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NOVO

Sentidos

www.sentidos12.asa.pt

PORTUGUÊS 12.º ANO Ana Catarino Isabel Castiajo


Ana Felicíssimo Maria José Peixoto
O projeto
NOVO

Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO

Apresentação Gramática
do projeto • Fichas de trabalho
• Cenários de resposta

Ensino digit@l Leitura e Gramática


• Guia de recursos multimédia
• Fichas de trabalho
• – Tutoriais • Cenários de resposta

Planificações Escrita
• Planificação anual (trimestral e semestral) • Fichas de trabalho
• Planificações semanais das atividades • Cenários de resposta

Oralidade Testes de avaliação


• Compreensão do Oral • 2 testes de diagnóstico
• Expressão Oral • 7 testes de avaliação (por unidade didática)
• Cenários de resposta • Cenários de resposta

Educação Literária Avaliação


ç


Análise passo a passo
Análise textual
por rubricas
• Esquemas interpretativos
os
• Questões de aula
• Cenários de resposta
ÍNDICE
Apresentação do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Ensino digital
Guia de recursos multimédia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
– Tutoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Planificações
Planificação anual (por trimestres) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Planificação anual (por semestres) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Planificação semanal das atividades . . . . . . . . . . . . . . . . .

Oralidade
Compreensão do Oral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Expressão Oral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

Educação Literária
Análise passo a passo NOVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Análise textual NOVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Esquemas interpretativos NOVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Questões de aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173

Gramática
Fichas de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201

Leitura e Gramática
Fichas de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217

Escrita
Fichas de trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233

Testes de avaliação
Teste de diagnóstico 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Teste de diagnóstico 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243

Teste de avaliação 1 (Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo) . . . . . . . 249


Teste de avaliação 2 (Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos) . . . . . 257
Teste de avaliação 3 (Fernando Pessoa, Mensagem) . . . . . . . . . . . . 265
Teste de avaliação 4 (Contos). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273
Teste de avaliação 5 (Poetas contemporâneos) . . . . . . . . . . . . . . . 281
Teste de avaliação 6 (Memorial do convento, José Saramago) . . . . . . . 289
Teste de avaliação 7 (O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago) . . 297
Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304

Avaliação por rubricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


APRESENTAÇÃO
DO
PROJETO
SENTIDOS
APRESENTAÇÃO
DO PROJETO

O projeto Sentidos 12 é um projeto completo, que disponibiliza um conjunto muito vasto e diversificado
de componentes, para apoiar professores e alunos, ao longo do processo de ensino e aprendizagem.
Dá respostas concretas às necessidades do ensino, tendo como referência os documentos orientadores,
nomeadamente as Aprendizagens Essenciais.

Manual
O Manual dedica as primeiras páginas a sugestões para o Projeto de Leitura e apresenta um conjunto
de atividades de Diagnose, que contemplam todos os domínios.

De seguida, surge a rubrica Literatura Portuguesa no século XX, acompanhada de um friso cronoló-
gico com datas associadas a acontecimentos relevantes, ocorridos nos períodos temporais delimitados –
nascimento de Fernando Pessoa (1888), atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago (1998)
e morte deste escritor (2010) –, autores que iniciam e encerram as Aprendizagens Essenciais.

Acompanha este friso uma seleção de textos de referência, com informação pertinente sobre aconteci-
mentos históricos, culturais e literários. Esta secção do manual encerra com um texto do Professor José
Augusto Cardoso Bernardes, que, numa linguagem acessível aos alunos, faz a apresentação macro da
Literatura Portuguesa no século XX e contextualiza os autores/obras que serão objeto de estudo ao longo
do ano letivo.

A estrutura do Manual tem por base a definição dos autores/obras propostos pelas Aprendizagens
Essenciais para o domínio da Educação Literária.

Assim, o Manual apresenta 6 unidades:

• Unidade 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo


Apesar de as Aprendizagens Essenciais apenas proporem a abordagem obrigatória de 6 poemas
deste autor, o Manual apresenta, para que o Professor possa fazer a sua própria gestão, 11 poe-
mas, distribuídos pelos diferentes tópicos de conteúdo: fingimento artístico, dicotomias – cons-
ciência/inconsciência, pensamento/sentimento, sonho/realidade e nostalgia da infância.

• Unidade 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos


O Manual apresenta, globalmente, mais textos do que os sugeridos pelas Aprendizagens Essen-
ciais. Assim, o Professor terá um leque mais alargado de escolha, considerando as particularidades
de cada uma das turmas.
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• Unidade 3 – Fernando Pessoa, Mensagem


O Manual apresenta 9 poemas da obra Mensagem. Contudo, as Aprendizagens Essenciais propõem
a abordagem obrigatória de apenas 6 poemas desta obra (mais uma vez, para que o Professor possa
selecionar os que melhor se adequam à sua prática letiva).

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APRESENTAÇÃO DO PROJETO

• Unidade 4 – Contos
O projeto Sentidos 12 apresenta, na íntegra, dois contos, em que se exploram, didaticamente,
todos os tópicos de conteúdo:
– “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca;
– “George”, de Maria Judite de Carvalho.
– O conto “Famílias desavindas” está também trabalhado na íntegra na .

• Unidade 5 – Poetas contemporâneos


Sendo proposta nas Aprendizagens Essenciais a abordagem de 3 poetas, 2 poemas de cada um
deles, o projeto Sentidos 12 apresenta, no Manual, 3 poemas de cada um dos 4 autores selecio-
nados de entre os propostos pelas Aprendizagens Essenciais.
– Miguel Torga;
– Eugénio de Andrade;
– Manuel Alegre;
– Ana Luísa Amaral.

• Unidade 6 – Memorial do convento OU O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago


Em conformidade com a intenção das Aprendizagens Essenciais, que pressupõe a leitura inte-
gral de uma das obras de José Saramago, foi selecionada uma quantidade generosa de excertos
textuais de ambos os romances, dispostos no Manual de acordo com a exploração detalhada dos
tópicos de conteúdo preconizados.

Todas as unidades iniciam com o domínio da Oralidade (Compreensão e/ou Expressão oral), com o obje-
tivo de conduzir o aluno, de forma apelativa e diferenciadora, para a temática da unidade, fazendo pontes
com a atualidade. Nesta medida, tomando como ponto de partida a temática das obras literárias em
estudo, são convocados aspetos relacionados com a realidade do século XXI.

De seguida, é apresentada uma Contextualização e, por vezes, Informação sobre os autores, as obras e
as respetivas épocas, para garantir uma boa compreensão e análise dos textos do domínio da Educação
Literária, que são sempre acompanhados por uma questionação diversificada e com níveis distintos de
dificuldade, para que todos os alunos se sintam integrados no processo de ensino-aprendizagem.

A encabeçar a análise dos textos literários surge a rubrica Antecipar sentidos, cujo objetivo é destacar
algumas das linhas temáticas que serão abordadas no texto literário.

Apresenta-se também, várias vezes, a rubrica Faz sentido saber, da qual constam algumas curiosidades
que, de alguma forma, se interligam com o texto literário ou com o seu autor.
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A propósito dos textos, surge ainda a rubrica Faz sentido relacionar, com o intuito de se estabelece-
rem relações de intertextualidade entre autores, obras e temáticas, ou entre o passado e o presente.

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APRESENTAÇÃO DO PROJETO

No caso das obras saramaguianas, de leitura integral, apresenta-se também a rubrica Construir senti-
dos, cujo objetivo é recuperar excertos ou capítulos que não constam do Manual e que são, assim, convo-
cados de forma a serem objeto de leitura e análise por parte dos alunos.

De destacar, ainda, a apresentação sistemática e recorrente de notas que ajudam à interpretação do texto
e a remissão constante para outros materiais que integram o projeto e que foram concebidos ao serviço
deste domínio como, por exemplo, Como ler/analisar, Recordar e relacionar com Sentido(s) e Rela-
cionar/Recordar, para o estabelecimento de relações de intertextualidade (no Bloco Informativo) ou
os esquemas interpretativos de poemas alvo de análise (no Dossiê do Professor).

A Gramática é abordada nos questionários que acompanham os vários textos (Educação Literária e
Leitura), sendo convocados conteúdos de 12.o ano e/ou de anos anteriores.

No caso do único conteúdo gramatical novo no 12.o ano – Valor aspetual –, este surge numa dupla
página, onde se apresenta, por um lado, a sua sistematização teórica e, por outro, exercícios de apli-
cação prática.

Além disso, sempre que, ao longo do Manual, são propostos exercícios gramaticais, é feita uma remissão
para o Bloco Informativo, onde estes conteúdos se encontram sistematizados e onde se disponibiliza
mais um conjunto de exercícios de aplicação para cada um deles.

Os diferentes géneros textuais da Escrita são explorados, sistematizados e exemplificados no Bloco


Informativo, de modo a permitir que os alunos estejam na posse das aprendizagens necessárias ao
desenvolvimento deste domínio.

Além disso, ao longo do Manual, surgem, em todas as unidades, propostas de escrita curta (à seme-
lhança da parte C do grupo I do Exame Nacional) e de escrita extensa (à semelhança do grupo III do
Exame Nacional).

No domínio da Leitura, são convocados todos os géneros textuais previstos para os três anos do ciclo
de estudos, acompanhados de questionários conducentes à sua exploração e interpretação.

Todas as unidades terminam com:


• Consolidação, sistematização dos conteúdos de Educação literária.
• Verificação, exercícios para aferição de conhecimentos respeitantes às obras em estudo.
• Avaliação (formativa), para testar os conteúdos trabalhados na unidade ou noutras unidades
anteriores.
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O Manual encerra com o Bloco Informativo, que cumpre o propósito de consolidação de conteúdos,
organizados de forma a incluir o essencial de todo este ciclo de estudos, bem como reforço da compo-
nente prática.

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Assim, e de modo a suprir todas as necessidades, esta secção apresenta:

1. Recordar e relacionar com Sentido(s), onde se podem encontrar, em primeiro lugar, esquemas-
-síntese, por José Augusto Cardoso Bernardes, que abordam a relação entre as várias obras e autores
estudados ao longo dos três anos do ensino secundário.
• De seguida, a rubrica Relacionar/Recordar, por Carla Marques, centrada, também ela, no domínio
da Educação Literária e que permite estabelecer relações temáticas entre as obras estudadas nos
10.o, 11.o e 12.o anos. Apresenta, como ponto de partida, os seguintes temas: “A variedade do sentimento
amoroso”; “Representações do quotidiano”; “Matéria épica”; “Crítica”. Além da exploração das várias
relações temáticas, são igualmente propostas atividades práticas, com base nos seguintes temas:
– “O tema do amor” (Camões lírico vs. O ano da morte de Ricardo Reis);
– “Representações da mulher na literatura”;
– “A crítica na literatura”;
– “A reflexão existencial”.

Na versão digital do Manual, disponível em , são ainda apresentados excertos textuais das
diferentes obras do Ensino Secundário que evidenciam as relações temáticas/textuais explicitadas.

2. Como ler/analisar, onde figura a análise passo a passo de um texto poético e de um texto narrativo,
com o propósito de servir como modelo para os alunos, na interpretação e escrita dos questionários
subjacentes a estes géneros literários.

3. Como escrever, que agrega sistematizações simples e claras conducentes à redação de textos dos
géneros síntese, texto expositivo, texto de apreciação crítica e texto de opinião, a que se seguem exer-
cícios de aplicação para reforçar a competência dos alunos nesta área.

4. Gramática, onde se apresenta a sistematização de todos os conteúdos gramaticais de 3.o Ciclo e En-
sino Secundário, seguida de uma bateria de exercícios de aplicação, como forma de auxiliar o aluno na
consolidação destes conteúdos.

5. Outros materiais, onde se incluem, por exemplo, a definição e exemplificação dos diversos recursos
expressivos, se apresenta uma listagem de verbos instrucionais, explicitando-se as operações que
estes implicam, ou se elencam as noções de versificação e as marcas inerentes a cada um dos géne-
ros textuais dos vários domínios relativos ao Ensino Secundário e trabalhados ao longo das diferentes
unidades. Também se apresenta uma proposta de ficha de leitura/apreciação crítica da obra que pode
ser utilizada a propósito do Projeto de Leitura.
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Para além do Manual, o projeto Sentidos 12 é composto, ainda, pelos seguintes componentes:

Caderno de atividades
Este livro permite ao aluno desenvolver um trabalho autónomo de consolidação.

Está organizado por unidades, apresentando fichas de trabalho para Verificação das aprendizagens
e múltiplas propostas de atividades relativas aos domínios da Educação Literária, Gramática, Leitura
e Gramática e Escrita.

Todas as ficham incluem soluções, na banda exclusiva do Professor e, no final, para o aluno.

Dossiê do Professor
Componente de apoio ao Professor nos vários momentos da sua prática letiva e que permite uma utiliza-
ção ajustada à realidade dos alunos/turmas. Contém:

• Planificações
– Planificação anual por trimestres
– Planificação anual por semestres
– Planificação semanal das atividades

• Oralidade
– Fichas de trabalho de Compreensão do Oral
– Fichas de trabalho de Expressão Oral
– Cenários de resposta

• Educação Literária
– Análise passo a passo (organizadas por unidade)
– Análise textual (organizadas por unidade)
– Esquemas interpretativos de vários poemas
– Questões de aula (organizadas por unidade)
– Cenários de resposta

• Gramática
– Fichas de trabalho organizadas por conteúdo gramatical
– Fichas globalizantes de forma a permitirem a sua utilização como questões de aula
– Cenários de resposta

• Leitura e Gramática
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– Fichas de trabalho completas para a prática da interpretação textual de géneros distintos


(relato de viagem, exposição, apreciação crítica e artigo de opinião) e da gramática
– Cenários de resposta

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• Escrita
– Fichas de trabalho que avaliam a escrita dos alunos sobre temas e géneros distintos (síntese,
texto expositivo, texto de apreciação crítica e texto opinião)
– Cenários de resposta

• Testes de avaliação
– 2 testes de diagnóstico
– 1 teste de avaliação por unidade
– Matrizes de conteúdos/cotação
– Cenários de resposta

• Avaliação por rubricas

Os diferentes recursos do Dossiê do Professor são fotocopiáveis e estão disponíveis em ,


em formato editável e/ou projetável.

Preparar o Exame
Componente que visa apoiar professores e alunos na sistematização, consolidação e estudo de todos
os autores e obras abordados ao longo dos três anos do Ensino Secundário. Assim, para cada um dos au-
tores e obras do 10.o ao 12.o ano é apresentada uma ficha que incide nos domínios da Educação Literária,
da Gramática e da Escrita.

A Aula Digital é uma ferramenta que possibilita, em sala de aula, a fácil exploração do projeto Sentidos 12
através das novas tecnologias.

Apresenta um vasto leque de propostas de exercícios, em formato digital, associados ao Manual,


de grande utilidade em termos motivacionais e de aprendizagem. Ver guia de recursos multimédia, nas
páginas 13-30, do Dossiê do Professor.

Ficheiros áudio disponíveis para download.

Smart é uma aplicação que dá acesso a conteúdos multimédia e quizzes, que permitem rever e consolidar
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o essencial.

Os quizzes têm explicações passo a passo, para esclarecimento de dúvidas, e avaliação do progresso na
aprendizagem.

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NOVO

Sentidos

Ensino digit@l
PORTUGUÊS 12.º ANO

Ensino digit@l
• Guia de recursos multimédia
• – Tutoriais
ENSINO
DIGITAL
Guia de recursos multimédia . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

– Tutoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

DIAGNOSE + A LITERATURA PORTUGUESA NO SÉCULO XX

• Infográfico: Linha do tempo: O Modernismo


Infográfico com texto e imagens que apresenta e faz uma breve abordagem a datas relevantes
ocorridas no intervalo temporal a ser explorado ao longo da unidade.

• Infográfico: Linha do tempo: do Segundo Modernismo à Época Contemporânea


Infográfico com texto e imagens que apresenta e faz uma breve abordagem a datas relevantes
ocorridas no intervalo temporal a ser explorado ao longo da unidade.

• Animação: O Modernismo
Animação conceitual que explora o período literário em causa, definindo-o e exemplificando as suas
principais características e temas.

• Animação: Apreciação crítica


Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever uma apreciação crítica, expli-
cando as características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração
deste tipo de texto.

• Animação: Texto de opinião


Tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever um texto de opinião, explicando as
características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo de
texto.

• Animação: O que é uma metáfora?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da metáfora. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma apóstrofe?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da apóstrofe. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma sinestesia?


Apresentação Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da sinestesia. O recurso
de conteúdos termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma comparação?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da comparação. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma personificação?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da personificação.
O recurso termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma anástrofe?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da anástrofe. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Apresentação PPT: Modernismo e a geração de Orpheu


PowerPoint® editável que apresenta, sistematiza e explicita o contexto do Modernismo em termos
históricos, sociais e políticos, explicitando as características e ideias vanguardistas da geração
de Orpheu. No final, o recurso apresenta ainda exercícios de consolidação acerca da matéria
sistematizada.

• Gramática: Complemento direto


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento direto. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
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• Gramática: Complemento indireto


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento indireto. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade apreciativa


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade apreciativa e o seu
valor modal. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

DIAGNOSE + A LITERATURA PORTUGUESA NO SÉCULO XX

• Gramática: Valor modal: modalidade deôntica


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade deôntica e os seus
valores modais. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade epistémica


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade epistémica e os seus
valores modais. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Formação de palavras: derivação


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a formação de palavras por deriva-
ção. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Formação de palavras: composição


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a formação de palavras por compo-
sição. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Atos ilocutórios (atos de fala)


Apresentação Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes atos de fala. O recurso
apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
de conteúdos
• Gramática: Coesão e coerência textual
Gramática interativa que define e exemplifica as principais propriedades que um texto deve apre-
sentar para ser bem estruturado. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar
os conteúdos.

• Glossário: Projeto de Leitura


Breve sinopse de obras literárias sugeridas sugeridas para este ano de escolaridade.

Vídeos e áudios externos e internos que servem de apoio à unidade temática.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 1 — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO

• Animação: Pessoa na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de Fernando Pessoa.

• Síntese: Guia de estudo: Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes da poesia do ortónimo pessoano, nomeadamente
temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios e de exemplos textuais, são destacados os conteú-
dos mais pertinentes da poesia do ortónimo.

• Apresentação PPT: Contextualização histórico-literária: Fernando Pessoa


PowerPoint® editável que apresenta, de forma sintética, o contexto histórico e social em que viveu
Fernando Pessoa.

• Apresentação PPT: Fernando Pessoa ortónimo


PowerPoint® editável que explicita a poesia do ortónimo pessoano, nomeadamente temáticas, lin-
guagem e estilo, recorrendo a exemplos textuais. No final, o recurso apresenta ainda exercícios de
consolidação acerca da matéria sistematizada.

• Gramática: Valor aspetual


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes valores aspetuais.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Sujeito
Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por sujeito.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Vocativo
Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por vocativo.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Predicativo de sujeito


Apresentação Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por predica-
tivo do sujeito. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
de conteúdos
• Gramática: Dêixis
Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função da dêixis pessoal, assim como
os seus deíticos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas substantivas completivas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas substanti-
vas completivas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas substantivas relativas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas substan-
tivas relativas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas adjetivas relativas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas adjetivas
relativas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda mo-
mentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas adverbiais consecutivas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas adverbiais
consecutivas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
momentos de atividades para praticar os conteúdos.
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Vídeos e áudios externos e internos que servem de apoio à unidade temática.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 1 — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO

• Quiz: Fernando Pessoa: poesia do ortónimo 1


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Fernando Pessoa: poesia do ortónimo 2


Aplicação/
Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.
Consolidação
• Quizzes gramaticais
Quizzes compostos por 4 questões e respetiva explicação, com os conteúdos das gramáticas men-
cionadas na respetiva unidade.

• Teste interativo: Fernando Pessoa ortónimo


Teste interativo composto por 7 questões, com acesso a relatório detalhado.
Avaliação
• Teste global: Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo
Teste interativo composto por 12 questões, com acesso a relatório detalhado.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 2 — FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS

• Animação: O que é uma enumeração?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da enumeração. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma anáfora?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da anáfora. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é um eufemismo?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo do eufemismo. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: Texto expositivo


Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever um texto expositivo, explicando
as características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo
de texto.

• Síntese: Guia de estudo: Alberto Caeiro


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes da poesia do heterónimo Alberto Caeiro, nomea-
damente temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios e de exemplos textuais, são destacados
os conteúdos mais pertinentes da poesia heteronímica.

• Síntese: Guia de estudo: Ricardo Reis


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes da poesia do heterónimo Ricardo Reis, nomea-
damente temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios e de exemplos textuais, são destacados
os conteúdos mais pertinentes da poesia heteronímica.

• Síntese: Guia de estudo: Álvaro de Campos


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes da poesia do heterónimo Álvaro de Campos,
nomeadamente temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios e de exemplos textuais, são des-
Apresentação tacados os conteúdos mais pertinentes da poesia heteronímica.
de conteúdos
• Apresentação PPT: Alberto Caeiro
PowerPoint® editável que explicita a heteronímia pessoana em Alberto Caeiro, nomeadamente te-
máticas, linguagem e estilo, recorrendo a exemplos textuais. No final, o recurso apresenta ainda
exercícios de consolidação acerca da matéria sistematizada.

• Apresentação PPT: Ricardo Reis


PowerPoint® editável que explicita a heteronímia pessoana em Ricardo Reis, nomeadamente te-
máticas, linguagem e estilo, recorrendo a exemplos textuais. No final, o recurso apresenta ainda
exercícios de consolidação acerca da matéria sistematizada.

• Apresentação PPT: Álvaro de Campos


PowerPoint® editável que explicita a heteronímia pessoana em Álvaro de Campos, nomeadamente
temáticas, linguagem e estilo, recorrendo a exemplos textuais. No final, o recurso apresenta ainda
exercícios de consolidação acerca da matéria sistematizada.

• Gramática: Modificador do nome


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por modifi-
cador do nome. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Complemento oblíquo


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento oblíquo. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.
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• Gramática: Orações subordinadas adverbiais condicionais


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas adverbiais
condicionais, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
momentos de atividades para praticar os conteúdos.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 2 — FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS

• Gramática: Orações subordinadas adverbiais concessivas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas adverbiais
concessivas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas adverbiais causais


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas adverbiais
causais, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda momen-
tos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade apreciativa


Apresentação
Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade apreciativa e o seu
de conteúdos valor modal. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade deôntica


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade deôntica e os seus
valores modais. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade epistémica


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade epistémica e os seus
valores modais. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

Vídeos e áudios externos e internos que servem de apoio à unidade temática.

• Quiz: Fernando Pessoa: poesia dos heterónimos


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Poesia dos heterónimos: Alberto Caeiro 1


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Poesia dos heterónimos: Alberto Caeiro 2


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Poesia dos heterónimos: Ricardo Reis 1


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Poesia dos heterónimos: Ricardo Reis 2


Aplicação/
Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação
Consolidação
• Quiz: Poesia dos heterónimos: Álvaro de Campos 1
Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação

• Quiz: Poesia dos heterónimos: Álvaro de Campos 2


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação

• Quizzes gramaticais
Quizzes compostos por 4 questões e respetiva explicação, com os conteúdos das gramáticas men-
cionadas na respetiva unidade.

• Kahoot: Pessoa ortónimo e heterónimos


Jogo educativo composto por 5 questões de escolha múltipla

• Teste interativo: Heterónimos de Fernando Pessoa


Teste interativo composto por 7 questões, com acesso a relatório detalhado.
Avaliação
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• Teste Global: Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos


Teste interativo composto por 12 questões, com acesso a relatório detalhado.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 3 — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM

• Animação: O que é uma enumeração?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da enumeração. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma apóstrofe?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da apóstrofe. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma personificação?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da personificação.
O recurso termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma interrogação retórica?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da interrogação retórica.
O recurso termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: Questão de Exame Explicada: funções sintáticas


Animação que ilustra a resolução passo-a-passo, de forma esquemática, de uma questão de exame
nacional que versa matéria gramatical do presente ano de escolaridade.

• Animação: Questão de Exame Explicada: subordinação


Animação que ilustra a resolução passo-a-passo, de forma esquemática, de uma questão de exame
nacional que versa matéria gramatical do presente ano de escolaridade.

• Animação: Questão de Exame Explicada: valor modal


Animação que ilustra a resolução passo-a-passo, de forma esquemática, de uma questão de exame
nacional que versa matéria gramatical do presente ano de escolaridade.

• Animação: Questão de Exame Explicada: Atos ilocutórios (atos de fala)


Animação que ilustra a resolução passo-a-passo, de forma esquemática, de uma questão de exame
nacional que versa matéria gramatical do presente ano de escolaridade.
Apresentação
de conteúdos • Síntese: Guia de estudo: Mensagem, de Fernando Pessoa
Recurso com a análise dos pontos mais relevantes, da obra Mensagem, nomeadamente temáticas,
divisão de partes, linguagem, estilo e estrutura. Através de áudios e de exemplos textuais, são des-
tacados os conteúdos mais pertinentes da obra.

• Apresentação PPT: Mensagem, de Fernando Pessoa


PowerPoint® editável que define e explica a estrutura da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, no-
meadamente temáticas, partes da obra, linguagem, estilo e estrutura, recorrendo a exemplos textuais.
No final, o recurso apresenta ainda exercícios de consolidação acerca da matéria sistematizada.

• Gramática: Valor modal: modalidade apreciativa


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade apreciativa e o seu
valor modal. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade deôntica


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade deôntica e os seus
valores modais. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade epistémica


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade epistémica e os seus
valores modais. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Coesão e coerência textual


Gramática interativa que define e exemplifica as principais propriedades que um texto deve apre-
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sentar para ser bem estruturado. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar
os conteúdos.

• Gramática: Atos ilocutórios (atos de fala)


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes atos de fala. O recurso
apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

Vídeos e áudios externos e internos que servem de apoio à unidade temática.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 3 — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM

• Quiz: Mensagem, de Fernando Pessoa 1


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação

• Quiz: Mensagem, de Fernando Pessoa 2


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação

• Quiz: Mensagem, de Fernando Pessoa 3


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação

• Quiz: Mensagem, de Fernando Pessoa 4


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação
Aplicação/
Consolidação • Quizzes gramaticais
Quizzes compostos por 4 questões e respetiva explicação, com os conteúdos das gramáticas men-
cionadas na respetiva unidade.

• Kahoot: Mensagem, de Fernando Pessoa


Jogo educativo composto por 5 questões de escolha múltipla

• Jogo: #DesafioLiterário: Fernando Pessoa


Atividade didática com adivinhas, charadas e perguntas de teor histórico-literário, que permite re-
sumir e aplicar os conceitos-chave trabalhados sobre a poesia de Fernando Pessoa, nomeadamente
ortónimo, heterónimos e Mensagem.

• Teste interativo: Mensagem, de Fernando Pessoa


Teste interativo composto por 7 questões, com acesso a relatório detalhado.
Avaliação
• Teste Global: Mensagem, de Fernando Pessoa
Teste interativo composto por 12 questões, com acesso a relatório detalhado.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 4 — CONTOS

• Animação: O conto
Animação expositiva que explica as características do conto no que concerte às categorias da nar-
rativa.

• Animação: Manuel da Fonseca na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de Manuel da Fonseca.

• Animação: Maria Judite de Carvalho na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de Maria Judite de Carvalho.

• Animação: O que é uma interrogação retórica?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da interrogação retórica.
O recurso termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Síntese: Guia de estudo: “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes conto de Manuel da Fonseca, nomeadamente
temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios e de exemplos textuais, são destacados os conteú-
dos mais pertinentes do conto.

• Síntese: Guia de estudo: “George”, de Maria Judite de Carvalho


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes conto de Maria Judite de Carvalho, nomeada-
mente temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios e de exemplos textuais, são destacados os
conteúdos mais pertinentes do conto.

• Gramática: Valor aspetual


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes valores aspetuais.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos fonológicos de inserção


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de inserção que
Apresentação ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
de conteúdos para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos fonológicos de alteração


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de alteração que
ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos fonológicos de supressão


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de supressão que
ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos irregulares de formação de palavras


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos irregulares de formação de
palavras. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Complemento do nome


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento do nome. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Coesão e coerência textual


Gramática interativa que define e exemplifica as principais propriedades que um texto deve apre-
sentar para ser bem estruturado. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar
os conteúdos.
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• Apresentação PPT: Contextualização histórico-literária: Manuel da Fonseca e Maria Judite


de Carvalho
PowerPoint® editável que apresenta, de forma sintética, o contexto histórico e social em que viveu
Manuel da Fonseca e Maria Judite de Carvalho.

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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 4 — CONTOS

• Apresentação PPT: “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca


PowerPoint® editável que apresenta, sistematiza e explicita as categorias da narrativa do conto
“Sempre é uma companhia”. No final, o recurso apresenta ainda exercícios de consolidação acerca
da matéria sistematizada.
Apresentação • Apresentação PPT: “George”, de Maria Judite de Carvalho
de conteúdos PowerPoint® editável que apresenta, sistematiza e explicita as categorias da narrativa do conto
“George”. No final, o recurso apresenta ainda exercícios de consolidação acerca da matéria siste-
matizada.

Vídeos e áudios externos e internos que servem de apoio à unidade temática.

• Quiz: “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca 1


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca 2


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: “George”, de Maria Judite de Carvalho 1


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: “George”, de Maria Judite de Carvalho 2


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

Aplicação/ • Quizzes gramaticais


Consolidação Quizzes compostos por 4 questões e respetiva explicação, com os conteúdos das gramáticas men-
cionadas na respetiva unidade.

• Kahoot: “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca


Jogo educativo composto por 5 questões de escolha múltipla

• Kahoot: “George”, de Maria Judite de Carvalho


Jogo educativo composto por 5 questões de escolha múltipla

• Jogo: #DesafioLiterário: Contos


Atividade didática com adivinhas, charadas e perguntas de teor histórico-literário, que permite resu-
mir e aplicar os conceitos-chave trabalhados sobre os contos de Manuel da Fonseca e Maria Judite
de Carvalho.

• Teste interativo: “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca


Teste interativo composto por 7 questões, com acesso a relatório detalhado.

• Teste interativo: “George”, de Maria Judite de Carvalho


Avaliação Teste interativo composto por 7 questões, com acesso a relatório detalhado.

• Teste Global: Contos


Teste interativo composto por 12 questões, com acesso a relatório detalhado.
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UNIDADE 5 — POETAS CONTEMPORÂNEOS

• Animação: Miguel Torga na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de Miguel Torga.

• Animação: Eugénio de Andrade na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de Eugénio de Andrade.

• Animação: Ana Luísa Amaral na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de Ana Luísa Amaral.

• Animação: Manuel Alegre na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de Manuel Alegre.

• Animação: O que é uma metáfora?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da metáfora. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma aliteração?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da aliteração. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Síntese: Guia de estudo: Poetas contemporâneos


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes da poesia de Miguel Torga, Eugénio de Andrade,
Ana Luísa Amaral e Manuel Alegre nomeadamente temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios
e de exemplos textuais, são destacados os conteúdos mais pertinentes.

• Gramática: Valor aspetual


Apresentação Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes valores aspetuais.
de conteúdos O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações coordenadas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações coordenadas, especifi-
cando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos.

• Gramática: Atos ilocutórios (atos de fala)


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes atos de fala. O recurso
apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Coesão e coerência textual


Gramática interativa que define e exemplifica as principais propriedades que um texto deve apre-
sentar para ser bem estruturado. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar
os conteúdos.

• Apresentação PPT: Contextualização histórico-literária: poetas contemporâneos


PowerPoint® editável que apresenta, de forma sintética, o contexto histórico e social em que vive-
ram os poetas contemporâneos.

• Apresentação PPT: Poetas contemporâneos


PowerPoint® editável que apresenta, sistematiza e explicita os pontos mais relevantes dois quatro
poetas abordados no manual. No final, o recurso apresenta ainda exercícios de consolidação acerca
da matéria sistematizada.

Vídeos e áudios externos e internos que servem de apoio à unidade temática.


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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADE 5 — POETAS CONTEMPORÂNEOS

• Quiz: Miguel Torga


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Eugénio de Andrade


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Ana Luísa Amaral


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Manuel Alegre


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

Aplicação/ • Quizzes gramaticais


Consolidação Quizzes compostos por 4 questões e respetiva explicação, com os conteúdos das gramáticas men-
cionadas na respetiva unidade.

• Kahoot: Poetas contemporâneos I


Jogo educativo composto por 5 questões de escolha múltipla

• Kahoot: Poetas contemporâneos II


Jogo educativo composto por 5 questões de escolha múltipla

• Jogo: #DesafioLiterário: poetas contemporâneos


Atividade didática com adivinhas, charadas e perguntas de teor histórico-literário, que permite re-
sumir e aplicar os conceitos-chave trabalhados sobre os poetas contemporâneos: Miguel Torga,
Eugénio de Andrade, Ana Luísa Amaral e Manuel Alegre.

• Teste interativo: Poetas contemporâneos


Teste interativo composto por 7 questões, com acesso a relatório detalhado.
Avaliação
• Teste Global: Poetas contemporâneos
Teste interativo composto por 12 questões, com acesso a relatório detalhado.

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UNIDADES 6.1 — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

• Animação: José Saramago na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de José Saramago.

• Animação: Texto de opinião


Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever um texto de opinião, explicando
as características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo
de texto.

• Animação: Apreciação crítica


Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever uma apreciação crítica, explicando
as características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo
de texto.

• Animação: Texto expositivo


Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever um texto expositivo, explicando
as características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo
de texto.

• Animação: Questão de Exame Explicada: processos fonológicos


Animação que ilustra a resolução passo-a-passo, de forma esquemática, de uma questão de exame
nacional que versa matéria gramatical do presente ano de escolaridade.

• Animação: Questão de Exame Explicada: funções sintáticas


Animação que ilustra a resolução passo-a-passo, de forma esquemática, de uma questão de exame
nacional que versa matéria gramatical do presente ano de escolaridade.

• Animação: O que é uma metáfora?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da metáfora. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma personificação?


Apresentação Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da personificação.
de conteúdos O recurso termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma antítese?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da antítese. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma enumeração?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da enumeração. O re-
curso termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Síntese: Guia de estudo: Memorial do Convento, de José Saramago


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes da obra Memorial do Convento, nomeadamente
temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios e de exemplos textuais, são destacados os conteú-
dos mais pertinentes da poesia do ortónimo.

• Gramática: Valor aspetual


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes valores aspetuais.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Sujeito
Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por sujeito.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Complemento oblíquo


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento oblíquo. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Complemento do nome


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento do nome. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

25
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADES 6.1 — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

• Gramática: Complemento do adjetivo


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento do adjetivo. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos fonológicos de inserção


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de inserção que
ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos fonológicos de alteração


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de alteração que
ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos fonológicos de supressão


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de supressão que
ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade epistémica


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade epistémica e os seus
valores modais. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas substantivas completivas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas substanti-
vas completivas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
momentos de atividades para praticar os conteúdos.
Apresentação
de conteúdos • Gramática: Orações subordinadas substantivas relativas
Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas substan-
tivas relativas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas adjetivas relativas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas adjetivas
relativas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda mo-
mentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Atos ilocutórios (atos de fala)


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes atos de fala. O recurso
apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Apresentação PPT: Contextualização histórico-literária: José Saramago


PowerPoint® editável que apresenta, de forma sintética, o contexto histórico e social em que viveu
José Saramago.

• Apresentação: Contextualização histórico-literária: José Saramago


PowerPoint® editável que apresenta, de forma sintética, o contexto histórico e social em que viveu
José Saramago.

• Apresentação PPT: Memorial do convento, de José Saramago


PowerPoint® editável que apresenta, sistematiza e explicita os pontos mais relevantes da obra
Memorial do convento, nomeadamente temáticas, linguagem e estilo. No final, o recurso apre-
senta ainda exercícios de consolidação acerca da matéria sistematizada.

Vídeos e áudios externos e internos que servem de apoio à unidade temática.


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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADES 6.1 — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

• Quiz: Memorial do Convento, de José Saramago 1


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Memorial do Convento, de José Saramago 2


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Memorial do Convento, de José Saramago 3


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Géneros textuais: leitura


Aplicação/
Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.
Consolidação
• Quiz: Géneros textuais: escrita
Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Kahoot: Memorial do Convento, de José Saramago


Jogo composto por 5 questões de escolha múltipla

• Jogo: #DesafioLiterário: José Saramago


Atividade didática com adivinhas, charadas e perguntas de teor histórico-literário, que permite re-
sumir e aplicar os conceitos-chave trabalhados sobre as obras de José Saramago.

• Teste interativo: Memorial do Convento, de José Saramago


Teste interativo composto por 7 questões, com acesso a relatório detalhado.
Avaliação
• Teste Global: Memorial do Convento, de José Saramago
Teste interativo composto por 12 questões, com acesso a relatório detalhado.
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GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADES 6.2 — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO

• Animação: José Saramago na 1.a pessoa


Animação expositiva sobre o estilo literário de José Saramago.

• Animação: Texto de opinião


Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever um texto de opinião, explicando
as características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo
de texto.

• Animação: Apreciação crítica


Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever uma apreciação crítica, explicando
as características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo
de texto.

• Animação: Texto expositivo


Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever um texto expositivo, explicando
as características deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo
de texto.

• Animação: Síntese
Vídeo tutorial que, de forma dinâmica, exemplifica como escrever uma síntese, explicando as carac-
terísticas deste género textual, assim como as diferentes etapas na elaboração deste tipo de texto.

• Animação: Questão de Exame Explicada: processos fonológicos


Animação que ilustra a resolução passo-a-passo, de forma esquemática, de uma questão de exame
nacional que versa matéria gramatical do presente ano de escolaridade.

• Animação: Questão de Exame Explicada: funções sintáticas


Animação que ilustra a resolução passo-a-passo, de forma esquemática, de uma questão de exame
nacional que versa matéria gramatical do presente ano de escolaridade.

Apresentação • Animação: O que é uma metáfora?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da metáfora. O recurso
de conteúdos
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma personificação?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da personificação.
O recurso termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma antítese?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da antítese. O recurso
termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Animação: O que é uma enumeração?


Animação que identifica e explica, através de exemplos, o valor expressivo da enumeração. O re-
curso termina com a definição deste recurso expressivo para registo no caderno.

• Síntese: Guia de estudo: O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago


Recurso com a análise dos pontos mais relevantes da obra O ano da morte de Ricardo Reis, nomea-
damente temáticas, linguagem e estilo. Através de áudios e de exemplos textuais, são destacados
os conteúdos mais pertinentes da poesia do ortónimo.

• Gramática: Valor aspetual


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes valores aspetuais.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Sujeito
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por sujeito.
O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Complemento oblíquo


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento oblíquo. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

28
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADES 6.2 — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO

• Gramática: Complemento direto


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por comple-
mento direto. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Predicativo do sujeito


Gramática interativa que define e explica, exemplificando, a função sintática designada por predica-
tivo do sujeito. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos fonológicos de inserção


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de inserção que
ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos

• Gramática: Processos fonológicos de alteração


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de alteração que
ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos.

• Gramática: Processos fonológicos de supressão


Gramática interativa que explica, através de exemplos, os processos fonológicos de supressão que
ocorreram em vocábulos, ao longo dos séculos. O recurso apresenta ainda momentos de atividades
para praticar os conteúdos.

• Gramática: Valor modal: modalidade epistémica


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, a modalidade epistémica e os seus
valores modais. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas substantivas completivas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas substanti-
vas completivas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
Apresentação momentos de atividades para praticar os conteúdos.
de conteúdos
• Gramática: Orações subordinadas substantivas relativas
Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas substan-
tivas relativas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda
momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Orações subordinadas adjetivas relativas


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, as orações subordinadas adjetivas
relativas, especificando o uso e marcas linguísticas das mesmas. O recurso apresenta ainda mo-
mentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Atos ilocutórios (atos de fala)


Gramática interativa que define e explica, através de exemplos, os diferentes atos de fala. O recurso
apresenta ainda momentos de atividades para praticar os conteúdos.

• Gramática: Coesão e coerência textual


Gramática interativa que define e exemplifica as principais propriedades que um texto deve apre-
sentar para ser bem estruturado. O recurso apresenta ainda momentos de atividades para praticar
os conteúdos.

• Apresentação PPT: Contextualização histórico-literária: José Saramago


PowerPoint® editável que apresenta, de forma sintética, o contexto histórico e social em que viveu
José Saramago.
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• Apresentação PPT: O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago


PowerPoint® editável que apresenta, sistematiza e explicita os pontos mais relevantes da obra
O ano da morte de Ricardo Reis, nomeadamente temáticas, linguagem e estilo. No final, o recurso
apresenta ainda exercícios de consolidação acerca da matéria sistematizada.

Vídeos e áudios externos e internos que servem de apoio à unidade temática.

29
GUIA DE RECURSOS MULTIMÉDIA

UNIDADES 6.2 — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO

• Quiz: O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago 1


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago 2


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago 3


Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Quiz: Géneros textuais: leitura


Aplicação/
Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.
Consolidação
• Quiz: Géneros textuais: escrita
Quiz composto por 4 questões e respetiva explicação.

• Kahoot: O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago


Jogo educativo composto por 5 questões de escolha múltipla

• Jogo: #DesafioLiterário: José Saramago


Atividade didática com adivinhas, charadas e perguntas de teor histórico-literário, que permite re-
sumir e aplicar os conceitos-chave trabalhados sobre as obras de José Saramago.

• Teste interativo: O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago


Teste interativo composto por 7 questões, com acesso a relatório detalhado.
Avaliação
• Teste Global: O ano da morte de Ricardo Reis, de José Saramago
Teste interativo composto por 12 questões, com acesso a relatório detalhado.

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30
Tutoriais
+

Tutoriais • Professor +

A Aula Digital, disponível em auladigital.leya.com, é a plataforma de ensino e


aprendizagem da LeYa Educação. Aqui o Professor poderá aceder aos projetos esco-
lares do Grupo LeYa e a todos os recursos e ferramentas digitais a eles associados.

Consulte os vídeos tutoriais da Aula Digital e tire partido dos


diversos recursos e ferramentas digitais ao seu dispor.

1 Como efetuar o registo no


portal da LeYa Educação?
www.leyaeducacao.com

2 Como atualizar os seus


dados profissionais?
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33
Tutoriais • Professor

3 Como usar o Banco de


Recursos?

4 Como trabalhar mais


facilmente com o Manual
Interativo?

5 Como enviar um teste?

6 Como enviar um trabalho


ou partilhar recursos?
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© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

34
Tutoriais • Professor

7 Como criar um teste


interativo?

8 Como criar uma sala?

9 Como comentar e atribuir


uma nota a um trabalho?

10 Como partilhar recursos


em qualquer plataforma?
Moodle, Teams, E-mail,
Facebook, Whatapp, ...
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35
Tutoriais • Professor

11 Como integrar a Aula


Digital no Microsoft
Teams?

12 Como partilhar recursos


no Google Classroom?

Descubra os novos desafios e as novas soluções digitais


com o Professor Carlos Nunes

• •
• • • •
• • •
• •
• •
• • •

+
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+
36
NOVO

Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO

Planificações
Planificações
• Planificação anual
(trimestral e semestral)

• Planificações semanais
das atividades
PLANIFICAÇÕES
Planificação anual
(por trimestres) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

Planificação anual
(por semestres) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Planificações semanais
das atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

As planificações semanais das atividades serão disponibilizadas na Aula


Digital, em formato editável e na íntegra, aos professores utilizadores do
projeto. Com esta medida, procuramos contribuir para a sustentabilidade
ambiental.
38
PLANO ANUAL DE DESENVOLVIMENTO DAS APRENDIZAGENS
Processos
Conteúdos Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Período/ Organizador/ de recolha de
e géneros conhecimentos, Estratégias/atividades Competência do para a
(recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios capacidades e atitudes
essenciais (recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
(por período)

o
1. Conhecimento LEITURA LEITURA LEITURA Conhecedor/ Igualdade de Diagnose
PERÍODO (compreensão, Apreciação crítica; • Ler em suportes variados Manipulação de unidades de sentido através de Sabedor/Culto/ Género
(+/– 52 integração, artigo de opinião. textos de diferentes atividades que impliquem: Informado Atividades de
tempos mobilização graus de complexidade – sublinhar, parafrasear e resumir segmentos de (A, B, G, I e J) revisão
de 50 e aplicação) ED. LITERÁRIA argumentativa dos texto relevantes para a construção do sentido;
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR TRIMESTRES)

minutos) Poesia de Fernando géneros seguintes: – estabelecer de relações entre as diversas


Teste de
Pessoa ortónimo apreciação crítica e artigo unidades de sentido. Crítico/
avaliação
(seis poemas) de opinião. Sistematizador/
e poesia dos • Realizar leitura crítica Realização de diferentes modos de ler e de Organizador
heterónimos (dois e autónoma. diferentes tipos de leitura. (A, B, C, I e J) Microavaliações
poemas de Alberto • Analisar a organização
Caeiro, três poemas interna e externa do texto. Compreensão e interpretação de textos através Teste de
de Ricardo Reis). • Clarificar tema(s), de atividades que impliquem: Leitor Saúde compreensão
Capacidade de subtemas, ideias – mobilizar experiências e saberes como (A, B, C, D, F, (promoção da do oral ou
resolução de ORALIDADE principais, pontos de vista. ativação de conhecimento prévio; H e I) saúde, saúde exposição oral
problemas Debate (CO/EO); • Analisar os recursos – colocar questões a partir de elementos pública, formal
texto de opinião (EO). utilizados para a paratextuais e textuais (verbais e não verbais); alimentação,
construção do sentido – sugerir hipóteses a partir de deduções exercício
Trabalhos de
GRAMÁTICA do texto. extraídas da informação textual; físico)
pesquisa
Valor aspetual: • Interpretar o texto, – inferir informação a partir do texto;
aspeto gramatical com especificação – avaliar o texto (conteúdo e forma) tendo em
Autonomia e (valor perfetivo, valor do sentido global e conta a intencionalidade do autor e a situação Observação
desenvolvimento imperfetivo, situação da intencionalidade de comunicação; direta
pessoal genérica, situação comunicativa. – estabelecer ligações entre o tema desenvolvido
habitual e situação • Utilizar criteriosamente no texto e a realidade vivida pelo aluno; Grelhas
iterativa). procedimentos adequados – expandir e aprofundar conhecimentos de registo
ao registo e tratamento da adquiridos no processo de leitura- (participação)
ESCRITA informação. -compreensão do texto.
Apreciação crítica; • Exprimir, com Avaliação da
Competências artigo de opinião; fundamentação, pontos Elaboração de pequenos projetos de estudo participação,
sociais exposição sobre de vista suscitados por e de pesquisa, sobre temas disciplinares das atitudes
(interação, um tema. leituras diversas. e interdisciplinares, que incluam, entre e valores
responsabilidade, outros aspetos, o recurso a mapas de ideias,
empatia, esquemas, listas de palavras.
Grelhas de
assertividade,
registo da auto e
solidariedade) Compreensão escrita a partir de textos
heteroavaliação
relacionados com temas interdisciplinares.

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Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Período/ Organizador/ específicos/ de recolha de
conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios e atitudes
(recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)

o
2. LEITURA ED. LITERÁRIA ED. LITERÁRIA Conhecedor/ Sexualidade Teste de
PERÍODO Artigo de opinião; • Interpretar obras literárias Consolidação de conhecimento e saberes Sabedor/Culto/ (diversidade, avaliação
(+/– 48 apreciação crítica. portuguesas de diferentes relacionados com a leitura de textos de Informado direitos,
tempos autores e géneros, produzidas diferentes géneros e modos literários. (A, B, G, I, J) saúde sexual Microavaliações
de 50 ED. LITERÁRIA no século XX. e reprodutiva)
minutos) Álvaro de Campos • Contextualizar textos literários Aquisição de saberes relacionados com Teste de
(três poemas). portugueses do século XX em as obras literárias em estudo. compreensão
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR TRIMESTRES)

Mensagem (escolher função de grandes marcos Indagador/ oral ou


seis poemas). históricos e culturais. Compreensão de textos literários com base Investigador exposição oral
• Mobilizar para a interpretação num percurso de leitura que implique: (C, D, F, H, I) formal
Conto: “Sempre é
textual os conhecimentos – ler autonomamente obras ou partes
uma companhia”,
adquiridos sobre os elementos de obras; Trabalhos
de Manuel da Fonseca,
constitutivos do texto poético – imaginar desenvolvimentos narrativos Criativo de pesquisa
e/ou “George”,
e do texto narrativo. a partir de elementos do paratexto e da (A, C, D, J)
de Maria Judite
• Reconhecer valores culturais, mobilização de experiências e vivências; Observação
de Carvalho.
éticos e estéticos manifestados – realizar antecipações do desenvolvimento direta
nos textos. do tema, do enredo, das circunstâncias, Responsável/ Instituições e
ORALIDADE
• Analisar o valor de recursos entre outros aspetos; Autónomo participação Grelhas
Debate (CO/EO);
expressivos para a construção – mobilizar conhecimentos sobre a língua (C, D, E, F, G, I, J) democrática de registo
texto de opinião (EO).
do sentido do texto, e sobre o mundo para interpretar (participação)
designadamente: adjetivação, expressões e segmentos textuais; Comunicador
GRAMÁTICA
gradação, metonímia, – analisar o modo como o(s) tema(s), (A, B, D, E, H) Avaliação da
Recuperação de
sinestesia. as experiências e os valores são participação,
conteúdos.
• Comparar textos de diferentes representados pelo(s) autor(es) do texto; das atitudes
Funções sintáticas épocas em função dos temas, – justificar, de modo fundamentado, Leitor e valores
internas à frase, ideias, valores e marcos as interpretações. (A, B, C, D, F, H, I)
ao grupo verbal, históricos e culturais. Grelhas de
ao grupo nominal, • Debater, de forma Valorização da leitura e consolidação do registo da auto e
ao grupo adjetival fundamentada e sustentada, hábito de ler através de atividades que heteroavaliação
e ao grupo adverbial. oralmente ou por escrito, impliquem, entre outras possibilidades:
pontos de vista fundamentados, – apresentar e defender, perante o professor
ESCRITA suscitados pela leitura de e a turma, um projeto de leitura construído
Texto de opinião; textos e autores diferentes. a partir de um guião;
exposição sobre • Desenvolver um projeto de – selecionar os livros a ler em função do
um tema; leitura que revele pensamento projeto de leitura; do desenvolvimento e
apreciação crítica. crítico e criativo, a apresentar gestão do percurso de leitor realizado, que
publicamente em suportes inclua auto e heteroavaliação tendo em
variados. conta o grau de consecução dos objetivos
definidos inicialmente.

39
40
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação de recolha de
Período/ Organizador/ específicos/ Estratégias/atividades
conhecimentos, capacidades e atitudes (recorrentes ao longo do ano)
Competência do para a informação/
N.o de aulas Domínios Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)

2.o Exploração e aprofundamento de


PERÍODO temas interdisciplinares suscitados
(cont.) pelas obras literárias em estudo.

3.o LEITURA ORALIDADE ORALIDADE Crítico/Analítico Media Microavaliações


PERÍODO Artigo de opinião; Compreensão Compreensão de textos em diferentes (A, B, C, D, G)
(+/– 28 apreciação crítica. • Interpretar o(s) discursos(s) do género suportes audiovisuais para: Teste de
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR TRIMESTRES)

tempos debate. – observar regularidades associadas compreensão


de 50 ED. LITERÁRIA • Apreciar a validade dos argumentos a géneros textuais; Cuidador de si do oral ou
minutos) Poemas de poetas aduzidos pelos participantes de um – identificar informação explícita e do outro (B, E, exposição oral
portugueses debate. e dedução de informação implícita F, G) formal
contemporâneos, • Identificar marcas reveladoras das a partir de pistas textuais;
Miguel Torga, diferentes intenções comunicativas. – selecionar e registar informação Trabalhos
Eugénio de Expressão relevante para um determinado Comunicador de pesquisa
Andrade, Manuel • Planificar o texto oral elaborando objetivo; (A, B, D, E, H)
Alegre, Ana Luísa um plano de suporte, com tópicos, – avaliar os argumentos de um Observação
Amaral (escolher argumentos e respetivos exemplos. discurso a partir de diferentes direta
três autores, dois • Participar construtivamente em debates critérios; Conhecedor/
poemas de cada em que se explicite e justifique pontos de – avaliar discursos tendo em conta Sabedor/Culto/ Grelhas
um deles). vista e opiniões, se considerem pontos de a adequação à situação Informado Voluntariado de registo
vista contrários e se reformulem posições. de comunicação. (A, B, G, I, J) (participação)
Romance de José • Produzir textos de opinião com
Saramago propriedade vocabular e com Produção de discursos preparados para
O ano da morte diversificação de estruturas sintáticas. apresentação a um público restrito (à
de Ricardo Reis ou • Avaliar, individualmente e/ou em grupo, turma ou a colegas de outras turmas)
Memorial do textos produzidos por si próprio através da com diferentes finalidades:
convento (leitura discussão de diferentes pontos de vista. – elaborar apreciações críticas de
integral). • Fazer exposições orais para apresentação livros, de filmes, de discursos para,
de temas, de opiniões e de apreciações por exemplo, recomendar um livro
ORALIDADE críticas (de debate, de filme, de peça de aos colegas;
Debate (CO/EO); teatro, de livro, de exposição ou outra – expor trabalhos relacionados Intercultura-
texto de opinião manifestação cultural). com temas disciplinares e lidade
(EO). • Preparar adequadamente as apresentações interdisciplinares, realizados (diversidade
orais através de uma planificação cuidada. individualmente ou em grupo; cultural
• Utilizar recursos verbais e não-verbais – utilizar o resumo, o relato, o reconto e religiosa)
adequados à eficácia das apresentações em apresentações orais sobre livros,
orais a realizar. filmes, músicas, por exemplo.
• Avaliar, individualmente e/ou em grupo,
os discursos orais produzidos por si Compreensão e expressão oral
próprio, através da discussão de diversos baseadas em textos de diferentes
pontos de vista. géneros sobre temas interdisciplinares.

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Domínios Processos
Período/ específicos/ Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Organizador/ de recolha de
N.o de Conteúdos conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
(recorrentes ao longo do ano) informação/
Domínios e atitudes
aulas e géneros (recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
essenciais (por período)

GRAMÁTICA GRAMÁTICA GRAMÁTICA Sistematizador/ Avaliação da


Consolidação • Explicitar aspetos essenciais da Análise de construções frásicas e textuais em que seja Organizador participação,
dos lexicologia do português (processos possível: (A, B, C, I, J) das atitudes
conteúdos irregulares de formação de palavras). – questionar, exercitar, modificar, variar e registar e valores
estudados. • Realizar análise sintática com alterações; Respeitador
explicitação de funções sintáticas – explicitar procedimentos; sistematizar regras; da diferença/ Grelhas
ESCRITA internas à frase, ao grupo verbal, – consolidar o conhecimento de processos de formação do outro de registo
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR TRIMESTRES)

Apreciação ao grupo nominal, ao grupo adjetival de palavras distinguindo o regular do irregular; (A, B, E, F, H) de auto
crítica; e ao grupo adverbial. – analisar gramaticalmente orações e frases para e hetero-
artigo de • Sistematizar conhecimento gramatical sistematizar o conhecimento articulado sobre Participativo/ avaliação
opinião. relacionado com a articulação entre constituintes da frase e respetivas funções sintáticas; Colaborador
constituintes, orações e frases. – explicitar funções sintáticas internas à frase, na frase (B, C, D, E, F)
Exposição • Distinguir frases com diferentes simples e na frase complexa; classificar orações;
sobre um valores aspetuais (valor perfetivo, valor – explicitar valores aspetuais expressos pelo sistema Questionador
tema. imperfetivo, situação genérica, situação verbal nos textos orais e escritos; (A, F, G, I, J)
habitual e situação iterativa). – exercitar e analisar, no modo oral e escrito, processos
• Demonstrar, em textos, os mecanismos discursivos e textuais que tornem possível explicitar
anafóricos que garantem as cadeias meios para dar coesão e coerência a um texto; Conhecedor/
referenciais. – explicitar modos de reprodução do discurso; Sabedor/Culto/
• Avaliar um texto com base nas – distinguir entre situações estativas e eventos; Informado
propriedades que o configuram – explicitar diferentes formas de expressão do aspeto; (A, B, G, I, J)
(processos de coerência e coesão). – reconhecer e exercitar a leitura e a escrita do
• Utilizar intencionalmente modalidades discurso direto, indireto e indireto livre. Sistematizador/
de reprodução do discurso. Organizador
(A, B, C, I, J)
ESCRITA ESCRITA
• Escrever textos de opinião, apreciações Aquisição de conhecimento relacionado com as
críticas e exposições sobre um tema. propriedades de um texto (progressão temática,
• Planificar os textos a escrever, após coerência e coesão) e com os diferentes modos
pesquisa e seleção de informação de organizar um texto, tendo em conta a finalidade,
relevante. o destinatário e a situação de produção.
• Redigir com desenvoltura, consistência, Manipulação de textos fazendo variações quanto
adequação e correção os textos à extensão de frases ou segmentos textuais ou da
planificados. modificação do ponto de vista, por exemplo.
• Utilizar os mecanismos de revisão, de
Planificação, textualização, revisão, aperfeiçoamento
avaliação e de correção para aperfeiçoar
e correção, edição e apresentação do texto final para
o texto escrito antes da apresentação
divulgação.
da versão final.
Apreciação de textos produzidos pelo próprio aluno
• Respeitar princípios do trabalho intelectual
ou por colegas, justificando o juízo de valor sustentado.
como referenciação bibliográfica de acordo

41
com normas específicas. Expressão escrita sobre temas interdisciplinares.
1 – ÁREAS DE COMPETÊNCIAS DO PERFIL DOS ALUNOS (ACPA) – A – Linguagens e textos; B – Informação e comunicação; C – Raciocínio e resolução de problemas; D – Pensamento

42
crítico e pensamento criativo; E – Relacionamento interpessoal; F – Desenvolvimento pessoal e autonomia; G – Bem-estar, saúde e ambiente; H – Sensibilidade estética e artística;
I – Saber científico, técnico e tecnológico; J – Consciência e domínio do corpo.
2 – 1.o Grupo: Direitos Humanos; Igualdade de Género; Interculturalidade; Desenvolvimento Sustentável; Educação Ambiental e Saúde. 2.o Grupo: Sexualidade; Media; Instituições e
participação democrática; Literacia financeira e educação para o consumo; Segurança rodoviária. 3.o Grupo: Empreendedorismo; Mundo do trabalho; Risco, Segurança, Defesa e Paz;
Bem-estar animal; Voluntariado; Outras, de acordo com as necessidades diagnosticadas pela escola.

Nota: A organização dos temas/subdomínios poderá sofrer alterações em função do projeto que for delineado para cada turma, assim como os respetivos processos de recolha
de informação.
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR TRIMESTRES)

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PLANO ANUAL DE DESENVOLVIMENTO DAS APRENDIZAGENS


Processos
Conteúdos Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Semestre/ Organizador/ de recolha de
e géneros conhecimentos, Estratégias/atividades Competência do para a
(recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios capacidades e atitudes
essenciais (recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
(por semestre)

1.o SEM. Conhecimento LEITURA LEITURA LEITURA Conhecedor/ Igualdade de Diagnose


(+/– 64 (compreensão, Apreciação crítica; • Ler em suportes variados Manipulação de unidades de sentido através Sabedor/Culto/ Género
tempos integração, artigo de opinião. textos de diferentes de atividades que impliquem: Informado Atividades
de 50 mobilização graus de complexidade – sublinhar, parafrasear e resumir segmentos de (A, B, G, I e J) de revisão
minutos) e aplicação) ED. LITERÁRIA argumentativa dos texto relevantes para a construção do sentido;
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR SEMESTRES)

• Poesia de Fernando géneros seguintes: – estabelecer de relações entre as diversas Teste de


Pessoa ortónimo apreciação crítica e artigo unidades de sentido. Crítico/ avaliação
(seis poemas). de opinião. Sistematizador/
• Poesia dos • Realizar leitura crítica e Realização de diferentes modos de ler e de Organizador Microavaliações
heterónimos: autónoma. diferentes tipos de leitura. (A, B, C, I e J)
– Alberto Caeiro • Analisar a organização Questões
(dois poemas). interna e externa do texto. Compreensão e interpretação de textos através de aula
– Ricardo Reis • Clarificar tema(s), de atividades que impliquem: Leitor Saúde
Capacidade (três poemas). subtemas, ideias – mobilizar experiências e saberes como (A, B, C, D, F, (promoção da Teste de
de resolução – Álvaro de Campos principais, pontos de vista. ativação de conhecimento prévio; H e I) saúde, saúde compreensão
de problemas (três poemas). • Analisar os recursos – colocar questões a partir de elementos pública, do oral ou
utilizados para a paratextuais e textuais (verbais e não verbais); alimentação, exposição oral
• Mensagem
construção do sentido – sugerir hipóteses a partir de deduções exercício formal
(escolher
do texto. extraídas da informação textual; físico)
seis poemas).
• Interpretar o texto, – inferir informação a partir do texto; Trabalhos
com especificação – avaliar o texto (conteúdo e forma) tendo em de pesquisa
ORALIDADE
Autonomia e do sentido global e conta a intencionalidade do autor e a situação
Debate (CO/EO);
desenvolvimento da intencionalidade de comunicação; Observação
texto de opinião (EO).
pessoal comunicativa. – estabelecer ligações entre o tema desenvolvido direta
• Utilizar criteriosamente no texto e a realidade vivida pelo aluno;
GRAMÁTICA
procedimentos adequados – expandir e aprofundar conhecimentos Grelhas
Valor aspetual:
ao registo e tratamento adquiridos no processo de leitura- de registo
aspeto gramatical
da informação. -compreensão do texto. (participação)
(valor perfetivo, valor
• Exprimir, com
imperfetivo, situação
Competências fundamentação, pontos Elaboração de pequenos projetos de estudo Sexualidade Avaliação da
genérica, situação
sociais de vista suscitados por e de pesquisa, sobre temas disciplinares (diversidade, participação,
habitual e situação
(interação, leituras diversas. e interdisciplinares, que incluam, entre direitos, das atitudes
iterativa).
responsabilidade, outros aspetos, o recurso a mapas de ideias, saúde sexual e valores
empatia, esquemas, listas de palavras. e reprodutiva)
ESCRITA
assertividade, Grelhas de
Apreciação crítica;
solidariedade) Compreensão escrita a partir de textos registo da auto e
artigo de opinião;
relacionados com temas interdisciplinares. heteroavaliação
exposição sobre
um tema.

43
44
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Semestre/ Organizador/ específicos/ de recolha de
conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios e atitudes
(recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)

1.o SEM. ED. LITERÁRIA ED. LITERÁRIA Conhecedor/ Instituições Teste de


(cont.) • Interpretar obras literárias Consolidação de conhecimento e saberes Sabedor/Culto/ e participação avaliação
portuguesas de diferentes relacionados com a leitura de textos de diferentes Informado democrática
autores e géneros, produzidas géneros e modos literários. (A, B, G, I, J) Duas
no século XX. microavaliações
• Contextualizar textos Aquisição de saberes relacionados com as obras
literários portugueses literárias em estudo. Indagador/ Teste de
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR SEMESTRES)

do século XX em função Investigador compreensão


de grandes marcos Compreensão de textos literários com base (C, D, F, H, I) oral ou
históricos e culturais. num percurso de leitura que implique: exposição oral
• Mobilizar para a interpretação – ler autonomamente obras ou partes de obras; formal
textual os conhecimentos – imaginar desenvolvimentos narrativos a partir Criativo
adquiridos sobre os de elementos do paratexto e da mobilização (A, C, D, J) Trabalhos de
elementos constitutivos de experiências e vivências; pesquisa
do texto poético – fazer antecipações do desenvolvimento do tema,
e do texto narrativo. do enredo, das circunstâncias, entre outros Responsável/ Observação
• Reconhecer valores aspetos; Autónomo direta
culturais, éticos e estéticos – mobilizar conhecimentos sobre a língua e sobre (C, D, E, F, G, I, J)
manifestados nos textos. o mundo para interpretar expressões Grelhas
• Analisar o valor de recursos e segmentos textuais; de registo
expressivos para a construção – analisar o modo como o(s) tema(s), Comunicador (participação)
do sentido do texto, as experiências e os valores são representados (A, B, D, E, H)
designadamente: adjetivação, pelo(s) autor(es) do texto; Avaliação da
gradação, metonímia, – justificar, de modo fundamentado, as interpretações. participação,
sinestesia. Leitor das atitudes
• Comparar textos de diferentes Valorização da leitura e consolidação do hábito (A, B, C, D, F, H, I) e valores
épocas em função dos temas, de ler através de atividades que impliquem,
ideias, valores e marcos entre outras possibilidades: Grelhas de
históricos e culturais. – apresentar e defender, perante o professor e a registo da auto e
• Debater, de forma turma, um projeto de leitura construído a partir heteroavaliação
fundamentada e sustentada, de um guião;
oralmente ou por – selecionar os livros a ler em função do projeto
escrito, pontos de vista de leitura;
fundamentados, suscitados – desenvolver e gerir o percurso de leitor
pela leitura de textos realizado, que inclua auto e heteroavaliação
e autores diferentes. tendo em conta o grau de consecução dos
• Desenvolver um projeto de objetivos definidos inicialmente.
leitura que revele pensamento
crítico e criativo, a apresentar Exploração e aprofundamento de temas
publicamente em suportes interdisciplinares suscitados pelas obras
variados. literárias em estudo.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação de recolha de
Semestre/ Organizador/ específicos/ Estratégias/atividades
conhecimentos, capacidades e atitudes (recorrentes ao longo do ano)
Competência do para a informação/
N.o de aulas Domínios Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)

o
2 SEM. LEITURA ORALIDADE ORALIDADE Crítico/Analítico Media Microavaliações
(+/– 64 Artigo de opinião; Compreensão Compreensão de textos em diferentes (A, B, C, D, G)
tempos apreciação crítica. • Interpretar o(s) discursos(s) do género suportes audiovisuais para: Teste de
de 50 debate. – observar regularidades associadas compreensão
minutos) ED. LITERÁRIA • Apreciar a validade dos argumentos a géneros textuais; Cuidador de si do oral ou
Conto: “Sempre é aduzidos pelos participantes de um – identificar informação explícita e do outro (B, E, exposição oral
uma companhia”, debate. e dedução de informação implícita F, G) formal
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR SEMESTRES)

de Manuel da • Identificar marcas reveladoras das a partir de pistas textuais;


Fonseca, e/ou diferentes intenções comunicativas. – selecionar e registar informação Trabalhos de
“George”, de Maria Expressão relevante para um determinado Comunicador pesquisa
Judite de Carvalho. • Planificar o texto oral elaborando objetivo; (A, B, D, E, H)
um plano de suporte, com tópicos, – avaliar os argumentos de um Observação
Poemas de poetas
argumentos e respetivos exemplos. discurso a partir de diferentes direta
portugueses
• Participar construtivamente em debates critérios; Conhecedor/
contemporâneos
em que se explicite e justifique pontos de – avaliar discursos tendo em conta Sabedor/Culto/ Grelhas
Miguel Torga,
vista e opiniões, se considerem pontos de a adequação à situação Informado Voluntariado de registo
Eugénio de
vista contrários e se reformulem posições. de comunicação. (A, B, G, I, J) (participação)
Andrade, Manuel
• Produzir textos de opinião com
Alegre, Ana Luísa
propriedade vocabular e com Produção de discursos preparados para
Amaral (escolher
diversificação de estruturas sintáticas. apresentação a um público restrito (à
três autores, dois
• Avaliar, individualmente e/ou em grupo, turma ou a colegas de outras turmas)
poemas de cada
textos produzidos por si próprio através com diferentes finalidades:
um deles).
da discussão de diferentes pontos de vista. – elaborar apreciações críticas de
Romance de José • Fazer exposições orais para apresentação livros, de filmes, de discursos para,
Saramago de temas, de opiniões e de apreciações por exemplo, recomendar um livro
O ano da morte críticas (de debate, de filme, de peça de aos colegas;
de Ricardo Reis ou teatro, de livro, de exposição ou outra – expor trabalhos relacionados Intercultura-
Memorial manifestação cultural). com temas disciplinares e lidade
do convento • Preparar adequadamente as apresentações interdisciplinares, realizados (diversidade
(leitura integral). orais através de uma planificação cuidada. individualmente ou em grupo; cultural
• Utilizar recursos verbais e não-verbais – utilizar o resumo, o relato, o reconto e religiosa)
ORALIDADE adequados à eficácia das apresentações em apresentações orais sobre livros,
Debate (CO/EO); orais a realizar. filmes, músicas, por exemplo.
texto de opinião • Avaliar, individualmente e/ou em grupo,
(EO). os discursos orais produzidos por si Compreensão e expressão oral
próprio, através da discussão de diversos baseadas em textos de diferentes
pontos de vista. géneros sobre temas interdisciplinares.

45
46
Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Semestre/ Organizador/ específicos/ de recolha de
conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios e atitudes
(recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)

2.o SEM. GRAMÁTICA GRAMÁTICA GRAMÁTICA Sistematizador/ Media


(cont.) Recuperação • Explicitar aspetos essenciais Análise de construções frásicas e textuais em que Organizador
e consolidação da lexicologia do português seja possível: (A, B, C, I, J)
de conteúdos. (processos irregulares de – questionar, exercitar, modificar, fazer variar e
Funções sintáticas formação de palavras). registar alterações;
internas à frase, • Realizar análise sintática com – explicitar procedimentos;
ao grupo verbal, explicitação de funções sintáticas – sistematizar regras. Voluntariado
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR SEMESTRES)

ao grupo nominal, internas à frase, ao grupo verbal, – consolidação do conhecimento de processos de Respeitador da
ao grupo adjetival ao grupo nominal, ao grupo formação de palavras distinguindo o regular do diferença/do
e ao grupo adjetival e ao grupo adverbial. irregular; outro
adverbial. • Sistematizar conhecimento – análise gramatical de orações e frases que (A, B, E, F, H)
gramatical relacionado com a torne possível sistematizar o conhecimento Intercultu-
ESCRITA articulação entre constituintes, articulado sobre constituintes da frase e ralidade
Texto de opinião; orações e frases. respetivas funções sintáticas; Participativo/ (diversidade
exposição sobre • Distinguir frases com diferentes – explicitar funções sintáticas internas à frase, na Colaborador cultural
um tema; valores aspetuais (valor perfetivo, frase simples e na frase complexa; o classificar (B, C, D, E, F) e religiosa)
apreciação crítica. valor imperfetivo, situação orações;
genérica, situação habitual – explicitação de valores aspetuais expressos Questionador
e situação iterativa). pelo sistema verbal nos textos orais e escritos; (A, F, G, I, J)
• Demonstrar, em textos, os – exercitação e análise, no modo oral e escrito,
mecanismos anafóricos que de processos discursivos e textuais que tornem Conhecedor/
garantem as cadeias referenciais. possível explicitar meios para dar coesão e Sabedor/Culto/
• Avaliar um texto com base nas coerência a um texto; Informado
propriedades que o configuram – explicitação de modos de reprodução do (A, B, G, I, J)
(processos de coerência e discurso;
coesão). – distinção entre situações estativas e eventos; Sistematizador/
• Utilizar intencionalmente – explicitação de diferentes formas de expressão Organizador
modalidades de reprodução do do aspeto; (A, B, C, I, J)
discurso. – reconhecimento e exercitação na leitura e na
escrita do discurso direto, indireto e indireto
livre.

© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

Domínios Processos
Aprendizagens Essenciais: Áreas de Educação
Semestre/ Organizador/ específicos/ de recolha de
conhecimentos, capacidades Estratégias/atividades Competência do para a
Conteúdos e (recorrentes ao longo do ano) informação/
N.o de aulas Domínios e atitudes
(recorrentes ao longo do ano)
Perfil do Aluno1 Cidadania2 Recursos
géneros essenciais (por período)

o
2. SEM. ESCRITA ESCRITA
(cont.) • Escrever textos de opinião, Aquisição de conhecimento relacionado com
apreciações críticas e exposições as propriedades de um texto (progressão
sobre um tema. temática, coerência e coesão) e com os
• Planificar os textos a escrever, diferentes modos de organizar um texto,
após pesquisa e seleção de tendo em conta a finalidade, o destinatário
informação relevante. e a situação de produção.
PLANIFICAÇÃO ANUAL (POR SEMESTRES)

• Redigir com desenvoltura, Manipulação de textos fazendo variações


consistência, adequação e quanto à extensão de frases ou segmentos
correção os textos planificados. textuais ou da modificação do ponto de vista,
• Utilizar os mecanismos de revisão, por exemplo.
de avaliação e de correção para
Planificação, textualização, revisão,
aperfeiçoar o texto escrito antes
aperfeiçoamento e correção, edição
da apresentação da versão final.
e apresentação do texto final para divulgação.
• Respeitar princípios do trabalho
intelectual como referenciação Apreciação de textos produzidos pelo próprio
bibliográfica de acordo com aluno ou por colegas justificando o juízo
normas específicas. de valor sustentado.
Expressão escrita sobre temas
interdisciplinares.

