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Eu não tenho nenhuma forma legal para começar isso aqui. Esta
primeira frase fala MUITO sobre todo o conteúdo futuro, será? Eu não faço
ideia sobre o que vem por ai. É sobre isso que se trata o futuro. Ainda sim,
tenho convicção de que este raciocínio é verdadeiro. Por experiência. Eu
utilizo este recurso de descrever o presente, com frequência, quando
pretendo começar alguma coisa.
E alguma coisa está começando.
Ou eu acho que deveria começar.
Ou eu gostaria muito que já tivesse começado.
Eu tenho muito medo. Mas não vejo outra forma de chegar onde eu
quero chegar. Isso também não é novo. Algumas vezes na minha vida, me
deparei com uma expectativa de futuro que muito me desconfortava, mas
que via como necessária para chegar onde eu queria.
E aqui eu estou. A pessoa mais bem sucedida que eu poderia ser.
Complexada, deprimida e raivosa, SIM, mas muito bem sucedida.
O engraçado, e isto é de fato hilário, este conceito de sucesso esteja
bem fora do padrão. Sou uma pessoa sem emprego, sem curso universitário,
com uma fobia social que nunca tinha experimentado, me curando de um
processo sinistro de depressão, odiando minha mãe por reconhecer a figura
tóxica que ela representa para si mesma, principalmente, e a influência
negativa que ela exerce na minha vida, sustentando financeiramente pelo
meu pai e eu tenho 28 anos vivendo no pior cenário politico e social que eu
já vi meu país passar.
Vou deixar bem explícito, para você que não entendeu a graça nisto
tudo. Eu acredito que você leitor vai pensar que eu descrevi tudo de ruim da
minha vida. Se você não viu assim, parabéns, você é uma pessoa incrível.
Eu citei, qualidades que eu cuidadosamente construí, minha satisfação é ter
chegado neste resultado me sentindo muito jovem, com todo o vigor para
viver e construir mais 3 destas vidas.
…
Eu sou uma pessoa incrível.
Mas eu tenho este mal hábito desviar de assuntos que me geram
desconforto e terminar por concluir que eu sou uma pessoa incrível. Talvez
por esta ser a única verdade da qual eu tenho, realmente, certeza.
Eu gostaria muito de fazer uma lista das coisas boas da minha vida
que todo mundo, realmente concorda. Foda-se, a jornada é minha, aguentem
ou desistam.
Eu sou casado, a 6 anos com uma pessoa incrível, um dos poucos
registros sem arrependimento até o presente momento, eu sei que dá tempo,
mas isso é vida, curtir enquanto as coisas são boas e vivas. Eu tenho o meu
espaço, minha casa. Eu preciso de muito pouco para ser feliz e bem nutrido.
Eu sou rodeado por pessoas que me amam de verdade, e eu inspiro este
amor nelas, me amar faz com que elas percebam o quando são incríveis e
isto estimula o amor que elas sentem ou podem sentir por si mesmas. Eu
manifesto com frequência o quanto eu as amo, aproveito mesmo cada
oportunidade. Finalmente, eu tenho meu tempo e ele é só meu. Ninguém se
dá o direito de sequestrá-lo, sério, está é a coisa mais importante, a coisa
que eu mais gosto, neste breve e singular momento de vida.
Não pensei que teria uma oportunidade como esta de explicar por
que amo tanto a primeira lista. Mas, obrigado. Cada item da primeira lista é
componente fundamental para o mundo me enxergar como um fracassado.
Sendo um fracassado, este mundo perde o interesse em mim e eu posso ter o
meu tempo só para mim. As pessoas que me amam e me mantêm vivo não
são o mundo, elas são eu, elas sendo eu, posso gastar meu tempo para nutrir
e cuidar delas como elas merecem. E sério, as coisas agora tem sabor.
Sem mais delongas. Eu não quero continuar odiando as pessoas. E,
eu pretendo chegar neste resultado, na verdade, é sobre este caminho que eu
falei, vendendo bala. Para deixar claro, este é o assunto que me incomoda.
Eu odeio a sensação de rejeição. Sempre me senti especial, uma luz
neste universo frio e vazio. Saber que o outro, que é tão importante quanto
eu, tem o direito de não me querer por perto. É um absurdo.
Como ele não percebe que eu sou um gênio? Como ele não
consegue entender minha arte? Isto é natural para você? Talvez você
também tema ser rejeitado.
Eu escrevo livros desde meus 15 anos de idade. Quase ninguém
nunca leu o que eu escrevi. Publicar minha arte é um processo doloroso. Já
descontinuei muitos projetos, pois alguém teve acesso e fez algum
comentário. Sério, alguns deles nem eram ruins. Mas sentia que minha obra
estava contaminada pela mente de outro e, como tudo que está
contaminado, não dá vontade de chegar perto.
Estão arquivados.
Eu me sinto fragilizado, estou criando estratégias para mergulhar.
Nenhuma delas será tão efetiva quanto o salto. Planejo para segunda feira.
Agora está claro para mim que não vai dar certo. Eu me conheço, sou
safado. Segunda é tempo suficiente para parecer uma boa ideia, mas longe o
suficiente para não precisar botar em cheque minha disposição real de
começar.
Também, não preciso me pressionar. Vai dar tudo certo. Só de
reparar este mecanismo de defesa funcionando, este texto já serviu. Sem
pressão, o show não vai começar enquanto eu não subir no palco e o palco é
o mundo la fora.
Seja livre capitão foda-se.
Aceite os presentes da vida.
Se forem ruins, jogue fora.
Se forem bons, abrace.
Eu to com medo
Não quero sair.
Eu quero chorar
Me retrair,
encolher e fingir que não existo.
17 de Junho de 2018
São 20:56 horas.
18/06/2018
São 00:25 horas.
Talvez, este livro seja o mais fiel relato sobre o meu processo
criativo. Um dia, não mais do que uma semana atrás usando o agora como
referencial, eu li uns textos antigos, neste mesmo formato, que usei para me
expressar e aliviar o stresse. Acho que foi a primeira vez que dei valor para
este tipo de obra que eu compus. Das outras vezes, eu apenas me criticava,
apontando a forma infantil como eu pensava e a evolução da minha escrita.
Estou completamente afoito, por um momento, pensei em escrever
desesperado, mas percebi, no meio do processo, que esta expressão
superlativa era um indicio claro do quanto eu estou, na verdade, afoito.
Para mim, afoito é quando você quer atropelar o tempo, ser um
batedor na sua própria história, quando você está tão louco que gostaria de
avançar no tempo e espiar o que pode acontecer. E você, realmente, vive
tudo isto.
Sem dúvidas, eu gostaria de estar dormindo agora. Mas continuo
acordado, pois, lá no fundo, eu acredito que se eu tiver muito fudido
amanhã, eu não vou ter forças para vender as balas. O absurdo é que esta
ação gera o resultado que eu quero evitar vendendo as balas. Uma dor
insuportável, um sentimento de culpa, um desespero desmedido e sem
propósito, e mais um pouquinho de dor e frustração.
Mas, sabe, quando eu, finalmente, me mover, dificilmente, vou
encontrar um resultado pior do que eu já vivi. Um resultado pior do que eu
estou me impondo agora. Geralmente, usando da minha própria experiencia
encontro uma vida maravilhosa e brilhante. Encontro em mim um potencial
que duvidei existir, uma capacidade sem igual de superar desafios e vencer
a mim mesmo.
Minha dúvida sempre é, esta merda vale a pena?
Puta a merda, por que eu tenho que ser assim? Incrível e
desajeitado.
Engraçado, eu estava mesmo com muita vontade de falar sobre
mim. Sobre a minha libertação de quem eu deveria ser e claro
comprometimento de valorizar e observar quem eu sou. E eu estou me
sentindo um fracassado. E eu estou me borrando de medo de ir la fora, de
conhecer pessoas. De vender estas merdas. É intenso e me destrói por
dentro. Me faz querer morrer. Ao mesmo tempo, que eu sei, que não é a
morte que eu estou procurando, apenas uma fuga do agora.
Estou muito triste. Meu sentimento está muito triste. Pois ele se vê
sem saída. Mas eu sei que fui eu quem caminhei para cá, justamente,
procurando caminhos para seguir.
Sempre me senti desajustado. Feio. Hoje eu culpo minha mãe por
isso. E ela é mesmo muito filha da puta. Apesar de entender que este
egoísmo e egocentrismo é só uma manifestação fajuta de vontade de fugir
de si mesma. Dai eu tenho pena.
Triste para mim, é perceber que não haviam escolhas melhores, que
mesmo me sentindo um merda, não tinha jeito de ser melhor do que eu já
sou. E eu sei porque, eu sou foda para caralho. Mas o mundo não sabe
disso, e eu sei que ele nunca será. Eu nunca serei reconhecido por aquilo
que eu sou, pelo o que eu sou capaz de fazer. E é simples o motivo: eu não
tenho a mínima vontade de fazer isto por ninguém. Quais são as chances de
eu encontrar um mundo inteiro de pessoas dispostas a fazer isto por mim?
Eu sei que são bem próximas de 0. Eu parei de procurar por isso, mas eu
ainda me frustro. Nunca serei visto por aquilo que eu sou.
Quer dizer, o mundo pode nunca me ver, mas aqueles bem
próximos podem chegar muito perto de se beneficiarem pela pessoa incrível
que eu sou. É um caminho bem difícil, mas os resultados são do caralho. Já
experimentei um pouco disso. E se chama caridade. Quando você se doa por
completo por alguém sem esperar nada em troca. E sabe, mas é engraçado
para caralho, a gente está tão desacostumado a receber alguma coisa de
graça neste mundo de merda, que a gente quer retribuir mesmo assim.
Geralmente, é um sorriso que damos em troca. Um sorriso que cura
qualquer coisa.
Vai se fuder. Papinho chato para caralho, eu to sofrendo aqui, seu
merda. Usar meu tempo, não. Vai se fuder. Era para gente estar dormindo,
bem gostoso. Não vem com esta de usar meu tempo não. Vai se fuder
gostoso. Aff. Calma. Eu sei que está difícil. Você tem certeza que a gente
vai vender balas amanhã e está fazendo tudo ao seu alcance para evitar.
Obrigado pela confiança.
Vamos falar do que você sente e porque escreveu tudo isso. Eu não
quero amar as pessoas de novo. Estou cansado deste ciclo frustrante e
doloroso de decepção e morte. Eu sei, eu sei. Eu sei que você merece
experimentar a felicidade plena de quando as coisas dão certo, por isso, eu
também sei que é inútil resistir assim. Você sempre me vence com este
sorriso bobo. Mas estou cansado de me ferrar.
Eu não quero continuar vivendo neste mundo. Me doi, me doi. Eu
estou aqui, fael. E tudo vai levar o seu próprio tempo. Você é muito fofo,
mas sua urgência é visível. E eu não quero mais atrapalhar. Tenho muito
medo do seu sucesso. De ter que destruir de novo este mundo maravilhoso
de não ter que fazer nada para continuar sendo eu. De ser reconhecido por
fazer coisas mundanas, pois todo mundo acha que eu estou tão na merda
que qualquer coisa que eu fizer de certo é lucro. Eu sei que não dá para
viver culpando e odiando minha mãe, nem depender do recurso material do
meu pai.
Eu sei que não sou mais criança, que ninguém me vê mais como
alguém dependente. Mas que ninguém também acha que sou tão incrível
quanto eu sei que eu sou, mas também nunca vou ter este tipo de sucesso ou
reconhecimento delas. Principalmente, por isso ser doloroso para elas. Ver
que um merda que nem eu, que nem elas, conseguiu ter o reconhecimento
que elas não foram capazes de lutar para ter.
Acho que a última coisa que eu escrevi foi o relato mais importante
de todo este momento. E eu nem ao mesmo sei o que eu quero fazer ou
onde quero chegar. Se não fosse por você, eu estaria completamente perdido
e sem propósito. E, por mais que eu lamente por você querer umas coisas
difíceis demais de engolir e aceitar, tudo que eu quero é estar ao seu lado,
vendo você crescendo feliz e saudável. Estou velho para muita aventura, seu
jovem que suga todas as minhas forças.
Sabe, eu te amo de verdade. Ninguém nunca será capaz de te amar
como eu te amo, apesar de ver que tem gente que chega bem perto. Fico
feliz por isso.
Este passo da jornada é importante. Se você não se ama, todo passo
na direção certa será sabotado por você mesmo. E o triste, é que você vai
culpar outras pessoas, o que vai deixar tudo ainda mais difícil.
Provavelmente, você é uma pessoa maravilhosa. E basta querer alguma
coisa para que ela seja sua. A gente é sempre o pior que pode nos acontecer,
não se esqueça. E se chegou até aqui, obrigado, sinceramente, eu estou
escrevendo tudo isso achando que ninguém, como todos os meus outros
textos, vai ter acesso a eles. Então, você existir faz com que eu exista de
verdade. Obrigado.
Mais um fim.
São 00:58 horas.
18/06/2018
São 19:36 horas
Nossa, Rafael, está tudo bem com você? O texto anterior foi tão
estranho, pesado, denso. Foi um desabafo, puro e simples, ou ele tem a ver
com a obra deste livro? Eu parei para pensar um pouco, numa jornada de
trabalho, rejeição e frustração, perai, só um minuto, você não pensou porra
nenhuma, cara, você teve que voltar para ver o título do livro. Que sacana.
Vou responder as perguntas feitas até então e vou extrapolar um pouco, pois
agora nós nos fundimos num só e eu sei o que você estava pensando.
Primeiro, estou bem sim. A loucura passa rápido e estas obras
complexas de arte bruta levam um tempo para serem digeridas, mas também
produzidas. Eu briguei com minha mãe no dias das mães, este ano foi dia 12
de maio eu acho, e elas me jogou muita coisa maldosa na cara, depois teve
um evento ridículo de tentativa de redenção que me rendeu desestrutura e
pavor dentro da minha casa. Mas, reconheço, também, que coisas boas
nasceram deste caos. E não jogo tudo quanto é pedra neste evento. Mais
tranquilo e com mais coisa vivida, hoje, posso transformar este sentimento
que me consumiu e seus subprodutos em arte. Isso tudo para justificar que
eu estou bem. Cara, eu nunca estarei bem, quer dizer, eu sempre estarei tão
bem quanto eu consigo estar. Entende. Arte. Confusa e conflitante.
Olha, acho que minha enrolação respondeu as duas perguntas ao
mesmo tempo. Ou não respondeu nenhuma das duas e serviu bem como
enrolação. De nada.
Eu tenho algo a falar sim. Para você, leitor, pelo menos, espero que
haja um leitor. Que na verdade, costuma ser eu mesmo no futuro. Que numa
onda de nostalgia e curiosidade acabo revendo estes textos.
:) Isso mesmo, estou aqui no dia 12 de Setembro de 2020,
confirmei ontem que passei no concurso de bombeiro militar e decidi
destruir a Dspirit, definitivamente. Como não demorei muito para fazer isso,
aqui estou, sendo seu leitor numa jornada interrupta até o momento. Queria
tanto te dizer o quanto eu sou incrível. O quanto eu estou saudável. E que
vai ficar tudo bem. Você venceu, Rafael, você é foda.
Apesar, que acredito que tenham chances melhores deste texto se
tornar público, por todo momento de individualidade e produção artística
que estou inserido.
