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Sentidos
www.sentidos12.asa.pt
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
Apresentação Gramática
do projeto • Fichas de trabalho
• Cenários de resposta
Planificações Escrita
• Planificação anual (trimestral e semestral) • Fichas de trabalho
• Planificações semanais das atividades • Cenários de resposta
Ensino digital
Guia de recursos multimédia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
– Tutoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Planificações
Planificação anual (por trimestres) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Planificação anual (por semestres) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Planificação semanal das atividades . . . . . . . . . . . . . . . . .
Oralidade
Compreensão do Oral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Expressão Oral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Educação Literária
Análise passo a passo NOVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Análise textual NOVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Esquemas interpretativos NOVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Questões de aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
Gramática
Fichas de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201
Leitura e Gramática
Fichas de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
Escrita
Fichas de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
Testes de avaliação
Teste de diagnóstico 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Teste de diagnóstico 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
O projeto Sentidos 12 é um projeto completo, que disponibiliza um conjunto muito vasto e diversificado
de componentes, para apoiar professores e alunos, ao longo do processo de ensino e aprendizagem.
Dá respostas concretas às necessidades do ensino, tendo como referência os documentos orientadores,
nomeadamente as Aprendizagens Essenciais.
Manual
O Manual dedica as primeiras páginas a sugestões para o Projeto de Leitura e apresenta um conjunto
de atividades de Diagnose, que contemplam todos os domínios.
De seguida, surge a rubrica Literatura Portuguesa no século XX, acompanhada de um friso cronoló-
gico com datas associadas a acontecimentos relevantes, ocorridos nos períodos temporais delimitados –
nascimento de Fernando Pessoa (1888), atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago (1998)
e morte deste escritor (2010) –, autores que iniciam e encerram as Aprendizagens Essenciais.
Acompanha este friso uma seleção de textos de referência, com informação pertinente sobre aconteci-
mentos históricos, culturais e literários. Esta secção do manual encerra com um texto do Professor José
Augusto Cardoso Bernardes, que, numa linguagem acessível aos alunos, faz a apresentação macro da
Literatura Portuguesa no século XX e contextualiza os autores/obras que serão objeto de estudo ao longo
do ano letivo.
A estrutura do Manual tem por base a definição dos autores/obras propostos pelas Aprendizagens
Essenciais para o domínio da Educação Literária.
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APRESENTAÇÃO DO PROJETO
• Unidade 4 – Contos
O projeto Sentidos 12 apresenta, na íntegra, dois contos, em que se exploram, didaticamente,
todos os tópicos de conteúdo:
– “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca;
– “George”, de Maria Judite de Carvalho.
– O conto “Famílias desavindas” está também trabalhado na íntegra na .
Todas as unidades iniciam com o domínio da Oralidade (Compreensão e/ou Expressão oral), com o obje-
tivo de conduzir o aluno, de forma apelativa e diferenciadora, para a temática da unidade, fazendo pontes
com a atualidade. Nesta medida, tomando como ponto de partida a temática das obras literárias em
estudo, são convocados aspetos relacionados com a realidade do século XXI.
De seguida, é apresentada uma Contextualização e, por vezes, Informação sobre os autores, as obras e
as respetivas épocas, para garantir uma boa compreensão e análise dos textos do domínio da Educação
Literária, que são sempre acompanhados por uma questionação diversificada e com níveis distintos de
dificuldade, para que todos os alunos se sintam integrados no processo de ensino-aprendizagem.
A encabeçar a análise dos textos literários surge a rubrica Antecipar sentidos, cujo objetivo é destacar
algumas das linhas temáticas que serão abordadas no texto literário.
Apresenta-se também, várias vezes, a rubrica Faz sentido saber, da qual constam algumas curiosidades
que, de alguma forma, se interligam com o texto literário ou com o seu autor.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
A propósito dos textos, surge ainda a rubrica Faz sentido relacionar, com o intuito de se estabelece-
rem relações de intertextualidade entre autores, obras e temáticas, ou entre o passado e o presente.
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APRESENTAÇÃO DO PROJETO
No caso das obras saramaguianas, de leitura integral, apresenta-se também a rubrica Construir senti-
dos, cujo objetivo é recuperar excertos ou capítulos que não constam do Manual e que são, assim, convo-
cados de forma a serem objeto de leitura e análise por parte dos alunos.
De destacar, ainda, a apresentação sistemática e recorrente de notas que ajudam à interpretação do texto
e a remissão constante para outros materiais que integram o projeto e que foram concebidos ao serviço
deste domínio como, por exemplo, Como ler/analisar, Recordar e relacionar com Sentido(s) e Rela-
cionar/Recordar, para o estabelecimento de relações de intertextualidade (no Bloco Informativo) ou
os esquemas interpretativos de poemas alvo de análise (no Dossiê do Professor).
A Gramática é abordada nos questionários que acompanham os vários textos (Educação Literária e
Leitura), sendo convocados conteúdos de 12.o ano e/ou de anos anteriores.
No caso do único conteúdo gramatical novo no 12.o ano – Valor aspetual –, este surge numa dupla
página, onde se apresenta, por um lado, a sua sistematização teórica e, por outro, exercícios de apli-
cação prática.
Além disso, sempre que, ao longo do Manual, são propostos exercícios gramaticais, é feita uma remissão
para o Bloco Informativo, onde estes conteúdos se encontram sistematizados e onde se disponibiliza
mais um conjunto de exercícios de aplicação para cada um deles.
Além disso, ao longo do Manual, surgem, em todas as unidades, propostas de escrita curta (à seme-
lhança da parte C do grupo I do Exame Nacional) e de escrita extensa (à semelhança do grupo III do
Exame Nacional).
No domínio da Leitura, são convocados todos os géneros textuais previstos para os três anos do ciclo
de estudos, acompanhados de questionários conducentes à sua exploração e interpretação.
O Manual encerra com o Bloco Informativo, que cumpre o propósito de consolidação de conteúdos,
organizados de forma a incluir o essencial de todo este ciclo de estudos, bem como reforço da compo-
nente prática.
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Assim, e de modo a suprir todas as necessidades, esta secção apresenta:
1. Recordar e relacionar com Sentido(s), onde se podem encontrar, em primeiro lugar, esquemas-
-síntese, por José Augusto Cardoso Bernardes, que abordam a relação entre as várias obras e autores
estudados ao longo dos três anos do ensino secundário.
• De seguida, a rubrica Relacionar/Recordar, por Carla Marques, centrada, também ela, no domínio
da Educação Literária e que permite estabelecer relações temáticas entre as obras estudadas nos
10.o, 11.o e 12.o anos. Apresenta, como ponto de partida, os seguintes temas: “A variedade do sentimento
amoroso”; “Representações do quotidiano”; “Matéria épica”; “Crítica”. Além da exploração das várias
relações temáticas, são igualmente propostas atividades práticas, com base nos seguintes temas:
– “O tema do amor” (Camões lírico vs. O ano da morte de Ricardo Reis);
– “Representações da mulher na literatura”;
– “A crítica na literatura”;
– “A reflexão existencial”.
Na versão digital do Manual, disponível em , são ainda apresentados excertos textuais das
diferentes obras do Ensino Secundário que evidenciam as relações temáticas/textuais explicitadas.
2. Como ler/analisar, onde figura a análise passo a passo de um texto poético e de um texto narrativo,
com o propósito de servir como modelo para os alunos, na interpretação e escrita dos questionários
subjacentes a estes géneros literários.
3. Como escrever, que agrega sistematizações simples e claras conducentes à redação de textos dos
géneros síntese, texto expositivo, texto de apreciação crítica e texto de opinião, a que se seguem exer-
cícios de aplicação para reforçar a competência dos alunos nesta área.
4. Gramática, onde se apresenta a sistematização de todos os conteúdos gramaticais de 3.o Ciclo e En-
sino Secundário, seguida de uma bateria de exercícios de aplicação, como forma de auxiliar o aluno na
consolidação destes conteúdos.
5. Outros materiais, onde se incluem, por exemplo, a definição e exemplificação dos diversos recursos
expressivos, se apresenta uma listagem de verbos instrucionais, explicitando-se as operações que
estes implicam, ou se elencam as noções de versificação e as marcas inerentes a cada um dos géne-
ros textuais dos vários domínios relativos ao Ensino Secundário e trabalhados ao longo das diferentes
unidades. Também se apresenta uma proposta de ficha de leitura/apreciação crítica da obra que pode
ser utilizada a propósito do Projeto de Leitura.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
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Para além do Manual, o projeto Sentidos 12 é composto, ainda, pelos seguintes componentes:
Caderno de atividades
Este livro permite ao aluno desenvolver um trabalho autónomo de consolidação.
Está organizado por unidades, apresentando fichas de trabalho para Verificação das aprendizagens
e múltiplas propostas de atividades relativas aos domínios da Educação Literária, Gramática, Leitura
e Gramática e Escrita.
Todas as ficham incluem soluções, na banda exclusiva do Professor e, no final, para o aluno.
Dossiê do Professor
Componente de apoio ao Professor nos vários momentos da sua prática letiva e que permite uma utiliza-
ção ajustada à realidade dos alunos/turmas. Contém:
• Planificações
– Planificação anual por trimestres
– Planificação anual por semestres
– Planificação semanal das atividades
• Oralidade
– Fichas de trabalho de Compreensão do Oral
– Fichas de trabalho de Expressão Oral
– Cenários de resposta
• Educação Literária
– Análise passo a passo (organizadas por unidade)
– Análise textual (organizadas por unidade)
– Esquemas interpretativos de vários poemas
– Questões de aula (organizadas por unidade)
– Cenários de resposta
• Gramática
– Fichas de trabalho organizadas por conteúdo gramatical
– Fichas globalizantes de forma a permitirem a sua utilização como questões de aula
– Cenários de resposta
• Leitura e Gramática
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
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• Escrita
– Fichas de trabalho que avaliam a escrita dos alunos sobre temas e géneros distintos (síntese,
texto expositivo, texto de apreciação crítica e texto opinião)
– Cenários de resposta
• Testes de avaliação
– 2 testes de diagnóstico
– 1 teste de avaliação por unidade
– Matrizes de conteúdos/cotação
– Cenários de resposta
Preparar o Exame
Componente que visa apoiar professores e alunos na sistematização, consolidação e estudo de todos
os autores e obras abordados ao longo dos três anos do Ensino Secundário. Assim, para cada um dos au-
tores e obras do 10.o ao 12.o ano é apresentada uma ficha que incide nos domínios da Educação Literária,
da Gramática e da Escrita.
A Aula Digital é uma ferramenta que possibilita, em sala de aula, a fácil exploração do projeto Sentidos 12
através das novas tecnologias.
Smart é uma aplicação que dá acesso a conteúdos multimédia e quizzes, que permitem rever e consolidar
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
o essencial.
Os quizzes têm explicações passo a passo, para esclarecimento de dúvidas, e avaliação do progresso na
aprendizagem.
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NOVO
Sentidos
Ensino digit@l
PORTUGUÊS 12.º ANO
Ensino digit@l
• Guia de recursos multimédia
• – Tutoriais
ENSINO
DIGITAL
Guia de recursos multimédia . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
– Tutoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
• Animação: O Modernismo
Animação conceitual que explora o período literário em causa, definindo-o e exemplificando as suas
principais características e temas.
13
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
14
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
• Gramática: Sujeito
Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por sujeito.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
• Gramática: Vocativo
Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por vocativo.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
15
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
16
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
17
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
• Quizzes gramaticais
Quizzes compostos por 4 questões e respetiva explicação, com os conteúdos das gramáticas men-
cionadas na respetiva unidade.
18
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
sentar para ser bem estruturado. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar
os conteúdos.
19
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
20
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
UNIDADE 4 — CONTOS
• Animação: O conto
Animação expositiva que explica as características do conto no que concerte às categorias da nar-
rativa.
21
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
UNIDADE 4 — CONTOS
22
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
23
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
24
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
• Gramática: Sujeito
Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por sujeito.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento oblíquo. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
25
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
26
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
27
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
• Animação: Síntese
Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever uma síntese, explicando as carac-
terísticas deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo de texto.
• Gramática: Sujeito
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Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por sujeito.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA
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Tutoriais
+
Tutoriais • Professor +
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Tutoriais • Professor
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Tutoriais • Professor
35
Tutoriais • Professor
• •
• • • •
• • •
• •
• •
• • •
+
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+
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NOVO
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
Planificações
Planificações
• Planificação anual
(trimestral e semestral)
• Planificações semanais
das atividades
PLANIFICAÇÕES
Planificação anual
(por trimestres) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Planificação anual
(por semestres) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Planificações semanais
das atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
o
1. Conhecimento LEITURA LEITURA LEITURA Conhecedor/ Igualdade de Diagnose
PERÍODO (compreensão, Apreciação crítica; • Ler em suportes variados Manipulação de unidades de sentido através de Sabedor/Culto/ Género
(+/– 52 integração, artigo de opinião. textos de diferentes atividades que impliquem: Informado Atividades de
tempos mobilização graus de complexidade – sublinhar, parafrasear e resumir segmentos de (A, B, G, I e J) revisão
de 50 e aplicação) ED. LITERÁRIA argumentativa dos texto relevantes para a construção do sentido;
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR TRIMESTRES)
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Período/ Organizador/ específicos/ de recolha de
conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios e atitudes
(recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)
o
2. LEITURA ED. LITERÁRIA ED. LITERÁRIA Conhecedor/ Sexualidade Teste de
PERÍODO Artigo de opinião; • Interpretar obras literárias Consolidação de conhecimento e saberes Sabedor/Culto/ (diversidade, avaliação
(+/– 48 apreciação crítica. portuguesas de diferentes relacionados com a leitura de textos de Informado direitos,
tempos autores e géneros, produzidas diferentes géneros e modos literários. (A, B, G, I, J) saúde sexual Microavaliações
de 50 ED. LITERÁRIA no século XX. e reprodutiva)
minutos) Álvaro de Campos • Contextualizar textos literários Aquisição de saberes relacionados com Teste de
(três poemas). portugueses do século XX em as obras literárias em estudo. compreensão
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR TRIMESTRES)
39
40
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação de recolha de
Período/ Organizador/ específicos/ Estratégias/atividades
conhecimentos, capacidades e atitudes (recorrentes ao longo do ano)
Competência do para a informação/
N.o de aulas Domínios Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)
Domínios Processos
Período/ específicos/ Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Organizador/ de recolha de
N.o de Conteúdos conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
(recorrentes ao longo do ano) informação/
Domínios e atitudes
aulas e géneros (recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
essenciais (por período)
Apreciação ao grupo nominal, ao grupo adjetival de palavras distinguindo o regular do irregular; (A, B, E, F, H) de auto
crítica; e ao grupo adverbial. – analisar gramaticalmente orações e frases para e hetero-
artigo de • Sistematizar conhecimento gramatical sistematizar o conhecimento articulado sobre Participativo/ avaliação
opinião. relacionado com a articulação entre constituintes da frase e respetivas funções sintáticas; Colaborador
constituintes, orações e frases. – explicitar funções sintáticas internas à frase, na frase (B, C, D, E, F)
Exposição • Distinguir frases com diferentes simples e na frase complexa; classificar orações;
sobre um valores aspetuais (valor perfetivo, valor – explicitar valores aspetuais expressos pelo sistema Questionador
tema. imperfetivo, situação genérica, situação verbal nos textos orais e escritos; (A, F, G, I, J)
habitual e situação iterativa). – exercitar e analisar, no modo oral e escrito, processos
• Demonstrar, em textos, os mecanismos discursivos e textuais que tornem possível explicitar
anafóricos que garantem as cadeias meios para dar coesão e coerência a um texto; Conhecedor/
referenciais. – explicitar modos de reprodução do discurso; Sabedor/Culto/
• Avaliar um texto com base nas – distinguir entre situações estativas e eventos; Informado
propriedades que o configuram – explicitar diferentes formas de expressão do aspeto; (A, B, G, I, J)
(processos de coerência e coesão). – reconhecer e exercitar a leitura e a escrita do
• Utilizar intencionalmente modalidades discurso direto, indireto e indireto livre. Sistematizador/
de reprodução do discurso. Organizador
(A, B, C, I, J)
ESCRITA ESCRITA
• Escrever textos de opinião, apreciações Aquisição de conhecimento relacionado com as
críticas e exposições sobre um tema. propriedades de um texto (progressão temática,
• Planificar os textos a escrever, após coerência e coesão) e com os diferentes modos
pesquisa e seleção de informação de organizar um texto, tendo em conta a finalidade,
relevante. o destinatário e a situação de produção.
• Redigir com desenvoltura, consistência, Manipulação de textos fazendo variações quanto
adequação e correção os textos à extensão de frases ou segmentos textuais ou da
planificados. modificação do ponto de vista, por exemplo.
• Utilizar os mecanismos de revisão, de
Planificação, textualização, revisão, aperfeiçoamento
avaliação e de correção para aperfeiçoar
e correção, edição e apresentação do texto final para
o texto escrito antes da apresentação
divulgação.
da versão final.
Apreciação de textos produzidos pelo próprio aluno
• Respeitar princípios do trabalho intelectual
ou por colegas, justificando o juízo de valor sustentado.
como referenciação bibliográfica de acordo
41
com normas específicas. Expressão escrita sobre temas interdisciplinares.
1 – ÁREAS DE COMPETÊNCIAS DO PERFIL DOS ALUNOS (ACPA) – A – Linguagens e textos; B – Informação e comunicação; C – Raciocínio e resolução de problemas; D – Pensamento
42
crítico e pensamento criativo; E – Relacionamento interpessoal; F – Desenvolvimento pessoal e autonomia; G – Bem-estar, saúde e ambiente; H – Sensibilidade estética e artística;
I – Saber científico, técnico e tecnológico; J – Consciência e domínio do corpo.
2 – 1.o Grupo: Direitos Humanos; Igualdade de Género; Interculturalidade; Desenvolvimento Sustentável; Educação Ambiental e Saúde. 2.o Grupo: Sexualidade; Media; Instituições e
participação democrática; Literacia financeira e educação para o consumo; Segurança rodoviária. 3.o Grupo: Empreendedorismo; Mundo do trabalho; Risco, Segurança, Defesa e Paz;
Bem-estar animal; Voluntariado; Outras, de acordo com as necessidades diagnosticadas pela escola.
Nota: A organização dos temas/subdomínios poderá sofrer alterações em função do projeto que for delineado para cada turma, assim como os respetivos processos de recolha
de informação.
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR TRIMESTRES)
43
44
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Semestre/ Organizador/ específicos/ de recolha de
conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios e atitudes
(recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação de recolha de
Semestre/ Organizador/ específicos/ Estratégias/atividades
conhecimentos, capacidades e atitudes (recorrentes ao longo do ano)
Competência do para a informação/
N.o de aulas Domínios Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)
o
2 SEM. LEITURA ORALIDADE ORALIDADE Crítico/Analítico Media Microavaliações
(+/– 64 Artigo de opinião; Compreensão Compreensão de textos em diferentes (A, B, C, D, G)
tempos apreciação crítica. • Interpretar o(s) discursos(s) do género suportes audiovisuais para: Teste de
de 50 debate. – observar regularidades associadas compreensão
minutos) ED. LITERÁRIA • Apreciar a validade dos argumentos a géneros textuais; Cuidador de si do oral ou
Conto: “Sempre é aduzidos pelos participantes de um – identificar informação explícita e do outro (B, E, exposição oral
uma companhia”, debate. e dedução de informação implícita F, G) formal
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR SEMESTRES)
45
46
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Semestre/ Organizador/ específicos/ de recolha de
conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios e atitudes
(recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)
ao grupo nominal, internas à frase, ao grupo verbal, – consolidação do conhecimento de processos de Respeitador da
ao grupo adjetival ao grupo nominal, ao grupo formação de palavras distinguindo o regular do diferença/do
e ao grupo adjetival e ao grupo adverbial. irregular; outro
adverbial. • Sistematizar conhecimento – análise gramatical de orações e frases que (A, B, E, F, H)
gramatical relacionado com a torne possível sistematizar o conhecimento Intercultu-
ESCRITA articulação entre constituintes, articulado sobre constituintes da frase e ralidade
Texto de opinião; orações e frases. respetivas funções sintáticas; Participativo/ (diversidade
exposição sobre • Distinguir frases com diferentes – explicitar funções sintáticas internas à frase, na Colaborador cultural
um tema; valores aspetuais (valor perfetivo, frase simples e na frase complexa; o classificar (B, C, D, E, F) e religiosa)
apreciação crítica. valor imperfetivo, situação orações;
genérica, situação habitual – explicitação de valores aspetuais expressos Questionador
e situação iterativa). pelo sistema verbal nos textos orais e escritos; (A, F, G, I, J)
• Demonstrar, em textos, os – exercitação e análise, no modo oral e escrito,
mecanismos anafóricos que de processos discursivos e textuais que tornem Conhecedor/
garantem as cadeias referenciais. possível explicitar meios para dar coesão e Sabedor/Culto/
• Avaliar um texto com base nas coerência a um texto; Informado
propriedades que o configuram – explicitação de modos de reprodução do (A, B, G, I, J)
(processos de coerência e discurso;
coesão). – distinção entre situações estativas e eventos; Sistematizador/
• Utilizar intencionalmente – explicitação de diferentes formas de expressão Organizador
modalidades de reprodução do do aspeto; (A, B, C, I, J)
discurso. – reconhecimento e exercitação na leitura e na
escrita do discurso direto, indireto e indireto
livre.
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Semestre/ Organizador/ específicos/ de recolha de
conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios e atitudes
(recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)
o
2. SEM. ESCRITA ESCRITA
(cont.) • Escrever textos de opinião, Aquisição de conhecimento relacionado com
apreciações críticas e exposições as propriedades de um texto (progressão
sobre um tema. temática, coerência e coesão) e com os
• Planificar os textos a escrever, diferentes modos de organizar um texto,
após pesquisa e seleção de tendo em conta a finalidade, o destinatário
informação relevante. e a situação de produção.
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR SEMESTRES)
1 – ÁREAS DE COMPETÊNCIAS DO PERFIL DOS ALUNOS (ACPA) – A – Linguagens e textos; B – Informação e comunicação; C – Raciocínio e resolução de problemas; D – Pensamento
crítico e pensamento criativo; E – Relacionamento interpessoal; F – Desenvolvimento pessoal e autonomia; G – Bem-estar, saúde e ambiente; H – Sensibilidade estética e artística;
I – Saber científico, técnico e tecnológico; J – Consciência e domínio do corpo.
2 – 1.o Grupo: Direitos Humanos; Igualdade de Género; Interculturalidade; Desenvolvimento Sustentável; Educação Ambiental e Saúde. 2.o Grupo: Sexualidade; Media; Instituições e
participação democrática; Literacia financeira e educação para o consumo; Segurança rodoviária. 3.o Grupo: Empreendedorismo; Mundo do trabalho; Risco, Segurança, Defesa e Paz;
Bem-estar animal; Voluntariado; Outras, de acordo com as necessidades diagnosticadas pela escola.
Nota: A organização dos temas/subdomínios poderá sofrer alterações em função do projeto que for delineado para cada turma, assim como os respetivos processos de recolha
de informação.
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NOVO
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
Oralidade
Oralidade
• Compreensão do Oral
• Expressão Oral
• Cenários de resposta
ORALIDADE
Compreensão do Oral
Expressão Oral
Compreensão do Oral
• 1 – Discurso político . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
• 2 – Exposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
• 3 – Reportagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
• 4 – Documentário . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Expressão Oral
• 5 – Cartoon | Exposição sobre um tema . . . . . . . 55
Descritores de desempenho . . . . . . . . . 56
• 6 – Debate | Texto de opinião . . . . . . . . . . . . 57
Descritores de desempenho . . . . . . . . . 58
• Grelha de avaliação da oralidade . . . . . . . . . . 59
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
DISCURSO POLÍTICO ORALIDADE
(Compreensão)
ESCOLA: DATA: / /
1
NOME: N.O: TURMA
Assunção Esteves
a entidade emissora a.
[5 pontos]
Visione uma segunda o vez o registo fílmico e centre a sua atenção no discurso
de Assunção Esteves.
a Aristóteles a.
[10 pontos]
à revolução francesa b.
[20 pontos]
aos iluministas c.
[20 pontos]
6 Identifique dois recursos não-verbais utilizados pela oradora e infira a sua intencio-
nalidade. [25 pontos]
51
ORALIDADE EXPOSIÇÃO
(Compreensão)
ESCOLA: DATA: / /
2
NOME: N.O: TURMA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta. [150 pontos]
Escute uma peça radiofónica de Carlos Júlio, passada na TSF, sobre o autor
do conto “Sempre é uma companhia” e resolva as atividades.
2 Para completar cada um dos itens 2.1 a 2.3, selecione a opção correta. [90 pontos]
2.1 O conto “O largo” refere-se a um espaço público da aldeia também conhecido como
a “praça de jorna”, uma vez que
A. ali se encontravam os opositores ao regime do Estado Novo.
B. os habitantes da aldeia ali se reuniam para se divertirem.
C. Era o local onde se secavam os cereais colhidos pelos agricultores.
D. os homens aí se reuniam à espera de serem contratados para trabalharem.
2.2 Para Manuel da Fonseca, a figura do maltês (entre outras) é fundamental na sua
obra, pois
A. representa os homens que, apesar de humilhados, mostram a sua dignidade.
B. é uma figura tipicamente alentejana.
C. denuncia as condições de vida dos alentejanos.
D. representa a figura do burguês na estratificação social.
3 Selecione as opções que permitem compreender por que razão se pode classificar este
programa como uma reportagem. [40 pontos]
53
ORALIDADE DOCUMENTÁRIO
(Compreensão)
ESCOLA: DATA: / /
4
NOME: N.O: TURMA
54
CARTOON | EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA ORALIDADE
(Expressão)
ESCOLA: DATA: / /
5
NOME: N.O: TURMA
• introdução
– identificação do objeto em apreço, assumindo uma posição valorativa sobre o
mesmo.
• desenvolvimento
– descrição da imagem destacando elementos significativos da sua composição, bem
como a relação que estabelecem entre si, tendo como referência a temática abor-
dada;
– comentário crítico, fundamentando devidamente a apreciação e utilizando um
discurso valorativo.
• conclusão
– fecho do texto, adequado ao ponto de vista desenvolvido, sintetizando a informa-
ção essencial.
Faça uma pesquisa sobre o tema e exponha à turma as conclusões obtidas, após visio-
nar o anúncio em https://www.youtube.com/watch?v=ZJYg7cXRQXs.
55
EXPRESSÃO ORAL | DESCRITORES DE DESEMPENHO
DESCRITORES DE DESEMPENHO
CRITÉRIOS
5 4 3 2 1
Planifica e organiza a Nível Revela alguma Nível Não planifica
informação, de forma intercalar fragilidade ao nível intercalar nem organiza
1.
correta e adequada, da planificação a informação,
Planificação
revelando um muito e da organização revelando um
e organização
bom domínio do da informação, domínio insuficiente
tema a expor. demonstrando um do tema a expor.
40 pontos
domínio suficiente
do tema a expor.
Seleciona informação Nível Seleciona informação Nível Seleciona informação
2. muito pertinente intercalar suficiente e pertinente, intercalar insuficiente
Pertinência da e adequada ao tema em consonância com e desadequada
informação a desenvolver. o tema a desenvolver. ao tema a expor.
40 pontos
Adota uma postura Nível Adota uma postura Nível Adota uma postura
ajustada, mantém intercalar ajustada, mantém, intercalar desadequada
3. contacto visual com por vezes, contacto à situação, não
Postura, o auditório, utilizando visual com o auditório, conseguindo captar
fluência também um tom mas revela algumas a atenção do
de voz audível/ fragilidades na auditório. Utiliza um
40 pontos percetível e um adequação do tom tom de voz e um
ritmo adequados de voz e no ritmo. ritmo desajustados
à situação. à situação.
Exprime-se com Nível Revela algumas Nível Revela muitas
4. clareza, correção intercalar fragilidades na intercalar fragilidades na
Correção e adequação adequação e correção adequação e na
e clareza discursivas e utiliza discursivas, utilizando correção discursivas,
do discurso um vocabulário um vocabulário utilizando um
variado e expressivo. elementar e pouco vocabulário muito
40 pontos expressivo. elementar e sem
expressividade.
Revela muita Nível Revela alguma Nível Não estabelece
originalidade, intercalar originalidade, intercalar nenhuma relação
5. pensamento crítico criatividade entre a obra poética
Pensamento e criatividade e pensamento crítico e outras situações/
crítico na relação que na relação que realidades, não
e criativo estabelece entre a estabelece entre revelando nem
obra poética e outras a obra poética e outras criatividade nem
40 pontos situações/realidades situações/ realidades sentido crítico
(imagem/pintura/ (imagem/ pintura/ (imagem/pintura/
objeto). objeto). objeto).
56
DEBATE | TEXTO DE OPINIÃO ORALIDADE
(Expressão)
ESCOLA: DATA: / /
6
NOME: N.O: TURMA
Apresente argumentos válidos e exemplos que sustentem a sua tese. Seja sucinto na
sua defesa e respeite o princípio de cortesia.
Intervenientes Funções
Oradores
• Defender os seus pontos de vista.
– dois (ou mais), • Apresentar os seus argumentos e/ou exemplos.
defendendo posições • Respeitar a autoridade do moderador.
diferentes.
• Observar regras de cortesia durante as suas intervenções.
Observe ainda:
• o encadeamento lógico das ideias;
• a adequação dos recursos verbais e não verbais (correção linguística, variedade
vocabular, ritmo, entoação, gestos, regras de cortesia…).
57
EXPRESSÃO ORAL | DESCRITORES DE DESEMPENHO
DESCRITORES DE DESEMPENHO
CRITÉRIOS
5 4 3 2 1
Planifica e organiza a Nível Revela alguma Nível Não planifica
informação, de forma intercalar fragilidade ao nível intercalar nem organiza
1.
correta e adequada, da planificação a informação,
Planificação
revelando um muito e da organização revelando um
e organização
bom domínio do da informação, domínio insuficiente
tema a expor. demonstrando um do tema a expor.
40 pontos
domínio suficiente
do tema a expor.
Seleciona informação Nível Seleciona informação Nível Seleciona informação
2. muito pertinente intercalar suficiente e pertinente, intercalar insuficiente
Pertinência da e adequada ao tema em consonância com e desadequada
informação a desenvolver. o tema a desenvolver. ao tema a expor.
40 pontos
Adota uma postura Nível Adota uma postura Nível Adota uma postura
ajustada, mantém intercalar ajustada, mantém, intercalar desadequada
3. contacto visual com por vezes, contacto à situação, não
Postura, o auditório, utilizando visual com o auditório, conseguindo captar
fluência também um tom mas revela algumas a atenção do
de voz audível/ fragilidades na auditório. Utiliza um
40 pontos percetível e um adequação do tom tom de voz e um
ritmo adequados de voz e no ritmo. ritmo desajustados
à situação. à situação.
Exprime-se com Nível Revela algumas Nível Revela muitas
4. clareza, correção intercalar fragilidades na intercalar fragilidades na
Correção e adequação adequação e correção adequação e na
e clareza discursivas e utiliza discursivas, utilizando correção discursivas,
do discurso um vocabulário um vocabulário utilizando um
variado e expressivo. elementar e pouco vocabulário muito
40 pontos expressivo. elementar e sem
expressividade.
Revela muita Nível Revela alguma Nível Não estabelece
originalidade, intercalar originalidade, intercalar nenhuma relação
5. pensamento crítico criatividade entre a obra poética
Pensamento e criatividade e pensamento crítico e outras situações/
crítico na relação que na relação que realidades, não
e criativo estabelece entre a estabelece entre revelando nem
obra poética e outras a obra poética e outras criatividade nem
40 pontos situações/realidades situações/ realidades sentido crítico
(imagem/pintura/ (imagem/ pintura/ (imagem/pintura/
objeto). objeto). objeto).
58
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
Descritores 1. 2. 3. 4. 5.
Organização/ Pertinência Correção Pensamento Postura
Total Nota a Tema/Poema
Planificação da informação e clareza crítico e fluência Auto Hetero Total
(200) atribuir (Notas/Observações)
(40) (40) do discurso e criativo (40)
Nome / N.o (40) (40)
GRELHA DE AVALIAÇÃO DA ORALIDADE
59
60
TURMA: ANO LETIVO: /
Descritores 1. 2. 3. 4. 5.
Organização/ Pertinência Correção Pensamento Postura
Total Nota a Tema/Poema
Planificação da informação e clareza crítico e fluência Auto Hetero Total
(200) atribuir (Notas/Observações)
(40) (40) do discurso e criativo (40)
Nome / N.o (40) (40)
GRELHA DE AVALIAÇÃO DA ORALIDADE
61
NOVO
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
Educação
Literária
• Análise passo a passo
Educação
Literária
• Análise textual
• Esquemas interpretativos
• Questões de aula
• Cenários de resposta
EDUCAÇÃO
LITERÁRIA
A criança que fui chora na estrada. Referência à criança que terá tido uma infância
Deixei-a ali quando vim ser quem sou; infeliz, mas da qual, mesmo assim, sente nostalgia,
Mas hoje, vendo que o que sou é nada, dado que no presente o desânimo supera o mal do
Quero ir buscar quem fui onde ficou. passado. Deseja, por isso, voltar a ser quem foi.
5 Ah, como hei de encontrá-lo? Quem errou Manifestação da dúvida por não saber como
A vinda tem a regressão errada. reencontrar a infância perdida, admitindo a sua
Já não sei de onde vim nem onde estou. desorientação, o que acentua a sua infelicidade
De o não saber, minha alma está parada. no presente.
22-9-1933
Fernando Pessoa, Poesia 1931-1935 e não datada
(ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas,
Madalena Dine), Lisboa, Assírio & Alvim, 2006.
1.o Primeira leitura para assinalar e decifrar o vocabulário desconhecido e dar início à interpretação da
mensagem, dado o uso do sentido simbólico das palavras por parte de Fernando Pessoa.
