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Pós-Graduação em

Terapia Cognitivo-Comportamental

RELAÇÃO
TERAPÊUTICA NAS
TCCS
Com Aline Kristensen e Carolina Saraiva de Macedo Lisboa

O ser humano, depois de dois mil anos


olhando para fora, cada vez mais, vai
voltar-se para dentro.

Draiton Gonzaga
Conheça
c o livro da disciplina
-
CONHEÇA SEUS PROFESSORES 3

Conheça os professores da disciplina.​

EMENTA DA DISCIPLINA 4

Veja a descrição da ementa da disciplina. ​

BIBLIOGRAFIA BÁSICA 5

Veja as referências principais de leitura da disciplina.​

O QUE COMPÕE O MAPA DA AULA? 6

Confira como funciona o mapa da aula.

MAPA DA AULA 7

Nesta página, você encontra links de artigos científicos, informativos e vídeos


sugeridos pelo professor PUCRS.

RESUMO DA DISCIPLINA 41

Relembre os principais conceitos da disciplina.​

AVALIAÇÃO 42

Veja as informações sobre o teste da disciplina.​

2
Conheça
c seus professores

-
ALINE KRISTENSEN
Professora Convidada

Aline Kristensen é psicóloga clínica, especialista e pesquisadora


em Relação Terapêutica. Além de professora, ela atua na Clínica
Mind, em Porto Alegre, onde aplica a Psicoterapia Clínica
em Terapia Cognitivo-Comportamental. Criadora da página
@relacaoterapeuticabrasil no Instagram, uma plataforma
informativa de teoria, prática e pesquisa sobre relação
terapêutica aliada à Terapia do Esquema, Aline Kristensen ganhou
notoriedade na área tornando o tema acessível para o grande
público. Autora de diversos artigos científicos publicados em
periódicos nacionais e internacionais, Aline também transmite
seus conhecimentos em cursos de especialização em Terapia
Cognitivo-Comportamental em diversas regiões do Brasil.

CAROLINA SARAIVA LISBOA


Professora PUCRS

Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica


(1998), Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (2000) possui Doutorado também pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul com estágio no
exterior na Universidade do Minho em Portugal (2005). É bolsista
Produtividade Nível 1D/CNPq e atualmente, é Professora do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia e da Faculdade de
Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul. É Editora Associada da Revista PSICO - PUCRS e da Revista
Psykhe de Santiago. Coordena o Grupo de Pesquisa: Relações
Interpessoais e Violência - Contextos Clínicos, Sociais, Educativos
e Virtuais e a Especialização em Psicoterapia Cognitivo-
Comportamental da PUCRS, É Terapeuta Certificada pela
Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, tendo experiência na
área de Psicologia Clínica, abordagem cognitivo-comportamental,
Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia Escolar e Educacional.
Pesquisa os processos de bullying e cyberbullying, assim como
desenvolvimento social e sócio-cognições em contextos virtuais.

3
Ementa da Disciplina

Ementa da Disciplina: Estudo dos princípios norteados da relação


terapêutica nas TCCs. Definição dos limites da relação terapêutica. Uso da
relação terapêutica como mecanismo de mudança.

4
Bibliografia básica
a

-
As publicações destacadas têm acesso gratuito pela Biblioteca da PUCRS.

ANDRETTA, I.; OLIVEIRA, M. S. Manual prático de terapia cognitivo-comportamental.


São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.

BECK, A. T. Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Porto Alegre:


Artmed, 2017.

BECK, J. Terapia Cognitivo-Comportamental. Porto Alegre: Grupo A, 2017.

KNAPP, P. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre:


Artmed: 2007.

LEAHY, R. L. Terapia do Esquema Emocional: manual para o terapeuta. Porto Alegre:


Artmed, 2017.

RANGE, B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria.


Porto Alegre: Artmed, 2011.

SERRA, A. M.; SALKOVSKIS, P. M. Fronteiras de Terapia Cognitiva. São Paulo: Casa do


Psicólogo, 2005.

YOUNG, J. E.; KLOSKO, J. S.; WEISHAAR, M. E. Terapia do Esquema: guia de técnicas


cognitivo-comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Grupo A, 2008.

5
o o
O que compõe

s
Mapa da Aula?
FUNDAMENTOS
Conteúdos essenciais sem os quais você
pode ter dificuldade em compreender a
matéria. Especialmente importante para
alunos de outras áreas, ou que precisam
relembrar assuntos e conceitos. Se você EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
estiver por dentro dos conceitos básicos
dessa disciplina, pode tranquilamente Questões objetivas que buscam
pular os fundamentos. ​ reforçar pontos centrais da disciplina,
aproximando você do conteúdo de
forma prática e exercitando a reflexão
sobre os temas discutidos.​
CURIOSIDADES
Curiosidades, fatos e peculiaridades
que ampliam o seu conhecimento e
conectam a assuntos do cotidiano e PALAVRAS-CHAVE
vida profissional.
Significado de termos técnicos ou
palavras específicas do campo da
disciplina.​
DESTAQUES
Frases dos professores, que resumem
sua visão sobre um assunto ou situação.​
VÍDEOS
Assista novamente aos conteúdos
expostos pelos professores em vídeo.
Aqui você também poderá encontrar
ENTRETENIMENTO vídeos mencionados em sala de aula.
Lembre-se que a diversificação de
Inserções de conteúdos da equipe de estímulos sensoriais na hora do estudo
design educacional para tornar a sua otimiza seu aprendizado.​
experiência mais agradável e significar
o conhecimento da aula.​
CASE​
Neste item você relembra o case
analisado em aula pelo professor.​
LEITURAS INDICADAS
A jornada de aprendizagem não
termina ao fim de uma disciplina. Ela
segue até onde a sua curiosidade
alcança. Aqui você encontra uma lista MOMENTO DINÂMICA
de indicações de leitura. São artigos
e textos já publicados sobre temas Aqui você encontra a descrição
abordados em aula, que poderão ser detalhada da dinâmica realizada
indicações dos professores ou da pelo professor em sala de aula com
equipe de conteúdo da PUCRS Online.​ os alunos.​

6
Mapa da Aula
Os tempos marcam os principais momentos das videoaulas.

AULA 1 • PARTE 1

Motivação 02:12

A professora inicia a aula trazendo


reflexões acerca do que motivou o aluno
a escolher esta atividade profissional: o 06:10 A gente pode ter claro a
que te caracteriza como pessoa? Você é
nossa motivação para sermos
inseguro, objetivo, afetuoso? Ela pede que clínicos, nos ajuda a identificar,
todos anotem as respostas para serem posteriormente, a nossa
usadas adiante. motivação para aquele indivíduo
O que faz alguém buscar a psicoterapia? que está buscando por um
Por que agora? Essas questões ajudam a profissional.
elaborar a relação terapêutica, juntamente
com o entendimento de quais demandas o
profissional se motiva a aceitar. Antes do
primeiro contato é importante que ambas 09:16 Uma relação terapêutica
as motivações sejam claras para que a
tem por propósito gerar um
relação seja compatibilizada e, assim,
ambiente acolhedor, satisfatório.
iniciar o atendimento com a satisfação
Poder se sentir em casa é
profissional do clínico e do paciente,
poder manifestar o nosso eu
resultando em uma boa experiência. Um
mais autêntico, mais genuíno,
novo ponto de vista se constrói: como é
enquanto pacientes.
estar um com o outro?

Pesquisa empírica 10:00

Aline Kristensen relata que durante anos


construiu uma pesquisa empírica sobre o
que faz as pessoas gostarem de terapia
e a sua surpresa foi que a resposta mais
frequente não foi se sentirem ajudadas, 11:09 Você já fez essa pergunta? Pros
mas sim, sentirem-se especiais. Ela traz seus conhecidos, seus pacientes,
a reflexão acerca do terapeuta ser um seus amigos, para você mesmo:
profissional diferente para cada paciente, o que te faz gostar de fazer
já que a experiência relacional muda. terapia?
Muitos dos motivos para a busca da
psicoterapia são produtos de relações
ruins, tóxicas, traumáticas, então fica claro
que o aprendizado de relações auxilia em
todas as formas de convivência.

7
A pessoa que o terapeuta é tem um
impacto oito vezes maior no processo de 13:32 Saber construir uma relação
uma psicoterapia do que as técnicas e terapêutica de qualidade para
abordagens usadas. o meu paciente e para mim,
O estudo das relações terapêuticas sobremaneira, é importante não
nos auxilia a desenvolver melhores apenas para a boa aplicação e
competências e habilidades para eficácia das técnicas, mas pela
ajudarmos os pacientes, lidarmos com os experiência em si.
dilemas e obtermos sucesso. A aliança
entre o profissional e o paciente é o
principal preditor dos resultados. FUNDAMENTO I
13:54
Variáveis objetivas e subjetivas da
relação terapêutica
A primeira onda da terapia
comportamental incorporou uma revolta
São as relações que nos adoecem, 19:07
contra o subjetivismo e a ineficácia da
portanto, também é em relação
psicoterapia. A segunda onda, com sua
que a gente se cura.
valorização do ser humano racional, era
uma tentativa de complementar o modelo
da terapia comportamental clássica,
ressentida como muito mecanicista,
Relações na psicoterapia 21:04
porém preservando os ganhos da atitude
O conceito geral diz que as relações objetiva e o foco técnico da primeira
são consideradas terapêuticas quando geração. A terapia comportamental da
possuem efeitos curativos sobre uma terceira geração, geralmente referida
pessoa, a ajudando a transpor e superar como Análise Clínica do Comportamento,
aquilo que a fere, podendo então vir tenta resgatar a subjetividade do cliente
através de uma amizade, uma consulta e do terapeuta no contexto da relação
médica etc. interpessoal que constitui o processo
psicoterapêutico. Os comportamentos
Dentro do ambiente de psicoterapia, a ocorridos durante a sessão são
relação terapêutica é a forma como se classificados a fim de apontar classes
estabelece a mutualidade de sentimentos funcionais constituídas dos problemas
e atitudes no duo paciente e terapeuta. do cliente para facilitar a identificação de
Em todas as modalidades de psicoterapia comportamentos clinicamente relevantes.
é inerente termos relações com outras
pessoas. Mesmo que em contextos Variáveis inespecíficas (contexto
diferentes, é importante estar atento interpessoal comum a diferentes
para poder oferecer um serviço de boa abordagens terapêuticas) interagem com
qualidade. O impacto da intervenção as variáveis específicas (técnicas), levando
é determinado pelo significado que o ao êxito da terapia. A relação terapêutica
paciente atribui para a intervenção e para pode providenciar um contexto que torna
essa relação. Portanto, um paciente que eficazes as intervenções específicas, por
confia no profissional recebe a intervenção revesti-las de credibilidade ou por evocar
com muito mais abertura. atitudes colaborativas ou pró-terapêuticas
no cliente. Essa ideia é coerente com a
Aliança terapêutica é o tema mais visão comportamental que acredita que os
recorrente nas pesquisas científicas, que problemas psicológicos não são causados
identificaram que abordagens diferentes por fatores subjacentes, mas que são
têm resultados similares, o diferencial é respostas adquiridas por meio da inserção
a maneira como o profissional conduz as do indivíduo no seu contexto.
técnicas, tendo qualidade na relação com
o seu paciente. Para ler o artigo completo clique aqui.

