Você está na página 1de 32

1

6
LIVRO
ENTRE
TEXTOS
iNTERPRETAÇÃO
DE TEXTOS
TEÓRICO
LINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIAS
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral,
com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totali-
zando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla,
de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a
aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS VIVENCIANDO


De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina culta a compreensão de determinados conceitos e impede
em todo o território nacional. o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
TEORIA
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- contato em seu dia a dia.
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
à rotina intensa de estudos. compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
MULTIMÍDIA resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
o conhecimento do nosso aluno. dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é prova e a resolvê-las com tranquilidade.
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
DIAGRAMA DE IDEIAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
com essa realidade por meio de explicações que relacionam údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de mentais e fluxogramas.
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
mundo em que ele vive. organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
t

© Hexag Sistema de Ensino, 2018


Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2023
Todos os direitos reservados.

Coordenador-geral
Murilo de Almeida Gonçalves

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Editora

Editoração eletrônica
Letícia de Brito
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


Raphael de Souza Motta

Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
Pixabay (https://www.pixabay.com)

ISBN
978-85-9542-280-3

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo
por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a in-
clusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo,
fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens pub-
licadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não rep-
resentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2023
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
t

SUMÁRIO

ENTRE TEXTOS
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
AULA 23: TEXTOS JORNALÍSTICOS 006
AULA 24: TEXTOS JORNALÍSTICOS (PRÁTICA) 010
AULA 25: TEXTOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS 018
AULA 26: TEXTOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS (PRÁTICA) 021
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM

Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
Competência 1

H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.
Competência 2

H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.


H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.

Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.
Competência 3

H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para
H11
diferentes indivíduos.

Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.
Competência 4

H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e
H14
étnicos.

Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função,
Competência 5

organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.


H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.

Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constitu-
Competência 6

ição de significados, expressão, comunicação e informação.


H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.

Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
Competência 7

H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção,
H24
chantagem, entre outras.

Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da
Competência 8

própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.

Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social,
Competência 9

no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tec-
nologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Os gêneros textuais abordados neste As aulas deste livro trabalham a in-


livro são usualmente mote de diferentes terpretação de gêneros presentes no
questões nos exames citados. Por isso, é cotidiano. A charge, a publicidade e o
importante que o candidato compreenda jornal são ferramentas essenciais que
o material deste livro. utilizam a linguagem para apreensão
da realidade.

A prova faz uso de charges, por isso, vale Charges, publicidades, textos jornalísti- As aulas deste livro tratam de gêneros
atentar-se um pouco mais. Além disso, cos e de divulgação científica podem ser como a charge, o jornal e a divulgação
ter ciência dos gêneros importantes con- utilizados como mote de questões, e não científica, importantes formas contem-
temporaneamente pode ser crucial para apenas na área de Linguagens. porâneas de utilização da linguagem.
a aprovação.

Textos publicitários e charges são mui- Interpretar nem sempre é fácil. Por isso, é Compreender os contextos de produção É importante pensar como os gêneros
to comuns no exame vestibular, assim importante analisar cada um dos tópicos de charges, notícias, anúncios e textos aqui apresentados podem ser trabalha-
como o texto jornalístico e o texto de apresentados neste livro, de modo a evi- de divulgação científica é uma forma dos em paralelo com a Gramática. Assim,
divulgação. É importante, portanto, olhar tar surpresas e as famosas pegadinhas de se preparar para o vestibular. Desse é válido que o candidato tome nota das
para as ferramentas de composição de durante o seu exame vestibular. modo, é crucial avaliar não apenas os principais características formais de cada
cada um desses gêneros. textos apresentados, mas também os um dos tópicos de aula.
meios em que eles circulam.

CMMG
CIÊNCIAS MÉDICAS

É importante que o candidato tenha em Alinhados às mais diferentes funções da


A prova tende a lidar com a interpreta-
mãos as ferramentas necessárias para linguagem, os gêneros aqui trabalhados
ção de forma bastante objetiva, assim, é
entender como funcionam as interpreta- são parte fundamental de qualquer exa-
interessante que o candidato se atenha
ções dos gêneros aqui presente, uma vez me vestibular. Por isso, seu estudo com
às normas e regras de composição de
que a prova pode associar os gêneros às bastante atenção pode ser o diferencial
cada um dos gêneros expostos neste
obras literárias solicitadas. para a sua aprovação.
livro.

A leitura e interpretação de textos não Textos publicitários podem aparecer. As- É preciso estar sempre ampliando o
verbais é essencial para qualquer prova. sim, dentre o conjunto de gêneros aqui conhecimento sobre os mais variados
Por isso, encontram-se neste livro os trabalhado, esse pode ser um gênero gêneros. Assim, o conteúdo deste livro
subsídios para melhorar as estratégias que expresse uma maior associação às servirá de base para que as habilidades
de interpretação e leitura a partir de outras áreas de conhecimento linguísti- referentes ao tópico sejam alcançadas.
gêneros muito presentes no contem- co, como a Gramática e a Literatura.
porâneo.
TEXTOS DESCRITIVO

JORNALÍSTICOS § um texto descritivo retrata algo ou alguém detalhadamente, de


modo que aquele que lê o texto seja capaz de criar uma imagem
mental daquilo que está sendo retratado.

LC
§ os elementos constitutivos do texto descritivo são:
1) introdução: parte em que se apresenta aqui-
lo que será descrito / retratado para o leitor
COMPETÊNCIA(s) 2) desenvolvimento: parte em que ocorre a descrição propri-
4e7 amente dita do elemento. Aqui há maior detalhamento.
3) Conclusão: finalização da caracteri-
zação do que está sendo descrito.
AULA HABILIDADE(s)
12, 13, 14 e 21 Classificam-se como textos descritivos: cardápios, anúncios de

23
classificados, folhetos de viagem e partes específicas de textos narrativos.

DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
§ apresenta um ponto de vista e tem como objetivo persuadir e
convencer o leitor a concordar com a ideia defendida.
§ os elementos constitutivos do texto dissertativo-argumen-
tativo são:
1) introdução: parte onde se apresenta o assunto e a tese que será
defendida.
2) desenvolvimento: parte em que são explorados os argumentos
(exemplos / fatos) que sustentam a tese.

1. Tipologia textual 3) conclusão: desfecho do assunto em que se permita uma percepção


de retomada da tese. Há modelos de texto dissertativo-argumentati-
vo que podem pedir inserção de soluções.
É muito comum que nos estudos de língua portuguesa liga-
Classificam-se como textos dissertativo-argumentativos:
dos à interpretação existam confusões a respeito dos con- cartas argumentativas, algumas linhas de editoriais e artigos de opin-
ceitos de “tipo textual” e “gênero textual”. Para que nossos ião (jornalísticos) e alguns modelos de redações para vestibular.
estudos fiquem organizados, é necessário entendermos que
os tipos textuais são as bases que permitem a criação de DISSERTATIVO-EXPOSITIVO
gêneros. Em termos mais práticos, nós temos tipos textuais § um texto expositivo tem o objetivo de informar e esclarecer o leitor
através da exposição de um assunto ou tema específico.
fechados e limitados, e é desses tipos textuais fechados que
§ não objetivos persuasivos em um texto expositivo, apenas a ex-
surgirão – em contextos específicos – aquilo que conhece- posição de conhecimentos, ideias e pontos de vista.
mos como gêneros textuais. § os elementos constitutivos do texto dissertativo-expositivo são:
Por exemplo, nós temos um tipo textual fechado que é o 1) introdução: parte do texto onde se faz a apresentação e a con-
textualização de algum tema. Pode-se, também, definir um objetivo
“texto narrativo”. É desse tipo textual que podemos ter os geral para o texto.
gêneros “romance”, “conto”, “novela”, “epopeia”, “crô- 2) desenvolvimento: parte em que ocorrem explicações mais detalha-
nica”, “fábula”, entre outros. Nesse sentido, é importante das e minuciosas a respeito do tema.
que conheçamos os tipos textuais para sermos capazes de 3) conclusão: costuma haver uma retomada e reafirmação do tema dis-
cutido, apresentando-se uma síntese dos conteúdos abordados.
entender os textos aos quais eles dão origem. Vejamos o
Classificam-se como textos dissertativo-expositivos: report-
quadro a seguir: agens, notícias, seminários, artigos científicos mais simples (divul-
gação científica) e fichamentos.
NARRATIVO

§ uma narração tem por objetivo contar o enredo que envolve INJUNTIVO
tempo, espaço, personagem e ação.
§ também conhecidos como “prescritivos”, têm como finalidade
§ há a presença de um narrador. a instrução e a orientação do leitor. Podem, em alguns casos,
§ os elementos constitutivos do texto narrativo são: incentivar alguns tipos de ação.
1) personagens: figuras que vivenciam a história. § os elementos constitutivos do texto injuntivo são:
 VOLUME 6

2) enredo: fatos que compõem a obra. 1) uso de verbos no imperativo, no infinitivo ou presente do
indicativo, sempre com estruturas de indeterminação do sujeito.
3) espaço e tempo: onde e quando se passam as ações.
Classificam-se como textos dissertativo-expositivos: receitas
Classificam-se como textos narrativos: romances, contos, fábu- culinárias, bulas de medicamentos, manuais de instrução, editais e
las, depoimentos, relatos, crônicas, novelas, piadas, entre outros textos. textos de lei.

6  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


É a partir dessas informações iniciais que iremos estudar os dade em seu contexto de circulação provocou significativas
gêneros que compõem as aulas desse tópico e também a modificações no modo como os assuntos são abordados. A
do tópico seguinte (Textos técnicos e científicos). Vejamos internet, por exemplo, tem como tendência apresentar as
então o gênero jornalístico. notícias de maneira mais rápida, mais imediata, e, conse-
quentemente, menos aprofundada. Isso implica notícias mais
“rasas”, com maior número de informações problemáticas e
2. Texto jornalístico de erros gramaticais.
Dos vários tipos de gêneros existentes, o jornalístico é um Já um jornal impresso, por não possuir a capacidade es-
dos mais amplos, pois envolve características pertencen- trutural de emitir notícias rapidamente (por conta dos
tes a vários tipos de composição textual. Por esse motivo processos de impressão e distribuição), tem como vanta-
é também um dos gêneros mais trabalhados em provas gem justamente o maior aprofundamento sobre os dados
de vestibulares e no ENEM. O nosso objetivo nesta aula é que compõem a notícia. Há num meio de comunicação
conhecer os elementos que compõem o gênero jornalísti- impresso maior número de dados e detalhes a respeito
co (notícia, entrevista, reportagem, editorial, entre outros) da notícia publicada, e também construções gramaticais
e discutir algumas marcas textuais que são recorrentes mais cuidadosas. Evidentemente, há exceções em todos
nos vestibulares. esses espaços de comunicação, sendo necessário analisar
cuidadosamente não só a notícia, mas o meio de comu-
2.1. A notícia nicação que a originou.

