ESCRITA CRIATIVA:

TÉCNICAS E PRÁTICAS

Luiz Antonio de Assis Brasil e Silva e Luís Roberto Amabile de Souza Júnior

A escrita criativa é, na essência, o retorno das

humanidasdes à vida acadêmica.

Luiz Antonio de Assis Brasil e Silva

 Conheça o livro da disciplina
CONHEÇA SEUS PROFESSORES 3

Conheça os professores da disciplina.​

EMENTA DA DISCIPLINA 4

Veja a descrição da ementa da disciplina. ​

BIBLIOGRAFIA DA DISCIPLINA 5

Veja as referências principais de leitura da disciplina.​

O QUE COMPÕE O MAPA DA AULA? 6

Confira como funciona o mapa da aula.

MAPA DA AULA 7

Veja as principais ideias e ensinamentos vistos ao longo da aula.

RESUMO DA DISCIPLINA 34

Relembre os principais conceitos da disciplina.​

AVALIAÇÃO 35

Veja as informações sobre o teste da disciplina.​

2
 Conheça seus professores
LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL
Professor Convidado

Professor titular na Pontifícia Universidade Católica do

Rio Grande do Sul (PUCRS) e coordenador-geral do DELFOS
- Espaço de Documentação e Memória Cultural - da mesma
instituição, onde mantém pesquisa ativa em acervos de
escritores do Sul do país e, por conta disso, é pesquisador ativo
do CNPq. Foi secretário de Estado da Cultura do Rio Grande do
Sul na gestão de 2011 a 2014. Mantém de forma ininterrupta, há
34 anos, a Oficina de Criação Literária na PUCRS, a mais antiga
do Brasil em funcionamento e da qual surgiram nomes como
Michel Laub, Amilcar Bettega, Daniel Galera, Cíntia Moscovich,
Carol Bensimon, Letícia Wierszchowski, Clarah Averbuck, Paulo
Scott, Daniel Pellizzari, dentre outros de igual relevância. Atua
na Faculdade de Letras e no programa de Pós-Graduação em
Letras da Escola de Humanidades da PUCRS, nas disciplinas de
Fundamentos da Criação Literária e Criação Literária. Possui 21
obras publicadas, especialmente no gênero ficcional-narrativo
no Brasil, Portugal, Espanha e França.Obteve os prêmios
literários Machado de Assis, Jabuti, Portugal Telecom, Prêmio
Literário Nacional do INL e Érico Veríssimo.

LUÍS ROBERTO AMABILE

Professor PUCRS

Possui graduação em Jornalismo, pós-graduação em

Fundamentos da Cultura e das Artes, mestrado em Teoria da
Literatura e doutorado em Teoria da Literatura (2017) e em Escrita
Criativa (2020). É escritor e acadêmico, autor, entre outros, de O
amor é um lugar estranho (2012, finalista do Prêmio Açorianos), O
livro dos cachorros (2015, vencedor da chamada para publicação
do IEL/RS) e O lado que não era visível para quem estava na
estrada (2020, vencedor do Prêmio Minuano). Colaborou com Luiz
Antonio de Assis Brasil em Escrever ficção (2019) e teve textos
publicados em revistas e antologias no Brasil, em Portugal, na
Espanha e nos Estados Unidos. Atualmente é professor na Escola
de Humanidades da PUCRS.

3
 Ementa da Disciplina
Orientações sobre a prática criativa. Construção do ambiente estimulante.
Desbloqueio para a escrita. O texto narrativo e o texto poético.

4
 Bibliografia da Disciplina
As publicações destacadas têm acesso gratuito.

Bibliografia básica

ALENCAR, Eunice Soriano et al. Medidas de criatividade: teoria e prática. Porto

Alegre: Artmed, 2010*.

GOLDBERG, Natalie. Escrevendo com a alma: Liberte o escritor que há em você.

Tradução de Camila Lopes. São Paulo:. Martins Fontes, 2008*.

LAMOTT, Anne. Palavra por palavra–instruções sobre escrever e viver. Tradução dee
Marcello Lino. Rio de Janeiro: Sextante, 2011*.

Bibliografia complementar

ASHTON, Kevin. A história secreta da criatividade. Tradução de Alves Calado. Rio de

Janeiro: Sextante, 2016*.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis: Vozes. 2004*.

KLEON, Austin. Roube Como Um Artista–10 Dicas Sobre Criatividade. Tradução

de Leonardo Villa-Forte. Rocco, 2012*

.BRASIL, Luiz Antonio de Assis. Escrever Ficção: um manual de criação literária.

Colaboração de Luís Roberto Amabile. São Paulo: Companhia das Letras. 2019.

KOCH, Stephen. Oficina de escritores: um manual para a arte da ficção. Tradução de

Marcelo Dias Almada. São Paulo: Martins Fontes, 2009*.

5
 O que compõe o
Mapa da Aula?
MAPA DA AULA
São os capítulos da aula, demarcam
momentos importantes da disciplina,
servindo como o norte para o seu FUNDAMENTOS
aprendizado.
Conteúdos essenciais sem os quais você
pode ter dificuldade em compreender a
matéria. Especialmente importante para
alunos de outras áreas, ou que precisam
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
relembrar assuntos e conceitos. Se você
estiver por dentro dos conceitos básicos
Questões objetivas que buscam
dessa disciplina, pode tranquilamente
reforçar pontos centrais da disciplina,
pular os fundamentos.
aproximando você do conteúdo de
forma prática e exercitando a reflexão
sobre os temas discutidos.​Na versão CURIOSIDADES
online, você pode clicar nas alternativas.
Fatos e informações que dizem
respeito a conteúdos da disciplina.
PALAVRAS-CHAVE
Conceituação de termos técnicos,
expressões, siglas e palavras específicas
do campo da disciplina citados durante DESTAQUES
a videoaula.
Frases dos professores que resumem
sua visão sobre um assunto ou situação.​
VÍDEOS
Assista novamente aos conteúdos
expostos pelos professores em vídeo.
Aqui você também poderá encontrar ENTRETENIMENTO
vídeos mencionados em sala de aula.
Inserções de conteúdos para tornar
a sua experiência mais agradável e
PERSONALIDADES significar o conhecimento da aula.​

Apresentação de figuras públicas

e profissionais de referência
mencionados pelo(a) professor(a).
CASE
Neste item, você relembra o case
analisado em aula pelo professor.​
LEITURAS INDICADAS
A jornada de aprendizagem não
termina ao fim de uma disciplina. Ela
segue até onde a sua curiosidade MOMENTO DINÂMICA
alcança. Aqui você encontra uma lista
de indicações de leitura. São artigos e Aqui você encontra a descrição detalhada
livros sobre temas abordados em aula.​ da dinâmica realizada pelo professor.

6
 Mapa da Aula
Os tempos marcam os principais momentos das videoaulas.

AULA 1 • PARTE 1

História da escrita criativa 03:33

Luiz Antonio de Assis Brasil e Silva inicia

a disciplina com uma retrospectiva da
escrita criativa, a partir da análise de
obras de Poussin, Caravaggio, Fragonard e
Bourguereaud.
PERSONALIDADE
É possível perceber a evolução do conceito 06:29
criativo por meio da interpretação de Nicolas Poussin
personagens apresentados nos quadros,
desde poetas que aguardam uma inspiração
divina até os que aparentam possuir
uma construção mais técnica e racional,
representando a evolução na abordagem do
tema.