8
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
24:11
O resultado da psicoterapia é
realizado por qual soma?

Técnicas e abordagens corretas para


o perfil do paciente. 25:15 Não adianta a gente se
instrumentalizar com técnicas,
Comunicação e compreensão. se não criamos um ambiente
relacional para que a intervenção
Relação terapêutica e intervenção possa ter o resultado que
técnica. desejamos.

Disposição do paciente e habilidade


do terapeuta. 26:48 Conceitos da RT

Alguns autores afirmam que a relação


terapêutica se compõe de três
fenômenos:

CURIOSIDADE Aliança terapêutica: a parte consciente


28:12 da relação, o contrato estabelecido entre
paciente e terapeuta.
Transferência
O terapeuta deve procurar sinais Transferência: conflitos inconscientes
indicadores de uma “cognição que o paciente possui.
transferencial”, uma vez que essas reações
ajudam a imergir no mundo privado Relação real: aspectos realísticos da
do paciente. Trazidas à tona, fornecem relação, sabendo identificar os limites e
informações para o entendimento dos características que o paciente traz para
significados e crenças existentes por uma terapia.
trás das reações peculiares do paciente.
Porém, caso não sejam exploradas, as
interpretações distorcidas persistirão, PALAVRAS-CHAVE
podendo interferir na colaboração. 30:17
O profissional deve se empenhar no
trabalho em conjunto com o paciente Transferência na psicanálise:
em busca da solução da problemática Ocorre quando se projeta em
proposta e não cair na tentativa de pessoas do convívio presente,
reformar o paciente. figuras importantes do passado.
Esse processo acontece de maneira
inconsciente e simbólica, sendo de
grande relevância para o processo
PALAVRAS-CHAVE de cura. Essa conduta é marcante na
30:31 relação entre terapeuta e paciente,
sendo até mesmo estimulada como
Setting: Em tradução, significa ferramenta estratégica para a
contexto, mas para a psicologia é o elaboração da melhor abordagem
Resposta desta página: alternativa 3.

espaço no qual a relação terapêutica na resolução de eventualidades


acontece. psicológicas. No entanto, é um
aspecto que perpassa os mais
diversos nichos de relacionamentos
que se estabelece entre as pessoas.
Por exemplo, quando projetamos
em alguém expectativas irreais
que gostaríamos que essa pessoa
assumisse, ocorre invariavelmente
uma autossabotagem em nossa
maneira de ver as coisas como
realmente são.

9
Casos 31:40

São apresentados dois casos para


exemplificação. O primeiro, no qual os
pais queriam levar o filho a terapia, mas
a criança tinha resistência até chegar
34:21 Quando os pacientes têm um
ao consultório. Já na primeira consulta,
a terapeuta conseguiu criar um assunto interesse genuíno por saberem
em comum e o menino se mostrou muito algo sobre a nossa vida, a gente
interessado em voltar nas próximas pode fazer autorrevelação e
sessões. O vínculo criado fortaleceu a trabalhar com esses aspectos,
aliança terapêutica e se instrumentalizou desde que observado o
na relação real. propósito terapêutico disso para
o paciente.
O segundo caso traz um paciente que
estava em um quadro muito grave de
Transtorno Borderline e a terapeuta sair de
férias, ficou com pensamentos suicidas e 37:35 Fenômenos e variáveis
para evitar que a profissional ficasse triste,
fez uma ligação desistindo do tratamento É necessário ter atenção para qual
para que não ficasse no histórico um fenômeno está acontecendo na relação
paciente que cometeu suicídio. Esse a fim de ter instrumentos de intervenção
exemplo nos mostra uma transferência mais precisos. Eles acontecem em
como pedido de ajuda motivado pelo forte praticamente todas as sessões, dentro
vínculo terapêutico. de algumas variáveis específicas
e inespecíficas. As demandas se
constituem da aliança terapêutica em
CURIOSIDADE conjunto com a transferência e alteram
38:28 a sua frequência conforme o avanço da
Jeremy D. Safran terapia e os acontecimentos na vida do
paciente. O valor do afeto também é
considerado uma variável estimável para
os resultados e a construção de uma
terapia de sucesso.

Desenvolveu o modelo Relational


Psychotherapy que expõe num dos seus
principais livros, em co-autoria com
J. Christopher Muran, Negotiating the
therapeutic alliance: A relational treatment
guide. Seus estudos dão um enfoque
especial ao reconhecimento e reparação
de rupturas na aliança terapêutica e ao
potencial de devolver e explicitar sobre
o funcionamento do paciente e a relação
terapêutica.

10
AULA 1 • PARTE 2

Afeto na RT 00:12

O afeto é o produto do vínculo que


envolve o desenvolvimento de uma PALAVRAS-CHAVE
relação, isso implica no reconhecimento 00:35
respeitoso do outro, paciência com
a velocidade do processo e um Michael J. Mahoney: É o maior
nome da Terapia Construtivista,
comprometimento com a confiança e
escreveu livros como Human Change
a honestidade. Quanto mais a gente Process: The Scientific Foundations
conhece, está atento e comprometido com Of Psychotherapy e Constructive
o outro, tendo sensibilidade e respeito, Psychotherapy: A Practical Guide.
mais intenso e verdadeiro será o afeto. Atravessou vários paradigmas
Esse olhar remete à pesquisa empírica terapêuticos comportamentais,
cognitivistas e construtivistas em
mencionada anteriormente, em que as
seus anos de reflexão científica
pessoas diziam gostar de terapia porque e clínica. Foi o autor pioneiro na
sentem que seus terapeutas se importam. mudança pessoal descontínua e
construída e um importante precursor
Para a construção desse vínculo com o
do movimento cognitivista.
paciente, é necessário que o terapeuta
tenha tido ao longo de sua vida relação
afetivas genuínas, de respeito e confiança
para que saiba como reproduzir em
01:43 Crianças crescem melhores sob
sua profissão. Os aspectos relevantes
durante as sessões são: atenção, empatia, o olhar afetivo dos seus pais,
conexão emocional, expressões do sentir, portanto, pacientes também se
validações, elogios, reconhecimentos, desenvolvem melhor quando
demonstração de interesse espontâneo, eles têm esse tipo de afeto dos
curiosidade e importância além do terapeutas.
profissional.

PALAVRAS-CHAVE
02:51

Canal no Instagram: Como


mencionado pela professora, na
conta, @relacaoterapeuticabrasil,
com outra profissional da área,
abordam-se textos, reflexões e vídeos
Quando a gente teve relações que 04:12 sobre o assunto.
nos vinculamos de uma forma
afetiva (...) temos maiores chances
de poder reproduzir isso de uma
forma igualmente genuína com os
nossos pacientes.
08:18 Busca em ti o que existe de
verdadeiro e genuíno para poder
validar e ser reconhecido pelo
paciente.

11
PALAVRAS-CHAVE
08:57

Flow: É um estado de imersão, foco


e aproveitamento total do que está
fazendo no momento. Conceito
09:14 Consulta presencial e online
desenvolvido pelo psicólogo
húngaro Mihaly Csikszentmihalyi
Em função da necessidade do isolamento
que identificou esse estado no qual
as pessoas esquecem do tempo, social, surgiu o incremento de consultas
da fome, da fadiga física e mental, online, autorizadas pelo Conselho
do ambiente e até dos ruídos a seu Nacional de Psicologia, modificando um
redor. Seus benefícios são a seleção pouco a relação terapêutica.
de informações que merecem foco, o
maior poder de decisão e um aumento Aline Kristensen traz alguns casos para
na cognição e na produtividade. exemplificar a modalidade online. O
primeiro nos mostra o rompimento de
barreiras geográficas da psicoterapia,
em que muitas pessoas não precisaram
trocar de terapeuta ao se mudarem para
Essa transferência de ambiente real 20:08
outro estado ou país. Com pacientes que
para o ambiente virtual foi uma
iniciaram já nessa modalidade, alguns
provação da qualidade e da força
fenômenos da relação real ficam ocultos,
do nosso vínculo [entre terapeuta e
paciente]. como a percepção física um do outro.
Com isso surgiram os modelos híbridos,
mesclando as formas de encontro para
que seja confortável.

A gente sabe a força de uma 20:38 A terapia online já possui verificação


relação quando ela passa por de eficácia, apesar da mudança na
alguma adversidade. expressão de afeto, já que ela perpassa
o tom de voz e o olhar; as técnicas
precisam ser adaptadas para o modelo.
Os benefícios são a expansão de
Limites na RT 22:28 possibilidades de pacientes e horários,
resultando na facilidade de indicações.
Tanto nas relações presenciais quanto Com isso, percebemos que o setting
nas virtuais é preciso ter clareza dos relacional não pertence ao ambiente
limites da relação terapêutica porque físico e, sim, a entrega e confiança que
mesmo esse envolvimento sendo muito se constrói entre paciente e terapeuta.
forte, não se pode ultrapassar a ética A transição da consulta presencial para
e a profissionalidade, a fim de não online só depende da qualidade da
comprometer a qualidade do serviço. relação existente.
Respeitar o contrato durante as sessões,
mesmo que haja algumas flexibilidades,
usando o bom senso ao conversar com o
CURIOSIDADE
24:17
paciente para novas combinações.
Terapeuta nas redes sociais
O uso das redes sociais vem sendo
reportado como uma prática que atravessa
o campo profissional, muitas vezes
ocasionando prejuízos para seus usuários
nesta esfera de suas vidas. É preferível que
haja uma comunicação prévia para que
ambos se sintam confortáveis em ter essa
relação virtual.

