Você está na página 1de 201

Uma Jornada sobre Trabalho, rejeição e frustração.

16 de Junho de 2018 – 01:36 horas

Eu não tenho nenhuma forma legal para começar isso aqui. Esta
primeira frase fala MUITO sobre todo o conteúdo futuro, será? Eu não faço
ideia sobre o que vem por ai. É sobre isso que se trata o futuro. Ainda sim,
tenho convicção de que este raciocínio é verdadeiro. Por experiência. Eu
utilizo este recurso de descrever o presente, com frequência, quando
pretendo começar alguma coisa.
E alguma coisa está começando.
Ou eu acho que deveria começar.
Ou eu gostaria muito que já tivesse começado.
Eu tenho muito medo. Mas não vejo outra forma de chegar onde eu
quero chegar. Isso também não é novo. Algumas vezes na minha vida, me
deparei com uma expectativa de futuro que muito me desconfortava, mas
que via como necessária para chegar onde eu queria.
E aqui eu estou. A pessoa mais bem sucedida que eu poderia ser.
Complexada, deprimida e raivosa, SIM, mas muito bem sucedida.
O engraçado, e isto é de fato hilário, este conceito de sucesso esteja
bem fora do padrão. Sou uma pessoa sem emprego, sem curso universitário,
com uma fobia social que nunca tinha experimentado, me curando de um
processo sinistro de depressão, odiando minha mãe por reconhecer a figura
tóxica que ela representa para si mesma, principalmente, e a influência
negativa que ela exerce na minha vida, sustentando financeiramente pelo
meu pai e eu tenho 28 anos vivendo no pior cenário politico e social que eu
já vi meu país passar.
Vou deixar bem explícito, para você que não entendeu a graça nisto
tudo. Eu acredito que você leitor vai pensar que eu descrevi tudo de ruim da
minha vida. Se você não viu assim, parabéns, você é uma pessoa incrível.
Eu citei, qualidades que eu cuidadosamente construí, minha satisfação é ter
chegado neste resultado me sentindo muito jovem, com todo o vigor para
viver e construir mais 3 destas vidas.

Eu sou uma pessoa incrível.
Mas eu tenho este mal hábito desviar de assuntos que me geram
desconforto e terminar por concluir que eu sou uma pessoa incrível. Talvez
por esta ser a única verdade da qual eu tenho, realmente, certeza.
Eu gostaria muito de fazer uma lista das coisas boas da minha vida
que todo mundo, realmente concorda. Foda-se, a jornada é minha, aguentem
ou desistam.
Eu sou casado, a 6 anos com uma pessoa incrível, um dos poucos
registros sem arrependimento até o presente momento, eu sei que dá tempo,
mas isso é vida, curtir enquanto as coisas são boas e vivas. Eu tenho o meu
espaço, minha casa. Eu preciso de muito pouco para ser feliz e bem nutrido.
Eu sou rodeado por pessoas que me amam de verdade, e eu inspiro este
amor nelas, me amar faz com que elas percebam o quando são incríveis e
isto estimula o amor que elas sentem ou podem sentir por si mesmas. Eu
manifesto com frequência o quanto eu as amo, aproveito mesmo cada
oportunidade. Finalmente, eu tenho meu tempo e ele é só meu. Ninguém se
dá o direito de sequestrá-lo, sério, está é a coisa mais importante, a coisa
que eu mais gosto, neste breve e singular momento de vida.
Não pensei que teria uma oportunidade como esta de explicar por
que amo tanto a primeira lista. Mas, obrigado. Cada item da primeira lista é
componente fundamental para o mundo me enxergar como um fracassado.
Sendo um fracassado, este mundo perde o interesse em mim e eu posso ter o
meu tempo só para mim. As pessoas que me amam e me mantêm vivo não
são o mundo, elas são eu, elas sendo eu, posso gastar meu tempo para nutrir
e cuidar delas como elas merecem. E sério, as coisas agora tem sabor.
Sem mais delongas. Eu não quero continuar odiando as pessoas. E,
eu pretendo chegar neste resultado, na verdade, é sobre este caminho que eu
falei, vendendo bala. Para deixar claro, este é o assunto que me incomoda.
Eu odeio a sensação de rejeição. Sempre me senti especial, uma luz
neste universo frio e vazio. Saber que o outro, que é tão importante quanto
eu, tem o direito de não me querer por perto. É um absurdo.
Como ele não percebe que eu sou um gênio? Como ele não
consegue entender minha arte? Isto é natural para você? Talvez você
também tema ser rejeitado.
Eu escrevo livros desde meus 15 anos de idade. Quase ninguém
nunca leu o que eu escrevi. Publicar minha arte é um processo doloroso. Já
descontinuei muitos projetos, pois alguém teve acesso e fez algum
comentário. Sério, alguns deles nem eram ruins. Mas sentia que minha obra
estava contaminada pela mente de outro e, como tudo que está
contaminado, não dá vontade de chegar perto.
Estão arquivados.
Eu me sinto fragilizado, estou criando estratégias para mergulhar.
Nenhuma delas será tão efetiva quanto o salto. Planejo para segunda feira.
Agora está claro para mim que não vai dar certo. Eu me conheço, sou
safado. Segunda é tempo suficiente para parecer uma boa ideia, mas longe o
suficiente para não precisar botar em cheque minha disposição real de
começar.
Também, não preciso me pressionar. Vai dar tudo certo. Só de
reparar este mecanismo de defesa funcionando, este texto já serviu. Sem
pressão, o show não vai começar enquanto eu não subir no palco e o palco é
o mundo la fora.
Seja livre capitão foda-se.
Aceite os presentes da vida.
Se forem ruins, jogue fora.
Se forem bons, abrace.

Ligue o foda-se para rejeição.


Ela virá.
Sorrateiramente,
Na beirada do sucesso.
No auge da euforia.
E vai te dar uma rasteira.
Mas é claro,
Estou desconsiderando sua destreza
E sua habilidade de não se importar.

Sua própria mãe te rejeitou.


E você tá ai, vivão.
Machucado sim, mas forte
Como só você sabe ser.

Eu quero ver os sorrisos dos estranhos


Como aqueles do grupo de apoio a adoção
Te abraçando como membro sem nem te conhecer
Vá, garoto, eles esperam por você

To te empurrando, porque te amo.


Já tá na hora de sair do buraco.
Tá quentinho, mas já são 05:00 horas
E daqui a pouco o dia vai clarear.

Eu to com medo
Não quero sair.
Eu quero chorar
Me retrair,
encolher e fingir que não existo.

Mas eu sei que isso passa,


Que isso não é você
Você é você
Eu adoro você.

Ansiedade vai passar

Então, amiguinhos, por hoje é isso. Me recomendem professores de


português, eu quero demais melhorar minha escrita. Está em caráter de
urgência.
Meu nome é Rafael Souto Silva.
São 02:10 horas.

17 de Junho de 2018
São 20:56 horas.

Doi. Melhor jeito de começar este texto. Ansiedade? Um pouco.


Mas fiz o que eu poderia fazer para ajudar que eu saísse amanhã para
vender minhas balas. Olha, indo direto ao assunto. Cabuloso, em irmão.
Daora isso. Mas é isso, fiz uma comida daora, falta apenas colocar na
vasilha e já estarei pronto para apenas me arrumar e sair amanhã.
Isto seria motivo de orgulho, de motivação, olha, Rafael, você
comprometido e empenhado. Parabéns. Mas não é bem assim. Você deve
aprender desde já uma coisa, eu sei para caralho como lidar comigo mesmo.
Está sendo um puta desafio começar. Começar sempre é um puta desafio,
mais ainda, quando você está em uma inexplicável fobia social.
Inexplicável, pois já estou bem melhor de todo o processo traumático
envolvendo meu trabalho. Também, por a razão ter todos os argumentos
para que possamos começar.
A questão é o sentimento. É sempre o sentimento, e ele está sempre
certo. Sua razão pode falar a puta que pariu, o sentimento estará certo. E
não brigue. É inútil. Você estará brigando consigo mesmo, e, se tiver do
lado da razão, estará errado.
Mas, Rafael, o que eu faço então? Vou ficar parado? Esperando o
sentimento tomar uma providencia? Ele fica rodando, rodando e não faz
nada. Estou entendiado, triste e este sentimento me leva, com frequência ao
inferno. Calma. Esta é uma jornada, meu caro amigo, um passo por vez.
Seu sentimento sempre terá razão, pois ele reuni tudo do que é realidade
dentro de si. Frase bonita esta, cabuloso. Tem hora que eu fico admirado
com o que meu sentimento pode produzir. Dê um passo na direção de
abraçar a si mesmo. De tranquilizar o sentimento. Pois ele é o que estará
mais próximo, na vida, de alguém que vai te apoiar em tudo que você quiser
fazer. Ame-se.
Porra, fael, eu me odeio. Vai rolar isso ai não. Não tenho paciência
para ser quem eu sou, sou um burro, imbecil. Sério, eu me odeio.
Calma. Quanto a isso eu não tenho como te ajudar. Eu mesmo,
passei boa parte da minha vida me odiando. E isso é triste. É um fato que
tem a qualidade de ser, fielmente, triste. E sabe porque eu não posso te
ajudar? Porque é algo que passa sozinho. Eu já estou um pouco mais calmo.
Tava doendo tanto, você nem imagina. Eu quero muito, muito mesmo,
seguir em frente. Me sentir foda, orgulhoso comigo mesmo, satisfeito. Ter
aquela sensação maravilhosa do vento batendo no rosto. Conhecer novas
pessoas, amar novas pessoas. Ter novas histórias.
Este impulso é o que a razão me diz. Me anima. Me emociona.
Mas o sentimento fica assim. Nem fudendo. Inclusive, neste texto tem
muito palavrão, ou, palavras de baixo escalão para os mais cultos. O
palavrão é uma forma maravilhosa de se libertar da dor. Mandar alguém que
você odeia tomar bem no meio do cu dá um alívio. Eu adoro ouvir meu
sentimento falar, este livro é um pouco sobre esta satisfação. Não tema dar
voz para o seu sentimento. Ele, geralmente, diz coisas incríveis sobre as
pessoas que você odeia. É bastante divertido.
Este foi o início desta jornada. O ódio, já tinha 5 anos que eu não
odiava ninguém, que não tinha motivos para odiar ninguém. E olha, odiar
foi uma estratégia para me curar de um término horrível de relacionamento.
Ou seja, quando eu voltei a sentir ódio, fiquei muito assustado, com muito
medo de voltar a viver como eu vivi naquela época. Eu conheci o inferno
naquela época. Eu me odiei naquela época, eu nunca mais quero voltar para
lá, eu nunca mais quero viver nada parecido. E queria muito nem viver
mais, apenas para evitar voltar para lá. É isto que meu sentimento grita
quando eu quero vender balas.
Você vai se expor de novo? Assumindo uma posição social
péssima? Vai dar a chance para alguém te olhar como um fracassado? Como
um pedinte desesperado? Eu não possa passar por isso. Eu não posso, você
não vai. Não vai se humilhar de novo. Não vai. Não vai. Não vai. Se quiser
vai sozinho. Droga. Você não consegue ir sozinho. Mesmo que eu queira
sumir eu ainda existo. Que merda. Seu filho da puta, para de sorrir para
mim. Para de querer me abraçar. Para de dizer que a gente vai dar conta, que
eu estou errado. Eu sei. Você está calado. Mas este sorriso e eu respiro
enfim. Sabe, passei este paragrafo inteiro sem respirar. É dai que vem a dor.
Repara, meu amigo, em como você respira quando está em crise. Quando
sua cabeça dispara, deixa ela falando sozinha e repara em como você não
respira, tenta lembrar quanto tempo você não bebe água.
Tenta lembrar a quanto tempo você não come. Não toma um
banho. É dai que vem a força da depressão. Da dor da depressão. E, sério,
cuidar de si mesmo é a coisa mais difícil neste começo. Mas eu acredito em
você, vai lá, para um pouco, toma uma água, olha para o céu. Reza para
algum Deus, nem que seja a própria natureza, o próprio sol.
O Sol é um Deus legal. Você pode ver ele. Você sabe que ele existe.
Ele te ama, pois te aquece, te alimenta. Sim, tudo que você pode comer só
existe por que ele existe. Não enche o seu saco, não te cobra nada. Ele te
ajuda a existir. Ponto. É isso que ele faz. A pena é que ele não te torna uma
pessoa especial. Mas faz parte, tem outros deuses que fazem isso.
Obrigado, meu amigo, não sei se vou vender bala amanhã. Não sei
se vou conseguir começar. Mas foi bom conversar com você. Teve uma hora
durante o texto, que eu senti que eu te ajudei de verdade. Isso me alegra
muito.
Por hoje é só.
São 21:27 horas.

18/06/2018
São 00:25 horas.

Talvez, este livro seja o mais fiel relato sobre o meu processo
criativo. Um dia, não mais do que uma semana atrás usando o agora como
referencial, eu li uns textos antigos, neste mesmo formato, que usei para me
expressar e aliviar o stresse. Acho que foi a primeira vez que dei valor para
este tipo de obra que eu compus. Das outras vezes, eu apenas me criticava,
apontando a forma infantil como eu pensava e a evolução da minha escrita.
Estou completamente afoito, por um momento, pensei em escrever
desesperado, mas percebi, no meio do processo, que esta expressão
superlativa era um indicio claro do quanto eu estou, na verdade, afoito.
Para mim, afoito é quando você quer atropelar o tempo, ser um
batedor na sua própria história, quando você está tão louco que gostaria de
avançar no tempo e espiar o que pode acontecer. E você, realmente, vive
tudo isto.
Sem dúvidas, eu gostaria de estar dormindo agora. Mas continuo
acordado, pois, lá no fundo, eu acredito que se eu tiver muito fudido
amanhã, eu não vou ter forças para vender as balas. O absurdo é que esta
ação gera o resultado que eu quero evitar vendendo as balas. Uma dor
insuportável, um sentimento de culpa, um desespero desmedido e sem
propósito, e mais um pouquinho de dor e frustração.
Mas, sabe, quando eu, finalmente, me mover, dificilmente, vou
encontrar um resultado pior do que eu já vivi. Um resultado pior do que eu
estou me impondo agora. Geralmente, usando da minha própria experiencia
encontro uma vida maravilhosa e brilhante. Encontro em mim um potencial
que duvidei existir, uma capacidade sem igual de superar desafios e vencer
a mim mesmo.
Minha dúvida sempre é, esta merda vale a pena?
Puta a merda, por que eu tenho que ser assim? Incrível e
desajeitado.
Engraçado, eu estava mesmo com muita vontade de falar sobre
mim. Sobre a minha libertação de quem eu deveria ser e claro
comprometimento de valorizar e observar quem eu sou. E eu estou me
sentindo um fracassado. E eu estou me borrando de medo de ir la fora, de
conhecer pessoas. De vender estas merdas. É intenso e me destrói por
dentro. Me faz querer morrer. Ao mesmo tempo, que eu sei, que não é a
morte que eu estou procurando, apenas uma fuga do agora.
Estou muito triste. Meu sentimento está muito triste. Pois ele se vê
sem saída. Mas eu sei que fui eu quem caminhei para cá, justamente,
procurando caminhos para seguir.
Sempre me senti desajustado. Feio. Hoje eu culpo minha mãe por
isso. E ela é mesmo muito filha da puta. Apesar de entender que este
egoísmo e egocentrismo é só uma manifestação fajuta de vontade de fugir
de si mesma. Dai eu tenho pena.
Triste para mim, é perceber que não haviam escolhas melhores, que
mesmo me sentindo um merda, não tinha jeito de ser melhor do que eu já
sou. E eu sei porque, eu sou foda para caralho. Mas o mundo não sabe
disso, e eu sei que ele nunca será. Eu nunca serei reconhecido por aquilo
que eu sou, pelo o que eu sou capaz de fazer. E é simples o motivo: eu não
tenho a mínima vontade de fazer isto por ninguém. Quais são as chances de
eu encontrar um mundo inteiro de pessoas dispostas a fazer isto por mim?
Eu sei que são bem próximas de 0. Eu parei de procurar por isso, mas eu
ainda me frustro. Nunca serei visto por aquilo que eu sou.
Quer dizer, o mundo pode nunca me ver, mas aqueles bem
próximos podem chegar muito perto de se beneficiarem pela pessoa incrível
que eu sou. É um caminho bem difícil, mas os resultados são do caralho. Já
experimentei um pouco disso. E se chama caridade. Quando você se doa por
completo por alguém sem esperar nada em troca. E sabe, mas é engraçado
para caralho, a gente está tão desacostumado a receber alguma coisa de
graça neste mundo de merda, que a gente quer retribuir mesmo assim.
Geralmente, é um sorriso que damos em troca. Um sorriso que cura
qualquer coisa.
Vai se fuder. Papinho chato para caralho, eu to sofrendo aqui, seu
merda. Usar meu tempo, não. Vai se fuder. Era para gente estar dormindo,
bem gostoso. Não vem com esta de usar meu tempo não. Vai se fuder
gostoso. Aff. Calma. Eu sei que está difícil. Você tem certeza que a gente
vai vender balas amanhã e está fazendo tudo ao seu alcance para evitar.
Obrigado pela confiança.
Vamos falar do que você sente e porque escreveu tudo isso. Eu não
quero amar as pessoas de novo. Estou cansado deste ciclo frustrante e
doloroso de decepção e morte. Eu sei, eu sei. Eu sei que você merece
experimentar a felicidade plena de quando as coisas dão certo, por isso, eu
também sei que é inútil resistir assim. Você sempre me vence com este
sorriso bobo. Mas estou cansado de me ferrar.
Eu não quero continuar vivendo neste mundo. Me doi, me doi. Eu
estou aqui, fael. E tudo vai levar o seu próprio tempo. Você é muito fofo,
mas sua urgência é visível. E eu não quero mais atrapalhar. Tenho muito
medo do seu sucesso. De ter que destruir de novo este mundo maravilhoso
de não ter que fazer nada para continuar sendo eu. De ser reconhecido por
fazer coisas mundanas, pois todo mundo acha que eu estou tão na merda
que qualquer coisa que eu fizer de certo é lucro. Eu sei que não dá para
viver culpando e odiando minha mãe, nem depender do recurso material do
meu pai.
Eu sei que não sou mais criança, que ninguém me vê mais como
alguém dependente. Mas que ninguém também acha que sou tão incrível
quanto eu sei que eu sou, mas também nunca vou ter este tipo de sucesso ou
reconhecimento delas. Principalmente, por isso ser doloroso para elas. Ver
que um merda que nem eu, que nem elas, conseguiu ter o reconhecimento
que elas não foram capazes de lutar para ter.
Acho que a última coisa que eu escrevi foi o relato mais importante
de todo este momento. E eu nem ao mesmo sei o que eu quero fazer ou
onde quero chegar. Se não fosse por você, eu estaria completamente perdido
e sem propósito. E, por mais que eu lamente por você querer umas coisas
difíceis demais de engolir e aceitar, tudo que eu quero é estar ao seu lado,
vendo você crescendo feliz e saudável. Estou velho para muita aventura, seu
jovem que suga todas as minhas forças.
Sabe, eu te amo de verdade. Ninguém nunca será capaz de te amar
como eu te amo, apesar de ver que tem gente que chega bem perto. Fico
feliz por isso.
Este passo da jornada é importante. Se você não se ama, todo passo
na direção certa será sabotado por você mesmo. E o triste, é que você vai
culpar outras pessoas, o que vai deixar tudo ainda mais difícil.
Provavelmente, você é uma pessoa maravilhosa. E basta querer alguma
coisa para que ela seja sua. A gente é sempre o pior que pode nos acontecer,
não se esqueça. E se chegou até aqui, obrigado, sinceramente, eu estou
escrevendo tudo isso achando que ninguém, como todos os meus outros
textos, vai ter acesso a eles. Então, você existir faz com que eu exista de
verdade. Obrigado.
Mais um fim.
São 00:58 horas.

18/06/2018
São 19:36 horas

Estou doente. Fisicamente, desde um pouco antes de começar este


livro. Mentalmente, oficialmente, desde Janeiro deste mesmo ano, quando
decidi procurar ajuda formal. Extraoficialmente, não sei dizer direito, pois
toda minha vida é um ciclo de ficar doente, me acalmar, cuidar de mim
mesmo, voltar mais forte, encontrar um desafio, me empenhar e adoecer. É
assim desde os primeiros rompimentos com a infância e tudo começa e
termina na minha mãe. O ser mais doente que eu passei mais tempo
convivendo.
Se eu dissesse para ela, como uma forma de desafio, ela negaria até
a morte, se colocaria como a pessoa mais saudável e independente do
mundo. Se eu não faço nada, ela definha e assume os crimes mais odiosos
por medo de solidão.
Estou perdoando minha mãe pelos últimos registros, por
consequência, estou perdendo as proteções ilusórias e os argumentos
infalíveis que nutri no período de ódio. Inconscientemente, estou voltando a
querer ser o que ela queria para mim. Dai resulta todo este conflito e aflição
dos últimos dias. Meu sentimento enlouquecido, tentando me dizer que eu
estou errado. Enquanto eu forço meu corpo doente no apelo de produzir
alguma produtividade.
Eu sei, é muito triste.
Estou entediado, eu, realmente, quero excluir minha mãe da minha
vida. Ela tem seus meios de me destruir e comover. Quando ela estiver
bastante vazia, vai tentar e vai conseguir se preencher comigo. Mas vai ser
em vão. Ela só vai me consumir mais um pouco, eu só vou resistir mais um
pouco e vai ser só isso, até ela se cansar, novamente, e me deixar em paz. E
vou viver uma vida miserável.
Será que um dia, você vai conseguir reconhecer todo o abuso que
me submeteu? Será, mãe, que um dia vai perceber que você condenou
minha vida? Assim como seus pais fizeram com você e os pais deles
fizeram com eles? Família amaldiçoada a minha. Tenho pena de ti, mãe.
Esta pena me deixa bastante vulnerável, lendo este texto, você colocaria a
culpa em mim. Me chamaria de fraco, se sentiria uma vítima e ficaria com
muita raiva, assim o abuso continuaria, você teria, na sua concepção,
motivos razoáveis para abusar de mim.
Sabe mãe, eu te amo e te odeio ao mesmo tempo. Às vezes, penso,
que seria mais feliz se tivesse a sua aprovação. Se fosse quem você gostaria
que eu fosse. Mas sei que isto é mentira, e neste ponto do texto você acharia
que eu sou complicado demais e jogaria isto na minha cara. Você nunca vai
me aceitar como eu sou, eu nunca vou amar você de verdade.
Assim como eu odeio meu avô, que durante toda a minha vida me
humilhou e fez pouco de mim. E hoje, me ama. Reconhece o cara foda que
eu sempre fui. Mas teve que se fuder muito, coitado, teve que continuar
vivendo até toda podridão parar de feder. Quantas vidas este homem
imundo destruiu? Quantos do que eu amo ele humilhou, rebaixou a própria
insignificância para poder se sentir maior.
Este é o texto mais horrível que eu já escrevi, ele liberta verdades
que eu nunca disse a ninguém tão claramente. Este texto me mostra o
quanto eu sou um homem condenado a me contentar com as sobras do
fracasso. A se alimentar de mim mesmo e quando tiver no meu melhor,
experimentando de amor, você, mãe, vai querer voltar na minha vida e
destruir tudo.
Você destruiu minha chance de ser feliz.
Cara, se este texto fosse direcionado para mim, eu me sentiria
muito mal. Mas depois de passar uma vida inteira tentando mudar meu
destino fracassado e eu visse meu filho manifestando este tipo de
sentimento, eu só iria lamentar. Iria ignorar, concluir que o tempo iria
mostrar para este tolo que nada mudaria se eu não fizesse o que fiz.
É assim que eu me sinto refletindo sobre estes sentimentos. O que
importa? Se minha mãe se matasse depois de ler esta carta, eu me sentiria
profundamente culpado e responsabilizado. Como eu pude nutrir estes
sentimentos dentro de mim? Como eu sou egoísta em manifestá-los,
enquanto no fundo eu pensaria, vai tarde, sua filha da puta. Depois, ficaria
arrependido por ter pensado assim.
Eu estou com muito ódio ainda. Eu sei. Ele ainda não queimou
tudo que tem para queimar, e eu espero. Não tem problema. Estou muito
confuso sobre o que vai ser meu futuro com minha mãe. Estou muito
confuso quanto ao que vai ser meu próprio futuro. E não foi a primeira vez
na minha vida que usei a força que eu sempre acreditei que minha mãe tinha
para aliviar o peso dos meus próprios ombros.
Ela é uma mulher admirável e eu me vejo nela. Me senti um
desperdício e me odiei por isso. Minha mãe fez o que pode para ser feliz, e
não descobriu o que é felicidade. Eu sei o que é felicidade, mas ainda sim,
não me sinto satisfeito e abençoado por estar neste caminho. Talvez eu só
esteja cansado e doente. Talvez amanhã o dia seja melhor, talvez eu consiga
sair e vender as balas. Talvez eu esteja criando expectativas demais e
descansando de menos.
Talvez eu esteja amaldiçoando um dia que meu corpo abençoou e
minha mente se entediou. Talvez eu apenas queira preencher um vazio. Vai
saber, não importa.
Eu ainda estou muito magoado, mãe. Agora, quero estar a uma
distância segura da senhora. Você é insensível ao meu momento, me critica,
me destrói, faz com que me sinta tóxico. Minha vida está boa, estou
amparado por muito amor e carinho, em todas as direções. Eu sei que meu
caminho será iluminado, que não vou chegar em nenhum lugar grandioso,
mas a brisa vai sempre soprar.
Eu quero uma vida saudável. Esta é uma vida feliz. Ela já está nas
minhas mãos e sei que um dia, tudo isto vai se resolver.
A maldição da minha família é nascer inteligente e pobre. Os que
vem antes de nós acha que não seremos capazes de ser mais do que eles
foram e nos frustramos ao perceber que eles não são capazes de reconhecer
onde nos chegamos, pois eles nunca tiveram a chance de conhecer o lugar
onde chegamos.
Um orgulho ferido fecha os olhos para reconhecer que estavam
errados. E assim, morrem apegados às próprias dores.
Mãe, a parte que eu mais odeio em mim é a parte que eu mais acho
que é parecida com você. E eu temo muito, talvez o meu maior medo, é
fazer tudo que eu puder e acabar me transformando na senhora. Eu tenho,
realmente, muito medo disso. E este medo se confirma a cada dia. A cada
sucesso que me faz sentir melhor do que os outros. A cada pessoa que eu
deixo morrer no caminho para não atrasar minha própria jornada. Para cada
grito que eu deixo calar. Para cada sofrimento para o qual eu fecho meus
olhos. Me sinto luz desperdiçada, apegado ao que consigo me apegar.
Eu nunca falei de nada disso para ninguém, agora, estou tornando
público. Quem sabe alguém consegui me dar uma luz sobre o que fazer?
Quem sabe não existe mesmo um Deus que nos ama? Eu acho que sim. E
nada é por acaso.
Eu já te disse tudo isso, pessoalmente, você evita escutar, eu
entendo, doí ouvir. Eu sei que eu te faço tanto mal quanto o mal que você
me faz. Eu sei que consumo suas forças e energias. Eu sai do seu ventre e
fui a pior e a melhor coisa que aconteceu na sua vida.
Eu vou evitar conviver contigo. É o que eu dou conta de fazer
agora. É covarde, sair por cima, eu sei que você está vivendo o pior fracasso
da sua vida e todos estão lhe virando as costas. Eu serei mais um a fazer
isso.
Sabe, quanto mais informação relevante eu coloco nesta história,
mais fede. A verdade, é que não existem culpados. Ou eu seja o pior
culpado desta história e tudo que eu quero é me sentir mais confortável,
talvez seja isso que você me fez acreditar ao longo destes 18 anos
convivendo contigo. A verdade é que eu te odeio, mas te amo ao mesmo
tempo. E eu não faço ideia de como lidar com isso. Para mim, isto se
resume numa vontade louca de você ser muito feliz, mas tão feliz, tão feliz,
que eu posso me libertar e nunca mais conviver contigo. Nunca mais ter que
olhar para você. Sem culpa.
Mas não é isso que acontece, você fica cada vez mais infeliz e eu
fico cada vez mais fracassado. Te dando mais motivos para você querer se
meter na minha vida. Estou ficando fisicamente cansado. 41 minutos
destilando ódio de maneira ininterrupta. Não tem humano que aguente.
Para você, leitor, que chegou até aqui. Se você se identifica com
este texto, procura ajuda. Sério, isto é algo que você não vai resolver
sozinho. Eu fiz isso, e pela primeira vez consegui colocar o que eu sinto no
papel. Eu não era capaz nem de assumir que sentia estas coisas. Procura
ajuda.
E se, por um mero acaso, pois você nunca se interessou por nada
que eu produzi, a não ser na loucura de achar alguma coisa para destruir,
você for minha mãe lendo este texto. Por favor, vai se fuder.
São 20:21 horas

Ainda é 18/06/2018, mas por pouco tempo,


São 23:29 horas.

Nossa, Rafael, está tudo bem com você? O texto anterior foi tão
estranho, pesado, denso. Foi um desabafo, puro e simples, ou ele tem a ver
com a obra deste livro? Eu parei para pensar um pouco, numa jornada de
trabalho, rejeição e frustração, perai, só um minuto, você não pensou porra
nenhuma, cara, você teve que voltar para ver o título do livro. Que sacana.
Vou responder as perguntas feitas até então e vou extrapolar um pouco, pois
agora nós nos fundimos num só e eu sei o que você estava pensando.
Primeiro, estou bem sim. A loucura passa rápido e estas obras
complexas de arte bruta levam um tempo para serem digeridas, mas também
produzidas. Eu briguei com minha mãe no dias das mães, este ano foi dia 12
de maio eu acho, e elas me jogou muita coisa maldosa na cara, depois teve
um evento ridículo de tentativa de redenção que me rendeu desestrutura e
pavor dentro da minha casa. Mas, reconheço, também, que coisas boas
nasceram deste caos. E não jogo tudo quanto é pedra neste evento. Mais
tranquilo e com mais coisa vivida, hoje, posso transformar este sentimento
que me consumiu e seus subprodutos em arte. Isso tudo para justificar que
eu estou bem. Cara, eu nunca estarei bem, quer dizer, eu sempre estarei tão
bem quanto eu consigo estar. Entende. Arte. Confusa e conflitante.
Olha, acho que minha enrolação respondeu as duas perguntas ao
mesmo tempo. Ou não respondeu nenhuma das duas e serviu bem como
enrolação. De nada.
Eu tenho algo a falar sim. Para você, leitor, pelo menos, espero que
haja um leitor. Que na verdade, costuma ser eu mesmo no futuro. Que numa
onda de nostalgia e curiosidade acabo revendo estes textos.
:) Isso mesmo, estou aqui no dia 12 de Setembro de 2020,
confirmei ontem que passei no concurso de bombeiro militar e decidi
destruir a Dspirit, definitivamente. Como não demorei muito para fazer isso,
aqui estou, sendo seu leitor numa jornada interrupta até o momento. Queria
tanto te dizer o quanto eu sou incrível. O quanto eu estou saudável. E que
vai ficar tudo bem. Você venceu, Rafael, você é foda.
Apesar, que acredito que tenham chances melhores deste texto se
tornar público, por todo momento de individualidade e produção artística
que estou inserido.
Retomando, leitor, querido leitor. Passo importante para continuar
andando é conhecer as correntes em volta de suas mãos e pés. A gente se
acostuma andar com estas merdas e com o tempo começa a achar normal a
lentidão das coisas. Na moral, livra-te do que te atrapalha. Sabe aquela
ferramenta velha, isso, aquele lápis quebrado, aquele carro enguiçado, se
livra destas coisas, irmão. Pois elas consomem seu tempo e ocupam espaço.
Na tentativa de exemplo, vou falar mais sobre minha mãe, quem
sabe eu não termino de desabafar. Nossa relação é bem estranha, mas
sempre parece que a gente se puxa pro abismo. Saca, quando a gente era
pequeno, minha mãe bancava tudo, nossa educação, nossa alimentação. Era
uma super mãe e nós eramos quatro filhos. Não apenas uma vez, eu olhei
para nossa vida e pensei: porra, se eu não tivesse aqui, minha mãe podia
viver mais para ela. Era doloroso, triste, me sentir um fardo.
Mas sabe, o tempo já passou desta época e, da minha óptica atual
eu penso, mano, minha mãe era bem mais feliz nesta época do que agora,
pois todos dependíamos dela e ninguém podia reclamar de nada que ela
descarregava toda a sua raiva e frustração na gente. E eu sempre tomei tudo
isso na cara.
Eu tenho uma boa dose de rancor da minha irmã mais velha.
Quando meu pai saiu da equação e eu associei a ele um sentimento de
abandono filho da puta, eram apenas eu, minha mãe e minha irmã. Meu
padrasto e meu irmão entraram bem rápido nesta logística e tudo ficou
muito confuso. Eu tinha 7 anos, lembro da minha irmã me chamando de
Demônio com muita frequência. Minha mãe era uma santa para mim na
época. Meu pai era a encarnação do diabo, mas só porque eu não conhecia
ele e o desconhecido é assombroso.
Minha irmã me chamava de demônio, na verdade, ninguém da
minha família demonstrava gostar mesmo de mim. A família da minha mãe.
A do meu pai eu nem conhecia direito. Na verdade, minha tia Beth sempre
me protegeu e no fundo, eu era bem mimado. Mas, eu era sempre o
moleque encapetado. Tolos, queriam exigir de mim, uma criança, postura de
adulto. E fuderam minha cabeça no processo, colocando em mim a culpa de
estar errado o tempo todo. Filhos da puta.
Eu sei que não fica muita coisa clara, mas, entende, como não é só
minha mãe. Estou, deliberadamente, defendendo ela. Porque muita coisa tá
errada e não é justo deixá-la de vilã. Lutei pelo respeito e admiração deste
povo todo, luta vã e vadia, que belo tempo perdido. Consegui, melhor do
que se não tivesse conseguido. A galera lá me respeita. Sou visto como um
cara inteligente, que conquistou algumas coisas. Mas sabe, eu joguei tudo
isso no lixo, inclusive minha relação com eles. Pois é tóxica e não me
alimenta.
Aqueles que vieram depois de mim são do caralho, meus irmão
mais novos são foda, mas me culpo por representar para eles um adulto
como os que vieram antes de mim representaram para mim. Meu irmão
mais novo já me confessou que eu sou a pessoa da qual ele tem mais medo.
Minha cabeça é ferrada por causa disso. Minha irmã mais nova é
adolescente e me coloca num pedestal de vidro. To tentando sair deste
pedestal antes que ele se quebre e eu me ferre nos destroços. Ela se sente
abandonada e infeliz, eu sou um dos que abandonaram ela para fugir
daquele lugar. O triste é que ela ficou e dá uma preguiça filha da puta de
voltar para resgatar ela, até porque, seria lutar com minha mãe outra vez e,
na moral, eu amo demais minha irmã caçula, mas não rola. É uma batalha
perdida, minha mãe tem a guarda dela, ela é menor de idade e fazer isso é
declarar uma guerra que não é mais minha.
Minha irmã mais nova tem depressão e eu não sei o que fazer sobre
isso. Quando estou com ela, o que é MUITO raro, eu tento fazer a vida dela
melhor, de verdade, e é por isso que ela me põe no pedestal. Uma conclusão
tirada de trechos das coisas que ela me fala.
Porra, mano, minha história é triste para caralho, estes sentimentos
estavam tão dentro, mas tão fundos que eles contavam esta história, mas eu
nunca consegui ouvir. Obrigado por isso.
Vi minha família ruim desde cedo, nunca fui sozinho, mas meu
primeiro grupo de amigos veio aos 15 anos, passei 8 anos tentando
sobreviver dentre estes cacos. Foi foda. Ainda é.
Quando eu falo para minha esposa, depois de passar 6 anos de
resolver merda juntos, que eu nunca fui tão feliz na minha vida quanto
agora, é desta história a qual me refiro. Hoje eu tenho silêncio, sossego, sou
respeitado por quem eu sou, por gente que eu faço questão que esteja perto.
Posso ser eu, sem me esconder ou me humilhar. E, quando dá uma merda,
sou eu quem estou lá para resolver. Minha vida é muito boa.
Eu olho para minha mãe, se metendo nesta vida que ela não se
esforçou para viver comigo e penso: “eu não preciso dela” “ela mesmo joga
na minha cara para eu não contar com ela” “porque eu estou discutindo”
“ela foi importante, mas mora no meu passado” “eu não quero mais
conviver com uma pessoa que me faz mal”.
Saca, me doí, pois eu nutri expectativas em relação a minha mãe.
Queria que ela fizesse parte da minha vida, queria ver ela bem, queria
resgatar o que tinha sido bom na relação da nossa família. Nem tudo é ruim,
e minha irmã levou pouco tempo para deixar de me chamar de demônio, na
verdade, coincide bem com a adolescência dela, filha da puta adolescência.
A verdade, é que qualquer coisa que eu guarde no coração só me
faz mal. E, na real, eu não tenho muito motivo para guardar porra nenhuma
dentro de mim. Todo este ódio existe, exatamente, para destruir estas coisas.
E na real, seria bom que o tempo passasse e coisas boas novas surgissem
dentro da minha família. Mas não é este o momento. O momento é de
destruir e odiar. De mandar tomar no cu, de revolta e caos.
E se enviar o dedo na minha cara, vou quebrar a mão. Se falar
merda, vou queimar a língua. Eu aprendi a ser mal naquele ambiente, eu não
gosto disso, na verdade, faz muito tempo que eu não preciso de nada disso
para viver. Transformo tudo isto em arte, em vida e ensinamento para os que
vem. Eu sou uma pessoa boa, capaz de fazer o mal, mas, voluntariamente,
decidido a não fazê-lo. Às vezes é difícil prosseguir vivendo assim, como
agora, mas minha cabeça dorme tranquila e meu coração leve.
Boa noite.
São 00:11 horas.

Hoje é dia 20/06/2018


São 00:09 horas.

Passei umas boas 3 horas jogando o jogo mais difícil do mundo. É,


sério, o nome do jogo é o jogo mais difícil do mundo, duvido que ele vai
existir quando você ler este livro, mas vale a pena procurar. É um jogo
infernal onde você é um quadrado vermelho, seu desafio é ir do ponto A ao
B desviando das maléficas bolinas azuis, eventualmente, resgatando as
inocentes bolinhas amarelas.
Cheguei na fase 25 com 1097 mortes. Na verdade, cheguei na fase
25 com pouco mais de 700 mortes. Um conselho, desista rápido. Conheci
este jogo em 2009, provavelmente, quando ele foi lançado. Na sala de aula,
um bando de garotos atrasando suas obrigações escolares para mexer nesta
merda.
Mudando completamente de assunto, estou melhor de saúde,
uhuuuuuuu! Sera que existe uma forma certa de escrever “uhuuuuuu!”
Mantendo o significado que um uhuuuu! Deviria expressar? Não faço a
menor ideia, como eu disse, algo que eu quero me dedicar é aprender mais
da nossa língua brasileira, é, ela deixou de ser portuguesa tem uns bons anos
já. E ela é linda.
Eu estou apaixonado por, finalmente, dar valor a esta maneira leve
e livre de escrever. Por muito tempo, joguei esta forma de expressão
artística no lixo, utilizando apenas como água que limpa o paladar. Saca?
Para estimular a produção formal de alguma obra que eu estivesse
empenhado.
Pode parecer que eu enrolo para chegar em algum lugar, mas hoje
eu percebo que existe uma beleza sem igual em cada devaneio. Agora, vou
chegar em algum lugar, o lugar que havia me proposto chegar, o lugar que
me motivou a continuar escrever hoje. Eu quero aproveitar meus textos
antigos, que já estavam nesta linguagem, e, é claro, fazer uma revisão
comentada, a fim de compartilhar a beleza do pensamento puro passado.
São textos carregados de angustia e agonia. Mas vão te servir para
alguma coisa. Afinal, acredito que o que você está procurando aqui, além de
achar que está investindo em chegar em algum lugar, é uma descrição fiel
do processo de se fazer alguma coisa. De chegar onde você quer chegar.
O título antecede esta vontade, uma Jornada de trabalho,
frustração, puta a merda, achei que não ia ter que voltar e ver o título de
novo, já ia me vangloriar disso, saco. Rejeição, a palavra que eu esqueci.
Uma jornada de trabalho, rejeição e frustração. Sério, parece que eu fiz de
propósito, sabendo que iria precisar de lembrar este título enorme durante o
texto. Ao salvar o documento, meio puto, escrevi “Uma jornada de trabalho,
tédio e depressão”. Claramente, não é o título oficial do livro, mas era o que
eu estava sentindo na hora. Eu ia me chamar de filho da puta, mas eu não
sou um filho da puta.
Então, até eu estou começando a me incomodar com a enrolação.
Escrevi o texto abaixo num momento triste, estava esperando uma
consulta com a psicologa, eu tava muito ferrado, foi em algum momento de
janeiro deste ano de 2018, logo após meu relacionamento com minha esposa
ter ido para o vale. Sim, eu não consegui pegar antes de cair no poço. Meu
relacionamento afundou, mas ele é tão importante para gente que nós
decidimos permanecer na lama e cuidar dele como ele merece.
Milagrosamente, e depois de muito trabalho, a gente conseguiu viver bem
juntos de novo. Mas foi punk e precisa de muito amor.

Prologo da minha história como protagonista

Minha vida tava certinha! Tive as melhores oportunidades e fui


criado da melhor forma. Tudo certo, tudo programado.
Eu tentei seguir o script. Mas não era eu. Eu sou livre, se não for
para cair de cabeça em algo, eu nem caio.
Aqui estou eu, com a vida toda bagunçada, tudo dando errado, mas
esta é a minha vida. Estou dando propósito a ela, estou me tornando
protagonista da minha própria história.
Não estou feliz, não estou satisfeito. Sinto-me marcado e preso ao
protocolo que deveria seguir.
E isto me desagrada tanto, me deixa tão chateado, que não temo
fracassar tentando. Sei que existem lugares bem piores do que eu estou hoje,
mas não se enganem, eu vim de lá e não é para lá que estou indo.
O mundo saberá do que eu sou capaz, o mundo conhecerá minha
história, mas só vai ler quem tiver vontade. Será um privilégio.

“o mundo conhecerá minha história, mas só vai ler quem tiver


vontade.” Quem diria que eu estaria, literalmente, contando esta história
meses depois. Que ironia, bela ironia.

Meses depois, eu revisitei este texto e deixei um comentário para


eu do futuro.

Então, Fael, você é foda. Você é incrível, passou 3 meses e venceu


mais essa. Vida está melhor, caminhando, e você não deu um passo sequer
para trás.