1 – ÁREAS DE COMPETÊNCIAS DO PERFIL DOS ALUNOS (ACPA) – A – Linguagens e textos; B – Informação e comunicação; C – Raciocínio e resolução de problemas; D – Pensamento
crítico e pensamento criativo; E – Relacionamento interpessoal; F – Desenvolvimento pessoal e autonomia; G – Bem-estar, saúde e ambiente; H – Sensibilidade estética e artística;
I – Saber científico, técnico e tecnológico; J – Consciência e domínio do corpo.
2 – 1.o Grupo: Direitos Humanos; Igualdade de Género; Interculturalidade; Desenvolvimento Sustentável; Educação Ambiental e Saúde. 2.o Grupo: Sexualidade; Media; Instituições e
participação democrática; Literacia financeira e educação para o consumo; Segurança rodoviária. 3.o Grupo: Empreendedorismo; Mundo do trabalho; Risco, Segurança, Defesa e Paz;
Bem-estar animal; Voluntariado; Outras, de acordo com as necessidades diagnosticadas pela escola.

Nota: A organização dos temas/subdomínios poderá sofrer alterações em função do projeto que for delineado para cada turma, assim como os respetivos processos de recolha
de informação.

47
NOVO

Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO

Oralidade

Oralidade
• Compreensão do Oral
• Expressão Oral
• Cenários de resposta
ORALIDADE
Compreensão do Oral
Expressão Oral

Compreensão do Oral
• 1 – Discurso político . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
• 2 – Exposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
• 3 – Reportagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
• 4 – Documentário . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Expressão Oral
• 5 – Cartoon | Exposição sobre um tema . . . . . . . 55
Descritores de desempenho . . . . . . . . . 56
• 6 – Debate | Texto de opinião . . . . . . . . . . . . 57
Descritores de desempenho . . . . . . . . . 58
• Grelha de avaliação da oralidade . . . . . . . . . . 59

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
DISCURSO POLÍTICO ORALIDADE
(Compreensão)
ESCOLA: DATA: / /
1
NOME: N.O: TURMA

Visione um pequeno vídeo, contendo a intervenção de Assunção Esteves, ex-pre-


sidente da Assembleia da República, na cerimónia de assinatura do protocolo de
cooperação da Assembleia da República com as entidades parceiras no programa
Parlamento dos Jovens.

1 Recolha informação que lhe permita identificar [50 pontos]

Assunção Esteves
a entidade emissora a.
[5 pontos]

o local onde decorre a sessão b.


[5 pontos]

as individualidades presentes na cerimónia c.


[16 pontos]

os objetivos da sessão e a sua importância d.


[15 pontos]

a tese do discurso da oradora e.


[9 pontos]

Visione uma segunda o vez o registo fílmico e centre a sua atenção no discurso
de Assunção Esteves.

2 Justifique a referência [50 pontos]

a Aristóteles a.
[10 pontos]

à revolução francesa b.
[20 pontos]

aos iluministas c.
[20 pontos]

3 Indique a condição necessária para criar cidadãos conscientes. [25 pontos]

4 Refira o papel da escola na formação dos jovens. [25 pontos]

5 Identifique o género textual em que se integra o documento que acabou de visionar,


referindo duas marcas específicas. [25 pontos]
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6 Identifique dois recursos não-verbais utilizados pela oradora e infira a sua intencio-
nalidade. [25 pontos]

51
ORALIDADE EXPOSIÇÃO
(Compreensão)
ESCOLA: DATA: / /
2
NOME: N.O: TURMA

Visione a sequência fílmica proposta, excerto do programa Caminhos da História.

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta. [150 pontos]

1.1 O objetivo desta sequência fílmica é


A. fazer uma apreciação crítica sobre a cidade de Espinho.
Caminhos da História, B. analisar as características desta zona de Portugal.
Porto Canal
C. avaliar as condições de vida da população.
D. transmitir informação acerca da cidade de Espinho.

1.2 A cidade de Espinho notabilizou-se


A. por ser considerada desde sempre a melhor praia a norte da capital.
B. por ter uma povoação com origens muito ancestrais.
C. por reunir características que faziam dela um ótimo destino balnear.
D. depois que foi criada a freguesia em 1889.

1.3 As povoações que habitavam Espinho


A. desde sempre tiveram uma relação muito direta com o mar.
B. habitavam maioritariamente na zona litoral da cidade.
C. revelavam um acentuado nível de ruralidade.
D. veneravam a bicha das sete cabeças.

1.4 A inclusão das lendas


A. imprime um cunho de maior verosimilhança ao que está a ser relatado.
B. justifica-se enquanto património cultural da cidade.
C. comprova o que está a ser referido pelo locutor.
D. confere um caráter objetivo ao discurso.

1.5 O topónimo “Espinho”


A. resultou da discussão entre os dois galegos que chegaram à praia.
B. é de cariz religioso.
C. é posterior à fundação de Portugal.
D. pode ter várias origens.

2 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação. [50 pontos]

Este registo fílmico classifica-se como uma exposição porque


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A. predomina o caráter persuasivo.


B. se pretende elucidar sobre um determinado tema.
C. é explicitado um ponto de vista.
D. as ideias são fundamentadas.
E. prevalece o caráter demonstrativo.
F. é objetivo.
G. predomina o discurso valorativo.
52
REPORTAGEM ORALIDADE
(Compreensão)
ESCOLA: DATA: / /
3
NOME: N.O: TURMA

Escute uma peça radiofónica de Carlos Júlio, passada na TSF, sobre o autor
do conto “Sempre é uma companhia” e resolva as atividades.

1 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. Corrija as falsas. [70 pontos]

A. O documento foi transmitido por ocasião da morte de Manuel da Fonseca.


B. O escritor alentejano foi um defensor do Estado Novo.
C. Na opinião dos testemunhos ouvidos pelo repórter, Manuel da Fonseca caracte-
rizava-se sobretudo pela capacidade de ouvir e pela sua audácia.
D. Na sua obra destaca-se o conto “O Largo”, no qual o escritor se refere a um es-
paço da sua infância onde se representavam peças de teatro.

2 Para completar cada um dos itens 2.1 a 2.3, selecione a opção correta. [90 pontos]

2.1 O conto “O largo” refere-se a um espaço público da aldeia também conhecido como
a “praça de jorna”, uma vez que
A. ali se encontravam os opositores ao regime do Estado Novo.
B. os habitantes da aldeia ali se reuniam para se divertirem.
C. Era o local onde se secavam os cereais colhidos pelos agricultores.
D. os homens aí se reuniam à espera de serem contratados para trabalharem.

2.2 Para Manuel da Fonseca, a figura do maltês (entre outras) é fundamental na sua
obra, pois
A. representa os homens que, apesar de humilhados, mostram a sua dignidade.
B. é uma figura tipicamente alentejana.
C. denuncia as condições de vida dos alentejanos.
D. representa a figura do burguês na estratificação social.

2.3 A obra de Manuel da Fonseca representa


A. um retrato fiel da realidade.
B. personagens totalmente ficcionadas.
C. mundos e personagens ficcionados, mas ancorados na realidade.
D. exclusivamente o mundo social da região de Santiago do Cacém.

3 Selecione as opções que permitem compreender por que razão se pode classificar este
programa como uma reportagem. [40 pontos]

A. É evidente uma multiplicidade de intervenientes e pontos de vista.


B. O registo áudio apresenta um caráter eminentemente apelativo.
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C. São mobilizadas capacidades argumentativas dos intervenientes.


D. Predomina sobretudo um discurso valorativo.
E. Regista-se a alternância entre a terceira e a primeira pessoas, recorrendo-se
à apresentação de testemunhos pessoais.

53
ORALIDADE DOCUMENTÁRIO
(Compreensão)
ESCOLA: DATA: / /
4
NOME: N.O: TURMA

Visione e escute atentamente um registo vídeo sobre o terramoto ocorrido em


Lisboa, em 1755.

1 Complete o texto, selecionando a opção correta. [50 pontos]

Este registo vídeo caracteriza-se como sendo um a. (documentário /


anúncio publicitário) sobre o terramoto que atingiu Lisboa em 1755. Trata-se de um
O terramoto de novembro de 1755,
RTP 1 registo de caráter b. (apreciativo / informativo), onde se pretendem apre-
sentar factos c. (ficcionais / reais) bem como d. (dados
estatísticos / perspetivas) sobre esse assunto, pelo que se pode afirmar que a objeti-
vidade e a subjetividade e. (coexistem / são inexistentes).

Visione, novamente, o registo fílmico.

2 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [130 pontos]

A. A cidade de Lisboa tem-se mantido inalterada desde há alguns séculos.


B. A Baixa Pombalina da cidade é vista como o expoente máximo da cultura urba-
nística portuguesa.
C. O Convento do Carmo constitui-se como um dos exemplos da revitalização ilu-
minista que ocorreu na cidade, depois da catástrofe de que foi vítima.
D. Sabe-se hoje que aqueles que visitaram Lisboa antes do terramoto de 1755
tinham uma imagem muito positiva da cidade.
E. O terramoto ocorreu numa manhã calorosa e de grande significado religioso.
F. A catástrofe que atingiu Lisboa acabou por se manifestar numa tripla dimensão.
G. Quem vivenciou essa experiência descreve o terramoto como tendo sido moroso,
arrasador e gerador de grande pânico.
H. O terramoto e o marmoto ocorreram em simultâneo.
I. Hoje em dia, existem teorias diferentes sobre a localização da falha geológica
que esteve na origem do terramoto.
J. Os testemunhos sobre o acontecimento que chegaram até nós são muito claros
e apontam todos para a mesma conclusão.
K. Os sedimentos alojados no fundo do mar têm-se revelado de extrema importân-
cia para compreender quer o passado quer o futuro.
L. Além da catástrofe natural que atingiu a cidade, a população foi também con-
frontada com delitos humanos.
M. Pode afirmar-se com toda a garantia que os escombros resultantes do terramoto
foram o túmulo de milhares de mortos.
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2.1 Corrija as afirmações falsas. [20 pontos]

54
CARTOON | EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA ORALIDADE
(Expressão)
ESCOLA: DATA: / /
5
NOME: N.O: TURMA

1 Num discurso bem estruturado, faça a apreciação crítica do cartoon abaixo.

Vasco Gargalo, Exploração Infantil/Child


Exploitation, 2021.
(O cartoonista português venceu, com esta obra,
em 2021, o 1.o prémio do “Cartoon Competition
Against Forced Labour”, promovido pela
International Labour Organisation.)

Siga as seguintes orientações:

• introdução
– identificação do objeto em apreço, assumindo uma posição valorativa sobre o
mesmo.
• desenvolvimento
– descrição da imagem destacando elementos significativos da sua composição, bem
como a relação que estabelecem entre si, tendo como referência a temática abor-
dada;
– comentário crítico, fundamentando devidamente a apreciação e utilizando um
discurso valorativo.
• conclusão
– fecho do texto, adequado ao ponto de vista desenvolvido, sintetizando a informa-
ção essencial.

2 A Vodafone Portugal lançou um vídeo sobre a saúde mental no Natal de 2022.

Faça uma pesquisa sobre o tema e exponha à turma as conclusões obtidas, após visio-
nar o anúncio em https://www.youtube.com/watch?v=ZJYg7cXRQXs.

Siga as seguintes orientações:


• comece por apresentar o tema;
• refira-se à extensão do problema e a quem pode ser afetado;
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• demonstre que qualquer faixa etária pode ser atingida;


• exemplifique com situações concretas;
• demonstre a urgência de se procurar ajuda;
• indique modos de ser ajudado;
• conclua com um apelo para que não se descure qualquer tipo de perturbação mental.

55
EXPRESSÃO ORAL | DESCRITORES DE DESEMPENHO

CARTOON | EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA

DESCRITORES DE DESEMPENHO
CRITÉRIOS
5 4 3 2 1
Planifica e organiza a Nível Revela alguma Nível Não planifica
informação, de forma intercalar fragilidade ao nível intercalar nem organiza
1.
correta e adequada, da planificação a informação,
Planificação
revelando um muito e da organização revelando um
e organização
bom domínio do da informação, domínio insuficiente
tema a expor. demonstrando um do tema a expor.
40 pontos
domínio suficiente
do tema a expor.
Seleciona informação Nível Seleciona informação Nível Seleciona informação
2. muito pertinente intercalar suficiente e pertinente, intercalar insuficiente
Pertinência da e adequada ao tema em consonância com e desadequada
informação a desenvolver. o tema a desenvolver. ao tema a expor.

40 pontos

Adota uma postura Nível Adota uma postura Nível Adota uma postura
ajustada, mantém intercalar ajustada, mantém, intercalar desadequada
3. contacto visual com por vezes, contacto à situação, não
Postura, o auditório, utilizando visual com o auditório, conseguindo captar
fluência também um tom mas revela algumas a atenção do
de voz audível/ fragilidades na auditório. Utiliza um
40 pontos percetível e um adequação do tom tom de voz e um
ritmo adequados de voz e no ritmo. ritmo desajustados
à situação. à situação.
Exprime-se com Nível Revela algumas Nível Revela muitas
4. clareza, correção intercalar fragilidades na intercalar fragilidades na
Correção e adequação adequação e correção adequação e na
e clareza discursivas e utiliza discursivas, utilizando correção discursivas,
do discurso um vocabulário um vocabulário utilizando um
variado e expressivo. elementar e pouco vocabulário muito
40 pontos expressivo. elementar e sem
expressividade.
Revela muita Nível Revela alguma Nível Não estabelece
originalidade, intercalar originalidade, intercalar nenhuma relação
5. pensamento crítico criatividade entre a obra poética
Pensamento e criatividade e pensamento crítico e outras situações/
crítico na relação que na relação que realidades, não
e criativo estabelece entre a estabelece entre revelando nem
obra poética e outras a obra poética e outras criatividade nem
40 pontos situações/realidades situações/ realidades sentido crítico
(imagem/pintura/ (imagem/ pintura/ (imagem/pintura/
objeto). objeto). objeto).

200 pontos TOTAL


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56
DEBATE | TEXTO DE OPINIÃO ORALIDADE
(Expressão)
ESCOLA: DATA: / /
6
NOME: N.O: TURMA

1 Em Memorial do convento, de José Saramago, somos confrontados com um Padre in-


ventor que coloca em causa os dogmas da Igreja Católica. Também hoje, na sociedade
em que vivemos, assistimos a um confronto constante entre as crenças religiosas e a
objetividade da ciência.

Organize um debate em torno da temática apresentada, tendo em conta os papéis e as


funções de cada um dos intervenientes, que surgem listados abaixo, e procura discutir
questões como as apresentadas abaixo.
• Em pleno século XXI, é possível esbaterem-se as fronteiras entre a ciência e a
religião?
• Será a religião um entrave ao desenvolvimento?
• A religião é compatível com a ciência?
• Existirão religiões que adotam uma postura mais liberal em relação à ciência?

Apresente argumentos válidos e exemplos que sustentem a sua tese. Seja sucinto na
sua defesa e respeite o princípio de cortesia.

Intervenientes Funções

• Iniciar o debate, introduzindo, de forma sintética, o tema.


• Dar a palavra e verificar a distribuição equitativa dos tempos
Moderador
de intervenção.
• Introduzir novas questões para não tornar o debate repetitivo.
• Registar os argumentos utilizados por cada interveniente.
Secretários • Apresentar as conclusões do debate, sintetizando os
argumentos, no final.

Oradores
• Defender os seus pontos de vista.
– dois (ou mais), • Apresentar os seus argumentos e/ou exemplos.
defendendo posições • Respeitar a autoridade do moderador.
diferentes.
• Observar regras de cortesia durante as suas intervenções.

2 Apresente a sua opinião, em 4 a 6 minutos, sobre a importância da escola na forma-


ção integral dos jovens.

Planifique a sua intervenção de modo a:


• apresentar a tese;
• elencar argumentos e exemplos que a suportem;
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• fechar a intervenção com uma breve síntese da argumentação.

Observe ainda:
• o encadeamento lógico das ideias;
• a adequação dos recursos verbais e não verbais (correção linguística, variedade
vocabular, ritmo, entoação, gestos, regras de cortesia…).

57
EXPRESSÃO ORAL | DESCRITORES DE DESEMPENHO

DEBATE | TEXTO DE OPINIÃO

DESCRITORES DE DESEMPENHO
CRITÉRIOS
5 4 3 2 1
Planifica e organiza a Nível Revela alguma Nível Não planifica
informação, de forma intercalar fragilidade ao nível intercalar nem organiza
1.
correta e adequada, da planificação a informação,
Planificação
revelando um muito e da organização revelando um
e organização
bom domínio do da informação, domínio insuficiente
tema a expor. demonstrando um do tema a expor.
40 pontos
domínio suficiente
do tema a expor.
Seleciona informação Nível Seleciona informação Nível Seleciona informação
2. muito pertinente intercalar suficiente e pertinente, intercalar insuficiente
Pertinência da e adequada ao tema em consonância com e desadequada
informação a desenvolver. o tema a desenvolver. ao tema a expor.

40 pontos

Adota uma postura Nível Adota uma postura Nível Adota uma postura
ajustada, mantém intercalar ajustada, mantém, intercalar desadequada
3. contacto visual com por vezes, contacto à situação, não
Postura, o auditório, utilizando visual com o auditório, conseguindo captar
fluência também um tom mas revela algumas a atenção do
de voz audível/ fragilidades na auditório. Utiliza um
40 pontos percetível e um adequação do tom tom de voz e um
ritmo adequados de voz e no ritmo. ritmo desajustados
à situação. à situação.
Exprime-se com Nível Revela algumas Nível Revela muitas
4. clareza, correção intercalar fragilidades na intercalar fragilidades na
Correção e adequação adequação e correção adequação e na
e clareza discursivas e utiliza discursivas, utilizando correção discursivas,
do discurso um vocabulário um vocabulário utilizando um
variado e expressivo. elementar e pouco vocabulário muito
40 pontos expressivo. elementar e sem
expressividade.
Revela muita Nível Revela alguma Nível Não estabelece
originalidade, intercalar originalidade, intercalar nenhuma relação
5. pensamento crítico criatividade entre a obra poética
Pensamento e criatividade e pensamento crítico e outras situações/
crítico na relação que na relação que realidades, não
e criativo estabelece entre a estabelece entre revelando nem
obra poética e outras a obra poética e outras criatividade nem
40 pontos situações/realidades situações/ realidades sentido crítico
(imagem/pintura/ (imagem/ pintura/ (imagem/pintura/
objeto). objeto). objeto).

200 pontos TOTAL


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58
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

TURMA: ANO LETIVO: /

Descritores 1. 2. 3. 4. 5.
Organização/ Pertinência Correção Pensamento Postura
Total Nota a Tema/Poema
Planificação da informação e clareza crítico e fluência Auto Hetero Total
(200) atribuir (Notas/Observações)
(40) (40) do discurso e criativo (40)
Nome / N.o (40) (40)
GRELHA DE AVALIAÇÃO DA ORALIDADE

59
60
TURMA: ANO LETIVO: /

Descritores 1. 2. 3. 4. 5.
Organização/ Pertinência Correção Pensamento Postura
Total Nota a Tema/Poema
Planificação da informação e clareza crítico e fluência Auto Hetero Total
(200) atribuir (Notas/Observações)
(40) (40) do discurso e criativo (40)
Nome / N.o (40) (40)
GRELHA DE AVALIAÇÃO DA ORALIDADE

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CENÁRIOS DE
RESPOSTA
ORALIDADE Ficha 2 (p. 52)
Compreensão do oral 1. 1.1 D 1.2 C 1.3 C 1.4 B 1.5 D
Ficha 1 (p. 51) 2. B; D; E; F
1. a. ARTV – Canal Parlamento.
b. Assembleia da República. Ficha 3 (p. 53)
c. presidente da comissão de Ciência Educação e Cul- 1. A. F – O programa radiofónico foi transmitido por oca-
tura; secretários de estado, deputadas e deputados; sião do centenário do nascimento do escritor (15 de
diretores e secretários regionais; secretário-geral da outubro de 2011).
assembleia; restantes participantes no protocolo. B. F – O autor era um amante da liberdade e, por isso,
d. votos de bom ano e saúde; assinar um protocolo foi oposicionista ao Estado Novo.
entre o parlamento e as escolas; é importante porque é C. V
a celebração do exercício de partilha e de participação. D. F – Ele considerava o largo o centro do mundo, por-
e. a ligação entre o Parlamento e as Escolas contribui que para aí convergiam os viajantes e ficava-se a saber
para a criação de pontes. as novidades que traziam.
2. a. a oradora recorre à citação de Aristóteles para confir- 2. 2.1 D 2.2 B 2.3 A
mar a ideia de que a felicidade só é possível quando nós 3. A; E
não ficamos parados e lutamos pelos nossos objetivos
b. o exemplo da tradição da revolução francesa con- Ficha 4 (p. 54)
firma o argumento de que o ser humano deve ser visto
numa dupla perspetiva – a de homem e a de cidadão 1. a. documentário; b. informativo; c. reais; d. perspeti-
e deve participar e intervir na sociedade – não se deve vas; e. coexistem
abster – essa é a atitude fundamental quer dos agen- 2. / 2.1
tes políticos quer dos cidadãos A. F – Em 250 anos a cidade mudou bastante.
c. os Iluministas entendem a maioridade dos povos e a B. V
evolução do mundo como fruto do ensino e do conhe- C. F – O Convento do Carmo constitui-se como um dos
cimento raros exemplos da cidade de Lisboa da época medieval.
3. Aos filhos do futuro deve dar-se a luz do conhecimento D. F – Os visitantes tinham uma imagem preconcei-
e a consciência moral da cidadania, o que ajuda a criar tuosa da cidade, considerando-a bela, mas simulta-
um Estado melhor, porque contribui para a promoção neamente suja, malcheirosa e povoada de pedintes.
dos valores, da dignidade, da felicidade. E. V
F. V
4. O papel da escola é incutir e promover junto dos jovens G. V
valores no campo das relações interpessoais – ex.: H. F – O marmoto ocorreu vários minutos depois do
respeito pelos outros – e valores sociais e cívicos – terramoto.
ex.: pagamento de impostos. I. V
5. Trata-se de um discurso político. A capacidade de J. F – Os testemunhos sobre o acontecimento que che-
expor e argumentar ficou demonstrada com a identifi- garam até nós são contraditórios, o que tem gerado
cação dos argumentos e exemplos referidos nos exer- teorias diferentes.
cícios anteriores; o caráter persuasivo é ilustrado pelo K. V
apelo ao contributo de todos os ouvintes. L. V
6. Os recursos não-verbais são os seguintes: o sorriso, M. V
o movimento afirmativo da cabeça, a expressão do
olhar e a fixação do olhar nos diferentes ouvintes.
A oradora vai acompanhando o seu discurso destes
recursos de modo a captar a atenção dos ouvintes e
a sua anuência relativamente à exposição e à argu-
mentação que vai apresentando.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

61
NOVO

Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO

Educação
Literária
• Análise passo a passo

Educação
Literária
• Análise textual
• Esquemas interpretativos
• Questões de aula
• Cenários de resposta
EDUCAÇÃO
LITERÁRIA

Análise passo a passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65


Análise textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Esquemas interpretativos . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Questões de aula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173


Análise
passo a passo
• 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo . . . . . . . . . . . 67
• 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos . . . . . . . . 71
• 3 – Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . . . . . . . . . . 75
• 4 – Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
• 5 – Poetas contemporâneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
• 6 – Memorial do convento, José Saramago . . . . . . . . . . 89
• 7 – O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago . . . . . 93

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173


FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
1
NOME: N.O: TURMA

EXEMPLIFICAÇÃO — ANÁLISE TEXTUAL

Leia o poema e a análise proposta.

A criança que fui chora na estrada

A criança que fui chora na estrada. Referência à criança que terá tido uma infância
Deixei-a ali quando vim ser quem sou; infeliz, mas da qual, mesmo assim, sente nostalgia,
Mas hoje, vendo que o que sou é nada, dado que no presente o desânimo supera o mal do
Quero ir buscar quem fui onde ficou. passado. Deseja, por isso, voltar a ser quem foi.

5 Ah, como hei de encontrá-lo? Quem errou Manifestação da dúvida por não saber como
A vinda tem a regressão errada. reencontrar a infância perdida, admitindo a sua
Já não sei de onde vim nem onde estou. desorientação, o que acentua a sua infelicidade
De o não saber, minha alma está parada. no presente.

Se ao menos atingir neste lugar


10 Um alto monte, de onde possa enfim Na impossibilidade de regressar ao passado,
O que esqueci, olhando-o, relembrar, admite satisfazer a sua mágoa atual com a
recordação desse tempo, tentando encontrar-se
e descobrir agora algo do tempo em que era
Na ausência, ao menos, saberei de mim, inconsciente e, por isso, em que a dor era menos
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar acentuada do que é no momento atual.
Em mim um pouco de quando era assim.

22-9-1933
Fernando Pessoa, Poesia 1931-1935 e não datada
(ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas,
Madalena Dine), Lisboa, Assírio & Alvim, 2006.

Análise passo a passo

1.o Primeira leitura para assinalar e decifrar o vocabulário desconhecido e dar início à interpretação da
mensagem, dado o uso do sentido simbólico das palavras por parte de Fernando Pessoa.
2.o Segunda leitura, durante a qual deve atentar nos seguintes aspetos:
− estrutura do texto (quatro estrofes, duas de quatro versos e outras duas de três, ou seja, pode
constatar que se trata de um soneto, com 10 sílabas métricas);
− duas quadras que terminam, cada uma delas, com um ponto final; o 1.o terceto só completa o seu
sentido no terceto seguinte, pelo que o sentido dessa 2.a parte contempla os dois tercetos;
− pontuação ao serviço da divisão do poema em partes e do sentido de cada uma delas;
− pontuação quase sempre neutra, exceto no verso em que o ponto de interrogação sugere a dúvida
instalada;
− uso da 1.a pessoa gramatical a confirmar a carga subjetiva que perpassa pelo poema;
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− recursos expressivos, nomeadamente o paradoxo, a antítese, a metáfora (“o que sou é nada”, “A vinda
tem a regressão errada”, “minha alma está parada”), ao serviço da expressão de um estado de alma
confuso, melancólico, angustiado;
− sentido global do texto e expressão do estado emotivo do sujeito poético.
3.o Leitura das questões e seleção dos elementos da análise textual que permitirão responder ao soli-
citado.

67
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO

Leia agora as questões apresentadas e, atendendo ao sentido dos verbos de


comando, veja como poderia apresentar as respostas.

1 Identifique, justificando, a temática pessoana explorada no texto lido.


Para responder, deve ter presente as linhas temáticas exploradas por Fernando Pessoa, lendo a sín-
tese apresentada na página 67. Depois de ler o poema, facilmente concluirá que prevalece o tema da
nostalgia da infância.
A temática explorada é a da nostalgia da infância. Com efeito, para Fernando Pessoa,
a infância corresponde a um tempo irremediavelmente perdido, tempo distante em que
era feliz sem o saber. O presente em que se sente fragmentado fá-lo valorizar o passado,
procurando memórias que atenuem a dor do presente.

2 Justifique o desejo de voltar a um passado, apesar de, também ele, ser doloroso.
A pergunta exige do leitor a compreensão da mensagem poética, uma vez que essa evocação do
passado deve ser entendida à luz da vivência do presente, porque só o hoje pode justificar o desejo de
regressar a um passado também infeliz. Assim, a resposta poderia ser construída da seguinte forma:
Apesar de a infância poder ter sido dolorosa, o sujeito poético sofre mais em adulto, dado ter
consciência dos seus atos, consciência essa que o faz ter noção dos erros cometidos, nomea-
damente não ter valorizado o tempo em que era inconsciente. Deseja, por isso, recordar esse
passado, pois, em adulto, percebe que está perdido. Assim, o vazio do presente poderá ser
preenchido com as memórias do passado.

3 Explique o sentido de “Quem errou / A vinda tem a regressão errada” (vv. 5-6), conside-
rando a interrogação imediatamente anterior.
A explicação do conteúdo dos versos selecionados também requer a compreensão da mensagem e
em particular do sentido da interrogação que os antecede. Com efeito, a pergunta que os precede re-
mete para uma dúvida a que o segmento seguinte parece responder. Logo, a resposta terá de explorar
a questão colocada e a presumível conclusão do “eu”, referindo-se a isso nos moldes seguintes:

Quando o sujeito poético quer saber como pode encontrar o ser que foi, demonstra a neces-
sidade de regressar ao passado. Contudo, evidencia também a dúvida de o conseguir fazer,
pois admite que quem fez um percurso errado até ao presente dificilmente conseguirá re-
gressar, ou seja, os erros cometidos impedi-lo-ão de encontrar a felicidade, ainda que ténue,
do tempo em que era criança, e que não soube valorizar.
No fundo, a angústia vivida na atualidade vai continuar a interferir nesse regresso ao passa-
do, prevalecendo a infelicidade.
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Banksy, Desenho de criança, s/d.

68
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO

APLICAÇÃO

Atente no poema selecionado e nas questões apresentadas.


Responda de acordo com os passos já exercitados.

Não sei ser triste a valer

Não sei ser triste a valer


Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
5 Assim também, sem saber?

Ah, ante a ficção da alma


E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
10 Florir sem ter coração!

Mas enfim não há diferença.


Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
15 Em nós é ter consciência.

Depois, a nós como a ela,


Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E a ambos nos vêm calcar. Júlio Pomar,
Fernando Pessoa, s/d.
20 Está bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.
3-4-1931
Fernando Pessoa, Poesias inéditas (1930-1935) (nota prévia de Jorge Nemésio),
Lisboa, Edições Ática, 1955.

1 Descreva o estado de espírito do sujeito poético.

2 Explique a comparação que se pode estabelecer entre o pensar e o florir.

3 Justifique o recurso às expressões declarativas, interrogativa e exclamativa.

4 Selecione a opção que completa corretamente a afirmação.


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Neste poema, Pessoa ortónimo expressa algumas ideias que


A. confirmam as temáticas trabalhadas.
B. se aproximam das de Ricardo Reis.
C. são partilhadas por Alberto Caeiro.
D. são muito semelhantes às de Álvaro Campos.

69
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
2
NOME: N.O: TURMA

EXEMPLIFICAÇÃO

Acompanhe a análise que se propõe, tendo por base um poema de Alberto Caeiro.

XXVIII – Li hoje quase duas páginas

Li hoje quase duas páginas


Apresentação do facto – leitura de duas
Do livro dum poeta místico,
páginas dum livro – e reação do “eu”.
E ri como quem tem chorado muito.

Os poetas místicos são filósofos doentes, Avaliação, através da associação aos


5 E os filósofos são homens doidos. filósofos, da atitude dos “poetas místicos”.

Porque os poetas místicos dizem que as flores sentem Justificação para o facto de considerar
E dizem que as pedras têm alma doidos quer os filósofos quer os poetas
E que os rios têm êxtases ao luar. místicos.

Mas as flores, se sentissem, não eram flores,


10 Eram gente; Razões justificativas
para a recusa da atitude
E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, não eram pedras;
metafísica adotada pelos
E se os rios tivessem êxtases ao luar, poetas místicos/filósofos.
Os rios seriam homens doentes.

É preciso não saber o que são flores e pedras e rios


15 Para falar dos sentimentos deles. Continuação da crítica e condenação
Falar da alma das pedras, das flores, dos rios, das atitudes subjetivas dos outros,
É falar de si próprio e dos seus falsos pensamentos. dado que as coisas são apenas o que
Graças a Deus que as pedras são só pedras, se vê e, para o sujeito poético, é só isso
que importa.
E que os rios não são senão rios,
20 E que as flores são apenas flores.

Por mim, escrevo a prosa dos meus versos


E fico contente, Reforço da atitude assumida pelo
Porque sei que compreendo a Natureza por fora; sujeito poético perante a Natureza –
E não a compreendo por dentro basta vê-la por fora, porque esta não
25 Porque a Natureza não tem dentro; tem dentro.
Senão não era a Natureza.
“O guardador de rebanhos”, in Fernando Pessoa,
Poemas de Alberto Caeiro, Lisboa, Edições Ática,
1946 [10.a ed., 1993].
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Costa Pinheiro,
A cadeira e a mesa do poeta Fernando Pessoa, c. 1980.

71
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS

Análise passo a passo


o
1. Primeira leitura para, conhecendo as características formais e as linhas temáticas do heterónimo
pessoano, perceber a recusa do pensamento e o primado das sensações, num texto poético de irre-
gularidade estrófica e métrica, ao serviço da livre expressão do pensamento.
2.o Segunda leitura, atentando nos seguintes aspetos:
− pontuação neutra, dominando as frases declarativas, o que indicia a objetividade;
− uso escasso da 1.a pessoa gramatical, servindo apenas para marcar a distanciação entre o poeta
e os outros que assumem posturas diferentes das dele;
− recursos expressivos praticamente inexistentes, observando-se a personificação nos momentos
em que se refere o modo como os poetas místicos veem o que os rodeia, a antítese entre “fora”
e “dentro” e a enumeração (vv. 14 e 16);
− sentido global: apologia das sensações para alcançar o conhecimento e captar a realidade.
3.o Leitura das questões e seleção dos elementos que permitirão responder.

Leia agora as questões apresentadas e, atendendo ao sentido dos verbos de


comando, veja como poderia responder.

1 Descreva o estado emocional do sujeito poético.


A resposta deve ter em consideração as atitudes do sujeito poético e as teses que defende. Assim:
O sujeito poético mostra-se irónico e sarcástico em relação às interpretações subjetivas dos
poetas. Em contrapartida, sente-se contente por compreender a Natureza por fora, isto é,
captada pelos sentidos, tal e qual ela se lhe apresenta aos olhos e aos ouvidos, revelando
a sua forma simples de ver as coisas, a sua objetividade.

2 Explicite a oposição estabelecida entre o “eu” e os poetas místicos.


Para responder, deverá atentar nas três primeiras estrofes, dado que nelas se descreve o comporta-
mento dos poetas místicos face à Natureza, sendo estes identificados com os filósofos. A partir da
4.a estrofe, surge a posição assumida pelo sujeito poético, constatando-se a atitude oposta que assume
e que deverá explicitar:
O sujeito poético interpreta a Natureza por fora, vendo-a e sentindo-a na sua essência,
opondo-se à procura de sentidos profundos e chamando doidos àqueles que o fazem por
se assemelharem aos filósofos que buscam significados que as coisas na sua essência não
têm. Por isso, enquanto o sujeito poético é um homem simples, a quem basta ver e ouvir
para compreender, os poetas místicos são doentes dos olhos, vendo para lá da realidade,
sendo, por isso, complicados.

3 Atente nos tempos e modos verbais e explique a sua funcionalidade.


Antes de responder à questão, terá de sublinhar as formas verbais presentes no texto, identificando
o tempo e o modo em que se encontram. Deve também ter a noção do valor do modo indicativo, do
conjuntivo e do condicional para poder concluir que a predominância do primeiro se coaduna com
a filosofia adotada por Caeiro:
Os tempos verbais alternam entre o presente do indicativo, o pretérito imperfeito do con-
juntivo e uma forma no condicional, o que se justifica pelo facto de o primeiro (que domina)
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remeter para o presente e para a factualidade, ou seja, para factos concretos, associando-se
à objetividade privilegiada pelo sujeito poético, enquanto o segundo e o terceiro apontam
para o hipotético, o irreal, tal como são as teorias ou ações dos poetas místicos.

72
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS

APLICAÇÃO

Leia o poema e responda de forma completa às questões apresentadas.

Mestre, são plácidas

Mestre, são plácidas 25 O tempo passa,


Todas as horas Não nos diz nada.
Que nós perdemos. Envelhecemos.
Se no perdê-las, Saibamos, quase
5 Qual numa jarra, Maliciosos,
Nós pomos flores. 30 Sentir-nos ir.

Não há tristezas Não vale a pena


Nem alegrias Fazer um gesto.
Na nossa vida. Não se resiste
10 Assim saibamos, Ao deus atroz
Sábios incautos, 35 Que os próprios filhos
Não a viver, Devora sempre.

Mas decorrê-la, Colhamos flores.


Tranquilos, plácidos, Molhemos leves
15 Tendo as crianças As nossas mãos
Por nossas mestras, 40 Nos rios calmos,
E os olhos cheios Para aprendermos
De Natureza… Calma também.

À beira-rio, Girassóis sempre


20 À beira-estrada, Fitando o sol,
Conforme calha, 45 Da vida iremos
Sempre no mesmo Tranquilos, tendo
Leve descanso Nem o remorso
De estar vivendo. De ter vivido.

12-6-1914

Odes de Ricardo Reis, Fernando Pessoa (notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor),
Lisboa, Ática, 1994, p. 13 (disponível em http://arquivopessoa.net).

1 Justifique a utilização da primeira pessoa do plural.

2 Caracterize a relação entre “nós” e o “tempo”.

3 Interprete o valor simbólico das referências às “flores” (vv. 6 e 37), aos “Girassóis” (v. 43)
e aos “rios” (v. 40).
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4 Explicite a funcionalidade do tempo e modo verbais presentes nas formas “saibamos”


(vv. 10 e 28); “Colhamos” (v. 37) e “Molhemos” (v. 38).

5 Identifique o recetor da mensagem do sujeito poético.

6 Sintetize a filosofia de vida que Ricardo Reis expressa no poema.

73
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
3
NOME: N.O: TURMA

EXEMPLIFICAÇÃO

Leia o poema e a análise proposta.

VII – Ocidente

Com duas mãos – o Ato e o Destino – Referem-se as mãos como responsáveis pelo
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu desvendar do “Destino” e do “Ato”, sendo, por isso, o
Uma ergue o facho trémulo e divino veículo da ação humana, dado que uma segura o facho
E a outra afasta o véu. e a outra afasta o véu.

5 Fosse a hora que haver ou a que havia


Reforça-se de novo a importância da mão no
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
desvendar do “Ocidente”, associando-se-lhe a “Ciência”
Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia e a “Ousadia”.
Da mão que desvendou.

Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal Afirma-se que, independentemente das circunstâncias


10 A mão que ergueu o facho que luziu, que motivaram a ação humana no desvendar do mar
Foi Deus a alma e o corpo Portugal (Acaso, Vontade, Temporal), a concretização da ação
Da mão que o conduziu. dos portugueses dependeu da junção/união da alma e
do corpo, ou seja, de Deus e dos portugueses.
Fernando Pessoa, Mensagem,
13.a ed., Lisboa, Edições Ática, s/d.

Análise passo a passo


o
1. Primeira leitura para perceção de que, pela estrutura de Mensagem e pelo conteúdo temático ex-
plorado em cada uma das partes, se faz o elogio dos Descobrimentos e da ação empreendedora dos
portugueses; atenção à necessidade de descodificar o valor dos símbolos utilizados.
2.o Segunda leitura para registo e descodificação do conteúdo de cada estrofe, tornando-se necessário
atentar nos seguintes aspetos:
− pontuação neutra, dominando as frases declarativas, o que indicia a apresentação de factos, a ob-
jetividade;
− uso da 3.a pessoa gramatical que confirma a apresentação de factos, ainda que a linguagem seja
simbólica;
− recursos expressivos ao serviço da simbologia típica dos poemas de Mensagem, observando-se
a enumeração (v. 9), a metáfora (v. 10) e a anástrofe (v. 7);
− sentido global do texto: o Ocidente foi desvendado graças à ação conjunta do corpo e da alma,
da vontade divina e dos portugueses.
3.o Leitura das questões e seleção dos elementos que permitirão responder de forma adequada.
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75
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM

Leia as questões apresentadas e, atendendo ao sentido dos verbos de comando,


veja como poderia responder.

1 Identifique o tema do texto e relacione-o com a parte de Mensagem a que pertence.


Para responder a esta primeira pergunta terá de ter presente a estrutura da obra, bem como o tema
geral dos textos que integram a segunda parte de Mensagem, o que facilitará, desde logo, a identifi-
cação do tema e, tal como solicitado, o relacionamento com a segunda parte.

O tema do poema pessoano refere-se ao desvendar do mistério ou dos mares, o que se re-
laciona com a expansão portuguesa, através da qual os lusitanos revelaram a sua ousadia
mas também o seu caráter de predestinados. Assim, insere-se na segunda parte da obra
Mensagem, “Mar Português”, onde se faz referência à ação dos Descobrimentos que sus-
tentaram a edificação do império material.

2 Explicite as condicionantes do processo de descoberta do Ocidente.


A pergunta exige que se descodifique o que esteve na base da ação dos portugueses para que estes
fossem pioneiros nos Descobrimentos, o que determinará uma resposta como:
Para que o Ocidente fosse desvendado, foi necessária a ação conjunta da alma e do corpo, ou
seja, da ação (Ato) e do Destino, a que se associam a vontade de Deus, ao escolher os lusi-
tanos para afastar o “véu”, e também a ousadia e a vontade dos eleitos, aqueles que deram
corpo aos desígnios divinos, se bem que conduzidos pela mão do destino ou do herói.

3 Refira dois recursos expressivos presentes no texto, descodificando o seu valor


semântico.
Nesta resposta terá não só de identificar os dois recursos expressivos mas também o valor que ad-
quirem no contexto, ou seja, a função que têm, o que implica uma resposta do tipo:

No poema pessoano, e graças ao seu herói simbólico, destaca-se o uso da metáfora em


versos como “Uma ergue o facho trémulo e divino/E a outra afasta o véu” (vv. 3-4), nos
quais se pretende sugerir a predestinação e a ação inerente aos Descobrimentos como algo
que implicou a iluminação de um povo, e a sua coragem ou ousadia para afastar os medos
suscitados pelo desconhecido. Também se pode verificar o recurso à dupla adjetivação em
“trémulo e divino” (v. 3), através da qual se sugere o medo experienciado, embora houvesse
a proteção divina. A maiúsculação também surge na última estrofe, de modo a salientar-se
o poder que qualquer um destes fatores teve sobre a ação das “mãos” que desvendaram
os mares.
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76
ANÁLISE PASSO A PASSO — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM

APLICAÇÃO

Leia o poema e responda de acordo com os passos já exercitados.

Viriato

Se a alma que sente e faz conhece


Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.

5 Nação porque reencarnaste,


Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste –
Assim se Portugal formou.

Teu ser é como aquela fria


10 Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
Fernando Pessoa, Mensagem,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2004.

1 Refira o papel da memória na preservação da História e deste herói pré-nacional,


justificando a sua resposta com dois elementos textuais pertinentes.

2 Comprove que a mitificação de Viriato foi determinante para a nação portuguesa.

3 Explique a metáfora “o ir a haver o dia” (v. 11), atendendo à mensagem que o sujeito
poético transmite.

4 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


O poema apresentado destaca Viriato, um herói a. cuja ação permanece na
b. dos portugueses que guardam o seu c. , podendo, assim, ser conside-
rado a d. da nação portuguesa.

a. b. c. d.

1. real 1. memória 1. exemplo 1. derrota


2. lendário 2. alma 2. povo 2. afirmação
3. visionário 3. nação 3. rei 3. haste
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77
CONTOS ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
4
NOME: N.O: TURMA

CONTOS “SEMPRE É UMA COMPANHIA” E “GEORGE”

Atente nas etapas a considerar para proceder à análise (de excerto) de conto.
1. Ler integralmente o texto e as questões formuladas.
2. Ler novamente e sublinhar palavras-chave (como se explica, infra, para cada um dos casos).
3. Tirar conclusões relativamente ao tema e à forma como se desenvolve.
4. Reler as questões que se colocam sobre o texto e interpretar os verbos de comando.

A – “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca.


• Caracterização da personagem
António Barrasquinho, o Batola, é um tipo bem achado. Não masculina, destacando a sua indolência,
reforçada pela utilização do gerúndio no
faz nada, levanta-se quando calha, e ainda vem dormindo lá dos complexo verbal.
fundos da casa.
• Caracterização da mulher – diligente,
É a mulher quem abre a venda e avia aquela meia dúzia de despachada, dominadora. A sequência de
5 fregueses de todas as manhãzinhas. Feito isto, volta à lida da ações e aspeto físico (tripla adjetivação)
casa. Muito alta, grave, um rosto ossudo e um sossego de ma- estão ao serviço dessa caracterização.
neiras que se vê logo que é ela quem ali põe e dispõe. • Constatação da diferença; a frase
Pois quando entra para os fundos da casa, vem saindo o Ba- exclamativa sugere o espanto por esta
união parecer tão “despropositada”.
tola com a cara redonda amarfanhada num bocejo. Que pessoas
• Caracterização de Batola:
10 tão diferentes! Ele quase lhe não chega ao ombro, atarracado,
– “arrasta-se” (preguiçoso), é pouco
as pernas arqueadas. De chapeirão caído para a nuca, lenço ver- expedito;
melho amarrado ao pescoço, vem tropeçando nos caixotes até – descrição de uma figura alentejana
que lá consegue encostar-se ao umbral da porta. Fica assim no modo de vestir.
um pedaço, a oscilar o corpo, enquanto vai passando as mãos • Oposição marcada pelo conector
15 pela cara, como que para afastar os restos do sono. Os olhos, adversativo “Mas” entre a “quase”
vontade da personagem de “acordar” e o
semicerrados, abrem-se-lhe um pouco mais para os campos. desânimo que novamente se apodera de
Mas fecha-os logo, diante daquela monotonia desolada. si, provocado pelo espaço que a rodeia –
desolador – aproximação entre o modo
Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas, Lisboa, de ser da personagem e o espaço em que
Editorial Caminho, 2011, pp. 149-150. se move.

1 Caracterize as personagens, destacando o seu caráter antagónico.


A resposta implica apresentar a descrição pormenorizada e exata de cada uma das personagens
(caracterizar) e, depois, colocá-las em confronto. Assim, deve:
− indicar as características físicas e psicológicas de cada uma;
– inferir, pelos comportamentos adotados, outras características;
− comparar as personagens, evidenciando aquilo que as diferencia;
− concluir, relativamente ao seu relacionamento, o ascendente de uma sobre a outra.

2 Demonstre que o espaço influencia a maneira de ser da personagem Batola.


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A resposta exige que se prove (“demonstrar”), com base em exemplos textuais, que existe uma
interligação entre duas das categorias narrativas: espaço e personagem. Assim, deve:
− fazer o levantamento das características do espaço que conduzem a uma ideia de monotonia;
− apresentar as características da personagem que se adequem à caracterização do espaço (lentidão,
adormecimento, falta de força anímica, solidão);
− concluir, reforçando a influência que o espaço tem sobre a caracterização da personagem.

79
ANÁLISE PASSO A PASSO — CONTOS

B – “George”, de Maria Judite de Carvalho

Já não sabe, não quer saber, quando saiu da vila e partiu à des- • Informação relativa à partida
coberta da cidade grande, onde, dizia-se lá em casa, as mulheres se da personagem e ao modo
como ela a encara – grande
perdem. Mais tarde partiu por além-terra, por além-mar. Fez loiros vontade de sair da sua vila
os cabelos, de todos os loiros, um dia ruivos por cansaço de si, mais e ausência de vontade de
5 tarde castanhos, loiros de novo, esverdeados, nunca escuros, quase recordar o passado.
pretos, como dantes eram. Teve muitos amores, grandes e não tanto, • Referências à constante
definitivos e passageiros, simples amores, casou-se, divorciou-se, mudança da personagem:
em termos físicos e em
partiu, chegou, voltou a partir e a chegar, quantas vezes? Agora está − termos espaciais.
estava −, até quando? em Amesterdão.
• Referências ao caráter
10 Depois de ter deixado a vila, viveu sempre em quartos aluga- errante da personagem e
dos mais ou menos modestos, depois em casas mobiladas mais ou à sua constante mutação –
menos agradáveis. As últimas foram mesmo francamente confor- instabilidade.
táveis. Vives numa casa mobilada sem nada de teu? Mas deve ser • “até quando?” – interrogação
um horror, como podes?, teria dito a mãe, se soubesse. Não o soube, que deixa antever o caráter
errante da personagem.
15 porém. As cartas que lhe escrevia nunca tinham sido minuciosas, de
resto detestava escrever cartas e só muito raramente o fazia. Depois • Desprendimento
relativamente aos bens
o pai morreu e a mãe logo a seguir. materiais.
Uma casa mobilada, sempre pensou, é a certeza de uma porta
• Desprendimento
aberta de par em par, de mãos livres, de rua nova à espera dos seus relativamente à família –
20 pés. As pessoas ficam tão estupidamente presas a um móvel, a um inexistência de laços
tapete já gasto de tantos passos, aos bibelots acumulados ao longo familiares.
das vidas e cheios de recordações, de vozes, de olhares, de mãos, • Referência a atitudes
de gente, enfim. Pega-se numa jarra e ali está algo de quem um dia e comportamentos que
reforçam as características
apareceu com rosas. Tem alguns livros, mas poucos, como os amigos anteriormente elencadas.
25 que julga sinceros, sê-lo-ão? Aos outros livros, dá-os, vende-os a
peso, que leve se sente depois!
Maria Judite de Carvalho, “George”, in Conto português. Séculos XIX-XXI –
Antologia crítica, vol. 3 (coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins),
Porto, Edições Caixotim, 2011, pp. 115-116.

1 Demonstre o caráter plural e a inconstância da personagem.


A resposta implica provar (“demonstrar”), através de uma reflexão e com citações textuais pertinen-
tes, a ideia enunciada na questão – pluralidade e inconstância da personagem. Assim, deve:
− referir as constantes partidas da personagem, o que contribui para a inferência da inconstância da
personagem pela incapacidade de fixação a um determinado espaço/lugar;
– indicar as constantes mutações físicas através da mudança da cor dos cabelos;
− evidenciar o caráter instável em termos amorosos – “teve muitos amores, casou-se, divorciou-se”;
− concluir que se trata de uma personagem plural e inconstante.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

2 Explique por que razão a personagem não tem vontade de viver em casa própria.
A resposta exige que se explicite, através de exemplos, o motivo pelo qual a personagem age de
determinada maneira. Deverá, por isso,
− esclarecer que a personagem considera que uma casa própria se torna uma prisão;
− clarificar a carga afetiva que a personagem atribui aos móveis e aos objetos adquiridos ou oferecidos;
− concluir que a personagem só poderá preservar a sua liberdade, mudando de “amor” e de lugar, se
estiver afastada desses bens materiais ou afetivos que a ancorariam a dado espaço.

80
ANÁLISE PASSO A PASSO — CONTOS

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

A – “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca

E os dias passam agora rápidos para António Barrasquinho, o Batola. Até come-
çou a levantar-se cedo e a aviar os fregueses de todas as manhãzinhas. Assim, pode
continuar as conversas da véspera. Que o Batola é, de todos, o que mais vaticínios
faz sobre as coisas da guerra. Muito antes do meio-dia já ele começa a consultar o
5 velho relógio, preso por um fio de ouro ao colete.
Só a mulher quase deixou de aparecer na venda. E ninguém sabe que pensa
ela do que contam as vozes desconhecidas aos homens da aldeia, pois, através
do tabique de ripas separadas por grandes fendas, ouve-se tudo que se passa
na venda. Ouve-se e vê-se, querendo, a alegria que certas notícias trazem aos
10 ceifeiros, o gosto e o propósito que eles têm ao ouvir determinada voz que é
de todas a mais desejada e acreditada.
E os dias custaram tão pouco a passar que o fim do mês caiu de surpresa
em cima da aldeia da Alcaria. Era já no dia seguinte que a telefonia deixaria
de ouvir-se. Iam todos, de novo, recuar para muito longe, lá para o fim do
15 mundo, onde sempre tinham vivido.
Foi a primeira noite em que os homens saíram da venda mudos e taciturnos.
Fora esperava-os o negrume fechado. E eles voltavam para a escuridão, iam ser, outra
vez, o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo
cansaço e pela noite. Mais nada que o abandono e a solidão. A esperança de melhor vida
20 para todos, que a voz poderosa do homem desconhecido levava até à aldeia, apagava-se
nessa noite para não mais se ouvir.
Dentro da venda, o Batola está tão desalentado como os ceifeiros. O mês passou de
tal modo veloz que se esqueceu de preparar a mulher. Sobe ao balcão, desliga o fio e
arruma o aparelho. Um pouco dobrado sobre as pernas arqueadas, com o chapeirão a
25 encher-lhe a cara de sombra, observa magoadamente a preciosa caixa.
Assim está, quando um pressentimento o obriga a voltar a cabeça: junto da porta
que dá para os fundos da casa, a mulher olha-o com um ar submisso. “Que terá aconte-
cido?”, pensa o Batola, admirado de a ver ainda levantada àquela hora.
− António − murmura ela, adiantando-se até ao meio da venda. − Eu queria pedir-te
30 uma coisa...
Suspenso, o homem aguarda. Então, ela desabafa, inclinando o rosto ossudo, onde
os olhos negros brilham com uma quase expressão de ternura:
− Olha... Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia
neste deserto.
Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas, Lisboa, Editorial Caminho, 2011, pp. 159-160.

1 Comprove a existência de uma perspetiva subjetiva no que se refere à passagem


do tempo.
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2 Explicite a importância da rádio para a população da aldeia.

3 Exponha o receio dos ceifeiros e as razões que lhe subjazem.

4 Demonstre que o final do conto é inesperado.

81
ANÁLISE PASSO A PASSO — CONTOS

B – “George”, de Maria Judite de Carvalho

A figura vai-se formando aos poucos como um puzzle


gasoso, inquieto, informe. Vê-se um pedacinho bem nítido e
colorido mas que logo se esvai para aparecer daí a pouco, ní-
tido ainda, mas esfumado. […]
5 À sua frente uma senhora de idade, primeiro esboçada,
finalmente completa, olha-a atentamente. De idade não,
George detesta eufemismos, mesmo só pensados, uma mulher velha. Tem as mãos en-
rugadas sobre uma carteira preta, cara, talvez italiana, italiana, sim, tem a certeza. […]
Sem voz e sem perder o sorriso diz:
10 − Verá que há de passar, tudo passa. Amanhã é sempre outro dia. Só há uma coisa, um
crime, que ninguém nos perdoa, nada a fazer. Mas isso ainda está longe, muito longe, para
quê pensar nisso? Ainda ninguém a acusa, ainda ninguém a condena. Que idade tem?
− Quarenta e cinco anos. Porquê?
− É muito nova − afirma. − Muito nova.
15 − Sinto-me velha, às vezes.
− É normal. Eu tenho quase 70 anos. Como estava a chorar, pensei...
Encolhe os ombros, responde aborrecida:
− Não tive desgosto nenhum, nenhum. Um encontro, um simples encontro...
− Também tenho muitos encontros, eu. Não quero tê-los mas sou obrigada a isso, vivo
20 tão só. Cheguei à ignomínia de pedir a pessoas conhecidas retratos da minha família.
Não tinha nenhum, só um retrato meu, de rapariguinha. E retratos de amigos, também.
De amigos desaparecidos, levados pelas tempestades, os mais queridos, naturalmente.
Porque... o tal crime de que lhe falei, o único sem perdão, a velhice. Um dia vai acordar
na sua casa mobilada...
25 − Como sabe que...
− E verá que está só e olhará para o espelho com mais atenção e verá que está velha.
Irremediavelmente velha.
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− Tenho um trabalho que me agrada.

82
ANÁLISE PASSO A PASSO — CONTOS

− Não seja tonta, menina. Outro dia vai reparar, ou talvez já tenha dado por isso, que
30 está a ver pior, e outro ainda que as mãos lhe tremem. E, se for um pouco sensata, ou
se souber olhar em volta, descobrirá que este mundo já não lhe pertence, é dos outros,
dos que julgam que Baden Powell é um tipo que toca guitarra e que Levi Strauss é uma
marca de calças.
George fecha os olhos com força e deixa-se embalar por pensamentos mais agra-
35 dáveis, bem-vindos: a exposição que vai fazer, aquele quadro que vendeu muito bem
o mês passado, a próxima viagem aos Estados Unidos, o dinheiro que pôs no banco.
O dinheiro no banco, nos bancos, é uma das suas últimas paixões. Ela pensa − sabe?
− que com dinheiro ninguém está totalmente só, ninguém é totalmente abandonado.
A velha Georgina já o deve ter esquecido. A velhice também traz consigo, deve trazer, um
40 certo esquecimento das coisas essenciais, pensa. Abre os olhos para lho dizer, para lho
pensar, para lho atirar em silêncio à cara enrugada, mas a velha já ali não está.
O calor de há pouco foi desaparecendo e agora não há vestígios daquela aragem de
forno aberto. O ar está muito levemente morno e quase agradável. George suspira, tran-
quilizada. Amanhã estará em Amesterdão na bela casa mobilada onde, durante quanto
45 tempo?, vai morar com o último dos seus amores.
Maria Judite de Carvalho, “George”, in Conto português. Séculos XIX-XXI – Antologia crítica, vol. 3
(coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins), Porto, Edições Caixotim, 2011, pp. 118-120.

1 Demonstre o caráter imaterial da velha Georgina.

2 Explicite a funcionalidade de Georgina no momento final da ação.

3 Explique por que se refugiou George nos seus pensamentos perante as observações
de Georgina.

4 Interprete a tranquilidade de George, evidenciada no último parágrafo, relacionando-a


com as emoções dos parágrafos precedentes.
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83
POETAS CONTEMPORÂNEOS ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
5
NOME: N.O: TURMA

EXEMPLIFICAÇÃO

Leia o poema, o esquema interpretativo apresentado, e, de seguida, a análise


"passo a passo" efetuada.

Dies irae1

Apetece cantar, mas ninguém canta.


Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

5 Apetece gritar, mas ninguém grita.


Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.


10 Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre Claude Monet, Paisagem em Giverny, 1887.
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,


Sepultura de grades cinzeladas,
15 Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
“Cântico do homem [1950]”, in Miguel Torga, Antologia poética,
Alfragide, Publicações Dom Quixote, 2014.

1
“dia de ira”; é também o nome de um famoso hino do século XIII

Vontade de agir Impossibilidade de agir


“Apetece” ≠ “mas ninguém”

IDEAL REALIDADE

Conclusão:
− revolta do sujeito poético
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

− denúncia moral e social

Figurações de um poeta desiludido


e inconformado com o mundo

85
ANÁLISE PASSO A PASSO — POETAS CONTEMPORÂNEOS

Análise passo a passo


o
1. Primeira leitura atentando na estrutura repetitiva do poema, que se manifesta de três formas:
através da anáfora “Apetece”; da retoma recorrente das construções “Um fantasma” seguida de
verbo; da repetição da expressão “mas ninguém”.
2.o Segunda leitura com o objetivo de detetar os seguintes aspetos:
− o valor opositivo do articulador “mas”, que remete para duas situações/entidades opostas;
− o recurso a um vocabulário de conotação negativa (“chorar”, “medo”, “gritar”, “fugir”, “morrer”,
“matar”…);
− o caráter mais acentuadamente emotivo da última estrofe, visível no recurso à interjeição e à ex-
clamação, a enfatizar a revolta do sujeito lírico;
−…

Atente nas questões, nos verbos de comando e nos cenários de resposta apresen-
tados a seguir.

1 Caracterize o sujeito poético e demonstre de que modo o poema poderá ilustrar a pre-
sença do tópico “figurações do poeta”.
Para responder, deverá ter em conta que a questão contém dois verbos de comando (“caracterize”
e “demonstre”). Assim, deverá apresentar a caracterização do sujeito poético, por palavras suas, e,
simultaneamente, provar que essa caracterização comprova que o tópico do Programa, "figurações
do poeta", está presente no poema.
O poeta surge como um ser revoltado e que assume uma atitude de protesto perante aquilo
que constata acerca das características do mundo em que vive, o que é sugerido pelos vo-
cábulos de conotação negativa − “chorar”, “fantasma”, “medo”, “gritar”, “fugir”, “morrer”,
“matar”, “motins” –, que transmitem a ideia de revolta e até de violência. O poeta surge, pois,
representado como alguém inconformado com este mundo, evidenciando o modo como o vê.

2 Demonstre a pertinência da estruturação do poema assente no paralelismo anafórico


e sintático.
Deverá ilustrar o paralelismo anafórico e sintático, elemento formal que constitui a base da constru-
ção do poema, e esclarecer a sua importância relativamente ao conteúdo por si veiculado.
A estrutura paralelística do poema acentua a oposição referida, entre o poeta e o mundo/
a sociedade, visível no recurso à repetição de “Apetece” (a mim) e “ninguém” (os outros),
marcada pelo uso do articulador “mas”, com sentido de oposição; desta forma, põe-se em
destaque a distância entre o ideal que se defende e a realidade, o que constitui a razão de ser
da revolta do "eu" lírico.

3 Explique o sentido da última estrofe, justificando.


Para responder à questão terá também de ter em conta os dois verbos de comando do item. Assim,
terá não só de explicar por palavras próprias o conteúdo dos versos referidos, mas também de explicar
a razão de ser das ideias aí contidas, tendo em conta o conteúdo integral do poema, já que se trata da
última estrofe.
Na última estrofe, o poeta amaldiçoa a sociedade em que vive, que encara como prisão, que
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

oprime e leva à inação, razões que justificam a revolta que vem exprimindo ao longo do
poema.

86
ANÁLISE PASSO A PASSO — POETAS CONTEMPORÂNEOS

APLICAÇÃO

Leia o poema e as questões apresentadas e responda de acordo com as etapas


anteriormente exercitadas.

Green God

Trazia consigo a graça


das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
5 com as margens quando desce.

Andava como quem passa


sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos,
cresciam troncos dos braços
10 quando os erguia no ar.

Sorria como quem dança.


E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
15 que os deuses devem usar. Claude Monet, Na pradaria, 1879.

E seguia o seu caminho,


porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
20 duma flauta que tocava.

“As mãos e os frutos [1948]”, in Eugénio de Andrade, Poesia,


s/l, Fundação Eugénio de Andrade, 2000, p. 23.

1 Interprete o sentido da comparação que ocorre na primeira quadra.

2 Green God é apresentado como uma figura antropomórfica, com traços humanos
e vegetais.

2.1 Demonstre que se trata do deus das florestas e das plantas.

3 Analise formalmente o poema, ao nível estrófico, métrico e rimático.


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87
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
6
NOME: N.O: TURMA

EXEMPLIFICAÇÃO

Leia o excerto e, de seguida, a análise "passo a passo" efetuada.

O encontro e a união

Grita o povinho furiosos impropérios1 aos condenados, guincham as mulheres de-


bruçadas dos peitoris, alanzoam2 os frades, a procissão é uma serpente enorme que
não cabe direita no Rossio […] aquele é Domingos Afonso Lagareiro, natural e morador
que foi em Portel, que fingia visões para ser tido por santo, e fazia curas usando de
5 bênçãos, palavras e cruzes, e outras semelhantes superstições, imagine-se, como se
tivesse sido ele o primeiro, […] e esta sou eu, Sebastiana Maria de Jesus, um quarto
de cristã-nova, que tenho visões e revelações, mas disseram-me no tribunal que era
fingimento, que ouço vozes do céu, mas explicaram-me que era efeito demoníaco, que
sei que posso ser santa como os santos o são, ou ainda melhor, pois não alcanço dife-
10 rença entre mim e eles, mas repreenderam-me de que isso é presunção insuportável
e orgulho monstruoso, desafio a Deus, aqui vou blasfema, herética, temerária, amorda-
çada para que não me ouçam as temeridades, as heresias e as blasfémias, condenada
a ser açoitada em público e a oito anos de degredo no reino de Angola, e tendo ouvido
as sentenças, as minhas e mais de quem comigo vai nesta procissão, não ouvi que se
15 falasse da minha filha, é seu nome Blimunda, onde estará, onde estás Blimunda, se não
foste presa depois de mim, aqui hás de vir saber da tua mãe […] ai, ali está, Blimunda,
Blimunda, Blimunda, filha minha, e já me viu, e não pode falar, tem de fingir que me
não conhece ou me despreza, mãe feiticeira e marrana3 ainda que apenas um quarto, já
me viu, e ao lado dela está o padre Bartolomeu Lourenço, não fales Blimunda, olha só,
20 olha com esses teus olhos que tudo são capazes de ver, e aquele homem quem será,
tão alto, que está perto de Blimunda e não sabe, ai não sabe não, quem é ele, donde
vem, que vai ser deles, poder meu, pelas roupas soldado, pelo rosto castigado, pelo
pulso cortado, adeus Blimunda que não te verei mais, e Blimunda disse ao padre, Ali vai
minha mãe, e depois, voltando-se para o homem alto que lhe estava perto, perguntou,
25 Que nome é o seu, e o homem disse, naturalmente, assim reconhecendo o direito de
esta mulher lhe fazer perguntas, Baltasar Mateus, também me chamam Sete-Sóis.
[…]
Porém, agora, em sua casa, choram os olhos de Blimunda como duas fontes de
água […]. Baltasar Mateus, o Sete-Sóis, está calado, apenas olha fixamente Blimunda,
e de cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na boca do estômago, porque olhos
1
injúrias
30 como estes nunca se viram, claros de cinzento, ou verde, ou azul, que com a luz de 2
dizer coisas à toa
fora variam ou com o pensamento de dentro, e às vezes tornam-se negros noturnos 3
designação
ou brancos brilhantes como lascado carvão de pedra. Veio a esta casa não porque lhe injuriosa que se dava
dissessem que viesse, mas Blimunda perguntara-lhe que nome tinha e ele respondera, aos muçulmanos e
judeus que viviam
não era necessária melhor razão. Terminado o auto de fé, varridos os restos, Blimunda em Portugal
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35 retirou-se, o padre foi com ela, e quando Blimunda chegou a casa deixou a porta aberta 4
aro ou triângulo
para que Baltasar entrasse. […] de ferro que assenta
sobre três pés
Blimunda levantou-se do mocho, acendeu o lume na lareira, pôs sobre a trempe4
e sobre o qual
uma panela de sopas, e quando ela ferveu deitou uma parte para duas tigelas largas que se coloca a panela
serviu aos dois homens, fez tudo isto sem falar, não tornara a abrir a boca depois que ao lume

89
ANÁLISE PASSO A PASSO — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

40 perguntou, há quantas horas, Que nome é o seu, e apesar de o padre


primeiro de comer, esperou que Baltasar terminasse para
ter acabado prim
se servir da colh
colher dele, era como se calada estivesse respondendo
Aceitas para a tua boca a colher de que se serviu a boca
a outra pergunta, Ac
deste homem, fazendo seu o que era teu, agora tornando a ser teu o que foi dele,
45 sentido do teu e do meu, e como Blimunda já tinha dito que
e tantas vezes que se perca o sen
sim antes de perguntada, Então d declaro-vos casados. O padre Bartolomeu Lourenço es-
perou que Blimunda acabasse de comer da panela as sopas que sobejavam, deitou-lhe
a bênção, com ela cobrindo a pe pessoa, a comida e a colher, o regaço, o lume na lareira,
a candeia, a esteira no chão, o pun
punho cortado de Baltasar. Depois saiu.
50 Por uma hora ficaram os dois sentados, sem falar. Apenas uma vez Baltasar se le-
vantou para pôr alguma lenha na fogueira que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou
o morrão da candeia que estava comendo a luz e então, sendo tanta a claridade, pôde
Sete-Sóis dizer, Por que foi que p perguntaste o meu nome, e Blimunda respondeu, Por-
que minha mãe o quis saber e qu queria que eu o soubesse, Como sabes, se com ela não
55 pudeste falar, Sei que sei, não se
sei como sei, não faças perguntas a que não posso res-
ponder, faze como fizeste, vieste e não perguntaste porquê, E agora, Se não tens onde
viver melhor, fica aqui, Hei de ir para Mafra, tenho lá família, Mulher, Pais e uma irmã,
Fica, enquanto não fores, será sempre tempo de partires, Por que queres tu que eu fique,
Porque é preciso, Não é razão que me convença, Se não quiseres ficar, vai-te embora,
60 não te posso obrigar, Não tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um encanto,
Não deitei tal, não disse uma palavra, não te toquei, Olhaste-me por dentro, Juro que
nunca te olharei por dentro, Juras que não o farás e já o fizeste, Não sabes de que estás
a falar, não te olhei por dentro, Se eu ficar, onde durmo, Comigo.
Deitaram-se. Blimunda era virgem. Que idade tens, perguntou Baltasar, e Blimunda
65 respondeu, Dezanove anos, mas já então se tornara muito mais velha. Correu algum
sangue sobre a esteira. Com as pontas dos dedos médio e indicador humedecidos nele,
Blimunda persignou-se5 e fez uma cruz no peito de Baltasar, sobre o coração. Estavam
ambos nus. […]
Quando, de manhã, Baltasar acordou, viu Blimunda deitada ao seu lado, a comer pão,
70 de olhos fechados. Só os abriu, cinzentos àquela hora, depois de ter acabado de comer,
5
benzeu-se e disse, Nunca te olharei por dentro.
José Saramago, Memorial do convento, 63.a ed., Porto, Porto Editora, 2022, cap. V.

Análise passo a passo


o
1. Primeira leitura para apreensão do sentido global, do assunto do texto e da contextualização do
mesmo:
− auto de fé em que Sebastiana de Jesus, mãe de Blimunda, parte para o degredo;
− momento em que Blimunda e Baltasar travam conhecimento e iniciam o seu relacionamento.
2.o Segunda leitura para atentar na evolução das ideias, na relação entre as várias partes, nos sentidos
implícitos:
− reação do povo face à procissão dos condenados;
− caracterização de Sebastiana de Jesus;
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− comunicação de Sebastiana com a filha;


− reação de Blimunda ao ver a mãe;
− modo como Blimunda recebe em sua casa Baltasar e o padre Bartolomeu de Gusmão;
− ritual da perda de virgindade por parte de Blimunda e início da relação amorosa entre Blimunda
e Baltasar;
−…

90
ANÁLISE PASSO A PASSO — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

Interprete o sentido das questões, tendo em conta os verbos de comando de cada


item.

1 Evidencie o caráter polifónico do narrador quando apresenta a mãe de Blimunda.


Para responder à questão terá de tornar claro o estatuto que Sebastiana de Jesus desempenha ao
assumir uma parte da narração.
Quando apresenta a mãe de Blimunda (Sebastiana de Jesus), o narrador permite que ela se
assuma como voz enunciativa, falando, por isso, na primeira pessoa.

2 Elabore o retrato físico e psicológico de Blimunda.


Deve caracterizar Blimunda, por palavras suas, física e psicologicamente.
Blimunda tem dezanove anos e é filha de Sebastiana de Jesus, que foi condenada ao degredo
pela Santa Inquisição por ter “visões e revelações”. É uma mulher forte, já que, para sua pró-
pria defesa, não revela quaisquer sentimentos quando vê a mãe pela última vez. No entanto,
quando está em casa, chora copiosamente, demonstrando, assim, a sua emotividade e a sua
tristeza. Revela-se uma mulher pouco convencional para a época, dado que não se coíbe de
perder a virgindade com um homem que acabara de conhecer, assumindo, nessa relação,
um papel ativo. Percebe-se ainda que tem poderes sobrenaturais e místicos, uma vez que
consegue comunicar telepaticamente com a sua mãe e se benze e faz uma cruz no peito de
Baltazar com o sangue da virgindade. Fisicamente, o que mais a distingue são os olhos, que
vão variando de cor consoante a luz ou as emoções.

3 Identifique, explicando a sua funcionalidade, os símbolos que consagram a união de


Baltasar e Blimunda.
Deve referir as atitudes e gestos simbólicos das personagens intervenientes e que adquirem relevo
na relação de Blimunda e Baltasar, explicando o sentido implícito em cada um deles.
A consagração da união entre o casal é visível, primeiro, pelo facto de Blimunda ter esperado
para comer da mesma colher que Baltasar, situação que o narrador associa à declaração formal
de união que ocorre num casamento; depois, pelo facto de o padre ter abençoado não só a casa
e a comida mas também a esteira no chão e o punho cortado de Baltasar; finalmente, pelo facto
de Blimunda ter feito uma cruz no peito de Baltasar e se ter benzido com o sangue da virginda-
de, como se estivesse a selar um pacto entre os dois.
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91
ANÁLISE PASSO A PASSO — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

APLICAÇÃO

Atente no excerto e nas questões apresentadas e responda de forma correta.

