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ARTIGO DE OPINIÃO

Prof. Caio Vitor M. Miranda

 Esfera argumentativa;
 Objetiva persuadir o leitor, deixando clara a tese defendida;
 Apresenta três partes internas: exposição do fato motivador,
interpretação do tema e opinião;
 Verbos no presente e marcas da subjetividade (1a pessoa do singular);
 Presença de título;
 Dois parágrafos, pelo menos;

ARGUMENTOS

 Causa e consequência
 Exemplificação/fato;
 Histórico
 Autoridade/citação;
 Estatístico/ provas concretas

TEMOS, ASSIM, A SEGUINTE ESTRUTURA:

Contextualização + tese
Argumentação – de preferência, dois tipos de argumentos;
Ponderação + refutação (usar conjunções de ressalva)
Conclusão – NADA DE INTERVENÇÃO

MODELOS ANALISADOS

Exemplo 1
A Necessidade das Diferenças

De acordo com a Teoria da Evolução, criada pelo cientista inglês Charles Darwin, o
que possibilita a formação do mundo como conhecemos hoje, foi a sobrevivência dos
mais aptos ao ambiente. A seleção se baseia na escolha das características mais úteis
e não nas diferenças. É do conhecimento geral que alguns governos totalitários
promoveram e promovem genocídios por considerarem determinadas raças inferiores.

Do meu ponto de vista, se no âmbito biológico, as variações são imprescindíveis à


vida, no sociológico, não pode ser diferente. Uma vez todos iguais, seríamos atingidos
pelos mesmos problemas, sem perspectivas de resolução, já que todas ideias e
problemas seriam semelhantes bem como todas as formas de ação para solucioná-
los.
Obviamente, nem todas as diferenças, são benéficas. Por exemplo, a diferença entre
as classes sociais, como é hoje na sociedade brasileira, uma das mais acentuadas do
mundo, não podem ser concebíveis. Para somar a diferença social, é importante uma
distribuição de renda mais igualitária, aliada a oportunidade de trabalho, educação e
saúde para todos.
Mas há quem se baseia nestas diferenças, para excluir os menos favorecidos, há atos
que entraram para a história, como exemplos de vergonha para a humanidade, basta
lembrar do Holocausto imposto pelos nazistas aos judeus na Alemanha ou a matança
dos curdos do Iraque promovido pelo ex-ditador daquele país.

Dessa forma, devemos nos conscientizar, de que somos todos iguais em espécie, mas
conviver com as diferenças, por difícil que pareça, nos enriquece como pessoas.
Nossos esforços devem ser voltados contra discriminações vis, como racismos e
perseguições religiosas, que apenas nos desqualificam como seres humanos.

Legenda com o significado das cores


Relato da polêmica 
Ponto de vista em relação à polêmica 
Argumentos que sustentam o ponto de vista:
Argumentos dos opositores 
Conclusão

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Exemplo 2

Veja aqui um novo artigo de opinião a respeito de um assunto polêmico que é o


uso do boné e do celular em sala de aula.

Uma Proibição Necessária

Um assunto que vem despertando a atenção não só da comunidade acadêmica, mas


da sociedade como um todo, é a proibição do uso de celulares e bonés pelos
estudantes na sala de aula. A discussão acirrou-se após a restrição do uso desses
objetos em algumas escolas. Apesar da polêmica instaurada, cremos que a vedação é
a melhor solução.