Eu escrevi este texto no celular, para ocupar uma espera que estava
me matando de ansiedade. Hoje, eu consigo associar este script que eu citei
no texto com a repressão que eu vivi, por parte da minha mãe, de ser quem
ela esperasse que eu fosse. Mas eu só sei ser quem eu nasci para ser, esta
pessoa incrível.
Novamente, quero deixar claro uma coisa. Se minha história tiver
que ter um vilão, eu serei o vilão, recuso dar este papel a qualquer outra
pessoa ou personagem, real ou fictício. Está claro? Eu sou a porra do vilão
foda desta história. E, eventualmente, sou o herói, mas só, eventualmente,
viu? Minha mãe é uma figura frágil, quase uma adolescente, que ainda não
descobriu que o mundo está além do que ela conhece dele.
Minha mãe, desde que não incomodasse a forma como ela vive,
apoiou a minha liberdade de me expressar. Com 8 anos de idade eu deixei
meu cabelo crescer, para ficar parecido com o Shiryu, dos Cavaleiros do
Zodíaco, se você não conhece, foda-se, vou explicar o que é não, vai
procurar e assiste, vai te ajudar a entender coisa para caralho sobre quem eu
sou. Shiryu, você é um cara foda.
É claro, que o cabelo grande não me ajudou a me relacionar com
nenhuma garota até os 18 anos de idade. Todo mundo achava meu cabelo
lindo, mas ninguém queria assumir o resto. Eu me achava feio para caralho.
Hoje eu me cultuo em segredo. Eu me acho bonito para caralho, mas
alguém sempre se ofende quando eu falo isso em voz alta, então, foda-se.
EU SOU BONITO PARA CARALHO. Vejam fotos, e você vai
dizer, áh, nem é isso tudo, você se acha demais.
Propaganda e autoestima, meu caro. Se tu não curte o que faz, ou o
que produz, se não dá valor para quem você é. NINGUÉM VAI FAZER.
Vou fazer uma pausa, está frenético isto aqui, tá ficando confuso
até. E está doendo. Nussa, são 00:44 horas e eu escrevi sem parar.
Então é isso por hoje, já está bom demais
São 00:45 horas.
Boa noite.

Hoje é dia 20/06/2018


São 15:59 horas
Vou começar, que dia viu. Muito daora este dia. Eu, sinceramente,
achei que meus medos sobre a venda das balas eram mais do que ilusão, na
verdade, quando a gente está sentindo dor, a gente sempre tem esta
impressão. Medos são medos, e eles passam. Eu sei, também, que eles
tinham outra função, naquele momento, que não tinha nada a ver com a
venda de balas, eu precisava cuidar do meu corpo. Caso eu saísse doente de
casa, eu ia me fuder muito. Obrigado, medos e, claro, toda a parte que me
ama de mim mesmo que deixou eles se manifestarem.
A verdade é que hoje foi um presente. Eu sei que dias assim são
raros e bobagem achar que toda vez que eu sair de casa para vender bala
voltarei realizado e satisfeito. Lembrem-se, esta é uma jornada de trabalho,
rejeição e frustração… UHUUU lembrei do título do livro sem precisar de
olhar.
Agradeço, imensamente, ao Leandro. Que cara foda é o Leandro.
Ele transformou a dúvida em sucesso. Muito obrigado, Leandro. Esta
alegria e satisfação foi graças a você. Hoje foi o primeiro dia que eu sai para
vender as balas, para lutar pelo meu futuro melhor, e você foi o primeiro a
me dar esta chance. Você é foda, cara, eu sei que você dúvida que é, mas eu
SEI que você é foda.
“Vamos fugir um pouco dessa loucura chamada COTIDIANO” -
Leandro. Você me doou esta frase, agora, ela estará para sempre registrada
na história.
Estava la embaixo no texto e voltei porque lembrei que tinha algo
para falar e não falei. Coloquei isto aqui de forma aleatória, espero que faça
sentido e se não fizer me perdoe. Leandro, tu sabe que você vai ser um
médico, conversei com você para caralho hoje e não tive a menor dúvida
que você sabia disso. Além de dizer que eu também acredito que você vai
ser médico, quero te dar um presente: eu percebi que você vai ser feliz. Na
moral, você vai achar um cantinho de paz nesta vida que todos procuram e
poucos acham. E você não está sozinho. É isso, bola que segue. Voltando
para o texto lá embaixo.
Estou estasiado. Que conversa boa. Desejo que todos possam
encontrar pessoas incríveis no seu caminho como eu encontrei. A reflexão
de hoje é sobre isso, sobre a sua própria jornada e o tempo que você gasta
com quem não vale a pena.
Sério, a gente gasta tanto tempo com gente merda que a gente acha
que no mundo tem muito mais gente merda do que gente incrível. E esta
merda fica tão impregnada na gente que, com o tempo, a gente começa a se
sentir merda também. Na moral, cara, estas pessoas não merecem seu
tempo. Você não precisa deste emprego de merda com gente de merda.
Quando você liga a TV, escorre gente merda, com propaganda de merda.
Desliga esta merda. Abre a internet, pipocam gente merda na sua tela. E
quando a gente olha no espelho, ai não, ai a gente tem que ver alguém
incrível. Se você se sente um merda, como eu já me senti, você tem um
excelente ponto de partida na sua jornada.
E não seja irresponsável. Entendeu? Não seja irresponsável,
pessoas merda saem da sua vida, naturalmente, quando você se esforça para
ser foda. E é fácil ter certeza de quem são as pessoas merda, elas cagam no
seu esforço. Te desmotivam. Mas, na moral, só continua sendo foda, ou se
esforçando para ser foda, que elas vão sair da sua vida.
Quer um exemplo, você tem um emprego merda, mas adora
desenhar. Continua no emprego merda, mas desenha para caralho, passe
horas do seu dia estudando para melhorar seu desenho. E divulga seus
desenhos, não tenha medo, ou melhor, tenha muito medo, sinta o medo e
espera ele passar, faz assim mesmo. Com medo mesmo. Procure por
pessoas incríveis, se aproxime delas. Sabe o que vai rolar, uma
oportunidade para trabalhar com desenho. Vai ser uma oportunidade meio
merda, você vai ficar com medo de abandonar a segurança do dinheiro no
início do mês, mas vai ser a hora certa de se livrar de seu emprego de
merda.
Espero que tenha entendido. Eu nunca fiz isso que te aconselhei, eu
suportei a merda o quando eu consegui e quando largava o lugar merda, eu
não tinha para onde ir. Exatamente como agora. Mas é tolice, um pouco de
fraqueza da minha parte.
Está ficando mais longo do que imaginei, conselho dado.

Encontrei outra pessoa incrível hoje, ele escreveu assim:

“O jogo da vida é infinito” - Rodrigo.


Paguei pau para este cara, é bom encontrar pessoas que também
sabem que são imortais e que o desafio é maior do que a gente imagina. Eu
sou imortal, meu maior adversário é o tédio, sério, tem que ser muito foda
para ficar encontrando o que fazer para sempre.
Gostei do que eu ouvi do Rodrigo, fiquei inspirado e motivado com
o que ele falou. Cara, como é incrível conhecer pessoas incríveis. Sua
primeira pergunta foi: quem você é? Confesso que fiquei com medo de
dizer, pois dá um pouco de medo mesmo. Mas você vai falando sobre o que
tinha escrito no quadro, quanto mais você falava, mais eu me identificava,
até chegar num ponto que eu pensei: está respondido. O Rodrigo sabe quem
eu sou, pois a gente se parece.
Sucesso para ti, irmão de eternidade, é muito provável que nos
encontremos novamente. Afinal, concordo com você me deixou: “ O jogo
da vida é infinito” e só pessoas imortais conseguem compreender o infinito.
Muito obrigado, do fundo de quem eu sou, por tornar o meu dia
incrível e me inspirar a continuar lutando.
E ainda tem muito dia ainda, mas vou descansar.
São 16:28 horas.

Hoje é dia 22/06/2018


São 11:54 horas.

Sabe, não tá fácil não. Está doendo bastante, uma angustia me


dizendo que eu não vou dar conta. Ainda estou fisicamente doente, estou
triste também, uma tristeza no meio de um furacão correndo dentro de mim.
Mas vou ter calma, e vai passar. Não consigo valorizar o que eu tenho
conseguido fazer, o resultado de quarta, por exemplo, o excelente momento
que estou vivendo no meu casamento. Até os bons sonhos que estou
voltando a ter, finalmente, um sono sem pesadelos. Eu sei que as coisas
estão melhorando, mas meu peito está apertado.
Não pretendo ocupar seu tempo com lamurias, ou talvez eu apenas
estou reprimindo esta vontade. Eu queria dormir e não acordar mais. Tem a
ver com minha mãe é claro, ela me ligou, conversou comigo e tudo que
estava melhorando vibrou, cutucou a ferida, me mostrou o quanto estou
fraco e vulnerável. Que merda, não quer falar sobre isso também. Quero que
este livro seja daora de ler, entende. Que eu possa ajudar a mim mesmo a
achar meu caminho, que eu possa te oferecer este exemplo de como sair de
uma bad. Bota fé.
Mas tem dia que é difícil, que você se sente um merda, que o peito
dói sem motivo. É tenso, eu te entendo. Eu estava preenchido com arte,
empolgadíssimo, apesar da doença. É tenso. Ontem eu exagerei um pouco,
quase voltei a passar mal, quase tive febre, mas consegui cuidar direitinho.
Na moral, eu quero um abraço. To cansado de lidar com estas tretas com
minha mãe, e parece que está apenas começando. Duvido que ela vai deixa
barato, que ela vai me deixar em paz. Quando a vida dela está um inferno a
de todo mundo tem que estar. Estou cansado.
Eu acho que minha vida está tão bagunçada.
Por exemplo:
• Eu quero limpar o entulho da obra e liberar espaço na minha área
externa, para cuidar do meu jardim, mas meu corpo já está ruim, se
eu mexer com poeira agora, fudeu.
• Eu quero melhorar meu corpo, ficar 100%, sem me preocupar em
usar meu corpo, mas já tem mais de uma semana que estou doente,
passei esta semana quase, completamente, improdutivo,
descansando e me divertindo. To me sentindo um inútil, pois sinto
o tempo passando e estou encostado no meu pai, e tem esta história
com minha mãe. A verdade, é que não estou confortável em ficar
parado, mas isso não ajuda meu corpo melhorar e atrasa minha
produtividade.
◦ Conclusão, melhor ficar mais tranquilo mesmo e esperar a
poeira baixar um pouco, mesmo à contra gosto.
• Eu estou travado na programação, tenho um monte de ideias para
programar, mas fracassei em encontrar solução e finalizar o
aplicativo de Metas que estou desde o início do mês empenhado. É
só um detalhe que não me sinto capaz de resolver e sei que se eu
deixar isto de lado e programar outras coisas, vai me ajudar a
encontrar solução, principalmente, se eu procurar algo mais
simples para fazer. Mas recomeçar é foda, exige um engajamento e
energia. Meu corpo e esta confusão mental não ajudam.

Pontos positivos desta treta toda, estou colorindo e ouvindo rap,


isto está me deixando muito tranquilo e tenho conseguido ter serenidade
para pensar e seguir em frente. Estou tendo um resultado maravilhoso nos
desenhos, está foda.
Minha esposa está muito carinhosa, cuidando de mim muito bem,
minha irmã entrou em contato comigo e isto me deixou bem feliz, eu
também formatei meu celular, estou meio confuso em abrir mão do jogo do
naruto, mas sinto isto abriu espaço para um novo momento na minha vida.
Porra, tem muito ponto positivo, estou melhorando de saúde
também, já sinto que está passando em alguns momentos. Estou
progredindo na terapia também, minha psicologa elogiou que estou
conseguindo falar melhor sobre a associação e meus sentimentos, vejo que
ela está empenhada em encontrar a melhor solução para meus problemas e
isto me conforta.
E cara, eu comecei a vender as balas. Isto estava me incomodando
e não incomoda mais. Venci alguns medos. Isto é foda.
Sério, estou me sentido um pouco melhor e com a cabeça um
pouco mais organizada. Faça isto, meu amigo. Tenta colocar no papel, item
por item, o que está na sua cabeça. Isto me ajuda a me organizar, decidir o
que fazer primeiro, vai te ajudar também.
Esta demora toda, mas consegui te dar o conselho que estava
querendo te dar. Te ajudar de alguma forma e com um bom exemplo de
como segui-lo. Espero que você se organize para dar o próximo passo na
sua jornada. E lembre-se, o próximo passo é algo simples de fazer, não
procure nada complicado, lava suas louças, faça uma comida gostosa, cuida
do seu corpo, tipo tomar um banho, faça qualquer coisa que tenha muita
chance de te fazer bem, isto já é o seu próximo passo. Bebe uma água.
Voltando às tretas:
• Neste tempo, comecei a organizar uns documentos, fazer uma
limpeza no que eu já havia produzido, mas sinto que não devo
perder muito tempo com isso, é muita coisa que exige tempo
dedicação e detalhe. É aquele tipo de tarefa complicada que não
gera muito avanço, é importante, mas depois de um sucesso,
quando você precisa abaixar o ritmo. Peraí, estou num momento de
diminuir o ritmo, talvez seja por isso que fui atraído, naturalmente,
para estas tarefas. Eu só quero manter esta consciência e me
libertando disso aos poucos. Estou me sentindo meio preso, no
meio de escombros.

AVISO: ESCREVI MUITO NESTE TRECHO E PERCEBI QUE
VOCÊ NÃO PRECISA PASSAR POR ISSO. PODE PULAR
PARA O PRÓXIMO ITEM SEM PESAR.

Minha mãe me ligou para me chamar para almoçar na casa dela


domingo. Apesar dela ser o assunto da minha terapia desde o dia
das mães, seu jeito de falar é de alguém que não faz ideia do que
está acontecendo, um tom de alguém que quer negar a existência
de qualquer problema. Isto me deixa com raiva e sem saber o que
fazer. Na real, tem uma parte muito racional que me diz para deixar
ela resolver isso, que não tem problema mesmo, que a gente não
vai no almoço, não vai dar satisfação e vai ignorá-la. Meu
sentimento que está uma merda. Morrendo de medo do que ela
pode fazer, lamentando estar nesta situação de merda, a raiva está
morrendo de medo de estourar com ela, na verdade, é a culpa que
está tentando evitar que a raiva e o ódio se manifestem, mas isso é
pior, pois a raiva e o ódio se sentem reprimidos, dai o sentimento
inteiro se sente reprimido e todos os sentimentos gritam contra esta
repressão, a culpa sabe que vai dar merda e lamenta. Fica todo
mundo gritando. Dai a ansiedade começa a ficar louca achando que
tem que tomar uma providência, enquanto isso, meu amor próprio
está tranquilo como se tivesse numa praia, ele sabe que no meio
desta confusão toda, não adianta fazer nada, ele cuida do meu
corpo, me inspira a escrever este texto e cuida de mim como se
nada disso tivesse acontecendo. Quando olho para ele, eu me sinto
mais tranquilo, sinto que consigo lidar com isto tudo, esperar
resolver no meio desta confusão dói, dói muito, principalmente,
quando vejo a minha esposa tão abalada com esta história toda,
abaixando a imunidade e ficando, fisicamente, doente também. Dai
a raiva chega no talo, xinga minha mãe, culpa ela de trazer este
transtorno para dentro da minha casa. E o ciclo continua, vou
deixar um lembrete no início deste trecho que não precisa ler tudo.
Acho que você merece ser privado deste ciclo que não leva a muito
lugar e que gera um texto longuíssimo. Mas se, ainda sim, você leu
até aqui, pelo menos você sabe o conteúdo do furacão emocional
que estou sentindo dentro de mim. Talvez sirva para você me achar
um cara foda. Que aguenta esta pressão e continua seguindo em
frente. De fato, eu sou foda para caralho.
• Nossa, me perdi no item anterior, minha cabeça dói, estamos
chegando perto do fim. Novamente, escrevi sem parar. Este livro
também representa um item nesta história, comecei a escrever para
me ajudar neste processo todo, mas estou me apegando a ele, estou
gostando de escrever, mas este não é o meu objetivo final, meu
objetivo é vender as balas e as camisas, continuar fortalecendo meu
corpo com o jogo da caminhada e exercício físicos. Já tem 15
páginas de ofício e sei que vão ser quase 45 quando eu transformar
para o padrão de livro. Estou produzindo muito, mas temo perder
meu foco com uma obra que não gera este resultado imediato,
apesar de me ajudar muito a passar por tudo isso. Definitivamente,
não quero transformar isto num diário. Está claro. Ninguém precisa
saber do meu dia. Na moral, esta é uma peça artística, uma obra
imersiva sobre o processo criativo de chegar onde se quer chegar.
Quem ler esta obra, terá acesso à minha história, mas, mais do que
isso, terá um relato seguro do que fazer, mesmo sendo difícil para
caralho, quando se tem uma jornada longa até um objetivo final.
Eu tenho certeza que vou vender as camisas e as balas e concluir
meu objetivo, senão, vou tomar a melhor decisão sobre os
próximos passos que quero tomar na minha vida. Este livro é sobre
esta certeza.

Sem mais tópicos, devem haver outros detalhes, mas o grosso do


problema está ai. Como sempre, vou cuidar do meu corpo primeiro, se está
demorando é porque eu ferrei ele demais e ele precisa de tempo para se
recuperar. Depois dele curado, vamos ver o que vai sobreviver na minha
cabeça. Geralmente, muita coisa morre no processo. Sou muito ansioso, não
precisa ser assim.
Um abraço. Levanta da cadeira e vai cuidar de você. É uma ordem!

São 12:43 horas.

Hoje é dia 23/06/2018, são 17:27 horas.

Hoje, eu quero falar de ferramentas, por sinal, estou melhor hoje,


mais calmo, mais tranquilo, colocar as ideias em ordem ajudou bastante
mesmo. Isso é bom. Comprei um quadro branco para canetão, 0,90X 1,20
m², não é tão grande quanto eu queria, mas vai me servir muito bem, e foi
mais barato. Estou satisfeito. Agora, posso utilizar o quadro branco
pequeno, exclusivamente, para vender balas. Este novo quadro servirá para
descrever as metas, fazer os organogramas, pensar de forma mais ampla
como as minhas ações se conectam a fim de chegar em resultados melhores.
Este é já é um bom exemplo de como ferramentas adequadas
favorecem a produção. Sério, quando você não tem a ferramenta correta
para fazer alguma coisa, você perde tempo. Não faça isso, começou alguma
coisa, seja ela qual for, improvisou uma ferramenta, deu errado uma vez,
deu errado outra vez, pare, imediatamente, pare e vai fazer outra coisa.
Investir em ferramentas para o seu trabalho é uma das melhores
atitudes que você pode tomar. Gaste, nunca compre uma ferramenta de
menor qualidade por economia. Pense no tempo que você vai gastar quando
esta ferramenta quebrar, vai no mínimo, gastar o tempo para comprar outra.
E, por favor, joga fora o que estiver velho e ruim. Sério, para de
guardar estas merdas. Quando você não desapega, você não abre espaço
para coisas novas. Você tem aquela falsa sensação de que tem muita
ferramenta, mas tem duas ou três que prestam.
Sabe outra coisa legal de fazer também, doar coisas em bom
estado. Pelo mesmo motivo, de liberar espaço para coisas novas. É muito
gratificante ver a expressão de alguém ganhando uma coisa doada em bom
estado. Algo que você sabe que vai servir aquela pessoa sem condições de
comprar aquilo por muito tempo ainda. Você nunca perde nada abrindo
mão, pelo contrário, coisas boas acontecem, nem que seja a gratidão de
quem está recebendo, que, provavelmente, vai ser alguém que você vai
poder contar durante uma merda.
Merda sempre vão acontecer, não importa quem você seja.
Doe coisas novas, tenha pouca coisa, consuma com
responsabilidade, cuide dos seus recursos e não desperdice. Um bom
Dreamer Spirit deve ter estas qualidades. Assim, você viaja leve.
Vou aproveitar para contar uma história que eu levei como
exemplo para minha vida. Eu tenho um amigo chamado Rafael, ele é
professor de física, uma pessoa excelente. Um dia, algo muito bom
aconteceu na vida dele, ele tinha um bom emprego e podia bancar o aluguel
de um apartamento só para ele. Ele é jovem, era uma conquista
extraordinária. Até então, ele morava em republica, já tinha as próprias
coisas, disse isso, para ficar claro que era por convicção. Então, durante a
mudança, fui eu quem ajudou-o a guardar as coisas na casa nova, outros
ajudaram a organizar a retirada, eu ajudei a levar as coisas para casa nova.
Esta história é incrível, começamos de tarde, fizemos uma puta
faxina na casa inteira, montamos cama, sofá, organizamos todas as coisas.
No final de 6 horas de trabalho, já estava tudo no lugar, duas pessoas, em 6
horas, já estava TUDO no lugar. Ele já podia morar, já tinha luz, água,
internet. A gente assistiu um filme por stream para comemorar.
Eu já mudei muito de casa na infância, cada mudança a gente
passava pelo menos 15 dias com um monte de tralha dentro de caixa, só de
panela e coisa de cozinha eram 3 caixas grandes. Deus me livre, esta
mudança do Rafael me mostrou como é foda guardar apenas o que é,
realmente, importante para nós e transformar todo resto em memórias na
cabeça.
Mas, não economize em ferramentas, cuide bem delas.
Vai fazer uma faxina no seu guarda-roupas, isso, levanta dai e vai.
Tu tem um monte de roupa que não usa a mais de um ano. E aquelas
cuecas/calcinhas furadas, que nojo. Joga esta merda fora. Na moral, você
vai se sentir melhor.

Hoje não teve treta, foi rapidinho. Amanhã é o encontro na casa da


minha mãe, reze para não dar merda. A vida está tão boa.
São 17:48 horas.

Hoje é dia 24/06/2018.


São 17:41 horas.
Meus amigos, me escutem com atenção: o medo passa, a dor passa,
a ansiedade passa. Todos estes sentimentos passam sem que a gente faça
nada. Eu sei que é uma merda, eu sei que incomoda, mas é tipo injeção, se
você se mexe, quem aplica erra e você tem que tomar de novo. Eu sei que é
difícil, mas é o melhor que eu tenho para te dizer, foi o que mais deu certo
para enfrentar estes problemas.
A raiva da minha mãe passou, ainda estou chateado,
desconfortável, não estou dizendo que resolveu, mas a raiva passou. Eu sou
uma pessoa que não gosto de protelar as coisas. Resolver depois algo que eu
tenho a chance de resolver agora. Eu fui para o almoço que minha mãe me
chamou, sabe o que aconteceu? Nada demais. Nenhum medo se confirmou.
Geralmente, eles não se confirmam, mas não tente falar isto para eles
enquanto eles te assombram, costuma não resolver e piorar.
A verdade é que você não tem controle nenhum sobre o que você
sente, mas tem total controle sobre o seu comportamento. Você,
literalmente, faz o que você quer fazer. Nas coisas grandes às pequenas
coisas. Eu refleti que não queria perder uma oportunidade de passar uma
tarde agradável com meus irmão por causa do que eu estou sentindo pela
minha mãe. Não tratei ela mal, evitei render qualquer assunto e curti com
meus irmãos.
Não adianta fugir das coisas que você tem medo, esta é uma parte
bem difícil de escutar, mas eu sei que estou falando contigo, bem
intimamente, do ladinho do seu ouvido. Eu sei que você vai me ouvir, você
não aguenta mais fugir daquilo que tem medo. Vou começar levinho então,
não há pressa. Nenhuma, mesmo. Você vai no seu ritmo, no seu tempo. Na
verdade, você não precisa procurar o perigo, ir de encontro com seu medo.
O que eu quero que você faça é aproveitar as oportunidades que seu medo te
dá para observar a realidade.
Eu aprendi estas coisas este ano, lendo um livro sobre Terapia
cognitiva comportamental, teve alguma dúvida, procura e pesquisa sobre
isso. A realidade é o que ela é, não o que nós pensamos que ela é. É
importante verificar se o que pensamos sobre a realidade é realidade. Foi o
que eu fiz hoje em relação aos meus medos. Durante minha vida, eu nunca
fui capaz de lidar com as crises da minha mãe, então, comecei a querer
evitá-la e fugir. Mas hoje, eu não mudei nada no meu comportamento, não
mostrei força nem destreza, não joguei, mas observei a realidade e a
verdade é que minha mãe está passando por um péssimo momento da vida
dela. De muita solidão.
Acredito que esta procura por mim, foi apenas carência, pelo
menos, foi o que eu tirei observando a realidade. Isto me dá motivos para
perdoar minha mãe e ignorar o que eu estou sentindo, NÃO,
definitivamente, não. Mas me mostra o quanto ela é frágil e não tem
controle. Me faz perceber que existem mais opções para lidar com o
problema do que o medo me permitia. E isto me deixa mais tranquilo.
A realidade te faz pensar umas coisas que o medo não deixa. Por
exemplo, eu já estava vivendo um processo de raiva e frustração. Isto que
aconteceu com minha mãe foi impertinente, mas não é a raiz do que eu
estou sentindo. No fundo, resolver este stress com minha mãe não resolve
meu problema. Por que eu vou me dedicar a isto então. Vamos continuar
atacando a raiz do problema e curar de verdade.
Não é simples, mas também não é um bicho de sete cabeças.
Diante daquilo que você tem medo, observe a realidade. Cuide de você
mesmo, se proteja se necessário, mas não concretize você mesmo o que seus
medos dizem. Se tiver na dúvida entre fazer alguma coisa e fazer nada, faça
nada.
E quanto aos seus sentimentos, certifique-se que nutriu o seu
corpo, tome banho, escove os dentes, durma direito, tome água, coma
alguma coisa, faça estas coisas “simples” enquanto o pau está comendo,
depois faça nada. Não tome nenhuma atitude nublado pelos seus
sentimentos. Esta é a forma que eu encontrei para ter uma vida saudável,
mesmo quando eu estou doente.
Assunto encerrado, vamos para o próximo.

Amiguinhos, seguinte, vou dar um recado breve aqui sobre mim.


Eu sou uma pessoa ótima, incrível como eu mesmo disse várias vezes, até
agora, vocês conheceram a minha versão no limite e doente. Nesta versão, é
um apocalipse por paragrafo. Eu manifesto paranoia, tudo em mim dói, eu
não tenho disposição para fazer nada, e eu machuco as pessoas que eu amo,
descumpro compromissos, me sinto um merda. Eu evito o quanto eu posso
chegar neste ponto, cuidando de mim, mantendo uma vida saudável e feliz,
mas é inevitável, eu cobro demais de mim e o mundo me surpreende com
problemas que exigem tudo de mim, as vezes, estes problemas chegam
quando eu já estou muito perto do limite, dai eu já sei que vai rolar e já fico
tranquilo.
A verdade, é que o livro deve ser mais leve daqui para frente, estou
bem melhor e sinto que é uma melhora consistente, diferente da do meio da
semana passada. Curar leva tempo e cuidado, a verdade é essa. Eu ir na casa
da minha mãe hoje é um argumento excelente para saber que estou bem
mesmo. Estas provas são bem comuns.
Se este for o último registro neste livro. Isso mesmo, meus caros,
eu costumo escrever muito quando estou muito mal e cuidar da minha vida
quando estou bem. Gostaria de agradecer por estar comigo durante todo este
tempo. Desejo que você melhore, que se cure de verdade e se lembre que
nunca está sozinho. Estou torcendo para você vencer seus medos e te
enviando um pouquinho de força para tornar isso mais fácil. Eu te amo
muito, foi por isso que escrevi isto para você, para que se lembre que eu
sempre vou cuidar de você, que eu estou sempre ao seu lado, não importa se
você não me vê, não me ouve, não me sente. Não importa se você está
louco.
Beijo, me liga.

São 18:09 horas.

Boa Noite, hoje é dia 25/06/2018. São 21:17 horas.

Lutei o dia inteiro para me manter acordado.


Segundona, muitas expectativas, mas fui com calma. E deu certo.
Começa com este conselho, então, o dia para começar a melhorar sua vida é
hoje. Esquece a segunda, eventualmente, descansamos no domingo e
estamos bem dispostos ao trabalho segunda, mas não espere a segunda para
começar.
Estou aqui, meio que formalidade, tem uns bons quinze minutos
que estou no computador revisitando textos que poderiam estar aqui. A
verdade é que eu quero começar a selecionar, comentar e utilizar como
exemplos meus textos antigos para compor este livro. Contudo, muito
injusto comigo mesmo produzir esta pesquisa sem que conte como
produção. Aqui estou, raciocinando em como melhor organizar e preparar a
melhor experiência, para você, sobre quem eu sou e como eu penso.
Minha terapeuta me retornou sobre a leitura deste livro até aqui,
enviei para ela, pois este livro é uma excelente fonte de análise, além disso,
ela tem excelentes condições de criar associações com os assuntos que nós
tratamos com o material bruto manifestado aqui. Contudo, algo está me
deixando desconfortável, ainda não tenho a resposta para solucionar este
desconforto, mas vou refletir sobre isto. Servir para minha terapia é um
bônus na produção esta peça artística, este livro não tem este objetivo.
Misturar as coisas vai ser a ruína deste texto. Vou explicar o motivo, tenho
que ser fiel para o público para quem estou produzindo. Se começo, a partir
deste momento, a escrever para ela, como material para minha análise, todo
este contato gostoso que estou criando contigo se perde. Porque? Pois você
para de ser representado.
O que eu mais quero com esta obra que é você se sinta abraçado,
na maior parte do tempo, que você saiba que seu problema é uma merda,
que é difícil de resolver, mas que você não está sozinho e que seu problema
não é exclusivo. Muitos antes de você já viveram ou vivem algo parecido,
assim como muitos já solucionaram seus problemas e, estão aí, vivendo
outros problemas.
Eu já escrevi para minha terapeuta, a fim de entender melhor o que
está acontecendo comigo, mas este livro não é o caso. Estes outros textos
são uma viagem para dentro, tomando impulso para romper portas, eles não
olham para fora, eles quase não percebem o impacto que criam.
Quero manter este compromisso com você, eu achei que nem
escreveria mais, achei mesmo, mas este compromisso com você que me
motivou a começar e ele me inspira a continuar. Eu acho que gosto muito de
você.
Terapeuta, vou te chamar assim, como é uma biografia, nomes
devem ser evitados quanto mais próximos de mim, mais deve ser evitados.
Muito obrigado pelo seu empenho em utilizar este material para me ajudar
na terapia, tenho certeza que será muito útil, mas tenta consumir como uma
obra artística, um pouco despretensiosa.
Sabe, estou trazendo este assunto para mesa, pois prometi que leria
suas considerações, eu sou traumatizado com crítica, teve muita obra minha
que morreu depois de eu perder um puta tempo ouvindo o que os outros
tinhas a ouvir sobre elas. “São para te ajudar a melhorar” eles diziam,
“Cara, eu não quero melhorar, eu só quero me expressar, eu só quero
produzir” eu pensava, e eles não paravam, mesmo quando eu pedia para
parar. Era uma merda. E eu ficava puto. Ficava chateado achando que meu
trabalho era uma merda. Pois eu me avaliava, eu sempre me cobrei demais,
e, claro, nunca estava do jeito que eu gostaria que tivesse. Comecei a
produzir minhas coisas eu não tinha nem 10 anos. Mas, já me dedicava,
colocar minhas ideias para fora era, simplesmente, maravilhoso. Mas
minhas obras morriam.
Com 15 anos eu escrevi um livro. São 12 anos que minha primeira
obra concluída existe. Até hoje, 3 pessoas tiveram acesso ao livro. Esta é um
pouco da minha história.
Eu imagino, que seus apontamentos sejam relativos ao seu
trabalho, eu sei o quanto você é uma profissional competente. Mas, se um
comentário sair atravessado, minha motivação de continuar a escrever este
livro poderia ir para o saco. E como eu não estou seguro sobre a relação que
nos teremos sobre esta obra, este desconforto se instala de um modo triste.
Eu fico muito preocupado com este trauma. E me esforço para
entendê-lo e tratá-lo, por exemplo, este livro nem está pronto e ele já foi
lido por mais pessoas que meu primeiro livro. Tem duas semanas que eu
estou escrevendo, tem 12 anos que meu livro está pronto.
Eu acho isto um puta progresso.
E eu quero muito continuar empolgado a escrever esta obra. Ela
relata, de uma maneira muito fiel e íntima, todo o processo de lutar contra
uma dificuldade de fazer algo diferente profissionalmente, ao mesmo
tempo, que alivia o assunto contando, de forma autobiográfica, histórias da
minha vida. É um processo muito íntimo de criação, extremante, invasivo,
mas que se colore e se permite o que só a arte pode fazer.
Por enquanto, acredito que ficaria mais confortável se você, minha
querida terapeuta, utilizasse este conteúdo nas nossas conversas e que eu
tivesse acesso às suas observações à conclusão desta obra. Assim, eu não
seria influenciado por suas sugestões e meu público estivesse reservado
deste constrangimento.

São 21:47 horas.

Áh! Hoje eu queria começar a te mostrar (você leitor) meus textos


antigos, estou separando os melhores materiais para te entregar uma
experiência maravilhosa da minha vida. Sejam sinceros consigo mesmos e
com suas obras. É o conselho final que eu reservo para você utilizando este
capítulo como exemplo. E, levanta dai e vai trabalhar, seu sonho não vai se
realizar sozinho.

São 21:50 horas.


São 21:55 horas

Escolhi o texto que vou trabalhar, ainda não li, mas parece
promissor, agora, vou só colar ele aqui e vou dormir, vocês já terão acesso a
versão editada e comentada, ou seja, para vocês é só continuar lendo, para
mim, será uma longa expectativa e produção. O texto saiu de uma conversa
no Skype, nunca achei que usaria para algo e vai dar um puta trampo editar
tudo. Mas vai ser bem legal.

São 21:57 horas.

Bom dia, hoje é dia 26/06/2018.


São 09:51 horas, estou editando o texto.

AVISO: Estou escrevendo o contexto e está ficando enorme, vale a pena ler,
mas não faz muita diferença se você pular para o texto que prometi entregar
e voltar para ler o contexto depois. Você quem sabe.

Ontem, depois de escrever, não resisti e li o texto na integra, sem


edições. Achei por bem, contextualizar a leitura, contexto que é interessante
por si próprio. Vou pontuar as alterações técnicas também, a fim de você
absorver o máximo possível da experiência.
Este texto foi escrito, via Skype, cheio de erros ortográficos e
gramaticais, no dia 14/11/2012, havia três dias do meu aniversário de 22
anos. Eu fico, filosoficamente, sensível nos arredores do meu aniversário,
costuma ser até doloroso, reflexões profundas sobre o que eu sou, o que eu
faço e o futuro.
Estava conversando com meu amigo do Heavy Metal, amigo desde
a adolescência, uma pessoa muito importante para mim que aqui
chamaremos de Metal.
Esta data marca um momento bem interessante da minha vida. Veja
quantas coisas simultâneas estavam acontecendo à época.
• Este foi o primeiro ano de namoro com minha atual esposa, a
conheci 6 meses depois de terminar um relacionamento, este
termino me fez conhecer depressão. Em relação a isso, levou um
tempo para resolver as coisas e eu me sentir seguro ao lado da
minha atual esposa. Foram tempos difíceis e complexos,
falaremos muito sobre isso durante o livro, foi um evento
importante na minha história.
• Nesta mesma época, preste atenção, pois isto é muito importante,
eu descobri um caroço no meu testículo esquerdo.
Na primeira consulta, o médico disse que tudo indicava ser um
tumor, para saber se era benigno ou maligno, o único jeito era tirar
o testículo e analisar na biópsia. Tenso né, também acho. Foi
sinistro.
Vale falar, que eu tinha uma pinta de nascença nas costas, com 16
anos ela virou um caroço, depois da biópsia, descobri que era
benigno. Fato é, que era a segunda vez que o câncer me
assombrava. Eu refleti muito sobre a possibilidade de morrer cedo.
Ah, deixa eu aproveitar, eu ainda tenho meus dois testículos, por
milagre, deve ser.
Voltando, eu sempre tive pavor de ser amputado, eu me achava
muito feio e pensava que, se fosse amputado, qualquer parte que
fosse, minhas chances de ter uma vida social normal acabariam,
definitivamente. Diante desta avaliação médica, cogitei em não
perder meu testículo e aceitar a morte, caso o tumor fosse
maligno. Eu realmente pensei muito nisso. Aconteceu que
procurei outros médicos para acompanhar meu caso, conversei
com minha família, fiz exames menos extremos, e, um belo dia,
belo mesmo, puta que pariu, eu me toquei e percebi que o caroço
estava menor. No primeiro ultrassom, foi quase certo que era um
tumor mesmo e que eu teria que, no melhor caso, só tirar meu
testículo. Mas, ao perceber que estava menor, questionei meu
médico e ele pediu um segundo ultrassom que mostrou que o
tumor havia sumido. Puta sorte do caralho e reza da minha avó,
conheço pouca coisa mais forte que a reza da minha avó. Este
processo todo levou uns 6 meses. Baita história, o importante aqui
é que eu achava que ia morrer e isto é importante.
• Me pergunto se não salvei esta conversa prevendo este livro, ela se
encaixa muito bem com as reflexões que tivemos até aqui.
• O Metal é um amigo muito querido que me ajudou demais,
sempre esteve ao meu lado, principalmente, quando o pau tava
quebrando. Fico muito horado de dedicar uma sessão inteira deste
livro para ele, assim, nossa amizade fica eternizado no tempo e
espaço. Te amo muito, meu amigo. Espero que goste desta
homenagem.

Observações técnicas:
• Este é um texto de skype, modifiquei o ritmo do texto
para se adequar a linguagem de livro.
• Todos os nomes citados foram trocados a fim de preservar
identidade.
• Corrigi a ortografia, me agradeça por isto, tinha muitos
erros e ainda devem ter ficado alguns.
• Editei metade do texto, estou pensando, seriamente, em
cortar algumas partes, mas não cortei nada ainda.
• Decidi não cortar nada, estou quase no final, mas vou
marcar de amarelo tudo que eu acho que pode ser pulado,
dai você decide o que quer fazer.
• A parte sobre os testículos ficou amarelo, mas valeu
contar a história.
• O texto é enorme, mas, confessa, você esperou por isso.
Editar demora e cansa. O texto segue arrumadinho, para você
apreciar. Após o texto, em outro dia, eu releio o texto e comento.
Grande abraço, aproveite.

São 12:21 horas.

Escrevi tanto que isto pode ser produtivo 14/11/2012

“Metal”: Estudando pra prova de amanhã?

“Rafael”: Nem estou e já achei que hoje era amanhã. (este texto foi
escrito próximo das 00:00 horas).

“Metal”: Vish, que dia é a prova então?

“Rafael”: Amanhã.

“Metal”: Ah! Você vai querer ir lá no centro comigo mesmo?

“Rafael”: Me dá um toque quando você sair da aula... Se eu não


atender é por causa da prova, depois te retorno. Acabei de acordar e tomar
um banho, estou meio zonzo para tomar qualquer decisão agora.

“Metal”: Que horas é a prova?

“Rafael”: Nove e meia.


“Metal”: Te encontro 11 horas na porta do ICEX, então, pode ser?
Ou prefere que eu te dê um toque?

“Rafael”: Pode ser.

“Metal”: Então fechado!

“Rafael”: Demoro.

“Metal”: E aí, como é que você está?

“Rafael”: Brother, estou meio zonzo, meio perdido também, mas


vou resolver.

“Metal”: Está de boa com a prova amanhã?

“Rafael”: Não estou dominando a matéria, mas estou


emocionalmente tranquilo. Passei a tarde dormindo e lendo "O temor do
Sábio" – Patrick Rothfuss. Depois da prova de Álgebra A, não tive animo
nenhum para pegar para estudar.

“Metal”: Compreendo, eu to tipo assim com eletromag.

“Rafael”: Ah! Brother, tive uma conversa tensa com minha mãe
domingo, minha vida está maravilhosa, mas estou um pouco abalado. Ossos
do ofício, na verdade.

“Metal”: Entendo, sua mãe fritou em algo?


“Rafael”: Só na vida que eu ando levando, mas ela chegou num
beco sem saída e eu to digerindo isso agora, mas isso foi agravado pelas
dores no corpo e cansaço em excesso, devido a horas de luta no graal, duas
noites violentas de sexo, uma festa com pessoas importantes e um
lançamento de livro que limitou meu sono de domingo para segunda para
sete horas e a perda do primeiro horário.
Eu acho que minha vida está boa.

“Metal”: que eu não fui -.-'

“Rafael”: Porque não quis.

“Metal”: Mais ou menos.

“Rafael”:E suas dores, melhoraram um pouco?

“Metal”: Ah, estou mais de boa, mas fico receoso.

“Rafael”: Como assim?

“Metal”: Com medo desses trem.

“Rafael”: Entendo. Hoje eu tava tocando meu testículo e pensei ter


encontrado alguma coisa, fiquei preocupadão, mas vai dar tudo certo,
Brother.

“Metal”: Tomara, você foi ao médico recentemente?


“Rafael”:nem fui, na verdade, mas não tem muito tempo desde a
última vez.
Por mais que eu pareça displicente, tenho me ocupado, frequentemente,
com a universidade, tenho um punhado de pequenas coisas para resolver,
mas não estou, minimamente, interessado em resolvê-las.

“Metal”: Entendo.

“Rafael”:Estou meio viciado em um livro, está mais do que


ajudando a passar o tempo.

“Rafael”: Está gerando boas reflexões, chama-se: O temor do


sábio. 960 páginas. Comecei semana passada, já cheguei na metade.
“Metal”: Que isso, está frenético.

“Rafael”: Tipo isso, já é o terceiro ano que o período anterior e


posterior ao meu aniversario geram muitas reflexões, algumas delas são
acompanhadas de uma dor desagradável e constante, o livro ajudou um
pouco a aliviar meu stresse e a ocupar minha mente de forma sistemática,
sem falar que estou enrolando para ler este livro a meses, ganhei-o em junho
de presente do dia dos namorados.

“Metal”: Que bom que gostou. Estou com tanta coisa que eu nem
sei o que fazer, mas empolguei nos lances de eletrônica.

“Rafael”: Nem fala, mas é assim mesmo, se a gente não dá um


basta a gente pira e acha a vida uma bosta. Se a gente dá um basta, alguns
ao redor, ficam horrorizados e te enchem de lorota. no final, todos estão
certos e a vida continua. Cada um colhendo as consequências das próprias
escolhas.

Às vezes parece que a gente quer jogar tudo para o alto, mas, na
verdade, só quer um remédio eficiente para a dor, assim que a dor passa a
determinação volta e lutamos com todas as forças para agarrar o que nos é
devido.

Sabe, este momento morno na nossa vida, mal será lembrado no


futuro, o máximo que a gente vai sentir é: “porra, eu devia ter corrido atrás
do que eu não tenho hoje, naquela época.”, mas por puro esquecimento do
que a gente estava fazendo de tão importante nestes tempos.

“Metal”: Concordo.

“Rafael”: e eu estou sendo prepotente, de achar que sou capaz de adivinhar


o futuro, esta é a história que ouvi da minha prima, enquanto
conversávamos ontem, foi esta a sensação que eu tive.

Tipo: eu penso, “minha vida nem é ruim, ela é boa, mas isso não é
suficiente. E eu me pergunto porque não é suficiente?” Eu mesmo respondo,
“é suficiente sim”, dai a conversa morre e vou fazer alguma coisa. Minutos
depois, me pergunto, “minha vida é realmente boa?”, às vezes, respondo
que sim, outras que não, depende muito do que eu estou fazendo, mas vem
o questionamento, “isso faz, realmente diferença?”