Retomando, leitor, querido leitor. Passo importante para continuar
andando é conhecer as correntes em volta de suas mãos e pés. A gente se
acostuma andar com estas merdas e com o tempo começa a achar normal a
lentidão das coisas. Na moral, livra-te do que te atrapalha. Sabe aquela
ferramenta velha, isso, aquele lápis quebrado, aquele carro enguiçado, se
livra destas coisas, irmão. Pois elas consomem seu tempo e ocupam espaço.
Na tentativa de exemplo, vou falar mais sobre minha mãe, quem
sabe eu não termino de desabafar. Nossa relação é bem estranha, mas
sempre parece que a gente se puxa pro abismo. Saca, quando a gente era
pequeno, minha mãe bancava tudo, nossa educação, nossa alimentação. Era
uma super mãe e nós eramos quatro filhos. Não apenas uma vez, eu olhei
para nossa vida e pensei: porra, se eu não tivesse aqui, minha mãe podia
viver mais para ela. Era doloroso, triste, me sentir um fardo.
Mas sabe, o tempo já passou desta época e, da minha óptica atual
eu penso, mano, minha mãe era bem mais feliz nesta época do que agora,
pois todos dependíamos dela e ninguém podia reclamar de nada que ela
descarregava toda a sua raiva e frustração na gente. E eu sempre tomei tudo
isso na cara.
Eu tenho uma boa dose de rancor da minha irmã mais velha.
Quando meu pai saiu da equação e eu associei a ele um sentimento de
abandono filho da puta, eram apenas eu, minha mãe e minha irmã. Meu
padrasto e meu irmão entraram bem rápido nesta logística e tudo ficou
muito confuso. Eu tinha 7 anos, lembro da minha irmã me chamando de
Demônio com muita frequência. Minha mãe era uma santa para mim na
época. Meu pai era a encarnação do diabo, mas só porque eu não conhecia
ele e o desconhecido é assombroso.
Minha irmã me chamava de demônio, na verdade, ninguém da
minha família demonstrava gostar mesmo de mim. A família da minha mãe.
A do meu pai eu nem conhecia direito. Na verdade, minha tia Beth sempre
me protegeu e no fundo, eu era bem mimado. Mas, eu era sempre o
moleque encapetado. Tolos, queriam exigir de mim, uma criança, postura de
adulto. E fuderam minha cabeça no processo, colocando em mim a culpa de
estar errado o tempo todo. Filhos da puta.
Eu sei que não fica muita coisa clara, mas, entende, como não é só
minha mãe. Estou, deliberadamente, defendendo ela. Porque muita coisa tá
errada e não é justo deixá-la de vilã. Lutei pelo respeito e admiração deste
povo todo, luta vã e vadia, que belo tempo perdido. Consegui, melhor do
que se não tivesse conseguido. A galera lá me respeita. Sou visto como um
cara inteligente, que conquistou algumas coisas. Mas sabe, eu joguei tudo
isso no lixo, inclusive minha relação com eles. Pois é tóxica e não me
alimenta.
Aqueles que vieram depois de mim são do caralho, meus irmão
mais novos são foda, mas me culpo por representar para eles um adulto
como os que vieram antes de mim representaram para mim. Meu irmão
mais novo já me confessou que eu sou a pessoa da qual ele tem mais medo.
Minha cabeça é ferrada por causa disso. Minha irmã mais nova é
adolescente e me coloca num pedestal de vidro. To tentando sair deste
pedestal antes que ele se quebre e eu me ferre nos destroços. Ela se sente
abandonada e infeliz, eu sou um dos que abandonaram ela para fugir
daquele lugar. O triste é que ela ficou e dá uma preguiça filha da puta de
voltar para resgatar ela, até porque, seria lutar com minha mãe outra vez e,
na moral, eu amo demais minha irmã caçula, mas não rola. É uma batalha
perdida, minha mãe tem a guarda dela, ela é menor de idade e fazer isso é
declarar uma guerra que não é mais minha.
Minha irmã mais nova tem depressão e eu não sei o que fazer sobre
isso. Quando estou com ela, o que é MUITO raro, eu tento fazer a vida dela
melhor, de verdade, e é por isso que ela me põe no pedestal. Uma conclusão
tirada de trechos das coisas que ela me fala.
Porra, mano, minha história é triste para caralho, estes sentimentos
estavam tão dentro, mas tão fundos que eles contavam esta história, mas eu
nunca consegui ouvir. Obrigado por isso.
Vi minha família ruim desde cedo, nunca fui sozinho, mas meu
primeiro grupo de amigos veio aos 15 anos, passei 8 anos tentando
sobreviver dentre estes cacos. Foi foda. Ainda é.
Quando eu falo para minha esposa, depois de passar 6 anos de
resolver merda juntos, que eu nunca fui tão feliz na minha vida quanto
agora, é desta história a qual me refiro. Hoje eu tenho silêncio, sossego, sou
respeitado por quem eu sou, por gente que eu faço questão que esteja perto.
Posso ser eu, sem me esconder ou me humilhar. E, quando dá uma merda,
sou eu quem estou lá para resolver. Minha vida é muito boa.
Eu olho para minha mãe, se metendo nesta vida que ela não se
esforçou para viver comigo e penso: “eu não preciso dela” “ela mesmo joga
na minha cara para eu não contar com ela” “porque eu estou discutindo”
“ela foi importante, mas mora no meu passado” “eu não quero mais
conviver com uma pessoa que me faz mal”.
Saca, me doí, pois eu nutri expectativas em relação a minha mãe.
Queria que ela fizesse parte da minha vida, queria ver ela bem, queria
resgatar o que tinha sido bom na relação da nossa família. Nem tudo é ruim,
e minha irmã levou pouco tempo para deixar de me chamar de demônio, na
verdade, coincide bem com a adolescência dela, filha da puta adolescência.
A verdade, é que qualquer coisa que eu guarde no coração só me
faz mal. E, na real, eu não tenho muito motivo para guardar porra nenhuma
dentro de mim. Todo este ódio existe, exatamente, para destruir estas coisas.
E na real, seria bom que o tempo passasse e coisas boas novas surgissem
dentro da minha família. Mas não é este o momento. O momento é de
destruir e odiar. De mandar tomar no cu, de revolta e caos.
E se enviar o dedo na minha cara, vou quebrar a mão. Se falar
merda, vou queimar a língua. Eu aprendi a ser mal naquele ambiente, eu não
gosto disso, na verdade, faz muito tempo que eu não preciso de nada disso
para viver. Transformo tudo isto em arte, em vida e ensinamento para os que
vem. Eu sou uma pessoa boa, capaz de fazer o mal, mas, voluntariamente,
decidido a não fazê-lo. Às vezes é difícil prosseguir vivendo assim, como
agora, mas minha cabeça dorme tranquila e meu coração leve.
Boa noite.
São 00:11 horas.
Eu escrevi este texto no celular, para ocupar uma espera que estava
me matando de ansiedade. Hoje, eu consigo associar este script que eu citei
no texto com a repressão que eu vivi, por parte da minha mãe, de ser quem
ela esperasse que eu fosse. Mas eu só sei ser quem eu nasci para ser, esta
pessoa incrível.
Novamente, quero deixar claro uma coisa. Se minha história tiver
que ter um vilão, eu serei o vilão, recuso dar este papel a qualquer outra
pessoa ou personagem, real ou fictício. Está claro? Eu sou a porra do vilão
foda desta história. E, eventualmente, sou o herói, mas só, eventualmente,
viu? Minha mãe é uma figura frágil, quase uma adolescente, que ainda não
descobriu que o mundo está além do que ela conhece dele.
Minha mãe, desde que não incomodasse a forma como ela vive,
apoiou a minha liberdade de me expressar. Com 8 anos de idade eu deixei
meu cabelo crescer, para ficar parecido com o Shiryu, dos Cavaleiros do
Zodíaco, se você não conhece, foda-se, vou explicar o que é não, vai
procurar e assiste, vai te ajudar a entender coisa para caralho sobre quem eu
sou. Shiryu, você é um cara foda.
É claro, que o cabelo grande não me ajudou a me relacionar com
nenhuma garota até os 18 anos de idade. Todo mundo achava meu cabelo
lindo, mas ninguém queria assumir o resto. Eu me achava feio para caralho.
Hoje eu me cultuo em segredo. Eu me acho bonito para caralho, mas
alguém sempre se ofende quando eu falo isso em voz alta, então, foda-se.
EU SOU BONITO PARA CARALHO. Vejam fotos, e você vai
dizer, áh, nem é isso tudo, você se acha demais.
Propaganda e autoestima, meu caro. Se tu não curte o que faz, ou o
que produz, se não dá valor para quem você é. NINGUÉM VAI FAZER.
Vou fazer uma pausa, está frenético isto aqui, tá ficando confuso
até. E está doendo. Nussa, são 00:44 horas e eu escrevi sem parar.
Então é isso por hoje, já está bom demais
São 00:45 horas.
Boa noite.
Escolhi o texto que vou trabalhar, ainda não li, mas parece
promissor, agora, vou só colar ele aqui e vou dormir, vocês já terão acesso a
versão editada e comentada, ou seja, para vocês é só continuar lendo, para
mim, será uma longa expectativa e produção. O texto saiu de uma conversa
no Skype, nunca achei que usaria para algo e vai dar um puta trampo editar
tudo. Mas vai ser bem legal.
AVISO: Estou escrevendo o contexto e está ficando enorme, vale a pena ler,
mas não faz muita diferença se você pular para o texto que prometi entregar
e voltar para ler o contexto depois. Você quem sabe.
Observações técnicas:
• Este é um texto de skype, modifiquei o ritmo do texto
para se adequar a linguagem de livro.
• Todos os nomes citados foram trocados a fim de preservar
identidade.
• Corrigi a ortografia, me agradeça por isto, tinha muitos
erros e ainda devem ter ficado alguns.
• Editei metade do texto, estou pensando, seriamente, em
cortar algumas partes, mas não cortei nada ainda.
• Decidi não cortar nada, estou quase no final, mas vou
marcar de amarelo tudo que eu acho que pode ser pulado,
dai você decide o que quer fazer.
• A parte sobre os testículos ficou amarelo, mas valeu
contar a história.
• O texto é enorme, mas, confessa, você esperou por isso.
Editar demora e cansa. O texto segue arrumadinho, para você
apreciar. Após o texto, em outro dia, eu releio o texto e comento.
Grande abraço, aproveite.
“Rafael”: Nem estou e já achei que hoje era amanhã. (este texto foi
escrito próximo das 00:00 horas).
“Rafael”: Amanhã.
“Rafael”: Demoro.
“Rafael”: Ah! Brother, tive uma conversa tensa com minha mãe
domingo, minha vida está maravilhosa, mas estou um pouco abalado. Ossos
do ofício, na verdade.
“Metal”: Entendo.
“Metal”: Que bom que gostou. Estou com tanta coisa que eu nem
sei o que fazer, mas empolguei nos lances de eletrônica.
Às vezes parece que a gente quer jogar tudo para o alto, mas, na
verdade, só quer um remédio eficiente para a dor, assim que a dor passa a
determinação volta e lutamos com todas as forças para agarrar o que nos é
devido.
“Metal”: Concordo.
Tipo: eu penso, “minha vida nem é ruim, ela é boa, mas isso não é
suficiente. E eu me pergunto porque não é suficiente?” Eu mesmo respondo,
“é suficiente sim”, dai a conversa morre e vou fazer alguma coisa. Minutos
depois, me pergunto, “minha vida é realmente boa?”, às vezes, respondo
que sim, outras que não, depende muito do que eu estou fazendo, mas vem
o questionamento, “isso faz, realmente diferença?”
“Rafael”:
“Tem hora que a vida é boa, tem hora que a vida é ruim”, eu
respondo, e, mesmo assim, eu continuo seguindo em frente, porque é
divertido seguir em frente.
Eu me pergunto, “o que é suficiente? Suficiente para o que? Para
eu ficar satisfeito ou para eu ser feliz? Os dois, por que não?”.
Eu respondo,“Porque leva muito tempo para ter os dois e são
caminhos um pouco diferentes a se seguir.”
Então, “o que é preciso para ser feliz?”,
“Uhmmmmm, continue vivendo sua vida.”
“E para estar satisfeito?”
“Continue vivendo a sua vida”
“Ora! Os caminhos não eram diferentes?”
“E, realmente, o são. No seu futuro, as escolhas que não lhe cabem
agora, decidirá o caminho que vai seguir.”
“E se eu não chegar a nenhum destes caminhos?”
É uma verdade oculta isso aí.
“Rafael”:
“Impossível não chegar a lugar nenhum, mas você pode ficar cego
por uns anos e, mesmo nós que conseguimos, ainda temos medo,
insegurança, culpa.”
Tem uma coisa que eu tenho repetido, continuamente, para mim
mesmo. Algo que eu aprendi na Seicho No Ie: "é impossível ser feliz sem
perdoar os seus pais", eu adaptei a frase aos meus próprios conceitos.
É uma verdade isso, às vezes a gente carrega uma maldição de uma
infinidade de gerações passadas, um erro continuado, por exemplo: com a
falta de amor entre os casais, o filho tende a aprender que aquilo é a “forma
do mundo” e tende a reproduzir isso para a geração seguinte, é um ciclo
vicioso, que só termina quando alguém perdoa as gerações passadas e segue
em frente.
Até certa idade, nossas disputas e reflexões sempre refletem nos
nossos pais, não sei se é um caso geral, acredito que não, mas é o meu caso
particular.
Discutindo com minha mãe, e não foi bem uma discussão, estava
mais para um dialogo indefinido, sobre o futuro das coisas, Eu percebi um
pouco da revolta que eu ando escondendo.
“Metal”: Não entendi. Você vai ficar de boa com a “atual esposa”
continuando atrás da “ex-namorada” no seu interior?
“Metal”: Eu penso assim. Acho que um ano ou outro que a gente perde na
faculdade não muda em nada
“Rafael”: Passei dois anos sem carteira de motorista. Foi uma bosta durante
este tempo, mas, hoje, eu nem lembro direito como eram estes tempos e se
eu não tivesse me estressado tanto, talvez, eu teria uma lembrança mais feliz
daquela época. E, talvez, hoje, eu não teria minha carteira de motorista, esta
ignorância que faz toda a diferença.
Estou agindo de maneira diferente para evitar um sentimento no
futuro, mas não posso ter certeza que terei os mesmos resultados. Estou
lutando para isso, na verdade, mas tudo não passa de promessas para um
futuro que não sei se chegará.
Por exemplo: eu sai do estagio para cuidar da faculdade, nao estou
fazendo isso, exatamente agora, mas não estou cuidando de arrumar outro
estagio para que eu possa fazer isto semestre que vem. Eu corro o risco de,
semestre que vem, eu não ter nem faculdade nem estágio, porque é só uma
promessa de que semestre que vem eu vou sustentar a faculdade.
Eu falo que minha vida está complicada, mas é bem simples, só é
meio extenso de explicar e eu não tenho a obrigação de explicar para
ninguém, são meus problemas. Se alguém resolver para mim, não vai ter
graça e eu não vou aprender nada com isso.
Eu posso me fuder? Posso, mas é a vida. Serão resultados das
minhas escolhas.
Eu, prepotente, acho que eu escolhi certo ate agora. Ralei para
caralho, fiz curso técnico, estudei num dos melhores colégios do país, que
selecionava por esforço.