No que se refere ao celular, a proibição do seu uso em sala de aula é uma medida que
se harmoniza com o ambiente em que o estudante está. A sala de aula é um local de
aprendizagem, onde o discente deve se esforçar ao máximo para extrair do professor
os conhecimentos da matéria. Nesse contexto, o celular é um aparelho que só vem
dificultar a relação ensino-aprendizagem, visto que atrapalha não só quem atende,
mas todos os que estão ao seu redor.
Quanto ao boné, a restrição de seu uso em sala de aula se deve a uma questão de
educação e respeito pela figura do mestre. Deve-se ter em mente que o professor -
assim como os pais e as autoridades religiosas - merece todo o respeito no exercício
do seu ofício, que é o de transmitir conhecimentos. Do mesmo modo que é mal-
educado sentar-se à mesa com um chapéu na cabeça, assistir a uma aula usando um
boné também o é.
Por outro lado, alguns entendem que o Estado não poderia proibir os celulares e
bonés em sala de aula, visto que violaria o direito da pessoa de ir e vir com seus bens.
Entretanto, devemos ter em mente que não existe direito absoluto, todos são relativos.
E sempre que há um conflito entre eles, deve-se realizar uma ponderação de valores,
a fim de determinar qual prevalecerá. No caso em análise, o direito da coletividade
(alunos e professores) prevalece sobre o direito individual de usar o celular ou o boné
na sala de aula.
Desse modo, percebe-se que há razoabilidade nos objetivos pretendidos pela
proibição, visto que beneficia toda a comunidade acadêmica. Os estudantes devem se
conscientizar que escola é sinônimo de aprendizagem, e que todo esforço deve ser
feito para valorizar o processo de ensino e a figura do professor.
LEGENDA COM O SIGNIFICADO DAS CORES

Relato da polêmica 
Ponto de vista em relação à polêmica (TESE)
Argumentação    - Argumentos que sustentam o ponto de vista  
Argumentos dos opositores 
Conclusão
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PARA PRATICAR:

PREVENIR OU REMEDIAR?, Por Cassildo Souza(*)

Entre os debates mais intensos que permeiam a sociedade atual, uma questão
que não pode ser colocada em segundo plano certamente é a descriminalização do
aborto. Os que defendem tal legalidade afirmam que, uma vez aprovada, a lei
priorizaria o acesso a métodos seguros de extração, em caso de gravidez indesejada,
com a justificativa se preservar a vida da mãe. Porém, o caminho mais coerente seria
incentivar a prevenção, ao invés de se alimentar a prática de um crime na mais
aceitável significação da palavra.
Vivemos em um mundo rodeado de informações, e as campanhas promovidas
pelos órgãos de saúde competentes, se não são ideais, também não permitem alegar-
se a falta de conhecimento a respeito do assunto. Por ano, são distribuídos milhões de
camisinhas e outros mecanismos capazes de evitar que o indesejado (quase sempre
inesperado) aconteça. Se, mesmo assim, o índice de adolescentes que dão a luz
cresce assustadoramente a cada ano, com a possibilidade de o aborto tornar-se legal,
isso aumentaria numa velocidade ainda maior.
Não sendo bem-sucedidas como deveriam, as estratégias de conscientização
para se prevenir a gravidez, como em qualquer outra campanha, devem evoluir; outros
meios devem ser criados. Podemos citar que algumas doenças foram erradicadas no
passado, por terem sido combatidas veementemente. Descriminalizar o aborto, além
de constituir uma motivação para o descompromisso com a vida, atesta a
incapacidade do Estado para resolver questões sérias e urgentes.
A atitude mais sensata é sempre eliminar o problema em sua origem, em
qualquer que seja a situação. Não podemos mais conceber, a essa altura, a
recorrência a mecanismos imediatistas para sanar algo que poderia ter sido suprimido
no passado. Os exemplos do insucesso estão em toda a parte: por não investirmos em
educação é que corremos atrás de bandido, vivemos inúmeras epidemias e, para
completar, ainda queremos permitir a castração de uma vida, antes mesmo de ser
concretizada.

