Você está na página 1de 24

1

2LIVRO
TEÓRICO
ENTRE
TEXTOS
iNTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS

LINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIAS
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral,
com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totali-
zando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla,
de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a
aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENCIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2023
Todos os direitos reservados.

Coordenador-geral
Murilo de Almeida Gonçalves

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Editora

Editoração eletrônica
Letícia de Brito
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


Raphael de Souza Motta

Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
Pixabay (https://www.pixabay.com)

ISBN
978-85-9542-258-2

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo
por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a in-
clusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo,
fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens pub-
licadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não rep-
resentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2023
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
SUMÁRIO

ENTRE TEXTOS
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
AULA 5: FUNÇÕES DE LINGUAGEM (PRÁTICA) 006
AULA 6: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA I 010
AULA 7: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA II 018
AULA 8: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA (PRÁTICA) 021
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
Competência 1

H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.
Competência 2

H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.


H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.

Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.
Competência 3

H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para
H11
diferentes indivíduos.

Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.
Competência 4

H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e
H14
étnicos.

Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função,
Competência 5

organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.


H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.

Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constitu-
Competência 6

ição de significados, expressão, comunicação e informação.


H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.

Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
Competência 7

H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção,
H24
chantagem, entre outras.

Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da
Competência 8

própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social,
Competência 9

no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tec-
nologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Dentre os temas abordados neste ca- As maiores ocorrências no vestibular da


derno, o de maior incidência no ENEM Fuvest são regência verbal e normas pa-
é o uso de tempos verbais. Os demais drão e coloquial. É comum que a prova
temas são de aplicação bastante es- exija do candidato conhecimentos sobre
porádica. aspectos morfossintáticos. Convém aten-
tar-se sobre advérbios, tempos e vozes
verbais.

Como uma prova transversal, a exigência Vê-se maior incidência de temas que se Bastante objetivo, o vestibular da Unesp
de conhecimentos tende a se alargar a orientam sobre os processos de forma- exige domínio acerca dos sentidos deno-
outros assuntos. Dessa maneira, é com- ção de palavras e a utilização das vozes tativos e conotativos que uma palavra
preensível que se veja os significados verbais. No mais, assuntos como a apli- pode ter em determinado contexto, além
textuais que a mudança de classes de cação de classes de palavras em determi- da compreensão de classes gramaticais.
palavras, a pontuação ou mesmo aspec- nados contextos surgem com frequência. Tempos verbais e suas aplicações tam-
tos coesivos podem provocar bém são frequentes.
no texto.

Nesse vestibular, aspectos semânticos de Os temas de maior incidência são a com- Concordâncias verbal e nominal, regên- Bastante direto e objetivo, o vestibular
um termo dentro de seu contexto são o preensão conotativa e denotativa de ter- cia e aspectos sintáticos na dinâmica da Santa Casa faz exigências de com-
ponto de partida para a resolução das mos no âmbito de determinado texto e de um texto aparecem com frequência preensão sobre vozes verbais e classes
questões. Também, poderá ser exigido do o uso das pontuações para a construção nas provas. De igual modo, as diferentes gramaticais. É seguro, então, entender os
candidato compreender as possibilidades de sentido. Além disso, temas que atra- situações que conduzem a pontuação procedimentos textuais que configuram
de variação linguística. vessam conhecimentos a respeito das também aparecem com frequência. as especificidades destes temas. Tam-
classes gramaticais. bém, a atenção à pontuação
é uma constante.

CMMG
CIÊNCIAS MÉDICAS

A prova da UEL cobra conhecimentos A Semântica é trabalhada em contexto, Questões que exigem conhecimentos
gramaticais apenas na segunda fase. sempre em comparação e por relações de sobre elementos coesivos e figuras de
Questões que associam a semântica à equivalência. Além disso, questões objeti- linguagem, bem como aspectos se-
interpretação de textos literários são co- vas que abordem a Morfologia do portu- mânticos que podem aparecer em um
muns, além de um trabalho mais direcio- guês podem, também, aparecer com uma texto, seja por expressões denotativa ou
nado à formação de palavras e às classes grande incidência. conotativa.
gramaticais (substantivo, adje-
tivo e verbo).

O uso de vozes verbais e os processos Os temas de maior incidência são classes Essa prova é bastante flexível no que diz
de formação de palavras. Igualmente, o de palavras e pontuação. Por isso, com- respeito aos temas que aborda. Faz exi-
sentido de determinado tempo verbal na preender aspectos morfológicos e recur- gências sobre tempos e modos verbais,
dinâmica textual, bem como os prejuízos sos coesivos é essencial para a resolução elementos coesivos e funções sintáticas.
que a mudança de um modo verbal a de suas questões. Apesar disso, de modo geral, suas questões
outro pode provocar a um texto. são bastante objetivas.
FUNÇÕES DA 2. (Unichristus - Medicina 2022)
LINGUAGEM
(PRÁTICA)

LC COMPETÊNCIA(s)
5

AULA HABILIDADE(s)
15, 16 e 17

5
O texto anterior é usado com o objetivo de influenciar
o comportamento do receptor da mensagem. Isso evi-
dencia a presença da função
a) conativa.
b) fática.
Aplicando para Aprender (A.P.A.) c) metalinguística.
d) poética.
1. (Enem 2022) Assentamento e) expressiva.
Zanza daqui 3. (Pucgo Medicina 2022) Leia o texto a seguir, consi-
Zanza pra acolá
derando o emprego das linguagens verbal e não verbal:
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora
Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora
Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Alexandre Beck, na construção de sua tirinha, tendo
Amplidão, nação, sertão sem fim
em vista a intencionalidade de sua mensagem, utiliza
Ó Manuel, Miguilim
recursos linguísticos que evidenciam uma função de lin-
Vamos embora
guagem. O autor reforça a presença da função (marque
BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998 (fragmento).
a única alternativa correta)
Nesse texto, predomina a função poética da linguagem. a) apelativa, pois o objetivo do emissor é persuadir
Entretanto, a função emotiva pode ser identificada no seu interlocutor sobre a dificuldade de escrever histó-
verso: rias em quadrinhos.
a) “Zanza pra acolá”. b) emotiva, pois o emissor coloca em evidência suas
 VOLUME 2

b) “Fim de feira, periferia afora”. emoções em relação à composição de quadrinhos.


c) “A cidade não mora mais em mim”. c) poética, o texto verbal aborda os elementos estéti-
d) “Onde só vento se semeava outrora”. cos da composição de histórias em quadrinhos.
e) “Ó Manuel, Miguilim”. d) metalinguística, pois o personagem tece comentá-
rios sobre a construção do gênero textual quadrinhos.

6  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


4. (Esa 2022) Observe a tira do Calvin a seguir.

A função da linguagem predominante na fala de Calvin, por testar o canal de contato com outra pessoa, é a:
a) conativa (apelativa).
b) metalinguística.
c) poética.
d) denotativa.
e) fática.

