil da
Faculdade de Direito da USP, 1982.
 DOWER, Nelson Godoy Bassil. Curso moderno de direito civil: contratos e
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 Gil, Antônio Carlos (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. 4a ed. São
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 Gil, Antônio Carlos (2008). Guiao de Projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo:
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Metodologia da Pesquisa em Ciências Humanas. Porto Alegre: Artmed.

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 MARCONI, Andrade e LAKATOS, Eva Maria, Fundamentos de Metodologia


Científica, atlas editora, 6º ed., São Paulo 2001.
 MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2009.

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