2.o Segunda leitura, durante a qual deve atentar nos seguintes aspetos:
− estrutura do texto (quatro estrofes, duas de quatro versos e outras duas de três, ou seja, pode
constatar que se trata de um soneto, com 10 sílabas métricas);
− duas quadras que terminam, cada uma delas, com um ponto final; o 1.o terceto só completa o seu
sentido no terceto seguinte, pelo que o sentido dessa 2.a parte contempla os dois tercetos;
− pontuação ao serviço da divisão do poema em partes e do sentido de cada uma delas;
− pontuação quase sempre neutra, exceto no verso em que o ponto de interrogação sugere a dúvida
instalada;
− uso da 1.a pessoa gramatical a confirmar a carga subjetiva que perpassa pelo poema;
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
− recursos expressivos, nomeadamente o paradoxo, a antítese, a metáfora (“o que sou é nada”, “A vinda
tem a regressão errada”, “minha alma está parada”), ao serviço da expressão de um estado de alma
confuso, melancólico, angustiado;
− sentido global do texto e expressão do estado emotivo do sujeito poético.
3.o Leitura das questões e seleção dos elementos da análise textual que permitirão responder ao soli-
citado.
67
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO
2 Justifique o desejo de voltar a um passado, apesar de, também ele, ser doloroso.
A pergunta exige do leitor a compreensão da mensagem poética, uma vez que essa evocação do
passado deve ser entendida à luz da vivência do presente, porque só o hoje pode justificar o desejo de
regressar a um passado também infeliz. Assim, a resposta poderia ser construída da seguinte forma:
Apesar de a infância poder ter sido dolorosa, o sujeito poético sofre mais em adulto, dado ter
consciência dos seus atos, consciência essa que o faz ter noção dos erros cometidos, nomea-
damente não ter valorizado o tempo em que era inconsciente. Deseja, por isso, recordar esse
passado, pois, em adulto, percebe que está perdido. Assim, o vazio do presente poderá ser
preenchido com as memórias do passado.
3 Explique o sentido de “Quem errou / A vinda tem a regressão errada” (vv. 5-6), conside-
rando a interrogação imediatamente anterior.
A explicação do conteúdo dos versos selecionados também requer a compreensão da mensagem e
em particular do sentido da interrogação que os antecede. Com efeito, a pergunta que os precede re-
mete para uma dúvida a que o segmento seguinte parece responder. Logo, a resposta terá de explorar
a questão colocada e a presumível conclusão do “eu”, referindo-se a isso nos moldes seguintes:
Quando o sujeito poético quer saber como pode encontrar o ser que foi, demonstra a neces-
sidade de regressar ao passado. Contudo, evidencia também a dúvida de o conseguir fazer,
pois admite que quem fez um percurso errado até ao presente dificilmente conseguirá re-
gressar, ou seja, os erros cometidos impedi-lo-ão de encontrar a felicidade, ainda que ténue,
do tempo em que era criança, e que não soube valorizar.
No fundo, a angústia vivida na atualidade vai continuar a interferir nesse regresso ao passa-
do, prevalecendo a infelicidade.
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68
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO
APLICAÇÃO
69
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
2
NOME: N.O: TURMA
EXEMPLIFICAÇÃO
Acompanhe a análise que se propõe, tendo por base um poema de Alberto Caeiro.
Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem Justificação para o facto de considerar
E dizem que as pedras têm alma doidos quer os filósofos quer os poetas
E que os rios têm êxtases ao luar. místicos.
Costa Pinheiro,
A cadeira e a mesa do poeta Fernando Pessoa, c. 1980.
71
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS
remeter para o presente e para a factualidade, ou seja, para factos concretos, associando-se
à objetividade privilegiada pelo sujeito poético, enquanto o segundo e o terceiro apontam
para o hipotético, o irreal, tal como são as teorias ou ações dos poetas místicos.
72
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS
APLICAÇÃO
12-6-1914
Odes de Ricardo Reis, Fernando Pessoa (notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor),
Lisboa, Ática, 1994, p. 13 (disponível em http://arquivopessoa.net).
3 Interprete o valor simbólico das referências às “flores” (vv. 6 e 37), aos “Girassóis” (v. 43)
e aos “rios” (v. 40).
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73
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
3
NOME: N.O: TURMA
EXEMPLIFICAÇÃO
VII – Ocidente
Com duas mãos – o Ato e o Destino – Referem-se as mãos como responsáveis pelo
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu desvendar do “Destino” e do “Ato”, sendo, por isso, o
Uma ergue o facho trémulo e divino veículo da ação humana, dado que uma segura o facho
E a outra afasta o véu. e a outra afasta o véu.
75
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
O tema do poema pessoano refere-se ao desvendar do mistério ou dos mares, o que se re-
laciona com a expansão portuguesa, através da qual os lusitanos revelaram a sua ousadia
mas também o seu caráter de predestinados. Assim, insere-se na segunda parte da obra
Mensagem, “Mar Português”, onde se faz referência à ação dos Descobrimentos que sus-
tentaram a edificação do império material.
76
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
APLICAÇÃO
Viriato
3 Explique a metáfora “o ir a haver o dia” (v. 11), atendendo à mensagem que o sujeito
poético transmite.
a. b. c. d.
77
CONTOS ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
4
NOME: N.O: TURMA
Atente nas etapas a considerar para proceder à análise (de excerto) de conto.
1. Ler integralmente o texto e as questões formuladas.
2. Ler novamente e sublinhar palavras-chave (como se explica, infra, para cada um dos casos).
3. Tirar conclusões relativamente ao tema e à forma como se desenvolve.
4. Reler as questões que se colocam sobre o texto e interpretar os verbos de comando.
A resposta exige que se prove (“demonstrar”), com base em exemplos textuais, que existe uma
interligação entre duas das categorias narrativas: espaço e personagem. Assim, deve:
− fazer o levantamento das características do espaço que conduzem a uma ideia de monotonia;
− apresentar as características da personagem que se adequem à caracterização do espaço (lentidão,
adormecimento, falta de força anímica, solidão);
− concluir, reforçando a influência que o espaço tem sobre a caracterização da personagem.
79
ANÁLISE PASSO A PASSO — CONTOS
Já não sabe, não quer saber, quando saiu da vila e partiu à des- • Informação relativa à partida
coberta da cidade grande, onde, dizia-se lá em casa, as mulheres se da personagem e ao modo
como ela a encara – grande
perdem. Mais tarde partiu por além-terra, por além-mar. Fez loiros vontade de sair da sua vila
os cabelos, de todos os loiros, um dia ruivos por cansaço de si, mais e ausência de vontade de
5 tarde castanhos, loiros de novo, esverdeados, nunca escuros, quase recordar o passado.
pretos, como dantes eram. Teve muitos amores, grandes e não tanto, • Referências à constante
definitivos e passageiros, simples amores, casou-se, divorciou-se, mudança da personagem:
em termos físicos e em
partiu, chegou, voltou a partir e a chegar, quantas vezes? Agora está − termos espaciais.
estava −, até quando? em Amesterdão.
• Referências ao caráter
10 Depois de ter deixado a vila, viveu sempre em quartos aluga- errante da personagem e
dos mais ou menos modestos, depois em casas mobiladas mais ou à sua constante mutação –
menos agradáveis. As últimas foram mesmo francamente confor- instabilidade.
táveis. Vives numa casa mobilada sem nada de teu? Mas deve ser • “até quando?” – interrogação
um horror, como podes?, teria dito a mãe, se soubesse. Não o soube, que deixa antever o caráter
errante da personagem.
15 porém. As cartas que lhe escrevia nunca tinham sido minuciosas, de
resto detestava escrever cartas e só muito raramente o fazia. Depois • Desprendimento
relativamente aos bens
o pai morreu e a mãe logo a seguir. materiais.
Uma casa mobilada, sempre pensou, é a certeza de uma porta
• Desprendimento
aberta de par em par, de mãos livres, de rua nova à espera dos seus relativamente à família –
20 pés. As pessoas ficam tão estupidamente presas a um móvel, a um inexistência de laços
tapete já gasto de tantos passos, aos bibelots acumulados ao longo familiares.
das vidas e cheios de recordações, de vozes, de olhares, de mãos, • Referência a atitudes
de gente, enfim. Pega-se numa jarra e ali está algo de quem um dia e comportamentos que
reforçam as características
apareceu com rosas. Tem alguns livros, mas poucos, como os amigos anteriormente elencadas.
25 que julga sinceros, sê-lo-ão? Aos outros livros, dá-os, vende-os a
peso, que leve se sente depois!
Maria Judite de Carvalho, “George”, in Conto português. Séculos XIX-XXI –
Antologia crítica, vol. 3 (coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins),
Porto, Edições Caixotim, 2011, pp. 115-116.
2 Explique por que razão a personagem não tem vontade de viver em casa própria.
A resposta exige que se explicite, através de exemplos, o motivo pelo qual a personagem age de
determinada maneira. Deverá, por isso,
− esclarecer que a personagem considera que uma casa própria se torna uma prisão;
− clarificar a carga afetiva que a personagem atribui aos móveis e aos objetos adquiridos ou oferecidos;
− concluir que a personagem só poderá preservar a sua liberdade, mudando de “amor” e de lugar, se
estiver afastada desses bens materiais ou afetivos que a ancorariam a dado espaço.
80
ANÁLISE PASSO A PASSO — CONTOS
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
E os dias passam agora rápidos para António Barrasquinho, o Batola. Até come-
çou a levantar-se cedo e a aviar os fregueses de todas as manhãzinhas. Assim, pode
continuar as conversas da véspera. Que o Batola é, de todos, o que mais vaticínios
faz sobre as coisas da guerra. Muito antes do meio-dia já ele começa a consultar o
5 velho relógio, preso por um fio de ouro ao colete.
Só a mulher quase deixou de aparecer na venda. E ninguém sabe que pensa
ela do que contam as vozes desconhecidas aos homens da aldeia, pois, através
do tabique de ripas separadas por grandes fendas, ouve-se tudo que se passa
na venda. Ouve-se e vê-se, querendo, a alegria que certas notícias trazem aos
10 ceifeiros, o gosto e o propósito que eles têm ao ouvir determinada voz que é
de todas a mais desejada e acreditada.
E os dias custaram tão pouco a passar que o fim do mês caiu de surpresa
em cima da aldeia da Alcaria. Era já no dia seguinte que a telefonia deixaria
de ouvir-se. Iam todos, de novo, recuar para muito longe, lá para o fim do
15 mundo, onde sempre tinham vivido.
Foi a primeira noite em que os homens saíram da venda mudos e taciturnos.
Fora esperava-os o negrume fechado. E eles voltavam para a escuridão, iam ser, outra
vez, o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo
cansaço e pela noite. Mais nada que o abandono e a solidão. A esperança de melhor vida
20 para todos, que a voz poderosa do homem desconhecido levava até à aldeia, apagava-se
nessa noite para não mais se ouvir.
Dentro da venda, o Batola está tão desalentado como os ceifeiros. O mês passou de
tal modo veloz que se esqueceu de preparar a mulher. Sobe ao balcão, desliga o fio e
arruma o aparelho. Um pouco dobrado sobre as pernas arqueadas, com o chapeirão a
25 encher-lhe a cara de sombra, observa magoadamente a preciosa caixa.
Assim está, quando um pressentimento o obriga a voltar a cabeça: junto da porta
que dá para os fundos da casa, a mulher olha-o com um ar submisso. “Que terá aconte-
cido?”, pensa o Batola, admirado de a ver ainda levantada àquela hora.
− António − murmura ela, adiantando-se até ao meio da venda. − Eu queria pedir-te
30 uma coisa...
Suspenso, o homem aguarda. Então, ela desabafa, inclinando o rosto ossudo, onde
os olhos negros brilham com uma quase expressão de ternura:
− Olha... Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia
neste deserto.
Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas, Lisboa, Editorial Caminho, 2011, pp. 159-160.
81
ANÁLISE PASSO A PASSO — CONTOS
82
ANÁLISE PASSO A PASSO — CONTOS
− Não seja tonta, menina. Outro dia vai reparar, ou talvez já tenha dado por isso, que
30 está a ver pior, e outro ainda que as mãos lhe tremem. E, se for um pouco sensata, ou
se souber olhar em volta, descobrirá que este mundo já não lhe pertence, é dos outros,
dos que julgam que Baden Powell é um tipo que toca guitarra e que Levi Strauss é uma
marca de calças.
George fecha os olhos com força e deixa-se embalar por pensamentos mais agra-
35 dáveis, bem-vindos: a exposição que vai fazer, aquele quadro que vendeu muito bem
o mês passado, a próxima viagem aos Estados Unidos, o dinheiro que pôs no banco.
O dinheiro no banco, nos bancos, é uma das suas últimas paixões. Ela pensa − sabe?
− que com dinheiro ninguém está totalmente só, ninguém é totalmente abandonado.
A velha Georgina já o deve ter esquecido. A velhice também traz consigo, deve trazer, um
40 certo esquecimento das coisas essenciais, pensa. Abre os olhos para lho dizer, para lho
pensar, para lho atirar em silêncio à cara enrugada, mas a velha já ali não está.
O calor de há pouco foi desaparecendo e agora não há vestígios daquela aragem de
forno aberto. O ar está muito levemente morno e quase agradável. George suspira, tran-
quilizada. Amanhã estará em Amesterdão na bela casa mobilada onde, durante quanto
45 tempo?, vai morar com o último dos seus amores.
Maria Judite de Carvalho, “George”, in Conto português. Séculos XIX-XXI – Antologia crítica, vol. 3
(coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins), Porto, Edições Caixotim, 2011, pp. 118-120.
3 Explique por que se refugiou George nos seus pensamentos perante as observações
de Georgina.
83
POETAS CONTEMPORÂNEOS ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
5
NOME: N.O: TURMA
EXEMPLIFICAÇÃO
Dies irae1
1
“dia de ira”; é também o nome de um famoso hino do século XIII
IDEAL REALIDADE
Conclusão:
− revolta do sujeito poético
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
85
ANÁLISE PASSO A PASSO — POETAS CONTEMPORÂNEOS
Atente nas questões, nos verbos de comando e nos cenários de resposta apresen-
tados a seguir.
1 Caracterize o sujeito poético e demonstre de que modo o poema poderá ilustrar a pre-
sença do tópico “figurações do poeta”.
Para responder, deverá ter em conta que a questão contém dois verbos de comando (“caracterize”
e “demonstre”). Assim, deverá apresentar a caracterização do sujeito poético, por palavras suas, e,
simultaneamente, provar que essa caracterização comprova que o tópico do Programa, "figurações
do poeta", está presente no poema.
O poeta surge como um ser revoltado e que assume uma atitude de protesto perante aquilo
que constata acerca das características do mundo em que vive, o que é sugerido pelos vo-
cábulos de conotação negativa − “chorar”, “fantasma”, “medo”, “gritar”, “fugir”, “morrer”,
“matar”, “motins” –, que transmitem a ideia de revolta e até de violência. O poeta surge, pois,
representado como alguém inconformado com este mundo, evidenciando o modo como o vê.
oprime e leva à inação, razões que justificam a revolta que vem exprimindo ao longo do
poema.
86
ANÁLISE PASSO A PASSO — POETAS CONTEMPORÂNEOS
APLICAÇÃO
Green God
2 Green God é apresentado como uma figura antropomórfica, com traços humanos
e vegetais.
87
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
6
NOME: N.O: TURMA
EXEMPLIFICAÇÃO
O encontro e a união
35 retirou-se, o padre foi com ela, e quando Blimunda chegou a casa deixou a porta aberta 4
aro ou triângulo
para que Baltasar entrasse. […] de ferro que assenta
sobre três pés
Blimunda levantou-se do mocho, acendeu o lume na lareira, pôs sobre a trempe4
e sobre o qual
uma panela de sopas, e quando ela ferveu deitou uma parte para duas tigelas largas que se coloca a panela
serviu aos dois homens, fez tudo isto sem falar, não tornara a abrir a boca depois que ao lume
89
ANÁLISE PASSO A PASSO — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
90
ANÁLISE PASSO A PASSO — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
91
ANÁLISE PASSO A PASSO — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
APLICAÇÃO
Segurava Baltasar a mula, e Blimunda estava afastada alguns passos, de olhos bai-
xos, com o bioco puxado para diante, Bons dias, disseram eles, Bons dias, disse o padre,
e perguntou, Blimunda ainda não comeu, e ela, da sombra maior das roupas, respondeu,
Não comi […].
5 Diz o padre Bartolomeu Lourenço, […] na Holanda soube o que é o éter, não é aquilo
que geralmente se julga e ensina, e não se pode alcançar pelas artes da alquimia, para
ir buscá-lo lá onde ele está, no céu, teríamos nós de voar e ainda não voamos, mas
o éter, deem agora muita atenção ao que vou dizer-lhes, antes de subir aos ares para ser
o onde as estrelas se suspendem e o ar que Deus respira, vive dentro dos homens e das
10 mulheres, Nesse caso, é a alma, concluiu Baltasar, Não é, também eu, primeiro, pensei
que fosse a alma, também pensei que o éter, afinal, fosse formado pelas almas que
a morte liberta do corpo, antes de serem julgadas no fim dos tempos e do universo, mas
o éter não se compõe das almas dos mortos, compõe-se, sim, ouçam bem, das vontades
dos vivos. […]
15 Disse o padre, Dentro de nós existem vontade e alma, a alma retira-se com a morte,
vai lá para onde as almas esperam o julgamento, ninguém sabe, mas a vontade, ou se
separou do homem estando ele vivo, ou a separa dele a morte, é ela o éter, é portanto
a vontade dos homens que segura as estrelas, é a vontade dos homens que Deus respira.
E eu que faço, perguntou Blimunda, mas adivinhava a resposta, Verás a vontade dentro das
20 pessoas. Nunca a vi, tal como nunca vi a alma, Não vês a alma porque a alma não se pode
ver, não vias a vontade porque não a procuravas, Como é a vontade, É uma nuvem fechada,
Que é uma nuvem fechada, Reconhecê-la-ás quando a vires, experimenta com Baltasar,
para isso viemos aqui, Não posso, jurei que nunca o veria por dentro, Então comigo.
Blimunda levantou a cabeça, olhou o padre, viu o que sempre via, mais iguais as pes-
25 soas por dentro do que por fora, só outras quando doentes, tornou a olhar, disse, Não
vejo nada. O padre sorriu, Talvez que eu já não tenha vontade, procura melhor, Vejo uma
nuvem fechada sobre a boca do estômago. O padre persignou-se, Graças, meu Deus,
agora voarei. Tirou do alforge um frasco de vidro que tinha presa ao fundo, dentro, uma
pastilha de âmbar amarelo, Este âmbar, também chamado eletro, atrai o éter, andarás
30 sempre com ele por onde andarem pessoas, em procissões, em autos de fé, aqui nas
obras do convento, e quando vires que a nuvem vai sair de dentro delas, está sempre
a suceder, aproximas o frasco aberto, e a vontade entrará nele, E quando estiver cheio,
Tem uma vontade dentro, já está cheio, mas esse é o indecifrável mistério das vontades,
onde couber uma, cabem milhões, o um é igual ao infinito, E que faremos entretanto,
35 perguntou Baltasar, Vou para Coimbra, de lá, a seu tempo, mandarei recado, então irão
os dois para Lisboa, tu construirás a máquina, tu recolherás as vontades, encontrar-nos-
-emos os três quando chegar o dia de voar […].
José Saramago, Memorial do convento, 63.a ed., Porto, Porto Editora, 2022, cap. XI.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
3 Explique a razão pela qual o padre se persignou e disse “Graças, meu Deus” (l. 27),
quando Blimunda viu uma nuvem fechada sobre a boca do seu estômago.
92
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS , JOSÉ SARAMAGO ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
7
NOME: N.O: TURMA
EXEMPLIFICAÇÃO
Excerto 1
Ricardo Reis fez uma pausa, parecia refletir, depois, debruçando-se, estendeu as
mãos para Marcenda, perguntou, Posso, ela inclinou-se também um pouco para a frente
e, continuando a segurar a mão esquerda com a mão direita, colocou-a entre as mãos
dele, como uma ave doente, asa quebrada, chumbo cravado no peito. Devagar, aplicando
5 uma pressão suave mas firme, ele percorreu com os dedos toda a mão dela, até ao
pulso, sentindo pela primeira vez na vida o que é um abandono total, a ausência duma
reação voluntária ou instintiva, uma entrega sem defesa, pior ainda, um corpo estranho
que não pertencesse a este mundo.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,
Porto, Porto Editora, 2021, cap. VI.
Excerto 2
A esta mesma hora, naquele segundo andar da Rua de Santa Catarina, Ricardo Reis
tenta escrever um poema a Marcenda, para que amanhã não se diga que Marcenda
passou em vão, Saudoso já deste verão que vejo, lágrimas para as flores dele emprego
na lembrança invertida de quando hei de perdê-las, esta ficará sendo a primeira parte
5 da ode, até aqui ninguém adivinharia que de Marcenda se vai falar, embora se saiba
que muitas vezes começamos por falar de horizonte porque é o mais curto caminho
para chegar ao coração. Meia hora depois, ou uma hora, ou quantas, que o tempo,
neste fazer de versos, se detém ou precipita, ganhou forma e sentido o corpo inter-
médio, não é sequer o lamento que parecera, apenas o sábio saber do que não tem
10 remédio, Transpostos os portais irreparáveis de cada ano, me antecipo a sombra em
que hei de errar, sem flores, no abismo rumoroso. Dorme toda a cidade na madrugada,
[…] e é neste momento que o poema se completa, difícil, […] E colho a rosa porque
a sorte manda. Marcenda, guardo-a, murche-se comigo antes que com a curva diurna
da ampla terra. Deitou-se Ricardo Reis vestido na cama, a mão esquerda pousada
15 sobre a folha de papel, se adormecido passasse do sono para a morte, julgariam que
é o seu testamento, a última vontade, a carta do adeus, e não poderiam saber o que
seja, mesmo tendo-a lido, porque este nome de Marcenda não o usam mulheres, são
palavras doutro mundo, doutro lugar, femininos mas de raça gerúndia, como Blimunda,
por exemplo, que é nome à espera de mulher que o use, para Marcenda, ao menos,
20 já se encontrou, mas vive longe.
93
ANÁLISE PASSO A PASSO — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS , JOSÉ SARAMAGO
Interprete o sentido das questões, atentando nos verbos de comando de cada item.
2 Caracterize a relação entre Ricardo Reis e Marcenda, considerando a ode escrita por
Reis.
Deve caracterizar por palavras suas a relação entre as duas personagens referidas, tendo em conta
o conteúdo da ode escrita por Reis, presente no início do excerto 2.
Apesar de a relação entre ambos ter assumido contornos físicos pouco tempo depois de se
terem conhecido, já que se beijam sofregamente, Marcenda acaba por impor uma vivência
platónica ao seu amor: recusa-se a casar com o médico e a voltar a vê-lo, ao mesmo tempo
que lhe assegura que nunca o esquecerá; pede, em contrapartida, que Reis se lembre dela
todos os dias. Ricardo Reis, por seu lado, pretende selar o fim da relação, deixando-a eterni-
zada numa ode.
Na ode que Ricardo Reis escreve transparece a autodisciplina do sujeito lírico, que, consciente
da fugacidade e efemeridade da vida, se dispõe a aceitar serenamente a inevitabilidade da
morte. Esta é, assim, uma maneira de Ricardo Reis assumir o fim da sua relação com a filha
do doutor Sampaio, que murchou como uma flor, mas que ele está disposto a guardar sempre
consigo. Esta é ainda uma forma de elevar Marcenda à categoria de musa inacessível e distante.
94
ANÁLISE PASSO A PASSO — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS , JOSÉ SARAMAGO
APLICAÇÃO
Diga-me, Fernando, quem é, que é este Salazar que nos calhou em sorte, É o dita-
dor português, o protetor, o pai, o professor, o poder manso, um quarto de sacristão,
um quarto de sibila, um quarto de Sebastião, um quarto de Sidónio, o mais apropriado
possível aos nossos hábitos e índole, […] mas, voltando ao Salazar, quem diz muito
5 bem dele é a imprensa estrangeira, Ora, são artigos encomendados pela propaganda,
pagos com o dinheiro do contribuinte, lembro-me de ouvir dizer, Mas olhe que a im-
prensa de cá também se derrete em louvações, pega-se num jornal e fica-se logo a
saber que este povo português é o mais próspero e feliz da terra, ou está para muito
breve, e que as outras nações só terão a ganhar se aprenderem connosco, O vento
10 sopra desse lado, Pelo que lhe estou a ouvir, você não acredita muito nos jornais,
Costumava lê-los […].
[S]egundo a declaração solene de um arcebispo, o de Mitilene1, Portugal é Cristo e
Cristo é Portugal, Está aí escrito, Com todas as letras, Que Portugal é Cristo e Cristo é
Portugal, Exatamente. Fernando Pessoa pensou alguns instantes, depois largou a rir,
15 um riso seco, tossicado, nada bom de ouvir, Ai esta terra, ai esta gente, e não pôde con-
tinuar, havia agora lágrimas verdadeiras nos seus olhos, Ai esta terra, repetiu, e não
parava de rir, Eu a julgar que tinha ido longe de mais no atrevimento quando na Mensa-
gem chamei santo a Portugal, lá está, São Portugal, e vem um príncipe da Igreja, com
a sua arquiepiscopal autoridade, e proclama que Portugal é Cristo, E Cristo é Portugal,
20 não esqueça, Sendo assim, precisamos de saber, urgentemente, que virgem nos pariu,
que diabo nos tentou, que judas nos traiu, que pregos nos crucificaram, que túmulo nos
esconde, que ressurreição nos espera, Esqueceu-se dos milagres, Quer você milagre
maior que este simples facto de existirmos, de continuarmos a existir, não falo por
mim, claro, Pelo andar que levamos, não sei até quando e onde existiremos, Em todo
25 o caso, você tem de reconhecer que estamos muito à frente da Alemanha, aqui é a
própria palavra da Igreja a estabelecer, mais do que parentescos, identificações, nem
sequer precisávamos de receber o Salazar de presente, somos nós o próprio Cristo,
Você não devia ter morrido tão novo, meu caro Fernando, foi uma pena, agora é que
Portugal vai cumprir-se […].
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,
Porto, Porto Editora, 2021, cap. XIII.
1
título eclesiástico que desde o século XIX é geralmente concedido ao bispo-auxiliar que desempenha as funções
de vigário-geral do patriarca de Lisboa
95
Análise
textual
• 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo . . . . . . . . . . . 99
• 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos . . . . . . . . . 101
• 3 – Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . . . . . . . . . . 103
• 4 – Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . . . . . . . . . . 105
• 5 – Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
• 6 – Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
• 7 – Poetas contemporâneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
• 8 – Poetas contemporâneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
• 9 – Memorial do convento, José Saramago . . . . . . . . . . 115
• 10 – Memorial do convento, José Saramago . . . . . . . . . 117
• 11 – O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago . . . . 119
• 12 – O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago . . . . 121
GRUPO I
Leia o texto.
1 Comprove que o “lago” é o ponto de partida para uma análise introspetiva, levada
a cabo pelo sujeito poético.
a. b. c. d.
99
ANÁLISE TEXTUAL — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO
GRUPO II
Leia o excerto.
Carlos pensara em arranjar um vasto laboratório ali perto no bairro, com fornos para
trabalhos químicos, uma sala disposta para estudos anatómicos e fisiológicos, a sua
biblioteca, os seus aparelhos, uma concentração metódica de todos os instrumentos
de estudo...
5 Os olhos do avô iluminavam-se ouvindo este plano grandioso.
– E que não te prendam questões de dinheiro, Carlos! Nós fizemos nestes últimos
anos de Santa Olávia algumas economias...
– Boas e grandes palavras, avô! Repita-as ao Vilaça.
As semanas foram passando nestes planos de instalação. Carlos trazia realmente
10 resoluções sinceras de trabalho: a ciência como mera ornamentação interior do espírito,
mais inútil para os outros que as próprias tapeçarias do seu quarto, parecia-lhe apenas
um luxo de solitário: desejava ser útil. Mas as suas ambições flutuavam, intensas e
vagas; ora pensava numa larga clínica; ora na composição maciça de um livro iniciador;
algumas vezes em experiências fisiológicas, pacientes e reveladoras... Sentia em si, ou
15 supunha sentir, o tumulto de uma força, sem lhe discernir a linha de aplicação. “Alguma
coisa de brilhante”, como ele dizia: e isto para ele, homem de luxo e homem de estudo,
significava um conjunto de representação social e de atividade científica; o remexer
profundo de ideias entre as influências delicadas da riqueza; os elevados vagares da
filosofia entremeados com requintes de sport e de gosto; um Claude Bernard que fosse
20 também um Morny... No fundo era um diletante.
Eça de Queirós, Os Maias: episódios da vida romântica
(fixação de texto Helena Cidade Moura) Lisboa, Livros do Brasil, 28.a ed., capítulo IV.
1 Demonstre que, tal como Fernando Pessoa, Carlos também sonhou e os seus sonhos
não se concretizaram.
2 Justifique a afirmação “Os olhos do avô iluminavam-se ouvindo este plano grandioso”
(l. 5).
3 Relacione a afirmação “Sentia em si, ou supunha sentir, o tumulto de uma força, sem
lhe discernir a linha de aplicação” (ll. 14-15) com o diletantismo da personagem.
100
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 2
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Leia o texto.
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
10 O fluxo e o refluxo da vida...
6-7-1935
101
ANÁLISE TEXTUAL — FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS
GRUPO II
Ah Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! Quanto melhor
me fora não tomar a Deus nas mãos, que tomá-Lo tão indignamente! Em tudo o que vos
excedo, peixes, vos reconheço muitas vantagens. A vossa bruteza é melhor que a minha
razão, e o vosso instinto melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus
5 com as palavras; eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória; eu dis-
corro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis
a Deus com a vontade. Vós fostes criados por Deus, para servir ao homem, e conseguis
o fim para que fostes criados: a mim criou-me para O servir a Ele, e eu não consigo o
fim para que me criou. Vós não haveis de ver a Deus, e podereis aparecer diante Dele
10 muito confiadamente, porque O não ofendestes; eu espero que O hei de ver; mas com
que rosto hei de aparecer diante do Seu divino acatamento, se não cesso de O ofender?
Ah quase que estou por dizer que me fora melhor ser como vós, pois de um homem que
tinha as mesmas obrigações, disse a Suma Verdade1 que melhor lhe fora não nascer
homem: Si natus non fuisset homo ille. E pois os que nascemos homens, respondemos
15 tão mal às obrigações de nosso nascimento, contentai-vos, Peixes, e dai muitas graças
a Deus pelo vosso.
Padre António Vieira, Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate),
tomo II, vol. X, Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp. 164-165.
1
Deus
1 Indique duas razões justificativas da inveja que o orador diz ter dos peixes.
102
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 3
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Leia o texto.
Ocidente
a. b. c. d.
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103
ANÁLISE TEXTUAL — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
GRUPO II
[99]
Às Musas agardeça o nosso Gama
O muito amor da pátria, que as obriga
A dar aos seus1, na lira, nome e fama
De toda a ilustre e bélica fadiga;
Que ele, nem quem na estirpe seu se chama,
Calíope não tem por tão amiga
Nem as filhas do Tejo2, que deixassem
As telas d’ouro fino e que o cantassem.
[100]
Porque o amor fraterno3 e puro gosto
De dar a todo o Lusitano feito
Seu4 louvor, é somente o pros[s]uposto
Das Tágides gentis, e seu respeito.
Porém não deixe, enfim, de ter disposto
Ninguém a grandes obras sempre o peito5:
Que, por esta ou por outra qualquer via, Botticelli, Nascimento de Vénus,
Não perderá seu preço e sua valia. 1485-1846 (pormenor).
1
à família de Vasco da Gama ou aos portugueses, consoante as interpretações; 2 Tágides;
3
de irmão (as Tágides são aqui consideradas irmãs dos Portugueses); 4 devido; 5 vontade
2 Explicite o apelo expresso pelo poeta nos últimos quatro versos da estância 100.
104
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 4
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Leia o texto.
Nevoeiro
É a Hora!
Valete, Fratres.
105
ANÁLISE TEXTUAL — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
GRUPO II
[145]
Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
5 O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dũa austera, apagada e vil tristeza.
[146]
E não sei por que influxo de Destino
10 Não tem um ledo orgulho e geral gosto,
Que os ânimos levanta de contino
A ter pera trabalhos ledo o rosto.
Por isso vós, ó Rei, que por divino
Conselho estais no régio sólio posto,
15 Olhai que sois (e vede as outras gentes) Jacopo Robust, As musas,
Senhor só de vassalos excelentes. 1578 (pormenor).
1 Identifique, justificadamente, um eixo temático comum aos dois textos (grupo I A e B).
106
CONTOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 5
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Leia o texto.
Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se a tardinha. Batola, que
acaba de dormir a sesta, já pode vir sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo da
parede. A seus pés, passa o velho caminho que vem de Ourique e continua para o sul. Por
cima, cruzam os fios da eletricidade que vão para Valmurado, uma tomada de corrente
5 cai dos fios e entra, junto das telhas, para dentro da venda.
E o Batola, por mais que não queira, tem de olhar todos os dias o mesmo: aí umas
quinze casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas
que estão no fundo dos córregos. Depois disso, para qualquer parte que volte os olhos,
estende-se a solidão dos campos. E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado por vales
10 e cabeços, e que dorme profundamente. Oh, que despropósito de plainos sem fim, todos
de roda da aldeia, e desertos!
Carregado de tristeza, o entardecer demora anos. A noite vem de longe, cansada,
tomba tão vagarosamente que o mundo parece que vai ficar para sempre naquela
magoada penumbra. Lá vêm figurinhas dobradas pelos atalhos, direito às casas tres-
15 malhadas da aldeia. Nenhuma virá até à venda falar um bocado, desviar a atenção da-
quele poente dolorido. São ceifeiros, exaustos da faina, que recolhem. Breve, a aldeia
ficará adormecida, afundada nas trevas. E António Barrasquinho, o Batola, não tem
ninguém para conversar, não tem nada que fazer. Está preso e apagado no silêncio
que o cerca.
20 Ergue-se pesadamente do banco. Olha uma última vez para a noite derramada. Leva
as mãos à cara, esfrega-a, amachucando o nariz, os olhos. Fecha os punhos, começa a
esticar os braços. E abre a boca num bocejo tão fundo, o corpo torcido numa tal ansie-
dade, que parece que todo ele se vai despegar aos bocados. Um suspiro estrangulado
sai-lhe das entranhas e engrossa até se alongar, como um uivo de animal solitário.
25 Quando consegue dominar-se, entra na venda, arrastando os pés. E, sem pressen-
tir que aquela noite é a véspera de um extraordinário acontecimento, lá se vai deitar
o Batola, derrotado por mais um dia.