A notícia é um dos elementos que compõem o gênero jor- 2.1.3. Os traços linguísticos da notícia
nalístico. Está espalhada pelos mais diversos meios de co-
municação (jornais, revistas, rádio, internet). Tecnicamente, Por convenção, as notícias devem obedecer às regras da gra-
podemos dizer que a notícia se caracteriza pelo puro mática normativa, sendo mais formais (há alguns casos mais
registro de fatos, sem que haja a emissão de opi- específicos, como alguns jornais populares, geralmente des-
nião da pessoa que a escreve. O objetivo básico de tinados a público de baixa renda, em que se permitem certas
uma notícia é transmitir informações a um leitor de ma- “liberdades linguísticas”, deixando o texto mais coloquial).
neira objetiva e precisa. A partir dessa definição, podemos Por conta de questões de espaço, a notícia costuma ser
inferir que a notícia trabalha pelos mesmos termos da fun- construída com períodos curtos que incorporam pequenas
ção referencial da linguagem (buscar informações de um ideias, e que também obedeçam a estruturas sintáticas
referente no mundo, e transmiti-las objetivamente).
canônicas (1º sujeito – 2º predicado – 3º complementos).
2.1.1. O que vira notícia? Esse movimento garante clareza e objetividade ao texto (há
alguns jornalistas de estilo mais “sofisticado” que impri-
Sendo o objetivo da notícia o de transmitir informações, mem marcas mais particulares ao seu texto, como algumas
sua publicação parte de um pressuposto bem básico: a estratégias literárias, por exemplo. Mas esses movimentos
notícia deve ser de interesse geral da sociedade (há aí um não chegam a descaracterizar totalmente a notícia).
critério de relevância). Um acontecimento familiar mais
simplório, por exemplo, não é publicado por jornais e revis- Como dito anteriormente, a notícia tem como característica a
tas, pois não se trata de evento de interesse geral da socie- objetividade. Isso significa que, por convenção, ela não pode
dade. A partir disso, entendemos por que certos assuntos ser pautada pelas opiniões dos jornalistas que as escrevem.
sempre são notícia. Alguns exemplos são: Nesse caso, não é comum encontrarmos elementos grama-
§ Assuntos políticos ticais que realizam processos avaliativos, como adjetivos,
§ Assuntos econômicos ou advérbios. Estes aparecem apenas como caracterização
§ Assuntos culturais dos fatos, e não como marcas opinativas do jornalista.
§ Assuntos esportivos
2.1.4. Os traços estruturais da notícia
2.1.2. Notícia: circulação e As notícias costumam ser constituídas a partir de estrutu-
profundidade dos assuntos ras previamente determinadas. Temos, por exemplo, o tí-
 VOLUME 6

Desde a criação da imprensa, no século XV, as notícias eram tulo, que tem a função de chamar a atenção do leitor para
veiculadas por meio de jornais impressos. Mais adiante, com o conteúdo a ser apresentado. Em alguns casos, podemos
o avanço das tecnologias de comunicação e transmissão (rá- ter, além do título, um subtítulo, que no jargão jornalístico
dio, televisão, internet), as notícias passaram a circular em é conhecido como olho. Esse subtítulo costuma evidenciar
espaços cada vez mais variados. No entanto, essa variabili- o elemento principal da notícia.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  7


Os manuais de redação jornalística também destacam uma Apesar dessas diferenças, uma coisa é certa: qualquer re-
estratégia denominada pirâmide invertida, que consiste portagem, mesmo as televisivas, tem maior grau de pro-
na apresentação de informações mais básicas no fundidade que as notícias, pois pressupõem uma pesquisa/
parágrafo inicial, informações essas que serão re- entrevista realizada por um repórter.
tomadas ao longo da notícia.
O desenvolvimento desse tipo de texto também elabora 2.2.2. Os traços linguísticos da reportagem
estratégias de constituição de perguntas na cabeça do lei- Assim como nas notícias, a linguagem utilizada numa re-
tor (que?, quem?, quando?), que, adiante no texto serão portagem deve ser pautada por elementos da gramática
eventualmente respondidas com grau de aprofundamento normativa, embora uma reportagem televisiva tenha maior
variado (como e por quê). liberdade linguística por ser feita a partir de elementos da
oralidade. Costumeiramente, encontraremos um maior grau
2.2. Reportagem de formalidade em reportagens impressas. Outro traço lin-
guístico presente no texto são as penetrações de diferentes
A reportagem também é um tipo de gênero jornalístico que vozes, pois, como comentamos anteriormente, uma reporta-
costuma apresentar textos mais longos e bastante detalha- gem pressupõe uma pesquisa ou entrevista, e muitas vezes
dos. A reportagem costuma retratar a observação direta de essas vozes são evidenciadas no corpo da reportagem.
um repórter sobre acontecimentos e situações específicas.
Vejamos a definição de reportagem dada pelo Manual da 2.2.3. Os traços estruturais da notícia
redação da Folha de S.Paulo:
Na reportagem, devido a sua extensão e possibilidades
Reportagens têm por objetivo transmitir ao leitor, de ma- variadas de temas, não temos estrutura fixa. No entanto,
neira ágil, informações novas, objetivas (que possam ser espera-se que os parágrafos introdutórios apresentem ele-
constatadas por terceiros) e precisas sobre fatos, persona- mentos que possam ser recuperados pelo leitor no decorrer
gens, ideias e produtos relevantes. Para tanto, elas se valem do texto. Também é necessário, em reportagens impressas,
de ganchos oriundos da realidade, acrescidos de uma hipó- construir elementos que aproximem o leitor do contexto
tese de trabalho e de investigação jornalística. abordado. Todos esses elementos devem ser articulados de
Manual da redação, Folha de São Paulo. 7ª edição. modo claro para que o leitor possa reconstruir o quadro
São Paulo: Publifolha, 2001. Pg. 24.
geral apresentado. Em alguns casos, para auxiliar o leitor,
A partir daí podemos constituir um movimento de comparação podemos ter na reportagem o uso de iconografias, que
entre a reportagem e a notícia, vista anteriormente: enquanto consistem basicamente em elementos informativos que in-
a notícia preza pela total objetividade (referencialidade), a re- corporam imagem + texto, e que trazem dados numéricos,
portagem permite subjetivações mais variadas, de acordo com estatísticos ou ilustrativos.
o tema da reportagem. Em termos mais claros, dependendo
do que está sendo abordado na reportagem, a pessoa que 2.3. Artigo de opinião e editorial
a escreve pode imprimir características mais pessoais. É claro
Os artigos de opinião e editoriais também são parte do
que, em reportagens de cunho político, por exemplo, espera-se
gênero jornalístico e têm como característica serem textos
que a escrita seja mais objetiva, para que não se pense que
que articulam notícias a partir de elementos argu-
o repórter escreve sem a imparcialidade que o assunto pede.
mentativos. Existem algumas pequenas diferenças entre
os dois estilos de texto. O artigo expressa um ponto de
2.2.1. Reportagem: circulação e vista da pessoa que o assina, e geralmente aborda ques-
profundidade dos assuntos tões sociais, políticas e culturais. Sua condução é feita com
Obviamente, as reportagens mudam suas características elementos argumentativos que tentam persuadir o leitor
de profundidade de acordo com o meio em que circulam. da opinião que está sendo apresentada.
Na televisão, por exemplo, costumam ter um espaço de Já o editorial manifesta a opinião não de um indivíduo, mas
aprofundamento mais curto por conta da curta duração de um órgão de imprensa como um todo, por esse motivo
dos programas. Essa deficiência geralmente é suprida pelo não é assinado por um particular (não expressa ponto de vis-
 VOLUME 6

volume de imagens que a TV acaba exibindo. Já nos meios ta particular). Costumam abordar temas de grande projeção
impressos, a reportagem costuma ser mais longa e mais nacional ou internacional, também sobre temas sociais, polí-
detalhada, com pouco espaço para imagens (iconografia). ticos ou culturais. Embora sua condução também apresente
Geralmente, nos meios impressos, a imagem serve para elementos argumentativos de persuasão, o editorial costuma
ilustrar questões bem pontuais. ser mais equilibrado e informativo do que o artigo de opinião.

8  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


2.3.1. Artigo de opinião e 2.3.3. Os traços estruturais do
editorial: quem produz? artigo de opinião e do editorial
§ Os artigos de opinião costumam ser textos escri- O artigo de opinião não costuma apresentar estruturas
tos por especialistas em determinadas áreas de atua- definitivas, pois sendo um texto de caráter argumentativo/
ção, que não apenas exibem a notícia mas também a persuasivo, será construído de acordo com a estratégia que o
analisam. Esse processo analítico tem como objetivo especialista/articulista julgar mais eficaz. No entanto, é pos-
aprofundar os elementos noticiados e apontar um po- sível encontrar alguns elementos que, inevitavelmente, esta-
sicionamento crítico do autor. Esse posicionamento crí- rão presentes nesse tipo de texto (alguns, com ordenamento
tico, escrito em chave persuasiva, pode fazer com que variado), como o título (em alguns casos também se usa o
o leitor forme sua opinião concordando, ou não, com o subtítulo). Encontramos também contextualizações dos
que foi apresentado pelo colunista. eventos a serem discutidos. Há casos em que são criadas
perguntas retóricas (perguntas que o próprio leitor res-
§ Os editoriais são textos escritos pelo alto escalão de ponde ao lê-las, com base nas informações que estão colo-
jornalistas de um órgão de imprensa. Expressam aqui- cadas no artigo). Algo que sempre estará presente nesse tipo
lo que seria a opinião desses principais jornalistas da de texto é a análise do especialista, que é conduzida por
“casa”, além da opinião dos diretores e donos do jor- meio de argumentos e também de respostas a perguntas
nal. Também realizam análises sobre o tema abordado, que foram sendo construídas ao longo do artigo.
embora, em alguns casos, não possuam o mesmo al-
Por não possuírem estrutura definitiva, os artigos de opi-
cance analítico dos colunistas (pois nem sempre os jor-
nião são textos que apresentam possibilidades de análise
nalistas conseguirão avançar mais profundamente em
mais variadas, muito utilizadas pelos vestibulares.
temas médicos ou filosóficos, por exemplo). Também
possuem caráter persuasivo, embora mais “polido”. O editorial é um texto argumentativo que apresenta es-
trutura mais fixa, semelhante a uma redação. Possui in-
2.3.2. Os traços linguísticos do trodução (para contextualizar o assunto a ser abordado),
artigo de opinião e do editorial parágrafos de desenvolvimento (nos quais se apresen-
tam os argumentos e contra-argumentos de análise) e uma
O grau de formalidade de um artigo de opinião é bastan- conclusão (que dê respaldo aos argumentos que foram
te variado. Vai depender do perfil dos leitores e do modo encadeados no desenvolvimento). Além disso, por marcar
como o texto circula. Por convenção, espera-se que o arti- uma opinião de jornalistas dentro de um meio de publica-
culista componha seus textos seguindo os parâmetros da ção que, habitualmente é referencial, o artigo de opinião
gramática normativa. costuma ser colocado estrategicamente em um ponto di-
Outro fator importante no artigo de opinião, é que ele é do- ferenciado do jornal/revista, com fonte (tipo de letra) dife-
tado de elementos mais subjetivos (que se aproximam muito renciada, para que os leitores saibam que aquele texto não
da função expressiva/emotiva da linguagem), mas também é a simples exibição textual de uma referência no mundo,
pode ser constituído com elementos mais persuasivos (se mas uma opinião sobre essa referência.
aproximando da função apelativa/conativa da linguagem). Por possuir uma estrutura muito marcada, os artigos de
Nesses casos, encontraremos no texto traços menos formais, opinião costumam ser previsíveis, com pouca variabilidade.
como a presença de pronomes que marquem a primei- Por isso aparecem menos em vestibulares.
ra pessoa (em textos mais expressivos, em que o articulis-
ta diz o que sente ou faz algum desabafo), ou de formas
verbais no imperativo (quando o articulista quer, mais
explicitamente, convencer o leitor de sua opinião).
Já o editorial, por se tratar da expressão da opinião de um
órgão de imprensa (que tem uma imagem a zelar), a lin-
guagem apresentada é definitivamente formal, completa-
mente pautada pela gramática normativa.
 VOLUME 6

Também estão descartados os traços de linguagem indivi-


dual e os marcadores de primeira pessoa. O editorial preza
pela impessoalidade (geralmente marcada pela terceira
pessoa). Os traços de argumentação e persuasão são me-
nos explícitos, embora existam.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  9


TEXTOS 2. (Unifor - Medicina 2023)
JORNALÍSTICOS
(PRÁTICA)

LC COMPETÊNCIA(s)
4e7

AULA HABILIDADE(s)
12, 13, 14 e 21

24

A propaganda, divulgando a prova do Enem, deixa claro


que são preponderantes para a mensagem as funções
Aplicando para Aprender (A.P.A.) a) fática e poética.
1. (Enem PPL 2022) b) metalinguística e conativa.
c) referencial e poética.
d) emotiva e referencial.
e) conativa e emotiva.

3. (Enem 2022)

As informações contidas no texto dessa campanha têm


o objetivo de Para convencer o público-alvo sobre a necessidade de
um trânsito mais seguro, essa peça publicitária apela
a) avaliar as políticas públicas para melhorar a qualida-
para o(a)
de dos serviços prestados ao povo brasileiro.
b) apresentar os canais de participação social, como os a) sentimento de culpa provocado no condutor cau-
Conselhos previstos na Constituição Federal de 1988. sador de acidentes.
c) descrever o ciclo e as etapas de organização de uma b) dano psicológico causado nas vítimas da violência
política pública como incentivo à participação social. nas estradas.
d) fazer a distinção entre as políticas de governo e as c) importância do monitoramento do trânsito pelas
 VOLUME 6

políticas de Estado a fim de incentivar a busca por di- autoridades competentes.


reitos. d) necessidade de punição a motoristas alcoolizados
e) estimular a participação da sociedade civil em po- envolvidos em acidentes.
líticas públicas para fortalecer a cidadania e o bem e) sofrimento decorrente da perda de entes queridos
comum. em acidentes automobilísticos.

10  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


4. (Enem PPL 2014) formas de chegar até você.
Mas, evitar isso é bem simples. Você, só precisa ficar
atento aos cuidados necessários para cuidar do maior
bem que você tem:
A SUA SAÚDE!

