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Fortaleza
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Resumo
O presente trabalho de conclusão do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza investiga qual o
espaço que os meios de comunicação, notadamente o rádio, ocupam em nossa sociedade e o quanto
isso interfere no comportamento humano. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa baseada
em uma abordagem descritiva, na qual foram entrevistados dois jornalistas e seis universitários, estes
em um grupo focal. Posteriormente, os dados foram analisados a partir da Análise de Conteúdo de
Bardin (2009). A partir desta análise, foram elaboradas quatro categorias: papel dos meios de
comunicação na modernidade; alcance e longevidade do rádio na sociedade atual; influência do rádio
no comportamento das pessoas; e eficácia do rádio na influência de consumo de produtos e serviços. A
maioria dos entrevistados afirmou que a principal função do rádio é a de levar informação e de
influenciar o modo como as pessoas se relacionam e interpretam o mundo em que vivem, sendo
apontado que o rádio vem se consolidando ao longo dos anos através da sua difusão por meio das
redes sociais. Comparando os relatos dos comunicadores do rádio com os relatos dos ouvintes, foi
possível atestar que todos convergem para o fato de que o rádio consegue influenciar os mais variados
tipos de comportamento e posturas. Conclui-se que, ao contrário do que apregoava o senso comum de
que o rádio seria um meio de comunicação sem relevância, ele segue atuante com potencial de alterar
comportamentos e se mantendo como um dos principais meios de comunicação no cotidiano dos
brasileiros.
Introdução
Podemos afirmar que, desde então até o presente século, o rádio tem se mantido
como um dos principais meios de comunicação no cotidiano dos brasileiros conforme atesta
uma pesquisa recente realizada pelo IBOPE Media, em 2015, que apontou que o alcance do
rádio (quantidade de pessoas que foram expostas ao meio) em 13 regiões metropolitanas do
país, incluindo Fortaleza, chegou ao número de quase 52 milhões de brasileiros, totalizando
89% de audiência.
Outra pesquisa do IBOPE Media, Target Group Index, revelou o que os
brasileiros ouvem no rádio: 70% dos ouvintes escutam qualquer estilo de programação não
musical, sendo que os noticiários locais e os nacionais (com 50% e 40%, respectivamente)
representam a maior parcela, seguidos das programações de trânsito (35%) e dos programas
religiosos (17%) e esportivos ao vivo (14%). (Media, 2015).
Diante desse cenário, defendemos que, em decorrência do grande número de
pessoas que escutam programas radiofônicos, estes podem ser uma importante ferramenta
para tornar ainda mais conhecida a profissão da Psicologia.
É importante ressaltar que a Psicologia, como ciência que se desenvolveu ao
longo dos últimos 100 anos, trata do estudo do comportamento humano, busca dar respostas e
explicar as demandas psíquicas de uma sociedade marcada pelo consumismo e pelo
imediatismo (Bock, Furtado, & Teixeira, 1999).
Entretanto, por se tratar de uma ciência nova, ela ainda é mantida no estigma da
sociedade como uma ciência/profissão que trata de pessoas loucas gerando um afastamento e
uma confusão de interpretação do papel do psicólogo como promotor da saúde psicológica
(Lane, 1981). O que tem corroborado negativamente para a lenta propagação e valorização da
Psicologia, acabando por dificultar que as pessoas sejam alcançadas e beneficiadas pelos
proveitos que esta ciência propõe.
Isto é inaceitável se considerarmos, por exemplo, que de acordo com a OMS, no
seu novo relatório de 02/2017, a depressão atinge 5,8% da população brasileira (11.548.577),
seguida dos distúrbios relacionados à ansiedade que afetam 9,3% (18.657.943) das pessoas
que moram no Brasil das quais, muitas nem chegam a procurar ajuda psicológica. Diante
destes desafios, nós, psicólogos em formação, no âmbito da sociedade contemporânea, vemos
a necessidade cada vez maior de proporcionar aos cidadãos formas de aproximação com o
universo da Psicologia.