Nicolas Poussin foi um pintor francês do

PERSONALIDADE século XVII, conhecido por suas composições
11:47
clássicas e narrativas mitológicas. Sua
Caravaggio habilidade em representar cenas históricas
com uma precisão detalhada e uma
paleta de cores harmoniosas trouxe vida e
significado às suas obras.

Revolucionário pintor italiano do final do

século XVI e início do século XVII. Sua
15:07
‘‘ Os evangelhos também são
obras literárias - e de muito boa

’’
técnica inovadora, uso dramático de luz qualidade, por sinal.
e sombra, e a representação realista de
personagens e cenas bíblicas fizeram dele
um dos mestres do Barroco.

7
PERSONALIDADE
16:27
Fragonard

PERSONALIDADE
18:28
Bourguereau
Jean-Honoré Fragonard foi um pintor francês
do século XVIII, que se destacou pelo seu
estilo rococó e pela representação de temas
românticos e sensuais. Sua habilidade
em capturar a leveza e a elegância dos
gestos, bem como em criar composições
ornamentadas e cheias de detalhes
encantadores, tornou-o um dos grandes
artistas do seu tempo. William-Adolphe Bouguereau foi um pintor
francês do século XIX, famoso por suas
pinturas acadêmicas e idealizadas. Sua
habilidade técnica na representação de
figuras humanas, especialmente de mulheres,
Hoje: olhar psicanalítico 20:30 lhe renderam grande reconhecimento e
popularidade em sua época.
A inspiração surge a partir da associação de
ideias inconscientes com ideias conscientes,
sugere o psicanalista Cyro Martins em
conversa com o professor Luiz Antonio de
Assis Brasil e Silva.

Cyro sustenta seu argumento por meio

de uma analogia com o símbolo das
Olimpíadas, na qual os arcos representam
a intersecção entre os planos consciente e
22:08
‘‘ Os evangelhos também são
obras lAs associações de ideias
ocorrem no plano consciente e no

’’
inconsciente. plano inconsciente.

LEITURA INDICADA
23:47
A criação artística e a psicanálise
Ensaio do escritor e psicanalista Cyro
Martins que discute sobre a aplicação da
psicanálise à compreensão do processo
criativo.

8
Art & Craft 23:47

Nesta parte, o professor realiza uma análise

da Catedral de Colônia e do Museu Romano-
Germâno, dando ênfase à arquitetura gótica
da catedral, na qual os engenheiros se
envolveram intensamente durante o seu
processo de construção, aplicando uma
série de técnicas para obter o resultado
esperado.
28:08
‘‘ A catedral gótica, para mim, é
a suprema construção artística do

’’
gênio humano.
A partir do lema ‘’arte, sem a ciência, não é
nada”, adotado na época, Luiz Antonio de
Assis Brasil e Silva ressalta que a ciência, no
contexto da literatura, nada mais é do que
conhecer os métodos e processos da escrita
literária.

‘‘ Arte, sem a ciência, não é 32:38

’’
nada.

33:14 Lendas

De acordo com a lenda de Virgílio,

a mãe do poeta teve um sonho em
que viu um loureiro. Ao consultar um
adivinho, foi revelado que ela daria à luz
um grande poeta, pois os poetas são
tradicionalmente coroados com louros
como símbolo de reconhecimento e
prestígio. Consequentemente, quando
Virgílio começou a escrever, foi
considerado necessário que ele fosse
enviado para Roma, onde viviam os
grandes poetas da época.

Nesta história, podemos observar a

primeira vez que a palavra ‘aprender’
está relacionada à arte literária, dando
a entender que a criação artística
é algo que pode ser ensinada e,
por consequência, aprendida por
outras pessoas por meio da troca de
conhecimentos.

9

Análise de Frases
Aqui, o professor analisa com os alunos
presentes em aula as seguintes frases,
dentro do contexto da criação literária:
• “Aprende a ser um bom artesão.
Isso não te impedirá de ser um gênio.”
A partir dessa frase, dita pelo pintor
francês Delacroix, o professor reforça
que a literatura é um aprendizado e que,
portanto, existem técnicas e conhecimentos
específicos a serem ensinados dentro desta
área – e que servirão como base para a
criação de grandes escritores.
• “Nos anos em que vivi aprendendo
com Flaubert não escrevi nada, mas foram
os mais importantes para construção da
minha carreira”
O escritor francês Guy de Maupassant,
autor da frase, serve como exemplo da
seguinte tese apresentada por Luiz Antonio
de Assis Brasil e Silva, em aula: tudo o
que é dito com pouco é muito mais forte
do que o dito com muito. Assim, escrever
pouco é, também, escrever muito – devido
a complexidade que envolvem a construção
de textos literários reduzidos.
• “É homem de talento, e transpôs há
pouco as portas da oficina literária.”
Machado de Assis, em 1878, escreveu
essa crítica sobre Eça de Queiroz, que
provavelmente tenha sido a primeira vez
que se escreveu o termo “oficina literária”
em língua portuguesa, demarcando um
princípio do ensino do ofício literário e
criativo no Brasil.
AULA 1 • PARTE 2
00:24
‘‘
05:39 A inspiração é algo que,
normalmente, as pessoas têm.
O problema é transitar essa
inspiração para o texto literário
ou para a obra artística – aí é
que entra o conhecimento. E
esse conhecimento pode ser
’’
aprendido.
11:08
‘‘ O bom leitor é aquele que tem
o mesmo nível de consciência, o
mesmo grau de cultura e o mesmo
conhecimento literário de quem
’’
escreve.
20:32 A escrita na universidade
A escrita criativa é, na essência, o
retorno das humanidades à vida
acadêmica – e as humanidades
compreendem diversas disciplinas,
como literatura, filosofia, história,
entre outras que o ser humano está no
centro das atenções. O seu ensino nas
universidades
inicia-se após a Segunda Guerra
Mundial, em IOWA University, nos
Estados Unidos e os pioneiros da área
no Brasil são Judith Grossmann, Austran
Dourado e Afrânio Coutinho.
Atualmente, a PUCRS se consolidou
com a única universidade do Brasil que
possui cursos de escrita criativa em
níveis de graduação, especialização,
extensão, mestrado e doutorado, ou
seja, em todos os estágios da formação
acadêmica.
10
LEITURA INDICADA
23:00
Livro: A Escrita Criativa e as
Novas Humanidades

23:49
‘‘ A escrita criativa é,
na essência, o retorno
das humanidades à vida

’’
acadêmica.

A obra de Paul Dawson oferece uma reflexão

instigante sobre o papel da escrita criativa
26:35
‘‘ A escrita criativa, no ensino,
é um fenômeno do pós-segunda

’’
no contexto das disciplinas das Novas guerra mundial.
Humanidades, explorando as possibilidades
de expressão, inovação e transformação que
a prática da escrita criativa pode trazer para
as abordagens acadêmicas e intelectuais
contemporâneas.

