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COMPORTAMENTO
Wilson Melo e Márcio Englert Barbosa
Maximiliano Wilson
Conheça
c o livro da disciplina
-
CONHEÇA SEUS PROFESSORES 3
EMENTA DA DISCIPLINA 4
BIBLIOGRAFIA DA DISCIPLINA 5
MAPA DA AULA 7
RESUMO DA DISCIPLINA 44
AVALIAÇÃO 45
2
Conheça
c seus professores
-
WILSON MELO
Professor Convidado
3
Ementa da Disciplina
O uso de técnicas comportamentais no contexto das Terapias Cognitivo-
Comportamentais. Aproximações e afastamento dos modelos comportamentais
e cognitivos. As diferentes fases de desenvolvimento das Terapias Cognitivo-
Comportamentais.
4
Bibliografia da Disciplina
As publicações destacadas têm acesso gratuito.
Bibliografia básica
5
O que compõe
o o
s
Mapa da Aula?
MAPA DA AULA
São os capítulos da aula, demarcam
momentos importantes da disciplina,
servindo como o norte para o seu FUNDAMENTOS
aprendizado.
Conteúdos essenciais sem os quais você
pode ter dificuldade em compreender a
matéria. Especialmente importante para
alunos de outras áreas, ou que precisam
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
relembrar assuntos e conceitos. Se você
estiver por dentro dos conceitos básicos
Questões objetivas que buscam
dessa disciplina, pode tranquilamente
reforçar pontos centrais da disciplina,
pular os fundamentos.
aproximando você do conteúdo de
forma prática e exercitando a reflexão
sobre os temas discutidos.Na versão CURIOSIDADES
online, você pode clicar nas alternativas.
Fatos e informações que dizem
respeito a conteúdos da disciplina.
PALAVRAS-CHAVE
Conceituação de termos técnicos,
expressões, siglas e palavras específicas
do campo da disciplina citados durante DESTAQUES
a videoaula.
Frases dos professores que resumem
sua visão sobre um assunto ou situação.
VÍDEOS
Assista novamente aos conteúdos
expostos pelos professores em vídeo.
Aqui você também poderá encontrar ENTRETENIMENTO
vídeos mencionados em sala de aula.
Inserções de conteúdos para tornar
a sua experiência mais agradável e
PERSONALIDADES significar o conhecimento da aula.
6
Mapa da Aula
Os tempos marcam os principais momentos das videoaulas.
AULA 1 • PARTE 1
7
A nossa personalidade e 07:15
as nossas características
são tanto herdadas
filogeneticamente quanto
também moldadas
ontogeneticamente pelas PALAVRA-CHAVE
nossas experiências. 08:17
Conhecimento declarativo: é
onde existe o mundo conceitual
das crenças, que estruturam nossa
percepção de nós mesmos e do
mundo que nos cerca.
O nosso jeito de ser tem a ver 13:12 Conhecimento procedural: refere-
com coisas que acreditamos se ao funcionamento das coisas,
e coisas que aprendemos a suas transformações, processos e
fazer de uma determinada funcionamentos.
forma. Isso tem a ver com
experiências significativas
da nossa história de vida,
mas também tem a ver com
aspectos biológicos.
13:36 Abordagens da 1ª onda
8
Já com Skinner, propõe-se a ideia de
que muitos comportamentos não são
John Watson, então, 21:58 aprendidos de maneira reflexa, mas sim
é representante desse como consequências ambientais. A ideia de
behaviorismo metodológico, “operante”, ou seja, aquele comportamento
em que ele traz dentro dessa realizado de forma deliberada, relaciona-
perspectiva a ideia de que nós se como fluxo cognitivo a certos reforços
podemos entender também ambientais. É nesse contexto que Skinner
os processos emocionais desenvolve o conceito de punição, como
como algo que é aprendido. um condicionante ambiental que diminui
a intensidade e a frequência de certas
respostas comportamentais. Ou seja: a
punição é um estímulo discriminatório que
barra determinada atitude.
