PRINCÍPIOS DAS

TERAPIAS COGNITIVO-
COMPORTAMENTAIS
Cristiano Nabuco e Tárcio Soares

Mais do que simplesmente conhecer a aplica-

ção específica da técnica, talvez seja muito
mais importante você se dar conta de qual é o
objetivo terapêutico que você tem com aquele
paciente.

Ricardo Wainer
 Conheça
c o livro da disciplina
-
CONHEÇA SEUS PROFESSORES 3

Conheça os professores da disciplina.​

EMENTA DA DISCIPLINA 4

Veja a descrição da ementa da disciplina. ​

BIBLIOGRAFIA DA DISCIPLINA 5

Veja as referências principais de leitura da disciplina.​

O QUE COMPÕE O MAPA DA AULA? 6

Confira como funciona o mapa da aula.

MAPA DA AULA 7

Links de artigos científicos, informativos e vídeos sugeridos.

RESUMO DA DISCIPLINA 42

Relembre os principais conceitos da disciplina.​

AVALIAÇÃO 43

Veja as informações sobre o teste da disciplina.​

2
 Conheça
c seus professores

-
CRISTIANO NABUCO
Professor Convidado

Psicólogo e palestrante, dono de uma vasta experiência

clínica e acadêmica, Cristiano Nabuco ao longo de sua carreira
desenvolveu protocolos de atendimento clínico, coordenando
o Serviço de Psicologia do Ambulatório de Transtornos
Alimentares (AMBULIM - IPq/HCFMUSP). Nabuco é criador de
uma unidade pioneira no país para o atendimento de pacientes
dependentes em tecnologia, desenvolvendo modelos de
intervenção em psicoterapia. Além disso, coordena o Programa
Ambulatorial integrado dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI
- IPq/HCFMUSP), é diretor do Núcleo de Terapias Virtuais para
o Tratamento de Saúde Mental (Perseus - Realidade Virtual)
e consultor técnico do Governo Federal para o Programa
Reconecte. Como autor, publicou diversos livros abordando
temas variados da psicologia, psiquiatria e da saúde mental.
Uma de suas publicações “Internet addiction: a handbook and
guide to evaluation and treatment”, já foi traduzida para 7
idiomas. Também é autor do best-seller intitulado “Psicologia
do Cotidiano” e “Internet addiction in children and adolescents”.

TÁRCIO SOARES
Professor PUCRS

Psicólogo. Mestre em Psicologia Social pela PUCRS e

Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais pelo
INFAPA. Professor da Faculdade de Psicologia da PUCRS. Sócio-
fundador do InTCC. Tem experiência na área de Psicologia, com
ênfase em terapias cognitivo-comportamentais. Tem interesse
em Psicopatologia, Estatística, Epidemiologia, Psicologia Social,
Psicologia Evolucionista, Neurobiologia, Psicologia Cognitiva,
Psicologia do Esporte e Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais
em geral.

3
 Ementa da Disciplina
O estudo da história das Terapias Cognitivo-Comportamentais. A
caracterização dos modelos comportamentais e cognitivos. Introdução aos
princípios norteadores das Terapias Cognitivo-Comportamentais e a organização
das sessões e do tratamento.

4
 Bibliografia da Disciplina
As publicações destacadas têm acesso gratuito.

Bibliografia básica

BECK, J. Terapia Cognitivo-Comportamental. Porto Alegre: Grupo A, 2017.

LEAHY, R. L. Terapia cognitiva contemporânea: teoria, pesquisa e prática. Porto

Alegre: Artmed 2010.

DOBSON, K. S. Manual de terapias cognitivo-comportamentais. Porto Alegre:

Artmed, 2006.

Bibliografia complementar

ANDRETTA, I.; OLIVEIRA, M. S. Manual prático de terapia cognitivo-comportamental.

São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.

KNAPP, P. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre:

Artmed: 2007.

LEAHY, R. L. Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta. Porto Alegre:

Artmed, 2006.

RANGÉ, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria.

Porto Alegre: Artmed, 2001.

SUDAK, D. M. Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática. Porto Alegre: Artmed,

2007.

5
 O que compõe
o o

s
Mapa da Aula?
MAPA DA AULA
São os capítulos da aula, demarcam
momentos importantes da disciplina,
servindo como o norte para o seu FUNDAMENTOS
aprendizado.
Conteúdos essenciais sem os quais você
pode ter dificuldade em compreender a
matéria. Especialmente importante para
alunos de outras áreas, ou que precisam
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
relembrar assuntos e conceitos. Se você
estiver por dentro dos conceitos básicos
Questões objetivas que buscam
dessa disciplina, pode tranquilamente
reforçar pontos centrais da disciplina,
pular os fundamentos.
aproximando você do conteúdo de
forma prática e exercitando a reflexão
sobre os temas discutidos.​Na versão CURIOSIDADES
online, você pode clicar nas alternativas.
Fatos e informações que dizem
respeito a conteúdos da disciplina.
PALAVRAS-CHAVE
Conceituação de termos técnicos,
expressões, siglas e palavras específicas
do campo da disciplina citados durante DESTAQUES
a videoaula.
Frases dos professores que resumem
sua visão sobre um assunto ou situação.​
VÍDEOS
Assista novamente aos conteúdos
expostos pelos professores em vídeo.
Aqui você também poderá encontrar ENTRETENIMENTO
vídeos mencionados em sala de aula.
Inserções de conteúdos para tornar
a sua experiência mais agradável e
PERSONALIDADES significar o conhecimento da aula.​

Apresentação de figuras públicas

e profissionais de referência
mencionados pelo(a) professor(a).
CASE
Neste item, você relembra o case
analisado em aula pelo professor.​
LEITURAS INDICADAS
A jornada de aprendizagem não
termina ao fim de uma disciplina. Ela
segue até onde a sua curiosidade MOMENTO DINÂMICA
alcança. Aqui você encontra uma lista
de indicações de leitura. São artigos e Aqui você encontra a descrição detalhada
livros sobre temas abordados em aula.​ da dinâmica realizada pelo professor.

6
 Mapa da Aula
Os tempos marcam os principais momentos das videoaulas.

AULA 1 • PARTE 1

Introdução histórica 02:26

Um dos primeiros pensadores para a

cognição foi Wilhelm Wundt, que criou um
laboratório de psicologia experimental. Com
uma análise sobre as atividades mentais,
Wundt esforçou-se por compreender a
estruturação da mente. Desde o início, 07:16
Esse modelo de entendimento
confrontou-se com uma visão subjetiva da
[de William James] dizia que,
ciência psicológica, utilizando a introspecção
na verdade, esse processo
como forma de favorecer seu olhar de
como um todo não poderia, em
estudo.
hipótese alguma, ser congelado
O nome de William James também é no tempo e decomposto
importante para a história da psicologia, como o próprio Wundt tinha
pois ele entendeu que a mente não poderia colocado.
ser decomposta ou separada, sob a pena
de cada parte perder sua funcionalidade
separada uma da outra. Nesse sentido,
James proporcionou uma interpretação não
se debruçou sobre a complexidade funcional
09:09 Modelos de psicoterapia
da mente humana. Logo, James entendeu
a psicologia como produto dos processos
Após o estruturalismo e o funcionalismo,
psíquicos no fluxo do seu próprio tempo e
Watson critica a subjetividade da reflexão,
em sua corporeidade funcional. Todavia, o
e se propõe a descrever um modelo
modelo de William James passou a perder
rigorosamente científico e objetivo da
vigor conforme o tempo.
mente humana. Em vez de estudar o
Já a psicologia da Gestalt entende que dualismo mente-corpo, Watson estudou o
de nada vale a análise dos fenômenos comportamento e o ambiente. Após tais
psicológicos caso não seja levada em conta desenvolvimentos, tiveram origem tanto
o ambiente de inserção contextual dos o pensamento de Skinner quanto o de
indivíduos. Freud.

Nabuco se coloca como crítico de Freud,

entendendo-o como um compilador, que
enxergou na catarse do teatro grego a
possibilidade do inconsciente.

7

John Watson dizia que,
se a psicologia quiser de
fato avançar de uma forma
significativa, ela tem que
parar de ficar descrevendo
esses fenômenos que
sejam subjetivos. Isso é
inerentemente não científico.
Afinal de contas, o que
a catarse fez por esses
indivíduos? A conclusão
foi: nada. Ela simplesmente
diminuiu aquela pressão
emocional que os indivíduos
sentiam. Mas a catarse,
como técnica, não tinha e
não teve força para mudar a
estrutura que muitas vezes
sustentava esses pensamentos
disfuncionais.
PALAVRA-CHAVE
Epistemologia: A epistemologia
é o estudo da estruturação do
conhecimento, sendo a análise crítica
dos conceitos e princípios científicos.
A epistemologia lança bases sobre
a forma pela qual o rigor científico
se estrutura no tempo e em suas
regras específicas. Nesse sentido, a
epistemologia é aquilo que lança as
bases para um regime de verdade,
estruturado de acordo com normas
válidas, em apoio a determinadas
proposições.
Dando seguimento à linha de raciocínio,
aborda-se que a primeira fase da
terapia comportamental foi baseada em
09:48
princípios de aprendizagem, com foco
na modificação do comportamento e das
emoções. Num primeiro momento, houve o
desenvolvimento de um modelo estímulo-
resposta. Albert Bandura, por meio da teoria
da aprendizagem social, incluiu a ideia da
experiência vicariante. Melanie Klein também
entendeu que há aspectos da relação entre
a mãe e o bebê que são estruturantes
comportamentais.
Já no que diz respeito à revolução
cognitiva, seu surgimento é atribuído
14:07 a certa conferência no MIT quando
foram estabelecidas relações entre
o comportamento humano e o
comportamento computacional.
15:16
Freud também entende que
produzir a expressão como
forma de diminuição dessa
tensão também seria curativa.
15:52
17:27
Existe aquilo que, para você,
de uma maneira ou de outra,
pode ser mais factível, o que
não quer dizer que não existam
pesquisas que comprovem a
noção do que é mais eficaz.
8
 A visão que a psicanálise tem 24:59
de uma criança é a visão do
ponto de vista de um adulto,
e não com o que realmente
acontece com a criança.