5. (Enem PPL 2021) Anatomia No sábado, recebi um embrulho complicado que neces-
sitava de um manual de instruções para ser aberto.
Qual a matéria do poema?
A fúria do tempo com suas unhas e algemas? [...] De repente, como vem acontecendo nos últimos
tempos, houve um corte na memória e vi diante de mim
Qual a semente do poema? o meu primeiro estojo escolar. Tinha 5 anos e ia para o
A fornalha da alma com os seus divinos dilemas? jardim de infância.
Qual a paisagem do poema? Era uma caixinha comprida, envernizada, com uma tam-
A selva da língua com suas feras e fonemas? pa que corria nas bordas do corpo principal. Dentro, ar-
rumados em divisões, havia lápis coloridos, um aponta-
Qual o destino do poema?
dor, uma lapiseira cromada, uma régua de 20 cm e uma
O poço da página com suas pedras e gemas?
borracha para apagar meus erros.
Qual o sentido do poema? [...] Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que
O sol da semântica com suas sombras pequenas? nunca esqueci e que me tonteava de prazer. [...]
Qual a pátria do poema? O notebook que agora abro é negro e, em matéria de
O caos da vida e a vida apenas? cheiro, é abominável. Cheira vilmente a telefone celular,
CAETANO, A. Disponível em: www.antoniomiranda.com.br. a cabine de avião, a aparelho de ultrassonografia onde
Acesso em: 27 set 2013 (fragmento). outro dia uma moça veio ver como sou por dentro. Acho
Além da função poética, predomina no poema a função que piorei de estojo e de vida.
metalinguística, evidenciada CONY, C. H. Crônicas para ler na escola.
São Paulo: Objetiva, 2009 (adaptado).
a) pelo uso de repetidas perguntas retóricas.
b) pelas dúvidas que inquietam o eu lírico. No texto, há marcas da função da linguagem que nele
c) pelos usos que se fazem das figuras de linguagem. predomina. Essas marcas são responsáveis por colocar
d) pelo fato de o poema falar de si mesmo como lin- em foco o(a)
guagem. a) mensagem, elevando-a à categoria de objeto esté-
e) pela prevalência do sentido poético como inquie- tico do mundo das artes.
tação existencial. b) código, transformando a linguagem utilizada no
texto na própria temática abordada.
6. (Enem 2021) Estojo escolar
c) contexto, fazendo das informações presentes no
Rio de Janeiro – Noite dessas, ciscando num desses texto seu aspecto essencial.
canais a cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas ele- d) enunciador, buscando expressar sua atitude em
trônicas, bastava telefonar e eu receberia um notebook relação ao conteúdo do enunciado.
 VOLUME 2

capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma estação e) interlocutor, considerando-o responsável pelo dire-
espacial. ciona mento dado à narrativa pelo enunciador.
[...] Como pretendo viajar esses dias, habilitei-me a
comprar aquilo que os caras anunciavam como o top do
top em matéria de computador portátil.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  7


7. (Enem 2020) Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o De acordo com as intenções comunicativas e os recur-
poema de mais longa gestação em toda a minha obra. sos linguísticos que se destacam, determinadas funções
Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha são atribuídas à linguagem. A função que predomina
os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nesse texto é a conativa, uma vez que ele
nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” a) atua sobre o interlocutor, procurando convencê-lo a
ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação realizar sua escolha de maneira consciente.
uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o b) coloca em evidência o canal de comunicação pelo uso
de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vin- das palavras “corrige” e “confirma”.
te anos depois, quando eu morava só na minha casa c) privilegia o texto verbal, de base informativa, em detri-
da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, mento do texto não verbal.
da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha d) usa a imagem como único recurso para interagir com o
feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me público a que se destina.
de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: e) evidencia as emoções do enunciador ao usar a imagem
“Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha de uma criança.
a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas 9. (Enem 2019) O Instituto de Arte de Chicago dispo-
fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstân- nibilizou para visualização on-line, compartilhamento
cias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desa- ou download (sob licença Creative Commons), 44 mil
bafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema imagens de obras de arte em altíssima resolução, além
saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de de livros, estudos e pesquisas sobre a história da arte.
mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço,
Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso
toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai
das coleções on-line de acesso aberto, além de demo-
desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não
cratizar a arte, vem ajudando a formar um novo públi-
de uma forma imperfeita neste mundo de aparências’,
co museológico. Grosvenor acredita que quanto mais
uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de
pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas pes-
Ciro, e sim a “minha” Pasárgada. soais acontecerão aos museus.
BANDEIRA, M. Itinerário da Pasárgada. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984 A coleção está disponível em seis categorias: paisagens
urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda
Os processos de interação comunicativa preveem a pre- e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da
sença ativa de múltiplos elementos da comunicação, en- obra, estilo, autor ou período. Para navegar pela ima-
tre os quais se destacam as funções da linguagem. Nes- gem em alta definição, basta clicar sobre ela e utilizar a
se fragmento, a função da linguagem predominante é ferramenta de zoom. Para fazer o download, disponível
a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de an- para obras de domínio público, é preciso utilizar a seta
gústia que o levaram à criação poética. localizada do lado inferior direito da imagem.
b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do Disponível em: www.revistabula.com.
nome empregado em um famoso poema de Bandeira. Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).
c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre
A função da linguagem que predomina nesse texto se
a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.
d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos caracteriza por
de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira. a) evidenciar a subjetividade da reportagem com base na
e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores fala do historiador de arte.
sobre sua dificuldade de compor um poema. b) convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o a
conhecer as obras de arte.
8. (Enem digital 2020) c) informar sobre o acesso às imagens por meio da descri-
ção do modo como acessá-las.
d) estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a
fazer o download das obras de arte.
e) enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da
possibilidade de visualização on-line.

10. (Enem 2018) Deficientes visuais já podem ir a al-


gumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior
intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tare-
fa é o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e
disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou
Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fi de cine-
mas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve
o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em
andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em
 VOLUME 2

seu celular.
O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Uni-
versidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas
de cinema já oferecem o recurso e filmes de grandes
estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”,

8  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia - ponta de cigarro;
para o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São - poeira de varrição de casa;
Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetácu- - fio de cabelo e pelo de animais;
los deles! Isso já é um avanço. Concorda?” - tinta que não seja à base de água;
Disponível em: http://veja.abril.com.br. - querosene, gasolina, solvente, tíner.
Acesso em 25 jun. 2014 (adaptado).
Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles,
Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo
como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem ser
com a intenção do emissor, a linguagem apresenta fun-
levados a pontos de coleta especiais, que darão a desti-
ções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função
referencial da linguagem, porque há a presença de ele- nação final adequada.
mentos que MORGADO, M.; EMASA. Manual de etiqueta.
Planeta Sustentável, jul.-ago. 2013 (adaptado).
a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do apli-
cativo. O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do
b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da foco no interlocutor, que caracteriza a função conativa
autora. da linguagem, predomina também nele a função refe-
c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação rencial, que busca
emotiva. a) despertar no leitor sentimentos de amor pela na-
d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem tureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que
denotativa. beneficiarão a sustentabilidade do planeta.
e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorren- b) informar o leitor sobre as consequências da desti-
do a uma indagação. nação inadequada do lixo, orientando-o sobre como
fazer o correto descarte de alguns dejetos.
11. (Enem digital 2020)
c) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo,
mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do au-
tor do texto em relação ao planeta.
d) estabelecer uma comunicação com o leitor, procu-
rando certificar-se de que a mensagem sobre ações
de sustentabilidade está sendo compreendida.
e) explorar o uso da linguagem, conceituando deta-
lhadamente os termos utilizados de forma a propor-
cionar melhor compreensão do texto.

