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Agrupamento de Escolas de Mértola

Escola Básica e Secundária 2,3/S de Sebastião de Mértola

10º Ano de Escolaridade da Turma A do Ensino Secundário

A Arte Gótica
Arquitetura / Pintura / Escultura

Fig. 1 - Basílica de Saint-Denis


Rita Dias Jacob, Nº 14

Mértola
Março de 2024
Agrupamento de Escolas de Mértola
Escola Básica e Secundária 2,3/S de Sebastião de Mértola

10º Ano de Escolaridade da Turma A do Ensino Secundário

A Arte Gótica
Arquitetura / Pintura / Escultura

Rita Dias Jacob, Nº 14

Disciplina: História A
Docente: Maria Romão

Mértola
Março de 2024
Escola Básica e Secundária de Mértola A Arte Gótica

Índice Geral:

1. Introdução........................................................................... Pág. 5-6

2. A Arquitetura Gótica.......................................................... Pág. 7-10


2.1. A Arquitetura Gótica em Portugal..........................................Pág. 11
3. A Pintura Gótica................................................................ .Pág. 12-13

4. A Escultura Gótica............................................................. Pág. 14


5. Conclusão / Autoavaliação............................................... Pág. 15
6. Bibliografia / Webgrafia..................................................... Pág. 16

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Índice de Imagens:

Fig.1 - https://beminparis.com/basilica-de-saint-denis-a-necropole-dos-reis-da-franca

Fig.2 - https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-gotica/

Fig.3 - https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-gotica/

Fig.4 - https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-gotica/

Fig.5 - https://klublr.com/pta/ros%C3%A1cea-da-catedral-de-chartres

Fig.6 - https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-gotica/

Fig.7 -https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-gotica/

Fig.8 - https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/mosteiro-dos-jeronimos

Fig. 9 - https://www.viveromundo.org/visitar-o-mosteiro-de-alcobaca/

Fig.10 - https://raquelfbaup.wordpress.com/2016/11/02/polipticos/

Fig.1 - https://culturalizando.blog/2021/03/25/giotto-o-artista-que-revolucionou-a-arte-medieval/

Fig.12 - https://www.khm.at/en/objectdb/detail/96174/

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1. Introdução

A Arte Gótica refere-se ao estilo arquitetónico e artístico que se desenvolveu na


Europa na última fase da Idade Média (séculos XII e XIV), num período de
transformação social onde se observou a superação da sociedade feudal e o surgir de
novos centros de poder acompanhados pela ascensão da burguesia e de uma
economia fundamentada no comércio. Era abrangente nas cidades e centros
urbanísticos, sendo considerada uma reação ao estilo românico com o objetivo de
rivalizar com os mosteiros e basílicas rurais, uma vez que Deus continua a ser o centro
do universo, a Igreja a sua representante na terra, mas a relação entre ambos se liberta
do medo e consequentemente da economia de subsistência praticada até então no
campo.
Surgida na França, mais concretamente na Île-de-France, próxima de Paris, a Arte
Gótica evoluiu num ambiente rico em rochas calcárias e de alta qualidade, adequadas
para serem esculpidas.
Entre cerca de 1140 e 1144 esta arquitetura vertical, nasce da reedificação da
abadia real de Saint-Denis que sentia a urgente necessidade de ser expandida. Deste
modo foram demolidas as pesadas paredes, aumentadas as janelas diminutas,
dispersando a luz “de Deus” que preencheria a igreja de maneira figurada e literal.
Acabada a reconstrução, nasce o que viria a ser a primeira obra gótica da história.
A partir deste momento, as cidades francesas começaram a competir entre si
através da reconstrução e construção de igrejas inspiradas no novo estilo, originando o
fluxo crescente das construções mais emblemáticas da sociedade atual. São exemplo:
a fachada da catedral de Chartres, Notre-Dame de Paris, a catedral de Reims, Notre-
Dame de Amiens e a catedral de Beauvais.
Posteriormente, a Arte Gótica Clássica expande-se para Inglaterra, Alemanha e
Polônia. Atinge tardiamente (já nos finais do século XV) a Espanha e a Itália, mas de
forma mais modesta, sendo intitulada nestas zonas como o “Gótico Flamejante” que
não possui tanta criatividade como o anterior. Portugal não é exceção, e é abrangido
pelo estilo artístico na forma de “Gótico Manuelino” onde as características do Gótico
Flamejante são substituídas por elementos náuticos que remetem para a expansão
marítima que Portugal enfrentava nessa época.