John Bowlby

AULA 1 • PARTE 2

Modelos de psicoterapia 00:25

O professor enfatiza as palavras de Michael

J. Mahoney, em Processos Humanos de
Mudança, em relação ao seu entusiasmo por
um estudo mais minucioso das modificações
de comportamento e a psicologia cognitiva.
Em decorrência disso, a terapia cognitiva se PERSONALIDADE
depara com a psicologia cognitiva. Assim, é 06:39
estabelecida uma forte conexão entre ambos Lev Vygotsky (1896-1934)
os campos de estudo. Esse diálogo fez com
que o modelo inicialmente não mediacional
passasse a ser mediacional 1 e mediacional
2, trazendo à tona que a percepção
dos estímulos está fortemente ligada à
consequência dessa percepção.

PERSONALIDADE Foi um psicólogo bielorrusso, proponente

07:14 da psicologia histórico-cultural. Pensador
Jean Piaget importante em sua área e época, foi pioneiro
no conceito de que o desenvolvimento
intelectual das crianças ocorre em função
das interações sociais e condições de vida.
Influenciado, mas também divergente, pela
obra de Piaget, Vygotsky colocava uma forte
ênfase no processo social de construção do
indivíduo, na medida em que entendia que
os processos cognitivos se formam por uma
Jean William Fritz Piaget (1896 - 1980) foi interação com o ambiente.
um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço.
Defendeu uma abordagem interdisciplinar
para a investigação epistemológica, e fundou a
Epistemologia Genética, teoria do conhecimento
com base no estudo da gênese psicológica do
pensamento humano. Piaget é um autor muito
importante para a área da educação, sobretudo
aos processos de aprendizagem da criança e à
teoria da formação do intelecto, que lhe rendeu
o título de Doutor Honoris Causa por mais de 30

9
universidadades no mundo.
Características dos três tipos de
09:34
psicoterapias cognitivas

As abordagens de reestruturação cognitiva

entendiam que o ponto central dos
sofrimentos são sintomas do funcionamento
irracional do indivíduo. É nesse sentido que
incide o pensamento de David Ellis, com 11:47
Michael Mahoney propôs uma
sua correção de pensamentos disfuncionais.
pequena diferenciação entre
Essa correção, ou meta de mudança
as abordagens cognitivas que
cognitiva, é representada na aporia entre
trabalham efetivamente com a
as duas sentenças: “eu gostaria” versus “eu
ideia de lógica de pensamento,
deveria”. Logo, essas abordagens entendem
e as abordagens que vão
que a mente determina o humor, de forma
trabalhar com as emoções.
top-down, permitindo que os pacientes
sejam orientados a pensar mais racional e
adaptativamente.

Já nas terapias de coping skills training,

os pacientes são envolvidos de forma a
treinar um conjunto de habilidades frente a 16:27
Nesse modelo [de coping
situações problemáticas ou estressoras. O training skills], os pacientes
terceiro conjunto de terapias cognitivas é a necessariamente não são
de resolução de problemas, que emprega orientados a pensar de uma
uma série de técnicas comportamentais ou forma mais correta, mas
cognitivas para a modificação do humor simplesmente trabalhar com
do paciente. Quando as pessoas estão esses treinos de inoculação
deprimidas, é natural que dotem suas de estresse, técnicas de
habilidades de uma áurea negativa, assim assertividade.
como de um futuro sem perspectivas.
Em contraponto, pessoas não deprimidas
tendem a olhar a realidade e suas ações
de uma forma diferente, mais positiva.
Nesse sentido, Nabuco estabelece a relação
17:09
de interferência entre as emoções e os Mais importante do que
pensamentos. você mudar a cognição, é
você mudar o humor do
paciente. Porque, dependendo
do humor com que você
estiver trabalhando, a forma
como ela vai reagir vai ser
completamente distinta.
Não adianta você ficar 18:07
correndo atrás da mudança
cognitiva per se, só, porque,
se isso não tiver algum reflexo
na mudança de humor, você
vai continuar correndo atrás
do rabo. Isso não vai fazer
com que você, de fato, tenha
uma mudança que seja muito
significativa.

10
 O modelo de normatização da 19:40
saúde mental e do equilíbrio é
a sua capacidade de absorver
o meio da melhor forma
correta.
19:54
Eu tenho um pensamento, e
esse pensamento determina
as minhas emoções. As minhas
emoções são subordináveis,
são subordinadas àquilo que eu
tenho enquanto modelo lógico.
Objetivos do terapeuta 20:32

Um dos objetivos da terapia cognitiva

clássica é permitir ao paciente ler seus
próprios modelos em suas funcionalidades
e disfuncionalidades. Ao alterar o
pensamento, pode-se alterar também
21:05
o funcionamento emocional e emotivo O indivíduo desenvolve
do paciente. O terepauta também deve ao longo da vida um filtro,
descobrir as crenças irracionais que estão uma maneira específica de
no centro de problemas específicos, interpretar a realidade. Esse
questionando-as e trabalhando para que modelo interpretatório faz com
o paciente internalize as novas crenças de que o indivíduo desenvolva,
forma diferente. Algumas das modalidades então, lentes que são, muitas
do pensamento de tipo irracional podem vezes, lentes disfuncionais.
ser: pensamentos de tudo ou nada,
desqualificação do positivo, centralização
do negativo, perfeccionismo.

Nessa perspectiva, pensamentos e ações PALAVRA-CHAVE

são polaridades que se complementam, o
23:14
tempo inteiro, de uma forma dialética.
Segunda Guerra Mundial: Conflito
armado de grande proporção,
ocorrido entre 1939 3 1945, entre
os países do Eixo (Alemanha, Itália
e Japão) e dos Aliados (Inglaterra,
França, EUA, URSS). Após as duras
sanções do Tratado de Versalhes à
Alemanha após a Primeira Guerra
Mundial, o país tornou-se um foco de
vingança, estimulada pelo ódio racial
e pela ideia de pureza da raça ariana,
que resultou na criação de campos
de extermínio. Tanto o nazismo
alemão quanto o fascismo italiano
proponham a ideia de conquista
hegemônica do globo. Nesse
contexto, as potências somaram
esforços e, em 1945, derrotaram
os países do Eixo. Após o conflito,
foi criada a ONU, com o objetivo
de propor um órgão geopolítico
responsável pela unificação e pela
pacificação mundial.

11
 LEITURA INDICADA
27:12
Livro: Ampliando os Limites da
Terapia Cognitiva

28:12
A irracionalidade nasce como
a origem, a causa do modelo
de sofrimento.

Este livro de Safran interliga a terapia

cognitivo-behaviorista, experimental e
interpessoal, prestando especial atenção à
importância clínica do afeto. O autor busca EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
instrumentos para permitir, através do
relacionamento terapêutico, as percepções
incorretas e disfuncionais do paciente em
Assinale a alternativa correta
relação a si mesmo e sua eficácia. conforme o apresentado em aula:

Atualmente, tanto pela psicoterapia

quanto pela neurociência, é
consenso de que pensamentos
determinam as emoções.

A psicologia cognitiva freudiana

entende o humor como
traumaticamente processado pelo
inconsciente no decorrer da vida.

O que a gente sabe é que o 28:31

pensamento, sim, interfere na Atualmente, entende-se que as
emoção, mas ele não domina. mudanças cognitivas podem ser
beneficiadas por mudanças no
humor do paciente.

A irracionalidade acompanha os
indivíduos ao longo de toda sua
existência, na medida em que
o comportamento adquirido e
desenvolvido na infância permanece
inalterado.
Resposta desta página: alternativa 3.