13. (Enem 2ª aplicação 2014) O telefone tocou.

– Alô? Quem fala?


– Como? Com quem deseja falar?
– Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
– É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
– Não se lembra mais da minha voz, seu Samuel? Faça
um esforço.
– Lamento muito, minha senhora, mas não me lembro.
Nessa simulação de verbete de dicionário, não há a pre- Pode dizer-me de quem se trata?
dominância da função meta linguística da linguagem, ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro:
como seria de se esperar. Identificam-se elementos que José Olympio, 1958 (fragmento).
subvertem o gênero por meio da incorporação marcan-
Pela insistência em manter o contato entre o emissor e
te de características da função
o receptor, predomina no texto a função
a) conativa, como em “(valeu, galera)!”.
b) referencial, como em “é festejar o próprio ser.” a) metalinguística.
c) poética, como em “é a felicidade fazendo visita.” b) fática.
d) emotiva, como em “é quando eu esqueço o que não c) referencial.
importa.” d) emotiva.
e) fática, como em “é o dia que recebo o maior número e) conativa.
de ligações no meu celular.”
14. (Enem 2015) Exmº Sr. Governador:
12. (Enem 2015) 14 coisas que você não deve jogar na
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela
privada
Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.
Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que con-
tamina o ambiente e os animais. Também deixa mais [...]
 VOLUME 2

difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns


produtos podem causar entupimentos: ADMINISTRAÇÃO
- cotonete e fio dental; Relativamente à quantia orçada, os telegramas custa-
- medicamento e preservativo; ram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro conside-
- óleo de cozinha; rável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefei-

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  9


tura do interior não ponha no arame, proclamando que TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históri- Leia o trecho do livro Bem-vindo ao deserto do real!, de
cas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos Slavoj Žižek, para responder à(s) questão(ões) a seguir.
os acontecimentos políticos são badalados. Porque se
Numa antiga anedota que circulava na hoje falecida Re-
derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou
pública Democrática Alemã, um operário alemão conse-
pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. es-
gue um emprego na Sibéria; sabendo que toda corres-
ticou a canela - um telegrama.
pondência será lida pelos censores, ele combina com
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929. os amigos: “Vamos combinar um código: se uma carta
estiver escrita em tinta azul, o que ela diz é verdade;
GRACILlANO RAMOS se estiver escrita em tinta vermelha, tudo é mentira.”
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962. Um mês depois, os amigos recebem uma carta escrita
em tinta azul: “Tudo aqui é maravilhoso: as lojas vivem
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na
cheias, a comida é abundante, os apartamentos são
época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado
grandes e bem aquecidos, os cinemas exibem filmes
ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o
do Ocidente, há muitas garotas, sempre prontas para
texto chama a atenção por contrariar a norma prevista
um programa – o único senão é que não se consegue
para esse gênero, pois o autor
encontrar tinta vermelha.” Neste caso, a estrutura é
a) emprega sinais de pontuação em excesso. mais refinada do que indicam as aparências: apesar de
b) recorre a termos e expressões em desuso no por- não ter como usar o código combinado para indicar que
tuguês.
tudo o que está dito é mentira, mesmo assim ele con-
c) apresenta-se na primeira pessoa do singular, para
conotar intimidade com o destinatário. segue passar a mensagem. Como? Pela introdução da
d) privilegia o uso de termos técnicos, para demons- referência ao código, como um de seus elementos, na
trar conhecimento especializado. própria mensagem codificada.
e) expressa-se em linguagem mais subjetiva, com for- (Bem-vindo ao deserto do real!, 2003.)
te carga emocional. 16. (Unesp 2018) A “introdução da referência ao código,
15. (Enem PPL 2014) Há o hipotrélico. O termo é novo, como um de seus elementos, na própria mensagem co-
de impensada origem e ainda sem definição que lhe dificada” constitui um exemplo de
apanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, a) eufemismo.
que vem do bom português. Para a prática, tome-se b) metalinguagem.
hipotrélico querendo dizer: antipodático, sengraçante c) intertextualidade.
d) hipérbole.
imprizido; ou talvez, vicedito: indivíduo pedante, im-
e) pleonasmo.
portuno agudo, falta de respeito para com a opinião
alheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, 17. (Fuvest 2004) Observe, a seguir, esta gravura de
e, como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em Escher:
não tolerar neologismos, começa ele por se negar no-
minalmente a própria existência.
ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2001 (fragmento).

Nesse trecho de uma obra de Guimarães Rosa, depreen-


de-se a predominância de uma das funções da lingua-
gem, identificada como
a) metalinguística, pois o trecho tem como propósi-
to essencial usar a língua portuguesa para explicar a
própria língua, por isso a utilização de vários sinôni-
mos e definições.
b) referencial, pois o trecho tem como principal obje-
tivo discorrer sobre um fato que não diz respeito ao Na linguagem verbal, exemplos de aproveitamento de
escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira recursos equivalentes aos da gravura de Escher encon-
pessoa. tram-se, com frequência,
c) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa de a) nos jornais, quando o repórter registra uma ocor-
estabelecimento de conexão com o leitor, por isso o rência que lhe parece extremamente intrigante.
emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome-se hipo- b) nos textos publicitários, quando se comparam dois
trélico”. produtos que têm a mesma utilidade.
 VOLUME 2

d) poética, pois o trecho trata da criação de palavras c) na prosa científica, quando o autor descreve com
novas, necessária para textos em prosa, por isso o isenção e distanciamento a experiência de que trata.
emprego de “hipotrélico”. d) na literatura, quando o escritor se vale das palavras
e) expressiva, pois o trecho tem como meta mostrar a para expor procedimentos construtivos do discurso.
subjetividade do autor, por isso o uso do advérbio de e) nos manuais de instrução, quando se organiza com
dúvida “talvez”. clareza uma determinada sequência de operações.