Segurava Baltasar a mula, e Blimunda estava afastada alguns passos, de olhos bai-
xos, com o bioco puxado para diante, Bons dias, disseram eles, Bons dias, disse o padre,
e perguntou, Blimunda ainda não comeu, e ela, da sombra maior das roupas, respondeu,
Não comi […].
5 Diz o padre Bartolomeu Lourenço, […] na Holanda soube o que é o éter, não é aquilo
que geralmente se julga e ensina, e não se pode alcançar pelas artes da alquimia, para
ir buscá-lo lá onde ele está, no céu, teríamos nós de voar e ainda não voamos, mas
o éter, deem agora muita atenção ao que vou dizer-lhes, antes de subir aos ares para ser
o onde as estrelas se suspendem e o ar que Deus respira, vive dentro dos homens e das
10 mulheres, Nesse caso, é a alma, concluiu Baltasar, Não é, também eu, primeiro, pensei
que fosse a alma, também pensei que o éter, afinal, fosse formado pelas almas que
a morte liberta do corpo, antes de serem julgadas no fim dos tempos e do universo, mas
o éter não se compõe das almas dos mortos, compõe-se, sim, ouçam bem, das vontades
dos vivos. […]
15 Disse o padre, Dentro de nós existem vontade e alma, a alma retira-se com a morte,
vai lá para onde as almas esperam o julgamento, ninguém sabe, mas a vontade, ou se
separou do homem estando ele vivo, ou a separa dele a morte, é ela o éter, é portanto
a vontade dos homens que segura as estrelas, é a vontade dos homens que Deus respira.
E eu que faço, perguntou Blimunda, mas adivinhava a resposta, Verás a vontade dentro das
20 pessoas. Nunca a vi, tal como nunca vi a alma, Não vês a alma porque a alma não se pode
ver, não vias a vontade porque não a procuravas, Como é a vontade, É uma nuvem fechada,
Que é uma nuvem fechada, Reconhecê-la-ás quando a vires, experimenta com Baltasar,
para isso viemos aqui, Não posso, jurei que nunca o veria por dentro, Então comigo.
Blimunda levantou a cabeça, olhou o padre, viu o que sempre via, mais iguais as pes-
25 soas por dentro do que por fora, só outras quando doentes, tornou a olhar, disse, Não
vejo nada. O padre sorriu, Talvez que eu já não tenha vontade, procura melhor, Vejo uma
nuvem fechada sobre a boca do estômago. O padre persignou-se, Graças, meu Deus,
agora voarei. Tirou do alforge um frasco de vidro que tinha presa ao fundo, dentro, uma
pastilha de âmbar amarelo, Este âmbar, também chamado eletro, atrai o éter, andarás
30 sempre com ele por onde andarem pessoas, em procissões, em autos de fé, aqui nas
obras do convento, e quando vires que a nuvem vai sair de dentro delas, está sempre
a suceder, aproximas o frasco aberto, e a vontade entrará nele, E quando estiver cheio,
Tem uma vontade dentro, já está cheio, mas esse é o indecifrável mistério das vontades,
onde couber uma, cabem milhões, o um é igual ao infinito, E que faremos entretanto,
35 perguntou Baltasar, Vou para Coimbra, de lá, a seu tempo, mandarei recado, então irão
os dois para Lisboa, tu construirás a máquina, tu recolherás as vontades, encontrar-nos-
-emos os três quando chegar o dia de voar […].
José Saramago, Memorial do convento, 63.a ed., Porto, Porto Editora, 2022, cap. XI.
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1 Apresente uma explicação para a seguinte afirmação do padre: “é portanto a vontade


dos homens que segura as estrelas” (ll. 17-18).

2 Refira a missão de que Blimunda foi incumbida.

3 Explique a razão pela qual o padre se persignou e disse “Graças, meu Deus” (l. 27),
quando Blimunda viu uma nuvem fechada sobre a boca do seu estômago.

92
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS , JOSÉ SARAMAGO ANÁLISE
PASSO A PASSO
ESCOLA: DATA: / /
7
NOME: N.O: TURMA

EXEMPLIFICAÇÃO

Leia os excertos de O ano da morte de Ricardo Reis e, de seguida, a análise "passo


a passo" efetuada.

Excerto 1
Ricardo Reis fez uma pausa, parecia refletir, depois, debruçando-se, estendeu as
mãos para Marcenda, perguntou, Posso, ela inclinou-se também um pouco para a frente
e, continuando a segurar a mão esquerda com a mão direita, colocou-a entre as mãos
dele, como uma ave doente, asa quebrada, chumbo cravado no peito. Devagar, aplicando
5 uma pressão suave mas firme, ele percorreu com os dedos toda a mão dela, até ao
pulso, sentindo pela primeira vez na vida o que é um abandono total, a ausência duma
reação voluntária ou instintiva, uma entrega sem defesa, pior ainda, um corpo estranho
que não pertencesse a este mundo.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,
Porto, Porto Editora, 2021, cap. VI.

Excerto 2
A esta mesma hora, naquele segundo andar da Rua de Santa Catarina, Ricardo Reis
tenta escrever um poema a Marcenda, para que amanhã não se diga que Marcenda
passou em vão, Saudoso já deste verão que vejo, lágrimas para as flores dele emprego
na lembrança invertida de quando hei de perdê-las, esta ficará sendo a primeira parte
5 da ode, até aqui ninguém adivinharia que de Marcenda se vai falar, embora se saiba

que muitas vezes começamos por falar de horizonte porque é o mais curto caminho
para chegar ao coração. Meia hora depois, ou uma hora, ou quantas, que o tempo,
neste fazer de versos, se detém ou precipita, ganhou forma e sentido o corpo inter-
médio, não é sequer o lamento que parecera, apenas o sábio saber do que não tem
10 remédio, Transpostos os portais irreparáveis de cada ano, me antecipo a sombra em

que hei de errar, sem flores, no abismo rumoroso. Dorme toda a cidade na madrugada,
[…] e é neste momento que o poema se completa, difícil, […] E colho a rosa porque
a sorte manda. Marcenda, guardo-a, murche-se comigo antes que com a curva diurna
da ampla terra. Deitou-se Ricardo Reis vestido na cama, a mão esquerda pousada
15 sobre a folha de papel, se adormecido passasse do sono para a morte, julgariam que

é o seu testamento, a última vontade, a carta do adeus, e não poderiam saber o que
seja, mesmo tendo-a lido, porque este nome de Marcenda não o usam mulheres, são
palavras doutro mundo, doutro lugar, femininos mas de raça gerúndia, como Blimunda,
por exemplo, que é nome à espera de mulher que o use, para Marcenda, ao menos,
20 já se encontrou, mas vive longe.

José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,


Porto, Porto Editora, 2021, cap. XVI.
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93
ANÁLISE PASSO A PASSO — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS , JOSÉ SARAMAGO

Análise passo a passo


o
1. Primeira leitura para apreensão do sentido global dos textos: trata-se de dois excertos que dizem
respeito à representação do amor na obra, nomeadamente à relação que se desenvolve entre Ricardo
Reis e Marcenda.
2.o Segunda leitura para atentar nos pormenores e nas relações entre diferentes partes dos textos:
− atitude de Ricardo Reis ao segurar a mão de Marcenda, numa fase inicial do relacionamento entre
os dois;
− estado de espírito de Reis ao escrever a ode a Marcenda, e o seu objetivo;
− considerações do narrador sobre o nome desta personagem feminina;
−…

Interprete o sentido das questões, atentando nos verbos de comando de cada item.

1 Demonstre de que forma as palavras usadas pelo narrador relativamente à paralisia


de Marcenda, no final do excerto 1, se coadunam com a personalidade de Reis.
Demonstrar significa provar, através de exemplos, que a afirmação é verdadeira. Assim, para responder
à questão, terá de atentar na caracterização do braço paralisado de Marcenda (“como uma ave doente,
asa quebrada, chumbo cravado no peito”; “um abandono total, a ausência duma reação voluntária ou
instintiva, uma entrega sem defesa”) e explicitar a relação existente entre essas características e os
traços da personalidade de Ricardo Reis.
Da mesma forma que a mão paralisada de Marcenda não tem qualquer tipo de reação voluntária
(é “um corpo estranho” e manifesta um “abandono total”), também Ricardo Reis inicialmen-
te tenta adotar uma atitude passiva, escusando-se a tomar partido, decisões ou a defender
determinada posição, à boa maneira estoica. De facto, tal como Fernando Pessoa afirmava,
Ricardo Reis começa por agir como se fosse um estrangeiro no mundo contemporâneo, tão
distante da sua amada Grécia.

2 Caracterize a relação entre Ricardo Reis e Marcenda, considerando a ode escrita por
Reis.
Deve caracterizar por palavras suas a relação entre as duas personagens referidas, tendo em conta
o conteúdo da ode escrita por Reis, presente no início do excerto 2.
Apesar de a relação entre ambos ter assumido contornos físicos pouco tempo depois de se
terem conhecido, já que se beijam sofregamente, Marcenda acaba por impor uma vivência
platónica ao seu amor: recusa-se a casar com o médico e a voltar a vê-lo, ao mesmo tempo
que lhe assegura que nunca o esquecerá; pede, em contrapartida, que Reis se lembre dela
todos os dias. Ricardo Reis, por seu lado, pretende selar o fim da relação, deixando-a eterni-
zada numa ode.

3 Analise os versos da ode à luz desse relacionamento.


Analisar implica estabelecer relações entre diferentes partes/passagens, de modo a descodificar
o sentido do todo que é o texto. Assim, deverá inferir, analisando o conteúdo da ode, características
da personalidade de Reis, e explicitar de que forma elas podem justificar o seu comportamento em
relação a Marcenda.
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Na ode que Ricardo Reis escreve transparece a autodisciplina do sujeito lírico, que, consciente
da fugacidade e efemeridade da vida, se dispõe a aceitar serenamente a inevitabilidade da
morte. Esta é, assim, uma maneira de Ricardo Reis assumir o fim da sua relação com a filha
do doutor Sampaio, que murchou como uma flor, mas que ele está disposto a guardar sempre
consigo. Esta é ainda uma forma de elevar Marcenda à categoria de musa inacessível e distante.

94
ANÁLISE PASSO A PASSO — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS , JOSÉ SARAMAGO

APLICAÇÃO

Leia o excerto e as questões apresentadas e responda de acordo com os passos já


exercitados.

Diga-me, Fernando, quem é, que é este Salazar que nos calhou em sorte, É o dita-
dor português, o protetor, o pai, o professor, o poder manso, um quarto de sacristão,
um quarto de sibila, um quarto de Sebastião, um quarto de Sidónio, o mais apropriado
possível aos nossos hábitos e índole, […] mas, voltando ao Salazar, quem diz muito
5 bem dele é a imprensa estrangeira, Ora, são artigos encomendados pela propaganda,
pagos com o dinheiro do contribuinte, lembro-me de ouvir dizer, Mas olhe que a im-
prensa de cá também se derrete em louvações, pega-se num jornal e fica-se logo a
saber que este povo português é o mais próspero e feliz da terra, ou está para muito
breve, e que as outras nações só terão a ganhar se aprenderem connosco, O vento
10 sopra desse lado, Pelo que lhe estou a ouvir, você não acredita muito nos jornais,
Costumava lê-los […].
[S]egundo a declaração solene de um arcebispo, o de Mitilene1, Portugal é Cristo e
Cristo é Portugal, Está aí escrito, Com todas as letras, Que Portugal é Cristo e Cristo é
Portugal, Exatamente. Fernando Pessoa pensou alguns instantes, depois largou a rir,
15 um riso seco, tossicado, nada bom de ouvir, Ai esta terra, ai esta gente, e não pôde con-
tinuar, havia agora lágrimas verdadeiras nos seus olhos, Ai esta terra, repetiu, e não
parava de rir, Eu a julgar que tinha ido longe de mais no atrevimento quando na Mensa-
gem chamei santo a Portugal, lá está, São Portugal, e vem um príncipe da Igreja, com
a sua arquiepiscopal autoridade, e proclama que Portugal é Cristo, E Cristo é Portugal,
20 não esqueça, Sendo assim, precisamos de saber, urgentemente, que virgem nos pariu,
que diabo nos tentou, que judas nos traiu, que pregos nos crucificaram, que túmulo nos
esconde, que ressurreição nos espera, Esqueceu-se dos milagres, Quer você milagre
maior que este simples facto de existirmos, de continuarmos a existir, não falo por
mim, claro, Pelo andar que levamos, não sei até quando e onde existiremos, Em todo
25 o caso, você tem de reconhecer que estamos muito à frente da Alemanha, aqui é a
própria palavra da Igreja a estabelecer, mais do que parentescos, identificações, nem
sequer precisávamos de receber o Salazar de presente, somos nós o próprio Cristo,
Você não devia ter morrido tão novo, meu caro Fernando, foi uma pena, agora é que
Portugal vai cumprir-se […].
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,
Porto, Porto Editora, 2021, cap. XIII.

1
título eclesiástico que desde o século XIX é geralmente concedido ao bispo-auxiliar que desempenha as funções
de vigário-geral do patriarca de Lisboa

1 Esclareça a importância da conversa de Ricardo Reis com Fernando Pessoa.

2 Comprove a conivência da Igreja com a atuação política.


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3 Transcreva segmentos textuais ilustrativos das temáticas que se seguem.


a. Representações do século XX
b. Intertextualidade

95
Análise
textual
• 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo . . . . . . . . . . . 99
• 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos . . . . . . . . . 101
• 3 – Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . . . . . . . . . . 103
• 4 – Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . . . . . . . . . . 105
• 5 – Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
• 6 – Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
• 7 – Poetas contemporâneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
• 8 – Poetas contemporâneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
• 9 – Memorial do convento, José Saramago . . . . . . . . . . 115
• 10 – Memorial do convento, José Saramago . . . . . . . . . 117
• 11 – O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago . . . . 119
• 12 – O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago . . . . 121

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173


FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 1
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o texto.

Contemplo o lago mudo

Contemplo o lago mudo


Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

5 O lago nada me diz,


Não sinto a brisa mexê-lo.
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trémulos vincos risonhos


10 Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
4-8-1930 Claude Monet, O lago das ninfeias, 1899.

Fernando Pessoa, Poesia do eu (edição de Richard Zenith),


Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 204-205

1 Comprove que o “lago” é o ponto de partida para uma análise introspetiva, levada
a cabo pelo sujeito poético.

2 Explicite de que modo se podem articular as temáticas “sonho e realidade” e “a dor


de pensar”.

3 Evidencie o recurso à personificação e explique a sua expressividade.

4 Identifique e descodifique o sentido das metáforas que servem de base à construção


do poema.

5 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


O sujeito poético manifesta a. e, com a b. final, revela c. , por se
ter deixado levar d. que substituíram a vida real, impedindo-o de viver efetiva-
mente.
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a. b. c. d.

1. dúvida e desalento 1. convicção 1. satisfação 1. pela realidade


2. euforia e satisfação 2. interrogação 2. arrependimento 2. pelos desejos
3. alegria e mágoa 3. certeza 3. ousadia 3. pelos sonhos

99
ANÁLISE TEXTUAL — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO

GRUPO II

Leia o excerto.

Carlos pensara em arranjar um vasto laboratório ali perto no bairro, com fornos para
trabalhos químicos, uma sala disposta para estudos anatómicos e fisiológicos, a sua
biblioteca, os seus aparelhos, uma concentração metódica de todos os instrumentos
de estudo...
5 Os olhos do avô iluminavam-se ouvindo este plano grandioso.
– E que não te prendam questões de dinheiro, Carlos! Nós fizemos nestes últimos
anos de Santa Olávia algumas economias...
– Boas e grandes palavras, avô! Repita-as ao Vilaça.
As semanas foram passando nestes planos de instalação. Carlos trazia realmente
10 resoluções sinceras de trabalho: a ciência como mera ornamentação interior do espírito,
mais inútil para os outros que as próprias tapeçarias do seu quarto, parecia-lhe apenas
um luxo de solitário: desejava ser útil. Mas as suas ambições flutuavam, intensas e
vagas; ora pensava numa larga clínica; ora na composição maciça de um livro iniciador;
algumas vezes em experiências fisiológicas, pacientes e reveladoras... Sentia em si, ou
15 supunha sentir, o tumulto de uma força, sem lhe discernir a linha de aplicação. “Alguma
coisa de brilhante”, como ele dizia: e isto para ele, homem de luxo e homem de estudo,
significava um conjunto de representação social e de atividade científica; o remexer
profundo de ideias entre as influências delicadas da riqueza; os elevados vagares da
filosofia entremeados com requintes de sport e de gosto; um Claude Bernard que fosse
20 também um Morny... No fundo era um diletante.
Eça de Queirós, Os Maias: episódios da vida romântica
(fixação de texto Helena Cidade Moura) Lisboa, Livros do Brasil, 28.a ed., capítulo IV.

1 Demonstre que, tal como Fernando Pessoa, Carlos também sonhou e os seus sonhos
não se concretizaram.

2 Justifique a afirmação “Os olhos do avô iluminavam-se ouvindo este plano grandioso”
(l. 5).

3 Relacione a afirmação “Sentia em si, ou supunha sentir, o tumulto de uma força, sem
lhe discernir a linha de aplicação” (ll. 14-15) com o diletantismo da personagem.

4 Selecione a opção que completa corretamente a afirmação.


Por “As semanas foram passando nestes planos de instalação” (l. 9) depreende-se que
A. Carlos conseguira finalmente concretizar o seu sonho.
B. Afonso da Maia seguia atentamente os planos do neto.
C. a conclusão do consultório deveria estar para breve.
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D. a concretização dos projetos de Carlos levaria tempo.

100
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 2
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o texto.

Não estou pensando em nada

Não estou pensando em nada


E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o verão quente do dia.

5 Não estou pensando em nada, e que bom!

Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
10 O fluxo e o refluxo da vida...

Não estou pensando em nada.


Só, como se me tivesse encostado mal
Uma dor nas costas, ou num lado das costas,
Há um amargo de boca na minha alma:
15 É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada. Amedeo Modigliani, O jovem aprendiz, 1918.

6-7-1935

Álvaro de Campos, in Fernando Pessoa, Poesia dos outros eus,


(edição de Richard Zenith), Lisboa, Assírio & Alvim, 2007, p. 425.

1 Caracterize o sujeito poético, considerando o estado emocional em que se encontra.

2 Explique o sentido dos versos 6 e 7.

3 Explicite a expressividade decorrente do emprego da anáfora presente em “Não estou


pensando em nada” (v. 5).

4 Selecione a opção que completa corretamente a afirmação.


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

O sujeito poético expressa, ao longo do poema,


A. o seu descontentamento por já não conseguir pensar.
B. a sua dúvida acerca da anulação do pensamento.
C. a sua convicção de que, afinal, é bom não pensar.
D. o seu desejo contínuo de se libertar do pensamento.

101
ANÁLISE TEXTUAL — FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS

GRUPO II

Leia o excerto. Se necessário, consulte a nota.

Ah Peixes, quantas invejas vos tenho a essa natural irregularidade! Quanto melhor
me fora não tomar a Deus nas mãos, que tomá-Lo tão indignamente! Em tudo o que vos
excedo, peixes, vos reconheço muitas vantagens. A vossa bruteza é melhor que a minha
razão, e o vosso instinto melhor que o meu alvedrio. Eu falo, mas vós não ofendeis a Deus
5 com as palavras; eu lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a memória; eu dis-
corro, mas vós não ofendeis a Deus com o entendimento; eu quero, mas vós não ofendeis
a Deus com a vontade. Vós fostes criados por Deus, para servir ao homem, e conseguis
o fim para que fostes criados: a mim criou-me para O servir a Ele, e eu não consigo o
fim para que me criou. Vós não haveis de ver a Deus, e podereis aparecer diante Dele
10 muito confiadamente, porque O não ofendestes; eu espero que O hei de ver; mas com
que rosto hei de aparecer diante do Seu divino acatamento, se não cesso de O ofender?
Ah quase que estou por dizer que me fora melhor ser como vós, pois de um homem que
tinha as mesmas obrigações, disse a Suma Verdade1 que melhor lhe fora não nascer
homem: Si natus non fuisset homo ille. E pois os que nascemos homens, respondemos
15 tão mal às obrigações de nosso nascimento, contentai-vos, Peixes, e dai muitas graças
a Deus pelo vosso.
Padre António Vieira, Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate),
tomo II, vol. X, Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp. 164-165.

1
Deus

1 Indique duas razões justificativas da inveja que o orador diz ter dos peixes.

2 Apresente duas estratégias argumentativas utilizadas neste momento textual.

3 Para completar os itens 3.1 e 3.2, selecione a opção correta.


3.1 O excerto selecionado insere-se
A. no exórdio, aquando dos louvores aos peixes.
B. na exposição/confirmação, destacando-se as repreensões.
C. na exposição/confirmação, e as repreensões, em particular.
D. na peroração, quando o orador se inferioriza aos peixes.

3.2 Através do discurso de Vieira, percebe-se que


A. o orador reconhece a sua superioridade em relação aos peixes.
B. os peixes adotam comportamentos que não agradam a Deus.
C. o orador assume a sua inferioridade relativamente aos peixes.
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D. os peixes não podem ser comparados com o Padre António Vieira.

102
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 3
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o texto.

Ocidente

Com duas mãos – o Ato e o Destino –


Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e divino
E a outra afasta o véu.

5 Fosse a hora que haver ou a que havia


A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi a alma a Ciência e corpo a ousadia
Da mão que desvendou.

Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal


10 A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu. Michelangelo Buonarotti,
A criação de Adão, 1515.
Fernando Pessoa, Mensagem (ed. Fernando Cabral Martins),
Porto, Assírio & Alvim, 2012, p. 56.

1 Demonstre a interdependência e a importância do Ato e do Destino na realização das


Descobertas.

2 Interprete o simbolismo das mãos na consecução do objetivo de afastar o véu.

3 Integre, justificadamente, o poema na estrutura da obra a que pertence.

4 Indique a força que tornou possível a missão de Portugal.

5 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


Destaca-se, neste poema, a a. da coragem e da força e o poeta serve-se de
uma série de b. mas também da c. , nos versos 5 e 9 ou 7 e 11, e da
d. , recorrendo à maiúscula para individualizar esses elementos, para dar conta
dos intervenientes na ação dos Descobrimentos.

a. b. c. d.
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1. independência 1. metáforas 1. anástrofe 1. repetição


2. fragilidade 2. comparações 2. anáfora 2. enumeração
3. interdependência 3. adjetivos 3. interjeição 3. personificação

103
ANÁLISE TEXTUAL — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM

GRUPO II

Leia as estâncias 99 e 100 do canto V de Os Lusíadas.

[99]
Às Musas agardeça o nosso Gama
O muito amor da pátria, que as obriga
A dar aos seus1, na lira, nome e fama
De toda a ilustre e bélica fadiga;
Que ele, nem quem na estirpe seu se chama,
Calíope não tem por tão amiga
Nem as filhas do Tejo2, que deixassem
As telas d’ouro fino e que o cantassem.

[100]
Porque o amor fraterno3 e puro gosto
De dar a todo o Lusitano feito
Seu4 louvor, é somente o pros[s]uposto
Das Tágides gentis, e seu respeito.
Porém não deixe, enfim, de ter disposto
Ninguém a grandes obras sempre o peito5:
Que, por esta ou por outra qualquer via, Botticelli, Nascimento de Vénus,
Não perderá seu preço e sua valia. 1485-1846 (pormenor).

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas


de A. J. da Costa Pimpão), Lisboa, Instituto de Camões,
MNE, 2000, pp. 237-238.

1
à família de Vasco da Gama ou aos portugueses, consoante as interpretações; 2 Tágides;
3
de irmão (as Tágides são aqui consideradas irmãs dos Portugueses); 4 devido; 5 vontade

1 Confirme que os portugueses são o povo eleito e protegido.

2 Explicite o apelo expresso pelo poeta nos últimos quatro versos da estância 100.

3 Para completar os itens 3.1 e 3.2, selecione a opção correta.


3.1 No primeiro verso está presente
A. uma apóstrofe.
B. um hipérbato.
C. uma anáfora.
D. uma personificação.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

3.2 O poeta recorrer à coesão referencial em “que as obriga” (v. 2) para


A. evitar a repetição do nome Musas.
B. destacar a ação das Musas.
C. salientar o amor das Musas.
D. dignificar o herói Vasco da Gama.

104
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 4
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o texto.

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,


Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer −
5 Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.


Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
10 (Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro... Caspar David Friedrich, Nevoeiro, 1807.

É a Hora!
Valete, Fratres.

Fernando Pessoa, Mensagem (ed. Fernando Cabral Martins),


Porto, Assírio & Alvim, 2012, p. 91.

1 Explicite os efeitos de sentido decorrentes da repetição anafórica do advérbio no pri-


meiro verso do poema.

2 Interprete o valor das construções paradoxais dos versos 3 e 5.

3 Refira, na segunda estrofe do poema, três recursos expressivos ao serviço da mensa-


gem do texto.
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105
ANÁLISE TEXTUAL — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM

GRUPO II

Leia as estâncias 145 e 146 do canto X de Os Lusíadas.

[145]
Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
5 O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dũa austera, apagada e vil tristeza.

[146]
E não sei por que influxo de Destino
10 Não tem um ledo orgulho e geral gosto,
Que os ânimos levanta de contino
A ter pera trabalhos ledo o rosto.
Por isso vós, ó Rei, que por divino
Conselho estais no régio sólio posto,
15 Olhai que sois (e vede as outras gentes) Jacopo Robust, As musas,
Senhor só de vassalos excelentes. 1578 (pormenor).

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas


de A. J. da Costa Pimpão), Lisboa, Instituto de Camões,
MNE, 2000, p. 476.

1 Identifique, justificadamente, um eixo temático comum aos dois textos (grupo I A e B).

2 Sintetize o lamento do sujeito poético.

3 Justifique o pedido que o poeta faz nos dois últimos versos.

4 Selecione a opção que completa corretamente a afirmação.


Para interpelar o “Rei”, o poeta serve-se
A. da designação “Senhor”.
B. do vocativo e do imperativo.
C. do elogio à ação do monarca.
D. da sua veneração aos súbditos.
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106
CONTOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 5
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o texto.

Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se a tardinha. Batola, que
acaba de dormir a sesta, já pode vir sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo da
parede. A seus pés, passa o velho caminho que vem de Ourique e continua para o sul. Por
cima, cruzam os fios da eletricidade que vão para Valmurado, uma tomada de corrente
5 cai dos fios e entra, junto das telhas, para dentro da venda.
E o Batola, por mais que não queira, tem de olhar todos os dias o mesmo: aí umas
quinze casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas
que estão no fundo dos córregos. Depois disso, para qualquer parte que volte os olhos,
estende-se a solidão dos campos. E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado por vales
10 e cabeços, e que dorme profundamente. Oh, que despropósito de plainos sem fim, todos
de roda da aldeia, e desertos!
Carregado de tristeza, o entardecer demora anos. A noite vem de longe, cansada,
tomba tão vagarosamente que o mundo parece que vai ficar para sempre naquela
magoada penumbra. Lá vêm figurinhas dobradas pelos atalhos, direito às casas tres-
15 malhadas da aldeia. Nenhuma virá até à venda falar um bocado, desviar a atenção da-
quele poente dolorido. São ceifeiros, exaustos da faina, que recolhem. Breve, a aldeia
ficará adormecida, afundada nas trevas. E António Barrasquinho, o Batola, não tem
ninguém para conversar, não tem nada que fazer. Está preso e apagado no silêncio
que o cerca.
20 Ergue-se pesadamente do banco. Olha uma última vez para a noite derramada. Leva
as mãos à cara, esfrega-a, amachucando o nariz, os olhos. Fecha os punhos, começa a
esticar os braços. E abre a boca num bocejo tão fundo, o corpo torcido numa tal ansie-
dade, que parece que todo ele se vai despegar aos bocados. Um suspiro estrangulado
sai-lhe das entranhas e engrossa até se alongar, como um uivo de animal solitário.
25 Quando consegue dominar-se, entra na venda, arrastando os pés. E, sem pressen-
tir que aquela noite é a véspera de um extraordinário acontecimento, lá se vai deitar
o Batola, derrotado por mais um dia.
“Sempre é uma companhia”, in Manuel da Fonseca, O fogo e as cinzas,
Lisboa, Editorial Caminho, 2011, pp. 150-151.

1 Descreva o espaço físico e social em que se desenrola a ação, tal como é perspetivado
por Batola.

2 Enuncie três traços caracterizadores dos habitantes de Alcaria, fundamentando a res-


posta com citações textuais pertinentes.
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3 Identifique o recurso expressivo presente na expressão “Carregado de tristeza, o en-


tardecer demora anos” (l. 12), comentando o seu valor.

107
ANÁLISE TEXTUAL — CONTOS

GRUPO II

Leia as seguintes estrofes de um poema de Cesário Verde.

Homens de carga! Assim as bestas vão curvadas!


Que vida tão custosa! Que diabo!
E os cavadores descansam as enxadas,
E cospem nas calosas mãos gretadas,
5 Para que não lhes escorregue o cabo.

Povo! No pano cru rasgado das camisas


Uma bandeira penso que transluz!
Com ela sofres, bebes, agonizas:
Listrões de vinho lançam-lhe divisas,
10 E os suspensórios traçam-lhe uma cruz!

D’escuro, bruscamente, ao cimo da barroca,


Surge um perfil direito que se aguça;
E ar matinal de quem saiu da toca,
Uma figura fina, desemboca, Gustave Courbet, Os quebradores de pedras,
15 Toda abafada num casaco à russa. 1840 (pormenor).

D’onde ela vem! A atriz que eu tanto cumprimento;


E a quem, à noite, na plateia, atraio
Os olhos lisos como polimento!
Com seu rostinho estreito, friorento,
20 Caminha agora para o seu ensaio.
“Cristalizações”, in Cesário Verde, Cânticos do Realismo. O livro de Cesário Verde (coord. Carlos Reis,
introdução e nota biobibliográfica de Helena Carvalhão Buescu), Lisboa, INCM, 2015.

1 Identifique e caracterize os tipos sociais referenciados no poema.

2 Explicite os sentimentos do sujeito poético expressos nas frases exclamativas dos


versos 1 e 2.

3 Comprove que o sujeito poético descreve uma realidade contrastiva.

4 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


Na descrição do espaço citadino, Cesário Verde serve-se de diversas sensações,
nomeadamente da a. (“E cospem nas calosas mãos gretadas”, v. 4), da
b. (“D’escuro, bruscamente ao cimo da barroca”, v. 11); e, para caracterizar
c. , por quem se sente atraído, recorre à d. (“olhos lisos… / Com seu
rostinho estreito, friorento”, vv. 18-19).
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a. b. c. d.

1. auditiva 1. visual 1. a atriz 1. comparação


2. visual 2. tátil 2. o povo 2. adjetivação
3. tátil 3. auditiva 3. os cavadores 3. anáfora

108
CONTOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 6
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o texto.

Queria estar sempre pronta para partir sem que os objetos a envolvessem, a seguras-
sem, a obrigassem a demorar-se mais um dia que fosse. Disponível, pensava. Senhora
de si. Para partir, para chegar. Mesmo para estar onde estava.
Os pais não sabiam compreender esse desejo de liberdade, por isso se foi um dia
5 com uma velha mala de cabedal riscado, não havia outra lá em casa. Mas prefere não
pensar nos primeiros tempos. E as suas malas agora são caras, leves, malas de voar,
e com rodinhas.
A outra está perto. Se houve um momento de nitidez no seu rosto, ele já passou,
George não deu por isso. Está novamente esfumado. A proximidade destrói ultimamente
10 as imagens de George, por isso a vai vendo pior à medida que ela se aproxima. É certo
que podia pôr os óculos, mas sabe que não vale a pena tal trabalho. Param ao mesmo
tempo, espantam-se em uníssono, embora o espanto seja relativo, um pequeno espanto
inverdadeiro, preparado com tempo.
− Tu?
15 − Tu, Gi?
Tão jovem, Gi. A rapariguinha frágil, um vime, que ela tem levado a vida inteira a pin-
tar, primeiro à maneira de Modigliani, depois à sua própria maneira, à de George, pintora
já com nome nos marchands das grandes cidades da Europa. Gi com um pregador de
oiro que um dia ficou, por tuta e meia, num penhorista qualquer de Lisboa. Em tempos
20 tão difíceis.
− Vim vender a casa.
− Ah, a casa.
É esquisito não lhe causar estranheza que Gi continue tão jovem que podia ser sua
filha. Quieta, de olhar esquecido, vazio, e que não se espante com a venda assim anun-
25 ciada, tão subitamente, sem preparação, da casa onde talvez ainda more.
− Que pensas fazer, Gi?
− Partir, não é? Em que se pode pensar aqui, neste cu de Judas, senão em partir?
Ainda não me fui embora por causa do Carlos, mas... O Carlos pertence a isto, nunca se
irá embora. Só a ideia o apavora, não é?
30 − Sim. Só a ideia.
− Ri-se de partir, como nós nos rimos de uma coisa impossível, de uma ideia louca.
Quer comprar uma terra, construir uma casa a seu modo. Recebeu uma herança e só
sonha com isso. Creio que é a altura de eu...
− Creio que sim.
35 − Pois não é verdade?
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− Ainda desenhas?
− Se não desenhasse dava em maluca. E eles acham que eu tenho muito jeitinho, que
hei de um dia ser uma boa senhora da vila, uma esposa exemplar, uma mãe perfeita, tudo
isso com muito jeito para o desenho. Até posso fazer retratos das crianças quando tiver
40 tempo, não é verdade?

109
ANÁLISE TEXTUAL — CONTOS

− É o que eles acham, não é?


− A mãe está a acabar o meu enxoval.
− Eu sei.
Maria Judite de Carvalho, “George” in Conto português. Séculos XIX-XXI – Antologia crítica, vol. 3
(coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins), Porto, Edições Caixotim, 2011, pp. 115-120.

1 Explicite duas perspetivas de vida presentes no texto.

2 Demonstre que Gi é uma recordação de George e não uma figura fisicamente real.

3 Aponte as razões que levaram Gi a terminar o relacionamento com o namorado, funda-


mentando a resposta com citações textuais pertinentes.

GRUPO II

Leia o seguinte poema.

O palácio da ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.


Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

5 Mas já desmaio, exausto e vacilante,


Quebrada a espada já, rota a armadura…
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:


10 Eu sou o Vagabundo, o Deserdado
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d’ouro, com fragor…


Mas dentro encontro só, cheio de dor, Honoré Daumier, Dom Quixote, 1868.
Silêncio e escuridão – e nada mais!
Antero de Quental, Poesia completa (org. e pref. de Fernando Pinto do Amaral),
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2001, p. 248.
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1 Demonstre que o tom eufórico da composição alterna com o tom disfórico.

2 Identifique o recurso expressivo presente no verso 2, explicitando o seu valor.

110
POETAS CONTEMPORÂNEOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 7
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o poema.

Apenas um corpo

Respira. Um corpo horizontal,


tangível, respira.
Um corpo nu, divino,
respira, ondula, infatigável.

5 Amorosamente toco o que resta dos deuses.


As mãos seguem a inclinação
do peito e tremem,
pesadas de desejo.

Um rio interior aguarda.


10 Aguarda um relâmpago, Edvard Munch, O sol, 1911.
um raio de sol,
outro corpo.

Se encosto o ouvido à sua nudez,


uma música sobe,
15 ergue-se do sangue,
prolonga outra música.

Um novo corpo nasce,


nasce dessa música que não cessa,
desse bosque rumoroso de luz,
20 debaixo do meu corpo desvelado.
Eugénio de Andrade, in Poesia de Eugénio de Andrade,
s/l, Fundação Eugénio de Andrade, 2000, p. 75.

1 Interprete os efeitos de sentido decorrentes da repetição da forma verbal “respira”,


na primeira estrofe do poema.

2 Explicite o sentido do verso “Amorosamente toco o que resta dos deuses” (v. 5).

3 Proceda à análise formal do poema, mencionando a variedade estrófica e métrica,


o esquema rimático e os tipos de rima, e inferindo o seu contributo para o sentido
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do poema.

111
ANÁLISE TEXTUAL — POETAS CONTEMPORÂNEOS

GRUPO II

Leia o poema. Se necessário, consulte a nota.

Poema VII

Oh! o noivado bárbaro! o noivado


Sublime! aonde os céus, os céus ingentes1,
Serão leito de amor, tendo pendentes
Os astros por dossel e cortinado!

5 As bodas do Desejo, embriagado


De ventura, afinal! Visões ferventes
De quem nos braços vai de ideias ardentes
Por espaços sem termo arrebatado!

Lá, por onde se perde a fantasia


10 No sonho da beleza; lá, aonde
A noite tem mais luz que o nosso dia;
Vincent van Gogh, A noite estrelada, 1889.
Lá, no seio da eterna claridade,
Aonde Deus à humana voz responde,
É que te havemos de abraçar, Verdade!
Antero de Quental, Poesia completa (org. e pref. de Fernando Pinto do Amaral),
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2001, p. 263.

1
enormes, desmedidos

1 Esclareça o sentido da forma deítica “Lá” (v. 9), em paralelismo anafórico nos tercetos,
caracterizando o espaço que poderá retratar.

2 Identifique o recurso expressivo que inicia e finaliza o soneto, explicitando o seu valor
semântico.

3 Selecione a opção que completa corretamente a afirmação.


Ao longo do soneto, o sujeito poético revela
A. estar, vagamente, à procura da Verdade.
B. precisar da luz eterna.
C. necessitar da morte para encontrar a Verdade.
D. a alegria por, finalmente, encontrar a Verdade.
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112
POETAS CONTEMPORÂNEOS
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 8
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o poema.

S. Leonardo da Galafura

À proa dum navio de penedos,


A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
5 S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
10 É num antecipado desengano
Que ruma em direção ao cais divino.

Lá não terá socalcos


Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
15 Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
20 Até onde se extinga a cor da vida.
Caspar David Friedrich, O viajante sobre o mar de névoa,
1818.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
25 E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
“Diário IX [1964]”, in Miguel Torga, Antologia poética,
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2014, p. 352.

1 Interprete o sentido dos versos 9 a 11, relacionando-os com o verso 8.


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2 Identifique o recurso expressivo presente no verso 14, explicitando o seu valor semân-
tico.

3 Comprove que o apego à terra é uma ideia que percorre todo o poema.

113
ANÁLISE TEXTUAL — POETAS CONTEMPORÂNEOS

GRUPO II

Leia a seguinte cantiga de amigo. Se necessário, consulte a nota.

Sedia-m’eu1 na ermida de San Simión


e cercaron-mi-as ondas que grandes son.
Eu atendend´2 o meu amigu´! E verrá?

Estando na ermida, ant’3 o altar,


5 cercaron-mi-as ondas grandes do mar.
Eu atenden[d´ o meu amigu´! E verrá?]

E cercaron-mi-as ondas que grandes son:


non ei4 [i] barqueiro nen remador.
Eu [atendend´ o meu amigu´! E verrá?]

10 E cercaron-mi-as ondas do alto mar:


non ei[ ]i barqueiro nen sei remar.
Eu aten[dend´ o meu amigu´! E verrá?]

Non ei i barqueiro nen remador:


morrerei [eu], fremosa, no mar maior.5
15 Eu aten[dend´ o meu amigu´! E verrá?]

Non ei [i] barqueiro nen sei remar: Codex Manesse.


morrerei eu, fremosa, no alto mar.
Eu [atendend´ o meu amigu´! E verrá?]

Mendinho, B 852/V 438

Mercedes Brea (coord.), Lírica profana galego-portuguesa,


Santiago de Compostela, Xunta de Galicia, 1996.

1
estava eu; 2 esperando; 3 diante; 4 tenho; 5 alto

1 Refira o assunto da cantiga.

2 Caracterize o estado de espírito do sujeito da enunciação.

3 Selecione a opção que completa corretamente a afirmação.


Através do refrão, percebe-se que
A. a donzela está tranquila à espera do amigo.
B. a solidão e o medo se apoderam da donzela.
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C. a donzela não desiste de esperar o amigo.


D. o barqueiro se esqueceu da donzela.

114
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 9
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia com atenção o excerto de Memorial do convento.

Uma vez por outra, Blimunda levanta-se mais cedo, antes de comer o pão de todas as manhãs, e,
deslizando ao longo da parede para evitar pôr os olhos em Baltasar, afasta o pano e vai inspecionar
a obra feita, descobrir a fraqueza escondida do entrançado, a bolha de ar no interior do ferro, e, aca-
bada a vistoria, fica enfim a mastigar o alimento, pouco a pouco se tornando tão cega como a outra
5 gente que só pode ver o que à vista está. Quando isto fez pela primeira vez e Baltasar depois disse
ao padre Bartolomeu Lourenço, Este ferro não serve, tem uma racha por dentro, Como é que sabes,
Foi Blimunda que viu, o padre virou-se para ela, sorriu, olhou um e olhou outro, e declarou, Tu és
Sete-Sóis porque vês às claras, tu serás Sete-Luas porque vês às escuras, e, assim, Blimunda, que
até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete-Luas, e bem batizada estava, que
10 o batismo foi de padre, não alcunha de qualquer um. Dormiram nessa noite os sóis e as luas abraça-
dos, enquanto as estrelas giravam devagar no céu, Lua onde estás, Sol aonde vais.
Quando calha, vem o padre Bartolomeu Lourenço experimentar aqui os sermões que compôs, pela
bondade do eco que as paredes têm, o bastante apenas para ficar redonda a palavra, sem a resso-
nância excessiva que encavala os sons e acaba por empastar o sentido. Assim é que deviam soar as
15 imprecações dos profetas no deserto ou nas praças públicas, lugares sem paredes ou que as não têm
próximas, e por isso inocentes das leis da acústica, está a graça no órgão que profere a palavra, não
nos ouvidos que a ouvem ou nos muros que a devolvem. Porém, esta religião é de oratório mimoso,
com anjos carnudos e santos arrebatados, e muitas agitações de túnica, roliços braços, coxas adivinha-
das, peitos que arredondam, revirações dos olhos, tanto está sofrendo quem goza como está gozando
20 quem sofre, por isso é que não vão os caminhos dar todos a Roma, mas ao corpo. Esforça-se o padre
na oratória, tanto mais que logo ali está quem o ouça, mas, ou por efeito intimidativo da passarola ou
por frieza egoísta dos auditores, ou por faltar o ambiente eclesial, as palavras não voam, não retum-
bam, enredam-se umas pelas outras, parece impróprio que tenha o padre Bartolomeu Lourenço tão
grande fama de orador sacro, ao ponto de o terem comparado ao padre António Vieira, que Deus haja e
25 o Santo Ofício houve. Aqui ensaiou o padre Bartolomeu Lourenço o sermão que foi pregar a Salvaterra
de Magos, estando lá el-rei e a corte, aqui está provando agora o que pregará na festa dos desponsórios
de S. José, que lho encomendaram os dominicanos, afinal não lhe desaproveita muito a fama que tem
de voador e extravagante, que até os filhos de S. Domingos o requestam, de el-rei não falemos, que
sendo tão moço ainda gosta de brinquedos, por isso protege o padre, por isso se diverte tanto com as
30 freiras nos mosteiros e as vai emprenhando, uma após outra, ou várias ao mesmo tempo, que quando
acabar a sua história se hão de contar por dezenas os filhos assim arranjados, coitada da rainha, que
seria dela se não fosse o seu confessor António Stieff, jesuíta, por lhe ensinar resignação, e os sonhos
em que lhe aparece o infante D. Francisco com marinheiros mortos pendurados dos arções das mulas,
e que seria do padre Bartolomeu Lourenço se aqui entrassem os dominicanos […].
José Saramago, Memorial do convento, 63.a ed., Porto, Porto Editora, 2022, cap. IX, pp. 96-98.
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1 Explique a simbologia associada aos nomes Sete-Sóis e Sete-Luas.

2 Estabeleça o contraste entre a relação do rei e da rainha e a de Baltasar e Blimunda.

3 Explique por que razão se pode afirmar que o padre Bartolomeu Lourenço é uma figura
controversa.

115
ANÁLISE TEXTUAL — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

GRUPO II

Leia o excerto seguinte do “Sermão de Santo António”.

Vos estis sal terrae (Mt 5).


“Vós”, diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, “sois o sal da terra”; e chama-lhes sal
da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas
quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela, que têm ofício de sal, qual
será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se
5 não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os Pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou
porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina, que lhes dão, a não que-
rem receber; ou é porque o sal não salga, e os Pregadores dizem uma coisa, e fazem outra; ou porque
a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que eles
dizem; ou é porque o sal não salga, e os Pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou porque a terra
10 se não deixa salgar, e os ouvintes em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto
verdade? Ainda mal!
Suposto pois que, ou o sal não salgue, ou a terra se não deixe salgar; que se há de fazer a este sal, e
que se há de fazer a esta terra? O que se há de fazer ao sal, que não salga, Cristo o disse logo: Quod si
sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras, et conculcetur ab hominibus
15 [Mateus 5, 13]. Se o sal perder a substância, e a virtude, e o Pregador faltar à doutrina, e ao exemplo,
o que se lhe há de fazer é lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado de todos. Quem se atrevera
a dizer tal coisa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno
de reverência, e de ser posto sobre a cabeça, que o Pregador, que ensina, e faz o que deve; assim é
merecedor de todo o desprezo, e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra, ou com a vida
20 prega o contrário.
Isto é o que se deve fazer ao sal, que não salga. E à terra, que se não deixa salgar, que se lhe há de
fazer? Este ponto não resolveu Cristo Senhor nosso no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução do
nosso grande Português Santo António, que hoje celebramos, e a mais galharda, e gloriosa resolução,
que nenhum Santo tomou. Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino, contra os Hereges,
25 que nela eram muitos; e como erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia
fruto o Santo, mas chegou o Povo a se levantar contra ele, e faltou pouco para que lhe não tirassem
a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó dos sapatos, como
Cristo aconselha em outro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer esta protestação,
e uns pés, a que se não pegou nada da terra, não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia?
30 Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência, ou a covardia
humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos.
Pois que fez? Mudou somente o púlpito, e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças,
vai-se às praias, deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: “Já que me não querem
ouvir os homens, ouçam-me os peixes”. Oh maravilhas do Altíssimo! Oh poderes do que criou o mar, e
35 a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, os pe-
quenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava, e eles ouviam.
Padre António Vieira, Obra completa (dir. José Eduardo Franco e Pedro Calafate),
tomo II, vol. X, Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp. 137-138.
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1 Explique a intencionalidade da estrutura paralelística e anafórica presente no primeiro


parágrafo do texto.

2 Evidencie a intenção persuasiva e a exemplaridade do discurso de Vieira.

116
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 10
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.

Foram as ordens, vieram os homens. De sua própria vontade alguns, aliciados pela promessa de
bom salário, por gosto de aventura outros, por desprendimento de afetos também, à força quase
todos. Deitava-se o pregão nas praças, e, sendo escasso o número de voluntários, ia o corregedor pelas
ruas, acompanhado dos quadrilheiros1, entrava nas casas, empurrava os cancelos dos quintais, saía ao
5 campo a ver onde se escondiam os relapsos, ao fim do dia juntava dez, vinte, trinta homens, e quando
eram mais que os carcereiros atavam-nos com cordas, variando o modo, ora presos pela cintura uns
aos outros, ora com improvisada pescoceira, ora ligados pelos tornozelos, como galés ou escravos. Em
todos os lugares se repetia a cena, Por ordem de sua majestade, vais trabalhar na obra do convento
de Mafra, e se o corregedor era zeloso, tanto fazia que estivesse o requisitado na força da vida como já
10 lhe escorregasse o rabo da tripeça2, ou pouco mais fosse que menino. Recusava-se o homem primeiro,
fazia menção de escapar, apresentava pretextos, a mulher no fim do tempo, a mãe velha, um rancho
de filhos, a parede em meio, a arca por confortar, o alqueive3 necessário, e se começava a dizer as
suas razões não as acabava, deitavam-lhe a mão os quadrilheiros, batiam-lhe se resistia, muitos eram
metidos ao caminho a sangrar.
15 Corriam as mulheres, choravam, e as crianças acresciam o alarido, era como se andassem os cor-
regedores a prender para a tropa ou para a Índia. Reunidos na praça de Celorico da Beira, ou de Tomar,
ou em Leiria, em Vila Pouca ou Vila Muita, na aldeia sem mais nome que saberem-no os moradores de
lá, nas terras da raia ou da borda do mar, ao redor dos pelourinhos, no adro das igrejas, em Santarém
e Beja, em Faro e Portimão, em Portalegre e Setúbal, em Évora e Montemor, nas montanhas e na
20 planície, e em Viseu e Guarda, em Bragança e Vila Real, em Miranda, Chaves e Amarante, em Vianas
e Póvoas, em todos os lugares aonde pôde chegar a justiça de sua majestade, os homens, atados como
reses4, folgados apenas quanto bastasse para não se atropelarem, viam as mulheres e os filhos im-
plorando o corregedor, procurando subornar os quadrilheiros com alguns ovos, uma galinha, míseros
expedientes que de nada serviam, pois a moeda com que el-rei de Portugal cobra os seus tributos é o
25 ouro, é a esmeralda, é o diamante, é a pimenta e a canela, é o marfim e o tabaco, é o açúcar e a sucu-
pira5, lágrimas não correm na alfândega. E se para isso tiveram tempo, quadrilheiros houve que se go-
zaram das mulheres dos presos, que a tanto se sujeitaram as pobres para não perder os seus maridos,
porém desesperadas os viam depois partir, enquanto os aproveitadores se riam delas, Maldito sejas
até à quinta geração, de lepra se te cubra o corpo todo, puta vejas a tua mãe, puta a tua mulher, puta
30 a tua filha, empalado sejas do cu até à boca, maldito, maldito, maldito. Já vai andando a récua6 dos
homens de Arganil, acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo,
Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo
desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os montes de mais perto
respondiam, quase movidos de alta piedade, enfim já os levados se afastam, vão sumir-se na volta do
35 caminho, rasos de lágrimas os olhos, em bagadas caindo aos mais sensíveis, e então uma grande voz
se levanta, é um labrego de tanta idade já que o não quiseram, e grita subido a um valado que é púlpito
de rústicos, Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça, e tendo assim clamado,
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veio dar-lhe o quadrilheiro uma cacetada na cabeça, que ali mesmo o deixou por morto.
José Saramago, Memorial do convento,
63.a ed., Porto, Porto Editora, 2022, cap. XXI, pp. 323-325.

1
soldados que faziam a ronda das ruas; 2 ter idade avançada; 3 terra que se lavra e se deixa em pousio, para que descanse;
4
animais quadrúpedes; 5 árvore leguminosa do Brasil; 6 fileira de bestas de carga

117
ANÁLISE TEXTUAL — MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

1 Demonstre de que forma este excerto espelha a prepotência e a megalomania do rei


D. João V, contextualizando-o na estrutura da obra.

2 Justifique a relação de intertextualidade estabelecida com o episódio do “Velho


do Restelo”, de Os Lusíadas.

3 Explicite a importância da personagem povo em Memorial do convento.

GRUPO II

Leia o excerto seguinte do capítulo 148 da Crónica de D. João I. Se necessário,


consulte as notas.

Das tribulações que Lixboa padecia per mingua de mantiimentos


Na cidade nom havia triigo pera vender, e se o havia, era mui pouco e tam caro que as pobres gen-
tes nom podiam chegar a ele; ca1 valia o alqueire quatro livras; e o alqueire do milho quarenta soldos;
e a canada2 do vinho tres e quatro livras; e padeciam mui apertadamente, ca dia havia i que, ainda que
5 dessem por uũ pam ũa dobra, que o nom achariam a vender; e começarom de comer pam de bagaço
d’azeitona, e dos queijos3 das malvas e raizes d’ervas, e doutras desacostumadas cousas, pouco ami-
gas da natureza; e taes i havia que se mantiinham em alféloa4. No logar u5 costumavom vender o triigo,
andavom homẽes e moços esgaravatando a terra; e se achavom alguũs grãos de triigo, metiam-nos na
boca sem teendo outro mantimento; outros se fartavom d’ervas, e beviam tanta agua, que achavom
10 mortos homẽes e cachopos jazer inchados nas praças e em outros logares.
Das carnes, isso meesmo, havia em ela grande mingua6; e se alguũs criavom porcos, mantii-
nham-se em eles7; e pequena posta de porco, valia cinco e seis livras, que era ũa dobra castelãa;
e a galinha quareenta soldos; e a duzia dos ovos, doze soldos; e se almogáveres8 tragiam alguũs
bois, valia cada uũ sateenta livras, que eram catorze dobras cruzadas, valendo entom a dobra cinco e
15 seis livras; e a cabeça e as tripas, ũa dobra; assi que os pobres per mingua de dinheiro, nom comiam
carne e padeciam mal; e começarom de comer as carnes das bestas, e nom soomente os pobres
e minguados, mas grandes pessoas da cidade, lazerando 9, nom sabiam que fazer; e os geestos
mudados com fame10, bem mostravom seus encubertos padecimentos. Andavom os moços de tres
e de quatro anos pedindo pam pela cidade por amor de Deos, como lhes ensinavam suas madres,
20 e muitos nom tiinham outra cousa que lhe dar senom lagrimas que com eles choravom que era triste
cousa de veer; e se lhes davom tamanho pam come ũa noz, haviam-no por grande bem. […]
Toda a cidade era dada a nojo12, chea de mezquinhas querelas, sem neuũ prazer que i houvesse: uũs
com gram mingua do que padeciam; outros havendo doo dos atribulados; e isto nom sem razom, ca se
é triste e mezquinho o coraçom cuidoso13 nas cousas contrairas que lhe aviinr podem, veede que fariam
25 aqueles que as continuadamente tam presentes tinham? Pero14 com todo esto, quando repicavom,
neuũ nom mostrava que era faminto, mas forte e rijo contra seus ẽmigos15.
Fernão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica), Crónica de D. João I de Fernão Lopes (textos escolhidos),
ed. Revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992, cap. 148.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

1
porque; 2 antiga medida para líquidos; 3 bolbos; 4 melaço cristalizado; 5 onde; 6 falta; 7 viviam deles (dos porcos);
8
negociantes de gado; 9 passando fome; 10 fome; 11 preces; 12 tristeza, aborrecimento; 13 preocupado; 14 contudo; 15 inimigos

1 Contextualize o excerto na estrutura da obra.

2 Demonstre de que forma o excerto evidencia a consciência coletiva do povo.

118
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 11
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia com atenção o excerto de O ano da morte de Ricardo Reis. Se necessário, consulte as notas.

Ricardo Reis aconchega a gabardina ao corpo, friorento, atravessa de cá para lá, por outras ala-
medas regressa, agora vai descer a Rua do Século, nem sabe o que o terá decidido, sendo tão ermo e
melancólico o lugar, alguns antigos palácios, casas baixinhas, estreitas, de gente popular, ao menos
o pessoal nobre de outros tempos não era de melindres, aceitava viver paredes meias com o vulgo,
5 ai de nós, pelo caminho que as coisas levam, ainda veremos bairros exclusivos, só residências, para
a burguesia de finança e fábrica, que então terá engolido da aristocracia o que resta, com garagem
própria, jardim à proporção, cães que ladrem violentamente ao viajante, até nos cães se há de notar a
diferença, em eras distantes tanto mordiam a uns como a outros.
Vai Ricardo Reis descendo a rua, sem nenhuma pressa, […] e agora nesta rua, apesar de tão sosse-
10 gada, sem comércio, com raras oficinas, há grupos que passam, todos que descendo vão, gente pobre,
alguns mais parecem pedintes, famílias inteiras, com os velhos atrás, a arrastar a perna, o coração a
rasto, as crianças puxadas aos repelões pelas mães, que são as que gritam, Mais depressa, senão aca-
ba-se. O que se acabou foi o sossego, a rua já não é a mesma, os homens, esses, disfarçam, simulam
a gravidade que a todo o chefe de família convém, vão no seu passo como quem traz outro fito ou não
15 quer reconhecer este, e juntamente desaparecem, uns após outros, no próximo cotovelo da rua […].
Diante de Ricardo Reis aparece uma multidão negra que enche a rua em toda a largura […]. Ricardo
Reis aproxima-se, pede licença para passar, […] alcançou o meio da rua, está defronte da entrada do
grande prédio do jornal O Século, o de maior expansão e circulação, a multidão alarga-se, mais folgada,
pela meia-laranja que com ele entesta, respira-se melhor, só agora Ricardo Reis deu por que vinha
20 a reter a respiração para não sentir o mau cheiro, ainda há quem diga que os pretos fedem, o cheiro
do preto é um cheiro de animal selvagem, não este odor de cebola, alho e suor recozido, de roupas
raro mudadas, de corpos sem banho ou só no dia de ir ao médico, qualquer pituitária1 medianamente
delicada se teria ofendido na provação deste trânsito. À entrada estão dois polícias, aqui perto outros
dois que disciplinam o acesso, a um deles vai Ricardo Reis perguntar, Que ajuntamento é este, senhor
25 guarda, e o agente de autoridade responde com deferência, vê-se logo que o perguntador está aqui
por um acaso, É o bodo2 do Século, Mas é uma multidão, Saiba vossa senhoria que se calculam em
mais de mil os contemplados, Tudo gente pobre, Sim senhor, tudo gente pobre, dos pátios e barracas,
Tantos, E não estão aqui todos, Claro, mas assim todos juntos, ao bodo, faz impressão, A mim não, já
estou habituado, E o que é que recebem, A cada pobre calha dez escudos, Dez escudos, É verdade, dez
30 escudos, e os garotos levam agasalhos, e brinquedos, e livros de leitura, Por causa da instrução, Sim
senhor, por causa da instrução, Dez escudos não dá para muito, Sempre é melhor que nada, Lá isso é
verdade, Há quem esteja o ano inteiro à espera do bodo, deste e dos outros, olhe que não falta quem
passe o tempo a correr de bodo para bodo […].
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis, Porto, Porto Editora, 2021, cap. III, pp. 72-74, 75-76.

1
membrana mucosa que reveste as cavidades nasais; 2 distribuição solene de alimentos, e, por extensão, de dinheiro e roupas,
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

a necessitados

1 Demonstre que neste excerto se assiste a uma deambulação geográfica.

2 Explicite de que forma o bodo do Século a que Reis assiste espelha o Portugal de 1936.

3 Evidencie a relação intertextual que se pode estabelecer com Cesário Verde.

119
ANÁLISE TEXTUAL — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO

GRUPO II

Leia o poema.

Dez horas da manhã; os transparentes Há colos, ombros, bocas, um semblante


Matizam uma casa apalaçada; Nas posições de certos frutos. E entre
Pelos jardins estancam-se as nascentes, As hortaliças, túmido, fragrante,
E fere a vista, com brancuras quentes, Como d’alguém que tudo aquilo jante,
5 A larga rua macadamizada. 35 Surge um melão, que me lembrou um ventre.

[…]
E, como um feto, enfim, que se dilate,
Como é saudável ter o seu conchego, Vi nos legumes carnes tentadoras,
E a sua vida fácil! Eu descia, Sangue na ginja vívida, escarlate,
Sem muita pressa, para o meu emprego, Bons corações pulsando no tomate
Aonde agora quase sempre chego 40 E dedos hirtos, rubros, nas cenouras.
10 Com as tonturas d’uma apoplexia.
[…]

E rota, pequenina, azafamada, E enquanto sigo para o lado oposto,


Notei de costas uma rapariga, E ao longe rodam umas carruagens,
Que no xadrez marmóreo d’uma escada, A pobre afasta-se, ao calor de agosto,
Como um retalho de horta aglomerada, Descolorida nas maçãs do rosto,
15 Pousara, ajoelhando, a sua giga. 45 E sem quadris na saia de ramagens.

[…] […]

Subitamente, – que visão de artista! – E pitoresca e audaz, na sua chita,


Se eu transformasse os simples vegetais, O peito erguido, os pulsos nas ilhargas,
À luz do sol, o intenso colorista, D’uma desgraça alegre que me incita,
Num ser humano que se mova e exista Ela apregoa, magra, enfezadita,
20 Cheio de belas proporções carnais?! 50 As suas couves repolhudas, largas.

[…]
E, como as grossas pernas d’um gigante,
E eu recompunha, por anatomia, Sem tronco, mas atléticas, inteiras,
Um novo corpo orgânico, aos bocados. Carregam sobre a pobre caminhante,
Achava os tons e as formas. Descobria Sobre a verdura rústica, abundante,
Uma cabeça numa melancia, 55 Duas frugais abóboras carneiras.
25 E nuns repolhos seios injetados. Lisboa, verão de 1877

“Num bairro moderno”, in Cesário Verde,


As azeitonas, que nos dão o azeite, Cânticos do Realismo. O livro de Cesário Verde,
Negras e unidas, entre verdes folhos, Lisboa, INCM, 2015.
São tranças d’um cabelo que se ajeite;
E os nabos – ossos nus, da cor do leite,
30 E os cachos d’uvas – os rosários d’olhos.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

1 Identifique, comentando o seu valor semântico, o recurso expressivo presente em


“E fere a vista, com brancuras quentes, / A larga rua macadamizada” (vv. 4-5).

2 Explique, justificando com elementos textuais, por que razão se pode afirmar que neste
poema se assiste à transfiguração poética do real.

120
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
ANÁLISE
ESCOLA: DATA: / / TEXTUAL 12
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

Leia o excerto. Se necessário,


consulte a nota.

Ricardo Reis não saiu para jantar […]. Já passava das onze
horas, desceu ao jardim para olhar os barcos uma vez mais, deles viu
apenas as luzes de posição, agora nem sequer sabia distinguir entre avisos1
e contratorpedeiros. Era o único ser vivo no Alto de Santa Catarina, com
5 o Adamastor já não se podia contar, estava concluída a sua petrificação,
a garganta que ia gritar não gritará, a cara mete horror olhá-la. Voltou Ricardo
Reis para casa, certamente não vão sair de noite, à ventura, com risco de
encalhe. Deitou-se, meio despido, adormeceu tarde, acordou, tornou a ador-
mecer, tranquilizado pelo grande silêncio que havia na casa, a primeira luz
10 da manhã entrava pelas frinchas da janela quando despertou, nada acon-
tecera durante a noite, agora que outro dia começara parecia impossível
que alguma coisa pudesse acontecer. Recriminou-se pelo despropósito de
dormir vestido, só descalçara os sapatos e tirara o casaco e a gravata, Vou
tomar um banho, disse, baixara-se para procurar os chinelos debaixo da
15 cama, então ouviu o primeiro tiro de peça. Quis acreditar que se enganara,
talvez tivesse caído qualquer objeto muito pesado no andar de baixo, um
móvel, a dona da casa com um desmaio, mas outro tiro soou, as vidraças
estremeceram, são os barcos que estão a bombardear a cidade. Abriu a
janela, na rua havia pessoas assustadas, uma mulher gritou, Ai que é uma
20 revolução, e largou a correr, calçada acima, na direção do jardim. Ricardo
Reis calçou-se rapidamente, enfiou o casaco, ainda bem que não se despira,
parecia que adivinhava […]. Quando Ricardo Reis chegou ao jardim havia
já muitas pessoas, morar aqui perto era um privilégio, não há melhor sítio
em Lisboa para ver entrar e sair os barcos. Não eram os navios de guerra
25 que estavam a bombardear a cidade, era o forte de Almada que disparava
contra eles. Contra um deles. Ricardo Reis perguntou, Que barco é aquele,
teve sorte, calhou dar com um entendido, É o Afonso de Albuquerque. […]
Durante toda a tarde, Lídia não apareceu. Na hora da distribuição dos
vespertinos Ricardo Reis saiu para comprar o jornal. Percorreu rapida-
30 mente os títulos da primeira página, procurou a continuação da notícia na página central dupla, ou-
tros títulos, ao fundo, em normando, Morreram doze marinheiros, e vinham os nomes, as idades,
Daniel Martins de vinte e três anos, Ricardo Reis ficou parado no meio da rua, com o jornal aberto
[…]. É quase noite. Diz o jornal que os presos foram levados primeiro para o Governo Civil, de-
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pois para a Mitra, que os mortos, alguns por identificar, se encontram no necrotério. Lídia andará
35 à procura do irmão, ou está em casa da mãe, chorando ambas o grande e irreparável desgosto.
Então bateram à porta. Ricardo Reis correu, foi abrir já prontos os braços para recolher a lacrimosa
mulher, afinal era Fernando Pessoa, Ah, é você, Esperava outra pessoa, Se sabe o que aconteceu, deve
calcular que sim, creio ter-lhe dito um dia que a Lídia tinha um irmão na Marinha, Morreu, Morreu.

121
ANÁLISE TEXTUAL — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO

Estavam no quarto, Fernando Pessoa sentado aos pés da cama, Ricardo Reis numa cadeira. Anoite-
40 cera por completo. […] Fernando Pessoa tinha as mãos sobre o joelho, os dedos entrelaçados, estava
de cabeça baixa. Sem se mexer, disse, Vim cá para lhe dizer que não tornaremos a ver-nos, Porquê,
O meu tempo chegou ao fim, lembra-se de eu lhe ter dito que só tinha para uns meses, Lembro-me,
Pois é isso, acabaram-se. Ricardo Reis subiu o nó da gravata, levantou-se, vestiu o casaco. Foi à mesa
de cabeceira buscar The god of the labyrinth, meteu-o debaixo do braço, Então vamos, disse, Para
45 onde é que você vai, Vou consigo, Devia ficar aqui, à espera da Lídia, Eu sei que devia, Para a consolar
do desgosto de ter ficado sem o irmão, Não lhe posso valer, E esse livro, para que é, Apesar do tempo
que tive, não cheguei a acabar de lê-lo, Não irá ter tempo, Terei o tempo todo, Engana-se, a leitura é a
primeira virtude que se perde, lembra-se. Ricardo Reis abriu o livro, viu uns sinais incompreensíveis,
uns riscos pretos, uma página suja, Já me custa ler, disse, mas mesmo assim vou levá-lo, Para quê,
50 Deixo o mundo aliviado de um enigma. Saíram de casa, Fernando Pessoa ainda observou, Você não
trouxe chapéu, Melhor do que eu sabe que não se usa lá. Estavam no passeio do jardim, olhavam as
luzes pálidas do rio, a sombra ameaçadora dos montes. Então vamos, disse Fernando Pessoa, Vamos,
disse Ricardo Reis. O Adamastor não se voltou para ver, parecia-lhe que desta vez ia ser capaz de dar
o grande grito. Aqui, onde o mar se acabou e a terra espera.
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,
Porto, Porto Editora, 2021, cap. XIX, pp. 486-487, 492-494.

1
navios de guerra, pequenos e velozes

1 Exponha a situação política de Portugal em 1936, baseando-se no excerto e no conhe-


cimento que possui da obra.

2 Identifique, explicando o seu sentido, as relações intertextuais estabelecidas com


Camões.

3 Explique a metáfora subjacente ao título do livro que Ricardo Reis faz questão de levar
consigo.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

122
ANÁLISE TEXTUAL — O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO

GRUPO II

Leia o poema.

Trova do vento que passa


A António Portugal
Pergunto ao vento que passa Vi navios a partir
notícias do meu país (Portugal à flor das águas)
e o vento cala a desgraça 35 vi minha trova florir
o vento nada me diz. (verdes folhas verdes mágoas).

5 Pergunto aos rios que levam Há quem te queira ignorada


tanto sonho à flor das águas e fale pátria em teu nome.
e os rios não me sossegam Eu vi-te crucificada
levam sonhos deixam mágoas. 40 nos braços negros da fome.

Levam sonhos deixam mágoas E o vento não me diz nada


10 ai rios do meu país só o silêncio persiste.
minha pátria à flor das águas Vi minha pátria parada
para onde vais? Ninguém diz. à beira de um rio triste.

Se o verde trevo desfolhas 45 Ninguém diz nada de novo


pede notícias e diz se notícias vou pedindo
15 ao trevo de quatro folhas nas mãos vazias do povo
que morro por meu país. vi minha pátria florindo.

Pergunto à gente que passa E a noite cresce por dentro


por que vai de olhos no chão. 50 dos homens do meu país.
Silêncio – é tudo o que tem Peço notícias ao vento
20 quem vive na servidão. e o vento nada me diz.

Vi florir os verdes ramos Mas há sempre uma candeia


direitos e ao céu voltados. dentro da própria desgraça
E a quem gosta de ter amos 55 há sempre alguém que semeia
vi sempre os ombros curvados. canções no vento que passa.

25 E o vento não me diz nada Mesmo na noite mais triste


ninguém diz nada de novo. em tempo de servidão
Vi minha pátria pregada há sempre alguém que resiste
nos braços em cruz do povo. 60 há sempre alguém que diz não.

“Praça da canção [1965]”,


Vi meu poema na margem in Manuel Alegre, 30 anos de poesia
30 dos rios que vão pró mar (prefácio de Eduardo Lourenço),
como quem ama a viagem Lisboa, Publicações Dom Quixote,
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mas tem sempre de ficar. 1997, pp. 74-75.

1 Apresente a situação denunciada pelo sujeito lírico neste poema, tendo em conta
o contexto histórico da sua escrita. Justifique a sua resposta com elementos textuais.

2 Analise a estrutura métrica, estrófica e rimática do poema.

123
Esquemas
interpretativos
• Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
• Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
• Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

UNIDADE 1 — FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO

“Marinha” (Manual, p. 33)

“Marinha”

Autodescrição do sujeito poético

1.a estrofe Registo do estado de sofrimento e da inveja dos que são felizes

2.a estrofe Referência à dor provocada pelo uso excessivo do pensamento racional

3.a estrofe Reiteração da infelicidade que permanece e atormenta

“Autopsicografia” (Manual, p. 34)

Poema teorizador do fingimento poético cujo título


significa descrição da própria alma

A obra nasce

Do real (sentido) Do intelectualizado (fingido)

Coração (sentimento/engano) Razão (intelecto)

Ponto de partida para a criação artística Criação/fingimento/imaginação

O que se sente é intraduzível e, ao tentar traduzir por palavras entendíveis,


adultera-se o sentimento; a nova realidade acaba por ser mais verdadeira
do que aquela que a originou.
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127
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Isto” (Manual, p. 35)

“Isto”

Espécie de esclarecimento das dúvidas Explicitação do fingimento –


suscitadas pela afirmação reelaboração da dor sentida,
“O poeta é um fingidor” (“Autopsicografia”) filtrada pela imaginação

Fingimento Recusa do coração (sentimento)

A dor sentida (“o que sonho ou passo”)


“É como um terraço sobre outra coisa ainda”

Mundo sensível, terreno, das aparências Mundo inteligível, superior

Sentimento e imperfeição Intelectualização e perfeição

A escrita ocorre num momento posterior ao sentir, livre do “enleio”,


ou seja, do engano das sensações ou sentimentos, reservados ao leitor.
Por isso, numa espécie de desprezo pelo imediatismo sentimental,
o poeta situa-se num plano superior, porque o sentir cabe ao leitor.

“Ela canta pobre ceifeira” (Manual, p. 36)

Ceifeira ≠ Sujeito poético

Canta sem Escuta e deseja ser


pensar
≠ como a ceifeira

É inconsciente ≠ É consciente, pensa

É alegre porque não pensa, Sente pensando, daí


por isso vive descontraída a presença da dor

O sujeito poético deseja o impossível: ser como


a ceifeira sem deixar de ser ele
(“Ah, poder ser tu, sendo eu”)
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Presença das dicotomias


pensar/sentir
consciência/inconsciência
dor/alegria

128
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Gato que brincas na rua” (Manual, p. 37)

Gato “Eu” poético

Inconsciente Consciente
Instintivo Racional

É feliz É um ser fragmentado

“Tenho tanto sentimento” (Manual, p. 38)

Tema: Confusão existencial

Muito sentimento É afinal pensamento, porque…

Anula o sentir Pensar

Todos temos duas vidas

A vivida A pensada

Qual destas é a verdadeira?

Resposta inalcançável Pensar naquela que temos


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129
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Chove. Que fiz eu da vida” (Manual, p. 38)

1.a estrofe interrogação retórica ponto de partida

resposta

A vida não foi verdadeiramente vivida, porque

Demasiado pensada

Descrição do estado de espírito do “eu” e o paradoxo


2.a estrofe
“Tenho saudade… Só do que nunca quis ter…”

Nova interrogação e justificação:


tudo se deve à complexidade do “eu”
3.a estrofe
Articulação desse estado negativo com o tempo
climatérico, que acentua essa negatividade

“Quando era criança” (Manual, p. 41)

“Quando era criança”

Nostalgia da infância

1.a e 2.a estrofes ≠

Presente Lembrança

Feito de mentira Por não ter a ingenuidade de outrora

O presente é uma prisão e só resta reviver o passado


3.a estrofe com um “sorriso alheio” porque não é sentido no presente,
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mas apenas experienciado quando era criança.

130
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Quando as crianças brincam” (Manual, p. 41)

“Quando as crianças brincam”

Ouvir as crianças a brincar desperta


algum contentamento no “eu” lírico

Traz-lhe boas recordações e…

…a alegria que no presente não tem

O desconhecimento de si fá-lo valorizar


Conclusão
o momento experienciado no presente

Audição das crianças a brincar

“Não sei, ama, onde era” (Manual, p. 42)

“Não sei, ama, onde era”

Recordar a infância

Realidade ≠ Sonho

Choro, infelicidade ≠ Alegria e sofrimento

Refrão + Sujeito poético feminino

Cantigas de amigo
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131
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Não sei se é sonho, se realidade” (Manual, p. 44)

Ilha

Sonho Realidade Mistura

Caracterização/descrição positiva da ilha

Felicidade de quem acredita

Desvirtuamento do sonho/ilha

Aí também há mal e o bem é transitório

Regresso à realidade

A resolução dos problemas está em nós,


no nosso coração, não no sonho

“Boiam leves, desatentos” (Manual, p. 54)

“Boiam leves, desatentos”

Retrato psicológico do sujeito poético

Pensamentos associados a elementos da natureza

Sugerem um estado de indefinição semelhante


àquele em que se encontra o “eu” lírico
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132
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

OUTROS POEMAS E RESPETIVOS ESQUEMAS

“Maravilha-te, memória!”