“Metal”: De acordo.
“Metal”: Hahaha!, fica nice aí, que isso é a vida, the fucking life.
FIM DO TEXTO.
Por que fiquei tanto tempo sem escrever? Não sei, não me importa
agora. Estou sofrendo. Mas não deste jeito. Igual você já viu descrito neste
livro. Estou sofrendo como se tivesse prendendo a respiração. Como se
tivesse evitando tomar uma decisão importante. Mas, caralho, eu nem sei
que decisão é essa.
Meu pedido de trabalhar voluntariamente no Grupo de Apoio a
Adoção foi aceito, mas isto não me deixou nem um pouco feliz, desde
então, é só dor, é arrastar para viver, é pensar o tempo todo que esta não é a
vida que eu quero ter, vida de segurar a respiração para evitar que eu siga
em frente.
E teve uma coisa sobre a Ex-namorada este sábado, uma coisa que
pareceu não ter importância nenhuma, mas eu to lembrando disso agora. E
teve uma coisa com um amigo também, ver alguém se afundando e só
conseguir pensar que você está fazendo o mesmo, mesmo que sua vida não
tenha nada a ver com a dele.
Na moral, eu queria mesmo só descrever meu sucesso neste livro.
Eu reli umas partes tem pouco tempo. Que cara miserável eu pareço ser.
Que vida de merda eu pareço ter. Estou sendo sincero agora, fui o tempo
inteiro que escrevi, eu me cobro demais. Que inferno.
Você me ama? Neste tempo que a gente passou junto, você se
importa comigo? Que merda. Eu achei que estava te ajudando. Achei
mesmo. Mas eu sempre volto para escrever, e eu sempre me sinto um pouco
melhor escrevendo. Minhas ideias se organizam melhor. Eu respiro um
pouco melhor. E percebo que eu acabo ajudando a mim mesmo.
Que se foda. Vou te mostrar o texto que me levou a escrever este
livro. Eu tava muito na merda quando escrevi o texto abaixo. Parando para
pensar, pouco tempo depois de escrever o texto abaixo, me ofereceram a
oportunidade de ter uma trajetória linear de sucesso. Todo o sofrimento
desta trajetória estaria acabando mais ou menos agora. O ano era 2011, eu
tinha 21 anos, eu teria que acabar a faculdade, fazer um mestrado e um
doutorado. Hoje, 2018 estaria faltando o que, 1 ano e meio de doutorado?
Mas eu neguei esta oportunidade, eu queria ser um empresário, ter meu
próprio negócio e me achava novo demais para não acreditar que seria
capaz de realizar meus sonhos.
Não me sinto arrependido, talvez pareça que estou arrependido.
Hoje estou desistindo dos meus sonhos para ter a chance de realizá-los.
Parece loucura para você? É uma das poucas coisas que se mantêm sãs na
minha cabeça.
Não tenho arrependimentos, talvez tenha por outras coisas, mas
nem sei o que são. Mas não em relação a esta escolha. Olho para aquele
Rafael de 2011, médio tolo, mas fico satisfeito pelos caminhos que ele
trilhou. O tempo que parece passar rápido demais. E esta dor latente que
ainda não passou.
Vamos ao texto. Apertem os cintos.
Sabe, que merda, não achei o texto.
Pois bem, já tem muito tempo que parte de mim tem vontade de jogar tudo
para o
alto e correr atrás da Ex-namorada.
Está registrado o meu compromisso de deixar esta parte fazer o que quiser,
pelo período de um semestre letivo da faculdade, com a condição de
adquirir
240 pontos dos 400 distribuídos na universidade, independendo da forma ou
ordem
em que forem conseguidos.
Vou ter que editar o texto abaixo, vai dar trabalho, mas a conversa
é boa. Conversar com este meu amigo é sempre bom. Não é o mesmo da
outra conversa, estou com uma dificuldade enorme de achar um jeito de
identificá-lo aqui, ele é muito autêntico para ter um pseudônimo. Vou
descobrir um jeito.
Antes de começar, preciso imortalizar esta história, este texto foi
escrito perto do fim do mundo. A gente achava que o mundo ia acabar dia
21/12/2012. Dá uma pesquisada ai para saber por que. No dia do fim do
mundo, encontrei com este meu amigo e um outro que não via a muito
tempo. A gente subiu no telhado da casa dele, ficou comendo besteira e
filosofando. Se fosse para ver o mundo acabar, tinha que ser de uma forma,
extremamente, divertida.
Ele é este tipo de amigo. Coisas incríveis acontecem quando
estamos juntos. Um dia, duas semanas depois de eu terminar com a “Ex-
namorada”, peguei o carro para encontrar com ele. A gente não tinha onde
ir, então viajamos para Ouro Preto, a 200 km daqui. Comemos quando
chegamos e dormimos no carro, sem planejamento, numa neblina ferrada,
eu tinha 3 meses de carteira. Ele é, realmente, incrível. Vou chamar ele de
Calvin, do quadrinho Calvin e Aroldo. Assim eu o homenageio
devidamente.
O próximo texto que eu brincar aqui está abaixo. Vou trazer este
tema de volta, quero falar um pouco de coisa boa. Contar umas tretas
também, na verdade, tretas não, lutas. Muitas lutas.
19/02/2012 - Casamento
14 de janeiro de 2012
15 de janeiro de 2012
Ouvindo vozes de anjo, sussurros e suspiros, enfim, felicidade é
algo que não se descreve com palavras
Jesus, eu tenho vergonha de publicar minha arte, de receber
críticas, mas sem pudor para falar umas merdas destas. Jesus. Mas de fato,
eu não estava nenhum pouco animado de conhecer ninguém, mas o povo
bebeu, ficou chato e eu desci para a pista. Para conhecer a mulher da minha
vida.
São 21:51 horas.
Ola, passei quase só para dar um oi. Ta acumulando dias que não
escrevo, estava com saudades. Não que eu não tivesse escrevendo, produzi
MUITO estes dias todos. Só queria dizer que estou feliz, estou tranquilo,
estou bem. A dor no corpo está passando, estou vivendo bem com minha
esposa, os projetos, planos e sonhos estão caminhando. E consegui resolver
uns problemas cabulosos com a vida.
Quando a vida está boa, não tem história, mas será que não é este o
segredo “o silêncio”. Repara quanto tempo você economiza quando está
tudo bem? Você encontra alguém, diz olá, pergunta se está tudo bem, ela diz
sim, você diz também, fim. Tem um dia inteiro para curtir sua felicidade.
Agora quando dar treta, você perde tempo vivendo a treta, depois
perde tempo comentando a treta, depois perde tempo ouvindo um monte de
conselhos que você não vai seguir, de alguém que você nem curte tanto,
sobre a treta, para depois ter que resolver a treta. Treta nenhuma merece
tanto tempo assim, se liga.
Porra, você não estava esperando esta na sua cara né? Começou mó
de boa, te bateu e você nem percebeu.
Mas não se preocupe, este é o fim.
Largue este livro, esquece seus problemas e vai assistir “Rei Leão”.
Hakuna Matata.
15 de fevereiro de 2012
Calma.
Sentir o mais simples dos toques.
Concentrar-me,
acalmar-me.
FIM DO TEXTO
Sinto me, tão, fraco e triste, meus problemas estão pequenos, isto
me incomoda, profundamente. Porque eu não consigo resolver coisas tolas e
infantis?
Liguei para o estágio, sem problemas, não vou ter que conversar
com ninguém, nem dar explicações de porra nenhuma. As pessoas respeitam
a minha condição e valorizam meu trabalho.
Eu não estou sozinho, uma amiga me ajudou, bastante, neste
processo e a Esposa está com os braços abertos para me receber. Então, meu
Deus, porque dói tanto?
Porque, eu não tenho paciência para suportar as atribulações da
vida. Todo mundo tem problemas, porque eu fico me martirizando por não
ser perfeito?
Já estou cansado de tanta discussão na minha cabeça. Minha
mediunidade está a mil, descontrolada e insegura. Sinto-me acuado, com
medo de não dar conta. Assumindo o desespero.
Aff, o dia está lindo, como eu tenho medo dos outros acharem que
eu não dou conta. Este texto é só um desabafo, de um momento de merda.
Mas vai passar. Sempre passa.
Não se pode perder o controle, mas não adianta reprimir o que se
há dentro. Controlar não é inibir, mas, amar de tal forma, que se consiga
manter a sanidade diante do caos. Deixar ir e vir aquilo que amamos,
sempre com o mesmo carinho, sem pressão ou dor.
Deixar livre é a melhor forma de controlar, pois assim é possível
conhecer os limites. No fundo, tudo tem um limite. Tudo que é livre, volta
quando tem vontade.
Eu sou um ser livre, vivendo um momento ruim. É como ter as
asas quebradas. A gente sabe
que elas voltarão ao normal, é uma questão de tempo para se poder voar,
novamente. Porém, a dor de não poder voar naquele momento, nos faz
acreditar que nunca seremos de voar novamente.
Tenho trabalho a fazer, não conheço as ferramentas para trabalhar,
mas conheço de computação, isto deve bastar. Se eu tiver paciência e
perseverança. Existem pessoas torcendo pelo meu sucesso. Não estou
sozinho e isto basta.
Pai, cuide daqueles que eu amo, nunca permita que minhas
energias atinjam a Ex-namorada. Mantenha-a livre e cuide dela por mim.
Obrigado, por trazer a Esposa para a minha vida e por meus pais
ainda estarem vivos e perto de mim.
Me faça alguém cada vez mais forte, determinado e digno de ser
exemplo. Cuida dos meus filhos, enquanto eles não estão sob a minha
guarda e permita que eu sempre possa estar disponível para ajudar os meus
irmãos.
Vai para o inferno. Vai para o inferno. É o ódio que me faz fraco.
Que me faz pedaço de mim mesmo. Que me divide em grupos, que me faz
perder tempo. Que me faz olhar para o outro e ver a mim mesmo. Só por
tortura. Só porque não posso odiar o mundo ou o outro sem odiar a mim
mesmo. Eu sou você, seu filho da puta. Puta. Mulher triste, quase sempre,
descarregamos nossas tristezas, quase nunca, queremos sexo. Queremos
puta, mulher inferior para dizer o que só dizemos para nós mesmo. Para
humilhar como só conseguimos nos humilhar. Puta. Homem de escritório,
se convencendo, dia a dia, que precisa se submeter. Que precisa vender seu
valor. Desliga a cabeça, para de pensar, para aguentar das 8 as 18 horas.
Chega em casa ainda desligado. Meu Deus, tanto tempo desligado é como
viver sufocado. Quando toma ar, chora. Desaba no sal das lágrimas. Recebe
um abraço de quem te ama, não importa, não consegue ver, não consegue
sentir. A raiva desaba por cima dos ombros. Corre pelas costas, toma o
corpo inteiro. PUTA. Reclama da comida, da casa, da vida. PUTA. Puta sou
eu, que tenho que acorda amanhã sem querer. Para viver uma vida que não é
minha. Não se engane, mulher, ele nem está vivendo contigo. Isto serve
para ti também. Sufocada nas ilusões que construiu para própria vida. Tu
merece. Tu merece. Destrói sua vidinha perfeita. Que de perfeita tem só sua
ilusão. Te consome. Te entope.
Carambra. Tu leu tudo? Imagina eu que tive que escrever esta
merda. Vai se fuder. Tudo que passa por você, tudo que você absorve, saiu
de dentro de mim, vi quando entrou, vi quando saiu. Vida de inferno. Que
ódio. Vai se fuder. Vai se fuder. É grito de socorro. Não é ódio, a palavra se
transverte quando saiu. Socorro. Socorro. E o medo de ninguém ouvir. Vai
se fuder tem direção, e quem escuta, dá atenção. Preciso de atenção, preciso
de carinho, preciso de sossego. Preciso. Preciso. Estou cheio de coisas, mas
não tenho nada. Sei que não é meu. Eu sou você. Nada que esteja ao seu
lado é teu. Meu Deus. A ilusão da posse me toma. Toma o outro. Toma o
mundo. Preciso, preciso. Conquisto. Já não serve mais, preciso do que não
tenho. Quando tenho, já não preciso mais, preciso de outra coisa. Sabe, dê
tudo que tem. Dê suas demandas. Dê sua alma. Ame. Ame. Ame. Não
escutou. Ame. Sabe o que significa? Não, não sabe. Se preciso explicar não
sabe. Não preciso. O que? Nada. Isso. Olha que delícia. Sente. Nada mais é,
só é o que é. Consegue viver assim.
Agora existe o outro. Aquilo que não posso mudar. Aquele a quem
posso aceitar, como é. Que delícia. Nada acontece como eu quero, pois não
quero. Vivo. Sigo, pelo outro, pois quando o faço por mim, me perco. É
isso, mensagem entregue. Se chegou até aqui. Obrigado.
Eu fui abusado durante a minha vida inteira. Fica claro para mim,
agora, que isto, de fato, aconteceu. Felizmente, não foi um abuso físico ou
sexual, para as pessoas que tiveram em suas vidas, este destino terrível,
meus sinceros, pêsames. Vocês merecem ser felizes, não se esqueçam disso.
Eu tive que sair, completamente, do contexto de abuso e fazer uma
reflexão apurada e desconstrutora, para esclarecer, para mim mesmo, a
situação na qual me encontrei uma vida inteira, e, como parte do abuso, me
fez acreditar que aquilo era normal.
Hoje, eu sei que a vida pode ser boa, que eu posso ser quem eu sou
e que eu não preciso fazer mais do que eu dou conta. Ainda dói muito, mas,
eu sei, vai passar.
Estou mudando, completamente, do outro assunto. Principalmente,
para ficar claro que ele acabou. Estou farto de falar da relação com minha
mãe, este assunto já está bem abordado no livro. Quero mesmo, seguir em
frente.
São alguns assuntos para abordar, ainda, neste livro. Ele já passou,
em quantidades de páginas, de um número que qualquer leitor, se disporia a
ler. Talvez, pouquíssimas pessoas se engajem na leitura. Parabéns, você é
uma pessoa diferenciada. Se, por qualquer motivo, você foi obrigado a esta
leitura, meus sentimentos. Você é foda, ainda assim.
Presumo, que este livro terá em torno de 200 páginas, na verdade,
eu o quero assim. Muitas coisas não foram planejadas, ao iniciar este livro.
Primeiro, era para ser um livro sobre o presente. Pensei que descreveria os
passos para se chegar num objetivo que tinha certeza que seria alcançado.
Hoje, o ato de revisitar meu passado, suavizou a expectativa sobre este
objetivo.
Segundo, não esperava escrever minha biografia. Era para ser um
livro curto, gostoso de ler. Eu não sei quantas biografias eu li. Geralmente,
acesso este tipo de conteúdo, por filmes e documentários. Ler sobre a vida
de alguém parece algo muito chato. Escrever é outra história, escrever é um
processo ativo interessante, te força a organizar ideias.
Pelo menos, desconstruí minha biografia. Ler este livro é um
exercício interessante de quebra cabeças cronológico. Sabe, eu gosto deste
livro. Ele foi livre de escrever, sua linguagem te mostra um pouco como eu
converso. Seus temas bagunçados, te contam como os assuntos aparecem na
minha vida e são retratados na minha cabeça.