12

VÍDEO
Entrevista com Aaron T Beck -
Terapia Comportamental Cog-
nitiva
Entrevista com Aaron Beck a
respeito da sua trajetória intelectual
e seu interesse pela terapia e pela
psiquiatria. Disponivel aqui.
Muitas vezes, eu posso me
curvar às coisas da vida, mas
eu não preciso me sentir
vítima da vida. A vida que
eu levo, a reação que eu
desenvolvo diz respeito muito
mais à minha interpretação
do que propriamente às
circunstâncias do meio
ambiente.
AULA 1 • PARTE 3
01:18
VÍDEO
06:02
Albert Ellis on REBT - Trailer -
Psychotherapy Video
Entrevista de Albert Ellis que aborda
suas influências intelectuais. Disponível
aqui.
07:57
08:15
Isto é um dos grandes
marcadores de mudança em
psicoterapia: a hora em que
o paciente começa a fazer
piada das suas dificuldades;
quando ele não se sente mais
tão controlado pelo meio, é
nesse momento, então, que
ele consegue muitas vezes
recuperar essa dignidade
pessoal para ir adiante.
13
Características e gerações da
08:46
psicoterapia cognitiva

A ideia de revolução biológica e os avanços

científicos sobre o cérebro em movimento
trouxeram novas formas de abordagem
para a psicoterapia cognitiva. Enquanto
os racionalistas propunham a modificação
dos padrões irracionais de pensamento, os 13:21
Eu acho que a gente pode
construtivistas buscam a expansão da reação ir um pouco além disso, e
emocional. entender que talvez, além
Já a segunda geração passou a entender que de mudar pensamentos e
as cognições, por si só, seriam insuficientes sentimentos, a gente possa
para explicar as mudanças comportamentais. começar a compreender
A partir de Albert Bandura, a segunda os aspectos emocionais da
geração entendeu que a grande alteração da experiência.
psicoterapia deveria olhar além das crenças
disfuncionais, propondo um maior enfoque
técnico em relação ao passado da área.
Não é apenas a mudança de pensamentos
que irá produzir uma melhora clinica, mas 14:24
Jeffrey Young tentou começar
sobretudo a forma como esses pensamentos
a entender e classificar o
e resistências são encarados pelo psiquismo
quanto não apenas o filtro
interrogado.
negativo podia criar as
A terceira onda desenvolveu um número psicopatologias, mas essas
expressivo e diverso de modelos, propondo histórias de negligência
uma maior ênfase para o papel das emoções. emocional pudessem ser
Não à toa, o mindfulness foi introduzido de classificadas.
forma a trazer a aceitação e a plenitude da
atenção para o momento presente.

Uma das terapias da terceira onda é a

teoria do esquema, que entende que o
VÍDEO
desenvolvimento de modelos de crenças 17:39
disfuncionais compõem e vão além de An interview with Jeffrey You-
padrões comportamentais momentâneos. Já
ng about Schema Therapy
a teoria comportamental dialética procura
formas de regulação emocional, assim como
o desenvolvimento de habilidades para
identificar padrões aprisionadores.

A terapia de aceitação e compromisso tenta

permitir ao paciente um entendimento de
suas reações emocionais. Ela compreende
as emoções em seus papéis informativos,
com a aceitação e o acolhimento experencial
da vivência emocional. Assim como as Entrevista com Jeffrey Young sobre a
demais terapias da terceira onda, a terapia Teoria do Esquema e suas influências.
de aceitação e compromisso parte de certa Disponível aqui.
tentativa de despatologização do paciente,
resgatando-o em suas dificuldades por meio
de um processo de compreensão.

14
Nabuco ressalta novamente a necessidade
de trabalhar as diferentes formas pelas quais VÍDEO
20:48
um mesmo acontecimento ou padrão nos
atinge em momentos de nossa vida, seja MARSHA LINEHAN - Going for
em aparições confusas ou semelhanças a Life Worth Living
sentimentais. Entre um passado que
se repete ou se reforça no futuro, é
possível um trabalho de compreensão,
aceitação e ruptura. Tanto histórica quanto
psicologicamente, a imaginação do futuro
está intrinsicamente ligada à recordação do
passado em sua aceitação, incorporação e
compreensão.

Vídeo da psicóloga Marsha Linehan a

Não adianta você, então,
tentar restringir o paciente
através dos velhos modelos,
mas, sim, que você consiga
desenvolver habilidades para
que esse paciente, mesmo
com os problemas, consiga ter
uma vida com um pouco mais
de qualidade.
respeito do programa de valorização
da vida e a terapia comportamental
dialética. Disponível aqui.
23:22
24:48
Na medida em que você inibe
essa resposta emocional,
ela tende a se modificar, se
transformando em outra,
fazendo com que o indivíduo
fique mais confuso.

Por detrás desses processos 25:35

mentais, dessas características
cognitivas, existe uma
potencialidade humana que
precisa ser desenvolvida.
É como se eles tentassem
despatologizar muito
daquelas classificações que as
abordagens de segunda onda
fizeram. 27:09
Quando você está vivendo uma
circunstância na sua vida, você
vai viver novamente coisas que
você já viveu no passado.

15
 Aquilo que eu já vivi num
determinado momento da
minha vida foi o melhor
padrão que o meu cérebro
desenvolveu de interpretação
num determinado momento
da minha vida.
29:44
VÍDEO
30:27
The Struggle Switch - By Dr.
Russ Harris
Vídeo de Russ Harris a respeito da
terapia de aceitação e compromisso
e as emoções envolvidas no processo.
Disponível aqui.
Resposta desta página: alternativa 4.
27:30
O que eu vou fazer? Eu vou
lutar com isso? Ter vergonha?
Não. Talvez eu fale. Talvez,
muitas vezes, eu tenha me
sentido inseguro, mas ok, isso
fez parte, isso me constituiu. E
tudo bem. Vamos em frente.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Assinale a alternativa correta
conforme o apresentado em aula:
A terapia de aceitação e
compromisso busca reprimir os
sentimentos momentaneamente.
A terceira onda teve uma
preocupação grande em patologizar
aquilo que a segunda onda havia
proposto.
A psicoterapia cognitiva foca,
principalmente, no passado do
paciente, não se preocupando com
as mudanças futuras.
A terapia de aceitação e
compromisso age no sentido de não
reprimir ou inibir as emoções, mas
de aceitá-las em sua integridade
potencial de compreensão e
mudança.
16
 AULA 1 • PARTE 4

Perguntas e debates 00:12

Esta parte da aula é dedicada a um diálogo

entre Cristiano e Tárcio, quando realizam
uma conversa sincera a respeito de medos
e expectativas. Dentro de um pensamento
cognitivo clássico, Tárcio fala que se sente
04:46
inseguro quando vai dar aula. Nabuco Talvez, se tu fosse beckniano,
investiga essa preocupação pessoalizada tu perguntaria: que evidências
em Tárcio, que fica receoso de parecer tu tem de que tu está
inadequado ou sem jeito. Tárcio fica à inadequado? Se tu tiver esse
vontade para falar que fica desconfortável pensamento, o que tu pode te
ao ter essa cena em sua cabeça, apesar de responder nessa hora?
considerar normal ter certa insegurança.

Já mudando de perspectiva, Nabuco faz

poucas perguntas, suficientes para ativar a
lógica de Tárcio, deixando-o desconfortável,
logo após pedindo que ele descreva o que
09:08
ele está sentindo. Nabuco pede para que Eu entendo que, na verdade,
Tárcio fale sobre o que essa tristeza diz talvez a gente esteja tentando
para seu interior, logo após não olhando lutar para dar um significado
nos olhos para não inibi-lo, para deixá-lo à para as coisas que a gente já
vontade. Nesse sentido, o segundo modelo é viveu.
muito mais rápido, criando conexões a todo
momento por meio de um fluxo de emoções
a todo momento chamadas à exterioridade.
Nabuco em seguida responde de forma
empática à dor de Tárcio, valorizando seus
10:13
esforços, impelindo Tárcio a cuidar de si Desculpa, mas eu preciso
mesmo, e não a repetir a falta de cuidado que tu tenha orgulho do teu
paterna passada. Nabuco faz questão de esforço, e não que você tenha
dizer que às vezes as coisas não dão certo, vergonha de ser criticado de
mas isso em nada fere a dignidade e a novo.
coragem de Tárcio.

Em seguida, é Tárcio quem pergunta

a Nabuco, que diz ter se sentido um
estranho durante sua juventude. Essa 10:34
sensação de estar travado acompanhou Eu preciso que você se trate
Nabuco em diversos momentos, inclusive do jeito que você esperava, um
profissionalmente, a ponto de afirmar que dia, ser tratado. Começa aí a
seu gaguejo ao falar inglês numa reunião da tua mudança.
importantíssima ONU representar a métrica
de sua incompetência. Tárcio dá a ideia de
Nabuco escrever uma lista de evidências de
suas competências para que se sinta mais
seguro em momentos de fraqueza.

