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INTRODUÇÃO

O aborto é um tema complexo e profundamente debatido em todo o


mundo. É uma questão que evoca fortes emoções, levantando discussões
intensas e dividindo opiniões. Trata-se de uma decisão pessoal e íntima, que
envolve considerações éticas, morais, religiosas, e até mesmo de saúde pública.
A legalização ou a proibição do aborto tem sido objeto de análises, debates
políticos e lutas sociais por décadas. Importa realçar que o Aborto é o
procedimento médico ou cirúrgico que interrompe uma gravidez antes do feto
ter condições de sobreviver fora do útero. É um tema complexo e controverso,
neste trabalho iremos explorar o assunto do aborto sob várias perspetivas,
analisando suas implicações legais, éticas e sociais.

Entender as razões por trás da legalização ou proibição do aborto é


essencial para uma análise completa e imparcial desse tópico. Embora existam
países que tenham optado por legalizar o aborto em determinadas
circunstâncias, outros mantêm políticas restritivas ou mesmo a proibição total.
Compreender a diversidade das abordagens legais e os fundamentos por trás
delas nos permitirá explorar o impacto dessas políticas na autonomia reprodutiva,
nos direitos das mulheres e na saúde pública.

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formulação do problema

Como a legalização do aborto pode impactar nos índices de aborto clandestino


e na saúde e nos direitos das mulheres?

Justificativo

É com imenso prazer que, aceitamos abordar essa temática virada sobre o
aborto, este trabalho servirá como meio de avaliação da primeira prova parcelar
na cadeira de “Medicina Legal.

Objetivo geral: Analisar a questão do aborto sob diferentes perspectivas,


considerando os aspectos éticos, legais, sociais e de saúde.

Objetivos específicos:

1. Investigar as diferentes legislações e políticas e opiniões relacionadas


ao aborto em diferentes países, comparando as abordagens dos autores.

2. Analisar os argumentos éticos e morais em torno do aborto,


considerando diferentes pontos de vista filosóficos, religiosos e culturais.

3. Avaliar as consequências sociais e econômicas do aborto, examinando


os impactos nas famílias, nas comunidades e na sociedade como um todo.

4. Investigar as implicações para a saúde da mulher em casos de aborto,


analisando os riscos associados e as condições em que o procedimento é
realizado de forma segura.

Metodologia de pesquisa

Nas nossas pesquisas usamos a metodologia quantitativa de pesquisa


visa explicar através de uma investigação sistêmica dos fenômenos observáveis
através da coleta de dados digitais, analisados utilizando métodos baseados em
técnicas matemáticas, estatísticas ou computacionais

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CAPÍTULO Iº FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Etimologicamente a palavra aborto, isto é, o termo “ab-ortus”, traduz a
idéia de privar do nascimento, vez que, “Ab” equivale à privação e “ortus” a
nascimento. Entretanto, o termo aborto provém do latim “aboriri”, significando
“separar do lugar adequado”, e conceitualmente é: “a interrupção da gravidez
com ou sem a expulsão do feto, resultando na morte do nascituro.

A história do aborto remonta a milhares de anos e tem sido objecto de


discussões em diferentes culturas e sociedades ao longo do tempo. As opiniões
e percepções sobre o aborto foram variadas, influenciadas por fatores como
contextos religiosos, filosóficos, legais e éticos.

Na Grécia Antiga, por exemplo, o filósofo Aristóteles acreditava que a vida


começava no momento da concepção, e o aborto era considerado inaceitável. Já
o filósofo Platão defendia que o aborto era justificável em certas circunstâncias,
como quando a mãe corria risco de vida.

No mundo islâmico, as opiniões sobre o aborto variam entre as diferentes


escolas de pensamento jurídico. Enquanto algumas escolas permitem o aborto
em certas circunstâncias, como a saúde da mãe estar em perigo, outras
consideram o aborto inaceitável em todas as situações.