O nosso comportamento 25:15
se mantém porque ele tem Dentro dessa linha de raciocínio, o professor
uma função no ambiente. apresenta o pensamento de Albert Bandura,
Se essa função estiver caracterizado pelo condicionamento vicário,
associada a respostas que ou pela aprendizagem social. Bandura
sejam reforçadoras, isso vai enfatiza o reforço em sua perspectiva
aumentar a chance daquele social, de padrões compartilhados.
comportamento ser emitido
Para Skinner, a modelagem se refere ao
novamente.
fato de reforçarmos o comportamento do
indivíduo conforme ele se aproxima do
comportamento desejado. Já para Bandura,
a modelação é quando o modelo ambiental
apresentado é, de certa forma, copiado e
Quando a gente aprende um 26:37 assimilado pelo indivíduo por meio de sua
determinado comportamento, própria representação mental.
a curva de desaprendizagem
é mais longa. É mais Nesse sentido, o comportamentalismo
demorado desaprender esse trouxe a mensurabilidade e a previsão de
comportamento depois que comportamentos como centrais para a
eu o aprendi. análise psicológica. Também entende-se
que existe uma variação, inclusive, genética
para a aprendizagem de comportamentos.
33:52
Essa aprendizagem que os
nossos ancestrais tiveram é
transmitida de uma geração
para outra, através da filogenia.
Isso acaba fazendo com que
eu tenha uma suscetibilidade
a determinados tipos de
aprendizagem.
9
Condicionamentos respondente e
35:22
operante
10
AULA 1 • PARTE 2
11
Ela consiste em quatro etapas, que iniciam
com o treino de técnicas de relaxamento. 28:47
A questão é que ele não sabe
Depois, há de se desenvolver uma como enfrentar esse medo.
escala de ansiedade subjetiva, para que Por isso, a exposição vai ser
o paciente quantifique suas fobias de necessária, porque a gente
forma hierárquica. Assim, posteriormente, vai estar agindo num nível
começam a existir estímulos para que o de procedimento, no nível
paciente trabalhe num nível intermediário procedural, de como lidar.
de desconforto, enfrentando níveis mais
leves de fobia, se expondo, mas em níveis
seguros. É desejável que o terapeuta
transmita, nesses momentos, atitudes
de confiança, aliando modelação e 30:27
Intervenções cognitivas
modelagem.
e comportamentais
O planejamento da exposição, com efeito, modificam também
relaciona-se a estímulos eliciadores de o meu sistema de
ansiedade, o que passa a ocasionar uma crenças. Eu também
diminuição da fobia por meio de um nível vou ter uma resposta
corporal, de enfrentamento, e não por emocional e cognitiva
meio de um conhecimento meramente atuando exclusivamente
declarativo. Logo, a prática busca ensinar no comportamento.
uma resposta de relaxamento em relação
à exposição gradual ao estímulo de
ansiedade, de modo que o paciente pouco
a pouco enfrente esse comportamento,
mas também essa crença.
33:18
Se a pessoa tem muitos
A fobia, muitas vezes, parte de um medo medos, de maneira mais
irracional, desproporcional. Também é difusa, talvez considerar o
necessário identificar se as fobias são diagnóstico de ansiedade
específicas, ou generalizadas. Muitas vezes, generalizada faça mais
a dessensibilização sistemática pode ser sentido. Aí, o trabalho é mais
feita a partir de imagens mentais, caso cognitivo no TAG - Transtorno
o paciente num primeiro momento não de Ansiedade Generalizada -
consiga enfrentar a materialidade daquela do que é nas fobias.
fobia.
12
AULA 1 • PARTE 3
11:48
A modificação do ambiente,
das contingências
ambientais, vai modificar o
comportamento. É o princípio
do modelo comportamental.
13
Abordagens da 2ª onda 12:41
PERSONALIDADE
16:56
Jean Piaget
14
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
AULA 1 • PARTE 4
Histórico 00:25
15
Nos anos 1960, Beck passa a entender os
transtornos do humor como transtornos 06:48
do pensamento, desenvolvendo a teoria A psicanálise diz que a ideia
das distorções cognitivas. Assim, ele fica recalcada, mas o afeto
entendeu que a maneira através da qual fica solto. Então, a ideia está
interpretamos os acontecimentos está recalcada no meu inconsciente,
relacionada à estruturação das nossas mas o afeto da tristeza, que
próprias crenças. Por esse motivo, entendeu- está presente na depressão,
se que as distorções cognitivas tinham papel
aparece no meu dia a dia em
fundamental nas psicopatologias, sobretudo
função daquele material que
na depressão.
está recalcado.