Algumas maneiras de se prevenir:


- Vacine-se contra as hepatites A e B.
- Use água tratada e siga sempre as recomendações
quanto à restrição de banhos em locais públicos e ao
uso de desinfetantes em piscinas.
- Lave SEMPRE bem os alimentos como frutas, verduras
e legume.
Essa propaganda visa convencer as mães de que o canal
de televisão é adequado aos seus filhos. Para tanto, o - Lave SEMPRE bem as mãos após usar o toalete e antes
locutor dirige-se ao interlocutor por meio de estraté- de se alimentar.
gias argumentativas de - Ao usar agulhas e seringas, certifique-se da higiene do
a) manipulação, ao detalhar os programas infantis local e de todos os acessórios.
que compõem a grade da emissora. - Certifique-se de que seu médico ou profissional da
b) persuasão, ao evidenciar as características da pro- saúde esteja usando a proteção necessária, como luvas
gramação dirigida ao público infantil. e máscaras, quando houver a possibilidade de contato
c) intimidação, ao dirigir-se diretamente às mães para de sangue ou secreções contaminadas com o vírus.
chamá-las à reflexão.
Disponível em: http://farm5.static.flickr.com.
d) comoção, ao tranquilizar as mães sobre a qualida-
Acesso em: 26 out. 2011 (adaptado).
de dos programas da emissora.
e) comparação, ao elencar os serviços oferecidos por Nas peças publicitárias, vários recursos verbais e não
outras emissoras ao público infantil. verbais são usados com o objetivo de atingir o público-
5. (Enem 2015) -alvo, influenciando seu comportamento. Considerando
as informações verbais e não verbais trazidas no texto
a respeito da hepatite, verifica-se que
a) o tom lúdico é empregado como recurso de con-
solidação do pacto de confiança entre o médico e a
população.
b) a figura do profissional da saúde é legitimada,
evocando-se o discurso autorizado como estratégia
argumentativa.
c) o uso de construções coloquiais e específicas da
oralidade são recursos de argumentação que simu-
lam o discurso do médico.
d) a empresa anunciada deixa de se autopromover ao
 VOLUME 6

Pode aparecer onde menos se espera em cinco formas mostrar preocupação social e assumir a responsabili-
diferentes. dade pelas informações.
É por isso que o Dia Mundial Contra a Hepatite está aí e) o discurso evidencia uma cena de ensinamento di-
para alertar você. dático, projetado com subjetividade no trecho sobre
As hepatites A, B, C, D e E têm diversas causas e muitas as maneiras de prevenção.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  11


6. (Enem 2016) 8. (G1 - ifsul 2017) Observe a imagem a seguir.

Nesse texto, a combinação de elementos verbais e não


verbais configura-se como estratégia argumentativa para
a) manifestar a preocupação do governo com a seguran-
ça dos pedestres.
b) associar a utilização do celular às ocorrências de atro- Considerando a linguagem verbal e a não verbal, anali-
pelamento de crianças. sa as seguintes afirmativas:
c) orientar pedestres e motoristas quanto à utilização I. O uso dos verbos: pensar e amar vinculados aos ad-
responsável do telefone móvel. vérbios menos e mais privilegiam o sentimentalismo
d) influenciar o comportamento de motoristas em rela- em prol da razão.
ção ao uso de celular no trânsito. II. O uso da antítese indica que o ato de pensar e amar
e) alertar a população para os riscos da falta de atenção podem ser contraditórios.
no trânsito das grandes cidades. III. O uso da hashtag (#) aproxima o texto do público
consumidor jovem, uma vez que esta é muito utilizada
7. (Enem 2016) em postagens nas redes sociais.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II apenas.
b) II e III apenas.
c) I e III apenas.
d) I, II e III.

9. (Enem PPL 2018)

Nessa campanha publicitária, para estimular a econo-


mia de água, o leitor é incitado a
a) adotar práticas de consumo consciente.
b) alterar hábitos de higienização pessoal e residencial.
c) contrapor-se a formas indiretas de exportação de
 VOLUME 6

água.
d) optar por vestuário produzido com matéria-prima
reciclável.
e) conscientizar produtores rurais sobre os custos de No texto, o uso da linguagem verbal e não verbal aten-
produção. de à finalidade de

12  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


a) chamar a atenção para o respeito aos sinais de b) uma reportagem, porque se baseia em um trabalho
trânsito. investigativo apresentando as causas e os desdobra-
b) informar os motoristas sobre a segurança dos usu- mentos dos fatos relatados.
ários de ciclovias. c) um depoimento, uma vez que revela aos leitores do
c) alertar sobre os perigos presentes nas vias urbanas site o ponto de vista dos grileiros e corretores sobre a
brasileiras. venda de lotes nessa área.
d) divulgar a distância permitida entre carros e veí- d) uma crônica, já que retrata acontecimentos do dia
culos menores. a dia dos povos indígenas da região de Alter do Chão,
e) propor mudanças de postura por parte de motoris- utilizando poucos personagens.
tas no trânsito.
12. (Enem 2020) Mulher tem coração clinicamente par-
10. (Enem PPL 2019) tido após morte de cachorro
Como explica o The New England Journal of Medicine,
a paciente, chamada Joanie Simpson, tinha sinais de
infarto, como dores no peito e pressão alta, e apresen-
tava problemas nas artérias coronárias. Ao fazerem um
ecocardiograma, os médicos encontraram o problema:
cardiomiopatia de Takotsubo, conhecida como síndro-
me do coração partido.
Essa condição médica tipicamente acontece com mu-
lheres em fase pós-menstrual e pode ser precedida por
um evento muito estressante ou emotivo. Nesses casos,
o coração apresenta um movimento discinético transi-
tório da parede anterior do ventrículo esquerdo, com
A imagem da caneta de tinta vermelha, associada às
acentuação da cinética da base ventricular, de acordo
frases do cartaz, é utilizada na campanha para mostrar
com um artigo médico brasileiro que relata um caso
ao possível doador que semelhante. Simpson foi encaminhada para casa após
a) a doação de sangue faz bem à saúde. dois dias e passou a tomar medicamentos regulares.
b) a linha da vida é fina como o traço de caneta. Ao Washington Post, ela contou que estava quase in-
c) a atitude de doar sangue é muito importante. consolável após a perda do seu animal de estimação,
d) a caneta vermelha representa a atitude do doador. um cão da raça yorkshire terrier. Recuperada após cerca
e) a reserva do banco de sangue está chegando ao fim. de um ano, ela diz que não abrirá mão de ter um animal
de estimação porque aprecia a companhia e o amor que
11. (Ufscar / Unicamp indígena 2023) O post a seguir, os cachorros dão aos humanos. O caso aconteceu em
publicado em rede social, faz referência ao texto jor- Houston, nos Estados Unidos.
nalístico “Alter à venda”, publicado no site Amazônia Disponível em: https://exameabril.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017.
Real.
Pelas características do texto lido, que trata das conse-
Grande parte do que foi queimado no incêndio crimi-
quências da perda de um animal de estimação, conside-
noso em Alter do Chão, que tomou proporções interna-
ra-se que ele se enquadra no gênero
cionais em 2019, está sendo loteada desde então. Os
jornalistas visitaram vários lotes à venda, consultaram a) conto, pois exibe a história de vida de Joanie Simp-
corretores ao longo de novembro de 2021 e constata- son.
ram que tudo ocorre de forma escancarada em redes b) depoimento, pois expõe o sofrimento da dona do
sociais. Além disso, há cartazes espalhados pela PA-457, animal.
estrada que liga Santarém à turística vila conhecida c) reportagem, pois discute cientificamente a cardio-
como o “Caribe Amazônico”. miopatia.
Essa história revela a existência de uma rede de grila- d) relato, pois narra um fato estressante vivido pela
gem de terras públicas que avança em ritmo acelerado paciente.
sobre a mesma área incendiada que foi palco da cri- e) notícia, pois divulga fatos sobre a síndrome do co-
minalização de brigadistas que lutavam para preservar ração partido.
Alter do Chão.
13. (Enem PPL 2018) Filha do compositor Paulo Le-
(Adaptado de https://www.facebook.com/amazoniareal. minski lança disco com suas canções
Publicada em 15/08/2022. Acesso em 16/08/2022.)
“Leminskanções” dá novos arranjos a 24 composições
 VOLUME 6

Alguns elementos do post indicam que o texto jornalís-


do poeta
tico referido é
a) um editorial, pois apresenta a opinião oficial do Frequentemente, a cantora e compositora Estrela Ruiz
site Amazônia Real sobre o tema “incêndios crimino- é questionada sobre a influência da poesia de seu pai,
sos” entre 2019 e 2021. Paulo Leminski, na música que ela produz. “A minha in-

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  13


fância foi música, música, música”, responde veemen- escreve para evitar que ele cometa erros.
temente, lembrando que, antes de poeta, Leminski era b) investigação e precisão no tratamento do assunto,
compositor. porque ela vai servir de base a outros artigos, permi-
Estrela frisa a faceta musical do pai em Leminskanções. tindo que o leitor tire suas próprias conclusões.
Duplo, o álbum soma Essa noite vai ter sol, com 13 com- c) investigação e precisão na abordagem dos fatos,
posições assinadas apenas por Leminski, e Se nem for já que ele também emite seu juízo sobre o assunto,
terra, se transformar, que tem 11 parcerias com nomes conduzindo o leitor a aceitar a história que narra.
como sua mulher, Alice Ruiz, com quem compôs uma d) conhecimento preciso dos fatos tratados, para que,
única faixa, Itamar Assumpção e Moraes Moreira. no futuro, o leitor seja levado a crer que o repórter
BOMFIM, M. Disponível em: http://cultura.estadao.
registrou sua opinião de forma equilibrada.
com.br. Acesso em: 22 ago. 2014 (adaptado).
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Os gêneros textuais são caracterizados por meio de
seus recursos expressivos e suas intenções comunicati- O LEGADO FEMININO NAS OLIMPÍADAS DE TÓQUIO
vas. Esse texto enquadra-se no gênero
Definitivamente, as mulheres deixaram sua marca nas
a) biografia, por fazer referência à vida da artista. Olimpíadas de Tóquio, que se encerram neste domingo.
b) relato, por trazer o depoimento da filha do artista. Elas se destacaram desde a abertura dos Jogos, com a
c) notícia, por informar ao leitor sobre o lançamento escolha da japonesa Naomi Osaka, uma tenista negra,
do disco. para acender a pira olímpica, em uma edição com par-
d) resenha, por apresentar as características do disco. ticipação recorde de atletas femininas: 48,8% do total.
e) reportagem, por abordar peculiaridades sobre a 1
Essas atletas, das mais diferentes nacionalidades, não
vida da artista. só encantaram o mundo com suas conquistas históricas
e quebras de recordes, como também jogaram luz sobre
14. (Unicamp 2018) Numa entrevista ao jornal El País as discriminações, preconceitos e o sexismo ao qual ain-
em 26 de agosto de 2016, o jornalista Caco Barcellos da hoje muitas delas são submetidas, seja no esporte
comenta uma afirmação sua anterior, feita em um con-
ou em tantas outras áreas.
gresso de jornalistas investigativos, de que novos pro-
fissionais não deveriam “atuar como porta-vozes de GAROTAS DOURADAS
2
autoridades”.
“Tenho o maior encanto e admiração e respeito pelo As atletas brasileiras, em especial, voltam para a casa
jornalismo de opinião. O que critiquei lá é quando isso podendo comemorar o maior número de pódios em
vai para a reportagem. Não acho legítimo. O repórter uma única edição dos jogos, desde que a nadadora Ma-
tem o dever de ser preciso. Pode ser até analítico, mas ria Lenk entrou para a história nacional como a 1ª mu-
não emitir juízo. Na reportagem de rua, fico imbuído, lher brasileira a participar de uma Olimpíada em 1932.
inclusive, de melhor informar o meu colega de opinião. Uma trajetória que começou com a dança da nossa ‘Fa-
Se eu não fizer isso de modo preciso e correto, ele vai dinha do Skate’? A maranhense Rayssa Leal, de apenas
emitir um juízo errado sobre aquele universo que estou 13 anos de idade, a mais jovem atleta brasileira a subir
retratando. E não só ele, mas também o advogado, o no pódio olímpico até hoje. Garantiu a prata no ‘skate
sociólogo, o antropólogo e mais para frente o historia- street’, uma das novas modalidades olímpicas que fize-
dor (...) Por exemplo, essa matança que a polícia militar ram sua estreia em Tóquio.
provoca no cotidiano das grandes cidades brasileiras – Em seguida, veio Rebeca Andrade, 1ª ginasta brasileira
isso é muito mal reportado pela mídia no seu conjunto. a ganhar uma medalha olímpica. Na verdade, ela fez
Quem sabe, lá no futuro, o historiador não passe em história em dose dupla: com 1 medalha de ouro no salto
branco por esse momento da história. Não vai poder e outra prata no individual geral. O que lhe garantiu o
dizer ‘olha, os negros pobres do estado mais rico da fe- merecido convite para ser a porta-bandeira do Brasil no
deração estão sendo eliminados com a frequência de encerramento dos Jogos de Tóquio.
três por dia, um a cada oito horas’. Se o repórter não
Como ficar indiferente ao ouro olímpico de Ana Marcela
fizer esse registro preciso e contundente, a cadeia toda
pode falhar, a começar pelo jornalista de opinião.” Cunha na maratona aquática ou da dupla Martine Grael
e Kahena Kunze, amigas de infância e, agora, bicampeãs
(“Caco Barcelos: ‘Erros históricos nascem da imprecisão olímpicas na classe 49er FX da vela?
jornalística’”. El
País. 26/08/2016. Entrevista concedida a Camila
Moraes. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/19/
Cabe ainda uma reverência à seleção feminina de vôlei,
cultura/1468956578_924541.html. Acessado em 13/07/2017.) que conseguiu chegar à final, a despeito do baque so-
frido com a perda de uma de suas principais jogadoras,
 VOLUME 6

