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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral,
com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totali-
zando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla,
de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a
aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENCIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
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Todos os direitos reservados.

Coordenador-geral
Murilo de Almeida Gonçalves

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


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Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


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Imagens
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ISBN
978-85-9542-247-6

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clusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo,
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SUMÁRIO

QUÍMICA
ATOMÍSTICA 5
AULAS 1 E 2: MODELOS E ESTRUTURAS ATÔMICAS  007
AULAS 3 E 4: ÍONS E DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA 016
AULAS 5 E 6: TABELA PERIÓDICA  022
AULAS 7 E 8: PROPRIEDADES PERIÓDICAS 028

QUÍMICA GERAL  37
AULAS 1 E 2: PROPRIEDADES DA MATÉRIA  039
AULAS 3 E 4: DIAGRAMAS DE MUDANÇAS DE ESTADOS  046
AULAS 5 E 6: SISTEMAS 052
AULAS 7 E 8: ANÁLISE IMEDIATA 058

CÁLCULOS QUÍMICOS 67
AULAS 1 E 2: GRANDEZAS QUÍMICAS  069
AULAS 3 E 4: FÓRMULAS E LEIS PONDERAIS  078
AULAS 5 E 6: INTRODUÇÃO À ESTEQUIOMETRIA 084
AULAS 7 E 8: ESTEQUIOMETRIA: PUREZA, RENDIMENTO E EXCESSO DE REAGENTE  090
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
Competência 1

H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização
H4
sustentável da biodiversidade.

Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.


Competência 2

H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.


H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde
H7
do trabalhador ou a qualidade de vida.

Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumentos ou ações
científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, con-
H8
Competência 3

siderando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.


Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar
H9
alterações nesses processos.
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produ-
H10
tivos ou sociais.
H11 Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.

Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando conhecimentos científicos,
aspectos culturais e características individuais.
Competência 4

H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente,
H14
sexualidade, entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos

Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Competência 5

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas,
H17
como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social,
H19
econômica ou ambiental.

Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 6

H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.
H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos,
H22
ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais,
H23
sociais e/ou econômicas.

Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 7

H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua
H25
obtenção ou produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transfor-
H26
mações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.

Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científicotecnológicas.
Competência 8

Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em
H28
especial em ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias
H29
primas ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual,
H30
coletiva ou do ambiente.
QUÍMICA

ATOMÍSTICA
LIVRO
TEÓRICO
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

O vestibular aborda as questões relaciona- Na Fuvest o assunto abordado nesta frente


das à atomística de forma muito conceitual, se relaciona bastante com as outras pelas
com pouco envolvimento de cálculos e uma propriedades da tabela periódica.
grande abrangência de assuntos relaciona-
dos à outra parte da química. É uma prova
objetiva e clara, porém o enunciado pode
muitas vezes levar à confusão.

O tema de propriedades da tabela periódi- Esta frente é abordada de maneira bem Os assuntos abordados aparecem de ma-
ca é cobrado de forma teórica ao comparar interdisciplinar, com assuntos como os neira bem contextualizada com as outras
diferentes elementos. modelos atômicos e as propriedades da frentes de Química. Nessa prova, ocorre
tabela periódica. com frequência o tema distribuições ele-
trônicas e como ele se relaciona com as
propriedades da tabela periódica.

Entender a dinâmica da distribuição ele- O tema distribuição eletrônica e sua rela- Os assuntos desta frente são cobrados em O tema propriedades periódicas é cobrado
trônica e como ela se relaciona com as ção com as propriedades da tabela peri- conjunto com os assuntos das outras, sen- em conjunto com os assuntos das outras
propriedades periódicas são importantes ódica são abordados de tal maneira que do o tema propriedades periódicas o mais frentes.
para questões relacionadas à esta e as são necessários para o entendimento de recorrente.
outras frentes. diversas questões.

O assunto de propriedades da tabela peri- Distribuição eletrônica e propriedades da O assunto abordado nesta frente se relacio-
ódica é cobrado de forma teórica ao com- tabela periódica são os temas mais cobra- na bastante com as outras pelo estudo de
parar diferentes elementos, assim como dos nesta frente. propriedades da tabela periódica.
é necessário para interpretar e entender
outras questões.

Esta frente é abordada de maneira concei- O tema distribuição eletrônica e proprie- Interpretação e bom entendimento dos
tual, com ênfase nos assuntos de tabela dades de tabela periódica são cobrados de conceitos são importantes para a resolução
periódica e distribuição eletrônica. maneira teórica, a interpretação e o bom das questões de distribuição eletrônica e
entendimento do conceito são importantes. propriedades da tabela periódica, que são
cobrados de maneira bem teórica.
 VOLUME 1

6  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


MODELOS E 5. As reações químicas comuns não passam de uma reor-
ESTRUTURAS ganização dos átomos.
ATÔMICAS 6. Os compostos são formados pela combinação de áto-
mos de elementos diferentes em proporções fixas.

CN COMPETÊNCIA(s)
1, 3 e 7
As ideias de Dalton fizeram sentido à sua época, uma
vez que explicavam a conservação da massa durante
uma reação química (Lei de Lavoisier), bem como fun-
damentava a Lei de Proust, conhecida também como lei
da proporção definida.
AULAS HABILIDADE(s)
3, 8, 17 e 24

1E2 Lei de Lavoisier


(conservação da massa)

ESTANHO + AR ÓXIDO DE ESTANHO


+ ESTANHO NÃO
REAGIDO + AR
DESOXIGENADO

1. O conceito de átomo Lei de Proust (proporção definida)

O átomo já foi considerado o menor componente de toda


a matéria existente. 2H2O(ℓ) 2H2(g) + 1O2(g)

A ideia de que a matéria (algo que apresenta massa, que


A proporção se mantém
ocupa lugar no espaço, etc.) é formada por partículas indi- constante mesmo que
as quantidades de
visíveis é muito antiga. Os antigos filósofos gregos chama- reagentes e produtos
ram de átomos (do grego: a = não, tomo = divisão) essas sejam alteradas.

partículas constituintes da matéria. 4H2O(ℓ) 4H2(g) + 2O2(g)

Entretanto, a ideia do átomo não era baseada em um tra-


balho experimental (prático); suas deduções eram filosófi-
cas, ou seja, eram resultado de um raciocínio abstrato.

2. Modelos atômicos
2.1. Modelo de Dalton (bola de bilhar)
Baseado em seus experimentos, o professor inglês John multimídia: vídeo
Dalton (1766-1844) propôs em 1808 uma explicação Fonte: Youtube
para a natureza da matéria. Ampola de Crookes
Os principais postulados da teoria de Dalton são:
1. Toda matéria é composta por minúsculas partículas
denominadas átomos. 2.2. Modelo de Thomson
2. Os átomos de um determinado elemento são idênticos (pudim de passas)
em massa e apresentam as mesmas propriedades químicas. Utilizando uma ampola de Crookes, ou seja, um tubo de
 VOLUME 1

vidro fechado contendo um eletrodo positivo (ânodo) e outro


3. Os átomos de elementos diferentes apresentam massa
negativo (cátodo), preenchida por gases a pressões extre-
e propriedades químicas diferentes.
mamente baixas, o cientista inglês Joseph John Thomson
4. Os átomos são maciços e indivisíveis. Não podem ser (1856-1940) fez uma descoberta essencial para a evolução
criados nem destruídos. do modelo atômico.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  7


Thomson submeteu esses gases a voltagens elevadíssimas
(cerca de 10.000 volts); em consequência, surgiu uma lumi-
nescência na parede oposta ao cátodo (eletrodo negativo)
que recebeu o nome de raios catódicos. Em seguida, foi apli-
cado um campo elétrico externo e, por fim, verificou-se que o
feixe de raios catódicos era desviado, sempre indo na direção
e sentido da placa carregada positivamente. Thomson con-
cluiu que essas emissões possuíam cargas negativas. multimídia: site
Independentemente do tipo de gás utilizado no experimento,
o resultado era sempre o mesmo. Com isso, Thomson chegou https://phet.colorado.edu/sims/html/rutherford-scattering/
à conclusão lógica de que essas cargas negativas estavam latest/rutherford-scattering_pt_BR.html
presentes em toda e qualquer matéria e eram parte integran-
te delas. Assim, provou-se que, ao contrário do que Dalton
havia afirmado, o átomo não era indivisível, pois possuía uma
partícula subatômica negativa, que foi denominada elétron.
2.3. Modelo de Rutherford
Tubo de Crookes (sistema solar ou sistema planetário)
A Em 1911, Ernest Rutherford (1871-1937), ao estudar a tra-
jetória de partículas α (partículas positivas) emitidas pelo
C elemento radioativo polônio, bombardeou uma fina lâmina
de ouro.
Em seus experimentos, ele observou que a maioria das par-
tículas α atravessavam a lâmina de ouro sem sofrer desvio
em sua trajetória; de fato, algumas sofriam desvio, e outras,
C - Cátodo (-) | A - Ânodo (+)
em número muito pequeno, batiam na lâmina e voltavam.
O

Lâmina
de ouro

Fonte de partículas alfa

Partículas alfa

Tubo de raios catódicos


Fonte de eletricidade Detector de
partículas

Em 1897, Thomson propôs um novo modelo atômico basea-


do nos experimentos com os raios catódicos: para o cientista, Partículas alfa Núcleo do átomo
o átomo era uma esfera formada por uma “pasta” positiva
“recheada” de elétrons de carga negativa. Esse modelo fi-
cou conhecido como “pudim de passas” e derrubou a ideia
de que o átomo era indivisível, introduzindo a natureza elé-
trica da matéria. Átomo de ouro

A teoria de Thomson ainda explicaria os fenômenos envol-


vendo cargas elétricas, algo em que o modelo de Dalton A partir desse experimento, Rutherford concluiu que:
havia falhado.
§ O átomo não é uma esfera maciça. Existem grandes
Modelo atômico de Thomson (“pudim de passas”) espaços vazios no átomo, dado que a maior parte das
partículas α atravessou a lâmina de ouro.
§ O átomo possui uma região central onde está concentrada
 VOLUME 1

a sua massa. Foi nessa região, chamada por ele de nú-


cleo, que as partículas α se chocaram e retornaram.
§ O núcleo apresenta carga positiva, pois repeliu a partí-
cula α – que também possui carga positiva.

8  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


No entanto, havia uma questão a ser respondida: se o ouro modelo não poderia existir, pois, de acordo com o eletromag-
apresenta núcleos positivos, como explicar o fato de a lâ- netismo, os elétrons, como qualquer carga em movimento
mina de ouro ser eletricamente neutra? acelerado, ao girarem ao redor do núcleo emitiriam radiação
(energia) e, ao emitirem essa radiação, eles perderiam ener-
Rutherford, para completar o seu modelo, imaginou que
gia. Assim, o elétron deveria gradativamente emitir radiações
elétrons giravam ao redor do núcleo, uma vez que, se es-
e cada vez mais se aproximar do núcleo, em uma órbita espi-
tivessem parados, acabariam se chocando com o núcleo
ralada, até finalmente se chocar contra ele, “acabando” com
positivo devido à atração eletrostática. Em síntese, o átomo
o átomo. Entretanto, isso nunca foi observado (caso ocorresse,
seria semelhante ao Sistema Solar.
o átomo “duraria” aproximadamente 10-11 segundos).
Rutherford defendeu que o átomo era uma partícula mui-
O modelo atômico de Rutherford também não explica-
tíssimo pequena composta de duas regiões: uma interna,
va os espectros atômicos (ou descontínuos): os átomos,
o núcleo, onde estaria concentrada praticamente toda a
quando submetidos à baixa pressão e sob alta tensão (na
massa do átomo – de carga elétrica positiva, composta por
forma gasosa, dentro de uma lâmpada), não emitiam um
partículas denominadas prótons (nessa época ainda não
espectro contínuo, mas apenas algumas linhas coloridas,
sabiam da existência dos nêutrons); outra externa, de mas-
permanecendo o restante totalmente escuro, consideran-
sa desprezível, onde estariam os elétrons, diminutas partí-
do somente o espectro visível ao olho humano (lembran-
culas negativas em movimento ao redor do núcleo, região do que, na época, qualquer fonte luminosa – seja a luz
essa que foi denominada de eletrosfera. A eletrosfera (ou do Sol ou de lâmpadas incandescentes – apresentava es-
seja, o tamanho do átomo) seria cerca de 10 mil a 100 mil pectro contínuo; a Física Clássica não conseguia explicar
vezes maior que o núcleo. a existência do espectro descontínuo).
Lâmpada
2.4. Modelo clássico incandescente Espectro contínuo

Em 1886, o físico Eugen Goldstein (1850-1930) descobriu,


por meio da modificação da ampola de Crookes, uma par-
Espectro de emissão (descontínuo)
tícula que possuía massa e carga positiva. Essa partícula foi Gás quente
denominada próton. Ernest Rutherford (fazendo o mesmo
experimento que Goldstein) comprovou que essa partícula
estava localizada no núcleo do átomo, com carga positiva
de valor igual ao do elétron.

Alguns espectros da luz visível.


Cada elemento tem seu espectro característico.

2.5. Modelo de Bohr (modelo quântico)


O modelo atômico proposto por Rutherford foi um passo im-
multimídia: vídeo
 VOLUME 1

portante para a compreensão da estrutura interna do átomo.


No entanto, esse modelo não explicava alguns fatos observados Fonte: Youtube
nos átomos, como o fato de os elétrons girarem ao redor do Experimentos de Química -
núcleo: Rutherford foi obrigado a admitir que os elétrons gira- Teste de chama e a Química...
vam ao redor do núcleo, mas, pelas leis da Física Clássica, esse

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  9


Em 1913, o cientista dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) § Os elétrons absorvem ou emitem uma quantida-
aprimorou o modelo atômico de Rutherford utilizando a de bem definida de energia (quantum de energia)
teoria quântica proposta por Max Planck, segundo a qual ao saltar de uma órbita estacionária para outra.
a energia não é emitida de forma contínua, mas em ”paco- Ao retornar à órbita de origem, o elétron emite ou
tes” denominados quantum de energia. Veja os principais absorve um quantum de energia (igual ao absor-
postulados de Bohr: vido em intensidade), na forma de luz de cor bem
§ Os elétrons descrevem na eletrosfera sempre órbitas definida ou outra radiação eletromagnética, como
circulares ao redor do núcleo, denominadas órbitas es- ultravioleta ou raios X (denominado fóton). Essa
tacionárias. Girando em uma órbita estacionária, o energia é exatamente igual à diferença de energia
elétron não emite nem absorve energia. entre as órbitas em questão. Esse salto é chamado
de salto quântico.
§ Os elétrons só podem ocupar os níveis que tenham uma
determinada quantidade de energia (quantum) e assumem Dessa forma, o modelo atômico de Rutherford, corrigido
valores bem determinados de energia em cada órbita esta- pelas ponderações de Bohr, ficou conhecido como modelo
cionária, sendo impossível ocupar estados intermediários. atômico de Rutherford-Bohr.

VIVENCIANDO

O uso de fogos de artifício é muito comum em festas de fim de ano, e a química exerce um papel essencial nessas
celebrações. Tudo começa com a teoria de Niels Bohr, que afirma que, quando um átomo recebe energia, seu elétron
é deslocado para um nível mais energético, que é o que chamamos de estado excitado. Quando esse elétron perde
energia e desce para o nível de origem, a energia é dissipada em forma de luz (fótons) no espectro visível. Como
cada elemento químico possui órbitas com níveis de energia com valores diferenciados, o fóton de energia emitido
será diferente para cada um. Assim, cada elemento químico emitirá uma cor característica. Dessa maneira, se for
utilizado, por exemplo, oxalato de estrôncio (SrC2O4) ou nitrato de estrôncio ((Sr(NO3)2), será fornecido o íon Sr2+, que
resultará na cor vermelha; ou se for usado cloreto ou nitrato de cobre (CuCℓ2 e NH4Cu(NO3)3), será produzido o íon
Cu2+, que fornecerá a cor verde ou azul. A seguir, uma tabela mostra as cores dos elementos ao sofrerem excitação
por uma chama:

Elemento químico Cor característica


Arsênio Azul

Sódio Amarelo

Potássio Azul ou púrpura

Estrôncio Vermelho

Magnésio Branco ou prata

Lítio Vermelho ou magenta ("rosa choque")

Bário Verde

Ferro Dourado

Cálcio Amarelo
 VOLUME 1

Alumínio Branco

Cobre Verde

10  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


§ Para o elemento sódio (Na, Z = 11), que possui massa
23: 11
23
​ Na ou 11Na23.
Observe que o número de nêutrons não está indicado, sen-
do necessário tirar a diferença entre o número de massa e
número atômico (N = A – P) para descobrir o número de
nêutrons existentes no átomo.
multimídia: site
3.1. Elemento químico
https://phet.colorado.edu/sims/html/build-an-atom/la-
test/build-an-atom_pt_BR.html Elemento químico é o conjunto de átomos com o
mesmo número atômico (Z).

3. Números atômico e de massa


Observe a seguir os dados referentes à composição do átomo:
4. Isótopos, isóbaros e isótonos
Partícula Massa relativa Carga relativa 4.1. Isótopos
Nêutron 1 0 Considere que, em um copo de água, há moléculas forma-
Prótons 1 +1 das por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigê-
nio (H2O). Será que todos os átomos de hidrogênio presen-
Elétrons ​  1  ​
_____ –1
1.836 tes nas moléculas de água são iguais? E os de oxigênio?
A resposta é não. A maioria dos átomos de hidrogênio
pode ser representada por 11​​​​H. Entretanto, existem outros,
Em um átomo eletricamente neutro (em equilíbrio em menor quantidade, representados por 12​H ​​ e 13​​ H
​​ . Qual a
de cargas), o número de prótons (P) é igual ao diferença entre eles?
número de elétrons (e-).

Isótopos são átomos com o mesmo número de pró-


No estudo dos átomos, duas expressões são fundamentais:
tons (P = Z) e números diferentes de massa (A) e de
nêutrons (N).
O número atômico (Z) sempre coincide com o nú-
mero de prótons (P).
Como possuem o mesmo Z, são átomos de um mesmo
O número de massa (A) é a soma do número de
elemento químico: o hidrogênio. Assim, afirma-se que​​
prótons (P) com o número de nêutrons (N).
1H
​​ , 2​​1H
​​ e 31​​ H
​​ são isótopos.
1

A maioria dos elementos químicos é constituída por dois


Assim:
ou mais isótopos, que ocorrem em diferentes proporções.

A=P+N Átomos Abundância natural (%)


​11H 99,99

Para representar um átomo, convencionou-se escrever o ​​ ​​H


2
1 0,01
número atômico na parte inferior esquerda do símbo- ​​ ​​H
3
1 –
lo e o número de massa na parte superior esquerda
​​63​​Li 7,42
ou direita:
​​ ​​Li
7
3 92,58
A
1Z ​E ou zE
A
​​ ​​O
16
99,76
 VOLUME 1

Assim, temos como exemplos: ​​178​​O 0,04

§ Para o elemento ferro (Fe, Z = 26), que possui massa ​​188​​O 0,20

56: 26
56
​ Fe ou 26Fe56. ​​199​​F 100

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  11


Nota: isótopos pertencem sempre ao mesmo elemento Como X e Y são isóbaros ⇒ a = 137
químico, uma vez que possuem o mesmo Z. São, portanto,
Como Y e Z são isótopos ⇒ c = 56
representados pelo mesmo símbolo.
Como X e Z são isótonos ⇒ a – b = 138 – c
O único caso em que os isótopos possuem nomes e símbo-
los diferentes é o do elemento hidrogênio: Substituindo os valores de a e c, calculados anteriormente:
​​ ⇒ prótio ou hidrogênio leve (H)
§ 11​​ H 137 – b = 138 – 56 ⇒ b = 55
​​ ⇒ deutério ou hidrogênio pesado (D)
§ 12​​ H b = número atômico de X.
​​ ⇒ trítio ou tritério (T)
§ 13​​ H Alternativa C
2. O germânio (Ge) apresenta o número atômico 32 e o nú-
4.2. Isóbaros mero de massa 72. Qual das proposições seguintes é falsa?
a) Cada núcleo de germânio contém 32 prótons.
Isóbaros são átomos com o mesmo número de massa (A) b) É isóbaro do átomo de selênio, de número atômico
e números diferentes de prótons (P = Z) e nêutrons (N). 34 e número de massa 72.
c) Cada átomo de germânio contém 32 nêutrons.
Nota: isóbaros são sempre átomos de elementos químicos d) Um átomo de germânio contém 32 elétrons.
diferentes. e) O núcleo representa uma fração muito pequena no
volume do átomo de germânio.
​​ 6C
§ 14 ​​ e 14 ​​ ⇒ A = 14
​​ 7N
Resolução:
​​ F​​ e e 2757
§ 2657 ​​ C​​ o ⇒ A = 57
O átomo de germânio apresenta 32 prótons (logo, 32 elé-
4.3. Isótonos trons), 40 nêutrons e número de massa 72. Assim, as alter-
nativas a e d estão corretas, e a alternativa c está errada.
Isótonos são átomos com o mesmo número de nêutrons
O átomo de germânio e o átomo de selênio apresentam o
(N) e números diferentes de prótons (P = Z) e de massa (A).
número de massa 72; logo, eles são isóbaros. A alternativa
b está correta.
Nota: isótonos são sempre átomos de elementos químicos
diferentes. O tamanho do átomo é de 10 mil a 100 mil vezes maior do
que o núcleo, representando uma fração muito pequena. A
§ 13 ​​ ⇒ N = 13 – 6 = 7 e 14
​​ 6C ​​ ⇒ N = 14 – 7 = 7
​​7N alternativa e está correta.
​​ C
§ 1737​​ ℓ ⇒ N = 37 – 17 = 20 e 2040
​​C ​​ a ⇒
Alternativa C
⇒ N = 40 – 20 = 20
3. O átomo de Rutherford (1911) foi comparado ao sistema
Aplicação do conteúdo planetário (o núcleo atômico representa o Sol, e a eletros-
fera, os planetas). Eletrosfera é a região do átomo que:
1. São dadas as seguintes informações relativas aos
átomos X, Y e Z: a) contém as partículas de carga elétrica negativa;
I. X é isóbaro de Y e isótono de Z. b) contém as partículas de carga elétrica positiva;
c) contém nêutrons;
II. Y tem número atômico 56, número de massa 137 e é
d) concentra praticamente toda a massa do átomo;
isótopo de Z.
e) contém prótons e nêutrons.
III. O número de massa de Z é 138.
Resolução:
O número atômico de X é:
a) 53 b) Incorreta – As partículas presentes na eletrosfera
b) 54 possuem carga negativa.
c) 55 c) Incorreta – A eletrosfera não contém nêutrons.
d) 56 d) Incorreta – A região central do átomo (núcleo) é
e) 57 que contém praticamente toda a massa do átomo,
 VOLUME 1

não a eletrosfera.
Resolução: e) Incorreta – A eletrosfera comporta apenas partícu-
A partir do enunciado, pode-se montar o seguinte esquema: las de carga negativa (elétrons).
a
b​​  X
​​   ​​137
56Y
​​   ​​138cZ​​ Alternativa A

12  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


4. (ETF-SP) No fim do século XIX, começaram a aparecer
evidências de que o átomo não era a menor partícula
constituinte da matéria. Em 1897, tornou-se pública a
demonstração da existência de partículas negativas,
por um inglês de nome:
a) Dalton.
b) Rutherford.
c) Bohr. multimídia: livro
d) Thomson.
e) Proust.
Peter W. Atkins e Loretta Jones - Princípios de
Química – Questionando a Vida Moderna e o
Resolução: Meio Ambiente
O cientista que descobriu a existência de partículas nega- O livro encoraja estudantes a pensarem e a desenvolve-
tivas (elétrons) foi o Thomson, através da experiência com rem uma compreensão sólida da química, desafiando-os
tubo de raio catódico. a questionarem e a obterem um nível mais alto de enten-
dimento da matéria. A obra apresenta a química como
Alternativa D algo atual e dinâmico ao mostrar a relação entre ideias
químicas fundamentais e suas aplicações.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O Grande Colisor de Hádrons (em inglês Large Hadron Collider – LHC) foi inaugurado em 10 de setembro
de 2008. Trata-se do maior acelerador de partículas do mundo. Um dos principais objetivos do LHC é tentar
explicar a origem da massa das partículas elementares e encontrar outras dimensões do espaço. Uma dessas
experiências envolve a partícula bóson de Higgs. Essas informações podem ser obtidas por meio do choque
entre as partículas, como choques entre próton e elétron, próton e próton, próton e antipróton... Um feixe de
partículas é acelerado até atingir uma energia de aproximadamente 7 TeV (tera elétron-volt), e, a partir desse
choque, é possível obter as informações desejadas.

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  13


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 3
Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo
ou em diferentes culturas.

A interpretação cientifica de teorias é de extrema importância para o progresso da sociedade contemporânea.


Com o passar do tempo, as teorias relacionadas às moléculas e aos átomos foram se diversificando e, com isso,
houve um desenvolvimento e uma consolidação da teoria sobre o que é a matéria.
Compreender as diferentes teorias da atomística é fundamental para a resolução de situações em que se colo-
cam diferentes concepções históricas provindas desde a Antiguidade e que perduram até hoje, conferindo um
pensamento crítico quanto às diferentes abordagens dessas teorias.

MODELO 1

(Enem) Um fato corriqueiro ao se cozinhar arroz é o derramamento de parte da água de cozimento sobre a
chama azul do fogo, mudando-a para uma chama amarela. Essa mudança de cor pode suscitar interpretações
diversas, relacionadas às substâncias presentes na água de cozimento. Além do sal de cozinha (NaCℓ), nela se
encontram carboidratos, proteínas e sais minerais.
Cientificamente, sabe-se que essa mudança de cor da chama ocorre pela
a) reação do gás de cozinha com o sal, volatilizando gás cloro;
b) emissão de fótons pelo sódio, excitado por causa da chama;
c) produção de derivado amarelo, pela reação com o carboidrato;
d) reação do gás de cozinha com a água, formando gás hidrogênio;
e) excitação das moléculas de proteínas, com formação de luz amarela.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse tipo de exercício é típico para se trabalhar atribuições teóricas do Enem. Na questão, era necessário
recordar os conceitos básicos característicos dos modelos atômicos.
No caso da abordagem da questão, para se chegar a uma alternativa é necessário fazer a associação
com o único metal citado no enunciado, isto é, o sódio, pois não são citadas outras possibilidades para a
mudança da cor da chama, como a ocorrência de uma combustão incompleta do gás utilizado devido ao
derramamento da água de cozimento.
Pressupõe-se então que, na água de cozimento, estejam presentes cátions Na+ dissociados a partir do
NaCℓ.
O elemento metálico sódio, mesmo na forma iônica, libera fótons quando sofre excitação por uma fonte
de energia externa, e a cor visualizada é o amarelo.