Isto é uma biografia descente, mesmo quando eu estiver morto,
você vai ler este livro e sentir que eu estou perto de você. Eu sei, tem muita
gente que me ama de verdade nesta vida, e outras virão. Vai ser bom, matar
um pouco a saudade, enquanto a gente não se reencontra.
Sabe, este abuso é uma maldição de família. Todas as gerações da
família da minha mãe, por parte de pai e mãe da minha mãe, que eu tenho
conhecimento, carregam este mesmo fardo. Minha mãe reproduziu esta
maldição, por instinto, mas me deu armas para enfrentá-la. E eu sou um cara
foda. Tenho certeza que ela me ama muito. É difícil quando você ama a
pessoa que te abusou uma vida inteira.
Eu ainda quero, neste livro, abordar o tema da minha mediunidade,
assim, os temas da minha infância e adolescência estarão, completamente,
abordados. Falar ainda sobre minha relação com os estudos, minha
“trajetória profissional”, como eu estudei até aqui, com o clímax da minha
universidade interrompida. Meus projetos, sonhos e vida que eu quero
construir daqui para frente, bem possível que, neste ponto, retornemos à
descrição da jornada de trabalho, rejeição e frustração. Eu quero deixar
registrado aqui, este ponto de partida, que este livro representa, para esta
nova vida que estou construindo. É bom registrar estas coisas.
Tudo isto, deste jeitinho gostoso e caótico que te trouxe até aqui.
Do meu jeitinho manhoso de falar sobre a minha vida. Obrigado, por estar
comigo nesta trajetória. Você é muito importante para mim.
Já misturei o suficiente, o terreno está arado, pronto para
fertilização. O próximo texto que eu selecionei é o mais estranho até aqui.
Eu mesmo, não consigo lembrar do contexto que me levou a escrever,
parecia algo muito importante, na época. Também, não quis deixá-lo de
fora. Parece que é algo sobre a universidade, mas pode não ser, ele acaba
falando de tudo um pouco.
Aproveite.
3 de Abril de 2012
Uma decisão difícil, vivendo entre dois mundos.
Estou me dizendo agora mesmo para ter calma. A calma sempre parece
uma solução aceitável. Ter paciência e esperar pelo momento em que a decisão e
atitude são indispensáveis.
Hoje é um dia de filosofia, o mundo lá fora está calmo, sereno e silencioso.
Meu interior também não está diante de grandes abalos.
Eu tenho duas provas da faculdade amanhã, tive uma conversa importante
com o meu pai, num momento muito sereno da minha alma, que me trouxe a refletir
sobre tomar uma grande decisão. Além disso, estou lendo “As Cronicas de
Dragonlance”, numa parte onde a princesa de um reino élfico decide entre a
segurança da casa de seu pai ou a esperança da humanidade de vencer uma guerra.
Pois bem, minha situação, de longe, é tão complicada, existem muitos
mais caminhos na minha vida, muito mais opções. Este é o grande motivo de desejar
calma a mim mesmo.
Outro fato interessante, minha memória se contorce para lembrar, de todas
as vezes em que eu deixei-me levar pela vida. Este é o outro mundo citado no título.
Meu costume selvagem de resolver meus problemas com força e fé, de cair e
levantar-me, novamente.
Seguir adiante, lutando pelos meus sonhos com um sorriso no rosto.
Os tempos de trevas, dos anos que se seguiram pós Coltec, me atormentam
com esta decisão.
Estar dividido entre a força e a calma, a determinação e a paciência.
Estou em posição de fervor, mas Deus jamais me abandonou nas minhas
decisões. Nem mesmo minha família ou meus irmãos me abandonaram. Aqueles que
o fizeram, tinham seus próprios sonhos e eu não os culpo por isto.
Além disto, estes são os meus problemas e estou ansioso para assumi-los.
Contudo, não sei se estou pronto. Este é o meu dilema.
No mundo antigo eu diria "ficaremos prontos no processo, seguindo
adiante e fortalecendo, com dignidade e determinação".
O mundo novo diz "ficaremos prontos com o tempo, resistindo aos
problemas naturais da vida, nós nos fortalecemos no momento apropriado, de acordo
com os propósitos de Deus".
Ambos estão certos, ambos são, igualmente, bem sucedidos e felizes,
ambos passam por dificuldades impossíveis de serem ignoradas, ambos ficam fortes.
Por isto, não é uma questão de pesar medidas e, sim, de escolher o que eu quero.
É hora de voltar para mim mesmo e fazer a pergunta mais importante da
minha vida. Rafael, o que você quer?
Assim, como anteriormente, segurar as duas coisas me levaria para um
prazer momentâneo e a certeza do fracasso.
Sinto que o que eu conquistei, com um lado, não se perderá com a escolha
do outro.
E, principalmente, todas estas escolhas são reversíveis. Não terei o tempo
que se foi, mas não me arrependerei de viver o que eu escolhi viver.
Eu confio em mim mesmo, eu confio no potencial que eu adquiri. Ambos
os mundos, me levam para o meu sonho.
Outro documento salvo, outra decisão deixada para o futuro...
FIM DO TEXTO
Lendo o texto, com calma, enquanto editava, percebi sobre o que era o
texto. Sobre virar adulto. Hoje, eu sou um adulto, tinha me esquecido, ainda tão
breve, como foi o processo e quem eu fui durante ele.
Eu queria assumir minha vida, escrever minha história sem depender de
ninguém. Trilhar meu caminho. Caramba, ser adulto é se tornar, a cada dia, mais
impotente, mais frágil. É difícil cair nesta real, mais difícil ainda, perceber como isto
é necessário para viver bem, para se resolver os problemas sérios.
Esta autoconsciência da impotência e fragilidade, vou te dar um spoiler, é
o que te faz ser sério, quando precisa ser, abraçar o outro, quando precisa abraçar, e
não deixar passar a oportunidade de se fazer qualquer coisa importante.
É muito estranho, pois a gente acredita, na imaturidade, que é o contrário.
Ainda estamos culpando nossos pais por não serem perfeitos. Eles deixam de ser
nossos heróis, tornam-se humanos. Daí, queremos agir diferente do que fizeram,
queremos ser, cada vez mais, potentes.
E dá um puta medo, pois lá no fundo, a gente sabe que tem alguma coisa
errada, mas é impossível ver o que é. Mesmo vendo, dia a dia, o que a velhice faz
com uma pessoa. Mas é impossível ver, não se cobre.
Pois é, um texto sobre amadurecimento.
Que legal.
Decidi apenas editar os textos abaixo, nem marquei hora de começo, nem
vou marcar uma de fim. Também não comentarei. Eram para ser textos sobre a
minha saída da faculdade, vou deixar os textos aqui e vazar. Este assunto já está bem
desgastado na minha vida. Hoje em dia, sou a única pessoa que ainda toca no
assunto.
Era para eu fazer igual sobre os remédios para depressão. Fazer um
suspense, um drama, para chegar no final e dar uma informação épica de superação.
Não. Eu decidi retornar para a faculdade. Ainda não comecei a me dedicar, também
não sei, se esta decisão será forte quanto a outra.
Hoje é dia 21/07/2018, são 22:29 horas, vamos ver o que vai acontecer.
Como eu sou seu amigo, se você quiser, pode pular os próximos dois
textos. Foi um suplício, relê-los, pode ser consequência meu estado de espírito. Vou
deixar você decidir.
Um abraço.
FIM DO TEXTO
Belo Horizonte,
Rafael Souto Silva
Meus sinais de depressão não são óbvios, agora eu vou escrever o que eu
quiser.
Eu vou fazer o que eu quiser e o assunto agora é Universidade.
Seria interessante gravar isso em vídeo, ver, no futuro, o quanto eu sou
retardado. Um leve sorriso surgiu nos meus lábios. Foda-se o que eu vou achar no
futuro. Não consigo vê-lo agora mesmo.
Minha respiração vai baixar, o meu mundo vai mudar, o mundo real está
mudando. E no final, tudo isso não vai passar de porra nenhuma. Mais um ataque de
nervosismo, que, simplesmente, surgiu em mim.
E daí, foda-se.
Eu vou ser feliz para sempre e todos os sentimentos que me rondam vão se
acalmar.
É foda este momento. Tudo que me preocupava, está no futuro. Nada que
me importa, está no futuro. A gente se preocupa demais. Estou a fim de matar, meio
mundo, pelo prazer, momentâneo, de reviver o meu passado. Sei que isso vai passar.
A verdade, tudo isto é apenas a vontade de se libertar, destas amarras que constroem
meu presente.
To a fim de mandar a faculdade para o espaço. Eu odeio aquele lugar, pelo
simples fato de odiar. Meus pais querem que eu me forme e eu quero fazer tudo
menos o que meus pais querem.
Eu quero decepcionar os meus pais, pois eu sinto que, só assim, eu vou
viver a minha vida por mim mesmo. Eu não quero viver sozinho, quero fazer o que
eu sinto vontade de fazer. Na verdade, eu só não quero sentir que eu vivo minha vida
pela vontade dos outros.
Independente de serem meus pais.
Agora, estou escrevendo, não estou trancando minha faculdade ou me
rebelando com meus pais. Na verdade, tudo isso está apenas dentro de mim.
Ninguém está se importando com isso. Ninguém está ligando para isso.
Mesmo que eu revolucione o mundo ou largue a faculdade. Tudo isso não vai passar
de nada daqui a uns anos, um grande e sincero tanto faz.
As pessoas vão me olhar, pelas decisões que eu tomei, os resultados que eu
obtive. Em momentos de raiva, eu vou colher a frustração que meus pais tiveram por
não me ver formado.
Tudo isso não é problema meu.
Prefiro ver meus pais frustrados do que, eu me ver frustrado. Não quero
fazer esta merda de faculdade e pouco me importo se vou viver amanhã, desde que,
eu me sinta seguindo o que quero por um minuto.
O foda é que eu sei da minha eternidade. Então foda-se. Eu sei que nada
vai mudar, eu sei que tudo vai mudar. O mundo está mudando.
É o mesmo caso de quando a Ex-namorada foi para Argentina. Eu queria,
de toda forma, pegar um avião e ir atrás dela. Queria porque queria e não fiz.
É o mesmo caso. Hoje eu tenho uma vida maravilhosa, mas eu nunca
saberei o que é ir para Argentina atrás do meu grande amor. Eu nunca saberei.
Eu vivi quinhentos anos correndo atrás do prejuízo de fazer, o que me dava
vontade por uma vida. As vezes, dá vontade de repetir. Ligar o foda-se, ser a pessoa
mais desprezível do mundo. Era uma satisfação tão maravilhosa, destruir o que me
incomodava.
Olhar nos olhos, daqueles seres que se achavam superiores, e destruir tudo
que eles mais amavam. Sobrava, um silêncio que, a cada dia, eu aprecio mais. O
silêncio da destruição. Aquele silêncio prematuro e o cavalgar suave para a próxima
cidade, pronto para destruir mais uma vida, mais uma história.
Depois eu fui uma prostituta. Abandonei minha família e encontrei uma
nova família, na ruína, na miséria. Vendi o meu corpo por trocados em troca da
liberdade e da revolta contra aquele mundo podre.
Eu tinha vontade de esganar meus clientes, mas eu apanhava ao cumprir
minhas vontades, era tratada como um animal selvagem e, infelizmente, durante
toda esta vida, eu fui tolhido de fazer o que eu queria.
Preguiça de continuar esta história. Muita coisa aconteceu neste meio
tempo, mas foda-se. O importante é que eu estou aqui e, eu fiz tanta coisa certa, que
agora, eu tenho poderes novamente de fazer o que eu quiser.
Sou homem, sou médium, vivi a minha vida inteira com alguém que me
ensinou a destruir a alma das pessoas sem precisar matá-las. Além disso, eu consigo
me sustentar neste mundo, eu consigo recrutar pessoas que me seguem e que estão
dispostas a seguir meus propósitos. Deus me deu este poder, novamente, e o tempo
todo, ele me pergunta, que diabos, eu to fazendo com esta merda.
Voltemos ao princípio, talvez, muito antes do início da história. Eu quero
ser livre, quero deixar meu poder se manifestar com tranquilidade e fé. Eu quero,
colocar para fora toda esta raiva, este ódio, esta falta de perdão, esta culpa, este
medo e esta ansiedade.
Eu me sinto aprisionado no compromisso de fazer o que os outros esperam
de mim. É uma pena, mas não sou o mesmo homem de quinhentos anos atrás.
Eu aprendi muitas coisas, não me importo com o que meus pais esperam
ou querem que eu faça. Foda-se isso. Eles se preocuparam comigo e se fuderam.
Esta é a minha vida.
As minhas escolhas.
Eu já sei o que fazer, eu já sei o que eu quero, infelizmente, eu vou
continuar nesta merda por algum tempo. Eu vou, sempre, fazer a minha parte. Vou
aproveitar a minha vida da melhor forma possível e vou, realmente, ser feliz.
Minha vida e bem melhor do que quando eu namorava a Ex-namorada. Eu
conheci o silêncio e não quero perdê-lo. Estou cagando e andando para o meu
passado. Estou cagando e andando para o meu futuro. Foda-se estas duas merdas.
Tanto faz.
Eu aguardo o dia em que eu vou sair da faculdade, realmente, não é o lugar
que eu gosto de ficar, nunca gostei daquele lugar, mas admito existe algo mágico em
tudo aquilo que eu vivo ali dentro. A faculdade não vai perder nada em me perder.
Eu posso seguir tranquilo e forte na direção que eu quiser. Tanto faz para
minha mãe e para o meu pai, o que eu vou fazer da minha vida. Tanto importa a
preocupação ou a aflição de curto prazo.
Eu vou viver a minha vida e foda-se o que eu decidir no futuro. Foda-se o
que acontecer comigo no futuro. Todos vamos chegar no mesmo lugar e nos
encontraremos no infinito. Eu já larguei a faculdade, três anos atrás, quando eu
formei no Coltec.
Eu só não descobri isso ainda.
Está tão claro, tão preciso. Quando eu virei para mim mesmo e falei: “eu
nunca mais vou sofrer deste jeito, numa merda de lugar como este” já tava tudo
decidido.
Depois disso, eu vivi muito bem e sempre procurei o caminho de maior
felicidade. E toda encruzilhada em que me meti, foi questão de tempo para resolver,
e eu aprendi. A Ex-namorada se foi, eu queria tirá-la, definitivamente, da minha
vida. Por mais que eu a ame. Eu aprendi a amá-la, de verdade, para ver ela livre de
mim.
Eu ainda a desejo, mas o mundo dá muitas voltas, hoje, eu não consigo
enxergar um futuro onde estaremos junto. Foda-se. O futuro é algo tão estranho.
Tanto faz, fraga. Tanto faz.
Com a faculdade é a mesma coisa, com a minha mãe é a mesma coisa e
com todas as outras coisas na minha vida que me pressionam. Foda-se. Eu caminho,
naturalmente, na direção do insustentável e as coisas se destroem, naturalmente.
Independente, se isso está fora ou dentro de mim.
Eu nasci para ser feliz, não tenho dúvidas. Ainda haverá muito sofrimento,
muito o que ocupar a minha cabeça, mas o que é meu já ta reservado, eu vou seguir
na direção daquilo que eu quero.
Eu vou realizar os meus sonhos. Ninguém pode tirar isso de mim. E toda
dor transformará resistência. Todo sentimento ruim transformará capacidade de
perdoar.
Até o infinito.