Maravilha-te, memória!
O papel da memória
Lembras o que nunca foi,
E a perda daquela história
Mais que uma perda me dói. Os contos de fadas
Permite recordar
o que nunca foi
Meus contos de fadas meus, ou o que nunca existiu
Desejo de regressar à infância
Rasgaram-lhe a última folha...
Meus cansaços são ateus
Dos deuses da minha escolha... Choro de hoje ≠ Riso de outrora

Mas tu, memória, condizes


Presente Passado
Com o que nunca existiu...
Torna-me aos dias felizes
E deixa chorar quem riu.
21-8-1930
Fernando Pessoa, Poesia 1918-1930 (ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas,
Madalena Dine), Lisboa, Assírio & Alvim, 2005, pp. 374-375.

“Quando era jovem, quando tinha pena”

Quando era jovem, quando tinha pena


Dicotomia
Que (me) fazia chorar,
A vida, embora má, era serena
Porque era só sonhar. Passado Presente

Hoje, que tenho pena, quando a tenho,


Juventude − sonho
Só com1 compreender,
A minha vida é como alguém estranho
Que me visita o ser. Vida, embora má,
Vida estranha
estranha, era serena
Porque a pena, ou a mágoa, ou o cansaço
Que acaso surja em mim Despersonalização
É como alguém que pisa, com mau passo, Pena
Canteiros de jardim. Mágoa
Canteiros de jardim Cansaço
16-7-1934
Fernando Pessoa, Poesia 1931-1935 e não datada
(ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Nostalgia do passado ≠ Dor do presente
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

Madalena Dine), Lisboa, Assírio & Alvim,


2006, p. 277.

1
por

133
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

UNIDADE 3 — FERNANDO PESSOA, MENSAGEM

“Ulisses” (Manual, p. 110)

Ulisses

Mito

Nada Tudo

Não tem existência Fecunda


concreta a realidade

• Dá sentido à vida
• Se não se acreditar, a vida torna-se inútil

“D. Dinis” (Manual, p. 111)

D. Dinis

Trovador Criador
“escreve um seu cantar Do futuro império
de Amigo” “O plantador de naus a haver”

Visionário
• Lança a semente para os
Descobrimentos
• A terra/o pinhal foi o alimento
do império marítimo

Caráter lírico Caráter épico

Criação poética Criação da Nação


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134
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“D. Sebastião, Rei de Portugal” (Manual, p. 112)

D. Sebastião

Primeira estrofe: loucura e grandeza

Consequências

Morte física, mas que origina a mitificação

Segunda estrofe: repto dirigido a “outros”

Tomar a loucura do rei

Traço que distingue o ser humano dos outros animais,


destinados exclusivamente à procriação

“O Infante” (Manual, p. 114)

Deus quis e o homem sonhou

União da terra Nasceu a obra

Sagração do Infante

Para cumprir a missão atribuída por Deus, o eleito foi


de ilha em continente, desvendando os mares

O herói Representante do povo português

A euforia dá lugar ao desalento Perda


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do Império Apelo para que se cumpra Portugal

135
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Horizonte” (Manual, p. 115)

Mar

Antes Depois
(dos Descobrimentos
portugueses)

• Medo/perigo • Novidade
• Símbolo do desconhecido • Conhecimento

• Coragem
• Ousadia

Aproximação das naus a terra / Desembarque

Concretização do sonho Revelação do que até então


era desconhecido

“O Mostrengo” (Manual, p. 116)

Mostrengo vs. Homem do leme

• Monstro medonho, agressivo • Revela medo


• Roda e chia • Ganha confiança
• Provoca medo • Vence o medo e enfrenta o gigante

Discurso vai diminuindo:


vs. Crescente protagonismo
Perda de domínio

Dimensão épica
• Ser coletivo / Representação
de um povo
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136
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Mar Português” (Manual, p. 118)

Mar (Descobrimentos)

• Lágrimas
• Choro • Realização
• Dor • Compensação
• Perigo • Fama
• Tragédia • Glória
• Sacrifício

Sofrimento Imortalidade

“Prece” (Manual, p. 119)

Prece

O tempo presente opõe-se ao passado – o sonho e a


1.a estrofe Desalento
grandeza foram substituídos pelo silêncio e pela saudade

Mensagem de esperança, bastando reacender a chama Reerguer


2.a estrofe
porque ainda há vida em nós da pátria

Conquista do sonho,
3.a estrofe Apelo à fé e ao esforço para reacender a chama
do novo império
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137
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“O Quinto Império” (Manual, p. 120)

Crítica e lamento do sujeito poético por haver quem se limite a viver


1.a estrofe
sem aspirações

2.a estrofe Reforço do lamento por saber que há quem viva só por viver

Referência à passagem do tempo e à defesa da ambição, sendo necessário


3.a estrofe
ultrapassar as forças que impedem o homem de sonhar

Os quatro impérios anteriores pertencem ao passado e a Terra prepara-se


4.a estrofe
já para assistir a um novo Império

Os antigos impérios serão substituídos porque o messias D. Sebastião poderá


5.a estrofe
não ter morrido (como se depreende pela interrogação final)

“Nevoeiro” (Manual, p. 123) “Screvo meu livro à beira-mágoa” (Manual, p. 129)

Incerteza Mágoa e tristeza do sujeito poético

Desorientação social e política Ânimo e atenuação do sofrimento

Portugal entristece, mas


tem o gérmen do brilho Crença na vinda do redentor

Condução dos portugueses à conquista


do novo Império
Desnorte e crise de valores

Insistência em saber quando chegará o salvador


Portugal sem rumo

É urgente a mudança Atenuação da dor


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138
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

UNIDADE 5 — POETAS CONTEMPORÂNEOS

MIGUEL TORGA

“Regresso” (Manual, p. 178)

Sujeito poético: Razão: regresso


alegre, feliz à aldeia natal

Receção: a natureza humanizada celebra a vida do poeta

• Fonte = vida
• Confidente do poeta
• Carvalho = força;
• Fonte de inspiração
vitalidade

Conclusão: o apego à terra natal provoca no “eu” lírico


bem-estar emocional e espiritual.

“Maceração” (Manual, p. 179)

Invocação da ninfa

Súplica do sujeito poético, que pede à ninfa: Razão: versos rudes, imperfeitos

Beleza da ninfa
1.o que despreze os seus versos

Consequência: revolta do “eu” lírico


o
2. que denuncie a imperfeição da
sua produção poética

3.o que recuse dar-lhe inspiração


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139
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Orfeu rebelde” (Manual, p. 180)

“Eu” ≠ Outros

Sujeito poético / Orfeu “Rouxinóis”

Revolta perante a Revolta face à morte


possível morte da poesia da amada

Ambos procuram
vencer a morte/dor
através do amor

• Determinação do “eu” – fazer da poesia arma • Aceitação pacífica


• Recusa a morte da poesia
≠ da vida/felicidade

“Sisífo” (Caderno de atividades, p. 68)

Sísifo

(Poema) (Mito)

“Recomeça…” [incitamento] • Símbolo da insubmissão e do inconformismo


• Metáfora do esforço humano e busca de um
Dureza do caminho [liberdade] sentido para a vida

“Não descanses” [conselho]


Hino à condição humana
[valor da persistência]

Defesa do sonho, da aventura, da loucura


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VALORIZAÇÃO DO HOMEM

• Tradição literária:
– Os Lusíadas, reflexões do poeta (cantos I e IV)

140
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

OUTROS POEMAS E RESPETIVOS ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“A um negrilho”

Na terra onde nasci há um só poeta


Os meus versos são folhas dos seus ramos.
Quando chego de longe e conversamos,
É ele que me revela o mundo visitado.
Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada,
E a luz do sol aceso ou apagado
É nos seus olhos que se vê pousada.

Esse poeta és tu, mestre da inquietação


Serena!
Tu, imortal avena
Que harmonizas o vento e adormeces o imenso
Redil de estrelas ao luar maninho.
Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso
Édouard Manet, O jardim em Bellevue, 1880.
Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!
“Diário VII [1956]”, in Miguel Torga, Antologia poética,
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2014, p. 307.

Negrilho Poeta

• Poeta
• Mestre • Inspiração
• Tranquilidade
TU • Avena
• Sonho
• Gigante/sonho • Companheirismo
• Bosque
– “vento”
– “estrelas” • Tradição literária:
Natureza
– “pássaros” – Cantigas de amigo
– “ninho”
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141
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Prospeção”

Não são pepitas de oiro que procuro.


Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.

Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Gustav Klimt, Retrato de Adele Bloch-Bauer I, 1907.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.
“Orfeu rebelde [1958]”, in Miguel Torga, Antologia poética,
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2014, p. 216.

“Prospeção”

Procura do “tesouro sagrado” = Pesquisa interior: “oiro dentro de mim”

“Cavo” / “Lavro” / “Peneiro” = Busca incessante da perfeição


[irregularidade métrica fluidez do pensamento]

Solidão/vazio

Drama da criação poética Fazer poesia requer

Trabalho árduo, esforço Pesquisa e questionamento constantes


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142
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

EUGÉNIO DE ANDRADE

“Adeus” (Manual, p. 182)

Silêncio

Passado ≠ Presente

• Ausência de
• Entrega
comunicação
• Intimidade
• “nada”/vazio
• “tanto”
• Fim do amor

• Impossibilidade de recuperar o passado


• Efemeridade do amor

“Green God” (Manual, p. 184)

Associação do corpo às fontes e ao rio

Água: origem da vida e do sagrado

Beleza mágica do corpo:

− domina a Natureza
− possui o encanto da fonte
Green God
− promove o fluir do rio
− transforma o corpo em árvore

Renascimento da Natureza:
Cria uma
• Deus telúrico
atmosfera de
Vegetalização • Deus órfico
encantamento
do corpo (ligação à música)
reforçada
• Fonte de vida e de
pela dança
movimento
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Ambiente bucólico (tradição literária: poesia trovadoresca)

Flauta
Fonte (símbolo da poesia
e da música)

143
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Apenas um corpo” (Manual, p. 186)

• Um corpo

União física dos amantes


+

• Outro corpo

• Referência à música: harmonia da relação amorosa e erótica

OUTROS POEMAS E RESPETIVOS ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Agora as palavras”

Obedecem-me agora muito menos, As palavras


as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo, Passado Presente
não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
• Ariscas
não me perdoam a mão rigorosa, a indiferença • Obedientes
• Esquivas
pelo fogo de artifício. • Promotoras da
• Indomáveis
Eu gosto delas, nunca tive outra alegria do “eu” lírico
• Desrespeitadoras
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume, Razões da alteração do comportamento:
sustentava os meus dias, mas agora • envelhecimento do poeta?
estão ariscas, escapam-se por entre • incapacidade para escolher as mais adequadas?
as mãos, arreganham os dentes • cansaço das palavras (motivo: serem domadas)?
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?
Tendência perfecionista do poeta:
“O sal da língua [1995]”, in Eugénio de Andrade, • tenta dominar as palavras
Poesia, s/l, Fundação Eugénio de Andrade,
2000, pp. 527-528.
Arte poética: trabalho de aperfeiçoamento da linguagem
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144
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Poema à mãe”

No mais fundo de ti, Olha − queres ouvir-me? –


eu sei que traí, mãe. às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido ainda aperto contra o coração
no fundo dos teus olhos. rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora ainda oiço a tua voz:
e noites rumorosas de águas matinais. Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe, Mas − tu sabes − a noite é enorme,
e o nosso amor é infeliz. e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Tudo porque perdi as rosas brancas
dei às aves os meus olhos a beber,
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura. Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
E deixo-te as rosas.
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Mas tu esqueceste muita coisa;
“Os amantes sem dinheiro [1950]”,
esqueceste que as minhas pernas cresceram, in Eugénio de Andrade, Poesia, s/l,
que todo o meu corpo cresceu, Fundação Eugénio de Andrade,
e até o meu coração 2000, pp. 47-48.
ficou enorme, mãe!

Relação

EU vs. TU
(sujeito poético) (Mãe)

Razões da traição:
• cresceu e encontrou novas seduções
EU
• deixou de ser o menino do retrato
• perdeu a inocência da infância

• Amor infeliz (mãe/filho)


• Valorização da vida afetiva
Afastamento EU/TU
• Ausência de diálogo
• Incompreensão
MÃE (Alargamento do mundo do filho Voz Rosas

Exclusividade da figura materna)
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Símbolos do passado, que


• Apelo ao diálogo
acompanham o “tu” e o “eu”
EU • Reafirmação do amor filial e da fidelidade à mãe
no presente e no futuro
• Rememoração da mãe (histórias infantis)

Atitude ativa, de emancipação, de ânsia de liberdade:


• pensar por si próprio
• procurar uma vida própria

145
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

MANUEL ALEGRE

“E alegre se fez triste” (Manual, p. 189)

Eu / Tu – Despedida Sofrimento/Dor

Madrugada: testemunha/consequência:

Partida Identificação Alegria é transformada


da pátria com a pátria em tristeza

“País de Abril” (Manual, p. 190)

Pátria vivida

• Tristeza
• Desamparo Dor coletiva
• Repressão
• Miséria

Uns ≠ Outros

Vida Não vida

“País de Abril” Pátria sonhada

• Esperança
• Liberdade
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146
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Letra para um hino” (Manual, p. 192)

Presente ≠ Futuro

• Falar
• Proibir • Amar
• Fugir • Cantar
• Fingir que se vive • Viver
• Olhar para o chão [Terra] • Dizer não
• Olhar os astros [Céu]

Vida vivida Vida sonhada

Ser homem Ser livre

• O poeta engagé
• Poesia como arma de denúncia e de luta com vista à Mudança
• Tradição literária:
– Camões lírico: temática de “a mudança”

“Sobre um mote de Camões” (Manual, p. 205)


Um mote de Camões – base da construção do poema

Jogo

de palavras de sonoridades de sentidos

deixar/levar; amor/dor

Desejo do sujeito poético: levar o amor, deixar a dor

• Tradição literária:
– Poesia lírica de Camões
> Recuperação do mote
Verso de redondilha maior
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– Cantigas de amigo
> Ritmo cantante
> Jogo de palavras
> Marcas de oralidade (rimas)

147
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

OUTROS POEMAS E RESPETIVOS ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Abaixo El-Rei D. Sebastião”

É preciso enterrar el-rei Sebastião


é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.
Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair o porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.
Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na vossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.
Cristóvão de Morais, D. Sebastião I de Portugal, 1571-1574.
Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos bate
é preciso enterrar el-rei Sebastião.
“O canto e as armas [1967]”, in Manuel Alegre, 30 anos de poesia (prefácio de Eduardo Lourenço),
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1997, pp. 168-169.

Mito sebastianista tem de ser destruído

Caráter exortativo: Objetivos dessa destruição:


• vocabulário de conotação negativa: • construir a “terra da aventura”
“desastre”/”loucura” • acabar com a humilhação
• anáfora • unir o país
“É preciso” (vv. 1-2)
“Deixai” (vv. 8-9)
• imperativo:
“deixai”/“cantai”/“matai”
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• Arte poética: poesia como forma de intervenção social


• Representações do contemporâneo: contexto social e político do Estado Novo
• Tradição literária:
– Os Lusíadas

148
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Coisa amar”

Contar-te longamente as perigosas


coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como dói
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar. Katsushika Hokusai, A grande onda, 1831.
E longamente as coisas perigosas.
“Coisa amar [1976]”, in Manuel Alegre, 30 anos de poesia (prefácio de Eduardo Lourenço),
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1997, pp. 327-328.

“Contar-te” • Tradição literária:


• De sentimentos – Os Lusíadas – viagem marítima
Desejo de partilha
• De experiências – Lírica camoniana – tema “amor ardente”
• Perigos do mar – Poesia trovadoresca – ex.: “Ondas do mar de Vigo”
Intensidade de uns e de outros
• Perigos do amor (Natureza como confidente do “eu”)

ANA LUÍSA AMARAL

Testamento (Manual, p. 196)

Aspetos do quotidiano social valorizados: ≠ Desejos do sujeito poético para a filha:


• horário certo • canto • sonho
• contas de somar erradas • fantasia • amor
• batatas descascadas

Desvalorizar o quotidiano Preparar para a vida: valorizar


material e banal o amor, o sonho...
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Conclusão

• Visão crítica do papel tradicional da mulher


na sociedade
• Visão emancipatória da educação da mulher

149
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Técnica vs artesanato” (Manual, p. 198)

Criação poética

“Técnica vs Artesanato”

Escrita com recurso Escrita com recurso


ao computador ao papel e lápis

Elogio inicial ≠ desvalorização/recusa


face ao resultado prático

Razões: • Criatividade
• impossibilidade de rasurar, anotar • Inspiração
• dificuldade em partilhar sentimentos • Ligação entre o escritor
e emoções (artista) e a escrita (arte)

“Prece no Mediterrâneo” (Manual, p. 200)

Paz vs. Peixes

Alimento para a alma: Alimento para o corpo:


desejo de aceitação, insuficiente para uma
de acolhimento vida com dignidade

Viagem / Travessia calma, sem mortes

Mar: caminho de liberdade

Chegada a terra:
concretização do sonho
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Mensagem: denúncia/alerta de/para um dos dramas


da atualidade, o dos refugiados

150
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

OUTROS POEMAS E RESPETIVOS ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Visitação”

Um anjo aqui desceu (terá descido?),


dizendo que o silêncio humano outrora
fazia agora parte do divino,
e o que o templo maior, rasgado o pano,
tinha passado a ser culto de nós.
Do éter rarefeito veio a voz,
queixando-se das sombras na cidade:
que o mundo era só verde, e que o azul
só o azul do céu, com letra humana
gravada numa mesa de madeira.
Um anjo aqui desceu (há provas mais)
e aqui ficou, exausto das canseiras
de ser mediador entre dois mundos,
de ter em dois segundos que voar
e mergulhar depois em três segundos.
E aqui ficado, o anjo adormeceu,
sonhando com estações e com instantes,
aos poucos esquecendo tempos dantes
e a água densa do eterno mar.
E quando se rasgou o tempo outro
Paul Klee, Angelus Novus, 1920.
e ele acordou, refeito e bocejante,
viu que era bom ter nome, e sede, e fome,
cinco dedos nas mãos – algum olhar.
Ana Luísa Amaral, Entre dois rios e outras noites,
Porto, Campo das Letras, 2007, pp. 58-59.

Dois reinos

Divino Humano
Mediador:

Anjo

Transformação do divino em humano:

1. Perde o sentido da sua existência divina: “dizendo”


“Um anjo aqui desceu”
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“queixando-se”
2. Aproxima-se do humano: • Caráter narrativo do poema
“E aqui ficou” “sonhando” • Tradição literária:
“E aqui ficado, o anjo adormeceu” – Episódio da “Ilha dos Amores”,
“esquecendo” de Os Lusíadas
3. Escolhe ser humano:
“e ele acordou, […] / viu que era bom ter nome, e sede, e fome”

151
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Inês e Pedro: quarenta anos depois”

É tarde. Inês é velha. Inês é velha, hélas,


Os joanetes de Pedro não o deixam caçar e Pedro tem caĩbras no tornozelo esquerdo.
e passa o dia todo em solene toada: E aquela fantasia peregrina
“Mulher que eu tanto amei, o javali é duro! que o assaltava, em novo
Já não há javalis decentes na coutada (quando a chama era alta e o calor
e tu perdeste aquela forma ardente de temperar ondeava no seu peito),
os grelhados!” de ver Inês em esquife,
de ver as suas mãos beijadas por patifes
Mas isto Inês nem ouve: que a haviam tão vilmente apunhalado:
não só o aparelho está mal sintonizado, fantasia somente,
mas também vasto é o sono fulgor que ele bem sabe ser doença
e o tricot de palavras do marido de imaginação.
escorrega-lhe, dolente, dos joelhos
que outrora eram delícias, O seu desejo agora
mas que agora era um bom bife
uma artrose tornou tão reticentes. de javali macio
(e ausente desse horror de derreter
neurónios).
Mais sábia e precavida (sem três dentes
da frente)
Inês come, em sossego,
uma papa de aveia.
Ana Luísa Amaral, Inversos – Poesia 1990-2010, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2010, pp. 636-637.

“Inês e Pedro: quarenta anos depois”

Plano real Plano imaginário

Velhice

Inês Pedro

• Ouve mal • Tem joanetes


• Amores de Pedro e Inês
• Tem artroses nos joelhos • Tem cãibras
• Morte de Inês
• Não tem dentes nos tornozelos
• Coroação de Inês como rainha
• Está mais sábia e precavida

• Relação intensa e apaixonada • Constatação da passagem do tempo


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• Estatuto: realeza • Relação desgastada


• Estatuto: plebe

• Tradição literária:
– Os Lusíadas, episódio lírico de “Inês de Castro” • Subversão da tradição literária:
– Frei Luís de Sousa, cena 1, ato I (D. Madalena lê – Tom lúdico e irónico no tratamento de um episódio
o episódio de “Inês de Castro”, de Os Lusíadas). histórico

152
ESQUEMAS INTERPRETATIVOS

“Soneto científico a fingir”

Dar o mote ao amor. Glosar o tema


tantas vezes que assuste o pensamento.
Se for antigo, seja. Mas é belo
e como a arte: nem útil nem moral.
Que me interessa que seja por soneto
em vez de verso ou linha devastada?
O soneto é antigo? Pois que seja:
também o mundo é e ainda existe.
Só não vejo vantagens pela rima.
Dir-me-ão que é limite: deixa ser.
Se me dobro demais por ser mulher
[esta rimou, mas foi só por acaso]
Se me dobro demais, dizia eu,
não consigo falar-me como devo,
ou seja, na mentira que é o verso,
ou seja, na mentira do que mostro.
E se é soneto coxo, não faz mal.
E se não tem tercetos, paciência:
dar o mote ao amor, glosar o tema,
e depois desviar. Isso é ciência!
Pablo Picasso, Mulher com livro, 1932.
Ana Luísa Amaral, E muitos os caminhos,
Porto, Poetas das Letras, 1995, p. 35.

“Soneto científico a fingir”

Tradição literária Dá destaque ao SABER Tradição literária

• Camões e Petrarca
(forma estrófica) • A “ciência” de desviar a tradição • Pessoa: fingimento poético
• Tema: o amor

Arte poética
A coexistência/diálogo entre

Tradição literária Subversão dessa tradição


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153
Questões
de aula
• Questão de aula 1 – Modernismo . . . . . . . . . . . . . . . 157
• Questão de aula 2 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo . . 158
• Questão de aula 3 – Fernando Pessoa,
Poesia dos heterónimos (Alberto Caeiro) . . . . . . . . . 159
• Questão de aula 4 – Fernando Pessoa,
Poesia dos heterónimos (Ricardo Reis) . . . . . . . . . . 160
• Questão de aula 5 – Fernando Pessoa,
Poesia dos heterónimos (Álvaro de Campos) . . . . . . . 161
• Questão de aula 6 – Fernando Pessoa, Mensagem . . . . . . 163
• Questão de aula 7 – Contos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
• Questão de aula 8 – Poetas contemporâneos . . . . . . . . . 167
• Questão de aula 9 – Memorial do convento,
José Saramago . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
• Questão de aula 10 – O ano da morte de Ricardo Reis,
José Saramago . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173


MODERNISMO
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 1
NOME: N.O: TURMA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.8, selecione a opção correta.
[8 itens x 25 pontos = 200 pontos]
1.1 O Modernismo, em Portugal, é divulgado através
A. dos manifestos publicados entre 1914 e 1915.
B. de algumas revistas e dos autores que nelas colaboraram.
C. de autores como Filippo Marinnetti e Santa-Rita Pintor.
D. da revista Presença, criada por Fernando Pessoa.

1.2 O movimento modernista português afirma-se aquando da publicação


A. dos dois números da revista Orpheu.
B. do único número da revista Orpheu.
C. do Manifesto Futurista, de Almada Negreiros.
D. da revista Portugal Futurista, em 1917.

1.3 O Modernismo é adotado por


A. várias linguagens artísticas. C. alguns escritores românticos.
B. vários escritores conservadores. D. todos os pintores portugueses.

1.4 O Modernismo é um movimento estético e literário que


A. se fundamenta na recuperação das tradições.
B. prolonga movimentos literários anteriores.
C. rompe com o conservadorismo e prima pela inovação.
D. resulta dos inúmeros conflitos políticos vivenciados.

1.5 A geração de Orpheu caracteriza-se pela


A. aceitação das regras estabelecidas.
B. abolição de qualquer tipo de imposições.
C. inadaptação à realidade inovadora.
D. crítica aos outros movimentos literários.

1.6 O Modernismo é um movimento estético envolto num tom provocatório que marca
a entrada da literatura portuguesa no denominado
A. realismo. C. romantismo.
B. classicismo. D. vanguardismo.

1.7 A revista Orpheu foi alvo de uma receção


A. esfuziante. C. elogiosa.
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B. animadora. D. polémica.

1.8 Para os modernistas, a arte deve resultar


A. do uso do coração. C. da racionalização do sentimento.
B. do uso excessivo da razão. D. da expressão concreta dos sentidos.

157
FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO
QUESTÃO
DE AULA 2 ESCOLA: DATA: / /

NOME: N.O: TURMA

1 Assinale como verdadeiras ou como falsas as afirmações. [12 itens x 10 pontos = 120 pontos]

A. Em termos políticos e sociais, a época em que viveu Pessoa foi estável e próspera.
B. A Geração do Orpheu caracteriza-se pela abolição de qualquer imposição.
C. Fernando Pessoa apresenta-se como o poeta das coisas concretas e objetivas.
D. O fingimento é a linguagem da arte que corresponde a uma sinceridade intelectual.
E. A nostalgia da infância evidencia a apologia do uso da razão na sua plenitude.
F. Sonho e realidade são dicotomias que nunca foram objeto de análise por parte
de Pessoa.
G. A dor de pensar é uma das temáticas presentes na poesia de Fernando Pessoa.
H. A nostalgia da infância justifica-se porque em criança o poeta foi feliz.
I. Para Pessoa, a inconsciência corresponde ao tempo da infância.
J. Viver num estado de inconsciência implica libertar-se do intelecto.
K. Fernando Pessoa consegue conciliar o pensar e o sentir.
L. A poesia de Fernando Pessoa apresenta uma linguagem simbólica e metafórica.

2 Para completar cada um dos itens 2.1 a 2.4, selecione a opção correta.
[4 itens x 20 pontos = 80 pontos]
2.1 Ao assumir a intelectualização das emoções, Pessoa escreve poemas onde
A. o seu estado de espírito prevalece.
B. as reflexões mentais se manifestam.
C. a alma do poeta se espelha.
D. confluem e harmonizam as emoções.

2.2 O poeta aspira ser a “ceifeira” ou o “gato” que brinca na rua, porque
A. ambos são felizes sem o saberem.
B. a dor de pensar o atormenta.
C. está descontente com a vida.
D. ambos agem por instinto.

2.3 Sentir e pensar são aspetos


A. inconciliáveis na poesia de Pessoa.
B. inexistentes na poesia pessoana.
C. conciliáveis na poesia pessoana.
D. banidos da produção poética pessoana.

2.4 A tendência para a criação heteronímica


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A. surgiu na idade adulta de Pessoa e numa só noite.


B. ocorreu depois de Pessoa ter regressado a Portugal.
C. é um fenómeno neurológico que atingiu Pessoa.
D. acompanhou o poeta desde a mais tenra idade.

158
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS (Alberto Caeiro)
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 3
NOME: N.O: TURMA

1 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [14 itens x 10 pontos = 140 pontos]

A. Caeiro é o heterónimo pessoano mais instruído.


B. Alberto Caeiro é o poeta da Natureza.
C. Este heterónimo tem tendências neopagãs.
D. Caeiro é considerado o mestre apenas dos heterónimos.
E. Caeiro apresenta-se como um mero guardador de rebanhos, que vê de forma
objetiva e natural a realidade circundante.
F. A Natureza, para Caeiro, está em constante renovação.
G. Caeiro utiliza uma linguagem erudita e construções frásicas complexas.
H. Caeiro é sensacionista porque privilegia aquilo que capta pelas sensações.
I. A realidade é captada pelo recurso à sensação visual, a única que interessa a
Caeiro.
J. O verdadeiro sensacionismo resulta da supremacia das sensações oferecidas
pelos órgãos sensoriais.
K. Caeiro rejeita o pensamento e vive pelas sensações.
L. “Pensar incomoda como andar à chuva” significa que o pensamento gera mal-
-estar, infelicidade.
M. A apologia da simplicidade da vida rural é uma atitude exclusiva do heterónimo
Caeiro.
N. O uso do pensamento traz felicidade a este heterónimo.

2 Para completar cada um dos itens 2.1 a 2.3, selecione a opção correta.
[3 itens x 20 pontos = 60 pontos]
2.1 Para Caeiro, recordar é
A. viver novamente o passado.
B. atraiçoar o real, a Natureza.
C. presentificar o que se ama.
D. conhecer a verdade do mundo.

2.2 Segundo Alberto Caeiro, para conhecer


A. basta apenas ver.
B. é preciso ver e pensar.
C. é preciso racionalizar.
D. há que ignorar a realidade.

2.3 O heterónimo pessoano utiliza o verso livre e branco,


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A. para imitar o sensacionista Álvaro de Campos.


B. para se aproximar do seu criador, Fernando Pessoa.
C. para se afastar do purista e latinista Ricardo Reis.
D. fazendo aproximar a sua escrita da prosa.

159
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS (Ricardo Reis)
QUESTÃO
DE AULA 4 ESCOLA: DATA: / /

NOME: N.O: TURMA

1 Associe cada um dos segmentos da coluna A ao que na coluna B completa o seu


sentido. [10 itens x 15 pontos = 150 pontos]

Coluna A Coluna B

a. Ricardo Reis pretende alcançar 1. é o caminho da felicidade, sendo necessário,


a felicidade, contudo, contudo, um estado de ataraxia1.
b. Para Ricardo Reis, as preocupações 2. vê-se impossibilitado de atingir a ataraxia.
com o futuro 3. consiste em atingir um estado de tranquilidade,
c. Segundo Reis, o Destino sem qualquer tipo de perturbação.
d. As filosofias de vida adotadas por 4. está presente em vários poemas de Ricardo
Ricardo Reis Reis, em que recorre ao imperativo e ao
e. O epicurismo consiste na filosofia conjuntivo com valor exortativo.
moral de Epicuro, segundo a qual 5. sugerem a necessidade de aproveitar a vida.
o prazer 6. revela-se nos temas greco-latinos, no género
f. A ataraxia é um princípio de conduta cultivado e na erudição vocabular.
humana que 7. está acima dos próprios deuses.
g. O classicismo de Ricardo Reis 8. expressa-se na utilização da ode, no uso de
h. Simbolicamente, o rio que corre latinismos e de frases longas e complexas.
e o barqueiro sombrio 9. sugerem a transitoriedade da vida
i. O estilo deste heterónimo pessoano e a inexorabilidade2 da morte.
j. O tom moralista 10. vive o momento presente, segundo o carpe diem.
11. sobrepõem-se às do presente.
12. assumem conceitos de vida cristãos.
13. são o epicurismo e o estoicismo.

1
serenidade, ausência de tumulto; 2 caráter implacável e imperioso

2 Assinale os versos que pertencem à poesia de Ricardo Reis. [50 pontos]

a. “Vê de longe a vida. / Nunca a interrogues.”


b. “Ah o som de abanar o ferro da engomadeira / À janela ao lado da minha infância
debruçada!”
c. “Segue o teu destino, / Rega as tuas plantas, / Ama as tuas rosas.”
d. “Minha alma é como um pastor, / Conhece o vento e o sol / E anda pela mão das
estações / A seguir e a olhar.”
e. “Da vida iremos / Tranquilos, tendo / Nem remorso / De ter vivido.”
f. Eu, inútil, gasto, improfícuo, pretensioso e amoral / Boia das minhas sensações
desgarradas pelo temporal / […] / Eu feito cantor da Vida e da Força – acreditas?”
g. “Uns, com os olhos postos no passado, / Veem o que não veem; outros, fitos /
Os mesmos olhos no futuro, veem / O que não pode ver-se.”
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h. “O meu olhar é nítido como um girassol.”

160
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS (Álvaro de Campos)
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 5
NOME: N.O: TURMA

1 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]

A. Álvaro de Campos é o único heterónimo com tendências futuristas.


B. A dimensão épica da “Ode triunfal” decorre do facto de o poema “cantar” a civi-
lização industrial.
C. No poema “Esta velha angústia”, o estado depressivo leva o poeta a desejar es-
quecer o passado.
D. O Futurismo caracteriza-se pela exaltação da energia, da velocidade e da força
de todas as dinâmicas até ao limite.
E. Álvaro de Campos mostra-se seduzido pelo progresso industrial.
F. Também Álvaro de Campos manifesta a dor de pensar e a nostalgia da infância.
G. A “Ode triunfal” consiste num cântico laudatório às capacidades do Homem.
H. Em Campos, o abatimento, o tédio e a angústia existencial decorrem da deceção
causada pelo presente.
I. O poeta expõe uma nova conceção do “Belo” que é defendida pelos modernistas.
J. Campos é o único heterónimo que não sofre qualquer evolução.

2 Associe cada um dos segmentos da coluna A ao que na coluna B completa o seu


sentido. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]

Coluna A Coluna B

a. O estatuto especial de que goza 1. defendia a emergência de um novo paradigma


Álvaro de Campos estético.
b. As duas grandes odes de Álvaro 2. rejeitava o combate à subjetividade, a apologia
de Campos da violência e da guerra.
c. O heterónimo Álvaro de Campos 3. surge exemplificada no poema “Tabacaria”.
d. Ao contrário dos futuristas, Álvaro 4. exemplificam o futurismo-sensacionismo.
de Campos 5. será substituída pela abulia, pelo cansaço,
e. Dois dos textos programáticos pelo vazio, pela náusea.
do Futurismo 6. deve-se essencialmente, à sua fase
f. O “Ultimatum”, publicado na futurista-sensacionista e vanguardista.
revista Portugal Futurista, 7. é um dos textos programáticos do Modernismo.
g. Na revista Athena 8. está associado à fase decadentista de Álvaro
h. O poema “Opiário” de Campos.
i. A fase modernista e eufórica 9. foi o que mais se aproximou do Futurismo.
de Campos 10. são da autoria de Álvaro de Campos.
j. A última etapa de Campos 11. fazia a apologia da sociedade industrial.
12. surgem textos proponentes de uma nova
estética, adequada aos tempos modernos.
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161
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 6
NOME: N.O: TURMA

1 Complete os espaços, considerando a estrutura da obra Mensagem.


[10 itens x 5 pontos = 50 pontos]

Mensagem está dividida em a. partes que sugerem o ciclo da


criação. A Parte I, intitulada b. , aponta para a fundação da identidade
nacional. Esta parte é constituída por c. secções, correspondentes
aos elementos que integram esse símbolo heráldico. Os poemas que integram a sec-
ção “As Quinas” reportam-se ao período liderado pela dinastia de d. .
O grifo, animal mítico com parte de águia e parte de leão, está representado em
“O Timbre”, que tem à cabeça e. e nas asas um rei e um vice-rei.
A Parte II da obra, com o título f. , integra poemas alusivos à época
g. . É possível estabelecer uma relação temática entre o episódio
do “Adamastor”, de Os Lusíadas, e o poema h. , da Parte II da obra
Mensagem.
No poema “O Quinto Império”, pertencente à Parte III, denominada i. ,
denuncia-se a inércia do homem e a sua consequente estagnação. O último poema da
obra pessoana termina com a expressão j. , que funciona como um
apelo aos Portugueses.

2 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [8 itens x 5 pontos = 40 pontos]

A. Em Mensagem, os poemas da secção “Os Campos” são três: “O dos Castelos”,


“O das Quinas” e “Coroa”.
B. “Afonso de Albuquerque”, “O Infante”, “O Mostrengo” ou “Ocidente” são exemplos
de poemas que constam da Parte II.
C. Da Parte III, constituída por “Os Símbolos”, “Os Avisos” e “Os Tempos”, constam
poemas como “O Quinto Império”, “António Vieira” e “Nevoeiro”.
D. No primeiro poema de “Os Campos” localiza-se e descreve-se Portugal como
rosto de uma Europa moribunda.
E. Do conjunto de poemas de “Os Castelos” fazem parte os heróis míticos, lendários
e reais que contribuíram para a fundação, definição e defesa do território nacional.
F. Um dos poemas de “Os Castelos” refere-se a D. Dinis, que Pessoa apelida de
poeta e plantador de searas.
G. Em “As Quinas” figuram cinco poemas que correspondem a nomes de reis da
Primeira Dinastia.
H. Todos os poemas de “As Quinas” estão escritos na primeira pessoa.

2.1 Corrija as afirmações falsas. [40 pontos]


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163
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM

3 Associe cada um dos segmentos da coluna A ao que na coluna B completa o seu


sentido. [10 itens x 5 pontos = 50 pontos]

Coluna A Coluna B

a. Em Mensagem percecionam-se as 1. o tópico da mitificação do herói.


b. A dimensão espiritual de Mensagem é mais 2. na última parte da obra.
evidente 3. três etapas das conquistas realizadas
c. Mensagem é uma obra com uma dimensão e a realizar.
épica 4. dado que retoma a grandiosidade
d. D. Sebastião é a figura histórica que ilustra de certos feitos históricos.
e. A marca distintiva do Quinto Império 5. o paradigma do heroísmo
inscreve-se e da liberdade.
f. Nuno Álvares Pereira é 6. numa dimensão espiritual.
g. O verso “Deus quer, o homem sonha, 7. o poder de Deus e o sonho do homem
a obra nasce” aponta como agentes da criação.
h. Os dois últimos poemas da Parte II remetem, 8. o estado de decadência a que o Império
respetivamente, chegou.
i. Ao afirmar-se que Portugal se encontra 9. como um apelo à ação, com vista
“sem rei nem lei” e a “entristecer” sugere-se à construção de um novo Império.
j. O último verso do poema “Nevoeiro” funciona 10. para o declínio e para o desejo de
reedificação do Império.

4 Para completar cada um dos itens de 4.1 a 4.4, selecione a opção correta.
[4 itens x 5 pontos = 20 pontos]

4.1 Os 12 poemas da segunda parte de Mensagem referem-se predominantemente


A. aos fundadores da pátria portuguesa, sejam eles reis ou heróis individuais.
B. às personalidades e acontecimentos relacionados com os Descobrimentos.
C. à luta dos navegadores com o mar para alcançarem a Índia.
D. à chegada dos marinheiros portugueses e de Vasco da Gama à Índia.

4.2 No poema “Padrão”, e através da figura de Diogo Cão, dá-se conta


A. da descrição da chegada das naus ao areal do continente asiático.
B. da ação de D. João II como impulsionador dos Descobrimentos.
C. da chegada ao continente africano onde se deixou esse símbolo.
D. do esforço e da luta dos descobridores para erguer essa pedra.

4.3 O poema “A última nau” remete para


A. a necessidade de se reerguer o império marítimo.
B. a necessidade de lutar para se alcançar o sonho.
C. os sacrifícios associados à reconstrução do Império.
D. o desaparecimento da nau e de D. Sebastião.
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4.4 Um dos símbolos da última parte de Mensagem é o “Quinto Império”, poema


no qual se lamenta
A. a falta de ação e de sonhos que fazem mover os homens.
B. a impossibilidade de construir o império anunciado pelo poeta.
C. o fim do Império e o desnorte dos Portugueses.
D. a perda dos convívios familiares à volta da lareira.
164
CONTOS
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 7
NOME: N.O: TURMA

1 Associe os segmentos da coluna A aos da coluna B, de modo a obter afirmações ver-


dadeiras relativas ao conto “Sempre é uma companhia”, de Manuel da Fonseca.
[15 itens x 20 pontos = 100 pontos]

Coluna A Coluna B

a. Batola e a mulher 1. o que o leva a enfrentar a mulher e impor a sua decisão


b. O espaço socioeconómico de ficar com o aparelho.
em que se movem as 2. revelam uma convivência harmoniosa e igualitária.
personagens 3. passaram a conviver ao fim do dia e a discutir as notícias
c. Um vendedor chega trazidas pela rádio.
a Alcaria e vende um 4. a mulher de Batola surpreende-o pela doçura com que
aparelho de rádio a Batola, lhe faz um pedido inesperado.
d. Os habitantes da aldeia, 5. revela-se pobre, infértil, desolador e desmotivante, pelo
atraídos pela rádio, isolamento.
e. Na véspera da devolução 6. caracterizam-se por uma atitude antagónica: o homem é
do aparelho de rádio, molengão e preguiçoso; a mulher mostra-se diligente e
dominadora.
7. influenciando a vida da população, uma vez que altera
radicalmente o isolamento a que se entregava depois de
um dia de trabalho.

2 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem sobre o conto


“George”. [6 itens x 10 pontos = 60 pontos]

A. Na sua juventude, George decide abandonar a sua aldeia natal pela procura de
melhores condições de vida, face à miséria que a vitimou durante toda a sua
infância.
B. Enquanto pintora, George adotou estrategicamente um nome próximo do uni-
verso masculino, de modo a conseguir sucesso num mundo de trabalho onde
predominavam os homens.
C. George caracteriza-se, ao longo da vida, pelo seu caráter errante e pelo receio
que apresenta em relação à possibilidade de criar raízes e de se acomodar
à monotonia do dia a dia.
D. A viagem de comboio de George de regresso a Amesterdão funciona como uma
metáfora da fugacidade da vida e da inexorabilidade da passagem do tempo.
E. Quando confrontada pela sua imagem no futuro, George sente-se aliviada
e confiante.
F. O diálogo entre a realidade, a memória e a ficção é um tema recorrente ao longo
do conto.
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2.1 Corrija as afirmações falsas. [40 pontos]

165
POETAS CONTEMPORÂNEOS
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 8
NOME: N.O: TURMA

1 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [12 itens x 10 pontos = 120 pontos]

A. A obra de Miguel Torga possui um caráter atual e universal porque transmite


ideais humanistas intemporais.
B. A Natureza é um tema central na poesia de Torga, assumindo, assim, uma linha
de tradição literária.
C. Miguel Torga estabelece uma relação de companheirismo e de cumplicidade
com a Natureza.
D. Para Torga, a criação poética é essencialmente inspiração e talento.
E. Ana Luísa Amaral aborda temas como a emancipação feminina e o direito à
igualdade.
F. A obra de Ana Luísa Amaral, ao contrário de outras suas contemporâneas, não
revela particular atenção à musicalidade da palavra/linguagem.
G. A interligação entre o plano humano e o divino é um tema que ocorre na obra de
Ana Luísa Amaral, mas é também recorrente na literatura portuguesa, nomea-
damente em Os Lusíadas, no episódio “A Ilha dos Amores”.
H. A poesia de Ana Luísa Amaral baseia-se no quotidiano doméstico e familiar;
predomina nela a objetividade e não há lugar ao sonho e à fantasia.
I. Manuel Alegre assume-se como um poeta empenhado socialmente, inconfor-
mado, consciente dos problemas do mundo que o rodeia.
J. A tradição literária não é um dos tópicos presentes na poesia de Manuel Alegre.
K. As principais linhas temáticas da poesia de Manuel Alegre são a pátria, a defesa
da liberdade e a revisitação da História.
L. Manuel Alegre assume, na sua obra, uma posição de valorização dos anseios
individuais em detrimento dos valores coletivos.

1.1 Corrija as afirmações falsas. [60 pontos]


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167
POETAS CONTEMPORÂNEOS

2 Associe cada um dos tópicos de conteúdo referidos na coluna A aos excertos de poemas
que os ilustram, apresentados na coluna B. [4 itens x 5 pontos = 20 pontos]

Coluna A Coluna B

1. Na terra onde nasci há um só poeta


Os meus versos são folhas dos seus ramos.
“A um negrilho”, Miguel Torga

2. Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
a. Representações Do futuro,
do contemporâneo Dá-os em liberdade.
“Sísifo”, Miguel Torga

3. Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
b. Tradição literária “Prospeção”, Miguel Torga

4. Vou partir de avião


e o medo das alturas misturado comigo
faz-me tomar calmantes
e ter sonhos confusos
[…]
Deem-lhe amor e ver
c. Arte poética dentro das coisas
sonhar com sóis azuis e céus brilhantes
em vez de lhe ensinarem contas de somar
e a descascar batatas
“Testamento”, Ana Luísa Amaral

5. Poeta: é tempo de um punhal


por dentro da canção.
d. Figurações “Abaixo El-Rei D. Sebastião”, Manuel Alegre
do poeta

6. Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.


É possível viver sem fingir que se vive.
“Letra para um hino”, Manuel Alegre

7. Contar-te longamente as perigosas


coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
“Coisa amar”, Manuel Alegre
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168
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 9
NOME: N.O: TURMA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.10, selecione a opção correta. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]

1.1 O título Memorial do convento remete para a intenção de Saramago


A. elogiar o rei D. João V, enquanto promotor da construção do convento de Mafra.
B. salientar a grandiosidade do monumento português.
C. homenagear o verdadeiro obreiro da edificação – o povo.
D. resgatar do esquecimento uma época áurea portuguesa.

1.2 A construção do convento deveu-se, inicialmente,


A. ao pedido endereçado pelos padres dominicanos.
B. à megalomania do rei e à vontade de imitar o Rei Sol.
C. à promessa do rei a Frei António de S. José.
D. ao desejo de construir a réplica da Basílica de Roma.

1.3 A relação do rei e da rainha pautava-se por


A. uma grande intimidade.
B. um enorme convencionalismo.
C. uma imensa cumplicidade.
D. um exagerado sentimentalismo.

1.4 Baltasar regressa da guerra mutilado. Contudo,


A. ser-lhe-á atribuída uma pensão por ter perdido a mão esquerda.
B. irá servir imediatamente o rei na construção do convento.
C. vê-se obrigado a trabalhar num açougue para sobreviver.
D. será contratado por Frei António de S. José.

1.5 Blimunda e Baltasar conhecem-se


A. porque Sebastiana de Jesus incentiva telepaticamente a filha a fazê-lo.
B. por intermédio do padre Bartolomeu Lourenço.
C. quando o soldado vivia em Mafra e trabalhava na construção do convento.
D. depois de Blimunda ter ido viver para S. Sebastião da Pedreira.

1.6 Após o auto de fé em que se conhecem, o par Baltasar e Blimunda vai para
A. Mafra, para casa de João Francisco, pai de Baltasar.
B. S. Sebastião da Pedreira, para a abegoaria dos condes de Aveiro.
C. a casa que o padre Bartolomeu lhes preparara, em Mafra.
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D. a casa de Blimunda e aí partilham a colher da sopa e as vidas.

1.7 Para descobrir o segredo de Blimunda, Baltasar


A. recorre, primeiro, ao pai, João Francisco.
B. questiona Bartolomeu, que lho revela.
C. percorre as ruas de Lisboa à procura das vontades.
D. rouba-lhe o pão matinal e impede-a de o comer.
169
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO

1.8 O padre Bartolomeu parte para a Holanda a fim de


A. estudar alquimia e volatilidade.
B. ver o funcionamento de uma passarola.
C. fugir da perseguição dos inquisidores.
D. descobrir o segredo do éter.

1.9 Para que a passarola pudesse voar, era necessário que


A. Blimunda recolhesse 2000 vontades.
B. O padre estivesse a par da tecnologia de ponta que existia na Holanda.
C. Baltasar recolhesse o éter das estrelas.
D. a Inquisição aprovasse o projeto.

1.10 Blimunda reencontra Baltasar


A. ao fim de sete anos.
B. da segunda vez que passava em Lisboa, ao fim de nove anos.
C. no dia da sagração da basílica.
D. na sétima vez que passava por Lisboa, ao fim de nove anos.

2 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [8 itens x 9 pontos = 56 pontos]

A. D. João V promete edificar um convento no dia em que nasce a infanta D. Maria


Bárbara.
B. Pero Pinheiro foi o local escolhido para a edificação do convento.
C. Não faltaram homens válidos para a construção do convento. Estavam dispostos
a trabalhar, uma vez que as condições laborais eram boas.
D. Baltasar e Blimunda conheceram-se num auto de fé.
E. Blimunda nunca olhou Baltasar por dentro a não ser quando o reencontrou num
auto de fé, enquanto ardia numa fogueira da Inquisição.
F. O sonho de voar do padre Bartolomeu era sustentado por D. João V.
G. O padre começou a revelar comportamentos estranhos assim que regressou da
Holanda.
H. Enquanto a passarola sobrevoava Mafra, o povo acreditou tratar-se do Espírito
Santo.

2.1 Corrija as afirmações falsas. [44 pontos]


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170
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO
QUESTÃO
ESCOLA: DATA: / / DE AULA 10
NOME: N.O: TURMA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.10, selecione a opção correta. [10 itens x 10 pontos = 100 pontos]

1.1 A obra inicia-se com Ricardo Reis


A. a regressar a Lisboa ao fim de 16 anos.
B. a chegar ao Brasil ao fim de 16 anos.
C. a viver em Lisboa há 16 anos.
D. a morar no Brasil há 16 anos.

1.2 A ação de O ano da morte de Ricardo Reis decorre


A. no auge da Guerra Civil espanhola.
B. durante a Segunda Guerra Mundial.
C. numa época de grande conturbação política em toda a Europa.
D. numa fase de grande prosperidade de Portugal.

1.3 É no Hotel Bragança que Ricardo Reis


A. encontra Fernando Pessoa, que também aí estava hospedado.
B. beija pela primeira vez Marcenda.
C. conhece Lídia.
D. é interrogado por Vítor.

1.4 Fernando Pessoa, no primeiro encontro com Ricardo Reis, afirma que
A. quer ser sepultado no Cemitério dos Prazeres, quando morrer.
B. tem ainda oito meses para circular à vontade no mundo dos vivos.
C. já não tem vontade de viver.
D. quase morreu devido a uma cirrose hepática.

1.5 O primeiro envolvimento de Ricardo Reis com Lídia acontece porque


A. ele não resiste à beleza da criada e resolve ir até ao seu quarto.
B. o médico declara o seu amor e convida-a para passar a noite consigo.
C. ele quer provocar ciúmes a Marcenda.
D. a criada, certa noite, resolve ir até ao quarto de Reis e deita-se com ele.

1.6 Lídia é uma mulher


A. que pouco se interessa por acontecimentos sociais e políticos da época.
B. atenta ao mundo que a rodeia, apesar de pouco letrada.
C. púdica, que só se envolve com Reis na esperança de um casamento.
D. emocionalmente instável, dado sentir-se dividida entre Ricardo Reis e Daniel.
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1.7 Assim que vê pela primeira vez Marcenda, Ricardo Reis


A. sente repulsa por ela devido à paralisia da sua mão esquerda.
B. fica indiferente apesar da evidente paralisia da sua mão esquerda.
C. apaixona-se de imediato, apesar da paralisia da sua mão esquerda.
D. fica impressionado por causa da paralisia da sua mão esquerda.

171
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO

1.8 A determinada altura, Ricardo Reis recebe, no Hotel Bragança,


A. uma intimação para se apresentar à PVDE.
B. um convite para trabalhar como cardiologista numa clínica privada.
C. um bilhete de Fernando Pessoa a marcar um encontro.
D. uma carta de Marcenda a declarar-lhe o seu amor.

1.9 A obra evidencia que, na época, a ditadura de Salazar


A. acabou com a pobreza em Portugal.
B. era tida como um modelo para outros países europeus.
C. permitia a liberdade de expressão e de opinião.
D. agradava a toda a população portuguesa.

1.10 No final da obra, Ricardo Reis


A. casa com Marcenda.
B. procura Lídia para lhe confessar o seu amor.
C. decide acompanhar Fernando Pessoa na sua “última viagem”.
D. opta por aderir ao movimento de revolta dos marinheiros.

2 Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações. [10 itens x 7 pontos = 70 pontos]

A. Durante a sua estadia em Lisboa, Ricardo Reis esteve sempre hospedado no


Hotel Bragança.
B. A maior parte das vezes, Ricardo Reis mostra-se indiferente ao que lê nos jornais
sobre os acontecimentos do mundo.
C. Aos olhos da PVDE, Ricardo Reis torna-se uma figura suspeita.
D. O Ricardo Reis da obra saramaguiana, no início, é totalmente diferente do hete-
rónimo criado por Fernando Pessoa.
E. Apesar da insistência de Reis, Fernando Pessoa nunca o visita.
F. É recorrente, ao longo da obra, a referência literária a Camões.
G. Entre Lídia e Marcenda, Ricardo Reis opta por pedir a segunda em casamento,
mas é rejeitado.
H. Marcenda revela-se uma mulher proativa e lutadora, apesar da sua deficiência.
I. Ricardo Reis fica feliz por Lídia estar grávida e de imediato se mostra disposto a
perfilhar a criança.
J. Pode afirmar-se que a relação entre Ricardo Reis e Lídia assume contornos me-
ramente carnais.

2.1 Corrija as afirmações falsas. [30 pontos]


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172
CENÁRIOS DE
RESPOSTA
ANÁLISE PASSO A PASSO de pastor a célebre guerreiro, expulsou outros povos
do território que hoje é Portugal, tendo influenciado
Análise passo a passo 1 (p. 67) os vindouros com o seu instinto bélico, tal como se
1. O sujeito poético mostra-se confuso, indeciso, sen- pode ver em “Vivemos, raça, porque houvesse / Me-
tindo dificuldade em se definir. Porém, e perante esta mória em nós do instinto teu” (vv. 3-4).
incerteza, acaba por revelar resignação e aceitação 2. O facto de Viriato ter sido um combatente com um espí-
da sua condição de ser pensante e mortal, principal- rito de luta fez com que a sua ação fosse determinante
mente quando, depois de observar o que acontece para a construção da nação portuguesa, principalmente
com a flor, percebe que, tal como o fim chega para porque ajudou a expulsar do território nacional outros
ela, mesmo não pensando, também irá chegar para povos. Ele foi uma espécie de fundador, foi “haste”,
ele, apesar de pensar. atribuindo-se-lhe a origem da nossa nacionalidade, tal
2. O sujeito poético parece, inicialmente, sentir inveja como deixam antever versos como “Ou tu, ou o de que
da flor que flore mesmo não tendo coração. Contudo, eras a haste – / Assim se Portugal formou” (vv. 7-8) ou
acaba por entender que o florir é um ato natural e ine- ainda “Teu ser é como aquela fria / Luz que precede a
rente à flor, tal como pensar é inerente ao ser humano, madrugada” (vv. 9-10), onde se evidencia que Viriato foi,
acabando por concluir que quer o ato de florir quer ainda que sem o saber, o pai de Portugal.
o ato de pensar são ações naturais e espontâneas, 3. Esta metáfora destaca Viriato como um herói pré-na-
típicas de cada ser vivo. cional, uma vez que, pela expressão “o ir a haver o dia”
3. As frases declarativas estão associadas às certezas (v. 11), se indicia a preparação de algo que está para
do sujeito poético, conquanto a interrogativa remete vir. Logo, “o dia” será metáfora da nação que, à época,
para a dúvida que emite e a exclamativa transmite a ainda não seria de nenhum povo em particular, até por-
emotividade, o prazer, que se apodera do “eu” quando que esta parte da península acabou, mais tarde, por ser
este atenta na flor e analisa as sensações que esta dominada pelos romanos. Foi um exemplo de guerreiro
lhe provoca. no ano de 139 a. C., tendo infligido pesadas derrotas
a alguns comandantes enviados por Roma.
4. B
4. a. 2; b. 1; c. 1; d. 3
Análise passo a passo 2 (p. 71)
Análise passo a passo 4 (p. 79)
1. A primeira pessoa do plural constitui uma referên-
cia a um coletivo humano, no qual se insere também A — “SEMPRE É UMA COMPANHIA”, DE MANUEL DA FONSECA
o sujeito poético, que, como muitos outros, é adepto 1. A passagem do tempo depende do estado de espí-
de uma filosofia de vida estoico-epicurista. rito da personagem; como a rádio trouxe vida à al-
2. Entre o “nós” e o tempo existe uma relação de inferio- deia, isto animou Batola que passou a desempenhar
ridade, ou seja, o tempo é superior, tendo a capacidade com vontade tarefas anteriormente evitadas, tais
de manipular e subjugar o “nós”, dado ser uma força como trabalhar na venda, aviar os fregueses. E isto
inelutável. transmite a perceção de que “os dias passam agora
3. Os elementos referenciados pertencem ao mundo na- rápidos”; acrescente-se, ainda, que também para os
tural e transmitem, ao sujeito poético, o ensinamento ceifeiros (tal como para Batola) o tempo não custou
de que a vida é bela (“flores” e “girassóis”), mas tam- a passar, “o fim do mês caiu de surpresa em cima da
bém passageira como os “rios”. aldeia…”, em virtude da alegria que a rádio trouxe aos
serões em Alcaria.
4. As formas verbais encontram-se no presente do con-
juntivo e têm um valor exortativo, encontrando-se ao 2. A rádio trouxe desenvolvimento a Alcaria e um maior
serviço da transmissão de um conjunto de conselhos. conhecimento da atualidade nacional e internacional.
Os ceifeiros, que anteriormente não tinham vida social
5. A referência ao “Mestre” (v. 1) remete-nos para Alberto nem meio de se informarem sobre o que se passava,
Caeiro, também ele apologista da Natureza, da calma podem agora tomar conhecimento das notícias nacio-
e da serenidade. nais e internacionais, nomeadamente da guerra, atra-
6. Neste poema, Ricardo Reis apresenta uma filosofia de vés da “determinada voz” sempre ansiada.
vida baseada nos ideais do epicurismo e do estoicismo, 3. O receio é o de que o rádio tenha de ser devolvido, já
ou seja, defende a procura da felicidade através de um que isso implicaria o regresso à “escuridão” e ao alhea-
exercício de autodisciplina, moderando-se as fortes mento do mundo. Por isso, os ceifeiros abandonam a
emoções e aceitando o curso normal das coisas. venda mudos e taciturnos. Não saber se o rádio con-
tinuaria ou não na venda, fá-los pensar que poderão
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Análise passo a passo 3 (p. 75) regressar à sua antiga vida – letárgica e triste. A espe-
1. A memória é uma capacidade do ser humano que rança trazida pelo aparelho morria agora ante a pers-
lhe permite guardar factos dignos de glória e que petiva da sua devolução.
contribuíram para a afirmação nacional. Nesse 4. Perante a postura submissa da mulher (e o seu apare-
sentido, esses feitos ficam registados na história cimento na venda fora de horas), o que contrasta com
de uma nação e foi o que aconteceu relativamente a sua maneira de ser habitual, Batola interroga-se e
a este herói pré-nacional, chefe dos lusitanos, que, aguarda ansiosamente o pedido que ela quer fazer,

173
CENÁRIOS DE RESPOSTA

“Suspenso, o homem aguarda”. Esta “cedência” da homens manifestem vontade de o fazer. Sem ela, nada
mulher às aspirações de Batola muda o final da ação, acontece nem se realiza.
uma vez que a decisão que todos esperavam era a de 2. Blimunda ficou incumbida de recolher vontades que se
que ela não aceitasse a compra do rádio. desprendessem dos homens (duas mil no total). Para
B — “GEORGE”, DE MARIA JUDITE CARVALHO tal, deveria usar um frasco com uma pastilha de âmbar
amarelo que possuía a faculdade de atrair o éter.
1. A figura mais velha – Georgina – não é uma figura
real. É uma imagem criada por George através da 3. O padre tem esta atitude porque chegou a temer ter
imaginação, como se verifica pelas expressões “vai-se perdido a vontade, quando, numa primeira tentativa,
formando aos poucos como um puzzle gasoso, in- Blimunda nada viu dentro dele. De facto, ele tem plena
quieto, informe”. Podemos ainda confirmar esta ilusão consciência de que, sem ela, o seu projeto de voar
pela afirmação do narrador no penúltimo parágrafo: nunca se concretizaria.
“mas a velha já ali não está.”
Análise passo a passo 7 (p. 93)
2. Georgina é um desdobramento de George e, através
do monólogo interior, tem por finalidade alertar a per- 1. É evidente, pelo diálogo que trava com Fernando
sonagem para os problemas que encontrará no futuro, Pessoa, que Ricardo Reis, regressado a Portugal ao
caso mantenha o comportamento que vem eviden- fim de 16 anos, não está a par da situação política
do país, tomando conhecimento dela apenas pelos
ciando (de não privilegiar as relações pessoais), já que
jornais ou por conversas que vai mantendo com ou-
em termos físicos e materiais − que parece ser o mais
tras personagens, como Lídia. Neste caso concreto,
importante para George − as pessoas sofrem uma evo-
Ricardo Reis opta por colocar as suas dúvidas a
lução que as diminui.
Fernando Pessoa, que, sabendo ler nas entrelinhas,
3. George pretende esquecer as palavras de Georgina, confessa ao seu heterónimo que os meios de comu-
ou melhor, tenta convencer-se de que a idosa não tem nicação estão ao serviço de uma poderosa máquina
razão e de que com ela jamais acontecerá isso. Tenta, de propaganda política.
ainda, interiorizar que os bens materiais, o dinheiro
2. O facto de o arcebispo de Mitilene ter declarado que
que tem no banco, as exposições futuras, continuarão
Portugal é Cristo e Cristo é Portugal evidencia o apoio
a trazer-lhe prestígio e sucesso profissional e, desta
da Igreja ao regime. Cometendo esta blasfémia, ele
forma, poderá “comprar”, quando for velha, o que for
abençoa o país e os seus governantes, e atribui-lhes
necessário para colmatar a solidão.
um cunho sagrado. Por outro lado, esta era a melhor
4. Esta tranquilidade surge a partir do momento em que forma de garantir a adesão do povo ao regime, fazendo
a imagem de Georgina se esfuma. Desta forma, “a voz uso das raízes marcadamente cristãs da população
da consciência” deixa de incomodar a pintora, o que se portuguesa.
verificou nos parágrafos precedentes. O que importa é
3. a. representações do século XX: o poder político
que George continuará a viver, enquanto a sua incons-
(ll. 1-9); b. intertextualidade: ll. 16-18
tância o permitir, “até quando?”, na sua casa mobilada
e a viver o seu sucesso.

Análise passo a passo 5 (p. 85) ANÁLISE TEXTUAL


1. A comparação do corpo a um rio sugere o movimento Análise textual 1 (p. 99)
de Green God, destacando a graciosidade desse deus
GRUPO I
verde em “desafio com as margens”, e a ligação har-
moniosa do homem com a natureza. 1. É ao observar o lago, a realidade concreta, que o su-
2.1 Nos versos 8 e 9, o sujeito poético afirma que Green jeito se evade através do pensamento e inicia uma re-
God fazia brotar ervas dos seus passos e troncos dos flexão de índole existencial; questiona o modo de ser
seus braços; refere ainda, na estrofe seguinte, que o feliz e a irrealização dos sonhos nos quais fundou a sua
vida e, portanto, conclui que não viveu porque a cons-
seu ritmo era o ritmo adequado a um deus, para con-
truiu com base nos sonhos. Esta ideia depreende-se
cluir que “era um deus que passava”. Assim, os versos
dos dois últimos versos (“Por que fiz eu dos sonhos /
referidos comprovam que se trata de um deus da flo-
A minha única vida?”), que constituem uma espécie
resta, das plantas, da natureza.
de lamento e de autorreprovação. Por isso, mesmo
3. O poema é constituído por quatro quintilhas de ver- inserido numa realidade física concreta, o “eu” não
sos de sete sílabas métricas (redondilha maior), o que encontra algo que o motive e o faça sair da angústia
poderá remeter para uma possível influência da lírica
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existencial em que vive. Por isso lamenta o ter vivido


medieval. A rima é emparelhada e interpolada, segundo uma vida fundada em sonhos.
o esquema rimático abccd, sendo que os primeiros ver-
2. Logo na primeira quadra surgem duas realidades
sos de cada estrofe rimam entre si.
distintas: a do lago (física e concreta) e a do “eu” que
pensa, sendo esta a sobrepor-se à primeira, uma vez
Análise passo a passo 6 (p. 89) que o sujeito poético afirma “Não sei se penso em tudo /
1. Para que o mundo possa evoluir e os projetos se Ou se tudo me esquece”, onde claramente se percebe
possam concretizar, torna-se imprescindível que os que o pensamento perturba a razão e os sentimentos,

174
CENÁRIOS DE RESPOSTA

facto que remete para a dor de pensar. Já na última e “um amargo de boca” na alma, o que não o impede
estrofe, o relevo é dado ao sonho, expressando-se aí a de se sentir liberto, apenas porque, naquele momento,
ideia de que a vida do "eu" poético foi feita de sonhos não está a pensar em nada.
que o impediram de viver: a realidade acabou por con- 2. Os versos referidos são reveladores da satisfação
flituar com o sonho, fazendo com que os sentimentos do “eu” por não pensar, o que lhe permite sentir-se
disfóricos se apossassem deste “eu” que revela des- despreocupado. Estes versos deixam antever que o
conforto, tristeza e angústia por não saber viver. pensamento atormenta a alma e esta só é sentida
3. A personificação é visível em vários versos já que são como inteira, liberta, se o pensamento não atormen-
atribuídas características humanas ao lago, à brisa e tar o sujeito poético, tal como acontece no momento
à água. Assim, expressões como “o lago mudo” (v. 1), da enunciação.
“Que uma brisa estremece” (v. 2) ou “água adorme- 3. Com esta anáfora, consegue acentuar-se o estado de
cida” (v. 10) são ilustrativas deste recurso expressivo, ataraxia em que o “eu” se encontra e reforçar o prazer
sugerindo o modo como o sujeito poético perceciona a que advém de não usar o pensamento, sugerindo que
realidade física que o rodeia. Ao mesmo tempo, permite o pensamento atormenta o sujeito poético e, por isso,
perceber o alheamento dos elementos naturais face ao o não estar pensando naquele momento é motivo de
estado de espírito do “eu”, parecendo até contribuir para grande satisfação e algo incomum, que o levam a re-
acentuar ainda mais o negativismo que o domina. forçar positivamente esse atual estado de espírito.
4. Há três metáforas que estão na base da construção do 4.1 C
poema: “o lago”, “a brisa” e os “trémulos vincos”. A pri-
GRUPO II
meira pode ser entendida como o espelho onde o “eu”
se observa; a segunda sugere os pensamentos e as 1. Os peixes são alvo da inveja do orador uma vez que se
emoções que se apossam do sujeito poético e a última revelam superiores a ele em quase tudo, destacando-
remete para os sonhos que se revelaram enganadores. -se o facto de não ofenderem a Deus, nomeadamente
porque não têm razão, não têm memória e não têm
5. a. 1; b. 2; c. 2; d. 3 vontade. Por outro lado, cumprem o fim para que
GRUPO II foram criados por Deus (servir os homens), enquanto o
1. Carlos da Maia, depois da formatura em medicina, tem, orador não cumpre o fim para que foi criado (moralizar
efetivamente, vários sonhos, como se percebe no pri- os homens, impedindo-os de pecar).
meiro parágrafo do excerto. Porém, também se infere 2. Como estratégias argumentativas, destacam-se as
que “As semanas foram passando” e as “resoluções construções frásicas paralelísticas e anafóricas (“eu
sinceras de trabalho” que trazia foram-se dissipando e lembro-me, mas vós não ofendeis a Deus com a me-
sendo substituídas pelas preocupações de decoração mória; eu discorro, mas vós não ofendeis a Deus com o
luxuosa porque, no fundo, Carlos era um diletante, ou entendimento”), as interrogações, através das quais se
seja, alguém que se dispersa por várias iniciativas sem capta a atenção do auditório, a que se associa também
concretizar nenhuma. Sendo assim, podem estabele- o uso do vocativo, que permite identificar o interlocutor
cer-se aproximações entre Carlos e Pessoa, porque do orador.
também este sonhou em demasia e não concretizou 3.1 D 3.2 C
os seus sonhos.
2. A afirmação traduz a adoração de Afonso da Maia pelo Análise textual 3 (p. 103)
neto e é reveladora do orgulho e da satisfação que os
GRUPO I
projetos de Carlos lhe proporcionavam, vendo nestas
iniciativas uma força e uma vontade de agir, de triun- 1. Sem a ação do homem, o Ato, e a intervenção de
far que não vira no seu filho Pedro. É como se o velho Deus, o Destino, os Descobrimentos não teriam ocor-
realizasse os seus sonhos através do neto que criara e rido. Tal como se evidencia no poema, Deus teve de
educara segundo os seus princípios. erguer “o facho trémulo e divino” para iluminar o
Homem e, deste modo, afastar o “véu” que ocultava o
3. O diletantismo de Carlos fá-lo dispersar-se por várias
desconhecido. Assim, os portugueses foram protago-
atividades que pretende realizar e, daí, a dificuldade
nistas no desvendar o desconhecido graças à Ciência
em discernir a linha de aplicação do tumulto de forças
e à Coragem (“a alma a Ciência e corpo a Ousadia”)
que desejava concretizar. Veja-se que, no excerto, se
de que se muniram.
dá conta da vontade de instalar um laboratório e mon-
tar um consultório e as “semanas foram passando” 2. As mãos representam simbolicamente o Ato e o Des-
e nenhum dos planos de Carlos fora concretizado. tino e é graças a elas que o mistério é desvendado.
Com efeito, se uma das mãos remete para a interven-
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4.1 D
ção divina na ação do homem português, a outra rela-
ciona-se com a ação do Homem que age, desbravando
Análise textual 2 (p. 101)
o caminho agora iluminado pela força do Destino.
GRUPO I 3. O poema “Ocidente” integra-se na Parte II de Men-
1. O sujeito poético sente-se bem, feliz, por não estar a sagem, intitulada “Mar Português”, onde se apresen-
pensar em nada, afirmando que isso é “viver intima- tam os heróis envolvidos nos Descobrimentos e que
mente”. Refere ainda que tem uma dor nas costas adquirem uma dimensão mítica na conquista do mar.