De acordo com a posição defendida por Caco Barcellos flagrada em exame antidoping na reta final da disputa.
com relação a seus leitores, uma reportagem exige do Aplausos também à garra de Beatriz Ferreira na busca
jornalista de um ouro inédito para o boxe feminino.
a) conhecimento preciso do assunto, uma vez que seu 3
Medalhistas essas que ajudaram o Brasil a ter, em Tó-
objetivo é convencer o leitor a concordar com o que quio, o seu melhor desempenho em Olimpíadas, supe-

14  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


rando as 19 conquistadas no Rio de Janeiro em 2016. 70% dos seus ganhos. Não só expôs publicamente a
Das 21 medalhas trazidas na bagagem de volta para discriminação contra atletas grávidas e mães, como li-
casa, 9 foram conquistadas por elas, refletindo o equilí- derou uma campanha nos Estados Unidos, que aboliram
brio entre homens e mulheres na composição da dele- contratos deste tipo no país. Fica assim a lição dessas
gação brasileira que desembarcou este ano no Japão. maravilhosas mulheres olímpicas, que nos remetem a
imagens incríveis como a protagonizada pela atleta ho-
MUITO ALÉM DA PARIDADE landesa Sifan Hassan, que caiu, se levantou e venceu
uma eliminatória para a prova dos 1.500 m do atletis-
Mas a pauta levantada pelas atletas femininas desta mo feminino.
edição olímpica foi muito além da bem-vinda paridade VASCONCELOS, ADRIANA. O LEGADO FEMININO NAS
de gênero, que será adotada a partir dos Jogos de Paris OLIMPÍADAS DE TÓQUIO. Disponível em https://www.
em 2024. poder360.com.br/opiniao/olimpiada/o-legado-feminino-
nas-olimpiadas-de-toquio-escreve-adriana-vasconcelos.
A ginasta norte-americana Simone Biles, por exemplo, Acesso em 16 de agosto de 2021. (Texto adaptado.)
chegou ao Japão em busca de um recorde de 6 meda-
lhas de ouro, o que a tornaria a atleta olímpica mais 15. (Uece 2022) O texto caracteriza-se como gênero
bem-sucedida de todos os tempos. Acabou voltando textual
para os Estados Unidos com uma prata e um bronze, o a) crônica, porque narra a história de mulheres nas
suficiente para se consagrar como a mulher negra mais Olimpíadas de Tóquio.
vitoriosa da história olímpica da ginástica artística. b) artigo de opinião, porque apresenta dados e argu-
Fora da arena olímpica, Biles ainda deflagrou o debate mentos para convencer o leitor.
mundial sobre a saúde mental de atletas de alto rendi- c) editorial, porque expressa a opinião em nome de
mento. Isso, após ela abandonar parte das provas que um coletivo.
disputaria e expor publicamente que estava lidando d) resenha, porque apresenta comentário a partir de
com twisties, uma espécie de bloqueio mental que de- uma obra.
sorienta atletas em movimentos que desafiam a gravi-
dade. 16. (Enem 2ª aplicação 2014) Tragédia anunciada

PROTESTO CONTRA O SEXISMO Entraves burocráticos, incompetência administrativa,


conveniências políticas e contingenciamento indiscrimi-
Já a equipe de ginastas da Alemanha marcou posição nado de gastos estão na raiz de um dos graves males da
com a opção das atletas de usar macacões até o torno- administração pública brasileira, que é a dificuldade do
zelo em vez dos tradicionais collants, em protesto con- Estado de transformar recursos previstos no Orçamento
tra a sexualização da ginástica artística feminina. em investimentos reais.
4
Um posicionamento político que reforça a discussão Exemplo dessa inépcia político-administrativa é a baixa
aberta, durante o último campeonato europeu de han- execução de verbas destinadas a obras de prevenção
debol, sobre como o sexismo se reflete no controle dos de desastres naturais – como controle de cheias, con-
uniformes de atletas. Na ocasião, a equipe feminina tenção de encostas e combate à erosão.
da Noruega foi multada em 1,5 mil euros ao trocar o As dificuldades para planejar e realizar as obras de pre-
biquíni pelo short, permitido apenas para homens, na venção terminam por onerar o governo. Acaba saindo
modalidade de praia. mais caro para os cofres públicos remediar ocorrências
que poderiam ter sido evitadas.
MÃES OLÍMPICAS A nota positiva é que o Centro Nacional de Gerencia-
mento de Riscos e Desastres (Cenad) foi inaugurado em
A meio-fundista queniana Faith Kipyegon foi outra a agosto pela presidente Dilma Rousseff.
fazer história em Tóquio, ao vencer a prova dos 1.500 O órgão já emitiu alertas a mais de 400 municípios e
metros feminino e bater o recorde olímpico que resistia prepara-se para aperfeiçoar seu sistema de monitora-
desde os Jogos de Seul, em 1988. E de quebra, ainda mento. De pouco valerão esses esforços se o descaso e
deu uma resposta dourada àqueles que ela se afastou a omissão continuarem a contribuir para a sinistra con-
por 1 ano das pistas, em 2017, para ser mãe. tabilidade de vítimas que se repete a cada ano.
Um enredo parecido com o enfrentado por Allyson Fe- Disponível em: www1.folha.uol.com.br.
lix, que conquistou sua 10ª medalha em Tóquio e se Acesso em: 5 dez. 2012 (adaptado).
igualou a Carl Lewis como a maior medalhista olímpica
O editorial é um gênero que apresenta o ponto de vis-
do atletismo dos Estados Unidos. Ela já havia ultrapas-
ta de um jornal ou de uma revista sobre determinado
sado a marca do ex-velocista jamaicano Usain Bolt, em
assunto. É característica do gênero, exemplificada por
2019, e se tornado a maior medalhista da história em
 VOLUME 6

esse editorial,
Campeonatos Mundiais, apenas 10 meses após o nasci-
mento da filha. a) ser assinado por um jornalista do veículo em que é
publicado.
Aliás, quando engravidou da filha, Felix indignou-se b) ocupar um espaço específico e opinar a respeito de
quando seus patrocinadores propuseram a redução de assuntos atuais.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  15


c) apresentar estudos científicos acerca de temas com- ficar boquiabertas se alguém fizesse uso das palavras
plexos. que eu disse acima em plenas 7 da manhã em vez de di-
d) narrar fatos polêmicos em uma linguagem acessível. zer: “Bom dia! O senhor poderia me vender cinco reais
e) descrever acontecimentos de modo imparcial. de pão francês?”.
Agora entramos na parte interessante: o que realmente
17. (Enem 2014) A última edição deste periódico apre- é falar difícil? Simplesmente fazer uso de palavras que
senta mais uma vez tema relacionado ao tratamento a maioria não faz ideia do que seja é um ato de falar
dado ao lixo caseiro, aquele que produzimos no dia a difícil? Eu penso que não, mas é assim que muita gente
dia. A informação agora passa pelo problema do ma- age. Falar difícil é fazer uso do simples, mas com coe-
terial jogado na estrada vicinal que liga o município de rência e coesão, deixar tudo amarradinho gramatical-
Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no local em mente falando. Falar difícil pode fazer alguém parecer
questão, a reportagem encontrou mais uma forma er- inteligente, mas não por muito tempo. É claro que em
rada de destinação do lixo: material atirado ao lado da alguns momentos não temos como fugir do português
pista como se isso fosse o ideal. Muitos moradores, por rebuscado, do juridiquês propriamente dito, como no
exemplo, retiram o lixo de suas residências e, em vez caso de documentos jurídicos, entre outros.
de um destino correto, procuram dispensá-lo em outras ARAÚJO, H. Disponível em: www.diariojurista.com.
regiões. Uma situação no mínimo incômoda. Se você sai Acesso em: 20 nov. 2021 (adaptado).
de casa para jogar o lixo em outra localidade, por que Nesse artigo de opinião, ao fazer uso de uma fala rebus-
não o fazer no local ideal? É muita falta de educação cada no exemplo da compra do pão, o autor evidencia
achar que aquilo que não é correto para sua região pos- a importância de(a)
sa ser para outra. A reciclagem do lixo doméstico é um
a) se ter um notável saber jurídico.
passo inteligente e de consciência. Olha o exemplo que
b) valorização da inteligência do falante.
passamos aos mais jovens! Quem aprende errado colo-
c) falar difícil para demonstrar inteligência.
ca em prática o errado. Um perigo!
d) coesão e da coerência em documentos jurídicos.
Disponível em: http://jornaldacidade.uol.com.br. e) adequação da linguagem à situação de comunicação.
Acesso em: 10 ago. 2012 (adaptado).
19. (Enem PPL 2018) Deserto de sal
Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma no-
tícia veiculada no jornal. Tal diferença traz à tona uma O silêncio ajuda a compor a trilha que se ouve na cami-
das funções sociais desse gênero textual, que é nhada pelo Salar de Atacama.
Com 100 quilômetros de extensão, o Salar de Atacama
a) apresentar fatos que tenham sido noticiados pelo
é o terceiro maior deserto de sal do mundo. De acordo
próprio veículo.
com estudo publicado pela Universidade do Chile, o Sa-
b) chamar a atenção do leitor para temas raramente lar de Atacama é uma depressão de 3 500 quilômetros
abordados no jornal. quadrados entre a Cordilheira dos Andes e a Cordilheira
c) provocar a indignação dos cidadãos por força dos de Domeiko. Sua origem está no movimento das pla-
argumentos apresentados. cas tectônicas. Mais tarde, a água evaporou-se e, desta
d) interpretar criticamente fatos noticiados e conside- forma, surgiram os desertos de sal do Atacama. Além
rados relevantes para a opinião pública. da crosta de sal que recobre a superfície, há lagoas for-
e) trabalhar uma informação previamente apresenta- madas pelo degelo de neve acumulada nas montanhas.
da com base no ponto de vista do autor da notícia. FORNER, V. Terra da Gente, n. 96, abr. 2012.
Os gêneros textuais são textos materializados que cir-
18. (Enem 2022) O complexo de falar difícil
culam socialmente. O texto Deserto de sal foi veiculado
O que importa realmente é que o(a) detentor(a) do no- em uma revista de circulação mensal. Pelas estratégias
tável saber jurídico saiba quando e como deve fazer linguísticas exploradas, conclui-se que o fragmento
uso desse português versão 2.0, até porque não tem apresentado pertence ao gênero
necessidade de alguém entrar numa padaria de manhã a) relato, pela apresentação de acontecimentos ocor-
com aquela cara de sono falando o seguinte: “Por obsé- ridos durante uma viagem ao Salar de Atacama.
quio, Vossa Senhoria teria a hipotética possibilidade de b) verbete, pela apresentação de uma definição e de
estabelecer com minha pessoa uma relação de compra exemplos sobre o termo Salar de Atacama.
e venda, mediante as imposições dos códigos Civil e do c) artigo de opinião, pela apresentação de uma tese e
Consumidor, para que seja possível a obtenção de 10 de argumentos sobre o Salar de Atacama.
pãezinhos em temperatura estável para que a relação d) reportagem, pela apresentação de informações e
pecuniária no valor de R$ 5,00 seja plenamente legíti- de dados sobre o Salar de Atacama.
ma e capaz de saciar minha fome matinal?”. e) resenha, pela apresentação, descrição e avaliação
 VOLUME 6

O problema é que temos uma cultura de valorizar quem do Salar de Atacama.


demonstra ser inteligente ao invés de valorizar quem
20. (Enem 2013) Novas tecnologias
é. Pela nossa lógica, todo mundo que fala difícil tende
a ser mais inteligente do que quem valoriza o simples, Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exal-
e 99,9% das pessoas que estivessem na padaria iriam tação das novas tecnologias, principalmente aquelas

16  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões
frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas
tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichi-
zam” novos produtos, transformando-os em objetos do
desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo car-
regamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro”
tão festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de
um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho
capitalista controlador. Há perversão, certamente, e
controle, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvol-
vemos uma relação simbiótica de dependência mútua
com os veículos de comunicação, que se estreita a cada
imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal trans-
formado em objeto público de entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de
Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontâ-
nea vontade, a esta relação sadomasoquista com as es-
truturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto
somos controlados.
SAMPAIO, A. S. “A microfísica do espetáculo”.
Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br.
Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado).

Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa


criar uma base de orientação linguística que permita al-
cançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto
de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha
das formas verbais em destaque objetiva
a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já
que ambos usam as novas tecnologias.
b) enfatizar a probabilidade de que toda população
brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias.
c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje
as pessoas são controladas pelas novas tecnologias.
d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que
ele manipula as novas tecnologias e por elas é ma-
nipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabili-
dade por deixar que as novas tecnologias controlem
as pessoas.
 VOLUME 6

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  17


TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
TÉCNICOS E § apresenta um ponto de vista e tem como objetivo persuadir e
CIENTÍFICOS convencer o leitor a concordar com a ideia defendida.
§ os elementos constitutivos do texto dissertativo-argumentativo

LC
são:
1) introdução: parte onde se apresenta o assunto e a tese que será
defendida.
COMPETÊNCIA(s)
4e7 2) desenvolvimento: parte em que são explorados os argumentos
(exemplos / fatos) que sustentam a tese.
3) conclusão: desfecho do assunto em que se permita uma percepção
AULA HABILIDADE(s)
12, 13, 14 e 21
de retomada da tese. Há modelos de texto dissertativo-argumentati-

25
vo que podem pedir inserção de soluções.
Classificam-se como textos dissertativo-argumentativos:
cartas argumentativas, algumas linhas de editoriais e artigos de opin-
ião (jornalísticos) e alguns modelos de redações para vestibular.

DISSERTATIVO-EXPOSITIVO
§ um texto expositivo tem o objetivo de informar e esclarecer o leitor
através da exposição de um assunto ou tema específico.
§ não objetivos persuasivos em um texto expositivo, apenas a ex-
posição de conhecimentos, ideias e pontos de vista.
§ os elementos constitutivos do texto dissertativo-expositivo são:
1. Tipologia textual 1) introdução: parte do texto onde se faz a apresentação e a con-
textualização de algum tema. Pode-se, também, definir um objetivo
Novamente, sempre que iniciamos estudos sobre gêneros geral para o texto.
textuais é importante que recorramos à tabela de Tipologia 2) desenvolvimento: parte em que ocorrem explicações mais detalha-
textual, pois ela nos auxilia na compreensão de detalhes das e minuciosas a respeito do tema.
que podem compor algum gênero que será estudado. 3) conclusão: costuma haver uma retomada e reafirmação do tema dis-
cutido, apresentando-se uma síntese dos conteúdos abordados.
NARRATIVO Classificam-se como textos dissertativo-expositivos: report-
agens, notícias, seminários, artigos científicos mais simples (divul-
§ uma narração tem por objetivo contar o enredo que envolve gação científica) e fichamentos.
tempo, espaço, personagem e ação.
§ há a presença de um narrador.
INJUNTIVO
§ os elementos constitutivos do texto narrativo são:
§ também conhecidos como “prescritivos”, têm como finalidade
1) personagens: figuras que vivenciam a história. a instrução e a orientação do leitor. Podem, em alguns casos,
2) enredo: fatos que compõem a obra. incentivar alguns tipos de ação.
3) espaço e tempo: onde e quando se passam as ações. § os elementos constitutivos do texto injuntivo são:
Classificam-se como textos narrativos: romances, contos, fábu- 1) uso de verbos no imperativo, no infinitivo ou presente do
las, depoimentos, relatos, crônicas, novelas, piadas, entre outros textos. indicativo, sempre com estruturas de indeterminação do sujeito.
Classificam-se como textos dissertativo-expositivos:
receitas culinárias, bulas de medicamentos, manuais de instrução,
DESCRITIVO editais e textos de lei.

§ um texto descritivo retrata algo ou alguém detalhadamente, de É a partir dessas informações iniciais que iremos estudar,
modo que aquele que lê o texto seja capaz de criar uma imagem
mental daquilo que está sendo retratado.
agora, os textos técnicos e científicos:
§ os elementos constitutivos do texto descritivo são:
1) introdução: parte em que se apresenta aqui-
lo que será descrito / retratado para o leitor
2. Textos técnicos
Os textos técnicos são aqueles que costumam ser extraídos
2) desenvolvimento: parte em que ocorre a descrição propri-
amente dita do elemento. Aqui há maior detalhamento. de uma base textual injuntiva. Eles são utilizados não ape-
nas como elemento informativo, mas principalmente como
 VOLUME 6

3) Conclusão: finalização da caracteri-


zação do que está sendo descrito. elemento instrucional (que ensina alguém a fazer algo a res-
Classificam-se como textos descritivos: cardápios, anún- peito de algum de assunto). É um tipo de texto que muitos
cios de classificados, folhetos de viagem e partes específicas de confundem com o texto de divulgação científica (que veremos
textos narrativos.
no tópico a seguir), uma vez que ambos são escritos por um

18  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


especialista da área. No entanto, há uma diferença essencial: Encontraremos certa precisão vocabular, de modo que o
no texto técnico há a preferência por uma linguagem mais texto, mesmo sendo técnico, não seja obscuro ou ambíguo.
especializada (complexa), enquanto os textos de divulgação Por se tratar de uma função linguística referencial, haverá
científica têm como objetivo apresentar para o grande público ausência de marcas emotivas/expressivas no texto, que será
uma pesquisa científica/técnica em linguagem mais acessível. marcado pela eficácia comunicativa (objetividade e impar-
Essa diferença na abordagem se dá justamente por conta dos cialidade).
objetivos finais desses textos: científico informa e divulga; téc- Outro fator que diferencia o texto técnico do científico é o
nico informa e ensina. fato de que, no texto científico, conforme vimos no tópico
anterior, há um grande uso de comparações e metáforas
2.1. Onde encontramos textos técnicos? para permitir ao leitor uma aproximação mais rápida do
conteúdo (usa-se uma linguagem mais conotativa). O texto
Habitualmente, os textos técnicos são encontrados em âm-
técnico dará preferência para uma linguagem mais referen-
bito profissional. São textos que não apenas informam, mas
cial e precisa (linguagem denotativa).
também explicitam certas instruções que devem ser segui-
das. Por isso encontramos esse tipo de construção em ma-
nuais, memorandos, relatórios, apostilas, avisos. São textos 3. Textos científicos
que respondem diretamente a modelos organizativos. Os textos científicos têm como principal objetivo colocar o
público não especializado em contato com pesquisas cien-
2.2. A recepção do texto técnico tíficas e tecnológicas. São predominantemente informativos,
trazendo dados interessantes sobre alguma pesquisa realiza-
A recepção dos textos científicos costuma variar bastante. da pela comunidade científica. Em geral, são textos produzi-
Se a pessoa trabalha em uma empresa, inevitavelmente dos por especialistas em alguma área (ou com o apoio des-
ela terá contato com esse gênero, independente de sua tes) e devem possuir uma linguagem mais acessível, menos
vontade. Ela terá de responder memorandos, obedecer a técnica; para que eles estejam ao alcance do leitor.
comunicados e a avisos, entre outras coisas. Há também
casos em que a pessoa procura por esses textos, por exem- 3.1. Onde circulam os textos científicos?
plo, quando vai a cursos em que espera ter contato com Os textos de divulgação científica, nos últimos anos, têm apa-
um material instrucional (apostilas ou manuais); ou quan- recido não apenas em revistas especializadas (científicas), mas
do procura por palestras que correspondam a seu ramo de também em seções específicas de jornais, revistas de curiosi-
atuação (por exemplo, quando um farmacêutico procura dades e até mesmo em livros estilo best-seller. Toda essa va-
uma palestra bastante técnica sobre um novo fármaco que riedade é uma demanda do público por saber cada vez mais
será distribuído no mercado). a respeito dos avanços científicos, avanços esses que podem
trazer mudanças significativas para a vida das pessoas.
2.3. A estrutura do texto técnico
As estruturas variam de acordo com o tipo de texto cientí-
3.2. A recepção do texto científico
fico a ser construído. Habitualmente, encontramos muitas Os textos de cunho científico costumam ser procurados
estratégias de topicalização (formação de tópicos por as- por públicos variados, desde pessoas curiosas por assuntos
sunto, mesmo em textos corridos), além de uma estrutura determinados, até pessoas que leem mais assiduamente a
bastante uniforme. Percebe-se que se trata de um gênero respeito de tudo o que se publica. Essa variedade de pú-
blico implica certas dificuldades de produção, pois o texto
mais “engessado” e “conservador”. Isso ocorre por que,
precisa denotar seriedade sem necessariamente possuir
na medida em que seu objetivo essencial é informar e ins-
uma linguagem complexa (técnica).
truir, a preservação de certos padrões mantém a coerência
e facilita a absorção das informações.
3.3. A estrutura do texto científico
2.4. A linguagem do texto técnico Os textos de divulgação científica não possuem estrutura
pré-determinada, mas geralmente encontramos um título
Diferente do texto de divulgação científica, que vimos na e uma introdução mais geral, com o objetivo angariar a
 VOLUME 6

aula anterior – em que se buscava um coloquialismo na lin- atenção do leitor para o tópico científico que será aborda-
guagem para que o leitor/público-alvo pudesse compreen- do/discutido. O desenvolvimento e a conclusão do texto
der com mais facilidade o fenômeno científico apresentado se dão de acordo com os interesses do especialista. Nesse
– os textos técnicos prezam por uma maior aproximação sentido, temos um texto de estrutura bem variável, que é
com uma linguagem mais complexa. muito usado em vestibulares.

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  19


3.4. A linguagem dos textos científicos
Como dito anteriormente, há nos textos de divulgação
científica uma necessidade de se “traduzir” os conceitos
altamente complexos da ciência para uma linguagem mais
acessível ao leitor. Nesse caso, encontraremos em textos
científicos um grau considerável de coloquialidade.
Para fazer com que o leitor entenda um texto mais comple-
xo, recorre-se, por exemplo, a muitas figuras de analogia,
como a comparação e a metáfora; figuras que permi-
tem ao leitor entender mais facilmente o que está sendo
dito. Ou seja, opta-se por uma linguagem conotativa
(figurada).
Também devem ser evitados os usos de jargões da área
científica, sempre optando por uma analogia mais simples.
Sendo inevitável o uso de um jargão, este deve ser explica-
do no próprio texto.
 VOLUME 6

20  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


TEXTOS
TÉCNICOS E
CIENTÍFICOS
(PRÁTICA)

LC COMPETÊNCIA(s)
4e7

AULA HABILIDADE(s)
12, 13, 14 e 21

26

Aplicando para Aprender (A.P.A.)


1. (Enem PPL 2022) O lobo que não é mau

A primeira coisa a saber é que o guará não é, na verdade, um lobo. Embora seja o maior canídeo silvestre da América
do Sul, sua espécie (Chrysocyon brachyurus) é de difícil classificação. Alguns cientistas dizem que é parente das rapo-
sas, outros, que é parente do cachorro-vinagre sul-americano. Mas, de lobo mesmo, ele não tem nada. Além disso, é
um animal onívoro. Porém, em algumas regiões, a sua dieta chega a quase 70% de frutas, especialmente da lobeira,
uma árvore típica das savanas brasileiras, que contribui para a saúde do animal, prevenindo um tipo de verminose
que ataca os rins do guará.
O lobo-guará não é um animal perigoso ao homem. Não existe nenhum registro, em toda a história, de um guará que
tenha atacado uma pessoa, mas, ainda assim, são vistos como “maléficos”. Por quê? Porque, em ambientes degrada-
dos, o lobo, para sobreviver, acaba atacando galinheiros ou comendo aves que são criadas soltas. Com a desculpa de
“proteger sua criação”, pessoas com baixo nível de consciência ecológica acabam matando os animais.
Se não bastassem a matança e a destruição de ambientes naturais, o lobo-guará ainda apresenta grande índice de
morte por atropelamento em estradas.
O fato é que o lobo-guará precisa de nós mais do que nunca na história.
FERRAREZI JR., C. Revista QShow, n. 20, nov. 2015 (adaptado).

