Você está na página 1de 1

HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA CLÁSSICA

Licenciatura em Antropologia

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Barrett, Stanley R. 2015 [2009]. Antropologia. Guia do estudante à teoria e ao método antropológico. Petrópolis:
Editora Vozes.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Funcionalismo estrutural1
74) (...) a escola britânica de difusionismo, liderada por Rivers na Universidade de Cambridge, rapidamente se
esgotou. Radcliffe-Brown, um aluno de Rivers, havia começado sua carreira como um difusionista, mas logo
descobriu Durkheim, e (...) voltou a disciplina para a direção estreita da antropologia social, guiada pelo que ficou
conhecido como o modelo estrutural-funcional. Por quase meio século, até os anos de 1950 e 1960, o funcionalismo
estrutural reinou absoluto na antropologia britânica (...).

Características básicas
1) Analogia orgânica. A sociedade é supostamente como um organismo biológico, com estruturas e
funções comparáveis ao coração, aos pulmões e ao sangue. É neste contexto que o modelo estrutural-funcional às
vezes é conhecido humoristicamente como a Teoria Social do Grande Animal.
2) Orientação da ciência natural. Os funcionalistas estruturais estavam completamente comprometidos
com um modelo de ciência natural da sociedade. A vida social era considerada empírica, ordenada e padronizada
e, portanto, passível de um estudo científico rigoroso e positivista.
75)
3) Território conceitual estreito. Em grande medida, os funcionalistas estruturais partilhavam o ponto de
vista segundo o qual suas investigações deveriam se restringir à estrutura social (ou sociedade) e seus subsistemas,
como a família, a economia, a comunidade política (...).
4) Unidade funcional, indispensabilidade e universalidade. Presumia-se que todas as instituições e papéis
da sociedade estavam claramente mesclados, que as estruturas e instituições existentes em qualquer sociedade
particular continham funções indispensáveis sem as quais ruiria, e que estas estruturas e funções, ou os seus
equivalentes, eram encontradas em todas as sociedades saudáveis.
5) Antirreducionismo. (...) a escola britânica geralmente se opunha a explicações tiradas de outras
disciplinas, nomeadamente a psicologia. A premissa subjacente era a de que a antropologia social provia um tipo
de explicação, preocupado explícita e exclusivamente com a estrutura social, com o qual nenhuma outra disciplina
lidava. (...)
6) A importância do parentesco e da família. Presumiu-se que, nas sociedades pré-industriais, onde a
maioria dos antropólogos britânicos fizera o seu trabalho de campo, um subsistema ou instituição tinha maior
impacto do que qualquer outro. Este era o sistema de parentesco. (...)
7) Equilíbrio. Pensava-se não só que a sociedade fosse altamente padronizada, mas também que estivesse
em estado de equilíbrio, caracterizada pela harmonia, por um sistema de valor central e pela consistência interna.
Quando ocorriam distúrbios, existiam mecanismos para se restabelecer o equilíbrio social.
76)
8) Análise estática. Dado o pressuposto acerca do equilíbrio, segue-se que a sociedade exibia estabilidade
em longo prazo. Em outras palavras, convidava a uma análise estática (e conservadora) e não a uma que fosse
dinâmica.
9) Anti-histórica. Em parte por causa do equilíbrio e da estabilidade presumidos, e em parte por causa da
suposição de que o passado é incognoscível nas sociedades sem registros escritos, o funcionalismo estrutural não
incentivava uma perspectiva histórica.
10) Orientação de trabalho de campo. Talvez até mais do que no caso do particularismo histórico, os
funcionalistas estruturais foram totalmente dedicados à pesquisa observacional (...), de primeira mão.

1
Nota do docente: também designado estrutural-funcionalismo ou apenas funcionalismo.

Você também pode gostar