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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 1

SUMÁRIO:

Prefácio: ..................................................................................... 2
Capítulo 1: UMA VIDA CHEIA DE GATILHOS............................ 8
Capítulo 2 : QUANDO IGNORAR O CAOS SE
TORNOU IMPOSSÍVEL............................................ 26
Capítulo 3 : O SOBRENATURAL ACONTECEU......................... 35
Capítulo 4 : O QUE É ANSIEDADE............................................. 41
Sintomas Psicologicos ............................................. 43
Sintomas Físicos ...................................................... 44
Capítulo 5 : RAÍZES DA ANSIEDADE...... ................................... 46
Capítulo 6 : ANSIEDADE NA VIDA .............................................. 51
Capítulo 7: TRANSTORNO ALIMENTAR .................................... 60
Capítulo 8: COMPORTAMENTOS COMUNS DE ANSIOSOS .... 64
Capítulo 9: DIFICULDADES AMOROSAS DO ANSIOSO ........... 66
Capítulo 10: TÉCNICAS MENTAIS PARA O CONTROLE DA
ANSIEDADE............................................................ 75
Capítulo 11: EXERCÍCIOS PARA RELAXAMENTO .................... 80
Capítulo 12: CONTROLE DA MENTE........................................... 83
Capítulo 13: FOBIA SOCIAL ......................................................... 93
Capítulo 14: CRESCIMENTO EM MEIO AO CAOS ..................... 99

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Olá! Seja bem-vindo (a) !

Bom, se você está aqui lendo esse Ebook, é porque


você como milhares de pessoas sofre de algum
sintoma de Ansiedade, mesmo que ainda não tenha
sido diagnosticado, você sabe que tem algo errado.
Primeiramente, gostaria de me apresentar, meu
nome é Rhana, tenho 24 anos, e diferente da
maioria das mulheres que costumam sofrer de
Ansiedade na adolescência, eu comecei com os
sintomas já após essa fase por volta dos meus 18
anos. Não entendia o porquê, mas sabia que tinha
algo errado comigo!

Eu sentia muito desânimo, falta de ar e muito


nervosismo quando eu entrava no meu ambiente de
trabalho especificamente, fora as crises familiares.
Eu estive por 1 ano e 3 meses em um emprego que
me impossibilitava de realizar minhas principais
metas, pois como toda pessoa que acabou de sair
do ensino médio, eu queria começar a cuidar da
minha independência. Embora eu não soubesse o
que queria estudar, eu via meus amigos fazendo

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faculdade, outros trabalhando em empregos


incríveis e mesmo ficando feliz por eles, eu pensava
que minha vida não andava, pois, o meu emprego
prejudicava muito minha saúde mental, ele foi a
gota d’agua, para transbordar o copo, sabe?

Eu trabalhava 8 horas por dia, porém, em horários


diferentes a cada semana, na maioria das vezes eu
saia do trabalho as 21h, eram raros os dias que eu
era escalada para o turno diurno, além de trabalhar
Sábado, Domingo, Feriados... Tudo bem que
existem milhares de pessoas trabalhando em
horários assim como eu trabalhava, mas na minha
idade e fase da vida, estava muito difícil para mim,
eu não tinha tempo para sair com meus amigos,
não tinha tempo para minha família nem para meu
namorado.

Eu apenas trabalhava, nada mais.

Trabalhava tanto, que os mil reais que eu ganhava


no início do mês não era nem um pouco satisfatório
para mim, comparado ao tanto de estresse que eu
passava.

Além dos meus horários, eu era obrigada a ouvir


desaforos de clientes que passavam por mim
muitas vezes sem merecer ouvir, minha função era
apenas receber o dinheiro e dar o troco, mas havia
alguns clientes que se irritavam pela falta de
descontos (que deveria ser pedido ao vendedor),
também reclamavam quando faltava troco no caixa
(mas o que muita gente não sabe, é que os
operadores de caixa não podem mexer no cofre de
trocos das lojas, então quando falta troco eles
precisam pedir as pessoas responsáveis e

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dependem da agilidade delas para conseguir trocar


o dinheiro, e mesmo quando eu avisava o
responsável pelo troco com antecedência, eles não
me atendiam na hora, e os clientes cobravam de
mim, óbvio). Alguns gritavam, outros xingavam,
outros pediam para “chamar o gerente”, etc.

Diante dessa rotina eu comecei a me sentir


exageradamente triste, nervosa, sentia falta de ar,
acompanhada de uma enorme vontade de “sair
correndo”, além de diversas manchinhas roxas pelo
meu corpo que apareciam do nada, e não doíam.

Tive também um desequilíbrio hormonal, onde meu


rosto que sempre foi bem limpo, começou a ter
acnes frequentes e espinhas horríveis. Nos meus
piores dias, eu acabava tendo Herpes nos lábios
(desde os 13 anos eu comecei com esse problema
da Herpes, torno de 4% da população mundial
nascem com esse vírus, e ele se manifesta),
geralmente a Herpes se manifesta por causa da
imunidade baixa ou exposição excessiva ao Sol, no
meu caso, era a imunidade, pois o estresse
também prejudica a imunidade, por causa do
cortisol que atrasa o curso normal do sistema imune
e a falta de sono e de apetite.

Houve um dia em que indo para o trabalho eu me


senti muito mal, meu coração acelerava como se eu
fosse ter um Infarto, a boca ficava seca, eu tremia
de nervoso, e então fui direto para o hospital.
Quando fui atendida, a médica da emergência disse
que eu precisava ter um acompanhamento
psicológico, pois eu estava com sintomas de

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Ansiedade Generalizada e precisava cuidar para


não se tornar uma Depressão.

Minha reação foi desesperadora, fiquei tão nervosa


que fui direto ao RH da empresa pedir minha
demissão, pois eu não ia submeter minha saúde
mental a entrar em conflito por causa de um
emprego. O gerente foi atencioso comigo e fiquei
horas conversando com a Psicóloga da empresa
que me convenceu a ficar e tentar vencer tudo isso.

Após a conversa me senti bem melhor, e fui para o


trabalho, consegui me controlar por mais dois
meses. Passados os dois meses eu comecei a ter
sintomas muito mais fortes, eu não conseguia mais
controlar. Minha médica me receitou Fluoxetina, e
me deu um atestado médico de 5 dias.

Não aguentei mais e sai do emprego.

Eu achava que a principal causa da minha


Ansiedade era o emprego, já que ela se manifestou
em forma de crises durante todo esse perrengue
vivido no trabalho. Mas não era bem assim.

Eu cresci me sentindo sufocada. Problemas


familiares a rodo, minha casa era uma casa com
muita estrutura em termos de necessidades
básicas, mas era completamente caótica em
termos de apoio emocional. Meus pais me tiveram
muito novos, então, sei que eles deram o melhor de
si, mas tinha muitos conflitos e isso recaía em mim.

Aos 14 anos me relacionei com um rapaz que era


completamente atencioso e me fez muito feliz
depois de eu ter me relacionado com um menino
que me traiu. O relacionamento com esse rapaz

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durou até meus 18 anos, e depois dos primeiros


meses, se tornou um relacionamento
extremamente abusivo.

Diversas vezes eu quis fugir da vida. Fugir de mim.


Me sentia sufocada. Mas, já era tão comum que eu
nem me assustava ou desconfiava que tinha algo
errado acontecendo.

Terminei o namoro, em seguida entrei no emprego


ruim, 9 meses depois conheci um outro rapaz e
comecei a namorar. Sempre tudo muito rápido, sem
pausa, sem autoconhecimento, sem me bastar por
mim mesma.

Quando as crises começaram no trabalho, eu saí


do emprego.

Após isso, minha Ansiedade diminuiu, mas foi se


manifestando no dia a dia com situações simples
que acabavam comigo, sentia náuseas, chorava
sem motivos, me desesperava.

Então, resolvi pesquisar sobre o assunto e testei


várias técnicas, até encontrar entre uma técnica e
outra o equilíbrio, e consegui finalmente domar
esse mal.

Meu problema era mais sério do que eu pensava,


mais sério do que muitas pessoas pensam, pois um
dos maiores problemas que pessoas que sofrem de
Ansiedade/ Depressão enfrentam é o “desdém” das
pessoas a nossa volta, pois sempre tem um que diz
que é “besteira” “frescura” “coisa da nossa cabeça”
“vontade de chamar atenção”, o que nos entristece
muito, pois só quem já passou pela Ansiedade ou
Depressão entende a situação crítica que é.

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Escrevi tudo isso acima para te dizer que eu


entendo você! Você não é louco (a), nem quer
chamar atenção, você apenas está passando por
um momento difícil que pode ser vencido, lendo e
praticando tudo que eu escrever aqui!

Tenha bom ânimo, independente do que você


passou, dos traumas que tem, das coisas que te
fazem querer desistir de tudo, você é muito
importante e tem a capacidade para vencer esse
momento, e lá na frente poder ajudar pessoas que
passarem por ele.

Hoje, sou psicanalista, e minha experiência vivida


com a ansiedade me tornou uma terapeuta mais
humana, pois eu sei o que você sente.

Vem comigo, vamos vencer isso juntos (as)!!

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Para ser bem sincera, ninguém dá muita atenção


para a própria mente antes de viver um caos tão
grande a ponto de pensar em desistir.

Nada surge do nada, e muitas vezes, os maiores


gatilhos são ignorados, mas, quando você ignora
algo, não significa que aquilo deixará de existir, e
muito menos que não terá efeitos sobre nós...

É muito difícil falar de uma história que desperta


sentimentos que lutamos tanto tempo para
esquecer. Mas as vezes é necessário recapitular,
para ter uma referência de onde esteve e do que
aprendeu.

A minha história já começou conturbada.

Meus pais me tiveram muitos jovens, minha mãe


tinha 16 anos e meu pai tinha 18 anos. Eles já eram
noivos, mas quando descobriram que eu iria
chegar, adiantaram as coisas, casaram-se às
pressas.

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Minha mãe se casou com meu pai, e quando se


mudaram para casa que estavam construindo, ela
ainda nem estava terminada. Faltavam os vidros
das janelas e alguns outros acabamentos.

No primeiro mês de casado dos meus pais, eles já


tiveram muitos problemas de convivência, e minha
mãe passou o final da gravidez muito nervosa.

Quando nasci, acredito que por amor, eles haviam


estabilizado um pouco mais a convivência um com
outro.

Mas meu pai sempre foi uma pessoa muito


“esquentada”, pavio curto, e sempre falou muito alto
também. Ele trabalhava em turnos, e tinha um turno
que ele precisava ficar a noite inteira trabalhando.
Então ele precisava do dia para dormir e descansar.

Na rua em que nós morávamos havia muitos


adolescentes, que jogavam futebol no asfalto.

Um belo dia, ou triste dia, começaram a fazer o


portão da minha casa de gol.

A cada hora que a bola batia no portão, eu acordava


chorando com susto. E coincidiu de ser justamente
a semana que o meu pai precisava dormir para
trabalhar à noite.

Então ele saiu, brigou com os meninos e disse para


que parassem de jogar bola no portão.

O rapaz debochou do meu pai, e assim que meu pai


virou as costas, o rapaz chutou novamente a bola
no portão.

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Então, o meu pai saiu de casa, foi até o sítio do meu


avô e pegou um umbigo de boi (é um chicote feito
com couro de boi). Voltou para casa e começou a
chicotear o menino que chutou a bola.

Vieram muitas pessoas para tentar segurá-lo e


todos que vinham ele chicoteava também.

Até que meu tio teve a brilhante ideia de bater o


portão na cabeça do meu pai, e aí ele tonteou e
meu tio conseguiu tomar o chicote dele.

Daquele dia em diante nunca mais jogaram bola na


frente da minha casa.

Confesso que quando meus pais contam essa


história, me parece engraçado, mas na verdade,
não é. Pelo temperamento explosivo do meu pai,
ele minha mãe sempre tivera problemas. Ele nunca
a agrediu fisicamente. Mas sempre foi bem pesado
nas palavras, e eles gritavam muito um com outro.

Meu pai sempre foi um homem de muita honra em


relação a sua palavra. Era muito correto com suas
dívidas, e até mesmo com seu caráter. Mas quando
se tratava da raiva, ele acabava exagerando.

E minha mãe também era estressada, então os dois


viviam dando “choque”.

E no meio desse ambiente caótico eu cresci.

Quando comecei a estudar, eu amava ir para a


escola justamente para sair um pouco de casa, e
quando chegava em casa, ficava bem agitada.

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Me lembro que subindo a rua da minha casa, eu já


ouvia os gritos, mas quando chegava em casa às
vezes nem tinha ninguém falando nada.

Meu medo era tão grande de eles estarem brigando


que eu até ouvia coisas.

