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ENTRE
ASPAS
LIVRO OBRAS
TEÓRICO
LINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIAS
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral,
com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totali-
zando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla,
de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a
aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:
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Murilo de Almeida Gonçalves
Editoração eletrônica
Letícia de Brito
Matheus Franco da Silveira
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ISBN
978-85-9542-237-7
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por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a in-
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SUMÁRIO
ENTRE ASPAS
OBRAS LITERÁRIAS
OBRA 1: MARÍLIA DE DIRCEU: TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA 004
OBRA 2: QUINCAS BORBA: MACHADO DE ASSIS 010
OBRA 3: ALGUMA POESIA: CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 019
OBRA 4: MENSAGEM: FERNANDO PESSOA 024
OBRA 5: ANGÚSTIA: GRACILIANO RAMOS 032
OBRA 6: ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA: CECÍLIA MEIRELES 042
MARÍLIA
DE DIRCEU
LC
OBRA Tomás Antônio
Universidade de Coimbra (Portugal)
1 Gonzaga
Em Vila Rica, essas ideias levaram vários intelectuais e es-
critores a sonhar com a independência do Brasil, principal-
mente após a repercussão do movimento de independên-
cia dos Estados Unidos das América (1776). Tais sonhos
culminaram na frustrada Inconfidência Mineira (1789).
2. Autor
3. A arte e a vida
A poesia de Tomás Antônio Gonzaga, se comparada à dos
demais poetas árcades brasileiros, apresenta algumas ino- A obra Marília de Dirceu é uma das grandes representantes
vações que apontam para uma transição entre Arcadismo do arcadismo no Brasil, apesar de apresentar algumas
e Romantismo. características particulares, como podemos observar na
VOLUME 1
As características centrais do arcadismo que estão presen- A obra Marília de Dirceu é tradicionalmente dividida em
tes no poema são: duas partes. Porém, é possível encontrar edições com três
partes sendo que a terceira é uma reunião de poemas sol-
§ Uma forte preocupação formal com o poema, do aspec- tos de Tomás Antônio Gonzaga que são atribuídos temati-
to racionalista oriundo desta pulsão neoclássica, todavia camente ao conjunto de Marília de Dirceu.
neste caso renunciando ao uso dos tradicionais versos
decassílabos. Neste sentido, a linguagem assume uma di-
Parte 1
mensão de simplicidade e coloquialismo, uma vez que há
uma aproximação estética entre forma e conteúdo; A primeira parte do poema compõe-se de um eu-lírico
otimista, que busca uma vida futura feliz, casado com sua
§ O culto à natureza, ao chamado “pastoralismo”, uma
amada e vivendo uma vida perfeita e equilibrada junto ao
espécie de constituição estética das arcádias em que o
campo. O poeta celebra sua musa, ou seja, a pastora Marília.
eu-lírico se transmuta em uma voz típica da enunciação
árcade, um pastor que vive uma vida simples em harmonia Esta parte do livro foi escrita antes da perseguição e prisão
e equilíbrio com o ambiente. do autor, bem como do castigo impresso pela coroa portu-
guesa de ser exilado para Moçambique.
§ A recuperação da tradição Greco-latina, especialmente ob-
servada na menção de elementos da mitologia grega, mas Parte 2
principalmente na relação temática dos clichês latinos;
A segunda parte da obra “Marília de Dirceu” é escrita du-
§ O culto à simplicidade somado ao repúdio à vida citadina rante a prisão e o exílio de Tomás Antônio Gonzaga. Ele
como fundamentos que guiam o poeta em sua louvação imprime um ritmo um pouco diferente da parte inicial em
do amor e da amada em equilíbrio com o meio bucólico claro nunca deixar de exaltar sua amada Marília.
e pastoril.