“Sempre é uma companhia”, in Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas,
Lisboa, Editorial Caminho, 2011, pp. 150-151.
1 Descreva o espaço físico e social em que se desenrola a ação, tal como é perspetivado
por Batola.
107
ANÁLISE TEXTUAL — CONTOS
GRUPO II
a. b. c. d.
108
CONTOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 6
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Leia o texto.
Queria estar sempre pronta para partir sem que os objetos a envolvessem, a seguras-
sem, a obrigassem a demorar-se mais um dia que fosse. Disponível, pensava. Senhora
de si. Para partir, para chegar. Mesmo para estar onde estava.
Os pais não sabiam compreender esse desejo de liberdade, por isso se foi um dia
5 com uma velha mala de cabedal riscado, não havia outra lá em casa. Mas prefere não
pensar nos primeiros tempos. E as suas malas agora são caras, leves, malas de voar,
e com rodinhas.
A outra está perto. Se houve um momento de nitidez no seu rosto, ele já passou,
George não deu por isso. Está novamente esfumado. A proximidade destrói ultimamente
10 as imagens de George, por isso a vai vendo pior à medida que ela se aproxima. É certo
que podia pôr os óculos, mas sabe que não vale a pena tal trabalho. Param ao mesmo
tempo, espantam-se em uníssono, embora o espanto seja relativo, um pequeno espanto
inverdadeiro, preparado com tempo.
− Tu?
15 − Tu, Gi?
Tão jovem, Gi. A rapariguinha frágil, um vime, que ela tem levado a vida inteira a pin-
tar, primeiro à maneira de Modigliani, depois à sua própria maneira, à de George, pintora
já com nome nos marchands das grandes cidades da Europa. Gi com um pregador de
oiro que um dia ficou, por tuta e meia, num penhorista qualquer de Lisboa. Em tempos
20 tão difíceis.
− Vim vender a casa.
− Ah, a casa.
É esquisito não lhe causar estranheza que Gi continue tão jovem que podia ser sua
filha. Quieta, de olhar esquecido, vazio, e que não se espante com a venda assim anun-
25 ciada, tão subitamente, sem preparação, da casa onde talvez ainda more.
− Que pensas fazer, Gi?
− Partir, não é? Em que se pode pensar aqui, neste cu de Judas, senão em partir?
Ainda não me fui embora por causa do Carlos, mas... O Carlos pertence a isto, nunca se
irá embora. Só a ideia o apavora, não é?
30 − Sim. Só a ideia.
− Ri-se de partir, como nós nos rimos de uma coisa impossível, de uma ideia louca.
Quer comprar uma terra, construir uma casa a seu modo. Recebeu uma herança e só
sonha com isso. Creio que é a altura de eu...
− Creio que sim.
35 − Pois não é verdade?
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
− Ainda desenhas?
− Se não desenhasse dava em maluca. E eles acham que eu tenho muito jeitinho, que
hei de um dia ser uma boa senhora da vila, uma esposa exemplar, uma mãe perfeita, tudo
isso com muito jeito para o desenho. Até posso fazer retratos das crianças quando tiver
40 tempo, não é verdade?
109
ANÁLISE TEXTUAL — CONTOS
2 Demonstre que Gi é uma recordação de George e não uma figura fisicamente real.
GRUPO II
O palácio da ventura
110
POETAS CONTEMPORÂNEOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 7
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Leia o poema.
Apenas um corpo
2 Explicite o sentido do verso “Amorosamente toco o que resta dos deuses” (v. 5).
do poema.
111
ANÁLISE TEXTUAL — POETAS CONTEMPORÂNEOS
GRUPO II
Poema VII
1
enormes, desmedidos
1 Esclareça o sentido da forma deítica “Lá” (v. 9), em paralelismo anafórico nos tercetos,
caracterizando o espaço que poderá retratar.
2 Identifique o recurso expressivo que inicia e finaliza o soneto, explicitando o seu valor
semântico.
112
POETAS CONTEMPORÂNEOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 8
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Leia o poema.
S. Leonardo da Galafura
2 Identifique o recurso expressivo presente no verso 14, explicitando o seu valor semân-
tico.
3 Comprove que o apego à terra é uma ideia que percorre todo o poema.
113
ANÁLISE TEXTUAL — POETAS CONTEMPORÂNEOS
GRUPO II
1
estava eu; 2 esperando; 3 diante; 4 tenho; 5 alto
114
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 9
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Uma vez por outra, Blimunda levanta-se mais cedo, antes de comer o pão de todas as manhãs, e,
deslizando ao longo da parede para evitar pôr os olhos em Baltasar, afasta o pano e vai inspecionar
a obra feita, descobrir a fraqueza escondida do entrançado, a bolha de ar no interior do ferro, e, aca-
bada a vistoria, fica enfim a mastigar o alimento, pouco a pouco se tornando tão cega como a outra
5 gente que só pode ver o que à vista está. Quando isto fez pela primeira vez e Baltasar depois disse
ao padre Bartolomeu Lourenço, Este ferro não serve, tem uma racha por dentro, Como é que sabes,
Foi Blimunda que viu, o padre virou-se para ela, sorriu, olhou um e olhou outro, e declarou, Tu és
Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras, e, assim, Blimunda, que
até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem batizada estava, que
10 o batismo foi de padre, não alcunha de qualquer um. Dormiram nessa noite os sóis e as luas abraça-
dos, enquanto as estrelas giravam devagar no céu, Lua onde estás, Sol aonde vais.
Quando calha, vem o padre Bartolomeu Lourenço experimentar aqui os sermões que compôs, pela
bondade do eco que as paredes têm, o bastante apenas para ficar redonda a palavra, sem a resso-
nância excessiva que encavala os sons e acaba por empastar o sentido. Assim é que deviam soar as
15 imprecações dos profetas no deserto ou nas praças públicas, lugares sem paredes ou que as não têm
próximas, e por isso inocentes das leis da acústica, está a graça no órgão que profere a palavra, não
nos ouvidos que a ouvem ou nos muros que a devolvem. Porém, esta religião é de oratório mimoso,
com anjos carnudos e santos arrebatados, e muitas agitações de túnica, roliços braços, coxas adivinha-
das, peitos que arredondam, revirações dos olhos, tanto está sofrendo quem goza como está gozando
20 quem sofre, por isso é que não vão os caminhos dar todos a Roma, mas ao corpo. Esforça-se o padre
na oratória, tanto mais que logo ali está quem o ouça, mas, ou por efeito intimidativo da passarola ou
por frieza egoísta dos auditores, ou por faltar o ambiente eclesial, as palavras não voam, não retum-
bam, enredam-se umas pelas outras, parece impróprio que tenha o padre Bartolomeu Lourenço tão
grande fama de orador sacro, ao ponto de o terem comparado ao padre António Vieira, que Deus haja e
25 o Santo Ofício houve. Aqui ensaiou o padre Bartolomeu Lourenço o sermão que foi pregar a Salvaterra
de Magos, estando lá el-rei e a corte, aqui está provando agora o que pregará na festa dos desponsórios
de S. José, que lho encomendaram os dominicanos, afinal não lhe desaproveita muito a fama que tem
de voador e extravagante, que até os filhos de S. Domingos o requestam, de el-rei não falemos, que
sendo tão moço ainda gosta de brinquedos, por isso protege o padre, por isso se diverte tanto com as
30 freiras nos mosteiros e as vai emprenhando, uma após outra, ou várias ao mesmo tempo, que quando
acabar a sua história se hão de contar por dezenas os filhos assim arranjados, coitada da rainha, que
seria dela se não fosse o seu confessor António Stieff, jesuíta, por lhe ensinar resignação, e os sonhos
em que lhe aparece o infante D. Francisco com marinheiros mortos pendurados dos arções das mulas,
e que seria do padre Bartolomeu Lourenço se aqui entrassem os dominicanos […].
José Saramago, Memorial do convento, 63.a ed., Porto, Porto Editora, 2022, cap. IX, pp. 96-98.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
3 Explique por que razão se pode afirmar que o padre Bartolomeu Lourenço é uma figura
controversa.
115
ANÁLISE TEXTUAL — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
GRUPO II
116
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 10
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Foram as ordens, vieram os homens. De sua própria vontade alguns, aliciados pela promessa de
bom salário, por gosto de aventura outros, por desprendimento de afetos também, à força quase
todos. Deitava-se o pregão nas praças, e, sendo escasso o número de voluntários, ia o corregedor pelas
ruas, acompanhado dos quadrilheiros1, entrava nas casas, empurrava os cancelos dos quintais, saía ao
5 campo a ver onde se escondiam os relapsos, ao fim do dia juntava dez, vinte, trinta homens, e quando
eram mais que os carcereiros atavam-nos com cordas, variando o modo, ora presos pela cintura uns
aos outros, ora com improvisada pescoceira, ora ligados pelos tornozelos, como galés ou escravos. Em
todos os lugares se repetia a cena, Por ordem de sua majestade, vais trabalhar na obra do convento
de Mafra, e se o corregedor era zeloso, tanto fazia que estivesse o requisitado na força da vida como já
10 lhe escorregasse o rabo da tripeça2, ou pouco mais fosse que menino. Recusava-se o homem primeiro,
fazia menção de escapar, apresentava pretextos, a mulher no fim do tempo, a mãe velha, um rancho
de filhos, a parede em meio, a arca por confortar, o alqueive3 necessário, e se começava a dizer as
suas razões não as acabava, deitavam-lhe a mão os quadrilheiros, batiam-lhe se resistia, muitos eram
metidos ao caminho a sangrar.
15 Corriam as mulheres, choravam, e as crianças acresciam o alarido, era como se andassem os cor-
regedores a prender para a tropa ou para a Índia. Reunidos na praça de Celorico da Beira, ou de Tomar,
ou em Leiria, em Vila Pouca ou Vila Muita, na aldeia sem mais nome que saberem-no os moradores de
lá, nas terras da raia ou da borda do mar, ao redor dos pelourinhos, no adro das igrejas, em Santarém
e Beja, em Faro e Portimão, em Portalegre e Setúbal, em Évora e Montemor, nas montanhas e na
20 planície, e em Viseu e Guarda, em Bragança e Vila Real, em Miranda, Chaves e Amarante, em Vianas
e Póvoas, em todos os lugares aonde pôde chegar a justiça de sua majestade, os homens, atados como
reses4, folgados apenas quanto bastasse para não se atropelarem, viam as mulheres e os filhos im-
plorando o corregedor, procurando subornar os quadrilheiros com alguns ovos, uma galinha, míseros
expedientes que de nada serviam, pois a moeda com que el-rei de Portugal cobra os seus tributos é o
25 ouro, é a esmeralda, é o diamante, é a pimenta e a canela, é o marfim e o tabaco, é o açúcar e a sucu-
pira5, lágrimas não correm na alfândega. E se para isso tiveram tempo, quadrilheiros houve que se go-
zaram das mulheres dos presos, que a tanto se sujeitaram as pobres para não perder os seus maridos,
porém desesperadas os viam depois partir, enquanto os aproveitadores se riam delas, Maldito sejas
até à quinta geração, de lepra se te cubra o corpo todo, puta vejas a tua mãe, puta a tua mulher, puta
30 a tua filha, empalado sejas do cu até à boca, maldito, maldito, maldito. Já vai andando a récua6 dos
homens de Arganil, acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo,
Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo
desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os montes de mais perto
respondiam, quase movidos de alta piedade, enfim já os levados se afastam, vão sumir-se na volta do
35 caminho, rasos de lágrimas os olhos, em bagadas caindo aos mais sensíveis, e então uma grande voz
se levanta, é um labrego de tanta idade já que o não quiseram, e grita subido a um valado que é púlpito
de rústicos, Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça, e tendo assim clamado,
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veio dar-lhe o quadrilheiro uma cacetada na cabeça, que ali mesmo o deixou por morto.
José Saramago, Memorial do convento,
63.a ed., Porto, Porto Editora, 2022, cap. XXI, pp. 323-325.
1
soldados que faziam a ronda das ruas; 2 ter idade avançada; 3 terra que se lavra e se deixa em pousio, para que descanse;
4
animais quadrúpedes; 5 árvore leguminosa do Brasil; 6 fileira de bestas de carga
117
ANÁLISE TEXTUAL — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
GRUPO II
1
porque; 2 antiga medida para líquidos; 3 bolbos; 4 melaço cristalizado; 5 onde; 6 falta; 7 viviam deles (dos porcos);
8
negociantes de gado; 9 passando fome; 10 fome; 11 preces; 12 tristeza, aborrecimento; 13 preocupado; 14 contudo; 15 inimigos
118
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 11
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Leia com atenção o excerto de O ano da morte de Ricardo Reis. Se necessário, consulte as notas.
Ricardo Reis aconchega a gabardina ao corpo, friorento, atravessa de cá para lá, por outras ala-
medas regressa, agora vai descer a Rua do Século, nem sabe o que o terá decidido, sendo tão ermo e
melancólico o lugar, alguns antigos palácios, casas baixinhas, estreitas, de gente popular, ao menos
o pessoal nobre de outros tempos não era de melindres, aceitava viver paredes meias com o vulgo,
5 ai de nós, pelo caminho que as coisas levam, ainda veremos bairros exclusivos, só residências, para
a burguesia de finança e fábrica, que então terá engolido da aristocracia o que resta, com garagem
própria, jardim à proporção, cães que ladrem violentamente ao viajante, até nos cães se há de notar a
diferença, em eras distantes tanto mordiam a uns como a outros.
Vai Ricardo Reis descendo a rua, sem nenhuma pressa, […] e agora nesta rua, apesar de tão sosse-
10 gada, sem comércio, com raras oficinas, há grupos que passam, todos que descendo vão, gente pobre,
alguns mais parecem pedintes, famílias inteiras, com os velhos atrás, a arrastar a perna, o coração a
rasto, as crianças puxadas aos repelões pelas mães, que são as que gritam, Mais depressa, senão aca-
ba-se. O que se acabou foi o sossego, a rua já não é a mesma, os homens, esses, disfarçam, simulam
a gravidade que a todo o chefe de família convém, vão no seu passo como quem traz outro fito ou não
15 quer reconhecer este, e juntamente desaparecem, uns após outros, no próximo cotovelo da rua […].
Diante de Ricardo Reis aparece uma multidão negra que enche a rua em toda a largura […]. Ricardo
Reis aproxima-se, pede licença para passar, […] alcançou o meio da rua, está defronte da entrada do
grande prédio do jornal O Século, o de maior expansão e circulação, a multidão alarga-se, mais folgada,
pela meia-laranja que com ele entesta, respira-se melhor, só agora Ricardo Reis deu por que vinha
20 a reter a respiração para não sentir o mau cheiro, ainda há quem diga que os pretos fedem, o cheiro
do preto é um cheiro de animal selvagem, não este odor de cebola, alho e suor recozido, de roupas
raro mudadas, de corpos sem banho ou só no dia de ir ao médico, qualquer pituitária1 medianamente
delicada se teria ofendido na provação deste trânsito. À entrada estão dois polícias, aqui perto outros
dois que disciplinam o acesso, a um deles vai Ricardo Reis perguntar, Que ajuntamento é este, senhor
25 guarda, e o agente de autoridade responde com deferência, vê-se logo que o perguntador está aqui
por um acaso, É o bodo2 do Século, Mas é uma multidão, Saiba vossa senhoria que se calculam em
mais de mil os contemplados, Tudo gente pobre, Sim senhor, tudo gente pobre, dos pátios e barracas,
Tantos, E não estão aqui todos, Claro, mas assim todos juntos, ao bodo, faz impressão, A mim não, já
estou habituado, E o que é que recebem, A cada pobre calha dez escudos, Dez escudos, É verdade, dez
30 escudos, e os garotos levam agasalhos, e brinquedos, e livros de leitura, Por causa da instrução, Sim
senhor, por causa da instrução, Dez escudos não dá para muito, Sempre é melhor que nada, Lá isso é
verdade, Há quem esteja o ano inteiro à espera do bodo, deste e dos outros, olhe que não falta quem
passe o tempo a correr de bodo para bodo […].
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, Porto, Porto Editora, 2021, cap. III, pp. 72-74, 75-76.
1
membrana mucosa que reveste as cavidades nasais; 2 distribuição solene de alimentos, e, por extensão, de dinheiro e roupas,
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a necessitados
2 Explicite de que forma o bodo do Século a que Reis assiste espelha o Portugal de 1936.
119
ANÁLISE TEXTUAL — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
GRUPO II
Leia o poema.
[…]
E, como um feto, enfim, que se dilate,
Como é saudável ter o seu conchego, Vi nos legumes carnes tentadoras,
E a sua vida fácil! Eu descia, Sangue na ginja vívida, escarlate,
Sem muita pressa, para o meu emprego, Bons corações pulsando no tomate
Aonde agora quase sempre chego 40 E dedos hirtos, rubros, nas cenouras.
10 Com as tonturas d’uma apoplexia.
[…]
[…] […]
[…]
E, como as grossas pernas d’um gigante,
E eu recompunha, por anatomia, Sem tronco, mas atléticas, inteiras,
Um novo corpo orgânico, aos bocados. Carregam sobre a pobre caminhante,
Achava os tons e as formas. Descobria Sobre a verdura rústica, abundante,
Uma cabeça numa melancia, 55 Duas frugais abóboras carneiras.
25 E nuns repolhos seios injetados. Lisboa, verão de 1877
2 Explique, justificando com elementos textuais, por que razão se pode afirmar que neste
poema se assiste à transfiguração poética do real.
120
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 12
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
Ricardo Reis não saiu para jantar […]. Já passava das onze
horas, desceu ao jardim para olhar os barcos uma vez mais, deles viu
apenas as luzes de posição, agora nem sequer sabia distinguir entre avisos1
e contratorpedeiros. Era o único ser vivo no Alto de Santa Catarina, com
5 o Adamastor já não se podia contar, estava concluída a sua petrificação,
a garganta que ia gritar não gritará, a cara mete horror olhá-la. Voltou Ricardo
Reis para casa, certamente não vão sair de noite, à ventura, com risco de
encalhe. Deitou-se, meio despido, adormeceu tarde, acordou, tornou a ador-
mecer, tranquilizado pelo grande silêncio que havia na casa, a primeira luz
10 da manhã entrava pelas frinchas da janela quando despertou, nada acon-
tecera durante a noite, agora que outro dia começara parecia impossível
que alguma coisa pudesse acontecer. Recriminou-se pelo despropósito de
dormir vestido, só descalçara os sapatos e tirara o casaco e a gravata, Vou
tomar um banho, disse, baixara-se para procurar os chinelos debaixo da
15 cama, então ouviu o primeiro tiro de peça. Quis acreditar que se enganara,
talvez tivesse caído qualquer objeto muito pesado no andar de baixo, um
móvel, a dona da casa com um desmaio, mas outro tiro soou, as vidraças
estremeceram, são os barcos que estão a bombardear a cidade. Abriu a
janela, na rua havia pessoas assustadas, uma mulher gritou, Ai que é uma
20 revolução, e largou a correr, calçada acima, na direção do jardim. Ricardo
Reis calçou-se rapidamente, enfiou o casaco, ainda bem que não se despira,
parecia que adivinhava […]. Quando Ricardo Reis chegou ao jardim havia
já muitas pessoas, morar aqui perto era um privilégio, não há melhor sítio
em Lisboa para ver entrar e sair os barcos. Não eram os navios de guerra
25 que estavam a bombardear a cidade, era o forte de Almada que disparava
contra eles. Contra um deles. Ricardo Reis perguntou, Que barco é aquele,
teve sorte, calhou dar com um entendido, É o Afonso de Albuquerque. […]
Durante toda a tarde, Lídia não apareceu. Na hora da distribuição dos
vespertinos Ricardo Reis saiu para comprar o jornal. Percorreu rapida-
30 mente os títulos da primeira página, procurou a continuação da notícia na página central dupla, ou-
tros títulos, ao fundo, em normando, Morreram doze marinheiros, e vinham os nomes, as idades,
Daniel Martins de vinte e três anos, Ricardo Reis ficou parado no meio da rua, com o jornal aberto
[…]. É quase noite. Diz o jornal que os presos foram levados primeiro para o Governo Civil, de-
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pois para a Mitra, que os mortos, alguns por identificar, se encontram no necrotério. Lídia andará
35 à procura do irmão, ou está em casa da mãe, chorando ambas o grande e irreparável desgosto.
Então bateram à porta. Ricardo Reis correu, foi abrir já prontos os braços para recolher a lacrimosa
mulher, afinal era Fernando Pessoa, Ah, é você, Esperava outra pessoa, Se sabe o que aconteceu, deve
calcular que sim, creio ter-lhe dito um dia que a Lídia tinha um irmão na Marinha, Morreu, Morreu.
121
ANÁLISE TEXTUAL — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
Estavam no quarto, Fernando Pessoa sentado aos pés da cama, Ricardo Reis numa cadeira. Anoite-
40 cera por completo. […] Fernando Pessoa tinha as mãos sobre o joelho, os dedos entrelaçados, estava
de cabeça baixa. Sem se mexer, disse, Vim cá para lhe dizer que não tornaremos a ver-nos, Porquê,
O meu tempo chegou ao fim, lembra-se de eu lhe ter dito que só tinha para uns meses, Lembro-me,
Pois é isso, acabaram-se. Ricardo Reis subiu o nó da gravata, levantou-se, vestiu o casaco. Foi à mesa
de cabeceira buscar The god of the labyrinth, meteu-o debaixo do braço, Então vamos, disse, Para
45 onde é que você vai, Vou consigo, Devia ficar aqui, à espera da Lídia, Eu sei que devia, Para a consolar
do desgosto de ter ficado sem o irmão, Não lhe posso valer, E esse livro, para que é, Apesar do tempo
que tive, não cheguei a acabar de lê-lo, Não irá ter tempo, Terei o tempo todo, Engana-se, a leitura é a
primeira virtude que se perde, lembra-se. Ricardo Reis abriu o livro, viu uns sinais incompreensíveis,
uns riscos pretos, uma página suja, Já me custa ler, disse, mas mesmo assim vou levá-lo, Para quê,
50 Deixo o mundo aliviado de um enigma. Saíram de casa, Fernando Pessoa ainda observou, Você não
trouxe chapéu, Melhor do que eu sabe que não se usa lá. Estavam no passeio do jardim, olhavam as
luzes pálidas do rio, a sombra ameaçadora dos montes. Então vamos, disse Fernando Pessoa, Vamos,
disse Ricardo Reis. O Adamastor não se voltou para ver, parecia-lhe que desta vez ia ser capaz de dar
o grande grito. Aqui, onde o mar se acabou e a terra espera.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,
Porto, Porto Editora, 2021, cap. XIX, pp. 486-487, 492-494.
1
navios de guerra, pequenos e velozes
3 Explique a metáfora subjacente ao título do livro que Ricardo Reis faz questão de levar
consigo.
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122
ANÁLISE TEXTUAL — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
GRUPO II
Leia o poema.
1 Apresente a situação denunciada pelo sujeito lírico neste poema, tendo em conta
o contexto histórico da sua escrita. Justifique a sua resposta com elementos textuais.
123
Esquemas
interpretativos
• Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
• Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
• Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“Marinha”
1.a estrofe Registo do estado de sofrimento e da inveja dos que são felizes
2.a estrofe Referência à dor provocada pelo uso excessivo do pensamento racional
A obra nasce
127
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“Isto”
128
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Inconsciente Consciente
Instintivo Racional
A vivida A pensada
129
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
resposta
Demasiado pensada
Nostalgia da infância
Presente Lembrança
130
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Recordar a infância
Realidade ≠ Sonho
Cantigas de amigo
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131
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Ilha
Desvirtuamento do sonho/ilha
Regresso à realidade
132
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“Maravilha-te, memória!”
Maravilha-te, memória!
O papel da memória
Lembras o que nunca foi,
E a perda daquela história
Mais que uma perda me dói. Os contos de fadas
Permite recordar
o que nunca foi
Meus contos de fadas meus, ou o que nunca existiu
Desejo de regressar à infância
Rasgaram-lhe a última folha...
Meus cansaços são ateus
Dos deuses da minha escolha... Choro de hoje ≠ Riso de outrora
1
por
133
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Ulisses
Mito
Nada Tudo
• Dá sentido à vida
• Se não se acreditar, a vida torna-se inútil
D. Dinis
Trovador Criador
“escreve um seu cantar Do futuro império
de Amigo” “O plantador de naus a haver”
Visionário
• Lança a semente para os
Descobrimentos
• A terra/o pinhal foi o alimento
do império marítimo
134
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
D. Sebastião
Consequências
Sagração do Infante
135
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Mar
Antes Depois
(dos Descobrimentos
portugueses)
• Medo/perigo • Novidade
• Símbolo do desconhecido • Conhecimento
• Coragem
• Ousadia
Dimensão épica
• Ser coletivo / Representação
de um povo
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136
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Mar (Descobrimentos)
• Lágrimas
• Choro • Realização
• Dor • Compensação
• Perigo • Fama
• Tragédia • Glória
• Sacrifício
Sofrimento Imortalidade
Prece
Conquista do sonho,
3.a estrofe Apelo à fé e ao esforço para reacender a chama
do novo império
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137
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
2.a estrofe Reforço do lamento por saber que há quem viva só por viver
138
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
MIGUEL TORGA
• Fonte = vida
• Confidente do poeta
• Carvalho = força;
• Fonte de inspiração
vitalidade
Invocação da ninfa
Súplica do sujeito poético, que pede à ninfa: Razão: versos rudes, imperfeitos
≠
Beleza da ninfa
1.o que despreze os seus versos
139
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“Eu” ≠ Outros
Ambos procuram
vencer a morte/dor
através do amor
Sísifo
(Poema) (Mito)
VALORIZAÇÃO DO HOMEM
• Tradição literária:
– Os Lusíadas, reflexões do poeta (cantos I e IV)
140
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“A um negrilho”
Negrilho Poeta
• Poeta
• Mestre • Inspiração
• Tranquilidade
TU • Avena
• Sonho
• Gigante/sonho • Companheirismo
• Bosque
– “vento”
– “estrelas” • Tradição literária:
Natureza
– “pássaros” – Cantigas de amigo
– “ninho”
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141
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“Prospeção”
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Gustav Klimt, Retrato de Adele Bloch-Bauer I, 1907.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.
“Orfeu rebelde [1958]”, in Miguel Torga, Antologia poética,
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2014, p. 216.
“Prospeção”
Solidão/vazio
142
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
EUGÉNIO DE ANDRADE
Silêncio
Passado ≠ Presente
• Ausência de
• Entrega
comunicação
• Intimidade
• “nada”/vazio
• “tanto”
• Fim do amor
− domina a Natureza
− possui o encanto da fonte
Green God
− promove o fluir do rio
− transforma o corpo em árvore
Renascimento da Natureza:
Cria uma
• Deus telúrico
atmosfera de
Vegetalização • Deus órfico
encantamento
do corpo (ligação à música)
reforçada
• Fonte de vida e de
pela dança
movimento
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Flauta
Fonte (símbolo da poesia
e da música)
143
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
• Um corpo
• Outro corpo
“Agora as palavras”
144
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“Poema à mãe”
Relação
EU vs. TU
(sujeito poético) (Mãe)
Razões da traição:
• cresceu e encontrou novas seduções
EU
• deixou de ser o menino do retrato
• perdeu a inocência da infância
145
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
MANUEL ALEGRE
Eu / Tu – Despedida Sofrimento/Dor
Madrugada: testemunha/consequência:
Pátria vivida
• Tristeza
• Desamparo Dor coletiva
• Repressão
• Miséria
Uns ≠ Outros
• Esperança
• Liberdade
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146
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Presente ≠ Futuro
• Falar
• Proibir • Amar
• Fugir • Cantar
• Fingir que se vive • Viver
• Olhar para o chão [Terra] • Dizer não
• Olhar os astros [Céu]
• O poeta engagé
• Poesia como arma de denúncia e de luta com vista à Mudança
• Tradição literária:
– Camões lírico: temática de “a mudança”
Jogo
deixar/levar; amor/dor
• Tradição literária:
– Poesia lírica de Camões
> Recuperação do mote
Verso de redondilha maior
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– Cantigas de amigo
> Ritmo cantante
> Jogo de palavras
> Marcas de oralidade (rimas)
147
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
148
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“Coisa amar”
Conclusão
149
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Criação poética
“Técnica vs Artesanato”
Razões: • Criatividade
• impossibilidade de rasurar, anotar • Inspiração
• dificuldade em partilhar sentimentos • Ligação entre o escritor
e emoções (artista) e a escrita (arte)
Chegada a terra:
concretização do sonho
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150
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
“Visitação”
Dois reinos
Divino Humano
Mediador:
Anjo
“queixando-se”
2. Aproxima-se do humano: • Caráter narrativo do poema
“E aqui ficou” “sonhando” • Tradição literária:
“E aqui ficado, o anjo adormeceu” – Episódio da “Ilha dos Amores”,
“esquecendo” de Os Lusíadas
3. Escolhe ser humano:
“e ele acordou, […] / viu que era bom ter nome, e sede, e fome”
151
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
Velhice
Inês Pedro
• Tradição literária:
– Os Lusíadas, episódio lírico de “Inês de Castro” • Subversão da tradição literária:
– Frei Luís de Sousa, cena 1, ato I (D. Madalena lê – Tom lúdico e irónico no tratamento de um episódio
o episódio de “Inês de Castro”, de Os Lusíadas). histórico
152
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS
• Camões e Petrarca
(forma estrófica) • A “ciência” de desviar a tradição • Pessoa: fingimento poético
• Tema: o amor
Arte poética
A coexistência/diálogo entre
153
Questões
de aula
• Questão de aula 1 – Modernismo . . . . . . . . . . . . . . . 157
• Questão de aula 2 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo . . 158
• Questão de aula 3 – Fernando Pessoa,
Poesia dos heterónimos (Alberto Caeiro) . . . . . . . . . 159
• Questão de aula 4 – Fernando Pessoa,
Poesia dos heterónimos (Ricardo Reis) . . . . . . . . . . 160
• Questão de aula 5 – Fernando Pessoa,
Poesia dos heterónimos (Álvaro de Campos) . . . . . . . 161
• Questão de aula 6 – Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . 163
• Questão de aula 7 – Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
• Questão de aula 8 – Poetas contemporâneos . . . . . . . . . 167
• Questão de aula 9 – Memorial do convento,
José Saramago . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
• Questão de aula 10 – O ano da morte de Ricardo Reis,
José Saramago . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.8, selecione a opção correta.
[8 itens x 25 pontos = 200 pontos]
1.1 O Modernismo, em Portugal, é divulgado através
A. dos manifestos publicados entre 1914 e 1915.
B. de algumas revistas e dos autores que nelas colaboraram.
C. de autores como Filippo Marinnetti e Santa-Rita Pintor.
D. da revista Presença, criada por Fernando Pessoa.
1.6 O Modernismo é um movimento estético envolto num tom provocatório que marca
a entrada da literatura portuguesa no denominado
A. realismo. C. romantismo.
B. classicismo. D. vanguardismo.
B. animadora. D. polémica.
157
FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO
QUESTÃO
DE AULA 2 ESCOLA: DATA: / /
1 Assinale como verdadeiras ou como falsas as afirmações. [12 itens x 10 pontos = 120 pontos]
A. Em termos políticos e sociais, a época em que viveu Pessoa foi estável e próspera.
B. A Geração do Orpheu caracteriza-se pela abolição de qualquer imposição.
C. Fernando Pessoa apresenta-se como o poeta das coisas concretas e objetivas.
D. O fingimento é a linguagem da arte que corresponde a uma sinceridade intelectual.
E. A nostalgia da infância evidencia a apologia do uso da razão na sua plenitude.
F. Sonho e realidade são dicotomias que nunca foram objeto de análise por parte
de Pessoa.
G. A dor de pensar é uma das temáticas presentes na poesia de Fernando Pessoa.
H. A nostalgia da infância justifica-se porque em criança o poeta foi feliz.
I. Para Pessoa, a inconsciência corresponde ao tempo da infância.
J. Viver num estado de inconsciência implica libertar-se do intelecto.
K. Fernando Pessoa consegue conciliar o pensar e o sentir.
L. A poesia de Fernando Pessoa apresenta uma linguagem simbólica e metafórica.
2 Para completar cada um dos itens 2.1 a 2.4, selecione a opção correta.
[4 itens x 20 pontos = 80 pontos]
2.1 Ao assumir a intelectualização das emoções, Pessoa escreve poemas onde
A. o seu estado de espírito prevalece.
B. as reflexões mentais se manifestam.
C. a alma do poeta se espelha.
D. confluem e harmonizam as emoções.
2.2 O poeta aspira ser a “ceifeira” ou o “gato” que brinca na rua, porque
A. ambos são felizes sem o saberem.
B. a dor de pensar o atormenta.
C. está descontente com a vida.
D. ambos agem por instinto.
158
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS (Alberto Caeiro)
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 3
NOME: N.O: TURMA
1 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [14 itens x 10 pontos = 140 pontos]
2 Para completar cada um dos itens 2.1 a 2.3, selecione a opção correta.
[3 itens x 20 pontos = 60 pontos]
2.1 Para Caeiro, recordar é
A. viver novamente o passado.
B. atraiçoar o real, a Natureza.
C. presentificar o que se ama.
D. conhecer a verdade do mundo.
159
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS (Ricardo Reis)
QUESTÃO
DE AULA 4 ESCOLA: DATA: / /
Coluna A Coluna B
1
serenidade, ausência de tumulto; 2 caráter implacável e imperioso
160
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS (Álvaro de Campos)
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 5
NOME: N.O: TURMA
1 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]
Coluna A Coluna B
161
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 6
NOME: N.O: TURMA
163
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
Coluna A Coluna B
4 Para completar cada um dos itens de 4.1 a 4.4, selecione a opção correta.
[4 itens x 5 pontos = 20 pontos]
Coluna A Coluna B
A. Na sua juventude, George decide abandonar a sua aldeia natal pela procura de
melhores condições de vida, face à miséria que a vitimou durante toda a sua
infância.
B. Enquanto pintora, George adotou estrategicamente um nome próximo do uni-
verso masculino, de modo a conseguir sucesso num mundo de trabalho onde
predominavam os homens.
C. George caracteriza-se, ao longo da vida, pelo seu caráter errante e pelo receio
que apresenta em relação à possibilidade de criar raízes e de se acomodar
à monotonia do dia a dia.
D. A viagem de comboio de George de regresso a Amesterdão funciona como uma
metáfora da fugacidade da vida e da inexorabilidade da passagem do tempo.