Pensei muito se detalharia essa história aqui no


livro, porque hoje os meus pais são muito
diferentes. Recentemente, meu pai até veio me
pedir perdão por essas coisas. Sei que ele olha
para traz e se arrepende, e eu prontamente o
perdoei porque ele é o meu pai e eu o amo demais.

Hoje ele se esforça muito para ser a melhor versão


dele, e isso é inspirador, pois ele tem as limitações
e questões dele.

Voltando à história, durante minha infância e


adolescência eu queria muito fugir daquela
realidade.

Criei então em minha mente um conto de fadas


adaptado para minha vida, aonde logo logo
chegaria uma pessoa que me tiraria de lá, nos
casaríamos e seríamos felizes.

Eu era muito romântica, e esperava esse príncipe.

Então esse lado romântico se despertou muito cedo


em mim.

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Aos nove anos eu já era apaixonada em um


rapazinho, que obviamente nem tinha olhos para
mim e nunca deu em nada. Mas eu idealizava,
sonhava, pensava nisso dia e noite.

Aos 14 anos, conheci o meu primeiro namorado


sério (aqueles namorados que a gente namora em
casa digamos assim). Ele tinha a minha idade, e
mesmo muito nova, meu pai permitiu para que eu
não namorasse na rua.

Eu já havia tido outro namorado, e era escondido, e


esse rapaz nunca me magoou. Pelo contrário eu
terminei com ele justamente porque o perfil dele
não agradaria o meu pai e provavelmente não
namoraríamos sério.

Mas, em seguida conheci esse rapaz, vamos


chamá-lo de P.

Por ter sido um relacionamento assumido, onde


conhecíamos família etc., eu me envolvi muito com
P.

Fui completamente cega e apaixonada.

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Mas, P tinha uma melhor amiga, que ele sempre foi


apaixonado, mas a menina nunca teve olhos para
ele. Então, quando começamos a namorar a
menina começou a sentir ciúmes de P, e isso fez
com que ele me usasse, para que pudesse
conquistá-la.

Eles estudavam juntos na mesma escola, e ficavam


juntos lá todos os dias (eu só soube essa
informação quando terminamos, pois não éramos
da mesma escola).

Eu sabia que eles eram amigos, e não via maldade,


mas não sabia que eles se agarravam na escola.

Até que P começou a ficar distante, morávamos em


bairros bem distantes e ele não ia mais me ver.

Meus pais perguntavam, e eu não sabia o que


responder.

Fiquei tentando descobrir o motivo por várias e


várias vezes, mas ele sempre dava uma desculpa
que era tão convincente. Talvez tenha sido
convincente porque eu estava cega.

Finalmente P tomou coragem para terminar


comigo, terminou por mensagem, e no dia seguinte
já estava com amiga, duas semanas depois ele
assumiu um relacionamento sério com ela.

Me lembro como se fosse hoje que no momento


que ele terminou comigo eu fiquei triste, mas
conformada, visto que já estávamos há quase um
mês distantes e não saber o que estava

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acontecendo me deixava muito angustiada. Pelo


menos terminando, sai angústia de não saber o que
ocorria.

Porém, o caos veio no dia seguinte.

Eu fui extremamente humilhada.

Eu tinha uma amiga que tomou as minhas dores, e


mandou uma mensagem para a menina, sem o
meu consentimento, dizendo coisas ruins para ela.

Então, P me ligou extremamente irritado dizendo


que eu não deveria estar ofendendo a menina. Eu
expliquei que eu não havia feito nada, e ele desligou
na minha cara.

Quando liguei novamente quem atendeu o telefone


dele, foi a menina, e ela fez questão de me dizer
que eles já estavam juntos (lembro que o tom da
voz fina e alta dela, quase me ensurdecia, me fazia
sentir tanta raiva, como eu nunca tinha sentido.

Aquilo foi a maior humilhação da minha vida. Eu era


tão confiante. Tão segura. Mas aquilo, acabou
comigo.

A dor emocional foi tão grande que eu me sentia


sufocada.

Parece que doía na alma.

Fiquei dias sem comer, chorando, e minha mãe


estava extremamente preocupada comigo.

Nove meses se passaram, eu já não conversava


mais com P e ele não era parte do meu dia a dia
visto que morava longe.

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Então eu não precisava vê-lo, o que foi positivo para


mim.

Depois de toda essa decepção, com tão pouca


idade, a minha melhor amiga disse que tinha um
melhor amigo e que queria me apresentar a ele, que
nós combinávamos muito.

O rapaz já era mais velho, do jeito que eu já tinha


pensado que queria. Já tinha tomado a decisão de
que eu nunca mais me relacionaria com alguém da
minha idade, que dessa vez eu gostaria de uma
pessoa madura, de um homem de verdade.
Infelizmente eu associava honra com idade.

Vamos chamar esse novo rapaz de L.

L, tinha 18 anos. Eu tinha 14, faltava poucos meses


para completar 15.

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Ele foi na porta da minha escola para me conhecer,


mas eu nem o cumprimentei e fui embora, não me
sentia pronta.

Mas, ele tinha uma qualidade que me encantou: Ele


era uma pessoa extremamente engraçada e me
tirava altas gargalhadas.

Ele me adicionou no Facebook e começamos a


conversar por lá.

Em poucos dias, ele me convidou para tomar um


açaí, e eu fui.

Ele era tão engraçado que me fazia muito bem.

Ele era loiro, dos olhos azuis (me lembro que achei
ele muito branco quando nos conhecemos, até
pensei que ele tinha albinismo, mas não, ele só era
muito branco mesmo).

Em termos de beleza, ele não era nada demais, era


uma beleza normal, mas ele era tão engraçado que
o tornava muito lindo aos meus olhos.

Começamos a namorar, ele pediu para o meu pai,


iniciei novamente um relacionamento.

Mas esse novo relacionamento era tudo que eu


tinha idealizado sabe? Em pouco tempo ele me fez
uma surpresa e comprou alianças de compromisso.
Quando me entregou, colocou dentro do meu
hambúrguer pra que eu pudesse ver.

Era tão romântico.

Começamos a namorar em abril, e fiz 15 anos em


agosto.

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No meu aniversário de 15 anos, ele tocou uma


música no violão para mim.

Ele não cantava muito bem, mas tocava que era


uma beleza, então ele ensaiou uma música, A
música era “de janeiro a janeiro”. Uma parte da
música dizia “te amarei de janeiro a janeiro, até o
mundo acabar”.

Na minha festa de aniversário havia mais ou menos


umas 300 pessoas, e ele cantou aquela música
para mim diante de todas elas.

Algumas pessoas até choraram.

Me lembro que no dia exato do meu aniversário, eu


estava no curso e não iria conseguir vê-lo pois ele
estava fazendo supletivo à noite.

(A festa foi no fim de semana.)

Mas, dentro de mim, eu esperava que ele fosse me


ver exatamente no dia do meu aniversário.

Esperava que ele me desse um abraço, e me


lembro que quando eu estava chegando de ônibus
perto da minha rua, ele estava indo embora de
bicicleta. Logo pensei que ele tivesse ido em minha
casa e não tivesse me encontrado, e que precisava
ir para a aula.

Então, cheguei em casa bem triste, decepcionada


por não ter dado tempo de encontrá-lo.

Quando abri a porta do meu quarto, o violão dele


estava em cima da minha cama com um bilhete em
um papel rasgado. Esse papel dizia:

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“Mô, queria muito te abraçar e te dar um feliz


aniversário pessoalmente, mas, tive que ir estudar,
então, to escrevendo esse bilhete pra você saber
que eu vim aqui, e que te amo”

Quando eu vi aquele bilhete, eu comecei a chorar


de emoção. Pois ele era uma pessoa que pensava
em cada detalhe, isso me fazia sentir tão
importante.

Ele era tudo que eu não tive no primeiro


relacionamento, e supria todas as minhas
expectativas...

Com o tempo, confesso que comecei a achar muito


forçado. Ele fazia tudo demais, em excesso.

No começo era lindo e romântico, mas depois


começou a ser um exagero e eu não reagia mais da
mesma forma as coisas.

Por exemplo: No nosso aniversário de 1 ano, ele


me deu roupas, me levou para lanchar no shopping,
e quando cheguei em casa, ele havia pendurado
uma faixa ENORME na varanda da minha casa, de
frente para a rua, homenageando nosso
aniversário, e ainda ESCREVEU MEU NOME
ERRADO NA FAIXA.

Foi um exagero absurdo. Eu odiei, mas tentei


manter a pose, para não o magoar.

Só que automaticamente, a primeira coisa que eu


disse foi: “meu nome está escrito errado”.

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Enfim, ele quis tirar foto da faixa e que eu postasse


no facebook... Eu fiz, porque fiquei extremamente
sem graça.

Tudo que é em excesso esconde uma falta.

Ele era excessivo no cuidado, nas homenagens,


passava dos limites...

Mas como você diz isso para uma pessoa que está
fazendo algo com a intenção de te agradar?

E foi assim nos dois primeiros anos de


relacionamento.

Ele sempre me buscava nos lugares de bicicleta, e


me levava em casa para que eu chegasse bem e
em segurança, eu ia na garupa e era tudo muito
romântico (quando não era excessivo).

Ele me surpreendia com flores, bilhetes, e me fazia


rir muito.

Nós brincávamos muito, jogávamos bola, nos


divertíamos era sensacional.

Éramos um casal que todos a nossa volta


admirava, e eu me sentia muito especial.

Muito amada, mesmo quando ele era excessivo,


porque eu via que ele fazia de tudo para me
agradar...

Porém, tudo começou a ir por água abaixo quando


fui para o ensino médio, mais especificamente, no
2 bimestre do ensino médio.

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Comecei a estudar no centro da cidade, e precisava


ir de ônibus para escola.

Percebi que ele começou a ficar muito inseguro, até


que um dia ele compartilhou comigo que sentia
medo de que quando eu conhecesse o mundo, eu
o deixasse.

No mesmo ano, eu comecei a estagiar em um


banco.

No dia da entrevista desse emprego, me lembro


que ele brigou muito comigo no telefone, ele não
queria que eu trabalhasse, pois segundo ele “eu já
tinha tudo”, foi completamente contra, mas
obviamente eu não iria deixar que ele me
mandasse, ele não era meu pai.

Então eu fui, fiz a entrevista e passei. Comecei a


trabalhar.

Eu estudava pela manhã, e trabalhava na parte da


tarde. Chegava em casa só a noite.

Foi aí que começaram todos os momentos mais


sufocantes da minha vida.

Ele não me deixava respirar.

Parecia que ele nem trabalhava, que ele ficava o


tempo inteiro no celular esperando que eu
respondesse as mensagens dele.

Eu tinha que avisar quando tinha saído da escola,


quando tinha chegado no trabalho, quando tinha
saído do trabalho e quando eu tinha chegado em
casa.

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Teve um dia que uma amiga me pediu para ir com


ela até o Sindpasse, que era um lugar onde
recarregava o cartão de passe.

Era bem próximo da escola e eu fui.

Então ele perguntou se eu já estava a caminho do


trabalho e eu disse que havia passado junto com a
minha amiga para recarregar o cartão.

Naquele dia ele surtou comigo o dia todo por causa


disso, a ponto de eu ter que desligar o meu celular
para não precisar ficar lendo as mensagens dele, e
conseguir trabalhar. Eu estava cansada, exausta.

Nesse tempo, eu não tinha mais minhas redes


sociais, porque ele me pediu para que eu excluísse,
como ele era muito legal comigo, ou melhor, como
eu me apegava as lembranças de quando ele era
legal comigo e não me sufocava, eu apaguei, na
esperança de voltar a ter paz.

Até que, meus amigos começavam a me zoar


dizendo que eu deveria criar um Facebook.
Perguntavam por que eu não tinha e eu dizia que
era porque eu não gostava.

Até que um dia eu disse para ele que queria criar e


ele surtou comigo. Disse que se eu fizesse isso, a
gente ia terminar. Então eu nem criei.

Os surtos de ciúmes eram cada vez mais


frequentes, me lembro que fomos buscar uns livros
na instituição em que eu fazia curso, e ele cismou
que eu tinha olhado pra um rapaz que estava lá, e
ele falou na minha frente e na frente do rapaz:

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“- eu estou aqui você não tem respeito por mim


não?”.

Eu me senti super constrangida, sai do lugar e


deixei ele para traz.

Quando cheguei em casa ele já estava lá, tinha


chegado antes de mim e já tinha feito a versão dele
para minha mãe.

Eu contei a verdade, disse que ele teve um surto de


ciúmes e aí obviamente minha mãe ficou do meu
lado.

Passados alguns dias, ele conheceu o meu amigo


do trabalho, e começou a sentir muito ciúmes desse
amigo também.

Estávamos completando mais um ano de namoro,


e meu sonho era comer comida japonesa, então
fomos em um shopping que vendia. Quando sai do
trabalho, encontrei com ele nesse shopping.