O que o vestibulando precisa atentar e isso é motivo de
muitos tropeços nos vestibulares é que essa é uma parte
que assume um tom melancólico e com pitadas de pessi-
mismo, uma vez que o eu-lírico entende que diante de sua
VOLUME 1
A Musa
fui honrado pastor da tua aldeia; Marília de Dirceu, 1946 - Guignard Óleo sobre gesso e cola
vestia finas lãs e tinha sempre 172,00 cm x 116,00 cm Col. Família Rodrigo M.F. de Andrade
a minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado, Marília de Dirceu é muitas vezes exaltada ao patamar de
nem tenho a que me encoste um só cajado. uma personagem mitológica. Além, claro, de ser a musa
Um exemplo disso se dá na lira I, 2, em que a aparência de 3. Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga, transcrito
a seguir, e marque a alternativa que aponta três carac-
Marília é comparada ao retrato do deus Cupido:
terísticas do Arcadismo brasileiro que nele podem ser
Pintam, Marília, os Poetas observadas.
A um menino vendado, Lira I
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão; Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Ligeiras asas nos ombros, Que viva de guardar alheio gado;
O tenro corpo despido, De tosco trato, d’expressões grosseiro,
E de Amor ou de Cupido Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
São os nomes, que lhe dão. Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Não foram, Vila Rica, os meus projetos, 4. Assinale a alternativa correta em relação a Marília de
Meter em ferro cofre cópia de ouro, Dirceu, de Tomás Antonio Gonzaga.
Que farte aos filhos, e que chegue aos netos: a) No livro, é estabelecido um contraste entre a pai-
sagem, bucólica e amena, e o cenário da masmorra,
Outras são as fortunas, que me agouro,
opressivo e triste.
Ganhei saudades, adquiri afetos,
Vou fazer deste bens melhor tesouro. b) Trata-se de um conjunto de cartas de amor, en-
viadas por Marília, de Minas Gerais, a Dirceu, que se
1. Analisando as características do poema, assinale o encontra em Moçambique.
movimento literário ao qual ele pertence, bem como o c) Na obra, o pensamento racional é anulado em fa-
seu autor: vor do sentimentalismo romântico.
a) Romantismo, de autoria de Gonçalves Dias. d) Nas liras de Gonzaga, Marília é uma mulher irreal,
b) Arcadismo, de autoria de Santa Rita Durão. incorpórea, imaginada pelo pastor Dirceu.
c) Arcadismo, de autoria de Tomás Antônio Gonzaga. e) Trata-se de um livro satírico, carregado de termos
d) Simbolismo, de Alphonsus de Guimaraens. pejorativos em relação às convenções da época.
e) Romantismo, de autoria de Álvares de Azevedo. Texto para as próximas duas questões.
2. Sobre a obra Marília de Dirceu é correto afirmar: Lira XV
I. Tem caráter autobiográfico, sendo Marília o sujeito lí- Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,
VOLUME 1
rico de Maria Joaquina Dorotéia Seixas, amor proibido Fui honrado Pastor da tua aldeia;
de Tomás Antônio Gonzaga. Vestia finas lãs, e tinha sempre
II. Contém as seguintes características árcades: exalta- A minha choça do preciso cheia.
ção ao bucolismo, linguagem coloquial, culto à simpli- Tiraram-me o casal, e o manso gado,
cidade. Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.
LC
estreou como crítico teatral, para a Semana Ilustrada e para
o Jornal das Famílias, no qual publicou contos. Foi um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras, que presidiu
por mais de dez anos. Casou-se com Carolina Augusta Xa-
vier de Novais, que foi sua companheira durante 35 anos.
humilde, muda radicalmente de vida quando conhece o incomodava, por ser um nome de velha. É uma mulher
filósofo Quincas Borba e se torna seu herdeiro. Rubião prendada, que aprende bons costumes com sua prima.
demonstra descontrole em relação à fortuna, além de “Maria Benedita, nome que a fechava, por ser de ve-
se mostrar ingênuo. Apaixona-se por Sofia, mulher de lha, dizia ela; mas a mãe retorquia-lhe que as velhas
seu mais novo amigo, Cristiano Palha. foram algum dia moça as meninas, e que os nomes
as batatas!”