“Metal”: Normal isso.

“Rafael”:
“Tem hora que a vida é boa, tem hora que a vida é ruim”, eu
respondo, e, mesmo assim, eu continuo seguindo em frente, porque é
divertido seguir em frente.
Eu me pergunto, “o que é suficiente? Suficiente para o que? Para
eu ficar satisfeito ou para eu ser feliz? Os dois, por que não?”.
Eu respondo,“Porque leva muito tempo para ter os dois e são
caminhos um pouco diferentes a se seguir.”
Então, “o que é preciso para ser feliz?”,
“Uhmmmmm, continue vivendo sua vida.”
“E para estar satisfeito?”
“Continue vivendo a sua vida”
“Ora! Os caminhos não eram diferentes?”
“E, realmente, o são. No seu futuro, as escolhas que não lhe cabem
agora, decidirá o caminho que vai seguir.”
“E se eu não chegar a nenhum destes caminhos?”
É uma verdade oculta isso aí.

“Metal”: Poucos conseguem ver.

“Rafael”:
“Impossível não chegar a lugar nenhum, mas você pode ficar cego
por uns anos e, mesmo nós que conseguimos, ainda temos medo,
insegurança, culpa.”
Tem uma coisa que eu tenho repetido, continuamente, para mim
mesmo. Algo que eu aprendi na Seicho No Ie: "é impossível ser feliz sem
perdoar os seus pais", eu adaptei a frase aos meus próprios conceitos.
É uma verdade isso, às vezes a gente carrega uma maldição de uma
infinidade de gerações passadas, um erro continuado, por exemplo: com a
falta de amor entre os casais, o filho tende a aprender que aquilo é a “forma
do mundo” e tende a reproduzir isso para a geração seguinte, é um ciclo
vicioso, que só termina quando alguém perdoa as gerações passadas e segue
em frente.
Até certa idade, nossas disputas e reflexões sempre refletem nos
nossos pais, não sei se é um caso geral, acredito que não, mas é o meu caso
particular.
Discutindo com minha mãe, e não foi bem uma discussão, estava
mais para um dialogo indefinido, sobre o futuro das coisas, Eu percebi um
pouco da revolta que eu ando escondendo.

“Metal”: Ela está te cobrando algo?

“Rafael”: mais ou menos, nosso diálogo indefinido chegou a conclusão que


não existe espaço para esta cobrança, não da parte dela, e que isso não é um
problema dela. Então, a discussão acabou. Tem tempo que eu não gosto de
discutir com minha mãe, nem de tentar provar que eu estou certo.

Metal, sempre ficam resquícios de tudo que eu absorvo. É assim


que eu aprendo, mas existem coisas que não adianta discutir, tem certas
coisas, que só as pessoas certas podem fazer, eu não tenho ideia de que tipo
de consequência eu vou ter na minha vida, na verdade, eu tenho uma ideia,
mas prefiro não pensar sobre o assunto.
Tipo, eu posso chegar num ponto da minha vida e pensar “porra,
que merda, fudeu”, mas eu não estou, minimamente, interessado em ceder o
mínimo da paz que eu conquistei durante estes anos.
Sinceramente, não faço questão nem de abrir mão da dor que sinto
por terminar com a “ex-namorada”, pelo simples fato de que eu já me
acostumei com ela. Abrir mão disso, no momento que eu estou, significa
abrir espaço para outra mulher tomar o lugar dela, abrir espaço para que
outra pessoa me faça sentir esta dor de novo, e estou muito tranquilo com a
“minha esposa”, está seguro, está feliz. Mesmo que isto me custe minutos
intermináveis de lamentações.
Acredito que, deixa parte de mim continuar lutando pela “ex-
namorada”, vai que ele vence e encontra o jeito de eu ser feliz ao lado dela?
Eu acredito nisso, tenho potencial para isso.

“Metal”: Não entendi. Você vai ficar de boa com a “atual esposa”
continuando atrás da “ex-namorada” no seu interior?

“Rafael”: Não, nem a “atual esposa” nem a “ex-namorada” tem importância


nesta conversa, estou focado em outra coisa, que, por um momento, valeu a
pena usar como exemplo.

De qualquer forma, estou me sentindo cansado, cansado, de


verdade, aquele acumulado desde que eu me entendo por gente.
Mas, finalmente, achei uma linha silenciosa e confortável para
caminhar: tenho amigos inspiradores, que me ajudam quando eu preciso
desabafar, tenho uma família acolhedora, com que eu posso relaxar, tenho
silêncio mental, um silêncio que procura por silêncio e resolvo meus
problemas com calma.
Tinha anos que eu tenho vontade de aprender a usar o poder do
tempo, eu não tenho este poder, mas sem perceber colho alguns frutos,
como se já fosse capaz de reconhecer árvore e catar alguns frutos maduros
no chão. Por outro lado, uma hora chegara o inverno e não haverá mais
frutos no chão, às vezes, eu penso em guardar algumas sementes para
plantar depois, mas provavelmente o inverno vai ser frustrante e
avassalador. Pouca coisa nasce em terras geladas.
Eu me pergunto, vale a pena matar este silêncio para prevenir o frio
do inverno?
Todo mundo que me olha, inclusive eu mesmo, diz, com seus
olhares, que meu esforço não será suficiente para me manter, apesar do meu
passado. A criança gentil dentro de mim, me olhar com admiração, a cada
marco do percurso.
Por exemplo: hoje, fiz metade da prova de Álgebra A, eram 4
questões e deu tempo de fazer duas delas completas. Eu fiquei muito
satisfeito com a engenhosidade e perseverança que apresentei durante a
prova, fiquei, realmente, satisfeito, me achando foda.
Contudo, eu não tenho certeza se os resultados que encontrei para
as questões da prova estão certos, pois arrumei uma confusão no decorrer da
prova, as ideias estavam muito espaçadas na minha cabeça e reuni-las foi
complicado, porém, sai satisfeito da prova, minha criança interior soube
valorizar meu esforço, principalmente, por que era um esforço para a
faculdade.
Fiquei, realmente, me sentindo um pouco culpado por não ter
resultados na faculdade depois da conversa com minha mãe, mas pensei
“legal, me esforcei bastante para faculdade”, é tudo meio confuso, mas nada
muito importante. São os meus problemas e eles não tem me incomodado
muito, na verdade, incomodam, mas tenho tempo para me dedicar com
outras coisas. Eu fico satisfeito em me dedicar com outras coisas.
Os problemas que aos poucos eu resolvo, pois estou agindo, não da
forma que talvez eu deveria estar agindo, mas estou agindo e sempre estou
chegando a algum lugar, mesmo não sendo o lugar que talvez eu deveria
estar chegando. Entende?
Posso estar me fudendo na faculdade, mas estou lendo um livro
interessantíssimo e me divertindo e aprendendo desta forma. no futuro,
daqui a 50 anos, talvez nenhum dos dois façam diferença, mas ambos me
formarão quanto pessoa.

“Metal”: Eu penso assim. Acho que um ano ou outro que a gente perde na
faculdade não muda em nada

“Rafael”: Passei dois anos sem carteira de motorista. Foi uma bosta durante
este tempo, mas, hoje, eu nem lembro direito como eram estes tempos e se
eu não tivesse me estressado tanto, talvez, eu teria uma lembrança mais feliz
daquela época. E, talvez, hoje, eu não teria minha carteira de motorista, esta
ignorância que faz toda a diferença.
Estou agindo de maneira diferente para evitar um sentimento no
futuro, mas não posso ter certeza que terei os mesmos resultados. Estou
lutando para isso, na verdade, mas tudo não passa de promessas para um
futuro que não sei se chegará.
Por exemplo: eu sai do estagio para cuidar da faculdade, nao estou
fazendo isso, exatamente agora, mas não estou cuidando de arrumar outro
estagio para que eu possa fazer isto semestre que vem. Eu corro o risco de,
semestre que vem, eu não ter nem faculdade nem estágio, porque é só uma
promessa de que semestre que vem eu vou sustentar a faculdade.
Eu falo que minha vida está complicada, mas é bem simples, só é
meio extenso de explicar e eu não tenho a obrigação de explicar para
ninguém, são meus problemas. Se alguém resolver para mim, não vai ter
graça e eu não vou aprender nada com isso.
Eu posso me fuder? Posso, mas é a vida. Serão resultados das
minhas escolhas.
Eu, prepotente, acho que eu escolhi certo ate agora. Ralei para
caralho, fiz curso técnico, estudei num dos melhores colégios do país, que
selecionava por esforço.
“Metal”: De acordo.

“Rafael”: E mesmo assim, to me fudendo. Possivelmente, eu vou me fuder


AINDA mais fazendo as escolhas erradas é assim que é a vida. Eu só estou
respirando um pouco, não é tao ruim assim. Eu nem sei se isso é só uma
desculpa. De qualquer forma, estou satisfeito com a vida que estou levando,
mesmo que signifique que eu me fuderei no futuro, como minha mãe, meu
pai e eu mesmo acho que pode acontecer. Ainda assim, parece uma boa
escolha.

“Metal”: Hahaha!, fica nice aí, que isso é a vida, the fucking life.

FIM DO TEXTO.

Faculdade, eu sai da faculdade em 03/2013, mas continuei fazendo


iniciação científica até 01/2014, quando eu me desliguei, definitivamente.
Meu curso estava todo atrasado, pois decidi me dedicar ao estagio que
estava incrível. Sério, nunca tive uma experiência profissional tão foda
quanto meus dois estágios. Fato é que eu tive a oportunidade de renovar
meu estágio, mas escolhi me dedicar à faculdade inteiramente para existir
chances de formar algum dia. Este contexto é importante, pois o texto é
basicamente sobre isto.

Hoje é dia 29/06/2018.


São 23:32 horas.

Não estou a fim de comentar agora sobre o último texto como


prometi. É isto. Estou a fim de escrever. Só isso. Eu cansei de ficar doente,
saca. Comecei este livro no meio de uma loucura emocional, muita coisa
tinha acontecido, eu precisava me expressar, tinha acumulado muito coisa,
estava, fisicamente, doente, sem conseguir produzir.
Então, decidi organizar as minhas produções e li um texto
sensacional de desabafo. Planejo acrescentar ele ao livro em breve. Fiquei
maravilhado com a liberdade que tinha naquela escrita e como aquilo me
fazia bem. Surgiu dai a ideia para este projeto, que, aos poucos, tomou o
corpo de algo muito positivo para mim.
A vida surpreende sempre, não adianta ter o controle de nada,
nosso comportamento diante da vida é uma das poucas coisas que podemos
determinar. Não abra mão disso. Você é um universo incrível.
Dei uma pausa na escrita, ainda estou um pouco incomodado com
os últimos eventos, ontem, quase não consegui dormir. Fiquei agitado, a
mente fervilhando ideias. Cheguei a pensar que não escreveria mais. Acho
que este momento é, justamente, aquele que eu resgato aquilo que eu mais
gosto de fazer nesta mídia, falar o que eu penso de forma livre, sem me
adequar a estilo ou me preocupar com como os outros vão consumir.
Eu vejo a repercussão daquilo que eu produzo, a sensação que eu
tenho, é que chega a hora que as coisas saem da minha mão e ganham o
mundo. Eu me chateio ao perceber que as pessoas que consomem o que eu
produzo não a fazem como eu esperava, elas são livres para fazê-lo, isto é
incrível, mas eu nunca sei como reagir. E nunca sei o que eu devo fazer.
Esta é uma tentativa, não faço ideia se vai dar certo, mas decidi
resgatar o que me alegra fazer aqui. O que me dá satisfação. Estou com um
bom pressentimento quanto a isso. A agitação está passando, a doença no
corpo físico está passando. O que eu mais quero é que você se sinta à
vontade para me conhecer sem amarras, escute as histórias que eu reuni
nesta breve vida e, quem sabe, aprenda como tirar um projeto do papel
identificando todo o processo emocional envolvido. Sabe, tem muito
sentimento que aparece durante a produção que nos assusta, pois não
prevemos que eles existirão naquele contexto. Ao ler este livro é bem
provável que você perceba que eles são normais e relaxe um pouco.
Me desculpe, se você teve que passar por toda aquela turbulência
para ter acesso a esta informação, na verdade, é bem comum passar por uma
grande turbulência para se aprender alguma coisa.
Tenho vontade de te contar as partes boas desta vida, minha vida é
muito boa, eu só não consigo olhar para esta parte boa quando estou doente.
Espero que este livro seja mais leve de se ler também. Que você saiba que é
bom viver e que todo este processo turbulento é incrível.
Ainda estou um pouco incomodado com a agitação toda que este
livro causou no meu processo de terapia. Estou feliz de estar escrevendo.
Estou refletindo muito sobre como eu reajo às criticas. Vai dar tudo certo.
Fiz outra pausa aqui, acho que este texto está chegando ao fim.
Estou um pouco cansado. Quero sair para vender balas de novo em breve,
ter mais coisas para escrever aqui sobre este processo. Muita coisa mudou
que eu não escrevi aqui. Ficaria enorme se tentasse escrever e este livro não
é um diário. Eu gosto da minha vida como ela é. O próximo passo é
organizar o que estou fazendo a fim de deixar claro como eu posso ganhar
dinheiro em cada frente que estou me empenhando.
Quando eu voltar a ter entrada financeira será um bom momento de
encerrar este projeto. Lembrem-se esta é uma jornada de trabalho, rejeição e
frustração. Vou te contar o que este título significa para mim. Quando
damos um primeiro passo, começamos uma Jornada, no caso do tema deste
livro, uma jornada de trabalho, pois remete às minhas experiências
profissionais e o que eu vivi na minha vida para vivenciá-las. Assim como,
os motivos pelos quais estou doente e sem condições de voltar a trabalhar.
Fechamos duas palavras chaves, Jornada e Trabalho.
Rejeição é algo muito comum ao empreendimento de uma
inovação. Você está começando um projeto novo, uma ideia que você ama,
quem sabe, até mesmo, um sonho que você nunca se permitiu arriscar em
realizar. Todos o sacrifício envolvido neste processo se torna um peso nas
suas costas. A possibilidade de não dar certo assombra, assusta e, vezes,
impede de prosseguir. Nos mobilizamos nossa vida, sacrificamos tempos e
recurso, além disso, estamos diante de algo novo para nós, um processo
desconhecido, inexplorável, onde nos cobramos resultados que não temos
capacidade de obter. É diante de todo este cenário que apresentamos o
resultado de nossa empreitada e recebemos rejeição. Ela virá, não tenha
dúvidas, será um passo importante nesta jornada. Se não tiver esperando por
ela e respeitá-la, será o fim da sua jornada, do seu projeto.
Eu não lido bem com rejeição. A critica é, muitas vezes, uma forma
de manifestação de rejeição. Vocês viram como a escrita deste livro ficou
ameaçada pela possibilidade de chegar neste momento precocemente.
Não tenho pretensão de te ensinar a lidar com a rejeição, estamos
aprendendo muito, na minha vida, alguns projetos sobreviveram a ela e
carrego esta experiência para compartilhar, outros não. O que eu pretendo é
registrar, com fidelidade, como ela esta presente nesta jornada atual,
principalmente, por ela estar presente dentro de mim e me atrapalhar muito
a seguir adiante. Estou convivendo e aprendendo também, com um grande
fracasso recente de algo que eu dediquei minha vida e arrisquei minha
saúde.
Concluindo, quando se trata de rejeição, espero que você se sinta
mais confortável depois de ler este livro. Que você entenda como ela se
manifesta no processo e tenha ferramentas para lidar com ela. Amigo, ela
virá, mas não precisa brigar com este medo. A rejeição modifica a ideia
original, mas nos direciona a encontrar nossa identidade. Quando achamos
nossa identidade blindamos a rejeição, pois, tentamos, mas não
conseguimos negar a nós mesmos.
Falta uma palavra-chave do título a se comentar, Frustração. É
desta palavra que vamos conhecer as histórias que compõe o meu passado.
Para mim hoje, é o sentimento que me desperta tanta raiva e ódio, que me
trava e dificulta o caminho a prosseguir. Frustração é o grande sentimento
que acompanha meu passado recente, que compõe o meu último fracasso
profissional. Também é aquele que eu mais procuro entender e dialogar.
Organizar meu sentimento sobre a frustração nesta obra me ajuda a
perceber o que eu devo fazer diante os desafios que aparecem na minha
jornada. Espero, também, que a minha experiência relatada te ajude analisar
e avaliar os seus próprios processos de frustração. É íntimo e qualquer ajuda
é bem vinda.
E, sabe, a Frustração é fruto da mudança. Este nosso projeto, sabe,
que estamos caminhando para desenvolver, nada mais é do que mudança,
que nós mesmos estamos impondo nas nossas vidas. Nos alimentamos de
expectativas a realidade nos frustra. Para mim, que tenho dificuldade de
aceitar minhas limitações, quando a realidade me diz que sou incapaz de
fazer alguma coisa, a frustração vira uma ofensa pessoal. Dai a raiva.
Ela é inerente do processo de se fazer algo. Ela vai chegar, mas
também vai passar, na jornada de se fazer algo, saber lidar com a Frustração
é fundamental para não ficar no caminho.
Espero ter esclarecido e que, daqui em diante, você tenha uma
experiência lúcida no consumo desta obra.
O ponto onde eu quero chegar é vender as balas, as camisas e
formalizar minha empresa. Eu organizei esta jornada dentro de um jogo, que
descreve um passo a passo a se trilhar rumo ao resultado desejado. Já
transpus a dificuldade de começar. Agora é dar continuidade.
Fiquem com Deus, tenha calma. Vai ficar tudo bem.
São 00:22 horas.

Hoje é dia 05/07/2018


São 22:21 horas.

Por que fiquei tanto tempo sem escrever? Não sei, não me importa
agora. Estou sofrendo. Mas não deste jeito. Igual você já viu descrito neste
livro. Estou sofrendo como se tivesse prendendo a respiração. Como se
tivesse evitando tomar uma decisão importante. Mas, caralho, eu nem sei
que decisão é essa.
Meu pedido de trabalhar voluntariamente no Grupo de Apoio a
Adoção foi aceito, mas isto não me deixou nem um pouco feliz, desde
então, é só dor, é arrastar para viver, é pensar o tempo todo que esta não é a
vida que eu quero ter, vida de segurar a respiração para evitar que eu siga
em frente.
E teve uma coisa sobre a Ex-namorada este sábado, uma coisa que
pareceu não ter importância nenhuma, mas eu to lembrando disso agora. E
teve uma coisa com um amigo também, ver alguém se afundando e só
conseguir pensar que você está fazendo o mesmo, mesmo que sua vida não
tenha nada a ver com a dele.
Na moral, eu queria mesmo só descrever meu sucesso neste livro.
Eu reli umas partes tem pouco tempo. Que cara miserável eu pareço ser.
Que vida de merda eu pareço ter. Estou sendo sincero agora, fui o tempo
inteiro que escrevi, eu me cobro demais. Que inferno.
Você me ama? Neste tempo que a gente passou junto, você se
importa comigo? Que merda. Eu achei que estava te ajudando. Achei
mesmo. Mas eu sempre volto para escrever, e eu sempre me sinto um pouco
melhor escrevendo. Minhas ideias se organizam melhor. Eu respiro um
pouco melhor. E percebo que eu acabo ajudando a mim mesmo.
Que se foda. Vou te mostrar o texto que me levou a escrever este
livro. Eu tava muito na merda quando escrevi o texto abaixo. Parando para
pensar, pouco tempo depois de escrever o texto abaixo, me ofereceram a
oportunidade de ter uma trajetória linear de sucesso. Todo o sofrimento
desta trajetória estaria acabando mais ou menos agora. O ano era 2011, eu
tinha 21 anos, eu teria que acabar a faculdade, fazer um mestrado e um
doutorado. Hoje, 2018 estaria faltando o que, 1 ano e meio de doutorado?
Mas eu neguei esta oportunidade, eu queria ser um empresário, ter meu
próprio negócio e me achava novo demais para não acreditar que seria
capaz de realizar meus sonhos.
Não me sinto arrependido, talvez pareça que estou arrependido.
Hoje estou desistindo dos meus sonhos para ter a chance de realizá-los.
Parece loucura para você? É uma das poucas coisas que se mantêm sãs na
minha cabeça.
Não tenho arrependimentos, talvez tenha por outras coisas, mas
nem sei o que são. Mas não em relação a esta escolha. Olho para aquele
Rafael de 2011, médio tolo, mas fico satisfeito pelos caminhos que ele
trilhou. O tempo que parece passar rápido demais. E esta dor latente que
ainda não passou.
Vamos ao texto. Apertem os cintos.
Sabe, que merda, não achei o texto.

São 22:55 horas

Hoje é dia 05/07/2018


São 23:08 horas

Não é o texto que prometi trazer, é um poema, vou deixar que


pensem sobre ele, eu mesmo quero pensar melhor sobre ele depois,
principalmente, diante do que aconteceu sábado com a “Ex-namorada”. Me
ajuda a pensar.
Também, ia mover este poema para uma pasta de poemas, estou
separando os textos que quero colocar aqui um dia, este não ia entrar, mas
também não quis que se perdesse. Nem sei direito porque, acho que tem a
ver com o que eu senti lendo-o. Vou ler ele de novo, depois de deixar você
ler também, se tiver algo para comentar, eu comento depois.

Agunia tão severa quanto pode ser,


mas ainda reside a esperança

Todas as palavras não são suficientes para descrever


o quão aguniante é a espera dos teus beijos
o quão desesperador é a agunia, a ansiedade.

Esperar, tranquilamente o momento certo.


A espera de um pai, a volta do filho pródigo,
não irei até você, até que esteja pronta para ouvir o que eu digo.

Não sou o mais certo do mundo,


mas tenho todo o tempo para esperá-la.
Você, assim como eu, é um ser livre
e eu não vou parar a minha vida nesta espera.
Não se preocupe.

Guardarei em mim, tudo que merece ser guardado,


Crescerei todo dia a medida exata.
As vezes dói, mas sou forte, não se preocupe,
eu aguento.
Outonos e invernos, primaveras e verões
o momento oportuno chegará
mesmo que este seja o fim definitivo
e esta a última vez que tocarei no assunto.

Meu coração guarda dentro de si,


o amor arduamente construído.
O que é nosso de verdade nunca morre.

Nunca fui merecedor de ser o homem da sua vida


e talvez eu nunca seja,
isso é importante para mim,
mas, realmente, não sou merecedor,
enquanto houver em meu coração o orgulho.

Não sei se você merece tanto esforço,


mas faço isto por mim mesmo,
você tem os seus problemas e eu os meus,

Por enquanto, o que eu posso fazer é esperar,


vou me certificar que erros antigos não se repitam
e vou cuidar da minha vida.

RAFAEL SOUTO SILVA

Na verdade, estou muito a fim de comentar não. Não tenho certeza


se estava com raiva quando escrevi este poema, certamente estava doendo.
Isso foi logo depois, não sei quanto tempo, mas logo depois de terminar
nosso namoro.
Até sábado, eu nunca vi nela nenhum sinal de arrependimento.
Havia um pesar por me ver infeliz e depois um alívio quando eu encontrei
alguém que me amava e cuidava bem de mim. Inclusive, a relação entre elas
sempre foi muito boa. Eu tenho certeza que as duas me amam muito, que
dariam a vida para me ver feliz. Eu nutro este amor pelas duas, pela minha
“Ex-namorada” não existe nenhum tipo de desejo envolvido, só uma
vontade verdadeira de vê-la feliz. Que ela encontre alguém que a trate bem
e a ame de verdade.
Sábado, contextualizando, eu reparei que ela se sentia fracassando.
Eu vi, pela primeira vez, que ela refletia, ao menos na minha frente, que as
coisas não estavam acontecendo como ela havia imaginado. Me doeu, sabe,
ver ela se sentindo fracassada. Porra, eu sei o que é me sentir fracassado e
eu não quero isso para aqueles que eu amo.
Eu senti que ela chegara a conclusão de que eu havia sido o
homem da vida dela. Mas isto me gerou dor. Pesar. No poema, era bem isto
que eu estava esperando. Que ela reconhecesse que fez merda e voltasse
para mim. O tempo passa, e tudo muda.
Eu estava frustrado, doente, deprimido e sem rumo quando a gente
terminou. Hoje, estou mais ou menos assim, mas por outros motivos. Eu
não quero ser o homem da vida dela. Quero que ela encontre alguém melhor
do que eu, que suas expectativas, quando nós terminamos, se realizem. E
que ela se sinta satisfeita e capaz.
Porra, era tristeza então, o que eu estava sentindo quando a vi
chorando no peito do meu amigo. Era tristeza. Algo que só a empatia pode
fazer por nós. Eu também me sinto um fracassado. Parte de mim, acha isso
um máximo, acha que sem isso eu não serei capaz de realizar meus sonhos.
Mas eu sei o que é conviver com esta incerteza e quanto dói.
Ex-namorada, se um dia você ler este texto. Faz 7 anos que a gente
terminou, eu sonhei com você algumas muitas vezes durante este tempo, eu
nunca entendi, mas você sempre estava grávida ou com filho já. Eu te
encontrava e você estava feliz. Você estava realizada, preocupada um
monte com os novos desafios desta vida, mas eu sabia que você seria capaz
de superá-los, a final, eu te acho uma mulher incrível.
Obrigado, por todo amor que você manifesta por mim, por cada
momento do seu dia que você orou pela minha felicidade. Eu te amo muito,
sem desejo, só o amor que a gente nutriu mesmo, e eu sei que sua vida vai
ser maravilhosa, eu rezo por isso.
Quanto ao poema, o que tinha de ruim ali já morreu. E, no final, eu
estava mesmo certo. Tudo que tem de bom ali é verdade e que bom que é
verdade.
Tirei um peso dos meus ombros, entendi o que eu estava sentindo.
Contei coisas que nunca falei para ninguém.
Você, meu amigo, não pense que eu procuro sucesso no final desta
jornada. O sucesso eu já tive e não é essas coisas. A jornada é a felicidade.
O trabalho, a frustração e a rejeição fazem parte. Eu vou chegar a algum
lugar, mas não é o final, apenas um novo começo. Um pouco melhor, é
verdade, mas ainda cheio de problemas.
Eu vou deletar o poema, acho que ele não merece estar em outro
lugar além daqui.

São 23:34 horas.


Entreguei o texto que deveria estar aqui.
É o destino.

Hoje é dia 05/07/2018


São 23:47 horas
Já que estamos tocando neste assunto, e, provavelmente, o texto a
seguir perca, definitivamente, a relevância, vou deixar ele aqui de bônus.
Eu queria mesmo ir atrás de você. Sempre achei que eu podia fazer
tudo o que eu quisesse na vida. E que eu era capaz de realizar qualquer
coisa. Mas descobri algo que pode me impedir. Este alguém ou esta coisa,
sou eu mesmo. Rachei de rir deste texto. A data que ele foi escrito é uma
ironia. Será que ele é verdade mesmo. Eu sei que é.

Hoje eu fiz um acordo comigo mesmo, este documento forma um


compromisso
sério em relação ao meu futuro.

Pois bem, já tem muito tempo que parte de mim tem vontade de jogar tudo
para o
alto e correr atrás da Ex-namorada.

Está registrado o meu compromisso de deixar esta parte fazer o que quiser,
pelo período de um semestre letivo da faculdade, com a condição de
adquirir
240 pontos dos 400 distribuídos na universidade, independendo da forma ou
ordem
em que forem conseguidos.

Um bônus de qualquer outro pedido, se, no final do semestre, forem


conquistados
um valor maior que 70 pontos em todas as disciplinas.
Com o poder concedido a mim, dou valor a este documento. Sendo um
compromisso formal
independente do futuro, desde que atendidas as cláusulas deste documento.
_____________________________________________________________
__________________

Rafael Souto Silva 1 de abril de 2012

Voltando, eu acho engraçado, pois esqueci disto completamente.


Eu reli este texto agora e me lembrei que eu nem me esforcei em fazer nada
em relação a ele. Realmente, se perdeu.
Nesta época eu ainda estava no estágio. Todo o pensamento que me
ocupava na Ex-namorada me atrapalhava estudar. Eu já tava meio puto, pois
estava me atrapalhando. Já queria tacar o foda-se. Se ele me ajudasse a ter
resultados na faculdade, eu poderia realizar seu desejo. E eu tranquei este
período e me dediquei só ao estágio.
Sabe algo que incomodou? Eu deixei o período deste contrato
indefinido. Atualmente, seria impossível que ele se realizasse, eu abandonei
a faculdade e nem quero mais ir atrás da Ex-namorada. Mas, esta semana
mesmo, pensei em voltar para a faculdade. Estava me questionando se não
seria uma boa me dedicar e fazer um curso superior. O que me incomoda é a
ironia da vida. De existir uma chance de eu reler este livro no futuro, na
mesma época que tiver este resultado na faculdade. Caralho. Eu devia
apagar tudo isto, mas eu não sou assim. Eu, geralmente, acho graça destas
ironias, é bom ter um motivo ou dois para brigar com a vida.
Mas me incomoda, me incomoda sim.
Vida, já deixo registrado, vai se fuder.
E não me fode.
São 00:00 horas. To puto.

Hoje é dia 06/07/2018


São 22:09 horas.
Deixa eu colocar uma música maneira, eu mereço. Pronto. Faça o
mesmo. É só uma sugestão. Chega de “Ex-namorada”. Após escrever
ontem, organizei uma pasta antiga que chamei de “Filosofias” no passado,
hoje, ela servirá para compor este livro e poderei me livrar dela. É bom que
elas me ajudem a contar minha história, ao mesmo tempo, que, talvez, sirva
para você pensar um pouco.
Estou cansado, se não fosse pela vontade de publicar aqui estes
textos, provavelmente, eu nem escreveria hoje.
Antes disso, 12/2017 eu sai oficialmente da Associação. Vamos
colocar assim para evitar qualquer problema. Eu pensei que teria como me
manter, digo, eu pensei que conseguiria nutrir minha vida com os recursos
necessários para eu viver, mas estava errado, eu estava mesmo doente.
Física e mentalmente doente.
Meu corpo estava muito fraco, um dia, inicio de dezembro ainda,
sai pelo bairro para vende camisas. Passei 14 dias trancados em casa doente.
Minha imunidade ficou arrasada, fiquei gripado, meus músculos doíam,
minha mente despedaçou, achei que não conseguiria lidar com aquilo.
Foi dai que decidi, assistindo a luta do Naruto x Neji, que
fortaleceria meu corpo. Percebi, chorando, o quanto os 4 anos trabalhando
naquele lugar tinham me enfraquecido. Caramba, eu estava doente quando
entrei, melhorei, decolei, profissionalmente, para passar 2 anos no inferno.
Me alimentando mal, dormindo mal, stressado, nervoso e contendo a mim
mesmo. Sendo polido e dedicado.
Quase me matei, figurativamente falando, percebi isto assistindo
meu corpo enfraquecido lutando para permanecer vivendo.
Isto tudo é só contexto para exaltar a minha conquista de hoje.
Após uma semana cheia, com alta demanda física, atingi minha meta de
caminhar 10 km em um dia. Meu corpo esta sofrendo com isto, mas estou
saudável. Amanhã terei condições de continuar minhas atividades, de forma
leve é claro, estou vencendo o sedentarismo. Estou muito satisfeito e feliz.
Além disso, em Janeiro/2018, meu casamento estava fracassado.
Hoje, não poderia estar melhor. É como se nossos esforços estivessem
recompensado. Temos uma vida sexualmente saudável, sem pressões ou
cobranças. Apenas sendo como pode ser, agradável. Nossa casa está bem
mantida, com nós dois assumindo o papel de cuidar dela. Harmonioso.
Cuidamos um do outro com carinho e dedicação, não perdemos
oportunidades para falar o quanto nos amamos. Respeito é premissa da
nossa relação. Estamos atentos as individualidades um do outro e cuidamos,
com serenidade, dos conflitos naturais da convivência.
Gatinha, nós vencemos. Nós somos incríveis. Você é a mulher da
minha vida, na merda ou na abundância. Eu te amo. Estarei sempre ao seu
lado. Você é uma mulher independente, incrível. De uma inteligência que
admiro desde que te conheci. Puta a merda, você é foda. Deus abençoa
nossa relação como cria universos.
Eu te amo.
Ainda haverá muito espaço neste livro para dizer como minha
esposa esteve do meu lado. Sempre ao meu lado. Enfrentando, sangrando,
suando, o que tivesse de enfrentar. Guerreira.
Eu sinto que, às vezes, eu passo a impressão de que minha vida é
ruim. Isto não é verdade. Eu nunca fui tão feliz em toda a minha vida. É que
tem muita coisa para limpar, engoli muito sapo, comi muita merda, mas
cheguei até aqui. Tenho muito a agradecer. Fui educado para ser quem eu
não sou. Ainda tenho conflitos. Minha mãe, pobre coitada, perpetuou a
maldição de uma família, duvido que ela tenha culpa real. Ela fez o que
pode. Ainda sim, tenho uma mente ferrada, um passado de merda. Então,
fica fácil olhar para trás e passar a impressão de que sou infeliz, que sou um
desajustado. Mas não é verdade. São momentos ruins que passam pela
minha vida. Escreve ajuda a organizar as ideias, ajuda a respirar melhor.
Vocês devem se perguntar, porque eu não falo do meu pai neste
livro? Meu pai não fez parte da minha vida. Ele me abandonou na infância.
Quando eu olho para ele hoje, eu sinto que ele não é mais a mesma pessoa
que fez isso. Minha mãe também é uma pessoa completamente diferente
hoje daquela que cuidou de mim e dos meus irmãos sozinha. Acho que todo
mundo tá tentando se encontrar, se curar a sua maneira.
Além disso, neste exato momento, se não fosse meu pai, eu não
teria condições de manter minha vida. Seria o fim. Foi na casa dele,
também, que comecei a ter sossego. Que eu tive a oportunidade de começar
a organizar, por mim mesmo, as minhas ideias. Foram anos solitários, mas
eu precisava disso.
Não sei como seria minha vida se meu pai não tivesse me
abandonado. Eu acho que seria pior, pois ele estaria fisicamente presente e
não nos daria atenção. Minhas memórias dos meus pais casados são deles
brigando, eu ficava com minha irmã mais velha. Não era legal. Eu acho que
meu pai precisava deste tempo sozinho também.
No final, foi tudo uma merda. Somos desajustados, vazios, mas
cada um teve seu momento para se encontrar. Meu pai, minha irmã, eu.
Minha mãe, eu acho que ela está fazendo isto agora. Ainda tenho esperanças
de ter uma relação saudável com ela no futuro. Eu acho que ela não sabe,
mas hoje, ela me faz mal. É ruim dizer isso, mas quero evitar minha
convivência com ela. Mas estou por perto. Ela é minha mãe e eu a amo. Sou
grato por ela ter criado a gente. Nutrido minha infância com seu suor.
Espero me curar logo e fazer a coisa certa em relação a ela.
Tanto texto, tanta reflexão e não trouxe nenhum dos textos para cá.
Foi bom falar estas coisas. Mesmo que eu esteja agora com um sentimento
estranho, um peso que misturou com a dor física.
Falar do meu passado e da minha relação com meus parentes mais
próximos é sempre difícil.
Deixa eu ver se seleciono algo bom.

Vou ter que editar o texto abaixo, vai dar trabalho, mas a conversa
é boa. Conversar com este meu amigo é sempre bom. Não é o mesmo da
outra conversa, estou com uma dificuldade enorme de achar um jeito de
identificá-lo aqui, ele é muito autêntico para ter um pseudônimo. Vou
descobrir um jeito.
Antes de começar, preciso imortalizar esta história, este texto foi
escrito perto do fim do mundo. A gente achava que o mundo ia acabar dia
21/12/2012. Dá uma pesquisada ai para saber por que. No dia do fim do
mundo, encontrei com este meu amigo e um outro que não via a muito
tempo. A gente subiu no telhado da casa dele, ficou comendo besteira e
filosofando. Se fosse para ver o mundo acabar, tinha que ser de uma forma,
extremamente, divertida.
Ele é este tipo de amigo. Coisas incríveis acontecem quando
estamos juntos. Um dia, duas semanas depois de eu terminar com a “Ex-
namorada”, peguei o carro para encontrar com ele. A gente não tinha onde
ir, então viajamos para Ouro Preto, a 200 km daqui. Comemos quando
chegamos e dormimos no carro, sem planejamento, numa neblina ferrada,
eu tinha 3 meses de carteira. Ele é, realmente, incrível. Vou chamar ele de
Calvin, do quadrinho Calvin e Aroldo. Assim eu o homenageio
devidamente.

11/12/2012 – O Sentimento e a Razão,


controle do externo e do interno.

“Rafael”: Cara, o “segredo” não secreto da vida é simplesmente ser


feliz e dançar nas sombras, eu sei que a gente já falou disso várias vezes,
mas eu só queria sintetizar isso de novo depois de uma reflexão que rolou
aqui.
Valeu cara, por todos os bons momentos e apoio! É um sorriso e
uma gargalhada sincera que dissipa todos os problemas. A vida é boa
demais!
Nestes momentos de escuridão, é bom saber que eu tenho um
amigo como você, que faz com que eu me senta útil e me ensina.
Brigadão, vai dar tudo certo.

“Calvin”: Já está tudo certo, parece bobo, mas é só isso. É ficar


bem.
“Rafael”: Verdade.
“Calvin”: Ficar feliz, leve, despreocupado e tudo se acerta.
“Rafael”: Cara, você está numa vibe muito boa, bacana.
“Calvin”: Isso é porque: quando a gente está bem consigo mesmo e
vive na intensidade e estilo que a gente quer, não tem resistência ou atrito
ou dificuldade.
Há os obstáculos da vida, mas eles ficam divertidos e prazerosos de
se passar que nem aquela raça que a gente dá para zerar Mário, Donk Kong
ou afins.
Ow, mas estou ótimo, cara. Tive dias muito prazerosos,
ultimamente, e agora acho que, finalmente, aprendi a extrair felicidade de
mim mesmo.
“Rafael”: Nossa, brother, que foda. Obrigado por me dar um pouco
desta energia boa.
“Calvin”: Está tudo bem agora (mesmo sem o Entei), para tudo se
dá um jeito. É só sorrir. Mesmo no escuro, onde ninguém pode ver seu
rosto, é importante continuar sorrindo.
“Rafael”: Hoje eu cheguei a uma conclusão também.
“Rafael”: A gente já conversou sobre o controle do interno e do
externo, e o poder que isso gera?
“Calvin”: Bem, conversamos sobre muitas coisas, mas sempre bom
dar uma relembrada.
“Rafael”: Quando você consegue controlar o interno e o externo,
você consegue movimentar o seu corpo do jeito que você quiser (não só
movimentar, fazer qualquer coisa que você consiga com o seu corpo) e
entender o seu redor com perfeição. É possível usar os recursos ao seu redor
de uma forma extraordinária. Controlar o interno e o externo, para mim, é
isso.
Hoje, eu percebi uma coisa sobre esta treta ai, quando você esta
lutando consigo mesmo, fica tudo meio perturbado?
Tipo, este é um ambiente que a razão não tem poder, mas o
sentimento tem. A gente fica muito interessado com o que a razão pode
fazer, por isso, a gente domina ela, controla e aprende coisas que se ensinam
na universidade. A RAZÃO CONTROLA O EXTERNO, mas existe um
momento em que a razão para de funcionar, é aquele momento em que a
gente chama de escuridão, ou trevas, ou vazio, ou dor, ou inferno.
Neste momento, apenas o que está dentro de você te ajuda: o amor,
a confiança, a lealdade, a segurança, ou seja, o sentimento é uma arma que
você tem contra as trevas. É aquilo que te faz querer dançar na escuridão. O
SENTIMENTO CONTROLA O INTERNO, junta as duas frases em caps
lock e é isso que eu aprendi hoje, enquanto tomava banho.
“Calvin”: Verdade, cara.
“Rafael”: “A razão controla o externo e o sentimento controla o
interno.”

É isso, um texto leve, de um passado que está no meio desta


bagunça toda que estou escrevendo aqui. Para mim, isto mostra como toda
treta ocupa um espaço na vida, mas nunca é a vida toda.
Eu continuo concordando com o que escrevi no texto. Apesar que
hoje isto está menos na cabeça e mais na ação. Isto é muito bom.
São 23:27 horas.

São 23:29 hora

O próximo texto que eu brincar aqui está abaixo. Vou trazer este
tema de volta, quero falar um pouco de coisa boa. Contar umas tretas
também, na verdade, tretas não, lutas. Muitas lutas.

19/02/2012 - Casamento

Casamento tem que ser algo tranquilo, confortante, como um


último alívio antes da tempestade. Um alívio imediato e profundo.
Morro de medo desta manifestação de compromisso, tenho apenas
21 anos e tenho ânsia de antecipar os momentos importantes da minha vida.
Numa tentativa desesperada de impedir isso, comecei a manifestar
este nojo por casamento. Sempre tive a vontade de encontrar a mulher que
me acompanharia na grande jornada de criação dos meus filhos. Uma
mulher forte, que suportasse o tranco da vida e manifestasse leveza ao
andar. Uma mulher que me motivaria a seguir em frente, dando motivação
para o meu impulso natural e perfeito de viver bem.
Adoro a ideia de viver isto um dia, mas me repreendo ao querer
isto imediatamente. Sinto que, simplesmente, não é hora, estou pronto para
isto.
Tive um momento de hesitação agora, ao escrever que estava
pronto comecei a dialogar com o meu interior. É loucura pensar que estou
pronto, nao estou pronto, nem quero.
Casar é como morrer, uma mudança drástica e dramática. Aqueles
que tem medo, paralisam-se, aqueles que são destemidos, pulam de cabeça,
mas é impossível não sofrer.

É como sair da casa de nossos pais, prematuramente. Perde-se o


consolo de deixar um grande peso nas costas de alguém que suporta o peso.
Não vale a pena, mas ainda sim, é possível adquirir grandes momentos de
satisfação.
Outro assunto, qualquer assunto.
Calma.
Eu gostaria muito de falar sobre felicidade. Estou pensando muito
em escrever sobre isso nestes últimos tempos. Descrever com detalhes, tudo
que eu sei sobre como chegar até a ela.
Meu intuito é que todos estes registros sirva de guia para alguém.
São 23:29 horas, comento este depois.

Hoje é dia 07/07/2018


São 12:30 horas.