12
Quando começa a RT? 26:03 Pesquisadores da Universidade Sigmund
Freud, na Áustria, publicaram um estudo
Inicia a partir de uma demanda, no qual perguntaram a terapeutas,
consciente ou inconsciente, pela busca psicólogos e psiquiatras se buscavam
de uma terapia. Quando a pessoa sai informações sobre seus pacientes online.
da transferência e procura de fato um Quase 40% disseram que haviam feito
profissional, nós reconhecemos como pesquisas do tipo, mas o restante negou e,
encaminhamento, o que não significa que neste grupo, muitos questionaram se seria
haverá engajamento com o terapeuta apropriado fazê-lo. Alguns expressaram
de fato começar o tratamento. Se o desconfiança quanto à credibilidade
atendimento de expectativas acontecer, básica da fonte, mas a maioria enxergou
avança-se mais um passo efetivando a a possibilidade como violação grave
marcação de consulta. da relação de confiança entre paciente
e terapeuta. Há quem defenda que a
Uma dica é ao receber um contato online,
internet é apenas mais um recurso para
perguntar para o cliente em potencial se
se estudar um quadro pessoal. Do outro
pode retornar com uma ligação para que
lado, argumentam que tudo que não vier
haja uma antecipação de entendimentos:
diretamente da relação terapeuta-paciente
é um paciente que eu quero atender?
não é muito útil e que respeitar os limites
Qual será a demanda inicial? Há alguma
de um paciente está acima de tudo.
resistência em atendê-lo?

Passando essa etapa, marca-se uma


entrevista para avaliação da demanda
FUNDAMENTO II
e da transferência; começa-se com a 32:46
construção da aliança terapêutica, dos Transferência e a
aspectos reais; se há identificação com o contratransferência
paciente, se ambos se sentem à vontade.
São uma forma de projeção típica da
Ao final desse primeiro contato, chega-
relação terapêutica entre paciente e
se a um primeiro veredito: perguntar ao
terapeuta e pode-se caracterizar de
paciente como foi para ele estar ali, se ele
forma positiva, com sentimento de afeto
gostou, a fim de construir uma relação
e admiração, ou negativa, dependendo
verdadeira com validação.
dos laços inconscientes e emocionais que
O final desse processo vai nos dar emergem nesta relação.
um resumo do início de uma relação
A Transferência é um método para avaliar
terapêutica a ser construída. Em casos de
os esquemas e padrões associados ao
incompatibilidade, é ético encaminhar o
comportamento, pode-se usar este
paciente para outro profissional.
conhecimento para melhorar a relação
terapêutica e modificar alguns padrões.
Já, a Contratransferência é quando o
terapeuta consegue transferir suas ações.
Quando a gente adéqua 34:18
Uma boa maneira de identificar o processo
expectativas do paciente e do
é reconhecer emoções, sensações físicas
terapeuta, temos um processo
ou respostas comportamentais que
terapêutico que vai se estabelecer.
possam ser estimuladas de acordo com
sua cognição.

13
AULA 1 • PARTE 3

00:29 TCC e Terapia do Esquema

O enfoque e abordagem da relação


CURIOSIDADE terapêutica é diferente na Terapia
00:37 Cognitivo-Comportamental da Terapia do
Jeffrey Young Esquema.

Para a TCC, criada por Aaron Beck, a


relação se fundamenta no empirismo
colaborativo, na qual paciente e
terapeuta trabalham de forma ativa na
identificação e resolução dos problemas.
A transferência e contratransferência
é conceituada como um conjunto de
pensamentos automáticos e sentimentos
que os pacientes e terapeutas tem
Psicólogo estadunidense conhecido pela em relação um com o outro e se
criação da Terapia focada nos esquemas, fundamentam em uma base lógica e
a partir das demandas que enfrentava ilógica, que de devem ser corrigidas.
diariamente em sua clínica. Muito eficaz
em casos de transtornos psicológicos A Terapia de Esquema acredita que
crônicos que não respondem a outras a relação terapêutica é vital para a
terapias, a abordagem integra as teorias avaliação e mudanças dos pacientes,
do apego, as correntes da Gestalt, o fundamentando-se no confronto
construtivismo, alguns elementos da empático e na reparação parental.
psicanálise e também as próprias bases Os terapeutas buscam a maior
cognitivo-comportamentais. Segundo naturalidade e deixam transparecer
Young, desenvolvemos estruturas estáveis a sua personalidade, revelam seus
de pensamento e comportamento sentimentos, pedem feedback sempre
desadaptativo que se cristalizam muito que sentem necessidade e possuem
cedo na vida e que estão associadas muita compaixão. O maior objetivo
a psicopatologias. Para superar isso, é dessa terapia é fazer uma reparação dos
preciso mudar esses comportamentos e núcleos esquemáticos.
esquemas passados.
VÍDEO
01:12
TCC

VÍDEO
02:17
Terapia do Esquema

A professora fala sobre a relação


terapêutica na Terapia Cognitiva.

Aline Kristensen explica a relação


terapêutica na Terapia do Esquema.

14
03:14 RT na Terapia Cognitiva

Para a Terapia Cognitiva, de Beck,


PALAVRAS-CHAVE há empirismo colaborativo da dupla
06:12 paciente-terapeuta e a aliança
terapêutica trabalha a mudança de
Empirismo colaborativo: É uma crenças, pensamentos e pressupostos
essência da aliança de trabalho, na qual
que interferem na forma como pacientes
o objetivo é focar nos problemas com
intuito de resolvê-los. As soluções que se comportam. A relação terapêutica
devem ser tomadas são: planejar e criar é focada em identificar sintomas
estratégias práticas para a dificuldade de psicopatologias e funcionalizar
do indivíduo. Durante o tratamento, o paciente, necessitando de seu
o terapeuta também pode precisar engajamento para realizar as tarefas,
injetar energia, animação e um senso
fazer automonitoramento e criar a
de esperança na terapia, especialmente
quando o paciente está severamente autoconsciência. Para os transtornos
deprimido. de personalidade, o propósito é um
pouco diferente e a relação terapêutica
tem ainda mais importância. Portanto,
podemos retratar a relação terapêutica
na TCC como um time que constrói
Se o paciente não está engajado, 07:09 junto o tratamento, como uma pesquisa
a gente não vai ter um bom para checar e validar hipóteses e
resultado. Se ele não faz a tarefa de evidências. Existe uma responsabilidade
casa, monitora seus pensamentos compartilhada na definição dos
ou não responde as intervenções problemas e na busca de suas soluções.
do terapeuta, teremos resultados Trata-se de uma proposta terapêutica
limitados. resolutiva.

CURIOSIDADE
07:42
Método Socrático
Questionamento que consiste em conduzir
TCC em Transtornos de Personalidade 08:20 a pessoa a um processo de reflexão e
descoberta dos próprios valores. Usado
O foco do tratamento é a relação
para perseguir o pensamento, ainda
terapêutica, portanto, transpõem-se
que em muitas direções, explorando
muitas barreiras relacionais impostas pelas
ideias complexas para chegar à verdade
técnicas e protocolos de tratamento, já
das coisas, abrir questões e problemas,
que o envolvimento com o paciente será
descobrir suposições, analisar conceitos,
maior. Existem diretrizes que nos orientam,
diferenciar o que nós sabemos e o que não
porém, não há um passo a passo para
sabemos.
cada demanda específica para cada sessão
como em outros tratamentos.

A relação é vertical porque o profissional


ocupa mais o papel de um conselheiro 09:23 Um transtorno de pânico,
amistoso, apontando quais são os de bipolaridade, um quadro
caminhos saudáveis e os disfuncionais. de depressão ou ansiedade
As experiências pessoais e crenças do generalizada: tem um
terapeuta interferem na construção tratamento muito mais
da relação e do processo terapêutico, estruturado e uma relação
tendo cuidado com o alinhamento de terapêutica muito mais fiel ao
expectativas e a referência que está se cumprimento das tarefas.
tornando para o paciente.

15
Embora haja mais aspectos referenciais
e constratransferenciais, uma aliança 14:53
terapêutica forte também é uma
Quais são as habilidades que
importante construção porque pessoas
essa pessoa [paciente] tem
com transtorno de personalidade possuem
desenvolvidas ou precisa
baixas habilidades adaptativas básicas, que
desenvolver? (...) Eu posso
são fundamentais para o indivíduo saber
observar isso e intervir a partir
da relação terapêutica como
se relacionar. Portanto, o terapeuta, por
instrumento curativo para esse
ter habilidades relacionais desenvolvidas,
paciente.
precisa usar suas competências para
lidar com os aspectos intrínsecos dessa
relação. Também é preciso identificar
como o paciente está lidando com seus
relacionamentos interpessoais fora do 15:59 Qual é o desafio quando a gente
setting terapêutico para saber diferenciar está trabalhando os transtornos
o que é transferência, contratransferência da personalidade? Não existe um
e relação real. Saber se relacionar é um protocolo para a gente seguir.
grande objetivo para o paciente com
demandas de personalidade aprenderem.
Resolver as dificuldades do relacionamento
terapêutico é uma oportunidade de usá-la EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
18:57
como um meio de intervenção e de cura,
Demandas de personalidade seguem
modificando os problemas cognitivos e um modelo de tratamento mais
emocionais. voltado para:
O desafio para esse tipo de demanda
é criar um plano geral, a partir do bom O empirismo colaborativo.
senso, não tendo passo a passos para
as sessões. A relação terapêutica ajuda O cumprimento de tarefas.
no aconselhamento, na investigação das
crenças limitantes e no teste de hipóteses A eficácia das intervenções.
e criação de soluções, mas o terapeuta
traz muito de suas experiências pessoais A relação terapêutica.
para esses casos.

CURIOSIDADE
19:52
Compras Compulsivas
São classificadas como um Transtorno do
Controle do Impulso, diagnosticada pela 26:22 RT na Terapia do Esquema
primeira vez como uma síndrome psiquiátrica
no início do século XX. Sua classificação Os fenômenos de mudança mais
permanece incerta e os pesquisadores têm presentes são a transferência e a relação
Resposta desta página: alternativa 4.

debatido uma correlação potencial com real. É muito utilizado o confronto


transtornos do humor, transtorno obsessivo- empático, buscando entender os
compulsivo e transtornos do impulso. motivos pelos quais as demandas foram
É uma condição crônica e prevalente formadas, o que buscando entender e
encontrada ao redor do mundo, na qual confortar o que levou o paciente a certos
mulheres perfazem mais de 80% dos tipos de comportamento, no entanto,
sujeitos. Sua etiologia é desconhecida, mas identificando os problemas gerados a
mecanismos neurobiológicos e genéticos partir disso e aplicando uma reparação
têm sido propostos. Modelos de intervenção parental limitada ou intensiva.
cognitivo-comportamental de grupo
parecem promissores, segundo estudos.

16
PALAVRAS-CHAVE Portanto, o terapeuta se coloca na posição
26:43 de uma figura cuidadora que atende as
necessidades emocionais negligenciadas,
Confronto empático: É a expressão com o objetivo de proporcionar uma
de compreensão sobre esquemas
experiencia emocional corretiva. A partir
do paciente, ao mesmo tempo em
que se confrontam as necessidades da identificação da origem dos esquemas,
de mudança. Esse comportamento a relação terapêutica se torna uma relação
proporciona o fortalecimento curativa, fortalecendo um modelo adulto
do vínculo terapêutico e, saudável e auxiliando no desenvolvimento
consequentemente, a maior adesão ao de estratégias de enfrentamento mais
tratamento.
efetivas.