CADA INDIVÍDUO É RESPONSÁVEL POR SUA CONDUTA, de Cassildo Souza

Atribuir à sociedade como um todo a culpa por certos comportamentos


errôneos não parece, em minha maneira de pensar, uma atitude sensata.
Costumamos ouvir por aí coisas do tipo “O Brasil não tem mais jeito”, “O povo
brasileiro é corrupto por natureza”, “Todas as pessoas são egoístas” e frases afins.
Essa é uma visão já cristalizada no pensamento de boa parte de nosso povo.
Entretanto, se há equívocos, se existem erros, se modos ilícitos são
verificados, eles sempre terão partido de um indivíduo. Mesmo que depois essas
práticas se propaguem, somente serão contaminados por elas aqueles que assim o
desejarem. Uma corporação que, por exemplo, está sob investigação criminal em
decorrência da ação de alguns de seus componentes, não estará necessariamente
corrompida em sua totalidade. Aliás, a meu juízo, isso é quase impossível de
acontecer.
É preciso compreender que nem todo mundo se deixa influenciar por ações
fraudulentas. De repente o que alguém acha interessante pode ser considerado
totalmente inviável por outra pessoa e não acredito que seja justo um ser humano ser
responsabilizado apenas por fazer parte de um grupo “contaminado”, mesmo sem ele,
o cidadão, ter exercido qualquer coisa que comprometa a sua idoneidade moral.
Todos sabemos que um indivíduo é constituído suficientemente para pagar por
suas falcatruas. Por isso, não concordo que haja julgamento geral. É preciso que
saibamos separar o bom do ruim, o honesto do corrupto, o bom-caráter do mau-
caráter, o dissimulado do verdadeiro. Todos têm consciência do que seja certo ou
errado e devem carregar sozinhos o fardo de terem sido desleais, incorretos e
vulgares, sem manchar a imagem daqueles que, por vias do destino, constituem
certas facções que não apresentam, totalitariamente, uma conduta legal.

O CONTRASTE ATUAL DAS CHUVAS, de Aquarius Pluvis

No regime de sobrevivência de qualquer sociedade a água é tida como um dos


elementos indispensáveis. Em sociedades antigas, como a Egípcia ou a
Mesopotâmica, as chuvas eram recebidas com festas, uma vez que ocasionavam a
cheia dos rios e assim a fartura das pessoas que viviam em suas proximidades.
Atualmente, não podemos atribuir um caráter tão alegre às chuvas, ao menos
em grande parte do Brasil. Em função da falta de planejamento nos sistemas
imobiliário e de infra-estrutura, um processo chuvoso que deveria naturalmente ser
benéfico e não causar danos acabou se transformando em um dos principais
problemas para as pessoas que viviam nas cidades atingidas. Em função da
dificuldade de escoamento das águas das chuvas, diversos centros urbanos chegam a
ficar completamente alagados durante períodos chuvosos. Tais alagamentos, aliados
ás enchentes, trazem consigo não apenas prejuízos físicos (destruição de casas,
deixando milhares de pessoas desabrigadas), mas também danos biológicos ao
homem, uma vez que contribuem para a proliferação de doenças, especialmente
através de transporte de lixo e de substancias infectadas por causadores de
enfermidades, que por sua vez podem até causar a morte. É interessante notar que as
regiões mais atingidas pelos fenômenos acima citados configuram-se em grandes
centros.
Desta maneira, deve-se promover um estudo mais aprofundado que auxilie na
dinâmica habitacional crescente, de maneira a evitar que água fique impossibilitada de
ser escoada. Nas áreas que já sofrem com o problema, devem ser construídas obras
que solucionem o mesmo, tais como os córregos, que servem para transportar a água
das chuvas.