RESPOSTA Alternativa B
 VOLUME 1

14  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

MODELO DE ÁTOMO
DALTON INDIVISÍVEL

MODELO DE DESCOBRIMENTO RAIOS


THOMSON DO ELÉTRON CATÓDICOS

MODELO DE DIVISÃO DA ELETROS-


RUTHERFORD FERA E DO NÚCLEO

MODELO DE ELÉTRONS EM DIFEREN-


n=1
BOHR n=2 TES NÍVEIS DE ENERGIA
n=3

MESMO
ELETROSFERA
ISÓTOPO NÚMERO ATÔMICO
(ELÉTRONS)
(PRÓTONS)

ÁTOMO
MESMO
NÚCLEO
+ ISÓTONO NÚMERO DE
ELETROSFERA NÊUTRONS

NÚCLEO MESMO
PRÓTONS ISÓBARO NÚMERO DE
+
NÊUTRONS MASSA

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  15


ÍONS E elétron, ele se transforma no ânion cloreto (Cℓ–) e
DISTRIBUIÇÃO passa a ter 17 prótons, 18 nêutrons e 18 elétrons.
ELETRÔNICA elétron (e-)

CN
e-

COMPETÊNCIA(s)
1e5

AULAS HABILIDADE(s)
3 e 17

3E4 § Um átomo de sódio eletricamente neutro tem 11 pró-


tons, 12 nêutrons e 11 elétrons. Ao perder um elé-
tron, ele torna-se um cátion sódio (Na+) e passa a ter
11 prótons, 12 nêutrons e 10 elétrons.

elétron (e-)

1. Íons
Como já foi visto, elétrons e prótons são partículas que
compõem o átomo e possuem, respectivamente, carga ne-
gativa e positiva. Assim, se houver o mesmo número de
elétrons e prótons, a carga total do átomo será nula, pois a
2. Camadas eletrônicas do
carga positiva de cada próton será compensada pela carga átomo: distribuição eletrônica
negativa do elétron correspondente. Afirma-se, então, que
um átomo nessa situação está eletricamente neutro. 2.1. Diagrama de Linus Pauling
Um problema para os químicos era elaborar uma teoria
Quando um átomo possui prótons e elétrons em igual
consistente que explicasse como os elétrons se distribuíam
quantidade, ele está eletricamente neutro.
ao redor dos átomos, dando-lhes as características de rea-
ção observadas em nível macroscópico.
Em certas situações, um átomo pode ganhar ou perder elé-
trons. Nesses casos, sua carga total deixa de ser zero, ele Foi o cientista americano Linus C. Pauling (1901-1994)
deixa de ser eletricamente neutro e passa a ter carga elétrica. quem apresentou a teoria mais aceita até o momento acerca
Afirma-se que o átomo se transformou em um íon. da distribuição eletrônica. Pauling foi pioneiro na aplicação
da Mecânica Quântica em Química e, em 1954, recebeu o
Nobel de Química pelo seu trabalho relativo à natureza das
Quando um átomo eletricamente neutro perde ou re-
ligações químicas e, em 1962, recebeu o Nobel da Paz devi-
cebe elétrons, ele se transforma em um íon.
do a sua militância contra as armas nucleares.
Ele provou experimentalmente que os elétrons são dispos-
Um átomo neutro que recebe elétrons passa a ficar com
tos nos átomos em ordem crescente de energia. De fato,
excesso de cargas negativas, isto é, transforma-se em um
todas as vezes que um elétron recebe energia, ele salta para
íon negativo ou ânion. Por outro lado, se um átomo neu-
uma camada mais externa em relação à qual ele se encon-
tro perde elétrons, ele passa a ter excesso de prótons e se
trava. No momento da volta para sua camada de origem, o
transforma em um íon positivo ou cátion.
elétron emite luz devido à energia absorvida anteriormente.
 VOLUME 1

Exemplo Para entender a proposta de Pauling, é necessário analisar o


conceito de camadas eletrônicas. Esse princípio define que a
§ Um átomo de cloro eletricamente neutro tem 17 distribuição dos elétrons em torno do átomo se faz em sete
prótons, 18 nêutrons e 17 elétrons. Ao ganhar um camadas, identificadas pelas letras K, L, M, N, O, P e Q:

16  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Na figura, as setas indicam a ordem crescente dos níveis
de energia:
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10
2 8 1 8 3 2 3 2 18 8 5p6 6s2 4f14 5d10 6p6 7s2 5f14 6d107p6
K
2.2. Distribuição eletrônica por subníveis
L H:
1 1s1
M N O P Q
nível 1 ⇒
Uma das principais características dessas camadas é que camada K
cada uma delas pode comportar um número máximo de
elétrons. Observe a tabela a seguir: n.º de elétrons = 1
K=1
Camada (nível) K L M N O P Q
12
Mg: 1s2 2s22p6 3s2
Número máximo
2 8 18 32 32 18 8 nível 1 nível 2 nível 3
de elétrons
camada K camada L camada M
n.º de elétrons = 2 n.º de elétrons = 8 n.º de elétrons = 2
Pauling apresentou essa distribuição dividida em níveis e
subníveis de energia. Os subníveis são divisões dos níveis ou K=2 L=8 M=2

camadas, representados pelas letras s, p, d, f. Cada subnível


também comporta um número máximo de elétrons. 21
Sc: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d1

Note que o subnível 4s2, segundo a ordem de energia, apa-


Subnível s p d f rece antes do subnível 3d1. Entretanto, é possível reordenar
Número máximo os subníveis segundo o número do nível. Assim, tem-se a
2 6 10 14
de elétrons chamada ordem geométrica ou ordem de camadas:
Representação s2 p6 d10 f14
Sc ⇒ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d1 4s2
21

Segundo Pauling, a distribuição eletrônica não era somente


uma ocupação dos espaços vazios nas camadas da eletrosfera Observe que, na ordem geométrica, o último subní-
pelos elétrons. Eles se distribuem segundo a energia de cada vel – mais distante do núcleo – é o 4s2. Esse subnível
subnível, numa sequência crescente em que ocupam primeiro localiza-se na camada de valência do átomo. Assim:
os subníveis de menor energia e, por último, os de maior.
O subnível mais energético nem sempre é o mais afas-
Observe a seguir o diagrama de energia de Pauling, que
tado (externo) do núcleo.
define a ordem energética crescente, a qual, por sua vez,
resulta na sequência de distribuição dos elétrons.
Diagrama de Linus Pauling
No caso do escândio (Sc), o subnível mais energético é o
1s2 3d1, apresentando 1 elétron; enquanto o mais distante do
2s2 2p63s2 núcleo (mais externo) é o 4s2, com 2 elétrons.
(K) 1; 2e- 1s2
3p64s2 A distribuição eletrônica do escândio por camadas pode ser
3d104p65s2
2s2 2p6
obtida tanto pela ordem energética como pela ordem geo-
(L) 2; 8e- 4d105p66s2 métrica e é representada por: K =2 ; L = 8; M = 9; N = 2.
4f145d106p67s2
(M) 3; 18e- 3s2 3p6 3d10

(N) 4; 32e - 4s2 4p6 4d10 4f14


5f146d10 7p6
2.3. Distribuição eletrônica nos íons
A distribuição eletrônica nos íons é semelhante à distribui-
(O) 5; 32e- 5s2 5p6 5d10 5f14
 VOLUME 1

ção eletrônica nos átomos eletricamente neutros. Contudo,


(P) 6; 18e- 6s2 6p6 6d10 é importante ressaltar que os elétrons que o átomo ganhou
ou perdeu (para se transformar em um íon) serão inseridos
(Q) 7; 8e- 7s2 7p6 ou retirados da última camada eletrônica, e não do subnível
mais energético. O átomo de ferro (número atômico = 26),

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  17


por exemplo, possui a seguinte distribuição eletrônica: interações entre essas partículas; no entanto, parte de um
pressuposto muito exigente: o de que a posição e o mo-
1s2 2s22p6 3s23p6 4s23d6 ou K = 2; L = 8;
mento de todas as partículas são, de fato, conhecidos.
M = 14; N = 2
4s2 = subnível mais externo Ao lidar com corpos muito pequenos, como os elétrons,
por exemplo, determinar valores como posição e momento
3d6 = subnível mais energético
torna-se uma tarefa um pouco mais complicada. Como co-
nhecer a posição de um elétron?
Quando o átomo de ferro perde 2 elétrons e se transforma
no íon Fe2+, ele passa a ter a seguinte distribuição eletrônica: Para que seja possível medir a posição de um elétron, é
preciso vê-lo e, para vê-lo, é necessário iluminá-lo. Além
1s2 2s22p6 3s23p6 3d6 ou K = 2; L = 8; M = 14
disso, a medida será mais precisa quanto menor for o
Com efeito, se o átomo de ferro perder 3 elétrons e se trans- comprimento de onda da luz utilizada. Nesse caso, a fí-
formar no íon Fe3+, ele terá a seguinte distribuição eletrônica: sica quântica diz que a luz é formada por partículas (fó-
1s2 2s22p6 3s23p6 3d5 ou K = 2; L = 8; M = 13 tons) que têm energia proporcional à frequência dessa
Considere, agora, a formação de um íon negativo, por luz. Assim, para medir a posição de um elétron, é preciso
exemplo: S2–. O enxofre (número atômico = 16) possui a incidir sobre ele um fóton bastante energético, pois quan-
seguinte distribuição eletrônica: to maior for a frequência, menor será o comprimento de
onda do fóton.
1s2 2s22p6 3s23p4 ou K = 2; L = 8; M = 6
Contudo, para iluminar o elétron, o fóton tem de se chocar
última camada última camada
com ele, e esse processo transfere energia ao elétron, fato
Quando o átomo de enxofre ganha 2 elétrons e se trans- que modifica sua velocidade, tornando impossível determi-
forma no íon S2–, ele passa a ter a seguinte distribuição nar seu momento com precisão.
eletrônica: Esse princípio, proposto pelo físico alemão Werner Hei-
1s 2s 2p 3s 3p ou K = 2; L = 8; M = 8
2 2 6 2 6 senberg (1901-1976), conhecido como princípio da in-
certeza de Heisenberg, aplica-se somente ao mundo
3. Princípio da incerteza subatômico, uma vez que a energia do fóton transferida
para um corpo macroscópico não seria capaz de alterar
de Heisenberg sua posição.
Na física tradicional newtoniana, também chamada de
Física Clássica, acreditava-se que, se a posição inicial e o De acordo com o princípio de incerteza de Heisenberg,
momento (massa e velocidade) de todas as partículas de é impossível medir com precisão o momento e a posi-
um sistema fossem conhecidos, seria possível calcular suas ção de um corpo muito pequeno.
interações e prever como o sistema se comportaria. Isso
parece correto caso se saiba descrever com precisão as

VIVENCIANDO

Segundo um estudo realizado pela Unicamp, a cafeína pode colaborar para a descalcificação dos ossos por meio
da perda de íons Ca2+ presentes neles. De acordo com o estudo: “O consumo frequente de café e de refrigerante
à base de cola (Coca-Cola) promove alterações ósseas e pode aumentar o risco de fraturas, principalmente no
gênero feminino. A conclusão é da tese de doutorado do cirurgião-dentista Amaro Ilídio Vespasiano Silva, defen-
dida recentemente no programa de Pós-Graduação em Radiologia Odontológica da Faculdade de Odontologia de
Piracicaba (FOP), sob a orientação do professor Lourenço Correr Sobrinho. Embora a pesquisa tenha sido feita em
 VOLUME 1

modelo animal (ratos), sustenta o autor, seus resultados podem ser extrapolados para os seres humanos. ‘Estudos
encontrados em literatura específica acompanharam populações (homens e mulheres) que consumiram refrige-
rante à base de cola e chegaram a resultados semelhantes aos encontrados na minha tese’, afirma o pesquisador.

18  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Em seu trabalho, que teve a coorientação do professor Francisco Haiter Neto, Amaro Silva também analisou os efeitos
do consumo de refrigerante à base de guaraná (Antárctica) sobre os tecidos ósseos. De acordo com ele, a bebida
causa igualmente alterações na estrutura óssea, mas os resultados não foram determinantes a ponto de reduzir a
resistência do osso, assim como ocorreu com o café e o refrigerante à base de cola. A grande responsável por esse
efeito deletério, informa o pesquisador, é a cafeína, presente nas três bebidas consideradas, em proporções diferentes.
A substância, conforme o cirurgião-dentista, age sobre o metabolismo ósseo. ‘Ela induz a diferenciação de células
precursoras de tecido ósseo em osteoclastos, células responsáveis pela reabsorção óssea. Quando a cafeína está
presente em grande quantidade, ocorre um aumento na diferenciação de osteoclastos, e com isso um aumento
significativo na reabsorção óssea. Como consequência, temos uma redução da massa óssea e o aumento do risco
de fraturas’, detalha.
A ideia de desenvolver o trabalho, conforme o autor, veio da necessidade de saber se a cafeína interferiria na qua-
lidade do osso – estrutura e resistência. ‘Alguns estudos apresentam controvérsias a respeito. O fato de as bebidas
serem amplamente consumidas no Brasil, inclusive por crianças e adolescentes, foi determinante para a escolha do
tema’, diz. Amaro Silva esclarece que as alterações mais pronunciadas nos ossos das fêmeas apuradas na pesquisa
se dão provavelmente por causa de fatores hormonais.
Apesar de o estudo não ter avaliado os teores hormonais, afirma, a grande diferença entre machos e fêmeas está
na variação hormonal. ‘No caso dos seres humanos, a mulher possui um ciclo hormonal que influencia diretamente
sobre o metabolismo do osso. Ocorre que a cafeína interfere sobre esse ciclo, o que faz com que haja maior desmi-
neralização do tecido ósseo’, reforça. Questionado sobre a possibilidade de se fazer um consumo seguro das três
bebidas investigadas, Amaro Silva informa que até o momento a ciência não determinou um valor máximo nesse
sentido. ‘Os estudos apontam que a menor concentração de cafeína, consumida no menor intervalo de tempo, já é
capaz de produzir efeitos adversos sobre o metabolismo ósseo’, aponta.”
Disponível em: http://www.unicamp.br/unicamp/ju/602/consumo-de-cafe-e-refrigerante-de-cola-causa-alteracoes-osseas

3. Dê a configuração eletrônica do íon sódio Na+, saben-


Aplicação do conteúdo do que o número atômico do sódio é 11.

1. Um átomo neutro, cuja configuração eletrônica 1s2 Resolução:


2s22p6 3s23p6 4s2, tem como número atômico:
Distribuição eletrônica do átomo de sódio (11Na):
a) 10. d) 2.
b) 20. e) 8. 1s2 2s22p6 3s1 ou K = 2; L = 8; N = 1
c) 18. última camada

Resolução: Quando o átomo de sódio (Na) perde 1 elétron e se transforma


Basta somar os expoentes que aparecem na distribuição no íon (11Na+), ele passa a ter a seguinte distribuição eletrônica:
eletrônica para descobrir o número atômico: 1s2 2s22p6 ou K = 2; L = 8
2 + 2 + 6 + 2 + 6 + 2 = 20
4. (Acafe – adaptado) Considerando-se um elemento M
Alternativa B genérico qualquer que apresenta configuração eletrô-
2. Um átomo que possui configuração 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3 nica 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d5, pode-se afirmar que:
apresenta na camada mais externa: I. seu número atômico é 25;
a) 2 elétrons. d) 12 elétrons. II. possui 7 elétrons na última camada;
b) 3 elétrons. e) 15 elétrons. III. apresenta 13 elétrons na camada 3;
c) 5 elétrons. IV. pertence à família 7A.

Resolução: Estão corretas as afirmações:


a) I, II e III somente.
 VOLUME 1

A camada mais externa é indicada pelo coeficiente maior, b) I e III somente.


no caso, 3. Somando-se, então, os expoentes de 3s23p3, c) II e IV somente.
temos: 2 + 3 = 5. d) I e IV somente.
Alternativa C e) II, III e IV somente.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  19


Resolução:
I. Correto, pois, para descobrir o número atômico, basta
somar o número de elétrons (o átomo M é neutro, logo
o número de prótons é igual ao número de elétrons):
2 + 2 + 6 + 2 + 6 + 2 + 5 = 25

II. Falso, pois a última camada do átomo M é 4, e, pela


configuração eletrônica, há 2 elétrons na camada 4.
multimídia: site
III. Correto, na camada 3 há 2 + 6 + 5 = 13 elétrons
(3s2 3p6 3d5). www.agracadaquimica.com.br/index.php?&ds=1&acao=-
IV. Falso, pois, como a configuração eletrônica termina quimica/ms2&i=28&id=617
em 3d5, pertence à família B (7B para ser mais exato),
não pertencendo à família A (ou 7A)
Alternativa B

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A diferença da concentração intracelular e extracelular de substâncias e íons através da membrana plasmática pode
ser mantida por transporte passivo (sem gasto de energia, caso da difusão e da osmose) ou por transporte ativo (com
gasto de energia, caso da bomba de sódio e potássio).
O transporte ativo se caracteriza por ser o movimento de substâncias e íons contra o gradiente de concentração, isto
é, ocorre sempre de locais onde estão menos concentrados para os locais onde se encontram mais concentrados.
Esse processo é possível devido à presença de certas proteínas na membrana plasmática que, com o gasto de
energia, são capazes de se combinar com a substância ou íon e transportá-los para a região em que estão mais
concentrados. Para que isso ocorra, a proteína sofre uma mudança em sua forma a fim de receber a substância ou o
íon. É importante ressaltar que a energia necessária para essa mudança é proveniente da quebra da molécula de ATP
(adenosina trifosfato) em ADP (adenosina difosfato) e fosfato.
Um exemplo de transporte ativo é a bomba de sódio e potássio. A concentração de sódio é maior no meio extrace-
lular, enquanto a de potássio é maior no meio intracelular. A manutenção dessas concentrações é realizada pelas
proteínas transportadoras descritas anteriormente, que capturam íons sódio (Na+) no citoplasma e os bombeiam para
fora da célula. No meio extracelular, capturam os íons potássio (K+) e os bombeiam para o meio interno. Caso não
houvesse um transporte ativo eficiente, a concentração desses íons iria se igualar.
Assim, a bomba de sódio e potássio é importante, uma vez que estabelece a diferença de carga elétrica entre os
dois lados da membrana, fator que é fundamental para as células musculares e nervosas, e promove a facilitação da
penetração de aminoácidos e açúcares. Além disso, a manutenção de alta concentração de potássio dentro da célula
é essencial para a síntese de proteína e respiração, e o bombeamento de sódio para o meio extracelular permite a
manutenção do equilíbrio osmótico.
 VOLUME 1

20  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

1s2
2s2 2p6
3s2 3p6 3d10

DIVIDIDOS EM
4s2 4p6 4d10 4f14
NÚCLEO ELETROSFERA 5s2 5p6 5d10 5f14
6s2 6p6 6d10
NÍVEIS
7s2 7p6

SUBNÍVEIS

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  21


atômica), determinadas propriedades se repetiam diversas
TABELA vezes, isto é, eram propriedades periódicas.
PERIÓDICA Então, Mendeleev organizou os elementos em linhas ho-
rizontais seguindo o seguinte critério: quando as proprie-

CN
dades de um elemento eram semelhantes às de outro
da mesma linha, esse elemento era deslocado para uma
COMPETÊNCIA(s) nova linha e posto na coluna do elemento com o qual
1, 5 e 8 tinha semelhança. Assim, formaram-se colunas com ele-
mentos que possuíam propriedades químicas semelhan-
AULAS HABILIDADE(s)
3, 17, 29 e 30
tes. As linhas horizontais foram denominadas períodos,

5E6
e as colunas, famílias ou grupos.
A tabela de Mendeleev foi eficiente ao demonstrar a perio-
dicidade das propriedades dos elementos. Restava, no en-
tanto, encontrar uma explicação para essas propriedades.
Em 1913, o químico inglês Henry Moseley (1887-1915)
verificou que as propriedades dos elementos decorriam
da carga nuclear, denominada número atômico (Z). Com a
descoberta de Moseley, foi possível corrigir algumas ano-
malias que haviam sido observadas por Mendeleev.

1. Introdução
A Tabela Periódica ou classificação periódica dos ele-
mentos possibilita a verificação das características dos ele-
mentos e suas repetições, bem como fazer previsões.
Em 1869, Dimitri Ivanovich Mendeleev (1834−1907), pro-
fessor de Química da Universidade de São Petersburgo
(Rússia), escrevia um livro sobre elementos conhecidos na multimídia: vídeo
época, cujas propriedades havia anotado em fichas separa-
Fonte: Youtube
das – cerca de 63.
Elementos Químicos mais perigosos do mundo
Analisando suas fichas, ele notou que, organizando os
elementos em função da massa de seus átomos (massa
 VOLUME 1

22  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


VIVENCIANDO

Os elementos químicos possuem diversas funções no dia a dia. Na área da medicina, eles atuam como antidepressi-
vos, antipsicóticos, ansiolíticos, calmantes, barbitúricos, etc. Muitos artigos da literatura científica apresentam dados
históricos sobre a descoberta do lítio e seu desenvolvimento na psiquiatria, abordando sua descoberta na Austrália,
seu desenvolvimento primeiramente na Europa e, então, nos Estados Unidos. O grande marco na história do lítio
ocorreu em 1954, quando o pesquisador dinamarquês Mogens Schou e colegas publicaram seu primeiro estudo du-
plo-cego do lítio na mania, dando início a um trabalho de toda a vida de Schou na pesquisa do lítio. O uso do lítio no
transtorno bipolar (TB) causou uma revolução na psicofarmacologia, uma vez que forçou os psiquiatras a pensarem
em termos de diagnóstico, pois a utilidade do lítio nos quadros de mania clássica foi consagrada por diversos estudos
científicos e pela prática clínica.
Durante muitos anos, o lítio foi o único estabilizador do humor. Recentemente, outras medicações começaram a ser
utilizadas para esse fim, principalmente os anticonvulsionantes e os antipsicóticos atípicos. Essas medicações, com
características farmacológicas, posológicas e clínicas diferentes, colocaram em cheque o “reinado” do lítio e o seu
papel atual no arsenal terapêutico do TB. O que se observa na prática clínica é um declínio do uso do lítio. Diversos
motivos concorreram para isso: dificuldades posológicas, efeitos adversos graves (raros) e o investimento da indústria
farmacêutica no desenvolvimento de novas medicações.
Entretanto, depois de 50 anos, o carbonato de lítio continua sendo um tratamento de primeira linha para a maioria
dos pacientes bipolares. Os estudos e a prática clínica ainda consagram o lítio como o estabilizador de humor por
excelência. Diretrizes elaboradas por meio de uma abordagem baseada em evidências consagram o lítio como
primeira escolha terapêutica em praticamente todas as fases e apresentações do TB. Conclui-se que os psiquiatras
(principalmente aqueles em formação) devem ser estimulados a conhecer de forma precisa as indicações do lítio e
aprender a utilizar essa medicação, que tem auxiliado tantos pacientes.

2. Lei periódica atual (Moseley) 3. Organização da


Quando os elementos químicos são agrupados em or- Tabela Periódica
dem crescente de número atômico (Z), é possível obser-
var a repetição periódica de diversas propriedades. Os
3.1. Grupos ou famílias
elementos químicos estão dispostos em ordem crescente
de número atômico na Tabela Periódica atual, originan- Atualmente, a Tabela Periódica é formada por 18 grupos
do os períodos na horizontal (linhas) e as famílias ou ou famílias.
grupos na vertical (colunas). Existem duas maneiras de identificar os grupos ou famílias. A
mais comum é indicar cada grupo por um algarismo romano,
seguido das letras A e B. Por exemplo: IA, IIA, VB. As letras A e
B indicam a posição do elétron mais energético nos subníveis.
Na outra maneira, os grupos são indicados por algarismos
arábicos de 1 a 18, eliminando-se as letras A e B. Essa for-
ma foi proposta no final da década de 1980 pela União
Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC).
multimídia: site
 VOLUME 1

a) Famílias A
phet.colorado.edu/sims/html/build-an-atom/latest/build- Os elementos que formam essas famílias são denominados
-an-atom_pt_BR.html elementos representativos. Seus elétrons mais energé-
ticos estão localizados nos subníveis s ou p.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  23


Nas famílias A, o número do grupo indica a quantidade de
elétrons na camada de valência. Observe no quadro que
alguns grupos possuem nomes:
Nº de
Família Configuração
elétrons
ou Nome do último Componentes
no último
grupo nível
nível

IA – 1
metais
ns1 1
Li, Na, K, multimídia: vídeo
alcalinos Rb, Cs, Fr
metais
Fonte: Youtube
Be, Mg, Ca,
IIA –2 alcalino- ns 2
2
Sr, Ba, Ra As 100 maiores descobertas da Química
-terrosos
família B, Aℓ, Ga,
IIIA – 13 ns2np1 3
do boro In, Tl, Nh

IVA – 14
família do
carbono
ns2np2 4
C, Si, Ge,
Sn, Pb, Fℓ
4. Metais, ametais,
VA –15
família do
nitrogênio
ns2np3 5
N, P, As, Sb,
Bi, Mc
semimetais e gases nobres
O, S, Se, Te, Outra classificação periódica importante é a que divide os
VIA – 16 calcogênios ns2np4 6
Po, Lv elementos em metais, não metais (ou ametais), semimetais
VIIA – 17 halogênios ns2np5 7 F, Cℓ, Br, I, At, Ts e gases nobres, como é possível observar a seguir.
VIIIA gases He, Ne, Ar, Kr, § Metais: formam cátions (íons positivos) e geralmente
ns2np6 8
(Zero) – 18 nobres Xe, Rn, Og são sólidos à temperatura ambiente (exceto o mercú-
rio) com alto ponto de fusão. Eles não se quebram com
b) Famílias B facilidade, mas, na maior parte dos casos, são maleá-
veis – principalmente quando aquecidos à temperatura
Os elementos dessas famílias são denominados elementos adequada – e podem ser transformados em fios finos,
de transição. Uma parte deles ocupa o bloco central da Ta- isto é, são dúcteis. É por esse motivo que costumam ser
bela Periódica, de IIIB até IIB (10 colunas), denominados ele- usados para moldar chapas e fabricar panelas, utensílios
mentos de transição externa, e apresentam seu elétron domésticos, fios elétricos, etc. São também bons condu-
mais energético em subníveis d (de d1 a d10). tores de eletricidade e calor. Muitos metais se encon-
tram combinados a outros elementos, precisando pas-
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
sar por um processo de separação para serem isolados.
§ Ametais (não metais): cerca da metade dos não me-
3B 4B 5B 6B 7B 8B 1B 2B
tais são gases, com exceção do bromo, que é líquido. Os
d1 d2 d3 d4 d5 d6 d7 d8 d9 d10 demais são sólidos. Oxigênio, nitrogênio, cloro e flúor
são não metais gasosos; carbono, iodo, fósforo, enxofre,
A outra parte deles está deslocada do corpo central, for- selênio e astato são não metais sólidos. Entre eles, exis-
mando as séries dos lantanídeos e dos actinídeos deno- tem os halogênios: flúor, cloro, bromo, iodo e astato, que
minados elementos de transição interna. reagem com metais e formam sais. O sal comum, por
exemplo, é formado pela combinação de cloro e sódio.
Essas séries constituem 15 colunas. O elétron mais energé-
tico está localizado em subníveis f (de f1 a f14). Os não metais não são bons condutores de eletricidade
ou calor; os sólidos normalmente se quebram ao serem
O esquema a seguir apresenta o subnível ocupado pelo dobrados. Eles possuem ponto de fusão baixo (com ex-
elétron mais energético dos elementos da Tabela Periódica. ceção do carbono na forma de grafite ou diamante). Em
1 18
geral, não reagem com ácidos diluídos. O hidrogênio
1s 1 1s 2

2s 1
2

2s 2
13

2p1
14

2p2
15

2p3
16

2p4
17

2p5 2p6
deve ser deixado fora dessa classificação devido às suas
3s 1 3s 2
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
3p1 3p2 3p3 3p4 3p5 3p6
propriedades muito especiais. Por via de regra, os não
4s 1 4s 2 3d1 3d2 3d3 3d4 3d5 3d6 3d7 3d8 3d9 3d10 4p1 4p2 4p3 4p4 4p5 4p6 metais possuem características opostas às dos metais.
 VOLUME 1

5s 1 5s 2 4d1 4d2 4d3 4d4 4d5 4d6 4d7 4d8 4d9 4d10 5p1 5p2 5p3 5p4 5p5 5p6

6s 1 6s 2 4f 5d2 5d3 5d4 5d5 5d6 5d7 5d8 5d9 5d10 6p1 6p2 6p3 6p4 6p5 6p6 § Semimetais: possuem propriedades intermediárias en-
7s 1 7s 2 5f 6d2 6d3 6d4 6d5 6d6 6d7 6d8 6d9 6d10 7p1 7p2 7p3 7p4 7p5 7p6 tre os metais e os não metais.
4f 1 4f 2 4f 3 4f 4 4f 5 4f 6 4f 7 4f 8 4f 9 4f 10 4f 11 4f 12 4f 13 4f 14 5d1
§ Gases nobres: possuem comportamento químico muito
5f 5f 5f 5f 5f 5f 5f 5f 5f 5f 5f 5f 5f 5f 6d1
particular, sendo usualmente inertes, ou seja, pouco reativos.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

24  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


5. Períodos Características da
distribuição eletrônica
Localização e
classificação
Na tabela atual, há sete períodos (linhas horizontais), que
correspondem à quantidade de níveis (camadas) eletrôni- 4 camadas (K, L, M e N) 4.º período

cos apresentados pelos elementos químicos.


elétron de maior energia situado no bloco d
4
Be ⇒ 1s2 2s2 ⇒ 2 camadas eletrônicas (K e L); 2.º período subnível d (3d6) (elemento de transição)
K L
2 elétrons na camada de valência (4s2)
Cℓ ⇒ 1s 2s 2p 3s 3p ⇒ 3 camadas eletrônicas (K, L
17
2 2 6 2 5 + 6 elétrons no subnível de maior ener- família VIIIB = 8
gia (3d6)
K L M e M); 3.º período

Aplicação do conteúdo
1. Um átomo no estado fundamental apresenta normal-
mente 2 elétrons na primeira camada, 8 na segunda, 18
na terceira e 7 na quarta camada. A família e o período
em que se encontra esse elemento são, respectivamente:
a) família dos halogênios, sétimo período;
b) família do carbono, quarto período;
multimídia: site c) família dos halogênios, quarto período;
d) família dos calcogênios, quarto período;
super.abril.com.br/ciencia/os-elementos-da-morte/ e) família dos calcogênios, sétimo período.
Resolução:
O elemento é do 4.º período, pois apresenta quatro cama-
6. Localização na Tabela Periódica das eletrônicas. Por apresentar 7 elétrons na quarta cama-
A distribuição eletrônica de um elemento permite que seja da, o elemento estará na coluna 7A. Trata-se, portanto, do
determinada sua localização na tabela. halogênio situado no quarto período.