E. Quando confrontada pela sua imagem no futuro, George sente-se aliviada
e confiante.
F. O diálogo entre a realidade, a memória e a ficção é um tema recorrente ao longo
do conto.
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165
POETAS CONTEMPORÂNEOS
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 8
NOME: N.O: TURMA
1 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [12 itens x 10 pontos = 120 pontos]
167
POETAS CONTEMPORÂNEOS
2 Associe cada um dos tópicos de conteúdo referidos na coluna A aos excertos de poemas
que os ilustram, apresentados na coluna B. [4 itens x 5 pontos = 20 pontos]
Coluna A Coluna B
2. Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
a. Representações Do futuro,
do contemporâneo Dá-os em liberdade.
“Sísifo”, Miguel Torga
3. Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
b. Tradição literária “Prospeção”, Miguel Torga
168
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 9
NOME: N.O: TURMA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.10, selecione a opção correta. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]
1.6 Após o auto de fé em que se conhecem, o par Baltasar e Blimunda vai para
A. Mafra, para casa de João Francisco, pai de Baltasar.
B. S. Sebastião da Pedreira, para a abegoaria dos condes de Aveiro.
C. a casa que o padre Bartolomeu lhes preparara, em Mafra.
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170
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 10
NOME: N.O: TURMA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.10, selecione a opção correta. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]
1.4 Fernando Pessoa, no primeiro encontro com Ricardo Reis, afirma que
A. quer ser sepultado no Cemitério dos Prazeres, quando morrer.
B. tem ainda oito meses para circular à vontade no mundo dos vivos.
C. já não tem vontade de viver.
D. quase morreu devido a uma cirrose hepática.
171
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
172
CENÁRIOS DE
RESPOSTA
ANÁLISE PASSO A PASSO de pastor a célebre guerreiro, expulsou outros povos
do território que hoje é Portugal, tendo influenciado
Análise passo a passo 1 (p. 67) os vindouros com o seu instinto bélico, tal como se
1. O sujeito poético mostra-se confuso, indeciso, sen- pode ver em “Vivemos, raça, porque houvesse / Me-
tindo dificuldade em se definir. Porém, e perante esta mória em nós do instinto teu” (vv. 3-4).
incerteza, acaba por revelar resignação e aceitação 2. O facto de Viriato ter sido um combatente com um espí-
da sua condição de ser pensante e mortal, principal- rito de luta fez com que a sua ação fosse determinante
mente quando, depois de observar o que acontece para a construção da nação portuguesa, principalmente
com a flor, percebe que, tal como o fim chega para porque ajudou a expulsar do território nacional outros
ela, mesmo não pensando, também irá chegar para povos. Ele foi uma espécie de fundador, foi “haste”,
ele, apesar de pensar. atribuindo-se-lhe a origem da nossa nacionalidade, tal
2. O sujeito poético parece, inicialmente, sentir inveja como deixam antever versos como “Ou tu, ou o de que
da flor que flore mesmo não tendo coração. Contudo, eras a haste – / Assim se Portugal formou” (vv. 7-8) ou
acaba por entender que o florir é um ato natural e ine- ainda “Teu ser é como aquela fria / Luz que precede a
rente à flor, tal como pensar é inerente ao ser humano, madrugada” (vv. 9-10), onde se evidencia que Viriato foi,
acabando por concluir que quer o ato de florir quer ainda que sem o saber, o pai de Portugal.
o ato de pensar são ações naturais e espontâneas, 3. Esta metáfora destaca Viriato como um herói pré-na-
típicas de cada ser vivo. cional, uma vez que, pela expressão “o ir a haver o dia”
3. As frases declarativas estão associadas às certezas (v. 11), se indicia a preparação de algo que está para
do sujeito poético, conquanto a interrogativa remete vir. Logo, “o dia” será metáfora da nação que, à época,
para a dúvida que emite e a exclamativa transmite a ainda não seria de nenhum povo em particular, até por-
emotividade, o prazer, que se apodera do “eu” quando que esta parte da península acabou, mais tarde, por ser
este atenta na flor e analisa as sensações que esta dominada pelos romanos. Foi um exemplo de guerreiro
lhe provoca. no ano de 139 a. C., tendo infligido pesadas derrotas
a alguns comandantes enviados por Roma.
4. B
4. a. 2; b. 1; c. 1; d. 3
Análise passo a passo 2 (p. 71)
Análise passo a passo 4 (p. 79)
1. A primeira pessoa do plural constitui uma referên-
cia a um coletivo humano, no qual se insere também A — “SEMPRE É UMA COMPANHIA”, DE MANUEL DA FONSECA
o sujeito poético, que, como muitos outros, é adepto 1. A passagem do tempo depende do estado de espí-
de uma filosofia de vida estoico-epicurista. rito da personagem; como a rádio trouxe vida à al-
2. Entre o “nós” e o tempo existe uma relação de inferio- deia, isto animou Batola que passou a desempenhar
ridade, ou seja, o tempo é superior, tendo a capacidade com vontade tarefas anteriormente evitadas, tais
de manipular e subjugar o “nós”, dado ser uma força como trabalhar na venda, aviar os fregueses. E isto
inelutável. transmite a perceção de que “os dias passam agora
3. Os elementos referenciados pertencem ao mundo na- rápidos”; acrescente-se, ainda, que também para os
tural e transmitem, ao sujeito poético, o ensinamento ceifeiros (tal como para Batola) o tempo não custou
de que a vida é bela (“flores” e “girassóis”), mas tam- a passar, “o fim do mês caiu de surpresa em cima da
bém passageira como os “rios”. aldeia…”, em virtude da alegria que a rádio trouxe aos
serões em Alcaria.
4. As formas verbais encontram-se no presente do con-
juntivo e têm um valor exortativo, encontrando-se ao 2. A rádio trouxe desenvolvimento a Alcaria e um maior
serviço da transmissão de um conjunto de conselhos. conhecimento da atualidade nacional e internacional.
Os ceifeiros, que anteriormente não tinham vida social
5. A referência ao “Mestre” (v. 1) remete-nos para Alberto nem meio de se informarem sobre o que se passava,
Caeiro, também ele apologista da Natureza, da calma podem agora tomar conhecimento das notícias nacio-
e da serenidade. nais e internacionais, nomeadamente da guerra, atra-
6. Neste poema, Ricardo Reis apresenta uma filosofia de vés da “determinada voz” sempre ansiada.
vida baseada nos ideais do epicurismo e do estoicismo, 3. O receio é o de que o rádio tenha de ser devolvido, já
ou seja, defende a procura da felicidade através de um que isso implicaria o regresso à “escuridão” e ao alhea-
exercício de autodisciplina, moderando-se as fortes mento do mundo. Por isso, os ceifeiros abandonam a
emoções e aceitando o curso normal das coisas. venda mudos e taciturnos. Não saber se o rádio con-
tinuaria ou não na venda, fá-los pensar que poderão
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Análise passo a passo 3 (p. 75) regressar à sua antiga vida – letárgica e triste. A espe-
1. A memória é uma capacidade do ser humano que rança trazida pelo aparelho morria agora ante a pers-
lhe permite guardar factos dignos de glória e que petiva da sua devolução.
contribuíram para a afirmação nacional. Nesse 4. Perante a postura submissa da mulher (e o seu apare-
sentido, esses feitos ficam registados na história cimento na venda fora de horas), o que contrasta com
de uma nação e foi o que aconteceu relativamente a sua maneira de ser habitual, Batola interroga-se e
a este herói pré-nacional, chefe dos lusitanos, que, aguarda ansiosamente o pedido que ela quer fazer,
173
CENÁRIOS DE RESPOSTA
“Suspenso, o homem aguarda”. Esta “cedência” da homens manifestem vontade de o fazer. Sem ela, nada
mulher às aspirações de Batola muda o final da ação, acontece nem se realiza.
uma vez que a decisão que todos esperavam era a de 2. Blimunda ficou incumbida de recolher vontades que se
que ela não aceitasse a compra do rádio. desprendessem dos homens (duas mil no total). Para
B — “GEORGE”, DE MARIA JUDITE CARVALHO tal, deveria usar um frasco com uma pastilha de âmbar
amarelo que possuía a faculdade de atrair o éter.
1. A figura mais velha – Georgina – não é uma figura
real. É uma imagem criada por George através da 3. O padre tem esta atitude porque chegou a temer ter
imaginação, como se verifica pelas expressões “vai-se perdido a vontade, quando, numa primeira tentativa,
formando aos poucos como um puzzle gasoso, in- Blimunda nada viu dentro dele. De facto, ele tem plena
quieto, informe”. Podemos ainda confirmar esta ilusão consciência de que, sem ela, o seu projeto de voar
pela afirmação do narrador no penúltimo parágrafo: nunca se concretizaria.
“mas a velha já ali não está.”
Análise passo a passo 7 (p. 93)
2. Georgina é um desdobramento de George e, através
do monólogo interior, tem por finalidade alertar a per- 1. É evidente, pelo diálogo que trava com Fernando
sonagem para os problemas que encontrará no futuro, Pessoa, que Ricardo Reis, regressado a Portugal ao
caso mantenha o comportamento que vem eviden- fim de 16 anos, não está a par da situação política
do país, tomando conhecimento dela apenas pelos
ciando (de não privilegiar as relações pessoais), já que
jornais ou por conversas que vai mantendo com ou-
em termos físicos e materiais − que parece ser o mais
tras personagens, como Lídia. Neste caso concreto,
importante para George − as pessoas sofrem uma evo-
Ricardo Reis opta por colocar as suas dúvidas a
lução que as diminui.
Fernando Pessoa, que, sabendo ler nas entrelinhas,
3. George pretende esquecer as palavras de Georgina, confessa ao seu heterónimo que os meios de comu-
ou melhor, tenta convencer-se de que a idosa não tem nicação estão ao serviço de uma poderosa máquina
razão e de que com ela jamais acontecerá isso. Tenta, de propaganda política.
ainda, interiorizar que os bens materiais, o dinheiro
2. O facto de o arcebispo de Mitilene ter declarado que
que tem no banco, as exposições futuras, continuarão
Portugal é Cristo e Cristo é Portugal evidencia o apoio
a trazer-lhe prestígio e sucesso profissional e, desta
da Igreja ao regime. Cometendo esta blasfémia, ele
forma, poderá “comprar”, quando for velha, o que for
abençoa o país e os seus governantes, e atribui-lhes
necessário para colmatar a solidão.
um cunho sagrado. Por outro lado, esta era a melhor
4. Esta tranquilidade surge a partir do momento em que forma de garantir a adesão do povo ao regime, fazendo
a imagem de Georgina se esfuma. Desta forma, “a voz uso das raízes marcadamente cristãs da população
da consciência” deixa de incomodar a pintora, o que se portuguesa.
verificou nos parágrafos precedentes. O que importa é
3. a. representações do século XX: o poder político
que George continuará a viver, enquanto a sua incons-
(ll. 1-9); b. intertextualidade: ll. 16-18
tância o permitir, “até quando?”, na sua casa mobilada
e a viver o seu sucesso.
174
CENÁRIOS DE RESPOSTA
facto que remete para a dor de pensar. Já na última e “um amargo de boca” na alma, o que não o impede
estrofe, o relevo é dado ao sonho, expressando-se aí a de se sentir liberto, apenas porque, naquele momento,
ideia de que a vida do "eu" poético foi feita de sonhos não está a pensar em nada.
que o impediram de viver: a realidade acabou por con- 2. Os versos referidos são reveladores da satisfação
flituar com o sonho, fazendo com que os sentimentos do “eu” por não pensar, o que lhe permite sentir-se
disfóricos se apossassem deste “eu” que revela des- despreocupado. Estes versos deixam antever que o
conforto, tristeza e angústia por não saber viver. pensamento atormenta a alma e esta só é sentida
3. A personificação é visível em vários versos já que são como inteira, liberta, se o pensamento não atormen-
atribuídas características humanas ao lago, à brisa e tar o sujeito poético, tal como acontece no momento
à água. Assim, expressões como “o lago mudo” (v. 1), da enunciação.
“Que uma brisa estremece” (v. 2) ou “água adorme- 3. Com esta anáfora, consegue acentuar-se o estado de
cida” (v. 10) são ilustrativas deste recurso expressivo, ataraxia em que o “eu” se encontra e reforçar o prazer
sugerindo o modo como o sujeito poético perceciona a que advém de não usar o pensamento, sugerindo que
realidade física que o rodeia. Ao mesmo tempo, permite o pensamento atormenta o sujeito poético e, por isso,
perceber o alheamento dos elementos naturais face ao o não estar pensando naquele momento é motivo de
estado de espírito do “eu”, parecendo até contribuir para grande satisfação e algo incomum, que o levam a re-
acentuar ainda mais o negativismo que o domina. forçar positivamente esse atual estado de espírito.
4. Há três metáforas que estão na base da construção do 4.1 C
poema: “o lago”, “a brisa” e os “trémulos vincos”. A pri-
GRUPO II
meira pode ser entendida como o espelho onde o “eu”
se observa; a segunda sugere os pensamentos e as 1. Os peixes são alvo da inveja do orador uma vez que se
emoções que se apossam do sujeito poético e a última revelam superiores a ele em quase tudo, destacando-
remete para os sonhos que se revelaram enganadores. -se o facto de não ofenderem a Deus, nomeadamente
porque não têm razão, não têm memória e não têm
5. a. 1; b. 2; c. 2; d. 3 vontade. Por outro lado, cumprem o fim para que
GRUPO II foram criados por Deus (servir os homens), enquanto o
1. Carlos da Maia, depois da formatura em medicina, tem, orador não cumpre o fim para que foi criado (moralizar
efetivamente, vários sonhos, como se percebe no pri- os homens, impedindo-os de pecar).
meiro parágrafo do excerto. Porém, também se infere 2. Como estratégias argumentativas, destacam-se as
que “As semanas foram passando” e as “resoluções construções frásicas paralelísticas e anafóricas (“eu
sinceras de trabalho” que trazia foram-se dissipando e lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a me-
sendo substituídas pelas preocupações de decoração mória; eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o
luxuosa porque, no fundo, Carlos era um diletante, ou entendimento”), as interrogações, através das quais se
seja, alguém que se dispersa por várias iniciativas sem capta a atenção do auditório, a que se associa também
concretizar nenhuma. Sendo assim, podem estabele- o uso do vocativo, que permite identificar o interlocutor
cer-se aproximações entre Carlos e Pessoa, porque do orador.
também este sonhou em demasia e não concretizou 3.1 D 3.2 C
os seus sonhos.
2. A afirmação traduz a adoração de Afonso da Maia pelo Análise textual 3 (p. 103)
neto e é reveladora do orgulho e da satisfação que os
GRUPO I
projetos de Carlos lhe proporcionavam, vendo nestas
iniciativas uma força e uma vontade de agir, de triun- 1. Sem a ação do homem, o Ato, e a intervenção de
far que não vira no seu filho Pedro. É como se o velho Deus, o Destino, os Descobrimentos não teriam ocor-
realizasse os seus sonhos através do neto que criara e rido. Tal como se evidencia no poema, Deus teve de
educara segundo os seus princípios. erguer “o facho trémulo e divino” para iluminar o
Homem e, deste modo, afastar o “véu” que ocultava o
3. O diletantismo de Carlos fá-lo dispersar-se por várias
desconhecido. Assim, os portugueses foram protago-
atividades que pretende realizar e, daí, a dificuldade
nistas no desvendar o desconhecido graças à Ciência
em discernir a linha de aplicação do tumulto de forças
e à Coragem (“a alma a Ciência e corpo a Ousadia”)
que desejava concretizar. Veja-se que, no excerto, se
de que se muniram.
dá conta da vontade de instalar um laboratório e mon-
tar um consultório e as “semanas foram passando” 2. As mãos representam simbolicamente o Ato e o Des-
e nenhum dos planos de Carlos fora concretizado. tino e é graças a elas que o mistério é desvendado.
Com efeito, se uma das mãos remete para a interven-
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4.1 D
ção divina na ação do homem português, a outra rela-
ciona-se com a ação do Homem que age, desbravando
Análise textual 2 (p. 101)
o caminho agora iluminado pela força do Destino.
GRUPO I 3. O poema “Ocidente” integra-se na Parte II de Men-
1. O sujeito poético sente-se bem, feliz, por não estar a sagem, intitulada “Mar Português”, onde se apresen-
pensar em nada, afirmando que isso é “viver intima- tam os heróis envolvidos nos Descobrimentos e que
mente”. Refere ainda que tem uma dor nas costas adquirem uma dimensão mítica na conquista do mar.
175
CENÁRIOS DE RESPOSTA
Esta segunda parte tem uma epígrafe latina (Posses- orgulho e geral gosto/que os ânimos levanta”, em Men-
sio Maris – posse do mar), que justifica plenamente a sagem invoca-se a chegada da hora da mudança!
inserção do poema “Ocidente” nesta parte. 2. O “eu” lírico lamenta o esforço e a persistência para
4. A força que tornou possível a missão de Portugal é elevar o nome de Portugal e dos portugueses, já que
de natureza espiritual, pois trata-se de Deus e daí que esses, que são objeto de louvor, são “gente surda e
o poeta afirme que “foi Deus a alma”, ou seja, sem endurecida”. Lamenta que os que deveriam incentivar
a vontade de Deus, a obra não nasceria. a criação e a arte não o façam, uma vez que estão
5. a. 1; b. 1; c. 2; d. 3 preocupados com a sua própria ambição e ganância.
3. Nos dois últimos versos, o poeta pretende “mostrar” ao
GRUPO II
Rei a superioridade dos portugueses, enaltecendo-os
1. Na estância 99 faz-se referência ao amor que as e solicitando ao monarca que reconheça o valor dos
musas têm à pátria e na 100 afirma-se que as deusas seus súbditos.
têm pelos portugueses um amor fraterno, colocando
em paridade os lusitanos, ou seja, atribuindo-lhes o 4.1 B
mesmo caráter divino. Assim, esta aproximação das
deusas aos portugueses pode ser lida como sinal de Análise textual 5 (p. 107)
eleição do povo português. GRUPO I
2. Os versos sintetizam toda a reflexão do poeta na qual 1. A ação desenrola-se num espaço semidesértico, num
critica o facto de os portugueses desprezarem as lugarejo muito pobre (“casinhas desgarradas e nuas”);
artes. Daí que o poeta sinta necessidade de animar
os campos áridos não trazem mais-valias em termos
aqueles que, perante a atitude de indiferença pelas
sociais, “plainos sem fim” e “desertos”. Além disso,
artes, possam deixar de empreender ações gloriosas.
a vida é um constante marasmo, influenciado também
Por isso, incentiva-os a não esmorecer porque as gran-
pela ausência de perspetivas (“Um silêncio que caiu,
des obras nunca perderão o seu valor.
estiraçado por vales e cabeços, e que dorme profun-
3.1 B 3.2 A damente”, ll. 9-10).
2. As “figurinhas” que regressam “dobradas” dos cam-
Análise textual 4 (p. 105) pos trazem ainda, “exaustos da faina”, a postura que
GRUPO I durante todo o dia mantiveram para desempenhar as
suas funções laborais; além do cansaço, não apresen-
1. A repetição do advérbio de negação a anteceder os
tam sequer vontade de conviver, já que ninguém “virá
nomes “rei”, “lei”, “paz”, “guerra” confere ao texto um
até à venda falar um bocado”; por fim, as “trevas” que
caráter de negatividade, que enfatiza o estado de inde-
envolvem a aldeia remetem para a tristeza e para a dor
finição e a ausência de valores e de rumo que caracte-
da sua vida monótona e sem ambição.
rizam o país, na ótica do sujeito poético.
3. A personificação do tempo, apresentado como uma
2. Tal como o nevoeiro, que sugere duas realidades
personagem, ajuda a caracterizar a vida “triste” dos
opostas, ausência de visibilidade e revelação, as
ceifeiros; a morosidade da passagem do tempo evi-
construções paradoxais apontam para duas faces
dencia o estado psicológico e a monotonia que en-
diferentes da nação – o presente e o futuro. Assim,
volve o dia a dia lento, repetitivo e rotineiro destas
nas expressões “fulgor baço” e “Brilho sem luz e sem
pessoas.
arder”, “baço” e “sem luz e sem arder” poderão apon-
tar para a indefinição do presente; “fulgor” e “Brilho” GRUPO II
apontarão para a vivacidade que poderá vir a caracte- 1. São referenciados dois tipos sociais que se opõem, por
rizar o futuro. um lado, “o povo”, classe trabalhadora, representado
3. As anáforas “Ninguém” e “tudo”, a dupla adjetivação pelos cavadores, cuja vida se pode considerar difícil e
“incerto e derradeiro” e “disperso… inteiro” e a após- “custosa”, em virtude da posição a que continuamente
trofe “Ó Portugal” acentuam a caracterização disfórica estão sujeitos para desempenhar a sua atividade; por
do país, que justifica o apelo final do sujeito poético outro lado, a “atriz”, cuja caracterização se opõe à dos
para que Portugal opere a mudança necessária à cons- cavadores, é uma figura “fina”, protegida do frio por um
trução do Quinto Império. casaco “à russa” que a agasalha.
GRUPO II 2. As frases exclamativas revelam, por parte do “eu”
1. A caracterização do estado anímico de Portugal (e dos lírico, perturbação, em virtude da constatação do so-
frimento e da vida difícil da classe trabalhadora, que
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176
CENÁRIOS DE RESPOSTA
a “figura fina” que surge envolta “num casaco à russa” divino (“o que resta dos deuses”), aspeto que o sujeito
e que caminha calmamente para o seu ensaio. poético já tinha referido na estrofe anterior.
4. a.3; b. 1; c. 1; d. 2 3. O poema é constituído por cinco quadras, no entanto,
essa regularidade estrófica não se verifica ao nível
Análise textual 6 (p. 109) da métrica e da rima, já que os versos são irregulares
e a rima é branca. A oscilação entre versos longos
GRUPO I e curtos poderá sugerir o movimento ondulante dos
1. A perspetiva de vida ambicionada por George é oposta corpos.
à dos pais. A primeira evidencia uma ânsia de viajar,
GRUPO II
correr o mundo; a personagem não vê com bons olhos
“criar raízes” naquela vila; esta maneira de pensar não 1. “Lá” conota o indefinido, mas é apresentado como um
é bem vista pelos pais, por essa razão, a mãe está a espaço de felicidade, beleza e luz. A sua repetição no iní-
fazer o enxoval de Gi. Além disso, a vocação da jovem cio dos tercetos sugere o desejo de alcançar a “verdade”.
para a pintura é vista como uma arte para a qual “ela 2. Trata-se da apóstrofe, que transmite a ideia de deter-
tem jeitinho”, mas nada mais do que isso. minação e que confere ao soneto um caráter circular,
2. O modo como é descrito o “aparecimento” da figura o que poderá significar que o poeta está próximo de
remete-nos para a “elaboração” mental de alguém, encontrar as respostas que procura.
com recurso à memória: a figura aparece ora ní- 3. C
tida ora esfumada. Por outro lado, a referência ao
pregador de oiro usado por Gi, que “ficou por tuta e Análise textual 8 (p. 113)
meia num penhorista” é uma evocação da vida difí-
GRUPO I
cil de George quando abandonou a vila. Finalmente,
a ausência de determinante possessivo para o nome 1. Perante a beleza da terra duriense, pela qual se sente
“mãe”, na frase “A mãe está a acabar o meu enxo- atraído, S. Leonardo ruma em direção à eternidade
val”, permite concluir que se trata da progenitora de com a certeza de que essa vida eterna (“cais divino”)
ambas as figuras. será um desencanto. Esta ideia dá continuidade ao
verso anterior em que manifesta a saudade da terra
3. A divergência no modo de pensar existente entre Gi e o
que vai deixar.
namorado, Carlos, leva-a a terminar o namoro. O noivo
tinha um sonho que se opunha ao de Gi; queria “com- 2. Trata-se da hipálage, pois verifica-se uma transposição
prar uma terra, construir uma casa a seu modo”, o que de sentido, na medida em que se atribui o deslumbra-
contrariava a vontade da jovem de partir, determinação mento aos olhos e não a quem observa. Desta forma,
que o namorado não compreendia, daí a sua afirmação intensifica-se a beleza da Natureza descrita ao longo
“Creio que está na altura de eu…”. do poema.
3. O recurso a vocabulário de valoração positiva perten-
GRUPO II
cente ao campo lexical da Natureza é uma constante
1. Os primeiros versos evidenciam a euforia, o entu- no poema (“penedos”, “doce mar”, “ondas”, “socalcos”,
siasmo e exaltação do sujeito poético que acredita “vinhedos”, “terra”, “rosmaninho”). Além disso, a ex-
poder encontrar a felicidade desejada, percorrendo o pressividade das metáforas enfatiza a beleza que se
“mundo” noite e dia, “por desertos, por sóis, por noite pretende destacar: “navio de penedos”, “doce mar de
escura”. No entanto, “naufraga” durante o percurso, mosto”, “charcos de luz envelhecida”.
embora recupere o ânimo quando avista o “palácio
encantado da Ventura”. Nos dois últimos versos do GRUPO II
poema é notório o abatimento e a frustração, fruto da 1. A composição tem como assunto o encontro amoroso,
desilusão provocada pela sua incessante busca. que não chega a acontecer. A donzela encontra-se na
2. Trata-se de uma enumeração e evidencia as dificulda- ermida, aguardando a chegada do amigo que tarda.
des que o sujeito lírico tem encontrado ao longo da sua 2. A donzela está ansiosa e preocupada, pois sente-se
busca. Esta ideia é reforçada pela carga semântica ne- só, em perigo, cercada pelas ondas, sem ninguém que
gativa dos termos “desertos”, “noite” e “escura”, o que venha socorrê-la, chegando a antever a própria morte.
reforça a dificuldade e ingratidão daquela procura. 3. C
1. Neste contexto, o vocábulo tem uma conotação de vida 1. O par espelha a plena completude existente entre o
e a sua repetição incute um ritmo pausado, o que se casal, visível no contraste Sol (símbolo do dia, da força
coaduna com a tranquilidade e ambiente de desejo que física, do trabalho)/Lua (símbolo da noite, do trans-
emana do poema. cendente, do mundo onírico). Reflete ainda a ideia de
2. O verso destaca a afetividade que une os dois aman- renovação e de totalidade, inerente ao número sete e
tes, sugerida pelo advérbio “amorosamente”, e apre- que, no caso do casal, se traduz no facto de ambos re-
senta o referido corpo como algo transcendente, presentarem não só a comunhão total e perfeita, mas
177
CENÁRIOS DE RESPOSTA
a anáfora, a antítese ou a gradação, que contribuem 2. A consciência coletiva é visível no facto de o povo se
para um discurso eloquente (“Começam a ferver as manter unido e em uníssono defender a mesma causa:
ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, a soberania da nação. Assim sendo, estavam sempre
os maiores, os pequenos”, ll. 35-36). Já a exempla- todos disponíveis para forte e corajosamente defende-
ridade decorre do facto de Vieira, para melhor fun- rem a cidade (“quando repicavom, neuũ nom mostrava
damentar a sua posição e conferir autoridade, se que era faminto, mas forte e rijo contra seus ẽmigos”,
socorrer de palavras proferidas por Cristo ou do ll. 25-26), apesar das muitas privações por que esta-
exemplo de Santo António. vam a passar, dada a escassez de alimentos.
178
CENÁRIOS DE RESPOSTA
179
CENÁRIOS DE RESPOSTA
180
NOVO
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
Gramática
• Fichas de trabalho
• Cenários de resposta
Gramática
GRAMÁTICA
• 1 – Fonética e fonologia | Etimologia . . . . . . . . 183
• 2 – Processos regulares e irregulares
de formação de palavras . . . . . . . . . . . . 184
• 3 – Funções sintáticas . . . . . . . . . . . . . . . . 185
• 4 – Complemento oblíquo, complemento
do nome e complemento do adjetivo . . . . . . 186
• 5 – Frase complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
• 6 – Sintaxe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
• 7 – As diferentes funções do “se” |
A função sintática de orações subordinadas . . 189
• 8 – Atos ilocutórios . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
• 9 – Dêixis | Coerência e coesão |
Reprodução do discurso no discurso . . . . . . 191
• 10 – Valor aspetual . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
• 11 – Modalidade e valor modal . . . . . . . . . . . 194
• 12 – Globalizante 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
• 13 – Globalizante 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
• 14 – Globalizante 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
4 Classifique cada par de palavras apresentado, tendo em conta o étimo de que derivam.
a. óculo (OCULU-) / olho (OCULU-)
b. chave (CLAVE-) / clave (CLAVE-)
c. canto [da sala] (CANTHU-) / canto [das aves] (CANTU-)
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5 Apresente, para cada alínea, duas palavras da língua portuguesa que contenham cons-
tituintes que integram cada um dos étimos listados abaixo.
183
PROCESSOS REGULARES E IRREGULARES DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
GRAMÁTICA
2 ESCOLA: DATA: / /
a. Aquela criança é irritante, não aceita nunca um não, além disso não para de chorar.
c. O barulho naquela discoteca era tão grande, que fazia ensurdecer qualquer um.
e. A Joana que não para de olhar para a árvore, é muito bonita, tem um olhar penetrante.
g. Hoje sentia-me muito triste, mas recebi um forte abraço e parece que tudo melhorou.
d. Quando acabares o trabalho, desliga o computador, mas antes, fecha todas as janelas.
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184
FUNÇÕES SINTÁTICAS
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 3
NOME: N.O: TURMA
b. Muitos leitores acham a poesia de Pessoa superior à de outros poetas da sua época.
f. Muitos jovens foram interrogados pelo professor acerca das temáticas do ortónimo.
m. Sabe-se que Pessoa embarcou para a África do Sul aos sete anos de idade.
185
COMPLEMENTO OBLÍQUO, COMPLEMENTO DO NOME E COMPLEMENTO DO ADJETIVO
GRAMÁTICA
4 ESCOLA: DATA: / /
1.1 Sublinhe os complementos exigidos pelo verbo e indique a letra que descreve
o funcionamento do verbo na frase. Veja o exemplo da alínea a.
a. Fernando Pessoa abusa dos paradoxos. A
b. Os modernistas acabaram com as imposições dos poetas anteriores.
c. Antero de Quental desistiu da vida, suicidando-se.
d. Em Mensagem transforma-se o épico em lírico.
e. Reis trocou Portugal pelo Brasil.
f. A arca de Pessoa pesava vinte quilos.
g. Alguns intelectuais insurgiram-se contra os ideais modernistas.
h. O estoicismo levou Reis à abdicação.
i. Pessoa e Sá-Carneiro deslocaram-se a Paris.
j. A análise demorou 20 minutos.
k. Foram poucos os intelectuais que aderiram aos ideais modernistas.
l. Saramago colocou uma componente histórico-política em O ano da morte de
Ricardo Reis.
m. A angústia existencial levou Sá-Carneiro ao suicídio.
n. Pessoa candidatou-se ao prémio literário que lhe deu o segundo lugar.
o. Alberto Caeiro abdicou do pensamento, sem ter abdicado.
p. Ricardo Reis viveu em conformidade com o destino.
2 Alguns nomes e adjetivos, pela sua natureza, exigem que, em termos sintáticos, sejam
completados com os respetivos complementos (do nome ou do adjetivo, respetiva-
mente).
2.1 Atente nos constituintes sublinhados e assinale, à frente de cada uma das frases,
a função sintática desempenhada: complemento do nome (CN) ou complemento
do adjetivo (CA).
a. A poesia de Fernando Pessoa apresenta temáticas difíceis.
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186
FRASE COMPLEXA
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 5
NOME: N.O: TURMA
Coluna A Coluna B
2 Distinga as frases em que surgem orações subordinadas adjetivas relativas das frases
que integram orações subordinadas adverbiais ou subordinadas substantivas, colo-
cando um X.
Coluna B
Frase
adjetiva relativa adverbial substantiva
187
SINTAXE
GRAMÁTICA
6 ESCOLA: DATA: / /
d. Aquele poema de Ricardo Reis que retrata a sua relação com Lídia foi o meu preferido.
por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho), Lisboa, Edições Ática, s/d, pp. 105-106.
188
AS DIFERENTES FUNÇÕES DO “SE” | A FUNÇÃO SINTÁTICA DE ORAÇÕES SUBORDINADAS
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 7
NOME: N.O: TURMA
1 Identifique o valor do “se” usado nas frases seguintes. Insira à frente de cada alínea
o número correspondente, considerando a informação na tabela infra.
Função Exemplo
189
ATOS ILOCUTÓRIOS
GRAMÁTICA
8 ESCOLA: DATA: / /
Coluna A Coluna B
2 Tendo em conta o contexto em que são referidos os enunciados que se seguem, escla-
reça a intencionalidade do locutor ao proferi-los.
190
DÊIXIS | COERÊNCIA E COESÃO | REPRODUÇÃO DO DISCURSO NO DISCURSO
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 9
NOME: N.O: TURMA
2
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191
DÊIXIS | COERÊNCIA E COESÃO | REPRODUÇÃO DO DISCURSO NO DISCURSO
4 Identifique o referente retomado por cada um dos segmentos sublinhados nas frases
abaixo apresentadas.
b. A Maria vive numa moradia. A Maria não vive num apartamento. A Maria vive numa
vivenda.
c. O Luís quis evitar a queda da cadeira e, por isso, não se mexeu do sítio onde estava.
Coluna A Coluna B
192
VALOR ASPETUAL
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 10
NOME: N.O: TURMA
1 Indique o valor aspetual do verbo, de acordo com o conteúdo de cada frase, referindo
as marcas.
2 Associe cada uma das frases presentes na coluna A ao valor aspetual que configuram
(coluna B).
Coluna A Coluna B
193
MODALIDADE E VALOR MODAL
GRAMÁTICA
11 ESCOLA: DATA: / /
1 Indique a modalidade e o valor modal configurados em cada uma das frases apresen-
tadas.
a. Odeio violência!
b. Costuma chover com regularidade.
c. Podes telefonar-me logo à noite.
d. Tens de me ouvir todos os dias.
e. Provavelmente, os homens andavam a caçar.
2 Associe cada uma das frases presentes na coluna A à modalidade e ao valor modal que
lhe correspondem (coluna B).