Nos sentamos para comer, e meu amigo do


trabalho passou por nós, pois ele fazia curso no
mesmo shopping.

Esse meu amigo sorriu para mim, eu sorri de volta,


e na mesma hora ele perguntou quem era.

Então eu disse que era um rapaz que trabalhava


comigo, e ele deu mais um surto de ciúmes.

Ele dizia que eu nunca havia sorrido para ele do


jeito que eu sorri para aquele rapaz.

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Cuspiu a comida no guardanapo, disse que era


horrível, pegamos o ônibus para ir para casa e ele
desceu no bairro dele que era no caminho do meu,
e não me deu nem um abraço de despedida.

Eu não aguentava mais aquele relacionamento, e


aí ele resolveu me pedir em casamento.

Eu aceitei porque não queria terminar, eu tinha


esperanças de que ele mudasse, mas eu não
queria me casar.

Ficamos noivos, eu ia me casar com 18 anos, aquilo


começou a me sufocar.

Me lembro que uma vez voltando para casa noite,


ele ia me deixar em casa e começamos a discutir
por algum motivo que não me recordo qual era, ele
ficou tão bravo que me pegou pelos ombros e me
sacudiu. Nesse momento eu olhei dentro dos olhos
dele perguntei se ele ia me bater, pois a atitude
havia sido muito agressiva.

Quando fiz essa pergunta ele se ofendeu, e disse


que não acreditava que eu tinha pensado isso
sobre ele.

Já estava ficando completamente insustentável,


mas eu não conseguia sair daquilo.

Eu não tinha coragem para terminar, pensava que


eu nunca encontraria alguém como ele e ele
sempre deixava isso claro para mim também.

Sempre dizia que eu nunca conseguiria encontrar


alguém como ele.

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Ele já não gostava que eu usasse maquiagem, e


tudo que ele podia fazer para que eu me sentisse
menor, inferior ele fazia. Talvez ele achasse que eu
era muito para ele então precisasse me diminuir,
para que ele se sentisse melhor. Não sei.

Até que não suportei mais e terminei.

Ficamos terminados por quase um mês, mas eu


não conseguia. Eu voltei atrás, a carência faz a
gente pensar que até o que nos faz mal, faz bem.
Então voltamos.

No mês que ficamos terminados, eu criei um


Facebook. Quando voltamos, eu não quis excluir.

Depois de dois meses ele começou a reclamar no


Facebook novamente, mesmo tendo todas as
minhas senhas, mas eu não exclui.

Até que mudei a minha foto de perfil, e esse amigo


do trabalho reagiu com “Ual”.

Quando eu vi, eu pensei em apagar a foto, mas eu


não suportava mais aquele relacionamento e sabia
que se o L visse aquilo, iria terminar comigo, então
deixei para ele ver mesmo, para que ele
terminasse.

Ele chegou na minha casa, e viu a foto.

Começou a brigar comigo e me exigiu uma


explicação do que “aquilo significava” disse que se
eu não apagasse, tudo iria acabar.

Eu ri, e não apaguei. Achei um ABSURDO, ele se


referir a mim daquela forma. Como se eu tivesse
que explicar algo a ele. Não fui eu que reagi a foto

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de ninguém, o único que poderia “explicar” era o


rapaz. A culpa não era minha.

Então, ele pegou a mochila dele e disse:

“- acabou”

E foi embora.

Como eu não tinha forças para terminar, deixei que


ele terminasse.

Porque aí, eu só teria que ter forças para aceitar. E


não viria o peso de ter acabado com tudo, sobre
mim.

Deixei que ele fosse, e no mesmo dia ele quis


conversar, mas aí eu o bloqueei e não quis
conversar com ele.

Foi assim que terminamos para sempre.

Esse relacionamento me sugou tanto, me limitou,


me fez esquecer quem eu era.

Foi horrível.

As partes boas não compensam nem de longe as


sensações horríveis que eu sentia constantemente.

25
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 26

Eu já havia feito tantos planos...

Eram quase cinco anos de relacionamento, eu já


tinha imaginado ele em toda minha vida e de
repente ele não estava mais ali.

Terminei o ensino médio e não consegui uma


faculdade, pois no dia do Enem, ele brigou comigo
porque não queria que eu fizesse faculdade. Eu fiz
o Enem de cabeça quente, e sem vontade de
passar, e particular, não era uma opção para mim,
eu não tinha dinheiro.

De repente estava eu, desempregada e sem


faculdade.

Sozinha na vida.

Sem perspectiva de futuro, e cada vez mais longe


de sair da casa dos meus pais.

26
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 27

Na casa dos meus pais não me faltava nada, mas


eu queria me sentir independente, livre e meu pai
começou a ser muito mais superprotetor comigo.

Ele também não me deixava sair (penso que por


preocupação) e depois que terminei piorou.

Eu me sentia péssima.

A angústia que eu sentia se materializava no meu


corpo.

Eu sentia uma angústia tão grande que chegava


doer fisicamente o meu peito.

Afogava meu rosto no travesseiro e chorava


desesperadamente, escondida da minha mãe para
que ela não sofresse por mim.

Sempre tive muita fé em Deus e orava muito para


que ele tirasse aquele sentimento do meu coração,
para que ele me ajudasse e sei que essas orações
foram ouvidas porque caso contrário eu teria
deixado de existir por muito menos.

Eu tinha certeza de que não queria voltar para


aquele relacionamento abusivo, e não amava mais
o L. Só que eu me sentia sozinha...

Eu era muito acostumada com o caos, então, eu


passava dias e mais dias ignorando a minha dor.
Me sentia angustiada o dia todo, mas só chorava
quando chegava em casa, no meu quarto,
escondida, só eu e Deus.

Depois de 6 meses, finalmente consegui um


emprego, numa farmácia.

27
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 28

Trabalhava em turnos e não tinha folga nem nos


feriados ou fins de semana. Folgava uma vez por
semana, durante a semana.

Trabalhava das 8 às 16, e na outra semana das 13


às 21h20 (pelo menos era o combinado no contrato,
mas, não acontecia. Na minha semana de manhã,
eu trabalhava só um dia ou dois no horário certo.
Em todos os outros dias, me escalavam para a
noite, e ai de mim se reclamasse).

Eu literalmente vivia para trabalhar.

Mas pelo menos o tempo passava, e eu conseguia


ignorar tudo aquilo.

Só que, como eu não tinha tempo, eu não fazia


nada da vida a não ser trabalhar.

Comecei a fazer novos amigos e não tinha tempo


para passar com eles. Via nos sábados e domingos
todos reunidos e eu nunca pude estar, aquilo me
frustrava.

Então, quase um ano depois, conheci um outro


rapaz.

Vamos chamá-lo de V.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 29

As coisas sempre foram muito rápidas para mim, se


vocês observarem.

Eu era muito sedenta por relacionamentos.


Completamente dependente de estar com alguém.

Conheci V, e não tinha tempo para ele.

Eu gostava tanto dele, como nunca gostei de


nenhuma outra pessoa nessa vida.

Ele me dava asas, era saudável comigo, me


incentivava e me levava para viajar, viagens curtas
porque eu trabalhava, mas eu me sentia tão livre
com ele.

Na primeira vez que nos encontramos, já


conversávamos, mas eu não tinha interesse, então,
ele foi até a farmácia que eu trabalhava com a
desculpa de que precisava comprar algo, e foi aí
que eu o vi pessoalmente pela primeira vez.

Eu achei ele lindo, e então continuamos a


conversar.

Ele me chamava para sair, e eu sempre dava uma


desculpa. Até que ele me convenceu que precisava

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 30

de uma ajuda com um estudo, e me convenceu em


encontrá-lo na biblioteca da cidade.

Então eu fui, e assim foi o nosso primeiro encontro.

Eu me fazia de difícil e ele foi chegando de


mansinho, quando vi, já estava aceitando seu
convite para comer no bobs, e ele me convenceu
de me levar em casa.

Paramos no posto de gasolina e foi exatamente


naquele momento que eu vi que estava apaixonada
por ele, descemos do carro para abastecer, e como
era noite vieram os rapazes muito mal-encarados
fazendo bagunça no posto, eu senti medo, mas não
falei nada, então e ele me abraçou.

A gente ainda nem tinha se beijado e eu já estava


apaixonada.

Aquele abraço me ganhou, me senti muito


protegida e já era, pouco tempo depois estávamos
namorando.

A minha insatisfação no trabalho era tão grande,


que comecei a passar por muitos problemas lá.
Ignorância e gritaria de clientes, problemas com os
profissionais de lá, e quando vi comecei a ter
algumas crises de dor no estômago absurdas.

Eu sentia o meu estômago doer quase todos os


dias, eu ia para o hospital, tomava remédio na veia,
e nada melhorava.

Não era gravidez, porque eu não tinha relações


sexuais, então comecei a imaginar que talvez eu

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 31

pudesse estar com alguma úlcera estomacal e que


poderia virar câncer.

Comecei a ficar desesperada.

Típico né? Ansiosos tendem a criar doenças e


acreditar que tem elas.

Mas eu ainda não sabia que tinha ansiedade.

Sabia que tinha algo errado, mas ignorava.

Além do trabalho, comecei a ter muitos problemas


nesse relacionamento.

Como eu tinha vindo de um relacionamento


abusivo, eu não sabia o que era ter um
relacionamento saudável.

Então quando meu namorado saía, com os amigos,


eu ficava muito brava. E quando eu falava que
queria sair com alguma amiga, ele não ligava e isso
me fazia acreditar que ele não me amava.

Começamos a ter muitas brigas e então ele


começou a se afastar.

Não queria mais ir me ver aos fins de semana, e


começou a mentir.

Dizia que estava com um problema e por isso não


poderia ir me ver, mas depois eu descobria que o
problema era uma festa com os amigos…

Minha confiança começou a se quebrar e eu


gostava tanto, mas tanto dele, que não terminava.

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Até que um dia, por um descuido dele, o Instagram


dele ficou logado no meu celular, eu olhei o direct,
e tinha mensagens dele elogiando outras garotas.

Aquilo acabou comigo.

Fui até o escritório dele decidida em terminar.

Mas ele me pediu para que não fizesse isso, pediu


perdão, disse que deixaria todas as senhas comigo,
implorou uma segunda chance.

E eu dei.

Só que ele começou a se envolver com amizades


erradas, que só o levava para baixo.

Quando vi, ele já estava completamente perdido


com esses amigos, e não restava outra opção além
de terminar.

Depois de alguns meses, voltamos, mas ele não


tinha mudado em relação aos amigos.

Saia, bebia, se drogava, tudo escondido.

Até que eu descobri. E então terminei,


definitivamente.

Mas esse último término, me destruiu. Mais do que


qualquer outro término.

Fiquei completamente entregue a minha ansiedade


e tinha crises constantes.

Até que em uma noite, doía tanto a minha alma, que


parece que o meu próprio choro me sufocava.

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Já era meia-noite eu não conseguia dormir.

Acendi a luz do meu quarto e quando olhei no


espelho o meu ombro e axila estavam carne viva.

Foi questão de segundos, abriu uma dermatite


enorme nas duas axilas e coçavam
desesperadamente.

Comecei a chorar de coçar, minha mãe ouviu e


acordou.

Quando ela me viu naquele estado, tentou me


ajudar e eu fui em direção a porta da cozinha e
disse que precisava sair daquela casa.

Eu me sentia sufocada.

Era meia-noite eu queria sair para rua, em um surto


de desespero.

Minha mãe então, me acalmou e pediu para que eu


conversasse com ela sobre o que eu estava
sentindo.

Então eu me lembro que chorando, eu disse uma


das frases que até hoje só de lembrar, sinto que foi
a mais dolorida da minha vida, eu disse:

“- mãe, eu sinto que eu vou ficar sozinha pra


sempre, sempre que eu amo alguém, essa pessoa
vai embora, ninguém fica, isso me machuca
demais”.

Ela conversou comigo, tentou me acalmar e no dia


seguinte, tinha uma mensagem do V, perguntando
como eu estava.

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Minha mãe provavelmente deve ter dito a ele que


eu estava mal, como tínhamos acabado de terminar
ele se preocupou em saber como eu estava.

Ela não sabia dos motivos que nos fizeram


terminar, eu queria preservá-lo.

Como quem tinha terminado era eu, eu me sentia


na obrigação de continuar com a minha decisão por
saber que as escolhas que ele estava tomando
para a vida não eram compatíveis com o que eu
queria para minha vida.

Então aconteceu o que a maioria das pessoas


temem quando terminam, eu o vi com outra pessoa.

E aquilo me destruiu.

Mas ele não namorou essa pessoa, ele ficava com


várias pessoas.

Eu sai do emprego, estava desempregada,


terminada, e foi nesse momento que eu quis
terminar com a minha vida.