Observe alguns exemplos de como se pode localizar o ele- Alternativa C


mento químico a partir da distribuição eletrônica: 2. O alumínio que tem número atômico igual a 13:
Na ⇒ 1s2 2s22p6 3s1 a) pertence ao grupo IA da Tabela Periódica;
11
camadas (níveis): K = 2; L = 8; M = 1 b) forma cátion trivalente;
c) tem símbolo Am;
Características da d) pertence à família dos metais alcalino-terrosos;
Localização e classificação e) é líquido à temperatura ambiente.
distribuição eletrônica
3 camadas (K, L, M) 3.º período Resolução:
elétron de maior energia
bloco s (elemento representativo)
situado no subnível s (3s1)
13
Aℓ ⇒ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1
1 elétron na camada M=3
família IA (metais alcalinos) = Grupo 1
de valência (3s1)
Características da Localização e
distribuição eletrônica classificação
Cℓ ⇒ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 ⇒ 3 camadas eletrônicas (K,
17 3 camadas (K, L, M) 3.º período
L e M); 3.º período elétron de maior energia situado no sub- bloco p (elemento re-
nível p (3p1) presentativo)
3 elétrons na camada de valência (3s23p1) família 3A (Boro) = 13
Características da Localização e
distribuição eletrônica classificação Por pertencer à família IIIA, o alumínio possui capacidade
3 camadas (K, L, M) 3.º período de realizar três ligações, portanto é um cátion trivalente.
elétron de maior energia situado no
a) (INCORRETA) O alumínio pertence ao grupo 13 – IIIA
bloco p (elemento representativo) da Tabela Periódica.
subnível p (3p5)
 VOLUME 1

7 elétrons na camada de valência c) (INCORRETA) O símbolo do alumínio é Aℓ.


família VIIA (halogênios) = 17
(3s23p5) d) (INCORRETA) O alumínio pertence à família do Boro.
e) (INCORRETA) À temperatura ambiente, o alumínio
Fe ⇒ 1s2 2s22p6 3s23p6 4s2 3d6 ⇒ 4 camadas eletrôni-
26 é sólido.
cas (K, L, M e N); 4.º período Alternativa B

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  25


3. Um átomo T apresenta 2 prótons a menos que um áto- 5. Em 15 de março de 2012, o jornal O Estado de São Paulo
mo Q. Com base nessa informação, assinale a opção falsa: anunciou que uma “batalha planetária” estava sendo de-
T       Q flagrada pelo comércio das chamadas “terras raras”. O mo-
tivo é que essas terras são indispensáveis às indústrias de
a) gás nobre   alcalino-terroso
ponta. “Sem elas, não haveria smartphones, nem celulares,
b) halogênio   alcalino trens que andam a mais de 500 quilômetros por hora, nem
c) calcogênio    gás nobre veículos híbridos, fazendas eólicas, lâmpadas fluorescen-
d) enxofre     silício tes”. Em relação às “terras raras”, é incorreto afirmar que:
e) bário     cério a) Quase todos os elementos que compõem as “terras
raras” fazem parte do “bloco f” da Tabela Periódica, ou
Resolução:
seja, do conjunto de grupos cujos elementos possuem
Do enunciado, concluímos que, se Q tem x prótons, T terá (x – 2) o elétron de mais alta energia no orbital atômico f.
prótons. Isso equivale a dizer que Q está duas “casas” à b) São os elementos lantanídeos, aos quais se juntam
o escândio e o ítrio.
frente de T na Tabela Periódica. Assim, basta seguir a Tabela
c) Há 17 elementos considerados “terras raras”, e 15
Periódica para verificar a única opção incorreta (falsa). deles são classificados como metais de transição interna.
Alternativa D d) São os elementos alcalino-terrosos.
e) A maior parte desses elementos que compõem as “ter-
4. O elemento que, no estado fundamental, apresenta ras raras” faz parte do sexto período da Tabela Periódica.
a configuração eletrônica [Ar]4s23d6 é o quarto mais
abundante na crosta terrestre. Assinale a opção corres- Resolução:
pondente ao nome desse elemento. O grupo dos elementos conhecidos como “terras raras” é
a) Magnésio um grupo formado por metais. O termo “terra” foi usado
b) Alumínio durante o século XIX como referência aos óxidos produzidos
c) Oxigênio por esses metais. Nesse sentido, “terra rara” seria um termo
d) Níquel que designava óxidos metálicos de abundância reduzida.
e) Ferro
Os elementos terras raras são elementos do bloco de transi-
Resolução: ção, sendo a maioria (15 deles) pertencente ao grupo dos lan-
Conforme a Tabela Periódica, a distribuição eletrônica do tanídeos (transição interna), localizados no sexto período da
argônio (Ar) é igual a 1s22s22p63s23p6. O elemento desco- tabela. O escândio e ítrio não fazem parte do grupo dos lan-
nhecido será a parte do [Ar], acrescida de 4s23d6, como diz o tanídeos, embora apresentem características físico-químicas
semelhantes, fator que justifica sua inclusão na classificação.
enunciado da questão. Dessa forma, tem-se para o elemen-
to desconhecido [Ar]4s23d6, ou seja, 1s22s22p63s23p64s23d6. Os elementos alcalinos terrosos também formam óxidos
Somando os expoentes (números de elétrons), obtém-se 26, (por isso o termo terroso), mas são representativos, ou seja,
que é o número atômico do ferro. pertencem ao grupo A da Tabela Periódica.
Alternativa E Alternativa D

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O chumbo tem envenenado a humanidade desde a invenção de duas coisas complementares: a cerâmica e o vinho.
Potes de cerâmica costumavam ser envernizados com produtos à base de chumbo. Esse verniz reage com o vinho,
constituindo uma substância denominada acetato de chumbo. Também chamado de “açúcar de chumbo”, esse pro-
duto é – como seria de se esperar – doce. Por esse motivo, e porque ajuda a conservar o vinho, o acetato de chumbo
era adicionado de propósito à bebida no Império Romano. E a elite de Roma tomava vinho como se fosse água. Isso,
segundo John Emsley, provavelmente era a causa do comportamento alucinado de imperadores como Calígula e
 VOLUME 1

Nero. Nos séculos seguintes, esse tipo de envenenamento continuou a atacar os bebedores de vinho, mas de forma
acidental ou devido à má-fé de pessoas que usavam o acetato de chumbo para disfarçar o vinho ruim.

26  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

PERÍODO DEFINIDO PELA CAMADA

NÚMERO DE
GRUPO (FAMÍLIA) DEFINIDO PELO ELÉTRONS NO
SUBNÍVEL MAIS
ENERGÉTICO

ELEMENTOS ELEMENTOS
REPRESENTATIVOS DE TRANSIÇÃO

TERMINAM COM TERMINAM COM


CONFIGURAÇÃO CONFIGURAÇÃO
s ou p EM d: EXTERNA
EM f: INTERNA

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  27


Exemplos: calor específico, índice de refração, dureza e
PROPRIEDADES massa atômica. É válido ressaltar que a massa atômica
PERIÓDICAS sempre aumenta com o número atômico do elemento.

2. Eletronegatividade e
CN COMPETÊNCIA(s)
1, 5 e 8
eletropositividade
Eletronegatividade é a tendência que um átomo
AULAS HABILIDADE(s)
3, 17, 29 e 30
possui de atrair elétrons quando se encontra “ligado”

7E8
a outro átomo de elemento químico diferente numa
substância composta.

§ Variação da eletronegatividade: cresce da esquer-


da para a direita nos períodos e de baixo para cima nos
grupos (famílias).

Os gases nobres não se


incluem nessa propriedade.
A eletronegatividade

1. Propriedades periódicas
não está definida
para esses gases.

A Tabela Periódica possibilita deduzir quais elementos têm § Variação da eletropositividade: ocorre de forma
propriedades químicas e físicas semelhantes. Os metais, oposta à da eletronegatividade e também não está de-
semimetais, não metais e gases nobres formam grupos finida para os gases nobres.
subdivididos para facilitar a localização.
A Tabela Periódica não é útil apenas para indicar a massa Eletropositividade é a capacidade que um átomo
atômica, o número atômico e a distribuição eletrônica dos tem de doar elétrons, em comparação a outro átomo,
átomos: ela é utilizada também para observar as proprie- na formação de uma substância composta. É o oposto
da eletronegatividade. Também é denominada caráter
dades periódicas e aperiódicas utilizadas para relacionar as
metálico.
características dos elementos com suas estruturas atômicas.
§ Propriedades periódicas: variam de acordo com o
número atômico, isto é, assumem valores que crescem e
decrescem ao longo de cada período da Tabela Periódica.
Propriedade
4 F
Cl
3 Br
I
At
2
1 Ra multimídia: vídeo
Li Na K Rb Cs Fr
Fonte: Youtube
10 20 30 40 50 60 70 80 90
Número atômico Metais Alcalinos 2
Exemplos: eletronegatividade, raio atômico, energia de
ionização (também denominada potencial de ionização),
eletroafinidade (também denominada afinidade eletrô- 3. Raio atômico
nica), densidade, temperaturas de fusão e ebulição e Devido ao fato de a eletrosfera não possuir um limite bem
 VOLUME 1

volume atômico. definido, o raio atômico é calculado a partir do empacota-


§ Propriedades aperiódicas: os valores da proprieda- mento em sólidos de átomos iguais, definindo distâncias
de variam à medida que o número atômico aumenta, entre os núcleos (d). Assim, considera-se o raio atômico (r)
mas não se repetem em períodos regulares. como sendo a metade da distância entre os núcleos de
​​ d ​​​.
dois átomos vizinhos: r = __
2
28  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias
11 prótons 11 prótons

11 elétrons –1e– 10 elétrons


11
Na 11
Na+
3 níveis de energia 2 níveis de energia

r 1s2 2s2 2p6 3s1 1s2 2s2 2p6

raio Na > raio Na+


d
2. Raio do ânion: de maneira semelhante, quando um
§ Variação do raio atômico:
átomo ganha elétrons, aumenta a repulsão da nuvem
eletrônica, ampliando o seu tamanho. Assim, raio do áto-
mo < raio do ânion.
8 prótons 8 prótons

8 elétrons +2e– 10 elétrons


8
O 8
O2-
Nos grupos (colunas verticais): aumenta de cima para 2 níveis de energia 2 níveis de energia
baixo, pois, nesse sentido, aumenta o número de camadas
1s2 2s2 2p4 1s2 2s2 2p6
eletrônicas (níveis de energia) do átomo. Assim, um átomo
do 2.º período (lítio, por exemplo) tem apenas dois níveis raio O < raio O2-
de energia e terá raio atômico menor que um átomo do
3.º período (sódio, da mesma família, por exemplo) que Para um mesmo elemento:
apresentar três níveis de energia.
raio do cátion < raio do átomo < raio do ânion
Nos períodos (linhas horizontais): em um mesmo pe- (neutro)

ríodo, o número de camadas eletrônicas é o mesmo; no


entanto, quando o número atômico (número de prótons) Numa série de isoeletrônicos (espécies – átomos, nêu-
aumenta, também aumenta a atração que o núcleo exer- trons, cátions ou ânions – que apresentam o mesmo nú-
ce sobre a eletrosfera, diminuindo o tamanho do átomo e mero de elétrons), terá maior raio aquele que tiver menor
consequentemente o raio atômico. Assim, o raio atômico número atômico.
cresce da direita para a esquerda nos períodos.
Exemplo: todas as espécies a seguir apresentam 10 elé-
trons, isto é, são isoeletrônicas:
O2–, 9F1– , 10Ne, 11Na1+ e 12Mg2+
8

De acordo com o número atômico, a ordem crescente de


raio será:

Mg2+ < 11Na1+ < 10Ne < 9F1– < 8O2–


multimídia: vídeo
12

Fonte: Youtube Observe que, quando o número atômico (número de


prótons) decresce, a carga nuclear que atrai a eletrosfera
A Força dos Ímãs de Neodímio!
também diminui, e, assim, o raio aumenta.

3.1. Raio iônico 4. Energia ou potencial


Já foi visto que átomos podem perder ou ganhar elétrons,
tornando-se íons (cátions e ânions, respectivamente).
de ionização
1. Raio do cátion: ao perder elétrons, a repulsão da
 VOLUME 1

nuvem eletrônica diminui, reduzindo o seu tamanho. In- Energia (ou potencial) de ionização é a energia
clusive, pode-se perder o último nível de energia. Quanto necessária para remover um elétron de um átomo (ou
menor a quantidade de níveis, menor o raio. Assim, raio íon) na fase gasosa.
do átomo > raio do cátion.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  29


Exemplo:13Aℓ (3 níveis de energia no estado fundamen- Representação do processo no qual o átomo ganha um
tal com 3 elétrons no nível mais externo 3s2 3p1) elétron e libera energia:
1ª E.I.: 13Aℓ(g) + 577,4 kJ/mol ⇒ 13Aℓ1+(g) + e– X(g) + e– → X1–(g) + energia
2ª E.I.: 13Aℓ1+ + 1.816,6 kJ/mol ⇒13Aℓ2+ + e–
(g) (g)
§ Variação da eletroafinidade:
3ª E.I.: 13Aℓ + 2.744,6 kJ/mol ⇒ 13Aℓ + e
2+
(g)
3+
(g)

4ª E.I.:13Aℓ3+
(g)
+ 11.575,0 kJ/mol ⇒ 13Aℓ4+
(g)
+ e–

Assim: 1.ª EI < 2.ª EI < 3.ªEI<<<4.ªEI


À medida que o íon se torna cada vez mais positivamente
carregado, é preciso cada vez mais energia para retirar um Não por acaso, a eletroafinidade varia de acordo com a
elétron de sua camada mais externa. eletronegatividade, uma vez que, quanto mais eletronega-
tivo for um átomo, maior será a sua tendência em ganhar
4.1. Variação da energia de ionização elétrons. Observe também que a eletroafinidade não está
definida para os gases nobres.
Nas famílias e nos períodos, a energia de ionização aumen-
ta conforme diminui o raio atômico. De fato, quanto menor
o tamanho do átomo, maior será a atração do núcleo pela 6. Outras propriedades
eletrosfera e, assim, mais difícil será retirar um elétron.
periódicas
Existem outras propriedades periódicas de menor impor-
tância. Por esse motivo, não serão aprofundadas maiores
explicações para a variação dessas propriedades. Contudo,
abordaremos algumas delas.
1. Pontos de fusão e de ebulição: na Tabela Periódica,
em condições ambientes, tem-se:
Gases: H2 (g) ; N2 (g) ; O2 (g) ; F2 (g) , Cℓ2 (g).
Líquidos: Br2 (ℓ); Hg (ℓ).
Sólidos: os demais elementos.
Variação do ponto de fusão e do ponto de ebulição:

multimídia: site

super.abril.com.br/ciencia/a-quimica-presente-nas-
-atividades-do-dia-a-dia/

5. Eletroafinidade ou As setas indicam o aumento do ponto de fusão (o


carbono é uma exceção, com ponto de fusão
afinidade eletrônica de aproximadamente 3.550 °C). O tungstênio é
o metal de maior ponto de fusão (aproximadamente
3.422 °C), sendo utilizado na fabricação de filamentos
Eletroafinidade é a quantidade de energia libera- de lâmpadas incandescentes.
da por um átomo, no estado gasoso, ao ganhar um
 VOLUME 1

elétron. Os átomos com afinidade eletrônica eleva-


Chama-se densidade absoluta (d) ou massa espe-
da têm a tendência de ganhar um ou mais elétrons,
cífica de um elemento o quociente entre sua massa
adquirindo estabilidade (configuração eletrônica dos
​ m
(m) e seu volume (v): d = __v ​.
gases nobres).

30  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Variação da densidade: Considerando que a escala no eixo das abscissas não co-
meça necessariamente do zero, os números atômicos dos
elementos A, B e C só podem ser, respectivamente:
a) A = 1; B = 9; C = 10.
b) A = 11; B = 18; C = 19.
c) A = 10; B = 19; C = 20.
Observe que os elementos mais densos situam-se no cen- d) A = 12; B = 17; C = 18.
tro e na parte inferior da Tabela Periódica. e) A = 2; B = 10; C = 11.
Exemplos: ósmio (d = 22,5 g/cm ) e irídio
3
Resolução:
(d = 22,4 g/cm3).
Na sequência de oito elementos que vai de A até B, a ener-
2. Volume atômico: gia de ionização, de modo geral, aumenta com o aumento
do número atômico. Isso indica que esses oito elementos
Volume atômico de um elemento é o volume pertencem a um mesmo período da Tabela Periódica. Além
ocupado por 1 mol (6,02 ∙ 1023) de seus átomos disso, a súbita redução da energia de ionização ao passar
no estado sólido. de B para C indica uma mudança de período.
Os oito elementos de A até B devem pertencer, portanto,
Note que o volume atômico não é o volume de um átomo, ao segundo ou ao terceiro período da tabela (períodos que
mas o volume de um conjunto de 6,02 ∙ 1023 átomos. Em têm apenas oito elementos), com A sendo alcalino do pe-
consequência, no volume atômico influi não apenas o volu- ríodo seguinte.
me de cada átomo como também o espaçamento existente Dessa forma, tem-se as seguintes possibilidades:
entre eles.
1.ª possibilidade: A é o lítio (Z = 3), B é o neônio
massa de 6,02 · 1023 átomos do elemento
_______________________________
V =    ​​       ​​ (Z = 10) e C é o sódio (Z = 11).
densidade da substância simples
2.ª possibilidade: A é o sódio (Z = 11), B é o argônio
§ Variação do volume atômico:
(Z = 18) e C é o potássio (Z = 19).
Dentre essas alternativas do teste, a única possível é a b,
que corresponde à segunda possibilidade.
Alternativa B

Observe que, na família, a variação do volume atômico é


semelhante à do raio atômico; nos períodos, à esquerda da
linha tracejada, o aumento do volume atômico acompanha
o do raio atômico; à direita da linha tracejada, a variação é
oposta, pois, nos elementos situados nessa região (principal-
mente os não metais), o espaçamento entre os átomos é
multimídia: livro
relativamente grande.
Para Que Servem os Elementos Químicos
Aplicação do conteúdo
Essa obra reúne informações úteis relacionadas com as origens
1. O gráfico a seguir mostra a variação do potencial de principais das propriedades, aplicações diversas e usos mais
ionização (eixo das ordenadas) em função do número comuns dos elementos químicos reconhecidos pela IUPAC.
atômico (eixo das abscissas). Destinada ao público em geral, a obra foi elaborada de modo
claro e objetivo, podendo ser consultada independentemente
da formação cientíca, técnica ou cultural do leitor. Por suas
 VOLUME 1

características, o livro pode ser recomendado para a contextu-


alização do ensino de Química e áreas afins, de modo a aten-
der à filosofia de ação didática preconizada pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  31


2. A tabela apresenta os valores para duas propriedades atômicas (X e Y) em função do número atômico (Z):

Número
3 4 5 6 7 8 9
Atômico (Z)
x 157 112 88 77 74 66 64
y 1,0 1,6 2,0 2,6 3,0 3,4 4,0

As propriedades X e Y são, respectivamente:


a) Eletronegatividade e volume atômico.
b) Primeira energia de ionização e afinidade eletrônica.
c) Raio atômico e volume atômico.
d) Eletronegatividade e primeira energia de ionização.
e) Raio atômico e eletronegatividade.
Resolução:

A propriedade X pode corresponder ao raio atômico, pois, com o aumento do número atômico (número de prótons), obser-
va-se diminuição nos valores dessa propriedade.
A propriedade Y pode corresponder à eletronegatividade, pois os valores aumentam com a elevação do número atômico.
Alternativa E

VIVENCIANDO

O flúor é muito utilizado em pastas de dente para proteger de forma mais eficiente os dentes contra cáries, e isso tem um
motivo muito lógico. Os dentes são protegidos por um esmalte que é basicamente constituído por um mineral denomi-
nado hidroxiapatita. A hidroxiapatita é formada por fosfato de cálcio cristalino Ca10(PO4)6(OH)2 e representa um depósito
de 99% do cálcio corporal e 80% do fósforo total. Esse mineral, muito pouco solúvel, dissolve-se em ácido, pois tanto o
P quanto o OH– reagem com H+:
Ca10(PO4)6(OH)2 + 20HCℓ → 10CaCℓ2 + 6H3PO4 + 2H2O
As bactérias que causam a deterioração aderem aos dentes e produzem ácido lático por meio do metabolismo
de açúcar. O ácido lático diminui o pH na superfície dos dentes para menos de 5. Num pH inferior a 5,5, a hidro-
xiapatita começa a dissolver e ocorre a deterioração dos dentes. O íon fluoreto inibe a deterioração dos dentes,
formando apatita fluoretada, Ca10(PO4)6F2, que é menos solúvel e mais resistente a ácidos do que a hidroxiapatita.
 VOLUME 1

32  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Há vários tipos de componentes que são capazes de conduzir energia elétrica. No entanto, do ponto de vista comercial,
dois são os principais: alumínio e cobre. O cobre é mais caro e, comparativamente, mais pesado do que o alumínio. Então
por que usar cobre?
Basicamente, o tipo de condutor que se aplica melhor às condições impostas é o usado. Peso, custo, aquecimento
e capacidade de condução elétrica são alguns dos fatores físicos e químicos que são levados em consideração na
escolha. Dessa maneira, os condutores de alumínio são mais usados em grandes redes de transmissão, e o cobre, em
instalações domésticas, por exemplo.
Comparativamente, o alumínio já chegou a ser oito vezes mais barato do que um equivalente de cobre. Além dis-
so, o condutor de alumínio tem metade do peso do seu correspondente de cobre. A terceira maior vantagem
desses condutores é resistir melhor à deformação. Todas essas características reduzem os custos do uso desse material em
grandes transmissões, pois as torres podem ser menos robustas e o espaçamento entre elas pode ser maior.
O cobre, por sua vez, possui maior resistência aos fatores externos, como oxidação e corrosão galvânica. Essas ca-
racterísticas reduzem o risco de superaquecimento das fiações. Além disso, o cobre é mais maleável que o alumínio,
favorecendo o uso para aplicações e instalações em que fios flexíveis são necessários ou desejáveis. Outro ponto é o
fato de que a maioria das estruturas existentes já são de cobre, e as conexões cobre-cobre são muito mais confiáveis
que alumínio-cobre.Por fim, a legislação brasileira, por meio da ABNT NBR 5410, impõe restrições legais ao uso de
alumínio em locais com uma ocupação muito densa ou onde o acesso é um pouco mais difícil. Por isso, em hospitais
e hotéis, por exemplo, é proibido usar alumínio.

Cobre – Alumínio
§ Resistividade elétrica:
17,241 Ω · mm²/km – 28,264 Ω · mm²/km
§ Densidade: 8,89 g/cm³ – 2,703 g/cm³
§ Peso (densidade × resistividade):
(17,241 ∙ 8,89) – (28,264 ∙ 2,703)
§ Massa atômica: 63,6 u.a. – 27 u.a.
§ Preço (tonelada): US$ 5.800 – US$ 1.800

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  33


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a
implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Atualmente há uma preocupação internacional relacionada aos recursos encontrados. Muitos elementos são,
de forma geral, tão eficientes quantos os recursos que estão aos poucos sendo exauridos.
Por causa disso, é importante encontrar meios alternativos para a obtenção desses elementos com técnicas
diferenciadas e baratas, a fim de garantir um melhor aproveitamento dos recursos que a Terra pode conceder.

MODELO 1

(Enem) No ar que respiramos existem os chamados “gases inertes”. Trazem curiosos nomes gregos, que sig-
nificam “o Novo”, “o Oculto”, “o Inativo”. E de fato são de tal modo inertes, tão satisfeitos em sua condição,
que não interferem em nenhuma reação química, não se combinam com nenhum outro elemento e justamente
por esse motivo ficaram sem ser observados durante séculos: só em 1962 um químico, depois de longos e en-
genhosos esforços, conseguiu forçar “o Estrangeiro” (o xenônio) a combinar-se fugazmente com o flúor ávido
e vivaz, e a façanha pareceu tão extraordinária que lhe foi conferido o Prêmio Nobel.
LEVI, P. A tabela periódica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará,1994 (adaptado).

Qual propriedade do flúor justifica sua escolha como reagente para o processo mencionado?
a) Densidade.
b) Condutância.
c) Eletronegatividade.
d) Estabilidade nuclear.
e) Temperatura de ebulição.

ANÁLISE EXPOSITIVA

De acordo com o texto, foi somente em 1962 que um químico, depois de longos e engenhosos es-
forços, conseguiu forçar “o Estrangeiro” (o xenônio) a combinar-se fugazmente com o flúor ávido e
vivaz, e a façanha pareceu tão extraordinária que lhe foi conferido o Prêmio Nobel. Essa informação
descreve a elevada eletronegatividade do flúor, capaz de formar XeF4.

RESPOSTA Alternativa C
 VOLUME 1

34  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

MENOR PRIMEIROS
MENOR
NÚMERO DE PERÍODOS
RAIO ATÔMICO
CAMADAS DA TABELA

MENOR
MAIOR INTERAÇÃO
ELETROPO-
NÚCLEO-ELÉTRON
SITIVIDADE

MAIOR MAIOR MAIOR


ELETRONE- ENERGIA DE AFINIDADE
GATIVIDADE IONIZAÇÃO ELETRÔNICA

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  35


ANOTAÇÕES

____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
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 VOLUME 1

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____________________________________________________________

36  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


QUÍMICA

QUÍMICA
GERAL
LIVRO
TEÓRICO
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

É uma prova totalmente conceitual, onde É necessário um bom entendimento das


são abordados os assuntos dessa frente e mudanças de estado físico e como elas se
de outras ao mesmo tempo. Algo muito co- comportam.
mum são as diversas perguntas que muitas
vezes são feitas em uma questão. O uso do
cotidiano é um artifício muito utilizado.

O tema de mudanças de estado físico e O tema de mudanças de estado e pro- Os temas se relacionam todos entre si, com
suas características são cobradas de ma- priedades físicas são importantes para o grande ênfase nos estudos das proprieda-
neira bem conceitual e interpretativa. melhor entendimento, no momento de des físicas e suas mudanças de estado.
resolver as questões..

Temas como mudança de estado físico e os Os assuntos abordados nesta frente se re- Entender as mudanças de estado físico Entender as mudanças de estado físico e
diagramas são assuntos que sempre incor- lacionam todos entre si, com grande ênfase e suas propriedades é necessário para a suas propriedades auxiliam na resolução e
poram questões mais embasadas. nos estudos das propriedades físicas e suas melhor interpretação de diversas questões entendimento de diversas questões.
mudanças de estado. cobradas.

Cobrados de maneira bem conceitual e in- O tema sobre mudanças de estados físicos É necessário um bom entendimento das
terpretativa, o tema de mudanças de esta- são os mais cobrados nesta frente, poden- mudanças de estado físico e como elas se
do físico e suas características são bastante do ser abordado em diferentes tipos de comportam, para resolver a maioria das
recorrentes. questão. questões.

Nesta frente, os temas de propriedades Os assuntos sobre diagrama de mudança Os temas assuntos de diagrama de mudan-
físicas e as características das mudanças de de estado e as propriedades físicas caem ça de estado e propriedades físicas são os
estado são cobradas para melhor entendi- de maneira que se tornam necessários para mais recorrentes e abordados de tal manei-
mento das informações dadas. a resolução de diversas questões. ra que são necessários para a resolução das
diversas questões.
 VOLUME 1

38  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


PR0PRIEDADES 1.1. Sólido
DA MATÉRIA No estado sólido, as partículas da matéria estão em agita-
ção térmica mínima. É o estado com mais átomos concen-

CN
trados em um mesmo espaço físico (volume). A sua forma
e seu volume são fixos.
COMPETÊNCIA(s) Uma bola de boliche, por exemplo, pode ser colocada em
1, 2 e 8 qualquer tipo de recipiente e não assumirá a forma do reci-
piente. Seu volume também não sofrerá alteração.
AULAS HABILIDADE(s)
4, 7, 29 e 30

1E2

1.2. Líquido
No estado líquido, as partículas apresentam maior agita-
1. Estados físicos da matéria ção térmica e estão um pouco mais dispersas. Nesse es-
tado, as substâncias possuem volume fixo, porém a sua
Estados físicos da matéria, estados de agregação forma pode variar.
ou fases são as diferentes formas como a matéria pode se
A água líquida, por exemplo, tem volume fixo, mas assume
apresentar. Forma e volume são alguns fatores que distin-
a forma do recipiente que a contém.
guem cada um dos estados físicos. O estado sólido apresen-
ta forma e volume constante; o líquido possui forma variável
e volume constante; e o gasoso, forma e volume variáveis.
As partículas que formam a matéria não apresentam li-
berdade de movimento no estado sólido, ocorrendo ape-
nas movimentos vibracionais, além de, nesse estado, a
matéria possuir maior densidade. No estado líquido, as
partículas apresentam liberdade de movimento, porém
não estão completamente livres. Por fim, na fase gasosa,
as partículas apresentam ampla liberdade de movimento,
além de a matéria possuir menor densidade.
As substâncias podem sofrer alterações em seu estado fí-
sico quando alguns fatores são alterados, como a tempe- 1.3. Gasoso
ratura e a pressão. O estado gasoso é o estado de maior agitação térmica.
Nele, as partículas estão muito afastadas, dispersas no
espaço. Substâncias no estado gasoso possuem forma e
volume variáveis.
O ar atmosférico, por exemplo, não possui forma e nem
volume fixos, adaptando-se ao recipiente (ou espaço)
que o contém.
 VOLUME 1

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Estados Físicos da Matéria - Completo - LENAQ

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  39


1.4. Plasma Ocorre na temperatura de ebulição da
substância. É rápida, visível, turbulenta
Plasma é o quarto estado da matéria e ocorre geralmente Ebulição
e, normalmente, demanda o aqueci-
em condições de altíssimas temperaturas, como no Sol. Lá, mento do líquido.
os átomos de hélio estão a uma temperatura e pressão
muito elevadas, o que faz com que os elétrons se despren- Ocorre quando o líquido entra em
dam de seus átomos. contato com superfícies muito quen-
Calefação tes, a temperaturas acima do seu
ponto de ebulição. É instantânea e
violenta.
Lembre-se: o que caracteriza e define um estado
físico da matéria são as forças atuantes em seu inte- As mudanças de estado podem ser representadas por
rior: a coesão, que aproxima as partículas, e a repul-
equações químicas.
são, que as afasta. Quando a força de coesão supera
a de repulsão, a substância se apresenta na fase de
agregação chamada de estado sólido; quando as Exemplos
forças apresentam a mesma intensidade, ocorre o
estado líquido; quando a força de repulsão supera a Chumbo sólido passando para o
Pb(s) → Pb()
de coesão, ocorre o estado gasoso. estado líquido – fusão.

Água líquida passando para água


H2O() → H2O(s)
sólida (gelo) – solidificação.