Esta tal “filosofia” se enquadra no jogo de fingimento das
relações sociais em que a aparente moralidade esconde a
imoralidade dessas relações.
tar qualquer medida, aparecer em qualquer parte do da emenda de alguns erros tipográficos, tais e tão poucos
texto e em obras de qualquer outra natureza, sobretudo que, ainda conservados, não encobririam o sentido.
a poesia épica, o romance e o ensaio. Empregada desde
a antiguidade greco-latina, constitui expediente difícil de Um amigo e confrade ilustre tem teimado comigo para que
manejar, uma vez que pode comprometer a integridade dê a este livro o seguimento de outro. “Com as Memórias
prenhe de questões, que nos levariam longe. Eia! chora os a) jornalista – receber um prêmio
dois recentes mortos, se tens lágrimas. Se só tens riso, ri-te! b) professor – receber uma herança
É a mesma coisa. O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, c) enfermeiro – se tornar comerciante
como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os d) filósofo – investir em terras
risos e as lágrimas dos homens. e) enfermeiro – se casar com Sofia
aos muitos “ismos” surgidos no século XIX: darwinis- (Machado de Assis. Quincas Borba.)
mo, positivismo, evolucionismo.
b) da admiração de Machado de Assis pelos muitos Depreende-se do texto que:
“ismos” surgidos no início do século XX: futurismo, a) ao narrar a agonia de Rubião, o narrador deixa
impressionismo, dadaísmo. implícito que aquele merecia as honrarias de um rei.
Gabarito
1. D 2. B 3. E 4. E 5. A
6. D 7. C
VOLUME 1
LC
(Carlos Drummond de Andrade em 'Procura da poesia')
Figura que sintetiza a leitura da modernidade nessa obra Assim, o poeta assume uma posição de tocaia, como quem
aparentemente descontínua é o gauche, indicado no fa- adapta o voyeurismo de Baudelaire. Essa tocaia, no entan-
moso Poema de sete faces. A figura desse passante (pelas to, não deixa de expor percepções e de retorcer sentidos do
ruas, pela vida) remete também aos movimentos moder- fazer poético, da autoidentificação e do projeto nacional do
nos de Baudelaire. Enquanto seja a modernidade a busca modernismo de 22.
por um abandono do arcaico e do provinciano, há a tenta-
tiva de encontro e conciliação com modos de estar nesse Resumo do tópico
novo mundo. O gauche de Drummond, contudo, atualiza
§ Entre “a expressão humana e a angulação geométrica”
o pessimismo do poeta francês, trazendo irreverência ao
soturno e humor como forma de identificação ao sujeito § Consciência moderna múltipla e dinâmica
moderno no Brasil. § Apresentada em discurso poético
§ O gauche e o desajuste
Poema de Sete Faces § Refinamento irônico da própria condição
Quando nasci, um anjo torto § A condição de voyeur
desses que vivem na sombra
§ A existência e a movimentação pelos desejos
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
VOLUME 1
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo Aplicando para aprender (A.P.A.)
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Leia o poema "Sentimental".
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Sentimental
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes Ponho-me a escrever teu nome
que não tinha entrado na história com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
A rua diferente e debruçados na mesa todos contemplam
Na minha rua estão cortando árvores esse romântico trabalho.
botando trilhos
Desgraçadamente falta uma letra,
construindo casas.
uma letra somente
Minha rua acordou mudada. para acabar teu nome!
Os vizinhos não se conformam.
- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eles não sabem que a vida
tem dessas exigências brutas. Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
Só minha filha goza o espetáculo
e se diverte com os andaimes, "Neste país é proibido sonhar."
a luz da solda autógena – Alguma Poesia
e o cimento escorrendo nas formas. 1. Da leitura do poema, é coerente afirmar que:
Sobrevivente a) Drummond recupera o sonho adolescente do me-
nino que se distrai, brincando de estar apaixonado,
Impossível compor um poema a essa altura da evolução da
humanidade. durante a ceia.