Este estudo teve como pressuposto que por meio do rádio, é possível aproximar as
pessoas da Psicologia, e, sobretudo, divulgar efetivamente as informações/abordagens e as
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Método
este estudo apontar que os programas de rádio continuam influenciando a vida das pessoas e
produzindo mudança de comportamento nos ouvintes deste meio de comunicação.
O grupo focal foi importante porque permitiu interações com o grupo ao se
discutir determinado tema sugerido pelo pesquisador (MORGAN, 1997). Esta técnica
possibilitou ainda para o pesquisador uma posição mediadora em relação à observação
participante e às entrevistas em profundidade. Esta forma de pesquisar é essencial porque
funciona como excelente recurso na compreensão “das percepções, atitudes e representações
sociais de grupos humanos.” (VEIGA & GONDIM, 2001, p. 8)
Os registros das falas foram feitos por meio de gravação de áudio, mediante
prévia autorização por escrito dos participantes. Os dados coletados passaram por transcrição
fidedigna para, posteriormente, seguir-se à análise dos dados.
A análise de conteúdo para dados qualitativos deu-se por meio do método
proposto por Bardin (2009) o qual consiste em um conjunto de técnicas de análise das
comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo
das mensagens. Deste modo, a análise de conteúdo foi organizada em três momentos: a pré-
análise; a exploração do material; e, por fim, o tratamento dos resultados, ou seja, a inferência
e a interpretação (BARDIN, 2009, p.121).
Na exploração do material, escolhemos categorias que reuniram elementos
compilados de acordo com características similares, empregando critérios semânticos
(temáticos). A categorização teve como propósito reduzir e sintetizar os dados, permitindo
que se destacassem os aspectos mais relevantes. Deste modo, foram escolhidas quatro
categorias para a discussão do presente trabalho, sendo elas: 1. Papel dos meios de
comunicação na modernidade; 2. Alcance e longevidade do rádio na sociedade atual; 3.
Influência do rádio no comportamento das pessoas; e 4. Eficácia do rádio na influência de
consumo de produtos e serviços.
A pesquisa foi desenvolvida em concordância com os padrões éticos, respeitando
a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e com o devido consentimento livre e
esclarecido do participante mediante assinatura do TCLE - Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, que consta nos Anexos. Os procedimentos utilizados na pesquisa visaram atenuar
desconfortos como timidez ao se expressar em público, receio em manifestar suas opiniões
sobre o assunto, embate de ideias divergentes, aproximação com pessoas desconhecidas. Esta
pesquisa foi submetida para avaliação do Comitê de Ética.
A seguir, serão apresentados os resultados desta pesquisa.
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Resultados e Discussão
adquirido uma relevância cada vez mais crescente no cotidiano das pessoas da sociedade pós-
moderna.
Ao serem questionados sobre o papel dos meios de comunicação na sociedade
atual, a maioria dos entrevistados afirmou que a principal função é a de levar informação e de
também influenciar no modo como as pessoas se relacionam e interpretam o mundo em que
vivem, como se pode observar nos seguintes relatos:
“Se você falar dos meios de comunicação clássicos ou tradicionais, o objetivo
principal deve ser esse, né? De levar informação às pessoas. (...) Então, os meios
de comunicação tem esse papel de contribuir para que as pessoas obtenham
informações sobre o mundo em que elas vivem.” (E1R)
“E eu acho que a gente pode, também, olhar por uma perspectiva mais pessoal
né? Que, por exemplo, a gente está se relacionando aqui, de uma forma física,
mas todo mundo conhece o Instagram de todo mundo aqui. E, querendo ou não, a
gente sofre influência de como a gente se conhece, né? E... e eu acho que isso
influencia de uma forma muito, muito significativa assim, na forma como a gente
se relaciona com as pessoas, hoje em dia”. (E7)
Nós ganhamos uma força muito maior com a internet.(...)Então o rádio, ele
passou a ganhar uma força muito maior, nossa audiência cresceu. Inclusive, tem
pesquisas que, hoje, que a audiência de rádio supera a audiência de TV, cuja
fragmentação é muito maior. (...) Então, esse é um veículo que se fortalece.”