2. Mudanças de estado físico


Dióxido de carbono sólido (“gelo
CO2(s) → CO2(g) seco”) passando diretamente para o
estado gasoso – sublimação.
A figura a seguir mostra as mudanças de estado da maté-
Nitrogênio gasoso passando para
ria, também conhecidas como mudanças de fase ou mu- N2 (g) → N2 ()
nitrogênio líquido – liquefação.
danças de estado de agregação:
Exotérmico: cede calor
3. Temperaturas de
Gasoso
mudança de estado
3.1. Pontos de fusão (PF)
e de ebulição (PE)
A temperatura na qual uma substância passa do estado só-
lido para o estado líquido é denominada ponto de fusão
(temperatura de fusão). A temperatura na qual uma subs-
ão

Va

tância passa do estado líquido para o estado gasoso a uma


po
im

riz
Co liqu
bl

ão

determinada pressão é denominada ponto de ebulição


nd efa


Su

(
en çã

ão
im

sa o)

(temperatura de ebulição).
bl

çã
Su

Fusão A água pura passa do estado sólido para o estado lí-


quido, sob pressão de 1 atm, à temperatura de 0 ºC.
Solidificação Assim, o ponto de fusão da água pura é 0 ºC. Já
Sólido Líquido essa água pura passa do estado líquido para o estado
gasoso, sob a mesma pressão, à temperatura de 100 ºC.
Dessa forma, afirma-se que o ponto de ebulição da
Endotérmico: recebe calor água pura é 100 ºC.
O fator característico para uma substância ser pura é ter
A vaporização pode ocorrer de três formas: o ponto de fusão constante a uma determinada pressão.
Dessa forma, sua determinação constitui um dos métodos
 VOLUME 1

Ocorre naturalmente num líquido a


temperaturas inferiores ao ponto de pelo qual se pode calcular o grau de pureza dessa subs-
Evaporação ebulição. tância. A partir daí, se forem identificadas variações de
É lenta, praticamente imperceptível e temperatura superiores a 1 ºC, essa substância não é mais
superficial. considerada pura.

40  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


O ponto de ebulição não tem a mesma importância para de- As medições são tão importantes na ciência que o cientista
terminar a pureza de uma substância. Entretanto, do mesmo William Thomson (1824-1907) disse: “Afirmo muitas vezes
modo que no ponto de fusão, quando se determina o ponto que, se você medir aquilo de que está falando e expressar
de ebulição de uma substância pura, não é admissível que em números, você conhece alguma coisa sobre o assunto;
surjam variações superiores a 1 °C na temperatura. Caso isso mas, quando você não o pode exprimir em números, seu
ocorra, é possível concluir que se trata de uma mistura. conhecimento é pobre e insatisfatório”.
Dessa comparação surge o conceito de densidade, enten-
3.2. Previsão do estado dida como a quantidade de matéria (em massa) que ocupa
um determinado espaço (volume), uma propriedade espe-
físico de um material cífica para cada material. Matematicamente:
Considere uma tabela com cinco substâncias desconhecidas.

Substância
Ponto de Ponto de Densidade é o quociente da massa pelo volume do
fusão (ºC) ebulição (ºC) material (a uma dada temperatura).
A –16 80
B 50 80
C –12 48 Essa definição é representada pela seguinte fórmula:
D –100 16
E 25 55
massa  ​ ⇒ d = ​ __
d = ​ ______ m ​
volume v
Qual o estado físico das substâncias a 20 ºC?
Associando a temperatura ao eixo x (abscissas) e colocan-
Para sólidos e líquidos, a densidade geralmente é expressa
do-se os valores de PF e PE, temos:
em grama por centímetro cúbico (g/cm3 ou g · cm–3)
Ponto de Ponto de ou grama por mililitro (g/mL ou g · mL–1). Para gases,
fusão ebulição
temperatura (ºC)
costuma ser expressa em gramas por litro (g/L ou g · L–1).
sólido líquido gasoso

Analisando cada substância:


§ Substância A: abaixo de –16 ºC é sólida. Acima de 80 ºC
é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é líquida.
§ Substância B: abaixo de 50 ºC é sólida. Acima de 80 ºC
ela é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é sólida.
§ Substância C: abaixo de –12 ºC é sólida. Acima de 48 ºC
ela é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é líquida.
O gelo flutua sobre a água do mar porque a densidade do
§ Substância D: abaixo de –100 ºC é sólida. Acima de
gelo (0,92 g/cm3) é menor do que a densidade da água do
16 ºC é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é gasosa.
mar (1,03 g/cm3).
§ Substância E: abaixo de 25 ºC é sólida. Acima de 55 ºC
é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é sólida.
Aplicação do conteúdo
4. Densidade ou 1. Para verificar se um objeto é de chumbo puro, um
estudante realiza a seguinte experiência:
massa específica a) Determina a sua massa (175,90 g).
b) Imerge-o totalmente em 50,0 mL (volume inicial)
Novas medições foram criadas ao longo do tempo devido de água contida numa proveta.
às exigências cotidianas e às necessidades da ciência. É co- c) Lê o volume da mistura água + metal (65,5 mL =
mum a afirmação, por exemplo, de que o chumbo “pesa” volume final).
 VOLUME 1

mais do que a madeira. Ao se colocar na água 1 kg de Com os dados obtidos, calcula a densidade do metal, com-
chumbo e 1 kg de madeira, percebe-se que o chumbo para-a com o valor registrado numa tabela de proprieda-
afunda, enquanto a madeira flutua. Contudo, tal compa- des específicas de substâncias e conclui que se trata de
ração só se torna justa e racional quando realizada entre chumbo puro. Qual o valor calculado para a densidade, em
volumes iguais. g/mL, à temperatura da experiência?

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  41


VIVENCIANDO
O combustível adulterado é, infelizmente, uma prática muito utilizada por muitos postos de combustíveis para que se
tenha menos gastos, mas é uma prática danosa para os motoristas. Esses componentes adicionados podem ser etanol
à gasolina e água ao álcool acima do permitido. Para se ter uma ideia, segundo a Portaria 678 de 31/08/2011, do
Ministério de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a quantidade adicionada de álcool deve estar
entre 20% e 25% em volume.
Se esse limite for ultrapassado, o resultado será que no motor de explosão interna haverá uma mistura “pobre”
de ar/combustível, levando a uma dirigibilidade menor, falhas de funcionamento do motor, diminuição do poder
calorífico da gasolina e perda de desempenho.
Além de etanol, pode-se adicionar também querosene, aguarrás, benzina industrial e até óleo diesel, por serem
mais baratos e perfeitamente miscíveis com a gasolina. Tais adições podem ser prejudiciais aos motoristas, levando
a grandes prejuízos.
Para saber se a gasolina está com boa qualidade, pode ser feito um simples teste de densidade. Basta colocar 50 mL
de gasolina em uma proveta e adicionar 50 mL de solução de cloreto de sódio e misturar os dois sem agitar, apenas
misturando por inversão e deixar em repouso por 15 minutos. A água irá retirar o álcool que estava misturado na
gasolina, pois o etanol possui uma parte polar e outra apolar, sendo que sua parte apolar é atraída pelas moléculas
da gasolina, que também são apolares, pela força de dipolo induzido. Mas a sua parte polar, caracterizada pela pre-
sença do grupo OH, é atraída pelas moléculas de água, que também são polares, realizando ligações de hidrogênio,
que são bem mais fortes que as ligações do tipo dipolo induzido. Como a água é mais densa, ela ficará na parte
inferior, e a gasolina, na parte superior.
Para sabermos então se a quantidade de etanol que tinha na gasolina estava dentro dos parâmetros estabeleci-
dos por lei, basta ver quanto de álcool foi retirado dela e ver quanto em porcentagem isso corresponde à amostra
inicial.

Resolução: 2. A tabela abaixo apresenta os valores de algumas pro-


priedades físicas de 3 substâncias:

Temperatura Temperatura
sólido de Densidade
Substância de Fusão de Ebulição
formato irregular (g/cm3)
(ºC) (ºC)
Álcool –114,5 78,4 0,789
Acetona –94,8 56,2 0,791
volume Naftalina 80,2 218,5 1,145
água
inicial

Analisando-se os dados contidos na tabela, é correto


afirmar que:
a) A acetona evapora mais dificilmente que o álcool.
volume b) As três substâncias encontram-se no estado líquido
final a 60 °C.
volume do sólido = Vfinal - Vinicial
c) À pressão normal (1 atm), 1kg de água entraria em
volume ebulição com maior dificuldade que 1kg de álcool.
inicial
d) A densidade é a propriedade mais adequada para
distinguir o álcool da acetona.
e) A naftalina, a temperatura ambiente, ficaria boian-
Cálculo do volume do sólido: do na superfície da água.
 VOLUME 1

V = Vf – Vi = (65,5 – 50,0) = 15,5 mL (esse foi o Resolução:


volume de água deslocado).
a) Incorreta. De acordo com a tabela, acetona evapora
175,9 g
m ​​ ​ ⇒ d = _______ a 56,2 °C, enquanto o álcool evapora a 78,4 °C; Assim,
Então, d = ​ ​​ __
v ​​   ​​ ⇒ d = 11,3 g/mL a acetona evapora mais facilmente do que o álcool.
15,5 mL

42  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


b) Incorreta. A 60 °C, o álcool se encontra no es- d) Incorreta. De acordo com a tabela, a densidade do
tado líquido; a acetona, no gasoso; e a naftalina, álcool e da acetona são muito próximas, não sendo
no sólido. muito adequado para distinguir entre si.
c) Correta. Usando mesma quantidade das subs- e) Incorreta. A densidade da água à temperatura am-
tâncias (água e álcool), a água entra em ebulição a biente é de 1,00 g/cm3, sendo a densidade da naf-
100 °C, enquanto o álcool entra em ebulição a talina maior. Assim, a naftalina vai afundar na água.
t78,4 °C, ambas à pressão de 1 atm. Alternativa C

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A densidade é uma propriedade fundamental para a química. Ela serve para indicar o
porquê de os objetos afundarem ou flutuarem quando estão sob a água ou qualquer outro
líquido. O que tem de se levar em conta quando se trata de densidade não é simplesmente
a massa de certo material, mas a sua distribuição de massa pela quantidade total de volu-
me. Isso leva a uma assimilação matemática em que certos tipos de material têm uma certa
quantidade de massa para certa quantidade de volume. Se os compostos forem imiscíveis,
é possível obter uma coluna de densidade muito bonita para analisar como as diferentes
substâncias têm diferentes densidades. Observe a imagem:

3. (Enem) O controle de qualidade é uma exigência da A respeito das amostras ou do densímetro, pode-se afirmar que:
sociedade moderna na qual os bens de consumo são a) a densidade da bola escura deve ser igual a
produzidos em escala industrial. Nesse controle de qua- 0,811 g/cm3.
lidade, são determinados parâmetros que permitem b) a amostra 1 possui densidade menor do que
checar a qualidade de cada produto. O álcool combustí- a permitida.
vel é um produto de amplo consumo muito adulterado, c) a bola clara tem densidade igual à densidade da
pois recebe adição de outros materiais para aumentar bola escura.
a margem de lucro de quem o comercializa. De acor- d) a amostra que está dentro do padrão estabelecido
do com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o álco- é a de número 2.
ol combustível deve ter densidade entre 0,805 g/cm3
e) o sistema poderia ser feito com uma única bola de
e 0,811 g/cm3. Em algumas bombas de combustível, a densidade entre 0,805 g/cm3 e 0,811 g/cm3.
densidade do álcool pode ser verificada por meio de um
densímetro similar ao desenhado abaixo, que consiste Resolução:
em duas bolas com valores de densidade diferentes e
verifica quando o álcool está fora da faixa permitida. A densidade do álcool combustível deve ser entre
Na imagem, são apresentadas situações distintas para 0,805 g/cm3 e 0,811 g/cm3. Na imagem, as duas bolas no
três amostras de álcool combustível. combustível da amostra 1 estão flutuando, indicando que a
densidade do combustível é maior do que a densidade das
duas bolas.Assim,a densidade do combustível 1 está acima de
0,811 g/cm3, ou seja, está fora do permitido.
Na amostra 3, ocorre o oposto da amostra 1, pois as duas
bolas estão afundadas, indicando que a densidade das duas
bolas é maior do que a do combustível. Assim, a densidade
do combustível 3 está abaixo de 0,805 g/cm3, ou seja, está
 VOLUME 1

fora do permitido.
Na amostra 2, ocorre a situação intermediária às amos-
tras 1 e 3, sendo que a bola escura flutua e a bola clara
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 afunda. Isso indica que a densidade do álcool combustível

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  43


está entre 0,805 g/cm3 e 0,811 g/cm3, estando dentro do posições nas três amostras (posição determinada de
permitido. Ao mesmo tempo, é possível concluir que a bola acordo com a densidade da amostra), e isso não ocorre.
preta tem densidade de 0,805 g/cm3 (menos densa), e a d) Correta. As bolinhas possuem densidades diferentes,
sendo assim elas devem ocupar posições distintas den-
bola clara tem densidade 0,811 g/cm3 (mais densa).
tro da amostra, o que pode se verificar na amostra 2.
A partir dessas conclusões, as alternativas estão: e) Incorreta. Como o combustível considerado per-
a) Incorreta. A densidade da bola escura não pode as- mitido está dentro de uma faixa de valores, há uma
sumir esse valor, senão a adulteração não seria notada. necessidade de usar, no mínimo, duas bolas de densi-
b) Incorreta. A amostra 1 possui densidade maior do dades diferentes para verificar se o combustível está
que a permitida, de acordo com as posições das bolas. ou não fora do permitido.
c) Incorreta. Se considerarmos que as bolinhas possuam Alternativa D
a mesma densidade, elas deveriam ocupar as mesmas

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 7
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em
vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.

Muitas vezes é necessário realizar a fiscalização de postos de gasolina para conferir se não há adulteração do
combustível. Essa adulteração é feita por meio da adição de muita água.
Para verificar se a adulteração procede, é realizado o teste de densidade, propriedade físico-química importan-
tíssima para análises laboratoriais.

MODELO 1

(Enem) Ainda hoje, é muito comum as pessoas utilizarem vasilhames de barro (moringas ou potes de cerâmi-
ca não esmaltada) para conservar água a uma temperatura menor do que a do ambiente. Isso ocorre porque
a) O barro isola a água do ambiente, mantendo-a sempre a uma temperatura menor que a dele, como
se fosse isopor.
b) O barro tem poder de “gelar” a água pela sua composição química. Na reação, a água perde calor.
c) O barro é poroso, permitindo que a água passe através dele. Parte dessa água evapora, tomando calor
da moringa e do restante da água, que são assim resfriadas.
d) O barro é poroso, permitindo que a água se deposite na parte de fora da moringa. A água de fora
sempre está a uma temperatura maior que a de dentro.
e) A moringa é uma espécie de geladeira natural, liberando substâncias higroscópicas que diminuem
naturalmente a temperatura da água.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Na questão é necessário o domínio das mudanças de estado da matéria, relacionando-o com o coti-
diano. Trata-se de uma ferramenta muito utilizada pelo Enem nos últimos vestibulares.
O barro é poroso, permitindo que a água passe através dele. Parte dessa água evapora (H20(ℓ) + calor
→ H20(v)), absorvendo calor da moringa e do restante da água, que são assim resfriadas.
 VOLUME 1

RESPOSTA Alternativa C

44  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

PROCESSO ENDOTÉRMICO ENERGIA CINÉTICA


DAS MOLÉCULAS
TEMPERATURA

ENERGIA CINÉTICA
PROCESSO EXOTÉRMICO DAS MOLÉCULAS
TEMPERATURA

S U B L I MA ÇÃ O

FUSÃO EVAPORAÇÃO
SÓLIDO LÍQUIDO GASOSO
SOLIDIFICAÇÃO CONDENSAÇÃO

S U B L I MA ÇÃ O

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  45


DIAGRAMAS Observe que, durante o aquecimento, a água sofre fusão a
DE MUDANÇAS 0 ºC e entra em ebulição a 100 ºC.
DE ESTADOS Outra experiência que pode ser realizada em um labora-
tório equipado é acompanhar a temperatura e o tempo

CN
transcorrido durante o resfriamento de uma amostra de
água, partindo do estado gasoso (a 120 °C) até o estado
COMPETÊNCIA(s) sólido (a –40 °C). O gráfico que representa a temperatura
1, 2, 4 e 7 dessa amostra em função do tempo no resfriamento é cha-
mado de curva de resfriamento da água:
AULAS HABILIDADE(s)
3, 15 e 27

3E4

Observe que, durante o resfriamento, a água condensa a


1. Diagramas de 100 ºC e torna-se sólida a 0 ºC.

mudanças de estados Atenção!


As mudanças de estado podem ser representadas por grá- A temperatura na qual uma substância pura sofre soli-
ficos denominados diagramas de mudança de estado ou dificação (ponto de congelamento) é igual à tempera-
curvas de aquecimento e/ou resfriamento. Esses gráficos tura na qual ela sofre fusão. A temperatura na qual uma
mostram as mudanças de estado físico e a variação de substância pura sofre condensação/liquefação é igual à
temperatura dos materiais quando aquecidos ou resfriados. temperatura na qual ela sofre ebulição.

Quando uma amostra é aquecida, é possível medir a sua


temperatura e o tempo transcorrido durante o experimento.
A partir desses dados, pode-se elaborar o gráfico de tem-
peratura da amostra × tempo transcorrido no aquecimento.
Veja alguns exemplos:
Considere uma amostra de água sólida a –40 ºC que é
aquecida até chegar ao estado gasoso (a 120 °C). É pos-
sível registrar, ao longo do experimento, a temperatura e o multimídia: vídeo
tempo transcorrido desde o início. Fonte: Youtube
A partir desses dados, pode-se elaborar um gráfico de tem- Como fazer gelo instantâneo sem química
peratura da amostra de água em função do tempo trans-
corrido no aquecimento. Esse gráfico é conhecido como
curva de aquecimento da água e é representado por: 2. Substância pura e mistura
Os diagramas de estado são muito úteis, pois permitem
identificar imediatamente a natureza de um sistema (por-
ção de matéria em análise).
Substâncias puras são sistemas formados literalmente
 VOLUME 1

por um único tipo de substância. Exemplos: água destilada;


ferro puro; gás oxigênio.
Misturas são sistemas formados por, no mínimo, duas subs-
tâncias. Exemplos: água e sal; água e álcool; ar atmosférico.

46  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Para representar substâncias puras ou misturas, os dia-
gramas de mudança de estado apresentam configurações Lembre-se: somente substâncias puras apresentam PF
bastante características. e PE definidos (constantes).

Outra experiência que pode ser realizada é acompanhar a


2.1. Substâncias puras
temperatura e o tempo transcorrido durante o resfriamento
Apresentam dois patamares: trechos horizontais que corres- de uma amostra. Dessa maneira é obtida a curva de resfria-
pondem ao ponto de fusão e ao ponto de ebulição constantes. mento do material:
Considere o exemplo da água (PF = 0 °C e PE = 100 °C ao
nível do mar, onde a pressão atmosférica é igual a 1 atm).

É possível perceber que a curva de resfriamento é inversa


à curva de aquecimento.

VIVENCIANDO

É muito comum ver em praias e festas as pessoas colocando sal em seus coolers com bebidas. Mas você sabe por
que as pessoas fazem isso?
A água tem uma temperatura de fusão em aproximadamente 0 °C, e a temperatura da água só começa a baixar a
partir do momento em que toda água vira sólido, caso contrário ela ficará em 0 °C sempre. Porém, ao adicionarmos
sal na água, seu ponto de fusão e de ebulição mudam. A sua temperatura de fusão abaixa. Assim, se você colocar
suas bebidas num recipiente onde a temperatura está abaixo de zero, será muito mais eficiente.
A mistura água + sal permite que as bebidas sejam resfriadas mais rapidamente, pois seu diagrama de fase agora
não é uma temperatura constante nos pontos de ebulição e de fusão, mas pode variar conforme o tempo.

2.2. Misturas (homogêneas)


Não apresentam patamares, mas trechos inclinados que indicam a variação da temperatura durante as duas mudanças de
estado. Assim, misturas (homogêneas) não possuem ponto de fusão nem ponto de ebulição definidos e sim uma faixa de tem-
peratura na qual ocorre a mudança de fase.
Considere o exemplo de uma solução aquosa de NaCℓ:
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  47


Lembre-se: misturas comuns não apresentam PF e
nem PE definidos, isto é, a temperatura varia durante a
mudança de estado.

2.3. Misturas especiais


Existem misturas que demonstram um comportamento
bastante particular em relação às temperaturas de mudan-
ça de estado. São as misturas eutética e azeotrópica.
A análise do gráfico permite concluir que todas as alterna-
§ A mistura eutética comporta-se, durante a fusão, como tivas estão corretas, EXCETO:
se fosse uma substância pura. Ela possui ponto de fusão a) A mudança de estado ocorreu durante 10 minutos.
constante, mas a sua temperatura de ebulição varia. b) O sistema libera calor durante o resfriamento.
c) A temperatura em que ocorre a mudança do estado
da substância é 35 °C.
d) A temperatura da substância caiu 5 °C/min até o
início da mudança de estado físico.
e) A substância se apresentava nos dois estados físicos
entre 5 e 15 minutos
Resolução:
a) Correta. O tempo que permaneceu constante (mu-
dou de estado) foi de 10 minutos.
b) Correta. O processo de resfriamento ocorre com
liberação de calor.
c) Correta. A temperatura que permaneceu constante
(mudou de estado) foi de 35 °C.
§ A mistura azeotrópica comporta-se, durante a ebu-
d) Incorreta. A média de decaimento da temperatura
lição, como se fosse uma substância pura. Ela apresen- foi de 50 – 35/5 – 0 = 3 ºC/min.
ta ponto de ebulição constante, mas a sua temperatura e) Correta. Durante a mudança de estado físico, estão
de fusão é variável. presentes os dois estados físicos (sólido + líquido ou
líquido + gás).
Exemplo: Mistura de álcool etílico (96%) e água (4%),
Alternativa D
que sofre ebulição (ferve) a 78,1 ºC.
2. O quadro abaixo apresenta a variação de temperatu-
ra durante a fusão e a ebulição dos materiais X, Y, Z e T.

Material PF PE
X Constante Constante
Y Varia Varia
PE = 78,1 Z Constante Varia
T Varia Constante

Observando o quadro, é possível afirmar que X, Y, Z e T são


respectivamente:
a) substância pura, mistura homogênea, mistura eu-
tética, mistura azeotrópica;
b) mistura homogênea, substância pura, mistura eu-
tética, mistura azeotrópica;
c) mistura homogênea, substância pura, mistura aze-
 VOLUME 1

Aplicação do conteúdo otrópica, mistura eutética;


d) substância pura, mistura homogênea, mistura aze-
1. Uma substância foi resfriada no ar atmosférico. Du- otrópica, mistura eutética;
rante o processo, foram feitas medidas de tempo e tem- e) mistura eutética, mistura azeotrópica, mistura ho-
peratura que permitiram construir este gráfico: mogênea, substância pura.

48  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução:
Conforme o quadro, é possível classificar o material em substância pura ou mistura:
X – Substância pura.
Y – Mistura homogênea.
Z – Mistura eutética.
T – Mistura azeotrópica.
Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A fase na qual uma substância se apresenta depende das condições de pressão e temperatura. Assim, para cada
substância, afirma-se que existem pares de valores dessas duas variáveis que correspondem à fase sólida, pares que
correspondem à fase líquida e pares que correspondem à fase gasosa.
Algumas substâncias ditas anômalas fogem da regra de que, quanto maior for a pressão, maior será a temperatura
de mudança de fase. No caso dessas substâncias, quanto maior for a pressão sobre elas, mais baixa será a tempera-
tura de fusão. Dessa forma, o diagrama de fases da água é representado da seguinte maneira:

É possível observar no diagrama que, quando a pressão é 1 atmosfera, a fusão do gelo ocorre a uma temperatura
de 0 ºC. No entanto, quando a pressão exercida é de 8 atmosferas, o gelo se funde a uma temperatura mais baixa,
cerca de –0,06 ºC.
Se você observar o diagrama da água e compará-lo com o de outra substância, perceberá que a linha delimitadora
entre as fases sólida e líquida apresenta uma inclinação para a esquerda.
A inclinação quer dizer que é possível fundir a água por meio de um simples aumento de pressão.
De acordo com a Física, a pressão nada mais é do que a força aplicada dividida pela superfície da área de contato.
Um exemplo claro de como a Física e a Química trabalham juntas são os patinadores de gelo. Como os patins são
muito finos, sua superfície é muito pequena e o seu peso é grande, a pressão exercida pela lâmina quando os patins
deslizam na superfície faz o gelo derreter. Na realidade, os patins deslizam sobre uma fina película de água líquida,
e não sobre a água sólida.
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  49


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
HABILIDADE 7
Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo
ou em diferentes culturas.

A interpretação científica de teorias é de extrema importância para o progresso da sociedade contemporânea.


Com o passar do tempo, as teorias relacionadas às moléculas e aos átomos foram se diversificando e, com isso,
houve um desenvolvimento e uma consolidação da teoria sobre o que é a matéria.
Compreender as diferentes maneiras de como as substâncias passam de um estado físico da matéria para outro
é de extrema importância para a consolidação do conhecimento relacionado ao cotidiano. Essas mudanças
estão muito presentes no dia a dia, e situações-problema surgem com frequência apresentando temas como:
condensação e precipitação da chuva nas nuvens, processos de evaporação da água e derretimento das gelei-
ras devido ao efeito estufa.

MODELO 1

(Enem) Em nosso cotidiano, utilizamos as palavras “calor” e “temperatura” de forma diferente de como elas
são usadas no meio científico. Na linguagem corrente, calor é identificado como “algo quente” e temperatura
mede a “quantidade de calor de um corpo”. Esses significados, no entanto, não conseguem explicar diversas
situações que podem ser verificadas na prática.
Do ponto de vista científico, que situação prática mostra a limitação dos conceitos corriqueiros de calor e temperatura?
a) A temperatura da água pode ficar constante durante o tempo em que estiver fervendo.
b) Uma mãe coloca a mão na água da banheira do bebê para verificar a temperatura da água.
c) A chama de um fogão pode ser usada para aumentar a temperatura da água em uma panela.
d) A água quente que está em uma caneca é passada para outra caneca a fim de diminuir sua temperatura.
e) Um forno pode fornecer calor para uma vasilha de água que está em seu interior com menor tempera-
tura do que a dele.

ANÁLISE EXPOSITIVA

As referencias teóricas das mudanças de fase das substâncias são fundamentais para a resolução da ques-
tão. É de extrema importância a padronização de experimentos e resultados para que se tenha uma noção
do que acontece com as substâncias durante as mudanças de fases.
Quando se aquece uma substância pura que estava inicialmente no estado sólido, a temperatura aumenta
até atingir o ponto de fusão (PF), em que começa a “derreter”; nesse ponto, a temperatura é constante.
Quando é alcançada a temperatura de ebulição, ou ponto de ebulição (PE), ocorre o mesmo: a temperatura
permanece constante. Isso acontece com qualquer substância pura. Veja a figura a seguir:
 VOLUME 1

RESPOSTA Alternativa A

50  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIAS
MISTURAS
PURAS

PE E PF
EUTÉTICA AZEOTRÓPICA
CONSTANTES

PF CONSTANTE PE CONSTANTE

MISTURA “COMUM”

PF E PE
VARIÁVEIS

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  51


§ A formação dos materiais ocorre por meio de diferen-
SISTEMAS tes associações entre átomos iguais ou diferentes.
Essas associações formam os “átomos compostos”,
que hoje equivalem ao conceito de moléculas.

CN
A hipótese de Dalton e o reconhecimento de que existem
diversos elementos químicos (átomos) diferentes na na-
COMPETÊNCIA(s) tureza levam a uma pergunta muito importante: por que
1, 2 e 8 existe uma variedade tão grande de materiais na natureza?
Com efeito, os átomos, além de permanecerem isolados,
AULAS HABILIDADE(s)
4, 7, 29 e 30
podem combinar-se de formas distintas, formando uma in-

5E6
finidade de agrupamentos diferentes que podem constituir
moléculas (“átomos compostos”) ou aglomerado de íons
(conceito que será explicado mais adiante).

2. Conceitos fundamentais
2.1. Átomo e elemento químico
Átomos são as partículas que formam a matéria. Ele-
mento, por sua vez, é um conjunto formado por átomos
1. Matéria iguais. Em outras palavras, é um conjunto de átomos com
o mesmo número atômico (Z).
Tudo o que tem massa e ocupa espaço é denominado
matéria. Em outras palavras, qualquer coisa que tenha
existência física ou real é matéria. Tudo o que existe no
universo conhecido manifesta-se como matéria ou energia.
A matéria pode ser líquida, sólida ou gasosa. São exemplos
de matéria: papel, madeira, ar, água, pedra, ferro, etc.
As primeiras ideias sobre a estrutura da matéria surgiram na
Grécia, por volta de 450 a.C., com os filósofos Demócrito e
Leucipo. Eles sugeriram que, dividindo-se sucessivamente uma
substância, chegaríamos a uma unidade indivisível, o átomo
(do grego “átomos”, que significa “não divisível”). Cada elemento químico possui um nome e um símbolo,
que é formado pela letra inicial (de forma e maiúscula) de
1.1. A teoria atômica de Dalton seu nome em latim ou grego. No caso de elementos com a
Mais de dois mil anos depois dos filósofos gregos, o cien- mesma inicial, é acrescentada uma segunda letra, minúscula.
tista inglês John Dalton (1766-1844), procurando justificar O símbolo é usado universalmente.
os resultados obtidos nos experimentos realizados por La- Atualmente existem 118 elementos químicos diferentes
voisier e Proust – que deram origem às leis ponderais –, que, combinados entre si, formam todos os materiais
propôs em 1803 sua teoria sobre a estrutura da matéria, encontrados.
denominada teoria atômica de Dalton:
Observe alguns exemplos a seguir:
§ Toda matéria é constituída por entidades extremamen-
Elemento Símbolo
te pequenas: os átomos.
Carbono C
§ Átomos iguais possuem propriedades iguais, inclusive
Hidrogênio H
a massa.
 VOLUME 1

Sódio (Natrium) Na
§ Átomos diferentes possuem propriedades diferentes,
Prata (Argentum) Ag
inclusive a massa.
Chumbo (Plumbum) Pb
§ Átomos podem combinar-se entre si formando estruturas
Potássio (Kalium) K
quimicamente estáveis.