LEITURA INDICADA
30:47
Uma poética de romance: Matéria
de carpintaria

LEITURA INDICADA
32:18
Cães da Província

Este livro de Autran Dourado cumpre uma

missão rara e difícil: a de escrever sobre o ato
de escrever, mas de maneira particular, que
revele os segredos, os truques, a invenção e
as aflições do fazer poético.
Luiz Antonio de Assis Brasil narra a história
de Qorpo-Santo, um homem genial e
controverso, em meio a boatos de crimes
em Porto Alegre no século XIX. O romance
explora a fronteira entre a sanidade e a
loucura, refletindo sobre injustiças e a
valorização da arte.

11
 Interação com os alunos 35:40

O professor responde a dúvidas e perguntas

sobre os assuntos abordados em aula,
ao mesmo tempo em que os alunos
compartilham suas experiências e opiniões.

Nesta parte, Luiz Antonio de Assis Brasil

destaca a importância de escrever um
projeto prévio, antes de iniciar uma
produção literária, para obter maior
segurança sobre o que será escrito. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Ainda, apresenta o seguinte poema de Assinale a alternativa que possui

Fernando Pessoa, que exemplifica a uma afirmação incorreta:
angústia do autor em seu processo criativo:

“Eu tenho ideias e razões, As associações de ideias ocorrem

no plano consciente e no plano
Eu tenho ideias e razões, inconsciente.

Conheço a cor dos argumentos

O ensino da escriativa criativa
E nunca chego aos corações.” ocorre, regularmente, desde o
Modernismo.

O bom leitor é aquele que tem o

mesmo nível de consciência de
quem escreve.

Escrever textos literários curtos

também exige uma grande
complexidade artística do escritor.
Resposta desta página: alternativa 2.

12
 AULA 1 • PARTE 3

O subtexto do texto 00:24

O subtexto, considerado a essência do

literário, parte do princípio de que o que
impulsiona alguém a escrever uma obra
literária não reside somente no texto em
si, mas sim no subtexto. É aquilo que
não é expresso diretamente, mas que é
00:38
‘‘ O que faz a pessoa escrever
uma obra literária não é o texto, é

’’
intencionalmente deixado para o leitor o subtexto..
interpretar e decifrar. O escritor não diz
explicitamente aquilo que deseja que o
leitor compreenda, mas semeia pistas e
significados subjacentes que requerem

‘‘
uma leitura atenta e sensível para serem
16:28 Isto é literatura: ir,
desvendados.
consentido, a uma situação de

’’
Ser um escritor transcende a habilidade estranhamento..
de escrever de forma competente,
pois a maestria técnica é essencial na
produção de uma obra literária. No
entanto, um escritor verdadeiramente
dedicado também se torna um profundo
conhecedor da alma humana e do mundo
que o cerca. A compreensão da cultura
19:45
‘‘ Se nós vamos escrever
alguma coisa para escrever o que
todo mundo já disse, melhor não

’’
geral, que envolve estar ciente dos fatos escrever.
do mundo e estabelecer conexões entre
eles, desempenha um papel fundamental
nesse processo.

O escritor busca ir além do conhecimento

superficial, adentrando o subtexto para
oferecer uma compreensão mais rica e
significativa do mundo. Ao explorar o
subtexto, o escritor revela camadas mais
profundas de significado, sentimentos
‘‘
28:35 Se a pessoa escreve mais
do que lê, vai perdendo os seus
temas, vai começar a repetir-se e
não vai trazer algo novo para os

’’
sutis, críticas sociais veladas e reflexões seus leitores.
filosóficas implícitas. Dessa forma, a
escrita torna-se um veículo para transmitir
mensagens e experiências enriquecidas,
convidando o leitor a mergulhar nas

entrelinhas e decifrar os múltiplos sentidos
que permeiam a obra literária.
‘‘
32:41 Vejam que o escrever é uma
atitude que vai além do literário,
muito além do literário. Vem a ser
a compreensão daquilo que se
está escrevendo e a compreensão
da relação entre os fatos do

’’
mundo.

13
 AULA 1 • PARTE 4

Análise textual: Yayoi Wada 00:24

Luiz Antonio de Assis Brasil realiza uma

análise do texto “Nós Dois”, da escritora

Yayoi Wada, destacando a importância
do subtexto para compreender o objetivo
central do texto. A escrita subjetiva de
Yayoi Wada exige uma participação ativa
do leitor para desvendar a intenção de
sua obra, o que é fruto da sensibilidade
da autora, e é apresentada em aula como
‘‘
14:53 O texto literário, por exigir
participação ativa do leitor, faz
com que o leitor não apenas
participe da intenção do texto,
mas faz com que o leitor tenha a
sensação de que foi o verdadeiro

’’
uma referência sobre como o subtexto autor desse texto.
deve moldar o texto durante o processo
de criação literária. O professor ainda traça

‘‘
um paralelo entre a escrita e um iceberg: é
preciso mostrar pouco, para contar tudo. 14:53 O que nos leva a escrever é
Assim, no texto literário, a maior parte é a intenção, isto é, o subtexto da

’’
aquela que está no submersa, no subtexto, história.
na intenção do autor, bem como num
iceberg.

PERSONALIDADE
19:56
Ernest Hemingway

22:45
‘‘ Nós mostramos pouco, para

’’
contarmos tudo.
Foi um renomado escritor norte-americano
do século XX, reconhecido por sua
contribuição significativa para a literatura
moderna. Com um estilo de escrita conciso
e objetivo, Hemingway revolucionou a
narrativa ao explorar temas como a guerra,
o amor, a masculinidade e a busca por
significado em suas obras literárias, sendo
laureado com o Prêmio Nobel de Literatura
em 1954.

14
Análise textual: George Saunders 24:10

Agora, o texto a ser analisado é o conto

Estacas, de George Saunders, em que
novamente pode-se notar a necessidade
de uma participação ativa e extremamente
atenta do leitor para que seja possível
compreender o seu comovente subtexto.
E este é o ponto central levantado pelo
32:30
‘‘ Se a literatura não for feita
para nos tornar mais humanos,

’’
professor após a leitura do conto: a então ela serve de nada.
literatura deve ser feita não somente para
comover o leitor, mas também para aflorar
os seus sentimentos mais humanizados,
despertando emoções, como inquietude e
vontade de transformação, perante a obra
que se lê.