Coluna A Coluna B
4. deôntica
f. George é uma pintora famosa.
com valor de
g. Tem de prestar mais atenção ao futuro – alertou Georgina. permissão
h. George vendeu a casa dos pais. 5. deôntica
i. Eventualmente, no futuro, George arrepender-se-á com valor de
de muitas decisões. obrigação
194
GLOBALIZANTE 1
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 12
NOME: N.O: TURMA
Leia o texto.
Liberdade condicionada
L
iberdade. O dia dela. A celebração incon-
dicional. Memórias de quem se emociona
porque sabe o que é sem ela viver. Perple-
xidades de quem nela já nasceu e não pode
5 por isso entender. Um peixe não sabe se a água
está fria ou quente, porque nem sequer conhece o
significado da própria água. Só quando o tiram de
lá sente. Os homens também são assim: aprendem
quando sufocam.
10 As gerações depois da minha partilham ou-
tros códigos de liberdade. Ser livre, para eles, é
por exemplo estar numa zona com wi-fi gratuito.
Há guerras, gente que foge, famílias que se desla-
çam, crianças que perdem tudo − isso eles sabem,
15 todos sabemos que existem, mas não somos nós.
Impossível alguma vez termos sido aquilo! o sinal de alerta. Somos livres, somos livres, não
voltaremos atrás − mas é preciso que alguém os
Não, filho, muitos dos nossos eram presos e
40 avise de que esta liberdade, aquela que seus pais
torturados, simplesmente porque não concorda-
conheceram, corre sérios perigos. Não é preciso
vam. Muitos viviam na clandestinidade, escondi-
golpe militar, nem ditadores. Nem terrorismo is-
20 dos e longe das famílias, houve gente que morreu
lâmico. A ameaça reside na própria democracia.
por causa da política. Ou fugia da guerra. Até que
houve uma revolução... É verdade, filho, acabou a tortura e os presos de
45 consciência. Mas a nossa opinião cada vez menos
E é aí que ficam chocados, quando descobrem
conta. É imposta, da forma mais tortuosa e an-
que os pais assistiram a uma revolução?!! Como
tidemocrática. Nem os nossos parceiros externos
25 é possível! Já existias?!! E viste aquilo ao vivo?!!
somos agora livres de escolher, as nossas opções
E é aí que percebemos que, aos seus olhos, tudo
de diplomacia não são feitas de forma soberana e
é distante: Mestre de Avis e Salgueiro Maia, cas-
50 autónoma.
telhanos, mouros e fascistas. Tudo distinto, mas
igualmente distante. Não, filho, o pai não será perseguido por ter
escrito o que acabou de escrever. Neste ar que
30 É nesse momento que nos confortamos, porque
respiramos − e que compreensivelmente não va-
o essencial do trabalho está feito − não questio-
lorizam − herdamos a obrigação de alertar para a
nam porque não está em questão. A liberdade é
55 liberdade que criticamente vivemos. Podendo li-
um dado adquirido. Está tudo certo, portanto? Sem
vremente criticar. E isso não é coisa pouca. 25 de
razões para sobressaltos.
Abril sempre!
35 A liberdade vai passar por aí, a liberdade está a Sérgio Figueiredo, in DN,
trespassar-se, daqui para ali − sem que nos assus- edição online de 26 de abril de 2016
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195
GLOBALIZANTE 1
d. “As gerações depois da minha partilham outros códigos de liberdade” (ll. 10-11)
f. “Não, filho, muitos dos nossos eram presos e torturados” (ll. 17-18)
m. “as nossas opções de diplomacia não são feitas de forma soberana e autónoma”
(ll. 48-50)
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196
GLOBALIZANTE 1
a. “[Memórias] de quem se emociona porque sabe o que é sem ela viver” (ll. 2-3)
c. “todos sabemos que existem, mas não somos nós” (l. 15)
d. “houve gente que morreu por causa da política. Ou fugia da guerra” (ll. 20-21)
a. “As gerações depois da minha partilham outros códigos de liberdade” (ll. 10-11)
c. “mas é preciso que alguém os avise de que esta liberdade, aquela que seus pais
conheceram, corre sérios perigos” (ll. 39-41)
197
GLOBALIZANTE 2
GRAMÁTICA
13 ESCOLA: DATA: / /
[…] Defendemos que os médicos devem ter sempre acesso à evidência científica mais recente e
robusta quando estão a realizar consultas. Nem sempre é possível termos o mesmo grau de certeza
em relação a todas as recomendações que fazemos e este pensamento crítico é essencial. Os resul-
tados do nosso estudo podem motivar os médicos de família e internos de especialidade a utilizar
5 mais plataformas de sumários clínicos – mas é importante garantir que haja condições de tempo
e recursos para que o possam fazer.
Este trabalho pode também fazer-nos repensar a educação médica, uma vez que o foco do ensino
da Medicina tem sido a avaliação crítica de artigos científicos, relevante, mas dificilmente exequível
no contexto de consultas médicas, em que o tempo escasseia. […]
https://www.dn.pt/opiniao/por-mais-acesso-dos-medicos-a-ciencia-15634461.html, consultado em 14/01/2023.
a. “que os médicos devem ter sempre acesso à evidência científica mais recente e
robusta” (ll. 1-2)
b. “quando estão a realizar consultas” (l. 2)
c. “que fazemos” (l. 3)
d. “mas é importante garantir” (ll. 5-6)
e. “para que o possam fazer” (l. 6)
f. “uma vez que o foco do ensino da Medicina tem sido a avaliação crítica de artigos
científicos, relevante” (ll. 7-8)
a. “os médicos devem ter sempre acesso à evidência científica mais recente e robusta”
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(ll. 1-2)
198
GLOBALIZANTE 3
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 14
NOME: N.O: TURMA
A. Celta. C. Árabe.
B. Germano. D. Ibérico.
3 Apresente, para cada alínea, três palavras que contenham constituintes que integram
os étimos gregos listados.
a. DEMOS (“povo”)
b. BIBLION (“livro”)
“Avista-se um vale verdejante que se estende por vários quilómetros e que vai recor-
tando as escarpas rochosas por onde jorram nascentes de água.”
Este segmento é predominantemente
A. narrativo. B. descritivo. C. argumentativo.
199
GLOBALIZANTE 3
200
CENÁRIOS DE
RESPOSTA
GRAMÁTICA l. uma componente histórico-política (comp. direto);
em O ano da morte de Ricardo Reis (comp. oblíquo) – C
Ficha 1 (p. 183) m. Sá-Carneiro (comp. direto); ao suicídio (comp. oblí-
1. A. V quo) – C
B. F – O latim foi introduzido na Península Ibérica n. ao prémio literário que lhe deu o segundo lugar
aquando da romanização, sobrepondo-se às línguas (comp. oblíquo) – A
autóctones. o. do pensamento (comp. oblíquo) – A
C. F – A língua portuguesa sofreu alterações após o p. em conformidade com o destino (comp. oblíquo) – A
século XIV, concretamente por influência dos Desco- 2.1 a. CN; b. CN; c. CA; d. CN; e. CA
brimentos.
D. V Ficha 5 (p. 187)
2. a. sonorização (t > d); b. assimilação (i > e), metátese 1. a. 6; b. 7; c. 13; d. 8; e. 11; f. 10; g. 15; h. 9; i. 3; j. 2;
(er > re); c. assimilação (p > s); d. aférese (a), sono- k. 4; l. 5; m. 12; n. 1; o. 14
rização (p, t, c > b, d, g); e. síncope (b), crase (ii > i); 2. adjetiva relativa: b / e; adverbial: c / f; substantiva: a / d
f. síncope (d); g. dissimilação (l > d); h. sonorização
(q > g); i. prótese (e), síncope (p); j. sonorização (t > d), Ficha 6 (p. 188)
síncope (i); k. síncope (d), epêntese (i); l. vocalização
(c > i); m. palatização (ni > nh) 1. a. complemento oblíquo; b. predicativo do sujeito;
c. complemento do nome; d. modificador do nome
3. sapateiro, sapatilha, sapateado… apositivo; e. predicativo do complemento direto;
4. a. palavras divergentes; b. palavras divergentes; c. pala- f. complemento do adjetivo
vras convergentes 2. a. “Como a leitura de poesia exige concentração” –
5. a. pedestre, pedonal; b. ginecologia, misoginia; c. antro- oração subordinada adverbial causal; “leio” – oração
pologia, filantropia; d. adversário, adversidade subordinante; “quando estou sozinho” – oração subor-
dinada adverbial temporal
Ficha 2 (p. 184) b. “apreciará Amor de perdição” – oração subordi-
1. a. derivação por conversão nante; “Quem gostar de romances” – oração subordi-
b. derivação por sufixação em ambos os casos nada substantiva relativa
c. derivação por parassíntese c. “O professor perguntou” – oração subordinante; “se
os alunos já tinham escolhido a obra para o Projeto de
d. derivação por parassíntese e por prefixação, respe-
Leitura” – oração subordinada substantiva completiva
tivamente
d. “Aquele poema de Ricardo Reis foi o meu prefe-
e. derivação por conversão
rido” – oração subordinante; “que retrata a sua rela-
f. derivação não afixal
ção com Lídia” – oração subordinada adjetiva relativa
g. derivação não afixal restritiva
h. composição morfológica (radical + palavra) e. “Os pais ordenaram” – oração subordinante; “que pra-
i. composição morfológica (radical + palavra) ticassem a leitura” – oração subordinada substantiva
2. a. sigla; b. acrónimo; c. empréstimo; d. extensão se- completiva; “e realizassem as tarefas habituais” – oração
mântica; e. truncação; f. empréstimo coordenada copulativa, relativamente à subordinada
3.1 “o” − “o Livro do desassossego”; “suas” – “Bernardo
Ficha 3 (p. 185) Soares”
1. a. complemento do nome; b. predicativo do com- 3.2 “o leitor”
plemento direto; c. complemento oblíquo; d. com-
plemento do nome; e. complemento do adjetivo; Ficha 7 (p. 189)
f. complemento agente da passiva; g. complemento 1.1 a. 7; b. 2; c. 3; d. 4; e. 6; f. 1; g. 5; h. 1; i. 6; j. 4
direto; h. modificador do nome restritivo; i. predicativo
2. a. “Quando terminaram o namoro” – oração subordinada
do sujeito; j. complemento do adjetivo; k. comple-
adverbial temporal → modificador (do grupo verbal)
mento oblíquo; l. complemento indireto; m. comple-
b. “Logo que possas” – oração subordinada adverbial
mento oblíquo; n. predicativo do complemento direto
temporal → modificador (do grupo verbal)
c. “que não percebeste” – oração subordinada subs-
Ficha 4 (p. 186) tantiva completiva → complemento direto
1.1 a. A d. “quem a escute” – oração subordinada substantiva
b. com as imposições dos poetas anteriores (comp. relativa → complemento direto
oblíquo) – A e. “a quem precisa” – oração subordinada substantiva
c. da vida (comp. oblíquo) – A relativa → complemento indireto
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
d. o épico (comp. direto); em lírico (comp. oblíquo) – C f. “que são inúteis” – oração subordinada adjetiva rela-
e. Portugal (comp. direto); pelo Brasil (comp. oblíquo) – C tiva restritiva → modificador do nome restritivo
f. vinte quilos (comp. oblíquo) – B g. “Ainda que tenhamos insistido” – oração subordi-
g. contra os ideais modernistas (comp. oblíquo) – A nada adverbial concessiva → modificador (de frase)
h. à abdicação (comp. oblíquo) – A h. “quem gostar de Picasso” – oração subordinada
i. a Paris (comp. oblíquo) – B substantiva relativa → sujeito
j. 20 minutos (comp. oblíquo) – B i. “porque tenho ensaio” – oração subordinada adver-
k. aos ideais modernistas (comp. oblíquo) – A bial causal → modificador (do grupo verbal)
201
CENÁRIOS DE RESPOSTA
valor de obrigação; k. deôntica com valor de obrigação; tical (temporal); 3 coesão gramatical (interfrásica);
l. epistémica com valor de certeza 4 coesão gramatical (referencial); 5 coesão gramatical
(frásica)
2. a. 5; b. 3; c. 2; d. 3; e. 4; f. 1; g. 5; h. 1; i. 2
12. a. deôntica de obrigação; b. apreciativa; c. deôntica de
permissão; d. epistémica de certeza; e. epistémica de
Ficha 12 (p. 195) probabilidade
1. a. complemento do nome; b. complemento direto; 13. a. modificador (do grupo verbal); b. modificador do
c. complemento direto + complemento oblíquo; nome restritivo; c. complemento do nome
202
NOVO
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
Leitura
e Gramática
• Fichas de trabalho
• Cenários de resposta
e Gramática
Leitura
LEITURA E
GRAMÁTICA
• 1 – Discurso político . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
• 2 – Relato de viagem . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
• 3 – Exposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
• 4 – Apreciação crítica . . . . . . . . . . . . . . . . 211
• 5 – Artigo de opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
• 6 – Artigo de opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
Leia o texto.
S
enhor Presidente do Parlamento Europeu,
Senhora Presidente da Comissão Europeia,
Senhoras e Senhores Deputados,
55
A União precisa de se reforçar com a força da
35 cidadania. Por isso, esta não pode ser uma con- Não podemos perder mais tempo. It’s time to
ferência das instituições sobre as instituições. deliver. It’s time to start building our future together.
205
DISCURSO POLÍTICO
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.4, selecione a opção correta.
1.1 O destinatário das palavras do orador está expresso através
A. do vocativo presente nas três primeiras linhas.
B. da construção sintática do primeiro parágrafo.
C. da expressão “Senhoras e Senhores Deputados”.
D. do primeiro período do último parágrafo.
4 Indique a função sintática do segmento “de que venceremos a pandemia” (l. 16).
5 As orações “que nos paralisava” (l. 21) e “que os Europeus abracem esse desígnio”
(ll. 47-48) classificam-se como subordinadas
o complemento direto.
8 Identifique a modalidade da frase “Por isto esta conferência é tão importante.” (l. 50).
206
RELATO DE VIAGEM LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
2
NOME: N.O: TURMA
Q
uantas cidadezinhas americanas já atra-
vessei nesta vida errante? Tentei fazer
as contas, mas desisti. Não é habitual de-
sistir, porque costumo recordar todos os
5 lugares onde estive, a memória não falha ainda.
E de qualquer das formas há uma técnica, que é
um pouco como a do jogo de Kim, o jogo que os
escuteiros fazem para treinar a memória e o espí-
rito de observação. […]
desporto, casa e decoração. E saindo deste centro, 65 duas filhas, a Elena e a Maria, seguiam para leste.
as mesmas periferias arrumadas por rendimento e “Desde Portland, no Oregon, fomos para Lisboa,
40 raça, as mesmas casas prefabricadas segundo um Praga, Budapeste, Istambul, muita Índia, e agora
modelo preestabelecido, os subúrbios da classe mé- seguimos para a Indonésia e para a China.”
dia, média-alta, média-baixa, os bairros afro-ame- Gonçalo Cadilhe, Encontros Marcados,
ricanos, indianos, coreanos, wasp. Lisboa, Clube do Autor, 2011.
207
RELATO DE VIAGEM
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 Para recordar as muitas cidades já visitadas, o autor
A. recorre às fotografias tiradas. C. utiliza a sua memória.
B. socorre-se do jogo de Kim. D. serve-se das notas que tira.
1.2 Uma das memórias convocadas diz respeito às cidades americanas dado que
A. cada uma tem a sua beleza. C. são bastante homogéneas.
B. são muito heterogéneas. D. têm monumentos soberbos.
208
EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
3
NOME: N.O: TURMA
O
5 s seres humanos vêem-se a si próprios
como seres excecionais, fundamental-
mente diferentes dos outros animais.
Ao longo do último meio século, porém,
os cientistas recolheram provas de inteligência
10 em muitas espécies não-humanas. Os corvos da
Nova Caledónia partem galhos para extrair larvas
de insetos do interior de troncos. Os polvos resol- não eram dignas de investigação científica. Frans
vem enigmas e protegem os seus covis, colocando 40 de Waal, etologista da Universidade de Emory, foi
pedras na entrada. Já não temos dúvidas de que uma das primeiras vozes a defender o reconhe-
15 muitos animais possuem capacidades cognitivas cimento da consciência animal e, nas últimas
espantosas. Mas serão mais do que autómatos décadas, os cientistas começaram a admitir que
sofisticados, unicamente preocupados em sobre- algumas espécies eram sencientes, mas argumen-
viver e procriar? Um número crescente de estu- 45 taram que as suas experiências não eram compa-
dos comportamentais tem revelado que muitas ráveis com as nossas e, consequentemente, não
20 espécies partilham mais com os seres humanos seriam relevantes.
do que se pensava. Os elefantes fazem luto pelos
seus. Os golfinhos brincam só pelo prazer de se Agora, alguns comportamentalistas começam a
divertirem. crer que os processos internos de muitos animais
50 são tão complexos como os dos seres humanos e
Os chocos têm personalidades diferentes. que a diferença é que nós os exprimimos através
25 Os corvos parecem reagir aos estados emocio- da linguagem e conseguimos falar sobre os nossos
nais de outros corvos. Muitos primatas formam sentimentos.
laços fortes de amizade entre si. Em algumas
espécies, como os elefantes e as orcas, os mais Caso seja aceite, esta nova perceção poderá de-
velhos partilham com os mais novos conheci-
55 sencadear uma reformulação na maneira como os
30 mentos adquiridos através da experiência. Mui- seres humanos se relacionam e tratam as outras
tas outras são capazes de comportamentos de espécies, já que, segundo Frans de Waal, se re-
empatia e bondade. conhecermos emoções nos animais, incluindo a
senciência de insetos, eles tornar-se-ão mais re-
Esta imagem emergente de senciência, de vi- 60 levantes em termos morais, não podendo, assim,
das interiores ricas entre espécies não-humanas ser vistos, como rochas, por exemplo.
35 surpreendentemente variadas, representa algo pa-
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
209
EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 Os seres humanos consideram-se seres excecionais e superiores às outras espécies,
A. sendo que estudos recentes têm vindo, cada vez mais, a comprovar essa
superioridade.
B. mas dados atuais demonstram a superioridade de outros seres vivos, em
relação aos humanos.
C. todavia estudos recentes comprovam que há seres vivos mais inteligentes.
D. contudo, recentemente, alguns estudos vieram demonstrar que outros seres
têm mais em comum com o Homem do que se acreditava.
1.2 Já não se levantam dúvidas de que muitos animais têm capacidades cognitivas
espantosas. De facto, alguns cientistas conseguiram demonstrar que
A. os golfinhos são criaturas dotadas de grande inteligência, estando aptos
a resolver enigmas e a brincar com as crias mais pequenas.
B. os corvos conseguem compreender e reagir aos estados emocionais de
outros corvos e protegem os seus ninhos colocando pedras à entrada.
C. as orcas detêm comportamentos de bondade e empatia, além de comuni-
carem através de ultrassons para afastarem os predadores.
D. os elefantes fazem luto pelos seus e partilham com os mais novos conheci-
mentos adquiridos através da experiência.
1.3 Há cerca de trinta anos, as mentes dos animais não eram alvo de investigação
científica
A. mas, atualmente, são o tipo de investigação que mais lucro traz à ciência.
B. e, por isso, Frans de Wall foi um dos últimos investigadores do reino animal.
C. todavia, hoje, já se sabe que algumas espécies têm sensibilidade.
D. e, hoje, ainda continua a existir um grande estigma em relação ao assunto.
1.4 Segundo alguns autores, a principal diferença entre o ser humano e as outras espécies
A. assenta fundamentalmente na nossa capacidade de nos exprimirmos atra-
vés da linguagem e de conseguirmos falar dos nossos sentimentos.
B. baseia-se, sobretudo, na capacidade de aqueles se relacionarem através da
linguagem e os animais se exprimirem por sons.
C. surge da complexidade de sinapses nos neurónios dos seres humanos, com-
plexidade essa que lhes permitem comunicar e falar dos seus sentimentos.
D. encontra-se, apenas, em termos morais e éticos, já que vários estudos
demonstram como os animais podem ser idênticos aos seres humanos.
210
APRECIAÇÃO CRÍTICA LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
4
NOME: N.O: TURMA
Leia o texto.
L
ídia Jorge (n. 1946) confessou em várias en-
trevistas que a escrita do seu mais recente
romance, Misericórdia, lhe foi inspirada
pelo acontecimento da morte da mãe; […]
5 pelo menos numa das entrevistas adianta que o
próprio título lhe foi pedido pela mãe, para que as
211
APRECIAÇÃO CRÍTICA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 Lídia Jorge confessa ser uma pessoa
A. crente na melhoria das condições de vida dos idosos.
B. que sempre quis escrever sobre a solidão que afeta os idosos.
C. que tentou, com este livro, mostrar uma visão pessimista do mundo.
D. verdadeiramente esperançosa, apesar de tudo.
1.2 A autora refere como um dos aspetos negativos do romance de Lídia Jorge
A. a prevalência excessiva dos sentimentos, que originam um menor vigor narrativo.
B. o facto de tratar a esperança como algo que os mais velhos abandonam.
C. o facto de tratar a solidão do quotidiano das personagens num lar de idosos.
D. a bondade exagerada dos residentes, que não retrata o ambiente do dia a dia.
1.4 No segmento “como quem luta por aperfeiçoar um mundo” (ll. 9-10), a expressão
sublinhada desempenha a função sintática de
A. modificador do nome restritivo.
B. predicado.
C. complemento oblíquo.
D. complemento agente da passiva.
1.5 A frase “Eu penso que a esperança é simplesmente imortal." (ll. 14-15) contém uma
oração
A. subordinada adjetiva relativa restritiva.
B. subordinada substantiva completiva.
C. subordinada adverbial causal.
D. subordinada substantiva relativa.
212
ARTIGO DE OPINIÃO LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
5
NOME: N.O: TURMA
O
aparecimento da Internet e, por sua vez,
5 das redes sociais e aplicações, fez com
que a maneira como comunicamos se
alterasse, tornando-a mais prática, rá-
pida e eficiente. Conseguimos estar em contacto
através de um simples click e a existência de wi-fi
10 gratuito por todo o lado facilita a comunicação
instantânea.
Os jovens já nasceram nesta geração do Face-
book, WhatsApp, Snapchat, Skype, Instragram e não
imaginam a sua vida sem estes meios de comuni-
15 cação. Aliás, podemos observar uma rápida alte-
ração de humor no adolescente quando a Internet
45 Esta geração move-se, assim, pelo número de
falha em casa, quando não consegue aceder ao “likes” nas fotografias e publicações, pelo número
wi-fi num local público ou quando esgota os da- de amigos ou seguidores nas redes sociais (amigos
dos móveis. É notório o desagrado e o sentimento virtuais, porque não os conhecem na realidade),
20 de angústia em tentar resolver a situação o mais pela maior partilha de informação pessoal na sua
breve possível.
50 página e é aqui que devemos ter alguma atenção.
É preciso alertar para os cuidados a ter na infor-
E, embora estes meios de comunicação pos- mação que é partilhada, como as fotografias que,
suam aspetos positivos, como a comunicação fá- desde o momento em que são expostas, nunca
cil, a maior aceitação pelo grupo de pares ou a mais podem ser retiradas da Internet, independen-
25 criação de uma maior rede de contactos, também 55 temente de terem sido apagadas da conta.
acarretam consequências negativas se forem usa-
dos de forma descontrolada ou abusiva. De facto, Outro aspeto a ter em atenção são os reptos
a sua utilização excessiva poderá levar ao isola- que são lançados nas redes sociais. Os jovens de-
mento social, ao sedentarismo, à diminuição do safiam-se a fazer determinadas proezas e o ob-
30 rendimento escolar, a dificuldades em estabele- jetivo é superar e elevar a fasquia da provocação
cer relações e, em casos mais graves, quando está
60 lançada pelo amigo. Nestes casos, os adolescentes
instalada a dependência da Internet, poderá con- tendem a testar os seus próprios limites, havendo
duzir a uma sintomatologia ansiosa e/ou depres- uma busca constante de adrenalina, de aprovação
siva. Alguns autores introduziram termos como a e valorização por parte dos outros, de forma a de-
35 “depressão do Facebook” ou o “toque fantasma” monstrar que são destemidos, omnipotentes, que,
para descrever novos sintomas ou patologias deri-
65 para eles, tudo é possível e nada de mal lhes acon-
vadas do uso excessivo das novas tecnologias. Por tece quando ultrapassam esses mesmos limites,
exemplo, a depressão do Facebook está associada características típicas da fase da adolescência.
a sentimentos de tristeza ou angústia profundas, Vivemos na “Era da Tecnologia”, por isso, a pro-
40 por não se estar em constante contacto com os ou- cura pelas redes sociais e formas mais rápidas e
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
tros, por se sentir que se está desligado do mundo, 70 modernas de comunicar com os amigos é natural
sendo o toque fantasma descrito como a sensação e não deve ser encarada como um problema social
de se estar a ouvir o telemóvel a tocar ou a vibrar desta geração. Devemos é ter em atenção que tudo
quando na realidade não está. o que é em excesso faz mal.
Natacha Almeida, in https://iasaude.pt,
consultado em janeiro de 2023.
213
ARTIGO DE OPINIÃO
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.4, selecione a opção correta.
1.1 O aparecimento da Internet e das redes sociais veio alterar a nossa forma de viver
e comunicar,
A. tornando-a mais fácil, rápida e acessível, apesar de as pessoas estarem
constantemente a serem vigiadas por “fantasmas online”.
B. permitindo-nos estar apenas à distância de um “click”, o que facilita a glo-
balização e, por isso, só trouxe vantagens à humanidade.
C. facilitando a comunicação instantânea e a globalização, estando de tal forma
o seu uso entranhado nas nossas vidas que é difícil imaginarmo-nos sem ele.
D. todavia, os perigos e desvantagens superam largamente as vantagens da
globalização e da fácil acessibilidade ao mundo digital.
1.3 As expressões “depressão do Facebook” (ll. 34-35) e “toque fantasma” (l. 35) referem-se
A. no caso da primeira, às tentativas de suicídio dos jovens que viram a sua
conta do Facebook bloqueada ou hackeada.
B. no caso da segunda, à constante perceção de toque ou vibração do telemóvel
não condizente com a realidade.
C. no caso da primeira, à angústia e depressão associadas ao facto de os jovens
não terem amigos no Facebook.
D. no caso da segunda, ao pânico e ansiedade instalados entre os jovens,
quando ficam castigados e proibidos de utilizar o telemóvel.
2 Classifique as orações.
a. “Quem não usa o WhatsApp” (l. 1)
b. “quando esgota os dados móveis” (ll. 18-19)
214
ARTIGO DE OPINIÃO LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
6
NOME: N.O: TURMA
Leia o texto.
O céu, a terra,
os peixes, o mar…
E
pelo mundo e pela vida estamos todos
nós tecendo fios que ligam estes ele-
mentos, as experiências que se agrupam
na memória que os filtra e depura, mas
10 também guarda e traça caminhos de outrora des-
conhecidos e agora novos, descobertos num re-
novado prazer de ser e de existir. […]
No Festival de Teatro de Mérida, assisto ao es-
petáculo de Ariadne, o Fio do Mito, em que sobe Pedro Strecht.
15 ao milenar palco romano a Companhia Rafaela
Carrasco. Quase no fim, uma frase dita pelo nar- 35 nos elevam, sustêm a vida e nos prendem: ora
rador marca a sonoridade da noite quentíssima,
dando segurança, ligando-nos a portos seguros,
de céu aberto e estrelado: recordar o passado é
ora não nos deixando prosseguir como grilhetas
também uma maneira importante de se perma-
que aprisionam a vida a tragédias tantas vezes
20 necer vivo. Como Ariadne, deusa aprisionada no
menores quando vistas mais tarde, à distância da
labirinto de Creta, todos tecemos fios que pro- 40 fuga finalmente conquistada.
curam saídas, formas de conquistar a alegria,
a liberdade, o amor. Queremos ser mar, saber que É certo que há labirintos em que sucessiva-
destino dar ao silêncio noturno, conhecer ma- mente nos (re)encontramos, condição inerente à
25 neiras de vencer a solidão, estranho desígnio tão própria textura da vida, e de cuja saída só pelo
próprio e secreto da existência humana. Para isso, amor descobrimos. É o amor que nos faz sofrer,
mais do que voltar atrás é não esquecer de como 45 diante da aridez da sua ausência ou do ímpeto
prosseguir. (por vezes, louco) da sua incerta presença. O mais,
são seus fios. Os mesmos que ainda nos ligam e
A construção do nosso mundo interior e, com
desligam, prendendo-nos à força de querer pros-
30 ele, o da sempre renovada leitura que fazemos do
seguir, conforme as mãos que os vão tecendo:
que nos cerca, encontra neste mito uma imensa 50 going on, being. […]
expressão simbólica que não tem mal recordar.
Todos sabemos de fios que também nos unem a Pedro Strecht, in Visão, n.o 1535 – 04/08/2022, p. 90
(adaptado e com supressões).
pessoas, a objetos, locais ou memórias. Fios que
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215
ARTIGO DE OPINIÃO
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.4, selecione a opção correta.
1.1 Segundo o autor do texto, a memória tem a função de
A. filtrar o que é desconhecido, retendo só o essencial das vivências da nossa vida.
B. armazenar todo o tipo de acontecimentos que se sucedem na nossa vida.
C. distinguir os caminhos já vividos daqueles que são imaginados.
D. reter o importante das nossas experiências de vida, o que é gratificante.
1.3 Com a expressão “tantas vezes menores quando vistas mais tarde” (ll. 38-39),
o autor pretende demonstrar que
A. desvalorizamos determinadas situações quando analisadas a posteriori.
B. menorizar situações desagradáveis é característico dos seres humanos.
C. a distância física e geográfica permite uma avaliação mais subjetiva.
D. o ser humano tem tendência para sobrevalorizar situações positivas.
4 Classifique as orações.
a. “que ligam estes elementos” (ll. 7-8)
b. “que destino dar ao silêncio noturno” (ll. 23-24)
216
CENÁRIOS DE
RESPOSTA
LEITURA E GRAMÁTICA Ficha 4 (p. 211)
Ficha 1 (p. 205) 1. 1.1 D 1.2 A 1.3 C 1.4 C 1.5 B 1.6 B 1.7 C
217
NOVO
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
Escrita
• Fichas de trabalho
• Cenários de resposta
Escrita
ESCRITA
• 1 – Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
• 2 – Exposição sobre um tema . . . . . . . . . . . . 225
• 3 – Texto de opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
• 4 – Apreciação crítica . . . . . . . . . . . . . . . . 229
• Descritores de desempenho . . . . . . . . . . . . . 231
• Grelha de avaliação da Escrita . . . . . . . . . . . . 232
RECORDAR
1. Fase preparatória
• Leia o texto de partida para apreender a sua estrutura e o seu sentido global.
• Sublinhe as ideias/os factos subjacentes à progressão textual (eliminando porme-
nores, repetições, exemplificações…).
• Selecione vocabulário ou expressões-chave.
• Assinale os conectores ou os articuladores que ligam frases ou parágrafos entre
si, estabelecendo relações de semelhança, de contraste/oposição, de posteridade,
de anterioridade, de causa…
• Registe, à margem do texto, a ideia central de cada parágrafo.
2. Fase da redação
• Utilize uma linguagem própria.
• Respeite as ideias do texto, não obrigatoriamente pela ordem da apresentação.
• Evite a colagem ao texto de partida.
• Elimine pormenores desnecessários.
• Substitua sequências textuais por outras mais económicas.
3. Fase da revisão
• Corrija falhas ao nível da ortografia, da acentuação, da pontuação, da sintaxe e da
seleção do vocabulário.
• Verifique a adequação dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica
das ideias (coerência).
• Respeite a extensão textual indicada.
• Avalie o cumprimento das marcas específicas deste género textual.
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221
SÍNTESE
APLICAÇÃO
PROPOSTA 1
Proceda à síntese do texto “Odiar nas redes sociais”, reduzindo-o a cerca de 100 pala-
vras.
Odiar nas
redes sociais
N
o mundo virtual, opiniões e com-
portamentos espontâneos tor-
nam-se fósforos que acendem
rastilhos de polémica. As redes
5 sociais prestam-se ao protesto rápido e fácil.
A facilidade da crítica na Internet e a ideo-
logia dos trolls – pessoas que agem com o
único propósito de provocar – prolifera nas
redes sociais. As duas coisas fazem parte da-
30 exemplo −, o que levaria a humanizá-lo. Era
10 quilo que agora se começa a chamar de cul- uma distância de tempo que se criava entre
tura do ódio na Internet. É como se fosse um o ódio e a vontade de fazer acender o rastilho
rastilho, embebido de sentimentos, que se vai de uma bomba para explodir na cara de quem
alimentando de opiniões e atitudes no mundo se discorda. Esse espaço temporal é como se
virtual até explodir no real.
35 alguém fosse deitando um pano de água em
cima do tal rastilho, impedindo-o de explodir.
15 Tudo o que se publica nas redes sociais
está hoje amplificado perante uma audiência Agora é tudo mais direto e imediato. A bar-
maior. E com ela vem um julgamento também reira entre crítica e quem é criticado começou a
maior, feito, muitas vezes, em grupo. O que faz diluir-se até desaparecer com as redes sociais.
aumentar o ódio e, já agora, o amor por quem 40 É um novo espaço público que se forma,
20 escreve. com fraca mediação e em autorregulação.
O julgamento de palavras e ações é tam- Os cidadãos têm de aprender a conviver den-
bém mais rápido. Antigamente, se alguém tro dele. As empresas que o possibilitam terão
discordasse de uma crónica de, por exemplo, de conseguir estabelecer regras. “É o espaço
João Miguel Tavares, no Público, teria de es-
45 público por excelência da sociedade em que
25 crever uma carta ao diretor e não descarregar vivemos. As pessoas precisam de ser educa-
a discordância numa caixa de comentários das, estamos a aprender o que é aceitável e
mesmo em baixo do texto. O que levaria a o que não é.”, frisa Paulo Peixoto. O desafio
parar para pensar no que ia escrever. Teria de fica lançado.
começar com uma saudação – meu caro, por [354 palavras]
d 12
222
SÍNTESE
PROPOSTA 2
Proceda à síntese do texto “Os perigos das dietas da moda”, reduzindo-o a cerca de
100 palavras.