17
Tárcio em seguida responde a um
questionamento sobre a terapia com
pacientes com TOC, que deve ser olhada
não apenas de questionários ou fichários,
mas também deve ser acompanhada de
técnicas emocionais. Tárcio ainda enfatiza
a necessidade da clínica levar em conta a
integridade e a diversidade das técnicas
e teorias, tanto comportamentais quanto
cognitivas, de acordo com cada paciente.
Logo, as intervenções devem seguir os
fluxos dos processos psicológicos, por meio
de uma aprendizagem tácita por parte do
clínico.
A gente tem evidências de
modelos separados para
transtornos separados. Na
vida real, as pessoas acabam
fazendo um certo ecleticismo
técnico, e pegando elementos
de diferentes modelos
para trabalhar demandas
diferentes.
Faça aquilo que você entende
que aquele momento requer.
17:15
Em função da minha
insegurança, eu sempre me
esforcei muito, e esse esforço
foi adaptativo, ele me trouxe
resultados positivos.
20:53
No TOC, assim como em
outras terapias que usam
algumas coisas do modelo
beckiano, a gente usa fichários,
questionários. Mas não existe
tratamento eficaz para o TOC
sem fazer exposição, sem fazer
22:30 técnicas emocionais também.
Tárcio Soares
25:13
Se a gente olhar pela
teoria, tem modelos mais
comportamentais ou mais
cognitivos. Na vida real da
clínica, a maioria dos clínicos,
em termos de técnicas,
acaba trabalhando um pouco
das duas coisas - olhando
de uma forma diferente,
conceitualizando diferente, mas
trabalhando as duas coisas.
26:25
18

A terapia cognitiva deixa um
legado muito importante, no
sentido de sempre nos ajudar
a desenvolver um pensamento
que seja bastante estruturado
e organizado.
Muito mais importante do que
o mundo, é a maneira como
você se relaciona com ele. [...]
Nós não podemos controlar
as coisas, mas nós podemos
controlar as nossas reações,
a nossa visão a respeito das
circunstâncias.
O próprio conceito de saúde
mental é plural. O que, para
um, seria indicado como uma
melhora, para o outro não
representa nada.
A única coisa de que eu posso
ter controle, na verdade, é a
respeito das minhas atitudes
e do meu pensamento. Do
restante, eu nunca terei
controle nenhum.
AULA 2 • PARTE 1
01:20
01:54 Bases metodológicas
A terapia cognitiva se origina,
filosoficamente, do estoicismo, com Sêneca
e Epiteto. A preocupação de Epiteto trazida
à tona é a forma pela qual incorporamos
o mundo em nossa interioridade,
entendendo que nós somos responsáveis
pelo modo como o mundo nos abate.
02:52
Logo, a percepção que o indivíduo faz
em relação ao estímulo que surge para
a sua corporeidade é importantíssima
para compreender seus fluxos internos,
sejam em relação às emoções ou aos
pensamentos. A própria noção de saúde
mental, em termos de transtornos ou
patologias, é um processo complexo, o que
representa a diversidade das formas de
apreensão e interpretação da realidade.
Elaborar o pensamento de forma adequada,
05:40 assim, é de certa forma controlar aquilo que
é importante, enxergar o mundo de forma
realizada em relação ao meio ambiente.
Cada indivíduo tem estímulos próprios
em relação aos acontecimentos do meio
ambiente. A partir de Michael Gazzaniga,
afirma-se que os pensamentos automáticos
mudam constantemente, estando na
maioria do tempo inconscientes. Por
06:32 meio de uma noção de superconsciência,
propõe-se que atualmente as estruturas
mentais se organizam de forma
complementar, constituindo, nesse fluxo,
nossa visão de mundo, adaptativa. Nesse
sentido, o foco do terapeuta cognitiva são
as respostas emocionais e os pensamentos
rápidos e avaliativos. Logo, a interpretação
pessoal nos compõe, de modo ao diálogo
interno ser um dos mais importantes
domínios para a expressão à exterioridade.
19
 A cada momento que eu 08:41
vivo, eu estou tendo um
pensamento diferente.

PERSONALIDADE
10:44
Friedrich Nietzsche

A gente não se dá conta, 12:25

mas o tempo todo o nosso
cérebro, de uma maneira
deliberada, está compactando,
para que eu possa utilizar,
Foi um filósofo, filólogo, crítico cultural,
entre esse fio condutor de
poeta e compositor prussiano do século
pensamento, informações que
sejam relevantes para o meu XIX. Escreveu diversos livros criticando a
dia a dia. religião, a filosofia e ciência, exercitando
como escritor o forte uso de metáforas,
ironias e aforismos curtos. Famoso pela sua
leitura da moral contemporânea, Nietzsche
declarou a morte de deus e a gratuidade
da existência, compreensão que alia-se
PALAVRA-CHAVE à sua crítica pela vontade de poder das
11:42 instituições católicas, que postergam a
existência a uma salvação ilusória do pós-
Teoria da Dissonância Cognitiva:
Criada por Leon Festinger em 1957, morte. Famosa pela sua crítica à decadência
a teoria se debruça basicamente humana, sua obra contempla títulos como
sobre a diferença entre aquilo que “Assim falou Zaratustra”, “A Genealogia da
uma pessoa diz e aquilo que ela faz. Moral”, “Humano, demasiado humano” e
Ela se debruça sobre a incoerência, “Ecce Homo”.
estimulada por um conflito interno,
sendo tanto racional quanto
emocional. Podendo ser utilizada
como mecanismo de defesa do ego,
a dissonância cognitiva lida com
a contradição entre convicções,
opiniões e comportamentos.
18:33
Nós vivemos a partir da nossa
interpretação pessoal. Tudo
que nós vivemos parte de um
processo de interpretação.

20
 Esses pequenos sinais
corporais indicam que a gente
está entrando num conteúdo
cognitivo, carregado de
emocionalidade.
ENTRETENIMENTO
Filme: Cinema Paradiso
Filme franco-italiano, lançado em 2988,
que conta a história de um cineasta bem-
sucedido, que confronta-se com seu passado
infantil e sua descoberta do cinema. A
comédia dramática narra a paixão do garoto
Toto em relação ao cinema, quando descobre
que seu grande amigo cinéfilo de infância
faleceu, o que dota o filme de uma grande
retrospectiva memorial e afetiva.
Essa emocionalidade que
muitas vezes é originada
diz respeito a esse padrão
vivencial dos padrões de
relacionamento, do que
simplesmente resultado de um
pensamento automático.
20:39
21:44 Pensamentos automáticos
Os pensamentos automáticos surgem de
maneira rápida, sendo breves, todavia
deixando as emoções como rastro. Assim,
poderia-se dizer que os pensamentos
automáticos constroem a vida biográfica dos
22:35
sujeitos em suas emoções, rupturas e fluxos
próprios. Sobretudo quando não temos
controle da situação, tendemos a assumir os
pensamentos automáticos como verdade.
Segundo Nabuco, os pensamentos
automáticos possuem forte relação com
nossas crenças. Pelo fato da terapia
cognitiva lidar com uma interpretação dos
estados mentais passados em determinadas
ocasiões, pensar sobre os mecanismos
acionadores de crenças pode ser benéfico
no sentido de olhar a si mesmo, de forma
retrospectiva, no passado, por meio de um
estado presente que se mostra atento. Não
se trata apenas, portanto, de refletir sobre
problemas, mas sobretudo sobre padrões,
visando a reescrita e a reestruturação dos
processos emocionais. É natural se sentir
perdido, pois isso não invalida nosso esforço
em sermos sinceros emocionalmente com
nós mesmos, relembra Nabuco.
25:30
LEITURAS INDICADAS
28:58
NABUCO, Cristiano. Descoberta
nova técnica de manejo de estresse.
UOL, São Paulo, 21 de abril de 2020.
21
 Se você tivesse que dar uma
dica para um amigo, para você
mesmo, o que você falaria
para você se você fosse seu
melhor amigo?
38:39
Quando você começa, então,
a mostrar para o teu paciente
que, no fundo, ele é um
processo acumulado de vida,
de experiências, ele passa a se
respeitar de uma forma muito
diferente.
Resposta desta página: alternativa 2.
29:02
A gente sempre tem
vulnerabilidades a certas
circunstâncias específicas.
Determinados modelos de
estruturação emocional estão
relevando, no fundo, as nossas
vulnerabilidades.
41:07
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Assinale a alternativa incorreta a
partir do apresentado em aula:
O respeito a si mesmo é muito
importante para o processo
psicoterapêutico
A psicoterapia deve se debruçar
sobre problemas específicos,
todavia, não sobre padrões e
processos.
A interpretação pessoal é parte
estruturante da nossa cognição.
A terapia cognitiva se debruça
sobre a forma como apreendemos
o mundo e os acontecimentos
em nossa individualidade, nossa
perspectiva, nossos pensamentos e
emoções. Ou seja: a forma pela qual
constitui-se a nossa história.
22
 AULA 2 • PARTE 2

Bases da psicoterapia cognitiva

00:25
clássica

Segundo Nabuco, uma das bases da

psicoterapia cognitiva é o entendimento
da irracionalidade como fonte das
psicopatologias. Segundo essa
interpretação, quanto mais endurecidos
02:27
os pensamentos, maiores as chances de O comportamento vicário está
desenvolvimento de distúrbios emocionais. baseado numa observação,
Nabuco compartilha sua experiência numa aprendizagem indireta.
como terapeuta e o maior foco dado
por ele às emoções dos pacientes. Ainda
ressalta-se a necessidade não apenas de
enfrentamento, com respeito, em relação às
desregulações emocionais do paciente, mas
06:07
também o vislumbramento de uma sintonia A hora que você começa a
compartilhada entre terapeuta e paciente. criar essa sintonia, você sabe
exatamente qual é o ponto em
A memória, essa representação acumulada,
que, normalmente, nos casos
sobreposta, está aberta a um olhar de fobia, estão envolvidos
direcionado, reflexivo, interpretativo, sob o desamparo, negligência
olhar de um entendimento retrospectivo, emocional.
dando novos contornos, novas palavras
aos acontecimentos. As memórias são
sempre reconstruções ativas do passado,
que devem ser validadas pelo terapeuta na
integridade e singularidade do paciente.
08:22
Nós carregamos, ao longo
da nossa história, memórias
prototípicas. Eu não tenho
acesso ao evento original.
Eu sempre vou ter uma
representação acumulada de
tudo o que eu vivi.
Visão das emoções 10:03

A partir de Michael S. Gazzaniga, ressalta-

se a importância das emoções como
estruturantes e participantes das funções
mentais superiores. Relegar as emoções
a funcionamentos inferiores é reforçar
seu aspecto irracional. Tradicionalmente,
emocionalidades intensas têm sido vistas
como desorganizadoras, socialmente
intoleráveis em suas manifestações.