(E2R)
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Castells (2006) relata que antes do surgimento da rede das redes (a Internet), as
comunicações tradicionais se dividiam em duas categorias: uma a um ou um-a-alguns (fax e
telefone) e um-a-muitos (TV, rádio, jornal impresso e cinema).
Com o surgimento desse novo ambiente digital, tornou-se possível modificar as
relações sociais e econômicas as quais constituíram formas inovadoras de se relacionar bem
como novas comunidades e novos consumidores. Esse modelo de relação, chamado agora de
virtual, sem formato e lugar definidos, incorporou-se ao cotidiano das pessoas de modo
singular. (Castells, 2006). Como se pode observar no relato de um dos participantes do grupo
focal:
“Os meios de comunicação hoje, eles são muito restritos às mídias digitais, aos
meios de comunicação de redes sociais e tal. E eu acho que, assim, esse tipo de
modelo, de meio, ele é muito assim, de certa forma, ele atinge uma gama maior
de pessoas. Que enfim, ela tá ligada à internet. Tem um acesso muito maior do
que, por exemplo, modelos passados, tipo jornal, rádio, essas coisas”. (E5)
Nas entrevistas foi possível identificar discursos que evidenciam que na atualidade é
impossível conceber os meios de comunicação sem considerar as possibilidades que a internet
oferece, por exemplo, a possibilidade de alcançar mais pessoas e conectar pessoas que se
encontram em locais geograficamente distantes. Um dos relatos que abordam esta temática
mostra o seguinte:
“Pô cara, eu acho que é importante citar também que isso, de certa forma,
aproximou muito as pessoas que, tipo, os meios de comunicação social
aproximaram as pessoas que não tinham a menor possibilidade de se conectar
com outras pessoas que estão em lugares distantes”. (E7)
“... porque o jornalismo é uma profissão bastante antiga. Então nesse período,
ela vai construindo um método, vai construindo uma forma de levar as notícias,
que facilita a compreensão do mundo para as pessoas. A partir desse modo, se
pode dizer que contribui para a melhoria das comunicações, ou para a melhoria
da compreensão das pessoas, e assim vai...”
“Então, a nossa ideia sempre foi fazer uma comunicação clara, rápida, leve, em
que as pessoas entendam o contexto em que elas estão inseridas, no caso um país
que tem a economia maior, uma macroeconomia, e que tenha as suas decisões.
Então,a gente não pensa em afetar diretamente a decisão de alguém, mas formar
uma... contribuir nessa formação de consciência, entendeu? Sobre o que ele pode
decidir, e o que está além das decisões de cada um.” (E2R)
Castells (2006) relata que, entre as décadas de 1950 e 1970, o rádio, e depois a
TV, em diferentes pontos do planeta, fundaram um novo universo de comunicação. Com o
passar dos anos, os meios de comunicação alcançaram o clímax, atingindo uma quantidade
maior de pessoas e influenciando cada vez mais a vida delas.
Considerando que o rádio é um meio de comunicação utilizado na atualidade, qual
o seu alcance no mundo moderno em meio a tantos recursos de comunicação? De que forma
acontece esse alcance e como o rádio consegue se sobressair e/ou se manter entre tantos meios
e recursos de comunicação?
Levantando esses questionamentos para os entrevistados, uma das comunicadoras
do rádio entrevistadas nos relatou o seguinte:
“O rádio já teve a morte decretada, várias vezes. Quando surgiu a TV, falavam:
‘Ah, a rádio vai morrer’. Como que abrir um jornal impresso, todo dia, tem sua
morte decretada por alguns estudiosos, por algumas pessoas e o senso comum,
mas o rádio nunca foi tão forte”. (E2R)
“Hoje a pessoa, se quiser ouvir a Rádio Povo, por exemplo, morando na Suíça ou
morando na Itália, ou morando em qualquer lugar do mundo, ela vai poder ouvir.
E o rádio é, também, aquilo que o... Parece um troço meio demagógico, mas é,
assim, aquele companheiro que a pessoa tem. A pessoa entra no carro, liga o
rádio. Às vezes ela prefere estar lá ouvindo alguém falar, conversando com ela do
que estar ouvindo uma música.”( E1R)
concretização vem se reafirmando ao longo dos anos, pois caminha junto às tendências da
atualidade através da difusão da internet e das redes sociais.