10  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


18. (Enem PPL 2018) “Escrever não é uma questão ape- d) nominalização, produzida por meio de processos
nas de satisfação pessoal”, disse o filósofo e educador derivacionais na formação de palavras, como “infe-
pernambucano Paulo Freire, na abertura de suas Cartas riorização” e “desvalorização”.
a Cristina, revelando a importância do hábito ritualizado e) adjetivação, organizada para criar uma termino-
da escrita para o desenvolvimento de suas ideias, para logia antirracista, como em “ética da diversidade” e
a concretização de sua missão e disseminação de seus “descolonização estética”.
pontos de vista. Freire destaca especial importância à
escrita pelo desejo de “convencer outras pessoas”, de 20. (Enem 2017) TEXTO I
transmitir seus pensamentos e de engajar aqueles que
o leem na realização de seus sonhos. Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa
KNAPP, L. Linha fina. Comunicação Empresarial, n. 88, out. 2013. nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as
Segundo o fragmento, para Paulo Freire, os textos de- classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição porque
vem exercer, em alguma medida, a função conativa, nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou
porque a atividade de escrita, notadamente, possibilita e consagrou.
a) levar o leitor a realizar ações. LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa.
b) expressar sentimentos do autor. Rio de Janeiro: José Olympio. 1989.
c) despertar a atenção do leitor.
d) falar da própria linguagem. TEXTO II
e) repassar informações.
Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As pala-
19. (Enem 2018) A imagem da negra e do negro em pro- vras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sen-
dutos de beleza e a estética do racismo sualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade
Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a repre- real não tem para mim interesse de nenhuma espécie
sentação da população negra, especialmente da mulher – nem sequer mental ou de sonho –, transmudou-se-me
negra, em imagens de produtos de beleza presentes em o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais,
comércios do nordeste goiano. Evidencia-se que a pre- ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal pá-
sença de estereótipos negativos nessas imagens disse- gina de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem for-
mina um imaginário racista apresentado sob a forma de migar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me
uma estética racista que camufla a exclusão e normali-
raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível
za a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as) na socie-
que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria
dade brasileira. A análise do material imagético aponta
a desvalorização estética do negro, especialmente da perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como
mulher negra, e a idealização da beleza e do branquea- um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.
mento a serem alcançados por meio do uso dos pro- PESSOA, F. O livro do desassossego. São Paulo: Brasiliense, 1986.
dutos apresentados. O discurso midiático-publicitário
dos produtos de beleza rememora e legitima a prática A linguagem cumpre diferentes funções no processo de
de uma ética racista construída e atuante no cotidiano. comunicação. A função que predomina nos textos I e II
Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho antir- a) destaca o “como” se elabora a mensagem, consi-
racismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o derando-se a seleção, combinação a sonoridade do
uso de estratégias para uma “descolonização estética” texto.
que empodere os sujeitos negros por meio de sua valo- b) coloca o foco no “com o que" se constrói a men-
rização estética e protagonismo na construção de uma sagem, sendo o código utilizado o seu próprio objeto.
ética da diversidade. c) focaliza o “quem" produz a mensagem, mostrando
Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, di- seu posicionamento e suas impressões pessoais.
versidade. d) orienta-se no “para quem” se dirige a mensagem,
SANT'ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza estimulando a mudança de seu comportamento.
e a estética do racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens e) enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, apre-
Interdisciplinar. Versão digital. Abaetetuba, n. 16. jun. 2017 (adaptado). sentada com palavras precisas e objetivas.
O cumprimento da função referencial da linguagem é
uma marca característica do gênero resumo de artigo
acadêmico. Na estrutura desse texto, essa função é es-
Gabarito
tabelecida pela 1. C 2. A 3. D 4. E 5. D
a) impessoalidade, na organização da objetividade das
informações, como em “Este artigo tem por finalidade” 6. D 7. C 8. A 9. C 10. D
e “Evidencia-se”.
 VOLUME 2

b) seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do 11. C 12. B 13. B 14. E 15. A


texto, como em “imaginário racista” e “estética do
negro”. 16. B 17. D 18. A 19. A 20. B
c) metaforização, relativa à construção dos sentidos
figurados, como nas expressões “descolonização esté-
tica” e “discurso midiático-publicitário”.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  11


VARIAÇÃO § uso frequente da omissão de palavras;

LINGUÍSTICA I Exemplo:
Eu vou com minha mãe e com meu pai; empresta

LC
o seu caderno?

COMPETÊNCIA(s)
§ formas contraídas;
5
Exemplo:

AULA HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
prof, med, refri, facul

6 § afastamento das regras gramaticais;

Exemplo:
Eu vi ele.
§ possibilidade de adequar o discurso de acordo com as
reações dos ouvintes.
b. Língua escrita: recorre a sinais de pontuação e de
acentuação para exprimir os recursos rítmicos e melódicos

1. Variação linguística da oralidade:


§ uso de descrições ricas;
A variação linguística é a diversificação dos sistemas de uma
língua em relação às possibilidades de mudança de seus ele- § obedece às regras gramaticais com maior rigor;
mentos (vocabulário, fonologia, morfologia, sintaxe). § sinais de pontuação e acentuação para transmitir a ex-
pressividade oral;
1.1. Linguagem formal versus § frases longas, apesar de também poder usar frases curtas;
linguagem informal § uso de vocabulário mais amplo e cuidadoso;
a. Norma culta/padrão: é a denominação dada à varieda- § conectivos e estruturas sintáticas para garantir a coe-
de linguística dos membros da classe social de maior prestí- são textual.
gio dentro da classe literária.
Observação: não se trata da única forma correta. 1.3. Variação diatópica
b. Linguagem informal/popular: é a denominação dada Também conhecida como variação regional ou variação
à variedade linguística utilizada no cotidiano e que não exige geográfica, ocorre quando percebemos que a linguagem
a observância total da gramática. apresenta variações de acordo com o espaço em que ela
é operada. É verificável não apenas entre estados (Rio de
1.2. Língua falada versus língua escrita Janeiro × São Paulo), mas também entre regiões em um
mesmo estado (interior de São Paulo × periferia de São
a. Língua falada/oral: dispõe de um número incontável de
Paulo × litoral de São Paulo). É por meio dessa variação
recursos rítmicos e melódicos – entonação, pausas, ritmo, flu-
que estudamos também os sotaques ou dialetos interiora-
ência, gestos – porque, claro, o emissor (pessoa que fala ou
nos (como o dialeto caipira).
transmite uma mensagem numa dada linguagem) está pre-
sente fisicamente. Algumas das características principais são:
Exemplos:
§ frequência da ocorrência de repetições, hesitações e bor-
I. Diferença de nomes entre regiões para um mes-
dões de fala (“Pois, eu aaa... eu acho que... pronto, não
mo objeto/item (mandioca × macaxeira × aipim).
 VOLUME 2

sei...“, “Cara, o que é isso, cara?“);


II. Diferença de caracteres morfológicos, sintáti-
§ frases curtas;
cos ou semânticos entre regiões (usos de “tu”
§ frases inacabadas, porque foram cortadas ou inter- no litoral de São Paulo × usos de “você” na ca-
rompidas; pital de São Paulo).

12  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


1.4. Variação diacrônica
Também conhecida como variação histórica, ocorre quan-
do percebemos que a linguagem apresenta variações de
acordo com o tempo em que ela é operada. Parte-se do
pressuposto que a linguagem é um sistema vivo, constan-
temente mutável, e que seu uso apresenta variações em
três âmbitos:
§ na passagem entre gerações (avós, pais e filhos que uti-
lizam linguagens diferentes);
§ na evolução tecnológica (as novas tecnologias fazem
com que as pessoas passem a utilizar novos termos
linguísticos);
§ nos textos arcaicos (textos que, mesmo pertencendo a
nosso idioma, nos trazem certa dificuldade de compre-
ensão pelo fato de estarem muito afastados temporal-
mente. Um exemplo disso seria o texto Auto da barca
do inferno, de Gil Vicente, que por estar escrito em por-
tuguês medieval, apresenta muitas diferenças fonológi-
cas em relação ao português contemporâneo).

1.5. Variação diastrática


Também conhecida como variação social, ocorre quando
percebemos que a linguagem apresenta variações por con-
ta de dois fatores mais gerais:
§ fatores socioeconômicos (uma pessoa que, por ques-
tões financeiras, é obrigada a abandonar o espaço es-
colar para trabalhar e ajudar no sustento do lar, pode
apresentar, no futuro, dificuldades no uso da gramática
normativa, por exemplo).
§ uso de socioleto (na linguística, um socioleto é a va-
riante de uma língua falada por um grupo social, uma
classe social ou subcultura. É também entendida como
cada uma das variedades de uma língua usada pelos
grupos de indivíduos que, tendo características sociais
em comum (profissão, passatempos, geração etc.),
usam termos técnicos, ou gírias, ou fraseados que os
distinguem dos demais falantes na sua comunidade).
 VOLUME 2

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  13


VARIAÇÃO § A linguagem escrita costuma ser entendida como um
sistema normalmente organizado, em que, por mais que
LINGUÍSTICA II pensemos, por exemplo, em repetições de alguma pa-
lavra, efetivamente elas não se materializam na escrita.