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Contudo, a ascensão deste movimento foi apenas possível após a solidificação das
monarquias, o que permitiu o desenvolvimento comercial e o urbano, favorecendo o
crescimento das cidades.
A Arte Gótica assinala o triunfo das cidades, onde a Igreja, através das ostentosas
catedrais, percebe ter o apoio dos fiéis para o investimento das mesmas, simbolizando
explicitamente o poder político que a Igreja assume sobre a sociedade medieval.
O termo gótico foi utilizado pela primeira vez pelo teórico Georgio Vasari, na Itália,
no século XVI. Tinha inicialmente um significado negativo, associado à noção
pejorativa que se tinha do género devido a uma associação do termo aos godos, um
povo bárbaro (obscuro tal como a estética do movimento gótico) que invadiu e destruiu
Roma, em 410.
Mais tarde o nome foi incorporado, perdeu o caráter ininteligível e ficou associado à
arquitetura dos arcos curvilíneos.
Serão as catedrais a explicitarem a beleza do ideal divino, porém, mais tarde, a
estética gótica transcende o universo da arquitetura e associasse à pintura, escultura,
literatura e aos vitrais.

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2. A Arquitetura Gótica

A Arquitetura Gótica, em destaque, a catedral gótica, representava o interesse


prioritário da Época medieval: a fé cristã. O esplendor de uma catedral significava uma
Cidadela Celestial, onde as almas virtuosas residiriam depois da morte, enaltecendo o
poder da imortalidade divina sobre as limitações terrenas.
Neste contexto, a edificação de novas e grandiosas igrejas coexiste com: o orgulho
dos bispos e burgueses ao maravilhar o mundo atrás das suas muralhas avistadas a
vastos quilómetros de distância; e os ensinamentos da filosofia escolástica, que
enquadrava harmoniosamente todo o saber e que afirmava a possibilidade de se
chegar a Deus não só pela fé, como também pela razão.

Fig. 2 – Estrutura de uma catedral gótica

A verticalidade das edificações revela claramente as transformações do gosto e do


pensamento, traduzidos em plano arquitetónico com a introdução de novos elementos:
a abóbada sustentada por uma cruzaria ogival, a utilização do arco quebrado em vez
do arco de volta perfeita (arco românico), o emprego do arcobotante e dos contrafortes.
As estruturas que suportam a abóbada e que se intersectam em X, fraturando-se em
quatro partes, intitulam-se de arestas/nervuras e reúnem o ponto mais alto da estrutura.
Exteriormente foram adicionados suportes externos, os arcobotantes, com o objetivo de
resistir à pressão exercida. A ponta do arco ogival tem uma leveza que aumenta a
impressão de elevação e o seu sentido, tal como é visível na figura 2. Surge deste
modo a ideia de distância evocativa celeste, acentuada pelo facto de, no interior da
catedral não ser vísivel o sistema técnico e apenas pelo exterior poder ser verificado o

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seu mecanismo oferecendo uma ideia suprema, quase miraculosa, sobre a construção
do edifício.

Fig. 3 – Todas as abóbadas utilizadas

O interior é em forma de Cruz latina, Figura 4, onde a parte longitudinal, por


motivos religiosos, se dirige no sentido Leste-Oeste de forma que o altar-mor ficasse
onde nasce o sol. É dividida em três naves, onde a central é a maior em altura e
largura, comparada às restantes. Entre a nave e o coro, cruza o transepto, o braço
mais curto da cruz, pouco saliente em relação ao corpo longitudinal da catedral.

Fig. 4 – Planta da Catedral de Amiens

Na zona alta da Basílica e em toda a capela-mor, estendem-se janelas de lancetas,


com vitrais figurativos da época. Filtrada pelos vitrais coloridos, a luz difunde-se no
interior da catedral criando uma atmosfera luminosa que transmite ao visitante um
sentimento de êxtase e contacto com o outro mundo. Porém todos os detalhes das
figuras eram também uma forma de ensinar à população analfabeta a doutrina cristã e
a verdade da fé, já que era através da luz que provinham os dons de Deus.