Eu não queria mais viver.

Tive um problema em casa com meu pai e fui morar


com a minha vó por uns dias, e todos os dias eu
chorava e pedia pra Deus me levasse.

Eu não tinha coragem de fazer nada contra minha


vida, mas pedia pra Deus para que eu dormisse e
não acordasse mais.

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Fiquei pedindo para Deus por três dias seguidos


para que ele me levasse.

Então em uma noite, eu tive um sonho:

“Eu estava em um jardim, com gramas e flores.


Nesse jardim tinham cores que eu não sei explicar
como eram, elas eram mais fortes e mais intensas,
de um jeito que eu nunca vi na terra.

De repente aparecia minha mãe, me carregando no


quadro de uma bicicleta.

Eu abria os braços para sentir o vento e voava uma


borboleta enorme na minha frente, ela era colorida
com azul e eu sentia o vento das asas dessa
borboleta no meu rosto.

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Então eu soltava um riso tão alegre, eu sentia uma


felicidade tão grande, que preenchia meu peito.

De repente, senti meu corpo cair, como se eu


estivesse caindo do espaço, e acordei, no colchão
no chão da sala da minha vó, de frente para janela.

E naquele dia eu não me senti mais angustiada.

Ainda me sentia triste, ainda tinha crises, mas eu


não tinha mais aquela vontade de desistir.

Acredito fielmente que Deus me curou através


desse sonho, para me dar um impulso, um incentivo
para que eu tivesse forças para lutar pela minha
vida.

Então, como eu não tinha condições de pagar


terapia, procurei a pastora da minha igreja e
comecei a fazer uma cura interior com ela.

Era como uma terapia mesmo, o que diferenciava é


que orávamos no final por todas aquelas causas. E
era de graça.

Fazer essas sessões era minha única opção,


porque eu estava desempregada e não podia pagar
um terapeuta.

Comecei a ter forças para lutar contra minha


ansiedade, e comecei a testar tudo que lia.

Muitas coisas não deram certo, outras deram, e


outras eu aprendi sozinha.

Em poucos meses, eu estava em remissão.

Não tinha mais nenhuma crise.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 37

Ainda sofria pelo V, chorava, mas já tinha decidido


que o amaria de longe, que era possível viver sem
ele.

Nesse tempo, em que todas essas coisas


aconteciam, criei a pagina @_euansiedade, e em 2
meses, haviam mais de 10 mil pessoas me
acompanhando.

Resolvi escrever um ebooks, com as técnicas que


me ajudaram a vencer a ansiedade.

Vivi os melhores meses da minha vida, e fui fazer


uma viagem de ação social.

No começo, esse livro que você está lendo, era só


relatos pessoais e já eram muito vendidos.

Com o dinheiro das vendas e de um serviço de meio


período, paguei essa viagem.

Fui para a Bolívia, lá, vi pessoas que realmente


precisavam de tudo.

Pessoas que não tinham roupa, comida, mas que


mesmo assim, sorriam.

Ajudamos elas, com amor, cuidado e doações.

Fiquei 11 dias lá, vou colocar algumas fotos aqui:

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 38

Essa viagem foi transformadora para mim.

Deus me ensinou através dessa viagem, que


muitas vezes nós esperamos
algo acontecer em nossas vidas
para que a gente fique bem,
quando na verdade, somos nós
que precisamos acontecer na
vida de alguém,

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 39

ajudando alguém, para que a gente entenda que a


vida é muito mais do que nossos próprios
interesses, e que a felicidade e realização estão
relacionadas no que podemos fazer para ajudar os
outros.

Em seguida, me profissionalizei, hoje sou


psicanalista, casada, realizada nessa área
sentimental.

Fiquei um ano solteira, curti a minha vida, aproveitei


a minha fase.

Nesse tempo, p caráter do V estava sendo


trabalhado.

Eu o amava, mas sabia que ele não era para mim


daquele jeito.

Nesse um ano, ele viveu experiências que só ele


sabe contar, mudou de vida, completamente, um
verdadeiro milagre.

Hoje ele é uma pessoa honrada, a pessoa que eu


mais confio nesse mundo (tirando Deus, claro).

Me casei com o terceiro ex, o V, que me apaixonei


em um posto de gasolina, e a nossa história é tema
para outro livro, porque aqui não cabe tudo.

Hoje, ajudo milhares de pessoas através desse


livro, e mais algumas com terapia.

Eu vivi a ansiedade generalizada intensamente.


Sofri, com as crises, com os maus pensamentos,
com a desrealização, e tudo que ela traz.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 40

A realidade dela na minha vida, começou na minha


infância, se intensificou por causa dos
relacionamentos e quase me fez desistir de tudo.

No meu caso, a ansiedade generalizada me levou


ao esgotamento emocional, e a depressão.

Se não fosse aquele sonho sobrenatural, que tenho


certeza de que foi feito por Deus, eu não estaria
aqui hoje, para contar essa história.

Através da minha história, eu mostro tudo que


descobri, e TUDO que fiz, para melhorar.

Se você vive toda a angústia causada pela


ansiedade generalizada hoje, não desanime!

Tem cura, e eu vou te mostrar.

Continue sua leitura. Vai ser ESSENCIAL.

Você é ansioso? Possui algum dos sintomas


abaixo?

• Preocupação excessiva pelo futuro;


• Perfeccionismo e comportamento
compulsivo;
• Desmotivação e falta de concentração;
• Insegurança e falta de autoconfiança;
• Problema para dormir e tensão muscular;

É PRECISO ENTENDER COM O QUE ESTAMOS


LIDANDO.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 41

Você provavelmente já se perguntou ou pesquisou


sobre Ansiedade.

Fiz uma pesquisa bem rápida no google, para falar


de uma forma que todos entendam, encontrei as
seguintes informações:

- A Ansiedade é uma função comum do ser


humano, quando tem a ver com situações futuras,
como provas, trabalhos, viagens, encontros, entre
outras situações.

Não há ninguém no mundo que não tenha sentido


esse tipo de ansiedade, aquele frio na barriga para
algo que estar por vir.

Ela existe para te alertar quando precisa se


proteger de algo ou cumprir alguma meta dentro do
prazo. Ela é saudável.

41
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 42

Porém em algumas pessoas, essa Ansiedade


acaba sendo excessiva, se transformando em um
transtorno de Ansiedade Generalizada, onde você
generaliza tudo como uma ameaça, como algo que
precisa te deixar em alerta, mesmo sem motivos
reais ou atuais, causando sérios problemas, não
somente para a saúde mental, como para a saúde
física de uma pessoa, atrapalha em sua qualidade
de vida.

Podemos chamar de Transtorno de Ansiedade


Generalizada, ou como muitas pessoas chamam, a
famosa Crise de Ansiedade.

As pessoas que sofrem dessa Crise/transtorno,


apresentam sintomas como preocupação e medo
extremo de situações simples do dia a dia, medo
excessivo do futuro, estresse constante, um temor
fora do normal de que as coisas não saiam como
elas gostariam.

A Ansiedade é uma resposta do nosso corpo, vinda


diretamente do nosso Sistema Nervoso Autônomo,
que age independente do que pensamos ou
fazemos, como se fosse um reflexo. Ela responde
ao Estresse, preparando nosso corpo para fugir ou
lutar, como se estivéssemos em uma situação de
perigo.

Quando ela é generalizada, não precisa de uma


ameaça real ou uma situação complexa para que a
gente a sinta, pois ela é despertada por pequenos
gatilhos, ainda que pareçam bobos, e ai começam
as crises, o coração acelera, o ar falta, o choro vem,
o estomago embrulha, vem as vertigens e tudo
mais...

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 43

Nesse processo, ocorre algumas reações como:

• Aumento de Glicose no Sangue, para dar mais


energia as Células; (pois seu corpo acredita que
você precisa se defender de algum perigo, e por
isso, vai precisar de mais energia)

• Dilatação das Pupilas para aumentar a visão,


mesmo em pouca Luz; (para detectar possíveis
ameaças)

• Dilatação dos Brônquios, que aumenta a


respiração e o consumo de Oxigênio; (´para que
você possa correr se precisar fugir)

• Aceleração dos batimentos Cardíacos e


contração dos vasos sanguíneos, para transportar
o Sangue mais rapidamente;

• Liberação do Cortisol, que traz resultados como


aumento de gordura corporal, inibição do muco da
parede Gástrica, trazendo fadiga ao Cérebro;

Os Sintomas Psicológicos são:

• Irritabilidade;

• Problemas para dormir;

• Medo constante

• Problemas de concentração;

• Descontrole dos pensamentos (principalmente


dificuldade em esquecer a situação/pessoa/coisa
que causou a tensão);

• Sensação de que algo ruim vai acontecer;

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 44

• Constante Tensão ou Nervosismo;

• Preocupação exagerada;

• Agitação de braços e pernas (não consegue


ficar com esses membros parados).

Os Sintomas Físicos são:

• Aumento da pulsação cardíaca, causado por um


aperto ou dor no peito;

• Respiração acelerada ou falta de ar;

• Suor excessivo;

• Sensação de fraqueza ou cansaço;

• Mãos e pés suados ou com baixa temperatura;

• Náusea;

• Tremores;

• Boca Seca (mas você sabe que não é sede,


porque tomar água não alivia)

• Tensão Muscular;

• Dor na Barriga ou diarreia;

• Tonturas e Vertigens;

• Problemas gastrointestinais;

• Refluxo;

• Doenças cardíacas;

• Refluxo;

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• Falta ou excesso de apetite.

Você também ficou chocado com essas


informações?

Eu fiquei! Pois era tudo que eu sentia.

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A mente humana é muito mais poderosa e real do


que a maioria das pessoas imaginam. A mente é
como um sistema de comando que irá criar tudo
que se faz real em sua vida.

Com a mente você cria, você acredita, você


pensa...

E ela tem diversos segredos que é de extrema


importância que você saiba.

A mente é dividida em três partes:

. A parte Consciente que é tudo que você tem


consciência e acesso. Nessa parte você é racional,
faz escolhas, aprende coisas, fala e tem
informações importantes e de fácil acesso como
lembrar seu nome, por exemplo.

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. À parte pré-consciente: Que guarda as memórias


que não ficam acessíveis tão rapidamente, mas que
é completamente possível de acessar tentando se
lembrar... Nessa parte você se lembra daquele
momento engraçado quando era criança, do
primeiro beijo etc.;

. A parte Inconsciente: Essa é a maior parte da


nossa mente. Ela guarda os nossos desejos mais
profundos e sem filtros de certo e errado, guarda os
nossos traumas, as lembranças que causam dor ou
que são carregadas de emoções que podem te
trazer algum sentimento desconfortável.

É na parte inconsciente que estão todos os


conteúdos que nossa consciência censura, para
que a gente não fique se lembrando sempre, para
que a gente não sofra.

Ela é atemporal. Não existe passado nem futuro no


inconsciente. Tudo que está armazenado lá, é
presente, e se faz real dentro de nós.

O que pouca gente sabe, é que a Ansiedade


Generalizada tem uma raiz profunda, nascida no
nosso inconsciente. ISSO MESMO! Ela não surge
do nada.

Vou citar alguns exemplos de raízes mais comuns


na maioria das pessoas:

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 48

1- Uma criança que nasce em um ambiente


caótico, onde existem muitas brigas,
ofensas e discussões, cresce amedrontada.
Ela não se sente segura e aconchegante
dentro de casa, onde deveria ser o seu
ambiente mais confortável, onde ela deveria
se sentir protegida e amada.
Essa criança começa a apresentar traços de
personalidade agressivos como uma forma
de proteção.
Ela vira um adulto que vive na defensiva,
acelerado, com medo, inseguro, que não
consegue confiar nas pessoas e que não
consegue se sentir amado.
Ao longo do tempo, todo esse medo e
aceleração não cuidado se acumula e vira
um caos dentro de si.
O adulto tem todos os seus sentimentos
desordenados e sempre pensa nas piores
possibilidades de futuro. São pessimistas e
muito intensos.
Essas pessoas também têm uma grande
tendência em serem dependentes
emocionais, pois quando recebem carinho e
cuidado (mesmo que seja o mínimo) elas
acham que estão recebendo muito, e se
tornam cada vez mais dependentes dos
outros, o que são fortes gatilhos para o
transtorno de ansiedade, visto que tudo se
baseia no medo e na insegurança. A longo
prazo, podem vir a desenvolver o TAG
(transtorno de ansiedade generalizada).

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 49

2- Crianças que sofrem bullying na infância


tem uma grande tendência de desenvolver
ansiedade generalizada na adolescência ou
na vida adulta.
Dependendo da intensidade do trauma, elas
podem carregá-lo a vida inteira e refletir
esse trauma na forma de se enxergar e
enxergar o mundo.
Elas crescem negando a si mesmo, tem
vergonha de serem quem são e muitas
vezes se sentem incapazes, inferiores aos
outros.
O que é um forte gatilho para o
desenvolvimento do TAG a longo prazo.

