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TRANSCRIÇÃO - AULA 10

Andressa Ducosta
Senso de humor é o tema da nossa aula de agora e eu já estou dando
risada, porque eu acredito que, de todas as habilidades que existem
dentro da Soft Skills, essa é uma das minhas maiores e uma das
minhas favoritas.

Por conta de ter trabalhado mais de 15 anos no teatro, ter desenvolvido


muitas pessoas com relação à comédia, por ter aí três irmãos
autistas, por ter uma realidade onde pessoas muito próximas a mim
tem alguns distúrbios, algumas dificuldades de convivência, eu tive
que desenvolver dentro de mim uma habilidade de ter um senso de
humor. Porque se você for levar tudo muito a sério, a vida fica um
inferno completo. Entendeu?

Eu estou aqui para compartilhar um pouco das minhas experiências


com relação a isso e dizer para você que é possível sim sorrir da
desgraça.

“Como assim, Andressa?”

É verdade, é extremamente possível. Por mais que você não acredite


que isso é possível, eu estou aqui para dizer que é. Vamos lá comigo.
Pensa, bora pensar, lembra aí de alguma coisa que aconteceu contigo
que na hora foi tipo apavoro total, na hora foi super difícil, na hora foi

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complicado, na hora foi assim: “Caraca, o que a gente vai fazer?” Sei
lá, uma tensão total. E que hoje, olhando para trás, você racha o bico
dando risada.

Quando você vai contar uma situação para alguém que na hora você
ficou irritado, mas quando você conta para outra pessoa, você ri.
Você já viveu essa experiência? Essa é uma coisa muito comum de
acontecer. No momento em que a gente tá vivendo aquilo, parece que
tudo vai acabar, parece que é o maior sofrimento da galáxia, parece
que é uma tristeza, sem fim. Mas quando você vai contar aquilo para
outra pessoa, você começa a dar risada.

Você fala: “Meu, não acredito que aquilo aconteceu comigo, não.
Aí você não vai acreditar. Eu estava pronta para sair e daí tal coisa
aconteceu.”. E você começa a rir contando aquela desgraça que
naquele momento parecia a pior coisa do mundo, mas hoje você
consegue dar risada dela.

Sabia que dá para rir enquanto as coisas estão acontecendo?

Aham, sabia que dá para você encurtar esse tempo? Porque se você
consegue rir da história depois que ela aconteceu, você também
conseguiria rir enquanto ela está acontecendo. É uma habilidade, é
algo a se desenvolver.

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A gente foi para o Paraguai. Eu lembro dessa história como se fosse
agora assim. Fomos lá no Paraguai. Eu moro em Foz do Iguaçu, então
é super perto ali. Fomos fazer um happy hour lá com um grupo de
amigos. Uma das minhas amigas era paraguaia e na hora de ir
embora, nós somos parados numa blitz pela polícia paraguaia, a
polícia queria fazer um exame de bafômetro com ela. Ela falou: “Tá
bom, eu vou fazer”.

E a gente entendeu que se encaminhar até a delegacia para fazer


esse exame, porque o policial não tinha ali agora. Ok, entramos no
carro e tudo mais. A polícia foi, quando a polícia fez o retorno, ela
simplesmente acelerou o carro e saiu, voando, correndo.

E eu virei para ela assim, eu falei: “O que você tá fazendo?”

Daí ela: “Eu tô fugindo da polícia.”

Eu falei: “O que você tá fazendo?”

Ela falou: “Eu tô fugindo da polícia. Eu não quero fazer o bafômetro, eu


vou embora”.

E ela simplesmente arrancou e eu me senti no maior GTA da vida,


porque daí todas os policiais começaram a correr atrás da gente,
infinitamente atrás de nós e a gente indo.

Eu falei: “Pronto, agora eu vou morrer. Vai dar tudo certo”. E eu comecei
a rir, porque eu ia pensar, meu, adianta eu ficar em estado de pânico,
desespero total? Vamos dar risada e morrer sorrindo.

E eu comecei a dar risada, algumas pessoas dentro do carro deram


risada, mas o restante ficou muito nervoso.

Eu falei: “Amiga, pelo amor de Deus, para esse carro, senão a gente vai
morrer.”

E ela acelerando, entrou com tudo dentro do apartamento dela no


prédio. A polícia jogou o carro por cima, o policial com o fuzil na minha
janela batendo no vidro e gritando pra eu sair do carro.

E eu lá, “Hahaha!”, rindo de nervoso diante de toda aquela situação. A


partir daquele momento, eu percebi que era extremamente capaz a
gente dar risada das situações e não se deixar engolir por elas.

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É claro que eu dei um exemplo muito extremo e espero de verdade
que você não passe por isso nenhuma vez na sua vida. Só que eu tô
trazendo essa perspectiva para você entender que fisiologicamente
e emocionalmente, psicologicamente é possível que você tenha
um senso de humor bem trabalhado e desenvolvido como uma
capacidade mesmo, com uma habilidade, assim como costurar,
pescar, caçar, correr, pular, nadar.