Os perigos
das dietas
da moda
T
“ errorismo nutricional.” A expressão
é da endocrinologista franco-brasi-
leira Sophie Deram, que a criou para
se manifestar contra os regimes que
5 proíbem um grupo alimentar importante: “Co-
locar uma população inteira sem açúcar, sem
glúten ou sem lactose é uma loucura!”. Mas
essa pressão existe de forma cada vez mais
premente – ora tira daqui, que este faz mal,
10 ora tira dali, que isso já não é como antiga-
mente –, o que faz com que cada vez mais Sophie Deram, que tem alcançado grande
pessoas não saibam o que servir no prato. sucesso no Brasil com o seu programa de
A variedade, sempre se disse, é a chave “transformação alimentar”, resume de forma
da alimentação saudável. Não devem exis- clara este paradoxo. “Se voltássemos a comer
15 tir proibições, mas sim a ingestão de todos 35 alimentos verdadeiros, para os quais fomos
os grupos alimentares com moderação e, de adaptados, não haveria tanta preocupação
preferência, preparados em casa. Mas se esta com a contagem de calorias, com o engordar.
teoria fosse assim tão fácil de pôr em prática O que teríamos era uma consciência maior de
não teríamos mais de metade da população como nos estamos a sentir. Estou com fome?
20 com doenças relacionadas com a alimenta- 40 Vou comer. Estou sem fome? Vou parar de
ção desadequada, nem os gurus das dietas da comer!”
moda estariam tão ricos. A defesa do “com conta, peso e medida”
Alcançar o “ponto E”, esse sacrossanto tem-se propagado por oposição aos extre-
equilíbrio na nossa relação com a comida, mismos e ao movimento free from (lactose
25 implica mudar a forma como a olhamos 45 ou glúten). A evidência científica tem vindo
e o papel que ela tem na nossa vida. Exige a demonstrar que, para quem não tem alergia
mudanças comportamentais profundas, só ou intolerância, retirar uma substância a um
possíveis com uma séria aposta na educação produto alimentar raramente o torna mais
alimentar, para que possamos comer sem saudável.
30 culpa e com consciência. [323 palavras]
223
EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA
ESCRITA
ESCOLA: DATA: / / 2
NOME: N.O: TURMA
O texto expositivo tem por finalidade elucidar de forma clara, concisa e objetiva um de-
terminado tema.
Apresenta, por isso, um caráter demonstrativo.
RECORDAR
Atente nas três fases essenciais para a elaboração de uma exposição sobre um tema.
1. Fase preparatória
• Selecione os temas/subtemas a contemplar.
• Pesquise informação tendo por base fontes credíveis (livros, textos críticos de auto-
res conhecedores do tema, revistas, jornais ou sítios de Internet com credibilidade).
• Comprove os factos apresentados, identificando as fontes usadas, assim como da-
tas, estatísticas, dados bibliográficos e outros.
• Planifique o texto, organizando a informação selecionada.
2. Fase da redação
• Identifique, na introdução, o assunto a tratar.
• Organize sequencialmente as informações a transmitir, utilizando os conectores
discursivos de forma adequada.
• Indique corretamente as fontes consultadas, assim como as citações, estatísticas
ou dados apresentados.
• Utilize uma linguagem própria.
3. Fase da revisão
• Corrija eventuais erros de ortografia, pontuação e acentuação.
• Verifique a coerência do discurso e a utilização adequada dos conectores (coesão
textual).
• Certifique-se do cumprimento das marcas específicas deste género textual.
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225
EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA
APLICAÇÃO
PROPOSTA 1
Certamente, já experienciou recordações do passado motivadas por vivências do
presente.
Redija um texto expositivo, entre 130 e 170 palavras, sobre o papel da memória na cons-
trução da identidade do ser humano, tendo por base a planificação abaixo.
• Introdução
– Apresentação do tema.
• Desenvolvimento
– Importância das recordações nas relações afetivas.
– Aprendizagem decorrente das situações vividas.
• Conclusão
– Retoma do tema e fecho do texto.
No final, reveja o seu texto, considerando a concisão e a objetividade; a seleção vocabu-
lar; a articulação coesa e coerente, a correção linguística, sintática e ortográfica.
PROPOSTA 2
Redija um texto expositivo, de 130 a 170 palavras, sobre a importância dos sentidos
na vida do ser humano.
226
TEXTO DE OPINIÃO
ESCRITA
ESCOLA: DATA: / / 3
NOME: N.O: TURMA
RECORDAR
1. Fase preparatória
• Defina a tese a ser defendida relativamente ao tema em análise.
• Pesquise sobre o tema.
• Liste e organize os argumentos (e contra-argumentos), e respetivos exemplos ilus-
trativos (para fundamentação do ponto de vista/tese).
• Planifique o texto, de acordo com a seguinte sugestão:
– apresentação e enquadramento do tema e da tese a defender (introdução);
– apresentação de argumentos e de exemplos justificativos, com recurso a cita-
ções e/ou a dados estatísticos que permitam confirmar a tese defendida (desen-
volvimento);
– reforço das ideias defendidas em jeito de síntese, e apresentação de eventuais
sugestões (conclusão).
2. Fase da redação
• Organize sequencialmente os tópicos elencados na fase anterior.
• Faça uso da primeira pessoa e de expressões valorativas.
• Atente na indicação correta das citações e/ou das fontes.
• Avalie a diversificação e a adequação dos conectores discursivos e do vocabulário
a usar.
3. Fase da revisão
• Certifique-se do cumprimento da extensão indicada, reveja o uso da ortografia,
da sintaxe e da pontuação.
• Verifique a adequação dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica
das ideias (coerência).
• Valide o cumprimento das marcas específicas deste género textual.
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227
TEXTO DE OPINIÃO
APLICAÇÃO
PROPOSTA 1
Escreva um texto de opinião, de 150 a 250 palavras, no qual defenda um ponto de vista
sobre o modo como o ser humano usa os conhecimentos e os avanços tecnológicos na
sociedade.
PROPOSTA 2
Ao contrário do que seria de supor, a utilização das redes sociais tem vindo a acentuar
a timidez, o isolamento e a solidão entre as pessoas, sobretudo as mais jovens.
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 150 e um máximo de 250
palavras, apresente o seu ponto de vista sobre o tema/problema enunciado.
228
APRECIAÇÃO CRÍTICA
ESCRITA
ESCOLA: DATA: / / 4
NOME: N.O: TURMA
A apreciação crítica é um género textual que apresenta uma descrição sucinta seguida
de um comentário crítico sobre o objeto tratado (um debate, um livro, um filme, uma peça
de teatro ou outra manifestação cultural). Este género textual deve, portanto,
• apresentar um conteúdo informativo (descrição do objeto);
• incluir apreciações pessoais/comentários críticos;
• recorrer à argumentação e à exemplificação para fundamentar o ponto de vista adotado;
• utilizar uma linguagem valorativa, mas clara.
RECORDAR
1. Fase da planificação
• Introdução − descreva de forma sucinta o objeto a apreciar.
• Desenvolvimento − apresente um comentário crítico e valorativo (positivo ou ne-
gativo), por tópicos, com os argumentos e com os exemplos que fundamentam
o ponto de vista.
• Conclusão − exponha uma síntese do comentário veiculado.
2. Fase da redação
• Organize sequencial e coerentemente os tópicos elencados na fase anterior, tendo
em conta a estrutura tripartida proposta.
• Explore os argumentos e os exemplos, para que validem e sustentem os comentá-
rios críticos efetuados.
• Escolha um vocabulário cuidado e valorativo.
• Empregue, de forma diversificada e correta, os conectores discursivos.
3. Fase da revisão
• Certifique-se de que cumpriu a extensão indicada e a estrutura da planificação.
• Assegure-se de que usou corretamente a ortografia, a sintaxe e a pontuação.
• Verifique o uso adequado dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica
das ideias (coerência).
• Valide o cumprimento das marcas específicas deste género textual.
APLICAÇÃO
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Elabore uma apreciação crítica, entre 150 a 250 palavras, de uma obra que tenha lido
e que recomendaria a um amigo.
229
ESCRITA | DESCRITORES DE DESEMPENHO
Trata o tema proposto sem desvios e escreve um texto com eficácia argumentativa,
assegurando:
• a mobilização de argumentos e de exemplos diversificados e pertinentes;
48
• a progressão da informação de forma coerente;
pts
• o recurso a um repertório lexical e a um registo de língua globalmente adequados
ao desenvolvimento do tema, ainda que possam existir esporádicos afastamentos,
justificados pela intencionalidade comunicativa.
Trata o tema proposto sem desvios, mas escreve um texto com falhas pontuais 36
em um ou dois aspetos em avaliação neste parâmetro. pts
Trata o tema proposto sem desvios e escreve um texto com falhas pontuais 24
em três aspetos em avaliação neste parâmetro. pts
Trata o tema proposto com desvios e escreve um texto com falhas em todos 4
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
230
ESCRITA | DESCRITORES DE DESEMPENHO
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
0 56 56 56 46 46 46 36 36 36 22 22 22 10 10 10
Número de erros do tipo B
1 56 46 46 46 36 36 36 22 22 22 10 10 10
2 46 46 36 36 36 22 22 22 10 10 10
3 36 36 36 22 22 22 10 10 10
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4 36 22 22 22 10 10 10
5 22 22 10 10 10
6 10
7 10
231
TURMA: ANO LETIVO: /
232
Parâmetros Descontos
A B C CL de Subtotal
(48 pts) (48 pts) (48 pts) (56 pts) extensão (pts)
Nome / N.o (–5)
GRELHA DE AVALIAÇÃO DA ESCRITA
Assim, conclui-se que a memória é fundamental para mente realizada através das redes sociais, muitos jovens
o ser humano, pois permite o seu crescimento psicoemo-
tornam-se mais inibidos e menos capazes de desenvol-
cional e social.
ver competências no âmbito da interação, isolando-se.
(151 palavras)
Conclusão: Em suma, ler o que os outros escrevem e res-
Proposta 2 ponder-lhes não é um ato de comunicação completo, pois
Os cinco sentidos são ferramentas essenciais para com- não permite o contacto físico e formas de afetividade mais
preendermos o mundo e lidarmos com o meio envolvente. diretas e intensas.
233
CENÁRIOS DE RESPOSTA
Ficha 4 (p. 229) eram sujeitos, transformados numa massa humana que
(Apreciação do livro Se isto é um homem, de Primo Levi, perdera não só o direito ao nome como o direito de viver.
Publicações Dom Quixote, 2010). E fá-lo num discurso sóbrio, mas cheio de humanidade,
Se isto é um homem é o primeiro livro do italiano revelador de uma sensibilidade quase poética.
Primo Levi que, com 24 anos, foi capturado e enviado para Trata-se, sobretudo, de uma reflexão sobre a condição
a Polónia. humana. É um livro que vale a pena ler e reler pela extraor-
Escrito na primeira pessoa, este não é apenas mais um dinária forma como prende o leitor.
livro sobre o Holocausto, esse período terrível da história (151 palavras)
da Humanidade. Num retrato fabuloso da dureza e da bru-
talidade das condições de vida em Auschwitz – a fome, o
frio, o medo, o cansaço, a incerteza, o horror –, o autor des-
taca alguns prisioneiros que tudo fizeram para manter a
dignidade que lhes era roubada pela desumanização a que
234
NOVO
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
Testes
de avaliação
• 2 testes de diagnóstico
• 7 testes de avaliação
(por unidade didática)
• Cenários de resposta
de avaliação
Testes
TESTES DE
AVALIAÇÃO
Testes de diagnóstico
• Teste de diagnóstico 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
• Teste de diagnóstico 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
Testes de avaliação
• Teste de avaliação 1
(Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo) . . . . . . . 249
• Teste de avaliação 2
(Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos) . . . . 257
• Teste de avaliação 3
(Fernando Pessoa, Mensagem) . . . . . . . . . . . 265
• Teste de avaliação 4
(Contos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273
• Teste de avaliação 5
(Poetas contemporâneos) . . . . . . . . . . . . . . 281
• Teste de avaliação 6
(Memorial do convento, José Saramago) . . . . . . 289
• Teste de avaliação 7
(O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago) . . 297
Número
Domínio Tipologia de itens
de itens
GRUPO I
EDUCAÇÃO LITERÁRIA Itens de Escolha
(Aferição de conhecimentos) 5
construção múltipla
Testes 1 e 2
− “Sermão de Santo António”
− Frei Luís de Sousa
− Viagens na minha terra | Amor de perdição
− Os Maias Itens de Resposta
5
− Antero de Quental seleção restrita
− Cesário Verde
GRUPO II
LEITURA E GRAMÁTICA
Itens de Escolha
7
Teste 1 seleção múltipla
Sinonímia
Frase complexa – subordinação
Funções sintáticas
Modalidade e valor modal
Teste 2
Antonímia
Classes de palavras Itens de Resposta
3
Modalidade e valor modal construção restrita
Frase complexa – subordinação
Funções sintáticas
GRUPO III
ESCRITA
Itens de Resposta
1
construção extensa
Testes 1 e 2
Texto de opinião
236
TESTE DE
ESCOLA: DATA: / /
DIAGNÓSTICO
NOME: N.O: TURMA
1
GRUPO I
2 Para completar os itens 2.1 e 2.2, selecione a opção correta, tendo em conta a obra
Frei Luís de Sousa.
3.1 O título da obra Viagens na minha terra remete para uma viagem a.
mas também para a que decorre das b. do narrador/autor
e que versa diversos aspetos, nomeadamente: a falta de originalidade relativa-
mente c. , a decadência de d. e o excessivo ma-
terialismo e. . O narrador pode considerar-se f.
e g. , no que respeita à defesa dos valores do passado e do povo.
237
TESTE DE DIAGNÓSTICO 1
4 Para completar cada um dos itens 4.1 a 4.3, decorrente do estudo que fez da obra
Os Maias, de Eça de Queirós, selecione a opção correta.
238
TESTE DE DIAGNÓSTICO 1
GRUPO II
No topo da
montanha
H
á 30 anos que Bill Callahan esculpe
canções com recurso a dois gran-
des instrumentos: a sua voz, grave
e imperturbável, e as palavras que a
5 mesma transporta, dotadas de igual força telú-
rica1. Primeiro enquanto Smog, depois com o seu
nome de batismo, o cidadão que o estado norte-
-americano de Maryland viu nascer há 56 prima-
veras nunca exagerou nos condimentos, optando
10 sempre por uma versão ascética2 do songwriting:
nos clássicos da sua longa lavra, como “Dress
Sexy for My Funeral” ou “Too Many Birds”, não há
nada a mais. Nada de instrumentos supérfluos,
arranjos extravagantes ou convidados especiais
40 […] Três décadas depois dos primeiros relâm-
15 só para abrilhantar a ficha técnica. Bill Callahan é
pagos, as palavras continuam secas, curtas e in-
ele mesmo, um portento de musicalidade poética,
cisivas. Contudo, depois de ver morrer a mãe, em
em cujos discos (e já lá vão 19, se contarmos com
2018, experiência que parece refletir no lindís-
a colaboração de 2021 com Bonnie “Prince” Billy)
simo poema de “Lily”, e de ser pai, há sete anos,
não há nada a mais, mas também nada a menos.
45 tornou-se mais aberto à ideia de comunidade.
20 Callahan, a sua voz e a sua pena bastam-se a si
“Dantes não percebia esse conceito”, confessou
mesmos, com um brilhantismo pouco compará-
em 2019, ao “The Guardian”. “Tinha a minha mú-
vel a qualquer contemporâneo.
sica e os meus livros, filmes e amigos, por isso
Que não precise, aparentemente, de ninguém não queria saber do estranho da porta ao lado. Ter
para levar a água ao seu moinho não o impede de 50 um miúdo mudou isso, porque, para ele ser uma
25 partilhar a sua visão com um punhado de mú- pessoa bem ajustada, precisamos de todas essas
sicos de exceção. No novo “ytilareR” (a palavra pessoas”. No novo disco, continua o seu trajeto na
“Reality” vista ao espelho), reuniu uma banda – música, que compara a “trepar uma montanha”,
na qual se destaca o nome de Jim White na ba- tentando “despertar as pessoas, o seu amor. Pôr
teria – capaz de polvilhar canções mágicas como 55 os seus sentidos a trabalhar outra vez”, abrindo a
30 “Coyotes” (pura perfeição folk-rock), “Bowevil” porta a outras vozes que não apenas a sua (há seis
(blues assombrado) ou a luminosa “Natural Infor- ou sete pessoas a cantar neste disco”, informa na
mation” com geniais contributos (à pianista Sarah apresentação do mesmo). “Ouvir este disco de-
Ann Philippps, por exemplo, cabem alguns dos mora uma hora”, acrescenta. “Hoje em dia, uma
coros). O mais notável é que, mesmo quando as 60 hora parece um ano”. Mas não é nada. E é uma
35 canções seguem um ritmo próximo do jam, com vida.” Por aqui, podemos confirmar: será a hora
apontamentos psicadélicos (como em “Partition”) mais bonita do ano.
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ou jazzy (na épica “Naked Souls”), Bill Callahan Lia Pereira, in “A revista do expresso”,
nunca deixa de ser o capitão do seu navio, o cen- Edição 2607, 14/10/2022, p. 64
tro do seu universo. (adaptado e com supressões).
1
força da terra; 2 perfeição espiritual
239
TESTE DE DIAGNÓSTICO 1
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 O primeiro período do texto
A. descreve objetivamente o modo como Callahan escreve cancões.
B. valoriza a voz do cantor como o principal ingrediente das suas canções.
C. refere-se metaforicamente à escrita de canções por parte de Callahan.
D. destaca a longa carreira de Callahan enquanto escritor de canções.
1.6 No contexto em que surge, o termo “condimentos” (l. 9) pode ser substituído por
A. afetos.
B. temperos.
C. recursos.
D. sensações.
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1.7 As orações introduzidas por “que (parece)” (l. 43) e “que (compara)” (l. 53) classifi-
cam-se como subordinadas
A. adjetivas relativas restritivas em ambos os casos.
B. adjetiva relativa explicativa e adjetiva relativa restritiva, respetivamente.
C. adverbial consecutiva e adjetiva relativa explicativa, respetivamente.
D. adjetiva relativa restritiva e adjetiva relativa explicativa, respetivamente
240
TESTE DE DIAGNÓSTICO 1
2 Classifique a oração “se contarmos com a colaboração de 2021 com Bonnie “Prince”
Billy” (ll. 17-19).
3 Identifique a função sintática desempenhada pelo segmento “do seu navio” (l. 38).
4 Indique a modalidade e o valor modal da frase “Hoje em dia, uma hora parece um ano”
(ll. 59-60).
GRUPO III
Ler, ver um filme ou assistir a uma peça de teatro é, sem dívida, um dos melhores contri-
butos para o nosso enriquecimento cultural e pessoal.
Redija um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, sobre a importância dos meios cultu-
rais nas sociedades modernas, expondo o seu ponto de vista com clareza e pertinência.
Educação Literária
Leitura
Gramática
Escrita
Critérios
241
TESTE DE
ESCOLA: DATA: / /
DIAGNÓSTICO
NOME: N.O: TURMA
2
GRUPO I
2 Para completar os itens 2.1 e 2.2, selecione a opção correta, tendo em conta a obra
Frei Luís de Sousa.
2.1 A obra Frei Luís de Sousa quebra as regras da tragédia clássica porque
A. é escrita em prosa e estrutura-se em três atos.
B. tem um pendor sebastianista.
C. a catástrofe ocorre no ato I, com o incêndio do palácio.
D. o Romeiro não é uma personagem trágica.
3.1 Na obra Viagens na minha terra, o narrador realiza uma viagem de Lisboa a
a. e fornece ao leitor as suas b. acerca das vivên-
cias dela decorrentes. A obra possui, assim, um caráter c. , e cons-
titui uma d. de caráter pessoal, mas também e. .
Espiritualismo e f. são temáticas abordadas pelo narrador, que vê
na g. uma forma de recuperar os valores tradicionais.
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3.2 A obra Amor de perdição relata o amor correspondido entre Simão e Teresa, mas
a. pelas suas famílias. b. e Mariana são adju-
vantes de Simão nessa relação, mas Mariana acaba por se apaixonar pelo filho
de Domingos Botelho. Simão é condenado ao c. por ter matado
d. , em defesa da sua honra. Mariana decide e. , mas
acaba por se suicidar depois de f. falecer após ter tomado conhe-
cimento da morte de g. .
243
TESTE DE DIAGNÓSTICO 2
4 Para completar os itens 4.1 e 4.2, selecione a opção correta, baseando-se no seu
conhecimento sobre a obra Os Maias.
244
TESTE DE DIAGNÓSTICO 2
GRUPO II
Leia o texto.
Dia Mundial da
Liberdade de Imprensa,
3 de maio de 2022
Declaração do Alto Representante
em nome da União Europeia
N
esta data em que assinalamos o Dia
Mundial da Liberdade de Imprensa,
corajosos jornalistas, equipas de fil-
magem, repórteres, fotógrafos e
5 bloguistas arriscam a vida para nos manter infor-
mados sobre a agressão militar não provocada e
injustificada da Rússia contra a Ucrânia.
As forças russas estão a deter, raptar e a per-
seguir jornalistas e intervenientes da sociedade
Contribuem, pois, para que os responsáveis sejam
10 civil para impedir o mundo de ouvir a verdade.
35 chamados a prestar contas pelas suas ações.
Instamos vivamente a Federação da Rússia a pôr
imediatamente termo a este tipo de ataques e Na Rússia e na Bielorrússia, apesar de se arris-
práticas. Segundo a plataforma do Conselho da carem a ser submetidos a longas penas de prisão
Europa para a proteção do jornalismo e a segu- e períodos de detenção prolongados, corajosos
15 rança dos jornalistas, foram já mortos 10 traba- jornalistas e meios de comunicação independen-
lhadores ucranianos e internacionais dos meios 40 tes esforçam-se por fazer chegar ao público in-
de comunicação social e muitos outros ficaram formações sobre a guerra travada pelos dirigentes
feridos. russos contra a Ucrânia e as atrocidades cometi-
das contra o povo ucraniano.
A segurança dos jornalistas constitui uma prio-
20 ridade para a UE, que presta apoio de emergência Também no resto do mundo, muitos jorna-
aos meios de comunicação social e aos jornalistas 45 listas e profissionais dos meios de comunicação
que cobrem a guerra na Ucrânia, nomeadamente independentes e empenhados continuam a expor
através de apoio psicológico, capacetes e outro situações de injustiça nos seus próprios países e
equipamento de proteção, bem como de fundos a contribuir para a construção de um futuro me-
25 que permitem cobrir os seus salários. lhor, e isto apesar do assédio diário, da violência
50 e da intimidação, tanto em linha como fora de
Ao cobrirem a situação a partir da linha da
linha, de que muitos deles são vítimas.
frente e ao identificarem as graves violações dos
direitos humanos e do direito internacional hu- A União Europeia está do seu lado. A liberdade
manitário cometidas pelas forças armadas russas, de imprensa garante uma sociedade mais demo-
30 os jornalistas contribuem, em grande medida, crática, mais forte e mais inclusiva e é funda-
para combater a desinformação e a manipula- 55 mental para a proteção e a promoção dos direitos
ção das informações sobre a invasão e garantir humanos. Não recuaremos no nosso combate em
que estas atrocidades não permaneçam impunes. favor da liberdade de imprensa.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
https://www.consilium.europa.eu/pt,
consultado em 29/12/2022.
245
TESTE DE DIAGNÓSTICO 2
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 No primeiro parágrafo homenageia-se
A. o trabalho dos jornalistas que cobrem a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
B. os que arriscam a vida na guerra entre a Rússia e a Ucrânia para nos infor-
marem.
C. aqueles que fazem a cobertura dos atentados levados a cabo pelos dois
países.
D. a atitude dos países da União Europeia para preservar a vida dos jornalistas.
1.3 O papel dos jornalistas deve ser enaltecido porque, graças a eles,
A. já vários responsáveis pelo conflito armado foram chamados a prestar contas.
B. combate-se a desinformação e a manipulação das notícias sobre a invasão.
C. os responsáveis pelo conflito tiveram de prestar contas pelas suas ações.
D. russos e a bielorrussos estão bem informados sobre a guerra na Ucrânia.
1.5 A forma verbal sublinhada em “Instamos vivamente a Federação da Rússia” (l. 11)
é antónima de
A. pedimos. C. apelamos.
B. apoiamos. D. proibimos.
246
TESTE DE DIAGNÓSTICO 2
GRUPO III
Redija um texto de opinião, de 130 a 170 palavras, em que se pronuncie acerca do direito à
informação por parte de todos os cidadãos. Evidencie, igualmente, o contributo desse di-
reito para a tomada de decisões conscientes, no que respeita a escolha de individualidades
que poderão ter nas suas mãos os destinos do Mundo.
Educação Literária
Leitura
Gramática
Escrita
Critérios
247
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 1 (pp. 249-255) – Unidade 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo
Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA
A – 28 pontos;
B – 28 pontos
Resposta
C – 28 pontos;
extensa
CL – 56 pontos
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200
248
FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 1
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
PARTE A
Leia o poema.
25-2-1917
Fernando Pessoa, Poesia do eu (edição de Richard Zenith),
Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 102-103.
1 Indique o local, o tempo e a situação registados pelo sujeito poético na primeira estrofe.
a. b. c. d.
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249
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)
PARTE B
Leia o soneto.
a. b. c. d.
250
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)
PARTE C
GRUPO II
PARTE A – LEITURA
Leia o texto.
Tecnologia
com propósito
Web Summit 2022, com uma análise de
Henrique Miranda, professor do ISEL1 e
assessor da Presidência para a Área da
Inovação.
N
5 as últimas décadas assistiu-se à
transição para uma sociedade cada
vez mais tecnológica, que impõe
novos e urgentes desafios às em-
presas e às instituições governamentais, no-
10 meadamente a inovação tecnológica e tudo o
que se relaciona com a proteção e segurança
de dados. midores cada vez mais atentos e igualmente
tecnológicos, impõem desafios acrescidos
O tecido empresarial português é consti-
aos atuais e futuros gestores.
tuído maioritariamente por micro, pequenas
15 e médias empresas (PME), que desempe- 25 Atualmente, surgem todos os dias novos
nham um papel fundamental na sociedade. softwares, novas aplicações digitais e inovações
A regulamentação nacional e europeia, cada tecnológicas que visam dar resposta aos desa-
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
vez mais exigente e à qual acrescem as pro- fios do mundo, dos setores empresariais, dos
blemáticas ambientais, económicas e sociais gestores, dos consumidores e até do planeta,
20 globais, a rápida evolução tecnológica que 30 com base na recolha e tratamento de dados que
implica a digitalização de processos e consu- geram conhecimento, o qual é imprescindível
1
Instituto Superior de Engenharia de Lisboa
251
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 Os avanços tecnológicos colocam
A. entraves às empresas e a outras instituições.
B. desafios às instituições governamentais.
C. grandes desafios a empresas e instituições.
D. restrições ao serviço nacional de saúde.
252
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)
Coluna A Coluna B
a. b. c. d. e.
253
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)
PARTE B – GRAMÁTICA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 Os “que” utilizados nas linhas 7 e 15
A. são pronomes relativos nas duas ocorrências.
B. são, respetivamente, um pronome relativo e uma conjunção subordinativa.
C. são conjunções subordinativas nas duas situações.
D. são, respetivamente, uma conjunção subordinativa e um pronome relativo.
1.2 O segmento “por micro, pequenas e médias empresas (PME)” (ll. 14-15) corresponde ao
A. predicativo do sujeito.
B. complemento direto.
C. complemento agente da passiva.
D. predicativo do complemento direto.
1.3 O processo irregular de formação de palavras subjacente ao termo “softwares” (l. 26)
designa-se de
A. truncação. C. siglação.
B. amálgama. D. empréstimo.
1.4 O articulador “No entanto” (l. 35) contribui para assegurar a coesão gramatical
A. frásica. C. referencial.
B. interfrásica. D. temporal.
D. apreciativa.
1.6 A frase “Inúmeros são os casos de sucesso de colaboração entre entidades empre-
sariais, industriais e académicas” (ll. 57-59) configura um ato ilocutório
A. diretivo. C. expressivo.
B. assertivo. D. declarativo.
254
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)
a. "Nas últimas décadas assistiu-se à transição para uma sociedade cada vez mais
tecnológica" (ll. 5-7)
3 Classifique as orações.
a. "que desempenham um papel fundamental na sociedade" (ll. 15-16)
4 Indique o valor da oração “que de outra forma não teriam” (l. 70).
GRUPO III
Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de vista sobre
o modo como o ser humano usa os conhecimentos e os avanços tecnológicos na sociedade.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles
com, pelo menos, um exemplo significativo.
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255
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 2 (pp. 257-263) – Unidade 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos
Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA
A – 28 pontos;
Resposta
B – 28 pontos
extensa
C – 28 pontos;
(texto de
CL – 56 pontos
opinião)
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200
256
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 2
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
PARTE A
Leia o poema.
XXXI
a. b. c. d.
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257
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)
PARTE B
Leia o excerto do poema.
Nós
258
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)
a. b. c. d.
PARTE C
259
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)
GRUPO II
PARTE A – LEITURA
Leia o texto.
É
uma ferida aberta no sentimento eu-
ropeu. Durante a expansão do Daesh, Em A Noiva, não há uma cena de guerra
na Síria e no Iraque, jovens europeus ou sequer de aventura de percurso. Quando
abandonaram as suas famílias e o seu chegamos lá, já tudo aconteceu. O olhar é-nos
10 conforto ocidental para combaterem ao lado emprestado por uma mãe, cujo filho, um jiha-
dos jihadistas. Ao mesmo tempo, partiram
35 dista europeu, morreu na guerra. Ela tenta
também jovens mulheres, as chamadas noi- agora resgatar o seu corpo e confronta-se com
vas da jihad, prontas a abraçar de uma outra a viúva, também ela europeia, luso-francesa,
forma esta causa horrenda e criminosa. Tudo jovem mãe de dois filhos e grávida do terceiro.
15 isto fazia as manchetes dos jornais há meia Filmando no Curdistão iraquiano, com no-
dúzia de anos, mas como, entretanto, acon- 40 tável qualidade fotográfica e enquadramen-
teceu a pandemia e se reinventou a guerra na tos sóbrios, Tréfaut parece ter sempre como
Ucrânia, parece estar muito, muito, lá atrás. prioridade dar-nos um pedaço de realidade,
Não está. levar-nos ao espaço, num registo quase docu-
20 Sérgio Tréfaut debruçou-se a fundo so- mental (que é nitidamente onde se sente mais
bre este abismo, na tentativa de compreen-
45 à vontade), feito de verdade e verosimilhança.
der o inexplicável, ir além do choque e tentar Sentimo-nos como se estivéssemos lá. Pron-
mostrar as profundezas insondáveis da alma tos a tirar as nossas conclusões ou impressões
humana. De início, o realizador desenhou sobre a indecifrável personagem.
25 um projeto mais convencional, que quase Tréfaut recusa explicações simplistas. E não
poderia ser confundido com um filme de 50 nos dá nenhuma. Não desenha um monstro
aventuras. Abandonou a ideia e acabou por nem uma vítima. Deparamo-nos apenas com
construir um objeto mais inquietante, que uma mulher, angustiada e angustiante, presa
reforça e levanta novas perguntas, em vez de entre dois mundos, para a qual não encontra-
30 dar propriamente respostas. mos saída.
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
1.1 O filme lançado e realizado por Sérgio Tréfaut retrata uma situação que
A. continua a ferir o sentimento europeu.
B. está bem presente na mente dos franceses.
C. ocorreu com vários jovens portugueses.
D. levou inúmeros jovens europeus à morte.
260
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)
Coluna A Coluna B
a. b. c. d. e.
261
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)
PARTE B – GRAMÁTICA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 Os “que” utilizados nas linhas 2 e 25
A. são conjunções subordinativas nas duas situações.
B. são pronomes relativos nas duas ocorrências.
C. são, respetivamente, um pronome relativo e uma conjunção subordinativa.
D. são, respetivamente, uma conjunção subordinativa e um pronome relativo.
1.2 Quanto ao processo de formação, a palavra “lusodescendente” (ll. 1-2) foi obtida com
recurso à
A. derivação por conversão.
B. derivação não afixal.
C. composição morfossintática (palavra + palavra).
D. composição morfológica (radical + palavra).
1.3 O segmento sublinhado na frase “Ao mesmo tempo, partiram também jovens mu-
lheres (…) prontas a abraçar de uma outra forma esta causa horrenda e criminosa”
(ll. 11-14) exemplifica a modalidade
A. apreciativa.
B. epistémica com valor de probabilidade.
C. deôntica com valor de obrigação.
D. epistémica com valor de certeza.
1.4 O constituinte sublinhado em “Ela tenta agora resgatar o seu corpo” (ll. 35-36) con-
tribui para assegurar a coesão textual gramatical
A. referencial. C. interfrásica.
B. frásica. D. temporal.
1.5 O pronome pessoal presente em “levar-nos” (l. 44) desempenha a função sintática de
A. predicativo do sujeito. C. complemento indireto.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
1.6 A frase “Tréfaut recusa explicações simplistas” (l. 50) configura um ato ilocutório
A. expressivo. C. assertivo.
B. diretivo. D. declarativo.
262
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)
2 Classifique as orações.
a. "que aderiu ao Estado Islâmico” (l. 2)
GRUPO III
Os conflitos bélicos, sejam por razões justificadas ou não, continuam a destruir a huma-
nidade.
Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de vista
sobre os conflitos armados e as suas consequências na estabilidade/instabilidade dos seres
humanos.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
263
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 3 (pp. 265-270) – Unidade 3 – Fernando Pessoa, Mensagem
Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA
264
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 3
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
PARTE A
Leia o texto.
Padrão
265
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)
a. b. c. d.
PARTE B
Leia o excerto do poema “O sentimento dum ocidental”.
Se necessário, consulte as notas.
II
Noite fechada
1
loja onde se vende tabaco (tabacaria)
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
2
jogos ou espetáculos em que se fazem habilidades de equilíbrio, destreza e acrobacia na manipulação de objetos
266
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)
a. b. c. d.
PARTE C
267
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)
GRUPO II
PARTE A – LEITURA
Leia o texto.
É
sempre manhã no mundo da língua e das português. O objetivo da obra é refletir, sob pers-
culturas de expressão portuguesa. petivas diversas e abordando temáticas variadas,
sobre o mundo global a partir dos povos e das
A globalidade, o diálogo, a diversidade,
culturas que têm a língua portuguesa como lín-
a universalidade, o contacto com o outro,
45 gua do dia a dia, como uma língua e uma cultura,
5 e, cremos poder dizer, um afeto que perdura entre
genuinamente, de experiência intercultural.
histórias diversas, ora vividas de modos semelhan-
tes ora de modos muito diversos, do Brasil a Timor, Com base em diferentes experiências, procu-
são o tema de fundo de um projeto internacional ra-se abordar iniciativas, percursos e perceções de
de investigação que junta, há três anos, dezenas de uma presença refletida e modelada em português.