Hoje eu quero falar de um assunto sério, com clima tenso, vou


deixar 2 textos para exemplificar, dois textos difíceis de ler. Mas fica para
daqui a pouco. Vou comentar o texto anterior, aproveitar este momento, para
contextualizar o próximo assunto.
Conheci minha atual esposa no dia 14/01/2012. É estranho ter um
texto sobre casamento um pouco mais de um mês depois. Na verdade, este
dia foi próximo a primeira vez que ela foi na minha casa, durante o carnaval
deste ano. Foi um dos momentos mais tranquilos que tive na vida, no meio
de um caos inacreditável que estava minha cabeça.
Ela nunca tinha assistido ao filme “O Senhor dos Anéis”, este é o
melhor filme que eu já vi na minha vida. É engraçado quando eu revejo,
pois sempre encontro ali um sentimento que me lembra o motivo de estar
vivo, o propósito que tenho na vida. Até hoje, eu não sei explicar o porque.
Tem alguma coisa no jeito de contar este enredo que me desperta alguma
coisa. Sempre fui muito grato a este filme por isto.
Eu tenho os filmes em casa, achei um absurdo ela nunca ter visto
os filmes, foi a desculpa perfeita.
Eu sou uma pessoa abençoada, sempre fui. Para você ter uma ideia,
eu tenho ou sou, tudo aquilo que eu queria ter ou ser aos 15 anos de idade.
Eu não consigo determinar quando as coisas vão acontecer, mas basta eu
querer alguma coisa para ela se realizar tempos depois. Cheguei a conclusão
de que para ter alguma coisa, seja o que for, eu precisava fazer apenas
minha parte. Lutar por aquilo, Deus faria o resto por mim. Ele me ama
muito.
Eu já estava cansado da vida de farra, mas não tinha a mínima
condição de assumir um relacionamento. Sempre admirei minha esposa, ela
é uma mulher incrível, demorei para perceber que ela era, exatamente, o que
tinha pedido para Deus como esposa. Uma mulher forte, capaz de enfrentar
do meu lado qualquer diversidade, alguém que valoriza e ama quem sou.
Porra, minha esposa é foda demais. E eu quero que ela seja tudo que ela
quiser ser, tenha tudo que quiser ter e viva feliz, seja do meu lado ou não,
mas de preferência do meu lado.
Deus já sabia o eu queria. Só não esperava que viesse tão rápido.
Ela foi a primeira mulher que permiti entrar na minha vida depois do
término e ela entrou para nunca mais sair. Eu a amo, aprendi a amar a mim
mesmo do lado dela, um dos principais motivos que tive para fazê-lo é que
percebi que ninguém consegue amar alguém mais do que ama a si mesmo e
ela merece ser muito amada.
Caralho, eu aprendi a me amar para ter a chance de amar esta
mulher. Graças a isso, aprendi a transformar o amor que construí junto da
Ex-namorada em algo verdadeiro, matando tudo aquilo em mim que não era
amor, extinguindo toda possibilidade de dor.
Deixa eu te dar um conselho, amor não doí. Não tem como doer, é
uma impossibilidade. Se o que você esta sentindo te doí, não é amor. Pode
ser algo se disfarçando de amor para que você deixe doer. Te liga.
Esta mulher é foda. Ela é incrível. Escrevi o texto acima para me
lembrar do tipo de mulher com quem eu queria casar. E para me certificar
de que minha esposa se parecia mesmo com ela. Desde o nosso segundo
encontro, eu via nos olhos dela o quanto ela já me amava e queria estar
comigo. Achava isto assustador, mas este olhar nunca saiu de seus olhos.
Pensando bem, ainda é assustador, mas fico mais preocupado hoje quando
este brilho ameaça se apagar.
Deus, obrigado, próximo assunto. Este é o gancho perfeito para o
próximo assunto.

Em Janeiro/2018, estivemos a um passo de nos divorciar. Foi sério.


Então, vamos falar de depressão.
Este ano eu extrapolei todos os meus limites. Consegui sustentar
uma situação por 3 anos. Minha esposa ficou doente, algo que nós já
prevíamos que podia acontecer, mas que não esperávamos que seria tao
forte. Tem 3 anos que moramos juntos.
Quero datar aqui a fim de lembrar melhor no futuro. Dia
16/12/2014 ela se mudou para minha casa, esperávamos que minha irmã
desocuparia meu apartamento, aquele que meu pai construiu para mim,
ainda em Janeiro, atrasos a parte, nós mudamos para nosso apartamento no
dia 12/04/2015.
Esta doença a impossibilitou para o trabalho. Enfrentamos ela
juntos. Eu ganhava um salário mínimo, nesta época, menos de R$ 800,00.
Era o que tínhamos para pagar nossas contas, nos alimentar e, se desse, nos
divertir um pouco. Meu pai ajudou quando precisávamos gastar com a
saúde dela, nem sei o que seria da gente se meu pai não pudesse ajudar.
Foram tempos trevosos, durante toda a minha vida, eu nunca gastei
muito dinheiro e sempre tinha uma reserva de emergências. Nesta época,
tudo isto mudou, todo o dinheiro tinha destino, todo dinheiro servia apenas
para sobreviver. Sem margem para realizar nada além. Minha esposa
doente, não tinha disposição para seguir adiante, usava todos os seus
esforços para lutar contra a doença. E como ela é foda, vencemos juntos
uma doença sem cura, colocamos ela sob controle assumindo riscos além da
compreensão. Baixa chance de sucesso, arriscar tudo e vencemos. Ela mais
venceu do que eu admito, toda a vida dela foi direcionada para isso.
Eu nem sabia ser adulto. Assumi responsabilidades que
consumiram minha juventude, eu, que sempre quer ser mais velho, tive o
que eu pedi.
Vocês não tem ideia da importância da minha esposa para vencer a
depressão que eu tive pós termino. Eu nunca a abandonaria no seu momento
mais difícil, na verdade, mesmo que ela não tivesse feito nada por mim, não
está em mim recuar diante a dificuldade. Eu luto até o fim.
Mas ela é a pessoa mais importante na minha vida depois de mim
mesmo. E Deus nunca nos desamparou.
Nussa, é difícil até escrever sobre este período. Estou sem ar.
Mas é verdade que eu sempre achei que a doença dela era apenas
física, nunca levei em consideração o dano emocional e psicológico que
tudo isso causou nela. E eu já estava doente, estava no meu limite, sentia
que estava abandonando meus sonhos. Eu vivia carregando peso, e vocês
verão em breve, meu emprego nem sempre me dava satisfação. Na verdade,
para passar por todo este problema, eu fui muito humilhado lá. Tudo para
nutrir o ego dos meus gestores. Velho tolo.
Nós nos casamos oficialmente, sob a benção do Estado, no dia
13/06/2017. Fui uma época que o tratamento já estava dando resultados, eu
já tinha resolvido boa parte dos problemas na empresa e minha vida estava
chegando em algum lugar menos desagradável.
Duas semanas depois, no meio de uma depressão inacreditável, eu
pedi demissão. Minha esposa estava do meu lado, ela sabia o quanto eu
sofri este tempo todo e não importava o que acontecesse, ela estava do meu
lado. Talvez não teria o que fosse necessário para tomar esta decisão se ela
não fosse tão foda. Estava abrindo mão de uma estabilidade conquistada
num lugar sem futuro, no início da nossa vida oficial de casado, (grande
piada, galera nem sabe o que é casamento, que casamento é dia a dia, e fica
falando que casou, mas todo mundo acaba aprendendo ou rachando o fora.)
para ter a chance de retomar a direção que eu sempre sonhei para minha
vida.
Mas eu não achei que eu estava tão doente. Afinal, tinha adquirido
uma casca dura para as adversidades da vida adulta, batia no peito que dava
conta de nutrir a mim mesmo e minha família. Eu estava muito doente, mais
do que imaginava, ainda estou. Fez um ano desde esta decisão. Por debaixo
desta casca grossa, tinha uma gosma preta apodrecida que, pouco a pouco,
estava me matando por dentro.
Estava sentindo um ódio desproporcional, estava consumido de
raiva, por todos os momentos que não podia ser eu mesmo que tive que
engolir, cada coisa que tive que fazer que ia contra as minhas convicções.
Filhos da puta, graças a Deus eu sai daquela realidade que ainda me doí.
Eu estava doente, minha esposa estava do meu lado, eu achei que
ela estava saudável, mas ela não conseguia um emprego, isto me
incomodava, comecei a ficar louco. Joguei tudo para o alto. Não tinha mais
forças, nem mãos, para sustentar a vida que estava vivendo. Não conseguia
ver nenhum caminho bom, nenhuma chance de ser feliz, no futuro. Também
não me sentia capaz de lutar por nada que eu quisesse ou achasse que valia
a pena.
Estava, novamente, no inferno.
Minha esposa fez o que pode, mas viu que eu estava morrendo por
dentro e não sabia o que fazer, eu estava perdendo meus sentimentos. Ela
tava enxergando que eu não sentia nada, nem mesmo por ela. Começou a
pensar que ela quem fazia mal para mim. Meu Deus, só imagino o
sofrimento que esta mulher aguentou. Ela queria me ajudar, mas ela também
estava doente, e não dava conta. Ela começou a pensar que o único jeito era
sair da minha vida. Eu sei disso, pois ela me falou isso mais de uma vezes,
durante uns 3 meses. Eu não sentia nada. Estava morrendo.
Até que ela não suportou mais, seus esforços, seu amor, permitiu
que eu libertasse um pouco desta podridão dentro de mim, sem que causasse
danos. Isso foi em 10/2017. Chorei muito. Consegui dizer que eu não queria
que ela fosse embora, mas mostrei o quanto eu estava com raiva da vida que
estava levando. Prometemos tomar providências. Lutamos, como podemos,
mas já estávamos derrotados. Não conseguíamos mais lidar com a doença
um do outro. E, sempre que ela se manifestava, desistíamos dos nossos
sonhos.
Até que meu ódio se virou contra ela, em 01/2018. Falei coisas que
mais tarde, me lembrou as que minha mãe dizia para mim. Me mostrando o
quão insignificante e o quanto eu dependia dela. Consegue imaginar o nojo
que eu senti de mim mesmo depois. O foda, é que eu estava segurando este
sentimento por anos, sem entender como lidar com ele. Aquilo foi como um
ponto final na nossa luta.
Ela nunca se sentiu tão humilhada, tão menosprezada. Era como se
todo o esforço dela fosse lixo. Não tivesse qualquer valor. Como se ela
fosse uma inútil. Ela me deixou uma carta. Foi um inferno.
Este dia foi sinistro, ela foi embora, corri atrás dela. A carta me fez
pensar na possibilidade dela cometer suicídio. Ela nunca faria isso, hoje eu
sei, mas, naquela hora, no meio daquela loucura. Vi que ela estava bem,
encontrei ela no ponto de ônibus, ela ia no médico, consulta já programada.
Disse o quanto eu me importava com ela, voltei para casa.
Tive muita vontade de escrever uma resposta com o sentimento que
tive ao ler a carta dela. Ela apontava para todo o dano psicológico que ela
estava sofrendo, algo que eu não tinha me dado conta. Na minha carta,
deixei claro o quanto estava perdido, o quanto eu estava doente. Cheguei à
conclusão de que nós dois precisávamos de ajuda externa. Nós não
estávamos em condições de ajudar um ao outro mais.
Como odeio que minhas palavras sejam vazias. Liguei para a
psicóloga que me atendeu em momento anterior e marquei uma consulta
para o dia seguinte. Foi uma loucura. Vencemos.
É difícil achar um momento em que estivemos tão bem um com o
outro quanto agora. Veja, pessoas incríveis podem sair da sua vida quando
você está doente e não tem condições de ser feliz. Não tenha medo de
assumir que tem um problema. Você merece ser feliz. Sério, se você chegou
no ponto de achar que sua vida não tem mais jeito, você já deveria ter
procurado ajuda há dois anos. Já passou de hora.
Ela também procurou ajuda, ela voltou para casa, leu minha carta e
percebeu que eu também estava bem mais doente do que ela imaginava. Ela
sempre me viu como uma pessoa forte, ela não podia prever o que estava
acontecendo dentro de mim.
A gente se ama muito, isso sempre ficou muito evidente. Vencemos
mais esta. Meu pai segurou a barra quando não dava mais. Está ajudando a
gente a se reerguer. Valeu paizão, você é muito foda. Ele adora minha
esposa, é uma filha para ele.
Família a gente não deixa para trás. Mãe, eu te amo muito, vai
chegar o momento que tudo vai se resolver.
Vamos falar de depressão no próximo capítulo. Tomei uma decisão
estranha na minha trajetória, ainda estou avaliando o que eu vou fazer de
verdade. Por isso, quero escrever sobre isso. Tenho bons textos sobre
depressão, da época que conheci na pele o que é isso. Vou aproveitar para
colocar aqui e discutir sobre eles.
Fica para depois, escrevi demais. Ficou muito bom.
São 13:50 horas.

Hoje é dia 07/07/2018


São 18:49 horas
Já copiei e colei abaixo os textos sobre depressão, vamos,
realmente, tocar neste assunto. Pensei em chegar no assunto apenas após a
leitura dos textos, mas não vou fazer isto com você, são textos longos, de
desabafo. Eu gosto mesmo de você, vou direto ao ponto, do meu jeitinho.
Eu sou uma pessoa cheia de preconceitos, e me achava alguém sem
preconceitos, afinal, o salvador do mundo não pode ter preconceitos. Eu
cresci me preparando para ser o salvador do mundo, coloquei isto, ainda
muito jovem na cabeça, tudo que eu gostava, os animes, os filmes, sempre
tinham um salvador e eu queria ser como meus heróis. Quem não queria ser
como o Goku, o Luffy, o Shyriu dos cavaleiros do zodíaco. Cara, eu não
podia ter preconceitos, ou aceitar que eu os tinham, quem tinha preconceitos
era inferior.
Meu Deus, inferior, passei anos me julgado superior aos outros. Eu
fui criado para assumir meu lugar privilegiado a custas dos outros. Para
começar, acredito que eu era o preferido da minha mãe, ela nunca conseguiu
dar muita atenção para nós, mas quando dava, ficava quase claro que ela me
preferia. Pelo menos até a adolescência. Ou então, minha irmã jogava tanto
isto na minha cara que eu acabei acreditando. Branco, hétero, homem,
inteligente. Eu quase não conseguia enxergar ninguém que não fosse como
eu.
E como o mundo era feito para mim, via em mim um potencial
para salvar o mundo, resolver seus problemas. Enquanto eu mesmo, estava
sendo criado para perpetuar os problemas. Descobri, ainda adolescente, que
o mundo não precisa ser salvo. O mundo vai mundo bem, obrigado. A
humanidade é quem precisa de ajuda, mas ela não quer ajuda. São muito
poucas as pessoas que, explicitamente, pedem ajuda. E sabe o que a gente
costuma fazer, virar o rosto. Fingir que não vê.
Sabe, as pessoas próximas a você, que te conhecem, precisam de
você. São as que menos a gente quer ajudar. Dá um trabalho. Confessa para
mim, não é um tédio organizar suas coisas. Deixar a casa limpa. E suja tudo
de novo.
Até agora eu não entrei, efetivamente, no assunto. Paciência, é o
meu jeitinho. O preconceito é muito importante para entender onde eu quero
chegar. Eu treinei muito para me tornar uma pessoa capaz de fazer algo pelo
mundo. Minha vida foi, praticamente, me preparar para isto. Eu era capaz
de fazer, e estava fugindo de um monte de treta que eu não tinha nem idade
para resolver. Deu no que deu.
E isto não foi ruim, aprendi a superar meus limites, conheci a mim
mesmo e eu estava lá quando precisaram de mim. Eu sou uma pessoa cheia
de preconceitos, mas quem me ama o faz de verdade. Acho isto foda.
Eu também tenho muito medo. Não vou escrever um testamento
para falar do medo também, fica tranquilo. Já estamos chegando lá. O
preconceito somado ao medo te torna uma pessoa perigosa para o
desconhecido. Eu sou, inclusive, paranoico em relação a alguns assuntos.
Passei a minha vida inteira aprendendo a lidar com isso. Conheci muito
sobre mim mesmo.
Desde pequeno, chegamos ao assunto, minha mãe me falava de
psicólogo. Muita coisa mudou hoje, pelos Deuses, isto é muito bom. Na
minha infância, existia algo que eu morria de medo, chamado hospício. Se a
sociedade te julgasse um louco, se você desviasse do comportamento
padrão, ela se dava o direito de tirar sua liberdade, te prender num lugar
sujo, cheio de outros malucos. Não importava mais o que você pensava,
ninguém acreditaria em você, era um destino perpétuo, onde outra pessoa
tinha que acreditar que você podia viver em sociedade para te tirar deste
inferno.
Para mim, quando alguém achava que você precisava de psicólogo,
era o primeiro passo. Depois, te sugeririam tomar remédios, “para te
acalmar”, eles diriam. E então, sem direito de defesa, completamente
sozinho e desacreditado, te internariam. Cara, este era o destino que eu mais
temi em toda a minha vida. Sofri calado.
Depressão também era motivo para você ter este destino. Nos anos
90, vivíamos o auge da ignorância. Não tínhamos leis. O país estava uma
bagunça e os opressores reinavam, destruindo tudo que era diferente.
Eu como ser privilegiado que era, temia deixar de fazer parte deste
grupo. Eu estava me preparando para ser o salvador do mundo, não podia
permitir que as dores da minha vida me tirassem isso. Eu tinha que ser forte.
O mundo precisava de mim. Eu queria dar um abraço apertado e secar as
lágrimas do Rafael da infância. Fiz muito isso quando virei adulto e aprendi
a amar a mim mesmo. Achar a criança que morava em mim e dizer o quanto
eu a amava, o quanto eu a protegeria. Mas a verdade, é que todo este
contexto ainda me assombra.
Quero que você tenha uma ideia de como eu enxergava um
hospício. Recomendarei dois filmes, o primeiro “Sucker Punch: mundo
surreal” representa bem como as coisas aconteciam no meu imaginário.
Para mim, este filme é um roteiro de como seria minha vida caso eu tivesse
este destino. O outro, se chama “Bicho de sete cabeças”, um filme nacional
lindíssimo. Neste filme, você consegue entender melhor a realidade de um
hospício. É um filme baseado numa história real. É bem tenso, os dois são
bem tensos, assista preparado. Para completar, eu sempre me achei,
fisicamente, parecido com o Rodrigo Santoro. Na adolescência, quando eu
me achava feio para um caralho, pensava que tínhamos alguns traços em
comum. Hoje, com a autoestima alimentada, acho que estamos no mesmo
grupo de beleza. Ele um pouco mais bonito. Mas, porra, ele é gato para um
caralho.
Nos anos 90, você não podia ser viado. Achar outro homem bonito
era um crime passível de pena de morte. Viado já é um termo,
incrivelmente, escroto. Espero que você leitor, também não conheça este
tipo de violência. Fico feliz que as coisas estejam mudando.
Mas a verdade, é que ainda hoje, eu tenho um preconceito
horroroso, mas completamente justificável, sobre remédios que tratam
problemas psicológicos. Para ir num psicólogo, já foi uma batalha. Hoje,
agradeço muito por todo apoio clínico oferecido pela minha terapeuta. Faz
uma diferença inacreditável ter alguém para lutar do seu lado. Mas, não
rompi a barreira do psiquiatra, dos remédios.
Caralho, ter algo na minha cabeça, mudando meu comportamento,
alterando meu humor. Vai se fuder. Eu não confio em ninguém para mexer
na minha cabeça. Vai para o inferno, com esta ideia. Vai para o inferno. Um
estranho, me dando drogas para mudar meu comportamento. Você é louco?
Vai se fuder.
Sabe, eu ainda penso assim, eu ainda não tomei uma decisão, mas
vou com calma. Eu tenho motivos para acreditar nestas coisas. Mas, nem
tudo que eu acredito que me faz bem, ou faz bem para quem está do meu
lado, foi mudando estas coisas que eu melhorei minha vida, minhas relações
e estou bem mais saudável.
Contudo, algumas coisas recentes têm pesado a favor de dar este
passo. Vamos lá.
Minha esposa também procurou ajuda, lembra. Ela é uma pessoa
que não tem problemas nenhum em tomar remédios. Ela é quase um
extremo oposto a mim neste sentido. Lembra que eu aprendi a ser forte. Eu
tenho que resolver meus problemas de saúde por mim mesmo. Quando eu
ficava gripado, aguentava até o limite para me curar sozinho. Eu gosto deste
poder sobre o meu corpo, esta capacidade de resistir a adversidade.
Hoje, acredito, que temos que ter equilíbrio. Se você recorre a
remédio para qualquer coisa, você vira dependente deles. Nosso corpo tem
mecanismos para cuidar de si mesmo e temos que respeitá-los. Mas, se você
negligencia suas responsabilidades de se cuidar, você sofre,
desnecessariamente, e seu corpo sai mais debilitado do que forte.
Já superei muito da minha resistência a remédio, conviver com
minha esposa me ajudou bastante. Assim, como acredito tê-la influenciado
também.
Tem dois meses que ela começou o tratamento dela. Vocês não
imaginam o quanto foi positivo para ela. O quanto ela se sente mais segura
de si e do que consegue fazer. Cara, eu acho um milagre. Seu tratamento
está tendo resultados que eu nunca imaginei serem possíveis. E ela é uma
mulher incrível, de se dedicar a ele de forma correta, pesquisar e procurar o
melhor para a saúde dela. Na verdade, em se tratando de cuidar da própria
saúde, ela é especialista. Ela é incrível.
E sabem, ela nunca acreditou que precisava tratar disso. Achava
que daria conta sozinha. Que era um problema secundário. Coisa da cabeça
dela. Gente, disfunção química no nosso cérebro é coisa séria. Pode levar
embora sua alegria de viver. Procura ajuda. Depois de tudo o que aconteceu
com a gente que ela se permitiu se preocupar com isto.
E eu fico imaginando, quanto tempo nós sofremos sem precisar?
Quantos momentos juntos poderiam ser melhores se não estivéssemos
doentes? Tanto para mim quanto para ela. Esta é minha maior motivação
para tomar este passo.
Eu achava que eu teria que aprender a superar a depressão sozinho.
Conhecê-la, profundamente, e sou eternamente grato a todo esforço que
desprendi e todo o conhecimento que adquiri. Eu, praticamente, mapeei
toda a minha psique.
Caralho, para aprender como ela funcionava e o que eu podia fazer
para reduzir seus efeitos. Achei que me taxariam de louco e tirariam a
minha credibilidade. Achando que podiam confiar menos em mim por eu
tomar remédio para depressão. Isto reduziriam as chances de realizar meus
sonhos e isto era inadmissível.
Tudo isso, ainda passa na minha cabeça. E agora, eu estou bem
falando deste assunto. Ainda posso ter reviravoltas, posso brigar sério
comigo por estar me expondo assim. Mas, eu penso: “porra, quanto tempo
sofrendo uma dor insuportável, lutando para querer viver, eu poderia ter
evitado se não tivesse comigo este preconceito?” “Quantos momentos
maravilhosos, perto das pessoas que eu amo, eu poderia ter aproveitado
melhor se não tivesse sofrendo?” “Quão mais próximo dos meus sonhos eu
estaria hoje, se eu pudesse ter me empenhado em realizá-los, ao invés de me
contorcer na minha cama de dor e chorando sem saber o que fazer. Rezando
para que Deus tivesse piedade de mim e me fizesse deixar de existir.” “E
aqueles que amo, quanto sofrimento teria evitado, de fazer me ver deste
jeito. Se sentindo impotentes.” Porra.
Eu quero viver bem, ter uma vida saudável, boa. Eu quero estar
forte para cuidar daqueles e daquilo que eu amo. Ter algo para ver, diferente
de tudo aquilo que eu já tinha visto, e pensar: “Porra, se a gente tivesse feito
isto antes, poderia ter sido bem melhor.” Me faz pensar que eu mereço um
futuro mais feliz. Sem este preconceito.
Minha esposa merece um marido saudável, capaz de sonhar junto
com ela. Para gente viajar tranquilo, sem preocupações desnecessárias.
Vocês vão ver, a seguir, momentos que hoje, eu acredito, eu
poderia ter passado com menos dor. Com mais tranquilidade para enfrentar.
Agora um paragrafo de alerta. Este é o paragrafo mais importante
desta merda toda. Um alívio de todo este bla bla bla. Rafael, obrigado por
você agir como você agiu. Eram tempos estranhos, com gente esquisita te
falando o tempo todo como você devia agir, como deveria se vestir, como
deveria se comportar. Estamos no momento exato de tomar esta decisão,
levamos o tempo necessário para contornar todas as adversidades que
fariam com que eu me desviasse do meu caminho. Eu poderia ter sofrido
menos, mas a vida estava uma merda, o mundo estava uma merda e quem
deveria cuidar e proteger você estava louco. Querendo caminhos mais fáceis
para não te que lidar com você. E que bom que você pirou, que bom que
você resistiu. Eu te amo muito, você é uma pessoa incrível. Hoje, nos temos
um ambiente saudável para viver. Hoje, eu posso sonhar, com segurança,
com um jeito mais fácil de lidar com a depressão. Rafael, obrigado por tudo
que você fez para me proteger.
Dito os motivos reais que me levaram a fazer o que eu fiz, sigamos
em frente.
É isso, decidi dar continuidade no meu tratamento. Vou pedir para
que minha psicóloga me acompanhe, vou estudar melhor este assunto. E
vou dar este passo.
Só um detalhe importante, sabe aquela história do equilíbrio entre
tomar muito remédio e tomar remédio nenhum. Seu filho da puta, é para
isso que existe médico. O cara estudou para isto, seu desgraçado. E estudou
para um caralho. Para ser capaz, dentre outras coisas, EXATAMENTE, para
saber disso. Quanto remédio você precisa de verdade. Então, vai no médico,
seu desgraçado. Ao invés, de fuder o seu corpo tomando estas porras de
decisão.
Nossa, Rafael, precisa ser grosso, mal educado? Vai se fuder.
Precisa sim, tem que machucar o seu ego. Falar que você é um merda. Para
ficar bem claro que você está errado.
Mas também não é tão assim, você não precisa abandonar suas
convicções. Pelo contrário, você seria um imbecil se fizesse isto. Médicos
são seres humanos que tem suas próprias formas de ver o mundo. É por
isso, que você DEVE procurar outros médicos, ter outras opiniões, quando
você sai de uma consulta insatisfeito. Mas, nunca, procurar médico nenhum.
E seguir sua cabeça.
Eu mesmo, fui num psiquiatra, tem pouco tempo até. Eu odiei.
Mas, eu parei o tratamento. Não quis procurar outro, tocar neste assunto. E
eu fui muito respeitado por isso. Agora, eu tive meu tempo para refletir,
para ficar mais tranquilo sobre este assunto que me assusta tanto.
Eu nunca tinha sido muito respeitado neste sentido. Isto é
importante para mim.
Sigamos em frente.

Da próxima vez, vamos aos textos.


São 20:08 horas.
Hoje é dia 07/07/2018
São 21:46 horas.

Gente, passei aqui rapinho, estou ouvindo podcast e deletando uns


textos que salvei do facebook, selecionando o que poderia estar aqui. Achei
algo que eu escrevi no dia que conheci minha esposa e outro do dia
seguinte.

14 de janeiro de 2012

Estou no Lord esperando o viadinho do Lupus... poucas gostosas


ainda, animo nenhum para caçar, anyway, depois de meio litro de redbull
estou sonolento e sem grã.

15 de janeiro de 2012
Ouvindo vozes de anjo, sussurros e suspiros, enfim, felicidade é
algo que não se descreve com palavras
Jesus, eu tenho vergonha de publicar minha arte, de receber
críticas, mas sem pudor para falar umas merdas destas. Jesus. Mas de fato,
eu não estava nenhum pouco animado de conhecer ninguém, mas o povo
bebeu, ficou chato e eu desci para a pista. Para conhecer a mulher da minha
vida.
São 21:51 horas.

Hoje é dia 11/07/2018


São 21:33 horas

Ola, passei quase só para dar um oi. Ta acumulando dias que não
escrevo, estava com saudades. Não que eu não tivesse escrevendo, produzi
MUITO estes dias todos. Só queria dizer que estou feliz, estou tranquilo,
estou bem. A dor no corpo está passando, estou vivendo bem com minha
esposa, os projetos, planos e sonhos estão caminhando. E consegui resolver
uns problemas cabulosos com a vida.
Quando a vida está boa, não tem história, mas será que não é este o
segredo “o silêncio”. Repara quanto tempo você economiza quando está
tudo bem? Você encontra alguém, diz olá, pergunta se está tudo bem, ela diz
sim, você diz também, fim. Tem um dia inteiro para curtir sua felicidade.
Agora quando dar treta, você perde tempo vivendo a treta, depois
perde tempo comentando a treta, depois perde tempo ouvindo um monte de
conselhos que você não vai seguir, de alguém que você nem curte tanto,
sobre a treta, para depois ter que resolver a treta. Treta nenhuma merece
tanto tempo assim, se liga.
Porra, você não estava esperando esta na sua cara né? Começou mó
de boa, te bateu e você nem percebeu.
Mas não se preocupe, este é o fim.
Largue este livro, esquece seus problemas e vai assistir “Rei Leão”.
Hakuna Matata.

São 21:39 horas.

Hoje é dia 16/07/2018


São 18:21 horas.

Estou regularizando meu sono, estou morrendo de sono, estou


stressado de sono. Tá foda. Eu estou louco para colocar os próximos textos
aqui, eles já estão até aqui, estava tudo planejado, mas não tá rolando seguir
planos. Deve ter um mês que comecei a escrever este livro, as coisas
melhoraram, como vocês puderam notar, eu avancei com muita coisa, eu
sei. Mas, quando eu fico tenso assim, agora e todas as outras vezes, dá para
saber quando eu posso relaxar, quando acaba, por que eu relaxo.
Geralmente, eu fico tanto tempo sem respirar direito, em modo de
batalha, gastando e economizando recursos, que eu desabo de chorar
quando termina e eu, finalmente, respiro. Eu já chorei, mas não foi
suficiente. Eu estou ficando mais forte, cada vez mais capaz de resistir, mas
parece que isto aumenta o tempo que o sofrimento continua aqui. Ah, que
inferno.
Eu já tentei ficar mais fraco, mas também não dá, esta força é
conquista. Lembre-se, o que a gente conquista nada no universo, nem você
mesmo, é capaz de te tirar. O que você conquista faz parte do que você é
como indivíduo. Todos nos somos eternos. Viveremos para sempre.
Porra, eu ia falar de depressão. Era meu próximo tema neste livro,
os quatro textos que já estão aqui foram reservados, exatamente, por causa
disso. Pois tratam deste assunto. Ontem, eu saboreei, de novo, o gosto de
merda da depressão. Achei que não ia dar conta, mas percebi que nem todo
aquele sentimento que estava sentindo era meu. Vou falar disso também no
futuro, sobre minha relação com a mediunidade, como ela sempre foi
presente na minha vida. Mas não agora, agora é importante saber que eu não
estava na merda sozinho e que eu consegui resolver.
Já marquei a consulta com o psiquiatra, será segunda feira
próxima, eu disse que estava decido. Vai dar tudo certo. Espero que seja
mais um recurso contra esta batalha intermitente. Sabe, este lance de
mediunidade, imortalidade. Eu tentei negar isto muitas vezes, parte da
minha relutância em ir para um psiquiatra estava aqui. Eu lia este tipo de
coisa que eu acabei de escrever e, também, achava loucura. A verdade é que
eu sempre invejei aqueles que ainda não perceberam estas coisas. A
ignorância é uma benção tão graciosa. Mas a medida que o tempo passa,
que você morre, morre, morre e nunca encontra um final, é muito difícil de
não acreditar.
Eu mesmo pensava que tinha conhecimento das minhas vidas
passadas, mas aproveitei este momento de questionar tudo para botar em
cheque estas convicções e não pareciam tão simples assim. Quem sabe eu
não esteja errado quando a imortalidade também? Engraçado pensar nisso
sentindo dor. Me vem um gosto tão bom na boca. Imagina, só mais 50 ou 60
ou 70 anos, no máximo, e estar livre, por toda eternidade, deste sofrimento.
E tem mais, ser uma dádiva que não distingue o como você viveu a
vida inteira. Você pode ser a pior pessoa a pisar nesta terra, nada te acontece
depois da morte além da morte. Igual para todo mundo. Realmente, difícil
acreditar na existência de um Deus justo pensando desta forma. E sem
recompensas também pelas coisas boas que fez. E aqueles que se vão antes.
Serão eles abençoados ou oprimidos?
Talvez o mundo seja injusto e cruel, sem um Deus ou uma causa
para todo este caos. Mas não é isto que o próprio mundo me conta. É só
colocar os ouvidos perto do chão e fechar os olhos. Primeiro, você se
percebe, você existe e a filosofia já conseguiu provar. Segundo, existe o que
não é você, o outro, e isto a filosofia também conseguiu provar. Agora sinta
como o eu e o outro se comporta diante um do outro, como eles dançam
nesta escuridão, como tudo produz música, arte. Para além daquilo que se
consegue compreender e perceber, existe vida. Louca, pura, feliz,
transcendente. Uma vida que não se importa com você ao mesmo tempo
que te presenteia com o infinito.
Tudo se organiza e se destrói, tudo se renova, muda. Nada é como
já foi, nada será como é. Existe beleza ao se escutar o universo e se perceber
este universo. Posso provar a existência de Deus, pois eu existo, pois você
existe. Eu sou este universo, transitante. Como meu mestre disse: vós sois
deuses.
Entre o Eu e o Outro existe Harmonia, cada um interpreta quiser,
pois somos igualmente livres. Caramba, eu não ia falar de nada disso. Mas
parece que procurar grandeza em mim ajuda a superar a dor, a passar o
tempo.
Minha vida é maravilhosa, mas não estou conseguindo sentir nada
disso agora. Eu acho isto uma merda.
Vou deixar vocês com o primeiro texto.
Garganta doeu de falar tanta merda.
Que inferno.

São 18:51 horas.

15/02/2012 – Acho que este é o texto que motivou este livro.

15 de fevereiro de 2012
Calma.
Sentir o mais simples dos toques.
Concentrar-me,
acalmar-me.

Não sou um ser privilegiado no mundo, pelo menos não sou o


único privilegiado.
Nós todos somos igualmente abraçados pelas coisas do mundo, justiça
absoluta e sábia, o nascer do sol e também o pôr do sol, o toque suave do
vento e o gosto doce da água quando bebida com muita vontade.
Privamos a nós mesmos destes pequenos privilégios.
Julguei Deus e não me preparei para o julgamento de mim mesmo.
Calma.
Apesar de ter a eternidade em minhas mãos, tenho que repetir, a
todo tempo, esta palavra, calma, igual respiração.
Gostaria muito de saber voar, olho lá para fora e vejo o lento toque
do vento a movimentar a copa das árvores. Estou no sétimo andar e, apenas
agora, me dei conta que este é o tanto que gostaria de estar do chão, num
voo lento e manso.
Calma.
Estou com os olhos e ouvidos fechados. Procurando dentro de mim
um pouco de ar, um pouco de respiração lenta e profunda.
Mal consigo sentir a dor que atravessa o meu corpo como uma
fincada rápida e assustadora.
Sei que logo vai passar, estava vivendo minha vida com sutil displicência,
preocupando com futilidades de segunda ordem.
Verdade, sinto-me culpado por não me sentir perfeito.
Preocupação inútil, na verdade, por isso desejo calma a mim
mesmo.
Tudo parece vazio, nem o silêncio, nem a solidão são capazes de
trazer de volta a satisfação leve do caminhar lento e equilibrado em direção
à evolução.
A dor me traz de volta para a terra, me dá motivação para eu não
me tornar, completamente, displicente, não há como não agradecê-la em
momentos de maior visão, mas como a odeio enquanto estou prestes a pirar.
Um treinamento aceitável que eu não faço ideia para onde me
levará, sinceramente, não tenho me importado muito para onde eu vou,
apesar de esta ser a minha maior preocupação nos últimos tempos.
Tenho sido prepotente e infantil, orgulhoso e caridoso, ocupando
meu tempo de forma complexa e sadia, contudo, sem um motivo forte para
me dar satisfação.

Tenho planos e metas, objetivos e amores impossíveis de seguir,


pois não se tratam de amor, propriamente dito.
Tenho tendência de fazer coisas que tenho certeza me prejudicar,
apenas para sentir o gosto exagerado da vida imprudente. Freio-me,
consciente da idiotice que isso representa e espero, espantado com o
progresso do tempo.
Ora espectador, ora ouvinte apurado, ora senhor implacável de
minhas ações. Quem me vê se assusta, pois eu mesmo me sinto assustado
com todo este movimento. Conheço-me muito bem para saber que não corro
grandes riscos, sou muitas horas prudentes, mas é impossível passar esta
impressão.
Penso na “Ex-namorada” muitas vezes, seu nome me aparece como
um sussurro distante, dito por um espírito que quer me tentar. Contudo,
raramente dou importância a isso, gosto dela e ferir meu orgulho por isso
doe mais do que eu acho que posso suportar. A ponto de não me achar capaz
de fazê-lo sozinho.
Gostaria de ser imprudente em relação a ela, deixar que o destino
ou o caos resolvesse isso, mas estou sóbrio o suficiente. Não há motivos o
suficiente para me jogar no fogo propositalmente, sem algo ganhar com
isso.

Às vezes, o único benefício que eu sinto que isso me traria é o


adiantamento de uma prova, terminar com o sofrimento, largando na estrada
um fardo que não me convêm largar agora. Estou no lugar certo, no
momento certo e não convêm desesperar.
Tenho muito medo de enlouquecer de verdade, de perder as
estribeiras e ter todos ao meu redor me julgando. Apesar deste medo, avaliei
ontem que eu me imponho o manicômio para me controlar. Eu me tranco
no meu quarto ou transfiro minha mente para algo que vai me prender o
tempo suficiente de voltar ao normal.
Eu liberto demônios no meu quarto que não fariam mal a uma
mosca no mundo aqui fora, nem mesmo consigo quebrar um pedaço de
madeira com as minhas mãos.
Tola insensatez de um jovem que não sabe para onde vai. Ninguém
nesta terra sabe para onde vai, eu sempre me esqueço disso. Tento
aproveitar a jornada de sete dias.

Estou ganancioso, desprendendo dos meus sonhos em busca da


felicidade plena.
Estou escrevendo um monte de tolices, estou me remoendo por
dentro com medo de ler o que esta neste documento, um misto de todas as
minhas emoções reunidas.
Calma.
Uma pressão no canto do olho e uma dor no topo do nariz me
indicam que estou esgotando meu cérebro e respirando pouco.
Sou um homem bom, tenho a essência pura, luminosa e linda.
Quero viver algo maravilhoso no futuro, abraçar a “Ex-namorada”,
novamente, sem nenhum tipo de dor ou remorso, gostaria de ser útil em sua
vida.

Não terei nada disso sem liberdade, esta é a prisão a qual eu me


imponho. A condição mestre para as coisas funcionarem. Uma condição
contraditória, liberdade para prisão, sem me libertar desta condição, não
terei liberdade o suficiente.
São 10:27 do dia 15 de Fevereiro. Amanhã marcará dois anos
desde um dos dias mais felizes da minha vida. O dia em que olhei para o
céu e agradeci por estar vivo. No dia em que sai do meu castelo de areia e
desci para as profundezas da terra para gozar de um prazer, a muito por
mim, privado.
O dia em que toquei com meus lábios os lábios da “Ex-namorada”,
perdendo-me no tempo e no espaço e sendo abençoado com o nascer do sol
na praia.
Leve, puro, simples.
Não há motivos para me culpar, mesmo assim, insisto em dialogar
com Deus, em tom de pesar.
Sempre posso vê-lo como o pai zeloso esperando o retorno de um
filho amado, em todos estes momentos de dor, eu sinto uma louca vontade
de lhe pedir desculpas. Será este o sentimento do filho pródigo? Procurar se
desculpar com o pai pela decisão de aprender sozinhos as adversidades da
vida?
Este relato não poderia ser mais verdadeiro, mas sei que ele mente.
Este relato se apega a pontos específicos da história, dando foco ao que acha
mais importante, contudo, impossível narrar a complexidade deste
movimento com poucas palavras.
Sentimentos não se narram, se sentem. O sentido da vida não é
para ser entendido, ele é algo que se tem de viver.
Viver, sentir o movimento constante do trabalho bem realizado e
compartilhar com o próximo, as sensações estranhas deixadas pelo caos
atordoante do cotidiano terrestre.
A perfeição, ditada por uma mente imperfeita, não se compara a
perfeição pura que experimentamos.
Criada com leis e princípios.
Deus não nos perdoa, pois nem ao menos se magoa conosco. O
perdão é para os homens perfeitos que não sabem amar. E como é doce o
gosto deste perdão.
Não sei o que abandonar e sempre escolho com os olhos nublados,
o suficiente, e dor no corpo. Sei que estou no caminho certo, mas acho isso
o pior de todos os erros. Seguir a minha intuição apropriada para a diversão.

Deixar fechar os olhos para a luz para poder me divertir com as


trevas. Brincar com fogo. Como diria um grande amigo, dançar na
escuridão.

Aprendi tantas coisas inúteis que me divertem, elas não têm o


poder de me desviar do caminho, mas faz com que minha cabeça pese. Isto
torna o caminhar mais difícil, a culpa, não o erro.
Passei um ano da minha vida me dedicando a perder o meu erro de
errar. Hoje eu acho isso perigoso o suficiente para não usá-lo. Tenho medo
de não ter medo de errar. Isto é no mínimo, absurdo, e, no máximo, me
comove. É um sorriso no rosto num dia de sol.
Não contei antes, mas estou me escondendo atrás de um livro.
Sinto que estou, instintivamente, narrando um pouco como eu o estou lendo.
Pode ser, e acredito que seja, apenas uma impressão tola.
É bom desviar um pouco do assunto para relaxar.
Estou ouvido Bethoveen, soprou uma corrente agradável de ar
agora a pouco.
Calma.
Minha sanidade está intacta, não tenho muitos argumentos para
isso, mas, eu sinto, com todo o meu coração, que estou bem. A lei não se
deturpou nenhum pouco por minha causa, o sol continua a girar, eu
continuo a desempenhar o meu trabalho, simplesmente, não sou melhor,
nem pior entre aqueles que eu convivo.
Sinto dor, mas quem não sente.
Não é o fato de não senti-la que te faz uma pessoa melhor e sim
como você a suporta.
Cada dia, sinto que o perdão é o caminho mais agiu para a
tranquilidade que eu almejo. O trabalho me ocupa o tempo de forma
produtiva e me traz felicidade.
Lembro-me dos conselhos sinceros da Marlene, mãe da “Ex-
namorada”, que saudade eu sinto da convivência com ela. Dizia-me para
fazer as pazes com todas as coisas, com cada molécula do meu corpo, para
ser feliz. Sábios conselhos para a criança tola, que eu sou.
Sinto-me pequeno e frágil, solto no mundo, prematuramente.
Resultado da minha perseverança, eu não me arrependo.
Estou, no exato lugar que gostaria de estar, talvez um pouco aquém
do que eu esperava a algum tempo, mas ainda sim bom, agradável, pois sei
de tudo que eu passei, todos os momentos felizes e não felizes, me
trouxeram aqui.
Eu li, vale a pena, qualquer coisa, se você amou alguém de
verdade. Qualquer resultado é irrelevante depois disso, pois vale a pena.
Eu penso nela, na minha mãe, todo o sacrifício para conviver com
o meu pai e o quanto eu estou satisfeito com isso. No Cristiano, meu grande
irmão mais velho, que me impede de pirar de verdade.
Meus grandes amigos, as alegrias da minha vida, eu sei que nada
de material é mais importante que isso.
Eu temo mais do que qualquer outro temor. Grandes poderes
acompanham grandes responsabilidades.
Às vezes me pergunto se estou realmente disposto a assumir tal
carga, mas nunca deixo de seguir em frente.
Sempre chegando num ponto mais distante e almejando um ponto
ainda além. Eu temo isso. Chegar na ponta de um abismo, olhar para trás, e
me sentir tentando a seguir em frente.
Espero neste dia já ter realizado o meu sonho de poder voar, apesar
de imaginar o que há no fundo deste abismo, seria dispendioso e tedioso
fazer o caminho de subida.
Tenho certeza, intacta, de que não existe a morte. Isto está me
transformando numa pessoa pacata, não gosto disso. Procurando ocupar
meu precioso tempo de alguma forma produtiva, nunca me preocupando
com a hesitação do fim.
Sem emoção, sem vida.
Estava com medo de ser advertido no estágio, mas isso passou.
Acho que estou dissimulando bem, estou digitando um documento no Word,
quem pode imaginar que eu não estou sendo útil a empresa.
Pensando melhor, cuidar da minha saúde mental é uma excelente
forma de ser útil na empresa. Além do mais, minhas obrigações estão,
satisfatoriamente, cumpridas.
Nestes momentos que me sinto prepotente, achar que por ter um
tempo livre no estágio, por ter feito todas as minhas tarefas, me faz uma
pessoa melhor.
Não ter motivos para ser advertido num momento onde me sinto
culpado por não correr atrás do que eu quero mais do que tudo na vida:
Morrer se necessário numa investida imprudente em direção a “Ex-
namorada”, me jogar na escuridão, propositalmente, apenas pelo simples
prazer de lutar por aquilo que eu quero.
Tenho coragem para isso, mas, como eu disse, anteriormente, é
completamente insensato.
Passei parte do nosso tempo, querendo me livrar dela. Agora que
tenho isto, perfeitamente, na minha mão, procuro me prender, novamente.
Meus sentimentos duelam dentro de mim, eu alimento as partes
com o que eu posso, dependendo do momento em que eu estou vivendo na
minha vida.
Tento não envolver outras pessoas no processo, contudo isto é
impossível, vendo que elas mesmas se atraem pelos meus problemas e
pulam no precipício por vontade própria.
Sinto-me, completamente, prepotente e maquiavélico por usar
deste argumento para receber estes presentes que elas me oferecem.
Calma.
FIM DO TEXTO
Uau, intenso. Este foi o texto que inspirou a linguagem deste livro.
Ele é foda.
Enquanto relia, destaquei abaixo trechos para comentar. Fazer algo
diferente desta vez. Aproveitem, eu vou nessa, missão cumprida.
Abraço.