3- Crianças que são muito cobradas pelos


pais.
Existem pessoas que cresceram sendo
muito cobradas pelos pais na escola, onde
sempre tinham que tirar as maiores notas,
caso contrário, eram punidas pelos pais, ao
invés de serem encorajadas e consoladas.
Ou são extremamente cobradas a serem
muito boazinhas, como pessoas que não
podem de forma nenhum errar.
Essas pessoas crescem extremamente
perfeccionistas em relação a si mesmas.
Porém todo excesso não é nada saudável.
O perfeccionismo vira uma grande
autocobrança.
Quando algo não sai perfeito, essa pessoa
se frustra, se cobra. Quando ela erra, não
consegue lidar com a frustração, se sente
muito culpada e não consegue se perdoar.

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Ela se preocupa excessivamente com as


coisas para que tudo saia milimetricamente
planejado.
Esse excesso acaba se tornando sufocante,
e a pessoa começa a ter medo de tudo que
não pode ter certeza, inclusive do futuro.
Imaginam cenários catastróficos para tudo,
como uma forma de se protegerem
antecipadamente, o que vira claramente, o
transtorno de ansiedade.
Começam a viver com medo de algo dar
errado, o que é um forte gatilho para o TAG.

4- Pessoas que sofreram abuso sexual ou


emocional.
Essas pessoas crescem se sentindo
impotentes e culpadas (mesmo sem culpa).
Movidas pelo sentimento de impotência, se
tornam desanimadas, sentem medo de
tudo, não se sentem capazes de nada e
muitas vezes tem nojo de si mesmo.
A longo prazo, essa dor emocional vinda de
todas as memórias horríveis de tudo que
vivenciaram vem à tona, surgindo medo,
aceleração, desespero, crises e muitas
vezes, além de levar ao TAG, podem levar
até à depressão.

Aí você pode se perguntar:


Mas porque o passado influencia tanto no
meu presente?

Seu inconsciente é atemporal.

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Nele não existe passado e nem futuro.


Tudo que fica armazenado lá, se faz
presente, como se fosse hoje.
E sua mente acaba imprimindo em seu
corpo, sentimentos, convicções e
descontroles vindo da realidade dos fatos
armazenados na sua mente.

EFEITOS SÉRIOS DA ANSIEDADE


GENERALIZADA A LONGO PRAZO:
Ela aumenta o risco de doenças no seu corpo,
pois é associada à inflamação, o que faz todo
sentido porque o excesso de cortisol (hormônio de
estresse) atrapalha a ordem normal do sistema
imune;
A inflamação está muito ligada a doença
cardiovascular, e ela também é associada a várias
outras doenças (depressão, reumatismos, e
doenças crônicas)

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 52

Ela também está ligada a privação de sono.


A privação de sono a longo prazo pode causar um
aumento no risco de diabetes, hipertensão...
Ganho ou perca excessiva de peso (o que não
preciso nem explicar que em excesso não é
saudável).

SINAIS BIZARROS NO CORPO FÍSICO QUE


GERALEMENTE SURGEM INFLUÊNCIADOS
PELA ANSIEDADE:
A ansiedade libera uma serie de hormônios que,
em excesso, acabam atrapalhando o nosso
sistema imune e o funcionamento normal do nosso
corpo.
Esse acontecimento faz com que, apareça
algumas doenças e sinais no nosso corpo físico,
para quem já tem predisposições genéticas.
A pele é o primeiro órgão em que esses sinais se
manifestam, pois a pele e o sistema nervoso
possuem a mesma formação embriológica.
Abaixo estão alguns exemplos muito comuns:
Disidrose:
São pequenas bolhas cheias de líquidos que
aparecem nas palmas das mãos, dedos e pés.
Elas causam muita coceira e desconforto.
Abaixo estão algumas imagens e fases da
desidrose:

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 53

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 54

Ainda não se sabe ao certo o que causa a


disidrose, mas o que foi visto é que a maioria das
pessoas em que a disidrose se manifesta, tem
transtorno de ansiedade generalizada, pois a
disidrose está associada ao sistema imune e a
ansiedade generalizada libera hormônios que
atrasam o curso normal do sistema imune.
Alguns elementos químicos como produtos de
limpeza podem aumentar a chance de uma crise
de disidrose.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 55

Púrpura por melancolia: (os famosos roxos


que aparecem do nada na pele)

Essas manchas surgem espontaneamente na


pele, sem você ter batido.
Elas surgem, geralmente, após situações de
estresse excessivo, ansiedade e tristezas, por
razões não identificadas.
É uma enfermidade autoimune rara, mas não
apresenta nenhum tipo de sintoma grave para o
corpo em geral.
E adivinhem? Eu que vos escrevo, tenho. Na
época das crises de ansiedade, eu vivia roxa...
Hoje essas manchinhas só aparecem quando
estou muito estressada.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 56

Herpes Labial:

Essa é uma das mais comuns.


A herpes labial é uma infecção viral e é
contagiosa.
Elas surgem quando você se expõe
excessivamente ao sol, ou, quando você está
passando por um momento de imunidade baixa (e
como já sabemos, a ansiedade e o estresse
excessivo influenciam diretamente na diminuição
da imunidade)

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 57

Fezes esverdeadas:

As fezes ficam verdes quando o intestino está


funcionando muito rápido e não tem tempo
suficiente para digerir corretamente os sais
biliares, como acontece durante situações de
estresse, diarreia por infecções bacterianas ou em
crises do intestino irritável, por exemplo.

Gastrite Nervosa:

A gastrite nervosa, é uma doença do estômago


que não causa inflamação como a gastrite

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 58

clássica, mas provoca sintomas como azia,


queimação e sensação de estômago cheio.
Ela surge devido a tensões emocionais, como
estresse, ansiedade e nervosismo.

Irregularidade no ciclo menstrual:

No caso das mulheres, quando ficam muito


estressadas, depressivas, ansiosas, o ciclo
menstrual se desregula porque o corpo humano
passa a liberar níveis excessivos de hormônios
como: cortisol, noradrenalina, dopamina e
adrenalina.
Esses hormônios interferem na produção de
GNRH, o que compromete a regularidade do ciclo
menstrual.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 59

APARECIMENTO DE ESPINHAS:

Além do ressecamento da pele, a ansiedade


estimula o aumento do hormônio cortisol no
sangue, e ele faz com que as glândulas sebáceas
produzam mais óleo, e pele oleosa é propicia ao
aparecimento de espinhas.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 60

Talvez você já tenha passado, ou passe por uma


dificuldade enorme com a comida. Muitas pessoas
perdem completamente a fome, outras, comem até
sem fome.
É muito comum no meio de pessoas que sofrem
com o transtorno de ansiedade, esse problema.
Isso porque não comemos comida, comemos
emoções.
Ainda que comer seja uma atividade prazerosa,
ela não foi criada exclusivamente para o seu
prazer, e sim para sua sobrevivência.
A comida é o combustível para seu corpo. Para
que você fique vivo e saudável.
Só que infelizmente, muitas vezes buscamos um
refúgio na comida, para que possamos de alguma
forma, amenizar nossa tensão ou tristeza. Isso

60
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 61

acontece porque em momentos tensos e


desconfortáveis, nosso instinto cerebral é buscar
uma forma de nos aliviar, então, nosso cérebro vai
nos levar a querer fazer atividades que sejam
prazerosas para que ele possa estimular a
produção de hormônios de prazer e felicidade
(serotonina,endorfina).
Até aí tudo bem. Que mal tem você se alimentar?
A questão é muito mais profunda, pois acabamos
comendo além da conta, mais do que o
necessário. Não comemos por fome, e sim, por
ansiedade. Querendo se aliviar, ou se preencher
de vazios que nem nós mesmos entendemos. E
na grande maioria das vezes, você não come
excessivamente alface ou couve, muito pelo
contrário.
Como eu disse, o cérebro busca por prazer, e não
por “combustível”, então os alimentos ingeridos
são os alimentos menos saudáveis possíveis.
Doces, açúcar em geral (que é 16 vezes mais
viciante que a cocaína), refrigerantes (que nem
são considerados alimentos pois são em sua
maior parte, compostos por corante e açúcar),
frituras etc.
E não precisa ser um grande estudioso para saber
que o açúcar é transformado em glicose, e glicose
em energia. Se você consome em excesso, tende
a ficar mais acelerado devido ao excesso de
energia.
Além disso, todos os alimentos citados acima
consumidos em excesso, viram gordura. E o
problema da gordura excessiva não é a estética,

61
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 62

mas sim, o que ela causa, pois o excesso de


gordura interfere no equilíbrio nervoso.
Então uma boa dica para você que come além do
necessário, excessivamente por causa da
ansiedade, busque substituir essa alimentação
excessiva por alimentos mais saudáveis e
principalmente praticar atividades que também vão
estimular a produção dos hormônios do prazer e
da felicidade, mas que serão saudáveis para você,
como por exemplo: dançar, correr, pular corda,
ouvir música...
Agora se você faz parte do grupo de pessoas que
perde totalmente a fome, a ponto de isso
prejudicar sua saúde, isso acontece porque suas
emoções te fazem se “afogar”.
Talvez você perca sua fome por uma questão de
imagem, onde você se enxerga feia, com baixa
autoestima, e isso ocorre porque você não
aprendeu a enxergar quem você realmente é, ou
pode ser devido a traumas e palavras que você
ouviu ao longo da vida que podem ter feito você se
enxergar dessa forma. Se esse é o motivo, busque
um terapeuta, pratique o autoconhecimento e o
amor-próprio.
Se você perde a fome sem ter nenhum tipo de
problema com sua aparência, isso ocorre porque
os problemas, medos, tristezas, te “alimentam”.
Uma mente cheia demais não tem tempo e nem
ânimo para pensar em mais nada. Por isso, se
esse é o seu caso, entenda que você precisará
trabalhar nessa área com a disciplina.
Se você não se alimenta bem, não tem
combustível, não terá animo e nem saúde, então

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 63

uma boa dica é: tenha horários para comer


(coloque no despertador), planeje um cardápio
saudável e coma o suficiente para manter sua
saúde boa. Mesmo se não estiver com fome, coma
por precisar.
Busque se conhecer, faça terapia, leia sobre a
mente, siga as dicas desse ebook, mas não se
conforme com o que não é bom para você.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 64

ATITUDES ESTRANHAS QUE TODO ANSIOSO


JÁ TEVE PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA, E
NÃO SOUBE EXPLICAR:
Você provavelmente já se comportou de formas
contrárias ao que você queria ou achava certo e
não soube explicar, não é mesmo?
Como por exemplo:
- Querer conversar, desabafar por estar se
sentindo mal ou pensando muitas coisas ruins, e
por mais que você confiasse em uma pessoa,
sempre que ela tentava se aproximar pra saber se
você estava bem, você mentiu dizendo estar, e a
afastou, ou foi grosso com a pessoa para ela se
afastar;

- Querer demonstrar amor, afeto ou qualquer coisa


que exprima o quanto alguém é importante, mas
não encontrar meios confortáveis para que você

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 65

faça isso... É como se você não soubesse se


expressar ou tivesse medo de pro pra fora sua
parte mais vulnerável;

- Chorar muito, mas não conseguir entender o real


motivo de estar assim... é como se tudo estivesse
bagunçado, e você não tivesse mais o controle do
seu próprio corpo. É um choro de exaustão.

- Temer tanto pelo fim das coisas, que acaba


evitando começos...
Seja o começo de um novo projeto,
relacionamento, você fica desmotivado porque
sempre pensa que o fim vai te destruir;

- Querer dizer não e dizer sim, por ter medo de


magoar pessoas;

Tudo isso escrito acima acontece porque, por mais


que o ansioso viva preso no medo do futuro, ele
também tenta fugir do caos que está dentro dele.
Ele foge tanto de si mesmo e tenta TANTO calar
seus pensamentos que não se reconhece...
Mas, calma, ao longo desse livro você vai saber o
caminho para ficar bem!

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 66

Não tem como falar de ansiedade e não


mencionarmos a intensidade do ansioso.

Pessoas que sofrem com ansiedade são intensas


em tudo, quando amam, amam muito. Quando
sofrem, sofrem muito.

Todos esses sentimentos ficam mais intensos


devido à exaustão o que é estar em alerta o tempo
todo. Essa exaustão causa sensibilidade extrema,
e medo que acaba sendo a base de tudo.

Então, entra uma questão que a maioria dos


ansiosos sofrem. A questão dos relacionamentos.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 67

É muito difícil para uma pessoa ansiosa amar


alguém. Isso acontece porque quanto mais você
ama alguém, maior é o medo de perder. E quando
se trata do medo, para pessoas ansiosas, ele é um
objeto de tortura.