No contexto ocidental, as visões sobre o aborto mudaram ao longo dos


séculos. Durante a Idade Média, a Igreja Católica condenou o aborto como um
pecado, porque em 1869 a Igreja Católica declarou que o feto possui alma, e por
isto passou a condenar o aborto e os métodos contraceptivos Durante a Era
Vitoriana, na Inglaterra, o aborto era ilegal, mas muitas mulheres buscavam
opções clandestinas e perigosas.

No século XX, movimentos feministas surgiram e levantaram questões


sobre o controle do corpo e a autonomia reprodutiva das mulheres. Um dos
marcos desse debate foi a publicação do livro "Our Bodies, Ourselves" que

significa Nossos Corpos por Nós Mesmas” em 1970, que abordava a saúde e os
direitos das mulheres, incluindo o acesso ao aborto seguro e legal.

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Diversos autores e defensores têm estudado e escrito sobre o tema do
aborto ao longo dos anos. Alguns exemplos de autores importantes incluem:

1-Judith Jarvis Thomson: por sua vez, aborda a questão do aborto


através de analogias e conceitos hipotéticos. Em seu famoso ensaio "Um
argumento para o direito ao aborto", Thomson utiliza a analogia da "pessoa
faminta" para ilustrar seu ponto de vista. Ela argumenta que mesmo que
consideremos o feto como uma pessoa com direitos, o direito à vida não pode
ser absoluto e incondicional. Thomson defende que o direito da mulher à
autonomia e à integridade do corpo também deve ser levado em consideração,
especialmente em casos de gravidez resultante de estupro ou quando a vida da
mãe está em risco.

2- Mary Anne Warren: Em seu trabalho "On the Moral and Legal Status
of Abortion" (1973), Warren explora os critérios para determinar a moralidade do
aborto e argumenta que o feto não possui o mesmo status moral de uma pessoa
autônoma.Para, Mary Anne Warren adota uma abordagem baseada em critérios
para determinar a moralidade do aborto. Ela argumenta que o feto não possui os
atributos necessários para ser considerado uma pessoa plena, como
consciência, autoconsciência, raciocínio e capacidade de se relacionar
socialmente. Portanto, ela defende que o aborto é moralmente aceitável, pois não
infringe os direitos de uma pessoa.

3. Peter Singer: Em sua obra "Practical Ethics" (1979), Singer discute a


questão do aborto, enfatizando a importância de considerações sobre a
qualidade de vida da mulher, bem como os interesses do feto. Peter Singer é um
defensor da ética utilitarista e argumenta que o valor moral de um feto depende
de sua capacidade de sofrer e ter consciência. Ele defende que o aborto pode
ser justificado em certas circunstâncias, como quando o feto ainda não
desenvolveu essas capacidades, ou quando a vida da mãe está em risco. Singer
também enfatiza a importância do bem-estar da mulher e sua autonomia na
tomada de decisões reprodutivas.

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1.1. O enquadramento jurídico do aborto em Angola

A legislação atual que trata do aborto em Angola é regida pelo Código Penal
angolano. Nos termos dos artigos 154º, 155º,156º,157º & 158º.

Destaca que em na legislação angolana entende que o aborto é considerado


crime, no artigo 154º nº1. Elucida que, quem interromper a gravidez de uma
mulher sem o seu consentimento é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos,
mas, importa realçar que existe três excepções.

1.2 As excepções estão previstos nos termos do artigo 156º


do Código Penal Angolano.

Este artigo enaltece a extinção sobre a responsabilidade e Atenuação especial


da pena, pois, não há responsabilidade penal quando a interrupção da gravidez,
realizada a pedido ou com o consentimento da mulher grávida;

a) Constituir o único meio de remover o perigo de morte ou da lesão e


irreversível para a integridade física ou psíquica;
b) For medicamento atestado que o feto é inviável;
c) A gravidez resultar de crime contra a liberdade e autodeterminação sexual
e a interrupção se fizer nas primeiras 16 semanas de gravidez.