“Por incrível que pareça, com essa verdadeira revolução que teve nos meios de
comunicação com o surgimento da internet, da... enfim, dessa comunicação
eletrônica, o rádio, me parece, que é o que saiu-se melhor. Ele não perdeu as
características que tinha, de falar mais de perto com as pessoas. E ele conseguiu
se adaptar, talvez melhor do que qualquer outro meio. Então, você vê que a
internet talvez tenha dado um novo fôlego ao rádio, porque o alcance aumentou
muito.” (E2R)
“Eu acho que é uma relação difícil, como outras coisas que a gente pode
relacionar com a contemporaneidade, como livraria física, assim, por exemplo.
Tá sumindo né, e tá indo pra digital ...
... Porque na rádio, tu não tem controle do tempo,... O controle do tempo, que eu
digo é, por exemplo: Quando a gente escuta a música no Spotify, a gente fica
mudando... E é o que o Murilo tinha falado. Ele falou que o rádio caminha para o
podcast. No que eu acredito também, porque justamente, no podcast, tu tem o
controle do tempo né? Tu pode escutar... Já no rádio não né, tu tem que escutar a
programação... E já que é uma característica nossa, querer todo esse controle, a
rádio não deixa a gente ter. Por isso, que eu acho que caminha pra um, uma
‘desutilização’, inutilização.” (E7)
“... eu acho que o rádio é um formato que, de certa forma, custa muito mais caro
do que esses outros formatos de podcast ou de streaming de algum conteúdo na
internet... eu acho que, sinceramente, é um formato que, por ser caro, por ser
pouco acessível, e existirem outros formatos que são mais acessíveis, que são
mais simples de serem reproduzidos, é uma parada que, tá sim, num período de,
enfim, de se tornar defasado, infelizmente.” (E8)
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Diante desses relatos, é importante destacar que o rádio, desde sua fundação em
1930, tem se mostrado como um meio de comunicação essencial e de grande força, capaz de
resistir ao tempo. Desde o início, o rádio foi considerado um item obrigatório no dia a dia dos
brasileiros, transformando-se, em um “companheiro de todas as horas, mantendo-se presente
até hoje nas mais variadas situações”, sendo um veículo eficaz de informação, denúncia,
entretenimento e propagação “de uma ideologia formadora de opiniões”. ( MENEGUEL &
OLIVEIRA, 2008, p. 2)
Uma entrevistada relata a importância do “companheiro de todas as horas” em seu
dia a dia e o quanto o rádio está arraigado a sua rotina:
“Bom, o rádio, ele foi um dos primeiros meios de comunicação, na época que
não tinha nem TV, né? Então, ele servia para informar sobre notícias, guerras e
até formar pessoas, formar caráter, formar opinião. E hoje, o rádio, ele ainda
existe, e eu acredito que ele permanecerá por muito tempo. (...) E a importância
dele, pra mim, como pessoa, eu, Rafaela, eu vejo o rádio como uma importância,
assim... se eu for pro carro e eu não tiver o meu rádio... não interessa se ele só
pega um CD ou se ele é só um AM/FM, pra mim, ele tem que existir, então eu
acho ele essencial.” (E4)
“A gente nunca sabe ao certo, como você impacta na vida do outro, a gente não
sabe. Muito menos no rádio, que você não tá vendo ninguém. Mas as pessoas
também não estão te vendo, estão te ouvindo. Mas, você cria... Isso, eu posso te
afirmar, você cria uma intimidade com as pessoas no rádio.” (E2R)
minha né?" Nem eu sabia disso. Enfim, você passa, e é um cuidado que a gente
tem que ter, você passa a legitimar coisas que, às vezes, você não sabe, porque
você tá ali, no primeiro contato, entendeu? Mas, de alguma forma, a pessoa quer
saber a tua sensação em relação àquilo que você colheu, entrevistou.” ( E2R)
“Se o rádio, por exemplo, começa uma campanha, digamos, para doar sangue.