52  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


2.2. Molécula Exemplos: substância pura água (H2O); substância pura
gás oxigênio (O2).
Um agrupamento de átomos de um mesmo elemento ou
de elementos diferentes é denominado molécula (“áto-
mo composto” de Dalton), caracterizando, dessa forma,
uma substância. A substância pode ser representada
graficamente por uma fórmula molecular, que indica o Oxigênio
número de átomos de cada elemento existente na molécu- Água
la da substância.
Por meio do modelo de Dalton, é possível compreender
Substância Fórmula
por que uma substância pura pode ser classificada como
água H2O simples ou composta.
álcool C2H6O 1. Substância (pura) simples – constituída por um
açúcar (sacarose) C12H22O11 único elemento químico, isto é, um único tipo de átomo,
independentemente da sua quantidade.
ozônio O3
Exemplos: H2 (hidrogênio); O2 (oxigênio); Fe (ferro);
O número de átomos de cada elemento na molécula S8 (enxofre), etc.
é indicado pelo índice (ou atomicidade). Os ín- 2. Substância (pura) composta ou composto – cons-
dices do hidrogênio e do oxigênio na molécula de tituída por mais de um elemento químico, isto é, mais de
água são, respectivamente, 2 e 1 (o índice 1 sempre um tipo de átomo.
é omitido). Isso demonstra que a molécula de água
Exemplos: H2O (água); CO2 (gás carbônico); C6H12O6 (gli-
é formada por 2 átomos de hidrogênio combinados
cose), HCℓ (ácido clorídrico), etc.
com 1 átomo de oxigênio.

3. Sistemas materiais
Uma porção de matéria é denominada sistema. Geralmente,
essa porção de matéria é isolada para análise ou estudo. Os
sistemas podem ser classificados de duas maneiras:
1. Quanto à constituição (composição) – substância multimídia: vídeo
pura (ou simplesmente substância) ou mistura.
Fonte: Youtube
2. Quanto ao aspecto visual (nem sempre confiável, caso Concurso! - Torre de Líquidos
seja aplicada apenas a visão humana para análise) – ho-
mogêneo ou heterogêneo.
É importante ressaltar que esses dois critérios não são mu- 3.2. Mistura
tuamente excludentes; assim, é possível encontrar: Mistura é a espécie de matéria constituída, literalmente,
§ substância pura com aspecto homogêneo (como água pela mistura de duas ou mais substâncias puras.
pura líquida); As misturas têm composição química variável, ou seja, a
proporção de cada uma das espécies que as compõem
§ substância pura com aspecto heterogêneo (como água é variável.
e gelo);
Algumas misturas são tão importantes que possuem
§ mistura homogênea (como água e sal de cozinha); nome próprio.

§ Mistura heterogênea (como água e óleo). § Gasolina – mistura de hidrocarbonetos, que são subs-
tâncias formadas somente por hidrogênio e carbono.
§ Ar atmosférico – mistura de 78% de nitrogênio,
 VOLUME 1

3.1. Substância pura 21% de oxigênio, 1% de argônio e outros gases, como


(ou simplesmente substância) o gás carbônico.
Substância é a matéria constituída por moléculas quimica- § Álcool hidratado – mistura de 96% de álcool etílico
mente iguais. e 4% de água.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  53


4. Tipos de mistura § Sistemas bifásicos (2 fases), trifásicos (3 fases), tetra-
fásicos (4 fases) e polifásicos (5 ou mais fases): possuem
As misturas podem ser classificadas em homogêneas e he- mais de uma fase. Portanto, são heterogêneos.
terogêneas, como é possível observar a seguir.
Atenção!
§ Mistura homogênea – é a que apresenta as-
pecto uniforme e propriedades iguais em todos os Não confunda fase e componente de um sistema.
seus pontos. § Fase é cada porção homogênea (e independente
Exemplos: água de torneira, vinagre, ar, álcool hidratado, uma da outra) de um sistema.
cachaça, gasolina, soro caseiro, soro fisiológico e algumas § Componente é cada substância que constitui um
ligas metálicas. sistema.
Por exemplo, o sistema [água + sal (comple-
Importante! tamente dissolvido) + açúcar (completamen-
te dissolvido) + óleo + gelo] apresenta 3 fases
§ As misturas homogêneas são denominadas soluções.
§ Todas as misturas de quaisquer gases são sempre (uma fase líquida, formada pela água contendo o sal
misturas homogêneas. e o açúcar dissolvidos; uma fase líquida, formada pelo
óleo; uma fase sólida, correspondente ao gelo) e 4
componentes (água, sal, açúcar e óleo). Observe que
§ Mistura heterogênea – é a que apresenta aspecto não o gelo também é água!
uniforme e propriedades variáveis de um ponto a outro.
Exemplos: água e óleo (a camada de óleo apresenta
propriedades diferentes da água), água e areia, etc.

Matéria

Substância Pura Mistura

multimídia: site
Simples Composta Homogênea Heterogênea

https://www.soq.com.br/conteudos/ef/substancias/
4.1. Fases de um sistema p3.php
Cada uma das porções homogêneas que compõem um
sistema heterogêneo é denominada fase.
Exemplos
5.Alotropia
§ A mistura de água e óleo apresenta duas fases: uma
Chamamos de alótropos as substâncias simples formadas pelo
porção homogênea formada pela água e outra forma-
mesmo elemento químico, mas que têm quantidades diferen-
da pelo óleo.
tes de átomos desse elemento, ou ainda arranjos espaciais
§ A mistura de água, sal e areia apresenta duas fases: distintos. Nas tabelas a seguir, podemos ver alguns exemplos
uma porção homogênea formada pela água contendo de alótropos.
o sal dissolvido e uma fase sólida constituída pela areia.
Exemplos
§ O granito, pedra bastante utilizada em construção, pos-
sui três fases sólidas (quartzo, mica e feldspato). Elemento
Nome da
Figura no
substância Fórmula Atomicidade
químico espaço
simples
Em relação ao número de fases, os sistemas são classi-
 VOLUME 1

ficados como: gás oxigênio O2 diatômico


Oxigênio
§ Sistemas monofásicos: possuem uma única fase.
gás ozônio O3 triatômico
Portanto, são homogêneos.

54  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


O ozônio é uma forma alotrópica do elemento oxigênio Em 1985, foi divulgada em uma publicação cientí-
e possui propriedades muito diferentes das do oxigênio. fica a descoberta de uma molécula tridimensional
Enquanto que o gás oxigênio é inodoro e incolor, o gás de carbono, na qual 60 átomos formam uma esfera
ozônio tem coloração azul e odor característico. com 12 pentágonos e 20 hexágonos, como uma bola
de futebol. Em homenagem ao arquiteto e pensador
Nome da
Elemento
químico
substância Fórmula Atomicidade
Figura no
espaço
norte-americano Buckminster Fuller, a molécula foi
simples
chamada de buckminsterfulereno ou simplesmente
Fósforo “bucky-ball” ou fulereno.
P4 tetratômico
branco
Fósforo Além do C60, outras formas de fulereno também são en-
Fósforo
Pn ou P macromolécula contradas, como C70, C76, C84, C92 e C540.
vermelho

O fósforo branco é muito tóxico e forma cristais que se Elemento


Nome da
substância Fórmula Atomicidade
Figura no
químico espaço
fundem a 44 °C. Ele queima espontaneamente em conta- simples

to com o ar ou em atmosfera de oxigênio. O fósforo verme-


lho (também chamado de fósforo amarelo), não é tóxico e
enxofre
apresenta-se como um pó inodoro que se funde a 72 ºC. Ele S8 macromolécula
rômbico
queima em atmosfera de oxigênio somente por aquecimento.
Enxofre
Nome da
Elemento Figura no
substância Fórmula Atomicidade enxofre
químico espaço
simples S8 macromolécula
monoclínico

grafite Cn ou C macromolécula

As duas estruturas são ciclos, mas as moléculas se apre-


sentam em arranjos diferentes, que resultam em cristais
diamante Cn ou C macromolécula
Carbono de formatos diferentes e com propriedades diferentes.
O monoclínio se apresenta na forma de cristais opacos
e em formato de agulhas, enquanto o rômbico (mais
fulereno C60 macromolécula
comum) se apresenta na forma de cristais mais trans-
parentes e maiores.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Misturas são sistemas formados por duas ou mais substâncias puras e podem se classificar em homogêneas ou heterogêneas.
Mistura homogênea possui as mesmas propriedades ao longo de toda a sua extensão, independente da resolução
óptica usada para examiná-la. Já nas misturas heterogêneas, as propriedades de uma região ou amostra são diferen-
tes daquelas para outra região ou amostra.
A distinção entre os componentes das misturas heterogêneas pode ser vista a olho nu, mas em alguns casos são
necessários aparelhos microscópios, como é o caso do sangue. As diferentes porções constituintes do sangue podem
ser observadas ao microscópio.
O sangue é composto por glóbulos vermelhos (hemácias), que contêm hemoglobina, cuja função primária é o arma-
zenamento e transporte do oxigênio para os tecidos; glóbulos brancos, cujo principal papel é identificar, destruir e
 VOLUME 1

remover qualquer produto estranho que tenha penetrado no organismo; e plaquetas, que atuam principalmente no
mecanismo de coagulação sanguínea.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  55


6. Fenômenos Resolução:
a) Correto. Tanto o óleo quanto o tetracloreto de car-
A ciência compreende qualquer acontecimento, fato ou bono são apolares e se misturam entre si.
ocorrência da natureza como um fenômeno. Quando ocor- b) Incorreto. Água e óleo não se misturam por serem
re um fenômeno, há uma alteração no sistema que está polar e apolar, respectivamente.
sendo estudado, ou seja, os estados inicial e final são di- c) Correto. A mistura terá parte polar (água + sacaro-
ferentes. se) e apolar (óleo + tetracloreto de carbono).
Os fenômenos geralmente são classificados de duas maneiras: d) Correto. A sacarose se dissolve em água, sendo um
composto polar.
1. Físico: quaisquer alterações sofridas por um material e) Correto. No sistema I, o óleo fica acima da água;
sem que haja alteração na sua composição. portanto, o óleo é menos denso que água.
Exemplo: suponha que você possua uma tábua (madeira)
Alternativa B
e a corte em partes para fazer uma estante. Essa fragmen-
tação da tábua é um fenômeno físico, uma vez que com- 2. Assinale a alternativa ERRADA.
posição química da tábua inicial e das partes obtidas não a) Tanto oxigênio gasoso como ozônio gasoso são
se altera. exemplos de substâncias simples.
Outros exemplos: a laminação de metais, o amassar do b) Um sistema monofásico tanto pode ser substância
pura quanto uma solução.
papel, a queda de uma pedra, etc..
c) Existem soluções gasosas, líquidas e sólidas.
d) Substância pura é aquela que não pode ser decom-
2. Químico: quaisquer alterações sofridas por um mate-
posta em outras mais simples.
rial de modo que ocorra mudança na sua composição.
e) No ar atmosférico, encontramos substâncias sim-
Exemplo: se um fósforo aceso for aproximado de um pi- ples e substâncias compostas.
res com álcool, o álcool começará a queimar. Essa combus-
tão é um fenômeno químico, uma vez que ocorre alteração Resolução:
da composição química do álcool, que, ao interagir com o a) Correto. Oxigênio (O2) e ozônio (O3) são substân-
oxigênio do ar, converte-se em gás carbônico e água, além cias simples.
de liberar energia. b) Correto. Um sistema monofásico pode ser tanto
C2H5 OH() + 3O2 (g) → 2CO2(g) + 3H2O() + calor uma substância pura (ex.: água pura) quanto uma
solução (ex.: água com açúcar).
Outros exemplos: a formação de ferrugem, a transfor- c) Correto. Solução é uma mistura de duas ou mais
mação do vinho em vinagre, a fabricação do pão, o apodre- substâncias, formando um aspecto homogêneo.
cimento de uma fruta, a decomposição de matéria orgâni- Existem soluções gasosas (ex.: ar, que é uma mistu-
ca, a fotossíntese, a respiração celular, etc. ra dos gases N2, O2, CO2, Ar etc.), soluções líquidas
(ex.: álcool + água) e soluções sólidas (ex.: bronze,
uma mistura de Cu e Sn).
Aplicação do conteúdo d) Incorreto. A substância pura é a espécie de ma-
1. Observando-se o comportamento das substâncias téria constituída por moléculas quimicamente iguais,
nos sistemas a seguir, é INCORRETO afirmar que: podendo ou não ser decomposta em outras mais sim-
ples. Por exemplo, o gás hélio (He) é monoatômico
e não pode ser decomposto em algo mais simples,
enquanto a molécula de água (H2O) pode ser decom-
posta em algo mais simples, como H2 e O2.
e) Correto. No ar encontramos tanto substância sim-
Óleo Água Água
+ + + ples (ex.: Ar, N2, O2) quanto substância composta (ex.:
Tetracloreto
Água Sacarose de carbono CO2, H2O(v)).
I II III Alternativa D
a) o óleo deve ser solúvel em tetracloreto de carbono;
3. (Mackenzie) Dadas as afirmações, à vista desarmada:
b) a água e o óleo não são miscíveis, por serem am-
 VOLUME 1

bos apolares; I. Toda mistura heterogênea é um sistema polifásico.


c) juntando-se os conteúdos dos sistemas I, II e III, II. Todo sistema polifásico é uma mistura heterogênea.
obtém-se uma mistura heterogênea;
d) a sacarose é um composto polar; III. Todo sistema monofásico é uma mistura homogênea.
e) o óleo é menos denso que a água. IV. Toda mistura homogênea é um sistema monofásico.

56  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


São verdadeiras as afirmações: 4. (UFPA) O sistema constituído por água líquida, ferro sólido,
a) I e II. gelo e vapor d’água apresenta:

b) I e III. a) 3 fases e 3 componentes.


c) II e IV. b) 3 fases e 2 componentes.
d) II e III. c) 4 fases e 2 componentes.
e) I e IV. d) 4 componentes e 6 fases.
e) 2 fases e 2 componentes.
Resolução:
I. Verdadeiro. Misturas heterogêneas possuem, neces-
Resolução:
sariamente, mais de uma fase. Assim, trata-se de um Vapor d’água

sistema polifásico.
II. Falso. A maioria dos sistemas polifásicos é uma Gelo
mistura heterogênea. No entanto, um sistema que
contém água com gelo é polifásico, mas não se trata
Água líquida
de uma mistura heterogênea.
III. Falso. Sangue é um exemplo de um sistema mo- Ferro sólido

nofásico (a olho nu) e é uma mistura heterogênea.


O sistema terá 2 componentes (ferro sólido e água, lembrando
Outro exemplo é o leite.
IV. Verdadeiro. Toda mistura homogênea tem apa-
que água líquida, gelo e vapor d’água são água).
rência uniforme a olho nu; trata-se, portanto, de um O sistema terá 4 fases: ferro sólido, água líquida, gelo e
sistema monofásico. vapor d’água.
Alternativa E Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

AMOSTRA DE
MATÉRIA

SUBSTÂNCIA
MISTURA
PURA

COMPOSTA
SIMPLES HOMOGÊNEA HETEROGÊNEA
(2 OU +
(1 ELEMENTO) (1 FASE) (2 OU + FASES)
ELEMENTOS)
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  57


Alguns métodos de separação são tão comuns que não
ANÁLISE são percebidos como tais. A“escolha” dos grãos de feijão
IMEDIATA (catação) e a separação de amendoim torrado das suas
cascas (ventilação) são alguns exemplos de separações

CN
utilizadas no dia a dia.
A seguir, serão abordados os principais processos de separação.
COMPETÊNCIA(s)
1, 2 e 8

AULAS HABILIDADE(s)
4, 7, 29 e 30

7E8
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O Segredo das Coisas - Ouro

2. Misturas heterogêneas
1. Separação de misturas Como foi visto anteriormente, misturas heterogêneas são
sistemas formados por pelo menos dois componentes,
compondo ao menos duas fases distintas.

2.1. Misturas heterogêneas [sólido-sólido]


§ Catação: os componentes sólidos são separados usan-
do a mão ou uma pinça.
Exemplo: escolher feijão, separando-o de pedras, grãos
indesejados e outros detritos.
multimídia: vídeo
§ Ventilação: o sólido menos denso é separado por uma
Fonte: Youtube
corrente de ar.
Como separamos coisas aparentemente...
inseparáveis? Exemplo: separação dos grãos de arroz de suas cascas,
que são arrastadas pela corrente de ar.
Substâncias puras são raramente encontradas na natureza. § Levigação: o sólido menos denso é separado por uma
Por esse motivo, são utilizados métodos de separação para corrente de água.
se obter uma substância pura.
Exemplo: separação, no garimpo, de areia do ouro.
Para a separação dos componentes de uma mistura, isto é, A areia (menos densa) é arrastada pela água corrente,
para a obtenção separada de cada uma das substâncias puras e o ouro (mais denso) permanece no fundo da bateia
que deram origem à mistura, é aplicado um conjunto de pro- (recipiente semelhante a um prato).
cessos físicos denominado análise imediata. Esses proces-
§ Separação magnética: um dos sólidos é atraído por
sos não modificam a composição química das substâncias que
um ímã.
compõesm uma dada mistura. São, portanto, processos físicos.
Exemplo: separação em larga escala de alguns miné-
O conhecimento prévio de algumas das propriedades das rios de ferro de suas impurezas.
substâncias presentes é fundamental para a escolha do me-
lhor método para a separação de misturas. Caso exista uma § Cristalização fracionada: todos os componentes da
mistura de açúcar e areia, por exemplo, é necessário saber mistura são dissolvidos em um solvente que, depois,
 VOLUME 1

que o açúcar se dissolve na água, ao contrário da areia. sofre evaporação, causando a cristalização separada de
cada componente. Essa técnica se baseia na diferença
Dependendo da complexidade da mistura, é preciso utilizar de solubilidade dos sólidos. A cristalização pode ser
vários processos diferentes numa sequência que se baseia induzida por mudanças na concentração, na tempera-
nas propriedades das substâncias presentes na mistura. tura, etc.

58  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Exemplo: obtenção de sais a partir da água do § Filtração simples: a fase sólida é separada com o au-
mar, nas salinas. A evaporação da água possibilita a xílio de papéis de filtro. A preparação do café e o filtro
cristalização de diferentes sais, sendo que o último a ser de água são exemplos do uso da filtração no cotidiano.
obtido é o cloreto de sódio (NaCℓ), conhecido como sal
de cozinha.
Bastão
§ Dissolução fracionada: um dos componentes sóli- de vidro

dos da mistura é dissolvido em um líquido. Mistura


(sólido + líquido)
Exemplo: colocando-se uma mistura de sal e areia em
Funil com
um recipiente com água, o sal vai se dissolver e a areia papel de filtro
vai se depositar no fundo do recipiente. Em seguida, uma Sólido separado
Funil com
filtração separa a areia (fase sólida) da água salgada papel de filtro
(fase líquida); evaporando-se a água, obtém-se o sal.
Béquer

Divulgação
Líquido separado

§ Filtração a vácuo: o processo de filtração pode ser


acelerado pela utilização de uma trompa de vácuo
Inaugurada no dia 29 de Outubro de 2011, a Salina Peixe-Boi está que “suga” o ar existente na parte interior do kitas-
localizada na zona rural do Município de Porto do Mangue-RN,
a 90 km da cidade de Mossoró-RN. Conta com uma área salgada
sato, o que possibilita um escoamento mais rápido
utilizada de 2.500 hectares. Em sua primeira colheita, foram produzidas do líquido.
cerca de 240 mil toneladas de sal, o equivalente a 35% de sua
capacidade. Atualmente a salina oferta cerca de 90 empregos diretos.

§ Peneiração ou tamisação: utilizada para separar só-


lidos formados por partículas de dimensões diferentes.
Exemplo: separação de areia e cascalho (pedras) nas
obras de construção civil.
§ Fusão fracionada: utilizada para separar sólidos
cujos pontos de fusão são muito diferentes.
Exemplo: como é possível separar uma mistura de ferro,
chumbo e estanho? O estanho funde-se a 231 ºC; o chum-
bo, a 327 ºC; e o ferro, a 1.536 ºC. Deve-se derreter (fundir)
primeiro o estanho, depois o chumbo e, por último, o ferro.
Cada metal, ao ser derretido, é separado dos demais. § Centrifugação: o processo de decantação é acelera-
§ Sublimação: é utilizada quando um dos sólidos, por do pelo emprego de um aparelho denominado centrí-
aquecimento, sublima (passa diretamente do estado fuga. Na centrífuga, devido ao movimento de rotação,
sólido para o gasoso), e o outro permanece sólido. as partículas mais densas, por inércia, são depositadas
Exemplo: sal (ou areia) e iodo, que sublima ao ser aqueci- no fundo do tubo.
do (obs.: naftalina e enxofre também sofrem sublimação). Líquido

Sólido
2.2. Misturas heterogêneas
[sólido-líquido]
§ Decantação: a fase sólida se sedimenta por ser mais
densa, ou seja, deposita-se no fundo do recipiente.
 VOLUME 1

A separação das duas fases pode ser realizada de


duas maneiras:
§ a mistura é vertida lentamente em um outro frasco;
§ a fase líquida é transferida para um outro frasco Centrífuga
com o auxílio de um sifão (sifonação).

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  59


2.3. Misturas heterogêneas 3. Misturas homogêneas
[líquido-líquido]
3.1. Misturas homogêneas
§ Decantação: são separados líquidos imiscíveis com [sólido-líquido]
densidades diferentes; o líquido mais denso acumula-se
na parte inferior do sistema. Em laboratório, é utilizado Nas misturas homogêneas sólido-líquido (soluções), o com-
o funil de decantação (funil de separação ou funil ponente sólido encontra-se totalmente dissolvido no líquido,
de bromo). fator que impede a sua separação por filtração.
Os métodos mais utilizados de separação dos componen-
Exemplo: no sistema composto por água e óleo, a água, tes desse tipo de mistura são baseados nas diferenças das
mais densa, desloca-se para a parte inferior do funil e é suas temperaturas de ebulição (pontos de ebulição):
escoada abrindo-se a torneira de modo controlado. A de-
Termômetro
cantação também pode ser realizada de um modo mais
rudimentar, utilizando-se um sifão (sifonação).

Condensador

Líquido menos denso

Líquido mais denso

Balão de
destilação

Torneira

Erlenmeyer

§ Evaporação: a mistura é fica em repouso ou é aque-


cida até o líquido (componente mais volátil) sofrer eva-
2.4. Misturas heterogêneas [gás-sólido] poração. Contudo, esse processo apresenta um incon-
veniente: a perda do componente líquido.
§ Decantação: a mistura passa através de obstáculos
em forma de zigue-zague; nesse processo as partículas § Destilação simples: a mistura é aquecida em uma
sólidas perdem velocidade e se depositam. aparelhagem apropriada, de tal maneira que o com-
ponente líquido inicialmente é vaporizado e, a seguir,
Nas indústrias, esse processo é realizado em um equipa- sofre condensação, sendo recolhido em outro frasco. A
mento denominado câmara de poeira ou chicana, con- seguinte aparelhagem é utilizada em laboratório:
forme o esquema:
3.2. Misturas homogêneas [líquido-líquido]
Gás limpo
Gás + poeira § Destilação fracionada: são separados os líquidos
miscíveis cujas temperaturas de ebulição são diferentes.
Partículas sólidas No processo de aquecimento da mistura, é separado pri-
§ Filtração: a mistura passa através de um filtro, onde o meiramente o líquido de menor temperatura de ebulição
sólido fica retido. (o mais volátil); em seguida, é separado o líquido com
temperatura de ebulição intermediária, e assim sucessi-
Exemplos: esse processo é muito empregado nas vamente, até o líquido de maior temperatura de ebulição
indústrias, principalmente para evitar o lançamento (o menos volátil). Uma coluna de fracionamento é
 VOLUME 1

de partículas sólidas na atmosfera. A filtração também acoplada à aparelhagem de destilação simples. Conhe-
é utilizada nos aspiradores de pó, onde o sólido é retido
cendo-se a temperatura de ebulição de cada líquido, é
(poeira) à medida que o ar é aspirado.
possível saber, pela temperatura indicada no termômetro,
qual deles está sendo destilado (eliminado do sistema).

60  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


VIVENCIANDO

Quando o petróleo é extraído, ele vem cheio de impurezas que são separadas por meio de processos físicos. Por
exemplo, a decantação é utilizada para separar o petróleo da água salgada. Dado que a água é mais densa do que
o petróleo, ela fica na parte de baixo, e o petróleo fica na parte de cima, o que possibilita a separação. Também é
utilizada a filtração para remover impurezas maiores, como areia, argila e pedaços de rochas.
O petróleo é composto por uma mistura complexa de hidrocarbonetos; devido a isso, ele é enviado para as refina-
rias a fim de que seus componentes sejam separados e tenham um melhor aproveitamento. Entretanto, não é conhecido
até o momento nenhum método que consiga separar cada um desses hidrocarbonetos. Por isso, essa separação ocorre
em frações de substâncias, ou seja, separa-se a mistura complexa do petróleo em misturas bem mais simples.
A destilação fracionada é o primeiro método utilizado para esse fim e se baseia na diferença das faixas das tempe-
raturas de ebulição das frações do petróleo.
Para isso, é utilizada uma torre de destilação com uma fornalha na parte inferior, onde o combustível é aquecido. A
torre possui até 50 pratos ou bandejas, sendo que cada um apresenta uma temperatura diferente que vai diminuindo
à medida que a altura aumenta.
Quando o petróleo é aquecido na fornalha, seus componentes vão passando para o estado gasoso. Os componentes
mais pesados (de maior massa molar) não sobem, permanecem líquidos na parte inferior e são separados. As demais
frações no estado gasoso sobem pela torre, e, quando uma dessas frações atinge uma bandeja com uma temperatu-
ra menor que seu ponto de ebulição, ela se liquefaz e é coletada nessa altura da torre. As demais frações, que ainda
permanecem no estado gasoso, passam para a próxima bandeja, e esse processo vai se repetindo. Assim, cada uma
das frações se liquefaz em um dos pratos ou em uma das bandejas e é coletada separadamente.

Termômetro

Condensador

Coluna
de fracionamento

Balão

Saída de água
Entrada de água
Bico Bunsen

Exemplos: separação de misturas de água e álcool. A destilação é muito empregada em indústrias petroquímicas na sepa-
ração dos diferentes derivados do petróleo. Nesse caso, as colunas de fracionamento são divididas em bandejas ou pratos.
Esse processo também é muito usado na produção de bebidas alcoólicas (alambique).

Tacho de
aquecimento

Garapa fermentada
em destilação
 VOLUME 1

Saída de água
de resfriamento
Entrada de água
de resfriamento Serpentina
de resfriamento
Fogo Aguardente

O esquema mostra o tradicional alambique usado para preparar bebidas alcoólicas provenientes da fermentação de açúcares ou cereais.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  61


Gás 20º C Atenção!
150ºC

Gasolina
A liquefação fracionada é empregada na separação
200ºC dos componentes do ar atmosférico: N2, O2 e outros
Querosene
gases. Depois da liquefação do ar, a mistura líquida
300ºC é destilada, e o primeiro componente a ser obtido é
o N2, pois ele apresenta menor PE (–196 °C); em se-
Óleo diesel
370ºC
guida, obtém-se o O2, que possui maior PE (–183 °C).
Petróleo
bruto Óleo
lubrificante

Fornalha § Adsorção: consiste na retenção superficial de gases. Al-


gumas substâncias, como o carvão ativado, possuem
400ºC
a característica de reter, em sua superfície, substâncias no
estado gasoso. Uma das principais aplicações da adsor-
Resíduo sólido: parafilas,
ceras, asfalto, piche ção são as máscaras contra gases venenosos.