10 investigadores de universidades de todos os países 50 Contrariando as narrativas homogeneizadoras e
de língua e cultura de expressão portuguesa. procurando a inovação no debate destas temáticas,
visa-se pensar práticas culturais e comunicacio-
Há dias, a partir de Lisboa, numa sessão online
nais caracterizadoras de um mundo contempo-
com participantes de Portugal, Brasil, Angola, Guiné-
râneo em português. Trata-se de focar os povos
-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Macau e
55 e as pessoas singulares, as famílias e os muitos
15 Timor, foi apresentado um primeiro resultado deste
grupos e culturas, indo além dos países, tentando
projeto: a obra Em Português – Falar, Viver e Pensar
também pensar a vida em todos os locais onde
no Século XXI, publicada pela Centro de Estudos dos
as culturas de expressão portuguesa estão presen-
Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP)
tes ou deixaram marcas, como por exemplo, em
e pela Universidade Católica Editora.
60 Goa, na Malásia, no Japão, mas também na Eu-
20 O que é viver no século XXI tendo como ma- ropa e nos EUA, nas comunidades da emigração
triz, língua oficial ou língua e universo do dia a de língua portuguesa. Claro que estas intenções
dia, a língua e as culturas que se expressam em são impossíveis de concretizar numa obra deste,
português, presentes na sua diversidade, em to- ou de qualquer, género; são um projeto infindável
dos os continentes do mundo? Esta é a questão 65 de vida, um modo de ser.
25 que norteia o presente projeto de investigação
Não menos importante neste trabalho é a pro-
[…] que, nesta primeira obra, aborda três grandes
cura de estabelecer pontes, canais e hábitos de co-
áreas: (i) identidade e geoestratégia em português;
municação e trabalho que potenciem a influência
(ii) literatura e artes em português; e (iii) educação
global dos povos e culturas que se expressam em
e ciência em português.
70 português nos mais variados domínios.
30 Sob perspetivas diversas e abordando assuntos
O projeto Em Português continua. Outras apre-
variados, este projeto, na sua dinâmica coletiva,
sentações desta obra estão em preparação noutros
procurou descentrar a reflexão de contextos es-
locais do mundo em português. Esta parceria in-
tritamente geográficos ou nacionais, procurando
ternacional académica está também a trabalhar na
antes centrá-la na língua e na cultura, nas histó-
75 realização de um congresso académico, em Lisboa,
35 rias e, sobretudo, na maneira de ser em português
em finais de 2023; […] porque vasta e diversa é a
enquanto ponte para o futuro. […]
comunidade dos povos e culturas de expressão
O projeto Em Português é sobre o mundo todo, portuguesa. Procurando pontes que nos possam
tidd 12
20233 • SSentidos
o mundo global do século XXI, com os seus mui- fortalecer a todos, queremos e cremos que este
tos problemas, desafios e oportunidades, vivido 80 projeto espelhe/espelha essa vastidão, diversidade
por quem fala, pensa, sonha, decide e faz em
õ ASA • 202
Fernando Ilharco, Marília dos Santos Lopes, Fernando Chau, Filipe Coelho (coordenadores do projeto de investigação de que
Edições
resultou a edição de Em Português – Falar, Viver e Pensar no Século XXI), in https://www.dn.pt, consultado em janeiro de 2023.
Edi
© Ed
268
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 O recurso expressivo presente no segmento textual “É sempre manhã no mundo
da língua e das culturas de expressão portuguesa” (ll. 1-2) é
A. a personificação.
B. a metáfora.
C. a aliteração.
D. a anástrofe.
1.4 A referência a “Camões, Jorge Amado, Pepetela, Mia Couto, Luís Cardoso... “,
no título, justifica-se
A. por se tratar de escritores de expressão portuguesa oriundos de diversas
partes do mundo: Europa, Timor, Brasil e África.
B. porque um dos objetivos do projeto é promover a língua e cultura de expres-
são portuguesa no mundo, divulgando os seus escritores.
C. porque se trata de nomes incontornáveis da literatura contemporânea de
expressão portuguesa.
D. por se tratar de um projeto que pretende refletir sobre a influência da lite-
ratura de expressão portuguesa no mundo.
269
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)
1.7 Em “queremos e cremos que este projeto espelhe/espelha essa vastidão” (ll. 88-89),
o vocábulo destacado assegura o mecanismo de coesão textual
A. gramatical referencial.
B. gramatical frásica.
C. gramatical interfrásica.
D. lexical por substituição.
GRUPO III
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 pala-
vras, apresente a sua perspetiva pessoal sobre a projeção da língua e da cultura portugue-
sas no mundo atual, fundamentando-a em dois argumentos, cada um deles ilustrado com
um exemplo pertinente. © Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
270
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 4 (pp. 273-279) – Unidade 4 – Contos
Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA
A – 28 pontos;
Resposta
B – 28 pontos
extensa
C – 28 pontos;
(texto de
CL – 56 pontos
opinião)
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200
271
CONTOS TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 4
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
PARTE A
Leia o excerto de “Sempre é uma companhia”.
Tirando isto, a vida do Batola é uma sonolência pegada. Agora, para ali está, diante do
copo, matando o tempo com longos bocejos. No estio, então, o sol faz os dias do tamanho
de meses. Sequer à noite virá alguém à venda palestrar um bocado. É sempre o mesmo.
Os homens chegam com a noitinha, cansados da faina. Vão direito a casa e daí a pouco toda
5 a aldeia dorme.
Está nestes pensamentos o Batola quando, de súbito, lhe vem à ideia o velho Rata. Que
belo companheiro! Pedia de monte a monte, chegava a ir a Ourique, a Castro, à Messejana.
Até fora a Beja. Voltava cheio de novidades. Durante tardes inteiras, só de ouvi-lo parecia ao
Batola que andava a viajar por todo aquele mundo.
10 Mas o velho Rata matara-se. Na aldeia, ninguém ainda atina ao certo com a razão que
levou o mendigo a suicidar-se. Nos últimos tempos, o reumatismo tolhera-lhe as pernas,
amarrando-o à porta do casebre. De quando em quando, o Batola matava-lhe a fome; mas
nem trocavam uma palavra. Que sabia agora o Rata? Nada. Encostado à parede de pernas
estendidas, errava o olhar enevoado pelos longes. Veio o verão com os dias enormes,
15 a miséria cresceu. Uma tarde, lá se arrastou como pôde e atirou-se para dentro do pego
da ribeira da Alcaria.
Aos poucos o tempo apagou a lembrança do Rata, o mendigo. Só o Batola o recorda
lá de vez em quando. Mas, agora, abandonou a recordação e o vinho, e vai até ao almoço.
Nunca bebe durante as refeições.
20 Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se a tardinha. Batola, que
acaba de dormir a sesta, já pode vir sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo da parede.
A seus pés, passa o velho caminho que vem de Ourique e continua para o sul. Por cima, cru-
zam os fios da eletricidade que vão para Valmurado, uma tomada de corrente cai dos fios e
entra, junto das telhas, para dentro da venda.
25 E o Batola por mais que não queira, tem de olhar todos os dias o mesmo: aí umas quinze
casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas que estão
no fundo dos córregos. Depois disso, para qualquer parte que volte os olhos, estende-se a
solidão dos campos. E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado por vales e cabeços, e que
dorme profundamente. Oh, que despropósito de plainos sem fim, todos de roda da aldeia,
30 e desertos!
Manuel da Fonseca, “Sempre é uma companhia”, in Conto Português. Séculos XIX-XXI –
Antologia crítica, vol. 3 (coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins),
Porto, Edições Caixotim, 2011, pp. 96-97.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
273
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)
a. b. c. d.
PARTE B
Leia o excerto de “George”.
A figura vai-se formando aos poucos como um puzzle gasoso, inquieto, informe. Vê-se
um pedacinho bem nítido e colorido mas que logo se esvai para aparecer daí a pouco, nítido
ainda, mas esfumado. George fecha os olhos com a força possível, tem sono, volta a abri-los
com dificuldade, olhos de pupilas escuras, semicirculares, boiando num material qualquer,
5 esbranquiçado e oleoso.
À sua frente uma senhora de idade, primeiro esboçada, finalmente completa, olha-a
atentamente. De idade não, George detesta eufemismos, mesmo só pensados, uma mu-
lher velha. Tem as mãos enrugadas sobre uma carteira preta, cara, talvez italiana, italiana,
sim, tem a certeza. A velha sorri de si para consigo, ou então partiu para qualquer lugar e
10 deixou o sorriso como quem deixa um guarda-chuva esquecido numa sala de espera. O seu
sorriso não tem nada a ver com o de Gi − porque havia de ter? −, são como o dia e a noite.
Uma velha de cabelos pintados de acaju, de rosto pintado de vários tons de rosa, é certo que
discretamente mas sem grande perfeição. A boca, por exemplo, está um pouco esborratada.
Sem voz e sem perder o sorriso diz:
15 − Verá que há de passar, tudo passa. Amanhã é sempre outro dia. Só há uma coisa, um
crime, que ninguém nos perdoa, nada a fazer. Mas isso ainda está longe, muito longe, para
quê pensar nisso? Ainda ninguém a acusa, ainda ninguém a condena. Que idade tem?
− Quarenta e cinco anos. Porquê?
− É muito nova − afirma. − Muito nova.
20 − Sinto-me velha, às vezes.
− É normal. Eu tenho quase 70 anos. Como estava a chorar, pensei...
Encolhe os ombros, responde aborrecida:
− Não tive desgosto nenhum, nenhum. Um encontro, um simples encontro...
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
274
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)
a. b. c. d.
PARTE C
Baseando-se na sua experiência de leitura de Frei Luís de Sousa, escreva uma breve
exposição, na qual apresente Manuel de Sousa Coutinho, referindo dois traços de
caráter que o distinguem.
A sua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicite dois traços da personagem, ilustrando a res-
posta com a referência situações pertinentes da obra;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
275
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)
GRUPO II
PARTE A – LEITURA
Leia o seguinte texto.
Enfrentar o oceano
da vida como um peixe
enfrenta o mar
E
m 1972, Henry Miller, o autor de livros
tão importantes como Trópico de Ca-
pricórnio e a trilogia Rosa-Crucifica-
ção (Sexus, Plexus e Nexus), publicou
5 numa editora minúscula, e com uma tiragem
de apenas 200 exemplares, um livrinho de
34 páginas intitulado On Turning Eighty (“So-
bre chegar aos 80 anos”).
Entre várias reflexões sobre a bênção que assemelha a uma forma de autismo, com as
10 representa chegar a tão vetusta idade ainda 40 suas insistências e réplicas, ecos e repetições,
ativa, ainda física e intelectualmente capaz, sempre na mesma toada, que é, no fim de
o escritor nova-iorquino escreveu o seguinte: contas, a sua voz única, depurada ao fim de
“Com a idade avançada, os meus ideais, que mais de quatro décadas de atividade literária
normalmente nego possuir, alteraram-se e mais de três dezenas de romances, uma voz
15 definitivamente. O meu ideal é ficar livre de 45 que por vezes se torna monocórdica, até mo-
ideais, livre de princípios, livre de ‘ismos’ e nótona, mas logo se incendeia e reinventa,
ideologias. Quero enfrentar o oceano da vida uma voz que continua a ser, provavelmente,
como um peixe enfrenta o mar. Quando era a mais poderosa da literatura portuguesa.
novo, preocupava-me muitíssimo com o es-
Aos 80 anos, Lobo Antunes, apesar das
20 tado do mundo, mas, hoje, embora ainda 50 cíclicas ameaças de que o próximo livro será
barafuste e me indigne, contento-me sim-
o último (nunca é), continua a publicar ro-
plesmente em deplorar o estado das coisas.
mances a um ritmo quase anual, porque não
Dizer isto pode soar a presunção, mas na ver-
sabe fazer outra coisa. O velho lugar-comum
dade significa que me tornei mais humilde,
da escrita como respiração parece, no seu
25 mais consciente das minhas próprias limita- 55 caso, uma evidência. E talvez o sonho do
ções e das limitações dos meus semelhantes.
Nobel também o empurre, mesmo que não
Já não tento converter as pessoas à minha
o admita, sendo a espera anual pelo telefo-
visão das coisas, nem procuro curá-las.”
nema de Estocolmo um aguilhão. Lembre-
No passado dia 1 de setembro, também mos que, na semana passada, Annie Ernaux,
30 António Lobo Antunes se tornou octogená- 60 a escritora francesa de 82 anos (feitos, tam-
rio – e não é difícil imaginá-lo a subscrever bém, a 1 de setembro), foi galardoada com o
as palavras de Miller. Há muito que o autor maior dos prémios literários, num momento
de Fado Alexandrino e Tratado das Paixões em que ainda está bastante ativa – em maio
da Alma parece fechado numa cápsula que o lançou a sua última obra, Le Jeune Homme.
d 12
isola do mundo à sua volta, um casulo onde Com Nobel ou sem Nobel, Lobo Antunes
entidos
20233 • SSentidos
35 65
tece incansavelmente a sua prosa narrativa, continuará a escrever. E talvez ainda seja ca-
essa conversa de si para si mesmo, por vezes paz de nos surpreender, quando se calhar já
Edições ASA • 202
tão fechada e virada para dentro que quase se não o esperaríamos. […]
José Mário Silva, in E – A revista do expresso, ed. n.o 2607, 14/10/2022, p. 50 (com supressões).
© Ed
276
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 As referências a Henry Miller, no primeiro parágrafo, pretendem,
A. por contraste, introduzir a reflexão sobre Lobo Antunes.
B. por analogia, introduzir a reflexão sobre o escritor português.
C. sobretudo, destacar a figura de Henry Miller no panorama literário norte-
-americano.
D. especialmente, sintetizar e valorar a vida e a obra do escritor nova-iorquino.
1.2 O uso do itálico em “On Turning Eighty” (l. 7) e das aspas no segmento compreen-
dido entre as linhas 13-28 justificam-se por se tratar de
A. respetivamente, um título e uma citação.
B. duas citações.
C. um empréstimo e uma citação.
D. um título e uma frase em discurso indireto.
Coluna A Coluna B
a. A frase “O meu ideal é ficar livre de ideais, livre de 1. compreende uma metáfora
princípios, livre de ‘ismos’ e ideologias” (ll. 15-17) e uma comparação.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
b. A frase “Quero enfrentar o oceano da vida como 2. engloba uma repetição anafórica
um peixe enfrenta o mar” (ll. 17-18) e uma enumeração.
c. No contexto em que surge, o termo “deplorar” 3. premiada.
(l. 22) significa
4. observar.
d. O adjetivo “galardoada” (l. 61) significa
5. lamentar.
277
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)
a. b. c. d. e.
PARTE B – GRAMÁTICA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 O referente do pronome em “nem procuro curá-las” (l. 28) é
A. “(d)as minhas próprias limitações e das limitações dos meus semelhantes”.
B. “(d)as minhas próprias limitações”.
C. “as coisas.
D. “as pessoas”.
1.2 As orações introduzidas por “que” (l. 38 e l. 59) classificam-se como orações subor-
dinadas
A. adverbial consecutiva e substantiva completiva, respetivamente.
B. adverbial concessiva e substantiva completiva, respetivamente.
C. substantiva completiva em ambos os casos.
D. adjetiva relativa restritiva e substantiva completiva, respetivamente.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
278
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)
GRUPO III
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
As obras literárias inscrevem-se num determinado tempo e num certo lugar, e, portanto,
através do olhar atento e crítico do seu criador, elas podem constituir-se como retratos da
realidade em que nasceram.
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras,
apresente a sua perspetiva pessoal sobre o tema apresentado, fundamentando-a em dois argumen-
tos, cada um ilustrado com um exemplo.
279
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 5 (pp. 281-286) – Unidade 5 – Poetas contemporâneos
Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA
280
POETAS CONTEMPORÂNEOS TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 5
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
PARTE A
Leia o poema.
Agora as palavras
281
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)
PARTE B
Leia o texto.
282
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)
PARTE C
GRUPO II
Leia o texto.
A arqueologia da Internet
Q
uem diria que seria o iPhone, que eu tanto
aplaudi e celebrei quando saiu, a víbora
que levaria à destruição do jardim do pa-
raíso que era a Internet?
5 De repente, tudo ficou do tamanho de um
considerado uma antiguidade encantadora para
envelope infantil. Os computadores desktop com
comunicar com os avós, uma espécie de tele-
ecrãs gigantes passaram a mamutes e os portá-
grama gratuito que dá muito trabalho.
teis vão pelo mesmo caminho, para o cemitério-
-museu onde ainda se podem ver as máquinas 30 Os posts do Twitter, Instagram e do TikTok
10 fotográficas e sonográficas de antigamente. podem ser muito giros – e ainda estão por ex-
plorar –, mas correspondem aos postais de an-
Quanto tempo faltará para os telemóveis se-
tigamente. São curtos e estão muito dominados
rem trocados por smartwatches com mostradores
pela imagem, pelo diálogo e pelo encadeamento
do tamanho de um cartão de cidadão, capazes de
35 de comentários.
fazer tudo e mais alguma coisa, sem precisar das
15 nossas mãos? O WhatsApp abafa grande parte das comunica-
ções pessoais, tirando humanidade e autenticidade
A Internet já tem várias gerações de saudosis-
à Internet. Não foi só a bisbilhotice que se perdeu.
tas, capazes de estar horas a discutir qual era o
melhor ano para a “cibernavegação”. Uma vítima são os próprios websites, que es-
40 tão cada vez mais pobres. As atenções de quem
Literariamente a perda foi imensa. Havia blo-
os fazia desviam-se agora para os formatos mais
20 gues muito bons, muito bem escritos, que tiravam
pequenos e imediatos.
partido da generosidade do meio, aproveitando a
falta de limitações de espaço e de hierarquias edi- Veja-se o site do Rijksmuseum, que era tão
toriais. Agora já se fala dos blogues como se falava bom ainda há pouco tempo. Ainda é bom – está
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
do maio de 68, de Woodstock, do punk. 45 lá uma grande exposição de Vermeer –, mas já vai
a caminho da banalidade.
25 Não foram só os blogues que desapareceram.
O email também anda pelas horas da morte, É pena.
283
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 No período “Quem diria que seria o iPhone, que eu tanto aplaudi e celebrei quando
saiu, a víbora que levaria à destruição do jardim do paraíso que era a Internet?”
(ll. 1-5), estão presentes
284
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)
1.6 A expressão “aos postais de antigamente” (ll. 32-33) desempenha a função sintática
de
A. complemento direto.
B. predicativo do complemento direto.
C. complemento indireto.
D. modificador do grupo verbal.
1.7 No segmento “que estão cada vez mais pobres” (ll. 39-40), os vocábulos sublinha-
dos configuram a coesão textual
A. gramatical temporal.
B. gramatical frásica.
C. gramatical referencial.
D. lexical por reiteração.
3 Classifique a oração “que estão cada vez mais pobres” (ll. 39-40).
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
285
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)
GRUPO III
Escreva uma apreciação crítica do cartoon, num texto de 150 a 200 palavras, considerando
os seguintes aspetos:
286
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 6 (pp. 289-295) – Unidade 6.1 – Memorial do convento, José Saramago
Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA
II – Leitura II – Gramática
Escolha 1.1 a 1.5 1.1 a 1.6
múltipla (5 itens x 10 pontos) (6 itens x 15 pontos)
= 50 = 90
II – Leitura
2.
Associação
(5 itens x 10 pontos)
= 50
I–A
3.
II – Leitura
(20 pontos) = 20
3.
Seleção
(5 itens x 8 pontos)
I–B
= 40
5.
(20 pontos) = 20
II – Leitura
4.
Ordenação
(6 itens x 10 pontos)
= 60
I–A
1. e 2. (2 itens x 12 pontos –
(2 itens x 32 pontos) = 64 CL) = 24
+
I–B (2 itens x 12 pontos –
Resposta
4. CL) = 24
restrita
(2 itens x 32 pontos) = 64 +
(1 item x 12 pontos –
I–C CL) = 12
6. 60
(32 pontos) = 32
(6 itens x 15 pontos)
= 90
Resposta +
curta (2 itens x 10 pontos)
= 20
110
A – 28 pontos;
B – 28 pontos
Resposta
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
C – 28 pontos;
extensa
CL – 56 pontos
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200
287
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 6
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
PARTE A
Leia o texto.
Porém, agora, em sua casa, choram os olhos de Blimunda como duas fontes de água
[…]. Baltasar Mateus, o Sete-Sóis, está calado, apenas olha fixamente Blimunda, e de
cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na boca do estômago, porque olhos como
estes nunca se viram, claros de cinzento, ou verde, ou azul, que com a luz de fora variam
5 ou com o pensamento de dentro, e às vezes tornam-se negros noturnos ou brancos bri-
lhantes como lascado carvão de pedra. Veio a esta casa não porque lhe dissessem que
viesse, mas Blimunda perguntara-lhe que nome tinha e ele respondera, não era necessá-
ria melhor razão. Terminado o auto de fé, varridos os restos, Blimunda retirou-se, o padre
foi com ela, e quando Blimunda chegou a casa deixou a porta aberta para que Baltasar
10 entrasse. Ele entrou e sentou-se, o padre fechou a porta e acendeu uma candeia à última
luz de uma frincha […].
Por que foi que perguntaste o meu nome, e Blimunda respondeu, Porque minha mãe o
quis saber e queria que eu soubesse, Como sabes, se com ela não pudeste falar, Sei que sei,
não sei como sei, não faças perguntas a que não posso responder, faze como fizeste, vieste e
15 não perguntaste porquê, E agora, Se não tens onde viver melhor, fica aqui, Hei de ir para Ma-
fra, tenho lá família, Mulher, Pais e uma irmã, Fica, enquanto não fores, será sempre tempo
de partires, Por que queres tu que eu fique, Porque é preciso, Não é razão que me convença,
Se não quiseres ficar, vai-te embora, não te posso obrigar, Não tenho forças que me levem
daqui, deitaste-me um encanto, Não deitei tal, não disse uma palavra, não te toquei, Olhas-
20 te-me por dentro, Juro que nunca te olharei por dentro, Juras que não o farás e já o fizeste,
Não sabes de que estás a falar, não te olhei por dentro, Se eu ficar, onde durmo, Comigo.
Deitaram-se. Blimunda era virgem. […] Correu algum sangue sobre a esteira. Com as
pontas dos dedos médio e indicador humedecidos nele, Blimunda persignou-se e fez uma
cruz no peito de Baltasar, sobre o coração. Estavam ambos nus. […]
25 Quando, de manhã, Baltasar acordou, viu Blimunda deitada ao seu lado, a comer pão,
de olhos fechados. Só os abriu, cinzentos àquela hora, depois de ter acabado de comer,
e disse, Nunca te olharei por dentro.
José Saramago, Memorial do convento, 63.a ed.,
Porto, Porto Editora, 2022, cap. V, pp. 57, 58, 59 e 60.
289
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)
a. b. c. d.
PARTE B
Leia o seguinte texto.
– É verdade! Então, noutro dia, que tal, em casa dos Gouvarinhos? Eu infelizmente não
pude ir.
Carlos contou a soirée. […] A condessa, que estava muito constipada, horrorizou-o,
dando sobre a Inglaterra, apesar de inglesa, as opiniões da rua de Cedofeita. Imaginava que
5 a Inglaterra é um país sem poetas, sem artistas, sem ideais, ocupando-se só de amontoar
libras... Enfim, secara-se. […]
– Pois menino, pensei que a Gouvarinho te apetecia...
Carlos confessou que nos primeiros dias, quando Ega lhe falara dela, tivera um capri-
chozinho, interessara-se por aqueles cabelos cor de brasa...
10 – Mas agora, mal a conheci, o capricho foi-se...
Ega sentara-se, com o copo na mão […]:
– É uma mulher deliciosa, Carlinhos.
E, como Carlos encolhia os ombros, Ega insistiu: a Gouvarinho era uma senhora de inte-
ligência e de gosto; tinha originalidade, tinha audácia, uma pontinha de romantismo muito
15 picante... […]
Carlos no entanto, fumando preguiçosamente, continuava a falar na Gouvarinho e nessa
brusca saciedade que o invadira, mal trocara com ela três palavras numa sala. E não era
a primeira vez que tinha destes falsos arranques de desejo, vindo quase com as formas do
amor, ameaçando absorver, pelo menos por algum tempo, todo o seu ser, e resolvendo-se
20 em tédio, em “seca”. Eram como os fogachos de pólvora sobre uma pedra; uma fagulha
ateia-os, num momento tornam-se chama veemente que parece que vai consumir o Uni-
verso, e por fim fazem apenas um rastro negro que suja a pedra. […]
Entravam então no peristilo do Hotel Central – e nesse momento um coupé da Compa-
nhia, chegando a largo trote do lado da rua do Arsenal, veio estacar à porta.
25 Um esplêndido preto, já grisalho, de casaca e calção, correu logo à portinhola; de den-
tro um rapaz muito magro, de barba muito negra, passou-lhe para os braços uma deliciosa
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
cadelinha escocesa, de pelos esguedelhados, finos como seda e cor de prata; depois apean-
do-se, indolente e poseur, ofereceu a mão a uma senhora alta, loura, com um meio véu
muito apertado e muito escuro que realçava o esplendor da sua carnação ebúrnea. Craft e
30 Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravi-
lhosamente bem feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de
oiro, e um aroma no ar. […]
290
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)
Eram três horas quando se deitou. E apenas adormecera, na escuridão dos cortinados
de seda, outra vez um belo dia de inverno morria sem uma aragem, banhado de cor de rosa:
35 o banal peristilo de Hotel alargava-se, claro ainda na tarde; o escudeiro preto voltava, com
a cadelinha nos braços; uma mulher passava, com um casaco de veludo branco de Génova,
mais alta que uma criatura humana, caminhando sobre nuvens, com um grande ar de Juno
que remonta ao Olimpo: a ponta dos seus sapatos de verniz enterrava-se na luz do azul,
por trás as saias batiam-lhe como bandeiras ao vento. E passava sempre... O Craft dizia
40 très-chic. Depois tudo se confundia, e era só o Alencar, um Alencar colossal, enchendo todo
o céu, tapando o brilho das estrelas com a sua sobrecasaca negra e mal feita, os bigodes
esvoaçando ao vendaval das paixões, alçando os braços, clamando no espaço:
Abril chegou, sê minha!
Eça de Queirós, Os Maias, Episódios da vida romântica (fixação de texto de Helena Cidade Moura),
Lisboa, Livros do Brasil/Porto Editora, 2014. cap. VI.
4 Compare a visão que Carlos tem da Condessa Gouvarinho com a idealização que faz
sobre a figura de Maria Eduarda.
a. b. c. d.
PARTE C
6 O amor é um tema que se encontra presente na maioria das grandes obras literárias
portuguesas.
Baseando-se na sua experiência de leitura, escreva uma breve exposição, onde eviden-
cie as diferentes formas de representação do amor e a forma como este é profunda-
mente vivenciado pelos principais protagonistas das obras literárias a que se referir.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
291
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)
GRUPO II
PARTE A – LEITURA
Leia o seguinte texto.
O amor na sociedade
pós-moderna
U
m dos sentimentos mais impor-
tantes, que revela o quanto neces-
sitamos uns dos outros, é aquele
que surge num casal e que cos-
5 tumamos chamar de amor. Atualmente, na
sociedade pós-moderna, o amor está cheio
de complexidades. O sentimento amoroso do
vínculo do casal é considerado como um tipo
40 emocional é o que caracteriza a relação do
complexo de relação, conectado a estados
casal pós-moderno.
10 de ânimo positivos e plenos, mas também
como um sentimento efémero, conflituoso e Neste sentido, o problema apresentado
egoísta. Poderíamos dizer que o sentimento é em definitivo a desconexão com o outro.
amoroso revela a intensa necessidade do A incompreensão e a falta de consideração
outro, a exaltação, a perda de controlo e de 45 das necessidades do outro, num casal, levam
15 rumo. Além disso, este estado é acompa- a que cada um – individualmente – se con-
nhado de momentos de alegria e crescimento centre egoisticamente na satisfação dos seus
da autoestima quando o amor é correspon- desejos. Isto gera uma distância que desgasta
dido; ainda que o amor, em última análise, ambos até ao extremo da separação ou di-
seja uma ambivalência contínua. 50 vórcio, para se reincidir e fracassar outra vez
com um novo parceiro […]
20 Nesta época, cujas características sociais
devemos ter em conta, as novas modalida- Começamos a pensar, então, que não fo-
des do vínculo amoroso carregam como lema mos educados para aprender a amar, nem
“enquanto dure”. Desta maneira, os casais sequer para nos conectarmos com as neces-
encontram-se na incerteza sobre a duração 55 sidades do outro, nem estamos preparados
25 da sua relação e parecem procurar algo ou para abordar com consciência uma relação
alguém que lhes explique não só como é o profunda, baseada em ações ou considera-
amor entre um casal mas como amar […]. ções mútuas que nos aproximariam da com-
preensão da verdadeira essência do amor.
A nova forma de pensar do casal pós-mo-
derno é influenciada pela busca do prazer, 60 É, por isso, necessário encontrar o cami-
30 sem considerar as consequências dessa ati- nho para o ponto de união e conexão que
tude. A vida vale somente para ser desfrutada consiga dar uma forma “humana” à relação.
e a sua finalidade é proporcionar um prazer Cada um deveria aderir-se à sua outra parte
rápido e fácil. Isto é reforçado pela influên- até formar um só corpo, fazendo, de duas
cia dos meios de comunicação, em especial 65 partes opostas, um todo […] E é aqui, nesta
35 a televisão, que oferece ilusões de realidades etapa, que estamos preparados para com-
d 12
292
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 Atualmente, na sociedade pós-moderna, o amor
A. é moldado tendo em conta a atração física de ambos os membros do casal.
B. está cheio de complexidades, apesar de raramente conduzir ao sofrimento.
C. oscila entre estados de ânimo, manifestando uma ambivalência contínua.
D. é percecionado como intenso, eterno e altruísta.
1.2 Quando o autor evoca o lema “enquanto dure” (l. 23), pretende
A. evidenciar que os membros do casal, quando entram na relação, fazem tudo
para que o amor dure.
B. criticar o facto de o número de divórcios estar a aumentar consideravel-
mente, fruto da falta de entrega do casal na relação.
C. realçar a falta de experiência amorosa dos casais da era pós-moderna, que
entram numa relação sem saber como lidar com a outra pessoa.
D. demonstrar como os casais entram numa relação com incerteza em relação
à sua duração, procurando que alguém lhes ensine o que é amar.
293
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)
Coluna A Coluna B
a. b. c. d. e.
PARTE B – GRAMÁTICA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 O processo fonológico ocorrido na evolução de AMORE- para “amor” (l. 6) é
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
294
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)
1.3 A locução conjuncional “ainda que” (l. 18) introduz no discurso o valor de
A. concessão. B. explicação. C. condição. D. causa.
1.4 O segmento “pela influência dos meios de comunicação” (ll. 33-34) desempenha
a função sintática de
A. complemento agente da passiva. C. predicativo do sujeito.
B. complemento oblíquo. D. modificador do nome.
1.5 O mecanismo de coesão textual assegurado pelo pronome em “que oferece ilusões
de realidades incertas e artificiais” (ll. 35-36) é
A. gramatical temporal. C. gramatical interfrásico.
B. gramatical frásico. D. gramatical referencial.
1.6 Em “E é aqui, nesta etapa, que estamos preparados para compreender o verdadeiro
significado do amor” (ll. 65-67), estamos perante a modalidade
A. epistémica com valor de probabilidade.
B. epistémica com valor de certeza.
C. deôntica com valor de permissão.
D. apreciativa.
GRUPO III
“Os números dos divórcios ainda não subiram, mas vão aumentar. E o confinamento foi
‘a gota que fez entornar o copo’. Nunca tantas pessoas procuraram ajuda de psicólogos e
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
informações junto de advogados sobre os seus direitos. E porque ainda não se separaram?
Falta de meios económicos. A pandemia desgastou relações e muitas não sobreviveram.”
Escreva um texto de opinião, de 250 a 350 palavras, no qual defenda um ponto de vista sobre
o aumento do número de divórcios em Portugal, avançando possíveis justificações para tal.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles
com, pelo menos, um exemplo significativo.
295
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 7 (pp. 297-303) – Unidade 6.2 – O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago
Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA
B – 28 pontos
Resposta
C – 28 pontos;
extensa
CL – 56 pontos
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200
296
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 7
NOME: N.O: TURMA
GRUPO I
PARTE A
Leia o texto.
Que foi que disseste, Tenho um atraso, acho que estou grávida, dos dois o mais calmo
é outra vez ela, há uma semana que anda a pensar nisto, todos os dias, todas as horas,
talvez ainda há pouco, quando disse, Vamos morrer, agora poderemos duvidar se estaria
Ricardo Reis neste plural. Ele espera que ela faça uma pergunta, por exemplo, que hei de
5 fazer, mas ela continua calada, quieta, apagando o ventre com a ligeira flexão dos joelhos,
nenhum sinal de gravidez à vista, salvo se não sabemos interpretar o que estes olhos es-
tão dizendo, fixos, profundos, resguardados na distância uma espécie de horizonte, se o há
em olhos. Ricardo Reis procura as palavras convenientes, mas o que encontra dentro de si
é um alheamento, uma indiferença, assim como se, embora ciente de que é sua obrigação
10 contribuir para a solução do problema, não se sentisse implicado na origem dele, tanto a
próxima como a remota. […] Por fim, tenteando com mil cautelas, pesando cada palavra,
distribui as responsabilidades, Não tivemos cuidado, mais tarde ou mais cedo tinha de
acontecer, mas Lídia não pega na frase […]. Então Ricardo Reis decide-se, quer perceber
quais são as intenções dela, […] Lídia mete-se adiante e responde, Vou deixar vir o menino.