LC
Além disso, ao produzir um texto, costumamos organizar
como vamos distribuir certas informações (parágrafos de
COMPETÊNCIA(s) introdução, argumentação e conclusão).
5
1.3. Preconceito linguístico
AULA HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
Denomina-se preconceito linguístico aquele gerado pe-

7 las diferenças linguísticas existentes dentre de um mesmo


idioma. Ele está associado a diversas diferenças de base
linguística, especialmente as regionais (envolvendo diale-
tos, socioletos, regionalismos, gírias e sotaques). Também
é gerado em menor grau pelos outros tipos de variação.
O preconceito linguístico tem sido muito praticado na atu-
alidade (de modo voluntário e involuntário), sendo forte
marcador de exclusão social.
Na obra Preconceito linguístico: o que é, como se faz (1999),
1. Variação linguística o professor, linguista e filólogo Marcos Bagno aborda sobre
os diversos aspectos da língua, especialmente o preconceito
(continuação) linguístico e suas implicações sociais.
Nessa aula, continuaremos a estudar as variações linguísticas. Segundo ele não existe uma forma “certa“ ou “errada“
dos usos da língua e que o preconceito linguístico, gerado
1.1. Variação diafásica pela ideia de que existe uma única língua correta (baseada
na gramática normativa), colabora com a prática da exclu-
Também conhecida como variação situacional, ocorre quan- são social. No entanto, devemos lembrar que a língua é
do percebemos que a linguagem apresenta variações de mutável e vai se adaptando ao longo do tempo de acordo
acordo com o contexto/situação em que ela é usada. É veri- com ações dos falantes.
ficável quando um indivíduo, adaptado a um tipo de uso lin-
Além disso, as regras da língua, determinada pela gramá-
guístico, é obrigado a fazer uma alteração momentânea em
tica normativa, não inclui expressões populares e variações
seu registro por conta de uma situação de mundo específica.
linguísticas, por exemplo as gírias, regionalismos, dialetos,
Por exemplo, alguém que use muitas gírias em seu dia a dia
dentre outros.
(registro informal) e que é obrigado a usar um registro mais
formal por conta de uma entrevista de emprego.

1.2. Variação diamésica


Ocorre quando percebemos que a linguagem apresenta
variações de acordo com os diferentes “meios” em que ela
usada, entendendo esses “meios” como espaços de uso
oral da linguagem (fala) e uso escrito. Em geral, consiste
em verificarmos as seguintes possibilidades:
§ A linguagem falada costuma ser entendida como um
sistema normalmente desorganizado, marcado por he-
sitações, reformulações, correções etc. Por conta disso, é
 VOLUME 2

comum encontrarmos recursos diferentes do que vemos


no espaço escrito (alguns, inclusive, não seriam transpo-
níveis, sendo exclusivos do espaço falado, como os mar-
cadores conversacionais).

14  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


VARIAÇÃO d) Em uma entrevista de emprego, usar diversos neo-
LINGUÍSTICA logismos.
e) Usar sempre a norma-padrão em textos literários.
(PRÁTICA)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

LC
Examine a tirinha da cartunista Laerte.

COMPETÊNCIA(s)
5

AULA HABILIDADE(s)
15, 16 e 17

Aplicando para Aprender (A.P.A.)


1. (Unifor - Medicina 2023) O preconceito, seja ele de
que natureza for, é uma crença pessoal, uma postura in- 2. (Unesp 2023) Contribui para o efeito de humor da
dividual diante do outro. Qualquer pessoa pode achar tirinha o contraste entre
que um modo de falar é mais bonito, mais feio, mais ele-
gante, mais rude do que outro. No entanto, quando essa a) a linguagem hermética do pai e a linguagem pe-
postura se transforma em atitude, ela se torna discrimi- dante do filho.
nação e esta tem de ser alvo de denúncia e de combate. b) a linguagem coloquial do pai e a linguagem con-
No caso da língua, é imprescindível que toda cidadã e cisa do filho.
todo cidadão que frequenta a escola (pública ou priva- c) a linguagem erudita do pai e a linguagem enigmá-
da) receba uma educação linguística crítica e bem infor- tica do filho.
mada, na qual se mostre que todos os seres humanos d) a linguagem formal do pai e a linguagem coloquial
são dotados das mesmíssimas capacidades cognitivas do filho.
e que todas as línguas e variedades linguísticas são e) a linguagem informal do pai e a linguagem deslei-
instrumentos perfeitos para dar conta de expressar e xada do filho.
construir a experiência humana neste mundo. “A con-
tundência e a radicalidade com que Bagno costuma ex- 3. (Enem PPL 2022) Cuidadora humilhada por erros de
por suas críticas (frequentemente em meios de ampla português ao enviar currículo para asilo recebe ofertas
difusão) fizeram dele uma personalidade extremamen- de emprego
te polêmica, que conquista adesões entusiastas e ódios
incondicionais. Trata-se de um linguista combativo, de
todo afastado do modelo do acadêmico supostamente
neutro. Bagno toma partido abertamente, convencido
de que esta é a única maneira honesta de contribuir
para o conhecimento”.
Pere Comellas Casanova, Universidade de Barcelona.
Disponível em < https://www.esfera.com.vc/p/preconceito-
linguistico-1ª-ed/e101226970>. Acesso em 20 out. 2022.

Refletindo sobre o conceito de variação linguística,


assinale a situação comunicativa a seguir que estaria
adequada.
 VOLUME 2

a) Dizer “passe-me a bola” em jogo de futebol entre


amigos.
b) Falar coloquialmente durante um almoço com a fa-
mília.
c) Abrir uma conta no banco utilizando um jargão mé-
dico.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  15


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia a crônica “Caso de justiceiro”, de Carlos Drum-


mond de Andrade.