11:03
O paciente deprimido tem
uma opinião péssima a
respeito dele próprio; uma
visão negativa acerca do
contexto, do mundo; uma
Na terapia cognitiva, paciente 13:13 visão igualmente negativa
e terapeuta são vistos como também em relação ao
dois cientistas que estão futuro, que é a desesperança.
gerando hipóteses e as A desesperança é a
testando. Por isso, a ideia das principal variável cognitiva,
tarefas de casa. É uma terapia inclusive, associada ao
em que tanto o terapeuta é comportamento suicida.
muito ativo no tratamento,
quanto o próprio paciente vai
ser convidado a ser ativo.
16
Se eu tenho um 18:42
paciente com
múltiplos diagnósticos,
eu tenho que ter um
olhar transdiagnóstico.
24:21
Nós temos que olhar para
aquilo que funciona, não para
aquilo que eu gosto ou que eu
me identifico, mas para aquilo
que tem evidência.
Um paciente com TOC, se 24:45
for tratado com psicanálise,
a tendência é que ele
piore. Porque vai ter uma
intervenção que vai ser
ansiogênica, que não vai
oferecer subsídios para
26:14 Abordagens da 3ª onda
ele lidar e manejar com a
ansiedade dele. A gente tem
As abordagens da terceira onda
que começar a selecionar por
integram outras escolas psicoterápicas,
aquilo que funciona.
compartilhando perspectivas, porém
desenvolvendo técnicas específicas. Elas
fundamentam seu entendimento além das
ciências cognitivas, trazendo abordagens
como a aceitação.
Uma nova onda assimila 27:34
coisas das ondas anteriores, Melo ainda faz certa crítica à falta de
e acaba, de alguma maneira, contundência teórica sobre a relação
também sendo influenciada terapêutica na TCC, em oposição à
pela onda anterior. psicanálise.
17
Os níveis de cognição são importantes
PERSONALIDADE categorias para serem pensadas pela TCC.
35:22
Compostos por pensamentos automáticos,
Oscar Wilde crenças centrais e intermediárias, esses
níveis formam o comportamento e as
maneiras pelas quais o indivíduo se enxerga
perante o mundo e perante si mesmo.
36:13
Oscar Wilde (1854 - 1900) foi um escritor É mais econômico
e dramaturgo irlandês. Seu único romance, cognitivamente eu me
O Retrato de Dorian Gray (1890), é um dos relacionar com alguém que
mais importantes romances da literatura me vê como eu me vejo, do
mundial contemporânea, com temas a que alguém que me vê de
respeito da mortalidade e da existência uma maneira muito diferente
artística. Preso pela sua homossexualidade, daquilo que eu sou.
na prisão escreve “De Profundis” (1897),
a respeito da sua condição de prisioneiro
e os trágicos futuros do seu amor para a
sociedade vitoriana. Após sair da prisão, 37:28
mudou-se para a França, onde morreu Eu posso ser o meu pior
prematuramente aos 46 anos, nunca mais inimigo. Se eu tenho uma
tendo retornado ao Reino Unido. opinião de mim que eu sou
alguém que não merece ser
amado, eu vou tender a me
relacionar com alguém que me
trata como um lixo, que me
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO coloca para baixo.
Tendemos cognitivamente a
nos relacionar com pessoas que
confirmem as nossas crenças.
18
AULA 2 • PARTE 1
Diagrama de conceitualização
01:08
cognitiva
19
As situações vão ilustrar como, 14:27
no presente, está funcionando
aquele sistema de crença.
20
Desse modo, por vezes é preciso aprender
São as emoções que trazem 21:46 e aceitar as características ambientais,
o paciente para o tratamento. todavia, modificando a percepção dele. É
Então, não faria sentido uma nesse sentido pedagógico que a terapia
intervenção que não olhasse cognitiva age: para uma psicoeducação.
para essas emoções como Assim, o paciente a identificar suas
uma variável que está sendo respostas emocionais, tendências e
avaliada, mensurada, que pode crenças, ele passa a adquirir uma maior
ser modificada. independência e autonomia psicológica.