O medo chega a ser tão intenso a ponto de mudar


o nosso comportamento racional das coisas.
Perdemos completamente o senso das nossas
atitudes, palavras etc.

Existem algumas situações bem comuns que


acabamos provocando. A primeira é:

Amamos muito e consequentemente começamos


com um medo maior do que o normal de perder
aquela pessoa.

Então começamos a transferir a responsabilidade


da saúde do relacionamento para nós.

Começamos a nos observar e acabamos vendo


somente os pontos negativos que temos e
colocamos outro numa posição de realeza e nós
numa posição de plebe.

Ou seja, o outro é um príncipe ou uma princesa e


nós somos vistos como plebeus, “pobres e
insignificantes”.

Essa supervalorização do outro e inferiorização de


nós mesmos, faz com que o ansioso comece a se
comparar absurdamente com outras pessoas que
ele considera uma ameaça. Ele consegue ver todas
as qualidades dessas pessoas, mas não consegue
ver as próprias qualidades e começa a pensar que

67
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 68

logo logo o outro o trocará por pessoas como essas


a quem ele se compara.

Então, como uma forma de nos prevenir,


começamos a querer mostrar para o outro o quanto
somos bons para ele. E aí começamos com o
excesso de amor.

O tempo todo queremos conversar com outro, dar


a nossa atenção a ele, perguntar onde está, se está
tudo bem, por pura preocupação e para mostrar
que se importa. Porém, o tiro sai pela culatra, pois
o outro começa a se sentir sufocado pelo nosso
excesso, e o que era pra ele enxergar como amor
intenso, ele enxerga como ciúme e posse.

Essa questão acaba sendo uma pauta para muitas


discussões. O outro reclama que o estamos
sufocando, e nós acabamos achando que o outro
está tentando encontrar motivos para nos deixar
com todas essas afirmações.

Começamos achar que o outro não nos ama por


não nos retribuir na mesma intensidade.

Nesse momento que o relacionamento começa ser


tóxico.

O outro se sente sufocado e consequentemente


infeliz, e nós sentimos que não somos amados e
consequentemente estamos infelizes, porém
dependentes do outro.

Amamos muito outro, porém a relação começa a


ser forçada por dependência e não por amor,
porque o amor nada força.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 69

E essa dependência acontece justamente por


colocarmos o outro em uma posição
supervalorizada, e colocarmos nós mesmos em
uma posição muito inferior. Isso cria a ideia de que
nós nunca vamos conseguir alguém igual ou melhor
que o outro. E aí, partindo dessa convicção,
acabamos continuando em um relacionamento que
não é saudável simplesmente porque achamos que
é o melhor relacionamento que podemos ter.

A segunda situação, é quando fazemos tanto para


o outro, que acabamos fazendo por dois.

O outro fica na zona de conforto, já que fazemos


tanto, ele não encontra espaço e nem necessidade
para fazer a sua parte, pois a sua parte já está
sendo suprida por nós.

Isso abre pauta para duas vertentes: a primeira é o


outro começar a se desinteressar por nós, porque
não se sente desafiado e nem instigado a nos
conquistar todos os dias.

E a conquista é extremamente importante. Ela que


vai gerando a paixão, a curiosidade…

A outra vertente é que o outro passa a nos fazer de


gato e sapato.

O outro vendo que somos tão dependentes dele,


começa a ter atitudes erradas, que nos magoam,
mas que mesmo assim ele não se preocupa em
parar porque sabe que não importa o que ele faça,
ainda estaremos aqui.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 70

Essa segunda vertente é muito dolorosa. Porque


sofremos muito.

Na mesma intensidade que amamos, assim


também sofremos. O outro nos humilha, tem
atitudes que são uma tremenda falta de
consideração, não se importam em nos agradar e
ainda assim continuamos ali…

Assim se formam relacionamentos tóxicos, e não


conseguimos sair porque achamos que o amor
basta. Mas olha, nem só de amor se vive uma
relação.

Quando o amor pelo outro


se tornar maior do que o
amor por si mesmo, não
se trata mais de amor e
sim de dependência.
Então se você vive uma situação em que outro já
ouviu de você que as atitudes que ele toma te
magoa, e mesmo assim continua fazendo, ele não
se importa, porque ele acredita que você estará ali
independente do que ele faça. Mesmo que isso fira
você.

No entanto, se você está em um relacionamento


onde o outro está lutando por você, mas ainda
assim, suas inseguranças, comparações, e medos
tem ferido o outro ou o afastado, você precisa
começar a cuidar de você.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 71

Cuide de si mesmo para que o seu relacionamento


seja saudável com outro. Não espere que o outro
tenha que estar ali mesmo você não se esforçando
para melhorar. Se o outro é parceiro, luta por você,
lute você também por você para que seja saudável
para os dois.

Comece a passar mais tempo consigo mesmo, a


cuidar de sua aparência, de sua mente, faça tudo
que for necessário para que a sua autoestima
aumente.

Busque um bom terapeuta, deixe o outro mais livre.

Às vezes por você ser muito inseguro, acaba


prendendo o outro e amor não é prisão. Não exerça
poder sobre o outro por se sentir inseguro.

Lembre-se que o outro está com você por opção,


porque ama você, então não prenda.

Porque quanto mais você


o prender, mais você
matará a vontade
espontânea do outro de
estar com você.
Não cobre pelo que deve
ser espontâneo.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 72

E tem aqueles casos mais específicos, onde um


ansioso se emociona em uma relação. Acabou de
conhecer a pessoa, e já começa a idealizar cenas
de filmes românticos junto com a pessoa.

Essas idealizações fazem com que o ansioso


sempre coloque “o carro na frente dos bois”, e
acabe sofrendo depois porque o outro caiu fora, ou
porque começou um relacionamento sério com
essa pessoa e ela não era o que você esperava.

Esse é o problema da idealização excessiva. Ela te


faz inventar um personagem da pessoa. O famoso
“me apaixonei pelo que eu inventei de você”.

A idealização serve como referência do que você


deve buscar em uma pessoa. Porém, a idealização
excessiva não é referência, você projeta no outro o
que imaginou que ele é. Você quer que ele seja
como você imaginou, e ainda quando ele mostra
ser diferente, você se nega a enxergar.

Então você entrega todos os teus sentimentos


intensos ao outro antes da hora. E já dizia aquele
ditado, quanto mais alto você for, maior é o tombo.
Você já começa a se entregar totalmente ao outro
sem nem saber se são compatíveis.

Você acredita tanto que são compatíveis, que a sua


crença te faz cego.

Isso é perigoso.

Quando você é movido pelas suas emoções e seus


sentimentos, você não utiliza razão, e a razão que
te permite enxergar a verdade.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 73

No início de um relacionamento, ou antes quando


você está conhecendo a pessoa, você tem que ser
mais racional, para que você consiga enxergar o
mais próximo da realidade possível e não se
entregar totalmente ao outro e depois se quebrar
por inteiro.

Entenda que é melhor sofrer um pouco por estar só,


do que sofrer intensamente por ter tomado uma
decisão burra. Digo decisão burra, porque erros nós
cometemos ainda que estejamos sendo o mais
racional possível, porém a decisão burra não é um
erro, pois nós tomamos decisões “burras” quando
está tudo diante dos nossos olhos, mas somos
completamente movidos a emoções e sentimentos
e por isso nos negamos enxergar a verdade.

Já dizia o ditado “o pior cego é aquele que não quer


enxergar”.

Não se culpe quando você errar. Muitas vezes você


foi extremamente racional e observador e ainda
assim o outro te enganou, nesse caso você não
tomou uma decisão burra, você só cometeu um erro
de tentando acertar. Porque erros são assim, nós
cometemos tentando acertar. As decisões burras,
volto dizer, não são erros, porque desde o começo
já sabemos que vai dar errado, mas escolhemos
nos mover baseados na cegueira das nossas
emoções.

Se você ainda não consegue ser mais racional, se


ainda não se sente emocionalmente bem para
conseguir interpretar alguma coisa, não busque se
relacionar ainda.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 74

Seja um bom ímpar para que você consiga ser um


bom par. Parece uma frase clichê, mas é real.

Se você não consegue ser feliz sozinho, se sentir


realizado sozinho, isso não vai acontecer com outra
pessoa. Muito pelo contrário, você fica ainda mais
suscetível a sofrer.

Não antecipe as coisas, eu


nunca vi ninguém morrer
por não se casar, mas já vi
muitas pessoas morrerem
por se casarem errado.
Você tem total capacidade de ser feliz
independente de seu “estado civil”, independente
de estar namorando ou solteiro.

Busque essa felicidade, de saber se amar para só


então saber amar o outro.

Não se sabote.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 75

ESSAS TÉCNICAS EU USEI, E DERAM SUPER


CERTO PARA CONTROLAR A ANSIEDADE

1° Aceitar a Incerteza.

O que desempenha um papel central na Ansiedade


e preocupação é a incerteza. As pessoas que
sofrem de Ansiedade sempre querem 100% de
certeza em tudo que vai acontecer, seja na área
profissional, área familiar, área sentimental, como
uma forma de evitar surpresas desagradáveis e
conseguir controlar os possíveis resultados.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 76

Porém esse tipo de estratégia NÃO FUNCIONA.

Os resultados de coisas que possivelmente vão


acontecer sempre dependem não só do ansioso em
questão, mas também de pessoas ao seu redor, de
horários, tempo, espaço... É uma infinidade de
variações que torna impossível a certeza de
qualquer coisa na vida, seja em qualquer área.
Entender e aceitar que a existência do ser humano
em si já é incerta te fará encontrar a razão que
precisa para não se preocupar exaustivamente com
qualquer coisa que seja.

A mente ansiosa trabalha com ideias muitas vezes


difíceis de até o próprio ansioso identificar, por isso
é EXTREMAMENTE necessário que você além de
entender, ACEITE a situação de que é impossível
abraçar e controlar o mundo.

2° Não veja seus pensamentos


negativos como Fatos.

Quando eu sofria com a ansiedade, eu tinha


pensamentos negativos sobre qualquer coisa.

Esses pensamentos irracionais e atitudes


pessimistas são conhecidos como distorções
cognitivas (pode pesquisar mais se quiser).

As distorções cognitivas não são baseadas na


realidade, mas é muito difícil para o ansioso ter
consciência disso, pois elas surgem de um padrão
de pensamentos que o indivíduo tem ao longo da

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 77

vida, tornando-se tão automáticas, que chegam a


ser quase inconscientes.

Exemplos de distorções cognitivas que eu sofria e


eu provavelmente você também sofre, são:

• Tudo ou Nada – Eu olhava para as coisas de


forma absolutista, como se só existissem duas
opções, ou branco ou preto, ou totalmente bom, ou
totalmente ruim, sem meio termo e sem variações.
Ou seja, tudo que foge da perfeição ou do
“absoluto”, na minha cabeça me tornaria um
fracasso total, ou me transformaria em uma pessoa
horrível, ou transformaria uma situação em algo
totalmente horrível e irrelevante.

• Interpretações negativas e conclusões


precipitadas sem provas concretas – Eu agia
como se tivesse o poder de ler mentes ou prever o
futuro, tendo pensamentos ou atitudes do tipo
“ele(a) mentiu pra mim, tenho certeza!”, “fulano não
foi com minha cara”, “estão tramando algo”, entre
outros, sempre voltado para o negativismo.

• Raciocinar com sua emoção – Eu achava que


o que sentia era em razão do que estava para
acontecer. Por exemplo: “sinto medo agora, devo
estar em perigo”, “sinto raiva, alguém deve ter feito
algo”, “sinto tristeza, algo ruim vai acontecer”.

• Culpar-se por tudo – Eu me responsabilizava


por tudo, até mesmo por situações que não
estavam em meu controle, como por exemplo “meu
irmão caiu de bicicleta, a culpa é minha por que não
o impedi de usá-la.”

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 78

• Se rotular – Eu me rotulava como incapaz,


fracassada, perdedora, tinha pensamentos do tipo
“não vai dar certo porque nada dar certo pra mim,
pois sou um fracasso, sou pé frio...”

• Regras rígidas – Eu estipulava regras


absurdamente rígidas para mim, e não as cumprir,
na minha cabeça, me “tornava” um fracasso, e eu
me punia, tinha pensamentos do tipo “eu não podia”
“eu tenho que” “eu nunca posso”, etc.

• Pensamentos catastróficos – Eu sempre


pensava que o PIOR DE TUDO ia acontecer, por
exemplo “estou com uma dor na garganta a alguns
dias, e se for câncer?”.

• Desvalorização de coisas boas – Eu


desvalorizava qualquer coisa boa que acontecia,
como por exemplo, ao receber um elogio pensava
“fulano falou apenas para me agradar”.