Nota: A pena estabelecida no nº1 do artigo 154º do CPA. é especialmente


atenuada quando:

a) - A interrupção se mostrar indicada para evitar o perigo de mal ou lesão


grave e duradoiros para a integridade física ou psíquica da mulher grávida e a
interrupção se fazer nas primeiras 16 semanas de gravidez.

b) - Houver fortes razões para prever que o nascituro virá a sofrer doença
grave ou malformação incuráveis e a interrupção se fizer nas primeiras 24
semana de gravidez.

Nesses casos, o aborto pode ser realizado desde que seja realizado por
um médico em estabelecimento de saúde autorizado e com o consentimento da

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mulher. Além disso, em alguns casos, pode ser necessária a autorização de um
comitê médico.

É importante destacar que, apesar de haver exceções permitidas por lei,


o acesso aos serviços de saúde reprodutiva, incluindo o aborto seguro, pode ser
limitado em algumas áreas do país. Isso pode resultar em riscos para a saúde e
a vida das mulheres que buscam interromper uma gravidez indesejada.

Recomenda-se buscar aconselhamento médico e jurídico adequado para


obter informações atualizadas sobre os direitos e as opções relacionadas ao
aborto em Angola.

1.3. Os países que já legalizaram o aborto

Os países que já legalizaram o aborto variam em termos de legislação,


permissões e restrições. Aqui estão alguns exemplos de países onde o aborto é
legal:

1. Canadá: O aborto é legal em todo o país desde 1988, sem restrições


ou requisitos específicos.

2. Estados Unidos: O aborto é legalizado em todos os estados, seguindo


a decisão histórica da Suprema Corte no caso Roe v. Wade em 1973.

3. Reino Unido: O aborto é permitido até 24 semanas de gestação, com


algumas restrições após esse período.

4. Alemanha: O aborto não é considerado ilegal se realizado dentro das


primeiras 12 semanas de gestação, mas requer aconselhamento obrigatório.

5. França: O aborto é permitido até 12 semanas de gestação, com


algumas restrições após esse período.

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CAPÍTIULO IIº Quanto aos países que estão em vias de
legalizar o aborto
Quanto aos países que estão em vias de legalizar o aborto, é importante
mencionar que a legislação e os debates estão em constante evolução. Alguns
países que estão considerando mudanças na legislação do aborto são:

1. Argentina: Em dezembro de 2020, a Argentina aprovou a legalização


do aborto, permitindo-o até a 14ª semana de gestação.

2. Irlanda: Em 2018, a Irlanda realizou um referendo histórico, resultando


na revogação de uma emenda constitucional que proibia o aborto. Agora, o
aborto é legalizado até 12 semanas de gestação.

3. México: Alguns estados mexicanos, como a Cidade do México, têm


legislação mais permissiva em relação ao aborto, enquanto outros estados ainda
possuem restrições.

2.1. Os países que não permitem a legalização do aborto.

1. Questões religiosas e morais: Em muitos países, o aborto é proibido


devido a crenças religiosas e morais. A concepção é considerada um momento
em que a vida começa, e interrompê-la é visto como um ato moralmente errado
ou pecaminoso.

2. Interesses pró-vida: Grupos e organizações pró-vida argumentam que


o feto tem o direito à vida desde a concepção, e, portanto, se opõem à legalização
do aborto em nome da proteção do feto.

3. Preocupações com a saúde das mulheres: Alguns países proíbem o


aborto por considerarem que essa medida protege a saúde e o bem-estar das
mulheres. Acreditam que a legalização do aborto poderia levar a complicações
médicas e até mesmo à morte das mulheres.

Existem vários países ao redor do mundo que têm leis restritivas em


relação ao aborto ou que proíbem totalmente a prática. Alguns exemplos de
países que negam ou limitam o acesso ao aborto incluem:

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1. Malta: Malta é conhecida por ter uma das leis mais restritivas do mundo
em relação ao aborto. Lá, o aborto é proibido em todas as circunstâncias,
independentemente dos riscos para a saúde da mulher ou da gravidez resultar
de estupro ou incesto. Essa posição é influenciada principalmente pela forte
influência da Igreja Católica no país.