Atender às necessidades centrais não


satisfeitas na infância é objetivo da
reparentalização, utilizando a relação
CURIOSIDADE terapêutica para que a partir do
27:25
entendimento de como o paciente se sente
Reparação parental com o terapeuta, ele possa perceber como
Young propõe que o terapeuta olhe estrategicamente se posiciona na relação
para o que estava faltando na infância com os outros e identificar quais são os
do paciente, entenda as necessidades objetivos que buscam. Para pacientes com
que não foram atendidas e as atenda, transtornos de personalidade, é ainda mais
por meio da relação terapêutica, se importante essa estruturação.
colocando no papel parental. Essa é uma
das formas mais produtivas de mudanças
dos esquemas mais profundos não só em
nível emocional ou cognitivo, mas tendo PALAVRAS-CHAVE
um novo relacionamento com alguém que 31:56
prove para ele, através da relação, que seu
esquema pode ser alterado. Hipercompensação: É um estilo de
enfrentamento disfuncional em que
o paciente se dedica a ser o mais
diferente possível da pessoa que foi
quando o esquema foi adquirido.
A reparentalização na Terapia 31:57 Quando há sinal de manifestação
do Esquema exige de nós a do esquema, ele contra-ataca. Na
capacidade de responder à superfície é autossuficiente, mas no
pergunta: o que esse paciente íntimo, sente a ameaça do esquema e
precisa de mim? luta contra ele.

33:42 Trazer consciência e ajudá-


los a pensar nos seus estilos
de enfrentamento e nos seus
resultados também é um estilo
empírico de questionamento e
aprendizado para que o paciente
possa tomar responsabilidade
pela sua condição.

17
RT para mudanças 37:11

O uso da relação terapêutica como


instrumento de mudança tem como
matéria-prima os fenômenos relacionais,
de acordo com a personalidade do 33:42 Todos os fenômenos do que está
paciente. Uma boa dica é sempre acontecendo conosco aqui e
perguntar a si e ao outro como está se agora são matéria prima para o
sentindo, se está gostando da abordagem tratamento. Se eu tenho sempre
e observar a sua linguagem corporal. claro em mente qual é o plano de
Uma relação terapêutica forte ajuda a o tratamento do paciente, eu posso
terapeuta a identificar o que o paciente usar a relação terapêutica o
está pensando, o que está sentindo tempo inteiro para o atingimento
e ajudá-lo a nomear a emoção; fazer do objetivo.
regulação emocional ou desenvolver
novas estratégias para que ele comunique
o que está sentindo. Aproveitando a 15:59
relação, pode-se utilizar as ferramentas
A gente sabe que quando o
de transferência, contratransferência,
paciente está emocionalmente
feedback, faltas, interrupções,
ativado, o potencial curativo
terapêutico da intervenção é
cooperações, motivações, resistências,
muito maior.
autorrevelações, repetições, dependências,
rupturas e manejos.

CURIOSIDADE
42:45
Resistência
Torna-se, muitas vezes, uma estratégia de
risco de tomada de decisão. Indivíduos CURIOSIDADE
que recorrem a isso, desvalorizam as 43:16
mudanças positivas no sentido de evitar Autorrevelação
as expectativas que possam surgir. Entre
o terapeuta e o paciente podem existir Tem início já no primeiro encontro, quando
conflitos quando as sugestões para o terapeuta revela sobre o processo
ativação e mudança de comportamento terapêutico e convida o paciente à
são vistas como risco para o paciente e adesão a um relacionamento honesto,
as intervenções devem incluir a avaliação compassivo e reforçador. A autorrevelação
de pontos de vista e oportunidades para é um meio, não um fim em si; é um elo do
mudança mais flexíveis a fim de evitar a encadeamento que ocorre na interação
interrupção da terapia. que contribui para alcançar a função
necessária da situação terapêutica,
selecionado a partir de análises funcionais
sensíveis, coerentes e consistentes,
Todo tempo, toda fala, têm algum 43:58 promovendo a escuta, a participação e
potencial terapêutico. a análise de seu comportamento, assim
como do impacto no outro.

18
AULA 1 • PARTE 4

Emoções 00:23

As emoções geradas na terapia podem


acionar o paciente em crenças mal
adaptativas, virando oportunidades de 01:01 Tem que fazer sentir para fazer
serem trabalhadas. Mudanças ocorrem
sentido.
com maior facilidade quando existe uma
alta carga emocional acionada, desde que
não seja de forma exagerada, da mesma
forma que crenças estão atreladas às 01:43 Se eu mexo na crença e não
emoções intensas. Naquilo que o paciente mexo na emoção, eu não estou
tem inibição ou possui dificuldade de conseguindo ser terapêutica para
expressão, o terapeuta precisa acionar o paciente.
para ajudá-lo a modular. Se houver
receio em acioná-lo, está acontecendo
uma contratransferência e dificuldade
na relação terapêutica. autorrevelações, 10:03 Transferência
repetições, dependências, rupturas e
manejos. Inevitavelmente os pacientes vão trazer
para a psicoterapia seu modo de agir
em relacionamentos habituais e conflitos
derivados. Na Terapia Cognitivo-
Quando falamos de transferência, 11:10 Comportamental, é denominada
estamos falando do conteúdo como um complexo de pensamentos
disfuncional que ele [paciente] vai automáticos e emoções subsequentes
trazer para a relação terapêutica a que o paciente tem em relação ao
partir das suas crenças, das suas terapeuta. Isso inclui aspectos irracionais,
falas e dos seus comportamentos. padrões interpessoais disfuncionais,
resistência ao processo terapêutico e
aos esquemas do terapeuta. As emoções
do paciente incluem essas reações, que
É parte da adolescência a 12:25 podem ser de raiva, desapontamento
idealização. Eles desqualificam ou idealização, foco excessivo ao
a mãe e o pai e idealizam os terapeuta, entre outros. Tudo isso deve
terapeutas. ser apontado e significado pela dupla
paciente-terapeuta.

É necessário ter cuidado com a


idealização que o paciente faz do
A gente [terapeutas] também 13:25 terapeuta para que o profissional não
precisa um pouco de idealização se deixe levar na contratransferência,
para que ele [paciente] também deixando de ser terapêutico. Aos
valide a nossa intervenção, confie, poucos deve-se desconstruir essas
mas usando isso a favor de uma crenças e demonstrando que também
maturidade, de uma melhor relação há imperfeições. É preciso estar atento
com as figuras parentais, de um a elogios para identificar como isso se
processo de autonomia e da relaciona com as demandas do paciente
própria identidade. e a forma como ele se coloca na relação
a fim de usar isso em prol do objetivo da
psicoterapia.

19
Contratransferência 14:15

Emoções, que têm duas origens, do


terapeuta sobre o paciente: a partir
CURIOSIDADE
de crenças, esquemas desadaptativos, 15:25
distorções e conflitos que são acionados;
Judith Beck
ou problemas reais do paciente que
afetam o processo terapêutico e a relação
terapêutica.

É essencial identificar o que é


especificamente do profissional, de
questões não resolvidas. Algumas dicas
para manejar são as perguntas: que
paciente eu gostaria que cancelasse hoje?
O paciente que foi pensado provavelmente
requer um pouco mais de investimento para Psicóloga, escritora e professora
validar a relação terapêutica e o processo. estadunidense, filha de Aaron Beck, o
Como eu me sinto com essa pessoa? fundador da terapia cognitiva, com quem
Desmotivado, entediado, tensionado? Qual trabalhou em seu desenvolvimento e
é a demanda terapêutica desse paciente? A aplicações clínicas. Seu livro “Terapia
forma como me sinto com ele se relaciona, Cognitiva: Teoria e Prática” é uma base
de alguma forma, com sua demanda sólida para quem está começando a
terapêutica? Será que outras pessoas aprender sobre TCC. A obra abriu caminho
também se sentem da mesma forma? Meu para que várias outras publicações fossem
plano de tratamento e as intervenções realizadas, abrangendo outros temas e
estão contribuindo para a melhora dessa ampliando as pesquisas já que permitiu
paciente? que muitos profissionais tivessem acesso
ao tema. Atualmente, é a presidente do
As respostas levam a um novo Instituto Beck de Terapia Cognitiva e
questionamento: conversar com o paciente Pesquisa, com sede na Filadélfia.
sobre isso na próxima sessão? Como
posso trazer isso? Uma boa forma é pedir
feedback sobre como ele se sente nas
sessões e sobre a relação terapêutica. PALAVRAS-CHAVE
17:42
A professora traz um caso para exemplificar
o sentimento de raiva inibido. Ela atendia Resposta de evitação: É aquela que
impede a ocorrência de um estímulo
um paciente pacífico que remetia à
aversivo, como um reforço negativo,
lembrança de pessoas com raiva e não podendo envolver o aprendizado por
entendia o porquê dessa sensação. O meio do condicionamento operante,
paciente não tinha trazido isso como quando usado como técnica de
demanda, mas a profissional resolveu treinamento.
questionar se ele sentia raiva e o paciente
começou a chorar, externalizando sua
proibição familiar de sentir raiva, tendo
obrigação de ser passivo. A vontade da
terapeuta em protegê-lo trouxe essa 18:26 A gente também utiliza a
contratransferência e uma nova demanda contratransferência para avaliar o
foi abordada. tratamento de alguns pacientes
(...) e nos debruçar um pouco
Em transferência e contratransferência é
mais sob esses pacientes que nos
essencial questionar se está observando
geram sentimentos que ficam
a situação corretamente ou se está
residuais.
projetando como pensamos e nos sentimos
no que está acontecendo.