Logo, a função da TCC é também tomar
consciência das emoções quando elas
surgem, identificando e rotulando
pensamentos automáticos a fim de possuir
Nós precisamos sempre 24:40 uma mentalidade mais funcional, familiar a
adaptar à nossa intervenção si mesma.
ao paciente, e não o
contrário. Eu não posso fazer
o paciente ter de se adaptar
à minha intervenção.
29:05
Em função da epigenética,
os genes, que carregamos
no nosso corpo, não são
simplesmente transportadores
de características. Nós
A TCC é um tratamento 31:54
sabemos atualmente,
orientado para o aqui e
graças à epigenética, que
agora, mais voltado para
as experiências que nós
intervenções no presente.
Mas nós podemos sim falar
passamos na nossa vida
do passado e olhar para o também podem modificar,
passado quando isso fizer pela metilação genética, a
sentido dentro da história maneira com que esses genes
clínica daquele indivíduo e transmitem essas informações.
dentro daquele trabalho que
a gente está desenvolvendo
com ele.
34:31
Aceitar [...] não significa
concordar nem achar bom.
Aceitar a realidade significa
tomar as coisas como elas
estão sendo.
21
Tem inúmeros protocolos que 44:38
têm um número determinado
de sessões. Nós não vamos
utilizar, na prática clínica,
estes protocolos em si. O
tratamento não é engessado
dessa forma.
AULA 2 • PARTE 2
Esquemas 00:52
22
Distorções cognitivas 07:17
23
[Na abstração seletiva], por 26:28
mais que eu tenha outros
estímulos concorrentes que
desconfirmem isso, a minha
atenção vai seletivamente
pinçar aquela informação que
confirma que aquilo que eu
acredito é verdadeiro. 31:13
Muitas pessoas acabam,
muitas vezes, trazendo para si
uma hiper-responsabilização,
assumindo para si algo que
não necessariamente precisa
ser. Talvez esse senso de
inadequação, que algumas
pessoas podem experimentar
A gente poder identificar 31:53 numa situação de interação
e rotular esse processo de social, possa ter a ver com esse
distorção pode ser muito padrão de distorção cognitiva,
útil para a gente poder, que todos nós apresentamos
tanto numa autoterapia em algum nível.
poder se ajudar e se
beneficiar de uma
reinterpretação, quanto
ajudar os nossos pacientes
quando eles trouxerem
isso para dentro do 38:19
A gente pode ser um pouco
contexto de tratamento.
mais diretivo. O que a
gente sabe é que tem um
efeito melhor, em termos
de reestruturação cognitiva,
nós usarmos a descoberta
Nós não temos controle sobre 40:12 guiada, que é conduzir o
quanto do material da sessão questionamento de forma que
o paciente absorve. Algumas o paciente se dê conta.
vezes, a gente tem que, de
fato, mastigar um pouco mais,
porque pode ser que uma
orientação mais focada nessa
descoberta guiada seja mais
demorada, ou não aconteça. 41:52
Os pacientes ficam
procurando uma solução
perfeita. Tanto essa busca
de certeza, essa intolerância
à incerteza, quanto a crença
de que existe uma decisão
perfeita, e eu tenho que achar
essa decisão perfeita, pode
acabar fazendo com que eu
não identifique qual é o nível
mínimo de aceitabilidade na
minha decisão.
24
AULA 2 • PARTE 3
25
Uma crença hipervalente tem o limiar de
ativação muito baixo, o que faz com que
Nós vamos ter esquemas que 16:18
o esquema se manifeste mais facilmente.
são ativados e desativados
É nesse sentido que a psicoterapia pode
o tempo todo. Esses
agir, por exemplo, ao atentar também para
esquemas, padrões cognitivos
estáveis, são a base para a as possíveis deformações a respeito da
interpretação dos eventos. apreensão da realidade e das ativações
emocionais dos esquemas. Ademais, as
deformações podem se dar em diferentes
níveis, graus e intensidades.