Impossível escrever um poema – uma linha que seja – de b) Drummond evoca um amor que se manifesta di-
verdadeira poesia. retamente na figura do sonho, trabalhando o incons-
O último trovador morreu em 1914. ciente, o onírico.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais. c) O discurso direto configura um rompimento poé-
Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades tico elaborado por Drummond, sendo uma inovação
mais simples. característica do modernismo.
Se quer fumar um charuto aperte um botão. d) A ideia do eu lírico extremamente apaixonado
Paletós abotoam-se por eletricidade. contrasta com o restante da obra, na qual o eu lírico
VOLUME 1
LC
melhor ensaio de estilo inglês), finalizando os seus estudos
na África do Sul. No tempo em que viveu no continente
africano, passou um ano de férias (entre 1901 e 1902), em
Portugal, tendo residido em Lisboa e viajado para Tavira,
na intenção de contatar a família paterna, e para a Ilha Ter-
ceira, onde vivia a família materna. Já nesse tempo redigiu,
OBRA Fernando Pessoa sozinho, vários jornais, assinados com diferentes nomes.
2. Mensagem
Mensagem foi um dos poucos livros publicados por Fer-
nando Pessoa em vida e o único em língua portuguesa.
Nele. o autor, estudioso declarado do ocultismo, faz com
que os elementos mais sobressalentes sejam os símbolos.
Fernando Pessoa foi um escritor português de importân- A partir desse "monte e desmonte" dos símbolos, o que
cia ímpar na história da literatura em língua portuguesa. veremos é uma poesia que transcende a própria matéria.
Pessoa nasceu a 13 de Junho, em uma casa do Largo de O significado do termo torna-se incapaz de expressar a
essência daquilo que comunica, os símbolos, por sua vez,
VOLUME 1
nações - a Grécia passada e Portugal futuro - receberam e Dona Filipa de Lencastre (princesa do Santo Gral).
dos deuses a concessão de serem não só elas mas tam-
bém todas as outras. Chamo a sua atenção para o facto, Em seguida, as cinco Quinas do Brasão aparecem como con-
mais importante que geográfico, de que Lisboa e Atenas solidadoras da glória do império português. Elas são repre-
estão quase na mesma latitude. sentadas pelas figuras de Dom Duarte décimo primeiro rei
2.2.1.3. Organização
§ Os campos: apresentação do destino histórico e da
Brasão Real de Portugal no Séc XV. espiritualidade portuguesa
§ Os castelos: criação e espacialização de Portugal (1º rei)
2.2.1.1. Estrutura Interna
§ As quinas: ínclita geração, vitória sobre os mouros, D.
Primeira parte: Brasão – 19 poemas Sebastião
I – Os Campos § A coroa: O santo condestável e Excalibur
1º “O dos Castellos” § O timbre (grifo): os domínios da terra, ar e água –
2º “O das Quinas” encaminhamento para as Grandes Navegações.
Ulisses
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo —
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre Armada portuguesa, Livro de Lisuarte de Abreu, 1565.
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre. 2.2.2.1. Estrutura Interna
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre. Segunda parte: Mar português – 12 poemas
I. O Infante
D. Sebastião, Rei de Portugal
II. Horizonte
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá. III. Padrão
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está IV. O Mostrengo
Ficou meu ser que houve, não o que há. IX. Ascensão De Vasco Da Gama
Minha loucura, outros que me a tomem V. Epitáfio De Bartolomeu Dias
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem VI. Os Colombos
Mais que a besta sadia,
VII. Ocidente
Cadáver adiado que procria?
VIII. Fernão De Magalhães
2.2.2. O mar português X. Mar Português
VOLUME 1
A segunda parte do livro traz à tona as conquistas maríti- XI. A Última Nau
mas de Portugal. Simultaneamente, há uma busca espiritual
XII. Prece
que demonstram a ambição pelo conhecimento de si. Nessa
parte da obra, Pessoa liga o destino de Portugal à vontade
A última nau
Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
5º Nevoeiro Nevoeiro
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Poemas Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
O quinto império
Que é Portugal a entristecer —
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar, Brilho sem luz e sem arder
Sem que um sonho, no erguer de asa, Como o que o fogo-fátuo encerra.