20
PALAVRAS-CHAVE
19:26

Atenção Flutuante: É a contrapartida


da associação livre, proposta ao
paciente, deixando de priorizar a sua
Usar a relação terapêutica para 21:07 escuta.
aquilo que desperta em mim,
de uma forma espontânea em
contratransferência, como uma
grande estratégia de intervenção PALAVRAS-CHAVE
terapêutica. 21:27

Projeção: Mecanismo de defesa


primitivo que nos protege daquilo
que não conseguimos lidar, presente
já na infância. No momento em
Emoções do terapeuta 22:28 que é ativa, passamos a perceber
pensamentos e sensações
Uma das habilidades essenciais para o desagradáveis como se pertencessem
terapeuta é saber reconhecer, nomear, a outra pessoa. Em vez de
compreender e expressar as próprias assumirmos como nossos, indicamos
emoções a fim de orientar efetivamente ser do outro afim de aliviar nossa
carga emocional. O uso excessivo
os pacientes na descoberta das suas
pode levar a obsessões, ansiedade,
experiências e expressões emocionais.
histeria, neuroses, fobias etc.
A consciência das próprias sensações,
mudanças de humor e de atitude do
terapeuta auxiliam na identificação da
ativação emocional dos pacientes. Essa 23:05 Se eu não sei reconhecer se o
percepção mostra que está acontecendo que estou sentindo é raiva ou
algum fenômeno com o paciente e o tédio ou disforia, terei dificuldade
profissional consegue sentir por estar em nomear, em identificar
vinculado a essa relação. A partir disso, é contratransferência e também
importante comunicar o que foi absorvido em ajudar o paciente a identificar
e trazer questionamentos para o paciente, o que ele está sentindo.
mesmo que não seja sobre o conteúdo que
estava sendo abordado naquele momento.
As reações emocionais são oportunidades CURIOSIDADE
de progresso quando utilizadas em uma 23:09
comunicação voltada para o objetivo do Disforia
paciente. Mudança repentina e transitória do estado
de ânimo. É frequentemente associada a
doenças e condições mentais, incluindo
mania, depressão, transtorno bipolar,
Função materna, vínculo lá 23:27 transtorno de ansiedade generalizada e
dentro do domínio das primeiras transtornos de personalidade. Profissionais
competências que um indivíduo psiquiátricos trabalham com pacientes
aprende na vida é a tomada de para ajudá-los a desenvolver técnicas
consciência das próprias emoções, de relaxamento para gerenciar sintomas
saber nomear, identificar e discernir de ansiedade e práticas de modificação
o que está sentindo e expressar de comportamento, como mudar de
isso de uma forma adequada. foco ou praticar exercícios leves, para
combater situações em que se sintam
particularmente tristes ou perturbados.
Em alguns casos, pode-se utilizar o uso de

21
medicamentos.
26:27 A gente poder intervir sobre as
nossas percepções é uma forma
de apoiar o paciente, validar
aquilo que ele está sentindo.

Quando o paciente está falando 26:40


e está desconectado da própria
emoção (...) ou ele é dissociado, e
eu preciso ajudá-lo a se integralizar,
ou realmente não é aquilo o
28:04 Feedback
importante.
Excelente ferramenta para trabalhar
hipóteses a partir da percepção da
transferência e contratransferência.
Questionar o paciente da sua vivência
O que é da relação real, que eu 31:25
e sobre a sessão: como você está se
reconheço núcleo de verdade,
sentindo agora? O que está passando na
eu engajo em reparação,
tua cabeça? Como você percebe a nossa
reconhecimento e validação. (...)
Num conteúdo transferencial, o conexão? Tem algo que eu possa fazer
paciente pode ajudar a identificar agora para te ajudar?
qual é o conflito que está sendo A partir dessas respostas o terapeuta
revivido na situação. deve pensar: essa experiência que o
paciente trouxe é uma experiência
compartilhada ou é uma novidade?
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Os feedbacks serão negativos ou
positivos e seu conteúdo informa sobre
Feedbacks são importantes para: a continuidade ou as modificações das
intervenções necessárias para garantir
que o paciente continue envolvido
Fortalecer a relação terapêutica.
no processo terapêutico. Possui um
conteúdo transferencial e um conteúdo
Reduzir distorções cognitivas do da relação real (terapêutico ou
terapeuta.
disfuncional), nenhum feedback tem só
um desses fenômenos, portanto, precisa-
Saber quando sentimentos e pensa-
se entender os aspectos de cada um.
mentos não foram compreendidos.
Na transferência é visto o funcionamento
Todas as alternativas estão corretas. da psicopatologia. Na relação real
também aparecem aspectos disfuncionais
da interação terapeuta-paciente.
Portanto, os feedbacks só têm bons
resultados quando o terapeuta tem uma
Resposta desta página: alternativa 4.

abertura para aceitar críticas, fazendo


autorreflexão sobre a sua experiência.

O feedback, como uma técnica da 34:25


relação terapêutica, só é positivo
se eu tenho abertura para ouvir e
para reconhecer a minha parcela de
responsabilidade por essa ativação.

22
AULA 2 • PARTE 1

Comportamentos evitativos 00:45

Não existe uma aplicabilidade


universal para os fenômenos, é sempre
necessário avaliar qual o significado 05:10 A intervenção terapêutica em
no funcionamento do paciente com comportamentos que poderiam
a demanda de psicoterapia. Falta, ser amplamente generalizados,
interrupções, atrasos ou cancelamentos como uma resistência, na
em alguns casos são estratégias de verdade tem que ser interpretado
evitamento, porém, também podem caso a caso.
significar uma indisciplina ou outra
característica que possivelmente deve ser
trabalha com intervenção pelo terapeuta.
07:56 Todos os comportamentos, as
A maneira que os pacientes se comportam
nessa situação são uma oportunidade faltas e as interrupções também
de conhecimento e desenvolvimento de são oportunidades de mudança.
estratégias: quais são as justificativas?
Quais são as crenças que estão por trás?
Como eles lidam com a separação? Como
09:27 Pedidos de feedback, que eu
lidam consigo mesmos ao demostrar esse
comportamento? entendo que seja algo da nossa
prática, constantemente, em
Questionar o paciente sobre o seu
especial, quando a gente vê uma
comprometimento com a psicoterapia
mudança de padrão do nosso
quando atrasos ou cancelamentos se
paciente, seja uma forma de ele
tornam crônicos para que ele reflita se
se sentir à vontade de externar
quer mesmo mudar ou o comportamento
aquilo que está pensando, sentiu
não é justamente um dos motivos para a
e processou.
busca da terapia. O confronto empático
é utilizado nesse momento para que
o terapeuta demostre que entende os
motivos pelos quais o paciente funciona 11:36 Os comportamentos são
dessa maneira a fim de provocar mais
indicadores das crenças e dos
engajamento e elaborar uma forma
sentimentos.
mais assertiva de funcionamento para
desenvolver uma estratégia de reparação e
de mudança.

O manejo da ruptura através de um 12:26 Pagamentos


feedback define como a relação
A precificação da terapia sinaliza para o
terapêutica vai ser processada nas
paciente que a relação, mesmo havendo
próximas sessões. Ao negligenciar uma
afeto, é de natureza profissional. A
falta ou interrupção ou outra mudança de
regularidade sistemática detona a
comportamento do paciente por receio,
prestação de um serviço, sendo um
cria-se o risco de perder ou afastar a
compromisso sem espontaneidade com
relação terapêutica até gerar uma ruptura
expectativas a serem respondidas. O
ou abandono precoce da psicoterapia.
contrato terapêutico também precisa
de combinações de valores, taxas de
cancelamento, entre outras questões que
o terapeuta precisa encontrar, em um
modelo confortável, para ser oferecido.

23
Se a gente torna a relação de afeto 13:35
mais valente do que a relação
profissional, estamos ameaçando
a relação terapêutica e a boa
qualidade da prestação de serviço.

16:13 Quando a gente tem dificuldades


com os pacientes em relação
aos pagamentos, estamos
com dificuldade de respeitar
Colaboração da Relação Terapêutica 16:29 a natureza profissional deste
vínculo.
A motivação do paciente juntamente com
uma demanda delineada são essenciais
para o engajamento. É um erro muito
comum achar que o paciente está 18:10 A colaboração está
desmotivado e não quer mudar, como se
intrinsecamente relacionada à
o profissional não tive responsabilidade.
qualidade do nosso vínculo.
Muitas vezes quando falamos em
mudança, pensamos apenas dos aspectos
positivos, mas é importante lembrar que
implica também em perdas dos ganhos 19:20
secundários e da estabilidade. Portanto, a As mudanças são desejadas,
colaboração da relação terapêutica possui mas nem sempre a gente tem a
a função de enxergar junto com o paciente prontidão para sustentá-las.
todos os pensamentos e crenças que não
estão tão conscientes e trazer à tona a fim
de torná-las mais adaptativas e engajar ENTRETENIMENTO
seu processo de mudança. 19:32
Livro: Superando Resistência em
Terapia Cognitiva

FUNDAMENTO I
19:33
Experiências de resistência
Não aderência, resistência ou falta
de progresso em terapia podem ser
compreendidos, até certo ponto, como
resultado de estratégias que o paciente
usa e papéis que ele desempenha a fim de
reforçar seus esquemas pessoais e evitar
maiores perdas. A pressuposição neste
caso é de que o paciente está tentando
proteger-se de maiores perdas e está A obra contém exemplos de casos e
buscando alguma reação do terapeuta, ilustrações das sessões, apresentando o
modelo multidimensional de resistência
como:
de Robert Leahy em terapia cognitiva.
Validação: pacientes podem ter “regras” Trata de uma variedade de maneiras pelas
quais os pacientes podem resistir aos
únicas e auto sabotadoras para a procedimentos terapêuticos: insubmissão
validação – como, por exemplo, “você à composição da agenda e a tarefas
somente poderá me validar concordando domésticas, transferência compartilhada
comigo em que não há esperança para com outros terapeutas, comportamento
inapropriado e, término prematuro do
meu caso”. tratamento.

24
Conflitos potenciais entre o terapeuta 20:14 Não colaboração na RT
e o paciente podem surgir quando o
terapeuta orienta suas ações em direção à Alguns fatores são: a baixa motivação na
execução de tarefas e vê a validação como terapia, psicopatologias, desconfiança
interferência com importantes metas do terapeuta, expectativas irrealistas,
terapêuticas. vergonha pessoal, culpa externalizada,
Vitimização: o paciente acredita que sua desvalorização de si e do outro, medo de
identidade é definida apenas se ele se rejeição ou de fracasso.
fizer de vítima – e que não há nada que Se o paciente já experienciou relações de
ele possa fazer para mudar, porque não entrega com confiança e se sentiu bem
causou seus problemas. Tentativas para atendido, existe mais chance de transferir
encorajar o paciente a seguir adiante, em essa relação para a terapia. A negligência
direção à mudança individual, somente o dos cuidadores primários torna as
levarão a ver o terapeuta como mais um crianças desconfiadas de qualquer outra
vitimizador maligno. relação.
Moral: o paciente acredita que a Tudo isso são esquemas mentais que
mudança incorreria no risco de violar necessitam de correção, a fim de
seus próprios padrões morais ou éticos. obter maior adesão para resolver os
Isto é especialmente verdadeiro no caso problemas relacionais decorrentes desse
de pacientes obsessivo-compulsivos, os processamento pessoal.
quais acreditam que seu senso aumentado
de responsabilidade e receio de cometer
um erro é baseado em um código moral.
Dessa forma, o terapeuta que encoraja o 21:34 Muitos pacientes quando estão
paciente a abandonar padrões exigentes melhores, largam a terapia
de perfeição pode ser visto como e as medicações (...) porque
facilitador de qualidades irresponsáveis e têm dificuldade de abrir mão
repreensíveis no paciente. dos ganhos da psicopatologia:
Entre outros. Para saber mais, clique aqui. estados de euforia e sensação de
bem-estar.