18:41
Nós temos vários esquemas,
que estão o tempo todo
trocando de lugar e assumindo
o controle. Ora um está
rodando, está valente, os
outros estão latentes, ora
aquele ali está valente. Um
Nós não lidamos com o fato. esquema que é hipervalente
20:32
Nós lidamos com narrativas, significa que ele está rodando
com memórias referentes muito, que ele está sendo
àquele evento que aconteceu muito ativado.
em si.
26
Esquema de processamento
24:25
cognitivo
As deformações na interpretação
cognitiva e na representação mental
se dão em níveis similares para
todos, independente se portadores
Nós temos diversos 34:19 de psicopatologias ou não.
niveis de intervenção na
terapia cognitiva, que vão
Uma crença hipervalente tem seu
desde intervenções nos limiar de ativação muito baixo.
pensamentos automáticos,
até no processo de
As crenças centrais são
Resposta desta página: alternativa 3.
interpretação do evento,
necessariamente construídas
focando também em
até os oito anos. Pelo fato de
modificação e reestruturação permanecerem inalteradas ao longo
cognitiva no sistema da vida, a psicoterapia não deve
de crenças, no nível nunca realizar intervenções para
intermediário e também no mudá-las.
nível de crença central.
27
AULA 2 • PARTE 4
28
Essa rotulação pode ser usada de forma
a rotular as emoções, de modo que o 12:46
paciente perceba a si mesmo, por exemplo, Nós temos que pegar queixas
catastrofizando determinada situação. Esse que muitas vezes são vagas,
tipo de técnica antecedente ajuda o paciente e traduzir essas queixas em
a entender seus funcionamentos, tanto de problemas objetivos, que
uma forma metacognitiva quanto na redução possam nos ajudar a saber
da sua ativação emocional. quando a gente atingiu ou não
atingiu aquela meta, aquele
Outra técnica cognitiva é a seta objetivo no tratamento.
descendente, investigativa, no sentido
de perceber crenças centrais a partir de
pensamentos automáticos. Assim, ela visa
atingir pontos centrais do funcionamento
comportamental do paciente, em suas
16:59
crenças principais. O método socrático diz
respeito à gente confrontar
O registro diário de pensamentos
a maneira com que o
disfuncionais busca, geralmente, anotar
paciente acredita - não de
possíveis funcionamentos não desejados,
uma maneira que eu vá fazer
situações não desejadas, e as emoções a isso
afirmações que provoquem
associadas.
um contra-argumento, mas
fazer perguntas que façam o
paciente refletir acerca daquilo.
29
Assim, o estudo a respeito dos transtornos
mentais está fortemente imbricado com seus 32:09
prognósticos e suas particularidades clínicas. Transtorno mental é tudo
Os sinais e sintomas são essenciais para uma aquilo que gera uma disfunção
observação diagnóstica, tanto para aquilo psicológica, ou seja, tem que
percebido pelo profissional quanto por ser algo disfuncional, que
aquilo relatado pelo paciente. acontece fora de um contexto
daquilo que seria esperado.
O diagnóstico também serve para um Tem que estar associado
parâmetro comparativo. Um diagnóstico a sofrimento e a prejuízos
diferencial, por outro lado, exige um olhar relacionados a esse padrão de
mais completo, em termos psicopatológicos, funcionamento.
do profissional clínico. Também é necessário
apresentar os prognósticos possíveis dentro
de cada caso clínico, dando desfechos a
partir de experiências já existentes. Outro
conceito fundamental para diagnósticos é EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
o fator de risco e o fator de proteção, que
devem ser entendidos de forma a prever Assinale a alternativa correta:
diferentes cenários futuros possíveis.
O questionamento socrático é
uma técnica que busca que o
paciente escreva diariamente seus
O diagnóstico não é um 36:05 pensamentos disfuncionais.
rótulo. O diagnóstico é um
nome técnico dado para
aquilo que o paciente me
traz como uma queixa. O
diagnóstico permite eu
me comunicar com outros
profissionais, classificar
Resposta desta página: alternativa 2.