• Generalização – Eu baseava uma situação ruim


que aconteceu em todas as outras que já havia
vivido, mesmo antes de acontecerem, por exemplo
“fui mal na prova, não vou conseguir passar na
recuperação”.

Para mudar tudo isso escrito acima, é preciso


entender e ACEITAR que pensamentos negativos
não são fatos, fatos precisam de provas concretas,
ou seja, os pensamentos negativos sem provas
concretas NÃO SÃO UMA VERDADE ABSOLUTA.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 79

3° Relaxar (ISSO É
FUNDAMENTAL)

A sensação de ansiedade causava um efeito no


meu corpo de “lutar ou fugir”, o que causava
cansaço e tensão, piorando ainda mais os meus
sintomas.

Procure algo que te relaxe, como uma música,


hobbies, um lugar, um cheiro, respire mais
lentamente, medite.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 80

Contrair e descontrair

• Deite-se de lado, dobre as pernas e os braços;

• Em seguida, contraia, forçando todos os músculos


por 10 segundos;

• Após os 10 segundos, relaxe todo o corpo,


descontraindo os músculos e desdobrando os
braços e pernas. Respiração e inspiração em uma
narina de cada vez

• Tampe a narina esquerda e inspire com a direita;

• Tampe a narina direita e solte o ar com a


esquerda;

• Continue com a narina direita tampada e inspire


com a esquerda;

• Tampe a esquerda e solte o ar com a direita;

• Continue com a esquerda tampada e inspire com


a direita;

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 81

• Repita todo o processo.

Respiração em séries:

• Inspire por 4 segundos;

• Solte a respiração por 8 segundos;

• Repita o processo. Inclinação dobrada

• Deite-se de barriga para cima;

• Respire lentamente;

• Dobre as pernas na altura do peito;

• Coloque as mãos sobre os joelhos;

• Incline para a direita e para esquerda, 10 vezes de


cada lado, intercalando os lados;

• Faça 3 séries iguais.

Relaxamento longo

• Coloque os joelhos no chão, deixando a parte


superior dos pés esticadas no chão;

• Coloque as duas mãos no chão (como bebês ao


engatinhar), esticando os braços, de maneira que
sua coluna e pescoço fiquem retos; • Sente por
cima dos pés, sem tirar as mãos do lugar, mantendo
a coluna reta;

81
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 82

• Repita o procedimento 7 vezes;

O MELHOR DE TODOS:

. Sugue todo ar que puder até encher


completamente seus pulmões;

. Quando o pulmão estiver completamente cheio,


prenda a respiração, até não aguentar mais;

. Você sentirá uma aceleração pequena, e quando


estiver próximo a não aguentar mais prender o ar,
será capaz de perceber as batidas do seu coração;

. Quando não aguentar mais segurar, solte todo o


ar lentamente com a boca.

Pode tentar agora se quiser!! Esse exercício traz


um relaxamento instantâneo.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 83

Como controlar a mente:

Um dos passos mais ESSENCIAIS é saber


controlar a mente.

Não é à toa que todos os comandos do nosso corpo


são enviados pelo Cérebro, onde está também a
nossa psiquê (mente), e a nossa parte sentimental.

A conduta dos nossos pensamentos influencia sim


nos nossos sentimentos, e consequentemente na
nossa vida física, nossas atividades diárias, até
mesmo no funcionamento do nosso próprio corpo.

Parece papo de alucinado, mas sua mente tem


muito mais poder do que você imagina, e ela é
muito maior e muito mais ampla do que se pode

83
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 84

pensar, e você precisa evoluir a sua mente,


alcançar um nível de maturidade maior, que
consequentemente te ajudará a sair de todas as
situações difíceis que você se encontra.

Já expliquei aqui que a mente é dividida em 3


partes, e vou explicar de uma forma mais simples
para que você consiga entender:

• Mente Consciente – É a parte racional do nosso


cérebro que tem alguns limites gravados, por isso
ela pode identificar e comparar o que é bom ou
ruim.

Por exemplo, quando sentimos alguma coceira e


sabemos o local que está coçando é porque somos
conscientes da coceira.

• Mente Pré-Consciente – É a parte que se localiza


entre a consciência e a inconsciência.

Nessa parte estão armazenadas memorias mais


antigas, e é essa parte também que filtra e censura
informações do inconsciente;

• Mente Inconsciente - É a parte do cérebro


responsável por todos os sentimentos reprimidos,
essa parte domina todo o corpo, até mesmo nas
ações cotidianas, como por exemplo, quando uma
pessoa está dirigindo, as ações que ela faz durante
esse momento como pisar na embreagem, ligar o
carro, acelerar, é inconscientemente, pois a mente
consciente só está ligada no destino, ou seja,
aonde a pessoa vai, mas os movimentos dela são
automáticos, ela não está pensando neles.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 85

Como você já deve imaginar, as partes que mais


precisamos controlar são a Mente Inconsciente e a
Mente pré-consciente, pois são elas que tem total
influência na nossa vida, nos nossos sentimentos,
e principalmente na Ansiedade.

A parte consciente é a ferramenta para essa


mudança.

COMO CONTROLAR O PRÉ-CONSCIENTE:

Primeiramente é importante ressaltar que você já


está no controle de sua Mente Pré-Consciente,
você só não sabe como está fazendo isso.

A sua mente cria sua realidade, ou seja, ela


expressa na realidade o que você mesmo passa
para ela. Você é o mestre, e sua Mente Pré-
Consciente é o servo, mas quem domina é você!

Vamos fazer uma analogia: Sua Mente Consciente


é o pai, sua Mente Pré-consciente é a mãe, e sua
realidade são os filhos, ou seja, sua realidade é
tudo que a junção da sua Mente Consciente com a
Pré-Consciente criou.

O Consciente coloca a ideia e o pré-consciente a


gera.

Eu entendi que o consciente dá a ideia, e o pré-


consciente imprime a ideia no inconsciente, em
formas e expressões, então um segredo
fundamental é prestar atenção no que você está
enviando para ser impresso.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 86

Tudo que você pensar demais, se ligar demais na


ideia, ficar com aquilo na cabeça, será enviado para
ser impresso.

O grande problema, é que eu deixava que o


consciente enviasse ideias negativas para serem
impressas, sem perceber. E o motivo disso, é que
eu não assumia a posição de mestre, e sim de
servo.

O primeiro grande passo, é assumir a


responsabilidade, não do que acontece do lado de
fora, e não aquela responsabilidade voltada para a
culpa, mas sim, a responsabilidade de que você
tem total controle sobre a sua vida, sobre o que
sente e o que não quer sentir, basta apenas enviar
as ideias certas para serem impressas.

A Mente Pré-Consciente sempre vai tratar de toda


e qualquer ideia como se fosse real; Ela cria uma
realidade dentro de você, mesmo que aquela
situação não esteja acontecendo com você, o pré-
consciente não distingue o que é realidade e o que
é imaginação, isso é função da Mente Consciente,
então toda vez que seu consciente deixa entrar algo
que não é real, esse algo é impresso no pré-
consciente, te fazendo acreditar que seja real.

Um exemplo: Você está assistindo um jornal e vê


uma tragédia: sua mente consciente fica ligada
naquilo, e vendo a situação, você sente empatia,
você se sente como estivesse no lugar da vítima
daquela tragédia, e aquelas informações estão
entrando, você está deixando entrar, em piloto
automático, ela é enviada para o seu pré-
consciente, gerando medo, tristeza, qualquer

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 87

sentimento ruim, que está sendo impresso através


daquela informação.

Não estou dizendo que você não deve sentir


empatia, mas sim, que você deve saber sentir
empatia sem deixar que aquilo te controle, saber
separar.

Então o segundo grande passo que eu dei foi:

Toda vez que eu estava diante de uma situação


ruim, sendo ela real ou não, procurava e encontrava
uma solução para ela, imprimindo com o meu pré-
Consciente, não somente a dor, tristeza ou tragédia
em si, mas também a solução que é a esperança.

Tendo a esperança, você consegue o que precisa


para sentir que aquilo tudo não é o fim, e que não é
eterno, que vai passar, que vai ser solucionado, e
em toda situação assim, você deve encaixá-la com
a solução.

Lembre-se, existe jeito para tudo, então não


imprima nada negativo sem a solução, pois ela
sempre existe.

Terceiro grande passo que eu dei foi:

Imprimir coisas positivas, se afastar o máximo do


que é negativo.

Tente sempre estar ligado em coisas boas, sinta


“empatia” pelas pessoas que passam por
momentos bons também, sinta aquela alegria
daquele momento, a felicidade que o outro está
sentindo, pois a empatia não se traduz somente em
se colocar no lugar de uma pessoa quando ela está

87
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 88

em uma situação ruim, mas também quando ela


está em uma situação boa e feliz.

Não se lamente por não ser você que está


passando por aquela situação, se contente em ficar
feliz pela pessoa.

Quarto Grande passo que eu dei foi:

Imprimir com meu pré-consciente a ideia de que eu


não precisava que as pessoas me
compreendessem, nem que elas me motivassem,
pois, a função de compreender como eu me sentia
era totalmente minha e a motivação tinha que vir de
mim.

Então não busque força nos outros, busque


unicamente em você e na fé que você tem, em tudo
que for bom, em tudo que for agradável, em tudo
que for amor, que existe dentro de você.

Quinto passo que eu dei foi:

Entender que eu sou protagonista da minha


história.

Não é que você não deve pensar no próximo,


entenda, não estou dizendo para você ser egoísta
e egocêntrico, pensar só em você, mas sim, para
entender que você tem a mesma importância que
outra pessoa, então ninguém deve ficar acima de
você, e sim na mesma medida, encontrando o
equilíbrio.

Aprenda a fazer para você e a pensar em você da


mesma forma que faz/pensa pela/sobre a outra

88
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 89

pessoa, seja essa pessoa o seu par, um amigo, um


familiar, alguém que você tem grande amor e
consideração, ou alguém sem importância, mas
que você vai tratar com o mesmo carinho e respeito
que você se trataria.

“NINGUÉM É SUPERIOR OU
INFERIOR A NINGUÉM,
TODOS SÃO IGUAIS. ENTÃO
VOCÊ ESTÁ PROIBIDO DE
PENSAR SOBRE SI COMO
ALGUÉM INFERIOR, MENOR
OU MENOS IMPORTANTE,
QUE OUTRA PESSOA.”
Se você não cuidar do seu interior, ninguém poderá
fazer isso por você, e a ansiedade está no interior,
onde só você pode controlar e dominar.

Não imprima ideias que não tenham a importância


para serem impressas, saiba que existem coisas
que tem sim a necessidade de ficarem gravadas, e
outras, não.

Então concluindo, sua consciência é quem envia as


ideias para o pré-consciente, é através da sua
consciência que você pode controlar o pré-
consciente.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 90

COMO INFLUENCIEI O INCONSCIENTE:

O inconsciente não pode ser controlado pelo


consciente, mas, pode ser influenciado e
consequentemente transformado.

O segredo é a prática.

Entendi e vou tentar explicar de uma forma bem


simples:

O Inconsciente atua no modo automático, ele é


responsável pelos sentimentos e pelas ações
automáticas que fazemos, como dirigir um carro.

O inconsciente ocupa a maior parte do nosso


cérebro e está presente em todas as nossas ações
cotidianas.

Através do inconsciente temos pressentimentos,


despertamos sentimentos seja de amor ou ódio...
Óbvio que há uma ligação com a consciência e a
pré-consciência, pois como foi dito, ele pode ser
influenciado.

A principal maneira que aprendi, de influenciar o


inconsciente foi criar um “costume” em algo, de
maneira que se tornasse automático, onde eu iria
praticar isso mesmo quando não estivesse
pensando, ou seja, inconscientemente.

Então, o que você deve praticar para influenciar o


inconsciente, retirando todo sentimento de
desânimo, fracasso, tristeza ou seja lá qual for o

90
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 91

sentimento negativo, é criar um costume em


encontrar a solução (esperança) no seu pré-
consciente para qualquer situação ruim.

Quando isso se tornar um hábito, um “piloto


automático” você estará influenciando o seu
Inconsciente e se livrando daqueles sentimentos
que você sente não ter controle.

Outra coisa que você deve transformar em costume


é a empatia em situações boas, como dito sobre as
soluções do pré-consciente, transformando em
costume se emocionar com coisas boas, buscar
notícias boas, ficar feliz pelas outras pessoas e até
por você mesmo também influencia o seu
inconsciente.

Resumindo e concluindo, a forma de influenciar o


seu inconsciente é tornar hábito todas as soluções
de controle para o seu pré-consciente, praticando
todos os dias em cada momento, pois quando você
pratica, aquilo fica impresso no seu inconsciente,
transformando tudo em piloto automático, e
consequentemente substituindo os pensamentos e
sentimentos ruins que antes você tinha.