Faça até mais rubra a brasa Ninguém sabe que coisa quer.
Da lareira a abandonar! Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
Triste de quem é feliz! (Que ânsia distante perto chora?)
Vive porque a vida dura. Tudo é incerto e derradeiro.
Nada na alma lhe diz Tudo é disperso, nada é inteiro.
Mais que a lição da raiz —
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
Ter por vida a sepultura.
É a hora!
Eras sobre eras se somem
Valete, Fratres.
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem! Aplicando para aprender (A.P.A.)
E assim, passados os quatro 1. Leia o poema “Tormenta” pertencente à terceira par-
Tempos do ser que sonhou, te do livro Mensagem de Fernando Pessoa.
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro TORMENTA
Da erma noite começou. Que jaz no abismo sob o mar que se ergue?
Grécia, Roma, Cristandade, Nós, Portugal, o poder ser.
Europa — os quatro se vão Que inquietação do fundo nos soergue?
VOLUME 1
Gabarito
VOLUME 1
LC
Ensino Superior.
Em 1927, Graciliano Ramos tornou-se prefeito de Palmei-
ra dos Índios (AL) e, em 1933, estreou na literatura com a
publicação da obra Caetés. Em 1936, foi preso em Maceió
e levado para o Rio de Janeiro acusado de ser comunista.
OBRA Graciliano Ramos
Na então capital do país, não recebeu acusação formal ou
5
julgamento, mas sofreu diversas privações que abalaram
sua saúde. Ficou 9 meses na prisão. Nessa época, escreveu
a obra de denúncia à ditadura de Getúlio Vargas, bem como
de sua experiência como preso político: Memórias do cárcere
(publicado só em 1953). Depois de solto, quase como uma
provocação, filiou-se ao Partido Comunista. Graciliano per-
maneceu no Rio de Janeiro, mas se manteve fiel ao cenário
regional do Nordeste. Não descreveu qualquer paisagem do
Rio durante dezessete anos. Depois de descobrir que estava
1. Graciliano Ramos com câncer, chegou a operar em Buenos Aires, mas não se
curou e morreu em 1953.
O célebre romance Vidas secas, considerado a sua obra
mais importante, foi escrito e publicado em 1938. Conta a
história de uma família de retirantes nordestinos que, atin-
gida pela seca, é obrigada a perambular pelo sertão em
busca de melhores condições de vida.
Do ponto de vista técnico e da profundidade psicológica, An-
gústia (publicado em 1936) se destaca entre todas as obras
de Graciliano Ramos, pois é considerado o seu romance mais
complexo e inovador. A narrativa conta a história de um frus-
trado, Luís da Silva, homem tímido e solitário, que vive entre
dois mundos com os quais não se identifica. Produto de uma
sociedade rural em decadência, Luís da Silva alimenta um
nojo impotente dos outros e de si mesmo. Apaixonado por
uma vizinha, Marina, pede-a em casamento e lhe entrega as
parcas economias para um enxoval hipotético. Surge Julião
Tavares, que tem tudo o que falta a Luís: ousadia, dinheiro,
posição social, euforia e uma tranquila inconsciência. A fútil
Marina se deixa seduzir sem dificuldades, e Luís, amargura-
do, vai nutrindo impulsos de assassino que o levam, de fato,
a estrangular o rival.
Sua família era de classe média e Graciliano teve o privilé- § Identidade nacional.
gio de estudar. A vivência no sertão nordestino se tornaria § Contexto biográfico: aspectos vivenciados no nordeste
uma inspiração para suas obras. Graciliano acabaria abor- brasileiro.
dando em sua literatura temas e situações que pertenciam
2.2. Intertextualidade
A crítica aponta uma interessante intertextualidade em An-
gústia, e o leitor certamente poderá fazer uma associação
com o livro Crime e castigo, do escritor russo Fiódor Dos-
toiévski. De fato, nas duas obras é possível identificar as
angústias de um crime e o medo de ser descoberto.