AULA 2 • PARTE 1

Romance 01:08

O romance é o gênero literário mais

conhecido e praticado, deixando uma
marca duradoura na mente das pessoas. É
uma narrativa em prosa de certa extensão
que sempre apresenta algo que precisa ser LEITURA INDICADA
resolvido. O romance exige a participação 02:42
ativa do leitor, que, atualmente, está Villa Amalia
ocupado e distraído por diversos
Nesta obra de Pascal Quignard, somos
estímulos, tornando a tarefa do romance
levados em uma jornada emocional e
ainda mais desafiadora, de modo que o
introspectiva junto à protagonista Ann
elemento fundamental para despertar o
Hidden, que abandona sua vida e busca
interesse do público é a presença de uma
uma nova identidade em meio à música
situação crítica, um problema que precisa
e à solidão, explorando os mistérios da
ser solucionado.
existência e a busca por autenticidade.
Quando se considera a ideia de escrever
um romance, é importante fazer uma
pergunta crucial: “Esse romance é para
mim? Por que eu devo escrever esse
romance?” É necessário refletir sobre
quais são as condições, experiências
05:59
‘‘ Escrever um romance é estar
todo o tempo em luta contra o

’’
emocionais, conhecimento do mundo
bocejo do escritor.
e interesses literários que nos tornam
a única pessoa capaz de escrever essa
história. A singularidade do romance deve
estar alinhada com nossa singularidade
como ser humano, sendo essa a base para
a criação literária significativa.

15
 ‘‘ O romance precisa ter,
digamos, estratégias para que o
leitor siga fiel a leitura que está
12:16

’’
fazendo.

21:38 Romance, novela e conto

• Novela: é caracterizada por

trabalhar com um único conflito central,
envolvendo poucas personagens.
Apesar de ter menos páginas em relação
a outros gêneros literários, o final da
novela desempenha um papel relevante
LEITURA INDICADA na trama. A articulação entre as
24:05
personagens é mais concisa, pois todas
Crime e castigo estão ligadas ao mesmo conflito, criando
uma história única que se desenvolve ao
longo da estrutura narrativa.

• Romance: apresenta uma

Publicado em 1866, Crime e castigo é a obra
mais célebre de Fiódor Dostoiévski. Neste
livro, Raskólnikov, um jovem estudante, pobre
e desesperado, perambula pelas ruas de
São Petersburgo até cometer um crime que
tentará justificar por uma teoria: grandes
homens, como César ou Napoleão, foram
assassinos absolvidos pela História.
estrutura mais complexa, envolvendo
diversos elementos. Possui um
tema principal em torno do qual
se desenrolam várias “pequenas
novelas”. Dessa forma, o enredo do
romance abrange múltiplos conflitos
e personagens, permitindo um
desenvolvimento mais extenso e
aprofundado das histórias entrelaçadas.
• Conto: o conto difere dos
outros gêneros literários ao abordar
circunstâncias reais e não ser
exclusivamente ficcional. O cronista
se dedica a relatar acontecimentos e
situações da sociedade, do estado,
do país ou mesmo de eventos
internacionais, oferecendo sua opinião
sobre eles. Nesse sentido, a crônica

‘‘
é uma forma de escrita que trata de
O melhor exemplo de 31:31 eventos verídicos, trazendo reflexões
romance é a telenovela sobre a realidade ao invés de uma

’’
brasileira. estrutura ficcional elaborada.

‘‘ Antes de tudo, o conto é 35:09

’’
matéria ficcional.

16
Escrita do romance linear 37:21

A escrita do romance linear é a maneira

mais comum e habitual de contar uma
história neste formato literário, pois,
em geral, o público prefere se envolver
com romances que seguem uma linha
narrativa contínua, sem interrupções ou
idas e vindas no tempo. Essa abordagem
busca contar a história de maneira
sequencial, começando desde o início e
seguindo em uma progressão cronológica
até o desfecho, o que permite ao leitor
acompanhar a trama de forma mais fluida
e compreensível, mergulhando na história
de maneira envolvente e imersiva.

AULA 2 • PARTE 2

O enredo eficiente 02:45

No contexto do romance, um enredo

eficiente é caracterizado pela existência
de uma conexão causal entre todos os
episódios narrativos. Isso significa que
cada episódio mantém uma relação
de causa e efeito, em que as ações
dos personagens são essenciais para o
desenvolvimento da trama. A presença
14:00
‘‘ A personagem consistente
não vai viver uma história, a
personagem consistente vai criar a

’’
da personagem central é fundamental, história.
pois é ela quem dá sentido a tudo o que
ocorre no romance, e suas ações parecem
decorrer naturalmente do desenrolar
da história. Além disso, o conflito

‘‘
desempenha um papel integral, pois é a
sua presença que impulsiona a escrita do
20:34 Ter o que dizer não significar
romance, criando tensões e desafios que
ter uma história boa, significa
mantêm o interesse do leitor ao longo da
tratar em profundidade um
narrativa.
conflito com o qual o leitor vai se

’’
identificar.

17
Proposta de planejamento 35:17

Ter um planejamento na escrita de textos

literários é fundamental para aumentar as
chances de sucesso. Começar a escrever
um romance sem pensar previamente
possui uma perspectiva de falha de
99%. Por isso, é essencial adotar uma
abordagem estruturada, pois proporciona EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
conforto e flexibilidade ao permitir
ajustes durante o processo de escrita. Quais as etapas do planejamento
Uma proposta de planejamento eficaz literário proposto pelo professor?
inclui a criação de uma sinopse concisa,
um resumo que apresenta a essência da Sinopse, subtexto e resumo.
história, bem como um resumo expandido
que fornece detalhes mais aprofundados Sinope, resumo e resumo
sobre a trama, personagens e eventos.
expandido.
Esses elementos do planejamento servem
Enredo, enredo expandido e
como guias para conduzir o romance de
subtexto.
maneira coerente e organizada, garantindo
uma narrativa envolvente e consistente. Sinopse, enredo e enredo
expandido.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

“É aquilo que não é expresso

diretamente, mas que é
intencionalmente deixado para o
leitor interpretar e decifrar.”

A frase acima corresponde a qual

elemento literário apresentado em
aula?

Título.

Enredo.

Subtexto.
Resposta desta página: alternativas 2 e 3.
Escrita linear.

18
 AULA 2 • PARTE 3

Etapas da proposta de planejamento 00:24

O planejamento de uma criação literária,

segundo a proposta desenvolvida por
Luiz Antonio de Assis Brasil, envolve a
elaboração de uma sinopse, de um resumo
e de um resumo expandido, sendo estas
ferramentas fundamentais para guiar o
escritor durante a sua escrita.

Sinopse

A sinopse é uma sentença gramatical que

‘‘
tem como foco a personagem central,
revelando sua essência, mundo interior, 02:40 O planejamento não é uma
situação crítica, conflito, história e camisa de força. O planejamento

’’
desfecho – o que o diferencia das sinopses vai nos dar liberdade.
utilizadas pela Netflix e outras plataformas
que omitem ‘spoilers’.

Resumo

Já o resumo consiste em uma

micronarrativa em discurso indireto,
no qual são previstos os episódios
encadeados de forma cronológica,
abrangendo desde o início até o desfecho
do romance. Sua principal função é
oferecer uma visão panorâmica da
trama, permitindo ao escritor identificar
a sequência de eventos e estabelecer
uma linha narrativa coesa. Geralmente, é
recomendável que o resumo seja escrito
28:39
‘‘ As grandes obras são lineares.
As grandes obras adoradas pelo
público e pelos escritores são

’’
no tamanho de até uma página, o que lineares.
o torna mais prático e acessível para
consulta durante o processo de escrita.