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O exterior da catedral gótica apresenta aberturas, portais, janelas, rosáceas, arcos,


estátuas, oferecendo à construção o efeito aéreo desejado. As torres construídas são
também elas que parecem agarrar e soltar para o céu todas as linhas do edifício.
A fachada é ainda descrita com três portais que dão acesso às três naves da igreja.
A parte superior da fachada é caracterizada pela grande rosácea circular (figura 5)
dividida como se fosse uma roda, simbolizando simultaneamente: o sol, devido à sua
forma circular e Maria devido à rosa.

Fig. 5 – Rosácea da Catedral de Chartres

Outra grande característica das igrejas góticas é a ligação entre a estrutura


arquitetónica e as esculturas, as estátuas, os baixos-relevos, os floreados das agulhas,
das pilastras e dos contrafortes, que tinham como objetivo deliciar as ordens
monásticas, em particular as de Cluny, de Cister e os beneditinos, bem como os laicos,
soberanos e nobres que edificavam palácios e fortalezas.
A arquitetura religiosa serviu como exemplo para o desenvolvimento civil de:
castelos, casas, palácios e pontes. Nas cidades fortificadas era também comum o traço
urbano irregular com ruas estreitas e tortuosas, dando um ar obscuro às mesmas.
Um memorável exemplo deste estilo é a Catedral de Notre-Dame (figura 6), em
Paris, que apresenta 127 metros de comprimento, 48 metros de largura e 35 metros de
altura. A sua fachada é dividida em três níveis, que destacam ainda mais as suas duas
torres, com 69 metros cada.

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Fig. 6 – Fachada de Notre Dame

Outro exemplo é a Catedral de Milão (figura 7) que demorou cerca de 600 anos a
ser construída, possuindo 157 metros de comprimento, 109 de largura e 45 de altura.
Foi considerada a terceira maior Igreja do estilo, depois da Basílica de São Pedro, no
Vaticano, e a Catedral de Sevilha. Composta por 3400 peças é considerada um museu
a céu aberto.

Fig. 7 – Catedral de Milão

2.1. A Arquitetura Gótica em Portugal

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A Arquitetura Gótica surge em Portugal com a construção do mosteiro beneditino de


Alcobaça (figura 9) no século XII. Porém o que predominava era o estilo românico e
apenas no final do século XV é que surge o estilo nacional português, o manuelino,
considerado a combinação das formas flamejantes com as hispano-flamengas
castelhanas. A obra mais representativa do estilo português é o Mosteiro dos
Jerónimos (figura 8) muito influenciado pelos descobrimentos marítimos portugueses
que tiveram lugar naquela época. A sua originalidade era também caracterizada por
motivos: Naturalistas; Marítimos; Símbolos Nacionais.

Fig. 8 – Mosteiro dos Jerónimos

Fig. 9 – Mosteiro de Alcobaça

3. A Pintura Gótica

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A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XIII, XIX e no início do século XX. Ao
contrário de outras épocas da história da arte, este movimento não possuiu o mesmo
papel fundamental.
A maioria das catedrais não necessitavam de decoração pictórica uma vez que
existia a preponderância dos espaços vazios sobre os cheios. Contudo, Itália foi
exceção uma vez que não alcançou um nível de movimento vertical como as igrejas
francesas, inglesas e alemãs, mantendo o gosto característico pela pintura de morais
em ciclos de tema religioso.
Nesta época medieval, observa-se maioritariamente a difusão das pinturas sobre
madeira. As altas classes sociais, como nobres e ricos burgueses, encomendavam
pequenos retábulos portáteis de carácter religioso. Já o clero, encomendava, para os
altares das igrejas, pinturas extensas que podiam ser dobradas em várias partes
(políptico). O políptico, representado na figura 10, é o método predominante da pintura
gótica e a manifestação mais característica da mesma. Cada painel é emoldurado por
um agudo arco quebrado – estrutura que relembra as janelas góticas. O mundo exterior
nunca é retratado como ele realmente o é, uma vez que o artista tenta alcançar uma
imagem de beleza, quietude e equilíbrio, à parte do pecado e dor cotidianos.

Fig. 10 – A Anunciação, Simone Martini, 1333, galeria Uffizi, Florença

No século XII, um dos grandes autores das obras religiosas foi Giovanni Gualteri,
conhecido como Cimabue. Que procurava oferecer movimento às figuras dos anjos e
santos que pintava, através das formas e do corpo dos mesmos. Cimabue foi ainda
mestre de Giotto, que viria a ser o prodígio da pintura gótica.