HUMOR
Ter um senso de humor aguçado é algo
possível.

Assim como qualquer outras habilidades que exigem um pouco do


nosso esforço físico e mental. Ter um senso de humor aguçado é algo
possível para você, é algo que eu diria fundamental, principalmente
dentro do marketing digital, onde muitas vezes você está sozinho,
muitas vezes você não tem companhia de outras pessoas com você
para partilhar.

Às vezes você vai ter a entrega de um relatório que vai dar tudo errado
ou um arquivo que corrompe, alguma coisa assim, sei lá, você arrumou
tudo, chegou lá e aí choveu, alagou, queimou, fritou, desligou e você
não tem outra escolha. Ficar irritado? Estressado? Fazer daquilo um
inferno na sua vida, ou rir? Porque não vai mudar nada, entende?

A maneira como você reagirá àquela situação só vai determinar como


você vai se sentir. Ficar irritado ou dar risada não altera o resultado final.

ESCOLHAS
Ficar irritado ou dar risada, não altera o
resultado final.

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Diante dessas circunstâncias, é muito importante desenvolver a sua
habilidade de senso de humor. Conseguir rir diante dessas coisas.

Eu lembro perfeitamente que um dos últimos lançamentos que eu


fui fazer e ia ser o maior sucesso de todos. A gente tava com tudo
alinhado, tudo perfeito, ia ser o nosso primeiro lançamento que nada
ia ficar atrasado, que nada ia estragar, que tava tudo certo. E eu,
simplesmente, na semana do lançamento, sofri uma intoxicação por
ferro. Cheguei no hospital inconsciente, quase fui declarada morta
lá por uma intoxicação, eu grávida de quatro, cinco meses e vivendo
toda aquela circunstância.

[00:05:00] Eu lembro perfeitamente de ir pro hospital, se despedir do meu marido


e falar: “Olha se eu não voltar e tal...”, porque eu tava apagando,
morrendo, deitei assim na maca do hospital que eu cheguei totalmente
desacordada. Eu lembro de fazer uma oração para Deus: “Obrigada
por essa vida, valeu. Espero que o pessoal faça o lançamento, mesmo
eu não estando aqui.”

E aí eu continuei vivendo aquilo e eu lembro do médico chegar para


mim, olhar para mim e falou assim: “Você tá rindo?”. Eu falei: “E eu vou
chorar? Vou fazer o quê? Tá tudo uma merda mesmo, eu vou chorar?”.

E aí a partir disso eu comecei a mostrar para as pessoas ao meu redor


que é possível você sorrir.

Lembro perfeitamente que quando eu ganhei alta do hospital, a gente


ainda fez o lançamento e eu deitado no carpê lá do escritório, chegou
na hora da live eu levantei, fiz a live, voltei a deitar no carpê porque eu
não tinha mais força suficiente, mas eu não deixei de sorrir e é isso que
eu quero para você.

Eu quero que, inicialmente, você aprenda e entenda e talvez aceite,


porque vai ser um processo de aceitação: que você pode sorrir
independente do que aconteça, a vida, ela não vai parar pra que
você faça as coisas, a vida vai continuar acontecendo.

Então não adianta você ficar esperando: “Ah não, quando tal e tal coisa
acontecer, eu vou me movimentar dessa maneira.”

Não, vai acontecendo você sobre a vida, é mudar a pergunta na cabeça


e em vez de ficar se questionando tipo, “Ai, o que eu vou esperar da
vida para mim? O que eu espero da vida?”. Não, é o contrário. É o que

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a vida espera de você, é o que você vai fazer com ela e é muito melhor
com um sorriso no rosto.

Quando você consegue, mesmo que inicialmente de maneira forçada,


sorrir diante das adversidades, você torna todo aquele ambiente mais
leve, é pensar: “Poxa, esse problema que tá na minha frente agora,
eu não vou me deixar ser engolida por ele, eu não vou entrar nessa
frequência. Eu não vou permitir que uma pessoa irritada...”, às vezes um
cliente, ele chega para você extremamente irritado — quem trabalha
com suporte, por exemplo — chega extremamente irritado, revoltado,
brigando com aquilo.

Você tem duas opções: ou você mantém a sua leveza interna ali,
mantendo um sorriso no seu rosto. Ou você entra na frequência dele
e torna tudo ruim, aquilo que tava nele, que daqui dá 5 minutos ele
vai esquecer, você carrega o dia inteiro com você. Às vezes, aquela
sensação de que foi um dia ruim, mas na verdade uma, duas coisas
que aconteceram, e você fez dela todo o seu dia.