“Quero viver algo maravilhoso no futuro, abraçar a “Ex-


namorada”, novamente, sem nenhum tipo de dor ou remorso.” - Tudo que a
gente deseja uma hora acontece, Fael, narrei a pouco, neste livro, o
momento em que este desejo se realizou.
Eu quero construir uma vida boa para gente, uma vida que a gente
não precise mais sentir tanta dor, uma em que a gente possa ser a gente
mesmo sem culpa ou receio.
Eu te amo muito, Rafael, obrigado por ser alguém de quem eu me
orgulho. Obrigado por ser esta pessoa boa e gentil.
“Sempre chegando num ponto mais distante e almejando um ponto
ainda além. Eu temo isso. Chegar na ponta de um abismo, olhar para trás, e
me sentir tentando a seguir em frente.” - Isto também já aconteceu. Tenho
um conto lindo para ilustrar o momento em que isto aconteceu. Era hora de
aprender a voar, aqui estou, um pouco estropiado, mas vivo. Talvez, como
nunca jamais estive. E seguindo a diante. Ainda procurando, meu pedaço de
paz que todos procuram e poucos encontram.
“Tento não envolver outras pessoas no processo, contudo isto é
impossível, vendo que elas mesmas se atraem pelos meus problemas e
pulam no precipício por vontade própria.” - eu não me amava e não
acreditava que era merecedor deste amor. Hoje, sou, eternamente, grato pelo
que fizeram por mim naquele momento. Talvez, eu ainda estaria no inferno.
Muito obrigado, eu amo vocês.

São 20:21 horas.

Hoje é dia 17/07/2018


São 15:39 horas

22/02/2012 Depressão, o grande vilão da felicidade

Existem coisas fantásticas para se pensar, para se viver.

Não pense que algo ruim durará para sempre.


Não pense que algo bom durará para sempre.
O mundo é mutável, caótico e belo.
Tentar entendê-lo
nunca é em vão
se pretende trabalhar para conquistar algo de bom.
Caso contrário é perda de tempo.

Este é um texto que vai para o livro sobre felicidade. É o que


sustenta quando estamos passando por um momento difícil e todos sabemos
que eles estão longe de se finalizar para sempre.
Falando no "Para sempre", ele existe, mas apenas certas coisas
possuem esta característica. A primeira dela é a vida: a morte é uma
transição, uma mudança do estado e não o fim.
A vida reside na alma e esta é "Para sempre".

Nunca perdi a esperança de ser, eternamente, feliz, a base de tudo


isso é acreditar que tenho tempo infinito para conquistar isto. Passo a passo,
na conquista de cada virtude, chegarei la.
Hoje, estou, particularmente, feliz, inspirado, eu diria. Não foi
assim o dia inteiro, estava me recuperando de dores físicas e incômodas.
Estes são a minha meia hora de serenidade.

Meu pai chegou a comentar, a poucos dias, que eu havia passado


por uma depressão. Sinceramente, não acredito nele, se o que eu passei é
depressão ela tem cura, mas é preciso bastante determinação.
Se o que eu passei é depressão, ela é um estado de espírito que
parece durar "Para sempre". É feita de ciclos desesperadores, muito difíceis
de se adaptar, doe a todo instante. Cinco minutos neste estado, parecem
horas.
Estou identificando o problema, ao sentir estes sintomas, fique
esperto com o tempo. Fuja de qualquer tipo de ilusão, procure a verdade dos
seus sentimentos físicos e tenha paciência, tenha calma e segure apenas o
que cabe nas suas mãos.
Aprendi isto a duras provas. Meu peito ardia em febre,
enlouquecida. Tinha acabado de terminar um relacionamento que, a tempos,
me fazia mal, mas que representava um grande desafio. Sempre gostei de
desafios.

Sempre que vejo a palavra desafio eu acho que ela precisa de


acentuação, como se fosse uma palavra paroxítona terminado em um
ditongo crescente.

É preciso dar tempo para a cabeça relaxar, temos tempo de sobra


para cuidar de tudo, pensar em acentuação, no meio de um raciocínio, não
vai fazer diferença nenhuma.
Calma.

FIM DO TEXTO

Eu reparei que depois de grandes surtos de ansiedade e depressão,


quando passa, eu fico bem aberto à filosofia, a vida e tudo o mais. Já era
algo que eu sabia, pela observação, relendo estes textos, ficou ainda mais
claro.
Sabe, espero que estas experiências sirvam de lição para alguém. É
horrível sentir tudo isto na pele. Se sentir impotente, incapaz. É como uma
tortura.
Fico feliz que estes eventos tenham passado. Hoje, eu não estou
muito bem, está estranho. Eu quero muito encontrar outras alternativas para
lidar com isto. Sou muito grato á tudo que eu aprendi e às pessoas que
estiveram do meu lado.
Eu tive uma notícia excelente, hoje. Parece que as coisas estão
mudando, novamente, para um lugar melhor, eu acredito.
Não mudei muito a minha forma de pensar em relação a estes
assuntos. Bem provável, que estes momentos tenham sido o ponto da
virada, para que eu pense, da forma que eu penso hoje. Sou muito grato por
tudo que eu aprendi.
Faltam dois textos.
Um deles, é bem recente.

14/03/2012 – Log de eventos recentes.

Sinto me, tão, fraco e triste, meus problemas estão pequenos, isto
me incomoda, profundamente. Porque eu não consigo resolver coisas tolas e
infantis?
Liguei para o estágio, sem problemas, não vou ter que conversar
com ninguém, nem dar explicações de porra nenhuma. As pessoas respeitam
a minha condição e valorizam meu trabalho.
Eu não estou sozinho, uma amiga me ajudou, bastante, neste
processo e a Esposa está com os braços abertos para me receber. Então, meu
Deus, porque dói tanto?
Porque, eu não tenho paciência para suportar as atribulações da
vida. Todo mundo tem problemas, porque eu fico me martirizando por não
ser perfeito?
Já estou cansado de tanta discussão na minha cabeça. Minha
mediunidade está a mil, descontrolada e insegura. Sinto-me acuado, com
medo de não dar conta. Assumindo o desespero.
Aff, o dia está lindo, como eu tenho medo dos outros acharem que
eu não dou conta. Este texto é só um desabafo, de um momento de merda.
Mas vai passar. Sempre passa.
Não se pode perder o controle, mas não adianta reprimir o que se
há dentro. Controlar não é inibir, mas, amar de tal forma, que se consiga
manter a sanidade diante do caos. Deixar ir e vir aquilo que amamos,
sempre com o mesmo carinho, sem pressão ou dor.
Deixar livre é a melhor forma de controlar, pois assim é possível
conhecer os limites. No fundo, tudo tem um limite. Tudo que é livre, volta
quando tem vontade.
Eu sou um ser livre, vivendo um momento ruim. É como ter as
asas quebradas. A gente sabe
que elas voltarão ao normal, é uma questão de tempo para se poder voar,
novamente. Porém, a dor de não poder voar naquele momento, nos faz
acreditar que nunca seremos de voar novamente.
Tenho trabalho a fazer, não conheço as ferramentas para trabalhar,
mas conheço de computação, isto deve bastar. Se eu tiver paciência e
perseverança. Existem pessoas torcendo pelo meu sucesso. Não estou
sozinho e isto basta.
Pai, cuide daqueles que eu amo, nunca permita que minhas
energias atinjam a Ex-namorada. Mantenha-a livre e cuide dela por mim.
Obrigado, por trazer a Esposa para a minha vida e por meus pais
ainda estarem vivos e perto de mim.
Me faça alguém cada vez mais forte, determinado e digno de ser
exemplo. Cuida dos meus filhos, enquanto eles não estão sob a minha
guarda e permita que eu sempre possa estar disponível para ajudar os meus
irmãos.

Meus problemas, minhas soluções. Minha vida, meu destino, meu


caminhar.
Em frente, sem voltas.
FIM DO TEXTO
Eu pensei, que usaria esta sessão para falar sobre depressão. Não
estou inspirado. Os textos são exemplos bem construídos e autoexplicativos.
Na verdade, ela descreve bem como acontece comigo e como eu reajo.
Sério, eu quero muito que isto sirva para alguém. Se uma pessoa, apenas
uma pessoa que seja, conseguir aliviar os sintomas enquanto lê minhas
experiências, enquanto se identifica com minha vida, já estou satisfeito. O
livro cumpriu seu propósito.
A vida segue. Depressão é algo que eu não acredito que tenha uma
cura, tem controle. Você precisa estar sempre esperto. Esta é minha visão
leiga. Espero estar muito errado.
O próximo texto é deste ano. Tentei transformar minha depressão
em arte. Este ano eu me envolvi muito com filosofia e arte. Conheci muita
coisa legal. Experimentei muita coisa legal. Coisas lícitas. Não usem
drogas. Sou privilegiado de ter uma mente capaz de viajar o universo sem
intermediários. Sempre foi assim, sempre gostei da minha lucidez, sempre
temi, perdê-la.
O último texto, encerra esta sessão sobre depressão. A liberdade
deste livro é incrível, não posso supor que o tema não retorne.
Fiquem bem, procurem ajuda. Você não merece sofrer, não importa
o quanto acredita o contrário, o quanto você se odeie. Eu me odiei, não vale
a pena. Você vira as costas para as coisas incríveis que você é capaz de
fazer. Procura ajuda. Já passou de hora, procura ajuda.
O mundo é muito grande para que você não encontre uma pessoa
que te ame de verdade. Se você deu azar de não encontrá-la ainda, persista,
viaje e persista. Você merece ser feliz.

11/02/2018 - Roteiro vídeo ou texto mensagem dada


Caralho.... vai tomar no cu. Paz. O ódio, ops, fui claro demais. Isso
aqui, vai com calma, não sei o que vai rolar. Só o ato de escrever. Tu sabe o
que é isso? O ódio. Chega, porque quer ir direto ao ponto? Merda. Sabe,
não. Tu não sabe. E daí. To vivo. Não é suficiente? Me deixa. O ódio me
toma. Direto assim. Este era para ser um conto, não vai dar texto suficiente
para isso. E não tem história, o ódio levou. A vontade, também. Fico parado
como boneco de cera, mas não tenho forma, o ódio me queimou de dentro
para fora. Tenho molde, por dentro, só buraco. Que merda. Me fiz vazio,
cheio de culpa, preenchendo cada buraco que o ódio deixou. Quem sou?
Sou você, te olhando de dentro para fora. Tu está bem vazio. Não sabe, não
olha para dentro. Quando olha, se vê como vítima. Meu Deus, chega deste
paragrafo né?

Então, nem te conheço, mas, olha, somos parte deste mundo


doente, seja quem for, é muito parecido comigo. Quem eu sou. Sou eu.
Basta saber que sou o que sou e eu já sou. Se tentar justificar demais,
explicar demais, deixa de ser. Somos piada, vê a semelhança? Para saber
quem eu sou, para entender, para definir, tem que fazer força com a mente.
E tem que olhar para dentro. Tem que saber quem você é. Olhamos para os
outros com nossos olhos. Cheios de ódio, enxergamos a nós mesmos, antes
de ver o outro. Mas quase nunca nos vemos. Julgamos, mais fácil saber
quem é o outro, dizer quem é. Foda-se a verdade, estar certo ou errado.
Jogue suas palavras ao vento e deixe morrer. Vai se fuder. Vai se fuder. Me
deixa com raiva ter que conviver contigo por toda eternidade. Tento
despertar, tento acordar de dentro do meu mundo interior, cansei de ser
sozinho. Mas olho o mundo como ele é, meu Deus. Vejo o outro, o quanto
ele é parecido comigo. Meu Deus, tu consegue ver? É a semelhança que nós
faz mal, não é a diferença. A diferença é o alívio, é a ilusão de que o outro
não sou eu. Nos apegamos a isso. Olha minha cor, é diferente. Olha meu
gosto sexual, é diferente. Tolos. Todos nós, tolos. Pois destruímos nossa
mente para acreditar nesta merda.

Vai para o inferno. Vai para o inferno. É o ódio que me faz fraco.
Que me faz pedaço de mim mesmo. Que me divide em grupos, que me faz
perder tempo. Que me faz olhar para o outro e ver a mim mesmo. Só por
tortura. Só porque não posso odiar o mundo ou o outro sem odiar a mim
mesmo. Eu sou você, seu filho da puta. Puta. Mulher triste, quase sempre,
descarregamos nossas tristezas, quase nunca, queremos sexo. Queremos
puta, mulher inferior para dizer o que só dizemos para nós mesmo. Para
humilhar como só conseguimos nos humilhar. Puta. Homem de escritório,
se convencendo, dia a dia, que precisa se submeter. Que precisa vender seu
valor. Desliga a cabeça, para de pensar, para aguentar das 8 as 18 horas.
Chega em casa ainda desligado. Meu Deus, tanto tempo desligado é como
viver sufocado. Quando toma ar, chora. Desaba no sal das lágrimas. Recebe
um abraço de quem te ama, não importa, não consegue ver, não consegue
sentir. A raiva desaba por cima dos ombros. Corre pelas costas, toma o
corpo inteiro. PUTA. Reclama da comida, da casa, da vida. PUTA. Puta sou
eu, que tenho que acorda amanhã sem querer. Para viver uma vida que não é
minha. Não se engane, mulher, ele nem está vivendo contigo. Isto serve
para ti também. Sufocada nas ilusões que construiu para própria vida. Tu
merece. Tu merece. Destrói sua vidinha perfeita. Que de perfeita tem só sua
ilusão. Te consome. Te entope.
Carambra. Tu leu tudo? Imagina eu que tive que escrever esta
merda. Vai se fuder. Tudo que passa por você, tudo que você absorve, saiu
de dentro de mim, vi quando entrou, vi quando saiu. Vida de inferno. Que
ódio. Vai se fuder. Vai se fuder. É grito de socorro. Não é ódio, a palavra se
transverte quando saiu. Socorro. Socorro. E o medo de ninguém ouvir. Vai
se fuder tem direção, e quem escuta, dá atenção. Preciso de atenção, preciso
de carinho, preciso de sossego. Preciso. Preciso. Estou cheio de coisas, mas
não tenho nada. Sei que não é meu. Eu sou você. Nada que esteja ao seu
lado é teu. Meu Deus. A ilusão da posse me toma. Toma o outro. Toma o
mundo. Preciso, preciso. Conquisto. Já não serve mais, preciso do que não
tenho. Quando tenho, já não preciso mais, preciso de outra coisa. Sabe, dê
tudo que tem. Dê suas demandas. Dê sua alma. Ame. Ame. Ame. Não
escutou. Ame. Sabe o que significa? Não, não sabe. Se preciso explicar não
sabe. Não preciso. O que? Nada. Isso. Olha que delícia. Sente. Nada mais é,
só é o que é. Consegue viver assim.
Agora existe o outro. Aquilo que não posso mudar. Aquele a quem
posso aceitar, como é. Que delícia. Nada acontece como eu quero, pois não
quero. Vivo. Sigo, pelo outro, pois quando o faço por mim, me perco. É
isso, mensagem entregue. Se chegou até aqui. Obrigado.

Rafael Souto Silva

O que me levou para depressão desta vez foi a raiva, quando


chegou no ódio, eu já estava pronto para me defender. Achei que não seria
capaz de ter uma vida boa, que o tempo tinha passado, que a vida já tinha
passado.
Fiquei 3 anos dando o meu melhor, vivendo no limite, sem ter
retorno, na verdade, sem sentir o retorno, sem sentir vida boa, era tanta dor,
me consumindo dia a dia, tanto stresse, lavando minhas emoções para fora
do corpo. Foi tenso, achei que era normal, mas não podia ser, foi tenso. Foi
desumano.
Fui humilhado, cara, fui humilhado, de um jeito abusivo, que eu
não podia admitir que estava sendo abusado. Parecia que era consentido,
mas não era. Eu deixava claro que não era daquele jeito que eu queria, fazia
parecer que o que acontecia era normal. Filhos da puta. E a vida ganhou
uma complexidade, parecia que não tinha saída, que eu não podia dizer não,
que não tinha este direito.
Caramba, é difícil acreditar que eu fiz tudo certo. Mesmo sem
saber o que estava fazendo. É bom perceber que todo aprendizado não foi
em vão. Que eu já estava maduro para resolver, mesmo sem saber como
resolveria. Estava vivendo um inferno. Estava transtornado pela raiva, mas
mantendo-se sereno, na superfície. Para não estourar, para resistir.
Eu desisti. Fui um fracasso. De todas as formas que podia ser, para
deixar de ter valor. Para ser um fardo. Assim, ficava fácil distinguir quem
estava comigo para abusar de mim e quem, realmente, me amava. Aos
poucos a vida foi limpando, estou aqui.
Me lembro do início do livro, esta foi a explicação que faltou,
aquela lista. Aquela lista de características absurdas que julgava ser as
melhores da minha vida, atualmente. Era arriscado, olhar para mim como
um fracassado, deixar meu valor ser por ele mesmo, sem esforço. Achei que
teria que começar do zero.
Não, procurei ajuda. Ela veio. Na hora certa, foi um processo lento,
ainda estou no meio dele. Mas não importa, a vida está boa de novo, eu
tenho luz, eu tenho vida, um futuro da hora para viver.
Procure ajuda. Procure ajuda. Não perca a fé em si mesmo. Você
não está sozinho. Você não está sozinho. Eu estou com você.

As coisas boas vão embora,


as coisas ruins vão embora,
apenas nós permanecemos,
mudamos com a mudança.
Estamos vivos.
Você não está só.
São 17:11 horas

Hoje é dia 19/07/2018


São 18:08 horas.

Eu fui abusado durante a minha vida inteira. Fica claro para mim,
agora, que isto, de fato, aconteceu. Felizmente, não foi um abuso físico ou
sexual, para as pessoas que tiveram em suas vidas, este destino terrível,
meus sinceros, pêsames. Vocês merecem ser felizes, não se esqueçam disso.
Eu tive que sair, completamente, do contexto de abuso e fazer uma
reflexão apurada e desconstrutora, para esclarecer, para mim mesmo, a
situação na qual me encontrei uma vida inteira, e, como parte do abuso, me
fez acreditar que aquilo era normal.
Hoje, eu sei que a vida pode ser boa, que eu posso ser quem eu sou
e que eu não preciso fazer mais do que eu dou conta. Ainda dói muito, mas,
eu sei, vai passar.
Estou mudando, completamente, do outro assunto. Principalmente,
para ficar claro que ele acabou. Estou farto de falar da relação com minha
mãe, este assunto já está bem abordado no livro. Quero mesmo, seguir em
frente.
São alguns assuntos para abordar, ainda, neste livro. Ele já passou,
em quantidades de páginas, de um número que qualquer leitor, se disporia a
ler. Talvez, pouquíssimas pessoas se engajem na leitura. Parabéns, você é
uma pessoa diferenciada. Se, por qualquer motivo, você foi obrigado a esta
leitura, meus sentimentos. Você é foda, ainda assim.
Presumo, que este livro terá em torno de 200 páginas, na verdade,
eu o quero assim. Muitas coisas não foram planejadas, ao iniciar este livro.
Primeiro, era para ser um livro sobre o presente. Pensei que descreveria os
passos para se chegar num objetivo que tinha certeza que seria alcançado.
Hoje, o ato de revisitar meu passado, suavizou a expectativa sobre este
objetivo.
Segundo, não esperava escrever minha biografia. Era para ser um
livro curto, gostoso de ler. Eu não sei quantas biografias eu li. Geralmente,
acesso este tipo de conteúdo, por filmes e documentários. Ler sobre a vida
de alguém parece algo muito chato. Escrever é outra história, escrever é um
processo ativo interessante, te força a organizar ideias.
Pelo menos, desconstruí minha biografia. Ler este livro é um
exercício interessante de quebra cabeças cronológico. Sabe, eu gosto deste
livro. Ele foi livre de escrever, sua linguagem te mostra um pouco como eu
converso. Seus temas bagunçados, te contam como os assuntos aparecem na
minha vida e são retratados na minha cabeça.
Isto é uma biografia descente, mesmo quando eu estiver morto,
você vai ler este livro e sentir que eu estou perto de você. Eu sei, tem muita
gente que me ama de verdade nesta vida, e outras virão. Vai ser bom, matar
um pouco a saudade, enquanto a gente não se reencontra.
Sabe, este abuso é uma maldição de família. Todas as gerações da
família da minha mãe, por parte de pai e mãe da minha mãe, que eu tenho
conhecimento, carregam este mesmo fardo. Minha mãe reproduziu esta
maldição, por instinto, mas me deu armas para enfrentá-la. E eu sou um cara
foda. Tenho certeza que ela me ama muito. É difícil quando você ama a
pessoa que te abusou uma vida inteira.
Eu ainda quero, neste livro, abordar o tema da minha mediunidade,
assim, os temas da minha infância e adolescência estarão, completamente,
abordados. Falar ainda sobre minha relação com os estudos, minha
“trajetória profissional”, como eu estudei até aqui, com o clímax da minha
universidade interrompida. Meus projetos, sonhos e vida que eu quero
construir daqui para frente, bem possível que, neste ponto, retornemos à
descrição da jornada de trabalho, rejeição e frustração. Eu quero deixar
registrado aqui, este ponto de partida, que este livro representa, para esta
nova vida que estou construindo. É bom registrar estas coisas.
Tudo isto, deste jeitinho gostoso e caótico que te trouxe até aqui.
Do meu jeitinho manhoso de falar sobre a minha vida. Obrigado, por estar
comigo nesta trajetória. Você é muito importante para mim.
Já misturei o suficiente, o terreno está arado, pronto para
fertilização. O próximo texto que eu selecionei é o mais estranho até aqui.
Eu mesmo, não consigo lembrar do contexto que me levou a escrever,
parecia algo muito importante, na época. Também, não quis deixá-lo de
fora. Parece que é algo sobre a universidade, mas pode não ser, ele acaba
falando de tudo um pouco.
Aproveite.

3 de Abril de 2012
Uma decisão difícil, vivendo entre dois mundos.

Estou me dizendo agora mesmo para ter calma. A calma sempre parece
uma solução aceitável. Ter paciência e esperar pelo momento em que a decisão e
atitude são indispensáveis.
Hoje é um dia de filosofia, o mundo lá fora está calmo, sereno e silencioso.
Meu interior também não está diante de grandes abalos.
Eu tenho duas provas da faculdade amanhã, tive uma conversa importante
com o meu pai, num momento muito sereno da minha alma, que me trouxe a refletir
sobre tomar uma grande decisão. Além disso, estou lendo “As Cronicas de
Dragonlance”, numa parte onde a princesa de um reino élfico decide entre a
segurança da casa de seu pai ou a esperança da humanidade de vencer uma guerra.
Pois bem, minha situação, de longe, é tão complicada, existem muitos
mais caminhos na minha vida, muito mais opções. Este é o grande motivo de desejar
calma a mim mesmo.
Outro fato interessante, minha memória se contorce para lembrar, de todas
as vezes em que eu deixei-me levar pela vida. Este é o outro mundo citado no título.
Meu costume selvagem de resolver meus problemas com força e fé, de cair e
levantar-me, novamente.
Seguir adiante, lutando pelos meus sonhos com um sorriso no rosto.
Os tempos de trevas, dos anos que se seguiram pós Coltec, me atormentam
com esta decisão.
Estar dividido entre a força e a calma, a determinação e a paciência.
Estou em posição de fervor, mas Deus jamais me abandonou nas minhas
decisões. Nem mesmo minha família ou meus irmãos me abandonaram. Aqueles que
o fizeram, tinham seus próprios sonhos e eu não os culpo por isto.
Além disto, estes são os meus problemas e estou ansioso para assumi-los.
Contudo, não sei se estou pronto. Este é o meu dilema.
No mundo antigo eu diria "ficaremos prontos no processo, seguindo
adiante e fortalecendo, com dignidade e determinação".
O mundo novo diz "ficaremos prontos com o tempo, resistindo aos
problemas naturais da vida, nós nos fortalecemos no momento apropriado, de acordo
com os propósitos de Deus".
Ambos estão certos, ambos são, igualmente, bem sucedidos e felizes,
ambos passam por dificuldades impossíveis de serem ignoradas, ambos ficam fortes.
Por isto, não é uma questão de pesar medidas e, sim, de escolher o que eu quero.
É hora de voltar para mim mesmo e fazer a pergunta mais importante da
minha vida. Rafael, o que você quer?
Assim, como anteriormente, segurar as duas coisas me levaria para um
prazer momentâneo e a certeza do fracasso.
Sinto que o que eu conquistei, com um lado, não se perderá com a escolha
do outro.
E, principalmente, todas estas escolhas são reversíveis. Não terei o tempo
que se foi, mas não me arrependerei de viver o que eu escolhi viver.
Eu confio em mim mesmo, eu confio no potencial que eu adquiri. Ambos
os mundos, me levam para o meu sonho.
Outro documento salvo, outra decisão deixada para o futuro...

FIM DO TEXTO
Lendo o texto, com calma, enquanto editava, percebi sobre o que era o
texto. Sobre virar adulto. Hoje, eu sou um adulto, tinha me esquecido, ainda tão
breve, como foi o processo e quem eu fui durante ele.
Eu queria assumir minha vida, escrever minha história sem depender de
ninguém. Trilhar meu caminho. Caramba, ser adulto é se tornar, a cada dia, mais
impotente, mais frágil. É difícil cair nesta real, mais difícil ainda, perceber como isto
é necessário para viver bem, para se resolver os problemas sérios.
Esta autoconsciência da impotência e fragilidade, vou te dar um spoiler, é
o que te faz ser sério, quando precisa ser, abraçar o outro, quando precisa abraçar, e
não deixar passar a oportunidade de se fazer qualquer coisa importante.
É muito estranho, pois a gente acredita, na imaturidade, que é o contrário.
Ainda estamos culpando nossos pais por não serem perfeitos. Eles deixam de ser
nossos heróis, tornam-se humanos. Daí, queremos agir diferente do que fizeram,
queremos ser, cada vez mais, potentes.
E dá um puta medo, pois lá no fundo, a gente sabe que tem alguma coisa
errada, mas é impossível ver o que é. Mesmo vendo, dia a dia, o que a velhice faz
com uma pessoa. Mas é impossível ver, não se cobre.
Pois é, um texto sobre amadurecimento.
Que legal.

São 18:51 horas.

Decidi apenas editar os textos abaixo, nem marquei hora de começo, nem
vou marcar uma de fim. Também não comentarei. Eram para ser textos sobre a
minha saída da faculdade, vou deixar os textos aqui e vazar. Este assunto já está bem
desgastado na minha vida. Hoje em dia, sou a única pessoa que ainda toca no
assunto.
Era para eu fazer igual sobre os remédios para depressão. Fazer um
suspense, um drama, para chegar no final e dar uma informação épica de superação.
Não. Eu decidi retornar para a faculdade. Ainda não comecei a me dedicar, também
não sei, se esta decisão será forte quanto a outra.
Hoje é dia 21/07/2018, são 22:29 horas, vamos ver o que vai acontecer.
Como eu sou seu amigo, se você quiser, pode pular os próximos dois
textos. Foi um suplício, relê-los, pode ser consequência meu estado de espírito. Vou
deixar você decidir.
Um abraço.

5_11_2012 Log de eventos

Estou aqui novamente, depois de um dia bom, tranquilo, cheio de


revelações impressionantes, chega o dia seguinte, sem muito empenho, e destrói a
alegria de viver bem.
Dores no corpo e na alma, mas, vai dar tudo certo. Vai sim. Um dia
enfrentaremos leões sem nos preocupar com seus dentes e garras. Foda-se o futuro
próximo, eu vou resistir, independente da minha vontade. Eu vou resistir e chegar
num lugar maravilhoso e belo.
Amanhã, eu tenho prova de AEDs II, estou com medo de ser jubilado da
faculdade por insuficiência. Não acho motivação para estudar o necessário. Isto me
remete ao dilema de voltar ao meu esforço de 2009, para passar nas disciplinas do
Coltec. Eu jurei que não faria mais aquilo. Contudo, percebo que nem foi um esforço
tão grande assim. Mas, tive que abrir mão de momentos que, eu não quero abrir
mais.
Talvez, isso seja uma grande mentira. Eu que não quero me dedicar, por
alguma razão presente e culpo o meu passado pelo fracasso que sou hoje.
A verdade é que eu não estou a fim de dedicar o necessário. Estou
desanimado, triste, mas confiante em seguir em frente.
Meu final de semana foi excelente, me diverti como um ser humano de 21
anos. Muito, muito bom. Vivo o melhor momento da minha vida. Mais tranquilo.
Aquele que eu nunca terei de novo e, provavelmente, vou esquecer que existiu.
Nenhum verdadeiro desafio. Na verdade, é um grande desafio formar na
faculdade, estou, completamente, desinteressado.
Não é assim o tempo todo. Tem pouco tempo que voltei para a faculdade,
já vivi momentos de grande empenho. Talvez, tudo isso seja apenas uma fase, um
momento normal na jornada deste desafio. Não sei, de verdade.
Tem hora que eu não me sinto parte daquele lugar, mas acho que isso é
uma desculpa para aliviar a dor do pressentimento de fracasso.
Se eu for jubilado vai ser tão entediante correr atrás de entrar na faculdade,
novamente. Sem mencionar o falatório interminável dos meus familiares e amigos.
Dá uma preguiça tudo isso.
Não tenho motivação, meu corpo doe e eu quero, realmente, viver como
um vagabundo, sem cuidar do meu corpo e reclamando da sorte.
Já percebi, eu aguento viver pouco tempo deste jeito. Este sentimento, na
maioria das vezes, representava a minha vontade de fugir diante de um desafio que
eu não queria enfrentar.
É a vida.
Daí, eu venho com o discurso de nunca desistir, clamo a Deus por mais
força. E giro em torno de mim mesmo. Aos poucos eu estou eliminando os meus
compromissos. O ABC já foi a tempos, meu namoro também, os estágios, a
responsabilidade de ir para casa da minha mãe, o graal.
Será que eu quero destruir minha existência? Porque eu sempre arrumo um
jeito de continuar sem tempo para nada. Eu não sei como eu aproveito o meu tempo,
mas ele sempre está ocupadíssimo.
No último mês, eu não tenho dormido a noite, durmo durante a tarde e não
rodo de um lado para o outro na cama.
Mas, não tenho pretensão nenhuma de mudar de vida. Eu tenho projetos,
empenhos e sei que vou conseguir chegar aonde eu quero. Trabalho, arduamente,
para concluí-los. Estou, cada dia mais, deixando a sociedade. O compromisso com a
sociedade que eu vivo, algo que eu fui inserido, mas nunca gostei direito.
Acho que tudo isso vai dar pau um dia. A ponto de minha existência ficar
ameaçada. Mas não tenho certeza, pois tudo tem acontecido de forma tão natural e
eu não tenho me importado.
Sério, tudo que está escrito aqui é uma grande bobeira. Por que nem é real.
É tudo uma grande mentira. Um ponto de vista que, raramente, é contextualizado no
meu cotidiano. E mesmo assim fica latente.
Obra de um sentimento inquietante e inseguro. Obra do medo de perder,
não da determinação de vencer. Obra do cansaço adquirido com diversão e não com
trabalho. Obra da insatisfação com o próprio esforço, de desmerecimento do quanto
eu estou disposto a doar do meu tempo, da minha energia.
Sinceramente, foda-se. Minha vida vai continuar seguindo um fluxo
interminável. Meus olhos precisam se fechar e abrir com novos ânimos.
O tempo me permitiu.
A verdade é que a gente sempre acha algo para reclamar quando a vida
está boa. Sério, parar de vadiagem e cuidar da vida.
Eu assumi os riscos, quando decidi ficar um mês sem ir na aula. Vou tentar
não ser jubilado e seguir em frente.

FIM DO TEXTO

08/03/2013 - Tanto faz esta merda de faculdade

Belo Horizonte,
Rafael Souto Silva
Meus sinais de depressão não são óbvios, agora eu vou escrever o que eu
quiser.
Eu vou fazer o que eu quiser e o assunto agora é Universidade.
Seria interessante gravar isso em vídeo, ver, no futuro, o quanto eu sou
retardado. Um leve sorriso surgiu nos meus lábios. Foda-se o que eu vou achar no
futuro. Não consigo vê-lo agora mesmo.
Minha respiração vai baixar, o meu mundo vai mudar, o mundo real está
mudando. E no final, tudo isso não vai passar de porra nenhuma. Mais um ataque de
nervosismo, que, simplesmente, surgiu em mim.
E daí, foda-se.
Eu vou ser feliz para sempre e todos os sentimentos que me rondam vão se
acalmar.
É foda este momento. Tudo que me preocupava, está no futuro. Nada que
me importa, está no futuro. A gente se preocupa demais. Estou a fim de matar, meio
mundo, pelo prazer, momentâneo, de reviver o meu passado. Sei que isso vai passar.
A verdade, tudo isto é apenas a vontade de se libertar, destas amarras que constroem
meu presente.
To a fim de mandar a faculdade para o espaço. Eu odeio aquele lugar, pelo
simples fato de odiar. Meus pais querem que eu me forme e eu quero fazer tudo
menos o que meus pais querem.
Eu quero decepcionar os meus pais, pois eu sinto que, só assim, eu vou
viver a minha vida por mim mesmo. Eu não quero viver sozinho, quero fazer o que
eu sinto vontade de fazer. Na verdade, eu só não quero sentir que eu vivo minha vida
pela vontade dos outros.
Independente de serem meus pais.
Agora, estou escrevendo, não estou trancando minha faculdade ou me
rebelando com meus pais. Na verdade, tudo isso está apenas dentro de mim.
Ninguém está se importando com isso. Ninguém está ligando para isso.
Mesmo que eu revolucione o mundo ou largue a faculdade. Tudo isso não vai passar
de nada daqui a uns anos, um grande e sincero tanto faz.
As pessoas vão me olhar, pelas decisões que eu tomei, os resultados que eu
obtive. Em momentos de raiva, eu vou colher a frustração que meus pais tiveram por
não me ver formado.
Tudo isso não é problema meu.
Prefiro ver meus pais frustrados do que, eu me ver frustrado. Não quero
fazer esta merda de faculdade e pouco me importo se vou viver amanhã, desde que,
eu me sinta seguindo o que quero por um minuto.
O foda é que eu sei da minha eternidade. Então foda-se. Eu sei que nada
vai mudar, eu sei que tudo vai mudar. O mundo está mudando.
É o mesmo caso de quando a Ex-namorada foi para Argentina. Eu queria,
de toda forma, pegar um avião e ir atrás dela. Queria porque queria e não fiz.
É o mesmo caso. Hoje eu tenho uma vida maravilhosa, mas eu nunca
saberei o que é ir para Argentina atrás do meu grande amor. Eu nunca saberei.
Eu vivi quinhentos anos correndo atrás do prejuízo de fazer, o que me dava
vontade por uma vida. As vezes, dá vontade de repetir. Ligar o foda-se, ser a pessoa
mais desprezível do mundo. Era uma satisfação tão maravilhosa, destruir o que me
incomodava.
Olhar nos olhos, daqueles seres que se achavam superiores, e destruir tudo
que eles mais amavam. Sobrava, um silêncio que, a cada dia, eu aprecio mais. O
silêncio da destruição. Aquele silêncio prematuro e o cavalgar suave para a próxima
cidade, pronto para destruir mais uma vida, mais uma história.
Depois eu fui uma prostituta. Abandonei minha família e encontrei uma
nova família, na ruína, na miséria. Vendi o meu corpo por trocados em troca da
liberdade e da revolta contra aquele mundo podre.
Eu tinha vontade de esganar meus clientes, mas eu apanhava ao cumprir
minhas vontades, era tratada como um animal selvagem e, infelizmente, durante
toda esta vida, eu fui tolhido de fazer o que eu queria.
Preguiça de continuar esta história. Muita coisa aconteceu neste meio
tempo, mas foda-se. O importante é que eu estou aqui e, eu fiz tanta coisa certa, que
agora, eu tenho poderes novamente de fazer o que eu quiser.
Sou homem, sou médium, vivi a minha vida inteira com alguém que me
ensinou a destruir a alma das pessoas sem precisar matá-las. Além disso, eu consigo
me sustentar neste mundo, eu consigo recrutar pessoas que me seguem e que estão
dispostas a seguir meus propósitos. Deus me deu este poder, novamente, e o tempo
todo, ele me pergunta, que diabos, eu to fazendo com esta merda.
Voltemos ao princípio, talvez, muito antes do início da história. Eu quero
ser livre, quero deixar meu poder se manifestar com tranquilidade e fé. Eu quero,
colocar para fora toda esta raiva, este ódio, esta falta de perdão, esta culpa, este
medo e esta ansiedade.
Eu me sinto aprisionado no compromisso de fazer o que os outros esperam
de mim. É uma pena, mas não sou o mesmo homem de quinhentos anos atrás.
Eu aprendi muitas coisas, não me importo com o que meus pais esperam
ou querem que eu faça. Foda-se isso. Eles se preocuparam comigo e se fuderam.
Esta é a minha vida.
As minhas escolhas.
Eu já sei o que fazer, eu já sei o que eu quero, infelizmente, eu vou
continuar nesta merda por algum tempo. Eu vou, sempre, fazer a minha parte. Vou
aproveitar a minha vida da melhor forma possível e vou, realmente, ser feliz.
Minha vida e bem melhor do que quando eu namorava a Ex-namorada. Eu
conheci o silêncio e não quero perdê-lo. Estou cagando e andando para o meu
passado. Estou cagando e andando para o meu futuro. Foda-se estas duas merdas.
Tanto faz.
Eu aguardo o dia em que eu vou sair da faculdade, realmente, não é o lugar
que eu gosto de ficar, nunca gostei daquele lugar, mas admito existe algo mágico em
tudo aquilo que eu vivo ali dentro. A faculdade não vai perder nada em me perder.
Eu posso seguir tranquilo e forte na direção que eu quiser. Tanto faz para
minha mãe e para o meu pai, o que eu vou fazer da minha vida. Tanto importa a
preocupação ou a aflição de curto prazo.
Eu vou viver a minha vida e foda-se o que eu decidir no futuro. Foda-se o
que acontecer comigo no futuro. Todos vamos chegar no mesmo lugar e nos
encontraremos no infinito. Eu já larguei a faculdade, três anos atrás, quando eu
formei no Coltec.
Eu só não descobri isso ainda.
Está tão claro, tão preciso. Quando eu virei para mim mesmo e falei: “eu
nunca mais vou sofrer deste jeito, numa merda de lugar como este” já tava tudo
decidido.
Depois disso, eu vivi muito bem e sempre procurei o caminho de maior
felicidade. E toda encruzilhada em que me meti, foi questão de tempo para resolver,
e eu aprendi. A Ex-namorada se foi, eu queria tirá-la, definitivamente, da minha
vida. Por mais que eu a ame. Eu aprendi a amá-la, de verdade, para ver ela livre de
mim.
Eu ainda a desejo, mas o mundo dá muitas voltas, hoje, eu não consigo
enxergar um futuro onde estaremos junto. Foda-se. O futuro é algo tão estranho.
Tanto faz, fraga. Tanto faz.
Com a faculdade é a mesma coisa, com a minha mãe é a mesma coisa e
com todas as outras coisas na minha vida que me pressionam. Foda-se. Eu caminho,
naturalmente, na direção do insustentável e as coisas se destroem, naturalmente.
Independente, se isso está fora ou dentro de mim.
Eu nasci para ser feliz, não tenho dúvidas. Ainda haverá muito sofrimento,
muito o que ocupar a minha cabeça, mas o que é meu já ta reservado, eu vou seguir
na direção daquilo que eu quero.
Eu vou realizar os meus sonhos. Ninguém pode tirar isso de mim. E toda
dor transformará resistência. Todo sentimento ruim transformará capacidade de
perdoar.
Até o infinito.
Cansei de escrever. Nem sei se isso é suficiente para mudar alguma coisa,
para aliviar alguma coisa, mas quer saber, FODA_SE, tanto faz esta merda. Estou de
saco cheio desta falta de silêncio e se for para mergulhar em depressão, vão borá.
As pessoas me ouvem quando eu estou de depressão, elas ficam
preocupadas e, finalmente, pensa na merda que estão fazendo comigo. Porque eu
relevo tudo, eu deixo tudo, mas quando eu caio não tem jeito.
Deus está comigo, eu estou muito longe do fim. O Cúu pode esperar.
Heaven Can Wait and I still waiting for the Sky.

FIM DO TEXTO

Texto difícil de editar, difícil de ler. Parabéns. Você é foda.

Eu não estou muito a fim de comentar, vou te polpar mais informações


sobre este texto. No fundo, ele ilustra bem a confusão dos textos da última sessão.
Tem muita coisa interessante ai, mas deixa lá.