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Ambriogiotto Bondone, Giotto (1267-1337), era caracterizado pelo seu traço que
associava figuras celestiais a seres humanos de aparência vulgar, mas que possuíam
destaque central na maioria das suas obras. Toda a sua visão humanista ganha
apenas destaque anos mais tarde, na época do Renascimento.

Fig. 11 – Assunção de São João Evangelista, Giotto

A pintura gótica, independentemente do seu autor, procurava transmitir o mesmo


naturalismo e simbolismo religioso da escultura e da arquitetura.
Além dos morais de Giotto, o movimento era também desempenhado em menores
dimensões e nos ditos retábulos. Pintores como Hubert Van Eyck (1366-1426) e o seu
irmão Jan Van Eyck (1390-1441) procuravam o detalhe nas roupas das figuras e nos
elementos da natureza. Uma obra onde Jan reflete perfeitamente o registo precioso
dos detalhes é no seu quadro “Nossa Senhora de Chanceler Rolin”, onde realiza um
trabalho de perfectiva, documentada numa paisagem urbana.

4. A Escultura Gótica

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A escultura gótica também expressa o desejo de verticalidade, de ascensão divina.


Contudo, esboça o naturalismo, atribuindo movimento e vida às esculturas, as quais
são, quase sempre, um complemento à arquitetura que ilustram os ensinamentos
propostos pela doutrina da Igreja.
Encontram-se geralmente no exterior das catedrais. As suas representações são
fiéis ao que pretendem ilustrar, quer nas expressões faciais, quer nas proporções mais
alongadas das mesmas. Possuem verticalidade absoluta e transmissão de
ziguezagues que articulam a mensagem de cada estatueta. Relembrando que
originalmente as estátuas eram pintadas, oferecendo uma visão paradisíaca da
imagem divina da figura, portanto a mesma ideia é mantida através do detalhe
trabalhado manualmente.

Fig. 12 – Madonna de Krummau, Viena

5. Conclusão / Autoavaliação

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Em suma, a arte gótica representa um período conturbado da história da arte,


caracterizado pela sua grandiosa expressão arquitetónica, pelas esculturas detalhadas
e pelos vitrais divinos, onde a verticalidade e a luz etérea dominaram toda a narrativa
visual.
Penso que se tenha tornado obvia a vontade de transmissão espiritual dos artistas
góticos bem como a eternização dos mesmos devido à habilidade técnica e dedicação
que possuíam. Foram capazes de transcender o tempo e o espaço, e continuam a
inspirar e a impressionar milhões de visitantes e artistas séculos depois de criarem as
suas obras, deste modo, a arte gótica não só foi um capítulo importante da história da
arte, como também um testemunho duradouro da criatividade e devoção humana.
É importante relembrar que surgiu na Época Medieval, e atravessou quase todas as
suas oscilações. Desde o período económico de ascensão, refletido no fluxo de
catedrais construídas em determinado espaço do tempo, até à luta contra a tenebrosa
Trilogia Negra, onde os ambientes imundos e obscuros predominaram com a estética
conturbada do estilo artístico.
Teve um impacto vitalício na cultura europeia que permanece em constante evolução
até aos dias de hoje. Assim sendo, é importante preservar o legado do passado, de
forma a precaver as mudanças e necessidades do futuro.

 Autoavaliação: 15 valores

6. Bibliografia / Webgrafia

 “Como Reconhecer a Arte Gótica” de Maria Cristina Gozzoli


 “O melhor da Arte Gótica 2” de Marisa Melero Moneo

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 https://www.todamateria.com.br/arte-gotica/
 https://ensina.rtp.pt/artigo/gotico/
 https://www.significados.com.br/arte-gotica/
 https://www.culturagenial.com/arte-gotica/
 https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-gotica/
 https://run.unl.pt/bitstream/10362/45937/5/4%20Anexo%20-%20O%20estilo
%20manuelino.pdf
 https://raquelfbaup.wordpress.com/2016/11/02/polipticos/
 https://culturalizando.blog/2021/03/25/giotto-o-artista-que-revolucionou-a-arte-
medieval/

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