Há casos de misturas homogêneas de líquidos que não po- 4. Análise cromatográfica


dem ser separadas por processos físicos como a destilação.
Isso ocorre porque essas misturas, denominadas misturas
ou cromatografia
azeotrópicas, destilam em proporções fixas e constantes, Trata-se de um método utilizado para a separação e iden-
como se fossem uma substância pura. O álcool etílico, tificação dos componentes de uma mistura. A palavra
por exemplo, forma com a água uma mistura azeotrópica cromatografia vem do grego chroma (cor). Os primei-
(95,5% de álcool e 4,5% de água) que destila à tempera- ros compostos separados por esse método apresentavam
tura de 78,1 °C. colorações diferentes. A cromatografia tem a vantagem
Dessa forma, para obter o álcool anidro ou o álcool ab- de permitir até mesmo a separação de componentes em
soluto (álcool puro), são utilizados processos químicos: quantidades muito pequenas.
adiciona-se à mistura azeotrópica (água e álcool) óxido de
cálcio (CaO), que reage com a água, produzindo hidróxido Aplicação do conteúdo
de cálcio Ca(OH)2. Em seguida, a mistura é submetida a
1. Uma maneira rápida e correta de separar uma mis-
uma destilação, pois, nessa etapa, somente o álcool destila, tura de ferro, sal de cozinha e arroz é, na sequência:
sendo, portanto, recolhido puro.
a) Filtrar, aproximar um ímã, adicionar água e destilar.
Veja na tabela a seguir alguns exemplos de misturas b) Adicionar água e destilar.
azeotrópicas: c) Aproximar um ímã, adicionar água, filtrar e destilar.
d) Destilar, adicionar água, aproximar um ímã.
Ponto de e) Impossível de separá-la.
Mistura azeotrópica
ebulição Resolução:
álcool etílico (95,5%) + água (4,5%) 78,1 ºC Uma das maneiras de separar a mistura é:
1. Passar um ímã, separando o ferro do sal e do arroz
acetona (86,5%) + metanol (13,5%) 56 ºC
(imantação).
álcool etílico (7%) + clorofórmio (93%) 60 ºC 2. Adicionar água, para dissolver o sal (dissolução fracionada).
3. Filtrar a solução para separar o arroz da solução de
ácido fórmico (77,5%) + água (22,5%) 107,3 ºC água + sal (filtração).
4. Destilar a solução para obter o sal (destilação).
3.3. Misturas [gás-gás] Alternativa C
2. Um copo contém uma mistura de água, acetona,
Considerando que as misturas de gases sempre são homo- cloreto de sódio e cloreto de prata. A água, a acetona
 VOLUME 1

gêneas (soluções gasosas), tem-se: e o cloreto de sódio estão numa mesma fase líquida,
enquanto que o cloreto de prata se encontra numa
§ Liquefação fracionada: a mistura de gases passa fase sólida. Descreva como é possível realizar, em um
por um processo de liquefação e, em seguida, pela des- laboratório de química, a separação dos componentes
tilação fracionada. dessa mistura.

62  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução: Resolução:
Primeira etapa: Filtração para separar o cloreto de Quando a água quente entra em contato com o pó do café,
prata (fase sólida) dos outros componentes. ocorre uma extração, porque são dissolvidos somente os
Segunda etapa: Destilação fracionada para a ob- compostos solúveis em água, deixando o pó, que é insolú-
tenção da acetona a partir da coluna de fracionamen-
to e do condensador.
vel, no filtro. Em seguida, ocorre uma filtração.
Terceira etapa: Destilação simples para separar a água Alternativa D
do cloreto de sódio que restará no balão de destilação.

3. Na preparação do café, a água quente entra em con-


tato com o pó e é separada no coador. As operações
envolvidas nessa separação são, respectivamente:
a) destilação e decantação;
b) filtração e destilação;
c) destilação e coação;
d) extração e filtração;
e) extração e decantação.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Como visto anteriormente, o sangue pode ser classificado como uma mistura homogênea a olho nu. No entanto, com
o auxílio de um microscópio, é possível observar uma mistura heterogênea, pois o sangue é constituído por outros
compostos. Além de tudo, há maneiras diferentes de separar os conteúdos do sangue.
“O sangue pode ser separado em diversos componentes sanguíneos para várias indicações clínicas. No entanto, muitos
países não possuem instalações para a separação de componentes, e o sangue total continua sendo o produto mais uti-
lizado na maioria dos países subdesenvolvidos. O uso de sangue total pode ser a mais segura e sustentável maneira de
cobrir as necessidades transfusionais mais urgentes. No entanto, quando há recursos disponíveis, o uso de componentes
sanguíneos oferece certas vantagens”, segundo a Organização Mundial de Saúde.
A centrifugação é uma das maneiras mais utilizadas na separação do sangue.

Para isso, coloca-se a mistura num aparelho chamado centrífuga, que gira em alta velocidade, depositando no fundo
 VOLUME 1

as partículas sólidas, que são mais densas.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  63


A centrífuga é utilizada em laboratórios de análises clínicas para separar os componentes do sangue, e, com ela, é
possível realizar a sedimentação dos glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas do sangue. A parte sólida do sangue
(glóbulos, plaquetas) é separada da parte líquida, que é o plasma.
Depois de ser centrifugado, o sangue apresenta três fases bem distintas: o plasma sanguíneo, os glóbulos brancos e
as plaquetas e os glóbulos vermelhos.

Plasma (55%)

Glóbulos brancos
e plaquetas (1%)

Glóbulos vermelhos
(44%)
 VOLUME 1

64  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


T ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a
implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Atualmente há uma preocupação internacional relacionada aos recursos encontrados. Muitos elementos são,
de forma geral, tão eficientes quantos os recursos que estão, aos poucos, sendo exauridos.
Por causa disso, é importante encontrar meios alternativos para a obtenção desses elementos com técnicas
diferenciadas e baratas, a fim de garantir um melhor aproveitamento dos recursos que a Terra pode conceder.
Meios de extração para purificação da água, dessalinização da água, formas de purificação de uma região
poluída por solventes orgânicos residuais de indústrias e meios de separação de substâncias imiscíveis em um
âmbito ambiental são algumas das principais questões desenvolvidas nesse tipo de habilidade.

MODELO 1

(Enem) Entre as substâncias usadas para o tratamento de água está o sulfato de alumínio que, em meio alcali-
no, forma partículas em suspensão na água, às quais as impurezas presentes no meio aderem.
O método de separação comumente usado para retirar o sulfato de alumínio com as impurezas aderidas é a
a) flotação;
b) levigação;
c) ventilação;
d) peneiração;
e) centrifugação.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Essa questão mostra a dinâmica do Enem em que sempre há uma abordagem relacionada ao cotidiano e
muitas vezes relacionada com problemas ambientais.
Nas estações de tratamento, a água que será consumida pela população precisa passar por uma série de
etapas que possibilite eliminar todos os seus poluentes.
Uma dessas etapas é a coagulação ou floculação, com o uso de hidróxido de cálcio, conforme a reação:
3Ca(OH) + Aℓ (SO )  2Aℓ(OH) + 3CaSO
2 2 4 3 3 4

O hidróxido de alumínio (Aℓ(OH)3) obtido, que é uma substância insolúvel em água, permite reter em sua
superfície muitas das impurezas presentes na água (floculação). O método de separação comumente usado
para retirar o sulfato de alumínio com as impurezas aderidas é a flotação (faz-se uma agitação no sistema
e as impurezas retidas sobem à superfície da mistura heterogênea).

RESPOSTA Alternativa A
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  65


DIAGRAMA DE IDEIAS

• VENTILAÇÃO
• CATAÇÃO
• LEVIGAÇÃO
• PENEIRAÇÃO
• DECANTAÇÃO (SIFONAÇÃO)
• FILTRAÇÃO
MISTURAS • CENTRIFUGAÇÃO
HETEROGÊNEAS

• DECANTAÇÃO (FUNIL)

SÓLIDO
• DECANTAÇÃO (CÂMARA DE POEIRA)
GASOSO

LÍQUIDO

• DESTILAÇÃO SIMPLES

MISTURAS
• DESTILAÇÃO FRACIONADA
HOMOGÊNEAS

• LIQUEFAÇÃO FRACIONADA
 VOLUME 1

66  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


QUÍMICA

CÁLCULOS
QUÍMICOS
LIVRO
TEÓRICO
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

O conteúdo abordado é puramente concei- A maior incidência está relacionada com


tual e é cobrada uma boa base de matemá- os cálculos estequiométricos, assim como
tica para resolução em tempo mínimo de todo o raciocínio envolvido na resolução
muitos exercícios. As questões abordam de das questões.
forma constante mais do que apenas um
conteúdo, tendo em vista o aprendizado do
aluno como um todo.

Cálculo estequiométrico sempre é cobrado, Cálculo estequiométrico e o raciocínio para Ocorre grande incidência em cálculo este-
de tal maneira que o raciocínio para a reso- a resolução das questões são cobrados na quiométrico e o raciocínio utilizado por trás
lução é importante. maior parte da prova. das resoluções é considerado.

O cálculo estequiométrico, assim como o O tema cálculo estequiométrico é cobrado O tema cálculo estequiométrico e o bom O tema cálculo estequiométrico e o bom
raciocínio e a interpretação das informa- de maneira bem direta, sendo necessários entendimento de como se relaciona com as entendimento de como se relaciona com as
ções, são sempre cobradas em questões. boa interpretação e conhecimentos sobre informações são sempre necessários para a informações são sempre necessários para a
as propriedades físicas e químicas das resolução das questões. resolução das questões.
substâncias.

É necessário boa interpretação e conhe- Boa interpretação e conhecimentos sobre As questões abordam cálculos estequio-
cimentos sobre as propriedades físicas e as propriedades físicas e químicas das métricos, e todo o raciocínio envolvido na
químicas das substâncias, já que o tema substâncias são necessário para a resolu- resolução da questão é cobrado.
de cálculo estequiométrico é cobrado de ção das questões de cálculo estequiométri-
maneira bem direta. co, que são as mais recorrentes.

O tema cálculo estequiométrico é abor- O tema cálculo estequiométrico é abor- Por ser abordado de maneira bem direta o
dado junto com as outras frentes, sendo dado de maneira que o aluno precise tema cálculo estequiométrico, o candidato
necessários bom conhecimento em pro- interpretar bem os dados e relacioná-los precisa interpretar bem os dados e relacio-
priedades e características das substâncias. corretamente. ná-los da maneira correta.
 VOLUME 1

68  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


GRANDEZAS 2. Massa atômica (MA)
QUÍMICAS
2.1. Unidade de massa atômica (u)

CN
Os átomos individuais são muito pequenos para serem vis-
tos e pesados. Contudo, pode-se determinar as massas re-
COMPETÊNCIA(s) lativas de átomos diferentes, ou seja, é possível determinar
1e2 a massa de um átomo comparando-a com a massa de um
átomo de outro elemento escolhido como padrão.
AULAS HABILIDADE(s)
4e7
Na Conferência da União Internacional de Química Pura

1E2 e Aplicada (IUPAC), em 1961, foi adotado como padrão


de massas atômicas o isótopo 12 do elemento carbono
(12C), ao qual se convencionou atribuir o valor exato de 12
unidades de massa atômica.

1. Introdução
​ 1  ​ da
Uma unidade de massa atômica (1u) corresponde a ___
Para se obter uma quantidade desejada de produtos, é preci- 12
massa de um átomo do isótopo 12 do elemento carbono.
so, tanto nas atividades laboratoriais quanto nas industriais,
conhecer a quantidade de reagentes que se deve usar. O valor de 1u é 1,66 ∙ 10–24 g, que equivale aproximada-
É a partir do cálculo das massas e dos volumes das substâncias mente à massa de um próton ou de um nêutron.
envolvidas nas reações químicas que isso será possível. Muitas
vezes, é necessário determinar também o número de átomos
ou de moléculas das substâncias que reagem ou são produzi-
das. Para isso, é necessário conhecer a massa dos átomos.
A medida de uma grandeza é feita por comparação com
uma grandeza padrão convenientemente escolhida. Dessa
maneira, a medida da massa de um corpo é feita comparan-
do-a com a massa de um padrão adequadamente escolhido. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Quando se afirma que uma pessoa possui uma massa de
65 kg, é possível interpretar esse resultado da seguinte ma- HAVE YOU EVER SEEN AN ATOM?
neira: a pessoa possui uma massa 65 vezes maior que o
padrão utilizado para medir a sua massa, isto é, 1 kg.
E qual será a grandeza utilizada para medir a massa de um 2.2. Massa atômica (MA)
átomo ou de uma molécula?
Massa atômica é o número que indica quantas vezes
a massa de um átomo de um determinado elemento é
​  1  ​​da massa do átomo de 12C.
maior que 1u, ou seja, ___
12

A massa de um átomo de um determinado elemento é ob-


tida comparando-a com a unidade de massa atômica (1u).
 VOLUME 1

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube Exemplo
O QUE É A QUÍMICA Quando se diz que a massa atômica do átomo de 32S é
igual a 32 u, conclui-se que:

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  69


§ a massa atômica de um átomo de 32S é igual a 32 u; A massa atômica será calculada pela expressão:

§ a massa atômica de um átomo de 32S é igual a 32 vezes 23,985 ∙


× 79% + 24,986 ∙
× 10% + 25,982 ∙
× 11%
​​ ______________________________________
         ​ = 24,31 u.
​ 1  ​do átomo de carbono-12;
a massa de ___ 100%
12 Esse é o valor encontrado nas Tabelas Periódicas. No caso
§ a massa de um átomo de 32S é igual a 2,7 vezes a mas- de elementos artificiais ou muito raros, as tabelas apresen-
sa de um átomo de carbono-12. tam a massa do isótopo mais estável.
Assim:
Atenção:
§ Não confunda massa atômica com número Massa atômica de um elemento é a média ponde-
de massa. rada das massas atômicas dos isótopos naturais que
o compõem.
§ Massa atômica (MA), como foi visto, é uma medida
​  1  ​ da
feita em relação à unidade adotada (u), que vale ___
12 Assim sendo, a massa atômica de um elemento hipotético
massa do isótopo C.12

A, composto pelos isótopos naturais A1, A2, ..., An, pode ser
§ Número de massa (A) é um número inteiro e po- calculada por:
sitivo, definido como a soma do número de prótons
A1 · %A1 + A2 · %A2 + ... + An · %An
(Z = P) com o número de nêutrons (N), isto é, A = P + N. ​  ____________________________
        ​ .
100%
O aparelho usado na determinação da massa atômica é chama-
do de espectrômetro de massa. A medida é realizada com gran- Exemplo
de precisão, e o processo de determinação da massa do átomo
é comparativo com o padrão, ou seja, o átomo de carbono-12. Quando se diz que a massa atômica do elemento cloro é
35,5 u, conclui-se que:
2.3. Massa atômica de um elemento § cada átomo do elemento cloro possui massa, em mé-
dia, igual a 35,5 u;
Um mesmo elemento é formado, muitas vezes, por átomos
de diferentes massas denominados isótopos. § cada átomo do elemento cloro possui massa, em mé-
​  1  ​da massa do carbono-12.
dia, 35,5 vezes maior que ___
Ocorrência 12
Elemento Isótopo MA (u)
Natural
12
C 12,000 98,89%
Carbono
13
C 13,0034 1,11%

Sódio 23
Na 22,9898 100%
35
Cℓ 34,9689 75,77%
Cloro
37
Cℓ 36,9659 24,23%
79
Br 78,9183 50,7% multimídia: site
Bromo
81
Br 80,9163 49,3%
121
Sb 120,9038 57,3% super.abril.com.br/historia/400-anos-em-10/
Antimônio
123
Sb 122,9042 42,7%

A massa atômica de um elemento é, então, determinada


pela média ponderada das massas dos isótopos naturais 3. Massa molecular (MM)
que compõem esse elemento.
Os átomos se reúnem para formar moléculas. A massa de
O elemento magnésio, por exemplo, é constituído pelos uma molécula é a soma das massas atômicas dos átomos
seguintes isótopos naturais: que compõem essa molécula.
 VOLUME 1

Mg ⇒ 23,985 u — 78,99 %
24 Visto que as moléculas são formadas por um grupo de
átomos ligados entre si, o padrão usado como base para
Mg ⇒ 24,986 u — 10,00 %
25
identificar as massas dessas moléculas é o mesmo usado
Mg ⇒ 25,982 u — 11,01 %
26
para os átomos: a unidade de massa atômica (u).

70  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Exemplo § 6,02 · 1023 átomos de Aℓ em 27 g de Aℓ (MA(Aℓ) = 27 u);
C6H12O6 (C = 12 u, H = 1 u, O = 16 u) § 6,02 · 1023 átomos de Ca em 40 g de Ca (MA(Ca) = 40 u).
Massa molecular do C6H12O6: MM = (12 · 6) + (1 · 12) + É possível verificar que a massa de 6,02 · 1023 áto-
(16 · 6) = 180 u mos de qualquer elemento é numericamente igual a sua
Significado: cada molécula de C6H12O6 possui massa massa atômica.
​ 1  ​ do
igual a 180 u, ou seja, 180 vezes maior que ___
12
carbono-12. 4.1. Como foi determinado o
Assim: número de Avogadro?
Ernest Rutherford (1831-1937) determinou o número de
Massa molecular é a soma das massas atômicas dos Avogadro contando as partículas a (alfa) emitidas pelo ele-
átomos que compõem a molécula. Ou ainda, massa mento rádio. Cada partícula a se transforma em um átomo
molecular é o número que indica quantas vezes a de hélio. Essas partículas são emitidas com tanta energia,
massa de uma molécula é mais pesada que 1 u, isto que cada uma produz um sinal visível numa placa de sulfeto
​  1  ​ da massa do átomo de carbono-12.
é, ___ de zinco (ZnS). Esse fator permite contá-las para se descobrir
12
quantos átomos de hélio a amostra de rádio produz em um
determinado intervalo de tempo.
Observe outro exemplo:
Rutherford verificou que 1 g de rádio produz, em um ano,
Quando se diz que a massa molecular da água H2O é 18 u,
cerca de 7,7 · 10–6 g de hélio. Além disso, ele calculou
conclui-se que:
que, nesse tempo, 1 g de rádio emitiria 11,6 · 1017 partí-
§ a massa de uma molécula H2O é igual a 18 u; culas a e, portanto, 11,6 · 1017 átomos de hélio.

​  1  ​
§ a massa de uma molécula H2O é 18 vezes maior que ___ Assim, temos:
12 7,7 · 10-6 g de He ———— 11,6 · 1017 átomos de He
da massa do átomo de carbono-12;
4 g de He ———— Na
§ uma molécula de água é 1,5 vezes mais pesada que
um átomo de carbono-12.
NA = 6,02 · 1023 átomos
Nota: A massa dos compostos iônicos é chamada de
massa-fórmula (MF).
Por exemplo: NaCℓ ⇒ MF = 58,5 u
Para facilitar, é utilizada a expressão massa molecular tanto
5. Conceito de mol
para os compostos moleculares quanto para os iônicos. Segundo a União Internacional da Química Pura e Aplicada
(IUPAC), mol é a quantidade de matéria que contém tantas
entidades elementares (átomos, moléculas, elétrons, partí-
4. Constante ou número culas, etc.) quantos são os átomos de carbono-12 contidos

de Avogadro (Na) em 0,012 kg do carbono-12.

Considere as seguintes amostras: 12 g de carbono, 27 g de Constante de Avogadro é o número de átomos de 12C con-
alumínio e 40 g de cálcio. tidos em 0,012 kg de 12C, e seu valor é 6,02 · 1023 mol–1.
Verifica-se experimentalmente que o número de átomos n
existentes em cada uma das amostras é o mesmo, embo- Assim:
ra elas possuam massas diferentes. No entanto, quantos
átomos existem em cada uma dessas amostras? Várias ex- Mol é uma quantidade de 6,02 · 1023 partículas quaisquer.
periências foram realizadas para determinar esse número,
conhecido como número de Avogadro (Na), e o valor en- Exemplo
contrado foi 6,02 · 1023.
§ 1 mol de átomos contém 6,02 · 1023 átomos.
 VOLUME 1

Dessa forma, o número de Avogadro é o número de áto-


mos em x gramas de qualquer elemento, sendo x a massa § 1 mol de moléculas contém 6,02 · 1023 moléculas.
atômica do elemento. Assim, existem: § 1 mol de íons contém 6,02 · 1023 íons.
§ 6,02 · 1023 átomos de C em 12 g de C (MA(C) = 12 u); § 1 mol de elétrons contém 6,02 · 1023 elétrons, etc.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  71


6. Massa molar (M) Exemplo: Aℓ = 27 u
27 g de Aℓ
É a massa que contém 6,02 · 1023 unidades. Sua unidade
contêm
é g/mol (grama/mol) ou g·mol–1.

6.1. Massa molar de um elemento (M)


6,02 · 1023 átomos de Aℓ 1 mol de átomos de Aℓ
Massa molar do Aℓ = 27 g · mol-1

A massa molar de um elemento é a massa em gra-


6.2. Massa molar de uma substância (M)
mas de 1 mol de átomos desse elemento, isto é,
6,02 · 1023 átomos. A massa molar de um elemento A massa molar de uma substância é a massa em gra-
é numericamente igual à sua massa atômica expressa mas de 1 mol de moléculas da referida substância.
em gramas. A massa molar de uma substância é numericamente
igual à sua massa molecular expressa em u.

VIVENCIANDO

Em uma indústria química, é indispensável saber o que significa um mol. Os químicos trabalham com soluções muitas
vezes perigosas e/ou corrosivas. Contudo, é possível analisar facilmente se um ácido vai trazer prejuízos a quem o estiver
manipulando. Uma solução de ácido sulfúrico muito diluída, com concentração de, por exemplo, 5 mmol/L, não causará
danos se entrar em contato com a pele. É claro que muito tempo de exposição pode causar prejuízos. Nesse sentido, por
precaução, mantenha-se longe de soluções perigosas e esteja sempre acompanhado de um responsável.
A quantidade de mol por litro de solução também influencia em processos industriais. Em condições nas quais há um
aumento na concentração de reagentes, a velocidade da reação pode ser acelerada. Essa técnica é muito usada em
indústrias, onde o aumento da concentração da solução evita desperdício e garante um maior rendimento.

Exemplos
§ CO2 (C = 12 u , O = 16 u)
MCO = (12 · 1) + (16 · 2) = 44 u
2

Assim, tem-se:

contêm


 VOLUME 1

§ NaCℓ (Na = 23 u, Cℓ = 35,5 u)


MFNaCℓ = 23 + 35,5 = 58,5 u

72  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Assim, tem-se:
58,5 g de NaCℓ Aplicação do conteúdo
1. O elemento químico neônio apresenta-se na natureza
contêm
com a seguinte composição isotópica:

90% de 20Ne
6,02 · 1023 fórmulas de NaCℓ 1 mol de fórmulas de NaCℓ
Massa molar do NaCℓ = 58,5 g · mol-1 0,27% de 21Ne
9,73% de 22Ne
6.3. Massa molar de um íon (M)
Considerando as massas atômicas dos isótopos praticamen-
te iguais aos seus números de massa, pede-se para calcular
A massa molar de um íon é a massa em gramas de 1 a massa atômica do elemento neônio.
mol de íons e é numericamente igual à massa do íon
expressa em u. Resolução:

Exemplo
§ CO​-23​(C = 12 u, O = 16 u)
MCO 2-​ ​ = (12 · 1) + (16 · 3) = 60 u 2. Existem dois isótopos do rubídio que ocorrem na na-
3
tureza: 85Rb, que tem massa igual a 84,91 g/mol, e 87Rb,
Assim, tem-se: cuja massa é 86,92 g/mol. A massa atômica do rubídio é
85,47 g/mol. Qual é a porcentagem do 87Rb?
a) 72,1%.
b) 20,1%.
c) 56,0%.
d) 27,9%.
e) 86,9%.

Nota: Com frequência, o tipo de partícula à qual se refere o Resolução:


termo mol é omitido. Por exemplo, diz-se 1 mol de magné-
A questão apresenta o cálculo inverso da questão an-
sio, quando o correto seria 1 mol de átomos de magné-
terior. Com efeito, anteriormente foram dadas as abun-
sio. Assim, 1 mol de magnésio = 1 mol de átomos de
dâncias dos isótopos e foi pedida a massa atômica média.
magnésio = 6,02 · 1023 átomos de magnésio.
Agora, é dada a massa atômica média, pedindo-se a abun-
dância de um dos isótopos.
6.4. Determinação da quantidade
de substância ou quantidade de A porcentagem pedida do 87Rb será chamada de x.
mol ou “número de mol” (n) Sendo assim, a porcentagem do outro isótopo (85Rb) será
(100 – x )%. Esquematizando o cálculo como na questão
A partir de uma amostra que apresenta determinada mas-
anterior, segue:
sa de um elemento químico ou substância e conhecendo
sua massa molar, é possível determinar quantos mol e
quantas entidades químicas (átomos, moléculas, etc.) com-
põem essa amostra. Resolvendo a equação, temos: x ≅ 27,9 %.

Considere uma amostra de massa igual a m (em gra- Alternativa D


mas) de uma espécie química cuja massa molar é igual
a M (g · mol–1). A partir desses dados, pode-se determinar 3. Quantos mol de átomos correspondem a 280 g de
ferro? (Fe = 56 u)
a quantidade ou número de mol (n) que constitui a espécie
química utilizando a relação matemática: Resolução:
1 mol de átomos de Fe –– 56 g –– 6,02 · 1023 átomos de Fe
 VOLUME 1

x–– 280 g
m ​
n = ​ __ ​ 280 · ​
x = _______ 1 mol de átomos ⇒ x = 5 mol de átomos
M 56
de Fe

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  73


4. Determine o número de átomos de hidrogênio conti- 1 mol de CO2 ––– 44 g — 6,02 · 1023 moléculas de CO2
dos em 100,0 g de álcool etílico (C2H6O).
88 g ———— x
(C = 12 u, O = 16 u, H = 1 u)
88 · 6,02 · 1023
x = _____________
​     ​ moléculas ⇒
Resolução: 44
x ≅ 1,2 · 1024 moléculas de CO2
MC H O = (12 · 2) + (1 · 6) + (16 · 1) = 46 g · mol-1
2 6

1 mol de C2H6O –– 46 g — 6,02 ·1023 moléculas de C2H6O 6. A massa de uma única molécula de ácido acético
(C2H4O2) é:
100 g — x
(C = 12 u; H = 1 u; O = 16 u)
100 · 6,02 · 1023
_____________
x =  
​   ​ moléculas ⇒
46 a) 1,0 · 10-21 g.
x = 1,3 · 1024 moléculas de C2H6O b) 1,0 · 10-22 g.
c) 1,0 · 10-23 g.
Observe, porém, que cada molécula de C2H6O con- d) 1,0 · 10-24 g.
tém 6 átomos de hidrogênio. Conclui-se, então, que há e) 1,0 · 10-25 g.
6 · 1,3 · 1024 átomos de hidrogênio, ou seja: 7,8 · 1024 Resolução:
átomos de hidrogênio.
MC H O = (12 · 2) + (1 · 4) + (16 · 2) = 60 g · mol-1
2 4 2

5. Quantas moléculas existem em 88 g de dióxido de 1 mol de moléculas C2H4O2 ––– 60 g — 6,02·1023 moléculas
carbono (CO2)?
(C = 12 u, O = 16 u) x —— 1 molécula de CO2

Resolução: ​  60 23 ​ g ⇒ x ≅ 1 · 10–22 g


x = _________
6,02 · 10
MCO = (12 · 1) + (16 · 2) = 44 g ∙ mol–1 Alternativa B
2

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em 1811, quando Avogadro elaborou a tese de que, dadas as mesmas condições de temperatura e pressão, dois gases
diferentes ocuparão o mesmo volume e conterão o mesmo número de moléculas, o mundo da ciência foi revolucionado.
Entretanto, somente anos mais tarde que ele ganhou o reconhecimento (póstumo) que merecia por causa de sua tese.
Tal tese foi de extrema importância e vital no desenvolvimento de indústrias automotivas, farmacêuticas, químicas, etc.
Seu número, mais conhecido como 6,02 ∙ 1023, é responsável pela precisa relação matemática entre moléculas e átomos.
Pode-se dizer, por exemplo, que a cada 1 mol de água tem-se 6,02 ∙ 1023 moléculas, o que corresponde a 18 g.
Esse meio de medida é muito importante. Com esse numero pôde-se ter uma nova forma de unidade de concentração, co-
nhecida como concentração molar. O número de mol também é importante para evitar doses letais e na produção de antído-
tos. A dose letal do cianureto, por exemplo, é 5 mg/kg, se passarmos isso para mol obteremos aproximadamente 2 mmol/kg.
 VOLUME 1

74  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 4
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de
conservação, recuperação ou utilização sustentável da biodiversidade.

A industrialização avançou de forma significante durante o século passado. A máquina movida a vapor foi um
dos maquinários responsáveis por um extraordinário progresso industrial e tecnológico.
Entretanto, houve consequências, como a poluição. Na habilidade 4 é possível interpretar em termos quantita-
tivos e mensurar a quantidade de gases poluentes lançados na atmosfera. É muito comum a aplicação desses
conhecimentos para cálculos da quantidade de substâncias causadoras da poluição no ambiente.

MODELO 1
(Enem) A eutrofização é um processo em que rios, lagos e mares adquirem níveis altos de nutrientes, especial-
mente fosfatos e nitratos, provocando posterior acúmulo de matéria orgânica em decomposição. Os nutrientes
são assimilados pelos produtores primários e o crescimento desses é controlado pelo nutriente limítrofe, que
é o elemento menos disponível em relação à abundância necessária à sobrevivência dos organismos vivos. O
ciclo representado na figura seguinte reflete a dinâmica dos nutrientes em um lago.

A análise da água de um lago que recebe a descarga de águas residuais provenientes de lavouras adubadas
revelou as concentrações dos elementos carbono (21,2 mol/L), nitrogênio (1,2 mol/L) e fósforo (0,2 mol/L).
Nessas condições, o nutriente limítrofe é o
a) C.
b) N.
 VOLUME 1

c) P.
d) CO2.
e) PO4.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  75


ANÁLISE EXPOSITIVA

Nessa habilidade o aluno deve demonstrar domínio de problemas envolvendo proporcionalidade entre as
substâncias de reações químicas e dominar a mudança de unidade de gramas para mol e vice-versa.
O nutriente limítrofe é aquele encontrado em menor quantidade. Conforme o enunciado, algas e
outros organismos fixadores de nitrogênio e outros fotossintéticos assimilam C, N e P nas razões
atômicas 106:16:1.
A partir dos valores das concentrações dos elementos carbono (21,2 mol/L), nitrogênio (1,2 mol/L) e
fósforo (0,2 mol/L), é possível calcular a proporção deles na água do lago.