Mercadinho é imagem de confusão organizada. Todos


comprando tudo ao mesmo tempo em corredores es-
treitos, carrinhos e pirâmides de coisas se comprimin-
do, apalpamento, cheiração e análise visual de gêneros
pelas madamas, e, a dominar o vozerio, o metralhar
contínuo das registradoras. Um olho invisível, múlti-
plo e implacável, controla os menores movimentos da
freguesia, devassa o mistério de bolsas e bolsos, quem
sabe se até o pensamento. Parece o caos; contudo nada
escapa à fiscalização. Aquela velhinha estrangeira, por
exemplo, foi desmascarada.
– A senhora não pagou a dúzia de ovos quebrados.
Nessa conversa por aplicativo, em que se evidencia uma – Paguei.
forma de preconceito, a atendente avaliou a candidata
Antes que o leitor suponha ter a velhinha quebrado
a uma vaga de emprego pelo(a)
uma dúzia de ovos, explico que eles estão à venda as-
a) ausência de autocorreção durante um diálogo. sim mesmo, trincados. Por isso são mais baratos, e mui-
b) desleixo com a pontuação adequada durante um ta gente os prefere; casca é embalagem. A senhora ia
bate-papo. pagar a dúzia de ovos perfeitos, comprada depois; mas
c) desprezo pela linguagem utilizada em entrevistas e os quebrados, que ela comprara antes?
de emprego. A velhinha se zanga e xinga em ótimo português-ca-
d) descuido com os padrões linguísticos no contexto rioca o rapaz da caixa. O qual lhe responde boas, no
de busca por emprego. mesmo idioma, frisando que gringo nenhum viria lá de
e) negligência com a correção automática de palavras sua terra da peste para dar prejuízo no Brasil, que ele
pelo corretor de textos do celular. estava ali para defender nosso torrão contra piratas da
estranja. A mulher, fula de indignação, foi perdendo a
4. (Eam 2022) voz. Caixeiros acorreram, tomando posição em defesa
da pátria ultrajada na pessoa do colega; entre eles, al-
guns portugueses. A freguesia fez bolo. O mercadinho
parou.
Eis que irrompe o tarzã de calção de banho ainda rore-
jante e berra para o caixa:
– Para com isso, que eu não conheço essa dona mas
vê-se pela cara que é distinta.
– Distinta? Roubou cem cruzeiros à casa e insultou a
gente feito uma danada.
– Roubou coisa nenhuma, e o que ela disse de você eu
não ouvi mas subscrevo. O que você é, é um calhorda e
quer fazer média com o patrão à custa de uma pobre
mulher.
O outro ia revidar à altura, mas o tarzã não era de cine-
ma, era de verdade, o que aliás não escapou à percep-
ção de nenhum dos presentes. De modo que enquanto
uns socorriam a velhinha, que desmaiava, outros pas-
savam a apoiá-la moralmente, querendo arrebentar
aquela joça. O partido nacionalista acoelhou-se. Foram
Nos quadrinhos acima, é observado que Armandinho e tratando de cerrar as portas, para evitar a repetição de
seus colegas pedem ao adulto "aipim", "mandioca" e Caxias. Quem estava lá dentro que morresse de calor;
"macaxeira". Esses termos são exemplos de variação enquanto não viessem a radiopatrulha e a ambulância,
regional, que também pode ser chamada de: a questão dos ovos ficava em suspenso.
 VOLUME 2

a) variação diafásica. – Ah, é? – disse o vingador. – Pois eu pago os cem cru-


b) variação distintiva. zeiros pelos ovos mas você tem de engolir a nota.
c) variação discursiva. Tirou-a do bolso do calção, fez uma bolinha, puxou para
d) variação diatópica. baixo, com dedos de ferro, o queixo do caixa, e meteu-
e) variação diastrática. -lhe o dinheiro na boca.

16  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


Assistência deslumbrada, em silêncio admiracional. Não Stalkear: investigar sobre a vida de alguém nas redes
é todos os dias que se vê engolir dinheiro. O caixa co- sociais.
meçou a mastigar, branco, nauseado, engasgado. Disponível em: https://odia.ig.com.br.
Uma voz veio do setor de ovos: Acesso em: 19 jun. 2019 (adaptado).

– Ela não roubou mesmo não! Olha o dinheiro embaixo Embora migrando do ambiente on-line para o vocabu-
do pacote! lário das pessoas fora da rede, essas expressões não
Outras vozes se altearam: “Engole mais os outros cem!” são consideradas como características do uso padrão
“Os ovos também!” “Salafra” “Isso!” “Aquilo!”. da língua porque
A onda era tamanha que o tarzã, instrumento da justiça a) definem sentimentos e acontecimentos corriquei-
divina, teve de restabelecer o equilíbrio. ros na web.
– Espera aí. Este aqui já pagou. Agora vocês é que vão b) constituem marcas específicas de uma determina-
engolir tudo, se maltratarem este rapaz. da variedade.
(Carlos Drummond de Andrade. Cadeira de balanço, 2020.) c) passam a integrar a fala das pessoas em conversas
cotidianas.
5. (Albert Einstein - Medicina 2022) Verifica-se expres- d) são empregadas por quem passa muito tempo nas
são própria da linguagem coloquial no seguinte trecho: redes sociais.
a) “outros passavam a apoiá-la moralmente, queren- e) complementam palavras e expressões já conheci-
do arrebentar aquela joça” (10º parágrafo) das do português.
b) “enquanto não viessem a radiopatrulha e a am-
7. (Enem 2021) Falso moralista
bulância, a questão dos ovos ficava em suspenso”
(10º parágrafo) Você condena o que a moçada anda fazendo
c) “Caixeiros acorreram, tomando posição em de- e não aceita o teatro de revista
fesa da pátria ultrajada na pessoa do colega” arte moderna pra você não vale nada
(5º parágrafo) e até vedete você diz não ser artista
d) “o que aliás não escapou à percepção de nenhum
dos presentes” (10º parágrafo) Você se julga um tanto bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
e) “Antes que o leitor suponha ter a velhinha quebra-
Mas eu conheço bem o seu defeito
do uma dúzia de ovos” (4º parágrafo)
e não vou fazer segredo não
6. (Enem PPL 2021) Gírias das redes sociais caem na
Você é visto toda sexta no Joá
boca do povo
e não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar
Nem adianta fazer a egípcia! Entendeu? Veja o glossá- Fim de semana você deixa a companheira
rio com as principais expressões da internet e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira
Lacrou, biscoiteiro, crush. Quem nunca se deparou com
ao menos uma dessas palavras não passa muito tempo Segunda-feira chega na repartição
nas redes sociais. Do dia para a noite, palavras e frases pede dispensa para ir ao oculista
começaram a definir sentimentos e acontecimentos, e e vai curar sua ressaca simplesmente
o sucesso desse tour foi parar no vocabulário de muita Você não passa de um falso moralista
gente. O dialeto já não se restringe só à web. O conta- NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista.
to constante com palavras do ambiente on-line acaba São Paulo: Eldorado, 1979.
rompendo a barreira entre o mundo virtual e o mundo
As letras de samba normalmente se caracterizam por
real. Quando menos se espera, começamos a repetir, em
apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa
conversas do dia a dia, o que aprendemos na internet.
A partir daí, juntamos palavras já conhecidas do nosso letra de Nelson Sargento, são exemplos dessas marcas
idioma às novas expressões. a) “falação” e “pros bailes”.
b) “você” e “teatro de revista”.
Glossário de expressões c) “perfeito” e “Carnaval”.
Biscoiteiro: alguém que faz de tudo para ter atenção o d) “bebe bem” e “oculista”.
tempo inteiro, para ter curtidas. e) “curar” e “falso moralista”
Chamar no probleminha: conversar no privado. 8. (Enem PPL 2015) – Não, mãe. Perde a graça. Este ano,
Crush: alguém que desperta interesse. a senhora vai ver. Compro um barato.
 VOLUME 2

Divou: estar muito produzida, sair bem em uma foto, – Barato? Admito que você compre uma lembrancinha
assim como uma diva. barata, mas não diga isso a sua mãe. É fazer pouco-caso
Fazer a egípcia: ignorar algo. de mim.
Lacrou/sambou: ganhar uma discussão com bons argu- – Ih, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe
mentos a ponto de não haver possibilidade de resposta. que barato é o melhor que tem, é um barato!