Cansei de escrever. Nem sei se isso é suficiente para mudar alguma coisa,
para aliviar alguma coisa, mas quer saber, FODA_SE, tanto faz esta merda. Estou de
saco cheio desta falta de silêncio e se for para mergulhar em depressão, vão borá.
As pessoas me ouvem quando eu estou de depressão, elas ficam
preocupadas e, finalmente, pensa na merda que estão fazendo comigo. Porque eu
relevo tudo, eu deixo tudo, mas quando eu caio não tem jeito.
Deus está comigo, eu estou muito longe do fim. O Cúu pode esperar.
Heaven Can Wait and I still waiting for the Sky.
FIM DO TEXTO
Nota do médium
Eu não sei explicar, por qual motivo, eu desci tanto. Era um amor puro,
conquistado, muito parecido com a definição, que você, amigo ouvinte, guarda
dentro de si.
A dor, a dor constante de perdê-la, de saber que, dentro dela não há nada
além de remorso e sofrimento, isso me faz sofrer. Ela finge que seguiu em frente,
mas se contorce por dentro.
Deus sabe, por mais que eu não suporte a minha própria dor, daria de graça
minha alma, para nunca mais vê-la sofrer.
Faz tanto tempo, nossos destinos continuam tão ligados. Não seja tolo.
meu caro, não cometa os meus erros, aprenda. Mesmo que eu sofra, eternamente,
não me faça sofrer, vendo você chegar mais perto de onde, eu cheguei.
FIM DO TEXTO
Um voo de liberdade.
Um grande abraço.
FIM DO TEXTO
Hoje é dia 26/07/2018
São 18:15 horas.
Serei sincero aqui, perdi total o tesão de continuar este livro. Sei lá, além
da vida ter mudado, achei que o conteúdo até aqui ficou repetitivo, ou melhor,
acredito que, depois de passar tanto tempo, trabalhando com os textos antigos,
identifiquei padrões, ficou tudo muito previsível.
Tanto é, eu não vou comentar os últimos textos, vai ficar do jeito que está,
comenta na sua cabeça, imagina o que rolou quando eu escrevi, sei lá, só se você
quiser.
Rafael, porque você está aqui então, você está se obrigando a continuar o
livro?
Bem, eu quero ganhar uma estrelinha no meu quadro de metas. Me propus
a escrever durante quatro dias, hoje é o quarto dia, eu gosto de ganhar estrelinhas.
Me ajudou a combater a depressão. Eu adoro estrelinhas. :D
Segundo, eu gostei da ideia deste livro ter 200 páginas. Faltam 70. Está de
boa. Além de que, não é do livro que eu tomei birra, mas do conteúdo. Inclusive, se
tu chegou até aqui, parabéns, guerreiro, reconheço que passar pelas últimas páginas
é como atravessar um vale a noite. Falta até ar. Eu acredito que sou capaz de mudar
o conteúdo sem fugir da proposta do livro. Falemos menos do meu passado,
continuemos falando sobre a minha vida. Olha que foda.
Terceiro, sou grato ao que passou até agora. Me reconectar com aquelas
histórias me ajudou, entendi melhor a origem de problemas muito atuais, o que foi,
fundamental, para encontrar uma solução para eles. Que do caralho. Consultei com o
psiquiatra, estou tomando o remédio, sinto-me mais leve por seguir em frente.
Exatamente, para frente que eu quero narrar agora neste livro. Ah, Rafael,
vai ser um diário agora, que merda? Nem fudendo. Eu já escrevi diários, por longos
4 anos, 4 anos? Acho que foi isto mesmo, se não foi 4 foram 5 ou 3, vamos lá, 4 +-1
anos. Desde que comecei este livro, coloquei na cabeça, que esta merda, não seria
um diário.
Inclusive, fiquei muito feliz de ter a ideia de aproveitar os textos antigos
que tinham a mesma linguagem do livro. Foi foda. Sinceramente, acho que ficou
bem legal. Sabe, a forma descontraída de ler uma biografia. Como se a gente tive
conversando tomando um chá, numa noite fria de outono. Eu acho isto incrível. Para
mim, é o grande mérito deste livro. Mudar a linguagem de biografia para algo que eu
gostaria de ler. Que me fizesse sentir íntimo desta pessoa que eu admiro, que me
levou a conhecer, mais a fundo, a história da vida dela.
Na verdade, espero, um dia, ser alguém que outra pessoa pense, “mano,
este cara é foda, será que não tem nada que eu possa ler para saber como era a vida
dele”. Sério, se foi isto que te levou ler este livro, saiba que, você, acabou de realizar
um sonho meu. Te agradeço infinito por isto. Pois eu preciso de apenas uma pessoa,
com esta intenção, para realizar este sonho.
Anyway, como você vai fazer isto, então, Fael?
Eu não sei. Talvez, fique um tempo maior sem escrever por causa disto.
Mas, para hoje, eu tenho uma solução. Esta é uma jornada de trabalho frustração e
rejeição. A parte da rejeição está no passado difícil e na dificuldade de se alcançar o
resultado financeiro com vendas.
A parte da frustração é o presente, é o sentimento que promove os
problemas que eu enfrento hoje, está presente no meu passado e dificulta os
resultados que eu espero para o futuro.
Trabalho é o que eu uso para caminhar nesta jornada. Sem foco para o
trabalho, você trabalha sem resultados. Isto é um fato. Não adianta se esforçar se
você não sabe o que quer. Ainda que vale se esforçar para se descobrir o que quer.
Na moral, se esforçar é uma excelente forma de se realizar alguma coisa, não
procure motivos para se esforçar, só se esforço e vê o que vai dar.
Toda esta treta, e também todo o processo de cura destas tretas, geraram
bons resultados sobre o que eu quero. Pretendo compartilhar com vocês, também,
comigo mesmo no futuro. A partir de agora, este livro terá outra utilidade, servir
como parâmetro para análise de para onde a vida me levou.
Vou começar com minha lista de coisa que eu quero fazer antes de morrer.
Pretendo me empenhar em realizar esta lista. E é bom deixá-la registrada aqui, como
um backup, ela foi escrita no restaurante “Ponte furada”, um lugar importantíssimo
para mim desde a infância, a melhor pizza que eu já comi e a convidada de honra de
toda conquista importante da minha família. Foi escrita num guardanapo, com uma
mancha de gordura, todo feito importante começa com algo escrito num guardanapo
com mancha de gordura. Eu estava rodeado das pessoas mais importantes da minha
vida.
Começarei por ele, logo após um intervalo, minha cabeça doeu e estou
com fome.
Este é o famoso guardanapo. Tenho muito orgulho dele. Das coisas que
estão escritas aí. Hoje, pensando na nova vida que quero construir para mim,
imagino, seria uma vida boa, se eu me empenhasse, desde agora, a marcar, como
concluído, cada item desta lista.
Espero voltar hoje e terminar o que propus, mas se não rolar, foda-se. Já
fiz o bastante.
São 20:49 horas.
FIM DO TEXTO
Desde que voltei no tempo pela primeira vez, e descobri, de que ponto do
tempo eu tinha voltado. E que isto aconteceu outras vezes. Tenho me questionado se
o passado, o presente e o futuro, não são, na verdade, a mesma coisa. Notas musicais
nesta sinfonia que chamamos de tempo.
Porque eu falei disso agora?
“Vou arriscar me destruir. Quero que meu esforço seja verdadeiro, com
propósito.”
Isto é, exatamente, o que me levou para os resultados de agora. Mesmo
não sabendo o que eu poderia fazer, eu já tinha dentro de mim a resposta.
A galera procura a origem de Deus, se perguntam, se ele criou o universo e
ele faz parte do universo quem criou Deus. A gente vê o tempo de um jeito errado.
Se nada no universo pode destruir uma coisa, me parece sensato imaginar, que nem
o tempo é capaz de fazê-lo, o tempo para de ter poder de determinar um momento
em que ela não existe.
Ser imortal significa que seu passado, presente e futuro existem e ocupam
o mesmo espaço. Elas dançam na escuridão.
FIM DO TEXTO
Por hoje é isso que eu tinha para dizer. Eu te amo muito, sempre amarei,
por toda eternidade.
Quer um conselho? Fala agora que ama a pessoa mais importante da sua
vida. Isto faz uma puta diferença num relacionamento.
São 19:45 horas.
Hoje é dia 04/08/2018
São 15:06 horas.
Este texto está ficando bem pior que o primeiro. Caralho, eu não falo nada
disso com ódio ou ressentimento. Juro, eu só queria entender melhor, se eu fosse
questionado no futuro, os motivos que me fizeram ser tão cruel. Eu lembro daquele
texto e sinto que eu fui cruel em escrevê-lo.
Infelizmente, ainda existem mais tópicos.
• Ela humilhou minha esposa.
Porque me incomoda: tenho uma satisfação enorme, quando eu lembro,
que minha esposa não ouviu as palavras que minha mãe falou sobre ela enquanto
estávamos discutindo. Foi nojento. Não vou reproduzir qualquer trecho, que se foda
se ela não lembrar do que disse e me questionar sobre este tópico. Minha esposa
nunca saberá o que foi dito.
Eu sei, que o que eu me permite contar para minha esposa, fez com que
gerasse um ódio espontâneo contra a minha mãe. Duvido que isto passe algum dia.
Espero que sim, odiar é uma desgraça que só faz mal a nós mesmos.
Minha mãe questionou se minha esposa não contribuía para o que ela
chama de meu fracasso. Ela apontou sua opinião sobre o que ela acha que sabe sobre
o nosso relacionamento, acreditou que poderia ser parecido com as experiências dela
própria, e falou como se meu relacionamento fosse tóxico.
Mãe, você sabe como ninguém o que é ser tóxico. Ao lado da minha
esposa, com seu carinho, amor e intimidade, eu consegui assumir quem eu sou para
o mundo, limpar este veneno que correu a vida inteira no meu sangue. Nosso
relacionamento pode não dar certo. Eu sei. Um dia, eu posso olhar para trás e me
arrepender das escolhas que eu fiz. Eu sei. Mas hoje, não dá para negar o quanto
minha esposa me faz bem.
Ela estava do meu lado quando eu fracassei. Sacrificou coisas importantes
para ela para me apoiar como podia. Abriu mão dela mesma, para que a gente tivesse
a chance de continuar junto.
Se você tiver certa, como você tem certeza que está, saiba que foi uma
decisão minha. Se ela é causa do meu fracasso, eu sou a causa do fracasso dela, pois,
em toda a nossa vida, nós estivemos juntos. Decidimos como seria junto,
enfrentamos juntos as dificuldades.
Talvez, eu não tivesse fracassado, como você diz que aconteceu, se eu
pudesse contar contigo. Se eu sentisse que podia contar com minha mãe. Mas, sério,
não é responsabilidade da senhora prover este apoio. Não é isto que me incomoda,
mesmo porque, isto que você chama de fracasso, eu chamo de minha vida, e eu amo
a minha vida como ela é. Não quero que este paragrafo seja interpretado como
cobrança, não, o que incomoda é ver você se dando o direito de falar o que você
falou sobre alguém que eu amo. Sendo que não passa pela sua cabeça que as coisas
poderiam ser diferentes se você estivesse do meu lado.
É isso, sinto suficiente. Sério. Eu me culpo pelo que eu disse para ela.
Nenhuma discussão é de um lado só. Talvez você use isto como argumento, se isto
se transformar em assunto. E você tem razão. Eu não tenho direito de te dizer o que
eu disse. Isto não te dá o direito de dizer o que disse.
Sai da sua casa, naquele dia, sentindo-me esgotado. Refleti sobre como a
gente viveu este 10 anos desde que sai da sua casa e, concluí, que você me faz mal.
Que você resgata o que há de pior em mim. Resgata alguém que eu só preciso ser do
seu lado. Sabe. Isto explica porque eu estou me afastando de ti. Sei lá, quando este
texto vai virar um assunto na minha família. 2 anos, 4 anos, 6 meses, mês que vêm?
Não sei. Mas quero deixar claro, os motivos que me fizeram me afastar de você.
Eu te amo, mãe. Nossa relação de 18 anos conseguiu nutrir este
sentimento. Dificilmente, eu vou te desamparar, vou deixar de te ajudar quando você
precisar. Ou mesmo, vou deixar de conviver com minha família, nos momentos de
comemoração, porque você estará perto.
Na verdade, eu vou esquecer. Vou continuar te tratando bem como sempre
te tratei. O sentimento que ficou, só me faz pensar uma vez a mais, se eu, realmente,
preciso estar perto de você ou me esforçar para que você participe da minha vida.
Ele não muda como eu te trato. É mais assim, “nossa, este evento, vai valer mesmo a
pena? É algo importante o suficiente para precisar que eu esteja lá?” Quando a
resposta for não, eu simplesmente não vou, minha vida é cheia o suficiente para eu
sempre ter outra prioridade, não vou precisar nem mentir.
Eu sou um fracasso de vida cheia, meu tempo e minha cabeça sempre tem
coisa para fazer e pensar.
Mediunidade
Minha história começa com mediunidade. Mano, eu nem sabia o que era
mediunidade quando eu nasci. Ouso dizer, que ainda não sei. Mas, por mera
formalidade, só para dizer que todo dia estou aprendendo um pouco. Que este
assunto ainda não está fechado. Por isso. Mas vou tentar explicar o que é
mediunidade para você, talvez você entenda o que eu quero dizer e não confunda
com aquilo que você já tem na cabeça.
Eu nasci em berço Espirita, na filosofia, religião e ciência de Allan Kardec,
que eu fiquei chateado de descobrir, já na adolescência, que ele não tinha este nome.
Coisas que chateiam a gente acontece o tempo todo, não é mesmo?
Me sinto abençoado por isto ter acontecido, a doutrina Espirita acolhe
quem quer pensar, com a própria cabeça, o que é religião, o que ela diz e para que
ela serve. Questionador como sou, poderia, facilmente, ter me afastado de Deus, se
não tivesse nascido numa doutrina que acolhesse, desde a infância, quem eu gostaria
de ser.
Atualmente, me desliguei um pouco do Espiritismo, questionador que sou,
fui procurar Deus onde chamavam por ele. Fui no catolicismo, na igreja evangélica,
nos terreiros de candomblé e umbanda. Ouvi o que falavam os praticantes serenos da
Seicho no ie. Os eternos caminhantes do budismo. E claro, não poderia me esquecer
das pessoas maravilhosas e preocupadas com a humanidade e seus rumos que
conheci entre os Ateus. Pessoas que ouviam o que Deus tinha para falar sem
intermediários, senhores da própria espiritualidade.
Depois de conhecer tanta gente incrível, percebi que, como em todo lugar,
no Espiritismo também haviam pessoas apegadas às palavras, que cagavam regras
de como as coisas deveriam ser e incentivavam conflitos entre as ideias que
pareciam opostas as suas. Estou cansado disso, infelizmente, tem em todo lugar,
sempre fujo destas pessoas, pois, quando eu vou em algum templo, seja ele qual for,
minha missão é trocar uma ideia com Deus. Cansei de ver homem, alimentando o
próprio ego roubando o nome do meu mestre Jesus.
Verdade é, mediunidade. O que é mediunidade? Rafael, não entra neste
papo chato não. Por favor? Acabei de ouvir você falar um monte da sua mãe, não
tem nem duas páginas, você vai entrar em papo chato? Que merda. Me conta uma
história.