Você vai ver que você vai ter uma resposta muito boa daquilo. Ou qualquer uma
outra campanha que ele possa fazer. Vai ter um retorno daquilo. Agora,
influenciar assim, talvez, definitivamente, ou de forma mais... como eu diria, de
uma forma mais permanente na vida das pessoas, de uma forma mais brusca, eu
não saberia dizer. Mas se o rádio organiza, por exemplo, uma campanha, ele tem
um retorno. Nesse aspecto, ele tem, sim, uma influência.” (E1R )
“Tem um caso famoso e triste né, que foi naquela guerra que teve em Irlanda, que
tinha uma rádio que incentivava, da etnia hutus, incentivava o massacre da etnia
tutsi. A rádio chamava Mille Collines. É um exemplo que é dado no mundo inteiro
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Esta pesquisa do IBOPE Media, realizada em 2015, apontou que o alcance do rádio em 13 regiões
metropolitanas do país, incluindo Fortaleza, chegou ao número de quase 52 milhões de brasileiros, totalizando
89% de audiência.
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de como um meio de comunicação pode ser mal utilizado para praticar crimes
hediondos. Então, aquela rádio influenciava as pessoas a matarem a etnia tutsi
ou dos... que eram mais moderados, dos utus, né. Então, você pode, sim,
influenciar nesse aspecto.” ( E1R)
De forma mais específica, foi citado por um dos jornalistas da área da economia
que a forma como os conteúdos são transmitidos e assimilados pelos ouvintes tem grande
potencial de intervir na forma como as pessoas moldam seu jeito de, por exemplo, tratar a
educação financeira dentro do ambiente familiar.
“A gente, por exemplo, no programa Poupe Economia, eu e a X, a gente interage
muito né. De a X falar: "É E2R, só tenho 2 reais no final do mês". E aí a gente
fala "Pô X, me empresta o seu cartão, E2R ", e eu falei "Nunca! Nunca vou te
emprestar meu cartão", não faço isso com ninguém e, "Ah, olha, não empreste o
seu cartão pra ninguém". (...) Eu digo que não dei um doutrinamento, mas eu
tento passar, pelo menos, pressupostos básicos de educação financeira. (E2R)
“Ontem mesmo, tinha um ouvinte falando que fazia (essa educação financeira)
com as filhas. E ele bota 3 cofrinhos, cada uma recebe 50 centavos para cada
fruta que comeu. E ele fala: "Ah, eu comecei a trabalhar essa questão de gestão
familiar, de educação financeira, e eu desenvolvi esse método". Quer dizer, é um
retorno desse impacto. Ele desenvolveu. O método é dele, entendeu?”(E2R)
“Aprendo como utilizar bem os serviços que o governo oferece. Através de alguns
programas do governo, como A Hora do Brasil,...(E3)”
“ Porque... existem pessoas que são influentes, que tem programa de rádio. Por
exemplo, tem o fofoqueiro mais conhecido do Brasil, que é o Léo Dias. O que
aquele cara fala, todo mundo acredita. Por quê? Porque ele trabalha,
basicamente, entre aspas, com a ‘verdade dita’ né? Como fofoca de artistas e
tudo.”(E3)
d) o aprendizado de valores:
“Tem programas que ensinam valores. Tem até programas religiosos, também.
Tem muita gente da cultura religiosa que escuta rádio evangélica, que eles falam
as palavras, citam como as pessoas devem se comportar, e tem gente que acaba
seguindo o fluxo da rádio, daquele tipo de programa em específico.” (E3)
e) as escolhas artísticas
“ Tanto de uma maneira artística, com música, política, com A Hora do Brasil ou
então por diversos programas de fofoca, mas também acredito que, tudo é
possível de que a gente mude o nosso comportamento.”(E7)
f) a assimilação de conhecimento
“ Ah, eu acho. Até porque, ele trabalham com informação e informação, hoje, é o
que molda o comportamento das pessoas, assim, a forma como elas tem acesso...
porque elas criam conhecimento a partir da informação né.” (E5)
Ratificando o que já foi exposto por Castells (2006) acerca do fato de que os
meios de comunicação alcançaram seu apogeu e influenciaram um número crescente de
pessoas, principalmente no que diz respeito ao apelo publicitário, estamos agora diante de um
desenvolvimento exacerbado dos meios de comunicação de massa capazes de explorar tanto o
imaginário quanto o psicológico dos usuários.