30
A ideia de curso e prognóstico 39:13
nos dá uma ideia de como o
transtorno se comporta ao
londo do tempo, e o que a
gente pode esperar de um
prognóstico mais favorável:
olha, tem tratamento para
isso; olha, não temos hoje
um tratamento com bastante
evidência para isso.
42:20
O DSM, e a CID também, da
mesma forma, trabalham mais
com o conceito de prevalência
do que de incidência.
AULA 3 • PARTE 1
31
Psicoterapia: ciência ou arte? 05:56
32
Algumas vezes, tem sessões 18:32
muito difíceis, que o paciente
não sai se sentindo melhor
do que ele entrou, e que
podem ser fundamentais
para o processo de melhora
no longo prazo.
21:23
Tem fatores inespecíficos que
inevitavelmente fazem parte do
processo de psicoterapia. Não
tem como a gente se descolar,
pessoalmente, de quem somos
como terapeutas.
Como o tratamento é mais 23:22
estruturado, é mais fácil tu
treinar o terapeuta para se
organizar dentro daquela
estrutura, e para seguir uma
certa sequência, ou lógica,
pelo menos, de aplicação
25:29 Falhas no julgamento clínico
de técnicas.
A psicoterapia é composta por elementos
tanto passíveis de avaliação e protocolos
quanto elementos artísticos. Quanto
mais o terapeuta se afasta do protocolo,
mais ele consequentemente se afasta da
eficácia quantitativa de certos métodos.
Em última instância, 27:03 Os viéses pessoais aparecem no percurso
julgamentos são falhos.
e no julgamento clínicos, que também são
Julgamentos humanos
passíveis de erros.
são falhos. E o julgamento
clínico não é menos falho
do que o julgamento dos
seres humanos.
33
Os retornos e feedbacks precisam ser
Às vezes, quando tu propõe 41:21
olhados sentimentalmente em suas curvas
uma técnica e aquilo não
e descaminhos verbais, linguísticos e
funciona muito bem durante a
comportamentais. O terapeuta deve
sessão - parece que o paciente
expandir o diagnóstico além das crenças
não entendeu o que tu estava
protocolares em casos de psicopatologias,
querendo dizer, ou ele deu
um feedback de que não fez mobilizando seus conhecimentos técnicos
sentido para ele - tu sai com de modo a pessoalizar o tratamento. O
uma sensação péssima, e tu tratamento é um processo longo, composto
muda a direção do que tu está por melhoras que brotam em diferentes
propondo, começa a trabalhar intervalos e intensidades do tempo analítico
numa outra direção. e reflexivo. Nesse sentido, apesar da
confiança ser necessária para o julgamento
clínico, o terapeuta deve saber fazer uma
justa medida em relação aos procedimentos
A confiança excessiva é o 42:56 que estão sendo desenvolvidos.
terapeuta começar a ficar
excessivamente confiante de
que a forma como ele está
vendo é o que é, de que esse
é o jeito certo de ver, com LEITURA INDICADA
mais confiança do que as 44:40
pesquisas sugeririam, do que a Livro: Rápido e devagar
probabilidade sugeriria.
PERSONALIDADE
44:57
Daniel Kahneman
34
AULA 3 • PARTE 2
10:58
Uma comparação útil, simples
e bastante utilizada é a intra
sujeito, comparar ele com ele
mesmo. Fazer medidas pré-
intervenção e pós-intervenção.
35
Eu tenho que encontrar, para 12:37
dizer que a minha terapia
foi eficaz, um resultado
significativamente melhor
do que a passagem do
tempo naquelas pessoas que
passaram pela psicoterapia.
15:01
Se eu estou propondo um
método de intervenção, é
porque eu acredito que esse
método funcione. Quando eu
aplico esse método, quando eu
vou para a prática, eu posso,
de novo, estar exposto a alguns
Tipos de estudo 18:21 viéses, e começar a achar que o
paciente está melhorando mais
Metanálises geralmente possuem uma do que ele está melhorando.
maior potência do que estudos de caso.
As análises randomizadas podem, por
vezes, transpassar uma maior confiança.
Uma metanálise e estudos com um
maior número de pacientes tendem a 27:23
Antes da metanálise - que tem
demonstrar uma maior eficácia a respeito
que compilar vários ensaios
do tratamento.