23
Sobretudo a partir da terceira onda, propôs-
LEITURA INDICADA
se uma aceitação das emoções, dotando 10:13
as emoções de uma racionalidade própria, Livro: Neurociência Cognitiva
um funcionamento próprio no interior do
corpo. A emoção nos acompanha desde o
nascimento, aparecendo anteriormente à
lógica, agindo de forma adaptativa.

Enxergando as emoções como

componentes organizativos da existência, é
o paciente quem deve descobrir o caminho
para sua regulação e entendimento.
Particularmente para os construtivistas,
os terapeutas são desorganizadores
previamente orientados, sendo a
emocionalidade intensa importante para
a vivência terapêutica. Nabuco se mostra Publicado inicialmente em 1998,
enfático ao afirmar que emoções só são Neurociência Cognitiva trouxe um maior
transformadas, modificadas, entendidas, diálogo entre a psicologia cognitiva e a
neurologia comportamental. Por meio de
desconfortadas a partir, justamente, de
estudos clínicos, os autores buscam ser
emoções. interdisciplinares, utilizando exemplos de
neuroimagens em diálogo com a psicologia
cognitiva a fim de propôr uma análise
complexa da mente e da cognição humana.

O mindfulness é: preste 15:02

atenção, porque isso faz
parte da sua natureza. Não dá
para você descartar as suas
emoções. Muito pelo contrário.

16:48
Essa estrutura emocional já
está fundamentalmente ativa
por ocasião do seu nascimento.
E as suas estruturas cognitivas
superiores não, vão demorar.

A emocionalidade intensa 18:29

serve para te ajudar a
reorganizar-se.

19:31
Eu só mudo emoção com
emoção. Eu não mudo emoção
com razão. E é aí que está
o grande furo da terapia
cognitiva hoje.

24
 A emoção não é negativa.
As emoções são sempre
adaptativas. O que é negativo
é o que eu penso a respeito da
minha emoção. Eu tenho que
mudar, na verdade, a minha
21:28
leitura do que eu faço.
Esses pensamentos, e essa
estrutura cognitiva, na
verdade, estão conectadas
com experiências prévias,
com as quais, muitas vezes,
os indivíduos não têm mais
contato.
À medida em que você vai
crescendo, eu tenho que ter
respeito pelo que eu sou, pelo
que eu tenho vontade. Se eu
não for me tratar assim, como
eu posso atender isso para o
meu paciente?
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Assinale a alternativa incorreta a
respeito do conteúdo apresentado:
Tanto os aspectos cognitivos quanto
emocionais podem ser objeto de
transformação na terapia.
As emoções são, necessariamente,
condicionadas pelos pensamentos.
Resposta desta página: alternativa 2.
As crenças básicas começam na
infância, são profundas, e são
relacionadas às percepções de si e
do mundo.
Todas as alternativas estão corretas.
20:21
Perguntas
Uma curiosidade ativa pode significar
explorar situações semelhantes que possam
ativar certas memórias. Nabuco enfatiza
27:49 a forte conexão entre pensamentos e
crenças, pois esse diálogo está centralmente
pontuado na interpretação e na vivência
pessoais de cada indivíduo. A seguir, o
professor cita uma situação possível de
desenvolvimento de crenças.
Socialmente é disposta uma criação de
obediência, competitividade e necessidade
de constante vitória, de uma cotidiana
refutação do medo. Essas questões, como
35:21 crenças primárias, de certa forma passam
a ser complementadas após os 7 anos
de idade com crenças secundárias de
que o jovem precisa ser o melhor, sem
demonstrar suas emoções. Já depois dos
14, é estabelecido uma maior racionalização
de certos condicionamentos que, por vezes,
foram incorporados de forma acrítica na
juventude.
O professor ressalta a necessidade do
terapeuta em relação aos seus desejos e
vontades, pois, antes de respeitar a história
dos outros, ele deve saber, antes de tudo,
respeitar a si mesmo em suas afetividades.
Diante dos olhos do terapeuta haverá
sempre uma pessoa com uma biografia
individual, singular, simbolicamente disposta
no mundo e no tempo em suas rupturas,
continuidades e estruturas interiores.
25
 AULA 2 • PARTE 3

Crenças 00:25

Inicialmente apresenta-se um modelo para as

crenças: as crenças centrais são reforçadas
por crenças intermediárias, criando
sistemas de valores que são acionados
através de situações, o que desencadeia
pensamentos automáticos, desencadeando 11:26
Um problema é quando o
reações emocionais, comportamentais ou
seu pensamento não é mais
fisiológicas. Nesse sentido, crenças centrais
adaptativo com a sua emoção.
passam a ser incorporadas por atitudes
Você pensa coisas que não
pessoais, levando a suposições e regras, e,
explicam o que você sente, ou
posteriormente, pensamentos automáticos.
você sente coisas que o seu
A terapia, assim, pode propôr um redesenho pensamento não explica.
das crenças, um olhar respeitoso sobre as
automaticidades e regras interiormente
reproduzidas pelos sujeitos. Falecimentos
e renascimentos por vezes são sinais
de remanejamentos interiores, seja pelo
12:27
confronto com crenças com as quais o A nossa vida, na verdade,
paciente não mais se identifica, seja para embora sejamos um sistema
entender assimetrias entre pensamentos e fechado, em certos momentos,
emoções. essa barreira cognitiva é
furada, e isso vai provocar esse
rearranjo emocional.

Conceituação cognitiva 12:43

A ênfase inicial da terapia cognitiva são os

pensamentos automáticos, com o propósito
de realizar uma tentativa de aprofundamento
reflexivo, dialógico sobre as crenças e
suas raízes. Inicialmente superficiais, num
13:54
segundo momento passa-se a se buscar O terapeuta ensina o paciente a
um aprofundamento das crenças. Quanto identificar, avaliar, modificar os
mais básicas forem as crenças, maiores as pensamentos - a velha terapia
chances de ser realizada uma intervenção cognitivo-comportamental -
duradoura, que se prolongue. para produzir, então, um alívio
dos sintomas.
A relação entre tarefas, metas e vínculos
pode ser fundamental para uma aliança
terapêutica (WAI). Já um vínculo mal
estruturado ocasiona resultados não
sustentados a longo prazo.

26
Levando em conta o inventário da aliança
terapêutica, uma relação de confiança
e respeito entre terapeuta e paciente é
fundamental para o processo. Assim como 14:20
Quanto mais básicas, quanto
o paciente, o terapeuta também tem que
mais primitivas [as crenças
interpretar o tempo em sua própria marcha,
forem], maior é a chance de
de acordo com os diferentes estágios,
você ter uma intervenção que
atividades e processos da terapia.
seja duradoura, tornando,
então, a mudança das crenças
o foco de tratamento.

Todo esse processo, é muito 15:00

importante que ele descrito
para o paciente para que ele
ajude você nesse processo
de trabalho, de investigação
colaborativa.
16:54
Uma aliança positiva é
preditora de bons resultados.
O paciente sai da terapia
falando bem do terapeuta, e a
mudança é de longo prazo.
O paciente tem que ser ativo 18:22
nesse processo de mudança.
Ele tem que saber o que o
terapeuta está perseguindo
junto com ele. Essas metas
tem que estar muito bem
aclaradas.
25:33
Da mesma maneira que o
paciente traz esquemas de
relacionamento, o terapeuta
também.

Infelizmente, nós exibimos os 26:02

mesmos estilos relacionais no
começo da terapia, no meio
e no final. Isso não deveria
acontecer. A gente tem que
ser um camaleão terapêutico.

27
 AULA 2 • PARTE 4

Conceituação cognitiva 00:10

Nesta parte da aula, Nabuco traz aguns

pontos importantes para o procedimento
psicoterápico, como por exemplo
identificar o momento de trabalhar uma
meta específica, a auto-observação, quais PERSONALIDADE
08:20
serão os desafios. A relação terapeuta-
paciente envolve não apenas aspectos Clarice Lispector
emocionais, mas sobretudo corpóreos,
pois os dois estão de corpo presente,
ativamente construindo uma rede de
entendimento.