2. El Salvador: Em El Salvador, o aborto é proibido em todas as


circunstâncias, inclusive quando a vida da mãe está em risco. Mulheres que
abortam ilegalmente podem enfrentar penas de prisão, mesmo em casos de
abortos espontâneos.

3. Honduras: Honduras também proíbe o aborto em todas as


circunstâncias, inclusive quando a vida da mãe está em perigo. Essa posição é
influenciada por uma forte influência religiosa e cultural.

4. Polônia: A Polônia tem uma lei bastante restritiva em relação ao aborto.


A prática é permitida apenas em casos de risco à vida da mãe, anomalias fetais
graves ou quando a gravidez resulta de estupro ou incesto. Recentemente, houve
uma tentativa de proibir o aborto em casos de anomalias fetais graves, o que
gerou protestos em todo o país.

5- Angola: Angola também proíbe o aborto em todas circunstâncias, no


novo Código Penal Angolano, mas existe algumas excepções, ou seja, o aborto
é permitido apenas em casos de risco à vida da mãe.

As razões pelas quais esses países não legalizam o aborto podem variar,
mas geralmente envolvem questões religiosas, culturais, éticas e políticas. A
discussão em torno do aborto é complexa e envolve diferente perspetivas e
valores em diferentes sociedades. É importante ressaltar que existem países com
legislações mais liberais em relação ao aborto, onde a prática é permitida em
certas circunstâncias.

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2.2. AS VANTAGENS E AS DESVANTAGENS DO ABORTO.

A importância do aborto varia de acordo com a perspetiva de cada


indivíduo e da legislação de cada país. Para alguns, a legalização do aborto é
vista como uma questão de direitos reprodutivos e autonomia da mulher sobre
seu próprio corpo. Defensores argumentam que a opção de interromper uma
gravidez indesejada pode ser necessária em casos como risco à saúde da mãe,
má formação fetal, estupro ou incesto.

Entre as vantagens percebidas da legalização do aborto estão a redução


de abortos clandestinos e inseguros, que podem causar danos à saúde e até
mesmo levar à morte das mulheres envolvidas. A legalização também permite
que as mulheres tenham acesso a serviços de saúde adequados,
aconselhamento e apoio emocional durante o processo.

Por outro lado, as desvantagens do aborto são frequentemente discutidas


por aqueles que são contra sua legalização. Argumentos baseados em
perspetivas religiosas e morais afirmam que a vida começa na conceção e,
portanto, interromper a gravidez seria equivalente a tirar uma vida humana. Além
disso, algumas pessoas acreditam que a legalização do aborto pode levar a uma
desvalorização da vida humana e a uma cultura de irresponsabilidade sexual.

As leis sobre o aborto variam amplamente em diferentes países. Alguns


países permitem o aborto sob condições específicas, como risco à saúde da mãe,
má formação fetal ou gravidez resultante de estupro. Em outros países, o aborto
é totalmente legalizado e acessível mediante solicitação da mulher. Por outro
lado, em alguns lugares, o aborto é proibido ou restrito, podendo ser
criminalizado e sujeito a penalidades legais.

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CONCLUSÃO

Depois das nossas pesquisas concluímos que, o aborto é um tema


complexo que envolve diversos aspectos, desde questões de saúde e direitos
humanos até considerações éticas e religiosas. O enquadramento jurídico do
aborto na legislação angolana reflete as opiniões e valores da sociedade, mas
também afeta a vida e a saúde das mulheres. Portanto, é fundamental avaliar
cuidadosamente as implicações da atual legislação e considerar a possibilidade
de mudanças que levem em conta a segurança e o bem-estar das mulheres
angolanas.

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BIBLIOGRAFIA
1- Código Penal Angolano.
2- MATIELO, Fabrício Zamprogna. Aborto e o Direito Penal. 3ª edição. Porto
Alegre: sagra-DC Luzzatto editores.1996.
3- DE BARCHIFONTEINE. Christian de Paul. Em defesa da vida
humana.ed.Loyola.ed.15ª 1999.

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