175
CENÁRIOS DE RESPOSTA

Esta segunda parte tem uma epígrafe latina (Posses- orgulho e geral gosto/que os ânimos levanta”, em Men-
sio Maris – posse do mar), que justifica plenamente a sagem invoca-se a chegada da hora da mudança!
inserção do poema “Ocidente” nesta parte. 2. O “eu” lírico lamenta o esforço e a persistência para
4. A força que tornou possível a missão de Portugal é elevar o nome de Portugal e dos portugueses, já que
de natureza espiritual, pois trata-se de Deus e daí que esses, que são objeto de louvor, são “gente surda e
o poeta afirme que “foi Deus a alma”, ou seja, sem endurecida”. Lamenta que os que deveriam incentivar
a vontade de Deus, a obra não nasceria. a criação e a arte não o façam, uma vez que estão
5. a. 1; b. 1; c. 2; d. 3 preocupados com a sua própria ambição e ganância.
3. Nos dois últimos versos, o poeta pretende “mostrar” ao
GRUPO II
Rei a superioridade dos portugueses, enaltecendo-os
1. Na estância 99 faz-se referência ao amor que as e solicitando ao monarca que reconheça o valor dos
musas têm à pátria e na 100 afirma-se que as deusas seus súbditos.
têm pelos portugueses um amor fraterno, colocando
em paridade os lusitanos, ou seja, atribuindo-lhes o 4.1 B
mesmo caráter divino. Assim, esta aproximação das
deusas aos portugueses pode ser lida como sinal de Análise textual 5 (p. 107)
eleição do povo português. GRUPO I
2. Os versos sintetizam toda a reflexão do poeta na qual 1. A ação desenrola-se num espaço semidesértico, num
critica o facto de os portugueses desprezarem as lugarejo muito pobre (“casinhas desgarradas e nuas”);
artes. Daí que o poeta sinta necessidade de animar
os campos áridos não trazem mais-valias em termos
aqueles que, perante a atitude de indiferença pelas
sociais, “plainos sem fim” e “desertos”. Além disso,
artes, possam deixar de empreender ações gloriosas.
a vida é um constante marasmo, influenciado também
Por isso, incentiva-os a não esmorecer porque as gran-
pela ausência de perspetivas (“Um silêncio que caiu,
des obras nunca perderão o seu valor.
estiraçado por vales e cabeços, e que dorme profun-
3.1 B 3.2 A damente”, ll. 9-10).
2. As “figurinhas” que regressam “dobradas” dos cam-
Análise textual 4 (p. 105) pos trazem ainda, “exaustos da faina”, a postura que
GRUPO I durante todo o dia mantiveram para desempenhar as
suas funções laborais; além do cansaço, não apresen-
1. A repetição do advérbio de negação a anteceder os
tam sequer vontade de conviver, já que ninguém “virá
nomes “rei”, “lei”, “paz”, “guerra” confere ao texto um
até à venda falar um bocado”; por fim, as “trevas” que
caráter de negatividade, que enfatiza o estado de inde-
envolvem a aldeia remetem para a tristeza e para a dor
finição e a ausência de valores e de rumo que caracte-
da sua vida monótona e sem ambição.
rizam o país, na ótica do sujeito poético.
3. A personificação do tempo, apresentado como uma
2. Tal como o nevoeiro, que sugere duas realidades
personagem, ajuda a caracterizar a vida “triste” dos
opostas, ausência de visibilidade e revelação, as
ceifeiros; a morosidade da passagem do tempo evi-
construções paradoxais apontam para duas faces
dencia o estado psicológico e a monotonia que en-
diferentes da nação – o presente e o futuro. Assim,
volve o dia a dia lento, repetitivo e rotineiro destas
nas expressões “fulgor baço” e “Brilho sem luz e sem
pessoas.
arder”, “baço” e “sem luz e sem arder” poderão apon-
tar para a indefinição do presente; “fulgor” e “Brilho” GRUPO II
apontarão para a vivacidade que poderá vir a caracte- 1. São referenciados dois tipos sociais que se opõem, por
rizar o futuro. um lado, “o povo”, classe trabalhadora, representado
3. As anáforas “Ninguém” e “tudo”, a dupla adjetivação pelos cavadores, cuja vida se pode considerar difícil e
“incerto e derradeiro” e “disperso… inteiro” e a após- “custosa”, em virtude da posição a que continuamente
trofe “Ó Portugal” acentuam a caracterização disfórica estão sujeitos para desempenhar a sua atividade; por
do país, que justifica o apelo final do sujeito poético outro lado, a “atriz”, cuja caracterização se opõe à dos
para que Portugal opere a mudança necessária à cons- cavadores, é uma figura “fina”, protegida do frio por um
trução do Quinto Império. casaco “à russa” que a agasalha.
GRUPO II 2. As frases exclamativas revelam, por parte do “eu”
1. A caracterização do estado anímico de Portugal (e dos lírico, perturbação, em virtude da constatação do so-
frimento e da vida difícil da classe trabalhadora, que
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portugueses) é o tema comum aos dois textos. Embora


separados por quatro séculos, ambos traçam o mesmo compara com seres irracionais pela dureza do tra-
retrato do país: sem iniciativa, abatido e desgostoso. balho; revelam também simpatia e gratidão, porque
Interessante caracterização desta “tristeza” anímica é enaltecem o seu esforço e a sua resignação.
apresentada na obra camoniana através da tripla adje- 3. No excerto do poema “Cristalizações” acedemos a
tivada: “austera, apagada e vil”. Contudo, os dois textos uma realidade contrastiva, principalmente centrada
defendem a tese de que o estado deveria ser outro: “nos homens de carga”, pertencentes ao povo, cuja
enquanto no poema camoniano se reconhece “um ledo vida dura e a azáfama em que vivem contrastam com

176
CENÁRIOS DE RESPOSTA

a “figura fina” que surge envolta “num casaco à russa” divino (“o que resta dos deuses”), aspeto que o sujeito
e que caminha calmamente para o seu ensaio. poético já tinha referido na estrofe anterior.
4. a.3; b. 1; c. 1; d. 2 3. O poema é constituído por cinco quadras, no entanto,
essa regularidade estrófica não se verifica ao nível
Análise textual 6 (p. 109) da métrica e da rima, já que os versos são irregulares
e a rima é branca. A oscilação entre versos longos
GRUPO I e curtos poderá sugerir o movimento ondulante dos
1. A perspetiva de vida ambicionada por George é oposta corpos.
à dos pais. A primeira evidencia uma ânsia de viajar,
GRUPO II
correr o mundo; a personagem não vê com bons olhos
“criar raízes” naquela vila; esta maneira de pensar não 1. “Lá” conota o indefinido, mas é apresentado como um
é bem vista pelos pais, por essa razão, a mãe está a espaço de felicidade, beleza e luz. A sua repetição no iní-
fazer o enxoval de Gi. Além disso, a vocação da jovem cio dos tercetos sugere o desejo de alcançar a “verdade”.
para a pintura é vista como uma arte para a qual “ela 2. Trata-se da apóstrofe, que transmite a ideia de deter-
tem jeitinho”, mas nada mais do que isso. minação e que confere ao soneto um caráter circular,
2. O modo como é descrito o “aparecimento” da figura o que poderá significar que o poeta está próximo de
remete-nos para a “elaboração” mental de alguém, encontrar as respostas que procura.
com recurso à memória: a figura aparece ora ní- 3. C
tida ora esfumada. Por outro lado, a referência ao
pregador de oiro usado por Gi, que “ficou por tuta e Análise textual 8 (p. 113)
meia num penhorista” é uma evocação da vida difí-
GRUPO I
cil de George quando abandonou a vila. Finalmente,
a ausência de determinante possessivo para o nome 1. Perante a beleza da terra duriense, pela qual se sente
“mãe”, na frase “A mãe está a acabar o meu enxo- atraído, S. Leonardo ruma em direção à eternidade
val”, permite concluir que se trata da progenitora de com a certeza de que essa vida eterna (“cais divino”)
ambas as figuras. será um desencanto. Esta ideia dá continuidade ao
verso anterior em que manifesta a saudade da terra
3. A divergência no modo de pensar existente entre Gi e o
que vai deixar.
namorado, Carlos, leva-a a terminar o namoro. O noivo
tinha um sonho que se opunha ao de Gi; queria “com- 2. Trata-se da hipálage, pois verifica-se uma transposição
prar uma terra, construir uma casa a seu modo”, o que de sentido, na medida em que se atribui o deslumbra-
contrariava a vontade da jovem de partir, determinação mento aos olhos e não a quem observa. Desta forma,
que o namorado não compreendia, daí a sua afirmação intensifica-se a beleza da Natureza descrita ao longo
“Creio que está na altura de eu…”. do poema.
3. O recurso a vocabulário de valoração positiva perten-
GRUPO II
cente ao campo lexical da Natureza é uma constante
1. Os primeiros versos evidenciam a euforia, o entu- no poema (“penedos”, “doce mar”, “ondas”, “socalcos”,
siasmo e exaltação do sujeito poético que acredita “vinhedos”, “terra”, “rosmaninho”). Além disso, a ex-
poder encontrar a felicidade desejada, percorrendo o pressividade das metáforas enfatiza a beleza que se
“mundo” noite e dia, “por desertos, por sóis, por noite pretende destacar: “navio de penedos”, “doce mar de
escura”. No entanto, “naufraga” durante o percurso, mosto”, “charcos de luz envelhecida”.
embora recupere o ânimo quando avista o “palácio
encantado da Ventura”. Nos dois últimos versos do GRUPO II
poema é notório o abatimento e a frustração, fruto da 1. A composição tem como assunto o encontro amoroso,
desilusão provocada pela sua incessante busca. que não chega a acontecer. A donzela encontra-se na
2. Trata-se de uma enumeração e evidencia as dificulda- ermida, aguardando a chegada do amigo que tarda.
des que o sujeito lírico tem encontrado ao longo da sua 2. A donzela está ansiosa e preocupada, pois sente-se
busca. Esta ideia é reforçada pela carga semântica ne- só, em perigo, cercada pelas ondas, sem ninguém que
gativa dos termos “desertos”, “noite” e “escura”, o que venha socorrê-la, chegando a antever a própria morte.
reforça a dificuldade e ingratidão daquela procura. 3. C

Análise textual 7 (p. 111) Análise textual 9 (p. 115)


GRUPO I GRUPO I
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1. Neste contexto, o vocábulo tem uma conotação de vida 1. O par espelha a plena completude existente entre o
e a sua repetição incute um ritmo pausado, o que se casal, visível no contraste Sol (símbolo do dia, da força
coaduna com a tranquilidade e ambiente de desejo que física, do trabalho)/Lua (símbolo da noite, do trans-
emana do poema. cendente, do mundo onírico). Reflete ainda a ideia de
2. O verso destaca a afetividade que une os dois aman- renovação e de totalidade, inerente ao número sete e
tes, sugerida pelo advérbio “amorosamente”, e apre- que, no caso do casal, se traduz no facto de ambos re-
senta o referido corpo como algo transcendente, presentarem não só a comunhão total e perfeita, mas

177
CENÁRIOS DE RESPOSTA

também de remeterem para a ideia de transgressão e Análise textual 10 (p. 117)


mudança relativamente ao regime absolutista e inqui-
GRUPO I
sitorial vigente.
1. Os eventos relatados acontecem no seguimento da
2. Enquanto a relação de Baltasar e Blimunda se pauta
decisão do rei em inaugurar o convento no dia em que
pela espontaneidade, cumplicidade e intimidade resul-
completasse 41 anos, facto que revela quer a sua vai-
tantes da vivência de um amor profundo e verdadeiro
dade quer a sua megalomania e prepotência já que,
(“Dormiram nessa noite os sóis e as luas abraçados,
apesar de saber que o estado em que a construção se
enquanto as estrelas giravam devagar no céu, Lua
encontrava não permitia tal resolução, o rei, que reunia
onde estás, Sol aonde vais”, ll. 10-11), o rei e a rainha em si todos os poderes, impõe o seu desejo e ordena
revelam ter uma relação estritamente protocolar e que sejam enviados para Mafra todos os homens vá-
convencional, sem amor, nada mais sendo do que um lidos dos quatro cantos do reino, forçando-os a isso,
casamento de conveniência. Desta feita, o rei mantém muitas vezes de forma violenta, sobretudo em relação
relações extraconjugais e a rainha tenta ultrapassar aos que se recusavam a ir. Assiste-se, assim, ao des-
a sua frustração, recorrendo aos serviços religiosos file de dezenas de homens arrancados às suas terras
e sonhando, de forma libidinosa, com o cunhado (“de e famílias, agrilhoados e obrigados a cumprirem o ca-
el-rei não falemos, que sendo tão moço ainda gosta pricho de um rei.
de brinquedos, por isso protege o padre, por isso se
2. Esta relação intertextual é uma forma de o narrador ri-
diverte tanto com as freiras nos mosteiros e as vai
dicularizar e estabelecer um contraste entre a situação
emprenhando, uma após outra, ou várias ao mesmo
que está a descrever e a que ocorre em Os Lusíadas.
tempo, que quando acabar a sua história se hão de
Assim, embora nos dois casos surja a voz de um velho
contar por dezenas os filhos assim arranjados, coitada
a contestar o acontecimento a que está a assistir, são
da rainha, que seria dela se não fosse o seu confes-
grandes as diferenças entre as duas situações. De facto,
sor António Stieff, jesuíta, por lhe ensinar resignação,
enquanto, na epopeia camoniana, um velho experiente
e os sonhos em que lhe aparece o infante D. Francisco
e de aspeto venerando se insurge contra uma empresa
com marinheiros mortos pendurados dos arções das
grandiosa de um reino em expansão e, embora a sua
mulas”, ll. 28-33).
voz seja discordante, não há qualquer censura ao seu
3. Apesar de ser padre e pertencer a uma classe social discurso, no caso de Memorial do convento, o narrador
conivente com um regime absolutista e promotora do serve-se de forma jocosa de um labrego para condenar
obscurantismo e da perseguição, através do Santo Ofí- uma situação que nada tem de grandiosidade, pelo con-
cio, Bartolomeu Lourenço distancia-se desses princí- trário, que é um símbolo da prepotência e da opressão.
pios da Igreja Católica. Está disposto a concretizar um neste caso, a voz do velho é abafada com a sua morte,
projeto que poderia ser considerado uma heresia aos o que reflete a época de obscurantismo em que se vivia.
olhos da Inquisição, contando, para isso, com a ajuda 3. Na conceção de Saramago, o povo é o verdadeiro prota-
de elementos que, à partida, estariam condenados gonista da sua obra. Por isso, quer prestar-lhe o tributo
à fogueira, como Blimunda, ou que eram, em termos e a homenagem que a História lhe nega. Faz questão
sociais, marginalizados, como era o caso de Baltasar. de, simbolicamente, tentar nomear todos os homens
GRUPO II envolvidos na construção do convento, percorrendo
as letras do alfabeto. Neste excerto, não se coibe de
1. É através da estrutura paralelística e anafórica que o
denunciar as atrocidades, o sofrimento infligido e os
pregador apresenta, em posição antagónica, as duas
sacrifícios por que tiveram de passar os verdadeiros
únicas possibilidades e respetivas justificações para o
obreiros desta empresa megalómana, elevando-os
facto de a terra se apresentar tão corrupta: ou os pre-
assim à categoria de heróis.
gadores (“o sal”) não estão a cumprir com a sua mis-
são ou os fiéis (“a terra”) não estão a adotar a doutrina GRUPO II
que lhes é transmitida. 1. Este excerto diz respeito ao cerco da cidade de Lisboa
2. A intenção persuasiva é visível através de vários me- por parte do exército castelhano, que entrou em Por-
canismos, como a assunção da primeira pessoa do tugal para combater contra o Mestre de Avis, como
plural, como forma de o pregador se irmanar com o forma de reivindicar a coroa portuguesa. Por ques-
interlocutor (“mas quando a terra se vê tão corrupta tões de legitimidade e tendo em conta o testamento
como está a nossa”, ll. 2-3); o levantamento de ques- de D. Fernando, o reino português deveria ser entre-
tões para as quais são apresentadas possibilidades gue, assim que tivesse idade para isso, ao neto, filho
de resposta ou o uso de recursos expressivos como de D. Beatriz e de Juan de Castela.
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a anáfora, a antítese ou a gradação, que contribuem 2. A consciência coletiva é visível no facto de o povo se
para um discurso eloquente (“Começam a ferver as manter unido e em uníssono defender a mesma causa:
ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, a soberania da nação. Assim sendo, estavam sempre
os maiores, os pequenos”, ll. 35-36). Já a exempla- todos disponíveis para forte e corajosamente defende-
ridade decorre do facto de Vieira, para melhor fun- rem a cidade (“quando repicavom, neuũ nom mostrava
damentar a sua posição e conferir autoridade, se que era faminto, mas forte e rijo contra seus ẽmigos”,
socorrer de palavras proferidas por Cristo ou do ll. 25-26), apesar das muitas privações por que esta-
exemplo de Santo António. vam a passar, dada a escassez de alimentos.

178
CENÁRIOS DE RESPOSTA

Análise textual 11 (p. 119) opositores à sua ideologia, recorrendo à censura e à


opressão, através da então criada Polícia de Vigilância
GRUPO I
e Defesa do Estado. Neste excerto, estamos perante
1. A deambulação geográfica é visível no facto de Ri- uma das tentativas de revolução protagonizada por um
cardo Reis ir percorrendo as ruas da cidade de Lisboa, conjunto de marinheiros, nos quais se incluía o irmão
ao mesmo tempo que se detém na observação de al- de Lídia, mas que rapidamente foi abortada pelas for-
guns aspetos, deixando transparecer as suas impres- ças repressoras, que se serviram, para o efeito, de
sões (“atravessa de cá para lá, por outras alamedas bombardeamentos aos barcos revoltosos a partir do
regressa, agora vai descer a Rua do Século, nem sabe forte de Almada.
o que o terá decidido, sendo tão ermo e melancólico
2. A primeira relação intertextual estabelecida com
o lugar, alguns antigos palácios, casas baixinhas, es-
Camões surge a propósito da estátua do Adamastor
treitas, de gente popular”, ll. 1-3).
que se ergue no Alto de Santa Catarina. Através da
2. Em 1936, vigorava em Portugal a ditadura de Sala- alusão e da descrição do gigante, o narrador pretende,
zar. Nesta época, no geral, o povo vivia com escassos por um lado, denunciar o estado de latência e inércia
recursos e, muitas vezes, em situações de extrema de Portugal (e daí estar “concluída a sua petrificação”,
miséria. Assim sendo, a pobreza era uma realidade l. 5) e, por outro, indiciar já o fracasso da tentativa de
instalada no país, sendo que, para fazer face a esta revolta iminente por parte dos marinheiros, que aca-
situação, organizavam-se eventos de caridade, como bará por ser travada por um regime repressivo (“a gar-
é o caso do bodo do Século, a que Ricardo Reis assiste, ganta que ia gritar não gritará”, l. 6). No final, volta a
onde foi distribuída uma esmola a mais de mil pobres. aludir-se ao grito preso do Adamastor como estando
3. A intertextualidade com Cesário é evidente não só no prestes a fazer ouvir-se, metáfora de um tempo de mu-
facto de, à semelhança do poeta, também Ricardo Reis dança que se espera e cuja ideia é corroborada tam-
ir deambulando pela cidade de Lisboa e registando as bém através da alteração do verso de Camões – “Onde
suas impressões e sensações, mas também é percetível a terra se acaba e o mar começa” – para – “Aqui, onde
na alusão ao poema “Num bairro moderno” quando o o mar se acabou e a terra espera” (l. 54).
narrador, a propósito dos desequilíbrios sociais, afirma 3. O título do livro acaba por refletir o estado labiríntico
“ai de nós, pelo caminho que as coisas levam, ainda ve-
vivido por Ricardo Reis ao longo do tempo em que es-
remos bairros exclusivos, e só residências, para a bur-
teve em Lisboa e em que tentou singrar como figura
guesia de finança e fábrica, que então terá engolido da
autónoma. Mas a verdade é que, não tendo encontrado
aristocracia o que resta, com garagem própria, jardim à
saída nem conseguindo dar um rumo à sua vida, facto
proporção, cães que ladrem violentamente ao viajante,
que implicaria forçosamente que passasse a adotar
até nos cães se há de notar a diferença, em eras distan-
uma atitude ativa, Ricardo Reis acaba por desistir e
tes tanto mordiam a uns como a outros”. Além disso,
opta por seguir Fernando Pessoa em direção à morte.
o facto de o narrador denunciar a miséria do povo re-
mete também para muitos dos poemas de Cesário GRUPO II
Verde, como “O sentimento dum ocidental”. 1. O sujeito lírico denuncia a opressão vivida em Portu-
GRUPO II gal, durante a época de ditadura (“Silêncio − é tudo
o que tem / quem vive na servidão”, vv. 19-20). Esta
1. Trata-se da sinestesia, uma vez que estamos perante
situação, que ele classifica como uma desgraça que
a confluência de sentidos diferentes (a visão: “brancu-
assola o país (“e o vento cala a desgraça”, v. 3), afeta
ras”; e o tato: “quentes”), que serve aqui para destacar
sobretudo o povo, que sofre grandes carências (“Eu
a acentuada perceção sensorial do sujeito lírico, que
vi-te crucificada / nos braços negros da fome”, vv. 39-
se serve de todos os sentidos para captar a realidade
-40), ao mesmo tempo que contribui para a estagna-
à sua volta.
ção do país (“Vi minha pátria parada / à beira de um
2. A transfiguração poética do real é visível no facto rio triste”, vv. 43-44) e para a submissão da população
de o sujeito lírico partir de uma realidade concreta – (“em tempo de servidão”, v. 58). No entanto, como o
o cesto de hortaliças da vendedeira – transformando-a próprio sujeito lírico declara “há sempre alguém que
e recriando-a, quando decide (re)compor os vegetais resiste / há sempre alguém que diz não” (vv. 59-60),
com a forma de um corpo humano (“Se eu transfor- versos que funcionam como metáfora da esperança de
masse os simples vegetais […] / Num ser humano que que os resistentes ao regime possam um dia triunfar.
se mova e exista / Cheio de belas proporções carnais?!”,
2. Trata-se de uma trova, constituída por 15 quadras, todas
vv. 17 e 19-20). Assim, dando asas à imaginação e ado-
elas com versos heptassilábicos (redondilha maior).
tando uma atitude surrealista, o sujeito lírico descobre
A rima é sempre cruzada, exceto na sexta estrofe, em
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nos vários elementos existentes na giga “Um novo


que o primeiro e o terceiro versos são brancos.
corpo orgânico, aos bocados” (v. 22).

Análise textual 12 (p. 121)


QUESTÕES DE AULA
GRUPO I
1. Em 1936, vivia-se em Portugal um sistema ditatorial Questão de aula 1 (p. 157)
presidido por Salazar. O regime controlava quaisquer 1. 1.1 B 1.2 A 1.3 A 1.4 C 1.5 B 1.6 D 1.7 D 1.8 C

179
CENÁRIOS DE RESPOSTA

Questão de aula 2 (p. 158) C. V


1. A. F; B. V; C. F; D. V; E. F; F. F; G. V; H. F; I. V; J. V; D. F – Para Torga, a criação poética decorre do esforço
K. F; L. V do poeta, o que implica dedicação e entrega total ao
trabalho artístico.
2. 2.1 B 2.2 B 2.3 A 2.4 D
E. V
F. F – Ana Luísa Amaral explora as potencialidades da
Questão de aula 3 (p. 159)
língua, nomeadamente a musicalidade da linguagem.
1. A. F; B. V; C. V; D. F; E. V; F. V; G. F; H. V; I. F; J. V; G. V
K. V; L. V; M. F; N. F H. F – A poesia de Ana Luísa Amaral baseia-se no quo-
2. 2.1 B 2.2 A 2.3 D tidiano doméstico e familiar, mas o sonho e a fantasia
são características da sua obra.
Questão de aula 4 (p. 160) I. V
1. a. 2; b. 11; c. 7; d. 13; e. 1; f. 3; g. 6; h. 9; i. 8; j. 4 J. F – A poesia de Manuel Alegre recupera frequente-
2. a; c; e; g mente a tradição literária, nomeadamente na linha de
Camões e das Cantigas de Amigo.
Questão de aula 5 (p. 161) K. V
L. F – Manuel Alegre defende valores coletivos, em
1. A. V; B. V; C. F; D. V; E. V; F. V; G. F; H. V; I. V; J. F
detrimento de anseios individuais.
2. a. 6; b. 4; c. 9; d. 2; e. 10; f. 7; g. 12; h. 8; i. 5; j. 3
2. a. 4; b. 1, 7; c. 3, 5; d. 2, 4, 6
Questão de aula 6 (p. 163)
Questão de aula 9 (p. 169)
1. a. três; b. “Brasão”; c. cinco; d. Avis; e. O Infante
1. 1.1 C 1.2 C 1.3 B 1.4 C 1.5 A 1.6 D 1.7 D 1.8 D
D. Henrique; f. “Mar português”; g. dos Descobrimentos;
1.9 A 1.10 D
h. “Mostrengo”; i. “O Encoberto”; j. “É a hora!”
2. A. F – D. João V promete edificar o convento caso
2. / 2.1
a rainha consiga engravidar no prazo de um ano.
A. F – Os poemas da secção são dois (A “Coroa” não
B. F – Foi o Alto da Vela, em Mafra.
faz parte.).
C. F – Muitos homens foram obrigados a trabalhar
B. F – “Afonso de Albuquerque” não pertence à Parte II.
na construção e as condições a que os trabalhadores
C. V
do convento estavam sujeitos eram péssimas.
D. V
D. V
E. V
E. V
F. F – Pessoa apelida-o de “o plantador de naus a
F. V
haver”, por ter plantado o pinhal de Leiria.
G. F – O padre começa a revelar comportamentos es-
G. F – Quatro poemas referem-se a infantes (D. Duarte
tranhos depois da conversa com Scarlatti e da obser-
também foi rei e D. Pedro foi regente).
vação de uma gaivota.
H. V
H. V
3. a. 3; b. 2; c. 4; d. 1; e. 6; f. 5; g. 7; h. 10; i. 8; j. 9
4. 4.1 B 4.2 C 4.3 D 4.4 A Questão de aula 10 (p. 171)
1. 1.1 A 1.2 C 1.3 C 1.4 B 1.5 D 1.6 B 1.7 D 1.8 A
Questão de aula 7 (p. 165) 1.9 B 1.10 C
1. a. 6; b. 5; c. 7; d. 3; e. 4 2. / 2.1
2. / 2.1 A. F – Ao fim de algum tempo como hóspede do Hotel
A. F – George decide abandonar a sua aldeia por se Bragança, Ricardo Reis aluga uma casa no Alto de
sentir desfasada daquele ambiente e por não se ajus- Santa Catarina.
tar ao papel social que a sociedade esperava de si, en- B. V
quanto mulher. C. V
B. V D. F – O Ricardo Reis saramaguiano apresenta-se
C. V quase como um decalque do heterónimo de Pessoa,
D. V. quer em termos físicos, quer literários, quer, ainda, em
E. F – A protagonista sente-se incomodada e procura termos de personalidade.
afastar todas essas imaginações, estando convicta de E. F – Fernando Pessoa visita várias vezes Ricardo
que o dinheiro conseguirá preencher o vazio que se
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Reis, seja no Hotel Bragança, seja na sua casa do Alto


avizinha. de Santa Catarina.
F. V F. V
G. V
Questão de aula 8 (p. 167) H. F – Marcenda é uma mulher passiva e desistente.
1. / 1.1 I. F – Ricardo Reis sente que se meteu num grande
A. V sarilho, não sabendo se vai ou não perfilhar a criança.
B. V J. V

180
NOVO

Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO

Gramática
• Fichas de trabalho
• Cenários de resposta

Gramática
GRAMÁTICA
• 1 – Fonética e fonologia | Etimologia . . . . . . . . 183
• 2 – Processos regulares e irregulares
de formação de palavras . . . . . . . . . . . . 184
• 3 – Funções sintáticas . . . . . . . . . . . . . . . . 185
• 4 – Complemento oblíquo, complemento
do nome e complemento do adjetivo . . . . . . 186
• 5 – Frase complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
• 6 – Sintaxe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
• 7 – As diferentes funções do “se” |
A função sintática de orações subordinadas . . 189
• 8 – Atos ilocutórios . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
• 9 – Dêixis | Coerência e coesão |
Reprodução do discurso no discurso . . . . . . 191
• 10 – Valor aspetual . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
• 11 – Modalidade e valor modal . . . . . . . . . . . 194
• 12 – Globalizante 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
• 13 – Globalizante 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
• 14 – Globalizante 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . 201


FONÉTICA E FONOLOGIA | ETIMOLOGIA
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 1
NOME: N.O: TURMA

1 Classifique como verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem relativas às prin-


cipais etapas da formação e evolução do português. Corrija as falsas.

A. Entende-se por romanização a extensão do império e da cultura romanos a ou-


tras zonas.
B. O latim era a língua falada pelos povos autóctones da Península Ibérica antes da
invasão romana.
C. A língua portuguesa mantém-se inalterada desde o século XIV.
D. Os Descobrimentos tiveram influência direta na evolução da língua portuguesa.

2 Identifique os processos fonológicos operados na evolução das seguintes palavras.


a. PIETATE- > piedade
b. INTER > enter > entre
c. IPSU- > isso
d. APOTECA- > poteca > bodega
e. TIBI > tii > ti
f. RADIU- > raio
g. REBELLE- > rebelde
h. AQUA- > água
i. SCRIPTU- > escrito
j. VERITATE- > veridade > verdade
k. CREDO > creo > creio
l. NOCTE- > noite
m. VENIO > venho

3 Partindo da palavra “sapato”, indique outras em que se verifique o processo da redução


vocálica.

4 Classifique cada par de palavras apresentado, tendo em conta o étimo de que derivam.
a. óculo (OCULU-) / olho (OCULU-)
b. chave (CLAVE-) / clave (CLAVE-)
c. canto [da sala] (CANTHU-) / canto [das aves] (CANTU-)
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5 Apresente, para cada alínea, duas palavras da língua portuguesa que contenham cons-
tituintes que integram cada um dos étimos listados abaixo.

a. PEDE- (“pé”) c. ANTHROPOS (“homem”)


b. GYNE (“mulher”) d. ADVERSU- (“contra”)

183
PROCESSOS REGULARES E IRREGULARES DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS
GRAMÁTICA
2 ESCOLA: DATA: / /

NOME: N.O: TURMA

1 Refira os processos regulares de formação de palavras que ocorreram nos vocábulos


sublinhados.

a. Aquela criança é irritante, não aceita nunca um não, além disso não para de chorar.

b. O João é muito trabalhador, foi dele a iniciativa do movimento estudantil.

c. O barulho naquela discoteca era tão grande, que fazia ensurdecer qualquer um.

d. O meu amigo vai ser expatriado, pois estava ilegal no país.

e. A Joana que não para de olhar para a árvore, é muito bonita, tem um olhar penetrante.

f. A conquista de boas notas implica esforço.

g. Hoje sentia-me muito triste, mas recebi um forte abraço e parece que tudo melhorou.

h. A minha amiga está a fazer uma especialização em neurocirurgia.

i. As doenças cardiovasculares estão a aumentar em Portugal.

2 Refira os processos irregulares de formação de palavras que ocorreram nos vocábulos


sublinhados.

a. Estou a seguir uma série excelente que passa na RTP à segunda-feira.

b. A associação DECO tem prestado um excelente serviço em prol do consumidor


português.

c. No sábado vou com os meus pais a um espetáculo de jazz.

d. Quando acabares o trabalho, desliga o computador, mas antes, fecha todas as janelas.
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e. Preciso de ir ao centro da cidade fazer compras, mas prefiro ir de metro.

f. Adorei a t-shirt que a minha mãe me comprou.

184
FUNÇÕES SINTÁTICAS
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 3
NOME: N.O: TURMA

1 Refira as funções sintáticas desempenhadas pelos constituintes sublinhados em cada


uma das frases seguintes.

a. O desafio dos modernistas era abolir com os modelos antigos.

b. Muitos leitores acham a poesia de Pessoa superior à de outros poetas da sua época.

c. Alguns críticos duvidam da genialidade de Fernando Pessoa.

d. Sentimos vontade de conhecer melhor a heteronímia.

e. Os alunos ficaram perplexos com a complexidade interior do nosso poeta maior.

f. Muitos jovens foram interrogados pelo professor acerca das temáticas do ortónimo.

g. Os professores registaram as principais temáticas da poesia de Caeiro.

h. O poema que demos ontem abordava a temática da dor de pensar.

i. O poema “Autopsicografia” está em vários manuais.

j. Os alunos ficaram apreensivos com a poesia de Ricardo Reis.

k. O poeta não se conformou com as regras dos movimentos artísticos anteriores.

l. Ricardo Reis dedicou a sua ode à amada Lídia.


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m. Sabe-se que Pessoa embarcou para a África do Sul aos sete anos de idade.

n. Alguns críticos pessoanos consideram o poeta um génio.

185
COMPLEMENTO OBLÍQUO, COMPLEMENTO DO NOME E COMPLEMENTO DO ADJETIVO
GRAMÁTICA
4 ESCOLA: DATA: / /

NOME: N.O: TURMA

1 Atente na informação relativa às regências verbais de complemento oblíquo.


A. Muitos verbos, com regência preposicional, “reclamam” um complemento oblíquo.
B. Alguns verbos, não sendo regidos de preposição, também necessitam de comple-
mento oblíquo para completar o seu sentido. É o caso dos verbos custar, durar, medir,
pesar (quando associados a quantificação) e portar-se ou sentir-se, entre outros.
C. Existem ainda outros verbos que requerem simultaneamente um complemento
direto e um complemento oblíquo.

1.1 Sublinhe os complementos exigidos pelo verbo e indique a letra que descreve
o funcionamento do verbo na frase. Veja o exemplo da alínea a.
a. Fernando Pessoa abusa dos paradoxos. A
b. Os modernistas acabaram com as imposições dos poetas anteriores.
c. Antero de Quental desistiu da vida, suicidando-se.
d. Em Mensagem transforma-se o épico em lírico.
e. Reis trocou Portugal pelo Brasil.
f. A arca de Pessoa pesava vinte quilos.
g. Alguns intelectuais insurgiram-se contra os ideais modernistas.
h. O estoicismo levou Reis à abdicação.
i. Pessoa e Sá-Carneiro deslocaram-se a Paris.
j. A análise demorou 20 minutos.
k. Foram poucos os intelectuais que aderiram aos ideais modernistas.
l. Saramago colocou uma componente histórico-política em O ano da morte de
Ricardo Reis.
m. A angústia existencial levou Sá-Carneiro ao suicídio.
n. Pessoa candidatou-se ao prémio literário que lhe deu o segundo lugar.
o. Alberto Caeiro abdicou do pensamento, sem ter abdicado.
p. Ricardo Reis viveu em conformidade com o destino.

2 Alguns nomes e adjetivos, pela sua natureza, exigem que, em termos sintáticos, sejam
completados com os respetivos complementos (do nome ou do adjetivo, respetiva-
mente).

2.1 Atente nos constituintes sublinhados e assinale, à frente de cada uma das frases,
a função sintática desempenhada: complemento do nome (CN) ou complemento
do adjetivo (CA).
a. A poesia de Fernando Pessoa apresenta temáticas difíceis.
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b. O romance de Saramago revelou-se um enigma.


c. Os alunos estavam convictos das dificuldades.
d. O pai de Sá-Carneiro subsidiou os dois números de Orpheu.
e. Os dois amigos estavam entusiasmados com a polémica criada.

186
FRASE COMPLEXA
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 5
NOME: N.O: TURMA

1 Associe as orações sublinhadas na coluna A à respetiva designação presente na


coluna B.

Coluna A Coluna B

a. Pensa-se que Pessoa terá vivido infeliz. 1. subordinada substantiva


completiva (complemento
b. O poeta modernista escreveu em redondilha,
do nome)
mas privilegiou a variedade métrica.
2. subordinada adverbial
c. Assim que leram os primeiros poemas de Mensagem,
condicional
acharam-nos difíceis.
3. coordenada copulativa
d. Ainda que preferissem a poesia amorosa, a temática
da infância também os entusiasmou. 4. subordinada adjetiva
relativa restritiva
e. Pessoa foi tão solitário que acabou desconhecido
da maioria dos seus contemporâneos. 5. subordinada adjetiva
relativa explicativa
f. Quem gosta de poesia tem de ler Fernando Pessoa.
6. subordinada substantiva
g. Como Fernando Pessoa viveu no século XX, ele sofreu completiva (complemento
a influência do futurismo. direto)
h. Precisamos de apurar a sensibilidade para perceber 7. coordenada adversativa
a poesia pessoana.
8. subordinada adverbial
i. Não só estudamos poesia como também lemos textos concessiva
de caráter autobiográfico.
9. subordinada adverbial final
j. Perceberão melhor desde que leiam expressivamente 10. subordinada substantiva
os textos. relativa
k. O poema onde Pessoa descreve o sino da sua aldeia 11. subordinada adverbial
é relativamente curto. consecutiva
l. A mulher, que normalmente está ausente da poesia 12. subordinada substantiva
de Pessoa, surge muitas vezes como ama. completiva (sujeito)
m. É inevitável que os poetas exponham a sua visão. 13. subordinada adverbial
n. A hipótese de que Pessoa tivera um relacionamento temporal
com Ofélia Queirós é cada vez mais credível. 14. coordenada explicativa
o. Fernando Pessoa não foi feliz, pois afirmou-o nos 15. subordinada adverbial
seus poemas. causal

2 Distinga as frases em que surgem orações subordinadas adjetivas relativas das frases
que integram orações subordinadas adverbiais ou subordinadas substantivas, colo-
cando um X.

Coluna B
Frase
adjetiva relativa adverbial substantiva

a. O Pedro perguntou se podia ir ao teatro.

b. O homem que escreveu o livro é português.


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

c. Canta tão bem que poderá ganhar o concurso.

d. Quem leu o livro poderá ganhar o prémio.

e. A obra portuguesa, que é totalmente inédita, será


publicada no sítio da editora.

f. Ainda que faça frio, irei ao lançamento do livro.

187
SINTAXE
GRAMÁTICA
6 ESCOLA: DATA: / /

NOME: N.O: TURMA

1 Identifique as funções sintáticas desempenhadas pelos constituintes sublinhados.

a. Reconciliei-me com os meus amigos.

b. Os alunos ficaram entusiasmados com a obra de Saramago.

c. O retrato de Pessoa, pintado por Almada Negreiros, é muito conhecido.

d. Aqueles alunos, que visitaram a casa Fernando Pessoa, ficaram encantados.

e. Os alunos consideraram fácil a leitura do livro.

f. Os leitores fiéis a Saramago ficariam encantados com uma visita a Lanzarote.

2 Divida e classifique as orações que integram as frases.

a. Como a leitura de poesia exige concentração, leio quando estou sozinho.

b. Quem gosta de romances apreciará Amor de perdição.

c. O professor perguntou se os alunos já tinham escolhido a obra para o Projeto de


Leitura.

d. Aquele poema de Ricardo Reis que retrata a sua relação com Lídia foi o meu preferido.

e. Os pais ordenaram que praticassem a leitura e realizassem as tarefas habituais.

3 Leia o segmento que a seguir se transcreve.


Há de o leitor reparar que, embora eu publique o Livro do desassossego como sendo
de um tal Bernardo Soares, o não incluí todavia nestas Ficções do interlúdio. É que
Bernardo Soares, distinguindo-se de mim por suas ideias, seus sentimentos, seus modos
de ver e compreender, não se distingue de mim pelo estilo de expor.
Fernando Pessoa, Páginas íntimas e de autointerpretação (textos estabelecidos e prefaciados
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por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho), Lisboa, Edições Ática, s/d, pp. 105-106.

3.1 Identifique os referentes dos constituintes sublinhados.

188
AS DIFERENTES FUNÇÕES DO “SE” | A FUNÇÃO SINTÁTICA DE ORAÇÕES SUBORDINADAS
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 7
NOME: N.O: TURMA

1 Identifique o valor do “se” usado nas frases seguintes. Insira à frente de cada alínea
o número correspondente, considerando a informação na tabela infra.

a. Perguntei-lhe se estava feliz.


b. Amaram-se até ao fim.
c. Compraram-se novos livros para a biblioteca.
d. Dizia-se que ele era um génio.
e. Terei de avisar a DT se não fizeres o TPC.
f. Coçava-se todo devido à alergia.
g. Até se comia o bolo todo!
h. A Maria penteou-se agora mesmo.
i. Se ainda houver vagas, vou participar no torneio.
j. Consta-se que não há festa hoje.

As diferentes funções do “se”:

Função Exemplo

1. Pronome pessoal reflexo – o sujeito pratica e sofre


Deitou-se mais cedo para descansar.
a ação
2. Pronome pessoal recíproco – a ação envolve dois
sujeitos e ambos praticam e sofrem a ação de um Eles beijaram-se.
sobre o outro.
3. Valor passivo – o sujeito sofre a ação praticada por
Vendem-se casas.
outro agente (verbos transitivos diretos).
4. Sujeito indeterminado Fez-se tudo para vencer a crise.

5. Partícula de realce A minha última esperança foi-se!

6. Conjunção subordinativa condicional Se não chegares cedo, tens falta.

7. Conjunção subordinativa completiva Diga-me se gostou da prenda.

2 Classifique as orações subordinadas presentes em cada um dos enunciados, indicando


a função sintática que desempenham.

a. Quando terminaram o namoro, ela ficou desfeita.


b. Logo que possas, liga-me.
c. Não me digas que não percebeste.
d. Ela procura quem a escute.
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e. Deem esmola a quem precisa.


f. Algumas pessoas envolvem-se em discussões que são inúteis.
g. Ainda que tenhamos insistido, eles recusaram o convite.
h. Quem gostar de Picasso pode ir ver a exposição.
i. Não vou ao cinema porque tenho ensaio.

189
ATOS ILOCUTÓRIOS
GRAMÁTICA
8 ESCOLA: DATA: / /

NOME: N.O: TURMA

1 Faça corresponder os enunciados da coluna A aos respetivos atos ilocutórios na


coluna B.

Coluna A Coluna B

a. Chega-me esse copo, por favor!


b. Estou farta desta conversa!
c. Lamento ter-me esquecido do teu aniversário!
d. Não acredito no que me estás a dizer.
e. Não queria que estivesse a chover.
f. Hora do óbito: 18:30.
1. Assertivo
g. A partir de agora vou estudar mais.
h. O dinheiro não traz felicidade. 2. Diretivo
i. É inegável a responsabilidade do ser humano nas alterações
3. Compromissivo
climáticas.
j. Compraste o que te pedi? 4. Expressivo
k. Sinto a tua falta!
5. Declarativo
l. Por hoje, dou por encerrada a sessão. – diz o juiz.
m. Amanhã, entrego-te o livro que me emprestaste.
n. Estou muito grata pela tua visita!
o. Não faças barulho!
p. O senhor está detido! – diz o polícia.
q. Hoje, não vou ser benevolente! – disse a mãe.

2 Tendo em conta o contexto em que são referidos os enunciados que se seguem, escla-
reça a intencionalidade do locutor ao proferi-los.

a. Num carro em movimento em que estão abertas as janelas, um dos passageiros


declara:
– Está frio!

b. Em casa de um amigo, o convidado afirma:


– Estou cheio de sede!

c. Numa sala de aula, os alunos estão a fazer barulho. O professor desabafa:


– Estou cheio de dores de cabeça!
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d. Numa loja de brinquedos, a filha diz ao pai:


– Esta é a boneca dos meus sonhos!!!

190
DÊIXIS | COERÊNCIA E COESÃO | REPRODUÇÃO DO DISCURSO NO DISCURSO
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 9
NOME: N.O: TURMA

1 Preencha a tabela, transcrevendo os respetivos deíticos do enunciado que se segue.


Tu disseste-me que acabaste o trabalho ontem, lá em casa da Maria. Mas hoje, aqui
na escola, não tenho nada, nem no meu e-mail.

a. Deíticos pessoais b. Deíticos espaciais c. Deíticos temporais

2 Reescreva o texto que se segue, eliminando as repetições desnecessárias.


Os cães (nome científico: canis lupus familiaris) são um dos animais de estima-
ção mais populares em todo o mundo. Os cães são considerados o melhor amigo do
homem. Os cães são parentes dos lobos. Os cães começaram a ser domesticados há
mais de 30 mil anos. Está cientificamente provado que os cães são o animal com maior
capacidade de empatia com os humanos. Os cães são animais sociais. Os cães são
dotados de grande capacidade de olfato e de audição, qualidades que levam ao recurso
frequente da ajuda dos cães, por exemplo, em buscas ou em salvamentos.

3 Identifique os mecanismos de coesão textual presentes nos elementos assinalados.


Maria Eduarda1! Era a primeira vez que Carlos ouvia o nome dela; e2 pareceu-lhe3
perfeito, condizendo com4 a sua beleza serena. Maria Eduarda1, Carlos Eduardo…
Havia5 uma similitude nos seus nomes.

2
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

191
DÊIXIS | COERÊNCIA E COESÃO | REPRODUÇÃO DO DISCURSO NO DISCURSO

4 Identifique o referente retomado por cada um dos segmentos sublinhados nas frases
abaixo apresentadas.

a. Comprei umas fitas douradas com as quais decorei a casa.

b. Ele era a pessoa por quem estava disposta a fazer tudo.

c. A dança da chuva é um ritual cuja história é antiquíssima.

d. O amor é um fenómeno neurológico que pode trazer muitos dissabores.

5 Identifique os princípios de coerência não observados nas afirmações seguintes.

a. A Francisca está a ver televisão, por isso doem-lhe os joelhos.

b. A Maria vive numa moradia. A Maria não vive num apartamento. A Maria vive numa
vivenda.

c. O Luís quis evitar a queda da cadeira e, por isso, não se mexeu do sítio onde estava.

6 Identifique, associando os elementos da coluna A aos da coluna B, os modos de repro-


dução do discurso, considerando os segmentos sublinhados.

Coluna A Coluna B

a. A senhora opulenta, no auge do espanto, nem se atrevia a olhar


para lado nenhum, vexadíssima porque, sem ter culpa nenhuma,
se encontrava em plena zona do escândalo. A que uma pessoa
está sujeita!
Mário Dionísio, O dia cinzento e outros contos,
Mem Martins, Publicações Europa-América, 1997.
1. Discurso direto
b. O número de vítimas mortais de acidentes relacionados com
a prática balnear em praias não vigiadas desceu de 12, em 2010,
para 7, em 2011. “São essas praias o nosso grande mal”, 2. Discurso indireto
frisa Alexandre Tadeia.
In Público, 2 de setembro de 2011. 3. Discurso indireto
livre
c. Pela terceira ou quarta vez, a Juliana tentou acalmar a cunhada:
– Não te rales com isso. Cures-te tu, a casa é o menos.
Mário Dionísio, O dia cinzento e outros contos, 4. Citação
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

Mem Martins, Publicações Europa-América, 1997.

d. Os pássaros [...] murmuravam inclusive ter sido o Gato Malhado


o malvado que roubara o pequeno Sabiá, do seu ninho de ramos.
Jorge Amado, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá: uma história de amor,
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2013.

192
VALOR ASPETUAL
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 10
NOME: N.O: TURMA

1 Indique o valor aspetual do verbo, de acordo com o conteúdo de cada frase, referindo
as marcas.

a. A mulher de Batola aceitou a compra do aparelho de rádio.


b. George recordava o passado, ao longo da caminhada pela vila.
c. Ver uma exposição de pintura é um momento cultural.
d. A leitura desenvolve o raciocínio crítico.
e. Depois da chegada da rádio, era costume os ceifeiros passarem os serões na venda.
f. George pintou durante toda a sua vida.

2 Associe cada uma das frases presentes na coluna A ao valor aspetual que configuram
(coluna B).

Coluna A Coluna B

a. Acordo todos os dias às oito da manhã.


b. Ela estava a ler o jornal, na biblioteca. 1. Valor perfetivo
c. Comprou o livro aconselhado.
2. Valor imperfetivo
d. Sempre que chovia, via-te tristonha.
e. O fado é característico da cultura e tradição portuguesas. 3. Valor genérico
f. Todos os dias, corro meia hora de manhã.
4. Valor habitual
g. Ultimamente, tenho tido dores de cabeça, durante a manhã.
h. Sonhar é inerente à condição humana. 5. Valor iterativo

i. Encontrei um colega de escola que já não via há anos.


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193
MODALIDADE E VALOR MODAL
GRAMÁTICA
11 ESCOLA: DATA: / /

NOME: N.O: TURMA

1 Indique a modalidade e o valor modal configurados em cada uma das frases apresen-
tadas.

a. Odeio violência!
b. Costuma chover com regularidade.
c. Podes telefonar-me logo à noite.
d. Tens de me ouvir todos os dias.
e. Provavelmente, os homens andavam a caçar.

f. Que bom poder usufruir deste sol tão agradável!

g. Devemos ter teste para a semana.

h. Tens de ser tu a pendurar o quadro na parede

i. Podes sair quando terminares os trabalhos de casa.

j. Deves fazer o que te digo.

k. A cultura de um país deve ser preservada.

l. O futebol é o desporto-rei português.

2 Associe cada uma das frases presentes na coluna A à modalidade e ao valor modal que
lhe correspondem (coluna B).

Coluna A Coluna B

a. – Vais ter de devolver a telefonia – disse a mulher de Batola. 1. epistémica com


b. Infelizmente, o interior continua a ser sinónimo de solidão. valor de certeza
c. É possível que os ceifeiros tivessem saudades dos serões 2. epistémica
em que ouviam a rádio. com valor de
probabilidade
d. É lamentável a solidão em que viviam aquelas pessoas.
3. apreciativa
e. Podes ficar com a rádio! – disse a mulher de Batola.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

4. deôntica
f. George é uma pintora famosa.
com valor de
g. Tem de prestar mais atenção ao futuro – alertou Georgina. permissão
h. George vendeu a casa dos pais. 5. deôntica
i. Eventualmente, no futuro, George arrepender-se-á com valor de
de muitas decisões. obrigação

194
GLOBALIZANTE 1
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 12
NOME: N.O: TURMA

Leia o texto.

Liberdade condicionada

L
iberdade. O dia dela. A celebração incon-
dicional. Memórias de quem se emociona
porque sabe o que é sem ela viver. Perple-
xidades de quem nela já nasceu e não pode
5 por isso entender. Um peixe não sabe se a água
está fria ou quente, porque nem sequer conhece o
significado da própria água. Só quando o tiram de
lá sente. Os homens também são assim: aprendem
quando sufocam.
10 As gerações depois da minha partilham ou-
tros códigos de liberdade. Ser livre, para eles, é
por exemplo estar numa zona com wi-fi gratuito.
Há guerras, gente que foge, famílias que se desla-
çam, crianças que perdem tudo − isso eles sabem,
15 todos sabemos que existem, mas não somos nós.
Impossível alguma vez termos sido aquilo! o sinal de alerta. Somos livres, somos livres, não
voltaremos atrás − mas é preciso que alguém os
Não, filho, muitos dos nossos eram presos e
40 avise de que esta liberdade, aquela que seus pais
torturados, simplesmente porque não concorda-
conheceram, corre sérios perigos. Não é preciso
vam. Muitos viviam na clandestinidade, escondi-
golpe militar, nem ditadores. Nem terrorismo is-
20 dos e longe das famílias, houve gente que morreu
lâmico. A ameaça reside na própria democracia.
por causa da política. Ou fugia da guerra. Até que
houve uma revolução... É verdade, filho, acabou a tortura e os presos de
45 consciência. Mas a nossa opinião cada vez menos
E é aí que ficam chocados, quando descobrem
conta. É imposta, da forma mais tortuosa e an-
que os pais assistiram a uma revolução?!! Como
tidemocrática. Nem os nossos parceiros externos
25 é possível! Já existias?!! E viste aquilo ao vivo?!!
somos agora livres de escolher, as nossas opções
E é aí que percebemos que, aos seus olhos, tudo
de diplomacia não são feitas de forma soberana e
é distante: Mestre de Avis e Salgueiro Maia, cas-
50 autónoma.
telhanos, mouros e fascistas. Tudo distinto, mas
igualmente distante. Não, filho, o pai não será perseguido por ter
escrito o que acabou de escrever. Neste ar que
30 É nesse momento que nos confortamos, porque
respiramos − e que compreensivelmente não va-
o essencial do trabalho está feito − não questio-
lorizam − herdamos a obrigação de alertar para a
nam porque não está em questão. A liberdade é
55 liberdade que criticamente vivemos. Podendo li-
um dado adquirido. Está tudo certo, portanto? Sem
vremente criticar. E isso não é coisa pouca. 25 de
razões para sobressaltos.
Abril sempre!
35 A liberdade vai passar por aí, a liberdade está a Sérgio Figueiredo, in DN,
trespassar-se, daqui para ali − sem que nos assus- edição online de 26 de abril de 2016
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

temos o suficiente para, pelo menos, alguém dar (com supressões).

195
GLOBALIZANTE 1

FUNÇÕES SINTÁTICAS [17 funções sintáticas x 5 pontos = 85 pontos]

1 Refira as funções sintáticas desempenhadas pelos constituintes destacados em cada


uma das frases.

a. “Memórias de quem se emociona” (l. 2)

b. “porque nem sequer conhece o significado da própria água” (ll. 6-7)

c. “Só quando o tiram de lá sente” (ll. 7-8)

d. “As gerações depois da minha partilham outros códigos de liberdade” (ll. 10-11)

e. “isso eles sabem” (l. 14)

f. “Não, filho, muitos dos nossos eram presos e torturados” (ll. 17-18)

g. “Muitos viviam na clandestinidade, escondidos e longe das famílias” (ll. 19-20)

h. “Ou fugia da guerra” (l. 21)

i. “A liberdade é um dado adquirido” (ll. 32-33)

j. “não voltaremos atrás” (ll. 38-39)

k. “A ameaça reside na própria democracia” (l. 43)

l. “somos agora livres de escolher” (l. 48)

m. “as nossas opções de diplomacia não são feitas de forma soberana e autónoma”
(ll. 48-50)
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

196
GLOBALIZANTE 1

FRASE COMPLEXA [7 orações x 8 pontos = 56 pontos]

2 Classifique as orações sublinhadas em cada um dos segmentos selecionados.

a. “[Memórias] de quem se emociona porque sabe o que é sem ela viver” (ll. 2-3)

b. “aprendem quando sufocam” (ll. 8-9)

c. “todos sabemos que existem, mas não somos nós” (l. 15)

d. “houve gente que morreu por causa da política. Ou fugia da guerra” (ll. 20-21)

e. “é preciso que alguém os avise” (ll. 39-40)

MODALIDADE [3 itens x 9 pontos = 27 pontos]

3 Identifique a modalidade e valor modal configurados nas seguintes afirmações.

a. “As gerações depois da minha partilham outros códigos de liberdade” (ll. 10-11)

b. “A ameaça reside na própria democracia” (l. 43)

c. “mas é preciso que alguém os avise de que esta liberdade, aquela que seus pais
conheceram, corre sérios perigos” (ll. 39-41)

RELAÇÕES SEMÂNTICAS ENTRE PALAVRAS [4 itens x 8 pontos = 32 pontos]

4 Identifique as relações semânticas que se estabelecem entre as palavras indicadas


nas alíneas.

a. fria > quente


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b. família > pai, mãe, filho


c. castigos > torturas
d. impor > escolher

197
GLOBALIZANTE 2
GRAMÁTICA
13 ESCOLA: DATA: / /

NOME: N.O: TURMA

Leia o seguinte excerto de um texto dos media.

[…] Defendemos que os médicos devem ter sempre acesso à evidência científica mais recente e
robusta quando estão a realizar consultas. Nem sempre é possível termos o mesmo grau de certeza
em relação a todas as recomendações que fazemos e este pensamento crítico é essencial. Os resul-
tados do nosso estudo podem motivar os médicos de família e internos de especialidade a utilizar
5 mais plataformas de sumários clínicos – mas é importante garantir que haja condições de tempo
e recursos para que o possam fazer.
Este trabalho pode também fazer-nos repensar a educação médica, uma vez que o foco do ensino
da Medicina tem sido a avaliação crítica de artigos científicos, relevante, mas dificilmente exequível
no contexto de consultas médicas, em que o tempo escasseia. […]
https://www.dn.pt/opiniao/por-mais-acesso-dos-medicos-a-ciencia-15634461.html, consultado em 14/01/2023.

1 Classifique as seguintes orações. [6 x 15 pontos = 90 pontos]

a. “que os médicos devem ter sempre acesso à evidência científica mais recente e
robusta” (ll. 1-2)
b. “quando estão a realizar consultas” (l. 2)
c. “que fazemos” (l. 3)
d. “mas é importante garantir” (ll. 5-6)
e. “para que o possam fazer” (l. 6)
f. “uma vez que o foco do ensino da Medicina tem sido a avaliação crítica de artigos
científicos, relevante” (ll. 7-8)

2 Indique a função sintática desempenhada pelos seguintes constituintes.


[3 x 20 pontos = 60 pontos]
a. “nos” (l. 7)
b. “de artigos científicos” (l. 8)
c. “dificilmente” (l. 8)

3 Indique o referente dos pronomes sublinhados. [2 x 10 pontos = 20 pontos]

a. “que fazemos” (l. 3)


b. “para que o possam fazer” (l .6)

4 Identifique a modalidade e o valor modal das frases. [2 x 15 pontos = 30 pontos]

a. “os médicos devem ter sempre acesso à evidência científica mais recente e robusta”
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

(ll. 1-2)

b. “Os resultados do nosso estudo podem motivar os médicos de família e internos de


especialidade a utilizar mais plataformas de sumários clínicos” (ll. 3-5)

198
GLOBALIZANTE 3
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / / 14
NOME: N.O: TURMA

1 De entre os idiomas apresentados, identifique aquele que se constitui, em relação


à Península Ibérica, como substrato.

A. Celta. C. Árabe.
B. Germano. D. Ibérico.

2 Identifique o processo fonológico que a comparação das palavras vaso/vasilha evidencia.

3 Apresente, para cada alínea, três palavras que contenham constituintes que integram
os étimos gregos listados.

a. DEMOS (“povo”)
b. BIBLION (“livro”)

4 Divida e classifique as orações presentes na frase que se segue.


“Embora esteja a chover, o João disse que ia andar de bicicleta no parque onde esti-
vemos ontem.”

5 Escreva duas frases que evidenciem o campo semântico de janela.

6 Identifique e classifique os deíticos presentes no seguinte enunciado.


“Aqui estou eu, hoje, diante de vós, para vos contar a história da minha infância.”

7 Indique o mecanismo de coesão verificado no termo sublinhado.


“Vi um casaco em saldo e comprei-o.”

8 Leia o segmento textual e selecione a opção que completa corretamente a afirmação


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

“Avista-se um vale verdejante que se estende por vários quilómetros e que vai recor-
tando as escarpas rochosas por onde jorram nascentes de água.”
Este segmento é predominantemente
A. narrativo. B. descritivo. C. argumentativo.

199
GLOBALIZANTE 3

9 Retire do excerto que se segue os segmentos com valor temporal.


“Ontem, encontrei um gatinho, enquanto andava a passear no parque. Levei-o logo ao
veterinário antes de o trazer para casa. Neste momento, está a dormir.”

10 Identifique a modalidade presente em “A minha mãe já deve ter feito o jantar”.

11 Identifique os mecanismos de coesão presentes nos elementos assinalados.


A rapariga foi contar ao pai das intenções do académico. Acudiu logo mestre
João1 combatendo a ideia da saída, com encarecer os perigos do ferimento. Depois2,
como não conseguisse dissuadi-lo, resolveu acompanhá-lo. Simão agradeceu a com-
panhia, mas3 rejeitou-a4 com decisão. O ferrador1 não cedia do5 propósito.
Camilo Castelo Branco, Amor de perdição, Lisboa,
Publicações Dom Quixote, 2006, cap. X.

12 Registe o valor modal configurado nas afirmações seguintes.

a. Este ano letivo, temos de ler O ano da morte de Ricardo Reis.

b. Adorei a poesia de Fernando Pessoa ortónimo.

c. Se quiseres, podes escolher outro livro para o Projeto de Leitura.

d. A análise do poema não está completa.

e. Talvez o teste tenha de ser adiado.

13 Indique a função sintática dos segmentos sublinhados.

a. Antes de comprar o livro, li a informação da contracapa.


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b. O filme que vimos ontem é baseado na obra de Pessoa.

c. A construção da basílica foi lenta.

200
CENÁRIOS DE
RESPOSTA
GRAMÁTICA l. uma componente histórico-política (comp. direto);
em O ano da morte de Ricardo Reis (comp. oblíquo) – C
Ficha 1 (p. 183) m. Sá-Carneiro (comp. direto); ao suicídio (comp. oblí-
1. A. V quo) – C
B. F – O latim foi introduzido na Península Ibérica n. ao prémio literário que lhe deu o segundo lugar
aquando da romanização, sobrepondo-se às línguas (comp. oblíquo) – A
autóctones. o. do pensamento (comp. oblíquo) – A
C. F – A língua portuguesa sofreu alterações após o p. em conformidade com o destino (comp. oblíquo) – A
século XIV, concretamente por influência dos Desco- 2.1 a. CN; b. CN; c. CA; d. CN; e. CA
brimentos.
D. V Ficha 5 (p. 187)
2. a. sonorização (t > d); b. assimilação (i > e), metátese 1. a. 6; b. 7; c. 13; d. 8; e. 11; f. 10; g. 15; h. 9; i. 3; j. 2;
(er > re); c. assimilação (p > s); d. aférese (a), sono- k. 4; l. 5; m. 12; n. 1; o. 14
rização (p, t, c > b, d, g); e. síncope (b), crase (ii > i); 2. adjetiva relativa: b / e; adverbial: c / f; substantiva: a / d
f. síncope (d); g. dissimilação (l > d); h. sonorização
(q > g); i. prótese (e), síncope (p); j. sonorização (t > d), Ficha 6 (p. 188)
síncope (i); k. síncope (d), epêntese (i); l. vocalização
(c > i); m. palatização (ni > nh) 1. a. complemento oblíquo; b. predicativo do sujeito;
c. complemento do nome; d. modificador do nome
3. sapateiro, sapatilha, sapateado… apositivo; e. predicativo do complemento direto;
4. a. palavras divergentes; b. palavras divergentes; c. pala- f. complemento do adjetivo
vras convergentes 2. a. “Como a leitura de poesia exige concentração” –
5. a. pedestre, pedonal; b. ginecologia, misoginia; c. antro- oração subordinada adverbial causal; “leio” – oração
pologia, filantropia; d. adversário, adversidade subordinante; “quando estou sozinho” – oração subor-
dinada adverbial temporal
Ficha 2 (p. 184) b. “apreciará Amor de perdição” – oração subordi-
1. a. derivação por conversão nante; “Quem gostar de romances” – oração subordi-
b. derivação por sufixação em ambos os casos nada substantiva relativa
c. derivação por parassíntese c. “O professor perguntou” – oração subordinante; “se
os alunos já tinham escolhido a obra para o Projeto de
d. derivação por parassíntese e por prefixação, respe-
Leitura” – oração subordinada substantiva completiva
tivamente
d. “Aquele poema de Ricardo Reis foi o meu prefe-
e. derivação por conversão
rido” – oração subordinante; “que retrata a sua rela-
f. derivação não afixal
ção com Lídia” – oração subordinada adjetiva relativa
g. derivação não afixal restritiva
h. composição morfológica (radical + palavra) e. “Os pais ordenaram” – oração subordinante; “que pra-
i. composição morfológica (radical + palavra) ticassem a leitura” – oração subordinada substantiva
2. a. sigla; b. acrónimo; c. empréstimo; d. extensão se- completiva; “e realizassem as tarefas habituais” – oração
mântica; e. truncação; f. empréstimo coordenada copulativa, relativamente à subordinada
3.1 “o” − “o Livro do desassossego”; “suas” – “Bernardo
Ficha 3 (p. 185) Soares”
1. a. complemento do nome; b. predicativo do com- 3.2 “o leitor”
plemento direto; c. complemento oblíquo; d. com-
plemento do nome; e. complemento do adjetivo; Ficha 7 (p. 189)
f. complemento agente da passiva; g. complemento 1.1 a. 7; b. 2; c. 3; d. 4; e. 6; f. 1; g. 5; h. 1; i. 6; j. 4
direto; h. modificador do nome restritivo; i. predicativo
2. a. “Quando terminaram o namoro” – oração subordinada
do sujeito; j. complemento do adjetivo; k. comple-
adverbial temporal → modificador (do grupo verbal)
mento oblíquo; l. complemento indireto; m. comple-
b. “Logo que possas” – oração subordinada adverbial
mento oblíquo; n. predicativo do complemento direto
temporal → modificador (do grupo verbal)
c. “que não percebeste” – oração subordinada subs-
Ficha 4 (p. 186) tantiva completiva → complemento direto
1.1 a. A d. “quem a escute” – oração subordinada substantiva
b. com as imposições dos poetas anteriores (comp. relativa → complemento direto
oblíquo) – A e. “a quem precisa” – oração subordinada substantiva
c. da vida (comp. oblíquo) – A relativa → complemento indireto
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

d. o épico (comp. direto); em lírico (comp. oblíquo) – C f. “que são inúteis” – oração subordinada adjetiva rela-
e. Portugal (comp. direto); pelo Brasil (comp. oblíquo) – C tiva restritiva → modificador do nome restritivo
f. vinte quilos (comp. oblíquo) – B g. “Ainda que tenhamos insistido” – oração subordi-
g. contra os ideais modernistas (comp. oblíquo) – A nada adverbial concessiva → modificador (de frase)
h. à abdicação (comp. oblíquo) – A h. “quem gostar de Picasso” – oração subordinada
i. a Paris (comp. oblíquo) – B substantiva relativa → sujeito
j. 20 minutos (comp. oblíquo) – B i. “porque tenho ensaio” – oração subordinada adver-
k. aos ideais modernistas (comp. oblíquo) – A bial causal → modificador (do grupo verbal)

201
CENÁRIOS DE RESPOSTA

Ficha 8 (p. 190) d. sujeito; e. complemento direto; f. vocativo + pre-


1. a. 2; b. 4; c. 4; d. 1; e. 4; f. 5; g. 3; h. 1; i. 1; j. 2; k. 4; dicativo do sujeito; g. complemento oblíquo + modi-
l. 5; m. 3; n. 4; o. 2; p. 5; q. 3 ficador do do grupo verbal; h. complemento oblíquo;
i. predicativo do sujeito; j. complemento oblíquo;
2. a. O passageiro pretende que se fechem as janelas. k. complemento oblíquo; l. complemento do adjetivo;
b. O convidado deseja que o amigo lhe dê algo para m. complemento do nome
beber.
2. a. subordinada adverbial causal; b. subordinada ad-
c. O professor espera que os alunos deixem de fazer
verbial temporal; c. subordinada substantiva com-
barulho.
pletiva + coordenada adversativa; d. subordinada
d. A filha anseia que o pai lhe compre a boneca. adjetiva relativa restritiva + coordenada disjuntiva;
e. subordinada substantiva completiva
Ficha 9 (p. 191)
3. a. modalidade epistémica com valor de certeza;
1. a. “Tu”, “disseste”, “me”, “acabaste”, “tenho”, “meu”; b. modalidade epistémica com valor de certeza;
b. “lá”, “aqui”; c. “disseste”, “acabaste”, “ontem”, “hoje”, c. modalidade deôntica com valor de obrigação
“tenho”
4. a. antonímia; b. hiperonímia-hiponímia; c. sinonímia;
2. Os cães (nome científico: canis lupus familiaris) são um d. antonímia
dos animais de estimação mais populares em todo o
mundo e são considerados o melhor amigo do homem. Ficha 13 (p. 198)
Parentes dos lobos, os cães começaram a ser domes- 1. a. oração subordinada substantiva completiva
ticados há mais de 30 mil anos e está cientificamente b. oração subordinada adverbial temporal
provado que são o animal com maior capacidade de c. oração subordinada adjetiva relativa restritiva
empatia com os humanos. Os cães são animais sociais, d. oração coordenada adversativa
dotados de grande capacidade de olfato e de audição, e. oração subordinada adverbial final
qualidades que levam ao recurso frequente da ajuda f. oração subordinada adverbial causal
canina, por exemplo, em buscas ou em salvamentos. 2. a. complemento indireto; b. complemento do nome;
3. 1 coesão lexical (por reiteração); 2 coesão gramatical c. modificador (GV)
(interfrásica); 3 coesão gramatical (referencial); 4 coe- 3. a. “todas as recomendações”; b. “utilizar mais plata-
são gramatical (frásica); 5 coesão gramatical (temporal) formas de sumários clínicos”
4. a. “umas fitas douradas”; b. “ele”; c. “A dança da 4. a. modalidade deôntica com valor de obrigação; b. mo-
chuva”; d. “O amor” dalidade epistémica com valor de certeza
5. a. Não há continuidade de sentido. b. Não há progres-
são nem renovação da informação. c. contradição Ficha 14 (p. 199)
6. a. 3; b. 4; c. 1; d. 2 1. A
2. redução vocálica
Ficha 10 (p. 193) 3. a. democracia, demografia; demagogia; b. Bíblia;
1. a. aspeto perfetivo – utilização do pretérito perfeito; biblioteca; bibliografia
b. aspeto imperfetivo – utilização do pretérito imperfeito; 4. “Embora esteja a chover” – oração subordinada adver-
c. aspeto genérico – trata-se de uma afirmação cujo con- bial concessiva; “o João disse” – oração subordinante;
teúdo é aceite universalmente como verdade, intenção “que ia andar de bicicleta no parque” – oração subordi-
que se associa ao uso do presente do indicativo; d. aspeto nada substantiva completiva; “onde estivemos ontem” –
genérico – trata-se de uma afirmação cujo conteúdo é oração subordinada adjetiva relativa restritiva
aceite universalmente como verdade; e. aspeto habitual 5. Fechei a janela do meu quarto. / A pós-graduação que
– “era costume”; f. aspeto iterativo – apresenta uma si- fiz abriu-me uma janela de oportunidades.
tuação que se repete durante um certo período de tempo 6. deítico espacial – “aqui”; deítico temporal – “hoje”; deí-
2. a. 4; b. 2; c. 1; d. 5; e. 3; f. 4; g. 5; h. 3; i. 1 tico pessoal – “eu”, “vós”, “vos”, “minha”; deítico pessoal
e temporal – “estou”
Ficha 11 (p. 194) 7. coesão gramatical referencial
1. a. apreciativa; b. epistêmica com valor de certeza; 8. B
c. deôntica com valor de permissão; d. deôntica com 9. Ontem”, “encontrei”, “enquanto andava a passear”,
valor de obrigação; e. epistêmica com valor de pro- “Levei”, “logo”, “antes de”, “Neste momento”, “está”
babilidade; f. apreciativa; g. epistémica com valor de
10. modalidade epistémica com valor de probabilidade
probabilidade; h. deôntica com valor de obrigação;
i. deôntica com valor de permissão; j. deôntica com 11. 1 coesão lexical (por substituição); 2 coesão grama-
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

valor de obrigação; k. deôntica com valor de obrigação; tical (temporal); 3 coesão gramatical (interfrásica);
l. epistémica com valor de certeza 4 coesão gramatical (referencial); 5 coesão gramatical
(frásica)
2. a. 5; b. 3; c. 2; d. 3; e. 4; f. 1; g. 5; h. 1; i. 2
12. a. deôntica de obrigação; b. apreciativa; c. deôntica de
permissão; d. epistémica de certeza; e. epistémica de
Ficha 12 (p. 195) probabilidade
1. a. complemento do nome; b. complemento direto; 13. a. modificador (do grupo verbal); b. modificador do
c. complemento direto + complemento oblíquo; nome restritivo; c. complemento do nome

202
NOVO

Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO

Leitura
e Gramática
• Fichas de trabalho
• Cenários de resposta

e Gramática
Leitura
LEITURA E
GRAMÁTICA
• 1 – Discurso político . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
• 2 – Relato de viagem . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
• 3 – Exposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
• 4 – Apreciação crítica . . . . . . . . . . . . . . . . 211
• 5 – Artigo de opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
• 6 – Artigo de opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . 217


DISCURSO POLÍTICO LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
1
NOME: N.O: TURMA

Leia o texto.

Cerimónia de assinatura da Declaração Comum


sobre a Conferência sobre o Futuro da Europa
Bruxelas, 10 de março de 2021

S
enhor Presidente do Parlamento Europeu,
Senhora Presidente da Comissão Europeia,
Senhoras e Senhores Deputados,

Quando, por toda a Europa, enfrentamos uma


5 pandemia que gerou a maior crise económica e so-
cial desde a Segunda Grande Guerra; quando, nos
hospitais, os profissionais de saúde lutam afinca-
damente para salvar vidas; quando estamos num
contrarrelógio para a vacinação; quando milhões
10 de trabalhadores perdem o emprego e milhares de
empresas enfrentam o risco de falência; quando a
incerteza, a angústia, o medo marcam o presente,
a convocação da Conferência sobre o Futuro da
Europa é uma mensagem de confiança e de espe-
15 rança no futuro que dirigimos aos europeus.
Tem de ser uma conferência dos cidadãos eu-
A confiança de que venceremos a pandemia
ropeus sobre o que querem e como querem a
e superaremos a crise; a esperança de que juntos
Europa do Futuro. […]
construiremos uma Europa de futuro, justa, verde
e digital. 40 Para além das variações de conjuntura, o Eu-
robarómetro dá-nos um retrato muito nítido das
20 Congratulamo-nos por ter sido possível ultra-
questões que continuadamente mais preocupam
passar o impasse que nos paralisava. Agradeço
os nossos concidadãos e que exigem a nossa res-
a todos os que, aqui no Parlamento Europeu, na
posta: as questões económicas e o desemprego
Comissão e no Conselho, trabalharam para alcan-
45 em particular, as alterações climáticas, as migra-
çarmos este acordo.
ções, o terrorismo. […]
25 Sabemos que não temos todos a mesma visão
Mas precisamos que os Europeus abracem
sobre a Europa do futuro nem sobre o futuro da
esse desígnio e o sintam como seu porque são
Europa. Mas é precisamente por isso que a Con-
eles, afinal de contas, o seu destinatário final.
ferência sobre o Futuro da Europa é um momento
decisivo para discutirmos, sem tabus, com fron- 50 Por isso esta Conferência é tão importante.
30 talidade, a diversidade das nossas visões. Só as- Porque nos vai permitir trazer os Europeus para
sim poderemos superar divisões e reforçar o que o espaço público. Importa que os cidadãos euro-
nos une, como sempre aconteceu ao longo destes peus possam ter um espaço onde debater os seus
quase 64 anos. […] anseios e as suas expectativas com os seus repre-
sentantes. [...]
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

55
A União precisa de se reforçar com a força da
35 cidadania. Por isso, esta não pode ser uma con- Não podemos perder mais tempo. It’s time to
ferência das instituições sobre as instituições. deliver. It’s time to start building our future together.

https://www.2021portugal.eu, consultado em 28/12/2022


(adaptado e com supressões).

205
DISCURSO POLÍTICO

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.4, selecione a opção correta.
1.1 O destinatário das palavras do orador está expresso através
A. do vocativo presente nas três primeiras linhas.
B. da construção sintática do primeiro parágrafo.
C. da expressão “Senhoras e Senhores Deputados”.
D. do primeiro período do último parágrafo.

1.2 No primeiro parágrafo do texto, o enunciador


A. lamenta a realização tardia da conferência sobre a Europa.
B. lamenta que a pandemia tenha provocado vários milhões de desempregados.
C. agradece ao Presidente do Parlamento Europeu a convocação da conferência.
D. enumera as razões da realização da conferência de que se fala no texto.

1.3 A conferência em que discursou António Costa realizou-se por iniciativa


A. do Parlamento Europeu, ao fim de 64 anos.
B. de diversas entidades, após um período de inação.
C. do governo português, em Lisboa.
D. depois de extinta a pandemia.

1.4 O Eurobarómetro é um instrumento importante porque


A. traça um retrato de toda a Europa.
B. divulga a ação das instituições da União Europeia.
C. inventaria questões norteadoras da ação da União Europeia.
D. fiscaliza a ação estratégica das instituições europeias.

2 Transcreva uma enumeração do primeiro parágrafo do texto.

3 Transcreva uma frase de incentivo perante a crise que dominava a UE.

4 Indique a função sintática do segmento “de que venceremos a pandemia” (l. 16).

5 As orações “que nos paralisava” (l. 21) e “que os Europeus abracem esse desígnio”
(ll. 47-48) classificam-se como subordinadas

A. adverbial consecutiva e substantiva completiva, respetivamente.


B. substantivas completivas em ambos os casos.
C. adjetiva relativa restritiva e substantiva completiva, respetivamente.
D. adverbial causal e substantiva completiva, respetivamente.