15 Então, pela primeira vez, Ricardo Reis sente um dedo tocar-lhe o coração. Não é dor, nem
crispação, nem despegamento, é uma impressão estranha e incomparável, como seria
o primeiro contacto físico entre dois seres de universos diferentes […]. Puxou-a para si,
e ela veio como quem enfim se protege da mundo, de repente corada, de repente feliz,
perguntando como uma noiva tímida, ainda é o tempo delas, Não ficou zangado comigo,
20 Que ideia a tua, por que motivo iria eu zangar-me, e estas palavras não são sinceras,
justamente nesta altura se está formando uma grande cólera dentro de Ricardo Reis,
Meti-me em grande sarilho, pensa ele, se ela não faz o aborto, fico para aqui com um filho
às costas, terei de o perfilhar, é minha obrigação moral, que chatice, nunca esperei que
viesse a acontecer-me uma destas. Lídia aconchegou-se melhor, quer que ele a abrace
25 com força, por nada, só pelo bem que sabe, e diz as incríveis palavras, simplesmente, sem
nenhuma ênfase particular, Se não quiser perfilhar o menino, não faz mal, fica sendo filho
de pai incógnito, como eu. Os olhos de Ricardo Reis encheram-se de lágrimas, umas de
vergonha, outras de piedade, distinga-as quem puder […].
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,
Porto, Porto Editora, 2021, cap. XVI, pp. 420-423 (com supressões).
297
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)
a. b. c. d.
PARTE B
Leia o seguinte texto.
Ao romper d’alva dum domingo de junho de 1803, foi Teresa chamada para ir com seu
pai à primeira missa da igreja paroquial. Vestiu-se a menina assustada, e encontrou o velho
na antecâmara a recebê-la com muito agrado, perguntando-lhe se ela se erguia de bons
humores para dar ao autor de seus dias um resto de velhice feliz. O silêncio de Teresa era
5 interrogador.
– Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar, minha filha. É preciso que te deixes
cegamente levar pela mão de teu pai. Logo que deres esse passo difícil, conhecerás que
a tua felicidade é daquelas que precisam ser impostas pela violência. Mas repara, minha
querida filha, que a violência de um pai é sempre amor. Amor tem sido a minha condes-
10 cendência e brandura para contigo. Outro teria subjugado a tua desobediência com maus
tratos, com os rigores do convento, e talvez com o desfalque do teu grande património. […]
Teresa não desfitou os olhos do pai; mas tão abstraída estava, que escassamente lhe
ouviu as primeiras palavras, e nada das últimas. […]
– Dás-me o que te peço? Enches de contentamento os poucos dias que me restam?
15 – E será o pai feliz com o meu sacrifício?
– Não digas sacrifício, Teresa… Amanhã a estas horas verás que transfiguração se fez
na tua alma. Teu primo é um composto de todas as virtudes; nem a qualidade de ser um
gentil moço lhe falta, como se a riqueza, a ciência e as virtudes não bastassem a formar
um marido excelente.
20 […]
– E não será mais certo odiá-lo eu sempre!? Eu agora mesmo o abomino como nunca
pensei que se pudesse abominar! Meu pai… – continuou ela, chorando, com as mãos ergui-
das – mate-me; mas não me force a casar com meu primo! É escusada a violência, porque
eu não caso!...
25 Tadeu mudou de aspeto, e disse irado:
– Hás de casar! Quero que cases! Quero!… Quando não, amaldiçoada serás para sempre,
Teresa! Morrerás num convento! Esta casa irá para teu primo! Nenhum infame há de aqui
pôr um pé nas alcatifas de meus avós. Se és uma alma vil, não me pertences, não és minha
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
filha, não podes herdar apelidos honrosos, que foram pela primeira vez insultados pelo pai
30 desse miserável que tu amas! Maldita sejas! Entra nesse quarto, e espera que daí te arran-
quem para outro, onde não verás um raio de sol.
Teresa ergueu-se sem lágrimas, e entrou serenamente no seu quarto.
Camilo Castelo Branco, Amor de perdição (Memórias duma família),
prefácio e fixação de texto de Aníbal Pinto de Castro, 1.a ed., Porto, Caixotim, 2006, cap. IV.
298
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)
a. b. c. d.
PARTE C
6 Ao longo dos tempos, diversos autores portugueses destacaram a mulher como heroína
das suas obras.
299
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)
GRUPO II
PARTE A – LEITURA
Leia o seguinte texto.
Mulheres continuam
um passo atrás
dos homens
H
oje, mais do que nunca, as mu-
lheres conhecem os seus direitos
e estão dispostas a lutar por uma
representação justa na sociedade.
5 Segundo um estudo publicado em 2020, várias
organizações femininas têm surgido nos últi-
mos anos, num movimento que os próprios
autores nomeiam como uma “mobilização que já existia, mas que, em 2020, viu o seu
feminista a nível global”. A preocupação sobre valor subir cerca de 1%, uma percentagem
10 igualdade de género é um tópico amplamente 40 que, embora possa parecer diminuta, ganha
discutido tanto no mundo, como em Portugal, outra relevância quando considerado que,
mas, apesar das políticas implementadas no em 2019, a disparidade já existente corres-
sentido da sua promoção, as mulheres con- pondia “a uma perda de 51 dias de trabalho
tinuam a estar, em muitos aspetos, um passo remunerado para as mulheres”. Em compa-
15 atrás dos homens. […] 45 ração, países como Luxemburgo, apresentam
uma disparidade salarial de apenas 0,7%. […]
Numa análise a vários aspetos da vida da
mulher nomeadamente longevidade, em- Em Portugal, “quase nove em cada 10 fa-
prego, educação, família e saúde, a Pordata mílias monoparentais”, famílias nas quais
apresenta um panorama geral da vivência apenas um dos pais se responsabiliza pela
20 feminina em comparação com a realidade 50 criança, têm a mãe a assumir o papel de am-
masculina registando, dessa forma, as discre- bos os pais, uma tendência sentida por toda a
pâncias que possam existir entre ambos. […] UE, embora, neste caso, a média seja inferior,
cerca de 8 em 10.
As oportunidades que surgem durante o
tempo de vida são também uma importante Nestas situações familiares concretas, as
25 variável a ter em conta, e é, ao analisar as vá- 55 necessidades são acrescidas, seja do ponto de
rias etapas que a constituem, que são identi- vista psicológico ou financeiro.
ficadas as principais discrepâncias a nível da
De acordo com um estudo feito em 2021
igualdade de género. […]
pela U.S. News, em parceria com o BavGroup
As mulheres ativas no mundo profissio- e a Universidade de Wharton, o melhor país
30 nal enfrentam outras dificuldades além da 60 para viver enquanto mulher é a Suécia. Os
diferença de oportunidades, nomeadamente resultados foram obtidos através de uma ava-
no que toca à disparidade salarial que “au- liação de cinco atributos – preocupação com
mentou no período da pandemia” e que fez os direitos humanos, igualdade de género,
de Portugal um dos únicos três casos da UE disparidade salarial, progresso e segurança –
d 12
35 que viram os salários das mulheres desce- 65 a 78 países e as respostas de mais de 8 mil
entidos
20233 • SSentidos
rem e os dos homens subirem entre os anos mulheres. O ranking colocava Portugal no
de 2019 e 2020. Uma diferença de salários 21.o lugar.
ASA • 202
300
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 Nos últimos anos, diversas organizações feministas
A. lutam para dar a conhecer às mulheres os seus direitos em Portugal.
B. têm denunciado o cumprimento dos direitos das mulheres em Portugal.
C. têm contribuído, globalmente, para a divulgação dos direitos das mulheres.
D. asseguram-se, no país, do cumprimento das leis que visam a igualdade de
género.
1.5 Um estudo
A. determinou que 8 mil mulheres de 78 países gostariam de morar na Suécia.
B. concluiu que Portugal subiu 21 posições no ranking do respeito pelas mulheres.
C. permitiu perceber que Portugal está numa posição igual a 21 outros países.
D. colocou a Suécia no topo da lista de países que mais consideram a mulher.
Coluna A Coluna B
a. O complexo verbal “têm surgido”, 1. mostra-se que Portugal tem um longo percurso
(l. 6) a fazer.
b. Com o termo “promoção”, (l. 13) 2. refere-se uma ação pontual.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
301
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)
a. b. c. d. e.
PARTE B – GRAMÁTICA
1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 Na evolução do termo latino “HODIE” para o termo português “Hoje” (l. 1) verificou-
-se o processo de
A. palatalização. C. crase.
B. sinérese. D. sonorização.
1.2 A oração “que os próprios autores nomeiam como uma “'mobilização feminista
a nível global'” (ll. 7-9) classifica-se como subordinada
A. adverbial consecutiva.
B. substantiva completiva.
C. adjetiva relativa restritiva.
D. adjetiva relativa explicativa.
1.3 A locução conjuncional “apesar d(as)” (l. 12) e a conjunção “embora” (l. 40) introdu-
zem no discurso o valor de
A. adição. C. concessão.
B. causa. D. condição.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
1.4 A relação que se estabelece, no contexto em que surgem, entre os termos “vários
aspetos” (l. 16) e “longevidade, emprego, educação, família e saúde” (ll. 17-18) é de
A. sinonímia. C. holonímia – meronímia.
B. antonímia. D. hiperonímia – hiponímia.
302
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)
1.6 O valor aspetual configurado na frase “[a] disparidade salarial que 'aumentou no
período da pandemia'” (ll. 32-33) é
A. imperfetivo. C. iterativo.
B. habitual. D. perfetivo.
c. “embora, neste caso, a média seja inferior, cerca de 8 em 10” (ll. 52-53)
GRUPO III
Nas sociedades modernas, e numa perspetiva evolutiva, a mulher tem vindo a conquistar
espaço, desempenhando, cada vez mais cargos tradicionalmente reservados aos homens.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de vista sobre a
importância e o papel da mulher na sociedade atual.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles
com, pelo menos, um exemplo significativo.
303
CENÁRIOS DE
RESPOSTA
Teste de diagnóstico 1, pp. 237-241 GRUPO III
Resposta de caráter pessoal; no entanto, o aluno pode re-
GRUPO I
ferir aspetos como:
1. A. F – O Sermão é alegórico porque, referindo-se aos Introdução: o direito à informação é um dos direitos funda-
peixes, são os homens o verdadeiro alvo da crítica do mentais da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Padre António Vieira.; B. V; C. F – O Sermão apresenta Desenvolvimento (alguns tópicos possíveis):
uma estrutura argumentativa e um discurso figurativo, • uma opinião informada contribui para uma escolha mais
com base na alegoria.; D. V livre e consciente (+ exemplo);
2. 2.1 A 2.2 C • o conhecimento é imprescindível para a escolha e/ou a
tomada de decisões, para a construção de uma socie-
3.1 a. física; b. reflexões; c. à criação literária; d. valores
dade mais livre e pacífica (+ exemplo).
espirituais; e. da sociedade; f. patriota; g. nacionalista
Conclusão: reforço da necessidade de cada indivíduo
3.2 a. Simão; b. Teresa; c. aos casamentos; d. da justiça; saber/conhecer/optar/ter voz ativa no mundo em que vive.
e. romântico; f. a coragem; g. a dignidade
4. 4.1 A 4.2 B 4.3 C Teste de avaliação 1, pp. 249-255
5. A. V; B. V; C. F – Na poesia anteriana são frequentes o
abatimento e a disforia.; D. V GRUPO I – PARTE A
1. O sujeito poético, em jeito de evocação, convoca um
6. A. V; B. F – A transfiguração do real é um dos tópicos
domingo solarengo e a sua rua, aquela onde morou e
da poesia de Cesário.; C. V; D. V
onde as crianças brincavam alegremente, tal como se
GRUPO II pode ver ao longo da primeira estrofe.
1. 1.1 C 1.2 A 1.3 D 1.4 B 1.5 C 1.6 C 1.7 D 2. No presente, o “eu” sente-se magoado, triste, inseguro,
mas certo de que a vida pouco lhe deu e nem esse
2. oração subordinada adverbial condicional pouco soube aproveitar. Por isso, as transformações
3. complemento do nome por que passou fazem-no valorizar o tempo da infância,
4. modalidade epistémica com valor de certeza que, por corresponder à inconsciência, se pode associar
à alegria de viver e à despreocupação, que contrastam
GRUPO III com a racionalização excessiva no presente.
Resposta de caráter pessoal; no entanto, o aluno pode re- 3. a. 1; b. 2; c. 2; d. 3
ferir aspetos como:
• a transmissão de valores que, por vezes, se vão per- GRUPO I – PARTE B
dendo numa sociedade massificada; 4. A anáfora está ao serviço da enumeração das situa-
• a denúncia/revelação de situações-problema; ções avaliadas como mais positivas pelo sujeito poé-
• o desenvolvimento do espírito crítico e da competência tico. Assim, este reforça a ideia de que todos os outros
reflexiva e de argumentação; sofredores sentirão uma dor bem mais leve do que a
• o conhecimento de outros povos, outras culturas, outras sua, porque, ao contrário do “eu”, todos podem ter a
sociedades e o desenvolvimento da capacidade da acei- esperança de alterar a dor.
tação do outro. 5. a. 3; b. 1; c. 3; d. 2
304
CENÁRIOS DE RESPOSTA
305
CENÁRIOS DE RESPOSTA
• 2.o argumento: a urgência em unir os povos, a propaga- um espaço opressivo, mórbido, onde impera a solidão
ção de ideais mais democráticos, de valores de respeito e a injustiça. A referência ao “velho professor de latim”,
pelos direitos humanos, a solidariedade e a cooperação. que mendiga na noite lisboeta, ilustra essa visão crítica
Ex.: as ações humanitárias levadas a cabo para ajudar da sociedade, denunciando essa mesma injustiça.
a Ucrânia ou os protestos da população do Irão contra Relativamente a Mensagem, a visão negativa da pátria
as atrocidades e violações dos direitos fundamentais. está patente na última parte da obra, nomeadamente
Conclusão: posição que pode e deve assumir-se para tor- no último poema, “Nevoeiro”, em que se denuncia a
nar o mundo num espaço onde valha a pena viver. decadência e a crise social e política em que o país se
encontra, e que funciona como um grito de alerta para
a necessidade de agir e fazer renascer o orgulho na
Teste de avaliação 3, pp. 265-270
nação através da construção do Quinto Império.
GRUPO I – PARTE A Assim, concluímos que ambas as obras contêm uma
vertente crítica, embora incidam sobre diferentes as-
1. O sujeito poético é determinado, destemido, corajoso,
petos da sociedade.
empenhado, apaixonado pela arte de navegar, crente
(221 palavras)
em Deus, como comprovam os versos “Da obra ousada,
é minha a parte feita” (v. 7) e “E a Cruz ao alto diz que
GRUPO II
o que me há na alma / E faz a febre em mim de navegar”
(vv. 13-14). 1. 1.1 B 1.2 C 1.3 D 1.4 A 1.5 D 1.6 B 1.7 C
2. As expressões “mar com fim” e “o mar sem fim” esta- 2. complemento direto
belecem uma oposição entre o mar conquistado pelos 3. “que este projeto espelhe/espelha essa vastidão, di-
gregos e romanos, por um lado, e pelos portugueses, versidade e força da comunidade planetária” – oração
pelo outro. Desta forma, enaltece-se o povo luso, subordinada substantiva completiva; “que somos” –
ao atribuir-lhe a conquista do desconhecido. oração subordinada adjetiva relativa restritiva
O “mar sem fim” poderá ser também uma alusão ao
Quinto Império, o império espiritual, em que os portu- GRUPO III
gueses dominarão, daí ser “sem fim”. Resposta de caráter pessoal, no entanto, o aluno poderá
referir os seguintes aspetos:
3. a. 1; b. 2; c. 1; d. 3
• o português é hoje a quinta língua mais falada no mundo,
GRUPO I – PARTE B com cerca de 280 milhões de falantes;
• fatores positivos que têm contribuído para o prestígio da
4. A crítica à igreja está presente na segunda estrofe,
língua portuguesa:
quando o sujeito poético lembra a História de Portugal
– escritores portugueses conceituados, cujas obras
e faz referência à “nódoa negra e fúnebre do clero” e
foram traduzidas em várias línguas;
ao “ermo inquisidor severo”. Estas expressões aludem
– conquistas ao nível do desporto;
ao período em que a inquisição impunha o seu poder,
– maior facilidade na divulgação da música portu-
perseguindo e matando, e que o eu lírico considera
guesa;
constituir a maior mancha na reputação da igreja, uma – reconhecimento do trabalho dos emigrantes…
enorme desonra, uma ação digna de repúdio. • contributos resultantes do aumento do número de fa-
5. O passado histórico-literário português está presente lantes do português:
na referência à estátua de Camões, o “épico d`outrora” – maior facilidade de comunicação entre povos, nomea-
de “proporções guerreiras”, que constitui uma alusão damente com os africanos;
à obra Os Lusíadas e ao que ela representa: a narrativa – maior projeção da cultura portuguesa.
dos feitos heroicos dos navegadores portugueses na
conquista dos mares, a glorificação do seu papel nos Teste de avaliação 4, pp. 273-279
descobrimentos, a elevação do povo português a um
patamar quase divino. Desta forma, os versos referidos GRUPO I – PARTE A
demonstram o caráter épico do poema. 1. A vida monótona e sem nenhum tipo de perspetivas
6. a. 1; b. 1; c. 3; d. 2 aumenta o isolamento e agudiza a solidão das perso-
nagens. Batola acaba por se entregar à bebida, o que
GRUPO I – PARTE C tem até reflexos na relação que tem com a mulher,
7. O poema “O Sentimento dum ocidental” reveste-se de à inércia e à preguiça, uma vez que negligencia as suas
uma vertente crítica bastante mais acentuada do que tarefas. O Rata, que se habituara a ver outros mundos
acontece na obra Mensagem, uma vez que esta apenas quando mendigava, vendo-se impossibilitado de sair de
na terceira parte se debruça sobre os aspetos negati- Alcaria em virtude da doença, e sem ninguém que lhe
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CENÁRIOS DE RESPOSTA
3. a. 3; b. 3; c. 2; d. 1 Desenvolvimento:
• 1.o argumento: a perspetiva crítica apresentada pelo
GRUPO I – PARTE B autor dá a conhecer a sociedade que o rodeia, segundo
4. A ação do excerto acontece no regresso de George o seu ponto de vista.
a Amesterdão, após ter ido à sua terra natal vender • 2.o argumento: através da obra de arte, ficamos a conhe-
a casa que era dos pais. Embora, George tivesse aban- cer, por exemplo, outros tempos, outros espaços e a sua
donado a vila muito jovem, só após a morte dos pais, importância.
no momento em vai vender a casa que era da famí- Conclusão: Assim, o autor, através da sua obra, analisa e
lia, toma consciência de que isso representa o corte critica um tempo diverso do seu, a nível social, político, eco-
efetivo total com o passado. Talvez seja essa a razão nómico, ou o seu, visto, no entanto, por um prisma que não
das lágrimas no momento em que parte, embora não o do homem comum.
o queira admitir.
5. a. 3; b. 2; c. 3; d. 1 Teste de avaliação 5, pp. 281-286
GRUPO I – PARTE A
GRUPO I – PARTE C
1. O sujeito poético lamenta o facto de, no presente, as
6. Manuel de Sousa Coutinho, ao longo de toda a ação, palavras já não serem obedientes, não acatarem a
mostrou-se um pai e um marido extremoso, íntegro, sua vontade, manifestarem descontentamento, talvez
defensor e respeitador da família, e um verdadeiro pa- porque recusam o domínio do sujeito lírico sobre elas.
triota, consciente de que devia lutar, através dos meios Pelo contrário, refere que, no passado, as palavras
possíveis, contra o domínio Filipino. correspondiam ao seu amor por elas (“gostavam de
No final do ato I, perante a possibilidade de vir a perder mim: dançavam / à minha roda”). O “eu” lírico con-
a sua casa para morada dos governadores, Manuel de fessa, no entanto, a sua paixão pelas palavras, quer
Sousa não hesita. Perante o pânico de Madalena de Vi- no passado quer no presente.
lhena, faz apelo ao seu lado racional, convencendo-a a 2. Os referidos vocábulos remetem para a conceção de
mudarem-se para o palácio de D. João de Portugal; com criação poética por parte do sujeito poético, demons-
a família a salvo, incendeia a sua casa, afirmando, ironica- trando que defende que a escrita de poesia deve ser
mente, que a “alumiava” para receber os governadores. rigorosa, cuidada, fruto de uma seleção minuciosa
Além disso, com a chegada do Romeiro e o agrava- das palavras.
mento da saúde de Maria e da debilidade de Mada-
3. Através da interrogação, o sujeito lírico admite a pos-
lena, Manuel de Sousa não cessa de se autoincriminar sibilidade de ser ele próprio o ator da mudança que
e considerar que tudo o que está a acontecer é fruto refere, na medida em que reconhece que poderá, no
do “seu erro”. Nesse sentido, vela noite e dia Maria e presente, procurar apenas as palavras mais enigmáti-
esforça-se por impedir que Madalena reconheça no cas e inacessíveis.
Romeiro o seu primeiro marido.
Assim, esta personagem mostra o seu verdadeiro sen- GRUPO I – PARTE B
tido de família e o amor à pátria. 1. Inicialmente, a mãe revela a sua preocupação perante
(181 palavras) a demora da filha na fonte, mas, depois de a indagar,
mostra-se triste, pois percebe que ela lhe mentiu, não
GRUPO II – PARTE A revelando o verdadeiro motivo de ter tardado tanto.
1. 1.1 B 1.2 A 1.3 D 1.4 A 1.5 B A filha, por sua vez, obedece à mãe, respondendo-lhe,
mas mostra resistência em fazê-lo de forma honesta,
2. a. 2; b. 1; c. 5; d. 3
e acaba por lhe mentir, dizendo que teve de esperar
3. a. 2; b. 3; c. 2; d. 1; e. 3 que a água deixasse de estar turva, pois os cervos
4. C – A – E – B – F – D tinham-na revolvido.
2. O refrão revela a verdadeira razão da demora da filha
GRUPO II – PARTE B
na fonte - está apaixonada, o que nos permite inferir
1. 1.1 D 1.2 A 1.3 C 1.4 C 1.5 B 1.6 C que encontrou o amigo e isso fez com que se atrasasse
2. a. modificador do nome apositivo; b. complemento a chegar a casa.
do nome; c. predicativo do sujeito 3. A cantiga pode dividir-se em três partes, cada uma
3. a. oração subordinada adverbial concessiva; b. oração delas abrangendo duas estrofes. Assim, nas duas pri-
subordinada substantiva completiva; c. oração subor- meiras, a mãe questiona a filha sobre a sua demora
dinada adjetiva relativa restritiva na fonte; as duas seguintes contêm a resposta da
filha à pergunta da mãe, mentindo sobre a razão da
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307
CENÁRIOS DE RESPOSTA
Na cantiga de amigo, é abordada essencialmente a paixão boca do estômago, porque olhos como estes nunca
pelo amigo, aliada à saudade, ao ciúme, à incerteza ou inse- se viram”, ll. 2-4), Baltasar acredita ter sido vítima de
gurança da relação amorosa, como acontece, por exemplo, um encantamento por parte de Blimunda que o leva
em “Ondas do mar de Vigo” ou “Levad’amigo que dormides a sentir-se preso àquela mulher. Este sentimento de
las manhanas frias”. É frequente a natureza surgir como aprisionamento que o invade justifica-o ele como uma
confidente ou testemunha dos encontros e desencontros consequência de ela o ter olhado por dentro (“Não
dos amantes. tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um en-
Na cantiga de amor, o tema é desenvolvido em obediência canto […] Olhaste-me por dentro”, ll. 18-20). Porém,
às regras do amor cortês. Assim, a mulher é elogiada pelo Blimunda, de imediato afasta essa hipótese, com-
trovador, apresentada como um ser divino, inatingível, prometendo-se a nunca o fazer (“Juro que nunca te
uma vez que é perfeita, quer pela sua beleza, quer pelas olharei por dentro”, l. 20). É que, nesta fase, Baltasar
qualidades morais que a caracterizam. É exemplo desse não sabe ainda dos poderes especiais de Blimunda que
retrato a cantiga “Quer eu à maneira de proençal”, onde o a levam a fazer esse juramento (“Não sabes de que
trovador se assume como um seu vassalo, que sofre por estás a falar, não te olhei por dentro”, l. 21).
amor (coita amorosa).
3. a. 1; b. 3; c. 2; d. 3
Concluindo, ambas as cantigas abordam a temática do
amor, apesar das nuances que apresentam, conforme se GRUPO I – PARTE B
trate da cantiga de amigo ou cantiga de amor.
4. A visão que Carlos da Maia tem sobre a condessa de
(168 palavras)
Gouvarinho contrasta com a idealização que faz sobre
Maria Eduarda, logo após a ver pela primeira vez. Efe-
GRUPO II
tivamente, a partir da conversa que o protagonista tem
1. 1.1 B 1.2 B 1.3 A 1.4 C 1.5 A 1.6 C 1.7 B com Ega conseguimos depreender que Carlos detém
2. composição (palavra + palavra) uma visão um tanto pejorativa sobre a Condessa de
3. oração subordinada adjetiva relativa explicativa Gouvarinho, revelando mesmo que se sentiu “horro-
rizado” com esta figura feminina tão inculta. Ainda na
GRUPO III mesma linha de raciocínio, confessa a Ega que teve um
No cartoon está representado um telemóvel pousado na pequeno capricho inicial pela Condessa, mas que este
mão de alguém que o observa; o fundo é azul, cor da água cedo se esmoreceu. De forma bastante semelhante,
onde várias pessoas naufragam. A cor de fundo da imagem conseguimos também depreender que Carlos sente
é escura, o que faz sobressair o objeto em causa. um inicial capricho por Maria Eduarda, logo na primeira
Todas as figuras representadas estão absortas na obser- vez que vê esta “senhora alta, loura, com um meio véu
vação do telemóvel que possuem na mão, completamente muito apertado e muito escuro que realçava o esplen-
ausentes do mundo, concentradas no seu conteúdo, com dor da sua carnação ebúrnea” (ll. 28-29). Todavia, esta
uma expressão facial de entusiasmo, deleite e avidez. personagem feminina toca-o de uma forma diferente,
A maioria dessas figuras, seis, já se terá afundado na água, levando mesmo o nosso protagonista a sonhar com
pelo que só se visualizam as respetivas mãos que conti- ela. Neste seu sonho conseguimos mesmo depreender
nuam a segurar o telemóvel. que Maria Eduarda assume uma dimensão divinizada,
Assim, poder-se-á dizer que o cartoon sugere a obsessão quase como algo inalcançável, “uma criatura humana,
pelas redes sociais, que caracteriza os dias de hoje. Por caminhando sobre nuvens, com um grande ar de Juno
outro lado, poderá não ser inocente o facto de as figuras que remonta ao Olimpo” (ll. 37-38).
femininas serem representadas com o cabelo tapado com
5. a. 2; b. 3; c. 3; d. 1
um lenço. Uma vez que o autor do cartoon é iraniano, esse
pormenor poderá constituir uma alusão à situação das mu- GRUPO I – PARTE C
lheres iranianas, que procuram na Internet o contacto com
6. O amor é, definitivamente, um tema muito presente na
um mundo que nem sempre está ao seu alcance.
literatura portuguesa. De facto, desde as trovadores-
(176 palavras)
cas cantigas de amigo e de amor, às obras de Almeida
Garrett e de Camilo Castelo Branco, sem esquecer os
Teste de avaliação 6, pp. 289-295 Autos de Gil Vicente ou as Rimas, de Camões, facil-
mente constatamos que o amor está vivamente pre-
GRUPO I – PARTE A sente em vários autores portugueses.
1. Este excerto decorre depois do auto de fé em que Num primeiro plano, podemos facilmente encontrar a
Sebastiana de Jesus, a mãe de Blimunda, foi conde- temática amorosa nas cantigas de amor, onde, geral-
nada pelo Santo Ofício ao degredo. Por esta altura, mente, uma figura feminina ocupa o centro das aten-
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Blimunda já se encontra em casa, depois de ter visto ções, revelando-se como uma mulher desejada pelo
a sua mãe pela última vez, sem sequer se ter podido sujeito lírico masculino e que lhe causa sofrimento
despedir dela (dado que os familiares de um conde- (coita) ou pela indiferença ou pela impossibilidade de
nado poderiam também estar sujeitos a perseguições ser alcançada ou pelo simples facto de não corres-
e/ou punições). Por isso, agora que pode manifestar o ponder ao seu amor, sendo que nestas composições
seu sofrimento em privado, chora pela perda da mãe. literárias se destacam a hiperbolização do sentimento
2. Deslumbrado, desde o início, com os olhos de Blimunda amoroso e o frequente elogio superlativo da mulher
(“de cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na idealizada e amada.
308
CENÁRIOS DE RESPOSTA
O amor e a paixão estão também presentes em Amor a maior liberdade de expressão, e, muito recentemente,
de Perdição, de Camilo Castelo Branco, assumindo di- o efeito nefasto que a pandemia da Covid-19 e o confina-
ferentes formas, que vão desde o amor incondicional mento obrigatório acarretaram consigo no que diz respeito
de Simão por Teresa, amor esse que é correspondido, à manutenção e equilíbrio de relações.
mas proibido, ao simples amor fraternal que Simão Em suma, perante uma sociedade em constante evolução
nutre por Mariana, sem esquecer a paixão louca desta e modernização, também as mentalidades evoluem e o
última pelo herói romântico da obra e que a leva a se respeito pela individualidade de cada um torna-se máxima
suicidar após a morte do amado. indispensável. Os divórcios estão a começar a ser relativi-
Em suma, o amor está inevitavelmente presente na zados e banalizados, todavia não nos podemos esquecer
literatura, ou não fosse o Homem movido por este dos seus enormes impactos individuais e sociais, desde
sentimento tão genuinamente bom, mas que simulta- a desestruturação da família tradicional à possibilidade
neamente pode trazer tanta mágoa e sofrimento. de depressão e grande frustração pessoal e familiar.
(234 palavras) (346 palavras)
GRUPO II – PARTE A
Teste de avaliação 7, pp. 297-303
1. 1.1 C 1.2 D 1.3 B 1.4 B 1.5 C
2. a. 4; b. 6; c. 1; d. 7; e. 3 GRUPO I – PARTE A
3. a. 2; b. 1; c. 2; d. 2; e. 1 1. Lídia, apesar da situação em que se encontra, grávida de
4. E – B – F – C – D – A um médico com quem não tem nenhum tipo de compro-
misso, está serena, (“dos dois o mais calmo é outra vez
GRUPO II – PARTE B ela”), o que poderá conduzir à ideia de que tem perfeita
1. 1.1 C 1.2 D 1.3 A 1.4 A 1.5 D 1.6 B noção da situação, mas não pretende exercer nenhum
tipo de pressão sobre Ricardo Reis. Além disso, mostra
2. a. complemento do adjetivo; b. predicativo do sujeito;
ser uma mulher madura e, em certa medida, diferente
c. complemento do nome
das mulheres do seu tempo, já que está decidida a “dei-
3. a. oração subordinada adverbial final; b. oração subor- xar vir o menino”; considerando o tempo da ação, estar
dinada adjetiva relativa explicativa; c. oração subordi- decidida a ser mãe solteira exigia grande determinação,
nada substantiva relativa restritiva uma vez que seria motivo até de ser apontada pela so-
4. valor genérico ciedade; por fim, mostra-se generosa com Ricardo Reis
5. deítico temporal e pessoal ao afirmar “Se não quiser perfilhar o menino, não faz
mal, fica sendo filho de pai incógnito, como eu”.
GRUPO III 2. Inicialmente, perante a notícia, Ricardo Reis mostra
O amor é um sentimento único, mas ao mesmo tempo “indiferença”, “alheamento”, como se o que estava a
arrebatador. Um sentimento capaz de mover montanhas, acontecer não o implicasse diretamente; no entanto,
mas simultaneamente capaz de conduzir o ser humano quando Lídia afirma que deixará “vir o menino”, Reis,
à mais profunda das depressões. O Homem move-se por inicialmente, parece ser tocado por um qualquer senti-
amor e se, para muitos, o casamento é apenas um con- mento, dir-se-ia que se percebe no médico um traço de
trato, para outros é muito mais do que isso: é a confir- humanização. Contudo, este estado emocional é tran-
mação de amor eterno. Todavia, muitas das vezes, esta sitório, uma vez que, rapidamente, se forma em Reis
perfeição idealizada acaba por não ser atingida e resultar “uma cólera” que só desaparece quando Lídia afirma
em divórcio. E a verdade é que, nos últimos anos, tem-se que criará o filho sozinha.
assistido a um aumento de divórcios em Portugal. Perante
3. a. 1; b. 3; c. 2; d. 3
este incremento assustador, somos obrigados a questio-
nar: “Mas afinal quais as principais razões que conduzem GRUPO I – PARTE B
ao divórcio e o que pode justificar o crescimento exponen-
4. Quando o seu pai a chamou para o acompanhar à pri-
cial destes casos”?
meira missa, Teresa mostrou-se apreensiva e até sobres-
Para respondermos à primeira questão, poderíamos enu-
saltada (“vestiu-se a menina assustada” e “O silêncio de
merar uma infindável lista de justificações, contudo, tal-
Teresa era interrogador”). Seguidamente, após ter conhe-
vez seja mais sensato reconhecer que as principais razões
cimento das intenções do pai, Teresa tenta convencê-lo
incidem sobre a falta de respeito mútuo, a infidelidade,
através da argumentação, assegurando que nunca dei-
o excesso de ciúmes, problemas financeiros que prejudi-
xará de amar Simão e odiará sempre o seu primo (“E ele
cam a estabilidade económica ou, ainda, a escassez de co-
municação entre o casal. quer-me, depois de eu me ter negado”; “Eu agora mesmo
Já quando nos debruçamos sobre a segunda questão, fa- o abomino”). Por fim, a jovem menina mostra a sua deter-
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
cilmente encontramos uma explicação para a subida do minação de heroína romântica, assegurando que prefere
número de divórcios. Por um lado, o papel da mulher na a morte a ceder à vontade do pai (“mate-me; mas não me
sociedade ocidental tem vindo a sofrer grandes alterações force a casar com o meu primo”).
nas últimas décadas, deixando esta de ser vista como uma 5. a. 1; b. 3; c. 2; d. 2
simples mãe e dona de casa, para passar a ser encarada
como autónoma e financeiramente independente. Por GRUPO I – PARTE C
outro lado, podem ser também considerados fatores como 6. Inês Pereira é, desde o início, uma jovem que se des-
a globalização e o rápido acesso a meios de comunicação, taca por apresentar características diferentes das
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CENÁRIOS DE RESPOSTA
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NOVO
Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO
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