Nota do médium

Observação: este não é um texto para a Ex-namorada, nem para mulher


nenhuma que passou pela minha vida. Este é um texto mediúnico, escrito por
alguém que queria desabafar e já está assistido.

Seu sofrimento está próximo do fim

Eu te amo, eu sei, existe amor aqui dentro. Me escute, por favor, eu


suplíco, me escute. Não consigo me libertar da fascinação, da ilusão permanente de
te perder, isto dói, machuca tão fundo que, nem minhas lágrimas suportam a dor.
Nem elas limpam o vazio dentro de mim.

Mas eu sei que há amor, então, me escute.


Há muito tempo, eu amei uma mulher, a pessoa mais linda, aquela que
mexeu, profundamente, comigo.

Eu não sei explicar, por qual motivo, eu desci tanto. Era um amor puro,
conquistado, muito parecido com a definição, que você, amigo ouvinte, guarda
dentro de si.

A dor, a dor constante de perdê-la, de saber que, dentro dela não há nada
além de remorso e sofrimento, isso me faz sofrer. Ela finge que seguiu em frente,
mas se contorce por dentro.

Acredite, quando eu falo, eu me machuco ao vê-la sofrer.

Deus sabe, por mais que eu não suporte a minha própria dor, daria de graça
minha alma, para nunca mais vê-la sofrer.

Faz tanto tempo, nossos destinos continuam tão ligados. Não seja tolo.
meu caro, não cometa os meus erros, aprenda. Mesmo que eu sofra, eternamente,
não me faça sofrer, vendo você chegar mais perto de onde, eu cheguei.

Seja humilde, caridoso, trabalhe, constantemente, e perdoe.

FIM DO TEXTO

Um voo de liberdade.

Um voo livre, em direção a um futuro melhor.


É o que sonham os jovens que vão às ruas nestas manifestações.
Contudo, precisamos da orientação de nossos mestres.
Vocês, meus caros, que viveram, o suficiente, e já refletiram muito sobre o
que é um país bom e justo.
Juntem-se, para orientar estes jovens que tem a força e a disposição para
falar aquilo que lhes for inspirado.
Usem do seu conhecimento e experiência, para guiar estes jovens
fervorosos e belos.
Não deixem esta oportunidade passar.
Eu preciso de vocês. E acredito que não estou sozinho.

Um grande abraço.

Com muito respeito e admiração.

Rafael Souto Silva

Eu estive na manifestação do dia 17_06_2013 em Belo Horizonte.

Observação do dia 25/06/2018: eu vi meu irmão Marcelo vivo, pela última


vez, no dia destas manifestações. Morreu, precocemente, e eu me pego, com
frequência, sentindo saudade, lembrando dele com carinho.
Te amo muito, meu irmão, e, sei, que pouco a gente se veria se você
tivesse encarnado, então, desejo que sua jornada seja incrível e que sempre aja algo
interessante para fazer, e que sua arte ganhe o universo.
Sigo um pouco dos seus passos, assumindo minha arte, sendo a pessoa
incrível que você sempre acreditou que eu era.

FIM DO TEXTO
Hoje é dia 26/07/2018
São 18:15 horas.

Serei sincero aqui, perdi total o tesão de continuar este livro. Sei lá, além
da vida ter mudado, achei que o conteúdo até aqui ficou repetitivo, ou melhor,
acredito que, depois de passar tanto tempo, trabalhando com os textos antigos,
identifiquei padrões, ficou tudo muito previsível.
Tanto é, eu não vou comentar os últimos textos, vai ficar do jeito que está,
comenta na sua cabeça, imagina o que rolou quando eu escrevi, sei lá, só se você
quiser.
Rafael, porque você está aqui então, você está se obrigando a continuar o
livro?
Bem, eu quero ganhar uma estrelinha no meu quadro de metas. Me propus
a escrever durante quatro dias, hoje é o quarto dia, eu gosto de ganhar estrelinhas.
Me ajudou a combater a depressão. Eu adoro estrelinhas. :D
Segundo, eu gostei da ideia deste livro ter 200 páginas. Faltam 70. Está de
boa. Além de que, não é do livro que eu tomei birra, mas do conteúdo. Inclusive, se
tu chegou até aqui, parabéns, guerreiro, reconheço que passar pelas últimas páginas
é como atravessar um vale a noite. Falta até ar. Eu acredito que sou capaz de mudar
o conteúdo sem fugir da proposta do livro. Falemos menos do meu passado,
continuemos falando sobre a minha vida. Olha que foda.
Terceiro, sou grato ao que passou até agora. Me reconectar com aquelas
histórias me ajudou, entendi melhor a origem de problemas muito atuais, o que foi,
fundamental, para encontrar uma solução para eles. Que do caralho. Consultei com o
psiquiatra, estou tomando o remédio, sinto-me mais leve por seguir em frente.
Exatamente, para frente que eu quero narrar agora neste livro. Ah, Rafael,
vai ser um diário agora, que merda? Nem fudendo. Eu já escrevi diários, por longos
4 anos, 4 anos? Acho que foi isto mesmo, se não foi 4 foram 5 ou 3, vamos lá, 4 +-1
anos. Desde que comecei este livro, coloquei na cabeça, que esta merda, não seria
um diário.
Inclusive, fiquei muito feliz de ter a ideia de aproveitar os textos antigos
que tinham a mesma linguagem do livro. Foi foda. Sinceramente, acho que ficou
bem legal. Sabe, a forma descontraída de ler uma biografia. Como se a gente tive
conversando tomando um chá, numa noite fria de outono. Eu acho isto incrível. Para
mim, é o grande mérito deste livro. Mudar a linguagem de biografia para algo que eu
gostaria de ler. Que me fizesse sentir íntimo desta pessoa que eu admiro, que me
levou a conhecer, mais a fundo, a história da vida dela.
Na verdade, espero, um dia, ser alguém que outra pessoa pense, “mano,
este cara é foda, será que não tem nada que eu possa ler para saber como era a vida
dele”. Sério, se foi isto que te levou ler este livro, saiba que, você, acabou de realizar
um sonho meu. Te agradeço infinito por isto. Pois eu preciso de apenas uma pessoa,
com esta intenção, para realizar este sonho.
Anyway, como você vai fazer isto, então, Fael?
Eu não sei. Talvez, fique um tempo maior sem escrever por causa disto.
Mas, para hoje, eu tenho uma solução. Esta é uma jornada de trabalho frustração e
rejeição. A parte da rejeição está no passado difícil e na dificuldade de se alcançar o
resultado financeiro com vendas.
A parte da frustração é o presente, é o sentimento que promove os
problemas que eu enfrento hoje, está presente no meu passado e dificulta os
resultados que eu espero para o futuro.
Trabalho é o que eu uso para caminhar nesta jornada. Sem foco para o
trabalho, você trabalha sem resultados. Isto é um fato. Não adianta se esforçar se
você não sabe o que quer. Ainda que vale se esforçar para se descobrir o que quer.
Na moral, se esforçar é uma excelente forma de se realizar alguma coisa, não
procure motivos para se esforçar, só se esforço e vê o que vai dar.
Toda esta treta, e também todo o processo de cura destas tretas, geraram
bons resultados sobre o que eu quero. Pretendo compartilhar com vocês, também,
comigo mesmo no futuro. A partir de agora, este livro terá outra utilidade, servir
como parâmetro para análise de para onde a vida me levou.
Vou começar com minha lista de coisa que eu quero fazer antes de morrer.
Pretendo me empenhar em realizar esta lista. E é bom deixá-la registrada aqui, como
um backup, ela foi escrita no restaurante “Ponte furada”, um lugar importantíssimo
para mim desde a infância, a melhor pizza que eu já comi e a convidada de honra de
toda conquista importante da minha família. Foi escrita num guardanapo, com uma
mancha de gordura, todo feito importante começa com algo escrito num guardanapo
com mancha de gordura. Eu estava rodeado das pessoas mais importantes da minha
vida.
Começarei por ele, logo após um intervalo, minha cabeça doeu e estou
com fome.
Este é o famoso guardanapo. Tenho muito orgulho dele. Das coisas que
estão escritas aí. Hoje, pensando na nova vida que quero construir para mim,
imagino, seria uma vida boa, se eu me empenhasse, desde agora, a marcar, como
concluído, cada item desta lista.
Espero voltar hoje e terminar o que propus, mas se não rolar, foda-se. Já
fiz o bastante.
São 20:49 horas.

Hoje é dia 28/07/2018


São 00:14 horas.

Então, meus amigos, eu me desliguei da Associação no dia 01/12/2017.


Minha expectativa era conseguir vender as camisas que comprei de lá para levantar
fundos e formalizar a Dreamer Spirit.
Era um bom objetivo, não tinha dúvidas. Por volta do dia 07/12/2017,
comecei a vender as camisas, vendi 1 camisa. Fiquei, extremamente, satisfeito e
empolgado, contudo, devido ao esforço, minha imunidade abaixou e eu fiquei três
semanas de cama.
Passei natal e ano novo me recuperando. Foi tenso. Por volta do dia
15/12/2017, assistindo à luta do Naruto contra o Neji, chorei que nem um bebê.
Senti-me preso ao meu próprio corpo debilitado, incapaz de seguir em frente. Foi
uma merda inacreditável. Como eu poderia montar minha empresa do 0 sem
condições físicas para sair na rua e conseguir meus clientes? E se uma simples
caminhada no bairro me derrubou durante 3 semanas, que confiança, eu teria, para
entregar o que foi contratado.
Percebi que tinha um problema maior do que eu conseguia imaginar,
naquele momento, perdi meu rumo.
Pouco tempo depois, já em Janeiro/2018, a conclusão definitiva dos
problemas do meu casamento. Estava visivelmente doente e precisava de ajuda. Eu
escrevi muito durante esta época, minha depressão voltou com toda a força, mal
conseguia estímulo para sair da cama, na verdade, eu sempre fui muito ativo e me
cobro demais, alguma coisa eu sempre estava fazendo, mas na direção de lugar
algum consistente. Ainda me sinto sem caminhar em lugar algum consistente,
contudo, tenho percebido que esta é uma característica do MEU CAMINHO, da
minha felicidade. Me incomodo menos com isto hoje.
Estes textos foram muito úteis para identificar o problema, mas eram mais
do mesmo. Descobri que o transtorno de raiva me afetava mais do que a depressão.
Na verdade, senti que sabia lidar muito melhor com a depressão do que com a raiva.
Descobrir isto me ajudou bastante e foi fruto da minha terapia. Do caralho.
Salvei um texto, que compartilharei com vocês. Ele tem uma característica
única, se eu tiver saco, comento sobre ela ao final.
Observação: comecei a escrever o texto e percebi que tinha uma impressão
errada sobre ele. Ele estava misturado entre os textos recentes de 2018, mas, na
verdade, ele é de 2017, quando eu ainda estava trabalhando e, diga-se de passagem,
trabalhar neste emprego estava uma merda.
Sinceramente, sou muito grato ao meu emprego até 11/2016, até esta data,
foi foda. Depois disso foi ladeira a baixo rumo ao inferno. Desgraçada diretora,
unida com uma corja de funcionários públicos inúteis, verdadeiros vampiros,
nascidos para sugar e destruir. Se acham poderosos e invencíveis, mas estão mortos
por dentro e são uns merdas.
Envenenaram as pessoas que eu amava la dentro, jogou tudo no caos e
matou um a um. Desgraçados, imbecis, que me fizeram voltar a odiar, depois de
anos sem experimentar este sentimento de merda, ódio que queimou o que tinha de
queimar em mim, me fez adoecer.
Botaram fé no transtorno de raiva? Usei a arte para cuidar deste transtorno.
Libertei o artista sufocado que eu sou. Filhos da Puta. Voltei ao 0, sempre faço isto,
tem algo mágico em se começar de novo, nunca é igual, somos sempre diferentes.
Voltando ao texto.
Na moral, to nem ai se este texto de hoje tiver uma bagunça. Tomar no cu.
Meu dia hoje, foi uma bagunça. E eu quero que se foda.

Rafael Souto Silva – 29/01/2017


O que te incomoda, Rafael? O que você quer para viver? Mais ou Menos
coisas? Porque esta face preocupada e sem paz?
Não sei se é meu ou não, mas sinto medo. Medo de voltar para o serviço,
Medo de entrar em depressão, de gostar demais de ficar quieto e isto piorar a minha
vida, em vez de melhorar.
Eu sei que eu acredito em mim, sei que este sentimento vai e vem. Sei lá.
Não consigo ver um futuro necessariamente bom, e, quando olho para dentro, sinto
uma revolta muito grande com o meu trabalho.
Acredito estar desmotivado, sabendo que terei que abaixar minha cabeça
mais e mais. Ao mesmo tempo, meu desanimo é tão grave, que nem me importo com
isto, de verdade. Atualmente, eu não me importo.
(isto fudeu minha relação comigo mesmo, tive problema hoje com esta
merda, devia ter matado todo mundo ao contrário de baixar minha cabeça e não me
importar comigo mesmo. Filhos da puta de um caralho.)
(vou comentar durante o texto mesmo, foda-se, quando ver escritos dentro
de parênteses, foram inseridos hoje, dia 28/07/2018, o texto original não tem
parênteses)
(Agora to com raiva, tocar neste assunto me da raiva, pois eu não
descarreguei porra nenhuma desta raiva naqueles filhos da puta. Eu nunca bati em
ninguém, sério, nunca machuquei alguém fisicamente, meu ódio me faz questionar
se quinze minutos, com um taco de beisebol, dando na cara destes filhos da puta,
não me fariam bem. Sabe, misturar o sangue nas lágrimas e passar no meu próprio
rosto sorrindo. Este ódio fica muito tempo sem sair, sem dar um oi. Fica aqui dentro
me envenenando.)
(Na moral, tenho certeza que agi da forma correta diante desta história
toda, me livrar daquele lugar, excluir ele da minha vida e construir uma vida decente
ao lado das pessoas que eu amo. Tudo isto é um processo demorado de cura. Já
passei por tanta coisa, já chorei tanto. Me entristece ainda pensar que um bando de
filho da puta, por sede de poder, por querer se sentir melhor do que os outros,
destruíram algo tão bonito que eu estava construindo. Na verdade, seriam incapazes
de fazer isto, tanto é que o que eu estou construíndo hoje vai ser um milhão de vezes
melhor do que eu tinha nas mãos lá, o que eles destruíram foi a chance de eu ter uma
vida tranquila com os frutos que plantei lá.)
(Eu sei que deveria agradecê-los por destruir algo que me desviava do meu
caminho. Sinto muita raiva de mim mesmo, por ter insistido tanto em não abandonar
aquela ilusão de tranquilidade em vez de me proteger.)
(Eu consegui melhorar minha relação comigo mesmo, mas eu ainda não
me perdoei. Não consigo imaginar seguir em frente, numa direção que será
inevitável enfrentar desafios parecidos, sem prender a respiração e me impedir de
progredir.)
(Prender a respiração é um sinal claro de falta de perdão, minha confiança
de que eu vou me proteger foi para o saco. Não é desviando do assunto que ele vai
se resolver. É enfrentando, me encarando de frente. Eu sei disso, mas tenho medo.)
(Eu me culpo, o tempo todo, por não ter me protegido, por ter me
abandonado diante tanto abuso. Ver meus projetos arruinados, ver minha carreira
desvalorizada, reduzida e assaltada, ver um excesso de problemas que não me
pertenciam caindo na minha mão, e ser, dia a dia, humilhado por não dar conta
deles. Como se eu valesse menos por não conseguir resolvê-los, mas eles não me
pertenciam, eles existiam para me diminuir. Era triste, mas era como uma prova,
feita para não se avançar e seus resultados são jogados na sua cara para te diminuir.)
(Eu te perdoo, Rafael, eu te perdoo. Te liberto deste fardo, não tinha saída,
foi uma armadilha. Não é sua culpa, não é sua culpa. Eu te amo, e vamos superar e
nos curar juntos. Vai dar tudo certo. Sua empresa será do jeito que você sonha.)
O que eu faço para ser feliz? Será que há algo para fazer? Estou,
novamente, no fim. Não faço ideia do que quero começar. Eu sei que eu quero
estudar japonês, passar na Faculdade João Pinheiro, estudar computação e me sentir,
pelo menos uma hora por dia, livre para fazer isso.
Quero fazer esportes também.
Sei lá, estou triste com a Associação, não tenho visto muito futuro, mas, na
boa, enquanto eu não me animar, novamente, nada vai ser, realmente, bom. Desta
vez, não quero me forçar a me animar.
Vou arriscar me destruir. Quero que meu esforço seja verdadeiro, com
propósito.

FIM DO TEXTO
Desde que voltei no tempo pela primeira vez, e descobri, de que ponto do
tempo eu tinha voltado. E que isto aconteceu outras vezes. Tenho me questionado se
o passado, o presente e o futuro, não são, na verdade, a mesma coisa. Notas musicais
nesta sinfonia que chamamos de tempo.
Porque eu falei disso agora?
“Vou arriscar me destruir. Quero que meu esforço seja verdadeiro, com
propósito.”
Isto é, exatamente, o que me levou para os resultados de agora. Mesmo
não sabendo o que eu poderia fazer, eu já tinha dentro de mim a resposta.
A galera procura a origem de Deus, se perguntam, se ele criou o universo e
ele faz parte do universo quem criou Deus. A gente vê o tempo de um jeito errado.
Se nada no universo pode destruir uma coisa, me parece sensato imaginar, que nem
o tempo é capaz de fazê-lo, o tempo para de ter poder de determinar um momento
em que ela não existe.
Ser imortal significa que seu passado, presente e futuro existem e ocupam
o mesmo espaço. Elas dançam na escuridão.

São 01:11 horas.


Nada no universo é mais capaz de me fazer mal, mais do que eu mesmo.
Tudo que é vivo é assim, eu não sou especial.

Hoje é dia 28/07/2018


São 19:21 horas.

Eu e minha esposa saímos para comemorar hoje, estávamos brigando, sem


reconhecer, que nossas vidas estão melhorando e a gente se ama. Estava faltando um
momento nosso para marcar nossas vitorias.
Faltam 60 páginas, parece pouco? Parece muito? Não sei. Passei tempo
demais olhando para trás para escrever este livro, provavelmente, um tempo muito
menor do que você terá para lê-lo, para mim, está massante, talvez, você goste.
Espero que você goste.
Coloquei imagens no livro hoje, ebaaaaa, ficou tão lindinho. Tão fruit
fruit. Falo sério, guardei estes desenhos, que eu mesmo fiz, por anos, nunca imaginei
que os usaria em algum lugar. Mas, este é um momento especial, de assumir minha
arte ao contrário de criticá-la e omiti-la. Agora eu posso jogar fora, diminuir a
quantidade de papel que eu quase não uso da gaveta.
Tem um motivo claro para eu estar aqui hoje. Quando as coisas deram uma
melhorada no meu casamento, estou falando das tretas deste ano, eu tirei um tempo
para rever “A lenda de Korra”, se você não viu, comece pela “A lenda de Aang, o
último mestre do ar”, espera duas semanas, e assiste “A lenda de Korra”.
Eu gosto de rever as obras que me ensinaram algo. Elas sempre me
ensinam coisas novas, pois eu mudo, e muito. Então, sempre que eu revejo alguma
coisa importante, sou outra pessoa assistindo. Não é a toa que eu revi “One Piece” 3
vezes. Não sabe do que eu estou falando? Procura quantos episódios existem de
“One Piece”.
Então, eu revi “A lenda de Korra” e tive um dos momentos mais relaxantes
e tranquilos do meio desta tempestade. Foi uma epifania, gostosa e divertida, minha
cabeça pensava com uma clareza a muito perdida. E eu escrevi.
Um texto em tópicos sobre como eu gostaria de viver minha vida. Que
espaço eu gostaria de ocupar da humanidade. Assim como a lista de coisas que eu
quero fazer antes de morrer, vou usar este espaço para registrar o meu desejo.
Compartilhar com você meu parâmetro de lugar ideal no mundo, para mim.
Deu vontade de dizer que te amo. Na verdade, sou eu dizendo para mim
mesmo que me amo. Eu também te amo, Fael. Vou fazer com que a gente seja a
pessoa mais feliz que viveu neste planeta. Serei um exemplo a ser seguido, um
exemplo de pessoa feliz.

Belo Horizonte – 20 de Fevereiro de 2018

1º Não invente a roda: apoie o que há de bom no mundo.


2º Seja sempre pequeno: quero ser sempre leve, flexível e de mãos livres,
tudo o que seguramos nos agarra de volta. Um futuro bom deve haver liberdade para
todos.
Quero aproveitar este momento bom de inspiração para entender melhor
como vou mudar a minha vida e construir um futuro que vale a pena viver.
3º Viva para os outros, é muito mais fácil resolver problemas dos outros,
sou bom em resolver problemas. O que eu mais gosto na vida é de respirar e de estar
do lado das pessoas que eu amo.
4º Ninguém é obrigado a receber minha ajuda, viva sempre em
movimento, sempre tem alguém fudido suplicando por socorro. Encontro-os e tenha
meios para encontrá-los.
5º Não acumule coisa alguma, tenha uma vida simples em que eu sempre
possa me dar atenção, onde eu seja, sempre, a coisa mais importante a se preservar,
tudo no mundo, inclusive eu, deve estar livre e em movimento.
6º Sempre terei dificuldades, mas, nunca evite os problemas, esquivar e
aprender, nunca prevenir. Este mundo está doente, o mal se destrói sozinho, preserve
o que é bom e aceite a mudança.
7º Sempre te amarei e protegerei, não importa o que aconteça. Sempre
ouvirei o que tem a dizer, sempre estarei ao seu lado por toda eternidade.
8º Serei a pessoa mais perigosa que este mundo já conheceu. Não serei
forte, será fácil me deter, mas nunca terão minha liberdade, pois nunca prenderei
ninguém. O mundo terá sempre o que merece, serei parte boa do mundo e nada
mais.
Deixo meu posto de salvador, o mundo não precisa ser salvo, eu não nasci
para salvá-lo, nasci para ser feliz. E eu serei.
No ponto em que me encontro, o primeiro passo é me curar, leve o tempo
que precisa. Para isso, reunirei todo o meu amor, quando tiver pronto, transformarei
o em trabalho e caridade. Por hoje, preciso de ajuda.

Rafael Souto Silva

FIM DO TEXTO

Por hoje é isso que eu tinha para dizer. Eu te amo muito, sempre amarei,
por toda eternidade.
Quer um conselho? Fala agora que ama a pessoa mais importante da sua
vida. Isto faz uma puta diferença num relacionamento.
São 19:45 horas.
Hoje é dia 04/08/2018
São 15:06 horas.

Olá, pessoal, na verdade, deveria falar para um interlocutor individual,


quem lê um livro com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, isto não é uma
palestra.
Olá, querido e amado leitor, já estamos juntos a algum tempo se você
chegou até aqui. No meu padrão de leitura, já seriam de 8 a 10 horas, caso tivesse
um ambiente favorável, silencioso e tranquilo, oito horas de papo já dá para doer a
cabeça e secar a garganta. Se você chegou até aqui, interruptamente, faça um favor a
si mesmo, vai tomar uma água, olhar o céu, faça uma pausa agora.
Eu te espero.
:D

Vou te contar um pouco mais sobre quem eu sou, te falar sobre


característica que me acompanham a um tempo, que, eventualmente, aparecem
contexto para se manifestar.
Eu salvo eventos na forma de sentimentos. Isto me ajuda a alimentar
minha intuição, quando o evento está perto de se repetir, o sentimento devolve uma
resposta rápida de proteção. O passado, desta forma, acaba virando instinto. Fazendo
assim, eu tenho um outro benefício, eu, raramente, alimento o rancor. Quando
alguma memória me machuca, gera dor, e fica repetindo na minha cabeça, eu sei que
tenho que trabalhar aqueles sentimentos. As memórias claras acabam virando tema
dos problemas internos que eu preciso resolver.
Vocês tiveram acesso, no início do livro, a um evento, que, na minha
opinião, é o mais pesado desta obra. Ele me incomoda bastante, pois, pode me gerar
desconfortos futuros. Estava com isto na minha cabeça, por isso decidi escrever.
Este texto me incomoda de tal maneira, que, bem provável, eu tiraria ele
do livro. Eu tenho este poder. Contudo, não vejo razão de contornar a realidade. O
texto é um registro verdadeiro dos meus sentimentos. É um ponto chave para
entender os motivos pelos quais a minha biografia é uma jornada de trabalho,
rejeição e frustração. É triste, como ele está, perfeitamente, adequado à realidade
desta obra.
Eu não vou me esquivar. Minha arte é verdadeira, sincera. Não sou
hipócrita, não sou covarde.
Estou falando do texto direcionado a minha mãe. É bom deixar óbvio,
mesmo que para muitos já o seja.
E porque esta introdução imensa? Meu objetivo é que vocês me conheçam
melhor. Esta introdução diz muito sobre como eu penso, como eu funciono. Ela é a
razão de você ler este livro.
Eu esqueço muito facilmente o que me leva a fazer as coisas. Já disse,
registro meu passado em sentimento, não em memórias. Os eventos ficam nebulosos
quando são necessários lembranças fieis. Esta é a parte ruim de não guardar rancor.
No futuro, minha mãe teria acesso a este texto, teria questionamento sobre o seu
comportamento, sobre nossa relação, que eu não saberia como responder.
Seria algo como, “Nossa, meu filho, o que eu te falei que te chateou tanto?
Será que você não exagerou?” e eu, pensaria, faria um esforço para voltar no tempo
e lembrar o que diabos aconteceu para eu escrever um texto tenso como este do
livro. E não teria sucesso, conseguiria lembrar de uma frase ou outra, ou tentaria
explicar o meu sentimento, mas seria vago, sem força em fatos. Entende? Isto
acontece comigo o tempo todo. Na hora chave da discussão, me perguntam, “Rafael,
me de exemplos do que você está falando. O que eu te fiz que te deixou tão
chateado?” E eu não tenho como responder, pois eu não funciono deste jeito.
Porque agora? Porque tocar neste assunto, neste momento?
Meu querido, tem uns dois meses do evento, eu não voltei no texto,
mesmo sabendo que la eu encontraria a data exata, para dar o exemplo de que nem
as datas dos eventos eu guardo direito. Daqui a dois anos, esta briga pode ter
acontecido a 1 ou 4 anos atrás, não ia fazer diferença para mim. Ia lembrar que foi
no dia das mães, pois isso eu acho muito fudido, isto é agravante para o sentimento.
Mas, talvez, nem disso eu ia lembrar mais.
Eu já estou esquecendo o que me levou a escrever aquele texto. Por isso, é
tão importante, aproveitar que este livro ainda existe, para ter uma chance de ficar
claro o quanto minha mãe foi filha da puta.
Vamos lá, em tópicos:
• Minha mãe me chamou de parasita.
Porque me incomoda: ela não faz o mínimo esforço para participar da
minha vida. Pior, ela não tem direito de jogar na minha cara, pois me negou ajuda
antes mesmo de eu precisar. Desde que eu mudei para casa do meu pai ela me diz,
TODA MERDA DE OPORTUNIDADE, que eu não sou bem vindo, para morar na
casa dela de novo. Que eu me vire sem ela. Ela não deixa passar.
Além disso, a última coisa que eu tinha que vinha dela, era um plano de
saúde, R$ 63,00 por mês, que ela cortou em 05/2014. Eu sei a data, pois foi no
mesmo tempo que eu saí do psicólogo, na primeira vez, como retomei a terapia este
ano, precisei desta informação. Tem mais de 4 anos que eu cuido da minha vida sem
depender de NADA dela.
E eu não posso contar com ela, mesmo se eu precisasse, tudo que vem dela
tem um preço. Ela toca no assunto sempre que pode, nada é de graça, tudo vem a
tona quando é oportuno para ela. Sério, eu acho isto uma desgraça. Eu to com raiva
já. Meu tratamento é sobre transtorno de raiva. Acho que tenho motivos para não
registrar memórias, não lembrar como as coisas foram. Já é um puta mecanismo de
defesa. Vai se fuder.
Conclusão: ela é a última pessoa que eu permito que me chame de
parasita. Eu não devo nada para ela. Até a minha vida eu já tive vontade de tirar
quando ela me cobrou que eu só existia, pois vim do ventre dela. Quando ela me
disse isso, na minha adolescência, eu senti nojo de estar vivo. Mas não achei que ela
merecesse isso. Não deixar de conviver comigo, mas, minha vida é importante para
mim, o que ela fez é importante, mas não foi ela quem me gerou, eu já nasci eu e eu
sou eterno.
Parasita é o filho da puta.
• Durante 1 hora e 50 minutos. Foi a duração da discussão. Todo o
resto do dia foi maravilhoso. Eu tentei, de novo, explicar o contexto
que eu estou inserido, tentar compartilhar, com a minha MÃE, para
mim, a pessoa mais íntima que deveria existir na minha vida, a final,
ela me nutriu por 9 meses dentro dela. Em vão. Ela escuta quando
convém.
Porque me incomoda: ela já não tem o direito de opinar na minha vida, pelos
motivos do tópico anterior. Mas não me faltam tentativas de me aproximar dela, não
faltam esforços de compartilhar minha vida, de fazê-la entender o que me acontece.
E olha, estar com ela é sempre um risco de desenterrar meu passado de merda.
Assim mesmo, eu a amo, e não gostaria que uma pessoa importante da minha vida
tivesse fora dela.
Mas é desejo dela não participar. Minha mãe quer que eu pertença na vida
dela do jeito dela. Se alguém pisa fora, centímetros, do que ela espera de você,
ferrou. E sabe, eu sei viver dentro do universo dela. Na verdade, é só seguir uma
série de padrões e procedimentos de segurança, que você consegue levar minha mãe
para onde você quer. Dentro do limite dela é claro, todos os meus irmão sabem
disso. Mas saca, aquela vontade de ser você mesmo perto das pessoas que você ama.
Porra, não dá. São as tentativas de ser sincero com minha mãe, de abandonar o
protocolo, de ser que eu sou, que geram as oportunidades para dar merda.
Eu já me cobrei pensando se eu não queria, assim como ela, que ela
vivesse dentro do meu universo. Ela já jogou isto na minha cara, algumas vezes, e
parei para pensar muito sobre isso já. Não. Minha mãe não é obrigada a participar do
meu universo, ela é bem livre, na verdade, tanto é que eu sempre dou a oportunidade
dela fazer parte da minha vida, dos momentos importantes, e ela não está aqui
porque não quer. Eu não sou prioridade, pois, na minha vida, as coisas não seguem o
roteiro que ela tem para a vida dela.
Conclusão: É frustrante para mim, continuar tentando, sem sucesso, dar
acesso da minha vida para quem não mostra interesse em participar. Além disso,
estar vulnerável a uma pessoa que se acha no direito de se meter na minha vida sem
ter um mínimo de compreensão sobre o que está falando.
Conversar com minha mãe é sempre genérico. Parece que ela está dando
opinião sobre um caso mostrado num programa policial, sabe, quando você vê um
velho concordando ou discordando com o Datena?
O Datena nem está mais fazendo programa policial e, pelo que eu já vi em
entrevistas, ele odeia este esteriótipo, espero, do fundo do meu coração, que você
tenha sucesso e que este comentário perca, rapidamente, seu contexto. Contudo,
nesta minha realidade, é muito comum na minha memória, ver velhos julgando os
casos apresentando no seu extinto programa sem a menor ideia da realidade das
pessoas envolvidas.
Eu me entristeço muito com isso, é como se, a cada fracasso, eu
percebesse que a nossa relação está morrendo. Ou pior, olhar para trás e questionar,
se ela realmente existiu. A segunda opção é muito pior que a primeira, minha mãe é
importante para mim, eu quero ver ela feliz, bem, realizada. Seria horrível ter de
aceitar que eu sempre vivi numa ilusão.

Este texto está ficando bem pior que o primeiro. Caralho, eu não falo nada
disso com ódio ou ressentimento. Juro, eu só queria entender melhor, se eu fosse
questionado no futuro, os motivos que me fizeram ser tão cruel. Eu lembro daquele
texto e sinto que eu fui cruel em escrevê-lo.
Infelizmente, ainda existem mais tópicos.
• Ela humilhou minha esposa.
Porque me incomoda: tenho uma satisfação enorme, quando eu lembro,
que minha esposa não ouviu as palavras que minha mãe falou sobre ela enquanto
estávamos discutindo. Foi nojento. Não vou reproduzir qualquer trecho, que se foda
se ela não lembrar do que disse e me questionar sobre este tópico. Minha esposa
nunca saberá o que foi dito.
Eu sei, que o que eu me permite contar para minha esposa, fez com que
gerasse um ódio espontâneo contra a minha mãe. Duvido que isto passe algum dia.
Espero que sim, odiar é uma desgraça que só faz mal a nós mesmos.
Minha mãe questionou se minha esposa não contribuía para o que ela
chama de meu fracasso. Ela apontou sua opinião sobre o que ela acha que sabe sobre
o nosso relacionamento, acreditou que poderia ser parecido com as experiências dela
própria, e falou como se meu relacionamento fosse tóxico.
Mãe, você sabe como ninguém o que é ser tóxico. Ao lado da minha
esposa, com seu carinho, amor e intimidade, eu consegui assumir quem eu sou para
o mundo, limpar este veneno que correu a vida inteira no meu sangue. Nosso
relacionamento pode não dar certo. Eu sei. Um dia, eu posso olhar para trás e me
arrepender das escolhas que eu fiz. Eu sei. Mas hoje, não dá para negar o quanto
minha esposa me faz bem.
Ela estava do meu lado quando eu fracassei. Sacrificou coisas importantes
para ela para me apoiar como podia. Abriu mão dela mesma, para que a gente tivesse
a chance de continuar junto.
Se você tiver certa, como você tem certeza que está, saiba que foi uma
decisão minha. Se ela é causa do meu fracasso, eu sou a causa do fracasso dela, pois,
em toda a nossa vida, nós estivemos juntos. Decidimos como seria junto,
enfrentamos juntos as dificuldades.
Talvez, eu não tivesse fracassado, como você diz que aconteceu, se eu
pudesse contar contigo. Se eu sentisse que podia contar com minha mãe. Mas, sério,
não é responsabilidade da senhora prover este apoio. Não é isto que me incomoda,
mesmo porque, isto que você chama de fracasso, eu chamo de minha vida, e eu amo
a minha vida como ela é. Não quero que este paragrafo seja interpretado como
cobrança, não, o que incomoda é ver você se dando o direito de falar o que você
falou sobre alguém que eu amo. Sendo que não passa pela sua cabeça que as coisas
poderiam ser diferentes se você estivesse do meu lado.

É isso, sinto suficiente. Sério. Eu me culpo pelo que eu disse para ela.
Nenhuma discussão é de um lado só. Talvez você use isto como argumento, se isto
se transformar em assunto. E você tem razão. Eu não tenho direito de te dizer o que
eu disse. Isto não te dá o direito de dizer o que disse.
Sai da sua casa, naquele dia, sentindo-me esgotado. Refleti sobre como a
gente viveu este 10 anos desde que sai da sua casa e, concluí, que você me faz mal.
Que você resgata o que há de pior em mim. Resgata alguém que eu só preciso ser do
seu lado. Sabe. Isto explica porque eu estou me afastando de ti. Sei lá, quando este
texto vai virar um assunto na minha família. 2 anos, 4 anos, 6 meses, mês que vêm?
Não sei. Mas quero deixar claro, os motivos que me fizeram me afastar de você.
Eu te amo, mãe. Nossa relação de 18 anos conseguiu nutrir este
sentimento. Dificilmente, eu vou te desamparar, vou deixar de te ajudar quando você
precisar. Ou mesmo, vou deixar de conviver com minha família, nos momentos de
comemoração, porque você estará perto.
Na verdade, eu vou esquecer. Vou continuar te tratando bem como sempre
te tratei. O sentimento que ficou, só me faz pensar uma vez a mais, se eu, realmente,
preciso estar perto de você ou me esforçar para que você participe da minha vida.
Ele não muda como eu te trato. É mais assim, “nossa, este evento, vai valer mesmo a
pena? É algo importante o suficiente para precisar que eu esteja lá?” Quando a
resposta for não, eu simplesmente não vou, minha vida é cheia o suficiente para eu
sempre ter outra prioridade, não vou precisar nem mentir.
Eu sou um fracasso de vida cheia, meu tempo e minha cabeça sempre tem
coisa para fazer e pensar.

Leitor amigo, eu percebi que, em algum ponto do texto, eu parei de


conversar com você. Estas coisas não posso dizer ainda. Não tem chance de gerar
algo de bom ainda. Obrigado por ser meu ouvinte, por estar no meu lado, neste
momento de desabafo.
Eu não pretendo deixar minha relação com minha mãe morrer. Sei lá,
muita coisa ainda vai acontecer, boa e ruim, eu vou mudar, ela vai mudar. E pretendo
continuar observando estes movimentos e curtir muito os momentos em que ela não
estiver na minha vida.
Eu acredito, que uma relação só tem como ser saudável, novamente,
quando a doença está clara. É isso que eu queria deixar de bom com este texto.
Mesmo que o caos retorne na minha vida, por causa dele, eu sei que a poeira vai
baixar, e a verdade prevalecerá.
Está registrado, agora, sempre que o assunto desviar do foco, vou poder
voltar nestas palavras e procurar formar de usar o meu presente para atacar o real
problema. É assim que a gente volta no tempo, que a gente brinca de ir e voltar do
futuro. Talvez, este exemplo, te ajude a fazer o mesmo. É um puta trauma que estou
tentando resolver aqui. Leva tempo, custa cuidado e amor. Quem sabe você se
estimule a desenvolver uma estratégia que olhe seus reais problemas de frente? Eu
ficaria muito feliz se isto acontecesse, pois eu estou sempre tentando.
Este afastamento, para mim, é uma imposição de limite apenas. Eu sei que
nossa relação, como está, está tóxica, está ruim. Bater de frente só abre mais a
ferida. Eu sei, que é inevitável a convivência, nem sei se é este o meu intuito.
Acredito na força do tempo. Minha mãe hoje, está cada vez mais solitária.
A solidão é o pior sentimento que eu já experimentei na existência. Minha mãe é
forte, é a pessoa mais capaz que eu já conheci.
Espero estar do lado dela quando ela conseguir enxergar, sem ninguém
cobrando ela de nada, o que ela pode fazer para ter uma vida melhor e aproximar as
pessoas que ela ama.
Eu amo minha mãe, eu sei que ela me ama, de verdade. Eu sou uma pessoa
doente, eu acredito que ela está doente também. Mas nós somos foda, nós nos
curaremos.

Chegamos na página 150. Na verdade, 149, mas eu quis arredondar.


Faltam apenas 50 páginas.
Aproveitem.

São, puta a merda, 16:42 horas.


Escrevi sem parar. Caralho. Como este assunto me toma.

Ah, vou te dar um presente. O espaço abaixo vai ficar, intencionalmente,


em branco. Compartilhe comigo o que mais te incomodou a vida inteira e que você
sonha ser diferente. Se suas anotações chegaram a mim, de alguma forma, prometo
te dar um pouco do meu tempo para conversar com você.
Lembre-se, eu te amo.
Uma frase só para falar que cheguei na página 150 do Livro.
UHUUUUUU.

Hoje é dia 09/08/2018


São 21:44 horas

Mediunidade

As próximas 40 páginas serão dedicadas ao caos, provavelmente, serão as


páginas com conteúdo mais desorganizado que você já leu, eu sendo muito
presunçoso, eu sei que as coisas mais desorganizadas que você já leu, em vida, são
as que você tentou escrever. Olha eu te ofendendo. Rafael, respira, relaxa, está tudo
bem. Esta semana está bem confusa, estou, extremamente, alerta. Como se desgraça
fosse acontecer a qualquer momento. Calma, estamos escrevendo o livro, estamos
sozinhos no escritório, vai ficar tudo bem.
Então, vai ser bem bagunçado. Eu poderia fazer diferente? Poderia. Mas,
para que fazer? Assim será bem mais divertido. Também, é assim que a vida
acontece. Não dá para separar a vida em tópicos, escolher a história que o dia vai
contar. Você vive, pessoas morrem, ninguém te avisa que vai morrer. Entende? Foi
só um exemplo.
E vai ser assim, no meio de cada assunto, outros assuntos tomando a pauta.
Sem aviso, na loucura. Ao menos, quando menos esperar, algo útil para sua vida
pode aparecer. Uma frase, uma história, quem sabe, um sorriso sincero. Este seria
um prêmio maravilhoso a se receber.