6 Reescreva a frase “e como querem a Europa do futuro” (ll. 38-39), pronominalizando


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

o complemento direto.

7 Refira o processo de formação do termo “Eurobarómetro” (ll. 40-41).

8 Identifique a modalidade da frase “Por isto esta conferência é tão importante.” (l. 50).

206
RELATO DE VIAGEM LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
2
NOME: N.O: TURMA

Leia atentamente o texto.

Antes que a vida nos separe

Q
uantas cidadezinhas americanas já atra-
vessei nesta vida errante? Tentei fazer
as contas, mas desisti. Não é habitual de-
sistir, porque costumo recordar todos os
5 lugares onde estive, a memória não falha ainda.
E de qualquer das formas há uma técnica, que é
um pouco como a do jogo de Kim, o jogo que os
escuteiros fazem para treinar a memória e o espí-
rito de observação. […]

© Fotografia de Diogo Pereira


10 Esta é a técnica que uso para recordar cada
cidadezinha que visitei, cada hotel onde dormi,
cada fronteira que atravessei, cada comboio que
me levou. Tudo está ligado, tudo ganha a sua in-
dividualidade no novelo da memória. Começo o
15 fio das recordações pela viagem total, pelo projeto
espinha dorsal, pela razão que me fez partir. De-
pois desço aos pormenores: o itinerário, as etapas, As estatísticas dizem que o cidadão americano
os percalços, os encontros. Até chegar por fim às 45 muda de casa, em média, treze vezes ao longo da
emoções, aos estados de alma, às ideias que ocor- vida. De cidade, cinco vezes. De estado, duas e
20 rem, ao lugar onde ocorrem. Como uma cascata meia. Basta pouco para mudar: um nível salarial
de dominós. mais elevado, uma oferta de emprego, um casa-
Mas as cidadezinhas americanas confundem- mento, uma lei mais favorável ou até um divórcio.
-se e confundem-me. Sei bem as vezes que estive 50 Os americanos têm o mito nacional dos espaços
nos Estados Unidos, as razões, as regiões, os iti- abertos, da estrada, do movimento, da mobilidade.
25 nerários. Uma vez no Grand Canyon, duas vezes Mas têm a nação que lhes proporciona esse mito.
na Nova Inglaterra, três de costa a costa, quatro na É fácil mudar-se quando se reencontra o mesmo
Califórnia. A vista da Sears Tower, a Sears Tower. que se deixou para trás: a mesma main street,
Os subúrbios: Williamsburg, Oakland, New Oaks, 55 o mesmo subúrbio, a mesma casa prefabricada,
Carpinteria. As livrarias, os museus. Yosemite, Ver- o mesmo jantar pré-congelado pronto no micro-
30 mont. Isso eu recordo bem. São as cidadezinhas -ondas, o mesmo serão à frente dos programas de
que não saltam fora do novelo da memória. Ou televisão de sempre.
melhor, saltam, mas é uma só. São todas iguais. Conheci a família do Steve em Banguecoque,
A mesma avenida central, a main street, atraves- 60 companheiros de “pensãozeca”. Havia um pátio
sada pelas mesmas ruas em esquadria, o mesmo fresco e arejado que convidava ao encontro, à con-
35 espaço generoso para estacionar o carro, as mesmas versa. Ao conhecimento. Dávamos ambos uma
fachadas, repetidas segundo um protótipo único, volta ao mundo, mas viajávamos em direção con-
de cadeias de alimentação, ferramentas, artigos de trária: eu seguia para oeste; o Steve, a Shan e as
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

desporto, casa e decoração. E saindo deste centro, 65 duas filhas, a Elena e a Maria, seguiam para leste.
as mesmas periferias arrumadas por rendimento e “Desde Portland, no Oregon, fomos para Lisboa,
40 raça, as mesmas casas prefabricadas segundo um Praga, Budapeste, Istambul, muita Índia, e agora
modelo preestabelecido, os subúrbios da classe mé- seguimos para a Indonésia e para a China.”
dia, média-alta, média-baixa, os bairros afro-ame- Gonçalo Cadilhe, Encontros Marcados,
ricanos, indianos, coreanos, wasp. Lisboa, Clube do Autor, 2011.

207
RELATO DE VIAGEM

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 Para recordar as muitas cidades já visitadas, o autor
A. recorre às fotografias tiradas. C. utiliza a sua memória.
B. socorre-se do jogo de Kim. D. serve-se das notas que tira.

1.2 Uma das memórias convocadas diz respeito às cidades americanas dado que
A. cada uma tem a sua beleza. C. são bastante homogéneas.
B. são muito heterogéneas. D. têm monumentos soberbos.

1.3 Na referência às mudanças constantes dos americanos, o autor


A. manifesta uma certa estranheza pela falta de ligação à terra.
B. assume um tom elogioso face ao seu caráter aventureiro.
C. admite a sua admiração face à conduta do povo americano.
D. justifica-as com base na similitude existente entre as cidades.

1.4 No último parágrafo, Gonçalo Cadilhe recorda Steve por este


A. ser um aventureiro e percorrer os mesmos locais que ele.
B. ter duas filhas e mesmo assim viajar pelo mundo, como ele.
C. se acomodar às condições que encontra nas suas viagens.
D. o acompanhar e percorrer exatamente os mesmos locais.

1.5 Entre as linhas 50 a 57, o autor serve-se da


A. comparação, para descrever os diferentes locais.
B. enumeração, para registar várias situações.
C. metáfora, para caracterizar os americanos.
D. anáfora, para salientar a regularidade das ações.

1.6 A oração “onde estive” (l. 5) classifica-se como subordinada


A. adjetiva relativa explicativa. C. substantiva completiva.
B. substantiva relativa. D. adjetiva relativa restritiva.

1.7 O conetor sublinhado em “Mas as cidadezinhas americanas confundem-se e con-


fundem-me” (ll. 22-23) permite assegurar a coesão textual gramatical
A. frásica. C. interfrásica.
B. lexical. D. referencial.

2 Identifique a função sintática desempenhada pelos constituintes sublinhados em cada


afirmação.

a. “E saindo deste centro” (l. 38)


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

b. “à frente dos programas de televisão de sempre” (ll. 57-58)

3 Classifique as orações seguintes.


a. “que o cidadão americano muda de casa, em média, treze vezes ao longo da vida”
(ll. 44-46)
b. “que lhes proporciona esse mito” (l. 52)

208
EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
3
NOME: N.O: TURMA

Leia atentamente o texto.

Em que pensam os animais?

Quão parecidas serão as mentes


dos animais com as nossas?
Terão as outras espécies pensamentos,
sentimentos e memórias como nós?

O
5 s seres humanos vêem-se a si próprios
como seres excecionais, fundamental-
mente diferentes dos outros animais.
Ao longo do último meio século, porém,
os cientistas recolheram provas de inteligência
10 em muitas espécies não-humanas. Os corvos da
Nova Caledónia partem galhos para extrair larvas
de insetos do interior de troncos. Os polvos resol- não eram dignas de investigação científica. Frans
vem enigmas e protegem os seus covis, colocando 40 de Waal, etologista da Universidade de Emory, foi
pedras na entrada. Já não temos dúvidas de que uma das primeiras vozes a defender o reconhe-
15 muitos animais possuem capacidades cognitivas cimento da consciência animal e, nas últimas
espantosas. Mas serão mais do que autómatos décadas, os cientistas começaram a admitir que
sofisticados, unicamente preocupados em sobre- algumas espécies eram sencientes, mas argumen-
viver e procriar? Um número crescente de estu- 45 taram que as suas experiências não eram compa-
dos comportamentais tem revelado que muitas ráveis com as nossas e, consequentemente, não
20 espécies partilham mais com os seres humanos seriam relevantes.
do que se pensava. Os elefantes fazem luto pelos
seus. Os golfinhos brincam só pelo prazer de se Agora, alguns comportamentalistas começam a
divertirem. crer que os processos internos de muitos animais
50 são tão complexos como os dos seres humanos e
Os chocos têm personalidades diferentes. que a diferença é que nós os exprimimos através
25 Os corvos parecem reagir aos estados emocio- da linguagem e conseguimos falar sobre os nossos
nais de outros corvos. Muitos primatas formam sentimentos.
laços fortes de amizade entre si. Em algumas
espécies, como os elefantes e as orcas, os mais Caso seja aceite, esta nova perceção poderá de-
velhos partilham com os mais novos conheci-
55 sencadear uma reformulação na maneira como os
30 mentos adquiridos através da experiência. Mui- seres humanos se relacionam e tratam as outras
tas outras são capazes de comportamentos de espécies, já que, segundo Frans de Waal, se re-
empatia e bondade. conhecermos emoções nos animais, incluindo a
senciência de insetos, eles tornar-se-ão mais re-
Esta imagem emergente de senciência, de vi- 60 levantes em termos morais, não podendo, assim,
das interiores ricas entre espécies não-humanas ser vistos, como rochas, por exemplo.
35 surpreendentemente variadas, representa algo pa-
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

recido com uma revolução coperniciana na forma


como vemos os outros seres do nosso planeta. Até In https://nationalgeographic.pt
há cerca de três décadas, as mentes dos animais (adaptado e com supressões).

209
EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 Os seres humanos consideram-se seres excecionais e superiores às outras espécies,
A. sendo que estudos recentes têm vindo, cada vez mais, a comprovar essa
superioridade.
B. mas dados atuais demonstram a superioridade de outros seres vivos, em
relação aos humanos.
C. todavia estudos recentes comprovam que há seres vivos mais inteligentes.
D. contudo, recentemente, alguns estudos vieram demonstrar que outros seres
têm mais em comum com o Homem do que se acreditava.

1.2 Já não se levantam dúvidas de que muitos animais têm capacidades cognitivas
espantosas. De facto, alguns cientistas conseguiram demonstrar que
A. os golfinhos são criaturas dotadas de grande inteligência, estando aptos
a resolver enigmas e a brincar com as crias mais pequenas.
B. os corvos conseguem compreender e reagir aos estados emocionais de
outros corvos e protegem os seus ninhos colocando pedras à entrada.
C. as orcas detêm comportamentos de bondade e empatia, além de comuni-
carem através de ultrassons para afastarem os predadores.
D. os elefantes fazem luto pelos seus e partilham com os mais novos conheci-
mentos adquiridos através da experiência.

1.3 Há cerca de trinta anos, as mentes dos animais não eram alvo de investigação
científica
A. mas, atualmente, são o tipo de investigação que mais lucro traz à ciência.
B. e, por isso, Frans de Wall foi um dos últimos investigadores do reino animal.
C. todavia, hoje, já se sabe que algumas espécies têm sensibilidade.
D. e, hoje, ainda continua a existir um grande estigma em relação ao assunto.

1.4 Segundo alguns autores, a principal diferença entre o ser humano e as outras espécies
A. assenta fundamentalmente na nossa capacidade de nos exprimirmos atra-
vés da linguagem e de conseguirmos falar dos nossos sentimentos.
B. baseia-se, sobretudo, na capacidade de aqueles se relacionarem através da
linguagem e os animais se exprimirem por sons.
C. surge da complexidade de sinapses nos neurónios dos seres humanos, com-
plexidade essa que lhes permitem comunicar e falar dos seus sentimentos.
D. encontra-se, apenas, em termos morais e éticos, já que vários estudos
demonstram como os animais podem ser idênticos aos seres humanos.

1.5 As duas orações subordinadas presentes em “Um número crescente de estudos


comportamentais tem revelado que muitas espécies partilham mais com os seres
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

humanos do que se pensava” (ll. 18-21) são respetivamente


A. adjetiva relativa restritiva e substantiva relativa.
B. adverbial comparativa e adjetiva relativa restritiva.
C. substantiva completiva e adverbial comparativa.
D. substantiva relativa e adverbial comparativa.

210
APRECIAÇÃO CRÍTICA LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
4
NOME: N.O: TURMA

Leia o texto.

Misericórdia, de Lídia Jorge:


o livro dos sentimentos

L
ídia Jorge (n. 1946) confessou em várias en-
trevistas que a escrita do seu mais recente
romance, Misericórdia, lhe foi inspirada
pelo acontecimento da morte da mãe; […]
5 pelo menos numa das entrevistas adianta que o
próprio título lhe foi pedido pela mãe, para que as

© Fotografia de Paulo Spranger


pessoas ao lê-lo "tivessem mais compaixão umas
pelas outras". Lídia Jorge assim fez, escreveu um
livro bondoso, amável, como quem luta por aper-
10 feiçoar um mundo onde a esperança parece mui-
tas vezes andar desencaminhada. E como que para
sublinhar esta ideia, a personagem afirma numa
frase de efeito: "Eu sou uma daquelas pessoas que
não pensa que a esperança é a última a morrer. Eu 40 Lídia Jorge descreve um "lugar de exílio" no fim
15 penso que a esperança é simplesmente imortal." da vida, e que é, ao mesmo tempo, um espaço
Mas talvez um dos maiores defeitos do romance concentracionário onde tudo é vigiado, excluindo
seja esta "bondade" (e também a "esperança" e ou- os pensamentos: "Não é possível dispor de um ob-
tros sentimentos) que extravasa de todas as pági- jeto secreto onde tudo é visto e revisto, pesquisado
nas, pois aos poucos vão-lhe diminuindo a força 45 e inventariado pelos olhos dos outros, pois aqui
20 narrativa tornando-o num "manifesto (a palavra onde me encontro nenhum canto é meu, nenhum
é exagerada) de boas intenções" – os sentimentos objeto me pertence, até mesmo o meu corpo não é
sobrepõem-se a tudo, como num tsunami tudo ar- mais um recanto privado da minha alma como an-
rastam não deixando qualquer espaço ao leitor. […] tes era. Só os meus pensamentos me pertencem,
50 só esses não são vigiados, e ainda assim, há quem
A personagem principal de Misericórdia, dona
tente adivinhar os motivos por que falo ou por que
25 Alberti foi levada para um "lugar de exílio", des-
estou calada." […]
locada de sua casa para um lar de idosos, o antigo
Hotel Paraíso, agora reconvertido. Ao chegar, en- Pelo meio, e não é, de modo algum, uma linha
contra os residentes, são setenta pessoas "juntas narrativa despicienda, há o conflito entre a per-
que formam uma família, a caminhar para o final 55 sonagem dona Alberti e a família, sobretudo com
30 do seu tempo. Um rebanho tresmalhado, sem pas- a filha, uma escritora que viaja muito e que não
tor nem dono. […] [O] Hotel Paraíso vai-nos sendo escreve os livros que a mãe desejou que ela escre-
retratado como um pequeno mundo onde a vida vesse, best-sellers com personagens históricas. […]
ainda vai puxando fios que se cruzam, trazendo Misericórdia, uma deambulação pela velhice e
com eles as memórias de cada residente do lar, 60 pela solidão, é um romance diferente dos ante-
35 memórias estas de uma vida passada, cheia de riores livros da autora - mantendo, obviamente,
desejos, uns cumpridos outros não.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

pontos comuns, como o olhar arguto sobre o femi-


Ao mesmo tempo - e esta é uma das qualida- nino – mais lírico, e num estilo já muito afastado
des da narrativa - a vida dos residentes vai-se cru- dos seus marcantes primeiros romances, O Dia dos
zando com a dos cuidadores. […] 65 Prodígios (1980) e O Cais das Merendas (1982).

José Riço Direitinho, in https://www.publico.pt,


consultado em janeiro de 2023.

211
APRECIAÇÃO CRÍTICA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 Lídia Jorge confessa ser uma pessoa
A. crente na melhoria das condições de vida dos idosos.
B. que sempre quis escrever sobre a solidão que afeta os idosos.
C. que tentou, com este livro, mostrar uma visão pessimista do mundo.
D. verdadeiramente esperançosa, apesar de tudo.

1.2 A autora refere como um dos aspetos negativos do romance de Lídia Jorge
A. a prevalência excessiva dos sentimentos, que originam um menor vigor narrativo.
B. o facto de tratar a esperança como algo que os mais velhos abandonam.
C. o facto de tratar a solidão do quotidiano das personagens num lar de idosos.
D. a bondade exagerada dos residentes, que não retrata o ambiente do dia a dia.

1.3 Em Misericórdia, os residentes do lar são apresentados como pessoas


A. que partilham os seus pensamentos, combatendo, assim, a solidão.
B. que encontraram uma nova família, longe dos seus.
C. que perderam a privacidade e o sentido de pertença.
D. que ali encontram um refúgio para os seus conflitos familiares.

1.4 No segmento “como quem luta por aperfeiçoar um mundo” (ll. 9-10), a expressão
sublinhada desempenha a função sintática de
A. modificador do nome restritivo.
B. predicado.
C. complemento oblíquo.
D. complemento agente da passiva.

1.5 A frase “Eu penso que a esperança é simplesmente imortal." (ll. 14-15) contém uma
oração
A. subordinada adjetiva relativa restritiva.
B. subordinada substantiva completiva.
C. subordinada adverbial causal.
D. subordinada substantiva relativa.

1.6 Em “os sentimentos sobrepõem-se a tudo” (ll. 21-22), os vocábulos sublinhados


asseguram a coesão textual
A. gramatical referencial. C. gramatical interfrásica.
B. gramatical frásica. D. lexical por reiteração

1.7 No segmento “a caminhar para o final do seu tempo. Um rebanho tresmalhado,


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

sem pastor nem dono” (ll. 29-31), estão presentes


A. uma enumeração e uma antítese.
B. uma enumeração e adjetivação.
C. um eufemismo e uma metáfora.
D. uma metáfora e adjetivação.

212
ARTIGO DE OPINIÃO LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
5
NOME: N.O: TURMA

Leia atentamente o texto.

A influência das redes sociais na vida dos jovens


Sejamos sinceros, hoje em dia, quem não usa o Facebook? Quem não usa o WhatsApp
para enviar mensagens, fotografias e fazer chamadas? O nosso mundo “virtual” mudou
e temos de nos adaptar a esta nova realidade.

O
aparecimento da Internet e, por sua vez,
5 das redes sociais e aplicações, fez com
que a maneira como comunicamos se
alterasse, tornando-a mais prática, rá-
pida e eficiente. Conseguimos estar em contacto
através de um simples click e a existência de wi-fi
10 gratuito por todo o lado facilita a comunicação
instantânea.
Os jovens já nasceram nesta geração do Face-
book, WhatsApp, Snapchat, Skype, Instragram e não
imaginam a sua vida sem estes meios de comuni-
15 cação. Aliás, podemos observar uma rápida alte-
ração de humor no adolescente quando a Internet
45 Esta geração move-se, assim, pelo número de
falha em casa, quando não consegue aceder ao “likes” nas fotografias e publicações, pelo número
wi-fi num local público ou quando esgota os da- de amigos ou seguidores nas redes sociais (amigos
dos móveis. É notório o desagrado e o sentimento virtuais, porque não os conhecem na realidade),
20 de angústia em tentar resolver a situação o mais pela maior partilha de informação pessoal na sua
breve possível.
50 página e é aqui que devemos ter alguma atenção.
É preciso alertar para os cuidados a ter na infor-
E, embora estes meios de comunicação pos- mação que é partilhada, como as fotografias que,
suam aspetos positivos, como a comunicação fá- desde o momento em que são expostas, nunca
cil, a maior aceitação pelo grupo de pares ou a mais podem ser retiradas da Internet, independen-
25 criação de uma maior rede de contactos, também 55 temente de terem sido apagadas da conta.
acarretam consequências negativas se forem usa-
dos de forma descontrolada ou abusiva. De facto, Outro aspeto a ter em atenção são os reptos
a sua utilização excessiva poderá levar ao isola- que são lançados nas redes sociais. Os jovens de-
mento social, ao sedentarismo, à diminuição do safiam-se a fazer determinadas proezas e o ob-
30 rendimento escolar, a dificuldades em estabele- jetivo é superar e elevar a fasquia da provocação
cer relações e, em casos mais graves, quando está
60 lançada pelo amigo. Nestes casos, os adolescentes
instalada a dependência da Internet, poderá con- tendem a testar os seus próprios limites, havendo
duzir a uma sintomatologia ansiosa e/ou depres- uma busca constante de adrenalina, de aprovação
siva. Alguns autores introduziram termos como a e valorização por parte dos outros, de forma a de-
35 “depressão do Facebook” ou o “toque fantasma” monstrar que são destemidos, omnipotentes, que,
para descrever novos sintomas ou patologias deri-
65 para eles, tudo é possível e nada de mal lhes acon-
vadas do uso excessivo das novas tecnologias. Por tece quando ultrapassam esses mesmos limites,
exemplo, a depressão do Facebook está associada características típicas da fase da adolescência.
a sentimentos de tristeza ou angústia profundas, Vivemos na “Era da Tecnologia”, por isso, a pro-
40 por não se estar em constante contacto com os ou- cura pelas redes sociais e formas mais rápidas e
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

tros, por se sentir que se está desligado do mundo, 70 modernas de comunicar com os amigos é natural
sendo o toque fantasma descrito como a sensação e não deve ser encarada como um problema social
de se estar a ouvir o telemóvel a tocar ou a vibrar desta geração. Devemos é ter em atenção que tudo
quando na realidade não está. o que é em excesso faz mal.
Natacha Almeida, in https://iasaude.pt,
consultado em janeiro de 2023.

213
ARTIGO DE OPINIÃO

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.4, selecione a opção correta.
1.1 O aparecimento da Internet e das redes sociais veio alterar a nossa forma de viver
e comunicar,
A. tornando-a mais fácil, rápida e acessível, apesar de as pessoas estarem
constantemente a serem vigiadas por “fantasmas online”.
B. permitindo-nos estar apenas à distância de um “click”, o que facilita a glo-
balização e, por isso, só trouxe vantagens à humanidade.
C. facilitando a comunicação instantânea e a globalização, estando de tal forma
o seu uso entranhado nas nossas vidas que é difícil imaginarmo-nos sem ele.
D. todavia, os perigos e desvantagens superam largamente as vantagens da
globalização e da fácil acessibilidade ao mundo digital.

1.2 Embora os meios de comunicação tenham muitos aspetos positivos,


A. também acarretam consequências nefastas ao serem utilizados de forma
abusiva e descontrolada.
B. como comunicação mais fácil e maior aceitação no grupo de amigos, nem
sempre esses fatores são valorizados.
C. também conduzem a efeitos bastante negativos, como a depressão e a an-
siedade que são, porém, largamente ultrapassados pelos efeitos benéficos.
D. como a possibilidade de criação de uma maior rede de contactos, também
conduzem sempre e inevitavelmente ao seu uso abusivo e à depressão.

1.3 As expressões “depressão do Facebook” (ll. 34-35) e “toque fantasma” (l. 35) referem-se
A. no caso da primeira, às tentativas de suicídio dos jovens que viram a sua
conta do Facebook bloqueada ou hackeada.
B. no caso da segunda, à constante perceção de toque ou vibração do telemóvel
não condizente com a realidade.
C. no caso da primeira, à angústia e depressão associadas ao facto de os jovens
não terem amigos no Facebook.
D. no caso da segunda, ao pânico e ansiedade instalados entre os jovens,
quando ficam castigados e proibidos de utilizar o telemóvel.

1.4 A nova geração da sociedade atual


A. move-se por likes nas fotografias e publicações, mas está completamente
ciente dos riscos das redes sociais.
B. ainda não está completamente dominada pelas novas tecnologias, sendo
expectável que apenas a próxima geração o esteja.
C. move-se pelo número de amigos virtuais e pelos likes nas publicações, em-
bora deva continuar a ser alertada para os perigos a que está exposta.
D. já vive na chamada “Era da Tecnologia”, estando constantemente à procura
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

de formas mais rápidas de comunicar, mas só as aceitando se forem seguras.

2 Classifique as orações.
a. “Quem não usa o WhatsApp” (l. 1)
b. “quando esgota os dados móveis” (ll. 18-19)

214
ARTIGO DE OPINIÃO LEITURA E
GRAMÁTICA
ESCOLA: DATA: / /
6
NOME: N.O: TURMA

Leia o texto.

O céu, a terra,
os peixes, o mar…

“O céu, a terra, o vento sossegado…


As ondas, que se estendem pela areia…
Os peixes, que no mar o sono enfreia…
O noturno silêncio repousado…”
5 (de um soneto de Luís Vaz de Camões).

E
pelo mundo e pela vida estamos todos
nós tecendo fios que ligam estes ele-
mentos, as experiências que se agrupam
na memória que os filtra e depura, mas
10 também guarda e traça caminhos de outrora des-
conhecidos e agora novos, descobertos num re-
novado prazer de ser e de existir. […]
No Festival de Teatro de Mérida, assisto ao es-
petáculo de Ariadne, o Fio do Mito, em que sobe Pedro Strecht.
15 ao milenar palco romano a Companhia Rafaela
Carrasco. Quase no fim, uma frase dita pelo nar- 35 nos elevam, sustêm a vida e nos prendem: ora
rador marca a sonoridade da noite quentíssima,
dando segurança, ligando-nos a portos seguros,
de céu aberto e estrelado: recordar o passado é
ora não nos deixando prosseguir como grilhetas
também uma maneira importante de se perma-
que aprisionam a vida a tragédias tantas vezes
20 necer vivo. Como Ariadne, deusa aprisionada no
menores quando vistas mais tarde, à distância da
labirinto de Creta, todos tecemos fios que pro- 40 fuga finalmente conquistada.
curam saídas, formas de conquistar a alegria,
a liberdade, o amor. Queremos ser mar, saber que É certo que há labirintos em que sucessiva-
destino dar ao silêncio noturno, conhecer ma- mente nos (re)encontramos, condição inerente à
25 neiras de vencer a solidão, estranho desígnio tão própria textura da vida, e de cuja saída só pelo
próprio e secreto da existência humana. Para isso, amor descobrimos. É o amor que nos faz sofrer,
mais do que voltar atrás é não esquecer de como 45 diante da aridez da sua ausência ou do ímpeto
prosseguir. (por vezes, louco) da sua incerta presença. O mais,
são seus fios. Os mesmos que ainda nos ligam e
A construção do nosso mundo interior e, com
desligam, prendendo-nos à força de querer pros-
30 ele, o da sempre renovada leitura que fazemos do
seguir, conforme as mãos que os vão tecendo:
que nos cerca, encontra neste mito uma imensa 50 going on, being. […]
expressão simbólica que não tem mal recordar.
Todos sabemos de fios que também nos unem a Pedro Strecht, in Visão, n.o 1535 – 04/08/2022, p. 90
(adaptado e com supressões).
pessoas, a objetos, locais ou memórias. Fios que
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215
ARTIGO DE OPINIÃO

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.4, selecione a opção correta.
1.1 Segundo o autor do texto, a memória tem a função de
A. filtrar o que é desconhecido, retendo só o essencial das vivências da nossa vida.
B. armazenar todo o tipo de acontecimentos que se sucedem na nossa vida.
C. distinguir os caminhos já vividos daqueles que são imaginados.
D. reter o importante das nossas experiências de vida, o que é gratificante.

1.2 O articulista estabelece uma relação entre


A. o modo como procuramos o amor e o vivenciamos.
B. as saídas de Ariadne e o que nós procuramos.
C. a construção do nosso mundo interior e a leitura.
D. as memórias e os projetos de futuro construídos.

1.3 Com a expressão “tantas vezes menores quando vistas mais tarde” (ll. 38-39),
o autor pretende demonstrar que
A. desvalorizamos determinadas situações quando analisadas a posteriori.
B. menorizar situações desagradáveis é característico dos seres humanos.
C. a distância física e geográfica permite uma avaliação mais subjetiva.
D. o ser humano tem tendência para sobrevalorizar situações positivas.

1.4 No último parágrafo do texto


A. valoriza-se o amor como caminho para o ser humano atingir a perfeição.
B. retrata-se o amor como um maravilhoso labirinto que nos aprisiona.
C. elege-se o amor como o único sentimento capaz de nos libertar.
D. sugere-se que o amor nos faz sofrer em virtude da sua aridez.

2 Transcreva, do segundo parágrafo, uma enumeração que caracterize a noite em que


ocorreu o festival.

3 Identifique e transcreva, do terceiro parágrafo, a metáfora que sugere as afinidades


e relações que o ser humano cria.

4 Classifique as orações.
a. “que ligam estes elementos” (ll. 7-8)
b. “que destino dar ao silêncio noturno” (ll. 23-24)

5 Transcreva os referentes dos pronomes.


a. “os” (l. 9)
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b. “ele” (l. 30)

6 Indique a função sintática desempenhada pelos seguintes segmentos.


a. “do nosso mundo interior” (l. 29)
b. “nos” (l. 31)
c. “que os vão tecendo” (l. 49)

216
CENÁRIOS DE
RESPOSTA
LEITURA E GRAMÁTICA Ficha 4 (p. 211)
Ficha 1 (p. 205) 1. 1.1 D 1.2 A 1.3 C 1.4 C 1.5 B 1.6 B 1.7 C

1. 1.1 A 1.2 D 1.3 B 1.4 C Ficha 5 (p. 213)


2. “a incerteza, a angústia, o medo” 1. 1.1 C 1.2 A 1.3 B 1.4 C
3. “A confiança de que venceremos a pandemia e supera- 2. a. oração subordinada substantiva relativa; b. oração
remos a crise” ou “a esperança de que juntos construi- subordinada adverbial temporal
remos uma Europa de futuro, justa, verde e digital”.
4. complemento do nome Ficha 6 (p. 215)
5. C 1. 1.1 D 1.2 B 1.3 A 1.4 C
6. “e como a querem” 2. “[noite] quentíssima de céu aberto e estrelado”
7. composição por radical+palavra (morfológica) (ll. 17-18)
8. modalidade apreciativa 3. “fios {que também nos unem a pessoas, a objetos lo-
cais ou memórias” (ll. 33-34)
Ficha 2 (p. 207) 4. a. oração subordinada adjetiva relativa restritiva; b. ora-
1. 1.1 B 1.2 C 1.3 D 1.4 A 1.5 B 1.6 D 1.7 C ção subordinada substantiva completiva
2. a. complemento oblíquo; b. complemento do nome 5. a. “fios que ligam estes elementos”; b. “o nosso mundo
3. a. oração subordinada substantiva completiva; b. ora- interior”
ção subordinada adjetiva relativa restritiva. 6. a. complemento do nome; b. complemento direto;
c. modificador do nome restritivo
Ficha 3 (p. 209)
1. 1.1 D 1.2 D 1.3 C 1.4 A 1.5 C
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217
NOVO

Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO

Escrita
• Fichas de trabalho
• Cenários de resposta

Escrita
ESCRITA
• 1 – Síntese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
• 2 – Exposição sobre um tema . . . . . . . . . . . . 225
• 3 – Texto de opinião . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
• 4 – Apreciação crítica . . . . . . . . . . . . . . . . 229
• Descritores de desempenho . . . . . . . . . . . . . 231
• Grelha de avaliação da Escrita . . . . . . . . . . . . 232

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . 233


SÍNTESE
ESCRITA
ESCOLA: DATA: / / 1
NOME: N.O: TURMA

A síntese é um género textual que pressupõe a redução de um texto ao essencial da infor-


mação por seleção crítica das ideias-chave, mobilizando-se, portanto, informação nuclear
e utilizando-se criteriosamente conectores, de forma a garantir a integridade das ideias
expressas no texto de partida.

RECORDAR

Considere as três fases essenciais para a elaboração de uma síntese.

1. Fase preparatória
• Leia o texto de partida para apreender a sua estrutura e o seu sentido global.
• Sublinhe as ideias/os factos subjacentes à progressão textual (eliminando porme-
nores, repetições, exemplificações…).
• Selecione vocabulário ou expressões-chave.
• Assinale os conectores ou os articuladores que ligam frases ou parágrafos entre
si, estabelecendo relações de semelhança, de contraste/oposição, de posteridade,
de anterioridade, de causa…
• Registe, à margem do texto, a ideia central de cada parágrafo.

2. Fase da redação
• Utilize uma linguagem própria.
• Respeite as ideias do texto, não obrigatoriamente pela ordem da apresentação.
• Evite a colagem ao texto de partida.
• Elimine pormenores desnecessários.
• Substitua sequências textuais por outras mais económicas.

3. Fase da revisão
• Corrija falhas ao nível da ortografia, da acentuação, da pontuação, da sintaxe e da
seleção do vocabulário.
• Verifique a adequação dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica
das ideias (coerência).
• Respeite a extensão textual indicada.
• Avalie o cumprimento das marcas específicas deste género textual.
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221
SÍNTESE

APLICAÇÃO

PROPOSTA 1
Proceda à síntese do texto “Odiar nas redes sociais”, reduzindo-o a cerca de 100 pala-
vras.

Leia atentamente o texto e siga as instruções expostas na página anterior.

Odiar nas
redes sociais

N
o mundo virtual, opiniões e com-
portamentos espontâneos tor-
nam-se fósforos que acendem
rastilhos de polémica. As redes
5 sociais prestam-se ao protesto rápido e fácil.
A facilidade da crítica na Internet e a ideo-
logia dos trolls – pessoas que agem com o
único propósito de provocar – prolifera nas
redes sociais. As duas coisas fazem parte da-
30 exemplo −, o que levaria a humanizá-lo. Era
10 quilo que agora se começa a chamar de cul- uma distância de tempo que se criava entre
tura do ódio na Internet. É como se fosse um o ódio e a vontade de fazer acender o rastilho
rastilho, embebido de sentimentos, que se vai de uma bomba para explodir na cara de quem
alimentando de opiniões e atitudes no mundo se discorda. Esse espaço temporal é como se
virtual até explodir no real.
35 alguém fosse deitando um pano de água em
cima do tal rastilho, impedindo-o de explodir.
15 Tudo o que se publica nas redes sociais
está hoje amplificado perante uma audiência Agora é tudo mais direto e imediato. A bar-
maior. E com ela vem um julgamento também reira entre crítica e quem é criticado começou a
maior, feito, muitas vezes, em grupo. O que faz diluir-se até desaparecer com as redes sociais.
aumentar o ódio e, já agora, o amor por quem 40 É um novo espaço público que se forma,
20 escreve. com fraca mediação e em autorregulação.
O julgamento de palavras e ações é tam- Os cidadãos têm de aprender a conviver den-
bém mais rápido. Antigamente, se alguém tro dele. As empresas que o possibilitam terão
discordasse de uma crónica de, por exemplo, de conseguir estabelecer regras. “É o espaço
João Miguel Tavares, no Público, teria de es-
45 público por excelência da sociedade em que
25 crever uma carta ao diretor e não descarregar vivemos. As pessoas precisam de ser educa-
a discordância numa caixa de comentários das, estamos a aprender o que é aceitável e
mesmo em baixo do texto. O que levaria a o que não é.”, frisa Paulo Peixoto. O desafio
parar para pensar no que ia escrever. Teria de fica lançado.
começar com uma saudação – meu caro, por [354 palavras]
d 12

Carolina Reis, in revista E – Expresso, edição n.o 2296,


entidos
023 • SSentidos

29/10/2016 (com supressões).


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222
SÍNTESE

PROPOSTA 2
Proceda à síntese do texto “Os perigos das dietas da moda”, reduzindo-o a cerca de
100 palavras.

Leia atentamente o texto e siga as orientações expostas na página 221.

Os perigos
das dietas
da moda

T
“ errorismo nutricional.” A expressão
é da endocrinologista franco-brasi-
leira Sophie Deram, que a criou para
se manifestar contra os regimes que
5 proíbem um grupo alimentar importante: “Co-
locar uma população inteira sem açúcar, sem
glúten ou sem lactose é uma loucura!”. Mas
essa pressão existe de forma cada vez mais
premente – ora tira daqui, que este faz mal,
10 ora tira dali, que isso já não é como antiga-
mente –, o que faz com que cada vez mais Sophie Deram, que tem alcançado grande
pessoas não saibam o que servir no prato. sucesso no Brasil com o seu programa de
A variedade, sempre se disse, é a chave “transformação alimentar”, resume de forma
da alimentação saudável. Não devem exis- clara este paradoxo. “Se voltássemos a comer
15 tir proibições, mas sim a ingestão de todos 35 alimentos verdadeiros, para os quais fomos
os grupos alimentares com moderação e, de adaptados, não haveria tanta preocupação
preferência, preparados em casa. Mas se esta com a contagem de calorias, com o engordar.
teoria fosse assim tão fácil de pôr em prática O que teríamos era uma consciência maior de
não teríamos mais de metade da população como nos estamos a sentir. Estou com fome?
20 com doenças relacionadas com a alimenta- 40 Vou comer. Estou sem fome? Vou parar de
ção desadequada, nem os gurus das dietas da comer!”
moda estariam tão ricos. A defesa do “com conta, peso e medida”
Alcançar o “ponto E”, esse sacrossanto tem-se propagado por oposição aos extre-
equilíbrio na nossa relação com a comida, mismos e ao movimento free from (lactose
25 implica mudar a forma como a olhamos 45 ou glúten). A evidência científica tem vindo
e o papel que ela tem na nossa vida. Exige a demonstrar que, para quem não tem alergia
mudanças comportamentais profundas, só ou intolerância, retirar uma substância a um
possíveis com uma séria aposta na educação produto alimentar raramente o torna mais
alimentar, para que possamos comer sem saudável.
30 culpa e com consciência. [323 palavras]

Luísa Oliveira, in revista Visão,


edição online de 02/12/2017 (com supressões).
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223
EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA
ESCRITA
ESCOLA: DATA: / / 2
NOME: N.O: TURMA

O texto expositivo tem por finalidade elucidar de forma clara, concisa e objetiva um de-
terminado tema.
Apresenta, por isso, um caráter demonstrativo.

RECORDAR

Atente nas três fases essenciais para a elaboração de uma exposição sobre um tema.

1. Fase preparatória
• Selecione os temas/subtemas a contemplar.
• Pesquise informação tendo por base fontes credíveis (livros, textos críticos de auto-
res conhecedores do tema, revistas, jornais ou sítios de Internet com credibilidade).
• Comprove os factos apresentados, identificando as fontes usadas, assim como da-
tas, estatísticas, dados bibliográficos e outros.
• Planifique o texto, organizando a informação selecionada.

2. Fase da redação
• Identifique, na introdução, o assunto a tratar.
• Organize sequencialmente as informações a transmitir, utilizando os conectores
discursivos de forma adequada.
• Indique corretamente as fontes consultadas, assim como as citações, estatísticas
ou dados apresentados.
• Utilize uma linguagem própria.

3. Fase da revisão
• Corrija eventuais erros de ortografia, pontuação e acentuação.
• Verifique a coerência do discurso e a utilização adequada dos conectores (coesão
textual).
• Certifique-se do cumprimento das marcas específicas deste género textual.
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225
EXPOSIÇÃO SOBRE UM TEMA

APLICAÇÃO

PROPOSTA 1
Certamente, já experienciou recordações do passado motivadas por vivências do
presente.

Proceda a uma pesquisa sobre a importância e o papel da memória na constru-


ção da identidade do ser humano. Poderá, para este efeito, consultar os seguintes
documentos:
• Cristiana Rodrigues, Luísa Afonso Soares e Fernanda Mota Alves (org), Estudos da
memória, teoria e análise cultural. Lisboa, Ed. Humus, 2016.
• http://visao.sapo.pt/opiniao/josluspeixoto/familia=f723394

Redija um texto expositivo, entre 130 e 170 palavras, sobre o papel da memória na cons-
trução da identidade do ser humano, tendo por base a planificação abaixo.
• Introdução
– Apresentação do tema.
• Desenvolvimento
– Importância das recordações nas relações afetivas.
– Aprendizagem decorrente das situações vividas.
• Conclusão
– Retoma do tema e fecho do texto.
No final, reveja o seu texto, considerando a concisão e a objetividade; a seleção vocabu-
lar; a articulação coesa e coerente, a correção linguística, sintática e ortográfica.

PROPOSTA 2
Redija um texto expositivo, de 130 a 170 palavras, sobre a importância dos sentidos
na vida do ser humano.

Considere a proposta de planificação que se apresenta e siga as instruções respeitan-


tes à produção de um texto expositivo.
• Introdução
– Os cinco sentidos: ferramentas essenciais para que o ser humano compreenda
o mundo que o rodeia.
• Desenvolvimento
– A importância de cada um dos sentidos para a compreensão do mundo.
– Relevância das particularidades de alguns dos sentidos.
– Alusão às consequências decorrentes da ausência de um dos sentidos.
• Conclusão
– Reforço da ideia da importância dos sentidos para a compreensão do mundo.
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226
TEXTO DE OPINIÃO
ESCRITA
ESCOLA: DATA: / / 3
NOME: N.O: TURMA

O texto de opinião explicita um ponto de vista relativamente a um determinado tema.


O autor, servindo-se de argumentos e de exemplos, pretende atingir o objetivo de persuadir
o leitor da validade das suas opiniões, que são apresentadas de forma clara e pertinente,
através de um discurso valorativo.

RECORDAR

A redação de um texto de opinião requer algumas etapas.

1. Fase preparatória
• Defina a tese a ser defendida relativamente ao tema em análise.
• Pesquise sobre o tema.
• Liste e organize os argumentos (e contra-argumentos), e respetivos exemplos ilus-
trativos (para fundamentação do ponto de vista/tese).
• Planifique o texto, de acordo com a seguinte sugestão:
– apresentação e enquadramento do tema e da tese a defender (introdução);
– apresentação de argumentos e de exemplos justificativos, com recurso a cita-
ções e/ou a dados estatísticos que permitam confirmar a tese defendida (desen-
volvimento);
– reforço das ideias defendidas em jeito de síntese, e apresentação de eventuais
sugestões (conclusão).

2. Fase da redação
• Organize sequencialmente os tópicos elencados na fase anterior.
• Faça uso da primeira pessoa e de expressões valorativas.
• Atente na indicação correta das citações e/ou das fontes.
• Avalie a diversificação e a adequação dos conectores discursivos e do vocabulário
a usar.

3. Fase da revisão
• Certifique-se do cumprimento da extensão indicada, reveja o uso da ortografia,
da sintaxe e da pontuação.
• Verifique a adequação dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica
das ideias (coerência).
• Valide o cumprimento das marcas específicas deste género textual.
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227
TEXTO DE OPINIÃO

APLICAÇÃO

PROPOSTA 1
Escreva um texto de opinião, de 150 a 250 palavras, no qual defenda um ponto de vista
sobre o modo como o ser humano usa os conhecimentos e os avanços tecnológicos na
sociedade.

PROPOSTA 2
Ao contrário do que seria de supor, a utilização das redes sociais tem vindo a acentuar
a timidez, o isolamento e a solidão entre as pessoas, sobretudo as mais jovens.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 150 e um máximo de 250
palavras, apresente o seu ponto de vista sobre o tema/problema enunciado.

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228
APRECIAÇÃO CRÍTICA
ESCRITA
ESCOLA: DATA: / / 4
NOME: N.O: TURMA

A apreciação crítica é um género textual que apresenta uma descrição sucinta seguida
de um comentário crítico sobre o objeto tratado (um debate, um livro, um filme, uma peça
de teatro ou outra manifestação cultural). Este género textual deve, portanto,
• apresentar um conteúdo informativo (descrição do objeto);
• incluir apreciações pessoais/comentários críticos;
• recorrer à argumentação e à exemplificação para fundamentar o ponto de vista adotado;
• utilizar uma linguagem valorativa, mas clara.

RECORDAR

Considere as três fases essenciais para a elaboração de uma apreciação crítica.

1. Fase da planificação
• Introdução − descreva de forma sucinta o objeto a apreciar.
• Desenvolvimento − apresente um comentário crítico e valorativo (positivo ou ne-
gativo), por tópicos, com os argumentos e com os exemplos que fundamentam
o ponto de vista.
• Conclusão − exponha uma síntese do comentário veiculado.

2. Fase da redação
• Organize sequencial e coerentemente os tópicos elencados na fase anterior, tendo
em conta a estrutura tripartida proposta.
• Explore os argumentos e os exemplos, para que validem e sustentem os comentá-
rios críticos efetuados.
• Escolha um vocabulário cuidado e valorativo.
• Empregue, de forma diversificada e correta, os conectores discursivos.

3. Fase da revisão
• Certifique-se de que cumpriu a extensão indicada e a estrutura da planificação.
• Assegure-se de que usou corretamente a ortografia, a sintaxe e a pontuação.
• Verifique o uso adequado dos mecanismos de coesão textual e da articulação lógica
das ideias (coerência).
• Valide o cumprimento das marcas específicas deste género textual.

APLICAÇÃO
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Elabore uma apreciação crítica, entre 150 a 250 palavras, de uma obra que tenha lido
e que recomendaria a um amigo.

229
ESCRITA | DESCRITORES DE DESEMPENHO

Critérios específicos de classificação


• Estruturação temática e discursiva (ETD) ……………...................………………….. 144 pontos

Parâmetro A – Género/Formato textual

DESCRITORES DE DESEMPENHO PONTOS

Escreve um texto de acordo com o género/formato solicitado (texto de opinião):


• explicita o seu ponto de vista;
• fundamenta a perspetiva adotada num argumento; 48
• ilustra o argumento com, pelo menos, um exemplo; pts
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• produz um discurso valorativo (desenvolvendo um juízo de valor explícito ou implícito)

Escreve um texto de acordo com o género/formato solicitado (texto de opinião), 36


mas apresenta falhas num dos aspetos em avaliação neste parâmetro. pts

Escreve um texto de acordo com o género/formato solicitado (texto de opinião), 24


mas apresenta falhas em dois dos aspetos em avaliação nestes parâmetros. pts

Escreve um texto de acordo com o género/formato solicitado (texto de opinião), 12


mas apresenta falhas em três aspetos em avaliação neste parâmetro. pts

Escreve um texto de acordo com o género/formato solicitado (texto de opinião), 4


mas apresenta falhas em quatro aspetos em avaliação neste parâmetro. pts

Parâmetro B – Tema e pertinência da informação

DESCRITORES DE DESEMPENHO PONTOS

Trata o tema proposto sem desvios e escreve um texto com eficácia argumentativa,
assegurando:
• a mobilização de argumentos e de exemplos diversificados e pertinentes;
48
• a progressão da informação de forma coerente;
pts
• o recurso a um repertório lexical e a um registo de língua globalmente adequados
ao desenvolvimento do tema, ainda que possam existir esporádicos afastamentos,
justificados pela intencionalidade comunicativa.

Trata o tema proposto sem desvios, mas escreve um texto com falhas pontuais 36
em um ou dois aspetos em avaliação neste parâmetro. pts

Trata o tema proposto sem desvios e escreve um texto com falhas pontuais 24
em três aspetos em avaliação neste parâmetro. pts

Trata o tema proposto com desvios e escreve um texto com falhas em um 12


ou dois aspetos em avaliação neste parâmetro. pts

Trata o tema proposto com desvios e escreve um texto com falhas em todos 4
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os aspetos em avaliação neste parâmetro. pts

230
ESCRITA | DESCRITORES DE DESEMPENHO

Parâmetro C – Organização e coesão textuais

DESCRITORES DE DESEMPENHO PONTOS

Antecede o texto com o registo da planificação que seguirá na sua redação.


Escreve um texto bem organizado, evidenciando um bom domínio dos mecanismos de
coesão textual:
• apresenta um texto constituído por três partes individualizadas (introdução,
desenvolvimento e conclusão), devidamente proporcionadas e articuladas entre si de
modo consistente; 48
• marca, corretamente, os parágrafos; pts
• utiliza, adequadamente, mecanismos de articulação interfrásica;
• mantém, de forma sistemática, cadeias de referência através de substituições
nominais e pronominais adequadas.
Estabelece conexões adequadas entre coordenadas de enunciação (pessoa, tempo,
espaço) ao longo do texto.

Escreve um texto globalmente bem organizado, em que evidencia domínio dos


36
mecanismos de coesão textual, mas em que apresenta falhas pontuais em um
pts
ou dois dos aspetos em avaliação neste parâmetro.

Escreve um texto satisfatoriamente organizado, em que evidencia um domínio


suficiente dos mecanismos de coesão textual, apresentando falhas pontuais em 24
três ou mais aspetos em avaliação neste parâmetro ou falhas significativas em pts
um ou dois desses aspetos.

Escreve um texto com uma organização pouco satisfatória, recorrendo a insuficientes 12


mecanismos de coesão ou mobilizando-os de forma inadequada. pts

Escreve um texto com uma organização pouco satisfatória, recorrendo a insuficientes 4


mecanismos de coesão e mobilizando-os de forma inadequada. pts

• Aspetos de correção linguística (CL) …………................………......………............…….. 56 pontos


Após a contabilização dos erros do tipo A e do tipo B, apura-se a classificação neste parâ-
metro. A tabela abaixo apresenta a pontuação a atribuir, de acordo com o número de erros
do tipo A e do tipo B identificados. Caso o número total de erros seja superior ao número
máximo apresentado na tabela, o parâmetro CL é classificado com zero pontos.

Número de erros do tipo A

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

0 56 56 56 46 46 46 36 36 36 22 22 22 10 10 10
Número de erros do tipo B

1 56 46 46 46 36 36 36 22 22 22 10 10 10

2 46 46 36 36 36 22 22 22 10 10 10

3 36 36 36 22 22 22 10 10 10
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4 36 22 22 22 10 10 10

5 22 22 10 10 10

6 10

7 10

231
TURMA: ANO LETIVO: /

232
Parâmetros Descontos
A B C CL de Subtotal
(48 pts) (48 pts) (48 pts) (56 pts) extensão (pts)
Nome / N.o (–5)
GRELHA DE AVALIAÇÃO DA ESCRITA

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CENÁRIOS DE
RESPOSTA
ESCRITA Qualquer sensação se reveste de enorme importância
no nosso quotidiano. Pelo olfato, apreendemos os cheiros
Ficha 1 (p. 221)
que nos recordam momentos agradáveis ou nos alertam
Proposta 1 para situações de perigo: gás ou fumo, por exemplo. O tato
De acordo com a autora, atualmente, o mundo virtual
é eficaz na transmissão de afeto e calor humano − através
das redes sociais facilita a crítica e o protesto, a explosão
de um abraço −, mas é também uma forma de defesa do
de sentimentos, opiniões e julgamentos de forma imediata,
calor ou do frio em excesso. A audição de uma boa música
perante uma audiência imensa, o que tem consequências
no mundo real. ajuda a lidar com o stress e propicia momentos de inegá-
Antigamente, a ausência de barreiras entre o crítico e vel prazer, do mesmo modo que o sabor que um paladar
o criticado, por um lado, e a distanciação temporal que im- apurado proporciona é considerado dos maiores prazeres
plicava o protesto escrito, por outro, permitiam repensar da vida. A visão é o sentido que permite captar a beleza e a
o “insulto” e dosear a indignação, logo, a reação era mais variedade do mundo que nos envolve.
controlada e refletida. Em suma, a ausência de qualquer um dos sentidos
É necessário, pois, que os cidadãos aprendam a convi- acarretará, inevitavelmente, uma diminuição da qualidade
ver com esta nova realidade, estabelecendo limites para de vida do ser humano.
aquilo que é aceitável. (151 palavras)
(95 palavras)
Ficha 3 (p. 227)
Proposta 2
Texto de opinião
Segunda a autora, hoje em dia, verifica-se uma tendên-
cia, cada vez mais acentuada, apesar de prejudicial, para Proposta 1
eliminar alimentos da nossa dieta. Introdução: definição do ponto de vista a defender: o ser
Sabe-se que devemos ter uma dieta variada e feita em humano usa a tecnologia para o bem comum.
casa. Contudo, constata-se que parte da população apre-
Desenvolvimento:
senta doenças causadas por uma má nutrição. Em contra-
– 1.o argumento – os avanços científicos ao serviço do
partida, assiste-se a um proliferar de gurus das dietas.
Para obtermos o equilíbrio, é necessário mudar bem-estar das populações.
comportamentos e cuidar a alimentação. Sophie Deram Ex.: novas técnicas e aparelhos usados no diagnóstico
afirma que é fundamental mudar hábitos e comer só ou tratamento de doenças até agora incuráveis;
quando é necessário. Afirma também que é um erro eli- – 2.o argumento – os avanços científicos ao serviço da
minar componentes dos alimentos e que o bom senso é comunicação entre as pessoas e do desenvolvimento
fundamental. económico e social.
(96 palavras) Ex.: desenvolvimento de tecnologias que permitem
um contacto mais fácil entre as pessoas a nível social
Ficha 2 (p. 225) (redes sociais) ou a nível laboral (plataformas que per-
Proposta 1 mitem o trabalho ou a aprendizagem à distância).
Uma vez que não vive isolado, o ser humano interage Conclusão: Necessidade de usar as tecnologias para o
com diferentes tipos de pessoas – familiares, amigos – ex- bem comum.
perienciando momentos que guardará na memória, devido à
riqueza que lhe trouxeram, seja emocional, cultural ou outra. Proposta 2
Na verdade, o homem necessita de se relacionar afetiva
Introdução: a comunicação via Internet é um ato solitário
e socialmente para ter uma vida plena. A preservação dos
que não implica proximidade física.
momentos vividos é uma forma de manter, ou reforçar, os
laços afetivos que o unem aos que o rodeiam; por vezes, a Desenvolvimento:
vida afasta as famílias e as amizades. No entanto, as vivên- Interagir através da escrita não é imediato nem tão es-
cias conjuntas permanecerão através da recordação. pontâneo como a interação presencial, física.
Por outro lado, na sua convivência diária com outros, Com efeito, a ausência de contacto visual e a inexistên-
o homem está a desenvolver-se. As experiências que vive cia de comunicação não verbal entre os intervenientes
acabam por lhe ensinar algo; logo, estas aprendizagens dificultam o conhecimento do outro e a manifestação
dão-lhe a possibilidade de, em novas situações, poder agir espontânea de sentimentos.
em função do conhecimento adquirido e de evoluir. Assim, habituados a uma comunicação predominante-
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Assim, conclui-se que a memória é fundamental para mente realizada através das redes sociais, muitos jovens
o ser humano, pois permite o seu crescimento psicoemo-
tornam-se mais inibidos e menos capazes de desenvol-
cional e social.
ver competências no âmbito da interação, isolando-se.
(151 palavras)
Conclusão: Em suma, ler o que os outros escrevem e res-
Proposta 2 ponder-lhes não é um ato de comunicação completo, pois
Os cinco sentidos são ferramentas essenciais para com- não permite o contacto físico e formas de afetividade mais
preendermos o mundo e lidarmos com o meio envolvente. diretas e intensas.

233
CENÁRIOS DE RESPOSTA

Ficha 4 (p. 229) eram sujeitos, transformados numa massa humana que
(Apreciação do livro Se isto é um homem, de Primo Levi, perdera não só o direito ao nome como o direito de viver.
Publicações Dom Quixote, 2010). E fá-lo num discurso sóbrio, mas cheio de humanidade,
Se isto é um homem é o primeiro livro do italiano revelador de uma sensibilidade quase poética.
Primo Levi que, com 24 anos, foi capturado e enviado para Trata-se, sobretudo, de uma reflexão sobre a condição
a Polónia. humana. É um livro que vale a pena ler e reler pela extraor-
Escrito na primeira pessoa, este não é apenas mais um dinária forma como prende o leitor.
livro sobre o Holocausto, esse período terrível da história (151 palavras)
da Humanidade. Num retrato fabuloso da dureza e da bru-
talidade das condições de vida em Auschwitz – a fome, o
frio, o medo, o cansaço, a incerteza, o horror –, o autor des-
taca alguns prisioneiros que tudo fizeram para manter a
dignidade que lhes era roubada pela desumanização a que

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234
NOVO

Sentidos
PORTUGUÊS 12.º ANO

Testes
de avaliação
• 2 testes de diagnóstico
• 7 testes de avaliação
(por unidade didática)

• Cenários de resposta

de avaliação
Testes
TESTES DE
AVALIAÇÃO
Testes de diagnóstico
• Teste de diagnóstico 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
• Teste de diagnóstico 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243

Testes de avaliação
• Teste de avaliação 1
(Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo) . . . . . . . 249
• Teste de avaliação 2
(Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos) . . . . 257
• Teste de avaliação 3
(Fernando Pessoa, Mensagem) . . . . . . . . . . . 265
• Teste de avaliação 4
(Contos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273
• Teste de avaliação 5
(Poetas contemporâneos) . . . . . . . . . . . . . . 281
• Teste de avaliação 6
(Memorial do convento, José Saramago) . . . . . . 289
• Teste de avaliação 7
(O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago) . . 297

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304


TESTES DE DIAGNÓSTICO N.O 1 e N.O 2 (pp. 237-247)

Número
Domínio Tipologia de itens
de itens

GRUPO I
EDUCAÇÃO LITERÁRIA Itens de Escolha
(Aferição de conhecimentos) 5
construção múltipla

Testes 1 e 2
− “Sermão de Santo António”
− Frei Luís de Sousa
− Viagens na minha terra | Amor de perdição
− Os Maias Itens de Resposta
5
− Antero de Quental seleção restrita
− Cesário Verde

GRUPO II
LEITURA E GRAMÁTICA
Itens de Escolha
7
Teste 1 seleção múltipla
Sinonímia
Frase complexa – subordinação
Funções sintáticas
Modalidade e valor modal

Teste 2
Antonímia
Classes de palavras Itens de Resposta
3
Modalidade e valor modal construção restrita
Frase complexa – subordinação
Funções sintáticas

GRUPO III
ESCRITA
Itens de Resposta
1
construção extensa
Testes 1 e 2
Texto de opinião

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236
TESTE DE
ESCOLA: DATA: / /
DIAGNÓSTICO
NOME: N.O: TURMA
1

GRUPO I

1 Classifique como verdadeiras ou como falsas as afirmações relativas ao “Sermão


de Santo António”, de Padre António Vieira. Corrija as falsas.

A. O “Sermão de Santo António” é alegórico, na medida em que os peixes são o alvo


da crítica do padre António Vieira.
B. O orador enuncia as virtudes dos peixes, primeiro em geral e depois em particular.
C. O Sermão apresenta um caráter predominantemente narrativo e um discurso
objetivo, ilustrado sobretudo pelo uso da alegoria.
D. As repreensões aos peixes salientam defeitos, como a ignorância, a cegueira,
a vaidade e a hipocrisia.

2 Para completar os itens 2.1 e 2.2, selecione a opção correta, tendo em conta a obra
Frei Luís de Sousa.

2.1 A dimensão trágica da obra evidencia-se


A. no clima de terror, no afunilamento do espaço e na concentração temporal.
B. pela chegada do romeiro ao seu palácio.
C. na ilegitimidade de Maria de Noronha.
D. na semelhança das histórias de Madalena de Vilhena e de Inês de Castro.

2.2 A obra apresenta características românticas, tais como


A. a juventude de Maria e o amor de Madalena por Manuel de Sousa Coutinho.
B. a crença de Telmo no regresso de D. João de Portugal.
C. o assunto nacional, de fundo histórico, a sensibilidade cristã e o comporta-
mento emotivo de algumas personagens.
D. a morte de D. Sebastião em Alcácer-Quibir.

3 Preencha os espaços recuperando os seus conhecimentos relativamente a uma das


obras estudadas: Viagens na minha terra OU Amor de perdição.

3.1 O título da obra Viagens na minha terra remete para uma viagem a.
mas também para a que decorre das b. do narrador/autor
e que versa diversos aspetos, nomeadamente: a falta de originalidade relativa-
mente c. , a decadência de d. e o excessivo ma-
terialismo e. . O narrador pode considerar-se f.
e g. , no que respeita à defesa dos valores do passado e do povo.

3.2 A obra Amor de perdição, além de evidenciar o amor avassalador entre


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a. e b. , é também uma crítica c.


por conveniência e uma denúncia da corrupção d. . Simão é o herói
e. ; o seu comportamento apresenta uma evolução; no entanto,
destacam-se valores e atitudes como f. e g. .

237
TESTE DE DIAGNÓSTICO 1

4 Para completar cada um dos itens 4.1 a 4.3, decorrente do estudo que fez da obra
Os Maias, de Eça de Queirós, selecione a opção correta.

4.1 A obra Os Maias


A. retrata a fatalidade de várias gerações da família Maia e apresenta a crítica
da sociedade lisboeta de finais do século XIX.
B. revela as capacidades de Carlos enquanto médico e salienta os dotes de Ega
como orador.
C. constitui um elogio à mulher portuguesa, mas critica também os seus
defeitos.
D. apresenta negativamente Maria Monforte e denuncia a determinação de
Pedro da Maia.

4.2 A ação de Os Maias, que se prolonga por mais de 80 anos,


A. é apresentada, em termos narrativos, de forma linear.
B. não decorre linearmente, pois existem analepses, isocronias e anisocronias.
C. é narrada, na totalidade, em retrospetiva.
D. é inteiramente perspetivada sob o olhar de Carlos da Maia.

4.3 O subtítulo da obra Os Maias


A. desvenda os vários incidentes que acometem a família.
B. centra-se na vida social de Afonso da Maia.
C. apresenta vários episódios que retratam a sociedade lisboeta.
D. destaca as características românticas evidenciadas na obra.

5 Classifique como verdadeiras ou como falsas as afirmações sobre a poética de Antero


de Quental. Corrija as falsas.

A. A inquietação espiritual e a procura de um sentido para a existência são marcas


da poesia de Antero.
B. A contradição entre a descrença em Deus e o amor a Deus resulta num conflito
interior.
C. Na poesia anteriana, a euforia está sempre presente.
D. Dois dos recursos expressivos mais utilizados pelo poeta são a apóstrofe e a
metáfora.

6 Assinale como verdadeiras ou como falsas as afirmações respeitantes ao estudo


de Cesário Verde. Corrija as falsas.

A. Apesar da centralidade dada ao exterior, na poesia de Cesário sobressai a sub-


jetividade, resultante da deambulação e do devaneio.
B. A transfiguração do real nunca surge na poesia de Cesário.
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C. No poema “Num bairro moderno”, o “eu” poético é um observador acidental.


D. A poesia de Cesário é uma poesia feita a partir do olhar e permite percecionar
a realidade não apenas com a imaginação, mas também com os sentidos.

238
TESTE DE DIAGNÓSTICO 1

GRUPO II

Leia o seguinte texto. Se necessário, consulte as notas.

No topo da
montanha

H
á 30 anos que Bill Callahan esculpe
canções com recurso a dois gran-
des instrumentos: a sua voz, grave
e imperturbável, e as palavras que a
5 mesma transporta, dotadas de igual força telú-
rica1. Primeiro enquanto Smog, depois com o seu
nome de batismo, o cidadão que o estado norte-
-americano de Maryland viu nascer há 56 prima-
veras nunca exagerou nos condimentos, optando
10 sempre por uma versão ascética2 do songwriting:
nos clássicos da sua longa lavra, como “Dress
Sexy for My Funeral” ou “Too Many Birds”, não há
nada a mais. Nada de instrumentos supérfluos,
arranjos extravagantes ou convidados especiais
40 […] Três décadas depois dos primeiros relâm-
15 só para abrilhantar a ficha técnica. Bill Callahan é
pagos, as palavras continuam secas, curtas e in-
ele mesmo, um portento de musicalidade poética,
cisivas. Contudo, depois de ver morrer a mãe, em
em cujos discos (e já lá vão 19, se contarmos com
2018, experiência que parece refletir no lindís-
a colaboração de 2021 com Bonnie “Prince” Billy)
simo poema de “Lily”, e de ser pai, há sete anos,
não há nada a mais, mas também nada a menos.
45 tornou-se mais aberto à ideia de comunidade.
20 Callahan, a sua voz e a sua pena bastam-se a si
“Dantes não percebia esse conceito”, confessou
mesmos, com um brilhantismo pouco compará-
em 2019, ao “The Guardian”. “Tinha a minha mú-
vel a qualquer contemporâneo.
sica e os meus livros, filmes e amigos, por isso
Que não precise, aparentemente, de ninguém não queria saber do estranho da porta ao lado. Ter
para levar a água ao seu moinho não o impede de 50 um miúdo mudou isso, porque, para ele ser uma
25 partilhar a sua visão com um punhado de mú- pessoa bem ajustada, precisamos de todas essas
sicos de exceção. No novo “ytilareR” (a palavra pessoas”. No novo disco, continua o seu trajeto na
“Reality” vista ao espelho), reuniu uma banda – música, que compara a “trepar uma montanha”,
na qual se destaca o nome de Jim White na ba- tentando “despertar as pessoas, o seu amor. Pôr
teria – capaz de polvilhar canções mágicas como 55 os seus sentidos a trabalhar outra vez”, abrindo a
30 “Coyotes” (pura perfeição folk-rock), “Bowevil” porta a outras vozes que não apenas a sua (há seis
(blues assombrado) ou a luminosa “Natural Infor- ou sete pessoas a cantar neste disco”, informa na
mation” com geniais contributos (à pianista Sarah apresentação do mesmo). “Ouvir este disco de-
Ann Philippps, por exemplo, cabem alguns dos mora uma hora”, acrescenta. “Hoje em dia, uma
coros). O mais notável é que, mesmo quando as 60 hora parece um ano”. Mas não é nada. E é uma
35 canções seguem um ritmo próximo do jam, com vida.” Por aqui, podemos confirmar: será a hora
apontamentos psicadélicos (como em “Partition”) mais bonita do ano.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

ou jazzy (na épica “Naked Souls”), Bill Callahan Lia Pereira, in “A revista do expresso”,
nunca deixa de ser o capitão do seu navio, o cen- Edição 2607, 14/10/2022, p. 64
tro do seu universo. (adaptado e com supressões).

1
força da terra; 2 perfeição espiritual

239
TESTE DE DIAGNÓSTICO 1

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 O primeiro período do texto
A. descreve objetivamente o modo como Callahan escreve cancões.
B. valoriza a voz do cantor como o principal ingrediente das suas canções.
C. refere-se metaforicamente à escrita de canções por parte de Callahan.
D. destaca a longa carreira de Callahan enquanto escritor de canções.

1.2 Ao longo do texto,


A. faz-se o elogio do cantor pelo equilíbrio poético e musical das suas canções.
B. critica-se no autor a ausência de motivos musicais invulgares ou extraordinários.
C. afirma-se que o seu “brilhantismo” fica aquém dos seus contemporâneos.
D. assegura-se que Callahan se deveria rodear de outros músicos para criar
a sua obra.

1.3 A vivência de certas experiências pessoais


A. desestabilizou a carreira artística do cantor, como quando foi pai.
B. levou o autor a refletir intensamente sobre as letras das suas músicas.
C. originou a criação de poemas com palavras “secas, curtas e incisivas”.
D. conduziu o cantor a relacionar-se de forma diferente com os que o rodeiam.

1.4 No seu último disco,


A. Callahan deu mais visibilidade a outras vozes do que à sua.
B. o cantor pretende tocar os sentimentos mais íntimos das pessoas
C. os poemas versam sobretudo temas como a sua experiência de pai.
D. cuja produção foi árdua, o autor finge “trepar uma montanha”.

1.5 Assinale a opção que não constitui uma metáfora


A. “Bill Callahan esculpe canções” (ll. 1-2)
B. “nunca exagerou nos condimentos” (l. 9)
C. “com um brilhantismo pouco comparável a qualquer contemporâneo” (ll. 21-22)
D. “Três décadas depois dos primeiros relâmpagos” (ll. 40-41)

1.6 No contexto em que surge, o termo “condimentos” (l. 9) pode ser substituído por
A. afetos.
B. temperos.
C. recursos.
D. sensações.
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1.7 As orações introduzidas por “que (parece)” (l. 43) e “que (compara)” (l. 53) classifi-
cam-se como subordinadas
A. adjetivas relativas restritivas em ambos os casos.
B. adjetiva relativa explicativa e adjetiva relativa restritiva, respetivamente.
C. adverbial consecutiva e adjetiva relativa explicativa, respetivamente.
D. adjetiva relativa restritiva e adjetiva relativa explicativa, respetivamente

240
TESTE DE DIAGNÓSTICO 1

2 Classifique a oração “se contarmos com a colaboração de 2021 com Bonnie “Prince”
Billy” (ll. 17-19).

3 Identifique a função sintática desempenhada pelo segmento “do seu navio” (l. 38).

4 Indique a modalidade e o valor modal da frase “Hoje em dia, uma hora parece um ano”
(ll. 59-60).

GRUPO III

Ler, ver um filme ou assistir a uma peça de teatro é, sem dívida, um dos melhores contri-
butos para o nosso enriquecimento cultural e pessoal.

Redija um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, sobre a importância dos meios cultu-
rais nas sociedades modernas, expondo o seu ponto de vista com clareza e pertinência.

Avalie o seu desempenho

Domínio Insuficiente Suficiente Bom Muito Bom

Educação Literária

Leitura
Gramática
Escrita

Critérios

Domínio Insuficiente Suficiente Bom Muito Bom


0 a 4 respostas 5 a 7 respostas 8 a 10 respostas todas as
Educação Literária
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certas certas certas respostas certas


0 a 1 resposta 2 a 4 respostas 5 a 7 respostas todas as
Leitura
certa certas certas respostas certas
0 a 1 resposta 1 a 2 respostas 2 a 3 respostas todas as
Gramática
certa certas certas respostas certas
Escrita N1 N2 N3 N4

241
TESTE DE
ESCOLA: DATA: / /
DIAGNÓSTICO
NOME: N.O: TURMA
2

GRUPO I

1 Assinale como verdadeiras ou como falsas as afirmações relativas ao “Sermão de


Santo António”. Corrija as falsas.

A. O “Sermão de Santo António” apresenta uma estrutura argumentativa e cumpre


os objetivos da eloquência: docere, delectare e movere.
B. “Vós sois o sal da terra” constitui a moralidade que o Sermão encerra.
C. Padre António Vieira faz uma crítica social, atingindo sobretudo os colonos do
Maranhão.
D. Dirigindo-se aos peixes, o orador confere ao Sermão um caráter alegórico, pois
o seu auditório são os homens.
E. A estrutura interna é composta por três partes: o elogio dos peixes, a crítica aos
peixes em geral e a crítica ao polvo em particular.

2 Para completar os itens 2.1 e 2.2, selecione a opção correta, tendo em conta a obra
Frei Luís de Sousa.

2.1 A obra Frei Luís de Sousa quebra as regras da tragédia clássica porque
A. é escrita em prosa e estrutura-se em três atos.
B. tem um pendor sebastianista.
C. a catástrofe ocorre no ato I, com o incêndio do palácio.
D. o Romeiro não é uma personagem trágica.

2.2 A dimensão patriótica da obra é visível


A. na personalidade de D. Madalena.
B. em Manuel de Sousa, Frei Jorge e D. Madalena.
C. em Manuel de Sousa, Maria e Telmo.
D. em Frei Jorge e no Romeiro.

3 Preencha os espaços em branco, recuperando os seus conhecimentos relativamente


a uma das obras estudadas: Viagens na minha terra OU Amor de perdição.

3.1 Na obra Viagens na minha terra, o narrador realiza uma viagem de Lisboa a
a. e fornece ao leitor as suas b. acerca das vivên-
cias dela decorrentes. A obra possui, assim, um caráter c. , e cons-
titui uma d. de caráter pessoal, mas também e. .
Espiritualismo e f. são temáticas abordadas pelo narrador, que vê
na g. uma forma de recuperar os valores tradicionais.
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3.2 A obra Amor de perdição relata o amor correspondido entre Simão e Teresa, mas
a. pelas suas famílias. b. e Mariana são adju-
vantes de Simão nessa relação, mas Mariana acaba por se apaixonar pelo filho
de Domingos Botelho. Simão é condenado ao c. por ter matado
d. , em defesa da sua honra. Mariana decide e. , mas
acaba por se suicidar depois de f. falecer após ter tomado conhe-
cimento da morte de g. .
243
TESTE DE DIAGNÓSTICO 2

4 Para completar os itens 4.1 e 4.2, selecione a opção correta, baseando-se no seu
conhecimento sobre a obra Os Maias.

4.1 A analepse inicial de Os Maias abrange apenas


A. a vida de Carlos em Coimbra.
B. a infância e a juventude de Afonso.
C. a vida da família Maia até ao regresso de Carlos da Europa.
D. a vida de Afonso da Maia em Inglaterra.

4.2 A dimensão trágica da obra evidencia-se


A. na crítica social e no adultério.
B. na relação de Maria Monforte com Tancredo.
C. na relação de Afonso com Caetano da Maia.
D. no destino fatídico da família Maia.

5 Classifique como verdadeiras ou como falsas as afirmações sobre a poética de Antero


de Quental.

A. A obra de Antero tem um pendor filosófico muito marcado.


B. A morte é, nos Sonetos completos, encarada como causadora do sofrimento do
poeta.
C. A angústia existencial, o pessimismo e o desalento são temáticas recorrentes na
poética de Antero.
D. A descrença no Deus transcendente do Cristianismo perpassa alguns dos sone-
tos anterianos.

6 Assinale como verdadeiras ou como falsas as afirmações respeitantes à obra de


Cesário Verde.

A. A deambulação, a transfiguração poética do real e o imaginário épico são temá-


ticas frequentes na poesia de Cesário Verde.
B. A atenção do poeta centra-se na análise do real, nomeadamente do espaço
citadino.
C. A preocupação social é banida da poesia de Cesário Verde.
D. Em “O sentimento de um ocidental”, Cesário transmite as suas impressões sobre
a evolução da noite citadina.
E. A questão épica é abordada de forma metafórica.
F. A poesia de Cesário Verde apresenta irregularidade métrica e estrófica.
G. Uma das características da poesia de Cesário é o visualismo impressionista.
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244
TESTE DE DIAGNÓSTICO 2

GRUPO II

Leia o texto.