Esse texto de divulgação científica utiliza como principal estratégia argumentativa a


a) sedução, mostrando o lado delicado e afetuoso do animal por meio da negação de seu nome popular.
b) comoção, relatando a perseguição que o animal sofre constantemente pelos fazendeiros com baixo grau de instrução.
c) intertextualidade, buscando contraponto numa famosa história infantil, confrontada com dados concretos e fatos
históricos.
d) chantagem, modificando a verdadeira índole do lobo-guará para proteger as criações de animais domésticos em áreas
degradadas.
e) intimidação, explorando os efeitos de sentido desencadeados pelo uso de palavras como “matança”, “perigoso”,
“degradados” e “atacando”.
 VOLUME 6

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  21


2. (Enem 2022)

O texto sobre os chamados nativos digitais traz informações com a função de


a) propor ações específicas para cada etapa da infância.
b) estabelecer regras que devem ser seguidas à risca.
c) explicar os efeitos do acesso precoce à internet.
d) determinar a incorporação de rituais à educação dos filhos.
e) educar com base em um conjunto de estratégias formativas.

3. (Enem PPL 2016) Há muito se sabe que a Bacia Bauru 4. (Enem PPL 2022) Preconceito: do latim prae, antes,
– depósito de rochas formadas por sedimentos localiza- e conceptus, conceito, esse termo pode ser definido
do entre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, como o conjunto de crenças e valores aprendidos, que
Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – foi habi- levam um indivíduo ou um grupo a nutrir opiniões a fa-
tada, há milhões de anos, por uma abundante fauna de vor ou contra os membros de determinados grupos, an-
crocodiliformes, um grupo de répteis em que estão in- tes de uma efetiva experiência com eles. Tecnicamente,
clusos os crocodilos, jacarés e seus parentes pré-histó- portanto, existe um preconceito positivo e um negativo,
embora, nas relações raciais e étnicas, o termo costume
ricos extintos. Entre as famílias que por lá viveram está
se referir ao aspecto negativo de um grupo herdar ou
a Baurusuchidae, que, na região, englobava outras seis
gerar visões hostis a respeito de um outro, distinguí-
espécies de crocodiliformes exclusivamente terrestres e
vel com base em generalizações. Essas generalizações
com grande capacidade de deslocamento, crânio alto e derivam invariavelmente da informação incorreta ou
comprimido lateralmente e com longos dentes serrilha- incompleta a respeito do outro grupo.
dos. Agora, em um artigo publicado na versão on-line
CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais.
da revista Cretaceous Research, um grupo de pesquisa-
São Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado).
dores das universidades federais do Rio de Janeiro e do
Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, identificaram mais Nesse verbete de dicionário, a apropriação adequada
um membro dessa antiga família. do uso padrão da língua auxilia no estabelecimento
Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. Acesso em: 2 nov. 2013. a) da precisão das informações veiculadas.
b) da linguagem conotativa característica desse gênero.
A circulação do conhecimento científico ocorre de dife-
c) das marcas do interlocutor como uma exigência para
rentes maneiras. Por meio da leitura do trecho, identifi- a validade das ideias.
ca-se que o texto é um artigo de divulgação científica, d) das sequências narrativas como recurso de progres-
pois, entre outras características, são textual.
a) exige do leitor conhecimentos específicos acerca e) do processo de contraposição argumentativa para
do tema explorado. conseguir a adesão do leitor.
b) destina-se a leitores vinculados a diferentes comu-
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
nidades científicas.
c) faz referência a artigos publicados em revistas cien- A ARMADILHA DOS VAPES
 VOLUME 6

tíficas internacionais. 1
No Brasil, 20% dos jovens adultos já experimentaram.
d) trata de descobertas da ciência com linguagem Nos EUA, virou um problema de saúde pública grave.
acessível ao público em geral. Entenda em que pé se encontra a febre dos cigarros ele-
e) aborda temas que receberam destaque em jornais trônicos – que têm se mostrado tão perigosos quanto
e revistas não especializados. os convencionais.

22  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


7 a 19 segundos. É o tempo que a nicotina do cigar- b) a publicação on-line dificulta o acesso ao texto
ro leva para chegar ao cérebro. 2Lá dentro, ela ativa o oficial.
principal neurotransmissor do prazer. E dá-lhe prazer: c) a decisão torna obrigatória a leitura de textos ofi-
comer chocolate eleva em 55% a liberação de dopa- ciais.
mina; fazer sexo, 100%. A nicotina? 150%. Com o tem- d) as repartições públicas dispensam a leitura de tex-
po, essas doses contínuas de prazer acostumam o cé- to impresso.
rebro, que passa a precisar de doses maiores para se
e) a mudança traz novos modelos para a administra-
satisfazer. Instaura-se um vício. E não é só a descarga
ção pública.
de dopamina que importa aí. É também a velocidade
com a qual você obtém o efeito. Cocaína inalável, por TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
exemplo, sobe os níveis de dopamina em 400%, mas
essa descarga vem só 3 minutos após o consumo. 3Já Chegada do Perseverance abre caminho para retorno
o cigarro, embora não cause tanta disrupção neuronal, de amostras de Marte
tem efeito praticamente instantâneo. Isso torna a nico- Agora que o rover Perseverance está seguro e saudável
tina no mínimo tão viciante quanto cocaína, heroína ou na superfície de Marte, vários grupos de trabalho espa-
metanfetaminas. 4Com uma perversidade adicional: ela lhados pelo mundo podem respirar aliviados e pensar
não altera nosso estado consciente, então 5o usuário nos passos futuros do programa de exploração mar-
pode passar o dia inteiro mimando os neurônios. ciana -que vai agora focar seus esforços no cobiçado
(Disponível em: https://super.abril.com.br). retorno de amostras de volta à Terra. A missão atual é
um primeiro passo crucial. Afinal, cabe ao Percy, como
5. (Uece 2023) Acerca das informações do texto, avalie foi apelidado o jipe, fazer o escrutínio e a escolha das
as afirmações a seguir. rochas (comandado por cientistas na Terra, claro) que
I. Os dados percentuais, presentes no texto, configu- serão acondicionadas por ele em pequenos tubos la-
ram-se como argumentos para assegurar os malefícios crados e ultrarresistentes e depois deixadas, juntas, em
do cigarro eletrônico. algum canto da superfície de Marte. Ele terá vários anos
II. O uso de um vocabulário com a presença de termos para fazer isso durante a exploração da cratera Jezero,
tais como “dopamina” e “neurotransmissor” revelam a um dos locais mais promissores para a busca de evidên-
natureza de uma notícia de divulgação científica. cias de vida pregressa marciana.
III. O texto faz uso de dados e de termos do campo Mas e aí, o que vem depois? Nasa e ESA, respectiva-
científico para certificar a segurança do consumo dos mente agências espaciais americana e europeia, já
vapes, pois não há alteração do estado de consciência trabalham conjuntamente nos próximos passos, que
do usuário. envolvem pelo menos mais dois, e possivelmente três,
É correto apenas o que se afirma em lançamentos diferentes afim de trazer de volta o cobi-
çado material. Ainda faltam definições, mas trabalhos
a) I e II.
20 preliminares sugerem a seguinte sequência.
b) I e III.
Em 2026, parte um módulo de pouso com um pequeno
c) II e III.
foguete, de menos de três metros, instalado a bordo.
d) I, II e III. Projetada e construída pela Nasa, a nave pousaria pró-
6. (Enem PPL 2020) Com o fim da versão impressa do ximo ao local onde desceu o Perseverance. E aí, talvez
Diário Oficial da União, o presidente da República assi- partindo do próprio módulo, talvez enviado num lança-
nou um decreto que traz novas normas a serem segui- mento à parte, 1um pequeno rover produzido pela ESA
das nas publicações oficiais, que agora estarão disponí- encontraria as amostras e as instalaria no interior do
veis apenas na versão on-line. foguete. 2Em paralelo, em 2026 ou 2027, um orbitador
com propulsão elétrica, outra contribuição da ESA, par-
Os atos a serem divulgados devem ser encaminhados
tiria da Terra e se instalaria em órbita ao redor de Marte.
ao órgão exclusivamente por meio eletrônico. O jornal
Em meados de 2029, 3o foguete seria disparado (o pri-
será publicado de segunda a sexta, uma vez por dia,
exceto nos feriados nacionais e nos pontos facultativos meiro lançamento feito de outro planeta!), colocando a
da administração pública federal. cápsula com as amostras em órbita marciana. Lá ela se
acoplaria ao orbitador europeu, que por sua vez traria o
O decreto reforça que o Diário Oficial trará os atos com conteúdo de volta à Terra, em 2031. 4A empreitada toda
conteúdo normativo, exceto os atos de aplicação exclu- custaria cerca de US$ 5 bilhões, sem contar os US$ 2,7
sivamente interna que não afetem interesses de tercei-
bilhões empenhados na missão do Perseverance. 5A re-
ros, e os atos oficiais da administração pública federal
compensa, contudo, teria valor incomensurável. 6Cien-
direta, autárquica e fundacional.
tistas já tiveram a chance de analisar algumas amostras
Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado). de Marte - meteoritos provenientes do planeta verme-
 VOLUME 6

lho -, mas nunca com a chance de escolher quais rochas,


O decreto incide sobre a prática de leitura do Diário Ofi- conhecendo o contexto geológico de onde elas parti-
cial em todo o Brasil e pressupõe que ram. E 7amostras trazidas de volta continuam a render
a) o país dispõe de uma cultura digital consolidada. novos resultados por décadas, conforme equipamentos
mais sofisticados surgem para estudá-las. Não à toa, as

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  23


amostras trazidas pelo programa Apollo, que levou humanos à Lua entre 1969 e 1972, continuam sendo estudadas
até hoje. Ademais, é fundamental demonstrar a capacidade de trazer uma pequena carga de Marte antes que se am-
bicione trazer uma grande carga - como humanos - em uma futura missão tripulada.
Nogueira, S. “Chegada do Perseverance abre caminho para retorno de amostras de Marte”. Folha
de São Paulo. 21.2.2021, Disponível em: https://bit.Iv/3bZL69q/.Adaptado

7. (Fuvest-Ete 2022) É correto afirmar que o texto pertence ao gênero


a) divulgação científica.
b) ficção científica.
c) conto.
d) editorial.
e) crônica.

8. (Enem PPL 2020) A carta da Terra

PREÂMBULO
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu
futuro. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de
vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Para chegar a este propósito,
é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns com os outros, com a grande comu-
nidade da vida e com as futuras gerações.

PRINCÍPIOS
I. Respeitar e cuidar da comunidade da vida.
II. Proteger e restaurar a integridade ecológica.
III. Promover a justiça social e econômica.
IV. Fortalecer a democracia, a não violência e a paz.

O CAMINHO ADIANTE
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida e pelo compromisso firme de
alcançar a sustentabilidade, a intensificação da luta pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.
Disponível em: www.mma.gov.br. Acesso em: 3 dez. 2017 (adaptado).