Perguntados sobre como veem o rádio enquanto ferramenta de publicidade em
massa e se acreditam na sua eficiência para atingir mudança de comportamento dos ouvintes
especificamente para o consumo de produtos e serviços, um dos entrevistados respondeu:
“Se você tem uma marca que é mais conhecida, aquela marca lá vai ser mais
consumida. Por que você vende mais Coca-cola ? É porque ela é melhor que a
Pepsi? Muito provavelmente, não. Mas é porque a marca é mais conhecida. Você
acha que o Adidas é o melhor tênis do mundo? Talvez não. Mas por quê que ele
se vende mais? Porque ele está na chuteira dos atletas, na camisa dos atletas. Aí
a pessoa quer copiar, quer parecer um atleta (...) então, a propaganda funciona.
Se não funcionasse, não haveria agência de propaganda. E funciona, também, no
rádio. É claro que funciona.” (E1R)
Nesse quesito, é importante mencionar que o rádio, assim como os outros meios
de comunicação, dispõe de um setor específico que se dedica e elabora estratégias destinadas
à área de propaganda que é o setor comercial.
Um dos comunicadores do rádio entrevistado relatou um exemplo do quanto o
rádio é capaz de “vender” uma ideia, produto ou serviço, como por exemplo um curso de
educação financeira , a partir da audiência e popularidade de um programa radiofônico:
“... eu tenho um exemplo: ontem, eu estava entrevistando o R. D., que é um
educador financeiro, e ele vende uma metodologia de educação financeira, e tava
dando curso, aqui. E eu dei o telefone do contato, com ele, e disse o nome da
secretária dele, no ar. E ela mandou uma mensagem pra ele, da quantidade de
pessoas que tinham ligado, procurando fazer o curso, porque ouviram no
rádio.(...) Ela mandou um áudio e ele me encaminhou, o áudio, e ele falando:
‘Olha aqui, a tua audiência’, entendeu?” ( E2R)
“O rádio ainda é um meio de comunicação, que ele vai influenciar, sim. Tanto é
que, se ele não influenciasse, ninguém anunciava mais no rádio, né? As pessoas
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Considerações Finais
Este artigo teve como objetivo principal investigar qual o espaço ocupado pelos
meios de comunicação, especialmente pelo rádio, em nossa sociedade e o quanto isso interfere
no comportamento das pessoas. De forma mais específica, procuramos analisar o papel dos
meios de comunicação na sociedade contemporânea; delinear a evolução histórica dos meios
de comunicação e as possíveis variações comportamentais decorrentes desta evolução bem
como identificar mudanças comportamentais influenciadas pelos programas de rádio na vida
das pessoas da sociedade contemporânea.
Com esse propósito, foi realizada pesquisa de referencial teórico que pudesse
fundamentar a pesquisa, foram realizadas entrevistas com jornalistas comunicadores do rádio
e foi organizado um grupo focal com estudantes universitários.
A sociedade da informação vivenciada atualmente é produto da evolução
crescente da tecnologia e de suas diversas realizações no campo da comunicação. Por esse
motivo, os meios de comunicação, entre eles o rádio, além de repassarem a informação,
também têm adquirido uma importância cada vez maior no cotidiano das pessoas.
Ao discorrermos acerca dos avanços tecnológicos, ou seja, da sociedade em rede,
é importante lembrar que a sociedade se caracteriza principalmente pela capacidade de
transformar a comunicação, sendo esta capaz de criar um “espaço público”, no qual as
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Acreditamos que o debate sobre o tema pesquisado necessite cada vez mais ser
ampliado para se juntar um maior número de elementos que corrobore a eficácia do rádio
como meio de comunicação que influencia o comportamento das pessoas que o ouvem
através dos seus programas.
Referências
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Media, Ibope. Rádio é ouvido por 89% de brasileiros, segundo IBOPE Media : Meio alcança
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