Dia Mundial da
Liberdade de Imprensa,
3 de maio de 2022
Declaração do Alto Representante
em nome da União Europeia

N
esta data em que assinalamos o Dia
Mundial da Liberdade de Imprensa,
corajosos jornalistas, equipas de fil-
magem, repórteres, fotógrafos e
5 bloguistas arriscam a vida para nos manter infor-
mados sobre a agressão militar não provocada e
injustificada da Rússia contra a Ucrânia.
As forças russas estão a deter, raptar e a per-
seguir jornalistas e intervenientes da sociedade
Contribuem, pois, para que os responsáveis sejam
10 civil para impedir o mundo de ouvir a verdade.
35 chamados a prestar contas pelas suas ações.
Instamos vivamente a Federação da Rússia a pôr
imediatamente termo a este tipo de ataques e Na Rússia e na Bielorrússia, apesar de se arris-
práticas. Segundo a plataforma do Conselho da carem a ser submetidos a longas penas de prisão
Europa para a proteção do jornalismo e a segu- e períodos de detenção prolongados, corajosos
15 rança dos jornalistas, foram já mortos 10 traba- jornalistas e meios de comunicação independen-
lhadores ucranianos e internacionais dos meios 40 tes esforçam-se por fazer chegar ao público in-
de comunicação social e muitos outros ficaram formações sobre a guerra travada pelos dirigentes
feridos. russos contra a Ucrânia e as atrocidades cometi-
das contra o povo ucraniano.
A segurança dos jornalistas constitui uma prio-
20 ridade para a UE, que presta apoio de emergência Também no resto do mundo, muitos jorna-
aos meios de comunicação social e aos jornalistas 45 listas e profissionais dos meios de comunicação
que cobrem a guerra na Ucrânia, nomeadamente independentes e empenhados continuam a expor
através de apoio psicológico, capacetes e outro situações de injustiça nos seus próprios países e
equipamento de proteção, bem como de fundos a contribuir para a construção de um futuro me-
25 que permitem cobrir os seus salários. lhor, e isto apesar do assédio diário, da violência
50 e da intimidação, tanto em linha como fora de
Ao cobrirem a situação a partir da linha da
linha, de que muitos deles são vítimas.
frente e ao identificarem as graves violações dos
direitos humanos e do direito internacional hu- A União Europeia está do seu lado. A liberdade
manitário cometidas pelas forças armadas russas, de imprensa garante uma sociedade mais demo-
30 os jornalistas contribuem, em grande medida, crática, mais forte e mais inclusiva e é funda-
para combater a desinformação e a manipula- 55 mental para a proteção e a promoção dos direitos
ção das informações sobre a invasão e garantir humanos. Não recuaremos no nosso combate em
que estas atrocidades não permaneçam impunes. favor da liberdade de imprensa.
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https://www.consilium.europa.eu/pt,
consultado em 29/12/2022.

245
TESTE DE DIAGNÓSTICO 2

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 No primeiro parágrafo homenageia-se
A. o trabalho dos jornalistas que cobrem a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
B. os que arriscam a vida na guerra entre a Rússia e a Ucrânia para nos infor-
marem.
C. aqueles que fazem a cobertura dos atentados levados a cabo pelos dois
países.
D. a atitude dos países da União Europeia para preservar a vida dos jornalistas.

1.2 Segundo o conteúdo do segundo parágrafo,


A. foram centenas os jornalistas que perderam a vida na Ucrânia.
B. morreram mais profissionais internacionais que ucranianos neste conflito.
C. as forças militares ucranianas impedem os jornalistas de fazerem o seu
trabalho.
D. jornalistas e civis foram detidos, raptados e perseguidos pelos russos.

1.3 O papel dos jornalistas deve ser enaltecido porque, graças a eles,
A. já vários responsáveis pelo conflito armado foram chamados a prestar contas.
B. combate-se a desinformação e a manipulação das notícias sobre a invasão.
C. os responsáveis pelo conflito tiveram de prestar contas pelas suas ações.
D. russos e a bielorrussos estão bem informados sobre a guerra na Ucrânia.

1.4 No último parágrafo do texto destaca-se


A. o papel da UE na defesa da liberdade de imprensa.
B. a negligência da UE na defesa da liberdade.
C. o propósito dos jornalistas na salvaguarda da UE.
D. a necessidade de união na defesa das democracias.

1.5 A forma verbal sublinhada em “Instamos vivamente a Federação da Rússia” (l. 11)
é antónima de
A. pedimos. C. apelamos.
B. apoiamos. D. proibimos.

1.6 Os “que” utilizados nas linhas 20 e 22 são


A. pronomes relativos em ambas as ocorrências.
B. um pronome relativo e uma conjunção subordinativa, respetivamente.
C. conjunções subordinativas nos dois contextos.
D. uma conjunção subordinativa e um pronome relativo, respetivamente.
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1.7 O último período do texto é ilustrativo de um ato ilocutório


A. diretivo. C. compromissivo.
B. expressivo. D. assertivo.

246
TESTE DE DIAGNÓSTICO 2

2 Identifique a modalidade e o valor modal configurados em “A segurança dos jornalistas


constitui uma prioridade para a UE” (ll. 19-20).

3 Classifique a oração “que cobrem a guerra na Ucrânia (l. 22).

4 Indique a função sintática desempenhada pelo constituinte sublinhado em “que estas


atrocidades não permaneçam impunes” (l. 33).

GRUPO III

Redija um texto de opinião, de 130 a 170 palavras, em que se pronuncie acerca do direito à
informação por parte de todos os cidadãos. Evidencie, igualmente, o contributo desse di-
reito para a tomada de decisões conscientes, no que respeita a escolha de individualidades
que poderão ter nas suas mãos os destinos do Mundo.

Considere as seguintes orientações:


• estrutura tripartida do texto;
• respeito pelo género textual, pelo tema e pelo limite de palavras;
• respeito pelos mecanismos de coerência e de coesão;
• mobilização de um repertório vocabular diversificado.

Avalie o seu desempenho

Domínio Insuficiente Suficiente Bom Muito Bom

Educação Literária

Leitura
Gramática
Escrita

Critérios

Domínio Insuficiente Suficiente Bom Muito Bom


0 a 4 respostas 5 a 7 respostas 8 a 10 respostas todas as
Educação Literária
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certas certas certas respostas certas


0 a 1 resposta 2 a 4 respostas 5 a 7 respostas todas as
Leitura
certa certas certas respostas certas
0 a 1 resposta 1 a 2 respostas 2 a 3 respostas todas as
Gramática
certa certas certas respostas certas
Escrita N1 N2 N3 N4

247
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 1 (pp. 249-255) – Unidade 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo

Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA

Parte A Classes de palavras Texto de opinião


Fernando Pessoa, Funções sintáticas
poesia do ortónimo Mecanismos de
+ coesão textual
Orações
Parte B
subordinadas
Luís de Camões,
Formação de
Rimas
palavras
+ Modalidade
Parte C e valor modal
Tipologia A poesia do ortónimo Atos ilocutórios
de itens Pronominalização
II – Leitura II – Gramática
Escolha 1.1 a 1.5 1.1 a 1.6
múltipla (5 itens x 10 pontos) (6 itens x 15 pontos)
= 50 = 90
II – Leitura
2.
Associação
(5 itens x 10 pontos)
= 50
I–A
3.
II – Leitura
(28 pontos) = 28
3.
Seleção
(5 itens x 10 pontos)
I–B
= 50
5.
(28 pontos) = 28
II – Leitura
4.
Ordenação
(5 itens x 10 pontos)
= 50
I–A
(2 itens x 12 pontos –
1. e 2.
CL) = 24
(2 itens x 36 pontos) = 72
+
(1 itens x 12 pontos –
I–B
Resposta CL) = 12
4.
restrita +
(1 itens x 36 pontos) = 36
(Item C: 12 pontos –
ED + 12 pontos – CL)
I–C
= 24
6.
60
(36 pontos) = 36
(6 itens x 15 pontos)
= 90
Resposta +
curta (2 itens x 10 pontos)
= 20
110
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A – 28 pontos;
B – 28 pontos
Resposta
C – 28 pontos;
extensa
CL – 56 pontos
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200

248
FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 1
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

PARTE A
Leia o poema.

Um piano na minha rua...


Crianças a brincar...
O sol de domingo e a sua
Alegria a doirar...

5 A mágoa que me convida


A amar todo o indefinido...
Eu tive pouco na vida
Mas dói-me tê-lo perdido.

Mas já a vida vai alta


10 Em muitas mudanças!
Um piano que me falta
E eu não ser as crianças!

25-2-1917
Fernando Pessoa, Poesia do eu (edição de Richard Zenith),
Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 102-103.

1 Indique o local, o tempo e a situação registados pelo sujeito poético na primeira estrofe.

2 Descreva o estado de espírito do sujeito poético, confrontando-o com o experienciado


no passado.

3 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


O poema tem como tema a. , uma vez que todo ele se baseia na reflexão que
o “eu” adulto, no b. , faz sobre o passado, o tempo que viveu, mas de que não
disfrutou, pela c. só alcançada por quem vive sem d. ou sem noção da
realidade.

a. b. c. d.
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1. “a nostalgia da infância” 1. futuro 1. tristeza 1. vontade


2. “a dor de pensar” 2. presente 2. alegria 2. desejos
3. “o fingimento artístico” 3. passado 3. irrealização 3. consciência

249
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)

PARTE B
Leia o soneto.

Ditoso seja aquele que somente


se queixa de amoras esquivanças;
pois por elas não perde as esperanças
de poder n’algum tempo ser contente.

5 Ditoso seja quem, estando ausente,


não sente mais que a pena das lembranças;
porqu’, inda que se tema de mudanças,
menos se teme a dor quando se sente.

Ditoso seja, enfim, qualquer estado


10 onde enganos, desprezos e isenção
trazem o coração atormentado.

Mas triste quem se sente magoado


d’erros em que não pode haver perdão,
sem ficar n’alma a mágoa de secado.
Luís de Camões, Rimas (texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão),
Coimbra, Almedina, 2005, p. 138.

4 Explicite o valor expressivo da anáfora presente nos versos 1, 5 e 9.

5 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


O sujeito poético parece a. aqueles que mantêm a esperança de um dia serem
contentes e que trazem apenas o coração b. , uma vez que o seu estado, fruto
dos muitos c. cometidos nunca lhe permitirão sair da situação d. em que
se encontra.

a. b. c. d.

1. cotejar 1. atormentado 1. planos 1. cativante


2. elogiar 2. libertado 2. projetos 2. penosa
3. invejar 3. alimentado 3. erros 3. faustosa
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250
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)

PARTE C

“[…] Pessoa ortónimo distingue-se por traços peculiares: avesso ao sentimen-


talismo, as suas finas emoções são pensadas, ou são já vibrações da inteligência,
vivências de estados imaginários…”
Jacinto do Prado Coelho (dir.), Dicionário de Literatura, 3.o volume, Porto, 1982.

6 Baseando-se na sua experiência de leitura, escreva uma breve exposição, na qual


apresente as marcas distintivas e caracterizadoras da poesia do ortónimo.

A sua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento, no qual explicite duas características/temáticas da obra pes-
soana, ilustrando a resposta com um exemplo pertinente de cada temática;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II

PARTE A – LEITURA
Leia o texto.

Tecnologia
com propósito
Web Summit 2022, com uma análise de
Henrique Miranda, professor do ISEL1 e
assessor da Presidência para a Área da
Inovação.

N
5 as últimas décadas assistiu-se à
transição para uma sociedade cada
vez mais tecnológica, que impõe
novos e urgentes desafios às em-
presas e às instituições governamentais, no-
10 meadamente a inovação tecnológica e tudo o
que se relaciona com a proteção e segurança
de dados. midores cada vez mais atentos e igualmente
tecnológicos, impõem desafios acrescidos
O tecido empresarial português é consti-
aos atuais e futuros gestores.
tuído maioritariamente por micro, pequenas
15 e médias empresas (PME), que desempe- 25 Atualmente, surgem todos os dias novos
nham um papel fundamental na sociedade. softwares, novas aplicações digitais e inovações
A regulamentação nacional e europeia, cada tecnológicas que visam dar resposta aos desa-
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vez mais exigente e à qual acrescem as pro- fios do mundo, dos setores empresariais, dos
blemáticas ambientais, económicas e sociais gestores, dos consumidores e até do planeta,
20 globais, a rápida evolução tecnológica que 30 com base na recolha e tratamento de dados que
implica a digitalização de processos e consu- geram conhecimento, o qual é imprescindível

1
Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

251
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)

à tomada de decisões eficientes e alinhadas industriais e académicas, com vista ao de-


com os Objetivos de Desenvolvimento Susten- 60 senvolvimento tecnológico e à capacitação do
tável das Nações Unidas. tecido empresarial, devido: à complexidade
dos desafios a superar; a multidisciplinari-
35 No entanto, se por um lado o desenvol-
dade de conhecimentos das equipas e grau
vimento e inovação tecnológica são extre-
de especialização que se requer; recursos ma-
mamente positivos no encontro de soluções,
65 teriais necessários; logística; e investimento
por vezes, esquecemo-nos de que têm igual-
financeiro.
mente impactos na utilização de recursos,
40 que na grande maioria são escassos nas PME. No desenvolvimento de projetos tecno-
lógicos inovadores, em estreita colaboração
É, portanto, perentória a constituição de
com a IES, as empresas conquistam acesso
grupos de trabalho multidisciplinares e con-
70 a recursos que de outra forma não teriam
gregadores de stakeholders, para que se evolua
e cujas equipas possuem know-how alta-
do desenvolvimento de tecnologia para o de-
mente especializado e multidisciplinar. Por
45 senvolvimento de tecnologia com Propósito.
seu turno, as IES têm a oportunidade de po-
Entenda-se Propósito como: mais importante
tenciar e rentabilizar duas vertentes muito
do que desenvolver muito e rápido, é desen-
75 importantes da sua vocação – a produção de
volver soluções que respondam aos desafios
conhecimento e a sua transferência.
globais, através da implementação de soluções
50 locais e sustentáveis nas suas três dimensões A participação de IES na Web Summit per-
(ambiental, económica e social). mite dar a conhecer aos meios empresariais,
independentemente da sua dimensão es-
No caso de Portugal, as PME têm um papel
80 trutural, o potencial de colaboração com as
fundamental no desenvolvimento da econo-
IES. Apresenta-se uma relação Win Win Win
mia, sendo preponderante o fortalecimento
entre empresas, IES e governos locais e cen-
55 de parcerias entre estas e as Instituições do
trais, como forma de resposta aos desafios da
Ensino Superior (IES).
Humanidade, através do desenvolvimento de
Inúmeros são os casos de sucesso de 85 Tecnologia com Propósito.
colaboração entre entidades empresariais,

https://www.dn.pt, consultado em 30/12/2022.

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 Os avanços tecnológicos colocam
A. entraves às empresas e a outras instituições.
B. desafios às instituições governamentais.
C. grandes desafios a empresas e instituições.
D. restrições ao serviço nacional de saúde.

1.2 As micro, pequenas e médias empresas


A. predominam na sociedade portuguesa.
B. constituem todo o tecido empresarial nacional.
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C. imperam no setor público-privado e estatal.


D. precisam de apoio estatal para sobreviver.

252
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)

1.3 Novos softwares, novas aplicações digitais e inovações tecnológicas


A. obrigam à formação e motivação de gestores.
B. exigem constantes atualizações aos gestores.
C. requerem formação acrescida aos gestores.
D. começam por desenhar modelos de intervenção.

1.4 A inovação leva à necessidade de


A. se apostar na formação dos mais jovens.
B. criar soluções globais, mas também locais.
C. desenvolver economicamente as nações.
D. abdicar de equipas multidisciplinares articuladas.

1.5 A colaboração entre as IES e as PME deve ser considerada


A. irrelevante.
B. injustificada.
C. acessória.
D. preponderante.

2 Associe cada um dos segmentos da coluna A ao elemento que na coluna B completa


o seu sentido.

Coluna A Coluna B

a. O radical “micro” (l. 14) está na base do termo 1. empréstimos.


b. No contexto em que surge, a forma verbal “acrescem” (l. 18) 2. categórica.
significa,
3. microscópio.
c. O sinónimo do adjetivo “perentória” (l. 41) é
4. cancelamento.
d. O antónimo do nome “implementação” (l. 49) é
5. francesismos.
e. O uso do itálico nos vocábulos presentes nas linhas 26, 43 e 71
6. juntam.
justifica-se por se tratar de
7. ativação.

3 Selecione as opções que completam corretamente as afirmações.


O autor do texto defende a a. das IES, para que as b. tenham acesso
a um c. especializado. Deste modo, todos ganhariam: as empresas acedem
a d. que de outra forma não teriam, e as IES teriam a possibilidade de potenciar
a e. e a transferência de conhecimento.

a. b. c. d. e.

1. intervenção 1. empresas 1. instrumento 1. tecnologias. 1. venda


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2. colaboração 2. instituições 2. serviço 2. recursos 2. aquisição


3. oposição 3. universidades 3. conhecimento 3. experiências 3. produção

253
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)

4 Organize os seguintes tópicos pela ordem com que surgem no texto.


A. A urgência na criação de grupos de trabalho multidisciplinares para se encon-
trarem novas soluções.
B. A importância das PME na economia portuguesa.
C. As vantagens decorrentes da colaboração entre diferentes parceiros foram abor-
dadas na Web Summit de 2022.
D. A transformação da sociedade das últimas décadas.
E. As novas tecnologias e as respostas que podem dar aos vários setores da
sociedade.

PARTE B – GRAMÁTICA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 Os “que” utilizados nas linhas 7 e 15
A. são pronomes relativos nas duas ocorrências.
B. são, respetivamente, um pronome relativo e uma conjunção subordinativa.
C. são conjunções subordinativas nas duas situações.
D. são, respetivamente, uma conjunção subordinativa e um pronome relativo.

1.2 O segmento “por micro, pequenas e médias empresas (PME)” (ll. 14-15) corresponde ao
A. predicativo do sujeito.
B. complemento direto.
C. complemento agente da passiva.
D. predicativo do complemento direto.

1.3 O processo irregular de formação de palavras subjacente ao termo “softwares” (l. 26)
designa-se de
A. truncação. C. siglação.
B. amálgama. D. empréstimo.

1.4 O articulador “No entanto” (l. 35) contribui para assegurar a coesão gramatical
A. frásica. C. referencial.
B. interfrásica. D. temporal.

1.5 O parágrafo situado entre as linhas 52 e 56 exemplifica a modalidade


A. epistémica com valor de certeza.
B. epistémica com valor de probabilidade.
C. deôntica com valor de obrigação.
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D. apreciativa.

1.6 A frase “Inúmeros são os casos de sucesso de colaboração entre entidades empre-
sariais, industriais e académicas” (ll. 57-59) configura um ato ilocutório
A. diretivo. C. expressivo.
B. assertivo. D. declarativo.

254
TESTE DE AVALIAÇÃO 1 (FERNANDO PESSOA, POESIA DO ORTÓNIMO)

2 Identifique a função sintática desempenhada pelos constituintes sublinhados em cada


segmento.

a. "Nas últimas décadas assistiu-se à transição para uma sociedade cada vez mais
tecnológica" (ll. 5-7)

b. "a digitalização de processos” (l. 21)

c. "É, portanto, perentória a constituição de grupos de trabalho multidisciplinares


e congregadores de stakeholders” (ll. 41-43)

3 Classifique as orações.
a. "que desempenham um papel fundamental na sociedade" (ll. 15-16)

b. “que implica a digitalização de processos e consumidores cada vez mais atentos


e igualmente tecnológicos” (ll. 20-23)

c. “para que se evolua do desenvolvimento de tecnologia para o desenvolvimento de


tecnologia com Propósito” (ll. 43-45)

4 Indique o valor da oração “que de outra forma não teriam” (l. 70).

5 Reescreva a frase seguinte após pronominalizar os complementos sublinhados.


“A participação de IES na Web Summit permite dar a conhecer aos meios empresariais,
independentemente da sua dimensão estrutural, o potencial de colaboração com as
IES.” (ll. 77-81).

GRUPO III

O desenvolvimento do conhecimento e das tecnologias, responsável por aquilo que se


designa por “quarta revolução industrial”, estará a ser canalizado para o bem da Huma-
nidade?

Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de vista sobre
o modo como o ser humano usa os conhecimentos e os avanços tecnológicos na sociedade.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles
com, pelo menos, um exemplo significativo.
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255
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 2 (pp. 257-263) – Unidade 2 – Fernando Pessoa, Poesia dos heterónimos

Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA

Parte A Classes de palavras Texto de opinião


Poesia dos heterónimos Funções sintáticas
+ Mecanismos de
coesão textual
Parte B
Orações
Cesário Verde
subordinadas
+ Formação de
Parte C palavras
A poesia dos Modalidade
heterónimos e valor modal
Tipologia Atos ilocutórios
de itens Pronominalização
II – Leitura II – Gramática
Escolha 1.1 a 1.5 1.1 a 1.6
múltipla (5 itens x 10 pontos) (6 itens x 15 pontos)
= 50 = 90
II – Leitura
2.
Associação
(5 itens x 10 pontos)
= 50
I–A
3.
II – Leitura
(28 pontos) = 28
3.
Seleção
(5 itens x 10 pontos)
I–B
= 50
5.
(28 pontos) = 28
II – Leitura
4.
Ordenação
(5 itens x 10 pontos)
= 50
I–A
(2 itens x 12 pontos –
1. e 2.
CL) = 24
(2 itens x 36 pontos) = 72
+
(1 itens x 12 pontos –
I–B
Resposta CL) = 12
4.
restrita +
(1 itens x 36 pontos) = 36
(Item C: 12 pontos –
ED + 12 pontos – CL)
I–C
= 24
6.
60
(36 pontos) = 36
(6 itens x 15 pontos)
= 90
Resposta +
curta (2 itens x 10 pontos)
= 20
110
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A – 28 pontos;
Resposta
B – 28 pontos
extensa
C – 28 pontos;
(texto de
CL – 56 pontos
opinião)
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200

256
FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 2
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

PARTE A
Leia o poema.

XXXI

Se às vezes digo que as flores sorriem


E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...

5 É porque assim faço mais sentir aos homens falsos


A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.

Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes


À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
10 Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
“O Guardador de Rebanhos”, in Poemas de Alberto Caeiro, Fernando Pessoa
(nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor),
Lisboa, Ática, 1946 (10.a ed. 1993).

1 Identifique a relação que se estabelece entre as duas primeiras estrofes.

2 Explicite o conceito de “homens falsos” (v. 5) e justifique a sua utilização.

3 Selecione as opções que completam corretamente as afirmações.


Neste poema, como em muitos outros, Caeiro expõe a sua a. , assumindo-se
como um verdadeiro b. da Natureza, que capta pelos c. , não precisando
de ser interpretada de forma metafórica nem questionada, porque, no Universo, nada
há para questionar nem pensar. As coisas não necessitam de qualquer d. .

a. b. c. d.
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1. recusa das sensações 1. intérprete 1. ouvidos 1. explicação


2. visão do universo 2. observador 2. sentidos 2. exemplificação
3. filosofia de vida 3. crítico 3. olhos 3. metafísica

257
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)

PARTE B
Leia o excerto do poema.

Nós

Foi quando em dois Verões, seguidamente, a Febre


E o Cólera também andaram na cidade,
Que esta população, com um terror de lebre,
Fugiu da capital como da tempestade.

5 Ora, meu pai, depois das nossas vidas salvas,


(Até então nós só tivéramos sarampo),
Tanto nos viu crescer entre uns montões de malvas
Que ele ganhou por isso um grande amor ao campo!

Se acaso o conta, ainda a fronte se lhe enruga:


10 O que se ouvia sempre era o dobrar dos sinos;
Mesmo no nosso prédio, os outros inquilinos
Morreram todos. Nós salvámo-nos na fuga.

Na parte mercantil, foco da epidemia,


Um pânico! Nem um navio entrava a barra,
15 A alfândega parou, nenhuma loja abria,
E os turbulentos cais cessaram a algazarra.

Pela manhã, em vez dos trens dos batizados,


Rodavam sem cessar as seges dos enterros.
Que triste a sucessão dos armazéns fechados!
20 Como um domingo inglês na city, que desterros!

Sem canalização, em muitos burgos ermos,


Secavam dejeções cobertas de mosqueiros.
E os médicos, ao pé dos padres e coveiros,
Os últimos fiéis, tremiam dos enfermos!
Cesário Verde, Obra poética integral,
Lisboa, Dinalivro, 2013.
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258
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)

4 Identifique e caracterize o espaço destacado pelo sujeito poético.

5 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


Nesta passagem textual, o sujeito poético dá conta da peste que assolou o espaço
a. e assume uma visão b. , ilustrada na c. (“turbulentos”, v. 16;
“triste”, v. 19; “ermos”, v. 21), nas frases exclamativas (“Um pânico!”, v. 14) e na compa-
ração (“Como um domingo inglês na city”, v. 20), revelando que a d. só escapou
da morte porque se exilou no campo.

a. b. c. d.

1. ribeirinho 1. otimista 1. adjetivação 1. irmã


2. citadino 2. objetiva 2. anáfora 2. família
3. campestre 3. crítica 3. comparação 3. mãe

PARTE C

“Pessoa costumava referir-se a Caeiro como ‘o guardador de rebanhos’ e como o ‘pa-


gão’, ao passo que dois de seus outros heterónimos famosos, Ricardo Reis e Álvaro
de Campos, eram, respetivamente, o ‘estoico’ e o ‘sensacionista’”.
https://www.em.com.br,
consultado em janeiro de 2023.

6 Partindo da afirmação supra e das aprendizagens realizadas sobre os heterónimos,


escreva um breve texto expositivo, de 120 a 180 palavras, no qual apresente sucinta-
mente as caraterísticas que comprovem as palavras transcritas.
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259
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)

GRUPO II

PARTE A – LEITURA
Leia o texto.

Uma ferida aberta


no sentimento europeu
Sérgio Tréfaut faz o retrato de uma luso-
descendente que aderiu ao Estado Islâmico,
sem tentar encontrar explicações fáceis
para o inexplicável. A Noiva está nas salas
5 de cinema.

É
uma ferida aberta no sentimento eu-
ropeu. Durante a expansão do Daesh, Em A Noiva, não há uma cena de guerra
na Síria e no Iraque, jovens europeus ou sequer de aventura de percurso. Quando
abandonaram as suas famílias e o seu chegamos lá, já tudo aconteceu. O olhar é-nos
10 conforto ocidental para combaterem ao lado emprestado por uma mãe, cujo filho, um jiha-
dos jihadistas. Ao mesmo tempo, partiram
35 dista europeu, morreu na guerra. Ela tenta
também jovens mulheres, as chamadas noi- agora resgatar o seu corpo e confronta-se com
vas da jihad, prontas a abraçar de uma outra a viúva, também ela europeia, luso-francesa,
forma esta causa horrenda e criminosa. Tudo jovem mãe de dois filhos e grávida do terceiro.
15 isto fazia as manchetes dos jornais há meia Filmando no Curdistão iraquiano, com no-
dúzia de anos, mas como, entretanto, acon- 40 tável qualidade fotográfica e enquadramen-
teceu a pandemia e se reinventou a guerra na tos sóbrios, Tréfaut parece ter sempre como
Ucrânia, parece estar muito, muito, lá atrás. prioridade dar-nos um pedaço de realidade,
Não está. levar-nos ao espaço, num registo quase docu-
20 Sérgio Tréfaut debruçou-se a fundo so- mental (que é nitidamente onde se sente mais
bre este abismo, na tentativa de compreen-
45 à vontade), feito de verdade e verosimilhança.
der o inexplicável, ir além do choque e tentar Sentimo-nos como se estivéssemos lá. Pron-
mostrar as profundezas insondáveis da alma tos a tirar as nossas conclusões ou impressões
humana. De início, o realizador desenhou sobre a indecifrável personagem.
25 um projeto mais convencional, que quase Tréfaut recusa explicações simplistas. E não
poderia ser confundido com um filme de 50 nos dá nenhuma. Não desenha um monstro
aventuras. Abandonou a ideia e acabou por nem uma vítima. Deparamo-nos apenas com
construir um objeto mais inquietante, que uma mulher, angustiada e angustiante, presa
reforça e levanta novas perguntas, em vez de entre dois mundos, para a qual não encontra-
30 dar propriamente respostas. mos saída.

https://visao.sapo.pt, consultado em janeiro de 2023.

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
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1.1 O filme lançado e realizado por Sérgio Tréfaut retrata uma situação que
A. continua a ferir o sentimento europeu.
B. está bem presente na mente dos franceses.
C. ocorreu com vários jovens portugueses.
D. levou inúmeros jovens europeus à morte.

260
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)

1.2 Com este filme, o realizador pretendeu


A. compreender o comportamento humano.
B. incomodar e questionar os espectadores.
C. seguir o projeto de um filme de aventuras.
D. desmontar um abismo iniciado há seis anos.

1.3 O argumento do filme baseia-se


A. num conflito bélico ocorrido na Síria.
B. no sofrimento de uma mulher grávida.
C. no desaparecimento de um jovem jihadista.
D. no drama de uma mãe para resgatar o filho.

1.4 A jovem viúva do jihadista morto é


A. curda. C. luso-francesa.
B. sírio-iraquiana. D. paquistanesa.

1.5 O autor do artigo considera que o filme


A. tem um registo dramático.
B. é quase um documentário.
C. não tem qualidade fotográfica.
D. apresenta demasiada ficção.

2 Associe cada um dos segmentos da coluna A ao elemento que na coluna B completa


o seu sentido.

Coluna A Coluna B

a. Entre os vocábulos “explicações” e “inexplicável” (ll. 3-4) 1. metafórico.


estabelece-se uma relação de
2. denotativo.
b. As vírgulas usadas nas linhas 6-7 justificam-se pois demarcam uma
3. misteriosas.
c. A expressão “prontas a abraçar (…) esta causa horrenda e criminosa”
4. reaver.
(ll. 13-14), no contexto, assume um sentido
5. oposição.
d. O adjetivo “insondáveis” (l. 23), nesta situação, significa
6. profundas.
e. O verbo “resgatar” (l. 36) tem como sinónimo
7. explicitação.

3 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


O articulista é de opinião que o a. teve como prioridade retratar a b. ,
construindo uma espécie de c. , repleto de d. , que transporta o e.
para o local da ação e o impele a tirar as suas conclusões.
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a. b. c. d. e.

1. ator 1. guerra 1. documentário 1. efeitos 1. leitor


2. colaborador 2. realidade 2. romance 2. fantasia 2. narrador
3. realizador 3. paisagem 3. reportagem 3. veracidade 3. espectador

261
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)

4 Organize os seguintes tópicos pela ordem com que surgem no texto.


A. Ação que rompe com o que há de mais convencional.
B. Destaque dado a uma mulher que quer resgatar o filho.
C. Síntese do argumento do filme de Sérgio Tréfaut.
D. Verdade e verossimilhança impõem-se para que se tirem conclusões.
E. Jovens europeus de ambos os sexos juntaram-se na defesa de uma causa.

PARTE B – GRAMÁTICA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 Os “que” utilizados nas linhas 2 e 25
A. são conjunções subordinativas nas duas situações.
B. são pronomes relativos nas duas ocorrências.
C. são, respetivamente, um pronome relativo e uma conjunção subordinativa.
D. são, respetivamente, uma conjunção subordinativa e um pronome relativo.

1.2 Quanto ao processo de formação, a palavra “lusodescendente” (ll. 1-2) foi obtida com
recurso à
A. derivação por conversão.
B. derivação não afixal.
C. composição morfossintática (palavra + palavra).
D. composição morfológica (radical + palavra).

1.3 O segmento sublinhado na frase “Ao mesmo tempo, partiram também jovens mu-
lheres (…) prontas a abraçar de uma outra forma esta causa horrenda e criminosa”
(ll. 11-14) exemplifica a modalidade

A. apreciativa.
B. epistémica com valor de probabilidade.
C. deôntica com valor de obrigação.
D. epistémica com valor de certeza.

1.4 O constituinte sublinhado em “Ela tenta agora resgatar o seu corpo” (ll. 35-36) con-
tribui para assegurar a coesão textual gramatical
A. referencial. C. interfrásica.
B. frásica. D. temporal.

1.5 O pronome pessoal presente em “levar-nos” (l. 44) desempenha a função sintática de
A. predicativo do sujeito. C. complemento indireto.
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B. complemento direto. D. complemento oblíquo.

1.6 A frase “Tréfaut recusa explicações simplistas” (l. 50) configura um ato ilocutório
A. expressivo. C. assertivo.
B. diretivo. D. declarativo.

262
TESTE DE AVALIAÇÃO 2 (FERNANDO PESSOA, POESIA DOS HETERÓNIMOS)

2 Classifique as orações.
a. "que aderiu ao Estado Islâmico” (l. 2)

b. “para combaterem ao lado dos jihadistas” (ll. 10-11)

c. “cujo filho, um jihadista europeu, morreu na guerra” (ll. 34-35)

3 Identifique a função sintática desempenhada pelos constituintes sublinhados em cada


segmento.

a. “A Noiva está nas salas de cinema” (ll. 4-5)

b. “tentar mostrar as profundezas insondáveis da alma humana” (ll. 22-24)

c. “O olhar é-nos emprestado por uma mãe” (ll. 33-34)

4 Reescreva as frases seguintes após pronominalizar os complementos sublinhados.


a. "Sérgio Tréfaut faz o retrato de uma lusodescendente” (ll. 1-2)

b. “Durante a expansão do Daesh, (…) jovens europeus abandonaram as suas famílias”


(ll. 7-9)

GRUPO III

Os conflitos bélicos, sejam por razões justificadas ou não, continuam a destruir a huma-
nidade.

Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de vista
sobre os conflitos armados e as suas consequências na estabilidade/instabilidade dos seres
humanos.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada
um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
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263
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 3 (pp. 265-270) – Unidade 3 – Fernando Pessoa, Mensagem

Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA

Parte A Funções sintáticas Texto de opinião


Mensagem, Mecanismos de
“Padrão” coesão textual
+ Referenciação
anafórica
Parte B
Orações
Cesário Verde,
subordinadas
“O sentimento
dum ocidental”
+
Tipologia
de itens Parte C
Mensagem e
“O sentimento
dum ocidental”
II – Leitura II – Gramática
Escolha 1.1 a 1.4 1.5 a 1.7
múltipla (4 itens x 50 pontos) (3 itens x 40 pontos)
= 200 = 120
2. a 3.
Resposta
(2 itens x 40 pontos)
curta
= 80
I–A
3.
(28 pontos) = 28
Seleção
I–B
5.
(28 pontos) = 28
I–A
1. e 2. (2 itens x 12 pontos –
(2 itens x 32 pontos) = 64 CL) = 24
+
I–B (2 itens x 12 pontos –
Resposta
4. e 5. CL) = 24
restrita
(2 itens x 32 pontos) = 64 +
(1 item x 12 pontos –
I–C CL) = 12
7. 60
(32 pontos) = 32
A – 28 pontos;
Resposta
B – 28 pontos
extensa
C – 28 pontos;
(texto de
CL – 56 pontos
opinião)
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200
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264
FERNANDO PESSOA, MENSAGEM TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 3
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

PARTE A
Leia o texto.

Padrão

O esforço é grande e o homem é pequeno.


Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.

5 A alma é divina e a obra é imperfeita.


Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano


10 Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma


E faz a febre em mim de navegar
15 Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
Fernando Pessoa, Mensagem, Lisboa, Ática, 1972, p. 60
(disponível em http://arquivopessoa.net).

1 Caracterize o sujeito poético.

2 Interprete o sentido dos versos 11 e 12.


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265
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)

3 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


O navegador Diogo Cão assume uma dimensão a. , pois sugere que b. ;
o verso c. confirma essa dimensão, acentuada pelo recurso à d. .

a. b. c. d.

1. simbólica 1. é imperfeito 1. “A alma é divina e a obra é imperfeita” 1. primeira pessoa


(v. 5) do singular
2. espiritual 2. foi escolhido
por Deus 2. “O por-fazer é só com Deus” (v. 8) 2. metáfora
3. material
3. concretizou 3. “a febre em mim de navegar” (v. 14) 3. adjetivação
uma obra expressiva

PARTE B
Leia o excerto do poema “O sentimento dum ocidental”.
Se necessário, consulte as notas.

II
Noite fechada

A espaços, iluminam-se os andares,


E as tascas, os cafés que, as tendas, os estancos1
Alastram em lençol os seus reflexos brancos;
E a lua lembra o circo e os jogos malabares2.

5 Duas igrejas, num saudoso largo,


Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,
Assim que pela história eu me aventuro e alargo.

Na parte que abateu no terramoto,


10 Muram-se as construções retas, iguais, crescidas;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,
E os sinos de um tanger monástico e devoto.

Mas, num recinto público e vulgar,


Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
15 Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Um épico d’outrora ascende, num pilar!
Cesário Verde, Obra poética integral,
Lisboa, Dinalivro, 2013.

1
loja onde se vende tabaco (tabacaria)
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2
jogos ou espetáculos em que se fazem habilidades de equilíbrio, destreza e acrobacia na manipulação de objetos

266
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)

4 Explicite a crítica à igreja, por parte do sujeito poético.

5 Interprete a referência ao passado histórico-literário português, por parte do sujeito


poético.

6 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


No verso “Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero” está presente a. e simulta-
neamente a b. , que enfatizam a crítica c. , o que permite opor duas épocas
da História de Portugal, aquando da alusão à estátua de Camões, dignas d. .

a. b. c. d.

1. metáfora 1. dupla adjetivação 1. à inquisição 1. de enaltecimento


2. imagem 2. aliteração 2. a uma parte do clero 2. uma, de reprovação,
outra de louvor
3. anástrofe 3. enumeração 3. à igreja
3. de censura

PARTE C

7 Baseando-se na sua experiência de leitura de Mensagem e do poema “O sentimento


dum ocidental”, escreva uma breve exposição, na qual apresente a vertente crítica
patente em ambas as obras.

A sua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicite dois aspetos que são alvo de crítica, um em
cada uma das obras, ilustrando a resposta com referências pertinentes;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
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267
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)

GRUPO II

PARTE A – LEITURA
Leia o texto.

O que é viver no século XXI tendo como matriz a língua de


Camões, Jorge Amado, Pepetela, Mia Couto, Luís Cardoso...

É
sempre manhã no mundo da língua e das português. O objetivo da obra é refletir, sob pers-
culturas de expressão portuguesa. petivas diversas e abordando temáticas variadas,
sobre o mundo global a partir dos povos e das
A globalidade, o diálogo, a diversidade,
culturas que têm a língua portuguesa como lín-
a universalidade, o contacto com o outro,
45 gua do dia a dia, como uma língua e uma cultura,
5 e, cremos poder dizer, um afeto que perdura entre
genuinamente, de experiência intercultural.
histórias diversas, ora vividas de modos semelhan-
tes ora de modos muito diversos, do Brasil a Timor, Com base em diferentes experiências, procu-
são o tema de fundo de um projeto internacional ra-se abordar iniciativas, percursos e perceções de
de investigação que junta, há três anos, dezenas de uma presença refletida e modelada em português.
10 investigadores de universidades de todos os países 50 Contrariando as narrativas homogeneizadoras e
de língua e cultura de expressão portuguesa. procurando a inovação no debate destas temáticas,
visa-se pensar práticas culturais e comunicacio-
Há dias, a partir de Lisboa, numa sessão online
nais caracterizadoras de um mundo contempo-
com participantes de Portugal, Brasil, Angola, Guiné-
râneo em português. Trata-se de focar os povos
-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Macau e
55 e as pessoas singulares, as famílias e os muitos
15 Timor, foi apresentado um primeiro resultado deste
grupos e culturas, indo além dos países, tentando
projeto: a obra Em Português – Falar, Viver e Pensar
também pensar a vida em todos os locais onde
no Século XXI, publicada pela Centro de Estudos dos
as culturas de expressão portuguesa estão presen-
Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP)
tes ou deixaram marcas, como por exemplo, em
e pela Universidade Católica Editora.
60 Goa, na Malásia, no Japão, mas também na Eu-
20 O que é viver no século XXI tendo como ma- ropa e nos EUA, nas comunidades da emigração
triz, língua oficial ou língua e universo do dia a de língua portuguesa. Claro que estas intenções
dia, a língua e as culturas que se expressam em são impossíveis de concretizar numa obra deste,
português, presentes na sua diversidade, em to- ou de qualquer, género; são um projeto infindável
dos os continentes do mundo? Esta é a questão 65 de vida, um modo de ser.
25 que norteia o presente projeto de investigação
Não menos importante neste trabalho é a pro-
[…] que, nesta primeira obra, aborda três grandes
cura de estabelecer pontes, canais e hábitos de co-
áreas: (i) identidade e geoestratégia em português;
municação e trabalho que potenciem a influência
(ii) literatura e artes em português; e (iii) educação
global dos povos e culturas que se expressam em
e ciência em português.
70 português nos mais variados domínios.
30 Sob perspetivas diversas e abordando assuntos
O projeto Em Português continua. Outras apre-
variados, este projeto, na sua dinâmica coletiva,
sentações desta obra estão em preparação noutros
procurou descentrar a reflexão de contextos es-
locais do mundo em português. Esta parceria in-
tritamente geográficos ou nacionais, procurando
ternacional académica está também a trabalhar na
antes centrá-la na língua e na cultura, nas histó-
75 realização de um congresso académico, em Lisboa,
35 rias e, sobretudo, na maneira de ser em português
em finais de 2023; […] porque vasta e diversa é a
enquanto ponte para o futuro. […]
comunidade dos povos e culturas de expressão
O projeto Em Português é sobre o mundo todo, portuguesa. Procurando pontes que nos possam
tidd 12
20233 • SSentidos

o mundo global do século XXI, com os seus mui- fortalecer a todos, queremos e cremos que este
tos problemas, desafios e oportunidades, vivido 80 projeto espelhe/espelha essa vastidão, diversidade
por quem fala, pensa, sonha, decide e faz em
õ ASA • 202

40 e força da comunidade planetária que somos.

Fernando Ilharco, Marília dos Santos Lopes, Fernando Chau, Filipe Coelho (coordenadores do projeto de investigação de que
Edições

resultou a edição de Em Português – Falar, Viver e Pensar no Século XXI), in https://www.dn.pt, consultado em janeiro de 2023.
Edi
© Ed

268
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.1 O recurso expressivo presente no segmento textual “É sempre manhã no mundo
da língua e das culturas de expressão portuguesa” (ll. 1-2) é
A. a personificação.
B. a metáfora.
C. a aliteração.
D. a anástrofe.

1.2 Com o projeto referido no artigo, os investigadores pretendem


A. debruçar-se sobre a influência da língua portuguesa em países de África, da
América, da Ásia, mas também da Europa.
B. averiguar o modo de vida de determinados países e contextos geográficos
que têm o português como língua oficial.
C. refletir sobre o mundo, abordando múltiplas temáticas, partindo da diversi-
dade de práticas culturais dos países lusófonos.
D. tirar conclusões sobre o modo de vida das comunidades emigrantes de
língua portuguesa espalhadas pelo mundo.

1.3 O projeto Em Português


A. será dado como concluído aquando da realização de um congresso no pró-
ximo ano, em Lisboa.
B. apresentou já, em Lisboa, um resultado preliminar e dará a conhecer as
conclusões finais em futuras apresentações.
C. é um projeto em permanente atualização, por se tratar de uma experiência
intercultural.
D. terá continuidade, pois é um projeto infindável, dada a magnitude e diversi-
dade da comunidade alvo.

1.4 A referência a “Camões, Jorge Amado, Pepetela, Mia Couto, Luís Cardoso... “,
no título, justifica-se
A. por se tratar de escritores de expressão portuguesa oriundos de diversas
partes do mundo: Europa, Timor, Brasil e África.
B. porque um dos objetivos do projeto é promover a língua e cultura de expres-
são portuguesa no mundo, divulgando os seus escritores.
C. porque se trata de nomes incontornáveis da literatura contemporânea de
expressão portuguesa.
D. por se tratar de um projeto que pretende refletir sobre a influência da lite-
ratura de expressão portuguesa no mundo.

1.5 O referente do pronome pessoal em “centrá-la” (l. 37) é


© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

A. “(n)a sua dinâmica” (l. 34).


B. “(n)a sua dinâmica coletiva (ll. 34-35).
C. “a reflexão” (l. 35).
D. “a reflexão de contextos estritamente geográficos ou nacionais” (ll. 35-37).

269
TESTE DE AVALIAÇÃO 3 (FERNANDO PESSOA, MENSAGEM)

1.6 Em “porque vasta e diversa é a comunidade dos povos e culturas de expressão


portuguesa” (ll. 85-87), o segmento sublinhado desempenha a função sintática de
A. complemento direto.
B. sujeito.
C. complemento indireto.
D. complemento oblíquo.

1.7 Em “queremos e cremos que este projeto espelhe/espelha essa vastidão” (ll. 88-89),
o vocábulo destacado assegura o mecanismo de coesão textual
A. gramatical referencial.
B. gramatical frásica.
C. gramatical interfrásica.
D. lexical por substituição.

2 Identifique a função sintática desempenhada pelo pronome pessoal em “Procurando


pontes que nos possam fortalecer a todos” (ll. 87-88).

3 Classifique as orações sublinhadas: “cremos que este projeto espelhe/espelha essa


vastidão, diversidade e força da comunidade planetária que somos” (ll. 88-91).

GRUPO III

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 pala-
vras, apresente a sua perspetiva pessoal sobre a projeção da língua e da cultura portugue-
sas no mundo atual, fundamentando-a em dois argumentos, cada um deles ilustrado com
um exemplo pertinente. © Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

270
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 4 (pp. 273-279) – Unidade 4 – Contos

Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA

Parte A Funções sintáticas Texto de opinião


“Sempre é uma Mecanismos de
companhia” coesão textual
+ Orações
subordinadas
Parte B
Modalidade
“George”
e valor modal
+ Valor lógico dos
Parte C conectores
Frei Luís de Sousa Pronominalização
Tipologia Tempos e modos
de itens verbais
II – Leitura II – Gramática
Escolha 1.1 a 1.5 1.1 a 1.6
múltipla (5 itens x 10 pontos) (6 itens x 15 pontos)
= 50 = 90
II – Leitura
2.
Associação
(4 itens x 10 pontos)
= 40
I–A
3.
II – Leitura
(20 pontos) = 20
3.
Seleção
(5 itens x 10 pontos)
I–B
= 50
5.
(20 pontos) = 20
II – Leitura
4.
Ordenação
(6 itens x 10 pontos)
= 60
I–A
1. e 2. (2 itens x 12 pontos –
(2 itens x 32 pontos) = 64 CL) = 24
+
I–B (2 itens x 12 pontos –
Resposta
4. CL) = 24
restrita
(2 itens x 32 pontos) = 64 +
(1 item x 12 pontos –
I–C CL) = 12
6. 60
(32 pontos) = 32
(6 itens x 15 pontos)
= 90
Resposta +
curta (2 itens x 10 pontos)
= 20
110
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

A – 28 pontos;
Resposta
B – 28 pontos
extensa
C – 28 pontos;
(texto de
CL – 56 pontos
opinião)
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200

271
CONTOS TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 4
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

PARTE A
Leia o excerto de “Sempre é uma companhia”.

Tirando isto, a vida do Batola é uma sonolência pegada. Agora, para ali está, diante do
copo, matando o tempo com longos bocejos. No estio, então, o sol faz os dias do tamanho
de meses. Sequer à noite virá alguém à venda palestrar um bocado. É sempre o mesmo.
Os homens chegam com a noitinha, cansados da faina. Vão direito a casa e daí a pouco toda
5 a aldeia dorme.
Está nestes pensamentos o Batola quando, de súbito, lhe vem à ideia o velho Rata. Que
belo companheiro! Pedia de monte a monte, chegava a ir a Ourique, a Castro, à Messejana.
Até fora a Beja. Voltava cheio de novidades. Durante tardes inteiras, só de ouvi-lo parecia ao
Batola que andava a viajar por todo aquele mundo.
10 Mas o velho Rata matara-se. Na aldeia, ninguém ainda atina ao certo com a razão que
levou o mendigo a suicidar-se. Nos últimos tempos, o reumatismo tolhera-lhe as pernas,
amarrando-o à porta do casebre. De quando em quando, o Batola matava-lhe a fome; mas
nem trocavam uma palavra. Que sabia agora o Rata? Nada. Encostado à parede de pernas
estendidas, errava o olhar enevoado pelos longes. Veio o verão com os dias enormes,
15 a miséria cresceu. Uma tarde, lá se arrastou como pôde e atirou-se para dentro do pego
da ribeira da Alcaria.
Aos poucos o tempo apagou a lembrança do Rata, o mendigo. Só o Batola o recorda
lá de vez em quando. Mas, agora, abandonou a recordação e o vinho, e vai até ao almoço.
Nunca bebe durante as refeições.
20 Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se a tardinha. Batola, que
acaba de dormir a sesta, já pode vir sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo da parede.
A seus pés, passa o velho caminho que vem de Ourique e continua para o sul. Por cima, cru-
zam os fios da eletricidade que vão para Valmurado, uma tomada de corrente cai dos fios e
entra, junto das telhas, para dentro da venda.
25 E o Batola por mais que não queira, tem de olhar todos os dias o mesmo: aí umas quinze
casinhas desgarradas e nuas; algumas só mostram o telhado escuro, de sumidas que estão
no fundo dos córregos. Depois disso, para qualquer parte que volte os olhos, estende-se a
solidão dos campos. E o silêncio. Um silêncio que caiu, estiraçado por vales e cabeços, e que
dorme profundamente. Oh, que despropósito de plainos sem fim, todos de roda da aldeia,
30 e desertos!
Manuel da Fonseca, “Sempre é uma companhia”, in Conto Português. Séculos XIX-XXI –
Antologia crítica, vol. 3 (coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins),
Porto, Edições Caixotim, 2011, pp. 96-97.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

1 Explicite o modo como a ausência de perspetivas influencia a vida das personagens


Batola e Rata.

273
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)

2 Identifique o recurso expressivo configurado na expressão “daí a pouco toda a aldeia


dorme” (ll. 4-5), comentando a sua expressividade.

3 Selecione as opções que completam corretamente as afirmações.


No texto, uma passagem reveladora do a. é, por exemplo, o segmento em que
Barrasquinho b. o amigo Rata. Desta forma, Batola demonstra o c. do
presente, d. , no passado, por Rata.

a. b. c. d.

1. espaço físico 1. recorda 1. humanismo e a bondade 1. mitigados


2. tempo psicológico 2. alimenta 2. isolamento e a solidão 2. reforçados
3. espaço psicológico 3. afasta 3. interesse e egoísmo 3. garantidos

PARTE B
Leia o excerto de “George”.

A figura vai-se formando aos poucos como um puzzle gasoso, inquieto, informe. Vê-se
um pedacinho bem nítido e colorido mas que logo se esvai para aparecer daí a pouco, nítido
ainda, mas esfumado. George fecha os olhos com a força possível, tem sono, volta a abri-los
com dificuldade, olhos de pupilas escuras, semicirculares, boiando num material qualquer,
5 esbranquiçado e oleoso.
À sua frente uma senhora de idade, primeiro esboçada, finalmente completa, olha-a
atentamente. De idade não, George detesta eufemismos, mesmo só pensados, uma mu-
lher velha. Tem as mãos enrugadas sobre uma carteira preta, cara, talvez italiana, italiana,
sim, tem a certeza. A velha sorri de si para consigo, ou então partiu para qualquer lugar e
10 deixou o sorriso como quem deixa um guarda-chuva esquecido numa sala de espera. O seu
sorriso não tem nada a ver com o de Gi − porque havia de ter? −, são como o dia e a noite.
Uma velha de cabelos pintados de acaju, de rosto pintado de vários tons de rosa, é certo que
discretamente mas sem grande perfeição. A boca, por exemplo, está um pouco esborratada.
Sem voz e sem perder o sorriso diz:
15 − Verá que há de passar, tudo passa. Amanhã é sempre outro dia. Só há uma coisa, um
crime, que ninguém nos perdoa, nada a fazer. Mas isso ainda está longe, muito longe, para
quê pensar nisso? Ainda ninguém a acusa, ainda ninguém a condena. Que idade tem?
− Quarenta e cinco anos. Porquê?
− É muito nova − afirma. − Muito nova.
20 − Sinto-me velha, às vezes.
− É normal. Eu tenho quase 70 anos. Como estava a chorar, pensei...
Encolhe os ombros, responde aborrecida:
− Não tive desgosto nenhum, nenhum. Um encontro, um simples encontro...
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

Maria Judite de Carvalho, “George”, in Conto português. Séculos XIX-XXI –


Antologia crítica, vol. 3 (coord. Maria Isabel Rocheta, Serafina Martins),
Porto, Edições Caixotim, 2011, p.119

274
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)

4 Contextualize a ação deste excerto, referindo a importância dos acontecimentos que


a precedem.

5 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


Através do encontro entre George e a. , figura que b. , revelam-se alguns
c. da personagem, nomeadamente o do d. .

a. b. c. d.

1. Gi 1. viu na vila natal 1. desejos 1. envelhecimento e o da solidão


2. Carlos 2. idealizou 2. sentimentos 2. regressar a Amesterdão.
3. Georgina 3. encontrou no comboio 3. medos 3. Deixar a vila natal.

PARTE C

6 Na literatura portuguesa, encontramos, em inúmeras obras, diversas personagens


dotadas de densidade psicológica.

Baseando-se na sua experiência de leitura de Frei Luís de Sousa, escreva uma breve
exposição, na qual apresente Manuel de Sousa Coutinho, referindo dois traços de
caráter que o distinguem.
A sua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicite dois traços da personagem, ilustrando a res-
posta com a referência situações pertinentes da obra;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

275
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)

GRUPO II

PARTE A – LEITURA
Leia o seguinte texto.

Enfrentar o oceano
da vida como um peixe
enfrenta o mar

E
m 1972, Henry Miller, o autor de livros
tão importantes como Trópico de Ca-
pricórnio e a trilogia Rosa-Crucifica-
ção (Sexus, Plexus e Nexus), publicou
5 numa editora minúscula, e com uma tiragem
de apenas 200 exemplares, um livrinho de
34 páginas intitulado On Turning Eighty (“So-
bre chegar aos 80 anos”).
Entre várias reflexões sobre a bênção que assemelha a uma forma de autismo, com as
10 representa chegar a tão vetusta idade ainda 40 suas insistências e réplicas, ecos e repetições,
ativa, ainda física e intelectualmente capaz, sempre na mesma toada, que é, no fim de
o escritor nova-iorquino escreveu o seguinte: contas, a sua voz única, depurada ao fim de
“Com a idade avançada, os meus ideais, que mais de quatro décadas de atividade literária
normalmente nego possuir, alteraram-se e mais de três dezenas de romances, uma voz
15 definitivamente. O meu ideal é ficar livre de 45 que por vezes se torna monocórdica, até mo-
ideais, livre de princípios, livre de ‘ismos’ e nótona, mas logo se incendeia e reinventa,
ideologias. Quero enfrentar o oceano da vida uma voz que continua a ser, provavelmente,
como um peixe enfrenta o mar. Quando era a mais poderosa da literatura portuguesa.
novo, preocupava-me muitíssimo com o es-
Aos 80 anos, Lobo Antunes, apesar das
20 tado do mundo, mas, hoje, embora ainda 50 cíclicas ameaças de que o próximo livro será
barafuste e me indigne, contento-me sim-
o último (nunca é), continua a publicar ro-
plesmente em deplorar o estado das coisas.
mances a um ritmo quase anual, porque não
Dizer isto pode soar a presunção, mas na ver-
sabe fazer outra coisa. O velho lugar-comum
dade significa que me tornei mais humilde,
da escrita como respiração parece, no seu
25 mais consciente das minhas próprias limita- 55 caso, uma evidência. E talvez o sonho do
ções e das limitações dos meus semelhantes.
Nobel também o empurre, mesmo que não
Já não tento converter as pessoas à minha
o admita, sendo a espera anual pelo telefo-
visão das coisas, nem procuro curá-las.”
nema de Estocolmo um aguilhão. Lembre-
No passado dia 1 de setembro, também mos que, na semana passada, Annie Ernaux,
30 António Lobo Antunes se tornou octogená- 60 a escritora francesa de 82 anos (feitos, tam-
rio – e não é difícil imaginá-lo a subscrever bém, a 1 de setembro), foi galardoada com o
as palavras de Miller. Há muito que o autor maior dos prémios literários, num momento
de Fado Alexandrino e Tratado das Paixões em que ainda está bastante ativa – em maio
da Alma parece fechado numa cápsula que o lançou a sua última obra, Le Jeune Homme.
d 12

isola do mundo à sua volta, um casulo onde Com Nobel ou sem Nobel, Lobo Antunes
entidos
20233 • SSentidos

35 65

tece incansavelmente a sua prosa narrativa, continuará a escrever. E talvez ainda seja ca-
essa conversa de si para si mesmo, por vezes paz de nos surpreender, quando se calhar já
Edições ASA • 202

tão fechada e virada para dentro que quase se não o esperaríamos. […]

José Mário Silva, in E – A revista do expresso, ed. n.o 2607, 14/10/2022, p. 50 (com supressões).
© Ed

276
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 As referências a Henry Miller, no primeiro parágrafo, pretendem,
A. por contraste, introduzir a reflexão sobre Lobo Antunes.
B. por analogia, introduzir a reflexão sobre o escritor português.
C. sobretudo, destacar a figura de Henry Miller no panorama literário norte-
-americano.
D. especialmente, sintetizar e valorar a vida e a obra do escritor nova-iorquino.

1.2 O uso do itálico em “On Turning Eighty” (l. 7) e das aspas no segmento compreen-
dido entre as linhas 13-28 justificam-se por se tratar de
A. respetivamente, um título e uma citação.
B. duas citações.
C. um empréstimo e uma citação.
D. um título e uma frase em discurso indireto.

1.3 À medida que foi envelhecendo, Henry Miller


A. tornou-se mais insensível.
B. ficou mais despreocupado com os problemas do mundo.
C. foi perdendo a crença no ser humano.
D. foi ganhando consciência de que não poderá mudar o mundo.

1.4 António Lobo Antunes


A. é um grande escritor, mas parece demasiado egocêntrico.
B. revela uma enorme preocupação com o mundo, na sua obra.
C. produz obras pouco interessantes, mesmo sendo um grande escritor.
D. criou a sua obra à imagem e semelhança da de Henry Miller.

1.5 Segundo o autor do texto,


A. Lobo Antunes nunca ganhará o prémio Nobel, em virtude da idade.
B. a esperança de ganhar o Nobel pode funcionar como um incentivo.
C. o autor luso, em virtude da idade, virá a ganhar o prémio de Estocolmo.
D. o escritor português já não tem condições para escrever.

2 Associe cada um dos segmentos da coluna A ao que na coluna B completa o seu


sentido.

Coluna A Coluna B

a. A frase “O meu ideal é ficar livre de ideais, livre de 1. compreende uma metáfora
princípios, livre de ‘ismos’ e ideologias” (ll. 15-17) e uma comparação.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

b. A frase “Quero enfrentar o oceano da vida como 2. engloba uma repetição anafórica
um peixe enfrenta o mar” (ll. 17-18) e uma enumeração.
c. No contexto em que surge, o termo “deplorar” 3. premiada.
(l. 22) significa
4. observar.
d. O adjetivo “galardoada” (l. 61) significa
5. lamentar.

277
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)

3 Selecione as opções que completam corretamente as afirmações.


A referência a Henry Miller pretende expor a. relativamente a Lobo Antunes que,
aos 80 anos, b. uma atitude de isolamento e de c. produção narrativa.
A sua voz literária, ambivalente, é caracterizada através da d. “se incendeia”
e da e. “monocórdica” e “monótona” e pode ser referida como uma das principais
da literatura portuguesa.

a. b. c. d. e.

1. diferenças 1. evita 1. fraca 1. metáfora 1. anáfora


2. semelhanças 2. recusa 2. intensa 2. anáfora 2. antonímia
3. críticas 3. ostenta 3. débil 3. personificação 3. adjetivação

4 Organize os seguintes tópicos pela ordem com que surgem no texto.


A. Consciência do autor norte-americano de que não pode mudar o estado das coisas.
B. Constatação de que o escritor português é capaz de imprimir novos fôlegos à sua
obra.
C. Publicação de um livro onde Henry Miller reflete sobre si e sobre a sua evolução.
D. Manifestação da certeza de que o escritor português se mantém ativo e é impre-
visível.
E. Perceção de que a obra de Lobo Antunes é cada vez mais centrada em si mesmo.
F. Referência ao Nobel da Literatura como uma provável motivação para Lobo
Antunes.

PARTE B – GRAMÁTICA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 O referente do pronome em “nem procuro curá-las” (l. 28) é
A. “(d)as minhas próprias limitações e das limitações dos meus semelhantes”.
B. “(d)as minhas próprias limitações”.
C. “as coisas.
D. “as pessoas”.

1.2 As orações introduzidas por “que” (l. 38 e l. 59) classificam-se como orações subor-
dinadas
A. adverbial consecutiva e substantiva completiva, respetivamente.
B. adverbial concessiva e substantiva completiva, respetivamente.
C. substantiva completiva em ambos os casos.
D. adjetiva relativa restritiva e substantiva completiva, respetivamente.
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1.3 O termo “logo” (l. 46) introduz no discurso a ideia de


A. condição. C. tempo.
B. concessão. D. conclusão.

278
TESTE DE AVALIAÇÃO 4 (CONTOS)

1.4 O segmento “uma evidência” (l. 55) desempenha a função sintática de


A. complemento direto. C. predicativo do sujeito.
B. modificador (do grupo verbal). D. modificador do nome restritivo.

1.5 A forma verbal “Lembremos” (ll. 58-59) encontra-se no


A. imperativo. C. pretérito perfeito do indicativo.
B. presente do conjuntivo. D. presente do indicativo.

1.6 No último período do texto, predomina a modalidade


A. epistémica com valor de certeza.
B. apreciativa.
C. epistémica com valor de probabilidade.
D. deôntica com valor de obrigação.

2 Indique a função sintática desempenhada pelos seguintes segmentos.


a. "que normalmente nego possuir" (ll. 13-14)

b. “das coisas” (l. 28)

c. “octogenário” (ll. 30-31)

3 Classifique as seguintes orações.


a. "embora ainda barafuste" (ll. 20-21)

b. "que me tornei mais humilde” (l. 24)

c. "que o isola do mundo à sua volta” (ll. 34-35)

4 Reescreva a seguinte frase, pronominalizando o complemento direto.


“Já não tento converter as pessoas à minha visão das coisas” (ll. 27-28)

5 Indique o mecanismo de coesão textual configurado na utilização do pronome no seg-


mento “nem procuro curá-las” (l. 28).

GRUPO III
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

As obras literárias inscrevem-se num determinado tempo e num certo lugar, e, portanto,
através do olhar atento e crítico do seu criador, elas podem constituir-se como retratos da
realidade em que nasceram.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras,
apresente a sua perspetiva pessoal sobre o tema apresentado, fundamentando-a em dois argumen-
tos, cada um ilustrado com um exemplo.

279
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 5 (pp. 281-286) – Unidade 5 – Poetas contemporâneos

Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA

Parte A Orações Apreciação crítica


Poetas contemporâneos – subordinadas
Eugénio de Andrade Funções sintáticas
+ Mecanismos de
coesão textual
Parte B
Formação de
Poesia trovadoresca –
palavras
Cantiga de amigo
+
Parte C
Poesia trovadoresca –
Tipologia Cantiga de amigo
de itens e Cantiga de amor
II – Leitura II – Gramática
Escolha 1.1 a 1.4 1.5 a 1.7
múltipla (4 itens x 50 pontos) (3 itens x 40 pontos)
= 200 = 120
2. a 3.
Resposta
(2 itens x 40 pontos)
curta
= 80
I–A
Seleção 3.
(16 pontos) = 16
I–A
1. e 2. (2 itens x 12 pontos –
(2 itens x 30 pontos) = 60 CL) = 24
+
I–B (2 itens x 12 pontos –
Resposta
4. a 6. CL) = 24
restrita
(3 itens x 30 pontos) = 90 +
(1 item x 12 pontos –
I–C CL) = 12
7. 60
(34 pontos) = 34
A – 28 pontos;
B – 28 pontos
Resposta
C – 28 pontos;
extensa
CL – 56 pontos
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

280
POETAS CONTEMPORÂNEOS TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 5
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

PARTE A
Leia o poema.

Agora as palavras

Obedecem-me agora muito menos,


as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo,
5 não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
não me perdoam
a mão rigorosa, a indiferença
pelo fogo de artifício.
10 Eu gosto delas, nunca tive outra
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume,
15 sustentava os meus dias, mas agora
estão ariscas, escapam-se por entre
as mãos, arreganham os dentes
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?
Eugénio de Andrade, “O Sal da Língua”, in Poesia, 2.a ed. Porto,
Fundação Eugénio de Andrade, pp. 527-528.

1 Esclareça a relação do sujeito poético com as palavras, no passado e no presente.

2 Interprete o sentido dos vocábulos “rédea”, “mão rigorosa” e “fogo de artifício”.

3 Explicite a sentido da interrogação retórica presente no último verso.


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281
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)

PARTE B
Leia o texto.

Digades, filha, minha filha velida

– Digades, filha, mia filha velida,


por que tardaste na fontana fria?
Os amores hei.

– Digades, filha, mia filha louçana,


5 por que tardastes na fria fontana?
Os amores hei.

– Tardei, mia madre, na fontana fria,


cervos do monte a áugua volv[i]am.
Os amores hei.

10 – Tardei, mia madre, na fria fontana,


cervos do monte volv[i]am a áugua.
Os amores hei.

– Mentir, mia filha, mentir por amigo,


nunca vi cervo que volvesse o rio.
15 Os amores hei.

– Mentir, mia filha, mentir por amado,


nunca vi cervo que volvess’o alto.
Os amores hei.
Pero Meogo,
https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1221&pv=sim.

4 Explicite as atitudes da mãe e da filha, referindo os sentimentos de cada uma delas


perante a situação referida no poema.

5 Interprete o sentido do refrão.

6 Proponha uma divisão da cantiga em partes, justificando.


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282
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)

PARTE C

7 O amor é um tema recorrente na literatura, ao longo dos séculos.


Baseando-se na sua experiência de leitura da poesia trovadoresca, escreva uma breve
exposição sobre o modo como o amor é perspetivado nas cantigas de amigo e nas can-
tigas de amor.

A sua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicite o modo como o amor é perspetivado, apre-
sentando semelhanças e/ou diferenças entre as cantigas de amigo e as de amor,
ilustrando a resposta com referência a dois poemas lidos.
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II

Leia o texto.

A arqueologia da Internet

Q
uem diria que seria o iPhone, que eu tanto
aplaudi e celebrei quando saiu, a víbora
que levaria à destruição do jardim do pa-
raíso que era a Internet?
5 De repente, tudo ficou do tamanho de um
considerado uma antiguidade encantadora para
envelope infantil. Os computadores desktop com
comunicar com os avós, uma espécie de tele-
ecrãs gigantes passaram a mamutes e os portá-
grama gratuito que dá muito trabalho.
teis vão pelo mesmo caminho, para o cemitério-
-museu onde ainda se podem ver as máquinas 30 Os posts do Twitter, Instagram e do TikTok
10 fotográficas e sonográficas de antigamente. podem ser muito giros – e ainda estão por ex-
plorar –, mas correspondem aos postais de an-
Quanto tempo faltará para os telemóveis se-
tigamente. São curtos e estão muito dominados
rem trocados por smartwatches com mostradores
pela imagem, pelo diálogo e pelo encadeamento
do tamanho de um cartão de cidadão, capazes de
35 de comentários.
fazer tudo e mais alguma coisa, sem precisar das
15 nossas mãos? O WhatsApp abafa grande parte das comunica-
ções pessoais, tirando humanidade e autenticidade
A Internet já tem várias gerações de saudosis-
à Internet. Não foi só a bisbilhotice que se perdeu.
tas, capazes de estar horas a discutir qual era o
melhor ano para a “cibernavegação”. Uma vítima são os próprios websites, que es-
40 tão cada vez mais pobres. As atenções de quem
Literariamente a perda foi imensa. Havia blo-
os fazia desviam-se agora para os formatos mais
20 gues muito bons, muito bem escritos, que tiravam
pequenos e imediatos.
partido da generosidade do meio, aproveitando a
falta de limitações de espaço e de hierarquias edi- Veja-se o site do Rijksmuseum, que era tão
toriais. Agora já se fala dos blogues como se falava bom ainda há pouco tempo. Ainda é bom – está
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do maio de 68, de Woodstock, do punk. 45 lá uma grande exposição de Vermeer –, mas já vai
a caminho da banalidade.
25 Não foram só os blogues que desapareceram.
O email também anda pelas horas da morte, É pena.

Miguel Esteves Cardoso, in https://www.publico.pt, consultado em janeiro de 2023.

283
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.

1.1 No período “Quem diria que seria o iPhone, que eu tanto aplaudi e celebrei quando
saiu, a víbora que levaria à destruição do jardim do paraíso que era a Internet?”
(ll. 1-5), estão presentes

A. uma metáfora e uma personificação.


B. duas metáforas.
C. uma personificação e uma anástrofe.
D. uma aliteração.

1.2 Miguel Esteves Cardoso reflete sobre


A. os avanços tecnológicos, enaltecendo o modo como influenciam a vida do
ser humano.
B. a desatualização constante da tecnologia, devido aos avanços sistemáticos
nesta área.
C. aquilo que considera ser a destruição da internet, devido ao mau uso que se
faz dela.
D. o mau uso que se faz da internet e as consequentes desvantagens para
o ser humano.

1.3 A referência ao site do Rijksmuseum, no último parágrafo,


A. constitui um exemplo que ilustra o argumento de que os websites têm vindo
a perder qualidade.
B. constitui um exemplo que ilustra o argumento de que alguns websites con-
tinuam a ter qualidade.
C. constitui o argumento de que a qualidade deste website se mantém, pois tem
uma exposição de Vermeer.
D. constitui o argumento de que os formatos mais pequenos ainda mantêm
interesse e qualidade.

1.4 Ao longo do artigo, o autor adota um tom


A. sério e reflexivo.
B. sério e crítico.
C. crítico e sarcástico.
D. racional e genuíno.
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284
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)

1.5 A oração “que dá muito trabalho” (l. 29) classifica-se como

A. subordinada adjetiva relativa restritiva.


B. subordinada substantiva completiva.
C. subordinada adverbial causal.
D. subordinada adverbial consecutiva.

1.6 A expressão “aos postais de antigamente” (ll. 32-33) desempenha a função sintática
de

A. complemento direto.
B. predicativo do complemento direto.
C. complemento indireto.
D. modificador do grupo verbal.

1.7 No segmento “que estão cada vez mais pobres” (ll. 39-40), os vocábulos sublinha-
dos configuram a coesão textual

A. gramatical temporal.
B. gramatical frásica.
C. gramatical referencial.
D. lexical por reiteração.

2 Indique o processo de formação de palavras que ocorreu no vocábulo “cemitério-museu”


(ll. 8-9).

3 Classifique a oração “que estão cada vez mais pobres” (ll. 39-40).
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285
TESTE DE AVALIAÇÃO 5 (POETAS CONTEMPORÂNEOS)

GRUPO III

Escreva uma apreciação crítica do cartoon, num texto de 150 a 200 palavras, considerando
os seguintes aspetos:

• estrutura tripartida do texto;


• redação clara e objetiva, respeitando os mecanismos de coesão e coerência textual;
• utilização de vocabulário adequado e diversificado;
• respeito pelas marcas características deste género textual.

Fatemeh Bagheri (Irão). © Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

286
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 6 (pp. 289-295) – Unidade 6.1 – Memorial do convento, José Saramago

Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA

Parte A Processos Texto de opinião


Memorial do convento fonológicos
+ Funções sintáticas
Valor dos conectores
Parte B
Mecanismos de
Os Maias
coesão textual
+ Orações
Parte C subordinadas
Tipologia Poesia trovadoresca/ Deíticos
de itens Amor de perdição Valor aspetual

II – Leitura II – Gramática
Escolha 1.1 a 1.5 1.1 a 1.6
múltipla (5 itens x 10 pontos) (6 itens x 15 pontos)
= 50 = 90
II – Leitura
2.
Associação
(5 itens x 10 pontos)
= 50
I–A
3.
II – Leitura
(20 pontos) = 20
3.
Seleção
(5 itens x 8 pontos)
I–B
= 40
5.
(20 pontos) = 20
II – Leitura
4.
Ordenação
(6 itens x 10 pontos)
= 60
I–A
1. e 2. (2 itens x 12 pontos –
(2 itens x 32 pontos) = 64 CL) = 24
+
I–B (2 itens x 12 pontos –
Resposta
4. CL) = 24
restrita
(2 itens x 32 pontos) = 64 +
(1 item x 12 pontos –
I–C CL) = 12
6. 60
(32 pontos) = 32
(6 itens x 15 pontos)
= 90
Resposta +
curta (2 itens x 10 pontos)
= 20
110
A – 28 pontos;
B – 28 pontos
Resposta
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C – 28 pontos;
extensa
CL – 56 pontos
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200

287
MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 6
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

PARTE A
Leia o texto.