Vi então que na realidade, o tempo que eu passava


pensando no problema e não na solução, o tempo
que eu passava me lamentando, imprimindo com
meu pré-consciente ideias ruins no meu
inconsciente, me levava a acreditar que nada tinha
solução, que não tinha como vencer tal
adversidade, ou simplesmente pensando no quão
era ruim me sentir de tal maneira, fazia com que
tudo isso se tornasse um hábito, e
consequentemente contaminasse o meu

91
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 92

inconsciente, que é a parte da mente que atua em


todo o nosso corpo, me trazia cada vez mais
ansiedade, mal estar, depressão ou pânico.

Mas se nosso inconsciente tem tanto poder em


nossa vida, e pode ser tão mal influenciado com
nossos pensamentos impressos, ele também pode
ser bem influenciado, basta estimulá-lo com as
positividades descritas nas soluções para controlar
o pré-consciente, apenas tornando tais soluções
um hábito.

E quando você passar por alguma situação


traumática?

Nesse caso, não reprima sua dor, ou seu medo. Se


permita sentir, fale sobre o assunto com alguém
que você confia, para que esse trauma não fique
reprimido dentro de você.

Porém se já existem traumas que você acabou


sofrendo antes de ler esse ebook, saiba que o
conteúdo inconsciente é bem raro de ser acessado,
mas que muitas vezes pode se manifestar
simbolicamente em seus sonhos ou no seu dia a sai
em situações pequenas.

Para tratar esses traumas que você não lembra


muito bem, ou tratar sentimentos inexplicáveis que
você tem, faça terapia.

Me chame no direct do meu perfil pessoal no


Instagram @rhanacoss caso queira agendar uma
sessão.

Então concluímos que tudo que se torne hábito se


torna um piloto automático fazendo com que fique

92
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 93

gravado em nosso inconsciente, e para influenciá-


lo, basta tornar hábito a atitude de encontrar
soluções para os problemas e não permitir
pensamentos pessimistas.

Fobia social ou transtorno de ansiedade social pode


ser entendido de forma mais simples como o medo
do que as pessoas vão pensar.

A fobia social é caracterizada por esse medo


excessivo em situações em que nos sentimos
avaliados observados, e o famoso medo do que as
pessoas vão pensar sobre nós.

Mas vamos lá, qualquer pessoa em alguma fase da


sua vida já teve medo de serem avaliadas ou do
que pensaria sobre elas. Isso é perfeitamente
normal dentro de todas as milhares de neuroses

93
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 94

que existem na mente humana. Não


necessariamente caracteriza um transtorno.

O que caracteriza esse transtorno na verdade é o


quanto ele te impossibilita na vida. É o quanto ele
atrapalha sua qualidade de vida e principalmente,
as crises que ele traz.

Os sintomas de fobia social incluem:

• Medo ou ansiedade intensa durante


situações em que a pessoa está exposta às
críticas.

• Evitar a maioria das situações em que


existem muitas pessoas;
• Medo de ser ridicularizado;
• Sudorese;
• Palpitações:
• Tremores;
• Sensação de falta de ar;
• Dificuldade para falar;
• Náuseas;
• Tonturas.

Fica claro que todos esses sintomas são muito


parecidos com os sintomas da crise de ansiedade,
porém o gatilho está sempre relacionado ao meio
social. A lidar com pessoas.

Mas, por qual motivo a fobia social surge?

Já expliquei em um capítulo deste livro que existem


raízes para o transtorno de ansiedade, e citei
algumas dessas raízes.

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E agora eu te digo, também existem raízes para


fobia social. São elas:

Experiências vividas e traumatizantes em público.

Pessoas que já foram ridicularizadas, por


professores ou alunos, por familiares, e passou
uma grande vergonha em público, tem uma grande
tendência a desenvolver a fobia social, dependendo
muito da gravidade do trauma emocional.

Um outro fator, são os antecedentes familiares.


Pessoas que cresceram com responsáveis
antissociais, que não sabiam conviver bem em
sociedade e já possuíam a fobia social, tendem a
replicar o comportamento dos responsáveis, visto
que enxerga isso como algo seguro de se fazer em
sua vida. Para se poupar de possíveis decepções.
Essa criação produz crenças limitantes
relacionadas a área social. A pessoa fica
condicionada a isso.

Maus tratos na infância, uma pessoa que viveu uma


série de maus tratos físicos e até mesmo
emocionais também tem uma grande tendência em
não querer se aproximar de pessoas.

Geralmente, tem dificuldade em confiar e sente-se


desconfortável diante de outras pessoas por se
sentir vulnerável, e ter medo de uma possível
agressão. Medo da dor, tanto física quanto
emocional.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 96

Outro ponto que também influencia muito no


desenvolvimento da fobia social são as famosas
situações desconfortáveis no meio social. Quando
se sente ignorado, rejeitado ou até mesmo é
xingado por outras pessoas com muita frequência.
Quando também, em seu meio social, a pessoa é
decepcionada ao saber que estão falando mal dela
ou inventando histórias ruins ao seu respeito.

Outro fator que é extremamente comum, está


relacionado a mudanças.

Uma pessoa que cresceu mudando de casa, bairro,


escola e todas as vezes precisava fazer todas as
novas amizades novamente. Passava pelo
processo de desconforto onde não conhecia
ninguém por várias e várias vezes, e nunca
conseguia cultivar relações sólidas e duradouras,
com amigos, e até mesmo amores.

Tudo isso diminui a confiança em si mesmo de que


você é completamente capaz de lidar com as
pessoas e de ser amado por elas.

Óbvio que o tratamento para a fobia social precisa


ser feito através de terapia, porém, te darei aqui
algumas dicas comportamentais que irão te ajudar:

A primeira dica é identificar a raiz desse transtorno.


Você já viveu alguma dessas situações citadas
acima ou lembra de alguma situação parecida
vivenciada por você?

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Se a resposta for sim, busque Ressignificar as


experiências ruins.

Como seu inconsciente é atemporal, todos os teus


traumas continuam dentro de você mesmo sendo
traumas do passado.

Por isso é necessário que você ressignifique o que


você viveu para transmitir segurança a si mesmo,
no seu presente. Enxergue como algo que teve a
capacidade de te deixar mais forte, ou repita para si
mesmo que hoje você é uma nova pessoa, mais
madura, e a realidade não é mais a mesma do
passado.

Outra dica é que você comece aos poucos a


interagir com poucas pessoas.

Uma boa dica é buscar fazer alguma atividade que


te leve em algum lugar que tenha pessoas.

Será desconfortável, comece a ficar pouco tempo


no lugar, respire fundo e concentre a sua mente em
si mesmo, foque em algum objeto ou cor que você
ver no local em que você está, e comece a repetir o
nome dessas cores e objetos na sua cabeça.

Não se cobre excessivamente, faça os poucos,


primeiro cinco minutos, depois 10 e assim em
diante.

E agora o ponto crucial, é você entender que a


opinião das pessoas não é tão importante e
relevante quanto você acredita ser.

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Se você vive com medo


do que os outros irão
pensar, você está
vivendo para os outros.
Não está vivendo para
si mesmo. Não está
vivendo sua vida, mas
sim a vida do outro.

As pessoas não se importam. Elas podem te dar


uma crítica agora, e cinco minutos depois elas nem
estarão mais lembrando desse assunto. Por isso,
devemos entender que cada um tem a sua própria
vida e cuida dela como bem quiser. Inclusive você.

Quando vier os pensamentos de desaprovação,


medo de ser ridicularizado, combata esses
pensamentos com o contrário:

“se minha opinião não agradar, não importa


continuar acendo a minha opinião “

“se eu errar, estou tendo a oportunidade de


aprender com esse erro “

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“melhor me arrepender pelo que fiz, do que pelo


que não fiz “

Lembre-se: só te afeta o que você realmente dá


importância, então entenda que nem tudo merece a
sua energia. Não dê mais tanto poder ao medo.

Tem uma parte em nós que nos faz ficar presos


em medos absurdos e causa todas as nossas
ansiedades, que são frutos dos traumas.
E como seguir em frente após um trauma? Vou
explicar:
Você já viu aquelas reportagens ou histórias de
animais e seres vivos que cresceram em terras
radiativas?

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 100

Eles cresceram. Mas cresceram cheio de


cicatrizes, alguns nasciam com três pés, três
olhos, entre outras anomalias...
A vida emocional das pessoas é exatamente
assim.
É como se precisassem crescer em meio a
terra radiativa, e a formação de todas as
nossas emoções, da nossa personalidade, dos
nossos medos, de todas as nossas
inseguranças vem através dessas anomalias
causadas pelo ambiente tóxico.
Só que é muito complicado quando estamos
em um ambiente tóxico, mas não temos como
sair dele.
Nós temos mania de culpar as pessoas que
causam aquele caos, mas a grande realidade,
é que independente do que acontece do lado
de fora, quem forma o nosso ambiente interior,
somos nós mesmos.
Por trás de toda pessoa que fere existe uma
pessoa ferida.
Isso mesmo, quem te feriu, só feriu porque um
dia foi ferido.
Todas as vezes que somos machucados,
temos duas opções: Perdoar para nos curar, e
seguir em frente, ou então, aprender a
machucar, retribuir com a mesma moeda para
que o outro de alguma forma entenda como dói
em nós.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 101

A pessoa que te feriu, escolheu a segunda


opção.
E muitas vezes, nós acabamos nos tornando
igual, também escolhemos a segunda opção.
Inconscientemente nos tornamos exatamente
iguais a quem nos feriu, e não percebemos.
Achamos que provocar a dor no outro como ele
provocou em nós, vai fazer com que ele tenha
mais empatia e perceba que é sério.
Afinal, falam que uma pessoa só entende a dor
do outro quando passa pela mesma dor.
De fato, essa frase tem suas razões, porém é
muito perigosa.
Quando treinamos a nossa mente para retribuir
na mesma moeda quem nos feriu, acabamos
aprendendo a ferir, e as vezes sangramos em
cima de pessoas que não nos feriram.
Seria como uma vingança.
A vingança pode até ferir quem nos feriu, mas
ela nos transforma em seres predadores, e
acabamos ferindo pessoas que não fizeram
nada com a gente.
Perdemos tanto tempo aprendendo como
machucar quem nos feriu, que acabamos
ferindo no automático, até pessoas que não
queremos machucar.
Tudo que é alimentado cresce.

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 102

Todas as vezes que nos alimentamos de ideias


mirabolantes sobre como machucar quem
merece ser machucado, acabamos
alimentando em nós um lado prejudicial para
nós e para as pessoas que estão a nossa volta.
Primeiro porque não conseguimos perdoar. A
falta de perdão é como beber um veneno e
esperar que o outro morra. Todas as vezes que
não conseguimos perdoar quem nos
machucou, ficamos presos mágoa, a pessoa
fica presa dentro de nós e todas as vezes que
a vemos, a ouvimos, ou até mesmo pensamos
nela, sentimos ódio, raiva, uma dor que nos
inflama, nos corrói, nos faz chorar e nos faz um
mal absurdo.
Acabamos nos tornando pessoas tóxicas,
simplesmente porque queríamos machucar
alguém que foi tóxico conosco.
É assim que muitas pessoas crescem.
A essência é boa, mas foi ferida.
Dentre as duas opções, a pessoa acaba
escolhendo a segunda, que é contra-atacar,
machucar também.
Pois perdoar parece completamente injusto em
vista de tudo que o outro te fez passar.
A questão é que o perdão não é para o outro, e
é isso que ninguém entende.
Quando precisamos perdoar alguém, não é
para aliviar aquela pessoa, mas sim para aliviar

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CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 103

a nós mesmos e não cultivar dentro de nós a


essência predadora, que machuca as pessoas,
que é tóxica, pois sua essência boa
contaminada com a predadora, não fere
somente quem nos machucou, mas fere a nós
mesmos e até quem não queremos ferir.
Essa essência predadora, é causada pelo
trauma.
O trauma nada mais é que uma ferida não
curada, ou melhor, uma ofensa não perdoada,
uma dificuldade não superada.
Todas as vezes que somos ofendidos, somos
machucados.
Pense em uma ferida inflamada.
A inflamação acontece do lado de dentro, e
para que aquela inflamação saia é necessário
que a gente arranque a casca da ferida e a
deixe sair.
Para arrancar a casca é muito doloroso, nós
não queremos arrancar, mas quando
arrancamos e aquela inflamação sai, o alívio
vem e de fato somos curados.
O perdão é assim, é arrancar a casca.
É muito difícil, e parece injusto.
Mas quando fazemos, nós conseguimos seguir
em frente sem nenhuma dor.

103
CALANDO A BOCA DA ANSIEDADE 104

Então, quando você está em meio ao caos,


você vai crescer de qualquer jeito. Mas é você
quem escolhe a forma que quer crescer.
É você que escolhe perdoar o retribuir na
mesma moeda.

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