Resumo expandido

Por fim, o resumo expandido é uma

etapa em que os diferentes episódios
do romance são escalonados em ordem
cronológica. Ele permite uma visão
mais detalhada da estrutura narrativa,
auxiliando na construção da progressão
dos eventos e no desenvolvimento dos
personagens ao longo da história. É
importante ressaltar que o planejamento,
embora forneça uma rota inicial, é flexível
e sujeito a alterações durante a execução
do livro, visando aprimorar a contação da
história.

19
 AULA 2 • PARTE 4

Etapas da proposta de planejamento 00:24

A diferença entre a personagem de romance

e a personagem de conto é perceptível em
diversos aspectos, assegura o professor
Luiz Antonio de Assis Brasil. No romance, a
personagem passa por alterações ao longo
da narrativa, modificando sua perspectiva
01:03
‘‘ A personagem de romance
altera-se no decorrer do

’’
em relação ao conflito apresentado. Em romance..
contrapartida, no conto, especialmente no
conto moderno, a personagem apresenta

‘‘
uma única face, limitada ao contexto
específico daquele conto em particular. Essas 06:06 O conflito sempre discute a

’’
diferenças refletem a natureza distintiva dos oposição de duas entidades.
dois gêneros literários.

Personagem de romance:

A personagem de romance é parte

integrante de uma unidade sistêmica, ou
09:54
‘‘ O leitor quer ver-se
representado na humanidade da

’’
seja, ela desempenha um papel fundamental personagem.
na construção do enredo e da estrutura
narrativa do romance como um todo. Ao
longo do romance, a personagem sofre
alterações de perspectiva em relação ao
11:58 Análise de conceitos: Jacques Lacan
conflito, o que implica uma evolução e
transformação de sua personalidade e visão
Jacques Lacan, renomado psicólogo
de mundo.
francês do século XX, desenvolveu
Personagem de conto: o conceito do mito individual do
neurótico como uma expressão dos
No conto, a personagem é frequentemente
dramas interiores que transcendem a
representada em uma única face, limitada
capacidade da palavra em representá-
ao contexto daquele conto específico. Essa
los objetivamente. Esses dramas
característica é especialmente observada
são retratados como um cenário
nos contos modernos. A personagem
fantasmagórico presente dentro de
de conto não passa por um processo de
cada indivíduo, que é complexo e
transformação ao longo da narrativa, uma
indescritível. Nesse cenário, encontra-se
vez que o conto é mais focado em um
o mito individual do neurótico, que se
evento ou situação pontual, em vez de
manifesta através de pequenos gestos
explorar o desenvolvimento completo de
e ações, representando uma busca
uma personagem.
incessante pela verdade e uma tentativa
Independentemente do gênero, a de dar sentido à própria existência.
humanidade da personagem desempenha Lacan reconhece a limitação da
um papel crucial na conexão com o leitor. O linguagem em capturar completamente
leitor busca se identificar com a humanidade essa dimensão interna, ressaltando
da personagem, compartilhando suas assim a profundidade e complexidade
ansiedades, dúvidas e experiências, de modo da criação de personagens dentro desse
que essa identificação é essencial para que o contexto psicológico.
leitor se envolva com a personagem e aceite

20
sua representação na narrativa.
 Análise de conceitos: Clément
14:58
Rosset

O conceito desenvolvido por Clément

Rosset, na publicação de “Le monde et ses
remèdes”, enfatiza que o comportamento
humano pode ser explicado a partir dos
traços de caráter de um indivíduo, que são
a causa geral de suas ações. PERSONALIDADE
15:10
Esses traços de caráter são irracionais e Clément Rosset
intrínsecos à própria pessoa, não tendo
uma causa específica além de si mesmos.
Essa abordagem se relaciona com a
análise do personagem Harpagon em “O
Avarento” de Molière, em que sua avareza
é o principal traço de caráter que explica
suas ações. A avareza de Harpagon é a
causa geral de seus comportamentos,
mas não é explicada por algo externo
Filósofo francês conhecido por suas
a ela mesma. Não é necessário recorrer
contribuições no campo da filosofia do
a justificativas psicológicas para
absurdo e sua abordagem crítica em relação
compreender seu comportamento
à ilusão e ao desejo de sentido no mundo.
avarento.

A personagem é autônoma em relação à

história, existindo com sua profundidade
interior antes mesmo do início da
narrativa. Antes da trama se desenrolar,
18:53
‘‘ A personagem é um
ser autônomo em relação à

’’
Harpagon já é o ser avarento que se história.
torna ao longo da história, sendo um ser
autônomo pré-narrativo.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Assinale a afirmativa correta:

No romance, a personagem passa

por transformações pessoais ao
longo da narrativa.

Em geral, o público prefere

consumir romances não-lineares.

O autor sempre deve justificar o

Resposta desta página: alternativa 1.

motivo do comportamento de seus

personagens.

Personagens de conto tendem a ser

mais complexos que os personagens
de romance.

21
A questão essencial da personagem 19:51

A “questão essencial da personagem”,

introduzida pelo professor Luiz Antonio
de Assis Brasil e Silva, destaca-se
como uma contribuição relevante para

a criação de personagens. Essa ideia
enfatiza a importância de compreender
a personagem como um ser autônomo
pré-narrativo que se relaciona com as
circunstâncias da vida, culminando
‘‘
22:00 Quanto mais certeza o
ficcionista tiver acerca da questão
essencial da personagem, mais
segurança terá na realização do

’’
em um conflito central. Ao conhecer a seu projeto e de seu romance.
interioridade profunda da personagem, o
escritor pode conferir autenticidade à sua
construção.

A certeza do escritor sobre a questão

essencial da personagem é fundamental CURIOSIDADE
para a realização de projetos literários 26:44
bem-sucedidos, pois proporciona mais Simão Bacamarte
segurança ao autor durante o momento
da escrita. Além disso, é necessário
estabelecer o conflito principal em
decorrência dessa questão essencial,
criando uma tensão conceitual entre
forças opostas. Esse conflito impulsiona o
desenvolvimento da personagem ao longo
da narrativa.

Dessa forma, a compreensão da questão Simão Bacamarte, personagem central do

essencial da personagem é essencial para
a construção de personagens marcantes
e narrativas envolventes. Ao explorar a
autonomia pré-narrativa da personagem,
compreender sua interioridade e
desenvolver um conflito significativo, o
escritor proporciona uma experiência
literária enriquecedora aos leitores.
romance “O Alienista” de Machado de Assis,
é um renomado médico psiquiatra com
características peculiares. Sua obsessão e
teorias sobre a loucura o levam a estabelecer
um hospício em uma pequena cidade, onde
classifica quase todos os habitantes como
insanos. Através do personagem de Simão
Bacamarte, Machado de Assis ilustra de
forma exemplar o uso da questão essencial
do personagem, uma vez que Bacamarte
já é apresentado como uma figura com
suas teorias sobre a loucura, e é essa
característica fundamental que conduz e

‘‘ A questão essencial da
personagem é criada de forma
28:04 desencadeia toda a trama do romance.

’’
consciente pelo ficcionista.