Minha história começa com mediunidade. Mano, eu nem sabia o que era
mediunidade quando eu nasci. Ouso dizer, que ainda não sei. Mas, por mera
formalidade, só para dizer que todo dia estou aprendendo um pouco. Que este
assunto ainda não está fechado. Por isso. Mas vou tentar explicar o que é
mediunidade para você, talvez você entenda o que eu quero dizer e não confunda
com aquilo que você já tem na cabeça.
Eu nasci em berço Espirita, na filosofia, religião e ciência de Allan Kardec,
que eu fiquei chateado de descobrir, já na adolescência, que ele não tinha este nome.
Coisas que chateiam a gente acontece o tempo todo, não é mesmo?
Me sinto abençoado por isto ter acontecido, a doutrina Espirita acolhe
quem quer pensar, com a própria cabeça, o que é religião, o que ela diz e para que
ela serve. Questionador como sou, poderia, facilmente, ter me afastado de Deus, se
não tivesse nascido numa doutrina que acolhesse, desde a infância, quem eu gostaria
de ser.
Atualmente, me desliguei um pouco do Espiritismo, questionador que sou,
fui procurar Deus onde chamavam por ele. Fui no catolicismo, na igreja evangélica,
nos terreiros de candomblé e umbanda. Ouvi o que falavam os praticantes serenos da
Seicho no ie. Os eternos caminhantes do budismo. E claro, não poderia me esquecer
das pessoas maravilhosas e preocupadas com a humanidade e seus rumos que
conheci entre os Ateus. Pessoas que ouviam o que Deus tinha para falar sem
intermediários, senhores da própria espiritualidade.
Depois de conhecer tanta gente incrível, percebi que, como em todo lugar,
no Espiritismo também haviam pessoas apegadas às palavras, que cagavam regras
de como as coisas deveriam ser e incentivavam conflitos entre as ideias que
pareciam opostas as suas. Estou cansado disso, infelizmente, tem em todo lugar,
sempre fujo destas pessoas, pois, quando eu vou em algum templo, seja ele qual for,
minha missão é trocar uma ideia com Deus. Cansei de ver homem, alimentando o
próprio ego roubando o nome do meu mestre Jesus.
Verdade é, mediunidade. O que é mediunidade? Rafael, não entra neste
papo chato não. Por favor? Acabei de ouvir você falar um monte da sua mãe, não
tem nem duas páginas, você vai entrar em papo chato? Que merda. Me conta uma
história.
O tio do meu pai me proporcionou a primeira visita a velórios da minha
vida. Foi a primeira vez que vi um caixão com alguém la dentro. Me disseram,
quando eu perguntei, que ele tinha morrido. Mano, eu não fazia ideia do que era a
morte. Aquilo só me pareceu muito estranho, principalmente, não me deixaram
saciar minha curiosidade. Correram para me tirar de lá. Ainda bem, que me deram
algo divertido para fazer e doces. Meu deus, como eu amo doces. Desenho e doces,
o que mais uma criança dos anos 90 iria querer da vida.
Sempre conheci este tio do meu pai como Tio Chefe. Te falar que não
lembro o nome dele não seria mentira. É assim que todos se referem a ele na família
até hoje.
Você poderia, facilmente, dizer: “Ah, Rafael, mente de criança é
impressionável.” Estou escrevendo com uma voz bem debochada. “Você foi no
velório, viu um cara morto, e ficou impressionado.” Olha que eu to prevendo o que
você pode pensar sobre o que está por vir. Na verdade, que bom você é livre para
pensar no que quiser. Não quero te convencer de nada. Só to contando uma história.
Meu pai, quando eu era adolescente e já tinha iniciados meus estudos
sobre mediunidade. Me contou coisas da minha infância que eu não me lembrava.
Passei uns dois anos brincando com meu tio morto. Minha mãe me chamava
“Rafael, vem comer” e eu dizia “perai mãe, to brincando com o tio chefe.”
Meu pai viveu na casa deste tio dele durante anos, nos tempos em que ele
vivia na roça. E eu nunca fui criticado ou recriminado por dizer estas coisas,
simplesmente, era natural lá em casa. E meu pai dizia perguntar coisas, sobre as
coisas que o tio chefe dizia para mim, sobre como ele era, sobre o que nós
brincávamos.
Eu não convivi com a família do meu pai, eu nasci em Belo Horizonte,
estes parentes são da cidade natal dos meus pais. Nas minhas respostas, de acordo
com meu pai, pois eu não me lembro disso, eu dava respostas que eu não teria como
saber. Porra, ele é meu pai, eu acredito quando ele diz que eu não teria como
responder.
Mas esta história pouco tem a ver com mediunidade. Só contei esta
história, pois ouvi você pedindo por uma história, algo divertido e interessante,
sabe? Para quebrar um pouco o gelo do último texto. Para mim, eu tive quatro dias
para digerir o último texto, você pode estar lendo isto em sequencia. É para te dar
um respiro também.
E este tipo de história você encontra por ai o tempo todo. É só procurar um
pouco na internet e duvidar de todas elas. É difícil mesmo acreditar, para quem
nunca teve nada parecido com isto em sua vida. Eu ficava tenso com isso, pensar
que as pessoas iam me ver como um mentiroso, hoje eu sou bem mais de boa com
isso. Cada um é livre para achar o que quiser.
Vou contar outra, pode pular se quiser, agora, se você está interessado,
como eu sei que você está, a outra parte do publico é claro, você eu não vou
comprar. Vou te dar um pouco mais da minha infância.
Outra história que eu não me lembro, que meu pai me contou depois que
envelheci.
Viajamos uma vez para uma cachoeira, eu devia ter uns 5 anos. Era uma
das minhas primeiras viagens e eu nunca tinha viajado sem a presença dos meus
pais. Fomos para uma cachoeira, na estrada, subindo uma serra, olhei para uma
pedra lá no alto e comentei no carro. “Eu já vim aqui, eu conheço aquela pedra.” A
galera no carro riu, mas me deu a atenção que eu precisava para continuar a história.
Continuei com o peito inflado, “eu conheço o que tem la em cima, eu já vim aqui,
atrás da pedra tem uma parte verde que dá para sentar, e de la de cima, dá para ver
um rio, que faz uma curva e depois ramifica em dois.” Olhando assim, depois de
escrever, e pensando em todas as histórias místicas que eu ouvi, parece um cenário
bastante genérico, vou dar este crédito para você, que mesmo depois do meu aviso,
continuou a leitura para ver no que ia dar. Meu pai disse, que eu fui questionado
sobre quem tinha me levado lá e, enquanto eu expliquei, eu dei mais detalhes da
história. Eu disse que ninguém tinha me levado lá, que eu tinha ido com meus
amigos.
Dentro do carro, a galera achou que eu tinha olhado para o lugar, achado
bonito e imaginado tudo aquilo que eu disse. E o assunto morreu. Acontece, que o
lugar que eu tinha descrito, era próximo de onde estávamos indo, diz meu pai, que
era uns quatro quilômetros de caminhada. Ele e os amigos dele decidiram ir lá para
ver como era, não por causa da minha história, mas porque parecia um lugar bonito
para se explorar e vamos combinar, quando você vai para uma cachoeira, explorar é
uma puta coisa legal para se fazer.
Meu pai disse, que o lugar era, exatamente, como eu havia descrito. Isto
não virou assunto, mas meu pai, que já era bastante atento a estas questões, começou
a reparar no meu desenvolvimento, para que aquela característica não me
atrapalhasse.
Para mim, criança, as coisas não aconteciam o tempo todo e, como não
tinha ninguém me criticando, reprimindo ou transformando minha vida num inferno
por causa daquilo, eu cresci tendo uma infância normal.
Hoje, eu me questiono, e já vi de perto, quanto amigos imaginários não são
pessoas solitárias que não aceitam sua imortalidade. Que morrem e não tomam
consciência disso. E não se preocupem, a criança, quando faz mal a ela, dá seu jeito
de mostrar o incomodo. Não fritem suas crianças por causa do que eu acabei de
dizer.
Nós ainda não estamos falando sobre mediunidade. Muita gente acha que
mediunidade são estes fenômenos, estas histórias que a gente escuta e conta. Tem
gente que para tudo o que está fazendo para avaliar se uma coisa é mediunidade ou
não. Gera aquele assunto todo. Chato para uma desgraça. Isso é mais falta do que
fazer mesmo. Dai nascem grande charlatões, bons contadores de histórias.
Mediunidade é um sentido, coisa do corpo, que todo mundo tempo, igual
visão, audição, tato, claro, eu não tenho uma audição tão boa quanto um músico
talentoso, nem enxergo tão bem. Na verdade, a visão é uma parada boa para usar
como exemplo. Ninguém enxergar como o outro, temos uma variedade incrível de
lentes de correção para que determinamos um padrão. Mediunidade não é dom, não
é especial. Mediunidade é como respirar, algo tão comum que muita gente nega sua
existência, por não enxergar, na própria vida, nada de tão especial que possa usar
como exemplo, desta coisa megalomaníaca que pintam por ai.
Ah, e mediunidade, cada um chama de um jeito. Isto dificulta ainda mais
as coisas, principalmente, dentro das religiões, todo mundo tem uma palavra para
descrever, exatamente, o que é mediunidade. Eu continuo com o termo da doutrina
Espirita, mas isto pouco importa.
Espero ter chamado sua atenção. As histórias acima, são só histórias, eu
nem sei se são verdade, pois foram a interpretação do meu pai sobre a minha
infância, o que eu queria deixar claro, é que elas não são histórias de mediunidade,
nem exemplos, elas são histórias que contêm parcelas de mediunidade. Fenômenos.
Eu fico por aqui.
Grande abraço.

São 22:45 horas.


Boa noite.

Hoje é dia 16/08/2018


São 18:36 horas

Interrompemos nossa programação para um papo reto. Isso mesmo, não


tão reto assim, tu sabe, já leu até aqui, vou desenhar um assunto um pouco, as ideias
são muito claras na cabeça, chegam arrebentando, quando passam para o papel,
exige trabalho, disciplina e fé.
Fé, pois somos responsáveis pelo que sai das nossas mãos, mas estamos,
completamente, sem controle quanto a forma que chegará ao outro.
Este é o assunto: vamos falar de fracasso.
Já adianto, esquece a derrota, a melancolia, a depressão. O assunto é sério.
O que fica na minha cabeça, depois de todas as histórias registradas neste livro, a
gente tem que seguir o roteiro traçado para gente?
Eu segui o roteiro, este foi meu fracasso, agora, eu me sinto livre,
finalmente, para ser quem eu sou, para fazer o que eu quero. É assustador ter uma
página em branco, ver o futuro da forma que ele é.
Vai tomar no cu. Este é um paragrafo dedicado a dor e a raiva que estou
sentindo neste momento e que estão se misturando às ideias deste texto. Teve um
filho da puta no reddit, no breve espaço de tempo que eu permaneci na plataforma,
que me xingou dizendo que eu não tinha direito de me fazer um vendedor de balas,
pois eu só sai para vender uma vez. Eu estou ressabiado de continuar este texto, pois
imagino que vai ter algum filho da puta pensando o mesmo sobre o que eu tenho
para falar.
Foda-se, não vou fazer um paragrafo imenso, este também é dedicado a
raiva. Estou num limbo chamado começo. Eu não faço ideia do que é viver livre,
construir o meu próprio futuro. Saber que eu quebrei todo o roteiro que tinham para
mim, me assusta muito. Me alivia, é claro, mas também é assustador. Caralho, não
era para esta porra ser um desabafo.
Fael, se tu precisa desabafar, desabafa. Relaxa man, vai dar tudo certo.
Eu queria contar como eu me sinto um fracassado por ter tido sucesso em
tudo que não era para mim. E agora, eu me sinto um fracasso, por não valorizar os
progressos que tenho feito em construir a vida que eu quero para mim. Não tem
parâmetros, eu tenho que me construir no processo, é difícil para um caralho.
Saca, eu já tive esta conversa com minha terapeuta, lá nas primeira
sessões, quando eu ainda achava que tinha algum controle sobre o que estava
acontecendo. Eu me sinto como um garoto mimado que nunca está satisfeito com o
que tem. A ansiedade me consome mano. Me jogando para um lado por outro. E
saca, agora tem esta possibilidade de diagnóstico de transtorno bipolar. Porra, como
vai ser minha vida daqui para frente?
Sério, pensei demais que, na verdade, foi o que me motivou a escrever, eu
ia chegar aqui e falar um puta bagulho foda, sobre o fracasso, para te fazer refletir
umas paradas maneiras. Romantizar o fracasso.
Na moral, eu sei que foi importante fracassar. Esta ruptura entre meu
presente e meu passado, era bastante necessária para eu construir a vida que eu
quero. Lembra da lista no início do livro? É por isso que ela é uma lista de coisas
boas. Por que foi importante. Mas é uma merda fracassar. Feri o ego. O que também
é uma parte legal do fracasso, mas dói para cacete.
Eu sei que eu estou muito ansioso. Isto é bem triste, na verdade, esta
oscilação só faz aumentar as chances do transtorno bipolar, talvez, eu esteja com
muito medo deste diagnóstico. Nunca ouvi nada de bom sobre isso, parece que eu
vou sofrer para sempre ou ser destinado ao fracasso.
Na verdade, é muito fácil para mim, direcionar a possibilidade de fracasso
para uma doença e não para mim mesmo. É assustador pensar que eu, realmente,
fracassei. Que não dá mais tempo para ter uma vida boa. Esta última frase desvia um
pouco do assunto. Eu fracassei. Eu não consigo aceitar que fracassei. Eu estou
frustrado por que fracassei. Meu projeto foi uma bosta. Eu não me empenhei o
quanto eu podia para fazer ele ser foda. Eu fui arrogante em achar que eu era foda
demais para segurar no peito, e sozinho, a responsabilidade de fazer ele dar certo. Eu
culpei me desviei o quanto eu pude da dor deste fracasso. Eu me deixei humilhar,
para poder responsabilizar outra pessoa. Eu fui covarde e continuo sendo.
Eu perdi o controle da minha vida tem muito tempo. Fiz isto no dia que
percebi que eu não tinha controle sobre a minha vida. Me enchi de coisas para
ocupar minha cabeça, me desviar da possibilidade de estar doente.
Eu corri para lugar nenhum.
Eu estou aqui, onde sempre sonhei em estar.
Rodeado de pessoas que me amam e que lutam por mim.
Aceitar o fracasso dói. Me esquivei daqueles que queriam destruir o
caminho que eu estava construindo. Eu queria que a Associação prosperasse, que a
gente oferecesse oportunidade para os cegos serem mais independentes, se
reabilitassem. Foi muito para mim. Eu não era tão foda quanto achei que fosse. Eu
não resolvi a quantidade absurda de problemas que apareceram, simultaneamente, na
minha vida. Eu desisti de chegar no meu objetivo. Eu não me posicionei de forma
clara sobre o que eu queria e não arrisquei perder o conforto obtido pelos resultados
parciais para realizar o meu desejo.
Eu sou responsável pelas decisões que tomei, eu sou responsável pela vida
que eu tenho hoje e as dificuldades que eu amargo na boca. 2017 foi o ano do
fracasso. Eles não foram legais, doeram para caralho, e eu não quero amargá-los
para o resto da vida.
Seria um excelente ponto para terminar o texto. Positivo, como se tivesse
me reerguendo depois de um grande tombo. A vida não é um filme, eu não estou
satisfeito.
Era para este texto ser uma coisa, virou algo bem mais verdadeiro. Sem
direção, talvez, minha vida não tem direção e agora não tem mais roteiro. Eu
construo o meu destino, sempre foi assim, eu não tinha maturidade para perceber.
Amargar a possibilidade de que tudo que eu gosto da vida pode acabar a qualquer
momento é cruel. Mas viver, sem perceber que a vida é assim, é abraçar uma ilusão.
Eu sou um adulto assustado. Olhando para o mundo me achando meio
merda. Olhando para mim e vendo o quanto eu sou foda de chegar onde eu cheguei.
E como cheguei.
Este é de fato, está decretado, um começo. Muita coisa que tinha que
acabar, acabou. Começos e fins andam de mãos dadas. O fim de algo é sempre o
começo de outro. Finalmente, disse algo bonito, como pretendia no começo. Posso ir
dormir tranquilo agora.
Eu vou parar de negar que existem coisas nesta vida que são importantes
para mim e que eu não quero perder. Eu vou aceitar que fracassei e que eu não sou
vítima das decisões que tomei. E eu vou reconhecer que minha vida é boa para
caralho, que eu cheguei num lugar que poucos conhecem.
Vou conhecer mais e procurar um diagnóstico mais preciso. Entender
melhor como este trem de transtorno bipolar funciona. Apesar, de ter uma ideia, de
que eu já sei o que é. Eu vivi com isso minha vida inteira, só tenho o suporte
necessário agora para ter uma vida boa.
Sabe, esta é a página 158, eu quero chegar na 160 hoje. Eu já disse o que
tinha para dizer. Como vou preencher estas duas páginas? Não faço ideia. Mas vou
preencher.
Vou contar uma história, que eu gosto muito. Reuni 500 pessoas em um
auditório, porra, pelo visto a história vai ser mais curta do que imaginei, vai encher
pouco da página, deste jeito que estou contando. Pedi, para cada um delas, escrever
seu nome num papel e lhes dei um balão. Pedi que enchessem o balão com o papel
dentro.
Esvaziei o auditório, dentro dele, só eu e os 500 balões. Respira um pouco,
enquanto eu ando pelo auditório e misturo todos estes balões. Conseguiu imaginar o
que são 500 balões em um auditório? É balão para um caralho.
Misturei.
Um paragrafo com uma palavra só, do jeito que eu gosto, para ocupar
espaço.
Sai do auditório e falei com as pessoas. Desafiei-as.
__ Quero que entrem.
Meu Deus, contei uma parte errado. A ideia é que cada uma procurasse o
próprio balão, mas, como elas iam achar o balão se o papel estava dentro dele.
Caramba, eu que nunca tinha me atentando para genialidade desta parte da história.
Verificar a identidade do balão assim é muito mais difícil. Caramba. O cara gastaria
uns 20 a 30 segundos para reconhecer que o balão não era o dele. Incrível.
Cada pessoa teria 3 minutos para encontrar o seu balão. 20 minutos depois,
7 fracassos depois, pois agora eu percebi que era, realmente, bem difícil achar seu
próprio balão, mudei um pouco o desafio.
Agora, a pessoa ia entrar na sala e pegar um balão qualquer e entregar para
o dono do balão. Ainda era um trabalho difícil, afinal, eram 500 pessoas. Contudo,
foi algo divertido de fazer. Agora, as pessoas podiam comunicar e ajudar umas as
outras e se conheciam melhor no processo.
Consegue visualizar, entrava uma pessoa no auditório, pegava um balão,
ela descobria o nome escrito no papel e saia para o pátio para procurar o dono do
balão. Se ela não conhecesse a pessoa, ela podia perguntar para os outros se eles a
conheciam. No pior dos casos, ele perguntava, um por um, se era o dono do balão.
Contudo, o processo foi simultâneo, em 20 minutos, todas as 500 pessoas
estava com um balão em mãos, não o delas, mas de outra pessoa. E aquelas que já
tinham encontrado o seu próprio balão se distinguiam dos demais, facilitando o
trabalho de busca daqueles que não tinham encontrado o dono do balão que estavam
em sua posse.
Não sei precisar quanto tempo demorou a dinâmica. Na verdade, isto é
uma história, e a ideia que é você reflita que levou muito menos tempo do jeito
sugerido do que se cada um tivesse buscado seu próprio balão. Mas, você pode ser
um imbecil que quer pensar diferente. É a raiva voltando. Sabe, eu to contando uma
história bonitinha, com uma moral daora, dai vem um filho da puta para questionar
minha história? Tomar no cu. A gente não foi preparado para conviver com aqueles
que pensam diferente de nós. O que dificulta muito viver em sociedade, pois
ninguém pensa igual a ninguém. Se você refletir, encontrar pessoas que pensam
diferente de nós é algo que garante nossa sobrevivência, pois diante de um
problema, pelo menos alguém está pensando o que deveria pensar, naquele
momento, para sobreviver à situação.
A gente não está preparado para frustração. Nosso ego quer o
reconhecimento, sem qualquer reflexão, sobre os nossos atos heroicos. Não
queremos ser questionados.
Ainda sim, fique com esta lição. Você, talvez, tenha a solução para o
problema de alguém, um problema que a pessoa não consegue encontrar solução. E,
talvez, exista alguém por ai segurando a solução do problema que você não
consegue resolver.
A gente gasta tempo demais, rodeado de balões que não são os nossos,
procurando, meticulosamente, aquele que nos pertencem. Talvez, seja melhor, estar
rodeado de pessoas, trocando experiências e sendo útil.
Ou você pode botar fogo no auditório, ver os sonhos de 500 pessoas
queimando e sorrir com o caos. Foda-se.
Meu objetivo era chegar na página 160. Eu achei meu balão. Te vira ai,
meu irmão, pense, encontre um jeito, você é responsável pelas suas escolhas, não
somos vítimas de nós mesmos.
São 19:44 horas.
Boa noite e vai dormir.

Hoje é dia 18/08/2018


São 13:26 horas.

Plano de Ação de 2018

Começo aqui a descrever como estas ideias e planos se tornam ações. Aqui
a liberdade e a diversão devem sobressair. Aprendi que a felicidade está no caminho
que conduzimos, esquecer a satisfação de criar em detrimento das dificuldades do
caminho é o verdadeiro caminho do fracasso da Dreamer Spirit.
Pensando nisso, o plano de ações deve ser amplo quanto as ideias e
filtrado pela realidade e resultados. Para que isto gere o sucesso esperado, é preciso
documentar o processo e alimentar os indicadores escolhidos para a avaliação.
2018 será um ano exclusivamente de sobrevivência. As ações da Dreamer
Spirit para este ano visam a alimentação e cuidado constante com os processos
bases. Formalização correta, criação dos meios de divulgação, monetização clara e
escalável. A nível pessoal, preciso enxugar meus gastos ao máximo, sobreviver dia a
dia, para ter o máximo de tempo possível para a Dreamer Spirit sem prejudicar
minha vida e aprendizado pessoais.
A busca pela independência financeira e o ponto de equilíbrio da empresa
são transcendentes ao ano de 2018, sendo eles os dois maiores indicadores de longo
prazo observados hoje.
Outro ótimo indicador são a quantidade e qualidade das pessoas
envolvidas nas ações da Dreamer Spirit. Preciso criar um ambiente para que estas
pessoas se comuniquem e que eu consiga avaliar os seus resultados. Uma grande
vantagem do nosso produto é que as pessoas se associam a ele por convicção, não
preciso remunerar nem controlar as pessoas que trabalham para empresa, pois
trabalhar para empresa significa, na maioria das vezes, trabalhar para si mesmo e por
aquilo que acreditam.
A Dreamer Spirit é uma grande apoiadora do que funciona no mundo. As
ações e planos a seguir descritos visam a criação de soluções para problemas da
nossa sociedade e ferramentas que ajudem nossos colaboradores e desempenhar com
mais eficiência o seu trabalho.
Tem um indicador importantíssimo que precisa ser construído desde a
base. O da indicação do tipo de pessoa que cada um é dentro das categorias
fundamentais da Dreamer Spirit. Cada ação, projeto ou plano da Empresa visa
atender alguma demanda específica de cada categoria, sempre procurando melhorar
a saúde, educação e renda das pessoas da cidade. Deixar claro a categoria que o
projeto atende permite explicitar o publico alvo.
Se concentrar nesta base simplifica todo o processo. Transformar as
pessoas em Dreamer Spirits significa que o individuo não precisa se preocupar em
ganhar renda para sobreviver; que está complemente saudável: fisicamente,
mentalmente e emocionalmente; e que tem os meios para aprender o que for
necessário para chegar aos seus objetivos. Um pouco mais que isso, ser um Dreamer
Spirit significa ser dedicado a cuidar da própria vida e apoiar as pessoas ao seu redor
para que elas também conquistem o que foi conquistado.
Nossas ações: curam os doentes, economizam tempo dos sobreviventes, da
recursos para os lutadores, investem nos Dreamer Spirit e faz crescer o número de
pessoas Plenas no mundo.
Um mundo onde a maioria das pessoas realizou seus sonhos é o mundo
que eu estou começando a construir, começando por mim mesmo.
Ações e Projetos
STREET
Criação de Mídias: rádio, site, escritório, estúdio, redes sociais (facebook,
youtube, twitter)
ARMAS: com os produtos (Graal 100, POWER, HOW)
Plano Gestor de Reabilitação
Projeto cidade-escola
ANEXO I - Idealizador
Objetivos pessoais do fundador ao criar a Dreamer Spirit

Eu quero ter independência financeira.


Eu quero ter o laboratório do Tony Stark.
Eu quero realizar o sonho das pessoas que construírem este projeto
comigo.
Eu quero passar o resto dos meus dias, a partir do dia que eu começar,
vender franquias do modelo de negócios da Dreamer Spirit e viajar o mundo dando
palestras e capacitações para colaboradores e interessados. Além de viver
aprendendo e fazendo filantropia.

ANEXO II – Histórias e conquistas

Chegou um momento da minha vida, por volta dos 10 ou 11 anos de


idade, que eu comecei a pensar e observar que tipo de profissão que eu gostaria de
seguir. Sonhava em estudar tecnologia no Japão quando tivesse 24 anos e pudesse
fazer um intercâmbio para lá. Desde esta época, a ideia de ter minha empresa de
tecnologia me motivou e tracei um caminho para esta realização.
Neste sentido, o que eu poderia fazer para começar a me preparar para a
realização do meu sonho era estudar para conseguir uma vaga no curso de
computação industrial na escola técnica CEFET-MG. Na primeira oportunidade
tomei um revés e meus esforços não foram suficientes para conseguir esta vaga. No
ano seguinte, passei no CEFET-MG e no COLTEC, mas a vaga no COLTEC veio
antes e, como percebi que ele me daria às oportunidades de crescimento que eu
almejava, permaneci nesta instituição.
Estudar no COLTEC abriu meus olhos para a realidade que norteia a
minha vida hoje. A pessoa que me tornei por me formar nesta incrível instituição é
aquela que eu acredito ser capaz de realizar meus sonhos. Encontrei pessoas
incríveis, aprendi com mestres que guardo no coração com carinho e sofri muito
para lapidar a pessoa que eu gostaria de ser.
Muitos foram os irmãos de guerra que conheci no COLTEC, mas, se
tratando da história da Dreamer Spirit, impossível não destacar a presença do Thiago
Rodrigues Vasconcellos. Este cara incrível apostou e trabalhou para que nós
pudéssemos chegar onde nós chegamos. Hoje ele luta para eu realizar meu sonho,
assim como eu luto para que ele realize o sonho dele. Isto é Dreamer Spirit.
Quero observar, para você que está lendo este livro, é impossível realizar
um sonho sozinho, digo mais, não somos capazes de fazer nada que importa nesta
vida apenas com nossa capacidade. Tudo que você consome depende do trabalho de
alguém, tudo que você vê, ouve ou sente tem a intervenção de alguém. Eu te digo,
não importa o que você seja capaz de fazer, você sempre será alguém medíocre
enquanto não valorizar o que você recebe.
Eu sou fruto do esforço coletivo de todos aqueles que me amam, se
estivesse contanto a história da minha vida, citaria uma infinidade de nomes que me
apoiaram e possibilitaram o meu avanço até aqui. Se tratando da história da Dreamer
Spirit, preciso, principalmente, indicar o nome do Thiago, pois, depois que ele
comprou meu sonho, nunca mais senti-me sozinho na construção deste sonho.
Eu não me formei na faculdade de Ciência da Computação, muito menos
fiz intercâmbio para o Japão com 24 anos e nem acredito que a Dreamer Spirit será
uma empresa que vende softweres. Durante estes 15 anos, sonhando, trabalhando e
aprendendo, fui entendendo quais eram minhas verdadeiras aspirações. Eu me tornei
alguém capaz de realizar estes objetivos, mas mudei o que eu queria para minha
vida. Acredito hoje que sempre será assim.
Hoje eu sou um homem casado com uma mulher maravilhosa que está do
meu lado e me apoia. Tenho uma família linda e inteligente que me alerta e orienta
sobre o meu caminho e uma experiência profissional que me dá segurança para dar
este próximo passo na realização do meu sonho. E o mais importante para mim: hoje
a minha sobrevivência depende de mim, não preciso prestar contas para ninguém do
que eu faço. Sem esta liberdade e autonomia eu nunca estaria preparado para
enfrentar os desafios que estão por vir, sem desistir do que eu quero.

ANEXO III – Pessoas importantes

Este Capítulo não pode começar de outro jeito senão citando minha mãe.
Seu amor e dedicação lapidaram as imperfeições que eu apresentei desde cedo. Ela
me ensinou a ter responsabilidade, a trabalhar pelo o que eu quero, a respeitar as
pessoas ao meu redor, e lutar pela minha independência, a lutar pelo o que eu
acredito, a ser independente, estudioso e aplicado naquilo que desejo. Minha mãe me
criou para eu ser o melhor que eu podia ser. Nossa convivência não foi fácil, mas
graças a isto, hoje, eu me sinto capaz de realizar meus objetivos e cuidar da minha
vida. Sou muito grato por ter aprendido com a melhor professora e mãe de todos os
tempos.
Agradeço também a todos os meus mestres, alguns compartilharam a
função de chefes. Aprendi muito durante toda a minha trajetória profissional e
sempre tive a sorte de trabalhar com profissionais que me davam autonomia para
realizar meu trabalho. Citando nomes: meus professores Junior Souza, que me fez
apaixonar por computação, Marcelo Chiaretto, Rogata Soares, Alberto Figueiredo,
Adriano. Todos do COLTEC-MG, obrigado pela orientação, carinho e por sempre
acreditarem no meu potencial. Um agradecimento especial para o Professor
Alexandre Benvindo e Anísio, pois com eles tive a oportunidade de trabalhar, cada
conselho, cada ensinamento foi poderoso nesta minha trajetória e sou muito grato.
Quero agradecer ao Flávio de Paiva Loureiro e ao Juares Gomes Martins
que me deram oportunidades de trabalho geniais. Sem elas eu não teria metade da
minha experiência profissional. E mais que isto, ambos me trataram como filho, me
educaram e orientaram com tudo que podiam. Agradeço por todo empenho e
dedicação e fico muito satisfeito com os resultados que alcançamos juntos.
Meu irmão Cristiano Ferreira Guerra não poderia estar fora desta lista, ele
me despertou para um mundo que poderia me acolher e ensinar. Junto a ele vive as
experiências que moldaram meu caráter na sociedade e ele sempre esteve ao meu
lado nos maiores problemas que tive na vida. Agradeço aos seus pais Walter e Sônia
que me acolheram em sua família e me adotaram como seu filho, sempre me
orientando, me ouvindo e me direcionando nas felicidades e dificuldades.
Agradeço a minha família, meu pai que nunca deixou de prover os
recursos que precisei na minha jornada e ainda hoje está a disposição para me ajudar
em todas as dificuldades da minha vida. À minha irmã Ana Paula que sempre me
serviu de modelo e guia e aos meus irmãos mais novos, Isabela e Gabriel por todo
amor, carinho e admiração que tem por mim.
Agradeço aos meus grandes amigos Eduardo Sampaio Pimenta e Rodrigo
Viégas Guerra, por estarem do meu lado sempre e dedicarem o seu tempo para me
ouvir e se divertir comigo sempre que precisei. Ao meu amigo Rafael Faria, por
nossas conversas sobre a vida, o universo e tudo o mais. Nossas viagens no tempo e
espaço moldaram meu caráter e sua amizade é fonte de luz na minha jornada.
Agradeço também aos meus amigos Vinicius Cristiano, Rodrigo Lopes,
Vitor e Marcos Macedo, Rafael Abade, Richardson Barros, Clarisse Lana, Diego
Navarro e a minha irmã de criação Priscila Martins, que são muito importantes para
mim, apesar de menos presentes na minha vida hoje.
Se você leu até aqui, obrigado a você leitor, pela paciência e dedicação.
Ainda, por se importar em ler sobre todas estas pessoas que você nunca ouviu falar.
Por fim, a pessoa mais importante na minha vida hoje depois de mim
mesmo, minha amada esposa que me ajudou a vencer o inferno, está do meu lado
seja a vida boa ou ruim e, juntos, conquistaremos o mundo.

FIM DO TEXTO

Uma observação importante: neste texto, retirado da primeira edição do


Livro de princípios da Dreamer Spirit, escrito em Fevereiro de 2018, eu cito o nome
de várias pessoas importantes na minha vida. A única vez que será feito neste livro.
Aqueles que se incomodarem, por qualquer motivo, tem o direito de
solicitar a retirada. Não tenho qualquer intenção de ofender ou depreciar ninguém.
Muito obrigado por fazer parte da minha história e ser esta pessoa
maravilhosa que cruzou meu caminho.

Achei que ganharia mais 10 páginas com este texto. Não se preocupe, não
vou encher 5 páginas de linguiça, vou me despedir por aqui. Parece próximo,
Fevereiro de 2018, quando escrevi estas palavras. À época, ainda nutria com meus
próprios recursos a minha família, comecei a depender do dinheiro do meu pai para
pagar minhas contas e alimentação em Abril de 2018.
As palavras direcionadas à minha mãe são sinceras, talvez, você pense,
“cara, este mano é bipolar mesmo, não consegue decidir sobre o que sente em
relação a sua mãe.” A verdade, este assunto já está envelhecendo.
Minha decisão hoje é me afastar, reconhecer que minha mãe me faz mal
hoje, que estou em sério tratamento de uma doença que me acompanha desde que
me conheço por gente, preciso reconstruir minha vida. Tenho sérias esperanças de
que nada registrado neste livro se repetirá.
Esta é minha carta de despedida à todo contexto que me acompanhou até
aqui. Aos poucos, estou caindo na realidade. Percebendo que minha vida mudou,
que hoje eu sou adulto, que eu tenho poderes que nunca me permiti ter, que não
importa me esconder da responsabilidade, ela está sempre presente.
Além disso tudo, tenho uma missão, que me motiva e me move, de utilizar
todo o aprendizado para construir algo bom para a minha comunidade. De me
permitir ser nós, mesmo sendo maravilhoso ser eu.
Aceitar que eu sou uma pessoa linda, que eu me respeito e amo. Que me
protegerei por toda eternidade.

Estamos chegando no climax do livro, todo livro é assim, quando chega


em 80% começa-se a desenvolver a resolução final dos problemas propostos. Nesta
trajetória, permanece-se até os 85%. Depois é felicidade, tranquilidade e despedidas.

Será que alguém vai consumir este livro? Sabe, eu não faço ideia. Eu perdi
minha ligação com o futuro, estou vivendo no presente, neste presente, estou
escrevendo este livro. Livre de expectativas e planos.

São 13:59 horas.

Hoje é dia 31/08/2018


São 19:08 horas

Eu sou um Deus apaixonado pelo sossego. Este capitulo será mais


artístico, talvez, um pouco abstrato.
Ola, meu amigo, neste ponto, depois de tanto tempo juntos, já me sinto à
vontade de ti chamar de amigo. Quero voltar a falar de mediunidade, mas não vou
falar de mediunidade, não é o tipo de coisa para se falar que você pode usar para
entender o que é, mas você pode usar para não entender o que é. Entendeu? Espero
que não.
O tempo não é linear. Aceite isto. O presente é tão ilusório quanto o
passado e o futuro, ousaria dizer, que eles não existem, mas, para isso, eu também
não deveria existir, ou você, ou o universo. Apesar de que o universo, realmente, não
existe. O universo é uma tentativa de ir além do que nós conhecemos sobre o
mundo, uma imaginação. Sermos capazes de imaginar o universo nos torna real.
Assim, como a capacidade de imaginar o tempo, linear e gradual, e imaginar a nos
mesmos e os outros.
Cada um de nós, somos o que achamos que somos e somos confrontados,
o tempo todo, pelo o que os outros acham que nós somos. Como o tempo não é
linear, nossa percepção do que nós somos, do que os outros são e o mundo, muda o
tempo todo.
Somos feitos de mudança e eu sou um Deus apaixonado pelo sossego.
Todo o conflito apresentado até aqui, que você acompanhou, nasce de uma
agitação que vem de dentro. Uma agitação feita pelo passado, o futuro e o presente
que há em mim. Eu poderia não fazer nada, não faria a menor diferença, e tudo se
resolveria sozinho. É sempre assim. As coisas mudam, independentes da nossa
vontade, mas parece um absurdo o mundo não se curvar diante de nós, diante do que
acreditamos ser o mundo.
E temos que fazer alguma coisa. É o que grita lá dentro. Mas não temos.
Temos, pois somos livres, e assim desejamos.
Criamos explicação para aquilo que não existe. Criamos. E a vida flui
mudando sem parar.
Deitado, num momento de tranquilidade, depois de um momento de
sofrimento, refleti: “Se eu posso escolher o valor mais importante, pois sempre
agimos para chegar em algum valor e a escolha do valor defini o que escolhemos
fazer, qual é o valor que eu mais gosto?”
Sossego.
Ah, agora eu entendi. Seu pretensioso, filho da puta. Não acha muita
arrogância se chamar de Deus? UI! Eu sou um Deus apaixonado pelo sossego. Você
não é um Deus coisa nenhuma.
Viu, conflito, você é tão livre para decidir o que eu sou, quanto eu sou
livre para definir quem eu sou. E nós buscamos a aprovação uns dos outros, pois esta
liberdade fascina.
E se sou duro contigo e não me curvo á sua vontade, continuo sendo Deus.
E onde a mediunidade entra nisso? A mediunidade é uma característica
deste corpo que carregamos conosco, ela é como enxergar, ouvir, sentir, degustar,
cheirar. Isto mesmo, ela é um sentido DO CORPO. Mas não um sexto sentido. Não
como daquele filme que você nunca ouviu dizer, pois ele já é velho para caralho.
Os cinco sentidos são nossas ferramentas de contato com o mundo, eles
não dão informações sobre o mundo que nos possibilita interpretar e desenvolver
nossa própria percepção do mundo.
A mediunidade também é do corpo, ela também nos permite interpretar,
mas ela tem uma diferença sutil. A mediunidade é um sentido social, ela só se
desenvolve no contato com o outro, seja o outro quem ele for. É um sentido de
interface que gera resultados aleatórios de acordo com sua interpretação daquilo que
o outro te permite interpretar.
Não espero que você entenda. Mas é muito mais simples do que parece. E,
você está em usando sua mediunidade o tempo todo, a não ser quando você está
olhando apenas para si mesmo.
Quer um exemplo, enquanto escrevo, eu deixo impressões, o tempo todo,
do que eu estou sentindo, do que eu estou pensando, deste momento no tempo que se
registra, sozinho, é que se eterniza em formas de palavras que podem ser lidas e
interpretadas a qualquer momento. Por mim, e por outras pessoas. Que tornam estas
palavras partes de si e faz com que elas modifiquem, da forma que elas desejarem e
interpretarem a própria vida.
Quando você dá atenção para estas nuances, quando percebe e capta toda
esta riqueza de detalhes que se jogam no ar e mancham o papel é a sua mediunidade
que interpreta e se comunica com o que eu deixei aqui para você.
Agora imagina, se você está lendo este texto num momento em que eu não
estou mais vivo. Vivo da forma que você reconhece como estar vivo, tipo, até me
enterrem, ou cremarem ou desistirem de me encontrar. O seu contato mediúnico
permanecerá comigo, pois mesmo morto, eu não deixei de existir. Eu estou
espalhado pelo universo, eu deixo um rastro de mim por onde ando, por onde falo. E
mesmo, este contato tão real acontecendo após minha morte, sua mediunidade se
responsabilizará por interpretar, dentro de você, uma maneira inesperada de contato
comigo.
Este é apenas um exemplo de aplicação de mediunidade.
Acostumamos ouvir esta palavra relacionada a capacidade de se comunicar
com pessoa que já morreram, e a comprovação sempre fica nebulosa, fica fácil
entender o porque quando se entende mediunidade pela perspectiva que acabei de
apresentar. Um evento de comunicação mediúnica, onde alguém interpreta um
evento como um contato no presente com alguém falecido, pois reconhece padrões
de comportamento que se associam com que já faleceu ao mesmo tempo que é um
contato completamente novo e não resultado de uma lembrança. O outro, do seu
lado, tem uma interpretação completamente diferente, fruto da sua mediunidade. E
há conflito. E tentasse entender o que é interpretável. Quando alguém tem que estar
certo, não se encontra consenso, nem respeito.
A vida é mudança, a morte é uma delas. Nos transformamos e nos
conectamos com o tempo que melhor atua em nós. E somos capazes de modificar o
futuro, de modificar o passado, de atuar no presente. Somos deuses que não sabem o
que são.
Somos deuses lutando uns com os outros para saber quem está certo. Isto é
ridículo, mas é real.
Vivi minha vida inteira sendo confrontado sobre a habilidade de ouvir e
interpretar os mortos. Já me julgaram de louco, hoje me respeitam mais, já buscaram
me desacreditar, argumentando sem fim o que, visivelmente, era uma tentativa de
proteger uma visão de mundo, hoje eu costumo encerrar estes enredos mais cedo,
não tenho intenção de ferir o mundo de ninguém.
Mas eu existo, e sou Deus. Acredite você ou não, você é livre, sempre será.
Mas é impossível negar minha existência, pois estarei, eternamente, te contrariando
com a manifestação de mim.
Mesmo que eu morra, você ainda me sentirá, me ouvirá, se conectará
comigo.
O único jeito de fazer com que eu não exista mais é você deixar de existir,
mas eu ainda teria morrido só para você e eu não tenho certeza se isto é possível.
Era muito difícil continuar sem pensar o valor que é mais importante para
mim. E eu sou apaixonado pelo Sossego. Uma eternidade ao lado só sossego, seria
uma boa eternidade.
São 19:47 horas.
Hoje é dia 01/09/2018
São 23:19 horas.

Eu não avancei na direção que se propunha o início desta obra. Minha


ideia original era trilhar meu caminho glorioso de retorno, uma proposta prepotente,
utilizando do meu pior momento, confiante de que ele seria superado, para narrar um
final glorioso.
Eu não sai para vender as balas, eu não sai para vender as camisas e não
me importa mais se eu o farei. Eu não sigo mais os scripts que escreveram para mim.
Descobri, que passei toda a vida tentando ser o protagonista da minha história, de
fato, tenho momentos incríveis de protagonismo para compartilhar, o próprio jogo
de ascensão e queda, estilo God of War, é um bom exemplo.
Ser adulto é como se tornar o roteirista da própria história. Decidir, a todo
momento, para onde deixar fluir a história que caiu na sua mão. Influenciar, de uma
maneira ou de outra, a vida daqueles que procuram pelo próprio protagonismo. Ser
responsável por aquilo que cativas.
Não importa o que eu vou fazer daqui para frente, pelo menos, não para
você, por mais que eu te ame, é importante aprender a manifestar este limite. O que
eu farei, será importante para mim, e para os envolvidos.
É bonito perceber que existem coisas e pessoas que entram e saem da sua
vida e não fazem falta. É triste perceber nossa falta de controle em manter do nosso
lado ou não aqueles ou aquilo que é importante para nós. A vida encontra um jeito,
ela é a própria transformação.
Esta introdução é um pequeno presente, não estava planejado falar sobre
isto, dar algum sentido ao que foi construído até aqui. A vida até aqui foi caótica,
não tinha intenção de dar a entender, pela estrutura deste livro, que as coisas
aconteceram de modo organizado e sem rupturas. Tudo é como deve ser. Aceite.
Dance na escuridão. Liberte-se.