CURIOSIDADE
22:32
Transtornos do desenvolvimento
Englobam os diferentes transtornos do
espectro autista, as psicoses infantis, a PALAVRAS-CHAVE
Síndrome de Asperger, a Síndrome de 25:10
Kanner e a Síndrome de Rett.
Paranoide: Desconfiança irreal dos
São distúrbios nas interações sociais outros ou sensação de perseguição.
recíprocas que costumam manifestar- Em casos extremos podem ser sinal
se nos primeiros cinco anos de vida. de transtornos mentais.
Caracterizam-se pelos padrões de
comunicação estereotipados e repetitivos,
assim como pelo estreitamento nos
interesses e nas atividades. Também 25:12 Os pacientes desenvolvem mais
causam variações na atenção, na
facilmente boas qualidades
concentração e, eventualmente, na
de alianças terapêuticas se
coordenação motora. Mudanças de
eles tiveram uma experiência
humor sem causa aparente e acessos de
de entrega primária nas suas
agressividade são comuns.
relações objetais.

25
PALAVRAS-CHAVE
25:24

Relação objetal: Refere-se às


relações emocionais entre sujeito e
objeto amado que, através de um
Os nossos insucessos são 27:38 processo de identificação comum,
importantes para desenvolvermos contribuem para o desenvolvimento
a nossa humanidade, perceber as do ego, que para a psicanálise
nossas limitações e dificuldades. significa o “eu”. Entende-se por
objeto outra pessoa ou a sua
representação, que possibilita a tal
identificação com o outro.

Nem todo terapeuta vai ser um 27:55


ótimo terapeuta para todo o
paciente.

32:43 A não colaboração muitas vezes


é fruto de uma expectativa
irrealista, idealizada por uma
pessoa que está com dificuldade
de assimilar e aceitar a realidade.
A vergonha é a experiência 34:27
externalizada de que o outro
perceba meu erro e a culpa é o
nosso próprio julgamento.
CURIOSIDADE
37:22
Terapia focada na Compaixão
Foi desenvolvida ao longo dos
atendimentos e observações de Paul
ENTRETENIMENTO Gilbert, psicólogo clínico e pesquisador
37:21
britânico. Baseia-se em conhecimentos
Livro: Terapia focada na
da psicologia evolucionista e das
compaixão
neurociências, bem como na teoria do
apego, tendo como influência também o
budismo. Originalmente, era usada para
o tratamento de pessoas com profundo
sentimento de vergonha e alto grau de
auto criticismo, as quais encontravam
dificuldades para avançar em seu
tratamento com terapias tradicionais.
A CFT (Compassion-Focused Therapy)
tem sido trabalhada de maneira bem-
sucedida em tratamentos de pacientes
com depressão, ansiedade, distúrbios
alimentares, distúrbios de personalidade,
A obra de Paul Gilbert, explora os
princípios fundamentais da TFC e dentre outras desordens mentais e
descreve os aspectos da compaixão dessa emocionais.
abordagem, que visa aumentar o bem-
estar e auxiliar na recuperação emocional,
e explica como esta terapia, difere-se
de outras formas de terapia cognitivo-
comportamental.

26
AULA 2 • PARTE 2

Habilidades e atitudes 00:03

O terapeuta utiliza o referencial da


Terapia Cognitivo-Comportamental, do
seu conjunto de estratégias e técnicas, 00:18 Eu [terapeuta] sou o
como um recurso, mas é fundamental instrumentador. As abordagens
compreender que a pessoa e suas e técnicas são as minhas
habilidades têm um impacto oito vezes ferramentas.
maior nos resultados da psicoterapia e
são imprescindíveis para a construção
do vínculo. Algumas atitudes favoráveis
do terapeuta são: pedir feedback CURIOSIDADE
constantemente; estimulam a expressão 01:34
de sentimentos positivos e negativos; Carl Rogers
reconhecem o núcleo de verdade e os
próprios erros; se desculpam quando
acham adequado; ajudar o paciente
a identificar e combater as crenças
disfuncionais por meio de um confronto
empático; compartilhar as emoções
cujo efeito é terapêutico; demonstram
compromisso e comprometimento; são
genuinamente empáticos; escutam de
forma ativa; modulam o tom de voz de Psicólogo estadunidense, desenvolvedor
acordo com a temática; usam a expressão da Abordagem Centrada na Pessoa.
corporal e facial como postura de abertura; Escreveu três textos autobiográficos,
questionam, fazem reflexões e afirmações nos quais mostra os processos de
junto com o paciente; valorizam e validam; reflexão que passou, defendendo que
ser um bom ser humano. a universalidade está exatamente na
liberdade da autodescoberta. Uma das
principais contribuições dele não está na
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO teoria ou nas pesquisas, mas no incentivo
07:43 do movimento de autocompreensão
Quando o terapeuta reconhece que que pode levar as pessoas a se tornarem
errou e pede desculpa, no que essa facilitadoras do desenvolvimento umas
atitude não reflete para o paciente: das outras.

Na percepção de que ele também


vai ser aceito quando errar.

No fortalecimento de crenças
Resposta desta página: alternativa 4.

disfuncionais.

No fortalecimento da relação
terapêutica.

Na modulação do comportamento
em demais relações.

27
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
09:17
Segundo a professora, qual é a melhor
técnica para motivar os pacientes?

Reforço da demanda.
14:31 O compartilhamento de
Validação. emoções, assim como as
autorrevelações, sempre tem que
Confronto empático. ter um propósito terapêutico.

Intervenção.

14:49 Quando estamos dispostos a


aprender, tudo é oportunidade e
quando estamos com resistência,
tudo é desculpa.
Flexibilidade 23:14

De todas as características desejáveis


para ser um bom clínico, a universal e
PALAVRAS-CHAVE
inquestionável é a flexibilidade, pois 23:50
isso auxilia na adaptação de diferentes
demandas e perfis de pacientes. Até Rigidez cognitiva: Incapacidade
mesmo em algumas sessões há a para alterar o comportamento ou
opiniões quando são ineficazes para
necessidade de novas adaptações porque
alcançar o seu objetivo, podendo
a demanda do paciente está mudando
causar alterações no regulamento da
e o terapeuta precisa se adequar às conduta, criando padrões deficientes.
necessidades. Isso acontece porque o cérebro evita
instabilidade e quer manter o que já
está habituado, composto de uma
reiteração de ações que podiam ser
eficazes em outras situações, ou que
O terapeuta observa as reações 24:18 foram planejadas, mas não funcionam
emocionais de cada paciente e na situação atual.
adapta o seu estilo também à
necessidade daquele paciente em
questão, alterando a forma como
se coloca na sessão.
26:06 Algumas características nossas
aparecem muito mais com um
perfil de paciente do que com
outros porque estamos nos
Avaliação de atuação 27:47 moldando, nos flexibilizando.
Resposta desta página: alternativa 3.

Um estudo realizado por Scott A. Baldwin,


Bruce E. Wampold e Zac E. Imel, em
2007, buscou avaliar as variáveis do
terapeuta na construção da aliança
terapêutica. A conclusão, ao contrário
do que se acreditava, afirmou que os
maiores preditores dos resultados são os
terapeutas e não os pacientes.

28
Ao avaliar a atuação de um terapeuta, MOMENTO DINÂMICA
alguns fatores são: características 31:41
demográficas, profissionais, personalidade No início da aula, a professora pediu
do terapeuta, posicionamento frente para os alunos anotarem a resposta
à prática, atitudes e estilo pessoal de de uma pergunta: quais são suas
comunicação. principais características?
Se perguntássemos aos nossos
Não há uma generalização de perfil familiares e amigos como eles nos
mais eficaz de profissional para uma veem, o que eles diriam?
boa relação terapêutica, existe apenas
uma combinação de características mais As respostas são para reflexão.
favoráveis.

PALAVRAS-CHAVE
33:37

Falso self: A pseudopersonalidade,


definida por Donald Winnicott, que
submete à vontade genérica do
outro, pode ser restrita a uma ou
Respeitar o nosso jeito de ser inclui 36:22 algumas pessoas, resultando numa
autoaceitação, que implica em personalidade que, obedecendo a
aceitar o jeito do outro. um comando da memória, trata de
sobrepor-se a todos aqueles a quem
ela não se submete. Geralmente,
ocorre em pessoas que tiveram
falhas ambientais no início do
desenvolvimento emocional ou
viverem episódios de angústia
intensa.

AULA 2 • PARTE 3

00:43 Rupturas e momentos de


tensionamento na relação
terapêutica são esperados e
terapeutas que prevêem que
O que fazer nos momentos de isso faz parte do processo
00:55 acabam desenvolvendo melhores
dessincronia?
habilidades de lidar com esses
É da natureza das relações humanas ter momentos.
falhas de empatia e frustrações, resultando
em dessincronia com o outro. Reparar esse
conflito é um papel da dupla terapeuta-
paciente, ainda que o profissional tenha
responsabilidade prioritária. Identificar
para então intervir nas causas.

29
Manejo de rupturas 03:25

Rupturas são momentos de tensionamento


no relacionamento colaborativo, podendo
haver uma quebra na colaboração,
na comunicação ou no entendimento 04:14 Muitas das dificuldades que
da relação terapêutica. Existem duas ocorrem na relação terapêutica
possibilidades para lidar: intervir ou podem estar ligadas aos próprios
abandonar. Ao perceber que a dificuldade comportamentos e atitudes do
foi resultado de alguma falha do terapeuta terapeuta.
é importante que ocorra um pedido de
desculpas de uma forma não defensiva e
que possa reparar isso em conjunto com o
paciente. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
04:41
O manejo de uma ruptura se dá através O terapeuta ao perceber que a
da estratégia de resolução expressiva, ruptura ocorreu por uma falha sua,
que consiste em quatro passos: deve:
metacomunicação terapêutica, se afastando
do fenômeno para entender e comunicar Pedir desculpas e reparar a relação
para o paciente; empatizar ao perguntar junto com o paciente.
o que está acontecendo, se colocando ao
lado da experiência do paciente; se manter Fazer um confronto empático.
não defensivo; se responsabilizar pela sua
parte para que o paciente volte a colaborar. Tentar modificar sua
contratransferência.
As rupturas na relação terapêutica
são sinalizadas de três formas: via Solicitar um feedback para confirmar
distanciamento, confronto ou a mescla das se sua conduta realmente afetou o
duas. paciente.

