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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO DE CULTURA E ARTE


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

JOSÉ FILIPE DA COSTA SILVA

Questões Acerca de Kant - Trabalho Final

Fortaleza
2021
1) O que é juízo sintético a priori e qual a sua diferença em relação ao juízo analítico?

Primeiro definamos os pares conceituais epistemológicos a priori/a posteriori e os


pares conceituais semânticos analítico/sintético. Para uma variável proposicional “P”
qualquer:

(D1) P é a priori = df Quando P pode ser conhecido de modo independente da experiência;

(D2): P é a posteriori (empírico) = df Quando P pode ser conhecido apenas pela experiência;

(D3): P é analítico =df Quando P é verdadeiro somente em virtude dos significados dos seus
termos constituintes;

(D4): P é sintético =df Quando P não é verdadeiro ou falso somente em virtude dos
significados dos seus termos constituintes.

O juízo sintético a priori é um ato mental(juízo) cuja proposição formulada é


ampliativa, isto é, compreende informação proposicional não tautológica(sintético) e é obtida
independentemente da experiência(a priori).Um exemplo de juízo sintético a priori, diz Kant,
são os juízos aritméticos e os geométricos. Por exemplo: “A menor distância entre dois
pontos é uma linha reta”. Ao sujeito “A menor distância entre dois pontos” não está contido o
predicado “linha reta” . Ou seja, o juízo do exemplo acima é conhecido de maneira a priori,
uma vez que não há recurso à experiência para ter conhecimento dele e é necessariamente
verdadeiro, porém é sintético, uma vez que a verdade da proposição não é fornecida pela
análise linguística dos termos. Se diferencia dos juízos analíticos porque a verdade desse
juízo não é obtido tão somente a partir da análise conceitual do sujeito e do predicado. Um
exemplo de juízo analítico é: ” Todo solteiro é um não casado”. Ao sujeito “solteiro” pode-se
asseverar necessariamente o predicado “não casado”. Esse tipo de proposição é a priori,
necessária e universal,porém não amplia o conhecimento de fatos no mundo.

2) Fale das intuições puras de espaço e tempo

Dentre as faculdades cognitivas da mente está a sensibilidade, que se trata da


faculdade passiva que tem como função receber as representações dos objetos através dos
sentidos. Essa faculdade corresponde às intuições dos objetos individuais, que se diferenciam
entre intuição pura( representações do espaço e do tempo) e intuição empírica( representação
empírica dos objetos no mundo). Ao convergir as posições de Newton e de Leibniz, Kant
afirma que o espaço e o tempo são ideais( transcendentalmente ideais) e absolutos. Isso
significa que o espaço e o tempo fazem parte de um aspecto interno e permanente do humano
que conhece, se opondo à teoria que os concebe como ontologicamente independente do
conhecedor. Essa conclusão tem como premissa principal a possibilidade da necessidade dos
juízos sintéticos a priori na geometria. O Argumento pode ser sumarizado da seguinte forma:

P1: As proposições da geometria são sintéticos a priori.

P2: Isso só é possível se o espaço( e analogamente o tempo) é uma condição subjetiva de


intuição

C1: O espaço é uma condição subjetiva da intuição.

3) Fale das categorias do entendimento e sua referência aos fenômenos

Ao forncecer uma síntese em sua filosofia crítica das posições defendidas pelas
tradições empirista e racionalista, Kant afirmou que existem conceitos que não são obtidos
por meio da experiência, nesse sentido são a priori, conceitos puros ou categorias, porém
esses conceitos só contribuem para a ampliação do nosso conhecimento quando são aplicados
à nossa experiência dos fenômenos. Essas categorias só podem ser pensadas em relação com
os objetos da experiência possível. Por exemplo, a categoria da causalidade é um conceito
puro, mas não pode ser empregado como meio de deduzir a existência de Deus, uma vez que
Deus não é objeto da experiência atual ou possível.

4) Fale da relação entre fenômeno e coisa em si.

Ao tratar desse tópico pelo seu “Idealismo Transcendental”, Kant o faz como uma
analogia à revolução copernicana, que afirmou ser apenas aparente que o sol e as estrelas
estão a girar ao nosso redor, mas tão somente as percebemos assim porque estamos em
movimento. De modo análogo, devemos rejeitar o pressuposto de toda a filosofia passada de
que o modo como experienciamos os objetos do mundo corresponde a como as coisas
realmente são. Isso é questionado pois as formas da intuição e os conceitos puros do
entendimento são aspectos inerentes ao sujeito cognoscente, e esses são responsáveis pelo
conhecimento humano adquirido pela sensibilidade . Assim, todas as intuições dos objetos do
mundo são por nós experienciadas por meio de uma estrutura espaço-temporal,
consequentemente, parte do aparato cognitivo do sujeito. Ademais, essas intuições são
conceitualizadas a partir de conceitos, que fazem parte do entendimento humano. Portanto,
nunca conheceremos como as coisas-em-si são, à parte dos aparatos internos das faculdades
cognitivas da mente humana.

Bibliografia

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. 5ª Edição. Trad.: Manuela Pinto e. Alexandre
Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.

Kant, Immanuel. ​In​: ​Internet Encyclopedia of Philosophy​. Disponível


em:<https://iep.utm.edu/kantview/>. Acesso em: 06 Abril. 2021.

Dicker, Georges. Kant’s Theory of Knowledge : An Analytical Introduction. New York:


Oxford University Press, 2004.

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