- o ensaio clínico é o ouro,
Já os estudos de processo-resultado o padrão-ouro que a gente
possuem um menor foco na remissão tem, o mais robusto que a
dos sintomas, tendendo a produzir gente tem para avaliar esses
um pensamento sobre as mudanças resultados.
de processo psicológico que levam ao
resultado.
32:03
As exclusões são importantes
no processo de pesquisa.
Enquanto trabalhando como
pesquisador, eu vou sempre
defender que a gente precisa
fazer isso. Porque, se não, a
gente mistura um monte de
coisa e não entende o que
aquele resultado significa.
36
Intervenções para transtornos
34:20
psiquiátricos
39:14
A terapia cognitiva beckiana
usa um monte de técnicas
que são comportamentais,
que são da gestalt, mas ela
dá a sua roupagem para
aquilo. Praticamente todos
Evidências e aplicações 42:22 os modelos que a gente
vai estudar não criaram um
Reforça-se a leitura da divisão 12 da APA, conjunto de técnicas só seus,
que divide as aplicações entre modestas, e é só aquilo a terapia. Quase
controversas e fortes. Já respondendo sempre, se amparam naquilo
a um questioamento em aula, Barbosa que já foi construído.
destaca a sobreposição de técnicas num
mesmo tratamento como algo importante
de ser olhado. Dentro da especificidade
dos mecanismos, é analisado,
respectivamente, cada construto em
relação à sintomologia. 46:51
Se melhorou o sintoma e teve
Já sobre a relação entre psicologia e mudança no processo de
terapia baseada em evidência, Barbosa aceitação, então trabalhar a
interpreta que todo trabalho psicológico aceitação é um construto útil
deve ser baseado em evidências, para alcançar a melhora que a
em benefício de construtos teóricos, gente está visando.
epistemologicamente organizados e
dispostos.
37
Toda terapia é construída 48:47
a partir de uma visão
teórica, e essa visão
teórica está vinculada a
uma visão de mundo e de
funcionamento humano.
AULA 3 • PARTE 3
Desafios 00:58
38
Ao mesmo tempo, quanto mais bem
estruturados os protocolos, maior é
12:35
a tendência de eles darem resultado. Se eu trabalho com
Pesquisas de processo podem ajudar a uma terapia cognitivo-
entender os mediadores, assim como comportamental, eu vou fazer
melhor trabalhar a especificidade de cada uma avaliação de como está
caso. o funcionamento das crenças
centrais desse paciente, das
Nesse sentido, um dos desafios é combinar crenças intermediárias, dos
as diferentes técnicas e protocolos aos pensamentos automáticos, das
diferentes pacientes. Serão tratamentos distorções cognitivas. Esses
sequenciais ou combinados, em relação a vão ser elementos-chave para
mais de uma manifestação psicopatológica a gente avaliar, para nos ajudar
num mesmo paciente? Sempre haverá a compor essa receita de bolo
diversos componentes que se escondem para aquele paciente.
ou se sobrepõem nos diferentes níveis de
sintomas e manifestações do organismo
em específico. Eis o desafio: quanto
mais próximo dos protocolos, menos
individualizado o tratamento será. Tarefa 14:06
Pesquisas que respondem
nada fácil, o terapeuta deve mobilizar, em sobre a eficácia do tratamento
seu movimento, as técnicas em benefício raramente investigam os
dos diferentes passos clínicos do paciente. mecanismos de mudança.
A partir dessa complexidade, como agir
diante desses desafios? Barbosa propõe
uma leitura a partir das práticas baseadas
em evidências, como uma forma de
melhora do paciente a partir da integração 20:08
Este desafio é um desafio
dos diferentes conhecimentos clínicos com importante. A verdade é:
o contexto específico do paciente. quanto mais individualizado
fica o tratamento, mais distante
eu estou da evidência do
estudo. Quanto mais perto da
evidência do estudo, menos
individualizado esse tratamento
É importante a gente ficar 21:47 tende a ser.
atento, para que a gente
não perca o foco e não tire
a importância de uma boa
conceitualização de casos.
22:42
Não tem terapeuta infalível.