Em Angústia, o crime é o clímax; em Crime e castigo, é o
2. Angústia ponto de partida para a história, e o personagem consegue
a redenção. Outra influência marcante é a dos naturalistas
2.1. Contexto brasileiros, especialmente a de Aluízio Azevedo, com o de-
terminismo e a animalização do homem. O narrador não
Angústia é um romance publicado por Graciliano Ramos,
quer ser um rato e luta contra isso. Durante diversas pas-
em 1936, e que pertence à segunda geração modernista,
sagens da narrativa, os homens são comparados a bichos,
conhecida como “Regionalista” ou “Geração de 30”. Nes-
como porcos, formigas e ratos; além disso, são utilizados
se período, Graciliano estava preso pelo governo de Vargas
verbos de animais para as reações humanas.
e contou com a ajuda de amigos, como o escritor José Lins
do Rego, para a publicação do livro.
Apesar de Vidas secas ser considerado o grande marco da
2.3. Temas e principais conflitos
obra do autor, Angústia, romance ignorado por parte da O realismo de Graciliano Ramos – considerado o ficcionista
crítica na época do lançamento, é considerado uma das mais importante da Geração de 30 – tem sempre caráter
obras-primas de Graciliano, que entrega ao leitor uma lei- crítico. Nesse sentido, o herói é sempre problemático e não
tura densa sob o ponto de vista do narrador Luís da Silva. aceita o mundo, nem os outros e nem a si mesmo.
Para auxiliar na compreensão do romance, alguns dados
§ Romance de confissão – livro escuro e sombrio.
são fundamentais, como os questionamentos abordados
na narrativa de Luís da Silva. § Economia vocabular – a palavra que corta como faca.
VOLUME 1
Tavares. Ela havia sido utilizada como um objeto fútil e grande facilidade, é seduzida por Julião Tavares e esque-
abandonada grávida, enquanto Julião já estava em outro ce Luís. Grávida de Julião, é abandonada por ele. Aborta
relacionamento. A mágoa, a decepção e o ódio que nutria clandestinamente, sendo tratada muito mal, ridicularizada
aumentavam cada dia mais, fazendo crescer em Luís um e chamada de “puta” e ameaçada por Luís de ser denun-
espírito de vingança. ciada à polícia.
§ Seu Ramalho mão do filho Camilo e do neto Luís. Ele não tem inveja e
envergonha-se diante de lembranças de certas ações cora-
Pai de Marina, um velho decente e sistemático, avisa Luís
josas. Acaba seus dias pobre e esclerosado.
de que a filha não é lá grande coisa. Torna-se amigo de Luís
da Silva quando Marina o abandona para ficar com Julião.
— Vamos entrar, descansar um bocado, Marina. Já que pois a viu entrar e sair na casa da parteira. Luís, que já
chegou aqui, dê mais uns passos. não se apresenta muito constante e racional por causa da
— Você está maluco? Eu vou dar o fora. Qualquer dia somatória desses fatores, desequilibrado, decide matar Ju-
a gente mete o rabo na ratoeira. Os velhos descobrem lião. Luís talvez não tenha consciência, todavia, a morte
tudo, estrilam, e é um fuzuê da desgraça. de Julião poderia fazê-lo readquirir seu próprio equilíbrio
LC
por sua avó materna, a portuguesa Jacinta Garcia Benevides.
Fez o curso primário na Escola Estácio de Sá, onde recebeu
das mãos de Olavo Bilac a medalha de ouro por louvor e
distinção. Em 1917, formou-se professora na Escola Nor-
mal do Rio de janeiro, passando a exercer o magistério em
OBRA Cecília Meireles
escolas oficiais da cidade. Estudou música e línguas.
1. Cecília Meireles português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas.
Cecília Meireles estudou literatura, folclore e teoria educa-
cional. Colaborou na imprensa carioca escrevendo sobre
folclore e atuou como jornalista (1930-1931) publicando
vários artigos sobre educação. Fundou, em 1934, a primeira
biblioteca infantil no Rio de Janeiro – seu interesse pela edu-
cação se transformou em livros didáticos e poemas infantis.