Nabuco ainda ressalta a necessidade de

respeito em relação ao paciente e ao
seu processo, de modo a interferências
externas poderem, sim, atrapalhar a
relação terapeuta-paciente. Ao mesmo
tempo, há certas situações-limite
que colocam ao terapeuta questões
existenciais e, sobretudo, morais.
Após a exposição de casos clínicos,
Nabuco apresenta perguntas básicas
que o terapeuta deve fazer a si mesmo,
como: como o paciente veio parar na
terapia? Quais são as vulnerabilidades e
os eventos de vida que são importantes
para ela? Quais foram seus mecanismos de
enfrentamento?
Foi uma escritora, tradutora e jornalista
brasileira, nascida na Ucrânia. Autora de
diversos romanes e contos, foi uma das mais
importantes escritoras brasileiras do século
XX. Conhecida pela caracterização íntima do
cotidiano e pela escrita em primeira pessoa,
sua literatura foi marcada pela reflexão em
torno da mulher, da casa, da transitoriedade
e pela fragilidade humana. Trazendo sua
experiência migratória para sua escrita,
Clarice publica seu último livro, A Hora da
Estrela, em 1977, mesmo ano de sua morte.

Compreender a história de vida do

paciente é fundamental para olhá-lo em
suas crenças e comportamentos. Processar 11:20
Como terapeutas, a gente está
emoções é auxiliar o paciente.
sempre no limbo das decisões
Auxiliar o paciente pode significar ajudá- difíceis, do que fazer, do que
lo a processar suas emoções, traçar não fazer.
estratégias com cuidado e atenção,
entender os significados dos pensamentos
automáticos. Uma terapia focada nas
emoções pode, por meio da técnica de
cadeiras vazias, estimula o confronto,
tirando o paciente do controle lógico,
fazendo com que ele se confronte com as
emoções primárias e secundárias.

28
Com efeito, o terapeuta vai pauladinamente
levantando hipóteses sobre as origens e as
formas pelas quais se desenvolveram certas
desordens psicológicas. Quais aprendizagens
e experiências antigas formaram a estrutura
dos seus problemas hoje? Nesse sentido,
Nabuco conclui a aula com ênfase na
humanidade como processo terapêutico, por
meio de um processo de aproximação.
Somos teorias personificadas
de vida. Nós somos cientistas
ativos das experiências que
deram certo ou não deram
certo na nossa vida.
A hora que você consegue
atingir essa emoção primária
e você dá o recado daquilo
que o seu cérebro primitivo
precisa, isso decai. Ou seja: eu
mudo uma emoção com outra
emoção.
Eu não preciso ficar falando
o tempo todo de coisas para
que eu possa produzir uma
mudança terapêutica que seja
legal.
Não existe uma regra clara.
Você vai fazendo o caminho
com cada um à medida em
que esse paciente revela quais
são as características. Muitos
não sabem conversar.
20:56
Aquilo que esse paciente
apresenta talvez seja a melhor
modalidade, a melhor versão
dele, mesmo o cara que seja
psicopata. É a maneira como
cada um está tentando viver
para se equilibrar dentro
dos recursos que foram
apresentados.
23:08
23:37
Mais importante do que você
ser empático, é você mostrar
para o seu paciente que você
está se esforçando para ser
empático.
33:41
34:54
A terapia focada na emoção
é considerada como uma das
mais fortes em termos de
eficácia e efetividade, em 80%
dos casos quase.
36:39
37:45
Nós, psicoterapeutas, somos
os verdadeiros guardiães
da ideia de que a vida vale
a pena. É isso o que a gente
tem que desenvolver para
esses pacientes, para que eles
entendam a ideia de que o dia
46:01
de amanhã pode ser melhor.
29
 AULA 3 • PARTE 1
Introdução
Inicialmente, Tárcio se apresenta. Com
uma boa carga tanto docente quanto
clínica, é especialista em terapia cognitivo-
comportamental. Apresentando seus
contatos, ele se mostra aberto à reflexão e
12:32
ao diálogo, o que concerne a profissão e as
preocupações de um professor. Coordenador
acadêmico do curso, Soares explica que o
TCC, como forma integrativa, é realizado
após o término da última disciplina do curso.
Essa ideia de mudar a emoção
com a emoção, eu posso dizer
que, com certeza, a maioria
dos modelos atuais trabalham
sobre a importância da
emoção na sessão.
Tem muitas coisas que a gente
não precisa, efetivamente,
da emoção para mudar um
comportamento ou alguma
conduta, para criar um
repertório.
Quando eu for falar sobre
risco de suicídio, eu vou falar
sobre pensamentos e crenças
de desesperança.
01:08
Comentários
Logo em seguida, o professor apresenta
alguns comentários breves sobre a aula de
Cristiano Nabuco. Com uma ampla história,
Nabuco é autenticamente entusiasta da
terapia focada na emoção. Na terapia do
esquema, para mudar um esquema de
abandono, por exemplo, eu preciso ativar a
emocionalidade associada a esse esquema.
Já na terapia de aceitação e compromisso,
13:56 é muito importante gerar contato e vivência
emocional durante a sessão, deixando a
terapia não apenas no plano racional.
Os conceitos do modelo Beck são utilizados
em diversos modelos, como por exemplo
pensamentos automáticos ou crenças, o
que demonstra sua importância para a
diversidade de intervenções e estratégias no
campo da terapia cognitivo-comportamental.
Soares ressalta que a emoção intensa não é
15:14 desorganizadora da mente, nem tampouco
representa sua desregulação emocional.
A regulação emocional, nesse sentido, é a
capacidade de ter domínio e manejamento
sobre suas emoções, não sendo totalmente
vítima delas, como quem é sequestrado
por si mesmo através de uma alta carga
emocional.
O professor também faz questão de ressaltar
importantes livros a respeito da TCC,
16:08 com indicações práticas, tanto livros mais
generalistas quanto manuais mais gerais.
Soares ainda traz a reflexão que concerne a
todo escritor, em seu ofício criativo, ao criar
personagens todavia reais em seu sofrimento
e sua situação própria, não criando uma
ilusão de que toda terapia funciona sempre
para todos.
30

Intensidade emocional não
é desregulação emocional.
Pessoas com transtorno
borderline têm desregulação
emocional, e isso não é
equivalente a uma alta
intensidade emocional.
Pessoas podem ter alta
intensidade emocional e
ter uma boa capacidade de
regulação.
LEITURA INDICADA
Livro: Terapia cognitivo-
comportamental: teoria e prática
Este livro de Judith Beck é uma das
maiores referências sobre terapia cognitivo-
comportamental, sendo fundamental para a
compreensão de conceitos básicos sobre o
assunto. Além de propôr questões técnicas,
o livro discorre a respeito da estruturação
de dessões e da relação terapêutica.
O livro também traz casos clínicos,
buscando integrar estratégias de diferentes
modalidades de TCC.
Muitas vezes, os pacientes têm fins trágicos,
o que demonstra a incompletude não apenas
de certas tentativas terapêuticas, mas
17:32 sobretudo a ideia de que a vida é constituída
por falhas e esforços, ruínas, celebrações,
mas também enterros simbólicos de corpos
infelizmente ausentes. Aprofundar-se nessas
questões é perceber a vida em sua própria e
singular marcha de decréscimos, apesar de
todos os esforços empenhados tanto pelos
terapeutas quanto pelos pacientes.
Os pacientes, muitas vezes, vêm com
ambivalências, e devem ser humanizados
em suas fragilidades. Soares afirma que,
atualmente, as TCC’s são divididas em
duas grandes bases epistemológicas:
comportamentais/contextuais e
cognitivistas. Dentro das primeiras, inserem-
21:08
se a terapia comportamental dialética, a
terapia de aceitação e compromisso, a FAP,
dentre outras; já nas terapias de ordem
cognitiva, inserem-se a terapia do esquema,
a terapia metacognitiva, etc.
Soares fala sobre as contribuições da
psicologia positiva para o campo da TCC,
no sentido da busca de sentido, valores e
propósito, não focando tanto no sofrimento
psíquico. A TCC, atualmente, funciona mais
por processos do que por protocolos.
Soares ainda aborda a importância da tríade
formativa entre supervisão, terapia pessoal
e estudo. Ainda, é preciso que o profissional
se mostre aberto a diferentes olhares, ter
um repertório rico e adaptativo, deslocando-
se sempre da posição de paciente para
terapeuta. Tentar assistir profissionais
atendendo traz diferentes perspectivas para
o processo terapêutico.
31
LEITURA INDICADA
23:38
Livro: Aprendendo a Terapia
Cognitivo-Comportamental: um
guia prático

29:20
Muitas vezes, o paciente real
não é o paciente do livro. O
paciente do livro responde de
uma outra forma. A coisa sai
mais redondinha, mais bonita
do que na vida real.

Este livro é um guia ilustrado que busca 31:03

Como chegar nesses
apresentar habilidades relacionadas à TCC,
combinando textos, figuras, checklists pacientes? Como abordar?
e tabelas. Já em sua segunda edição, o Como ajudar eles a se
livro traz técnicas para reduzir o risco de motivarem para fazer uma
suicídio, mindfulness, terapia de bem-estar, mudança? Mudar seu estágio
transtornos de personalidade, depressão
crônica, entre outros. É um livro básico sobre
de uma coisa de alguém
TCC, abordando uma variedade de assuntos, que nem acha que tem um
atendo-se a pontos específicos. problema, alguém que tem
uma ambivalência para um lado
mais de decisão: como ajudar
as pessoas a mudarem?
A parte da psicologia 35:27
positiva acrescenta uma
dimensão super importante
nos tratamentos cognitivo-
comportamentais que são LEITURA INDICADA
39:40
pouquíssimo tratados em
modelos como a terapia Livro: A clínica do apego
do Beck, a própria teoria
do esquema quase não
traz nada sobre isso, a DBT
historicamente, no início, não
trazia nada - hoje, já traz um
pouco mais.