Porém, agora, em sua casa, choram os olhos de Blimunda como duas fontes de água
[…]. Baltasar Mateus, o Sete-Sóis, está calado, apenas olha fixamente Blimunda, e de
cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na boca do estômago, porque olhos como
estes nunca se viram, claros de cinzento, ou verde, ou azul, que com a luz de fora variam
5 ou com o pensamento de dentro, e às vezes tornam-se negros noturnos ou brancos bri-
lhantes como lascado carvão de pedra. Veio a esta casa não porque lhe dissessem que
viesse, mas Blimunda perguntara-lhe que nome tinha e ele respondera, não era necessá-
ria melhor razão. Terminado o auto de fé, varridos os restos, Blimunda retirou-se, o padre
foi com ela, e quando Blimunda chegou a casa deixou a porta aberta para que Baltasar
10 entrasse. Ele entrou e sentou-se, o padre fechou a porta e acendeu uma candeia à última
luz de uma frincha […].
Por que foi que perguntaste o meu nome, e Blimunda respondeu, Porque minha mãe o
quis saber e queria que eu soubesse, Como sabes, se com ela não pudeste falar, Sei que sei,
não sei como sei, não faças perguntas a que não posso responder, faze como fizeste, vieste e
15 não perguntaste porquê, E agora, Se não tens onde viver melhor, fica aqui, Hei de ir para Ma-
fra, tenho lá família, Mulher, Pais e uma irmã, Fica, enquanto não fores, será sempre tempo
de partires, Por que queres tu que eu fique, Porque é preciso, Não é razão que me convença,
Se não quiseres ficar, vai-te embora, não te posso obrigar, Não tenho forças que me levem
daqui, deitaste-me um encanto, Não deitei tal, não disse uma palavra, não te toquei, Olhas-
20 te-me por dentro, Juro que nunca te olharei por dentro, Juras que não o farás e já o fizeste,
Não sabes de que estás a falar, não te olhei por dentro, Se eu ficar, onde durmo, Comigo.
Deitaram-se. Blimunda era virgem. […] Correu algum sangue sobre a esteira. Com as
pontas dos dedos médio e indicador humedecidos nele, Blimunda persignou-se e fez uma
cruz no peito de Baltasar, sobre o coração. Estavam ambos nus. […]
25 Quando, de manhã, Baltasar acordou, viu Blimunda deitada ao seu lado, a comer pão,
de olhos fechados. Só os abriu, cinzentos àquela hora, depois de ter acabado de comer,
e disse, Nunca te olharei por dentro.
José Saramago, Memorial do convento, 63.a ed.,
Porto, Porto Editora, 2022, cap. V, pp. 57, 58, 59 e 60.

1 Contextualize o excerto na estrutura da obra de Saramago, explicitando a razão do


choro de Blimunda.
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2 Esclareça, justificando com elementos textuais, as razões que, no final do excerto,


estão na base de uma divergência de opiniões entre Blimunda e Baltasar.

289
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)

3 Selecione as opções que completam corretamente as afirmações.


O estilo de Saramago incluiu determinadas particularidades como o uso a. para
marcar as falas em discurso b. , como é visível em “E agora, Se não tens onde
viver melhor, fica aqui” (l. 15). Além disso, é característica do seu estilo a utilização de
c. (“boca do estômago”, l. 3) e de um certo tom d. , como exemplificado
em “não era necessária melhor razão” (ll. 7-8).

a. b. c. d.

1. da vírgula e da maiúscula 1. indireto 1. provérbios 1. ficcional


2. do ponto final e da vírgula 2. indireto livre 2. expressões populares 2. culto
3. da vírgula e do parágrafo 3. direto 3. citações 3. coloquial

PARTE B
Leia o seguinte texto.

– É verdade! Então, noutro dia, que tal, em casa dos Gouvarinhos? Eu infelizmente não
pude ir.
Carlos contou a soirée. […] A condessa, que estava muito constipada, horrorizou-o,
dando sobre a Inglaterra, apesar de inglesa, as opiniões da rua de Cedofeita. Imaginava que
5 a Inglaterra é um país sem poetas, sem artistas, sem ideais, ocupando-se só de amontoar
libras... Enfim, secara-se. […]
– Pois menino, pensei que a Gouvarinho te apetecia...
Carlos confessou que nos primeiros dias, quando Ega lhe falara dela, tivera um capri-
chozinho, interessara-se por aqueles cabelos cor de brasa...
10 – Mas agora, mal a conheci, o capricho foi-se...
Ega sentara-se, com o copo na mão […]:
– É uma mulher deliciosa, Carlinhos.
E, como Carlos encolhia os ombros, Ega insistiu: a Gouvarinho era uma senhora de inte-
ligência e de gosto; tinha originalidade, tinha audácia, uma pontinha de romantismo muito
15 picante... […]
Carlos no entanto, fumando preguiçosamente, continuava a falar na Gouvarinho e nessa
brusca saciedade que o invadira, mal trocara com ela três palavras numa sala. E não era
a primeira vez que tinha destes falsos arranques de desejo, vindo quase com as formas do
amor, ameaçando absorver, pelo menos por algum tempo, todo o seu ser, e resolvendo-se
20 em tédio, em “seca”. Eram como os fogachos de pólvora sobre uma pedra; uma fagulha
ateia-os, num momento tornam-se chama veemente que parece que vai consumir o Uni-
verso, e por fim fazem apenas um rastro negro que suja a pedra. […]
Entravam então no peristilo do Hotel Central – e nesse momento um coupé da Compa-
nhia, chegando a largo trote do lado da rua do Arsenal, veio estacar à porta.
25 Um esplêndido preto, já grisalho, de casaca e calção, correu logo à portinhola; de den-
tro um rapaz muito magro, de barba muito negra, passou-lhe para os braços uma deliciosa
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

cadelinha escocesa, de pelos esguedelhados, finos como seda e cor de prata; depois apean-
do-se, indolente e poseur, ofereceu a mão a uma senhora alta, loura, com um meio véu
muito apertado e muito escuro que realçava o esplendor da sua carnação ebúrnea. Craft e
30 Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravi-
lhosamente bem feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de
oiro, e um aroma no ar. […]

290
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)

Eram três horas quando se deitou. E apenas adormecera, na escuridão dos cortinados
de seda, outra vez um belo dia de inverno morria sem uma aragem, banhado de cor de rosa:
35 o banal peristilo de Hotel alargava-se, claro ainda na tarde; o escudeiro preto voltava, com
a cadelinha nos braços; uma mulher passava, com um casaco de veludo branco de Génova,
mais alta que uma criatura humana, caminhando sobre nuvens, com um grande ar de Juno
que remonta ao Olimpo: a ponta dos seus sapatos de verniz enterrava-se na luz do azul,
por trás as saias batiam-lhe como bandeiras ao vento. E passava sempre... O Craft dizia
40 très-chic. Depois tudo se confundia, e era só o Alencar, um Alencar colossal, enchendo todo
o céu, tapando o brilho das estrelas com a sua sobrecasaca negra e mal feita, os bigodes
esvoaçando ao vendaval das paixões, alçando os braços, clamando no espaço:
Abril chegou, sê minha!
Eça de Queirós, Os Maias, Episódios da vida romântica (fixação de texto de Helena Cidade Moura),
Lisboa, Livros do Brasil/Porto Editora, 2014. cap. VI.

4 Compare a visão que Carlos tem da Condessa Gouvarinho com a idealização que faz
sobre a figura de Maria Eduarda.

5 Selecione as opções que completam corretamente as afirmações.


No sonho de Carlos, para além de Craft e de(a) a. , surge uma segunda persona-
gem masculina: b. . Esta personagem representa o c. , surgindo, assim,
no sonho de forma a d. .

a. b. c. d.

1. Raquel Cohen 1. Dâmaso 1. adultério 1. evidenciar o envolvimento amoroso


entre Carlos e Maria Eduarda
2. Maria Eduarda 2. Ega 2. provincianismo
2. denunciar a falta de civismo, de
3. Condessa de 3. Alencar 3. ultrarromantismo
inteligência e de valores sociais
Gouvarinho
3. criticar a falta de romantismo das
mulheres

PARTE C

6 O amor é um tema que se encontra presente na maioria das grandes obras literárias
portuguesas.

Baseando-se na sua experiência de leitura, escreva uma breve exposição, onde eviden-
cie as diferentes formas de representação do amor e a forma como este é profunda-
mente vivenciado pelos principais protagonistas das obras literárias a que se referir.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

A sua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual enuncie pelo menos duas obras literárias portuguesas
que tenha estudado e que espelhem diferentes representações do amor;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

291
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)

GRUPO II

PARTE A – LEITURA
Leia o seguinte texto.

O amor na sociedade
pós-moderna

U
m dos sentimentos mais impor-
tantes, que revela o quanto neces-
sitamos uns dos outros, é aquele
que surge num casal e que cos-
5 tumamos chamar de amor. Atualmente, na
sociedade pós-moderna, o amor está cheio
de complexidades. O sentimento amoroso do
vínculo do casal é considerado como um tipo
40 emocional é o que caracteriza a relação do
complexo de relação, conectado a estados
casal pós-moderno.
10 de ânimo positivos e plenos, mas também
como um sentimento efémero, conflituoso e Neste sentido, o problema apresentado
egoísta. Poderíamos dizer que o sentimento é em definitivo a desconexão com o outro.
amoroso revela a intensa necessidade do A incompreensão e a falta de consideração
outro, a exaltação, a perda de controlo e de 45 das necessidades do outro, num casal, levam
15 rumo. Além disso, este estado é acompa- a que cada um – individualmente – se con-
nhado de momentos de alegria e crescimento centre egoisticamente na satisfação dos seus
da autoestima quando o amor é correspon- desejos. Isto gera uma distância que desgasta
dido; ainda que o amor, em última análise, ambos até ao extremo da separação ou di-
seja uma ambivalência contínua. 50 vórcio, para se reincidir e fracassar outra vez
com um novo parceiro […]
20 Nesta época, cujas características sociais
devemos ter em conta, as novas modalida- Começamos a pensar, então, que não fo-
des do vínculo amoroso carregam como lema mos educados para aprender a amar, nem
“enquanto dure”. Desta maneira, os casais sequer para nos conectarmos com as neces-
encontram-se na incerteza sobre a duração 55 sidades do outro, nem estamos preparados
25 da sua relação e parecem procurar algo ou para abordar com consciência uma relação
alguém que lhes explique não só como é o profunda, baseada em ações ou considera-
amor entre um casal mas como amar […]. ções mútuas que nos aproximariam da com-
preensão da verdadeira essência do amor.
A nova forma de pensar do casal pós-mo-
derno é influenciada pela busca do prazer, 60 É, por isso, necessário encontrar o cami-
30 sem considerar as consequências dessa ati- nho para o ponto de união e conexão que
tude. A vida vale somente para ser desfrutada consiga dar uma forma “humana” à relação.
e a sua finalidade é proporcionar um prazer Cada um deveria aderir-se à sua outra parte
rápido e fácil. Isto é reforçado pela influên- até formar um só corpo, fazendo, de duas
cia dos meios de comunicação, em especial 65 partes opostas, um todo […] E é aqui, nesta
35 a televisão, que oferece ilusões de realidades etapa, que estamos preparados para com-
d 12

preender o verdadeiro significado do amor;


entidos
20233 • SSentidos

incertas e artificiais: o ideal do casal perfeito,


eternamente jovem, sem filhos e sem laços quando acrescentamos a doação mútua no
com a família extensa. O colapso das certezas casal, quando o outro nos importa tanto ou
Edições ASA • 202

amorosas e o temor da verdadeira conexão 70 mais do que nós próprios […]

http://www.theeuropean-magazine.com, consultado em 30/01/2023 (adaptado e com supressões).


© Ed

292
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 Atualmente, na sociedade pós-moderna, o amor
A. é moldado tendo em conta a atração física de ambos os membros do casal.
B. está cheio de complexidades, apesar de raramente conduzir ao sofrimento.
C. oscila entre estados de ânimo, manifestando uma ambivalência contínua.
D. é percecionado como intenso, eterno e altruísta.

1.2 Quando o autor evoca o lema “enquanto dure” (l. 23), pretende
A. evidenciar que os membros do casal, quando entram na relação, fazem tudo
para que o amor dure.
B. criticar o facto de o número de divórcios estar a aumentar consideravel-
mente, fruto da falta de entrega do casal na relação.
C. realçar a falta de experiência amorosa dos casais da era pós-moderna, que
entram numa relação sem saber como lidar com a outra pessoa.
D. demonstrar como os casais entram numa relação com incerteza em relação
à sua duração, procurando que alguém lhes ensine o que é amar.

1.3 A nova forma de pensar do casal pós-moderno


A. tem em conta as consequências da busca desenfreada pelo prazer.
B. pressupõe que a vida deve ser desfrutada, através de prazeres imediatos.
C. implica que este não se deixe influenciar pelos meios de comunicação
social
D. assenta na procura de um prazer duradouro, mesmo que seja difícil de
alcançar.

1.4 O principal problema dos casais da sociedade pós-moderna é, segundo o autor,


A. a desconexão com o outro e o excesso de compreensão das suas necessi-
dades.
B. o excesso de egoísmo, a desconexão e a falta de consideração para com o
outro.
C. a falta de desejo e de amor próprio a contrastar com o excesso de egoísmo.
D. a vontade desmesurada em satisfazer as necessidades apenas do outro.

1.5 Só estamos preparados para compreender o verdadeiro significado do amor


quando
A. conseguimos aceder ao pensamento do outro, desvalorizando as nossas
crenças e vontades.
B. o outro passa a ser a única prioridade e conseguimos transformar duas par-
tes opostas numa só.
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

C. encontramos o caminho para o ponto de união e conexão com o outro, como


se de um só ser se tratasse.
D. conseguimos dar uma forma “humana” à relação, em que nos anulamos em
prol do outro.

293
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)

2 Faça corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B,


de modo a obter afirmações verdadeiras.

Coluna A Coluna B

a. O pronome relativo “que” (l. 2) 1. transmite a ideia de adição.


b. O adjetivo “efémero” (l. 11) 2. é sinónimo de “perpétuo”.
c. O conector “Além disso” (l. 15) 3. é gerada pela incompreensão de um ser para com
o outro.
d. O termo “ilusões” (l. 35)
4. refere-se a “Um dos sentimentos mais importantes”
e. A “distância” referida pelo
(ll. 1-2).
autor (l. 48)
5. evidencia a diferença entre o amor e o ódio.
6. é antónimo de “eterno”.
7. faz alusão ao ideal irrealista de casal perfeito.

3 Selecione as opções que completam corretamente as afirmações.


O autor começa, desde logo, por salientar a a. como uma característica que
marca o amor da sociedade pós-moderna, evocando a b. necessidade do outro
assim como a possibilidade de sentimentos de perda de controlo e de c. . Além
disso, no seu entender, o amor pode ser acompanhado de momentos de alegria e de
crescimento; d. , em última instância, é/seja uma ambivalência contínua que se
deixa e. pelas características sociais da época em que vivemos.

a. b. c. d. e.

1. infidelidade 1. intensa 1. prazer 1. ou 1. influenciar


2. complexidade 2. pouca 2. orientação 2. embora 2. corromper
3. dificuldade 3. moderada 3. satisfação 3. logo 3. desvanecer

4 Organize os seguintes tópicos pela ordem com que surgem no texto.


A. Compreendemos o significado do amor quando nos importamos com o outro.
B. Os casais entregam-se a uma relação sem a certeza do tempo que ela irá durar.
C. Um dos principais problemas assenta na falta de conexão com o outro.
D. Muitas vezes, somos levados a pensar que não fomos educados para amar.
E. O amor é simultaneamente encarado como um estado de ânimo e falta de rumo.
F. É importante ter em conta as características sociais da época em que vivemos.

PARTE B – GRAMÁTICA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 O processo fonológico ocorrido na evolução de AMORE- para “amor” (l. 6) é
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

A. paragoge. B. sinérese. C. apócope. D. síncope.

1.2 A oração “que o sentimento amoroso revela a intensa necessidade do outro, a


exaltação, a perda de controlo e de rumo” (ll. 12-15) classifica-se como subordinada
A. adverbial concessiva. C. adjetiva relativa restritiva.
B. adjetiva relativa explicativa. D. substantiva completiva.

294
TESTE DE AVALIAÇÃO 6 (MEMORIAL DO CONVENTO, JOSÉ SARAMAGO)

1.3 A locução conjuncional “ainda que” (l. 18) introduz no discurso o valor de
A. concessão. B. explicação. C. condição. D. causa.

1.4 O segmento “pela influência dos meios de comunicação” (ll. 33-34) desempenha
a função sintática de
A. complemento agente da passiva. C. predicativo do sujeito.
B. complemento oblíquo. D. modificador do nome.

1.5 O mecanismo de coesão textual assegurado pelo pronome em “que oferece ilusões
de realidades incertas e artificiais” (ll. 35-36) é
A. gramatical temporal. C. gramatical interfrásico.
B. gramatical frásico. D. gramatical referencial.

1.6 Em “E é aqui, nesta etapa, que estamos preparados para compreender o verdadeiro
significado do amor” (ll. 65-67), estamos perante a modalidade
A. epistémica com valor de probabilidade.
B. epistémica com valor de certeza.
C. deôntica com valor de permissão.
D. apreciativa.

2 Indique a função sintática desempenhada pelos seguintes segmentos.


a. "de complexidades" (l. 7)
b. "uma ambivalência contínua” (l. 19)
c. "das necessidades do outro” (l. 45)

3 Classifique as seguintes orações.


a. "para ser desfrutada" (l. 31)
b. “que oferece ilusões de realidades incertas e artificiais” (ll. 35-36)
c. “o que caracteriza a relação do casal pós-moderno” (ll. 40-41)

4 Indique o valor aspetual configurado em “Atualmente, na sociedade pós-moderna,


o amor está cheio de complexidades” (ll. 5-7).

5 Classifique o deítico “estamos” (l. 55).

GRUPO III

“Os números dos divórcios ainda não subiram, mas vão aumentar. E o confinamento foi
‘a gota que fez entornar o copo’. Nunca tantas pessoas procuraram ajuda de psicólogos e
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informações junto de advogados sobre os seus direitos. E porque ainda não se separaram?
Falta de meios económicos. A pandemia desgastou relações e muitas não sobreviveram.”

Escreva um texto de opinião, de 250 a 350 palavras, no qual defenda um ponto de vista sobre
o aumento do número de divórcios em Portugal, avançando possíveis justificações para tal.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles
com, pelo menos, um exemplo significativo.

295
TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 7 (pp. 297-303) – Unidade 6.2 – O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago

Domínios e GRUPOS
Conteúdos I II II III
EDUCAÇÃO LEITURA GRAMÁTICA EXPRESSÃO
LITERÁRIA ESCRITA

Parte A Funções sintáticas Texto de opinião


O ano da morte Mecanismos de
de Ricardo Reis coesão textual
+ Orações
subordinadas
Parte B
Formação de
Amor de perdição
palavras
+ Valor aspetual
Parte C Processos
Tipologia Farsa de Inês Pereira fonológicos
de itens Valor dos conectores
II – Leitura II – Gramática
Escolha 1.1 a 1.5 1.1 a 1.6
múltipla (5 itens x 10 pontos) (6 itens x 15 pontos)
= 50 = 90
II – Leitura
2.
Associação
(5 itens x 8 pontos)
= 40
I–A
3.
II – Leitura
(20 pontos) = 20
3.
Seleção
(5 itens x 10 pontos)
I–B
= 50
5.
(20 pontos) = 20
II – Leitura
4.
Ordenação
(6 itens x 10 pontos)
= 60
I–A
1. e 2. (2 itens x 12 pontos –
(2 itens x 32 pontos) = 64 CL) = 24
+
I–B (2 itens x 12 pontos –
Resposta
4. CL) = 24
restrita
(2 itens x 32 pontos) = 64 +
(1 item x 12 pontos –
I–C CL) = 12
6. 60
(32 pontos) = 32
(6 itens x 15 pontos)
= 90
Resposta +
curta (2 itens x 10 pontos)
= 20
110
A – 28 pontos;
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B – 28 pontos
Resposta
C – 28 pontos;
extensa
CL – 56 pontos
140
COTAÇÃO POR 140 (Gr. III) + 60 (Gr. I)
200 200 200
DOMÍNIOS 200

296
O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO TESTE DE
ESCOLA: DATA: / / AVALIAÇÃO 7
NOME: N.O: TURMA

GRUPO I

PARTE A
Leia o texto.

Que foi que disseste, Tenho um atraso, acho que estou grávida, dos dois o mais calmo
é outra vez ela, há uma semana que anda a pensar nisto, todos os dias, todas as horas,
talvez ainda há pouco, quando disse, Vamos morrer, agora poderemos duvidar se estaria
Ricardo Reis neste plural. Ele espera que ela faça uma pergunta, por exemplo, que hei de
5 fazer, mas ela continua calada, quieta, apagando o ventre com a ligeira flexão dos joelhos,
nenhum sinal de gravidez à vista, salvo se não sabemos interpretar o que estes olhos es-
tão dizendo, fixos, profundos, resguardados na distância uma espécie de horizonte, se o há
em olhos. Ricardo Reis procura as palavras convenientes, mas o que encontra dentro de si
é um alheamento, uma indiferença, assim como se, embora ciente de que é sua obrigação
10 contribuir para a solução do problema, não se sentisse implicado na origem dele, tanto a
próxima como a remota. […] Por fim, tenteando com mil cautelas, pesando cada palavra,
distribui as responsabilidades, Não tivemos cuidado, mais tarde ou mais cedo tinha de
acontecer, mas Lídia não pega na frase […]. Então Ricardo Reis decide-se, quer perceber
quais são as intenções dela, […] Lídia mete-se adiante e responde, Vou deixar vir o menino.
15 Então, pela primeira vez, Ricardo Reis sente um dedo tocar-lhe o coração. Não é dor, nem
crispação, nem despegamento, é uma impressão estranha e incomparável, como seria
o primeiro contacto físico entre dois seres de universos diferentes […]. Puxou-a para si,
e ela veio como quem enfim se protege da mundo, de repente corada, de repente feliz,
perguntando como uma noiva tímida, ainda é o tempo delas, Não ficou zangado comigo,
20 Que ideia a tua, por que motivo iria eu zangar-me, e estas palavras não são sinceras,
justamente nesta altura se está formando uma grande cólera dentro de Ricardo Reis,
Meti-me em grande sarilho, pensa ele, se ela não faz o aborto, fico para aqui com um filho
às costas, terei de o perfilhar, é minha obrigação moral, que chatice, nunca esperei que
viesse a acontecer-me uma destas. Lídia aconchegou-se melhor, quer que ele a abrace
25 com força, por nada, só pelo bem que sabe, e diz as incríveis palavras, simplesmente, sem
nenhuma ênfase particular, Se não quiser perfilhar o menino, não faz mal, fica sendo filho
de pai incógnito, como eu. Os olhos de Ricardo Reis encheram-se de lágrimas, umas de
vergonha, outras de piedade, distinga-as quem puder […].
José Saramago, O ano da morte de Ricardo Reis,
Porto, Porto Editora, 2021, cap. XVI, pp. 420-423 (com supressões).

1 Explicite dois traços da personalidade de Lídia, fundamentando com citações textuais


pertinentes.
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2 Demonstre uma evolução na atitude de Reis face à notícia da gravidez.

297
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)

3 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


O estilo de Saramago incluiu determinadas particularidades como o uso a. para
marcar as falas em discurso b. (“Que foi que disseste, Tenho um atraso”, l. 1),
assim como a utilização de c. (“que chatice”, l. 23) e de um certo tom d. ,
como exemplificado entre as linhas 21 e 23.

a. b. c. d.

1. da vírgula e da maiúscula 1. indireto 1. provérbios 1. ficcional


2. do ponto final e da vírgula 2. indireto livre 2. expressões populares 2. culto
3. da vírgula e do parágrafo 3. direto 3. citações 3. coloquial

PARTE B
Leia o seguinte texto.

Ao romper d’alva dum domingo de junho de 1803, foi Teresa chamada para ir com seu
pai à primeira missa da igreja paroquial. Vestiu-se a menina assustada, e encontrou o velho
na antecâmara a recebê-la com muito agrado, perguntando-lhe se ela se erguia de bons
humores para dar ao autor de seus dias um resto de velhice feliz. O silêncio de Teresa era
5 interrogador.
– Vais hoje dar a mão de esposa a teu primo Baltasar, minha filha. É preciso que te deixes
cegamente levar pela mão de teu pai. Logo que deres esse passo difícil, conhecerás que
a tua felicidade é daquelas que precisam ser impostas pela violência. Mas repara, minha
querida filha, que a violência de um pai é sempre amor. Amor tem sido a minha condes-
10 cendência e brandura para contigo. Outro teria subjugado a tua desobediência com maus
tratos, com os rigores do convento, e talvez com o desfalque do teu grande património. […]
Teresa não desfitou os olhos do pai; mas tão abstraída estava, que escassamente lhe
ouviu as primeiras palavras, e nada das últimas. […]
– Dás-me o que te peço? Enches de contentamento os poucos dias que me restam?
15 – E será o pai feliz com o meu sacrifício?
– Não digas sacrifício, Teresa… Amanhã a estas horas verás que transfiguração se fez
na tua alma. Teu primo é um composto de todas as virtudes; nem a qualidade de ser um
gentil moço lhe falta, como se a riqueza, a ciência e as virtudes não bastassem a formar
um marido excelente.
20 […]
– E não será mais certo odiá-lo eu sempre!? Eu agora mesmo o abomino como nunca
pensei que se pudesse abominar! Meu pai… – continuou ela, chorando, com as mãos ergui-
das – mate-me; mas não me force a casar com meu primo! É escusada a violência, porque
eu não caso!...
25 Tadeu mudou de aspeto, e disse irado:
– Hás de casar! Quero que cases! Quero!… Quando não, amaldiçoada serás para sempre,
Teresa! Morrerás num convento! Esta casa irá para teu primo! Nenhum infame há de aqui
pôr um pé nas alcatifas de meus avós. Se és uma alma vil, não me pertences, não és minha
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filha, não podes herdar apelidos honrosos, que foram pela primeira vez insultados pelo pai
30 desse miserável que tu amas! Maldita sejas! Entra nesse quarto, e espera que daí te arran-
quem para outro, onde não verás um raio de sol.
Teresa ergueu-se sem lágrimas, e entrou serenamente no seu quarto.
Camilo Castelo Branco, Amor de perdição (Memórias duma família),
prefácio e fixação de texto de Aníbal Pinto de Castro, 1.a ed., Porto, Caixotim, 2006, cap. IV.

298
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)

4 Explicite três etapas da evolução do estado de espírito de Teresa, fundamentando com


citações textuais pertinentes.

5 Selecione as opções que completam corretamente a afirmação.


Ao longo do excerto, a. entre Tadeu de Albuquerque e sua filha Teresa revela
diversas situações em que vemos refletidas determinadas b. da época, nomea-
damente, caso Teresa se recusasse a casar, a c. ; no entanto, Tadeu também
afirma que, se for necessário, imporá a sua vontade pela d. , o que ilustra
a mentalidade oitocentista.

a. b. c. d.

1. o diálogo 1. crenças religiosas 1. emancipação 1. lei


2. o monólogo 2. atividades da burguesia 2. clausura 2. violência
3. a narração 3. convicções sociais 3. tristeza 3. obediência

PARTE C

6 Ao longo dos tempos, diversos autores portugueses destacaram a mulher como heroína
das suas obras.

Baseando-se na sua experiência de leitura da Farsa de Inês Pereira, escreva uma


breve exposição, em que apresente esta personagem, referindo dois traços que fazem
dela uma mulher diferente das suas contemporâneas.
A sua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicite dois traços ilustrando a resposta com a refe-
rência situações pertinentes da obra;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.
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299
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)

GRUPO II

PARTE A – LEITURA
Leia o seguinte texto.

Mulheres continuam
um passo atrás
dos homens

H
oje, mais do que nunca, as mu-
lheres conhecem os seus direitos
e estão dispostas a lutar por uma
representação justa na sociedade.
5 Segundo um estudo publicado em 2020, várias
organizações femininas têm surgido nos últi-
mos anos, num movimento que os próprios
autores nomeiam como uma “mobilização que já existia, mas que, em 2020, viu o seu
feminista a nível global”. A preocupação sobre valor subir cerca de 1%, uma percentagem
10 igualdade de género é um tópico amplamente 40 que, embora possa parecer diminuta, ganha
discutido tanto no mundo, como em Portugal, outra relevância quando considerado que,
mas, apesar das políticas implementadas no em 2019, a disparidade já existente corres-
sentido da sua promoção, as mulheres con- pondia “a uma perda de 51 dias de trabalho
tinuam a estar, em muitos aspetos, um passo remunerado para as mulheres”. Em compa-
15 atrás dos homens. […] 45 ração, países como Luxemburgo, apresentam
uma disparidade salarial de apenas 0,7%. […]
Numa análise a vários aspetos da vida da
mulher nomeadamente longevidade, em- Em Portugal, “quase nove em cada 10 fa-
prego, educação, família e saúde, a Pordata mílias monoparentais”, famílias nas quais
apresenta um panorama geral da vivência apenas um dos pais se responsabiliza pela
20 feminina em comparação com a realidade 50 criança, têm a mãe a assumir o papel de am-
masculina registando, dessa forma, as discre- bos os pais, uma tendência sentida por toda a
pâncias que possam existir entre ambos. […] UE, embora, neste caso, a média seja inferior,
cerca de 8 em 10.
As oportunidades que surgem durante o
tempo de vida são também uma importante Nestas situações familiares concretas, as
25 variável a ter em conta, e é, ao analisar as vá- 55 necessidades são acrescidas, seja do ponto de
rias etapas que a constituem, que são identi- vista psicológico ou financeiro.
ficadas as principais discrepâncias a nível da
De acordo com um estudo feito em 2021
igualdade de género. […]
pela U.S. News, em parceria com o BavGroup
As mulheres ativas no mundo profissio- e a Universidade de Wharton, o melhor país
30 nal enfrentam outras dificuldades além da 60 para viver enquanto mulher é a Suécia. Os
diferença de oportunidades, nomeadamente resultados foram obtidos através de uma ava-
no que toca à disparidade salarial que “au- liação de cinco atributos – preocupação com
mentou no período da pandemia” e que fez os direitos humanos, igualdade de género,
de Portugal um dos únicos três casos da UE disparidade salarial, progresso e segurança –
d 12

35 que viram os salários das mulheres desce- 65 a 78 países e as respostas de mais de 8 mil
entidos
20233 • SSentidos

rem e os dos homens subirem entre os anos mulheres. O ranking colocava Portugal no
de 2019 e 2020. Uma diferença de salários 21.o lugar.
ASA • 202

https://visao.sapo.pt, consultado em 07/01/2023 (adaptado e com supressões).


© Edições
d

300
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.5, selecione a opção correta.
1.1 Nos últimos anos, diversas organizações feministas
A. lutam para dar a conhecer às mulheres os seus direitos em Portugal.
B. têm denunciado o cumprimento dos direitos das mulheres em Portugal.
C. têm contribuído, globalmente, para a divulgação dos direitos das mulheres.
D. asseguram-se, no país, do cumprimento das leis que visam a igualdade de
género.

1.2 O relatório da Pordata


A. é fruto de uma reflexão cuidada sobre o papel das mulheres no atual século.
B. apresenta uma reflexão sobre a realidade feminina, individualmente analisada.
C. analisa diversas áreas do universo feminino, considerando o ano 2020.
D. compara os universos feminino e masculino, expondo as disparidades.

1.3 A disparidade salarial


A. agravou-se, em 2020, diminuindo o rendimento das mulheres em 1%.
B. agravou-se, em 2020, em 51 dias de perda de salário para as mulheres.
C. cresceu durante a pandemia em Portugal e em quatro outros países da UE.
D. que se verificava antes da pandemia estagnou nos homens em 2020.

1.4 Em termos familiares, em Portugal,


A. não se verifica a tendência de famílias monoparentais, em que o homem é o chefe.
B. há mais mulheres chefes de famílias monoparentais do que na Europa.
C. as mulheres portuguesas, chefes de famílias monoparentais, são poucas.
D. existem 10 por cento de famílias tendo como elemento central a mulher.

1.5 Um estudo
A. determinou que 8 mil mulheres de 78 países gostariam de morar na Suécia.
B. concluiu que Portugal subiu 21 posições no ranking do respeito pelas mulheres.
C. permitiu perceber que Portugal está numa posição igual a 21 outros países.
D. colocou a Suécia no topo da lista de países que mais consideram a mulher.

2 Faça corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B,


de modo a obter afirmações verdadeiras.

Coluna A Coluna B

a. O complexo verbal “têm surgido”, 1. mostra-se que Portugal tem um longo percurso
(l. 6) a fazer.
b. Com o termo “promoção”, (l. 13) 2. refere-se uma ação pontual.
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c. Com a referência à pandemia, 3. exemplifica-se um aspeto da fragilidade feminina.


d. Com o exemplo do Luxemburgo, 4. evidencia-se o esforço para superar as diferenças.
e. Com a referência às famílias 5. baliza-se um período que potenciou as diferenças.
monoparentais,
6. refere uma ação que não é pontual.
7. desprestigiam-se as medidas adotadas.

301
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)

3 Selecione as opções que completam corretamente as afirmações.


Ao longo do texto, são postas em evidência a. entre homens e mulheres em
diversos aspetos, b. , por todo o mundo, se observa uma c. preocupação
neste domínio. No último parágrafo, a autora do texto, através de uma d. , exem-
plifica vertentes da vida em que a mulher é e. .

a. b. c. d. e.

1. diferenças 1. porque 1. fraca 1. metáfora 1. sobrevalorizada


2. semelhanças 2. embora 2. intensa 2. hipérbole 2. subvalorizada
3. críticas 3. quando 3. débil 3. enumeração 3. desprezada.

4 Organize os seguintes tópicos pela ordem com que surgem no texto.


A. Mulheres e homens, relativamente ao mesmo aspeto, mantêm distâncias entre si.
B. A pandemia agravou as discrepâncias salariais entre homens e mulheres.
C. A paridade não existe, apesar da preocupação mundial com o assunto.
D. Famílias monoparentais chefiadas por mulheres apresentam mais carências.
E. Os homens têm mais oportunidades e são mais bem remunerados.
F. As disparidades salariais são menos relevantes no Luxemburgo.

PARTE B – GRAMÁTICA

1 Para completar cada um dos itens 1.1 a 1.6, selecione a opção correta.
1.1 Na evolução do termo latino “HODIE” para o termo português “Hoje” (l. 1) verificou-
-se o processo de
A. palatalização. C. crase.
B. sinérese. D. sonorização.

1.2 A oração “que os próprios autores nomeiam como uma “'mobilização feminista
a nível global'” (ll. 7-9) classifica-se como subordinada
A. adverbial consecutiva.
B. substantiva completiva.
C. adjetiva relativa restritiva.
D. adjetiva relativa explicativa.

1.3 A locução conjuncional “apesar d(as)” (l. 12) e a conjunção “embora” (l. 40) introdu-
zem no discurso o valor de
A. adição. C. concessão.
B. causa. D. condição.
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1.4 A relação que se estabelece, no contexto em que surgem, entre os termos “vários
aspetos” (l. 16) e “longevidade, emprego, educação, família e saúde” (ll. 17-18) é de
A. sinonímia. C. holonímia – meronímia.
B. antonímia. D. hiperonímia – hiponímia.

302
TESTE DE AVALIAÇÃO 7 (O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, JOSÉ SARAMAGO)

1.5 O referente do pronome “a” em “que a constituem” (l. 26) é


A. “vida”. C. “variável”.
B. “uma importante variável”. D. “conta”.

1.6 O valor aspetual configurado na frase “[a] disparidade salarial que 'aumentou no
período da pandemia'” (ll. 32-33) é
A. imperfetivo. C. iterativo.
B. habitual. D. perfetivo.

2 Classifique as seguintes orações.


a. "que possam existir entre ambos" (l. 22)

b. “ao analisar as várias etapas” (ll. 25-26)

c. “embora, neste caso, a média seja inferior, cerca de 8 em 10” (ll. 52-53)

3 Indique a função sintática desempenhada pelos seguintes segmentos.


a. "que surgem durante o tempo de vida" (ll. 23-24)

b. "as principais discrepâncias a nível da igualdade de género” (ll. 27-28)

c. "de cinco atributos” (l. 62)

4 Refira o mecanismo de coesão textual que se estabelece entre os termos sublinha-


dos no segmento “estão dispostas a lutar por uma representação justa na sociedade”
(ll. 3-4).

5 Identifique o processo de formação do termo “ranking” (l. 66).

GRUPO III

Nas sociedades modernas, e numa perspetiva evolutiva, a mulher tem vindo a conquistar
espaço, desempenhando, cada vez mais cargos tradicionalmente reservados aos homens.
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Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de vista sobre a
importância e o papel da mulher na sociedade atual.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles
com, pelo menos, um exemplo significativo.

303
CENÁRIOS DE
RESPOSTA
Teste de diagnóstico 1, pp. 237-241 GRUPO III
Resposta de caráter pessoal; no entanto, o aluno pode re-
GRUPO I
ferir aspetos como:
1. A. F – O Sermão é alegórico porque, referindo-se aos Introdução: o direito à informação é um dos direitos funda-
peixes, são os homens o verdadeiro alvo da crítica do mentais da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Padre António Vieira.; B. V; C. F – O Sermão apresenta Desenvolvimento (alguns tópicos possíveis):
uma estrutura argumentativa e um discurso figurativo, • uma opinião informada contribui para uma escolha mais
com base na alegoria.; D. V livre e consciente (+ exemplo);
2. 2.1 A 2.2 C • o conhecimento é imprescindível para a escolha e/ou a
tomada de decisões, para a construção de uma socie-
3.1 a. física; b. reflexões; c. à criação literária; d. valores
dade mais livre e pacífica (+ exemplo).
espirituais; e. da sociedade; f. patriota; g. nacionalista
Conclusão: reforço da necessidade de cada indivíduo
3.2 a. Simão; b. Teresa; c. aos casamentos; d. da justiça; saber/conhecer/optar/ter voz ativa no mundo em que vive.
e. romântico; f. a coragem; g. a dignidade
4. 4.1 A 4.2 B 4.3 C Teste de avaliação 1, pp. 249-255
5. A. V; B. V; C. F – Na poesia anteriana são frequentes o
abatimento e a disforia.; D. V GRUPO I – PARTE A
1. O sujeito poético, em jeito de evocação, convoca um
6. A. V; B. F – A transfiguração do real é um dos tópicos
domingo solarengo e a sua rua, aquela onde morou e
da poesia de Cesário.; C. V; D. V
onde as crianças brincavam alegremente, tal como se
GRUPO II pode ver ao longo da primeira estrofe.
1. 1.1 C 1.2 A 1.3 D 1.4 B 1.5 C 1.6 C 1.7 D 2. No presente, o “eu” sente-se magoado, triste, inseguro,
mas certo de que a vida pouco lhe deu e nem esse
2. oração subordinada adverbial condicional pouco soube aproveitar. Por isso, as transformações
3. complemento do nome por que passou fazem-no valorizar o tempo da infância,
4. modalidade epistémica com valor de certeza que, por corresponder à inconsciência, se pode associar
à alegria de viver e à despreocupação, que contrastam
GRUPO III com a racionalização excessiva no presente.
Resposta de caráter pessoal; no entanto, o aluno pode re- 3. a. 1; b. 2; c. 2; d. 3
ferir aspetos como:
• a transmissão de valores que, por vezes, se vão per- GRUPO I – PARTE B
dendo numa sociedade massificada; 4. A anáfora está ao serviço da enumeração das situa-
• a denúncia/revelação de situações-problema; ções avaliadas como mais positivas pelo sujeito poé-
• o desenvolvimento do espírito crítico e da competência tico. Assim, este reforça a ideia de que todos os outros
reflexiva e de argumentação; sofredores sentirão uma dor bem mais leve do que a
• o conhecimento de outros povos, outras culturas, outras sua, porque, ao contrário do “eu”, todos podem ter a
sociedades e o desenvolvimento da capacidade da acei- esperança de alterar a dor.
tação do outro. 5. a. 3; b. 1; c. 3; d. 2

Teste de diagnóstico 2, pp. 243-247 GRUPO I – PARTE C


6. Fernando Pessoa criou vários heterónimos, mas con-
GRUPO I seguiu imprimir-lhes marcas distintas, distanciando-
1. A. V; B. F – “Vós sois o sal da terra” é o conceito predi- -se deles e assumindo também uma postura diferente
cável.; C. V; D. V; E. F – A obra estrutura-se em quatro face à vida.
partes: Exórdio, Exposição, Confirmação e Peroração. Um dos aspetos em que a diferenciação pessoana so-
bressai é a incapacidade de o ortónimo aliar a emoção
2. 2.1 A 2.2 C
à razão, embora Pessoa lamente este comportamento
3.1 a. Santarém; b. impressões; c. digressivo; d. reflexão; e deseje frequentemente ser como um ser vulgar, por
e. social; f. materialismo; g. Natureza exemplo, a ceifeira ou um animal que age instintiva-
3.2 a. contrariado; b. João da Cruz; c. degredo; d. Baltasar; mente, como o gato, por ser desprovido de intelecto.
e. acompanhá-lo; f. Simão; g. Teresa Esta permanente intelectualização do sentimento fá-lo
afirmar “O que em mim sente está pensando” e desejar
4. 4.1 C 4.2 D
o impossível: ser inconsciente e ter consciência disso.
5. A. V; B. F; C. V; D. V Assim, o poeta refugia-se no sonho ou na imaginação,
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6. A. V; B. V; C. F; D. V; E. V; F. F; G. V onde a arte tem origem, embora esta fuga seja momen-


tânea, por se aperceber de que a solução para este mal
GRUPO II está em nós (“Não sei se é sonho se realidade”).
1. 1.1 B 1.2 D 1.3 B 1.4 A 1.5 D 1.6 A 1.7 C Contudo, e mesmo consciente de que a cura está em
nós, a verdade é que Pessoa não a encontrou e, por isso,
2. modalidade epistémica com valor de certeza
viveu sempre atormentado pelas dualidades, acabando
3. oração subordinada adjetiva relativa restritiva por, na realidade, não viver ou fazê-lo através dos outros.
4. predicativo do sujeito (176 palavras)

304
CENÁRIOS DE RESPOSTA

GRUPO II – PARTE A GRUPO I – PARTE B


1. 1.1 C 1.2 A 1.3 D 1.4 B 1.5 B 4. O sujeito poético dá destaque ao espaço citadino, uma
2. a. 3; b. 6; c. 2; d. 4; e. 1 vez que se refere à epidemia que assolou a parte mer-
cantil e regista que os armazéns se encontravam fe-
3. a. 2; b. 1; c. 3; d. 2; e. 3
chados e a falta de canalização e de saneamento muito
4. D – B – E – A – C contribuíam para que a doença alastrasse, ao ponto de
apenas restarem na cidade os médicos, os padres e os
GRUPO II – PARTE B
coveiros, que temiam os enfermos que grassavam por
1. 1.1 A 1.2 C 1.3 D 1.4 B 1.5 D 1.6 B toda a parte.
2. a. complemento oblíquo; b. complemento do nome; 5. a. 2; b. 3; c. 1; d. 2
c. sujeito
3. a. oração subordinada adjetiva relativa explicativa; GRUPO I – PARTE C
b. oração subordinada adjetiva relativa restritiva; 6. Caeiro, Reis e Campos são, indubitavelmente, os he-
c. oração subordinada adverbial final terónimos pessoanos que mais se destacaram, por
4. valor restritivo terem uma obra substancial e bem distinta.
5. A participação de IES na Web Summit permite dar-lho Fernando Pessoa dotou Alberto Caeiro de um pensa-
a conhecer, independentemente da sua dimensão es- mento simples, tendo-o concebido como um pastor,
que vive e se integra na natureza, sem a questionar,
trutural.
aceitando as leis do Universo, também acreditando que
todas as coisas são divinas. Já Ricardo Reis, exempli-
GRUPO III
ficando a veia mais classicista do seu criador, adota o
Introdução: definição do ponto de vista a defender – o ser estoicismo e o epicurismo como princípios de conduta,
humano usa a tecnologia para o bem comum. usando a razão para controlar as emoções mais inten-
Desenvolvimento: sas e renunciar aos prazeres que possam provocar so-
• 1.o argumento: os avanços científicos ao serviço do bem- frimento. Por seu turno, Álvaro de Campos vai espelhar
-estar das populações. Ex.: novas técnicas e aparelhos a vertente modernista de Pessoa, ainda que não se deixe
usados no diagnóstico ou tratamento de doenças até guiar pelo sensacionismo de Caeiro. Efetivamente, este
agora incuráveis. heterónimo leva o sensacionismo ao paroxismo, dese-
• 2.o argumento: os avanços científicos ao serviço da comu- jando “sentir tudo de todas as maneiras”, e afastando-
nicação entre as pessoas e do desenvolvimento econó- -se, assim, do Mestre; acaba por cair no abatimento,
mico e social. Ex.: desenvolvimento de tecnologias que aproximando-se, na fase abúlica, da angústia existencial
permitem um contacto mais fácil entre as pessoas a nível que caracterizou também o criador.
social (redes sociais) ou a nível laboral (plataformas que Em suma, pode concluir-se que a obra produzida pelos
permitem o trabalho ou a aprendizagem à distância). três principais heterónimos em muito contribuiu para
Conclusão: necessidade de usar as tecnologias para o bem comprovar a genialidade de Fernando Pessoa.
comum. (179 palavras)

Teste de avaliação 2, pp. 257-263 GRUPO II – PARTE A


1. 1.1 A 1.2 B 1.3 D 1.4 C 1.5 B
GRUPO I – PARTE A
2. a. 5; b. 7; c. 1; d. 3; e. 4
1. Na 1.a estrofe o sujeito poético apresenta a atitude que,
por vezes, assume, perante os elementos naturais, 3. a. 3; b. 2; c. 1; d. 3; e. 3
e que contradizem a sua conceção do mundo e da na- 4. C – E – A – B – D
tureza, dado que atribui sentidos metafóricos às flores
e aos rios. Por isso, na segunda estrofe, demonstra GRUPO II – PARTE B
a necessidade de justificar esse tipo de comporta- 1. 1.1 B 1.2 D 1.3 A 1.4 A 1.5 B 1.6 C
mento, contrário à sua filosofia de vida, revelando que, 2. a. oração subordinada adjetiva relativa restritiva;
se o faz, é para que os “homens falsos” percebam que b. oração subordinada adverbial final; c. oração subor-
esses elementos naturais existem apenas. Por isso, dinada adjetiva relativa explicativa
a segunda estrofe funciona como uma justificação 3. a. predicativo do sujeito; b. complemento do nome;
para as afirmações apresentadas na primeira. c. complemento agente da passiva
2. Para o sujeito poético, os “homens falsos” são aqueles 4. a. “Sérgio Tréfaut fá-lo”; b. … jovens europeus abando-
que não captam a realidade apenas com os sentidos naram-nas
© Edições ASA • 2023 • Sentidos 12

e tentam atribuir ao que visionam sentidos ocultos,


sentidos que as coisas não têm, porque não se limi- GRUPO III
tam exclusivamente a ver. E se, algumas vezes, o “eu” Introdução: breve referência aos conflitos que grassam
lírico vê para além do visível é só porque escreve para atualmente e a algumas das consequências.
aqueles que, habitualmente, atribuem outros sentidos Desenvolvimento:
àquilo que apenas existe, e ele quer que o compreen- • 1.o argumento: os interesses políticos, económicos e reli-
dam. giosos subjacentes aos conflitos e ou ações terroristas.
3. a. 3; b. 1; c. 2; d. 1 Ex.: a guerra na Ucrânia, no Irão ou na Síria.

305
CENÁRIOS DE RESPOSTA

• 2.o argumento: a urgência em unir os povos, a propaga- um espaço opressivo, mórbido, onde impera a solidão
ção de ideais mais democráticos, de valores de respeito e a injustiça. A referência ao “velho professor de latim”,
pelos direitos humanos, a solidariedade e a cooperação. que mendiga na noite lisboeta, ilustra essa visão crítica
Ex.: as ações humanitárias levadas a cabo para ajudar da sociedade, denunciando essa mesma injustiça.
a Ucrânia ou os protestos da população do Irão contra Relativamente a Mensagem, a visão negativa da pátria
as atrocidades e violações dos direitos fundamentais. está patente na última parte da obra, nomeadamente
Conclusão: posição que pode e deve assumir-se para tor- no último poema, “Nevoeiro”, em que se denuncia a
nar o mundo num espaço onde valha a pena viver. decadência e a crise social e política em que o país se
encontra, e que funciona como um grito de alerta para
a necessidade de agir e fazer renascer o orgulho na
Teste de avaliação 3, pp. 265-270
nação através da construção do Quinto Império.
GRUPO I – PARTE A Assim, concluímos que ambas as obras contêm uma
vertente crítica, embora incidam sobre diferentes as-
1. O sujeito poético é determinado, destemido, corajoso,
petos da sociedade.
empenhado, apaixonado pela arte de navegar, crente
(221 palavras)
em Deus, como comprovam os versos “Da obra ousada,
é minha a parte feita” (v. 7) e “E a Cruz ao alto diz que
GRUPO II
o que me há na alma / E faz a febre em mim de navegar”
(vv. 13-14). 1. 1.1 B 1.2 C 1.3 D 1.4 A 1.5 D 1.6 B 1.7 C
2. As expressões “mar com fim” e “o mar sem fim” esta- 2. complemento direto
belecem uma oposição entre o mar conquistado pelos 3. “que este projeto espelhe/espelha essa vastidão, di-
gregos e romanos, por um lado, e pelos portugueses, versidade e força da comunidade planetária” – oração
pelo outro. Desta forma, enaltece-se o povo luso, subordinada substantiva completiva; “que somos” –
ao atribuir-lhe a conquista do desconhecido. oração subordinada adjetiva relativa restritiva
O “mar sem fim” poderá ser também uma alusão ao
Quinto Império, o império espiritual, em que os portu- GRUPO III
gueses dominarão, daí ser “sem fim”. Resposta de caráter pessoal, no entanto, o aluno poderá
referir os seguintes aspetos:
3. a. 1; b. 2; c. 1; d. 3
• o português é hoje a quinta língua mais falada no mundo,
GRUPO I – PARTE B com cerca de 280 milhões de falantes;
• fatores positivos que têm contribuído para o prestígio da
4. A crítica à igreja está presente na segunda estrofe,
língua portuguesa:
quando o sujeito poético lembra a História de Portugal
– escritores portugueses conceituados, cujas obras
e faz referência à “nódoa negra e fúnebre do clero” e
foram traduzidas em várias línguas;
ao “ermo inquisidor severo”. Estas expressões aludem
– conquistas ao nível do desporto;
ao período em que a inquisição impunha o seu poder,
– maior facilidade na divulgação da música portu-
perseguindo e matando, e que o eu lírico considera
guesa;
constituir a maior mancha na reputação da igreja, uma – reconhecimento do trabalho dos emigrantes…
enorme desonra, uma ação digna de repúdio. • contributos resultantes do aumento do número de fa-
5. O passado histórico-literário português está presente lantes do português:
na referência à estátua de Camões, o “épico d`outrora” – maior facilidade de comunicação entre povos, nomea-
de “proporções guerreiras”, que constitui uma alusão damente com os africanos;
à obra Os Lusíadas e ao que ela representa: a narrativa – maior projeção da cultura portuguesa.
dos feitos heroicos dos navegadores portugueses na
conquista dos mares, a glorificação do seu papel nos Teste de avaliação 4, pp. 273-279
descobrimentos, a elevação do povo português a um
patamar quase divino. Desta forma, os versos referidos GRUPO I – PARTE A
demonstram o caráter épico do poema. 1. A vida monótona e sem nenhum tipo de perspetivas
6. a. 1; b. 1; c. 3; d. 2 aumenta o isolamento e agudiza a solidão das perso-
nagens. Batola acaba por se entregar à bebida, o que
GRUPO I – PARTE C tem até reflexos na relação que tem com a mulher,
7. O poema “O Sentimento dum ocidental” reveste-se de à inércia e à preguiça, uma vez que negligencia as suas
uma vertente crítica bastante mais acentuada do que tarefas. O Rata, que se habituara a ver outros mundos
acontece na obra Mensagem, uma vez que esta apenas quando mendigava, vendo-se impossibilitado de sair de
na terceira parte se debruça sobre os aspetos negati- Alcaria em virtude da doença, e sem ninguém que lhe
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vos do Portugal da época, nomeadamente a incerteza minorasse a solidão, suicida-se.


e a inação que se vivem. 2. O recurso expressivo é a personificação. Através deste
A análise do real leva Cesário a comentar a sociedade recurso, humaniza-se o espaço, dando-lhe caracterís-
que observa e em que se move, denunciando as más ticas que o tornam inerte, sem ação. Esta ausência de
condições de vida de vários tipos sociais. Por vezes, essa vida da aldeia é, na verdade, a ausência de vida dos
crítica é acompanhada de alusões irónicas, como é o ceifeiros que, regressando cansados da faina e não en-
caso da referência às “impuras” ou às “burguesinhas do contrando motivo para saírem de casa, se recolhem na
catolicismo”. A cidade de Lisboa é apresentada como solidão, afastados de tudo e de todos.

306
CENÁRIOS DE RESPOSTA

3. a. 3; b. 3; c. 2; d. 1 Desenvolvimento:
• 1.o argumento: a perspetiva crítica apresentada pelo
GRUPO I – PARTE B autor dá a conhecer a sociedade que o rodeia, segundo
4. A ação do excerto acontece no regresso de George o seu ponto de vista.
a Amesterdão, após ter ido à sua terra natal vender • 2.o argumento: através da obra de arte, ficamos a conhe-
a casa que era dos pais. Embora, George tivesse aban- cer, por exemplo, outros tempos, outros espaços e a sua
donado a vila muito jovem, só após a morte dos pais, importância.
no momento em vai vender a casa que era da famí- Conclusão: Assim, o autor, através da sua obra, analisa e
lia, toma consciência de que isso representa o corte critica um tempo diverso do seu, a nível social, político, eco-
efetivo total com o passado. Talvez seja essa a razão nómico, ou o seu, visto, no entanto, por um prisma que não
das lágrimas no momento em que parte, embora não o do homem comum.
o queira admitir.
5. a. 3; b. 2; c. 3; d. 1 Teste de avaliação 5, pp. 281-286
GRUPO I – PARTE A
GRUPO I – PARTE C
1. O sujeito poético lamenta o facto de, no presente, as
6. Manuel de Sousa Coutinho, ao longo de toda a ação, palavras já não serem obedientes, não acatarem a
mostrou-se um pai e um marido extremoso, íntegro, sua vontade, manifestarem descontentamento, talvez
defensor e respeitador da família, e um verdadeiro pa- porque recusam o domínio do sujeito lírico sobre elas.
triota, consciente de que devia lutar, através dos meios Pelo contrário, refere que, no passado, as palavras
possíveis, contra o domínio Filipino. correspondiam ao seu amor por elas (“gostavam de
No final do ato I, perante a possibilidade de vir a perder mim: dançavam / à minha roda”). O “eu” lírico con-
a sua casa para morada dos governadores, Manuel de fessa, no entanto, a sua paixão pelas palavras, quer
Sousa não hesita. Perante o pânico de Madalena de Vi- no passado quer no presente.
lhena, faz apelo ao seu lado racional, convencendo-a a 2. Os referidos vocábulos remetem para a conceção de
mudarem-se para o palácio de D. João de Portugal; com criação poética por parte do sujeito poético, demons-
a família a salvo, incendeia a sua casa, afirmando, ironica- trando que defende que a escrita de poesia deve ser
mente, que a “alumiava” para receber os governadores. rigorosa, cuidada, fruto de uma seleção minuciosa
Além disso, com a chegada do Romeiro e o agrava- das palavras.
mento da saúde de Maria e da debilidade de Mada-
3. Através da interrogação, o sujeito lírico admite a pos-
lena, Manuel de Sousa não cessa de se autoincriminar sibilidade de ser ele próprio o ator da mudança que
e considerar que tudo o que está a acontecer é fruto refere, na medida em que reconhece que poderá, no
do “seu erro”. Nesse sentido, vela noite e dia Maria e presente, procurar apenas as palavras mais enigmáti-
esforça-se por impedir que Madalena reconheça no cas e inacessíveis.
Romeiro o seu primeiro marido.
Assim, esta personagem mostra o seu verdadeiro sen- GRUPO I – PARTE B
tido de família e o amor à pátria. 1. Inicialmente, a mãe revela a sua preocupação perante
(181 palavras) a demora da filha na fonte, mas, depois de a indagar,
mostra-se triste, pois percebe que ela lhe mentiu, não
GRUPO II – PARTE A revelando o verdadeiro motivo de ter tardado tanto.
1. 1.1 B 1.2 A 1.3 D 1.4 A 1.5 B A filha, por sua vez, obedece à mãe, respondendo-lhe,
mas mostra resistência em fazê-lo de forma honesta,
2. a. 2; b. 1; c. 5; d. 3
e acaba por lhe mentir, dizendo que teve de esperar
3. a. 2; b. 3; c. 2; d. 1; e. 3 que a água deixasse de estar turva, pois os cervos
4. C – A – E – B – F – D tinham-na revolvido.
2. O refrão revela a verdadeira razão da demora da filha
GRUPO II – PARTE B
na fonte - está apaixonada, o que nos permite inferir
1. 1.1 D 1.2 A 1.3 C 1.4 C 1.5 B 1.6 C que encontrou o amigo e isso fez com que se atrasasse
2. a. modificador do nome apositivo; b. complemento a chegar a casa.
do nome; c. predicativo do sujeito 3. A cantiga pode dividir-se em três partes, cada uma
3. a. oração subordinada adverbial concessiva; b. oração delas abrangendo duas estrofes. Assim, nas duas pri-
subordinada substantiva completiva; c. oração subor- meiras, a mãe questiona a filha sobre a sua demora
dinada adjetiva relativa restritiva na fonte; as duas seguintes contêm a resposta da
filha à pergunta da mãe, mentindo sobre a razão da
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4. “Já não as tento converter à minha visão das coisas”


demora; nas duas últimas, a mãe mostra-se descon-
5. coesão gramatical referencial fiada e acusa a filha de mentir, mostrando conhecer
o verdadeiro motivo do atraso. Assim, cada uma das
GRUPO III partes corresponde à fala de um interlocutor.
Introdução: definição do ponto de vista a defender: a obra
de arte literária está subordinada ao olhar do seu cria- GRUPO I – PARTE C
dor e às suas convicções e reflete sobre um determinado Na poesia trovadoresca, o tema do amor é indissociável da
tempo. temática da mulher, qualquer que seja o tipo de cantiga.

307
CENÁRIOS DE RESPOSTA

Na cantiga de amigo, é abordada essencialmente a paixão boca do estômago, porque olhos como estes nunca
pelo amigo, aliada à saudade, ao ciúme, à incerteza ou inse- se viram”, ll. 2-4), Baltasar acredita ter sido vítima de
gurança da relação amorosa, como acontece, por exemplo, um encantamento por parte de Blimunda que o leva
em “Ondas do mar de Vigo” ou “Levad’amigo que dormides a sentir-se preso àquela mulher. Este sentimento de
las manhanas frias”. É frequente a natureza surgir como aprisionamento que o invade justifica-o ele como uma
confidente ou testemunha dos encontros e desencontros consequência de ela o ter olhado por dentro (“Não
dos amantes. tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um en-
Na cantiga de amor, o tema é desenvolvido em obediência canto […] Olhaste-me por dentro”, ll. 18-20). Porém,
às regras do amor cortês. Assim, a mulher é elogiada pelo Blimunda, de imediato afasta essa hipótese, com-
trovador, apresentada como um ser divino, inatingível, prometendo-se a nunca o fazer (“Juro que nunca te
uma vez que é perfeita, quer pela sua beleza, quer pelas olharei por dentro”, l. 20). É que, nesta fase, Baltasar
qualidades morais que a caracterizam. É exemplo desse não sabe ainda dos poderes especiais de Blimunda que
retrato a cantiga “Quer eu à maneira de proençal”, onde o a levam a fazer esse juramento (“Não sabes de que
trovador se assume como um seu vassalo, que sofre por estás a falar, não te olhei por dentro”, l. 21).
amor (coita amorosa).
3. a. 1; b. 3; c. 2; d. 3
Concluindo, ambas as cantigas abordam a temática do
amor, apesar das nuances que apresentam, conforme se GRUPO I – PARTE B
trate da cantiga de amigo ou cantiga de amor.
4. A visão que Carlos da Maia tem sobre a condessa de
(168 palavras)
Gouvarinho contrasta com a idealização que faz sobre
Maria Eduarda, logo após a ver pela primeira vez. Efe-
GRUPO II
tivamente, a partir da conversa que o protagonista tem
1. 1.1 B 1.2 B 1.3 A 1.4 C 1.5 A 1.6 C 1.7 B com Ega conseguimos depreender que Carlos detém
2. composição (palavra + palavra) uma visão um tanto pejorativa sobre a Condessa de
3. oração subordinada adjetiva relativa explicativa Gouvarinho, revelando mesmo que se sentiu “horro-
rizado” com esta figura feminina tão inculta. Ainda na
GRUPO III mesma linha de raciocínio, confessa a Ega que teve um
No cartoon está representado um telemóvel pousado na pequeno capricho inicial pela Condessa, mas que este
mão de alguém que o observa; o fundo é azul, cor da água cedo se esmoreceu. De forma bastante semelhante,
onde várias pessoas naufragam. A cor de fundo da imagem conseguimos também depreender que Carlos sente
é escura, o que faz sobressair o objeto em causa. um inicial capricho por Maria Eduarda, logo na primeira
Todas as figuras representadas estão absortas na obser- vez que vê esta “senhora alta, loura, com um meio véu
vação do telemóvel que possuem na mão, completamente muito apertado e muito escuro que realçava o esplen-
ausentes do mundo, concentradas no seu conteúdo, com dor da sua carnação ebúrnea” (ll. 28-29). Todavia, esta
uma expressão facial de entusiasmo, deleite e avidez. personagem feminina toca-o de uma forma diferente,
A maioria dessas figuras, seis, já se terá afundado na água, levando mesmo o nosso protagonista a sonhar com
pelo que só se visualizam as respetivas mãos que conti- ela. Neste seu sonho conseguimos mesmo depreender
nuam a segurar o telemóvel. que Maria Eduarda assume uma dimensão divinizada,
Assim, poder-se-á dizer que o cartoon sugere a obsessão quase como algo inalcançável, “uma criatura humana,
pelas redes sociais, que caracteriza os dias de hoje. Por caminhando sobre nuvens, com um grande ar de Juno
outro lado, poderá não ser inocente o facto de as figuras que remonta ao Olimpo” (ll. 37-38).
femininas serem representadas com o cabelo tapado com
5. a. 2; b. 3; c. 3; d. 1
um lenço. Uma vez que o autor do cartoon é iraniano, esse
pormenor poderá constituir uma alusão à situação das mu- GRUPO I – PARTE C
lheres iranianas, que procuram na Internet o contacto com
6. O amor é, definitivamente, um tema muito presente na
um mundo que nem sempre está ao seu alcance.
literatura portuguesa. De facto, desde as trovadores-
(176 palavras)
cas cantigas de amigo e de amor, às obras de Almeida
Garrett e de Camilo Castelo Branco, sem esquecer os
Teste de avaliação 6, pp. 289-295 Autos de Gil Vicente ou as Rimas, de Camões, facil-
mente constatamos que o amor está vivamente pre-
GRUPO I – PARTE A sente em vários autores portugueses.
1. Este excerto decorre depois do auto de fé em que Num primeiro plano, podemos facilmente encontrar a
Sebastiana de Jesus, a mãe de Blimunda, foi conde- temática amorosa nas cantigas de amor, onde, geral-
nada pelo Santo Ofício ao degredo. Por esta altura, mente, uma figura feminina ocupa o centro das aten-
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Blimunda já se encontra em casa, depois de ter visto ções, revelando-se como uma mulher desejada pelo
a sua mãe pela última vez, sem sequer se ter podido sujeito lírico masculino e que lhe causa sofrimento
despedir dela (dado que os familiares de um conde- (coita) ou pela indiferença ou pela impossibilidade de
nado poderiam também estar sujeitos a perseguições ser alcançada ou pelo simples facto de não corres-
e/ou punições). Por isso, agora que pode manifestar o ponder ao seu amor, sendo que nestas composições
seu sofrimento em privado, chora pela perda da mãe. literárias se destacam a hiperbolização do sentimento
2. Deslumbrado, desde o início, com os olhos de Blimunda amoroso e o frequente elogio superlativo da mulher
(“de cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na idealizada e amada.

308
CENÁRIOS DE RESPOSTA

O amor e a paixão estão também presentes em Amor a maior liberdade de expressão, e, muito recentemente,
de Perdição, de Camilo Castelo Branco, assumindo di- o efeito nefasto que a pandemia da Covid-19 e o confina-
ferentes formas, que vão desde o amor incondicional mento obrigatório acarretaram consigo no que diz respeito
de Simão por Teresa, amor esse que é correspondido, à manutenção e equilíbrio de relações.
mas proibido, ao simples amor fraternal que Simão Em suma, perante uma sociedade em constante evolução
nutre por Mariana, sem esquecer a paixão louca desta e modernização, também as mentalidades evoluem e o
última pelo herói romântico da obra e que a leva a se respeito pela individualidade de cada um torna-se máxima
suicidar após a morte do amado. indispensável. Os divórcios estão a começar a ser relativi-
Em suma, o amor está inevitavelmente presente na zados e banalizados, todavia não nos podemos esquecer
literatura, ou não fosse o Homem movido por este dos seus enormes impactos individuais e sociais, desde
sentimento tão genuinamente bom, mas que simulta- a desestruturação da família tradicional à possibilidade
neamente pode trazer tanta mágoa e sofrimento. de depressão e grande frustração pessoal e familiar.
(234 palavras) (346 palavras)

GRUPO II – PARTE A
Teste de avaliação 7, pp. 297-303
1. 1.1 C 1.2 D 1.3 B 1.4 B 1.5 C
2. a. 4; b. 6; c. 1; d. 7; e. 3 GRUPO I – PARTE A
3. a. 2; b. 1; c. 2; d. 2; e. 1 1. Lídia, apesar da situação em que se encontra, grávida de
4. E – B – F – C – D – A um médico com quem não tem nenhum tipo de compro-
misso, está serena, (“dos dois o mais calmo é outra vez
GRUPO II – PARTE B ela”), o que poderá conduzir à ideia de que tem perfeita
1. 1.1 C 1.2 D 1.3 A 1.4 A 1.5 D 1.6 B noção da situação, mas não pretende exercer nenhum
tipo de pressão sobre Ricardo Reis. Além disso, mostra
2. a. complemento do adjetivo; b. predicativo do sujeito;
ser uma mulher madura e, em certa medida, diferente
c. complemento do nome
das mulheres do seu tempo, já que está decidida a “dei-
3. a. oração subordinada adverbial final; b. oração subor- xar vir o menino”; considerando o tempo da ação, estar
dinada adjetiva relativa explicativa; c. oração subordi- decidida a ser mãe solteira exigia grande determinação,
nada substantiva relativa restritiva uma vez que seria motivo até de ser apontada pela so-
4. valor genérico ciedade; por fim, mostra-se generosa com Ricardo Reis
5. deítico temporal e pessoal ao afirmar “Se não quiser perfilhar o menino, não faz
mal, fica sendo filho de pai incógnito, como eu”.
GRUPO III 2. Inicialmente, perante a notícia, Ricardo Reis mostra
O amor é um sentimento único, mas ao mesmo tempo “indiferença”, “alheamento”, como se o que estava a
arrebatador. Um sentimento capaz de mover montanhas, acontecer não o implicasse diretamente; no entanto,
mas simultaneamente capaz de conduzir o ser humano quando Lídia afirma que deixará “vir o menino”, Reis,
à mais profunda das depressões. O Homem move-se por inicialmente, parece ser tocado por um qualquer senti-
amor e se, para muitos, o casamento é apenas um con- mento, dir-se-ia que se percebe no médico um traço de
trato, para outros é muito mais do que isso: é a confir- humanização. Contudo, este estado emocional é tran-
mação de amor eterno. Todavia, muitas das vezes, esta sitório, uma vez que, rapidamente, se forma em Reis
perfeição idealizada acaba por não ser atingida e resultar “uma cólera” que só desaparece quando Lídia afirma
em divórcio. E a verdade é que, nos últimos anos, tem-se que criará o filho sozinha.
assistido a um aumento de divórcios em Portugal. Perante
3. a. 1; b. 3; c. 2; d. 3
este incremento assustador, somos obrigados a questio-
nar: “Mas afinal quais as principais razões que conduzem GRUPO I – PARTE B
ao divórcio e o que pode justificar o crescimento exponen-
4. Quando o seu pai a chamou para o acompanhar à pri-
cial destes casos”?
meira missa, Teresa mostrou-se apreensiva e até sobres-
Para respondermos à primeira questão, poderíamos enu-
saltada (“vestiu-se a menina assustada” e “O silêncio de
merar uma infindável lista de justificações, contudo, tal-
Teresa era interrogador”). Seguidamente, após ter conhe-
vez seja mais sensato reconhecer que as principais razões
cimento das intenções do pai, Teresa tenta convencê-lo
incidem sobre a falta de respeito mútuo, a infidelidade,
através da argumentação, assegurando que nunca dei-
o excesso de ciúmes, problemas financeiros que prejudi-
xará de amar Simão e odiará sempre o seu primo (“E ele
cam a estabilidade económica ou, ainda, a escassez de co-
municação entre o casal. quer-me, depois de eu me ter negado”; “Eu agora mesmo
Já quando nos debruçamos sobre a segunda questão, fa- o abomino”). Por fim, a jovem menina mostra a sua deter-
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cilmente encontramos uma explicação para a subida do minação de heroína romântica, assegurando que prefere
número de divórcios. Por um lado, o papel da mulher na a morte a ceder à vontade do pai (“mate-me; mas não me
sociedade ocidental tem vindo a sofrer grandes alterações force a casar com o meu primo”).
nas últimas décadas, deixando esta de ser vista como uma 5. a. 1; b. 3; c. 2; d. 2
simples mãe e dona de casa, para passar a ser encarada
como autónoma e financeiramente independente. Por GRUPO I – PARTE C
outro lado, podem ser também considerados fatores como 6. Inês Pereira é, desde o início, uma jovem que se des-
a globalização e o rápido acesso a meios de comunicação, taca por apresentar características diferentes das

309
CENÁRIOS DE RESPOSTA

raparigas suas contemporâneas. Desde logo, a de- GRUPO II – PARTE B


sobediência à figura materna, que era quem tinha o 1. 1.1 A 1.2 C 1.3 C 1.4 D 1.5 B 1.6 D
poder de educar, que lhe havia deixado uma tarefa
2. a. oração subordinada adjetiva relativa restritiva;
para cumprir, que Inês não faz; em vez disso, interro-
b. oração subordinada adverbial temporal; c. oração
ga-se sobre o seu papel e a clausura a que está obri-
subordinada adverbial concessiva
gada, enquanto as outras raparigas são mais livres.
Além disso, perante uma proposta de casamento que 3. a. modificador do nome restritivo; b. sujeito; c. com-
Lianor Vaz lhe traz, Inês assegura que quer conhecer o plemento do nome
noivo e saber como é e só depois decidirá. Esta atitude 4. coesão gramatical frásica
advém do facto de Inês ter na sua mente o modelo de 5. empréstimo
homem com quem quer casar, que deverá ter manei-
ras corteses e saber “tanger”; o que a jovem quer é GRUPO III
alguém que a tire “daquele cativeiro” e lhe dê outra Introdução: definição do ponto de vista a defender: a mu-
vida. Esta rebeldia de Inês, porém, acaba por não ser lher tem vindo a conquistar espaço e prestígio na sociedade
benéfica para si e para as suas ambições. atual.
(157 palavras) Desenvolvimento:
• 1.o argumento: a educação: a frequência de cursos supe-
GRUPO II – PARTE A riores, incluindo em áreas conotadas com o género mas-
1. 1.1 C 1.2 D 1.3 A 1.4 B 1.5 D culino, coloca-as em igualdade de circunstâncias com o
2. a. 6; b. 4; c. 5; d. 1; e. 3 homem. Ex.: profissões ligadas à saúde e às engenharias
levam a mulher a hospitais, fábricas…
3. a. 1; b. 2; c. 2; d. 3; e. 2
• 2.o argumento: a maternidade adiada e o casamento cada
4. C – A – E – B – F – D vez mais tardio dão à mulher maior disponibilidade. Ex.:
é cada vez mais frequente encontrarmos mulheres que
descuram o lado pessoal para se dedicarem à profissão.
Conclusão: a mulher, a poder de muito empenho, começa
a ter um espaço próprio na sociedade.

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