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  17


– Deixe eu escolher, deixe... 10. (Enem PPL 2013)
– Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que
a senhora me deu no Natal!
– Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe
deu um blazer furado?
– Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já era,
mãe, já era!
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.

O modo como o filho qualifica os presentes é incom-


preendido pela mãe, e essas escolhas lexicais revelam
diferenças entre os interlocutores, que estão relaciona-
das
a) à linguagem infantilizada. Os textos relativos ao mundo do trabalho, geralmen-
b) ao grau de escolaridade. te, são elaborados no padrão normativo da língua. No
c) à dicotomia de gêneros. anúncio, apesar de o enunciador ter usado uma varie-
d) às especificidades de cada faixa etária. dade linguística não padrão, ele atinge seus propósitos
e) à quebra de regras da hierarquia familiar. comunicativos porque
a) os fazendeiros podem contar com a comodidade
9. (Enem 2014) Em bom português de serem atendidos em suas fazendas.
No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas b) a parede de uma casa é um suporte eficiente para
secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada a divulgação escrita de um anúncio.
(aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do c) a letra de forma torna a mensagem mais clara, de
singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria modo a facilitar a compreensão.
linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma d) os mecânicos especializados em máquinas pesadas
são raros na zona rural.
parte do léxico cai em desuso.
e) o contexto e a seleção lexical permitem que se al-
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, cance o sentido pretendido.
chamou minha atenção para os que falam assim:
— Assisti a uma fita de cinema com um artista que re- 11. (Enem PPL 2011) Diz-se, em termos gerais, que é
presenta muito bem. preciso “falar a mesma língua”: o português, por exem-
plo, que é a língua que utilizamos. Mas trata-se de uma
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não sabe- língua portuguesa ou de várias línguas portuguesas? O
rão dizer que viram um filme com um ator que trabalha português da Bahia é o mesmo português do Rio Gran-
bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, ves- de do Sul? Não está cada um deles sujeito a influências
tido de roupa de banho em vez de biquíni, carregando diferentes – linguísticas, climáticas, ambientais? O por-
guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automó- tuguês do médico é igual ao do seu cliente? O ambien-
vel em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo te social e o cultural não determinam a língua? Estas
em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de questões levam à constatação de que existem níveis de
passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresen- linguagem. O vocabulário, a sintaxe e mesmo a pronún-
tarão sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar cia variam segundo esses níveis.
sua mulher. VANOYE, F. Usos da linguagem. São Paulo:
Martins Fontes, 1981 (fragmento).
SABINO, F. Folha de S.Paulo, 13 abr. 1984 (adaptado).
Na fala e na escrita, são observadas variações de uso,
A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes motivadas pela classe social do indivíduo, por sua re-
classes socioculturais. O texto exemplifica essa caracte- gião, por seu grau de escolaridade, pelo gênero, pela
rística da língua, evidenciando que intencionalidade do ato comunicativo, ou seja, pelas
situações linguísticas e sociais em que a linguagem é
a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em
empregada. A variedade linguística adequada à situa-
detrimento das antigas.
ção específica de uso social está expressa
b) a utilização de inovações no léxico é percebida na
a) na fala de um professor ao iniciar a aula no ensino
comparação de gerações.
superior: “Fala galerinha do mal! Hoje vamos estudar
c) o emprego de palavras com sentidos diferentes ca- um negócio muito importante”.
 VOLUME 2

racteriza diversidade geográfica.


b) na leitura de um discurso de uma autoridade públi-
d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identi- ca na inauguração de um estabelecimento educacio-
ficadores da classe social a que pertence o falante. nal: "Senhores cidadões do Brasil, com alegria, inau-
e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes guramos mais uma escola para a melhor educação de
faixas etárias é frequente em todas as regiões. nosso país”.

18  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


c) no memorando da diretora da escola ao responsá- O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária
vel por um aluno: “Responsável pelo aluno Henrique, da língua afiada, lançado no ano de 2006 e escrito pelo
dê uma chegadinha na diretoria da escola para saber jornalista Angelo Vip e por Fred Libi. Na obra, há mais
o que o seu filhinho anda fazendo de besteira". de 1.300 verbetes revelando o significado das palavras
d) na fala de uma criança, na tentativa de convencer do pajubá.
a mãe a entregar-lhe a mesada: “Mãe, assim não dá Não se sabe ao certo quando essa linguagem surgiu,
para ser feliz! Dá pra liberar minha mesada? Prometo mas sabe-se que há claramente uma relação entre o pa-
que só vou tirar notão nas próximas provas”. jubá e a cultura africana, numa costura iniciada ainda
e) na fala de uma mãe em resposta ao filho que so- na época do Brasil colonial.
licitou a mesada: “Caro descendente, por obséquio,
antecipe a prestação de suas contas, a fim de fazer Disponível em: www.midiamax.com.br. Acesso
em: 4 abr. 2017 (adaptado).
jus ao solicitado”.
Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de
12. (Enem 2011) Mandioca - mais um presente da
dialeto, caracterizando-se como elemento de patrimô-
Amazônia
nio linguístico, especialmente por
Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As
designações da Manihot utilissima podem variar de re- a) ter mais de mil palavras conhecidas.
gião, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta.
em todo o território nacional: pão-de-pobre — e por c) ser consolidado por objetos formais de registro.
vários motivos óbvios. Rica em fécula, a mandioca — d) ser utilizado por advogados em situações formais.
uma planta rústica e nativa da Amazônia disseminada e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho.
no mundo inteiro, especialmente pelos colonizadores
portugueses — é a base de sustento de muitos brasi- 14. (Enem 2012) eu gostava muito de passeá... saí com
leiros e o único alimento disponível para mais de 600 as minhas colegas... brincá na porta di casa di vôlei...
milhões de pessoas em vários pontos do planeta, e em andá de patins... bicicleta... quando eu levava um tom-
particular em algumas regiões da África. bo ou outro... eu era a::... a palhaça da turma... ((risos))...
O melhor do Globo Rural. Fev. 2005 (fragmento). eu acho que foi uma das fases mais... assim... gostosas
da minha vida... essa fase de quinze... dos meus treze
De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de aos dezessete anos...
nomes para a Manihot utilissima, nome científico da A.P.S., sexo feminino, 38 anos , nível de ensino funda-
mandioca. Esse fenômeno revela que
mental. Projeto Fala Goiana, UFG, 2010 (inédito).
a) existem variedades regionais para nomear uma Um aspecto da composição estrutural que caracteriza
mesma espécie de planta. o relato pessoal de A.P.S. como modalidade falada da
b) mandioca é nome específico para a espécie exis- língua é
tente na região amazônica.
a) predomínio de linguagem informal entrecortada
c) “pão-de-pobre” é designação específica para a
por pausas.
planta da região amazônica.
b) vocabulário regional desconhecido em outras va-
d) os nomes designam espécies diferentes da planta,
riedades do português.
conforme a região.
c) realização do plural conforme as regras da tradição
e) a planta é nomeada conforme as particularidades
gramatical.
que apresenta.
d) ausência de elementos promotores de coesão en-
13. (Enem 2018) “Acuenda o Pajubá”: conheça o “diale- tre os eventos narrados.
to secreto” utilizado por gays e travestis e) presença de frases incompreensíveis a um leitor
Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por tra- iniciante.
vestis e ganhou a comunidade 15. (Enem PPL 2015) Em primeiro lugar gostaria de
“Nhaí, amapô! Não faça a loka e pague meu acué, dei- manifestar os meus agradecimentos pela honra de vir
xe de equê se não eu puxo teu picumã!” Entendeu as outra vez à Galiza e conversar não só com os antigos
palavras dessa frase? Se sim, é porque você manja al- colegas, alguns dos quais fazem parte da mesa, mas
guma coisa de pajubá, o “dialeto secreto” dos gays e também com novos colegas, que pertencem à nova ge-
travestis. ração, em cujas mãos, com toda certeza, está também o
Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes destino do Galego na Galiza, e principalmente o destino
mais formais, um advogado afirma: “É claro que eu do Galego incorporado à grande família lusófona.
não vou falar durante uma audiência ou numa reunião, E, portanto, é com muito prazer que teço algumas con-
 VOLUME 2