Este livro parte da terapia das emoções para

entender a personalidade e o compostamento
humano. Sendo uma coletânea recente, rica
em especialistas, o livro é tanto teórico quanto
prático, trazendo intervenções clínicas. O livro,
assim, reúne importantes contribuições clínicas
a respeito da teoria do apego.

32
 Faz muita diferença um 41:06
terapeuta que faz supervisão,
faz terapia pessoal e estuda,
como uma tríade de formação.
A gente aprende muito sobre
ser terapeuta sendo paciente.

43:03
Eu aprendi muito sobre ser
terapeuta sendo paciente.

Para nós, terapeutas, também 44:29

é formativo ser paciente, e às
vezes experimentar diferentes
modelos.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Assinale a alternativa incorreta

conforme o apresentado em aula:

Assistir a sessões de terapia pode

ser um rico aprendizado de perce-
ber as diferentes formas e interven-
ções pelas quais a terapia cognitiva
se dá.

O terapeuta deve continuamente

deslocar-se simbolicamente para a
posição de paciente, motivo pelo
qual a terapia pessoal pode ter uma
imporante função técnica.

Dentro da base espistemológica

comportamental dialética, está a
terapia metacognitiva.

É necessário compreender os
pacientes dentro de sua perspectiva
real de falhas e possíveis melhoras,
esforços, vivências e crenças.
Resposta desta página: alternativa 3.

33
 AULA 3 • PARTE 2

Complementos históricos 00:11

Nesta parte da aula, Soares aborda o

desenvolvimento histórico da TCC. O
primeiro nome trazido é o de Albert Ellis,
pessoa paradoxalmente ríspida. Com pais
emocionalmente distantes, Ellis tornou-se 02:08
[Segundo Albert Ellis,] As
desde cedo responsável sobre a vida dos
pessoas ficam fazendo
seus irmãos, o que o tornou uma pessoa
exigências irracionais sobre o
tímida, porém racional. De acordo com
mundo, sobre si mesmas. Se
Ellis, ele superou sua timidez se expondo à
as pessoas se derem conta e
rejeição.
conseguirem abrir mão das
Desenvolveu um estilo terapêutico incisivo, suas exigências irracionais
mais racional, não prestando tanta atenção sobre si, sobre os outros, sobre
à relação terapeuta-paciente. Soares chama o mundo, isso repercute em
a atenção para toda a simbologia implícita alta saúde mental.
na relação terapêutica, o que pode ajudar
a compor os caminhos para um tratamento
mais eficaz. Cristiano Nabuco, por exemplo,
fez questão de ressaltar em sua aula diversas
falas afetivas e genuínas com seus pacientes.
04:58
Apesar dessas discordâncias, elas
A relação terapêutica tem um
não diminuem o papel de Ellis para o
efeito moderado na efetividade
da terapia. Isso significa
desenvolvimento da terapia cognitiva. Ellis
que um terapeuta pode ser
foi quem desenvolveu a Terapia Racional
eficaz mesmo não tendo uma
Emotiva Comportamental. Propôs 12 crenças
ótima relação: isso é possível.
irracionais básicas, de modo a APA, em
Mas é mais provável que ele
2003, ter reconhecido-o como o segundo
seja eficaz se ele tiver boas
psicoterapeuta mais influente de todos os
relações.
tempos.

O segundo nome trazido à tona é o de

Aaron Beck, que inicialmente tratou
pacientes depressivos através da psicanálise,
desencantando-se com a psicanálise, o que
lhe permitiu desenvolver importantes bases 06:09
O paciente paga o profissional
para a TCC. Pelo fato do forte diálogo com também para ouvir coisas que
a medicina, a TCC inicialmente foi baseada são difíceis, e que as outras
muito em protocolos, o que foi analisado pessoas não têm coragem de
de forma comparativa em relação ao uso falar.
de medicamentos. Beck, assim, foi um dos
responsáveis pela maior disseminação e
projeção disciplinar e social da TCC. Foi
referência em três tipos clínicos principais:
depressão, suicidio e esquizofrenia.

34
Beck realizou um estudo clínico de
acompanhamento de pessoas que tentaram
suicídio, e concluiu que a TCC foi um
potencial aliado na melhora da condição 09:27
Albert Ellis foi o cara que mais
desses pacientes. Soares ainda aborda a contribui para a técnica da
permeabilidade inconstante dos processos terapia cognitiva clássica, muito
de melhora, na maioria das vezes nunca mais do que o Beck. Mas o
lineares, mas constituídos de forma difusa e Beck foi o grande divulgador
esguiamente progressiva. da terapia cognitiva.
Também é necessário destacar que as
dinâmicas de TCC são diferentes em relação
à infância ou a processos grupais.

10:35
Até a sétima reimpressão do
DSM-2, a homossexualidade era
um transtorno mental.

Sim, a psicologia teve um 11:05

papel importante negativo na
manutenção e construção de
certos preconceitos.

24:41
Se tu quer saber se a pessoa
tem uma chance maior de
suicídio, veja se ela já tentou
no passado. Se ela já tentou
no passado, a chance é muito
ENTRETENIMENTO maior dela vir a repetir a sua
27:07 tentativa.
Filme: Uma Mente Brilhante

24:41
Não adianta fazer um
questionamento socrático
com uma criança de sete
anos, perguntar para ela, pedir
que ela faça um registro dos
pensamentos disfuncionais, ou
pedir para ela avaliar se ela não
fez uma abstração seletiva.
Filme lançado em 2001, do gênero drama
biográfico, dirigido por Ron Howard, sobre
a vida do matemático John Forbes Nash. O
filme é uma saudação à saúde mental e à
criatividade de um transtorno, demonstrando
as dificuldades de um pequeno gênio
nos seus processos mentais, reflexivos e
comportamentais sobre a matemática.

35
 AULA 3 • PARTE 3

Princípios das TCCs 00:25

Atualmente há uma enormidade de tipos

diferentes de TCCs. Historicamente, pode-
se afirmar que, num primeiro momento, o
comportamentalismo dominava a psicologia
estadunidense, até que, enfim, entre as 01:10
A psicologia cognitiva
décadas de 1970 e 1980, ocorre a Revolução experimental surge em paralelo
Cognitiva. A linguagem tornou-se um com a terapia cognitiva, e
campo de reflexão, e passou-se a entender eventualmente as duas vão
que a atividade cognitiva influenciava o trabalhar com o modelo de
comportamento. cognição humana, mas não são
a mesma coisa.
A atividade cognitiva é o processamento da
informação, foco atencional, e influencia o
comportamento emocional. Envolve atenção
seletiva, emoções, memória. A terapia
do esquema, por exemplo, lida com um 02:25
As psicoterapias
confrontar-se com a memória, atribuindo-
comportamentais bebem
lhe um novo sentido, por meio de uma rede
muito mais da fonte da
semântica que interliga emoção, pensamento
psicologia comportamental,
e processamento da informação. A emoção
do que as terapias cognitivo-
também é uma atividade cognitiva. O
comportamentais bebem da
pensamento acompanha a emoção e vice-
fonte da psicologia cognitiva
versa, de forma complementar.
experimental.
O pensamento racional e lógico é
processado pelo cérebro de forma mais
demorada, o que não significa que haja
uma avaliação prévia a partir da emoção.
Por óbvio, a atividade cognitiva relaciona- 04:47
Emoções são tipos de
se a componentes comportamentais, comportamento.
motivo pelo qual as TCCs entendem a
complementaridade entre essas duas
abordagens.

Disciplinarmente, a TCC teve a medicina

baseada em evidências como um dos seus
pilares. Por fim, Soares ainda aborda a
necessidade de respeitar o tempo do trauma
em relação à sua latência primária, sob o
risco de que elaborá-lo e compreendê-lo
em primeira mão pode significar a própria
intensificação da dor, do estresse, da
memória e do sofrimento.
07:39
Uma das coisas que se destaca
na terapia do esquema são
técnicas que a gente precisa
fazer para ressignificar a
memória.