Na ruptura por distanciamento, o paciente


não consegue expor o quanto não se sente
capaz e sua postura é de consentir com a
expectativa que geram nele, sem conseguir
confronto o outro. A abordagem para
esse caso é uma metacomunicação em 04:54 Antes de pensar no conteúdo
que o terapeuta demonstra que percebe transferencial, é importante ter
os sentimentos e comportamentos do consciência do conteúdo real.
paciente, o ajudando a não assumir toda
culpa para si e favorecendo expressão de
outras experiências que estavam por trás a
fim de restabelecer a relação terapêutica. PALAVRAS-CHAVE
05:37
Na ruptura por confronto, o paciente tem
uma postura confrontativa, agressiva e Metacomunicação terapêutica: É a
Resposta desta página: alternativa 1.

usa frases como “a terapia é uma perda de comunicação sobre a comunicação,


o que inevitavelmente acontece
tempo”. Nesses casos, a intervenção precisa
no setting terapêutico, no qual os
ser através da metacomunicação sobre a esquemas e as lógicas conceituais
despersonalização do paciente, refinando utilizados para nos comunicarmos,
suas ideias do que dizer baseado no que são evidenciados.
sondou das novas informações. O terapeuta
parafraseia as declarações do paciente,
levando em consideração a sua experiência,
sendo empático e reafirmando seu desejo
em ajudá-lo até que o paciente demostre

30
sinais de cooperação.
Estar aberto e não defensivo é 07:13
a atitude mais favorável, diria
até crucial, para a gente poder
lidar com rupturas na aliança
terapêutica. VÍDEO
09:58
Ruptura de distanciamento

VÍDEO
26:20
Ruptura de confrontamento

Jeremy Safran tenta aliviar o


sentimento de culpa da paciente a fim
de restabelecer a relação terapêutica.

41:14 Distanciamento e confronto


Safran, com muita empatia, tenta
convencer a paciente de que quer Existe uma forma de expressar a ruptura
ajudá-la. mesclando os dois estilos, distanciamento
e confronto. Nesse caso, é preciso
observar as emoções negativas que o
VÍDEO paciente tenta esconder e chamar a sua
26:20
atenção apontando a evitação que está
Ruptura de distanciamento e ocorrendo, mas incentivando a expressão
confrontamento das emoções de maneira mais direta. A
exploração do porquê o paciente teme
expressar emoções negativas é essencial,
sempre de forma empática, demostrando
compreensão quanto a suas frustrações
até que o paciente esteja pronto
para falar sobre a ruptura na relação
terapêutica.

Nesta consulta, Jeremy Safran lida com 47:11 A gente poder fazer a exploração
a paciente chamando a atenção para o
que está ocorrendo. e a resolução de uma ruptura
na relação terapêutica pode
proporcionar para o paciente
uma experiência emocional
Tenham coragem e se capacitem 47:53 corretiva.
a receber feedback, a perceber
as rupturas e poder intervir sobre
elas, não apenas como uma forma
de manter seus pacientes em
terapia, mas, sobretudo, de poder
ajudar a encontrar as resoluções
das demandas.

31
AULA 2 • PARTE 4

Autorrevelação 00:01

Técnica usada como instrumento na


relação terapêutica para que o terapeuta
expresse seus sentimentos legítimos, 01:54 A base das psicoterapias
que se aproximam às experiências que
de grupos de apoio se
os pacientes trazem, com o propósito
fundamenta nos fenômenos de
de gerar um senso de sofrimento
autorrevelação, modelagens,
compartilhado. Aumenta a conexão da
identificação com o outro e isso
dupla, reduz sentimentos de vergonha
serve como um catalisador para
e de culpa, gerando um aprendizado e
a minha própria mudança.
modelagem de como o paciente pode
lidar com a situação. Esse processo
também serve para o paciente perceber
a humanidade do terapeuta e ver nele um
03:11 É isso que o paciente precisa
modelo de adulto saudável, que lida de
forma mais eficaz com os conflitos. descobrir: ele não vai deixar
de enfrentar situações difíceis,
não vai deixar de experienciar
emoções disfóricas. Vai mudar
Muitas vezes não temos respostas, 05:27 é a forma como lida com elas,
não temos um estilo competente encontrando mais funcionalidade.
de lidar com algumas situações
inusitadas que acontecem no
processo terapêutico e a gente
poder mostrar isso de uma forma 07:19 A gente poder trazer de volta
assertiva, revelando ao paciente. à tona algo que não ficou
confortável ou podemos revelar
os nossos sentimentos quando
entendemos que isso tem um
Tédio X Criatividade 07:43
propósito relacionado a demanda
Existem momentos em que a terapia se da psicoterapia.
torna repetitiva, se tornando monótona,
portanto, é importante variar a forma
que apresentamos as hipóteses, mudar a
CURIOSIDADE
09:52
técnica e as ilustrações, usar a criatividade
a fim de transformar a relação terapêutica Humor na psicoterapia
em uma experiência humana educativa. Quando bem utilizado, o humor pode
Para alguns tipos de pacientes o humor é ajudar um paciente a ver episódios e
uma boa forma de trazer conteúdos e se situações dolorosas da sua vida sob
expressar com leveza em momentos que perspectivas menos ameaçadoras e a
não exijam tanta seriedade. Muitas vezes a retirar sentimentos de ansiedade e culpa
ruptura aparece em uma fala transferindo provenientes de acontecimentos.
para o outro o que se está sentindo, como
por exemplo “você não deve aguentar
falar a mesma coisa”, pode-se interpretar
como “não está funcionando, não estou 10:23 Quando a experiência é muito
conseguindo corresponder os objetivos
disfórica, alguns pacientes não
da terapia” e a partir disso é essencial
suportam e começam a entrar
conversar sobre o problema e pensar em
em evitação.

32
outras estratégias.
Se eu puder trazer leveza na 11:27
relação terapêutica e falar com
acionamento emocional, favoreço
que ele [paciente] se engaje e não
se sinta ameaçado pela mudança.

12:14 Nem sempre é no sofrimento


que a gente aprende as coisas, às
vezes é no humor.

Quando a gente pode acolher a 14:52


ruptura e entender que isso é um
pedido de ajuda do paciente para
nós, para que ele se mantenha
colaborativo (...) usamos a 16:41 Alta da psicoterapia
criatividade.
Também é um componente do processo
da relação terapêutica e indica alguns
fenômenos: como o paciente lida com o
Se é um paciente que tem um 17:38 processo de dependência; avaliação do
funcionamento dependente, fator terapêutico para cada um; costuma
talvez seja um sinalizador de uma ser um processo ambivalente para a
necessidade de construção de dupla;
autonomia, de encorajamento e da
gente [terapeuta] poder se colocar Não existe um único protocolo no
como um facilitador. processo de alta, apenas significados que
ela representa para cada paciente. Esse
momento é de orgulho, mas também de
tristeza pelo distanciamento que está por
vir.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
18:00
O processo de alta para alguns
pacientes reforça sua dependência,
como o terapeuta deve agir nesses
casos?

Entender que a proposta foi


20:22 Eu também fico triste quando
precipitada.
dou uma alta, sabendo que
Facilitar a autonomia. vou estar me desvinculando
de uma forma próxima
Utilizar a intervenção para encerrar daquele paciente. Nem por
isso, não é porque existe essa
Resposta desta página: alternativa 2.

a terapia.
ambivalência, que eu não sinto
Refazer o contrato terapêutico. orgulho e não favoreço.

33
21:52 Qual é a marca que deixamos?

Em muitos casos o terapeuta cria uma


representação de alguma vivência
VÍDEO anterior que o paciente possui. A
27:15
professora fala que a melhor marca é
Entrevista com Irvin Yalom deixar o paciente se sentindo seguro,
vendo a psicoterapia como um local que
sempre queira voltar. Uma experiência
relacional favorável cumpriu o seu
propósito.

Ele fala sobre o que considera uma boa


relação terapêutica.

AULA 3 • PARTE 1

Relação terapêutica 03:42

O conceito da relação terapêutica,


abordado nas aulas anteriores, é retomado
pela professora, através da apresentação
de suas considerações e concepções a
respeito do tema. A relação terapêutica,
enfatizada pela psicanálise, foi por muitos
anos negligenciada por outras abordagens
teóricas.

34
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
05:00
Um dos motivos pelos quais pode
ocorrer a transferência, que seria a
projeção do terapeuta como figuras
paterna, materna e afins, através da
óptica do paciente, é: LEITURAS INDICADAS
06:43
Livro: Terapia cognitivo-
Pela aptidão que o terapeuta possui
comportamental: teoria e
em auxiliar na busca de resoluções dos
conflitos emocionais do paciente, o que prática
remete à experiências positivas com
figuras protetoras.

Pela busca constante que os pacientes


fazem em projetar figuras paternais
ou maternais em outros indivíduos,
na esperança de reestabelecer laços
e alterar dinâmicas comportamentais
deste tipo de relação.

Ao desenvolver o vínculo de confiança


com o terapeuta, compartilhando
seus conflitos e relações presentes
em sua vida, o paciente pode efetuar
a transferência, projetando figuras A obra de Judith Beck aborda os
significativas de sua vida no terapeuta, fundamentos da técnica, apresenta
alguém que representa cuidado, apoio importantes inovações sobre a
e projeção de saber, características prática, trazendo sugestões e
também presentes em figuras paternas, exemplos que contemplam a ativação
maternas e professores. comportamental, a relação terapêutica e
exercícios para casa, entre outros.

Nenhuma das alternativas anteriores.

10:00 3 elementos da relação terapêutica

Aliança terapêutica: É um processo


extremamente consciente e diz respeito
ao quanto o terapeuta e o paciente vão
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO estabelecer um vínculo, através de um
10:10
contrato falado e não falado. Esta relação
Entre os elementos da relação
terapêutica, aquele que diz respeito ao de aliança terapêutica diz respeito ao
processo consciente e decorrente do quanto o paciente e o terapeuta vão se
vínculo, dos contratos falados e não comprometer com o processo.
falados, é:
Transferência: Processo ocorre de forma
Aliança terapêutica. inconsciente, na qual o paciente vai
Respostas desta página: alternativas 3 e 1.

projetar no terapeuta figuras importantes


Relação real. de relacionamento, pregresso ou atual.
O paciente identifica características no
Transferência. terapeuta que remetem ao pai, mãe,
professor, namorado ou namorada, irmão
ou irmã mais velhos, entre outras figuras
Nenhuma das alternativas
anteriores. significativas, e através disso estabelece a
transferência.

Relação real: É a relação realmente


pautada na realidade, iniciada no primeiro
contato.

35
PALAVRAS-CHAVE No entanto, ela precisa de um certo tempo,
26:09 de repetição de consultas e encontros, até
que efetivamente se estabeleça.
Escuta ativa: É uma ferramenta
de comunicação que implica em
estabelecer uma troca empática.
Através de recursos como utilizar
perguntas investigativas sobre o que 35:36 O terapeuta precisa, não só
está sendo dito, evitar julgamentos entender, mas também traduzir para
e distrações, e manter uma postura
o paciente a motivação dele em
corporal de atenção, é possível
expressar interesse genuíno ao fazer psicoterapia.
que a outra pessoa está dizendo.
No contexto da terapia, durante
a escuta ativa, é necessário ter os
conhecimentos teóricos, técnicos e
científicos ativados nos momentos
em que o terapeuta está escutando o
paciente.