C N P
106 mol/L 16 mol/L 1 mol/L
21,2 mol/L 1,2 mol/L 0,2 mol/L

Dividindo a segunda linha por 0,2, teremos:

C N P
106 mol/L 16 mol/L 1mol/L
21,2 mol/L 1,2 mol/L 0,2 mol/L
___________ __________ __________
0,2 0,2 0,2

C N P
106 mol/L 16 mol/L 1 mol/L
106 mol/L 6 mol/L 1 mol/L
(limítrofe)
(menor quantidade)

RESPOSTA Alternativa B
 VOLUME 1

76  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

MASSA
MOLAR
(g.mol-1)

ÁTOMO CONTÉM MOLÉCULAS


1 MOL DE
PRESENTE EM: ENTIDADES PRESENTE EM:

• ELEMENTO QUÍMICO SUBSTÂNCIA


• SUBSTÂNCIA MOLECU- MOLECULAR
COMO
LAR MONOATÔMICA
• SUBSTÂNCIA METÁLICA

ÍONS
FÓRMULAS

PRESENTE EM:

SUBSTÂNCIA
IÔNICA

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  77


FÓRMULAS É por meio do conhecimento das fórmulas das substâncias
E LEIS que essas proporções são perceptíveis. Por esse motivo, ini-
cialmente serão abordados os diferentes tipos de fórmulas.
PONDERAIS

CN
Fórmula percentual indica a porcentagem, em
massa, de cada elemento que constitui a substância.
COMPETÊNCIA(s)
1e2
Um modo de determinar a fórmula percentual é partir da
fórmula molecular da substância, aplicando os conceitos
AULAS HABILIDADE(s)
4e7 de massa atômica e massa molecular.

3E4 Por exemplo, considerando que a fórmula molecular do


metano é CH4 e que as massas atômicas do carbono e do
hidrogênio são, respectivamente, 12 u e 1 u, tem-se:
Massa molecular do CH4 = (12 · 1) + (1 · 4) = 12 + 4 = 16.
Desse modo, na massa molecular igual a 16 u, o carbono
participa com 12 u, e o hidrogênio participa com 4 u. Assim:

C: 16 ——— 100%
1. Introdução 12 · 100%
12 ——— x ⇒ x = ​ _________
 ​= 75%
16
Um químico, ao se deparar com um material desconhecido,
procura, utilizando diversas técnicas físicas e químicas, en- H: 16 ——— 100%
contrar a composição desse material. 4 · 100%
4 ——— y ⇒ y = ​ ________
 ​= 25%
16
A primeira providência é realizar a análise imediata do ma-
terial, ou seja, separar por meio de processos puramente
Logo, a fórmula percentual do CH4 é: C75%H25%.
físicos as diversas substâncias presentes na amostra. Es-
ses processos baseiam-se no fato de que o conjunto de
características, como ponto de fusão, ponto de ebulição, 2. Fórmula mínima ou empírica
densidade e solubilidade, é diferente para cada substância,
O primeiro passo ao realizar a análise de uma substância
e, manejando criteriosamente essas diferenças, é possível
desconhecida é determinar sua composição, ou seja, os
separá-las uma a uma.
elementos que a compõem. O segundo passo consiste
Depois que as diversas substâncias da amostra estiverem na determinação das quantidades das massas de cada
separadas, a próxima providência é realizar uma análise elemento. A partir desses dados obtém-se a fórmula per-
elementar de cada uma delas. centual e, com ela, é possível determinar o “número de
mol” (n) de átomos de cada elemento e estabelecer uma
proporção entre esses valores.

1. Submetido à análise imediata Fórmula mínima indica a menor proporção, em


2. Submetido à análise qualitativa números inteiros de mol, dos átomos dos elementos
que compõem uma substância.
3. Submetido à análise quantitativa
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas em
uma reação química é denominado estequiometria – palavra Observe, a seguir, como é possível determinar a fór-
derivada dos termos gregos stoicheia (partes mais simples) e mula mínima.
 VOLUME 1

metrein (medida). Considere uma amostra que foi submetida à análise qua-
É preciso conhecer as proporções entre os elementos que litativa e apresenta, como únicos constituintes, carbono e
compõem as diferentes substâncias para que os cálculos hidrogênio. A análise quantitativa revelou a existência de
estequiométricos possam ser efetuados. 75% em massa de carbono e 25% em massa de hidrogênio.

78  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Com base nesses dados, pode-se determinar a fórmula mí-
nima do composto:
3. Fórmula molecular
§ 1.º passo: É recomendável, quando se trabalha com por- Fórmula molecular indica o número real de áto-
centagem em massa, considerar amostras de 100 g, o que mos de cada tipo na molécula.
possibilita que as porcentagens em massa correspondam
numericamente à massa em gramas de cada elemento: Em certos casos, a fórmula molecular é idêntica à fórmula
75% em massa de carbono ⇒ 75 g de carbono mínima; em outros, porém, é um múltiplo inteiro da fór-
100 g de amostra 25% em massa de hidrogênio ⇒ 25 g de hidrogênio
mula mínima.
§ 2.º passo: A partir dessas quantidades em massa e co- Fórmula Mínima ⇒ Fórmula Molecular
nhecendo as massas atômicas dos elementos, é possível H2O (×1) H2O

determinar o número de mol de átomos de cada elemento. CH (×6) C6H6


P2O5 (×2) P4O10
Assim, temos: CH (×2) C2H2
C ⇒ massa atômica = 12 u ⇒ massa molar = 12 g · mol -1
Logo, temos:
H ⇒ massa atômica = 1 u ⇒ massa molar = 1 g · mol -1

Fórmula Molecular = [Fórmula Mínima] · n


Lembrando que n
massa (g) Em que n é um número inteiro.
(n.º de mol de átomos) = __________________
  
​     ​, temos
massa molar · (g mol–1) A fórmula molecular pode ser determinada de várias
75 g maneiras. Observe algumas delas:
C ⇒ n = ​ _________  ​= 6,25 mol de átomos
12 g · mol–1 § 1.º método: Calculando a fórmula mínima a partir da
25 g
H ⇒ n = ​ ________–1 ​= 25 mol de átomos porcentagem em massa.
1 g · mol
Esses valores representam a proporção em número de mol Vitamina C (massa molar = 176 g · mol-1)
entre os elementos. Nesse composto, 6,25 mol de átomos
de carbono estão combinados com 25 mol de átomos de C = 40,9% em massa = 40,9 g
hidrogênio. Observe que essa não é a menor proporção e 100 g de vitamina C H = 4,55% em massa = 4,55 g
que ela não está em números inteiros. O = 54,6% em massa = 54,6 g
§ 3.º passo: Depois de determinar a proporção entre os
Número de mol de átomos:
números de mol dos átomos, é necessário transformá-
-la na menor proporção possível de números inteiros. 40,9 g 4,55 g
C = ​  _________–1 ​= 3,41 mol; H = ________  ​ = 4,55 mol;
Isso pode ser realizado dividindo-se os valores em números 12 g · mol 1 g · mol–1
54,6 g
de mol pelo menor deles. O = ​ _________  ​= 3,41 mol
16 g · mol–1
C ⇒ n = 6,25 mol; H ⇒ n = 25 mol
Relação entre os números de mol:
C H 3,4 4,5 3,4
C = ___
​   ​= 1; H = ___
​   ​= 1,33 mol; O = ___
​   ​= 1 mol
Relação entre os 6,25 mol 3,4 3,4 3,4
_______
​   ​ = 1 ​  25 mol ​= 4
______
números de mol 6,25 6,25 Como os valores encontrados não são inteiros, é preciso
multiplicá-los por um número que permita obter a menor
Essa é a menor proporção de números inteiros entre os
números de mol dos átomos de cada componente. proporção de números inteiros. Nesse caso, o número ade-
quado é 3. Observe a tabela abaixo:
Assim, 1 mol de átomos de carbono se combina com 4 mol
de átomos de hidrogênio. C H O
1 mol 1,33 mol 1 mol
Logo, a fórmula mínima desse composto é: C1H4 ou CH4. (× 3) (× 3) (× 3)
 VOLUME 1

Resumindo: 3 mol 4 mol 3 mol


a) Determine o número de mol de átomos de cada Fórmula mínima: C3H4O3
elemento.
b) Divida os resultados obtidos pelo menor valor A relação entre a fórmula mínima e a fórmula mole-
encontrado. cular pode ser feita do seguinte modo:

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  79


Fórmula Mínima   ⇒  Fórmula Molecular Cx + Hy + Oz
C3H4O3            C6H8O6 12 ∙ x 1∙y 16 ∙ y = 176
M = 88 g · mol-1        M = 176 g · mol-1 ↓ ↓ ↓ ↓
Assim, temos que: 40,9% 4,55% 54,6% 100%
(C3H4O3)n = 176 ⇒ 88 · n = 176 ⇒ n = 2 Cx: 176 —— 100%
Logo, (C3H4O3)2 ⇒ a fórmula molecular da vitamina C é 12 ∙ x —— 40,9%
⇒x=6
C6H8O6.
Hy: 176 —— 100%
§ 2.º método: Relacionando as porcentagens em mas-
1 ∙ y —— 4,55%
sa com a massa molecular do composto.
⇒y=8
C = 40,9%
Oz: 176 —— 100%
H = 4,55% M = 176 g · mol–1
16 ∙ y —— 54,6%
O = 54,6% ⇒z=6
 onsiderando que sua fórmula molecular seja CxHyOz, ago-
C Dessa maneira, temos que a fórmula molecular da vitami-
ra é necessário relacionar as porcentagens em massa com na C é C6H8O6.
as massas atômicas e a massa molecular:

VIVENCIANDO

As ideias de cientistas como Proust e Lavoisier são muito úteis até hoje para a indústria química. Em uma indústria,
podem ser produzidas toneladas de determinados materiais. Nessa produção são utilizados reagentes que nem
sempre são baratos. Nesse sentido, é fundamental que tudo o que seja comprado seja aproveitado. Em vista disso, a
lei das proporções definidas ajuda as indústrias químicas a realizarem o cálculo exato para que não ocorram gastos
além do necessário.

4. Leis ponderais Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se


No século XVIII, foram lançadas as bases para o estudo da transforma.
estequiometria das reações químicas. Os cientistas consegui-
ram expressar matematicamente as regularidades que ocor-
Isso significa que, em uma reação química, a matéria não é
rem nessas reações por meio das leis das combinações
criada nem destruída.
químicas. Essas leis foram divididas em dois grupos:
A lei da conservação foi proposta por Lavoisier após a rea-
§ Leis ponderais: relacionam as massas dos participan-
lização, em 1773, do seguinte experimento:
tes de uma reação.
Lavoisier colocou em um frasco uma quantidade do metal
§ Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participan-
mercúrio (Hg) e, depois de fechar o frasco hermeticamente,
tes de uma reação.
determinou sua massa. Em seguida, esse sistema fechado foi
colocado em um forno de alta temperatura. Depois de certo
 VOLUME 1

4.1. Lei da conservação das tempo, o frasco foi pesado novamente e apresentou a mesma
massas – Lei de Lavoisier massa; no entanto, o mercúrio havia reagido com o gás oxigê-
Essa lei foi proposta por Antoine Laurent Lavoisier por volta nio do ar contido no frasco formando uma nova substância: o
de 1775 e é popularmente enunciada da seguinte maneira: óxido de mercúrio (II).

80  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Esse experimento pode ser representado pela equação: Assim, pode-se enunciar a lei das proporções definidas:
Δ
mercúrio + oxigênio óxido de mercúrio (II)
Toda substância apresenta uma proporção em mas-
(prateado) (incolor) (vermelho)
sa constante na sua composição.
massas dos reagentes massa do produto
*o símbolo Δ indica aquecimento
Essa mesma experiência foi repetida muitas vezes, sempre Aplicação do conteúdo
utilizando balanças e determinando as massas dos reagen-
tes e dos produtos, e permitiu que Lavoisier concluísse que: 1. Considerando que 200 g de mercúrio reagem com-
pletamente com 16 g de oxigênio para formar óxido
de mercúrio, qual seria a massa de oxigênio necessária
Em um sistema fechado, a massa total dos reagentes para produzir 135 g de óxido de mercúrio (II)?
é igual à massa total dos produtos.
Resolução:
Para uma reação genérica:
Δ
Aplicando a Lei de Lavoisier, sabe-se que a reação comple-
A+B C+D ta de 200 g de mercúrio com 16 g de oxigênio resulta em
mA mB mC mD 216 g de óxido de mercúrio (II), pois:
massas dos reagentes produto
Óxido de
Mercúrio + Oxigênio →
Tem-se, então: Mercúrio (II)
200 g + 16 g = 216 g
mA + mB = mC + mD
Para produzir 135 g de óxido de mercúrio, é preciso rela-
4.2. Lei das proporções cionar as proporções.
definidas – Lei de Proust Pela Lei de Proust, tem-se:
Em 1799, Joseph Louis Proust (1754-1826), por meio da
análise da substância água, descobriu que a sua composi- Mercúrio + Oxigênio → Óxido de
Mercúrio (II)
ção era constante, independente de seu processo de obten-
200 g + 16 g = 216 g
ção. Dessa maneira, a água, não importando sua origem ou
seu método de obtenção, sempre é formada por 11,1% em x = 135 g
massa de hidrogênio e 88,9% em massa de oxigênio:
→ Assim:
água hidrogênio + oxigênio
100% 11,1% 88,9% ​ 16
__ ​ 216 ​ ⇒ x = 10 g de oxigênio
___
x ​ = 135
100 g 11,1 g 88,9 g
Assim, a composição da água apresentará sempre uma Dessa maneira, para obter 135 g de óxido de mercúrio (II),
mesma relação entre as massas de hidrogênio e de oxigê- a massa de oxigênio necessária é 10 g.
nio para qualquer massa de água:
2. Supondo que 80 g de mercúrio são colocados em
massa de hidrogênio
________________ 11,1 g __1
_____ contato com 6 g de oxigênio, qual seria o reagente em
  
  
​   ​ = ​   ​ = ​   ​ excesso e qual seria sua massa?
massa de oxigênio 88,9 g 8
Na formação da água, deve-se ter a combinação de hidro- Resolução:
gênio e oxigênio na proporção de 1 para 8 em massa. Se
1 grama de hidrogênio reagir com 8 gramas de oxigênio, o Pela Lei de Proust:
resultado será 9 gramas de água.
Realizando outros experimentos, observa-se: Óxido de
Mercúrio + Oxigênio →
 VOLUME 1

Mercúrio (II)
hidrogênio + oxigênio → água
200 g + 16 g = 216 g
Proporção 1 : 8 : 9
Experimento A 10 g + 80 g 90 g 80 g y
Experimento B 5g + 40 g 45 g

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  81


Assim: 1 N2(g) 2 NH3(g)
3 H2(g)
+ →
​  200 ​ = ___
___ ​ 16
y ​ ⇒ y = 6,4 g de oxigênio
Proporção
80
Dessa maneira, 80 g de mercúrio reagiriam completamen-
Em número de 3
te com 6,4 g de oxigênio. No entanto, existem apenas 6 g móleculas móleculas
1 molécula 2 moléculas
de oxigênio, havendo excesso de mercúrio.
Em número de
Pela Lei de Proust: mol
3 mol 1 mol 2 mol

Óxido de
Mercúrio + Oxigênio →
Mercúrio (II) Em volume 3 volumes 1 volume 2 volumes
200 g + 16 g = 216 g
z 6g O enunciado da lei de Gay-Lussac é:
Assim:
​ 200
___ 16
___
z ​ = ​  6 ​ ⇒ z = 75 g de mercúrio
Nas mesmas condições de pressão e temperatura,
os volumes dos gases participantes de uma reação
A massa de mercúrio que reagiu foi 75 g. Como a massa química têm entre si uma relação de números inteiros
de mercúrio presente era de 80 g, existem 5 g de mercúrio e pequenos.
em excesso.
Observe abaixo outro exemplo em que os resultados expe-
4.3. Lei volumétrica – Lei de Gay-Lussac rimentais confirmam essa lei. Para isso, considere sempre
Uma das contribuições do cientista francês Gay-Lussac todos os participantes no estado gasoso e nas mesmas
(1778-1850) à Química foi a lei da combinação de volu- condições de pressão e temperatura.
mes, publicada em 1808 e baseada em uma série de ex-
perimentos. Um desses experimentos envolvia a reação
entre o gás nitrogênio e o gás hidrogênio, cujo produto é
a amônia.
Nessa reação, 3 volumes de H2 reagem com 1 volume de
N2, formando 2 volumes de NH3.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Essa célebre frase dita por Lavoisier revolucionou a
Química. Tido como o pai da Química moderna, Lavoisier teve uma morte trágica. Tudo ocorreu na época da Revo-
lução Francesa, quando o Iluminismo predominava e as classes operárias estavam se insurgindo contra a burguesia.
Lavoisier, além de químico, era também um coletor de impostos e banqueiro. A classe oprimida, ao derrubar a classe
dominante, acusou Lavoisier de extorquir dinheiro do povo favorecendo o governo da época. Lavoisier foi executado
em 1794, na guilhotina, em meio à Revolução Francesa.
 VOLUME 1

Aplicação do conteúdo
1. Em determinadas condições de pressão e temperatura, verificou-se que 0,70 L de monóxido de nitrogênio reage com
0,35 L de oxigênio para formar 0,70 L de dióxido de nitrogênio. Mostrar que esses dados estão de acordo com a lei
volumétrica de Gay-Lussac.

82  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução:

A proporção montada a partir dos volumes fornecidos é:


0,70 : 0,35 : 0,70.

Dividindo-a pelo menor termo da proporção, obtém-se:


0,70 0,35 ____0,70
multimídia: vídeo
____
​   ​ : ____
​   ​ : ​   ​.
0,35 0,35 0,35 Fonte: Youtube
Ou seja: 2 : 1 : 2 (uma proporção de números inteiros e Mundos Invisíveis: Lavoisier, o pai da química
pequenos).
Nota: É importante lembrar que numa reação química o
volume dos gases pode não se conservar, mas a massa
sempre se conserva (Lei de Lavoisier).

DIAGRAMA DE IDEIAS

MASSA DOS
LEI DE LAVOISIER PRODUTOS IGUAIS
ÀS DOS REAGENTES

LEI DA CONSERVAÇÃO DAS MASSAS

MESMA RELAÇÃO
ENTRE AS MASSAS
LEI DE PROUST
DOS ELEMENTOS
NUMA SUBSTÂNCIA
LEI DAS PROPORÇÕES DEFINIDAS

PROPORÇÃO
LEI DE GAY-LUSSAC
ENTRE VOLUMES
LEI VOLUMÉTRICA
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  83


amônia. Contudo, esse exemplo vai contra a Lei de Lavoisier,
INTRODUÇÃO À
pois a soma dos átomos no lado dos reagentes é menor
ESTEQUIOMETRIA do que no lado dos produtos. Como afirmou Lavoisier: “na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

CN
Nesse sentido, para que a equação possa obedecer à Lei
de Lavoisier, é necessário fazer o balanceamento da mesma
para mostrar que há a conservação de átomos no sistema.
COMPETÊNCIA(s)
O balanceamento nada mais é do que o acerto dos co-
1, 2 e 8
eficientes estequiométricos na equação. A equação
balanceada é:
AULAS HABILIDADE(s)
4 , 7, 29 e 30 N2 + 3 H2 → 2 NH3

5E6 Como é possível observar, uma molécula de nitrogênio


reage com três moléculas de hidrogênio para formar
duas moléculas de amônia. A lei da conservação das
massas foi obedecida. Observe que os coeficientes es-
tequiométricos estabelecem uma proporção de 1: 3: 2
e não indicam o número de mol das moléculas em uma
equação, mas apenas uma relação proporcional entre
os compostos. Por exemplo, a cada 100 mol de nitrogê-
nio, são necessários 300 mol de hidrogênio para reagir
1. Introdução e formar 200 mol de amônia.
O estudo das relações entre as quantidades de reagentes O balanceamento é fundamental para a resolução de qualquer
e/ou produtos numa reação química é denominado es- exercício, principalmente aqueles que envolvem estequiometria.
tequiometria. Essas relações podem ser feitas em mol,
massa, volume, número de moléculas, etc. 2.1. Método das tentativas
É o método mais utilizado e consiste em colocar os coefi-
cientes estequiométricos na equação por meio de tentativa
e erro, até que se atinja um número igual de átomos nos
reagentes e produtos. Embora pareça mais trabalhoso, há
algumas dicas que podem facilitar o trabalho:

§ Balancear os elementos que aparecem em menor quan-


multimídia: vídeo tidade primeiro (normalmente são os metais e ametais,
Fonte: Youtube
com exceção do carbono, do oxigênio e do hidrogênio).
Lavoisier e Faraday § Caso mais de um elemento apareça uma única vez, dê
preferência àquele com maior número de átomos.

§ Prosseguir o balanceamento deixando por último o


2. Balanceamento de carbono, o hidrogênio e o oxigênio (são os elementos
equações químicas que mais aparecem em equações químicas).

De acordo com a lei de Lavoisier, “a soma das massas das Exemplo:


substâncias reagentes é igual à soma das massas dos pro- Realize o balanceamento da seguinte equação:
dutos da reação”. Assim, o número de átomos presentes C2H6O + O2 → CO2 + H2O
nos reagentes de uma reação deve ser igual à quantidade
de átomos presentes nos produtos. Não é recomendável começar o balanceamento pelo oxi-
 VOLUME 1

gênio ou pelo hidrogênio. Como o carbono é o elemento


A reação a seguir indica a síntese da amônia:
que menos se repete (C2H6O e CO2), o balanceamento
N2 + H2 → NH3 deve começar por ele. Substituindo os coeficientes este-
Conforme essa equação, uma molécula de nitrogênio reage quiométricos para igualar a quantidade de carbono pre-
com uma molécula de hidrogênio e forma uma molécula de sente no reagente e no produto, tem-se:

84  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


C2H6O + O2 → 2CO2 + H2O produtos há 7 átomos de oxigênio. Para que o oxigênio seja
balanceado no reagente, mexe-se no composto que ainda
Assim, serão 6 átomos de hidrogênio presentes no reagen-
não teve seu coeficiente alterado, isto é, o gás oxigênio.
te. Como o hidrogênio também se repete apenas uma vez,
é realizado o seu balanceamento: C2H6O + 3O2 → 2CO2 + 3H2O
C2H6O + O2 → 2CO2 + 3H2O A equação tem a mesma quantidade de átomos, ou seja,
ela está balanceada.
Para acertar a quantidade de oxigênio, é necessário obser-
var que, nos produtos, nenhum coeficiente estequiométrico Nota: Caso o balanceamento fosse iniciado pelo oxigênio,
pode ser mudado, pois isso alteraria o que já foi feito. Nos a equação não seria resolvida dessa forma.

VIVENCIANDO

A estequiometria está presente no dia a dia. Qualquer ação que remeta a uma proporção pode ser relacionada com
a estequiometria. Um exemplo claro é o ato de fazer café. O café nada mais é do que uma estequiometria em menor
escala. Se, por exemplo, for colocado muito açúcar em um café, será possível observar que nem todo açúcar vai ser
dissolvido. Esse tipo de situação é chamado de reagente em excesso. Desse modo, no momento de preparar um
produto ou mesmo um café, é muito importante ter em mente a estequiometria da reação.

2.2. Roteiro para resolução de Estabelecer uma regra de três entre as grandezas envolvi-
das (o que se pede e os dados), obedecendo aos coeficien-
problemas de estequiometria tes da equação (os coeficientes indicam a proporção entre
Escrever a equação química da reação envolvida no problema. o número de mol).
É preciso obedecer dois pontos básicos para escrever
Caso seja necessário, faça a transformação do número
corretamente uma equação:
de mol para outra grandeza (massa, volume, número de
a) deve-se representar realmente um fato experimental, moléculas, etc.).
conhecido e bem analisado;
Dadas as massas molares CO (28 g · mol-1), O2 (32 g · mol-1) e
b) é necessário obedecer à Lei de Lavoisier. CO2 (44 g · mol-1) e considerando condições ideais, observe
Acertar os coeficientes estequiométricos da equação. a tabela:
No exemplo 2H2 + 1O2 → 2H2O, deve-se concluir o seguinte: Proporção
2CO(g) + 1O2(g) → 2CO2(g)
em
§ A proporção mínima em que ocorre a reação é de duas mol 2 mol 1 mol 2 mol
moléculas de hidrogênio para uma molécula de oxigênio, massa 2 · 28 = 56 g 1 · 32 = 32 g 2 · 44 = 88 g
o que resulta em duas moléculas de água. volume 2 · 22,4 = 1 · 22,4 = 2 · 22,4
(gases) 44,8 L 22,4 L = 44,8 L
§ Essa proporção sempre é mantida quando a reação se rea- 2 · 6 · 1023 = 1 · 6 ·1023 = 2 · 6 · 1023 =
moléculas
liza. Ou seja, para 100 moléculas de H2, são necessárias 50 12 · 1023 6 · 1023 12 · 1023
moléculas de O2 para produzir 100 moléculas de água (H2O). Além da Lei de Lavoisier, a Lei de Proust também merece
Desse modo, para 2 mol de moléculas de H2 precisa-se de atenção especial. As duas leis respondem basicamente por
1 mol de moléculas de O2 para formar 2 mol de moléculas todo o cálculo estequiométrico.
de água (H2O). A Lei de Proust afirma que “as substâncias reagem em pro-
porções fixas e definidas”. Por exemplo, no problema sobre
Mol é o número de Avogadro (6,02 · 1023) de par- a reação do hidrogênio com oxigênio para formar água,
 VOLUME 1

tículas. Massa molar é a massa, em gramas, de um ficou claro que 4 g de H2 reagem sempre com 32 g de O2;
mol de moléculas e é numericamente igual à massa 8 g reagem com 64 g, e assim por diante.
molecular da substância. Um mol de qualquer gás, a
0 ºC e 1 atm (CNTP), ocupa o volume de 22,4 litros. O que aconteceria se 10 g de H2 fossem colocados para
reagir com 32 g de O2?

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  85


Com efeito, somente 4 g de H2 reagiriam e restariam 6 g ​ n · R ​
Assim, ao aplicar a equação V = ________ · T para 1 mol de
P
ao final, uma vez que o H2 foi colocado em excesso. Nesse moléculas do gás, encontra-se o valor:
caso, afirma-se que o O2 é o reagente limitante, pois é con-
V = 22,4 L/mol, quantidade chamada de Volume Molar
sumido totalmente.
nas CNTP.

2.3. Cálculos envolvendo volumes § As Condições Ambientais são P = 1 atm e T = 298 K,


ou seja, 25 °C.
de substâncias gasosas
​ n · R ​
A equação V =________ · T aplicada a essa situação fornece
Nos exemplos anteriores, os cálculos foram relacionados P
um volume molar próximo de 25 L/mol.
com massas, n.º de mol de moléculas, n.º de mol de áto-
mos e n.º de moléculas. Todos eles se aplicam a qual-
quer reação química, independentemente do estado Aplicação do conteúdo
de agregação (sólido, líquido ou gasoso) da substância.
§ Relacionando massa com massa
No caso de substâncias gasosas, é possível estabelecer
relações entre volumes, tanto entre os reagentes quanto O ácido fosfórico, utilizado em refrigerantes do tipo “cola”
entre eles e os produtos da reação. e possível causador da osteoporose, pode ser formado a
O raciocínio envolve a Lei de Avogadro e é bastante simples: partir da equação não balanceada:

Ca3(PO4)2 + H2SO4 → H3PO4 + CaSO4


O volume ocupado por um gás, sob pressão e tem-
peratura constantes, é diretamente proporcional ao Partindo-se de 62 g de Ca3(PO4)2 e utilizando-se quanti-
seu número de moléculas.
dade suficiente de H2SO4, qual será, em gramas, a massa
aproximada de H3PO4 obtida?
Como o número de moléculas é diretamente proporcional
Dados: Ca3(PO4)2 = 310 g · mol-1, H3PO4= 98 g · mol-1
ao número de mol do gás, tem-se V = k ∙ n. A constante
​ R · ​
k é dada por _____ T, em que T e P são, respectivamente, a Resolução:
P
temperatura e a pressão do gás, e R é a constante universal
dos gases. Uma avaliação mais detalhada será realizada no Acertar os coeficientes da equação:
capítulo “Gases ideais”. Dessa forma, teremos:
1Ca3(PO4)2 + 3H2SO4 → 2H3PO4 + 3CaSO4
​ n · R ​
V = ________·T
P Relacionar cada coeficiente com a quantidade em massa
Quando aparecem duas ou mais substâncias gasosas na re- das substâncias envolvidas:
ação, a razão entre seus números de mol é a mesma que existe
entre seus volumes, desde que sob as mesmas condições de tem-
peratura e pressão. Desse modo, na reação entre H2 (g) e O2 (g)
para formar H2O, é possível escrever da seguinte maneira:
2H2 + 1O2 → 2H2O
nH VH
___
​ n 2 ​ = ___ ​ 2 ​
​  2 ​ = __
0
2
V 02
1  plicando a regra matemática que afirma que “entre gran-
A
A razão entre volumes não é aplicada quando a substância dezas proporcionais a multiplicação em cruz dá origem a
se encontra em estado líquido ou sólido. Ela é usada apenas produtos iguais”, obtém-se:
para gases e vapores. Gay-Lussac foi o primeiro a observar
essas relações de volume entre substâncias gasosas. ​ 62 · 2  ​
310 ∙ x = 62 ∙ 2 ∙ 98 → x =________ · 98= 39,2 g de H PO
310 3 4

Em diversos problemas envolvendo substâncias gaso-


sas, fala-se de Condições Normais de Temperatura § Relacionando mol com mol
 VOLUME 1

e Pressão (CNTP) e também em Condições Am-


Calcule o número de mol de H3PO4 necessário para reagir
bientais (CA).
totalmente com 9 mol de Ca(OH)2.
§ No primeiro caso, CNTP, deseja-se dizer que a pressão
é de 1 atm e que a temperatura é de 0 °C ou 273 K. Dado: H3PO4 + Ca(OH)2 → Ca3(PO4)2 + H2O

86  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Resolução: § Relacionando grandezas com volume

Acertar os coeficientes estequiométricos da equação. Considere a reação:


3(NH4)2CO3 + 2H3PO4 → 2(NH4)3PO4 + 3CO2 (g) + 3H2O

Qual o volume em litros de gás carbônico liberado quando


250 g de carbonato de amônio reagem com excesso de
ácido fosfórico?
3 ∙ x = 2 ∙ 9 → x = ​​ 18
__ ​= 6 mol de H PO
Dados: Volume molar nas CNTP = 22,4 L · mol-1
3 3 4

Massas molares (g · mol-1): H = 1, C = 12, N = 14, O =


§ Relacionando mol e massa
16, P = 31.
Quantos gramas de H2 são liberados na reação completa
de 2 mol de cálcio metálico com ácido clorídrico? Resolução:
Dado: H2 = 2 g · mol-1 M(NH ) CO = (14 · 2) + (1 · 8) + (12 · 1)+ (16 · 3) = 96
4 2 3

g ∙ mol-1
Resolução:
​ m
n(NH ) CO = __ 250
___
42 3 n ​ = ​  96 ​ ≅ 2,6 mol
Escrever a equação relacionada com o problema.