36
A emoção vem um pouco
antes do pensamento. Mas
hoje, a gente já entende que,
na verdade, tudo faz parte de
um fenômeno em conjunto.
É difícil tu separar, porque,
se eu estou com medo, eu
também tenho uma avaliação
de perigo.
A despeito do que os
comportamentalistas
gostassem ou não, as pessoas
que trabalhavam com terapia
cognitiva começaram a usar
ferramentas que vieram dos
modelos comportamentais.
Começaram a usar a lógica de
condicionamento operante,
condicionamento reflexo,
exposição.
O estresse pós-traumático é
uma patologia de memória,
de uma superaprendizagem
de uma memória. Se tu
fizer uma revisão detalhada
no dia em que aconteceu,
tu está fazendo mais
superaprendizagem ainda.
Existem diferentes caminhos
bioquímicos para a
depressão. A terapia cognitiva
possivelmente atua em alguns,
e não em todos. Existem
vários outros fatores que a
gente não pode ignorar a
olhar para um paciente com
depressão.
08:30
12:03
Do ponto de vista das
neurociências, do ponto de
vista cerebral, a gente tem
muito mais redes que fazem a
emoção dominar o pensamento
do que o pensamento dominar
a emoção. O pensamento no
sentido da lógica racional, do
córtex frontal.
14:11
18:56
Alguém que se diz: eu sou
um terapeuta da psicoterapia
baseada em evidências,
raramente a pessoa pode se
identificar com um modelo
específico.
24:11
24:49 Multi e interdisciplinariedade
As TCCs são propícias para intervenções
multi ou interdisciplinariedade. O peso, por
exemplo, pode ser afetado por questões
cognitivas, mas deve ser interpretado
28:31 de forma integral, endócrina, nutricional,
social, física, etc. O terapeuta deve pensar
o paciente transcendido em si mesmo,
oferecendo olhares para as diferentes
dimensões e fenômenos que o compõe. Os
sujeitos serão sempre a soma de diversas
intenções, incorporações e acontecimentos
sobrepostos no seu jeito de ser e existir, em
seu interior ora catastrófico, ora positivo, o
que sugere um olhar para sua complexidade
tanto pessoal quanto ontológica.
37
 Eu cansei de mandar um 34:36
paciente, que veio para
terapia, para terapia de
família ou de casal. Isso é
muito comum, porque, às
vezes se a gente fica focado
só na parte cognitiva, nas
crenças, nos esquemas, no
condicionamento operante, 38:00
A psicoterapia clínica no Brasil,
às vezes a gente está muitas pessoas vêm buscar
perdendo questões familiares, por personalidade. Não por
fisiológicas. transtorno de personalidade,
mas porque ela quer se
conhecer, porque ela tem um
aspecto da personalidade que
não está 100%.

AULA 3 • PARTE 4

Mitos sobre as TCCs 00:25

A ideia da superficialidade das TCCs é,

no mínimo, desrespeitosa em relação à
profundidade emocional de certas memórias
mobilizadas pelo terapeuta. O mito de
que elas não buscam a raíz dos problemas
psicológicos é desconsiderar a apreensão de
03:35
problemas em sua marcha, seja pelas suas A gente sabe que alguém que
origens, seja pelos próprios processos em tem uma fobia provavelmente
sua continuidade psíquica, comportamental vai ter um sistema límbico, de
ou emocional. Não necessariamente deve amígdala, mais reativo para
existir uma obsessão pelas origens, pois em medos. Isso não significa que o
certos casos ela não é absoluta, assim como problema vai deslocar: significa
os problemas por vezes conseguem ser que ela tem uma região
melhor elaborados, apenas diminuídos, e não cerebral relacionada a medo
completamente superados. que é mais hiperativa.

Uma técnica muito mecanizada pode

produzir uma relação não afetiva, pouco
humanizada. Ademais, uma mudança
psicológica ou cognitiva vai muito além
da mera repetição de uma positividade
obrigada, que induz os sujeitos a negarem
seus sentimentos em benefício de certo
recalque positivamente maléfico.

38
Nem todos os problemas têm 06:57
uma raíz que está causando
aquele problemas. Às vezes,
o problema é simplesmente
o problema: eu não preciso
saber da raíz, eu resolvo ele,
e está tudo certo. Mas alguns
problemas não são dessa
natureza. 07:32
Estima-se que 16% das pessoas
terão depressão ao longo da
vida. Em algum momento. Uma
em cada sete.

Essa é a história natural da 08:36

doença depressão: a pessoa
tem grandes episódios de
depressão. Depois, ela fica um
bom tempo sem depressão.
Depois, ela entra num episódio
de depressão de novo. 10:12
Quando uma pessoa tem um
transtorno de ansiedade, e
ela faz uma terapia cognitiva
para ansiedade, se ela um dia
teve uma psicopatologia de
ansiedade, a vulnerabilidade
dela é muito maior para ter no
Fazer uma terapia tem um futuro. Se ela não for tratada, é
12:13
efeito protetivo. Para algumas muito maior do que se ela não
pessoas, dependendo da fizer terapia.
depressão, de quantas crises,
são pessoas que se beneficiam
de terapia contínua, muitas
vezes.
12:52
A TCC tem técnicas, mas ela é
focada na leitura do caso, na
conceitualização do caso. Uma
boa TCC é uma TCC que não é
muito mecânica, porque o ideal
de relação terapêutica é que
A gente mudar a atividade 16:04 ela seja calorosa e afetiva.
cognitiva de alguém é muito
mais complexo do que
pensamento positivo, do
que uma doutrina de pense
positivo. É feito através de
conversas profundas, de
técnicas emocionais, de
exposição, de treino de
repertório.

39
Princípios de Beck 17:51

Beck propôs uma abordagem diretiva,

estruturada, de prazo limitado, sendo
o empirismo colaborativo o ideal da
relação terapêutica. O paciente deve ter
um papel ativo, assim como o terapeuta 23:07
Se alguém chegar com uma
também passa por certa atividade, ideaçao suicida, não dá para ir
além do acolhimento. O profissional não atrás depois. A gente tem que
apenas prescreve, mas reflete junto com ter algum repertório básico.
seu paciente. Para Beck, deve haver uma A gente precisa saber avaliar,
psicoeducação ao longo do processo para aonde encaminhar, precisa
terapêutico. ter uma ideia de fatores de
risco.
Há de se ter interesse e atenção na pessoa,
por meio de empatia e autenticidade
de identificação. Nesse sentido, aborda-
se a empatia cognitiva, que é quando
você consegue entender o que o outro LEITURA INDICADA
está pensando e sentindo. Já a empatia 23:35
emocional, da experiência, é quando Livro: Crise suicida
você sente um pouco do que o outro está
sentindo. Um terceiro tipo de empatia é
quando você tem compaixão, entendimento
e reconhecimento pelo sofrimento do
outro. Os limites emocionais do terapeuta
não podem ser totalmente abertos e
permeáveis pelos sentimentos do paciente,
sob o risco de não propôr entendimentos.
Ao mesmo tempo, terapeutas são humanos,
e estão totalmente livres para sentir ou,
mesmo, chorar junto com o paciente.

Este livro trata da crise suicida, sendo

direcionado a profissionais de diversas áreas.
Prestando atenção especificamente àquilo
nomeado como crise suicida, Botega propõe
uma avaliação clínica por meio de casos
existentes, trabalhando a condição singular
de cada paciente. O autor ainda traz um
O ideal beckiano é que a 24:54 histórico desse fenômeno-problema, desde
relação seja pautada por compreensões filosóficas até questões legais
empatia, autenticidade e calor evolvendo essa prática, com o objetivo de
elucidar e prevenir seus riscos.
humano.

40
Sentir o que o outro sente 28:35
nem sempre é bom. Se um
paciente está desesperançoso,
deprimido, acha que nada vai
ajudar ele, e aí o terapeuta
fica desesperançoso, isso
é ruim. Isso é uma empatia
experencial. 31:40
Eventualmente pode rolar
uma empatia um pouco mais
experencial. A gente só tem
que cuidar para não ficar preso
na história, sentindo junto
muito intensamente.
A gente não vai ser o melhor 38:52
terapeuta para todos os
pacientes. A gente precisa
entender e aceitar isso. Isso
abre a possibilidade de a
gente ser autêntico e genuíno
em terapia.

41
 Resumo da disciplina
Veja, nesta página, um resumo dos principais conceitos vistos ao longo da disciplina.

AULA 1

A terapia de aceitação e compromisso

permite ao paciente reconhecer-se e
aceitar-se em seus fluxos emocionais.
O terapeuta deve saber fazer uso das
diferentes teorias para um melhor
tratamento de cada paciente.
As reações que temos em relação
à exterioridade ambiental dizem
respeito à forma como existimos
emocionalmente.

AULA 2

Cada sujeito possui a sua própria

interpretação pessoal da realidade
de acordo com suas experiências.

A confiança deve permear a relação

terapeuta-paciente.

Na terapia de emoções, o terapeuta

deve estar atento aos fluxos e
possíveis confrontos entre as
emoções primárias e secundárias.

AULA 3

A empatia experencial não pode

abalar o paciente em seu suporte de
apoio e acolhimento terapêutico.

Segundo Beck, a clínica é um

espaço de empatia, autenticidade
e calor humano.

A TCC apreende o problema em sua

própria temporalidade, não propondo
uma positividade imposta.

42
 Avaliação
ca-

-
Veja as instruções para realizar a avaliação da disciplina.

Já está disponível o teste online da disciplina. O prazo para realização

é de dois meses a partir da data de lançamento das aulas. ​

Lembre-se que cada disciplina possui uma avaliação online.

A nota mínima para aprovação é 6. ​

Fique tranquilo! Caso você perca o prazo do teste online, ficará aberto
o teste de recuperação, que pode ser realizado até o final do seu curso.
A única diferença é que a nota máxima atribuída na recuperação é 8. ​