Vamos falar um pouco do mundo? Afinal, que mundo é este ao meu redor
que me permitiu experimentar a vida como ela foi.
Quero começar com 2001, eu tinha 11 anos, nosso presidente era o
Fernando Henrique Cardoso, este seria o último ano de seu mandato. Antes do
evento a ser narrado, para mim, era normal as coisas serem como eram. Política era
um universo nebuloso em minha mente, mas eu tinha impressão que as coisas
funcionavam bem. Impunidade para pessoas poderosas era algo indiscutível, todo
mundo reclamava, mas havia um consenso de que o país era assim e nunca mudaria.
Sou filho de classe media, hoje, tenho uma noção melhor de que a família
do meu pai tinha posses que eu nunca conhecerei e que a família da minha mãe
sempre sobreviveu e se virou como dava. Meu pai experimentou destas posses, mas
não sinto que ele às tenha herdado. Muita coisa aconteceu com o êxodo rural do
início da industrialização Brasileira, é desta época que estamos falando.
Isto significa, que da posição social que eu me encontrava, as coisas
sempre flutuavam num cenário que se era permitido sonhar. Nunca eram tão ruins
que me fizessem pensar que alguém poderia não ter o que eu tinha para sobreviver,
mas era claro que existia um universo de riquezas materiais que não seriam às
minhas. Ficou claro? Hoje eu entendo o quão privilegiado, eu sempre fui. Branco,
hétero, homem. A gente cresce e enxerga muito mais o que havia atrás de nós, do
que para frente. Eu poderia falar embaixo de nós, se levasse em consideração que o
que temos vem de um lugar de quem deixou de ter. Mas poderia ser interpretado de
forma pejorativa, enquanto, minha intenção é completamente o contrário.
Eu cresci e o poder sempre esteve na mão daqueles que foram criados para
aquele poder. Um poder nacional hereditário. Entende? Até 2001, sempre foi muito
claro quem era dono do nosso país. Estive anestesiado, talvez posso falar por mais
pessoas, estivemos anestesiados.
Até que tivemos nossa crise energética. Ameaça de apagão. Ficar sem luz.
Nesta época, ficar sem internet ainda não era um problema, mas era impossível se
imaginar sem a televisão. A ideia de ficar sem luz horrorizava quem quer que eu
visse. E foi dai que tudo mudou.
Mano, todo lugar que eu fosse, tinha alguém dizendo que algo deveria ser
feito. A televisão falava disso o tempo todo. Eu sei que nos anos 90, houve toda
aquele comoção em relação a inflação, ao congelamento das contas. E já tínhamos
um histórico incrível de lutas na época da ditadura. O bastão foi sendo passado, de
geração para geração, atingindo cada vez mais pessoas.
Neste momento, quem sinalizava uma mudança significativa era o Partido
dos Trabalhadores. A vitória do Lula nas campanhas de 2002, chocou uma galera.
Hoje, é provável que este partido seja a maior decepção nacional. Vimos muito da
continuidade daquilo que sempre desagradou. Hoje, há uma desolação. Todos
esperam um salvador, que naquela época, parecia ser o PT. Me pergunto, quando
cairá a ficha de que não existem salvadores? Nós somos a sociedade que queremos
para nós. Como eu aprendi um filme “Se você deseja um milagre, seja o milagre”.
2001, precisamente, no dia 11 de Setembro, a maior potência mundial se
sentiu ameaça e violada. Não dá para negar que, em todo mundo, a estrutura de
como as coisas funcionam estava mudando.
Às vezes, é difícil entender as pessoas que nasceram nesta geração, seus
valores e formas de enxergar o mundo. Eu, que me construí como indivíduo junto
destas pessoas, não vejo estranhamento nenhum. Quem veio antes de mim lutou para
mudar o mundo, eles não viram o resultado, mas nós estamos vivendo nele.
Na moral, isto é maravilhoso. Só estamos, completamente, perdidos agora.
Vai levar um tempo para gente encontrar nosso caminho. E, se a destruição completa
não vier, vai dar tudo certo.
Do meu ponto de vista, toda a estrutura antiga está fazendo seu movimento
para conservar o poder que sempre esteve em suas mãos. É só olhar para o mundo
todo, parece, a todo instante, não importa para onde você olhar, que o passado
voltou.
É sério, na escola, quinta série do ensino fundamental, coincidentemente,
2001, meu professor falava do medo que a sociedade tinha do comunismo. E eu
pensava, “mano, essa galera não pensava?” Chegava, muitas vezes, ao ridículo, de
culpar o comunismo como a fonte de todos os problemas, ao mesmo tempo, que
combatê-lo justificava qualquer atrocidade.
Longe de mim, acreditar que o comunismo ofereça qualquer tipo de
solução. Não é este o ponto. Incrível é ver que eu estou vivendo, exatamente, nos
mesmos tempos. Tenta-se, a todo custo, empurrar goela abaixo, que se você não
concorda com a ideologia no poder, você é comunista. E merece morrer.
A frase mais sensata que eu ouvi nestes tempos nefastos: “eu não estou do
lado de ninguém, pois ninguém está do meu lado.”
Caramba, me sinto muito representado por esta frase.
Eu não votarei este ano. Estou saturado de tanto lixo que fui obrigado a
consumir, pois estava, literalmente, em todo lugar. Em cada conversa, em cada
estampa de notícia.
Minha geração não sabe para onde ir.
Eu tive oportunidades maravilhosas de educação. Eu estudei a vida inteira
em escola pública, convivendo com os problemas e dificuldades deste sistema, ainda
sim, aproveitando cada coisa boa.
Os avanços sociais incomodaram. Não tivemos um salvador, como foi
prometido, mas eu vivi um avanço social incrível. Percebo que muito disso, veio da
postura do próprio povo, que, cansado de ser massacrado e humilhado, assumiu seu
lugar de direito. Gritou pelo direito da sua voz. Foi fantástico ver isso do local que
eu sempre estive.
Sabe, como cresci neste ambiente, tudo me parecia completamente normal,
e minha geração nunca ficou satisfeita, reconhecíamos o quanto precisava melhorar.
E o lixo, guardado por debaixo do tapete durante 500 anos de história começou a
transbordar.
Sentimos nojo. Muito nojo.
Sentimos impotentes. Cacete, quando vimos todo o lixo, parecia que
aquele nunca ia se limpar.
É com este sentimento que continuamos vivendo.
Porque eu não vou votar este ano? Eleições são mês que vem. Nossas
opções são catastróficas. Estamos fudidos. O período que eu mais acompanhei
politica, na minha opinião, foram os anos de 2011 até 2016. Já tinha 21 anos,
estudava em universidade pública conceituadíssima, voltada de carro ouvindo a voz
do Brasil.
Tínhamos uma mulher no poder, algo histórico, e trabalhava num projeto
que atendia diretamente o Ministério da Saúde. Conversava com pessoas, o tempo
todo, que tinham estudo e gabarito para falar sobre o que estavam dizendo. E eu
gostava do trabalho desenvolvido pelo governo e que era divulgado na voz do
Brasil.
Era perfeito? Não tinha problemas? Longe disso. Muita coisa era
questionável e a luta por uma vida melhor continuava constantemente. Mas eu sentia
que estávamos indo para um lugar legal.
Tínhamos uma notoriedade fora do país nunca antes visto na história.
Eramos respeitados, ou assim eu me sentia, em relação as politicas internacionais.
Mas o mundo, meus amigos, estava fudido. Depois de 2001, tivemos guerra,
massacres provocados pela potência mundial que destruíram o oriente. Uma guerra
criticada por todo mundo. Hoje, vimos um fenômeno migratório daquelas regiões
que tem afetado o mundo inteiro, por que será? Em 2008, esta super potência entrou
em crise financeira, algo comparável ao crash de 1930. Uma crise imobiliária que
afetou toda a economia deste país.
Como eles negociavam com o mundo inteiro, reflexos desta crise foram
sentido em todo mundo. No Brasil, neste momento, não sentimos a crise mundial.
Para aumentar o prestígio do governo e abafar os escândalos de corrupção, aqueceu-
se a economia, aumentou-se o crédito do cidadão comum, ao custo de muitas
dívidas.
E não é que a conta chegou?
Caramba, quase ninguém fala de nada disso que estou escrevendo aqui.
Lutamos contra inimigos invisíveis, no caos, tudo que se sabe fazer é separar o
mundo em dois lados e colocar a culpa no lado oposto.
É de uma infantilidade brutal e, na moral, esta é minha maior frustração
com o mundo. Eu me preparei a vida inteira para ser um adulto, achando que o
mundo adulto era adulto. Por onde vou, encontro adolescentes de 50 anos de idade.
É uma frustração enorme perceber que as pessoas crescem e as crianças dentro delas
só se importam em brincar com brinquedos mais sofisticados. E a vida das pessoas
parece ser o brinquedo mais caro do mundo.
No auge do problema, o país se coloca como sede dos dois maiores
eventos do mundo, “A copa do mundo de Futebol”, somos bons neste esporte, e “As
Olimpíadas”, respectivamente em 2014 e 2016.
Mano, o Brasil era, realmente, respeitado fora do mundo. Era daora pensar
que estávamos sendo reconhecidos como um lugar capacitados para sediar eventos
tão importantes para o mundo. Mas o momento era horrível.
Não parecia, nada sensato, se responsabilizar por investir em infraestrutura
para a realização destes eventos, no momento em que estávamos lutando para pagar
uma conta. Mas ia deixar o povo feliz, e justificaria o quanto o governo é
maravilhoso e grandioso em suas obras.
Eu não vou votar, pois a elite meu país, aqueles que são donos destas
terras, encontrou uma forma muito escrota de forçar a sua vontade. Eles negaram o
poder de decisão do povo em relação aos seus representantes, e, em 2016, criaram
mecanismos jurídicos que justificassem a retirada da nossa Presidente.
Ficou claro para mim, que não importa em quem eu voto. Se não for do
agradado deles, dá-se um jeito de se fazer a sua vontade. Enquanto eu não tiver
confiança no nosso sistema eleitoral, não pretendo participar dele. Votar te dá a
sensação de que é responsabilidade sua o que acontece no âmbito político, na moral,
se eu sou governado por pessoas que assassinam meu país, desde sua concepção, e
eu vejo, na minha cara, uma manobra como a que foi feita, para se fazer a sua
vontade. A culpa não é minha. Não posso carregar o peso de me sentir responsável.
Nós somos vítimas, temos que fazer nossa parte e viver da melhor e mais limpa
forma possível.
2014 tivemos uma crise hídrica no sudeste, coisa que ninguém comenta
mais, mas todo mundo sabe que não se resolveu. Nós ficaremos sem água, os
maiores centros urbanos do país, sem água. E ninguém fala mais sobre isso. Foi bem
no início do segundo mandato da nossa presidente. E assim como o início da nossa
história, desta que está sendo contada aqui, foi o início da sua queda.
A popularidade do governo foi para o saco. Todo mundo culpava o
governo pela falta de água. Mas a galera esquece que para sustentar o agronegócio
estamos abrindo mão deste recursos preciosíssimo para nossa sobrevivência.
Tem tanta coisa errada neste país, dá um medo do caralho.
O mundo inteiro está caótico. O mundo está cada vez mais conservador.
Cada vez mais na mãos daqueles que sempre estiveram no poder.
Mas eu digo, com tranquilidade, é o último suspiro. Quem decide sustentar
esta estratégia de manutenção do mundo são pessoas velhas que não admitem abrir
mão deste poder. Pessoas velhas morrem. É assim que as coisas acontecem. Os
herdeiros, tem a responsabilidade de resolver tanta treta que foi deixada para trás,
aquecimento global, falta de água, imigração. Na moral, o mundo está tão tenso, que
, eu conheço minha geração, ninguém vai querer pegar este foguete. Os herdeiros
tentarão estocar o que herdaram ou se unirão para a solução do problema.
Estou vivendo o fim do capitalismo como um sistema viável para nos
organizarmos. Isto ficará claro no futuro, quando estudarem sobre o nosso tempo nas
aulas de história. E não falo isto porque é o que eu desejo, estou apenas comparando
com os outros momentos históricos onde um sistema econômico foi trocado por
outro. Também não acho que será algo muito diferente do capitalismo. Vai ser o
caminho que acharemos no meio do caos, pois será necessário nos organizar como
sociedade, novamente, e isto acontecerá de um jeito ou de outro.
Minha ideia era falar 10 páginas sobre este assunto. Se tiver muito chato,
eu deixo você pular para o próximo capítulo, não tem problema, a verdade é que eu
acho muito importante registrar o meu relato sobre este tempo. Talvez, seja a parte
mais útil deste livro no futuro. Duvido muito que serei relevante para aqueles que
não me conhecem, descobrir que o maior valor para mim é o sossego, me fez
perceber que evitarei grandes conflitos na vida. Não se foge do anonimato se se
distancia do conflito. Mas é possível, que este ponto de vista, de alguém que viveu
neste tempo incrível de transição do mundo, será interessantes para quem está
estudando como vivemos.
Se este é o seu caso, vou escrever algo especialmente para você, sua busca
para entender o passado é inútil, não se iluda dizendo para si mesma que é isto que
você está fazendo. Eu sei, você está tentando entender o seu presente, a sua vida.
Isto é muito importante. E eu te admiro por isso.
Voltei aqui depois de terminar, mudei de ideia, não pula não, de politica
tem apenas mais poucos parágrafos, separei algumas páginas para falar sobre
alguém muito importante para e que já morreu.
Abraço e boa noite.

Eu deixei um texto lá atrás, de 2013, para mim, este foi o auge da nossa
liberdade social. As manifestações públicas de 2013 foram um exemplo de
insatisfação pública pacifica que foi seguido por todo o MUNDO. Isto foi cabuloso.
Foi durante a Copa das Confederações e eu estava lá.
Parecia uma oportunidade única de dizer e ser ouvido. A estrutura inteira
de poder se assustou. Cara, foi incrível, parecia que tudo seria melhor depois
daquilo. Não esperávamos resposta. Mas ela veio, e foi tenso.
Mas foi lindo, era isso que eu queria dizer, foi lindo. Uma beleza que para
apreciar só olhando. Eu te dou uma dica, procure tudo quanto for registro deste
momento para entender o que aconteceu conosco. É um ponto de partida
maravilhoso.
2013, entre Maio e Agosto. Não esqueça deste período.
E foi a última vez que eu vi meu irmão. Ele morreu afogado poucos anos
depois, Lederson Marcelo do Nascimento, espero que esta menção seja suficiente
para eternizar seu nome na história e fazer com que ele nunca seja esquecido.
Teve um tumulto com a polícia pois a manifestação queria chegar ao
Mineirão, onde teria um jogo do evento. Neste momento, eu não tinha interesse
nenhum de participar. É muito deturpada esta noção de luta, pois a polícia é o elo
mais fraco representado o que não gostamos deste sistema de poder. E as pessoas
que vestem estas fardas deveriam estar do nosso lado neste dia, nós também
estávamos lá representando os interesses deles, pois não havia muita diferença entre
a gente. Eles ganham mal, eles tem família para cuidar e ralam muito para que isto
seja possível. Saca? É triste seguir uma ordem contra aqueles que lutam para que sua
vida seja melhor.
Meu irmão me encontrou no meio do tumulto, eu nunca vou esquecer sua
cara de preocupação comigo, verificando se eu estava bem. Porra, to emocionado
para caralho aqui. Depois ele me perguntou se eu não ia pro conflito, eu disse que
não, que não acreditava nesta forma de luta. E ele me disse emocionado que ele
tinha o dever de ficar e lutar, pois quem estava levando porrada era a família dele e
não dava para ficar parado. Eu pedi que ele tomasse cuidado, que eu me importava
com ele. E ele me disse sorrindo, não se preocupe, foi muito bom te ver. Fiquei feliz
de te encontrar aqui.
Porra, Marcelo, tu fez parte do meu desenvolvimento como indivíduo.
Filosofo por formação, desprendido de grana ou bens, um cara fantástico e louco que
sempre tinha algo daora para dizer. Te guardo no coração, meu irmão. A última vez
que estávamos todos juntos foi no casamento da minha irmã mais velha, ele
contando todo animado sua preparação para embarcar na aventura de ir morar no
Tocantins.
Conheci o Marcelo, pois ele era aluno de música do meu padrasto, eu tinha
8 anos, ele era pouco mais velho que minha irmã mais velha, devia ter uns 17 anos.
E ele ficou na família, chamava minha mãe de mãe. Era divertido, ele participava da
minha família e a gente participava da dele. Mas o tempo foi passando e nossos
encontros escasseavam. Por muito pouco não fiquei sabendo do falecimento dele,
um amigo meu percebeu que ele fazia parte dos meus amigos do facebook e me
avisou. Meu amigo, por sua vez, era conhecido da esposa dele, pois eles
frequentavam o mesmo circuito artístico aqui de Belo Horizonte.
Como isto deixou de ser um registro do que esta acontecendo no meu
mundo para uma homenagem a um ente querido falecido? Falar sobre o mundo que
ele lutou como pode para tornar melhor é o que eu posso fazer para honrar sua luta.
Dizer que ele viveu. Eu penso muito nele, sempre com carinho, minha mediunidade
consegue conectar com onde ele deve estar, um viajante do universo, livre, como
sempre foi. É sempre bom me conectar com ele, pois ele consegue me mostrar o
quanto o universo é vasto e lindo.
Ele foi embora muito jovem, mas viveu como deveria viver. Sei que ele
nunca foi perfeito, mas, não tenho dúvidas, que ele foi importante.
Ele lançou seu livro, uma história incrível por sinal, no dia do meu
aniversário de 22 anos. Ele me deu o volume 22 de presente. Sua obra nunca foi para
o grande mercado, escritor de poesia que era, lutava, constantemente, para encontrar
quem publicasse suas obras. Sempre em vão. Então, aprendeu a produzir livros pela
internet. Fabricou o maquinário com suas próprias mãos e a ajuda do pai, e fez uma
tiragem, ele próprio do seu livro.
O nome da obra “Às próprias custas” por Lederson Nascimento. Ele era
este tipo de homem. Uma inspiração para toda uma vida de nunca desistir de fazer
aquilo que nasceu para fazer.

Elegia

em dias como este


recordo tempos distantes
seu sorriso, seu carinho,
suas mãos fortes e grandes

o tempo é caprichoso
mofa alegrias, petrifica vontades, silencia…
como pode estar tão distante
dividindo a mesma casa

suas mãos já não têm força


a boca sem dentes, não tem assuntos

só estes gestos repetitivos


esta cruel rotina
queria saber para onde vais
quando seu corpo recosta no sofá
quando fica parado no tempo, só olhando o tempo,

o tempo, caprichoso,
emudece sentimentos
distancia abraços
amarga desejos
silencia tudo

em dias como este,


penso;
(?) como posso sentir tantas saudades de você
mesmo estando aqui.

Lederson Nascimento

São 01:23 horas


Hoje é dia 05/10/2018
São 11:33 horas

E aí, tem um mês desde a última vez que eu escrevi. Daora. O livro
acabou. Eu já disse isso, o que tinha para escrever, já está escrito. É isso. Talvez,
você pense, mas ainda tem coisa para ler, como assim acabou? Aceita cara, ou mina,
sei lá, aceita. Acabou. Esta história acabou, que bom que acabou. Para pensar, uma
história sobre trabalho, rejeição e frustração tem que acabar logo, quanto mais
rápido acabar, menor é o trauma.
Vamos lá, meu pai foi muito pouco citado neste livro, se é que ele foi
citado. Isto faz muito sentido, pois ele participou pouquíssimo desta história, quase
não tive contato significativo com ele durante o clímax desta história e eu tive que
passar por muita coisa para exercer o direito de conhecer meu pai. Nossa relação
hoje é muito boa. Ele é um cara legal.
Existe outro motivo para isto, o momento em que esta história foi escrita
mostra uma discrepância gigantesca sobre a minha relação com meu pai e com
minha mãe. Não seria justo exaltá-lo, de nenhuma forma, enquanto descarrego todos
os meus conflitos na minha mãe. Ambos tiveram o mesmo peso nesta história de
merda. Ambos cometeram o erro de me colocar no meio da relação fracassada e de
merda dos dois. E é exatamente isto que continua a me incomodar. Ou você acredita
que minha mãe teria qualquer motivo para me falar o que falou se, ao invés de
depender do dinheiro do meu pai, eu tivesse dependendo do dinheiro da minha
esposa? Sério, ela só ia cagar para isso e tocar a vida dela. Mas, a neurose é tanta
que o fato de depender do meu pai pode fazer com que ele tenha o direito de me usar
contra ela. Entende a treta? E ai ela tem que se defender ou sondar ou entender o que
está acontecendo. Ela TEM QUE FAZER ALGUMA COISA, SENÃO… Eu vivi
isto minha vida inteira e chega.
Eu tive uma boa conversa com minha mãe neste tempo, resolveu porra
nenhuma, mas minha forma de lidar com a parada me fez sentir bem. Parar de cobrar
dela que ela faça isso ou aquilo, que ela seja assim ou assado. Saca, dar para ela o
mesmo que eu tive tempo de dar para o meu pai, a chance dele ser quem ele é sem
que isso reflita meu passado sobre o nosso futuro.
Seus pais não tem obrigação de fazer NADA por você. NINGUÉM tem
obrigação de fazer nada por você. E eles ainda fazem. Chega, isto tem que ser
suficiente.
E olha que eu achei que o livro tinha acabado, ainda dava tempo para usar
minha história para falar algo importante para você leitor. Segue sua vida.
Eu estava muito a fim de terminar este livro, tirar ele da minha área de
trabalho. Arquivá-lo como os outros? Talvez. Tenho me questionado muito sobre isto
estes dias, mas não cheguei em conclusão nenhuma, só fica o incomodo martelando
e que bom que tenho um espaço para falar sobre isto. Eu sempre produzi muito,
sempre me preocupei muito com a produção, com fazer alguma coisa, deixar
registrado que eu existo neste mundo através de minha obra. Sempre. Mas elas
nunca serviram… não, não é deste jeito que se fala sobre isto, é mais específico.
Tem gente que consome o que eu produzo. E isto acontece com muita frequência. A
minha cobrança é com o fato de que eu nunca publiquei nada do que eu produzi.
Deixar a vista de quem quisesse ver. Mesmo no mercado de trabalho, eu sempre
produzi para mim, para o meu engrandecimento, para o meu prazer e daqueles que
compartilhavam aquele momento comigo.
E eu fico me cobrando, saca. E a cada novo produto, o peso do fardo
aumenta. E porque isto acontece? Este é o fruto do meu questionamento. Minha
terapeuta disse, esta semana, que eu tento me libertar daquilo que eu reproduzo. Que
a cobrança que minha mãe teve comigo é aquela que eu reproduzo por mim mesmo.
E esta necessidade de fazer com o que eu produzo seja mais do que elas de fato são,
é a mesma cobrança que eu tenho comigo mesmo e minha história. É, exatamente, o
que eu combati durante toda esta obra. Durante toda a minha vida.
E esta cobrança gera a minha rejeição sobre mim mesmo. E esta
necessidade me frustra. Olha… você viu, não? Ah, eu vi. Esta foi uma tentativa de
amarrar o final com o início. Deixar claro que toda a obra serviu para este fim, para
esta frase de efeito. Vai a merda. Não mano, o livro já acabou. O livro é por ele
mesmo. As coisas são por elas próprias, eu sou o que sou. E eu mudo, o tempo todo.
Foda-se a rejeição, foda-se a frustração. Isto é passado, eventualmente, futuro. Se eu
quero que seja diferente, talvez não seja, pois nem tudo depende de mim, eu tenho
que continuar lutando por isso. E pode dar certo.
Tem mais uma coisa que eu queria para este livro, eu sou um ser mágico.
Foi a forma de escapar da solidão da adolescência, estudar magia. Olha que jeito
maravilhoso de passar o tempo. Estudar com profundidade algo sobre a qual se
suspeita, com convicção, a existência. Isto é maravilhoso, eu sempre fui um artista
por profissão, eu sou bom no que eu faço. Saca, sou aquela pulga atrás da orelha que
é gostosa de coçar. Quantas vezes, eu olhei na cara das pessoas ao meu redor e
percebi que elas estavam se questionando o que eu estava fazendo ali e concluindo
que não importava, pois, de alguma forma que elas não conseguiam explicar, era
bom. Minha presença ali deixa aquele momento melhor e quando não deixava era
culpa delas, estou dizendo, era o que eu conseguia ler no olhar delas, pois era
frustrante quando elas percebiam que se eu não tivesse ali não ia ser melhor, mas se
elas não tivessem talvez seria.
Caralho, que mergulho foi esse meu irmão. Que mergulho. Comecei a
fazer natação, é um impulso legal desta vida maravilhosa que estou levando. To me
fudendo legal para adaptar meu corpo, nada que eu não conheça. Ta muito gostoso.
Eu tenho que agradecer ao vento, eu sou filho do vento, durante muito
tempo ele foi meu melhor amigo, a natureza sempre foi alguém disposta a me ouvir
e eu sempre gostei de ouvir o que ela tinha para me falar. Às vezes, ela sussurrava
histórias que eu nunca vou esquecer na minha vida, eu sei, pois eu convivo com meu
futuro e ele é tão imbecil quanto eu sou hoje, talvez um pouco mais relaxado, eu
amo que meu futuro seja um imbecil. Vou corrigir, imbecil não tem como ter uma
conotação boa, meu futuro é bobo, não tem como ser feliz se não for bobo, se não
for simples e se não for gostoso, meu futuro é tudo isso. Ele não é imbecil, mas saca
a forma de falar, quando alguém bobo te faz rir e você fala descontraído, você é um
imbecil. É um jeito errado de falar, mas você está relaxado e não percebe as palavras
que está usando e está tudo bem.
Tudo que eu observava da natureza e o conhecimento da ciência me levou
à magia. Eu queria me considerar um mago, com um sobretudo vermelho e a camisa
aberta. Tenho um amigo que se vestia assim e se sentia muito bem, para mim esta
sempre será a melhor representação de um mago. Ele se sentiria orgulhoso, ou não,
ele é meio doido, com um humor muito difícil de entender, mas eu adoro isto nele.
Eu estou de bom humor, não estava, mas me conectar com esta parte
maravilhosa do meu passado, da minha história, faz as coisas melhorarem. E eu
tinha deixado isto de lado.
A parte boa destes 27 anos quase não tiveram presentes neste livro, como
se eles não fossem adequados para a história que estava contando, ou porque,
quando escrevi este livro e a necessidade que me fez escrever era de um período
onde esta parte boa mal era lembrado, entende. Foram tempos muito difíceis. Eu não
queria brigar com minha mãe enquanto escrevia este livro, tinha 12 anos que eu
tinha prometido não brigar com minha mãe, 12 anos fazendo uma bolha crescer
dentro de mim e ela estourou para nunca mais existir. Tudo aconteceu como deveria
acontecer, sou um cara muito abençoado nesta vida. Nunca fiquei desamparado, eu
sou filho do vento.
Ele é meu anjo da guarda e está, literalmente, ao redor de toda superfície
do meu corpo não importa por onde eu caminhe neste planeta. Te desafio a ter um
anjo da guarda mais foda que o meu.
Agora só faltam as fotos. Eu sou péssimo em registrar, de forma material,
os momentos da minha vida. Ou eu faço isso com maestria, pois guardo para mim os
melhores momentos da minha vida onde eu posso acessar a qualquer momento. E eu
sou muito desapegado destas coisas. De tempo em tempo, eu faço uma limpa nos
meus arquivos e deleto tudo que eu julgo desnecessário. Pois é, minha ideia é
registrar neste livro, aproveitando o espaço biográfico destra obra, para registrar de
forma mais perene o que eu ainda tenho guardado.
É bom também que eu te dou umas páginas, cara, eu adoro quando me dão
umas páginas, sou do tipo de pessoa que se sente foda de olhar o caminho árduo pelo
qual passei, e quando eu leio um livro, tenho esta sensação quando eu paro de ler e
vejo quantas páginas eu já li. Quando o autor salta uma página inteira de um capítulo
para o outro eu sinto que eu ganhei uma página. É disso que eu estou falando.
Tomei uma decisão também, teve uma parte muito importante destes 27
anos que ficaram de fora ou foram pouco citados, escrever livros. Eu escrevo livros
desde os 14 anos, enquanto meus amigos estavam ficando bons em jogar videogame
eu estava escrevendo. Vou deixar alguns trechos que eu mais gosto do meu livro
aqui, junto com as fotos, assim eu chego na página 200 rapidamente e garanto um
final suave para esta obra. Olha que delicia, este paragrafo acaba no final da página.
Durante fui o Shyriu no universo dos cosplay durante muito tempo. O
Shyriu sempre será muito importante na minha vida e minha formação moral. Foi
por ele que eu deixei meu cabelo crescer com 8 anos de idade, minha mãe sempre
deixou eu ser quem eu quisesse ser e lutou contra todos que tentaram me dizer o
contrário. Minha mãe é foda, ela quem costurou esta fantasia. Ela merece ser muito
feliz. Puta a merda, como é complexo e contraditório. Mãe, te amo. Segue o barco.
Era este tipo de coisa que eu fazia com a fantasia, duvido que minha mãe
soube ou entendeu para que aquilo tudo servia e porque era tão legal sair sábado
bem cedo, para ir num lugar cheio de gente e ficar o dia inteiro andando para la e
para cá.
Hoje em dia, fica só na memória, disposição 0 para fazer tudo de novo.
Aproveite o quanto der enquanto der, pois tudo passa, tudo acaba, seja bom ou ruim.
Adorava ficar pelado no palco. Nunca fiquei completamente nu e nem
achava meu corpo bonito na época, mas me exibir sempre foi emocionante. Se tiver
oportunidade, ou se investir algum tempo e recurso nisso, ainda quero ter um ensaio
nu, bem produzido, em estúdio e tal, para marcar este traço da minha personalidade.
Se te interessou e você gostaria de participar disso, me envie incentivo e dinheiro. Se
você quer algo, faça você mesmo.

Quando eu vi “Valente”, ou no original, “Brave”, da Disney/Pixar, eu me


senti representado pelo personagem na foto acima, foi uma sensação incrível.
Primeiro, pois eu e quem me conhecia achou uma representação caricata da minha
pessoa, o nariz e cabelos grandes, os olhos pequenos, a falta de roupa, tudo parecia
se encaixar como se eu tivesse alguma relevância internacional. Foi bem divertido.
Segundo, pois a personalidade prepotente e dramática do personagem me representa
incrivelmente. A cena em que ele quebra o arco no torneio mesmo sendo o melhor
sucedido dentre os participantes conta muito sobre como eu reajo às adversidades da
vida. A exemplo de escrever um livro para tentar fechar um ciclo estranho na minha
vida. Terceiro, pois o filme inteiro parece contar o tipo de histórias que a gente
interpretava no Graal-MG. Historias medievais com muita criatividade e baixo
orçamento. Foi lá que eu tive minha primeira turma, que participei de eventos de
pessoas que se importavam comigo e me chamavam de amigo. E foi lá que eu
aprendi a gerir e cuidar do que era importante para mim. O Graal-MG é uma parte
importantíssima na minha história.
Ah, e para não deixar de registrar, minha mãe quem fez aquele colete de
corino da foto superior direita, mais uma demonstração do quanto ela me apoiou a
participar daquilo que me fazia feliz, mesmo não compreendendo ou achando graça.
Mas se me fazia feliz, não me colocava em perigo e não enchia o saco, vai filhão.
Minhas visitas ao telhado do Coltec não foram muito divulgadas ou
conhecidas, foram frequentes o suficiente, era um lugar maravilhoso onde eu tinha
certeza que não encontraria ninguém além de Deus e mim mesmo. Quando meus
amigos souberam da minha disposição transgressora, uau, fiz estas sessões de fotos,
num dia só, sem necessidade de enviar qualquer mensagem.
É incrível lembrar dos meus dias neste colégio. Estas fotos representam
bem o sentimento de liberdade que nós tínhamos, não que fosse liberado este tipo de
coisa, assim como a responsabilidade que precisávamos corresponder para possuí-la.
Tive mentores, verdadeiros mestres, maravilhosos. Sinceramente, nunca estive numa
instituição em que me sentisse tão confortável. Foi uma casa para mim, lar de
certezas e inseguranças. Meu universo cresceu ali e eu fiquei menor diante da
imensidão.
Muito obrigado.
O dia que eu cortei meu cabelo, ainda hoje, um dos fechamentos de ciclo
mais importantes da minha história. Esta sessão de fotos existe para abrir um espaço
para esta foto. Frequento o salão do Esterlei há 20 anos, é a relação mais duradoura
com um espaço que eu nutri na minha vida. Sempre tive um ciúme enorme do meu
cabelo e ele é uma das únicas pessoas que eu permito por a mão para cortar. Uma
curiosidade interessante, eu cortei meu próprio cabelo por 3 anos e acredito que
corto bem, tudo motivado por este sentimento em relação a parte do meu corpo que
eu julguei ser a mais bonita do meu corpo.
Cortar meu cabelo foi importante para que eu pudesse valorizar o resto do
meu corpo e me sentir bonito. Esta é uma conquista importante, eu escondia meu
rosto com meu cabelo, tinha vergonha da minha aparência e minha autoestima era
baixíssima. Foi bem triste passar minha adolescência acreditando que eu nunca
encontraria alguém que me amasse do jeito que eu sou. Estou longe de ser uma
vítima, pois desprezei o apreço de quem me admirava devido a padrões estéticos. Eu
fui bem escroto. Chorava que ninguém me queria e quando queria eu julgava se era
bonita ou feia para mim. Aném. Crescer é bom.
Ah cara, queria fechar este texto assim não, na moral, cuidem bem para
caralho do meu cabelo, ele é lindão. Pronto, encerrado, adequadamente.
Uma menção honrosa ao Clarus, meu primeiro carro, quantas histórias que
eu compartilhei com este carro que nunca poderão ser publicadas. Fiz um suspense,
OoooH! Que muleque obscuro. Até parece, tive uma vida pacata e feliz, o que fiz de
errado constrange as pessoas que tiveram envolvidas, quanto a sociedade, cabe
apenas a estranheza dos meus atos, que, dificilmente, eram compreendidos, mas não
assustavam ninguém.
Foi uma dificuldade à parte tirar minha carteira, aprendi muito sobre mim
mesmo no processo e carrego estrategias até hoje, como “Melhor fazer devagar e
certo, do que, rápido e errado”, muitas vezes, para controlar a ansiedade, fico
repetindo, “devagar e certo” durante uma atividade importante. O que é bastante
efetivo.
É isso, esta foto do clarus para mais pra mim mesmo. Para eu ter acesso a
histórias que pertencem só a mim. Particular.
Na moral, nem era para eu escrever tanto. Era para ter as fotos e só. A
intenção de dar as páginas era verdadeira, acabou sendo como é, uma oportunidade
para acrescentar ao livro o que não tinha contexto. Acho bom que seja assim. É
como um livro que acabou e ainda tem o que dizer. Isto é bacana se olhar deste jeito.
Esta foto tem um peso enorme para as decisões que me trouxeram à
situação que me encontro hoje. E isto não é ruim. Elas representam um
amadurecimento importe na minha trajetória e carregam de significado os momentos
bom que vivi nesta casa com minha esposa.
Esta é a nossa (minha e da minha esposa) árvore de natal, no nosso
primeiro natal em família, nossa família, por enquanto, apenas nós dois. É o início
da vida adulta, num momento complicado de nossas vidas, conseguimos construir
coisas lindas sobre escombros e lágrimas. Nosso empenho e compromisso nos
fizeram caminhar por uma estrada de amor e cura.
Sou muito grato, sou muito feliz e te amo muito.
A vida recompensa de formas estranhas.
Agora vou selecionar um trecho do livro, cansei de mexer com foto e, te
falo com sinceridade, se não fosse minha obsessão por encerrar este livro com 200
páginas, estaria suficiente. Nem tem tanta foto mais, nem tem tanta coisa mais. São
15:31 horas, já almocei, já dormi, já ouvi podcast, já deu.
Mas sigamos em frente, quero terminar este livro hoje.

Os guardas que estavam de prontidão algemaram Nator e


eles se prepararam para ir. Leafar e Solamir foram à frente junto ao
rei e a princesa. Nator agora sério seguia atrás com os guerreiros e os
soldados do rei.
Seguiram calados até o centro da cidade. Nator parou de
andar, os outros não entenderam o porquê da pausa e o empurraram
para forçá-lo a andar, o que foi em vão.
__ O que foi Nator? Está com medo de chegar à prisão? -
disse o rei com indiferença -.
__ Não meu caro irmão. Por que devo gastar minhas
energias se logo sairei voando. - disse Nator em tom de deboche,
começando a rir - Vocês realmente acharam que eu ficaria em sua
guarda por muito tempo.
Estavam atônitos. O rei, principalmente, achou que ele
estava doido “sair voando” pensou ele, mas mal perceberam e oito
águias gigantes de quatro metros de altura o rodearam em pleno
centro. Todas as pessoas que ali estavam, fugiam com medo.
Assim que todos se distraíram para olhar as aves Nator
socou o guarda que o segurava as correntes das mãos e levantou-as,
em um vôo rasante, uma das águias quebrou as correntes que o
prendiam e outra o pegou. Todos os guardas sacaram seus arcos e a
mandato de Solamir dispararam na águia que carregava Nator.
As águias protegendo umas as outras atacavam os guardas
sem piedade, matando muitos deles. A princesa e seus guerreiros
sacaram suas espadas e conseguiram abater uma das águias. Se
vendo em difícil situação o rei sacou sua espada e lutou bravamente
ao lado de sua filha.
__ Peguem a princesa. – ordenou Nator já montado -.
Luldros, vendo tal situação, pulou na frente da princesa no
momento em que uma águia iria pegá-la e cravou sua espada na pata
esquerda da mesma, esta em momento de fúria apertou-o e jogou-o
longe o deixando imóvel e quase sem vida.
A princesa, desesperada, pulou na pata esquerda da águia
que feriu seu amigo e com a espada do mesmo fez-lhe um corte
profundo no peito.
A águia caiu no chão em cima da princesa, esta aproveitou
da situação e usou-a como abrigo, sabendo que as outras ao tentar
pegá-la ficariam vulneráveis aos ataques dos outros, mas as águias,
contrariando seu pensamento, pegaram o rei e o levaram.
Leafar que já estava participando da luta com a espada de
um guerreiro morto correu na direção da águia que seqüestrara o rei.
Solamir tentou impedi-lo o que foi em vão.
Já longe ele guardou sua espada e pulou na pata da águia.
__ Você está bem? – perguntou Leafar para o rei -.
__ O que você está fazendo aqui garoto? Pule enquanto há
tempo. - tentando se soltar de qualquer forma -.
Leafar ouviu o rei, mas não deu ouvido as suas palavras.
Em uma atitude desesperada pulou nas costas de uma águia que
sobrevoava abaixo deles. Após arrancar varias penas da grande ave
escalando-a, conseguiu com dificuldades se segurar.
A águia tentou de todas as formas tirá-lo de seu lombo, mas
ele com um olhar confiante e depois de abusar de toda a sorte que
tinha rastejou até sua asa e a quebrou com as mãos depois de muito
lutar para se manter vivo.
Todos se espantaram quando viram que a ave que Leafar
pulara estava caindo, Solamir internamente já lamentava a morte do
filho, só se alegrou quando o viu dominar a ave que se debatia no
chão buscando liberdade. Todos os soldados sobreviventes agora
ajudavam a conter a ave que poderia ser útil na descoberta do
paradeiro do rei.

Sempre que eu me lembro deste livro, eu acabo pensando nesta cena. Já


refleti muito sobre, antigamente, eu achava que ela era muito melhor escrita do que
era e sua descrição era tão boa quanto as obras primas que já consumi. Mas não é.
Eu sei que não. Seu valor está associado ao meu emocional, da conexão que eu
tenho com o momento que escrevi estas palavras, a primeira vez que olhei para o
texto e falei “É isso. Esta é a essência do livro, agora cheguei na aventura.”
Primeiro, tem o leafar voando, segundo, tem ele sendo útil, terceiro, tem ele sendo
imprevisível e capaz. Eu adoro esta cena.
Se você gostou, quer saber o que há antes ou depois, me manda uma
mensagem, se eu tiver publicado este livro, compre-o, vai fundo. Divirta-se. Este é
um trecho do inicio do livro Lartsecan Conhecendo a ti mesmo. Se eu publiquei e
mudei o nome, me desculpe, dificilmente vou lembrar que escrevi isto aqui para
lembrar de modificar, pensando melhor, que burro, como eu vou mudar a publicação
deste livro? Vai saber como será o futuro, eu acho que vai ser muito bom. Quem
sabe eu, finalmente, não ganho algum dinheiro como escritor, investindo em
melhorar minha escrita e meu português eu já estou fazendo. Trabalhando em
entender minha arte e a manifestação da minha identidade também. Acho que estou
num bom caminho.
Pagina 194, são 15:50 horas, vai chover para caralho daqui a pouco e vou
buscar minha esposa na casa do meu sogro. Em seguida, um monte de fotos de
perfil, prevejo que 3 paginas disso sem muita explicação, só para ter uma ideia de
como eu mudei fisicamente e como eu me parecia nos momentos que estão descritos
no livro, depois disso, se preparem para uma encheção de linguiça daquelas bem
gostosas até a página 200. Talvez você deva pular as últimas frases, talvez não. Eu
não tenho nenhuma surpresa para o final, mas ninguém sabe do futuro, talvez você
encontre lá o que precisa, principalmente, se você leu esta história inteira e ainda
não encontrou. Isto aqui já é encheção de linguiça. É a vida.
Eu escrevo alguma coisa aqui só pra preencher este finalzinho de página.
Acho que sim. Mano, eu não falei nada sobre One Piece e meus animes favoritos.
Todo mundo falou que eu ia parar de ver depois da infância, isto nunca aconteceu.
Eu adoro estas fotos, meu trote quando eu passei no Coltec. Uma festa e
tanto. Talvez eu fizesse isto de propósito atualmente, seja por protesto ou por arte.
Fato é que elas são incríveis.
Este foi o máximo de tamanho que meu cabelo chegou, tirei esta foto
antes de cortar. A foto do topo é a única foto da minha adolescência que eu gosto,
que eu acho bonita. É isso aí.
Foi assim que ficou depois que eu cortei o cabelo, corte baseado no
cabelo do Tom Cruise no filme “O último samurai”, adoro este filme e foi de ver
muito este filme que eu pensei que poderia ser uma boa ideia cortar o cabelo.
Este é o Rafael que namorou a Ex-namorada. Dá para ter uma ideia do
que chamou a atenção e o quanto eu já estava fisicamente mais bonito. Eu tinha cara
de bobo. Sabe, cara de quem tenta ser bonito. Fazendo força para ser legal.
Este é o Rafael casado com uma mulher maravilhosa que o ama.
Melhorou para caralho, fase difícil da vida, mas amo a mim mesmo nesta fase da
vida. Continuarei melhorando, ai eu vou envelhecer e lembrar, com carinho desta
época.
E assim encerro este livro. Agradeço muito sua presença até aqui. Foi
muito agradável para mim te entregar esta obra, compartilhar contigo a minha visão
sobre a minha história.
Vale avisar e ressaltar que, apesar do caráter biográfico esta pode ser
considerada uma obra de ficção, os eventos aqui relatados podem ter sido distorcidos
intencionalmente em favor de uma ideia ou mensagem a ser transmitida, ou mesmo,
a fim demonstrar empatia e afinidade com o perfil do público consumidor. Estas são
estratégias para que a mensagem seja valorizada e melhor absorvida.
Não se sinta traído por isso, meu querido ou minha querida, a vida privada
de cada pessoa só cabe a ela própria e aos envolvidos. Ao consumir uma obra deste
tipo, relevante se faz, o impacto positivo para pode gerar na sua própria vida e as
iniciativas de mudança que ela tem potencial de provocar.
Peço, antecipadamente, desculpas a qualquer pessoa que se sinta ofendida
com o conteúdo ou linguagem utilizada nesta obra. Faço este pronunciamento, pois
uma mensagem não é apenas o que é transmitido, mas, também, a forma como é
interpretado. E eu não tenho o menor controle por esta segunda. Você é livre para
interpretar meu texto da forma que lhe convir, contudo, em se tratando de
sentimento de ofensa, considero este um péssimo sentimento para carregar consigo,
por isto, me preocupo com você e espero que este pedido de desculpas alivie seu
sentimento.
Por fim, desejo que você se inspire a escrever sua própria história. E que
seja uma jornada que vale a pena ser escrita. A vida é breve, mesmo quando se é
imortal e ninguém merece um instante ruim sequer em sua trajetória, por isso, não
abaixe a cabeça diante algo que te incomoda e acredite que é isto que você merece.
Eu não te conheço, mas sei que você não merece, ninguém merece. Se é algo
enraizado em você, procure ajuda. Isto é muito sério. Procure ajuda, faça o possível
para aliviar a sua dor. Você merece ser feliz e a felicidade é o caminho que se
percorre.
Eu queria finalizar dizendo que eu te amo. E se eu falasse isto para mim
mesmo seria uma verdade. Eu não tenho motivos para te amar além de você ser meu
irmão. Então, fecho esta obra com um pedido, mesmo que ainda não seja verdade,
peço que diga para você mesmo, e faça isto até que se torne verdade: “eu te amo”.
São 16:53 horas

Você também pode gostar