ADEQUANDO-SE A NOSSO TEMPO, de Catolicis Matrimonus

Assunto complexo é que envolve a discussão sobre o casamento para padres


apostólicos romanos, um absurdo para alguns extremistas, mas que tem despertado
interesse da sociedade, principalmente após o conhecimento de que, apenas no
Brasil, existem mais de 7 mil sacerdotes em situação de matrimônio ou união estável.
Opinar sobre tão complexa matéria é deveras um desafio, no entanto,
enquanto cidadãos, temos o direito e especialmente o dever de nos posicionarmos.
Sabemos que a Santa Igreja Católica baseia-se em princípios e dogmas milenares, os
quais respeito profundamente, mas é preciso, dada a nossa realidade, rever alguns
desses preceitos, e o casamento envolvendo seus padres é um deles. Quando um
individuo é ordenado sacerdote, acaba concordando em dedicar-se exclusivamente à
obra de Deus, o que inclui também não relacionar-se de forma conjugal. No entanto, o
simples fato de constituir uma orientação milenar não deve servir de argumento para
não considerar a revisão de tais conceitos.
Tradições podem ser quebradas, sim. Não nego jamais a capacidade dos
membros do Vaticano em tomar decisões acertadas, mas a realidade nos mostra
traumas profundos que a Igreja tem sofrido nos últimos tempos, isso para não
resgatarmos as atrocidades que a história remonta. Atos de pedofilia e casamentos
ocultos são só alguns exemplos, o que torna a Instituição vulnerável. A proibição do
matrimônio para sacerdotes gera uma série de outros erros, pois quando sentem a
necessidade de estar ao lado de alguém, o fazem sem o devido consentimento de
seus superiores e, assim, agem contra suas próprias concepções.
Não há - nem haveria por quê - qualquer empecilho entre um padre casar,
constituir família, gerar filhos e continuar exercendo seu ofício. Em outras religiões,
sem querer fazer comparações, isso é perfeitamente viável. É melhor rever certos
preceitos do que alimentar hipocrisias, uma vez que os erros cometidos são concretos.
Caso contrário, os membros da Igreja continuarão a desviar-se dos dogmas, mesmo
que ocultamente, por serem homens comuns e terem as mesmas necessidades físicas
e psicológicas de qualquer outra pessoa, ainda que tenham jurado servir somente à
Igreja. O casamento direcionado aos padres seria, na certa, uma decisão
revolucionária, sábia e benéfica à firme manutenção do Cristianismo.

DANDO UM ROLÊ POR AQUI, de Theo Alves

A classe média brasileira, egressa há pouquíssimo tempo de camadas


socioeconômicas mais sofridas, se assusta com muita facilidade. Há uma tendência ao
escândalo e à indignação vazia. Os “rolezinhos”, fenômeno social que inaugurou 2014,
é prova desse desespero constante da classe média. De repente, mil, dez mil, 20 mil
jovens aparecem não se sabe de onde nem como em lugares públicos em teoria, mas
privados na prática, como os shoppings. E o que essa horda amealhada através das
redes sociais deseja? A resposta é simples: se divertir.
Como quaisquer adolescentes, os meninos e as meninas dos rolezinhos
querem se divertir. Sem embasamento filosófico, sociológico ou antropológico, mas
embalados pela música ruim do funk ostentação, esse é um grupo que denota a
maneira como veem a vida: o que importa é se divertir, é “causar”. Se as praias e
outros espaços aparentemente mais democráticos não são mais, há anos, o Eldorado
da diversão da classe média, por que os menos abastados continuariam relegados
aos espaços a que foram tangidos? Eles exigem, mesmo sem a clareza da força que
fazem, o espaço que lhes é (ou deveria ser) também de direito.
Enquanto isso, a classe média sonha com a distância que a classe A mantém
dela: assim como os médios olham para cima para ver os mais abastados, esses
médios também querem que alguém os veja de baixo, e assim vociferam através de
uma polícia que age como um destacamento de capitães do mato. A classe média
reclama, exige, que o fosso entre ela e os menos abastados seja mantido largo e
profundo, mas como conter esse grupo que começou a perceber que, de direito, esses
espaços também lhe pertencem?
Os shoppings fecham suas lojas, a polícia arrebenta os guris com cassetetes e
sprays de pimenta e as moças de bom grado se horrorizam com os moleques que se
sentam para pedir os itens mais baratos do cardápio das mesmas redes de fast food
em que elas gastam muito.
Estou longe de ser sociólogo ou antropólogo: estou mais para lorotólogo
mesmo, mas quando vejo o pessoal do rolezinho, me custa crer na organização de um
movimento e acabo apostando mais na modinha Facebook, ainda que isso não
signifique dizer que o rolezinho não tenha importância social. Creio que isso deixará
marcas muito maiores que a orquestração do tal gigante sonâmbulo de 2013 numa
sociedade que precisa compreender que os espaços são tomados quando se tenta
excluir quem também é dono. Espero mesmo que esse seja um sintoma espontâneo
desse reconhecimento de direitos de classe, ainda que despido de filosofias basilares,
e que a galera do rolezinho possa fazer deste momento algo significativo para nosso
tempo.

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