O senso de humor, ele traz para você — e eu não tô te convidando


para ser um palhaço piadista, não é isso, mas é conseguir receber a
vida com um olhar mais carinhoso mesmo, entender que aquilo tá
acontecendo com você porque coisas possíveis de acontecer, sabe o
que dá? Elas acontecem.

Só acontece o que é possível. Então, é possível que quebre, é possível


que estrague, é possível que alguém se atrase, é possível que uma
pessoa te prometa algo e simplesmente ela não cumpra? É.

E você tem duas escolhas: ou você faz daquilo um inferno na sua vida,
ou você traz a leveza através do seu sorriso, entendendo que nada de
como você reagir vai mudar o que aconteceu.

ESCOLHAS
Ou você faz daquilo um “inferno” ou você
traz a leveza através do seu sorriso.

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Você pode inclusive tornar aquilo melhor de acordo com a sua reação.
Se você tornar aquilo pesado, você só afunda mais. Agora, se você
olha diante daquilo que não funcionou, tipo, você planejou tudo, você
foi e você planejou tudo, tipo tava tudo perfeito, ia dar tudo certo e
aí acontece alguma coisa e não vai dar, você pensa: tem solução?
Se tiver solução, se for sim, maravilha, tem solução, então não tem
porque se abalar, não tem porque ficar nervoso, tenso, estressado por
causa daquilo.

As emoções, elas são uma opção de acordo com os nossos


pensamentos, de acordo com o que você pensa, está diretamente
ligado ao que você sente. Todos os seus pensamentos são o impulso
necessário para que as suas emoções aconteçam.

Diante das suas emoções, por consequência das suas emoções, vêm
os seus comportamentos.

Então, aquela pessoa que fala para mim “Ai, Andressa, quando viu, eu
já falei.”, é porque provavelmente você não parou para pensar antes
de agir. Você já foi engolido pelo impulso da emoção. Então, a gente
pode combinar que, a partir dessa aula, você vai se propor, no nível
que você quiser, de 0 a 10, a tentar inicialmente ter um senso de humor
mais aguçado.

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Conseguir olhar para aquela situação e pensar: “Tem algo que eu
possa fazer para que mude esse resultado?”. Se a resposta for não,
você fala: “Ok, então eu vou sorrir, porque não vai mudar nada estar
mais tenso ou mais leve, o que vai mudar é a maneira como eu vou
me sentir o resto do meu dia, o resto da minha semana, a memória
que eu vou gravar desse momento, porque eu sei que lá no futuro eu
vou poder contar isso, dando risada. Então, por que não agora?”

É incrível quando você começa a colocar isso em prática, porque os


seus níveis de tensão diminuem muito. Você tira esse fardo das coisas
darem errado, porque, como eu comentei nas últimas aulas, para todo
sempre você terá problemas. Para quem não sabia disso, eu sinto
muito de ter que dizer assim tão na lata, mas para sempre você vai ter
problemas, pra sempre coisas darão errado, o que vai mudar de tudo
isso é a maneira como você vai reagir, como você vai se comportar
diante daquilo.

É igual a um barco a vela. O que muda não é o vento, o vento pode vir
muito forte, o vento pode vir muito fraco. O que muda no movimento
do barco é como você posiciona a sua vela. Se você posiciona bem as
suas velas, independente para onde o vento estiver, ele te leva para lá.
Agora, se você deixa as velas se organizarem do seu barco de acordo
com o vento que sopra, você está ferrado, você tá ferrado, porque
você vai ser engolido pelo mundo aí fora, engolido pelas dificuldades
e pelos problemas.

Quando você posiciona bem as velas, estampa um sorriso no seu


rosto e fica aberto para receber que a vida vai continuar acontecendo,
você ganha uma leveza muito grande e os seus dias vão ficando cada
vez melhores, você se torna uma pessoa mais gostosa de conviver,
aquela pessoa que quando você vai perto, você pensa:

“Nossa, ainda bem que Fulano está aqui, porque ele resolve, ele é alguém
que diante de um imprevisto, ele reage bem, eu não temo falar as coisas
para ele, eu não fico receosa pisando em ovos para conversar, porque
eu sei que ele vai reagir bem ao que eu estou falando.”

Seja esse elo maduro, esse elo mais forte, que digamos assim, traz
essa paz para o ambiente e não a pessoa que pelo contrário, torna
o ambiente mais pesado de acordo com as reações, tipo: “Dane-se,
isso aqui não deu certo.”, daí sai chutando tudo, brigando, deixa todo
mundo mal humorado, pesa o ambiente.

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Não, a partir de agora, independente do que aconteça, repita dentro
de você que o senso de humor, ele é sempre a melhor opção para
reagir ao que acontece. Lembrando que o senso de humor não é fazer
piada, não é ser um palhaço completo, não é não levar as coisas a
sério, é, pelo contrário, fazer tudo que está ao seu alcance da melhor
maneira possível, com o sorriso no rosto.

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