22
 AULA 3 • PARTE 1

Introdução 01:08

Ao iniciar a aula, o professor Luís Roberto

Amabile de Souza Júnior contextualiza a
escrita criativa por meio das contribuições
de Yuval Noah Harari e Nancy Huston,
autores dos livros “Sapiens” e “Espécie LEITURAS INDICADAS
01:49
Fabuladora”.
Sapiens: Uma Breve História da
Em “Sapiens”, Harari destaca a chamada Humanidade
Revolução Cognitiva, ocorrida entre 70 Escrito por Yuval Noah Harari, o livro oferece
mil e 30 mil anos atrás, que representou uma perspectiva abrangente sobre como a
o surgimento de novas formas de espécie humana evoluiu e se desenvolveu ao
pensar e se comunicar. Essa revolução longo dos últimos milhares de anos.
está intrinsecamente ligada ao uso
da linguagem, pois o Homo sapiens
A espécie fabuladora
A obra da autora Nancy Huston explora
aprendeu a utilizá-la de maneira criativa,
a relação humana com a linguagem e a
diferenciando-se das demais espécies.
importância da imaginação e da fabulação
A partir desse momento, a fabulação para a nossa evolução como espécie.
passou a fazer parte do nosso repertório,
e é exatamente nesse ponto que a escrita
criativa encontra sua conexão com o uso
da linguagem. Segundo Huston, somos a

‘‘
“espécie fabuladora”, e é neste contexto
03:10 A humanidade aprendeu a
que se compreende a importância da
usar a linguagem e fez com que a
escrita criativa como uma prática humana
nossa espécie se diferenciasse das
fundamental.

’’
outras.
É por meio da escrita criativa que
exploramos todo o potencial da
linguagem, criando mundos imaginários,
personagens complexos e tramas
envolventes. O processo criativo da escrita
nos permite construir civilizações fictícias,
personagens cativantes e reflexões
profundas sobre a condição humana.

Assim, compreendemos que a escrita

criativa surge como resultado direto da
revolução cognitiva e do uso criativo da
linguagem, permitindo-nos expressar
nossa capacidade fabuladora e construir
narrativas significativas que transcendem
o tempo e o espaço.

23
O que é escrita criativa? 04:44

A escrita criativa é uma prática que busca

despertar o espírito inventivo do indivíduo,
estimulando-o a criar e reinventar a
linguagem por meio da expressão escrita.
Ao explorar essa abordagem, voltamos
nosso olhar para a linguagem como uma
ferramenta de criação, permitindo-nos
inventar e experimentar novas formas de
comunicação.
A participação ativa do aluno é
essencial nesse processo, pois ele se
torna protagonista na construção do
conhecimento literário, utilizando os
estímulos fornecidos pelo professor para
produzir textos próprios.
LEITURA INDICADA
06:04
Oficina de escritores
O autor Stephen Koch transmite sua
experiência como professor de oficina
de escrita criativa por mais de duas
décadas, e acrescenta ao texto conselhos
e depoimentos de escritores renomados,
obtidos em entrevistas e livros sobre a arte
da escrita literária.
08:23
‘‘ A escrita criativa se baseia em

’’
metodologia ativa.
Nesse sentido, a oficina literária
desempenha um papel fundamental,
sendo um espaço de experimentação e
aprimoramento textual. Essa estrutura
LEITURA INDICADA
de laboratório de texto oferece aos 16:18
participantes a oportunidade de explorar Literatura: leitores e leitura
a linguagem de maneira criativa, com
o suporte de leitores qualificados,
interessados na literatura e atentos às
produções dos escritores em formação.

Hemingway e Paris nos anos 20 19:34

Ernest Hemingway é considerado um dos

maiores escritores do século XX e sua
relação com Paris nos anos 20 é um marco
em sua carreira. Hemingway, que já era
correspondente de guerra, chega à capital
A obra de Marisa Lajolo explora o universo da
francesa em 1921, em busca de inspiração literatura, abordando temas como a relação
para sua escrita. entre o texto literário e seus leitores, o papel
da leitura na formação cultural e pessoal,
Ele encontra em Paris um ambiente além de analisar o contexto histórico e social
vibrante e cosmopolita, reunindo que envolve a prática da leitura.
artistas e intelectuais de todo o mundo.
Nesse cenário, Hemingway absorveu as
influências do modernismo e desenvolveu
seu estilo conciso e objetivo, que se

‘‘
tornaria sua marca registrada.
23:19 A Paris dos anos 20 é a
Assim como o ambiente artístico e cultural cidade-coração do modernismo

’’
de Paris dos anos 20 foi fundamental europeu.
para a formação literária de Hemingway,
as oficinas literárias proporcionam um
ambiente estimulante e colaborativo para
o desenvolvimento da escrita criativa dos
participantes.

24
LEITURA INDICADA
24:33
O sol também se levanta
28:01
Ernest Hemingway narra a história de um
grupo de amigos americanos e ingleses em
Paris e na Espanha durante a década de 1920,
explorando temas como amor, perda, trauma
de guerra e busca por significado na vida.
Escrita criativa na universidade
A escrita criativa na universidade teve
seu registro oficial pela primeira vez
em 1884, com Barrett Wendell, que
ministrou aulas de leitura e produção
textual na Universidade de Harvard,
nos Estados Unidos. Esse marco
histórico representou o estabelecimento
das oficinas literárias como prática
acadêmica.
No entanto, foi após a Segunda Guerra
Mundial que a área se consolidou,
especialmente na Universidade de Iowa,
como mencionado pelo professor Luiz
Antonio de Assis Brasil.
No Brasil, a Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
desempenha um papel significativo no
campo da escrita criativa, oferecendo
cursos de graduação, pós-graduação,
mestrado e doutorado, tornando-
se um centro importante para o
desenvolvimento dessa prática.
25
 AULA 3 • PARTE 2
Escrita criativa e a diversidade
A escrita criativa representa o
ressurgimento das humanidades no
contexto acadêmico, não se limitando
apenas a disciplinas específicas, mas
abrangendo campos de estudo mais
10:55
amplos. As novas humanidades estão
diretamente relacionadas ao que está
acontecendo no mundo contemporâneo,
e a diversidade desempenha um papel
fundamental nesse cenário.
A escrita criativa visa capacitar os
indivíduos a exercitar a criatividade por
meio da linguagem, permitindo-lhes contar
suas próprias narrativas e promovendo um
empoderamento pessoal. Ao ter acesso a
uma variedade de experiências, leituras,
filmes e músicas provenientes de diversas
fontes, os escritores têm mais recursos
para criar algo novo e original, conectando
ideias aparentemente desconexas e
construindo uma visão de mundo mais
diversificada.
LEITURA INDICADA
Para ler como um escritor
Escrito por Francine Prose, é um guia
fundamental para aqueles que desejam
aprimorar sua técnica de escrita por meio
da leitura cuidadosa e crítica dos grandes
mestres da literatura.
00:24
Escrita criativa e suas
particularidades
A escrita criativa apresenta algumas
particularidades que devem ser
consideradas:
Ensino da técnica
Embora seja discutível ensinar alguém
a escrever, é possível transmitir as
técnicas e os aspectos formais da escrita,
fornecendo ferramentas para aprimorar
a expressão escrita. No entanto, tornar-
se um escritor ou escritora vai além da
técnica, pois requer a descoberta e o
desenvolvimento da própria vocação, algo
intrínseco e pessoal.
Paradoxo da escrita criativa
Embora não possa ser completamente
ensinada, a escrita criativa pode ser
aprendida, estimulada e desenvolvida
por meio da leitura, estímulos, prática
13:20 e compartilhamento de textos. É um
processo de reescrita contínua. Além
disso, a leitura desempenha um papel
fundamental no aprendizado da escrita,
proporcionando repertório e inspiração.
Ponto de partida
O desejo intenso e profundo de produzir
literatura é o ponto de partida da escrita
criativa. Esse desejo, impulsionado pela
alegria, emoção e impacto causados
pela leitura de obras marcantes e
transformadoras, motiva o escritor a
buscar escrever textos que tenham um
efeito semelhante.
26
LEITURA INDICADA
23:45
Escrever ficção: um manual de
criação literária