mas na firma, com meus colegas de trabalho, eu falo de siderações sobre o tema apresentado. Escolhi como
‘acué’ o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem que ter tema como os fundadores da Academia Brasileira de
cuidado de falar outras palavras porque hoje o pessoal Letras viam a língua portuguesa no seu tempo. Como
já entende, né? Tá na internet, tem até dicionário ...”, sabem, a nossa Academia, fundada em 1897, está agora
comenta. completando 110 anos, foi organizada por uma reunião

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  19


de jornalistas, literatos, poetas que se reuniam na secre- 17. (Enem PPL 2016) Lisboa: aventuras
taria da Revista Brasileira, dirigida por um crítico literá- tomei um expresso
rio e por um literato chamado José Veríssimo, natural cheguei de foguete
do Pará, e desse entusiasmo saiu a ideia de se criar a
subi num bonde
Academia Brasileira, depois anexada ao seu título: Aca-
demia Brasileira de Letras. desci de um elétrico
pedi um cafezinho
Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro
presidente desde a sua inauguração até a data de sua serviram-me uma bica
morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia de- quis comprar melas
veria ser uma academia de Letras, portanto, de literatos. só vendiam peúgas
BECHARA, E. Disponível em: www.academiagalega.org. fui dar a descarga
Acesso em: 31 jul. 2012. disparei um autoclisma
gritei "ó cara!"
No trecho da palestra proferida por Evanildo Bechara,
responderam-me «ó pá»
na Academia Galega da Língua Portuguesa, verifica-se o
positivamente
uso de estruturas gramaticais típicas da norma padrão
da língua. Esse uso as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.
a) torna a fala inacessível aos não especialistas no PAES, J. P. A poesia está morta mas juro que não fui eu.
assunto abordado. São Paulo: Duas Cidades, 1988.
b) contribui para a clareza e a organização da fala no No texto, a diversidade linguística é apresentada pela
nível de formalidade esperado para a situação. ótica de um observador que entra em contato com uma
c) atribui à palestra características linguísticas restri- comunidade linguística diferente da sua. Esse observa-
tas à modalidade escrita da língua portuguesa. dor é um
d) Dificulta a compreensão do auditório para preser-
a) falante do português brasileiro relatando o seu con-
var o caráter rebuscado da fala.
tato na Europa com o português lusitano.
e) evidencia distanciamento entre o palestrante e o
b) imigrante em Lisboa com domínio dos registros for-
auditório para atender os objetivos do gênero palestra.
mal e informal do português europeu.
16. (Enem 2015) Assum preto c) turista europeu com domínio de duas variedades do
português em visita a Lisboa.
Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô d) português com domínio da variedade coloquial da
Mas assum preto, cego dos óio língua falada no Brasil.
Num vendo a luz, ai, canta de dor e) poeta brasileiro defensor do uso padrão da língua
falada em Portugal.
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió 18. (Enem 2ª aplicação 2016) Da corrida de submarino
Furaro os óio do assum preto à festa de aniversário no trem
Pra ele assim, ai, cantá mio Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções
Cariocas
Assum preto veve sorto
Mas num pode avuá “Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que
Mil veiz a sina de uma gaiola vemos, bons ou ruins, é invenção do carioca, como tam-
Desde que o céu, ai, pudesse oiá bém o ‘vacilão’.”
GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Disponível em: www.luizgonzaga. “Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer
mus.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (fragmento). ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um amigo pode até doer
um pouco no ouvido, mas é tipicamente carioca.”
As marcas da variedade regional registradas pelos com-
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.”
positores de Assum preto resultam da aplicação de um
conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a “Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um
pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. No texto, carinho inventado pelo carioca para tratar bem quem
é resultado de uma mesma regra a ainda não se conhece direito.”
a) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”. “O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de
elogiar quem já é conhecido.”
b) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”.
c) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”. SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.
 VOLUME 2

com. Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado).


d) redundância nas expressões “cego dos óio” e
“mata em frô”. Entre as sugestões apresentadas para o Museu das In-
e) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá” venções Cariocas, destaca-se o variado repertório lin-
guístico empregado pelos falantes cariocas nas diferen-
tes situações específicas de uso social.

20  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


A respeito desse repertório, atesta-se o(a)
a) desobediência à norma-padrão, requerida em am-
Gabarito
bientes urbanos.
1. B 2. D 3. D 4. D 5. A
b) inadequação linguística das expressões cariocas às
situações sociais apresentadas. 6. B 7. A 8. D 9. B 10. E
c) reconhecimento da variação linguística, segundo o
grau de escolaridade dos falantes. 11. D 12. A 13. C 14. A 15. B
d) identificação de usos linguísticos próprios da tradi- 16. B 17. A 18. D 19. A 20. E
ção cultural carioca.
e) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa
etária dos falantes.

19. (Enem PPL 2020)

No texto, o trecho “Cê tá muito louco, véio” caracteriza


um uso social da linguagem mais comum a
a) jovens em situação de conversa informal.
b) pessoas conversando num cinema.
c) homens com problemas de visão.
d) idosos numa roda de bate-papo.
e) crianças brincando de viajar.

20. (Enem PPL 2020) Vaca Estrela e Boi Fubá


Seu doutô, me dê licença
Pra minha história contar
Hoje eu tô em terra estranha
É bem triste o meu penar
Eu já fui muito feliz
Vivendo no meu lugar
Eu tinha cavalo bão
Gostava de campear
Todo dia eu aboiava
Na porteira do currá
[...]
Eu sou fio do Nordeste
Não nego meu naturá
Mas uma seca medonha
Me tangeu de lá pra cá
PATATIVA DO ASSARÉ. Intérpretes: PENA BRANCA;
XAVANTINHO; TEIXEIRA, R.

Ao vivo em Tatuí. Rio de Janeiro: Kuarup Discos, 1992


(fragmento).
Considerando-se o registro linguístico apresentado, a
letra dessa canção
a) exalta uma forma específica de dizer.
 VOLUME 2

b) utiliza elementos pouco usuais na língua.


c) influencia a maneira de falar do povo brasileiro.
d) discute a diversidade lexical de um dado grupo social.
e) integra o patrimônio linguístico do português
brasileiro.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  21


ENTRE ASPAS - OBRAS LiTERÁRiAS LiNGUAGENS, CÓDiGOS E SUAS TECNOLOGiAS

Você também pode gostar