Ca + HCℓ → H2 + CaCℓ2

Acertar os coeficientes estequiométricos da equação.


HCℓ ℓ

§ Relacionando massa ou mol com moléculas

Dada a reação balanceada:


2Fe + 6HCℓ → 2FeCℓ3 + 3H2

Qual o número de moléculas de gás hidrogênio produzidas


pela reação de 224 g de ferro?
Dado: Fe = 56 g · mol-1

Resolução:

ℓ ℓ
 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  87


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a
implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Hoje em dia há uma preocupação internacional relacionada aos recursos encontrados. Muitos elementos são,
de forma geral, tão eficientes quanto os recursos que estão aos poucos sendo exauridos.
Sendo assim, é importante encontrar meios alternativos para a obtenção desses elementos com técnicas diferen-
ciadas e baratas, com o intuito de garantir um melhor aproveitamento dos recursos que a Terra pode conceder.
A fim de produzir maior quantidade, é interessante utilizar técnicas que possibilitam o aumento da produção e
um maior rendimento nas reações químicas.

MODELO 1

(Enem) Em setembro de 1998, cerca de 10.000 toneladas de ácido sulfúrico (H2SO4) foram derramadas pelo
navio Bahamas no litoral do Rio Grande do Sul. Para minimizar o impacto ambiental de um desastre desse
tipo, é preciso neutralizar a acidez resultante. Para isso pode-se, por exemplo, lançar calcário, minério rico em
carbonato de cálcio (CaCO3), na região atingida.
A equação química que representa a neutralização do H2SO4 por CaCO3, com a proporção aproximada entre
as massas dessas substâncias é:
H2SO4 + CaCO3 → CaSO4 + H20 + C02
1 tonelada 1 tonelada sólido gás
reage com sedimentado
Pode-se avaliar o esforço de mobilização que deveria ser empreendido para enfrentar tal situação, estimando
a quantidade de caminhões necessária para carregar o material neutralizante. Para transportar certo calcário
que tem 80% de CaCO3, esse número de caminhões, cada um com carga de 30 toneladas, seria próximo de
a) 100. b) 200. c) 300. d) 400. e) 500.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse tipo de habilidade, os conhecimentos do aluno são testados ao se apresentar um problema encontrado
em muitas indústrias e mineradoras (quando elas desejam conter algum risco ambiental). É possível ter uma
noção correlacionada com o cotidiano, favorecendo a aproximação do aluno em relação aos temas estudados
em sala de aula.
Utilizando a proporção aproximada fornecida no enunciado do teste, tem-se:
H2SO4 + CaCO3 → CaSO4 + H2O + CO2
1t – 1t
10.000 t – 0,80 ∙ m (pureza de 80%)
m = 12.500 t
30 t — 1 caminhão
12.500 t — x
 VOLUME 1

x = 416,67 caminhões ⇒ x ≅ 400 caminhões

RESPOSTA Alternativa D

88  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


DIAGRAMA DE IDEIAS

CONTÉM
REAÇÃO QUÍMICA EQUAÇÃO QUÍMICA

NA QUAL HÁ

QUE EXPRESSAM
A PROPORÇÃO ENTRE COEFICIENTES
OS PARTICIPANTES ESTEQUIOMÉTRICOS
DA REAÇÃO

ENVOLVENDO
A QUANTIDADE
EM MOL PODE SER NÚMERO DE
RELACIONADO
• MASSA
• VOLUME
• MOLÉCULAS
• ÁTOMOS
• ÍONS

 VOLUME 1

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  89


ESTEQUIOMETRIA:
PUREZA,
RENDIMENTO Aplicação do conteúdo
E EXCESSO DE 1. Numa reação de neutralização, 10 g de ácido sulfú-
rico são adicionados a 7,4 g de hidróxido de cálcio, se-
REAGENTE

CN
gundo a equação:
H2SO4 + Ca(OH)2 → CaSO4 + 2H2O
COMPETÊNCIA(s)
1, 2 e 8 Dados: Massas molares (g ∙ mol-1): H2SO4 = 98;
Ca(OH)2 = 74 e CaSO4 = 136.

AULAS HABILIDADE(s)
4 , 7, 29 e 30
Pede-se para calcular:

7E8
a) a massa de sulfato de cálcio formado;
b) a massa do reagente que “sobra” (em excesso) de-
pois da reação.
É preciso calcular a massa efetiva de ácido sulfúrico que vai
reagir com 7,4 g do hidróxido de cálcio.

1. Casos particulares 7,40 ∙ 98


⇒ x = ________
​   ​= 9,8 g de H2SO4
74
de estequiometria
Como a massa de ácido sulfúrico adicionada é de 10 g, e só
Neste capítulo, serão estudados casos especiais de cálculo
vão reagir 9,8 g, é possível dizer que o ácido sulfúrico está
estequiométrico: em excesso e o hidróxido de cálcio é o reagente limitante.
§ Excesso de reagente Cálculo da massa em excesso de ácido sulfúrico: (10 – 9,8) =
§ Pureza 0,2 g, o que responde à pergunta (b) do problema.

§ Reações consecutivas Ao contrário do ácido sulfúrico, que, na questão, é o rea-


gente em excesso, afirma-se que o hidróxido de cálcio é
§ Rendimento o reagente em falta. Em outras palavras, o hidróxido de
cálcio é o reagente limitante da reação, pois será o primei-
§ Volume de ar
ro reagente a acabar ou se esgotar, colocando, assim, um
§ Misturas de reagentes ponto final na reação e determinando as quantidades de
produtos que poderão ser formados.

2. Excesso de reagente De fato, pode-se calcular:

As reações químicas ocorrem sempre em uma proporção


constante, que corresponde ao número de mol indicado
pelos coeficientes. Caso uma das substâncias que participa
da reação esteja em quantidade maior que a proporção
correta, ela não será consumida totalmente. Essa quanti-
7,4 ∙ 136
dade de substância que não reage é denominada excesso. ⇒ y = ________
​   ​= 13,6 g de CaSO4 será formado
74
Geralmente, o reagente mais barato é usado em quan- na reação entre 9,8 g de H2SO4 e 7,4 g de Ca(OH)2.
tidade maior do que a exigida pela proporção correta. A
Isso responde à pergunta (a) do problema. Observe que o
finalidade disso é aumentar a velocidade da reação, além
 VOLUME 1

cálculo foi realizado a partir dos 7,4 g de Ca(OH)2 (reagen-


de garantir que toda a quantidade colocada do reagente
te limitante), mas nunca poderia ter sido realizado a partir
mais caro seja totalmente convertida no produto desejado.
dos 10 g de H2SO4 (reagente em excesso), pois o resultado
O reagente que é consumido totalmente e, por isso, deter- seria falso. Isso porque os 10 g de H2SO4 não podem reagir
mina o fim da reação, é denominado reagente limitante. integralmente por falta de Ca(OH)2.

90  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


Nota: É preciso insistir que as substâncias não reagem
na proporção em que são misturadas, mas sim na
3. Pureza
proporção em que a equação – ou seja, a Lei de Em geral, os reagentes utilizados nas indústrias não são to-
Proust – determina. Daí o cuidado ao resolver os proble- talmente puros. Isso ocorre porque na forma impura esses
mas que dão as quantidades de dois reagentes. É preciso reagentes são mais baratos; além disso, eles podem não ser
lembrar que é o reagente em falta ou reagente limi- encontrados em sua forma pura na natureza.
tante (fator limitante) que “comanda” toda a reação, pois,
Assim, ao se realizarem os cálculos estequiométricos da
no instante em que ele acaba, a reação é interrompida.
quantidade de produto que será formada ou da quanti-
dade de reagente que será preciso usar, é preciso levar em
2.1. “Dica” consideração o seu grau de pureza.
Tome cuidado quando o exercício fornecer a quantidade O grau de pureza (p) é dado pela razão entre a massa de
de duas (ou mais) substâncias na reação química, pois substância pura e a massa total da amostra.
uma das substâncias pode estar em excesso, isto é, não
será totalmente consumida. Nesse caso, para descobrir o
mpura
reagente em excesso e o reagente limitante, é preciso mul- ________
p =m
​   ​
tiplicar “cruzado” as massas molares pela massa fornecida total (impura)

das substâncias.
O produto maior da multiplicação indica o excesso, e o pro- Por exemplo, o calcário (carbonato de cálcio – CaCO3) é um
duto menor da multiplicação indica o limitante, ou seja, a minério utilizado para fabricar a cal virgem (óxido de cálcio
substância que reage completamente. – CaO). Contudo, além do carbonato de cálcio, esse minério
geralmente vem acompanhado de impurezas em sua consti-
tuição, como areia, carvão e outras substâncias.
Considere que, em 100 g de calcário, apenas 80 g são de
carbonato de cálcio e 20 g são de impurezas. Assim, segue
que o grau de pureza desse minério é 0,8 ou 80%, confor-
me mostrado abaixo:
Como o produto 740 é maior que 725,2, conclui-se que o mpura
H2SO4 está em excesso e o Ca(OH)2 é o limitante. Deve-se, p =m ________
​  ​  80  ​= 0,8
 ​ = ___
total (impura) 100
portanto, realizar os cálculos por meio do reagente limitante.
p% = p ∙ 100 = 0,8 ∙ 100 = 80%
Aplicação do conteúdo Isso significa que o grau de pureza dessa amostra de cal-
cário é de 80%
1. A combustão completa do gás metano, CH4, dá como
produtos CO2 e H2O, ambos na fase gasosa. Se 1 L de
100% de pureza –––– 100 g de calcário
metano for queimado na presença de 10 L de O2, qual
o volume final da mistura resultante? Suponha todos os x –––– 80 g de carbonato puro
volumes medidos nas mesmas condições de temperatura
e pressão e comportamento ideal para todos os gases. ⇒ x = 80%

Resolução:
Dessa forma, quando for preciso calcular a massa de pro-
A questão é de resolução simples, pois a proporção dos duto obtida a partir de um reagente impuro, é necessário
volumes gasosos (a P e T constantes) em uma reação quí- primeiro calcular qual é a parte pura da amostra e, em se-
mica coincide com a própria proporção dos coeficientes da guida, efetuar os cálculos com o valor obtido.
equação correspondente. Tem-se:
Aplicação do conteúdo
1. Qual é a massa de óxido de cálcio (CaO) obtida na
 VOLUME 1

decomposição de 250 g de calcário, contendo 80% de


carbonato de cálcio CaCO3?

Dados:
Assim, o volume final da mistura resultante será (1 + 2 + 8) =
Massas molares em g ∙ mol-1: Ca = 40, O = 16, C = 12.
11 L.

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  91


Resolução: Qual é a massa de ácido sulfúrico produzida a partir de 8
toneladas (t) de enxofre?
A reação é dada por:
(Massas atômicas: S = 32, H = 1, O = 16).
CaCO3 → CaO + CO2
Resolução:
As massas molares são:
M(CaCO3) = 100 g ∙ mol–1
M(CaO) = 56 g ∙ mol–1

Descobrindo quanto de carbonato realmente há na amos-


tra e que poderá reagir: Reação global:
100 g de —— 80 g de CaCO3
calcário (porque a pureza é de 80%)
250 g de —— x
calcário
⇒ x = 200 g de CaCO3

2. (Fuvest) Duas reações que ocorrem na produção do


ferro são representadas por:

2C(s) + O2(g) → 2CO(g)


Fe2O3(s) + 3CO(g) → 2Fe(s) + 3CO2(g)

O monóxido de carbono formado na primeira reação é


consumido na segunda. Considerando apenas essas duas
etapas do processo, calcule a massa aproximada, em qui-
4. Reações consecutivas logramas, de carvão consumido na produção de 1 tonelada
de ferro (Massas atômicas: Fe = 56, C = 12, O = 16).
Nesse tipo de problema, é indispensável que:
Resolução:
§ Todas as equações estejam balanceadas individual-
mente. Multiplicando a 1.ª equação por três e a 2.ª equação por
dois, temos:
§ As substâncias “intermediárias” sejam canceladas; em
certos problemas, isso obriga a “multiplicar” ou “divi- 6C(s) + 3O2(g) → 6CO(g)
dir” uma ou outra equação por números inteiros con- 2Fe2O3(s) + 6CO(g) → 4Fe(s) + 6CO2(g)
venientes que levem ao cancelamento desejado.
Daí para diante, recai-se num cálculo estequiométrico Equação global:
comum, em que a regra de três é estabelecida em fun-
ção da equação química que resulta da soma das equa-
ções intermediárias.
∙ ∙
Aplicação do conteúdo
1. A fabricação industrial do ácido sulfúrico a partir do ⇒ x = 321 kg de C
enxofre processa-se por meio das três reações consecu-
Observe que foi necessário multiplicar a 1.ª equação por
tivas dadas a seguir:
três e a 2.ª por dois para podermos “cancelar” o CO que
está presente tanto na 1.ª como na 2.ª equação.
 VOLUME 1

5. Rendimento
Como, em indústrias e laboratórios, o rendimento da rea-
ção não é total na maioria das reações químicas realizadas,

92  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


a quantidade de produto obtido é menor do que a quanti- Entretanto, o enunciado afirma que o rendimento é de
dade esperada teoricamente. apenas 80%.
Isso significa que o rendimento da reação não é igual a É preciso então efetuar o cálculo envolvendo o rendimento
100%, uma vez que a massa total dos reagentes não foi percentual dado:
completamente convertida em produtos.
Isso pode ocorrer devido a diversos fatores. Observe os
mais comuns:

§ Podem ocorrer reações paralelas às reações desejadas,


e, com isso, uma parte de um ou de ambos os reagen-
2. Sabe-se que o cobre metálico reage com ácido nítrico
tes é consumida, formando produtos indesejáveis. diluído e produz o gás óxido de nitrogênio (II), água e
um composto iônico no qual o cobre tem número de
§ A reação pode ficar incompleta por ser reversível; desse
oxidação +2.
modo, parte do produto formado é novamente conver-
tida em reagentes. Calcule a massa de metal que deve reagir com o ácido
§ Podem ocorrer perdas de produto durante a reação, nítrico e produzir 4,48 L de gás (CNPT), em um processo
como ao serem usadas aparelhagens de má qualidade no qual o rendimento é de 50%.
ou devido a algum erro do operador. Dados: 3Cu + 8HNO3 → 2NO + 4H2O + 3Cu(NO3)2

Rendimento (R) é o quociente entre a quantidade de Cu = 63,5; N = 14; O = 16.


produto realmente obtida em uma reação e a quan-
Resolução:
tidade que teoricamente seria obtida, de acordo com
a equação química correspondente.
A questão é do “tipo inverso” à questão anterior. De fato,
na anterior, dava-se a quantidade do reagente e pedia-se a
Quantidade real quantidade do produto formado; agora, é dada a quantida-
_______________
Rendimento (em %) =  
  
​   ​ ∙ 100
Quantidade teórica de do produto e pedida a quantidade do reagente necessá-
ria à reação. Pelo cálculo estequiométrico usual, tem-se:

Aplicação do conteúdo
1. Num processo de obtenção de ferro a partir da hema-
tita (Fe2O3), considere a equação não balanceada:
∙ ∙
Fe2O3 + C → Fe + CO

Utilizando-se 4,8 toneladas (t) de minério e admitindo-se


um rendimento de 80% na reação, qual a quantidade de
ferro produzida?
 ontudo, o enunciado afirma que o rendimento da reação
C
Dados: Massas atômicas: C = 12, O = 16, Fe = 56 é de 50%, o que indica que apenas 50% do cobre inicial
Resolução: será aproveitado na reação.

Depois do balanceamento da equação, deve-se realizar o Para compensar essa perda, deve-se partir de uma quanti-
cálculo estequiométrico de forma usual: dade maior que os 19,05 g previstos.
Assim:
De cada 100 —— 50 g de Cu
∙ g de Cu realmente reagem
y —— 19,05 g de Cu
 VOLUME 1

realmente reagem

100 ∙ 19,5
A massa de ferro (3,36 toneladas) seria obtida se a reação ⇒ y = _________
​   ​​= 38,1 g de Cu serão necessári-
50
tivesse aproveitamento ou rendimento total (100%). os (apenas 50% desse valor reagirá).

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  93


3. Uma massa de 32,7 g de zinco metálico reage com sendo que o nitrogênio é considerado inerte. Embora não
uma solução concentrada de hidróxido de sódio, produ- participe da reação, o nitrogênio faz parte do ar que reage
zindo 64,53 g de zincato de sódio (Na2ZnO2). e dos gases finais produzidos.
Qual é o rendimento dessa reação? Assim, quando uma reação se processa com a participação
Resolução: do ar, pode ser necessário identificar fatores como: a massa
de oxigênio que reagiu, o volume do ar utilizado, o volume
Diferente dos anteriores, a questão pede agora o rendi- dos gases finais da reação, a quantidade de nitrogênio que
mento da reação. estava presente no ar e nos gases finais e assim por diante.
É preciso realizar, inicialmente, um cálculo estequiométrico Observe o exemplo a seguir e verifique duas formas que
normal, sem pensar no rendimento: podem ser aplicadas para realizar esses cálculos.
Dados: Zn + 2NaOH → Na2ZnO2 + H2
Uma das formas é aplicando a “Regra de Três“, e a
Massas atômicas: Zn = 65,4; Na = 23; O = 16; H = 1. outra é aplicando a Proporção Estequiométrica citada
(1O2 : 4N2 : 5ar).

Aplicação do conteúdo
1. Um volume de 56 L de metano é completamen-
te queimado ao ar, produzindo gás carbônico e água.
Suponha todas as substâncias no estado gasoso e nas
Passemos, agora, para o cálculo do rendimento porcentual: mesmas condições de pressão e temperatura.

CH4 + 2O2 → CO2 + 2H2O


Quantidade real
_______________
Rendimento =   
  
​   ​ ∙ 100
Quantidade teórica Composição volumétrica do ar: 20% de O2 : 80% de N2.
a) Qual o volume de ar necessário à combustão?
64,53
⇒ Rendimento = _____
​   ​∙ 100 = 90% b) Qual o volume total dos gases no final da reação?
71,7
Resolução:
Ou, ainda, de outra maneira:
Como se trata de um cálculo estequiométrico entre volu-
mes gasosos, nas mesmas condições de pressão e tempe-
ratura, a resolução é imediata – basta seguir os coeficien-
tes da equação balanceada:
a) Cálculo do volume de ar necessário à combustão
Note, pelos três exemplos acima, que o cálculo estequiométrico Se o volume de oxigênio é 2 ∙ 56 = 112 L, o volume de
é sempre realizado normalmente. Os cálculos do rendimento ar será:
são feitos à parte e equivalem a cálculos de porcentagens.

6. Volume de ar nas
reações químicas Observe que esse cálculo corresponde a multiplicar o volu-
me do O2 por 5, de acordo com a proporção já menciona-
O ar seco apresenta cerca de 78% de gás nitrogênio (N2),
da: 1O2 : 4N2 : 5ar.
21% de gás oxigênio (O2) e 1% de outros gases, em volume.
b) Cálculo do volume total dos gases no final da reação
Isso quer dizer que temos uma proporção de aproximada-
mente 1 : 4 : 5 de gás oxigênio, gás nitrogênio e ar total, Pela equação, note que, no final, haverá:
 VOLUME 1

respectivamente.
O ar participa de muitas reações, principalmente nas rea- ∙ ∙ ∙ ∙
ções de oxidação, como as combustões. Na verdade, po-
rém, o único componente do ar que reage é o oxigênio, ⇒ No final da reação tem-se 56 L de

94  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


CO2 + 112 L de H2O(g) (vapor de água) + a sobra de N2 que Para o flúor:
existe no ar inicial e que não reage.
Ora, sabendo a composição volumétrica do ar, temos:
80 L de N2 ——— 100 L de ar

x ——— 560 L de ar
⇒ x = 448 L de N2

Pode-se, também, calcular o volume inerte de N2 usando-


-se o volume de O2 (já calculado anteriormente): Para o cloro:

80 L de N2 ——— 20 L de O2 ℓ ℓ
y ——— 112 L de O2
⇒ y = 448 L de N2

Observe que todos esses cálculos são desnecessários, pois,
relembrando a proporção 1O2 : 4N2 : 5ar, percebe-se que
basta multiplicar o volume de O2 por 4 para descobrir o ℓ
volume do N2.
Por fim, o volume da mistura gasosa final será: A massa total dos produtos formados será:

Vfinal = 56 L de CO2 + 112 L de vapor de água + 448 L de mtotal = 200 g de HF + 730 g de HCℓ = 930 g de produtos.
N2 = 616 L de gases no final da combustão. Observe que não se pode somar as duas equações vistas
acima, pois a soma:
7. Misturas de reagentes 2H2 + 1F2 + 1Cℓ2 → 2HF + 2HCℓ
Apenas as substâncias puras possuem fórmulas químicas
e apenas com elas é possível escrever equações químicas. apresenta a proporção de 1 mol de F para 1 mol de Cℓ,
enquanto o enunciado do problema fala em 5 mol de F2 e
Numa mistura (composição variável), estão presentes duas 10 mol de Cℓ2.
ou mais substâncias puras.
Assim, em problemas com misturas de reagentes, o ideal é
Às vezes, deseja-se expressar sua composição (em peso ou resolver as equações químicas separadamente, realizando
em volume) ou mesmo saber quanto de cada componen- o cálculo estequiométrico também separadamente.
te deve ser misturado para formar outra mistura de com-
posição previamente fixada.
7.2. Segundo caso: quando a composição
Nesses problemas, a dificuldade fundamental é: as misturas
não são obrigadas a obedecer a uma proporção constante;
da mistura reagente não é conhecida -- pelo
entretanto, de acordo com a Lei de Proust, toda equação contrário, constitui a pergunta do problema
química deve obedecer a uma proporção constante. Uma massa de 24 g de uma mistura de H2 e CO queima
completamente produzindo 112 g de produtos finais.
7.1. Primeiro caso: quando a composição Pede-se para calcular as massas de H2 e de CO existentes
da mistura reagente é dada na mistura inicial (Massas atômicas: H = 1, C = 12, O = 16).
Considere que uma mistura composta por 5 mol de Resolução:
flúor e 10 mol de cloro reage completamente com
As reações mencionadas no problema são:
o hidrogênio.
Qual é a massa total dos produtos formados? (Massas atô- 2H2 + O2 → 2H2O
 VOLUME 1

micas: H = 1; F = 19; Cℓ = 35,5).


2CO + O2 → 2CO2
Resolução:
Considere separadamente as reações do flúor e do cloro e Nesse caso, também não se pode somar as equações, pois
efetue dois cálculos estequiométricos separados. a proporção em que o H2 e o CO estão misturados não é

CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  95


conhecida. Assim, o caminho é trabalhar com cada equa-
ção química separadamente, como foi feito no 1.° caso.
Inicialmente, é preciso adotar o seguinte raciocínio:
Uma vez que a massa total da mistura de H2 e CO (reagen-
tes) é igual a 24 g, se for chamada de x a massa de H2, a
massa de CO será igual a (24 – x) gramas.
De maneira semelhante, a massa total da mistura final
de H2O e CO2 (produtos) também foi dada, sendo igual a
112 g. Assim, se for chamada de y a massa de H2O forma-
da, a massa de CO2 formada será (112 – y) gramas.
Agora, as equações químicas devem ser retomadas separa-
damente, e os cálculos estequiométricos correspondentes
devem ser realizados:
Para o H2, temos:

Para o CO, temos:

Temos, portanto, um sistema algébrico de duas incógnitas


que, resolvido, fornecerá as massas do H2 e CO na mistura
inicial (reagentes):
x = 10 g de H2 e (24 − x) = 14 g de CO
 VOLUME 1

96  CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias


ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 29
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a
saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos industriais.

Com o avanço dos estudos da Tabela Periódica, foi possível separar os elementos em grupos e períodos e clas-
sificá-los como representativos e de transição. Muitos desses elementos têm extrema importância na avaliação
de métodos eficazes e práticos para preservação ambiental.
De forma geral, é importante identificar as características correspondentes desses elementos para que se possa
trabalhar de forma adequada em relação às propriedades específicas de cada elemento.
Para isso, utiliza-se a estequiometria, que leva em conta situações na qual um produto foi extraído e tratado.
Esse tratamento nem sempre acontece com o maior rendimento ou, muitas vezes, é uma amostra impura. A
habilidade 29 tem como objetivo consolidar o raciocínio lógico de forma quantitativa nas reações químicas.

MODELO 1

(Enem) A composição média de uma bateria automotiva esgotada é de aproximadamente 32% Pb, 3% PbO,
17% PbO2 e 36% PbSO4. A média de massa da pasta residual de uma bateria usada é de 6 kg, onde 19% é
PbO2, 60% PbSO4 e 21% Pb. Entre todos os compostos de chumbo presentes na pasta, o que mais preocupa
é o sulfato de chumbo (II), pois nos processos pirometalúrgicos, em que os compostos de chumbo (placas das
baterias) são fundidos, há a conversão de sulfato em dióxido de enxofre, gás muito poluente.
Para reduzir o problema das emissões de SO2(g), a indústria pode utilizar uma planta mista, ou seja, utilizar o
processo hidrometalúrgico, para a dessulfuração antes da fusão do composto de chumbo. Nesse caso, a re-
dução de sulfato presente no PbSO4 é feita via lixiviação com solução de carbonato de sódio (Na2CO3) 1 M a
45 °C, em que se obtém o carbonato de chumbo (II) com rendimento de 91%. Após esse processo, o material
segue para a fundição para obter o chumbo metálico.
PbSO4 + Na2CO3 → PbCO3 + Na2SO4
Dados: Massas Molares em g/mol Pb = 207; S = 32; Na = 23; O = 16; C = 12
ARAÚJO, R.V.V.; TINDADE, R.B.E.; SOARES, P.S.M.
Reciclagem de chumbo de bateria automotiva: estudo de caso.
Disponível em: http://www.iqsc.usp.br. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado).

Segundo as condições do processo apresentado para a obtenção de carbonato de chumbo (II) por meio da
lixiviação por carbonato de sódio e considerando uma massa de pasta residual de uma bateria de 6 kg, qual
quantidade aproximada, em quilogramas, de PbCO3 é obtida?
a) 1,7 kg
b) 1,9 kg
c) 2,9 kg
d) 3,3 kg
e) 3,6 kg
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CIÊNCIAS DA NATUREZA e suas tecnologias  97


ANÁLISE EXPOSITIVA

A estequiometria é uma das áreas mais importantes da Química. Por meio dela é possível aprender sobre a
proporcionalidade das reações químicas e a relação dos reagentes. Para que se tenha um melhor rendimento
possível, é necessário utilizar uma maior quantidade de reagente com maior pureza. Nessa habilidade, é colo-
cada em prova a capacidade do aluno de interpretar e avaliar as condições da estequiometria para um melhor
aproveitamento da reação e de colocar em termos quantitativos a resposta achada.
6 kg (pasta) — 100 %
m (PbSO4) — 60%
m (PbSO4) = 3,6 kg

Obtenção de PbCO3:

PbSO4 + Na2CO3 → PbCO3 + Na2SO4


303 g __________ 267 g
3,6 kg _________ m(PbCO3)
m(PbCO3) = 3,17 kg

Para um rendimento de 91 %, vem:


3,17 kg — 100 %
m(PbCO3) — 91 %
m(PbCO3) = 2,9 kg

RESPOSTA Alternativa C
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DIAGRAMA DE IDEIAS

CONTÉM
REAÇÃO QUÍMICA EQUAÇÃO QUÍMICA

NA QUAL HÁ

QUE EXPRESSAM
A PROPORÇÃO ENTRE COEFICIENTES
OS PARTICIPANTES ESTEQUIOMÉTRICOS
DA REAÇÃO

• RENDIMENTO 100%
NA QUAL
• RENDIMENTO MENOR QUE 100%
PODE SER UMA
• EXCESSO DE REAGENTE
REAÇÃO COM
• REAGENTES NÃO PUROS

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ANOTAÇÕES

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