Ainda em 1934, a convite do governo português, viajou para
Portugal, onde proferiu conferências divulgando a literatura
e o folclore brasileiros. No ano seguinte, morria seu marido.
Entre 1936 e 1938, Cecília lecionou Literatura Luso-Brasileira
na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1938,
seu livro de poemas Viagem recebeu o Prêmio de Poesia da
Academia Brasileira de Letras. Em 1940, casou-se com o pro-
fessor e engenheiro agrônomo Heitor Grilo. Nesse mesmo
ano, lecionou Literatura e Cultura Brasileiras na Universidade
do Texas, proferiu conferência sobre Literatura Brasileira, em
Lisboa e Coimbra, e publicou, em Lisboa, o ensaio Batuque,
samba e macumba, com ilustrações de sua autoria.
Em 1942, tornou-se sócia honorária do Real Gabinete Por-
tuguês de Leitura do Rio de Janeiro. Realizou várias viagens
aos Estados Unidos, Europa, Ásia e África, fazendo confe-
rências sobre literatura, educação e folclore.
1.1. Características
VOLUME 1
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo. 1º Motivo da rosa
Tem sangue eterno a asa ritmada. Vejo-te em seda e nácar,
E um dia sei que estarei mudo: e tão de orvalho trêmula,
— mais nada. que penso ver, efêmera,
2.1.1. Personagens
Na constituição dos romanceiros, Cecília Meireles trará à
VOLUME 1
2.1.3. Tempo
Cecília Meireles opta por não fazer uma marcação cronológi-
ca no desenvolvimento de seus poemas – romanceiros –, to-
davia, é sabido que a obra situa-se no século XVIII e abrange
o período do ciclo do ouro (Brasil colônia), desde o período
que antecede a revolta até a morte dos inconfidentes, em
que a autora homenageará os heróis da tragédia mineira.
2.1.2. Espaço
naquelas ladeiras pedregosas, nas minas de ouro, o pal- roicos e históricos são contados a um determinado povo.
co de acontecimentos que foi a cidade de Vila Rica, atual É considerado na tradição como uma junção de poesias
Ouro Preto, centro do poder da então capitania de Minas ou canções de caráter popular. Em geral, a narrativa se de-
Gerais. Hoje considerada um patrimônio histórico mundial bruça sobre tema central, no caso aqui da Inconfidência
e resguardada por todos em suas estruturas arquitetônicas Mineira e seus personagens.
2.3.1. Os romances
A autora faz uma aprofundada pesquisa histórica para es-
VOLUME 1
crever seu Romanceiro da Inconfidência. Nesse livro, por § Romances XXVII ao XLVII: Neste conjunto de roman-
meio de uma hábil síntese entre o dramático, o épico e o ces, surge mais claramente e especificada a atuação de
lírico, há um retrato da sociedade de Minas Gerais do sé- Tiradentes, apelido do alferes Joaquim José da Silva Xa-
culo XVIII, principalmente dos personagens envolvidos na vier. Sua atuação buscava atrair cada vez mais adeptos
velha, ou seja, a redondilha menor, verso de cinco sílabas dica, a Inconfidência ou Conjuração Mineira, episódio
poéticas (pentassílabo) e, predominantemente, a redondi- histórico ocorrido em 1789, que culminou com a morte
lha maior, verso de sete sílabas (heptassílabo). Este tipo de de Tiradentes, apelido de Joaquim José da Silva Xavier,
verso é típico da poesia popular, como ocorre no poema além da perseguição, prisão e morte de tantos outros
intitulado “Fala Inicial”: inconfidentes.
é a Chica-que-manda!
e funcionários da coroa portuguesa.
Cara cor da noite,
§ O amor: Num contexto de tanta violência, revolta e cor- olhos cor de estrela.
rupção, ainda é possível perceber a resistência do amor. O Vem gente de longe
tema surge nos versos dos poetas árcades Tomás Antônio Para conhecê-la.
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VOLUME 1
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