O tio do meu pai me proporcionou a primeira visita a velórios da minha
vida. Foi a primeira vez que vi um caixão com alguém la dentro. Me disseram,
quando eu perguntei, que ele tinha morrido. Mano, eu não fazia ideia do que era a
morte. Aquilo só me pareceu muito estranho, principalmente, não me deixaram
saciar minha curiosidade. Correram para me tirar de lá. Ainda bem, que me deram
algo divertido para fazer e doces. Meu deus, como eu amo doces. Desenho e doces,
o que mais uma criança dos anos 90 iria querer da vida.
Sempre conheci este tio do meu pai como Tio Chefe. Te falar que não
lembro o nome dele não seria mentira. É assim que todos se referem a ele na família
até hoje.
Você poderia, facilmente, dizer: “Ah, Rafael, mente de criança é
impressionável.” Estou escrevendo com uma voz bem debochada. “Você foi no
velório, viu um cara morto, e ficou impressionado.” Olha que eu to prevendo o que
você pode pensar sobre o que está por vir. Na verdade, que bom você é livre para
pensar no que quiser. Não quero te convencer de nada. Só to contando uma história.
Meu pai, quando eu era adolescente e já tinha iniciados meus estudos
sobre mediunidade. Me contou coisas da minha infância que eu não me lembrava.
Passei uns dois anos brincando com meu tio morto. Minha mãe me chamava
“Rafael, vem comer” e eu dizia “perai mãe, to brincando com o tio chefe.”
Meu pai viveu na casa deste tio dele durante anos, nos tempos em que ele
vivia na roça. E eu nunca fui criticado ou recriminado por dizer estas coisas,
simplesmente, era natural lá em casa. E meu pai dizia perguntar coisas, sobre as
coisas que o tio chefe dizia para mim, sobre como ele era, sobre o que nós
brincávamos.
Eu não convivi com a família do meu pai, eu nasci em Belo Horizonte,
estes parentes são da cidade natal dos meus pais. Nas minhas respostas, de acordo
com meu pai, pois eu não me lembro disso, eu dava respostas que eu não teria como
saber. Porra, ele é meu pai, eu acredito quando ele diz que eu não teria como
responder.
Mas esta história pouco tem a ver com mediunidade. Só contei esta
história, pois ouvi você pedindo por uma história, algo divertido e interessante,
sabe? Para quebrar um pouco o gelo do último texto. Para mim, eu tive quatro dias
para digerir o último texto, você pode estar lendo isto em sequencia. É para te dar
um respiro também.
E este tipo de história você encontra por ai o tempo todo. É só procurar um
pouco na internet e duvidar de todas elas. É difícil mesmo acreditar, para quem
nunca teve nada parecido com isto em sua vida. Eu ficava tenso com isso, pensar
que as pessoas iam me ver como um mentiroso, hoje eu sou bem mais de boa com
isso. Cada um é livre para achar o que quiser.
Vou contar outra, pode pular se quiser, agora, se você está interessado,
como eu sei que você está, a outra parte do publico é claro, você eu não vou
comprar. Vou te dar um pouco mais da minha infância.
Outra história que eu não me lembro, que meu pai me contou depois que
envelheci.
Viajamos uma vez para uma cachoeira, eu devia ter uns 5 anos. Era uma
das minhas primeiras viagens e eu nunca tinha viajado sem a presença dos meus
pais. Fomos para uma cachoeira, na estrada, subindo uma serra, olhei para uma
pedra lá no alto e comentei no carro. “Eu já vim aqui, eu conheço aquela pedra.” A
galera no carro riu, mas me deu a atenção que eu precisava para continuar a história.
Continuei com o peito inflado, “eu conheço o que tem la em cima, eu já vim aqui,
atrás da pedra tem uma parte verde que dá para sentar, e de la de cima, dá para ver
um rio, que faz uma curva e depois ramifica em dois.” Olhando assim, depois de
escrever, e pensando em todas as histórias místicas que eu ouvi, parece um cenário
bastante genérico, vou dar este crédito para você, que mesmo depois do meu aviso,
continuou a leitura para ver no que ia dar. Meu pai disse, que eu fui questionado
sobre quem tinha me levado lá e, enquanto eu expliquei, eu dei mais detalhes da
história. Eu disse que ninguém tinha me levado lá, que eu tinha ido com meus
amigos.
Dentro do carro, a galera achou que eu tinha olhado para o lugar, achado
bonito e imaginado tudo aquilo que eu disse. E o assunto morreu. Acontece, que o
lugar que eu tinha descrito, era próximo de onde estávamos indo, diz meu pai, que
era uns quatro quilômetros de caminhada. Ele e os amigos dele decidiram ir lá para
ver como era, não por causa da minha história, mas porque parecia um lugar bonito
para se explorar e vamos combinar, quando você vai para uma cachoeira, explorar é
uma puta coisa legal para se fazer.
Meu pai disse, que o lugar era, exatamente, como eu havia descrito. Isto
não virou assunto, mas meu pai, que já era bastante atento a estas questões, começou
a reparar no meu desenvolvimento, para que aquela característica não me
atrapalhasse.
Para mim, criança, as coisas não aconteciam o tempo todo e, como não
tinha ninguém me criticando, reprimindo ou transformando minha vida num inferno
por causa daquilo, eu cresci tendo uma infância normal.
Hoje, eu me questiono, e já vi de perto, quanto amigos imaginários não são
pessoas solitárias que não aceitam sua imortalidade. Que morrem e não tomam
consciência disso. E não se preocupem, a criança, quando faz mal a ela, dá seu jeito
de mostrar o incomodo. Não fritem suas crianças por causa do que eu acabei de
dizer.
Nós ainda não estamos falando sobre mediunidade. Muita gente acha que
mediunidade são estes fenômenos, estas histórias que a gente escuta e conta. Tem
gente que para tudo o que está fazendo para avaliar se uma coisa é mediunidade ou
não. Gera aquele assunto todo. Chato para uma desgraça. Isso é mais falta do que
fazer mesmo. Dai nascem grande charlatões, bons contadores de histórias.
Mediunidade é um sentido, coisa do corpo, que todo mundo tempo, igual
visão, audição, tato, claro, eu não tenho uma audição tão boa quanto um músico
talentoso, nem enxergo tão bem. Na verdade, a visão é uma parada boa para usar
como exemplo. Ninguém enxergar como o outro, temos uma variedade incrível de
lentes de correção para que determinamos um padrão. Mediunidade não é dom, não
é especial. Mediunidade é como respirar, algo tão comum que muita gente nega sua
existência, por não enxergar, na própria vida, nada de tão especial que possa usar
como exemplo, desta coisa megalomaníaca que pintam por ai.
Ah, e mediunidade, cada um chama de um jeito. Isto dificulta ainda mais
as coisas, principalmente, dentro das religiões, todo mundo tem uma palavra para
descrever, exatamente, o que é mediunidade. Eu continuo com o termo da doutrina
Espirita, mas isto pouco importa.
Espero ter chamado sua atenção. As histórias acima, são só histórias, eu
nem sei se são verdade, pois foram a interpretação do meu pai sobre a minha
infância, o que eu queria deixar claro, é que elas não são histórias de mediunidade,
nem exemplos, elas são histórias que contêm parcelas de mediunidade. Fenômenos.
Eu fico por aqui.
Grande abraço.
Começo aqui a descrever como estas ideias e planos se tornam ações. Aqui
a liberdade e a diversão devem sobressair. Aprendi que a felicidade está no caminho
que conduzimos, esquecer a satisfação de criar em detrimento das dificuldades do
caminho é o verdadeiro caminho do fracasso da Dreamer Spirit.
Pensando nisso, o plano de ações deve ser amplo quanto as ideias e
filtrado pela realidade e resultados. Para que isto gere o sucesso esperado, é preciso
documentar o processo e alimentar os indicadores escolhidos para a avaliação.
2018 será um ano exclusivamente de sobrevivência. As ações da Dreamer
Spirit para este ano visam a alimentação e cuidado constante com os processos
bases. Formalização correta, criação dos meios de divulgação, monetização clara e
escalável. A nível pessoal, preciso enxugar meus gastos ao máximo, sobreviver dia a
dia, para ter o máximo de tempo possível para a Dreamer Spirit sem prejudicar
minha vida e aprendizado pessoais.
A busca pela independência financeira e o ponto de equilíbrio da empresa
são transcendentes ao ano de 2018, sendo eles os dois maiores indicadores de longo
prazo observados hoje.
Outro ótimo indicador são a quantidade e qualidade das pessoas
envolvidas nas ações da Dreamer Spirit. Preciso criar um ambiente para que estas
pessoas se comuniquem e que eu consiga avaliar os seus resultados. Uma grande
vantagem do nosso produto é que as pessoas se associam a ele por convicção, não
preciso remunerar nem controlar as pessoas que trabalham para empresa, pois
trabalhar para empresa significa, na maioria das vezes, trabalhar para si mesmo e por
aquilo que acreditam.
A Dreamer Spirit é uma grande apoiadora do que funciona no mundo. As
ações e planos a seguir descritos visam a criação de soluções para problemas da
nossa sociedade e ferramentas que ajudem nossos colaboradores e desempenhar com
mais eficiência o seu trabalho.
Tem um indicador importantíssimo que precisa ser construído desde a
base. O da indicação do tipo de pessoa que cada um é dentro das categorias
fundamentais da Dreamer Spirit. Cada ação, projeto ou plano da Empresa visa
atender alguma demanda específica de cada categoria, sempre procurando melhorar
a saúde, educação e renda das pessoas da cidade. Deixar claro a categoria que o
projeto atende permite explicitar o publico alvo.
Se concentrar nesta base simplifica todo o processo. Transformar as
pessoas em Dreamer Spirits significa que o individuo não precisa se preocupar em
ganhar renda para sobreviver; que está complemente saudável: fisicamente,
mentalmente e emocionalmente; e que tem os meios para aprender o que for
necessário para chegar aos seus objetivos. Um pouco mais que isso, ser um Dreamer
Spirit significa ser dedicado a cuidar da própria vida e apoiar as pessoas ao seu redor
para que elas também conquistem o que foi conquistado.
Nossas ações: curam os doentes, economizam tempo dos sobreviventes, da
recursos para os lutadores, investem nos Dreamer Spirit e faz crescer o número de
pessoas Plenas no mundo.
Um mundo onde a maioria das pessoas realizou seus sonhos é o mundo
que eu estou começando a construir, começando por mim mesmo.
Ações e Projetos
STREET
Criação de Mídias: rádio, site, escritório, estúdio, redes sociais (facebook,
youtube, twitter)
ARMAS: com os produtos (Graal 100, POWER, HOW)
Plano Gestor de Reabilitação
Projeto cidade-escola
ANEXO I - Idealizador
Objetivos pessoais do fundador ao criar a Dreamer Spirit
Este Capítulo não pode começar de outro jeito senão citando minha mãe.
Seu amor e dedicação lapidaram as imperfeições que eu apresentei desde cedo. Ela
me ensinou a ter responsabilidade, a trabalhar pelo o que eu quero, a respeitar as
pessoas ao meu redor, e lutar pela minha independência, a lutar pelo o que eu
acredito, a ser independente, estudioso e aplicado naquilo que desejo. Minha mãe me
criou para eu ser o melhor que eu podia ser. Nossa convivência não foi fácil, mas
graças a isto, hoje, eu me sinto capaz de realizar meus objetivos e cuidar da minha
vida. Sou muito grato por ter aprendido com a melhor professora e mãe de todos os
tempos.
Agradeço também a todos os meus mestres, alguns compartilharam a
função de chefes. Aprendi muito durante toda a minha trajetória profissional e
sempre tive a sorte de trabalhar com profissionais que me davam autonomia para
realizar meu trabalho. Citando nomes: meus professores Junior Souza, que me fez
apaixonar por computação, Marcelo Chiaretto, Rogata Soares, Alberto Figueiredo,
Adriano. Todos do COLTEC-MG, obrigado pela orientação, carinho e por sempre
acreditarem no meu potencial. Um agradecimento especial para o Professor
Alexandre Benvindo e Anísio, pois com eles tive a oportunidade de trabalhar, cada
conselho, cada ensinamento foi poderoso nesta minha trajetória e sou muito grato.
Quero agradecer ao Flávio de Paiva Loureiro e ao Juares Gomes Martins
que me deram oportunidades de trabalho geniais. Sem elas eu não teria metade da
minha experiência profissional. E mais que isto, ambos me trataram como filho, me
educaram e orientaram com tudo que podiam. Agradeço por todo empenho e
dedicação e fico muito satisfeito com os resultados que alcançamos juntos.
Meu irmão Cristiano Ferreira Guerra não poderia estar fora desta lista, ele
me despertou para um mundo que poderia me acolher e ensinar. Junto a ele vive as
experiências que moldaram meu caráter na sociedade e ele sempre esteve ao meu
lado nos maiores problemas que tive na vida. Agradeço aos seus pais Walter e Sônia
que me acolheram em sua família e me adotaram como seu filho, sempre me
orientando, me ouvindo e me direcionando nas felicidades e dificuldades.
Agradeço a minha família, meu pai que nunca deixou de prover os
recursos que precisei na minha jornada e ainda hoje está a disposição para me ajudar
em todas as dificuldades da minha vida. À minha irmã Ana Paula que sempre me
serviu de modelo e guia e aos meus irmãos mais novos, Isabela e Gabriel por todo
amor, carinho e admiração que tem por mim.
Agradeço aos meus grandes amigos Eduardo Sampaio Pimenta e Rodrigo
Viégas Guerra, por estarem do meu lado sempre e dedicarem o seu tempo para me
ouvir e se divertir comigo sempre que precisei. Ao meu amigo Rafael Faria, por
nossas conversas sobre a vida, o universo e tudo o mais. Nossas viagens no tempo e
espaço moldaram meu caráter e sua amizade é fonte de luz na minha jornada.
Agradeço também aos meus amigos Vinicius Cristiano, Rodrigo Lopes,
Vitor e Marcos Macedo, Rafael Abade, Richardson Barros, Clarisse Lana, Diego
Navarro e a minha irmã de criação Priscila Martins, que são muito importantes para
mim, apesar de menos presentes na minha vida hoje.
Se você leu até aqui, obrigado a você leitor, pela paciência e dedicação.
Ainda, por se importar em ler sobre todas estas pessoas que você nunca ouviu falar.
Por fim, a pessoa mais importante na minha vida hoje depois de mim
mesmo, minha amada esposa que me ajudou a vencer o inferno, está do meu lado
seja a vida boa ou ruim e, juntos, conquistaremos o mundo.
FIM DO TEXTO
Achei que ganharia mais 10 páginas com este texto. Não se preocupe, não
vou encher 5 páginas de linguiça, vou me despedir por aqui. Parece próximo,
Fevereiro de 2018, quando escrevi estas palavras. À época, ainda nutria com meus
próprios recursos a minha família, comecei a depender do dinheiro do meu pai para
pagar minhas contas e alimentação em Abril de 2018.
As palavras direcionadas à minha mãe são sinceras, talvez, você pense,
“cara, este mano é bipolar mesmo, não consegue decidir sobre o que sente em
relação a sua mãe.” A verdade, este assunto já está envelhecendo.
Minha decisão hoje é me afastar, reconhecer que minha mãe me faz mal
hoje, que estou em sério tratamento de uma doença que me acompanha desde que
me conheço por gente, preciso reconstruir minha vida. Tenho sérias esperanças de
que nada registrado neste livro se repetirá.