PERSONALIDADE
24:18
Roland Barthes

O professor Luiz Antonio de Assis Brasil

transformou em livros os seus ensinamentos
sobre a criação literária ficcional, a partir das
experiências adquiridas em sala de aula.

Pensador e teórico da semiótica francês,

cujas contribuições revolucionaram os
estudos literários e culturais. Sua abordagem
analítica e crítica influenciou diversas áreas
do conhecimento, explorando temas como
LEITURAS INDICADAS linguagem, significado, cultura, moda e
27:27
fotografia. Barthes é reconhecido como
A arte da ficção um dos principais teóricos do século XX
John Gardner explora, nesta obra, os
e sua obra continua a ser uma referência
aspectos fundamentais da escrita de ficção.
importante no campo dos estudos culturais e
O autor aborda temas como estrutura
da semiótica.
narrativa, desenvolvimento de personagens
e o papel do escritor na criação de histórias
cativantes.

Roube como um artista

A obra de Austin Kleon convida os leitores a

‘‘
repensarem a criatividade, encorajando-os
a encontrar inspiração nas obras de outros 34:19 A literatura sempre, qualquer
artistas e a abraçar a prática do ‘‘roubo’’ texto na verdade, é escrito a partir

’’
criativo. de outro texto..

27
 AULA 3 • PARTE 3

Literatura linear e não-linear 05:35

A literatura pode ser dividida em

duas categorias: linear e não-linear. A
literatura linear é amplamente apreciada PERSONALIDADE
pelo público, pois segue uma estrutura 07:58
tradicional com começo, meio e fim, James Joyce
seguindo uma linha cronológica.

No entanto, muitos escritores que têm

afinidade com esse estilo ao lerem, sentem
o desejo de experimentar algo não-linear
ao escreverem suas próprias obras. Um
exemplo notável de literatura não-linear
é encontrado no romance “Ulysses”,
do irlandês James Joyce, em que o
Escritor irlandês conhecido por suas
pensamento da personagem Molly Bloom
contribuições ao modernismo literário,
é apresentado de forma não-sequencial.
em especial pela obra Ulysses, que é
É fundamental, porém, compreender os considerada uma das obras literárias mais
elementos da estrutura linear tradicional, influentes do século XX e revolucionou
seus parâmetros e técnicas, antes de a narrativa ficcional pela sua estrutura
explorar narrativas mais experimentais. experimental e uso da linguagem.
Podemos utilizar como referência as
obras da escritora Clarice Lispector, que
apresenta tanto romances não-lineares
quanto contos lineares, demonstrando sua LEITURA INDICADA
08:24
habilidade em transitar entre diferentes
formatos literários.
Ulysses

‘‘ Devemos dominar os
parâmetros para, depois, e
a partir desses parâmetros,
11:35

’’
rompê-los.

Publicado por James Joyce, retrata um

dia na vida de Leopold Bloom e Stephen
Dedalus em Dublin, na Irlanda, em 16 de
junho de 1904. É conhecida por sua estrutura
complexa, estilo experimental e uso inovador
de técnicas literárias, incluindo fluxo de
consciência e paródia de diferentes estilos
literários.

28
CURIOSIDADE
21:05
Bloomsday

22:37 Contos

O conto é uma forma de narrativa em

Feriado irlandês dedicado ao personagem
Leopold Bloom, protagonista do livro
“Ulisses” de James Joyce, comemorado no
dia 16 de junho. Em várias partes do mundo,
o Bloomsday é celebrado com atividades
literárias, performances e encenações para
relembrar os eventos descritos no livro.
prosa que apresenta uma extensão
limitada em que há algo errado, ou
seja, um conflito – elemento que segue
presente em toda a narrativa literária e
impulsiona as ações dos personagens.
A síntese dramática é o que caracteriza
o conto como curto, condensando
o conflito em um episódio que o
representa simbolicamente. Além disso,
o conto é estruturado com foco em um
final, permitindo que o escritor trabalhe
com diferentes efeitos emocionais no

‘‘ O conto é uma narrativa em

prosa de certa extensão, em que
há algo errado. O que muda? A
23:10
leitor, como surpresa, riso ou atenção.

O professor apresenta Guy de

Maupassant, Edgar Allan Poe e
extensão, provavelmente. O algo Tchékhov como importantes escritores

’’
errado, não. que abordaram o gênero do conto
com perspectivas distintas. Enquanto
Maupassant se destacou por seus
LEITURA INDICADA contos realistas, Allan Poe trouxe
23:52 uma abordagem mais voltada para o
Como funciona a ficção suspense e o sobrenatural. Por sua vez,
Tchékhov desviou-se dos elementos
extraordinários, valorizando o cotidiano
e os personagens comuns.

Ao apresentar informações de forma

James Wood, professor de crítica literária na
Universidade de Harvard, analisa elementos
essenciais da narrativa, como personagens,
detalhes, diálogo e linguagem em textos
ficcionais.
mais sucinta, fator que o diferencia do
romance, por exemplo, o conto muitas
vezes sugere, subentende e deixa
lacunas para que o leitor preencha
com sua própria interpretação e
imaginação – potencializando, portanto,
a importância do subtexto no gênero.
Essa interação entre o texto e o leitor
torna a experiência do conto singular e
estimula a reflexão e a conexão pessoal
com a narrativa.

29
PERSONALIDADE
30:53
Edgar Allan Poe

PERSONALIDADE
37:17
Anton Tchékhov

Renomado escritor e poeta norte-americano

do século XIX, conhecido por suas
contribuições para o gênero do conto e por
sua habilidade em explorar temas sombrios e
psicológicos em suas obras.

Foi um renomado escritor, médico e

dramaturgo russo do final do século
XIX. Suas principais contribuições para a
literatura incluem a revitalização do conto
como forma literária e sua habilidade em
retratar a complexidade das emoções
humanas. Seu livro mais popular, “A Gaivota”,
é considerado uma obra-prima do teatro
realista, explorando de forma profunda os
conflitos familiares e as aspirações artísticas.