AULA 3 • PARTE 2

Demonstração de sessão de TCC 00:01

A aula continua com a exibição de vídeo


que demonstra um exemplo de sessão de
Terapia Cognitivo Comportamental. Ao
longo da exibição, a professora pausa o 01:28 É natural que, em um primeiro
vídeo para comentar as características do momento, o paciente se defenda.
contexto daquela sessão fictícia.

Às vezes, a gente tem uma 16:15


onipotência também como
terapeutas, e se cobra de acertar
sempre em um nível que também
é distorcido e patológico.
20:27 A relação terapêutica é uma troca,
precisa envolver reciprocidade, troca
de afeto e todas as questões teóricas
de uma relação profissional.

36
Exemplo de contratransferência 24:13

Após trecho do vídeo da sessão de


TCC, a professora comenta que nestes
momentos foram demonstradas EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
24:15
atitudes do paciente presente nesta
Através da postura do paciente ao
sessão fictícia, que poderiam despertar
longo da sessão, é possível que sejam
sentimentos no terapeuta, implicando suscitados sentimentos no terapeuta,
na contratransferência. Aqui, é alertado os quais devem ser utilizados para fins
que, independente da postura grosseira teórico-práticos, buscando a melhora do
representada pelo paciente no vídeo, o paciente. Este processo é denominado:
terapeuta deve evitar a postura julgadora,
no entanto, os sentimentos suscitados pela Transferência.
fala do paciente devem ser utilizados com
fins teórico-práticos, visando a melhora do Contratransferência.
paciente.
Escuta ativa.

Empirismo colaborativo.

AULA 3 • PARTE 3

Transferência e Contratransferência 01:25

Retomando estes conceitos brevemente


vistos no início da aula, a Transferência e
FUNDAMENTO II
a Contratransferência são pensamentos 05:16
automáticos e sentimentos que os Transferência e
pacientes têm com relação seus contratransferência
terapeutas, e os terapeutas com relação
• Autenticidade: Não é necessário que o
aos seus pacientes. Esses processos
terapeuta finja ser quem não é ou emule
são pautados sobre uma base lógica,
comportamentos diferentes dos que
relacionados com problemas reais, e com
costuma ter. A autenticidade deve se dar
uma base ilógica (centrais disfuncionais,
em todos os aspectos da relação, nos
tanto dos pacientes como dos
diálogos, na linguagem corporal.
terapeutas).
• Afeto: Existem diferentes tipos de
afeto. No entanto, o investimento afetivo
Respostas desta página: alternativas 2.

é importante para que qualquer tipo de


relação se efetive.
Nascemos com a possibilidade 08:25
de sermos empáticos. • Consideração positiva: É necessário
ter consideração pelo paciente; tem
que efetivamente se importar com os
pacientes. Apesar de ser uma relação
profissional, esta é diferente de outras
relações profissionais, pois neste caso
a consideração positiva pelo paciente
é essencial para a relação terapêutica
acontecer.

37
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO • Empatia: É importante desenvolver a
08:30 empatia, que é uma condição emocional
A respeito do conceito de empatia, é na qual o indivíduo acessa os sentimentos
correto afirmar que: e condições afetivas de outra pessoa.

Todos os seres humanos são


naturalmente empáticos, sem a
necessidade de desenvolvimento
desta condição pois se nasce com ela. 14:32 A gente, muitas vezes, escolhe não
se colocar no lugar desse indivíduo,
Todos os seres humanos conseguem por dor, por medo, por angústia.
desenvolver a empatia, e alguns já
nascem com a possibilidade de ser
empático.

Cada indivíduo nasce com a


possibilidade de ser empático, PALAVRAS-CHAVE
mas nem todos necessariamente 14:57
desenvolvem a empatia.
Simbiose: No contexto da psicologia,
Nenhuma pessoa consegue o termo simbiose é uma metáfora
desenvolver a empatia, logo, biológica utilizada para descrever a
indivíduos que nascem sem situação de dependência emocional
esta condição, não conseguem entre indivíduos. A relação simbiótica
desenvolver para que se tornem mais pode ser extremamente prejudicial
empáticos ao longo da vida. para os seus componentes, causando
sofrimento aos indivíduos pela forma
com a qual se relacionam.

A empatia é um dos elementos 22:47


extremamente importantes
dentro da relação terapêutica.

27:05 A empatia demanda um esforço


cognitivo enorme, da gente
realmente entender o pensamento
do outro.

Feedback e relação terapêutica 29:40

Assim como a empatia, o feedback é um


elemento muito importante para uma
relação terapêutica saudável. O feedback
Respostas desta página: alternativas 3.

pode ser solicitado do terapeuta para seu


paciente, tanto no início do tratamento,
para ajustar o estilo da terapia às 44:19 A gente não pode pensar que tudo
necessidades e demandas, e pode é nossa responsabilidade, ou que
ser solicitado durante o processo de tudo parte da gente, é uma relação
psicoterapia, visando reparar a relação bidirecional, uma troca entre dois.
quando necessário. Importante evitar
deduzir o que o paciente pensa sobre
o tratamento, através de leitura mental,
mas sim buscar o feedback para ter esta
compreensão.

38
AULA 3 • PARTE 4

03:16 A esperança é uma escolha; é


algo que eu teórica, prática e
vivencialmente acredito, a gente
Autorrevelação 05:39 escolhe ter esperança.
Dentro da teoria cognitiva, existe a técnica
da autorrevelação. É importante destacar
que, ainda que possa auxiliar a criar um
ambiente de identificação para o paciente,
fazendo com que se sinta acolhido e 13:13 Não esquecer a ética profissional,
gere conforto, é essencial cuidar alguns
não esquecer o nosso papel como
aspectos, como o que falar e quando
profissional, e o foco na demanda do
falar, para que não danifique a relação
paciente naquele momento.
estabelecida com o paciente. O descuido
com a autorrevelação pode fazer com que
se perca os limites do respeito na relação.
Logo, é importante utilizar a técnica
com moderação e sempre com foco na 15:53 Afeto entre terapeuta e paciente
necessidade do paciente.
Quando se pensa em aspectos e
comportamentos que reforçam o afeto
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO entre terapeuta e paciente, de maneira
16:00 positiva e adequada, é possível destacar:
Sobre as formas de estabelecer o dedicar atenção de maneira genuína;
afeto entre terapeuta e paciente, é estabelecer empatia e conexão emocional;
correto a utilização dos seguintes utilizar palavras de afirmação como
comportamentos:
elogios; olhar afetivo e comunicação não
Estabelecer vínculos, inclusive verbal demonstrando ser compassivo;
mantendo contato extra sessões para contato extra sessões apenas em
desenvolver a empatia. situações pontuais; demonstrar interesse
pelo que é importante para o paciente
Utilização de palavras de afirmação
como elogio, demonstrar interesse e lembrar de datas significativas; estar
pelo que é importante para o genuinamente com disposição para se
paciente e estar com disposição para transformar na relação com o paciente.
se transformar na relação com o
paciente.

Demonstrar genuíno interesse pelo


paciente e pelo que ele tem a contar,
mas evitar a transformação na
relação com o paciente, assim como PALAVRAS-CHAVE
Respostas desta página: alternativas 2.

a empatia, visando desenvolver uma 17:33


necessária barreira para que a relação
não se torne pessoal. Multitasking: O termo multitasking,
ou multitarefa, designa pessoas que
Dedicar atenção de maneira
desempenham múltiplas tarefas
genuína, mas evitar o olhar afetivo simultaneamente. É um conceito
e comunicação não verbal que bastante discutido, e alguns estudos
demonstre ser compassivo com o afirmam que o multitasking é
paciente. prejudicial para a produtividade.

39
Viver o aqui e o agora vai 19:00
favorecer com que a gente
tenha uma atenção genuína pelo
paciente.

29:28 Superando as adversidades

Superando as adversidades

Manejar problemas faz parte da relação


terapêutica. É importante conseguir lidar
com as seguintes situações, que podem
A relação terapêutica é como 31:17
ocorrer em qualquer momento ao longo
qualquer outra nesse aspecto,
da relação terapêutica:
ela está passível a ter ruídos,
conflitos, desavenças. • Problemas de empatia;

• Lidar com as rupturas (fortalece a


relação);

• Resistência e projeções do paciente;

• Cuidar com a contratransferência.

O novo normal 37:19

A professora comenta as mudanças que


decorrem dos atendimentos online, em
comparação com as sessões terapêuticas
presenciais. Em relação à sua experiência
pessoal, a professora relata que houve
uma migração e adaptação muito rápida
dos seus pacientes para o modelo online;
ocorrem menos faltas, menos atrasos, e
aumentaram pedidos de sessão extra,
demonstrando mais engajamento do que
nos atendimentos presenciais. Um ponto
importante é o cuidado coma privacidade
da sessão, instruir os pacientes para evitar
que se exponham inadequadamente, por
exemplo, realizando a sessão no mesmo
ambiente que seus familiares.

40
Resumo da disciplina
Veja nesta página, um resumo dos principais conceitos vistos ao longo da disciplina.

AULA 1

São as relações que nos


adoecem, portanto, é também
em relação que a gente se cura.
Quando o paciente está
emocionalmente ativado, o
potencial curativo terapêutico da
intervenção é muito maior.
O feedback é uma importante
ferramenta para a motivação e
fortalece a aliança terapêutica.

AULA 2

Pesquisas afirmam que a relação


terapêutica é mais importante que a
técnica.
O terapeuta precisa ser flexível
para saber se adaptar aos
diferente perfis e demandas dos
pacientes.
Para ser um bom terapeuta é
necessário, antes disso, ser um bom
ser humano.

AULA 3

O terapeuta precisa, não só


entender, mas também traduzir
para o paciente a motivação dele
em fazer psicoterapia.
A relação terapêutica é uma troca,
precisa envolver reciprocidade, afeto
e todas as questões teóricas de uma
relação profissional.
A empatia demanda um
esforço cognitivo enorme, da
gente realmente entender o
pensamento do outro.

41
Avaliação
Veja as instruções para realizar a avaliação da disciplina.

Já está disponível o teste online da disciplina. O prazo para realização


é de dois meses a partir da data de lançamento das aulas. ​

Lembre-se que cada disciplina possui uma avaliação online.


A nota mínima para aprovação é 6. ​

Fique tranquilo! Caso você perca o prazo do teste online, ficará aberto
o teste de recuperação, que pode ser realizado até o final do seu curso.
A única diferença é que a nota máxima atribuída na recuperação é 8. ​
Pós-Graduação em
Terapia Cognitivo-Comportamental

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