Esta é minha carta de despedida à todo contexto que me acompanhou até
aqui. Aos poucos, estou caindo na realidade. Percebendo que minha vida mudou,
que hoje eu sou adulto, que eu tenho poderes que nunca me permiti ter, que não
importa me esconder da responsabilidade, ela está sempre presente.
Além disso tudo, tenho uma missão, que me motiva e me move, de utilizar
todo o aprendizado para construir algo bom para a minha comunidade. De me
permitir ser nós, mesmo sendo maravilhoso ser eu.
Aceitar que eu sou uma pessoa linda, que eu me respeito e amo. Que me
protegerei por toda eternidade.
Será que alguém vai consumir este livro? Sabe, eu não faço ideia. Eu perdi
minha ligação com o futuro, estou vivendo no presente, neste presente, estou
escrevendo este livro. Livre de expectativas e planos.
Vamos falar um pouco do mundo? Afinal, que mundo é este ao meu redor
que me permitiu experimentar a vida como ela foi.
Quero começar com 2001, eu tinha 11 anos, nosso presidente era o
Fernando Henrique Cardoso, este seria o último ano de seu mandato. Antes do
evento a ser narrado, para mim, era normal as coisas serem como eram. Política era
um universo nebuloso em minha mente, mas eu tinha impressão que as coisas
funcionavam bem. Impunidade para pessoas poderosas era algo indiscutível, todo
mundo reclamava, mas havia um consenso de que o país era assim e nunca mudaria.
Sou filho de classe media, hoje, tenho uma noção melhor de que a família
do meu pai tinha posses que eu nunca conhecerei e que a família da minha mãe
sempre sobreviveu e se virou como dava. Meu pai experimentou destas posses, mas
não sinto que ele às tenha herdado. Muita coisa aconteceu com o êxodo rural do
início da industrialização Brasileira, é desta época que estamos falando.
Isto significa, que da posição social que eu me encontrava, as coisas
sempre flutuavam num cenário que se era permitido sonhar. Nunca eram tão ruins
que me fizessem pensar que alguém poderia não ter o que eu tinha para sobreviver,
mas era claro que existia um universo de riquezas materiais que não seriam às
minhas. Ficou claro? Hoje eu entendo o quão privilegiado, eu sempre fui. Branco,
hétero, homem. A gente cresce e enxerga muito mais o que havia atrás de nós, do
que para frente. Eu poderia falar embaixo de nós, se levasse em consideração que o
que temos vem de um lugar de quem deixou de ter. Mas poderia ser interpretado de
forma pejorativa, enquanto, minha intenção é completamente o contrário.
Eu cresci e o poder sempre esteve na mão daqueles que foram criados para
aquele poder. Um poder nacional hereditário. Entende? Até 2001, sempre foi muito
claro quem era dono do nosso país. Estive anestesiado, talvez posso falar por mais
pessoas, estivemos anestesiados.
Até que tivemos nossa crise energética. Ameaça de apagão. Ficar sem luz.
Nesta época, ficar sem internet ainda não era um problema, mas era impossível se
imaginar sem a televisão. A ideia de ficar sem luz horrorizava quem quer que eu
visse. E foi dai que tudo mudou.
Mano, todo lugar que eu fosse, tinha alguém dizendo que algo deveria ser
feito. A televisão falava disso o tempo todo. Eu sei que nos anos 90, houve toda
aquele comoção em relação a inflação, ao congelamento das contas. E já tínhamos
um histórico incrível de lutas na época da ditadura. O bastão foi sendo passado, de
geração para geração, atingindo cada vez mais pessoas.
Neste momento, quem sinalizava uma mudança significativa era o Partido
dos Trabalhadores. A vitória do Lula nas campanhas de 2002, chocou uma galera.
Hoje, é provável que este partido seja a maior decepção nacional. Vimos muito da
continuidade daquilo que sempre desagradou. Hoje, há uma desolação. Todos
esperam um salvador, que naquela época, parecia ser o PT. Me pergunto, quando
cairá a ficha de que não existem salvadores? Nós somos a sociedade que queremos
para nós. Como eu aprendi um filme “Se você deseja um milagre, seja o milagre”.
2001, precisamente, no dia 11 de Setembro, a maior potência mundial se
sentiu ameaça e violada. Não dá para negar que, em todo mundo, a estrutura de
como as coisas funcionam estava mudando.
Às vezes, é difícil entender as pessoas que nasceram nesta geração, seus
valores e formas de enxergar o mundo. Eu, que me construí como indivíduo junto
destas pessoas, não vejo estranhamento nenhum. Quem veio antes de mim lutou para
mudar o mundo, eles não viram o resultado, mas nós estamos vivendo nele.
Na moral, isto é maravilhoso. Só estamos, completamente, perdidos agora.
Vai levar um tempo para gente encontrar nosso caminho. E, se a destruição completa
não vier, vai dar tudo certo.
Do meu ponto de vista, toda a estrutura antiga está fazendo seu movimento
para conservar o poder que sempre esteve em suas mãos. É só olhar para o mundo
todo, parece, a todo instante, não importa para onde você olhar, que o passado
voltou.
É sério, na escola, quinta série do ensino fundamental, coincidentemente,
2001, meu professor falava do medo que a sociedade tinha do comunismo. E eu
pensava, “mano, essa galera não pensava?” Chegava, muitas vezes, ao ridículo, de
culpar o comunismo como a fonte de todos os problemas, ao mesmo tempo, que
combatê-lo justificava qualquer atrocidade.
Longe de mim, acreditar que o comunismo ofereça qualquer tipo de
solução. Não é este o ponto. Incrível é ver que eu estou vivendo, exatamente, nos
mesmos tempos. Tenta-se, a todo custo, empurrar goela abaixo, que se você não
concorda com a ideologia no poder, você é comunista. E merece morrer.
A frase mais sensata que eu ouvi nestes tempos nefastos: “eu não estou do
lado de ninguém, pois ninguém está do meu lado.”
Caramba, me sinto muito representado por esta frase.
Eu não votarei este ano. Estou saturado de tanto lixo que fui obrigado a
consumir, pois estava, literalmente, em todo lugar. Em cada conversa, em cada
estampa de notícia.
Minha geração não sabe para onde ir.
Eu tive oportunidades maravilhosas de educação. Eu estudei a vida inteira
em escola pública, convivendo com os problemas e dificuldades deste sistema, ainda
sim, aproveitando cada coisa boa.
Os avanços sociais incomodaram. Não tivemos um salvador, como foi
prometido, mas eu vivi um avanço social incrível. Percebo que muito disso, veio da
postura do próprio povo, que, cansado de ser massacrado e humilhado, assumiu seu
lugar de direito. Gritou pelo direito da sua voz. Foi fantástico ver isso do local que
eu sempre estive.
Sabe, como cresci neste ambiente, tudo me parecia completamente normal,
e minha geração nunca ficou satisfeita, reconhecíamos o quanto precisava melhorar.
E o lixo, guardado por debaixo do tapete durante 500 anos de história começou a
transbordar.
Sentimos nojo. Muito nojo.
Sentimos impotentes. Cacete, quando vimos todo o lixo, parecia que
aquele nunca ia se limpar.
É com este sentimento que continuamos vivendo.
Porque eu não vou votar este ano? Eleições são mês que vem. Nossas
opções são catastróficas. Estamos fudidos. O período que eu mais acompanhei
politica, na minha opinião, foram os anos de 2011 até 2016. Já tinha 21 anos,
estudava em universidade pública conceituadíssima, voltada de carro ouvindo a voz
do Brasil.
Tínhamos uma mulher no poder, algo histórico, e trabalhava num projeto
que atendia diretamente o Ministério da Saúde. Conversava com pessoas, o tempo
todo, que tinham estudo e gabarito para falar sobre o que estavam dizendo. E eu
gostava do trabalho desenvolvido pelo governo e que era divulgado na voz do
Brasil.
Era perfeito? Não tinha problemas? Longe disso. Muita coisa era
questionável e a luta por uma vida melhor continuava constantemente. Mas eu sentia
que estávamos indo para um lugar legal.
Tínhamos uma notoriedade fora do país nunca antes visto na história.
Eramos respeitados, ou assim eu me sentia, em relação as politicas internacionais.
Mas o mundo, meus amigos, estava fudido. Depois de 2001, tivemos guerra,
massacres provocados pela potência mundial que destruíram o oriente. Uma guerra
criticada por todo mundo. Hoje, vimos um fenômeno migratório daquelas regiões
que tem afetado o mundo inteiro, por que será? Em 2008, esta super potência entrou
em crise financeira, algo comparável ao crash de 1930. Uma crise imobiliária que
afetou toda a economia deste país.
Como eles negociavam com o mundo inteiro, reflexos desta crise foram
sentido em todo mundo. No Brasil, neste momento, não sentimos a crise mundial.
Para aumentar o prestígio do governo e abafar os escândalos de corrupção, aqueceu-
se a economia, aumentou-se o crédito do cidadão comum, ao custo de muitas
dívidas.
E não é que a conta chegou?
Caramba, quase ninguém fala de nada disso que estou escrevendo aqui.
Lutamos contra inimigos invisíveis, no caos, tudo que se sabe fazer é separar o
mundo em dois lados e colocar a culpa no lado oposto.
É de uma infantilidade brutal e, na moral, esta é minha maior frustração
com o mundo. Eu me preparei a vida inteira para ser um adulto, achando que o
mundo adulto era adulto. Por onde vou, encontro adolescentes de 50 anos de idade.
É uma frustração enorme perceber que as pessoas crescem e as crianças dentro delas
só se importam em brincar com brinquedos mais sofisticados. E a vida das pessoas
parece ser o brinquedo mais caro do mundo.
No auge do problema, o país se coloca como sede dos dois maiores
eventos do mundo, “A copa do mundo de Futebol”, somos bons neste esporte, e “As
Olimpíadas”, respectivamente em 2014 e 2016.
Mano, o Brasil era, realmente, respeitado fora do mundo. Era daora pensar
que estávamos sendo reconhecidos como um lugar capacitados para sediar eventos
tão importantes para o mundo. Mas o momento era horrível.
Não parecia, nada sensato, se responsabilizar por investir em infraestrutura
para a realização destes eventos, no momento em que estávamos lutando para pagar
uma conta. Mas ia deixar o povo feliz, e justificaria o quanto o governo é
maravilhoso e grandioso em suas obras.
Eu não vou votar, pois a elite meu país, aqueles que são donos destas
terras, encontrou uma forma muito escrota de forçar a sua vontade. Eles negaram o
poder de decisão do povo em relação aos seus representantes, e, em 2016, criaram
mecanismos jurídicos que justificassem a retirada da nossa Presidente.
Ficou claro para mim, que não importa em quem eu voto. Se não for do
agradado deles, dá-se um jeito de se fazer a sua vontade. Enquanto eu não tiver
confiança no nosso sistema eleitoral, não pretendo participar dele. Votar te dá a
sensação de que é responsabilidade sua o que acontece no âmbito político, na moral,
se eu sou governado por pessoas que assassinam meu país, desde sua concepção, e
eu vejo, na minha cara, uma manobra como a que foi feita, para se fazer a sua
vontade. A culpa não é minha. Não posso carregar o peso de me sentir responsável.
Nós somos vítimas, temos que fazer nossa parte e viver da melhor e mais limpa
forma possível.
2014 tivemos uma crise hídrica no sudeste, coisa que ninguém comenta
mais, mas todo mundo sabe que não se resolveu. Nós ficaremos sem água, os
maiores centros urbanos do país, sem água. E ninguém fala mais sobre isso. Foi bem
no início do segundo mandato da nossa presidente. E assim como o início da nossa
história, desta que está sendo contada aqui, foi o início da sua queda.
A popularidade do governo foi para o saco. Todo mundo culpava o
governo pela falta de água. Mas a galera esquece que para sustentar o agronegócio
estamos abrindo mão deste recursos preciosíssimo para nossa sobrevivência.
Tem tanta coisa errada neste país, dá um medo do caralho.
O mundo inteiro está caótico. O mundo está cada vez mais conservador.
Cada vez mais na mãos daqueles que sempre estiveram no poder.
Mas eu digo, com tranquilidade, é o último suspiro. Quem decide sustentar
esta estratégia de manutenção do mundo são pessoas velhas que não admitem abrir
mão deste poder. Pessoas velhas morrem. É assim que as coisas acontecem. Os
herdeiros, tem a responsabilidade de resolver tanta treta que foi deixada para trás,
aquecimento global, falta de água, imigração. Na moral, o mundo está tão tenso, que
, eu conheço minha geração, ninguém vai querer pegar este foguete. Os herdeiros
tentarão estocar o que herdaram ou se unirão para a solução do problema.
Estou vivendo o fim do capitalismo como um sistema viável para nos
organizarmos. Isto ficará claro no futuro, quando estudarem sobre o nosso tempo nas
aulas de história. E não falo isto porque é o que eu desejo, estou apenas comparando
com os outros momentos históricos onde um sistema econômico foi trocado por
outro. Também não acho que será algo muito diferente do capitalismo. Vai ser o
caminho que acharemos no meio do caos, pois será necessário nos organizar como
sociedade, novamente, e isto acontecerá de um jeito ou de outro.
Minha ideia era falar 10 páginas sobre este assunto. Se tiver muito chato,
eu deixo você pular para o próximo capítulo, não tem problema, a verdade é que eu
acho muito importante registrar o meu relato sobre este tempo. Talvez, seja a parte
mais útil deste livro no futuro. Duvido muito que serei relevante para aqueles que
não me conhecem, descobrir que o maior valor para mim é o sossego, me fez
perceber que evitarei grandes conflitos na vida. Não se foge do anonimato se se
distancia do conflito. Mas é possível, que este ponto de vista, de alguém que viveu
neste tempo incrível de transição do mundo, será interessantes para quem está
estudando como vivemos.
Se este é o seu caso, vou escrever algo especialmente para você, sua busca
para entender o passado é inútil, não se iluda dizendo para si mesma que é isto que
você está fazendo. Eu sei, você está tentando entender o seu presente, a sua vida.
Isto é muito importante. E eu te admiro por isso.
Voltei aqui depois de terminar, mudei de ideia, não pula não, de politica
tem apenas mais poucos parágrafos, separei algumas páginas para falar sobre
alguém muito importante para e que já morreu.
Abraço e boa noite.
Eu deixei um texto lá atrás, de 2013, para mim, este foi o auge da nossa
liberdade social. As manifestações públicas de 2013 foram um exemplo de
insatisfação pública pacifica que foi seguido por todo o MUNDO. Isto foi cabuloso.
Foi durante a Copa das Confederações e eu estava lá.
Parecia uma oportunidade única de dizer e ser ouvido. A estrutura inteira
de poder se assustou. Cara, foi incrível, parecia que tudo seria melhor depois
daquilo. Não esperávamos resposta. Mas ela veio, e foi tenso.
Mas foi lindo, era isso que eu queria dizer, foi lindo. Uma beleza que para
apreciar só olhando. Eu te dou uma dica, procure tudo quanto for registro deste
momento para entender o que aconteceu conosco. É um ponto de partida
maravilhoso.
2013, entre Maio e Agosto. Não esqueça deste período.