30
 AULA 3 • PARTE 4

Contos II 00:24

A Teoria do Iceberg de Hemingway,

aplicada aos contos, sustenta que a
narrativa contística é como um iceberg, no PALAVRA-CHAVE
qual apenas uma pequena parte do enredo 00:55
é revelada explicitamente, enquanto a
maior parte permanece implícita e oculta. Teoria do Iceberg: A Teoria do
Iceberg de Hemingway, aplicada aos
Assim, o autor utiliza recursos como
contos, sustenta que a narrativa é
diálogos sugestivos, subtextos e omissões como um iceberg, no qual apenas
intencionais para instigar a participação uma pequena parte do enredo é
ativa do leitor, desafiando-o a deduzir e revelada explicitamente, enquanto
interpretar o significado subjacente e as a maior parte permanece implícita
entrelinhas da história. e oculta. Assim, o autor utiliza
recursos como diálogos sugestivos,
Um exemplo disso ocorre no conto subtextos e omissões intencionais
“Colinas como Elefantes Brancos”, em que para instigar a participação ativa
Hemingway descreve um casal que discute do leitor, desafiando-o a deduzir e
interpretar o significado subjacente e
em uma estação de trem, mas, como todos
as entrelinhas da história.
ao redor podem ouvi-los, eles evitam falar
diretamente sobre o assunto que está em
jogo. Essa omissão do conteúdo essencial
fortalece a história, deixando espaço
para que o leitor participe ativamente na PERSONALIDADE
construção do significado, destacando a 09:34
importância do subtexto em contos. Júlio Cortázar
O escritor argentino Júlio Cortázar, no
entanto, destaca que um bom conto tem
que ser impactante, enfatizando que
sempre deve ocorrer algo significativo no
decorrer da história. A principal diferença
entre conto e romance, segundo Cortázar,
está na concisão: o conto é uma narrativa
precisa que, diferente do romance, exige
um cuidado minucioso com cada palavra Escritor argentino, reconhecido por sua
e frase, aproximando-se, em alguns notável contribuição para a literatura latino-
aspectos, da poesia. americana. Sua obra é marcada por uma
mistura única de realidade e fantasia, onde
Uma técnica sugerida pelo professor o cotidiano se mescla com o extraordinário.
para a prática de contos e criação Cortázar revolucionou a forma de escrever
de subtextos envolve narrar um dia contos, explorando técnicas narrativas
na vida de um personagem, focando inovadoras e desconstruindo as convenções
nas ações e evitando revelar o motivo tradicionais da prosa.
de seu comportamento atípico. Essa
estratégia permite ao leitor inferir um
significado oculto ao longo da narrativa,
sem a necessidade de uma explicação
direta. A criação de subtexto é uma
habilidade essencial na escrita de contos,
contribuindo para a sua força narrativa e

31
impacto sobre o leitor.
 ‘‘ O romance vence por pontos,
’’
o conto vence por nocaute.
18:28
LEITURAS INDICADAS
19:04
Olhos d’Água
Obra de Conceição Evaristo, composta por
uma coletânea de contos que retratam de
forma sensível e contundente a vida das
mulheres negras nas periferias urbanas do
Brasil.
Manual da Faxineira
Coletânea de contos da escritora Lúcia
Berlin, em que ela nos transporta para
o universo de personagens comuns,
explorando suas vidas, experiências e
emoções por meio de histórias cativantes e
repletas de detalhes.
21:30
15:37
PERSONALIDADE
Conceição Evaristo
Escritora brasileira, reconhecida por suas
obras que abordam questões de gênero,
raça e classe social. Sua escrita é marcada
pela sensibilidade e pela representação
das vozes marginalizadas da sociedade,
trazendo à tona histórias e experiências que
muitas vezes são negligenciadas. É autora
de “Ponciá Vivêncio”, “Becos da Memória”,
“Olhos d’Água”, entre outros sucessos.
PERSONALIDADE
Clarice Linspector
Clarice Lispector foi uma escritora
brasileira, nascida na Ucrânia, conhecida
por sua escrita introspectiva e experimental,
explorando temas como identidade, solidão,
existencialismo e os dilemas da condição
humana. Autora de romances, contos, e
ensaios, é considerada uma das escritoras
brasileiras mais importantes do século XX.
32
Minicontos 26:24

O miniconto é uma forma de narrativa

breve que se destaca por apresentar um
conflito único ou insinuado, privilegiando o
LEITURA INDICADA
momento ou instante narrativo. 28:16
Nesse tipo de conto, o autor conta uma
Os cem menores contos
história que instiga o leitor a preencher as
brasileiros
lacunas e imaginar os desdobramentos a
partir desse momento crítico apresentado.
O objetivo é criar uma situação que
desperte a curiosidade e permita ao
leitor intuir a história a partir desse breve
fragmento narrativo.

Conhecido também como microconto

ou nanoconto, o miniconto desafia
a capacidade de síntese do autor,
condensando significado e sugestão
em poucas palavras, estimulando a
participação ativa e a imaginação do leitor.
Coletânea de microcontos, organizada pelo
escritor Marcelino Freire, em que mais de
Em aula, o professor ilustra o tema com o
50 artistas brasileiros contemporâneos
seguinte conto de Cíntia Moscovich: aceitaram o desafio de produzir histórias de
até cinquenta letras.
“Uma vida inteira pela frente.

O tiro veio por trás.”

40:33 Considerações finais

Antes de encerrar a disciplina, Luís

Roberto Amabile de Souza Júnior
propõe a seguinte reflexão aos alunos
presentes em sala de aula, a fim de
incentivá-los em suas próximas criações
literárias: Todo mundo tem uma história
pra contar, seja ela fictícia ou não, a
pergunta é: qual é a sua história? Qual é
a história que só você pode contar?

33
 Resumo da disciplina
Veja, nesta página, um resumo dos principais conceitos vistos ao longo da disciplina.

AULA 1

As associações de ideias ocorrem no

plano consciente e no plano inconsciente.

A escrita criativa é, na essência, o

retorno das humanidades à vida
acadêmica.
O que faz a pessoa escrever uma
obra literária não é o texto, é o
subtexto.

AULA 2

Escrever um romance é estar todo

o tempo em luta contra o bocejo do
escritor.

A personagem consistente não vai viver

uma história, a personagem consistente
vai criar a história.

A personagem é um ser autônomo

em relação à história.

AULA 3

A escrita criativa se baseia em

metodologia ativa.

Devemos dominar os parâmetros

para, depois, e a partir desses
parâmetros, rompê-los.

O romance vence por pontos, o conto

vence por nocaute.

34
 Avaliação
Veja as instruções para realizar a avaliação da disciplina.

Já está disponível o teste online da disciplina. O prazo para realização

é de dois meses a partir da data de lançamento das aulas. ​

Lembre-se que cada disciplina possui uma avaliação online.

A nota mínima para aprovação é 6. ​

Fique tranquilo! Caso você perca o prazo do teste online, ficará aberto
o teste de recuperação, que pode ser realizado até o final do seu curso.
A única diferença é que a nota máxima atribuída na recuperação é 8. ​