Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A razão é uma estrutura vazia, uma forma pura sem conteúdos. Essa
estrutura (e não os conteúdos) é que é universal, a mesma para todos os seres
humanos, em todos os tempos e lugares. Essa estrutura é inata, isto é, não é
adquirida através da experiência. Por ser inata e não depender da experiência
para existir, a razão é, do ponto de vista do conhecimento, anterior à
experiência. Ou, como escreve
Porém, os conteúdos que a razão conhece e nos quais ela pensa, esses
sim, dependem da experiência. Sem ela, a razão seria sempre vazia,
inoperante, nada conhecendo. Assim, a experiência fornece a matéria (os
conteúdos) do conhecimento para a razão e esta, por sua vez, fornece a forma
(universal e necessária) do conhecimento. A matéria do conhecimento, por ser
fornecida pela experiência, vem depois desta e por isso é, no dizer de Kant, a
posteriori. Qual o engano dos inatistas? Supor que os conteúdos ou a matéria
do conhecimento são inatos. Não existem idéias inatas.
É isso que a razão pode. O que ela não pode (e nisso inatistas e
empiristas se enganaram) é supor que com suas estruturas passe a conhecer a
realidade tal como esta é em si mesma. A razão conhece os objetos do
conhecimento. O objeto do conhecimento é aquele conteúdo empírico que
recebeu as formas e as categorias do sujeito do conhecimento. A razão não
está nas coisas, mas em nós.
O erro dos inatistas e empiristas foi o de supor que nossa razão alcança
a realidade em si. Para um inatista como Descartes, a realidade em si é
espacial, temporal, qualitativa, quantitativa, causal. Para um empirista como
Hume, a realidade em si pode ou não repetir fatos sucessivos no tempo, pode
ou não repetir fatos contíguos no espaço, pode ou não repetir as mesmas
seqüências de acontecimentos.