E foi a última vez que eu vi meu irmão. Ele morreu afogado poucos anos
depois, Lederson Marcelo do Nascimento, espero que esta menção seja suficiente
para eternizar seu nome na história e fazer com que ele nunca seja esquecido.
Teve um tumulto com a polícia pois a manifestação queria chegar ao
Mineirão, onde teria um jogo do evento. Neste momento, eu não tinha interesse
nenhum de participar. É muito deturpada esta noção de luta, pois a polícia é o elo
mais fraco representado o que não gostamos deste sistema de poder. E as pessoas
que vestem estas fardas deveriam estar do nosso lado neste dia, nós também
estávamos lá representando os interesses deles, pois não havia muita diferença entre
a gente. Eles ganham mal, eles tem família para cuidar e ralam muito para que isto
seja possível. Saca? É triste seguir uma ordem contra aqueles que lutam para que sua
vida seja melhor.
Meu irmão me encontrou no meio do tumulto, eu nunca vou esquecer sua
cara de preocupação comigo, verificando se eu estava bem. Porra, to emocionado
para caralho aqui. Depois ele me perguntou se eu não ia pro conflito, eu disse que
não, que não acreditava nesta forma de luta. E ele me disse emocionado que ele
tinha o dever de ficar e lutar, pois quem estava levando porrada era a família dele e
não dava para ficar parado. Eu pedi que ele tomasse cuidado, que eu me importava
com ele. E ele me disse sorrindo, não se preocupe, foi muito bom te ver. Fiquei feliz
de te encontrar aqui.
Porra, Marcelo, tu fez parte do meu desenvolvimento como indivíduo.
Filosofo por formação, desprendido de grana ou bens, um cara fantástico e louco que
sempre tinha algo daora para dizer. Te guardo no coração, meu irmão. A última vez
que estávamos todos juntos foi no casamento da minha irmã mais velha, ele
contando todo animado sua preparação para embarcar na aventura de ir morar no
Tocantins.
Conheci o Marcelo, pois ele era aluno de música do meu padrasto, eu tinha
8 anos, ele era pouco mais velho que minha irmã mais velha, devia ter uns 17 anos.
E ele ficou na família, chamava minha mãe de mãe. Era divertido, ele participava da
minha família e a gente participava da dele. Mas o tempo foi passando e nossos
encontros escasseavam. Por muito pouco não fiquei sabendo do falecimento dele,
um amigo meu percebeu que ele fazia parte dos meus amigos do facebook e me
avisou. Meu amigo, por sua vez, era conhecido da esposa dele, pois eles
frequentavam o mesmo circuito artístico aqui de Belo Horizonte.
Como isto deixou de ser um registro do que esta acontecendo no meu
mundo para uma homenagem a um ente querido falecido? Falar sobre o mundo que
ele lutou como pode para tornar melhor é o que eu posso fazer para honrar sua luta.
Dizer que ele viveu. Eu penso muito nele, sempre com carinho, minha mediunidade
consegue conectar com onde ele deve estar, um viajante do universo, livre, como
sempre foi. É sempre bom me conectar com ele, pois ele consegue me mostrar o
quanto o universo é vasto e lindo.
Ele foi embora muito jovem, mas viveu como deveria viver. Sei que ele
nunca foi perfeito, mas, não tenho dúvidas, que ele foi importante.
Ele lançou seu livro, uma história incrível por sinal, no dia do meu
aniversário de 22 anos. Ele me deu o volume 22 de presente. Sua obra nunca foi para
o grande mercado, escritor de poesia que era, lutava, constantemente, para encontrar
quem publicasse suas obras. Sempre em vão. Então, aprendeu a produzir livros pela
internet. Fabricou o maquinário com suas próprias mãos e a ajuda do pai, e fez uma
tiragem, ele próprio do seu livro.
O nome da obra “Às próprias custas” por Lederson Nascimento. Ele era
este tipo de homem. Uma inspiração para toda uma vida de nunca desistir de fazer
aquilo que nasceu para fazer.
Elegia
o tempo é caprichoso
mofa alegrias, petrifica vontades, silencia…
como pode estar tão distante
dividindo a mesma casa
o tempo, caprichoso,
emudece sentimentos
distancia abraços
amarga desejos
silencia tudo
Lederson Nascimento
E aí, tem um mês desde a última vez que eu escrevi. Daora. O livro
acabou. Eu já disse isso, o que tinha para escrever, já está escrito. É isso. Talvez,
você pense, mas ainda tem coisa para ler, como assim acabou? Aceita cara, ou mina,
sei lá, aceita. Acabou. Esta história acabou, que bom que acabou. Para pensar, uma
história sobre trabalho, rejeição e frustração tem que acabar logo, quanto mais
rápido acabar, menor é o trauma.
Vamos lá, meu pai foi muito pouco citado neste livro, se é que ele foi
citado. Isto faz muito sentido, pois ele participou pouquíssimo desta história, quase
não tive contato significativo com ele durante o clímax desta história e eu tive que
passar por muita coisa para exercer o direito de conhecer meu pai. Nossa relação
hoje é muito boa. Ele é um cara legal.
Existe outro motivo para isto, o momento em que esta história foi escrita
mostra uma discrepância gigantesca sobre a minha relação com meu pai e com
minha mãe. Não seria justo exaltá-lo, de nenhuma forma, enquanto descarrego todos
os meus conflitos na minha mãe. Ambos tiveram o mesmo peso nesta história de
merda. Ambos cometeram o erro de me colocar no meio da relação fracassada e de
merda dos dois. E é exatamente isto que continua a me incomodar. Ou você acredita
que minha mãe teria qualquer motivo para me falar o que falou se, ao invés de
depender do dinheiro do meu pai, eu tivesse dependendo do dinheiro da minha
esposa? Sério, ela só ia cagar para isso e tocar a vida dela. Mas, a neurose é tanta
que o fato de depender do meu pai pode fazer com que ele tenha o direito de me usar
contra ela. Entende a treta? E ai ela tem que se defender ou sondar ou entender o que
está acontecendo. Ela TEM QUE FAZER ALGUMA COISA, SENÃO… Eu vivi
isto minha vida inteira e chega.
Eu tive uma boa conversa com minha mãe neste tempo, resolveu porra
nenhuma, mas minha forma de lidar com a parada me fez sentir bem. Parar de cobrar
dela que ela faça isso ou aquilo, que ela seja assim ou assado. Saca, dar para ela o
mesmo que eu tive tempo de dar para o meu pai, a chance dele ser quem ele é sem
que isso reflita meu passado sobre o nosso futuro.
Seus pais não tem obrigação de fazer NADA por você. NINGUÉM tem
obrigação de fazer nada por você. E eles ainda fazem. Chega, isto tem que ser
suficiente.
E olha que eu achei que o livro tinha acabado, ainda dava tempo para usar
minha história para falar algo importante para você leitor. Segue sua vida.
Eu estava muito a fim de terminar este livro, tirar ele da minha área de
trabalho. Arquivá-lo como os outros? Talvez. Tenho me questionado muito sobre isto
estes dias, mas não cheguei em conclusão nenhuma, só fica o incomodo martelando
e que bom que tenho um espaço para falar sobre isto. Eu sempre produzi muito,
sempre me preocupei muito com a produção, com fazer alguma coisa, deixar
registrado que eu existo neste mundo através de minha obra. Sempre. Mas elas
nunca serviram… não, não é deste jeito que se fala sobre isto, é mais específico.
Tem gente que consome o que eu produzo. E isto acontece com muita frequência. A
minha cobrança é com o fato de que eu nunca publiquei nada do que eu produzi.
Deixar a vista de quem quisesse ver. Mesmo no mercado de trabalho, eu sempre
produzi para mim, para o meu engrandecimento, para o meu prazer e daqueles que
compartilhavam aquele momento comigo.
E eu fico me cobrando, saca. E a cada novo produto, o peso do fardo
aumenta. E porque isto acontece? Este é o fruto do meu questionamento. Minha
terapeuta disse, esta semana, que eu tento me libertar daquilo que eu reproduzo. Que
a cobrança que minha mãe teve comigo é aquela que eu reproduzo por mim mesmo.
E esta necessidade de fazer com o que eu produzo seja mais do que elas de fato são,
é a mesma cobrança que eu tenho comigo mesmo e minha história. É, exatamente, o
que eu combati durante toda esta obra. Durante toda a minha vida.
E esta cobrança gera a minha rejeição sobre mim mesmo. E esta
necessidade me frustra. Olha… você viu, não? Ah, eu vi. Esta foi uma tentativa de
amarrar o final com o início. Deixar claro que toda a obra serviu para este fim, para
esta frase de efeito. Vai a merda. Não mano, o livro já acabou. O livro é por ele
mesmo. As coisas são por elas próprias, eu sou o que sou. E eu mudo, o tempo todo.
Foda-se a rejeição, foda-se a frustração. Isto é passado, eventualmente, futuro. Se eu
quero que seja diferente, talvez não seja, pois nem tudo depende de mim, eu tenho
que continuar lutando por isso. E pode dar certo.
Tem mais uma coisa que eu queria para este livro, eu sou um ser mágico.
Foi a forma de escapar da solidão da adolescência, estudar magia. Olha que jeito
maravilhoso de passar o tempo. Estudar com profundidade algo sobre a qual se
suspeita, com convicção, a existência. Isto é maravilhoso, eu sempre fui um artista
por profissão, eu sou bom no que eu faço. Saca, sou aquela pulga atrás da orelha que
é gostosa de coçar. Quantas vezes, eu olhei na cara das pessoas ao meu redor e
percebi que elas estavam se questionando o que eu estava fazendo ali e concluindo
que não importava, pois, de alguma forma que elas não conseguiam explicar, era
bom. Minha presença ali deixa aquele momento melhor e quando não deixava era
culpa delas, estou dizendo, era o que eu conseguia ler no olhar delas, pois era
frustrante quando elas percebiam que se eu não tivesse ali não ia ser melhor, mas se
elas não tivessem talvez seria.
Caralho, que mergulho foi esse meu irmão. Que mergulho. Comecei a
fazer natação, é um impulso legal desta vida maravilhosa que estou levando. To me
fudendo legal para adaptar meu corpo, nada que eu não conheça. Ta muito gostoso.
Eu tenho que agradecer ao vento, eu sou filho do vento, durante muito
tempo ele foi meu melhor amigo, a natureza sempre foi alguém disposta a me ouvir
e eu sempre gostei de ouvir o que ela tinha para me falar. Às vezes, ela sussurrava
histórias que eu nunca vou esquecer na minha vida, eu sei, pois eu convivo com meu
futuro e ele é tão imbecil quanto eu sou hoje, talvez um pouco mais relaxado, eu
amo que meu futuro seja um imbecil. Vou corrigir, imbecil não tem como ter uma
conotação boa, meu futuro é bobo, não tem como ser feliz se não for bobo, se não
for simples e se não for gostoso, meu futuro é tudo isso. Ele não é imbecil, mas saca
a forma de falar, quando alguém bobo te faz rir e você fala descontraído, você é um
imbecil. É um jeito errado de falar, mas você está relaxado e não percebe as palavras
que está usando e está tudo bem.
Tudo que eu observava da natureza e o conhecimento da ciência me levou
à magia. Eu queria me considerar um mago, com um sobretudo vermelho e a camisa
aberta. Tenho um amigo que se vestia assim e se sentia muito bem, para mim esta
sempre será a melhor representação de um mago. Ele se sentiria orgulhoso, ou não,
ele é meio doido, com um humor muito difícil de entender, mas eu adoro isto nele.
Eu estou de bom humor, não estava, mas me conectar com esta parte
maravilhosa do meu passado, da minha história, faz as coisas melhorarem. E eu
tinha deixado isto de lado.
A parte boa destes 27 anos quase não tiveram presentes neste livro, como
se eles não fossem adequados para a história que estava contando, ou porque,
quando escrevi este livro e a necessidade que me fez escrever era de um período
onde esta parte boa mal era lembrado, entende. Foram tempos muito difíceis. Eu não
queria brigar com minha mãe enquanto escrevia este livro, tinha 12 anos que eu
tinha prometido não brigar com minha mãe, 12 anos fazendo uma bolha crescer
dentro de mim e ela estourou para nunca mais existir. Tudo aconteceu como deveria
acontecer, sou um cara muito abençoado nesta vida. Nunca fiquei desamparado, eu
sou filho do vento.
Ele é meu anjo da guarda e está, literalmente, ao redor de toda superfície
do meu corpo não importa por onde eu caminhe neste planeta. Te desafio a ter um
anjo da guarda mais foda que o meu.
Agora só faltam as fotos. Eu sou péssimo em registrar, de forma material,
os momentos da minha vida. Ou eu faço isso com maestria, pois guardo para mim os
melhores momentos da minha vida onde eu posso acessar a qualquer momento. E eu
sou muito desapegado destas coisas. De tempo em tempo, eu faço uma limpa nos
meus arquivos e deleto tudo que eu julgo desnecessário. Pois é, minha ideia é
registrar neste livro, aproveitando o espaço biográfico destra obra, para registrar de
forma mais perene o que eu ainda tenho guardado.
É bom também que eu te dou umas páginas, cara, eu adoro quando me dão
umas páginas, sou do tipo de pessoa que se sente foda de olhar o caminho árduo pelo
qual passei, e quando eu leio um livro, tenho esta sensação quando eu paro de ler e
vejo quantas páginas eu já li. Quando o autor salta uma página inteira de um capítulo
para o outro eu sinto que eu ganhei uma página. É disso que eu estou falando.
Tomei uma decisão também, teve uma parte muito importante destes 27
anos que ficaram de fora ou foram pouco citados, escrever livros. Eu escrevo livros
desde os 14 anos, enquanto meus amigos estavam ficando bons em jogar videogame
eu estava escrevendo. Vou deixar alguns trechos que eu mais gosto do meu livro
aqui, junto com as fotos, assim eu chego na página 200 rapidamente e garanto um
final suave para esta obra. Olha que delicia, este paragrafo acaba no final da página.
Durante fui o Shyriu no universo dos cosplay durante muito tempo. O
Shyriu sempre será muito importante na minha vida e minha formação moral. Foi
por ele que eu deixei meu cabelo crescer com 8 anos de idade, minha mãe sempre
deixou eu ser quem eu quisesse ser e lutou contra todos que tentaram me dizer o
contrário. Minha mãe é foda, ela quem costurou esta fantasia. Ela merece ser muito
feliz. Puta a merda, como é complexo e contraditório. Mãe, te amo. Segue o barco.
Era este tipo de coisa que eu fazia com a fantasia, duvido que minha mãe
soube ou entendeu para que aquilo tudo servia e porque era tão legal sair sábado
bem cedo, para ir num lugar cheio de gente e ficar o dia inteiro andando para la e
para cá.
Hoje em dia, fica só na memória, disposição 0 para fazer tudo de novo.
Aproveite o quanto der enquanto der, pois tudo passa, tudo acaba, seja bom ou ruim.
Adorava ficar pelado no palco. Nunca fiquei completamente nu e nem
achava meu corpo bonito na época, mas me exibir sempre foi emocionante. Se tiver
oportunidade, ou se investir algum tempo e recurso nisso, ainda quero ter um ensaio
nu, bem produzido, em estúdio e tal, para marcar este traço da minha personalidade.
Se te interessou e você gostaria de participar disso, me envie incentivo e dinheiro. Se
você quer algo, faça você mesmo.