Não tem fórmula que sirva
para todo mundo. Tem meios
para a gente se organizar para
enfrentar esses desafios.
39
O processo clínico de tomada de
24:30
decisão
39:07
Se mais de 50% das pessoas
- em alguns transtornos, isso
chega acima de 80% - que
Este livro, organizado por Steven Hayes e portam determinado transtorno
Stefan Hofmann, demonstra um esforço têm mais de um transtorno,
coletivo por parte dos autores em relação ao
isso nos levanta muitas dúvidas
estudo de processos terapêuticos. Este livro
analisa os mecanismos responsáveis pelas se eu realmente sei o que é um
mudanças cognitivo-comportamentais a transtorno mental.
partir de processos.
40
Estamos num momento 40:22
em que existe um certo
descrédito sobre a forma
como a gente diagnostica.
E se realmente a gente
consegue entender o que
é depressão e o que é
transtorno de ansiedade, se a
comorbidade entre eles chega
a quase 60%.
AULA 3 • PARTE 4
Os modelos 00:35
comportamentais não usam
o modelo mediacional. Eles
entendem que tudo o que
acontece no organismo
é comportamento,
incluindo as coisas que
acontecem dentro da pele, 01:42
A minha relação com o
incluindo pensamento, ambiente interfere em como
emoção, sensação. Ou eu me comporto de forma
seja: quando eu digo que observável, e também em
isso é comportamento, o como eu me comporto
que eu estou querendo internamente, como acontece
dizer é: o que acontece meu movimento psicológico,
dentro de mim também mental, emocional.
está sujeito a aprendizado
via condicionamento.
41
Conceitualização cognitiva 08:45
42
Quando a filha ameaça tocar o terror na
No comportamentalismo, a 26:52 escola caso não leve o celular, os pais
gente fala em regras verbais, permitem esse comportamento agressivo,
que é quando, mentalmente, reforçando o padrão de ameaças da
a gente estabelece relações filha. Para a filha, a briga é utilizada como
entre antecedentes, forma de reforço, e seu isolamento é
comportamentos e uma resposta às críticas, adquirindo um
consequências. Como comportamento evitativo, ou seja, um
historicamente eu já emiti esse
reforço negativo, aversivo.
comportamento num contexto
semelhante e a consequência Os pais também reforçam de certa
foi x, eu imagino, eu espero, a forma esses comportamentos, que
regra diz que, se eu fizer isso fazem parte e ajudam a reproduzir o
de novo, a consequência será problema comportamental. Tanto o
x de novo. terapeuta quanto os pais podem reforçar
os comportamentos adaptativos, sendo
possivelmente atenciosos, organizando
os comportamentos a partir de uma outra
lógica.
É sempre esta a lógica: a 31:04 Essa tríplice contingência - entre
gente tem antecedentes, antecedentes, consequências e respostas
contextos nos quais aqueles - ilustram uma cadeia sequencial
comportamentos têm mais
entre eventos, que se desdobram em
chance de acontecer, e,
comportamentos, respostas e reforços.
depois, consequências que
A adolescente não se submete aos
estão os mantendo. Aqueles
limites dos outros, que muitas vezes
mais problemáticos estão
não acontecem de uma forma incisiva,
sendo mantidos por essas
sobretudo pelos pais. Nesse sentido, é
consequências. E aqueles que
desejável que o tratamento foque em
eventualmente aparecem, e
construir comportamentos relacionais mais
que não são problemáticos,
não estão sendo reforçados. harmoniosos, de modo que a paciente
em questão perceba que os conflitos são
fontes de sofrimento.
43
Resumo da disciplina
Veja, nesta página, um resumo dos principais conceitos vistos ao longo da disciplina.
AULA 1
AULA 2
A modificação da percepção do
paciente em relação ao ambiente pode
ser um dos focos da TCC.
AULA 3
44
Avaliação
ca-
-
Veja as instruções para realizar a avaliação da disciplina.
Fique tranquilo! Caso você perca o prazo do teste online, ficará aberto
o teste de recuperação, que pode ser realizado até o final do seu curso.
A única diferença é que a nota máxima atribuída na recuperação é 8.