Analisando a estrutura composicional do texto, percebe-se que ele se insere na esfera


a) institucional, pois propõe regras de conduta para alcançar a sustentabilidade da vida na Terra.
b) pessoal, pois manifesta subjetividade diante da injustiça social e econômica dos povos da Terra.
c) publicitária, porque conclama a sociedade para participar de ações relacionadas à preservação ambiental.
d) científica, pois relata fatos concretos sobre a real situação do meio ambiente em diferentes pontos do planeta.
e) jornalística, pois apresenta títulos e subtítulos para organizar as informações sobre a relação do homem com o planeta.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o artigo “Pó de pirlimpimpim”, do neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro.
Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco mais que estofo
de macela1. Emília, a sabida boneca de Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente após engolir uma pílula,
adquirindo de supetão todo o vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No filme Matrix (1999), a ingestão de uma
pílula colorida faz o personagem Neo descobrir que todo o mundo em que sempre viveu não passa de uma simulação
chamada Matriz, dentro da qual é possível programar qualquer coisa. Poucos instantes depois de se conectar a um
computador, Neo desperta e profere estupefato: “I know kung fu”.
Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de carne e osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O apren-
dizado de comportamentos complexos é difícil e demorado, pois requer a alteração massiva de conexões neuronais.
Há consenso hoje em dia de que o conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos padrões de ativação de vastas redes
neuronais, impossibilitando a aquisição instantânea de memórias intrincadas.
 VOLUME 6

Mas nem sempre foi assim. Há meio século, experimentos realizados na Universidade de Michigan pareciam indicar
que as planárias, vermes aquáticos passíveis de condicionamento clássico, eram capazes de adquirir, mesmo sem
treinamento, associações estímulo-resposta por ingestão de um extrato de planárias já condicionadas. O resultado,
aparentemente revolucionário, sugeria que os substratos materiais da memória são moléculas. Contudo, estudos pos-
teriores demonstraram que a ingestão de planárias não condicionadas também acelerava o aprendizado, revelando

24  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


um efeito hormonal genérico, independente do conteú- TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
do das memórias presentes nas planárias ingeridas.
Parece quase impossível existir algo 1tão complexo
A ingestão de memórias é impossível porque elas são
como o cérebro humano. Um neurocientista dedica
estados complexos de redes neuronais, não um quan-
anos de estudo apenas para se familiarizar com as prin-
tum de significado como a pílula da Emília. Por outro
cipais regiões deste órgão, e não é para menos – são
lado, é sim possível acelerar a consolidação das memó- bilhões de células e trilhões de conexões. Por trás da
rias por meio da otimização de variáveis fisiológicas en- fascinante estrutura neural, encontram-se funções bas-
volvidas no processo. Uma linha de pesquisa importan- tante simples em seu objetivo. O cérebro existe para
te diz respeito ao sono, cujo benefício à consolidação que possamos perceber o mundo e saber como reagir.
de memórias já foi comprovado. Em 2006, pesquisa- É comum tratarmos a consciência como uma atividade
dores alemães publicaram um estudo sobre os efeitos passiva, mas não é bem 2assim – consciência 3requer
mnemônicos da estimulação cerebral com ondas lentas metas, expectativas, capacidade de filtrar informações.
(0,75 Hz) aplicadas durante o sono por meio de um es-
Se a mente lhe parece um espaço ativo, preenchido com
timulador elétrico. Os resultados mostraram que a esti-
mais coisas do que costuma aparecer em uma massa
mulação de baixa frequência é suficiente para melhorar
de circuitos, então você está certo ou certa. Você é a
o aprendizado de diferentes tarefas. Ao que parece, as
expressão física de uma história de desenvolvimento
oscilações lentas do sono são puro pó de pirlimpimpim.
social muito maior do que imaginou. Seu cérebro é uma
(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.) delicada entidade num constante 4frenesi de produção
de conhecimento. A riqueza de 5suas vias reflete a ri-
1
macela: planta herbácea cujas flores costumam ser queza de nossa vida.
usadas pela população como estofo de travesseiros.
Adaptado de Como o cérebro funciona, de John McCrone
9. (Unesp 2022) Por se tratar de um artigo de divulga-
11. (Mackenzie 2017) Assinale a alternativa correta.
ção científica (e não um artigo científico propriamente),
predomina no texto uma linguagem a) A função expressiva evidencia-se como predomi-
nante no texto, marcada inclusive pelo uso reiterado
a) técnica.
da primeira pessoa.
b) acessível.
b) O texto está elaborado em torno da função refe-
c) informal. rencial, uma vez que a transmissão objetiva de um
d) figurada. conteúdo é o interesse principal do autor.
e) hermética. c) Como todo texto científico, a exposição que se faz
sobre o cérebro humano é estruturada em torno do
10. (Enem 2017) PROPAGANDA – O exame dos textos
uso predominante da função fática.
e mensagens de Propaganda revela que ela apresenta
d) O destaque que se dá, no texto, para o uso expres-
posições parciais, que refletem apenas o pensamento
sivo da língua e seus recursos conotativos permite
de uma minoria, como se exprimissem, em vez disso,
evidenciar a função poética como predominante.
a convicção de uma população; trata-se, no fundo, de
convencer o ouvinte ou o leitor de que, em termos e) A utilização de outros tipos de linguagem, além
de opinião, está fora do caminho certo, e de induzi-lo da verbal, permite que se reconheça no texto como
predominante uma função argumentativa.
a aderir às teses que lhes são apresentadas, por um
mecanismo bem conhecido da psicologia social, o do 12. (Ufu 2021) Antes de começar qualquer atividade
conformismo induzido por pressões do grupo sobre o física vale contar com a orientação de um especialis-
indivíduo isolado. ta. Depois dos 35, 40 anos, principalmente, é essencial
BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. Dicionário avaliar o risco cardíaco. E é fácil. Um teste ergométrico,
de política. Brasília: UnB, 1998 (adaptado). a medida da pressão e um exame de sangue – com a
dosagem de hormônios, colesterol, glicose e ácido úri-
De acordo com o texto, as estratégias argumentativas co – traçam o perfil de risco para os próximos dez anos.
e o uso da linguagem na produção da propaganda fa- Além disso, duas avaliações facilitam a personalização
vorecem a do treino e também da alimentação. Como uma roupa
a) reflexão da sociedade sobre os produtos anunciados. feita sob medida, a dupla atividade física e dieta varia
b) difusão do pensamento e das preferências das gran- muito entre um idoso, um atleta, um adolescente e uma
des massas. mulher. E é aí que entra a calirometria. Nesse teste, um
c) imposição das ideias e posições de grupos específicos. dispositivo mede, por meio da respiração do indivíduo,
o seu consumo de oxigênio e quanto gás carbônico li-
d) decisão consciente do consumidor a respeito de sua
bera. Com isso, dá para deduzir o número de calorias
 VOLUME 6

compra.
que ele provavelmente consome em 24 horas. Costumo
e) identificação dos interesses do responsável pelo pro-
dizer que isso funciona como um detector de mentiras.
duto divulgado. Mas, brincadeiras à parte, saber esse valor faz toda a
diferença. Pessoas com biotipo parecido podem quei-
mar quantidades bem diversas de calorias. Todo mundo

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  25


tem um amigo ou amiga que come muito mal e não física seria essa? Ninguém queria mudanças muito radi-
engorda. cais. Ou quase ninguém.
PEDRINOLA, Dr. Filippo. Um convite à saúde. São Paulo: A primeira ideia da nova era veio de Max Planck. Eis
Editora Abril, 2011. p. 28. (Fragmento adaptado) como Planck relatou em 1900 seu estado emocional ao
propor a ideia do quantum (o menor valor que certas
No trecho, o autor, o endocrinologista Filippo Pedrinola grandezas físicas podem apresentar): “Resumidamente,
dá orientações ao leitor a respeito do que deve fazer posso descrever minha atitude como um ato de deses-
antes de iniciar uma atividade física. A partir da leitura pero, já que por natureza sou uma pessoa pacífica e
do trecho e considerando-se os enunciados negritados, contrária a aventuras irresponsáveis.” O uso da palavra
é correto afirmar, em relação ao registro de linguagem “desespero” é revelador. Planck viu-se forçado a propor
utilizado, que se trata de um registro algo novo, que ia contra tudo o que havia aprendido até
a) parcialmente adequado para textos de divulgação então e que acreditava ser correto sobre a Natureza.
científica, uma vez que não se pode afirmar categori- Abandonar o velho e propor o novo requer muita co-
camente que “Todo mundo tem um amigo ou amiga ragem intelectual. E muita humildade, algo que faltava
que come muito mal e não engorda” por ser essa aos que achavam que a física estava quase completa.
uma asserção sem sustentabilidade científica. Planck sabia que a física tem como missão explicar o
b) adequado para textos de divulgação científica, em mundo natural, mesmo que a explicação contrarie nos-
que se pode valer de registros mais informais de lin- sas ideias preconcebidas. Nunca devemos arrogar que
guagem em função do público-alvo e dos objetivos nossas ideias tenham precedência sobre o que a Natu-
do gênero do discurso. reza nos diz.
c) inadequado para textos de divulgação científica (O caldeirão azul, 2019. Adaptado.)
que, por cumprirem o objetivo primordial de abordar
13. (Fmj 2021) Por se tratar de um artigo de divulgação
questões de ordem mais técnica, não devem se valer
científica, predomina no texto uma linguagem
de registros informais.
d) adequado para textos de divulgação científica, na a) hermética.
medida em que o objetivo principal de tais textos é b) rebuscada.
construir para o leitor a imagem de que fazer ciência c) técnica.
é legal. d) acessível.
e) informal.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o trecho do artigo “Flertando com o desconheci-
do”, de Marcelo Gleiser.
Leia o trecho inicial de um artigo do livro Bilhões e bi-
Muita gente acha que a ciência é uma atividade sem lhões do astrônomo e divulgador científico Carl Sagan
emoções, destituída de drama, fria e racional. Na ver- (1934-1996) para responder à(s) questão(ões).
dade, é justamente o oposto. A premissa da ciência é
a nossa ignorância, nossa vulnerabilidade em relação O tabuleiro de xadrez persa
ao desconhecido, ao que não sabemos. Muitas vezes,
quando experimentos revelam novos aspectos da Na- Segundo o modo como ouvi pela primeira vez a histó-
tureza que sequer haviam sido conjecturados, a sensa- ria, aconteceu na Pérsia antiga. Mas podia ter sido na
ção de tatearmos no escuro pode levar ao desespero. E Índia ou até na China. De qualquer forma, aconteceu há
agora? Se nossas teorias não podem explicar o que es- muito tempo. O grão-vizir, o principal conselheiro do rei,
tamos observando, como ir adiante? Nenhum exemplo tinha inventado um novo jogo. Era jogado com peças
na história da ciência ilustra melhor esse drama do que móveis sobre um tabuleiro quadrado que consistia em
o nascimento da física quântica, que descreve o com- 64 quadrados vermelhos e pretos. A peça mais impor-
portamento dos átomos e das partículas subatômicas, e tante era o rei. A segunda peça mais importante era o
que está por trás de toda a revolução digital que rege a grão-vizir – exatamente o que se esperaria de um jogo
sociedade moderna. inventado por um grão-vizir. O objetivo era capturar o
Ao final do século XIX, a física estava com muito pres- rei inimigo e, por isso, o jogo era chamado, em persa,
tígio. A mecânica de Newton, a teoria eletromagnética shahmat – shah para rei, mat para morto. Morte ao rei.
de Faraday e Maxwell, a compreensão dos fenômenos Em russo, é ainda chamado shakhmat. Expressão que
térmicos, tudo levava a crer que a ciência estava perto talvez transmita um remanescente sentimento revolu-
de chegar ao seu objetivo final, a compreensão de toda cionário. Até em inglês, há um eco desse nome – o lance
a Natureza. Para a surpresa de muitos, experimentos final é chamado checkmate (xeque-mate). O jogo, claro,
revelaram fenômenos que não podiam ser explicados é o xadrez. Ao longo do tempo, as peças, seus movi-
 VOLUME 6

pelas teorias da chamada era clássica. Não se sabia, por mentos, as regras do jogo, tudo evoluiu. Por exemplo, já
exemplo, se átomos eram ou não entidades reais, já que não existe um grão-vizir – que se metamorfoseou numa
a física clássica previa que seriam instáveis. Gradual- rainha, com poderes muito mais terríveis.
mente, ficou claro que uma nova física era necessária A razão de um rei se deliciar com a invenção de um
para lidar com o mundo do muito pequeno. Mas que jogo chamado “Morte ao rei” é um mistério. Mas reza

26  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


a história que ele ficou tão encantado que mandou o outro truque foram capazes de melhorar o número de
grão-vizir determinar sua própria recompensa por ter quilômetros caminhados por quilo de feijão consumido.
criado uma invenção tão magnífica. O grão-vizir tinha a Mas, agora, depois de anos investigando o funciona-
resposta na ponta da língua: era um homem modesto, mento de nossas pernas, um grupo de cientistas cons-
disse ao xá. Desejava apenas uma recompensa simples. truiu uma traquitana simples, mas extremamente sofis-
Apontando as oito colunas e as oito filas de quadrados ticada, que é capaz de diminuir o consumo de energia
no tabuleiro que tinha inventado, pediu que lhe fosse de uma caminhada em até 10%.
dado um único grão de trigo no primeiro quadrado, o Trata-se de um pequeno exoesqueleto que recobre nos-
dobro dessa quantia no segundo, o dobro dessa quantia so pé e fica preso logo abaixo do joelho. Ele mimetiza
no terceiro e assim por diante, até que cada quadrado o funcionamento do tendão de Aquiles e dos músculos
tivesse o seu complemento de trigo. Não, protestou o ligados ao tendão. Uma haste na altura do tornozelo,
rei, era uma recompensa demasiado modesta para uma a qual se projeta para trás, segura uma ponta de uma
invenção tão importante. Ofereceu joias, dançarinas, mola. Outra haste, logo abaixo do joelho, segura uma
palácios. Mas o grão-vizir, com os olhos apropriadamen- espécie de embreagem (...).
te baixos, recusou todas as ofertas. Só desejava peque-
nos montes de trigo. Assim, admirando-se secretamen- Fernando Reinach, www.estadao.com.br, 13/06/2015. Adaptado.
te da humildade e comedimento de seu conselheiro, o
rei consentiu. a) Transcreva o trecho do texto em que o autor explo-
No entanto, quando o mestre do Celeiro Real começou ra, com fins expressivos, o emprego de termos contra-
a contar os grãos, o rei se viu diante de uma surpre- ditórios, sublinhando-os.
sa desagradável. O número de grãos começa bem pe- b) Esse excerto provém de um artigo de divulgação
queno: 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, 512, 1024... mas científica. Aponte duas características da linguagem
quando se chega ao 64º quadrado, o número se torna nele empregada que o diferenciam de um artigo cien-
colossal, esmagador. Na realidade, o número é quase tífico especializado.
18,5 1quintilhões. Talvez o grão-vizir estivesse fazendo
uma dieta rica em fibras. 16. (Fuvest 2021) O texto a seguir é fragmento de um
artigo de divulgação científica.
Quanto pesam 18,5 quintilhões de grãos de trigo? Se
cada grão tivesse o tamanho de um milímetro, todos os A preferência pela mão esquerda ou direita provavel-
grãos juntos pesariam cerca de 75 bilhões de toneladas mente é resultado de um processo complexo, que en-
métricas, o que é muito mais do que poderia ser arma- volve fatores genéticos e ambientais. O no estudo, fru-
zenado nos celeiros do xá. Na verdade, esse número to de uma colaboração internacional, é a maior análise
equivale a cerca de 150 anos da produção de trigo mun- genética focada em canhotos da história: utilizou dados
dial no presente. O relato do que aconteceu a seguir de 1,7 milhão de pessoas, extraídos de bancos como o
não chegou até nós. Se o rei, inadimplente, culpando-se UK Biobank e a empresa privada 23andMe. Comparan-
pela falta de atenção nos seus estudos de aritmética, do os genomas de destros, canhotos e ambidestros, a
entregou o reino ao vizir, ou se o último experimentou equipe descobriu que há 41 pares de bases ligados às
as aflições de um novo jogo chamado vizirmat, não te- chances de uma pessoa ser canhota, e sete relacionados
mos o privilégio de saber. a ambidestros. Um “par de bases é, grosso modo, uma
letrinha do DNA (A, T, C ou G). Cada gene contém as
1
1 quintilhão = 1.000.000.000.000.000.000 - 1018. Para instruções para fabricar uma proteína. Uma mudança
se contar esse número a partir de 0 (um número por em uma única letrinha do gene é capaz de mudar a se-
segundo, dia e noite), seriam necessários 32 bilhões de quência de tijolinhos que constroem essa proteína, e,
anos (mais tempo do que a idade do universo). por tabela, sua função. Ou seja: o que os geneticistas
(Carl Sagan. Bilhões e bilhões, 2008. Adaptado.) encontraram foram 41 letrinhas de DNA que aparecem
só em pessoas canhotas. Daí até saber o que exatamen-
14. (Unifesp 2016) Por ser um artigo de divulgação te essas letrinhas mudam é outra história.
científica, o texto apresenta uma linguagem
B. Carbinatto, “Estudo identifica 41 variações no genoma
a) técnica e impessoal. associadas a pessoas canhotas”. Adaptado.

b) hermética e mal-humorada. a) Retire do texto duas características linguísticas


c) acessível e divertida. que permitem classificá-lo como artigo de divulgação
d) rebuscada e pretensiosa. científica.
e) inteligível e pedante. b) Quais os sentidos, no texto, gerados pelo empre-
go do diminutivo nas palavras “letrinha(s)” e “tijoli-
15. (Fuvest 2016) Leia este texto.
nhos”? Explique.
 VOLUME 6

Nosso andar é elegante e gracioso, e também extrema- TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
mente eficiente do ponto de vista energético. Somos
capazes de andar dezenas de quilômetros por quilo Escrever é um ato 1não natural. 2A palavra falada é mais
de feijão ingerido. Até agora, nenhum sapato, nenhu- velha do que nossa espécie, e o instinto para a lingua-
ma técnica especial de balançar os braços, ou qualquer gem permite que as crianças engatem em conversas

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  27


articuladas anos antes de entrar numa escola. 3Mas a de “singularidade”. Essa semente cósmica permanecia
palavra escrita é uma invenção recente que não deixou em estado latente e, sem que exista ainda uma expli-
marcas em nosso 4genoma e precisa ser adquirida 5me- cação definitiva, começou a inchar rapidamente [...].
diante esforço ao longo da infância e depois. No intervalo de um piscar de olhos, por exemplo, seria
6
A fala e a escrita diferem em seus mecanismos, 7é claro, possível, portanto, que ocorressem mais de 10 trilhões
e essa é uma das razões pelas quais 8as crianças preci- de Big Bangs.
sam lutar com a escrita: reproduzir os sons da língua ALLEGRETTI. F. Veja. 26 mar. 2014 (adaptado).
com um lápis ou com o teclado 9requer prática. 10Mas
a fala e a escrita diferem também de outra maneira, o No título proposto para esse texto de divulgação cien-
que faz da aquisição da escrita um desafio para toda tífica, ao dissociar os elementos da expressão Big Bang,
uma vida, mesmo depois que seu funcionamento foi a autora revela a intenção de
dominado. Falar e escrever envolvem tipos diferentes a) a evidenciar a descoberta recente que comprova a
de relacionamentos humanos, e somente o que 11diz explosão de matéria e energia.
respeito à fala nos chega naturalmente. A conversação b) resumir os resultados de uma pesquisa que trouxe
falada é 12instintiva porque a interação social é instin- evidências para a teoria do Big Bang.
tiva: falamos às pessoas “com quem temos diálogo”. c) sintetizar a ideia de que a teoria da expansão de
Quando começamos um diálogo com nossos interlocu- matéria e energia substitui a teoria da explosão.
tores, temos uma suposição do que já sabem e do que
d) O destacar a experiência que confirma uma inves-
poderiam estar interessados em aprender, e durante a
tigação anterior sobre a teoria de matéria e energia.
conversa monitoramos seus olhares, expressões faciais
e) condensar a conclusão de que a explosão de maté-
e atitudes. Se eles precisam de esclarecimentos, ou não
ria e energia ocorre em um ponto microscópico.
conseguem aceitar uma afirmação, ou têm algo a acres-
centar, podem interromper ou replicar. 19. (Enem 2015) Embora particularidades na produção
Não gozamos dessa troca de feedbacks quando lança- mediada pela tecnologia aproximem a escrita da orali-
mos ao vento um texto. Os destinatários são invisíveis e dade, isso não significa que as pessoas estejam escre-
13
imperscrutáveis, e temos que chegar até eles sem co- vendo errado. Muitos buscam, tão somente, adaptar o
nhecê-los bem ou sem ver suas reações. 14No momento uso da linguagem ao suporte utilizado: “O contexto é
em que escrevemos, o leitor existe somente em nossa que define o registro de língua. Se existe um limite de
imaginação. Escrever é, antes de tudo, um ato de faz de espaço, naturalmente, o sujeito irá usar mais abreviatu-
conta. Temos de nos imaginar em algum tipo de con- ras, como faria no papel”, afirma um professor do De-
versa, ou correspondência, ou discurso, ou solilóquio, e partamento de Linguagem e Tecnologia do Cefet-MG.
colocar palavras na boca do pequeno avatar que nos Da mesma forma, é preciso considerar a capacidade do
representa nesse mundo simulado. destinatário de interpretar corretamente a mensagem
emitida. No entendimento do pesquisador, a escola, às
Adaptado de Steven Pinker, Guia de Escrita vezes, insiste em ensinar um registro utilizado apenas
em contextos específicos, o que acaba por desestimular
17. (Mackenzie 2018) O texto, pela sua estrutura e lin-
o aluno, que não vê sentido em empregar tal modelo
guagem, pode ser caracterizado corretamente como:
em outras situações. Independentemente dos aparatos
a) uma descrição sobre um objeto definido, caracteriza- tecnológicos da atualidade, o emprego social da língua
do detalhadamente. revela-se muito mais significativo do que seu uso es-
b) um texto informativo com teor de divulgação cien- colar, conforme ressalta a diretora de Divulgação Cien-
tífica. tífica da UFMG: “A dinâmica da língua oral é sempre
c) uma narração com o desenvolvimento de um enredo. presente. Não falamos ou escrevemos da mesma forma
d) um tratado argumentativo que defende um ponto que nossos avós”. Some-se a isso o fato de os jovens se
de vista político. revelarem os principais usuários das novas tecnologias,
por meio das quais conseguem se comunicar com facili-
e) um texto de teor pessoal com forte presença de índi-
dade. A professora ressalta, porém, que as pessoas pre-
ces de subjetividade.
cisam ter discernimento quanto às distintas situações, a
18. (Enem 2018) Mais big do que bang fim de dominar outros códigos.
SILVA JR., M. G.; FONSECA. V. Revista Minas Faz Ciência,
A comunidade científica mundial recebeu, na semana n. 51, set.-nov. 2012 (adaptado).
passada, a confirmação oficial de uma descoberta so-
bre a qual se falava com enorme expectativa há alguns Na esteira do desenvolvimento das tecnologias de in-
meses. Pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvar- formação e de comunicação, usos particulares da escri-
d-Smithsonian revelaram ter obtido a mais forte evi- ta foram surgindo. Diante dessa nova realidade, segun-
 VOLUME 6

dência até agora de que o universo em que vivemos do o texto, cabe à escola levar o aluno a
começou mesmo pelo Big Bang, mas este não foi explo- a) interagir por meio da linguagem formal no con-
são, e sim uma súbita expansão de matéria e energia texto digital.
infinitas concentradas em um ponto microscópico que, b) buscar alternativas para estabelecer melhores
sem muitas opções semânticas, os cientistas chamam

28  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias


contatos on-line.
c) adotar o uso de uma mesma norma nos diferentes
suportes tecnológicos.
d) desenvolver habilidades para compreender os tex-
tos postados na web.
e) perceber as especificidades das linguagens em di-
ferentes ambientes digitais.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Luc Boltanski e Ève Chiapello demonstram com clareza


e sagacidade a capacidade antropofágica do capitalis-
mo financeiro que “engole” a linguagem do protesto e
da libertação para transformá-la e utilizá-la para legi-
timar a dominação social e política a partir do próprio
mercado.
Na dimensão do mundo do trabalho, por exemplo, todo
um novo vocabulário teve que ser inventado para es-
camotear as novas transformações e melhor oprimir o
trabalhador. Com essa linguagem aparentemente liber-
tadora, passa-se a impressão de que o ambiente de tra-
balho melhorou e o trabalhador se emancipou.
Assim houve um esforço dirigido para transformar o
trabalhador em “colaborador”, para eufemizar e es-
conder a consciência de sua superexploração; tenta-se
também exaltar os supostos valores de liderança para
possibilitar que, a partir de agora, o próprio funcionário,
não mais o patrão, passe a controlar e vigiar o colega
de trabalho. Ou, ainda, há a intenção de difundir a cultu-
ra do empreendedorismo, segundo a qual todo mundo
pode ser empresário de si mesmo. E, o mais importante,
se ele falhar nessa empreitada, a culpa é apenas dele. É
necessário sempre culpar individualmente a vítima pelo
fracasso socialmente construído.
SOUZA, Jessé. Como o racismo criou o Brasil.
Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2021.

20. (Fuvest 2023) De acordo com o texto, o uso de “co-


laborador” no lugar de “trabalhador”, no campo das
relações de trabalho, indica
a) o apagamento da linguagem de reivindicação e a
falsa ideia de um trabalhador fortalecido.
b) a valorização do trabalhador vigiado pelo Estado
nas tradicionais relações empregatícias.
c) a difusão da cultura da meritocracia, que fortalece
as relações do trabalhador com o Estado.
d) a consciência do patrão que rejeita a cultura do
neoliberalismo.
e) o impedimento de o trabalhador investir na prática
do empreendedorismo.
 VOLUME 6

LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias  29


ENTRE ASPAS - OBRAS LiTERÁRiAS LiNGUAGENS, CÓDiGOS E SUAS TECNOLOGiAS

Você também pode gostar