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O termo serial killer foi criado em meados da década de 70, por Robert
Ressier, ex-diretor do Programa de Prisã o de Criminosos Violentos do FBI-
Federal Bureau of Investigation.
O FBI define um serial killer como uma pessoa que mata três ou mais
vítimas com períodos de ''calmarias'' entre os assassinatos. Isto os separa
dos assassinos em massa, que matam quatro pessoas ou mais ao mesmo
tempo( ou em um curto período de tempo) no mesmo local, e dos
assassinos turbulentos, que matam em vá rios locais e em curtos períodos
de tempo. Os serial killers geralmente trabalham sozinhos, matam
estranhos e matam por matar(diferentemente dos crimes passionais).
É um criminoso que mata de forma metó dica e criteriosa, o que o difere
dos outros homicidas. O serial killer seleciona suas vítimas, quase sempre
com as mesmas características.
Em meio aos seus crimes, o serial killer desafia a polícia e a sociedade, sem
demonstrar nenhum remorso por seus atos. Manipula a açã o das pessoas
para obter sua impunidade. Para este psicopata, torna-se um bom desafio
cometer os crimes.
Os crimes em série normalmente sã o cometidos em concurso com crimes
sexuais. Alguns homicidas guardam partes de suas vítimas como “troféus”.
Em seu site, Ilana Casoy, conhecida criminologa na á rea, resume o conceito
e características dos serial killers:
“Serial killers sã o os assassinos que cometem uma série de homicídios com algum intervalo de tempo
entre eles. Suas vítimas têm o mesmo perfil, a mesma faixa etá ria, sã o escolhidas ao acaso e mortas sem
razã o aparente. Para criminosos desse tipo, elas sã o objeto da sua fantasia.
Infelizmente, eles só param de matar, até onde se sabe, quando sã o presos ou mortos. O serial killer
“esfria” entre um crime e outro, nã o conhece sua vítima, tem motivo psicoló gico para matar e necessidade
de controle e dominaçã o. Geralmente suas vítimas sã o vulnerá veis, e o comportamento delas nã o
influencia a açã o do assassino. Esses assassinos começam a agir entre 20 e 30 anos, escolhendo
indivíduos mais fracos, que estã o em algum estereó tipo, e levam uma lembrança ou troféu de cada
assassinato cometido. Por se sentirem acima do bem e do mal, acreditam ser muito espertos, têm
autoconfiança e muitas vezes “jogam” com a polícia.”
Classificação;
1. Aqueles que se concentram no ato- para este tipo, matar é o ato em
sí, por isso matam mais rá pido suas vítimas.
a. Visionários: que matam porque escutam vozes ou tem visõ es que os
levam a fazer isso;
b. Missionários: que matam porque acreditam que devem acabar com
determinado grupo ou tipo de pessoa;
2.Aqueles que se concentram no processo- estes sentem prazer na tortura e
morte lenta de suas vítimas, e por isso matam mais devagar.
a. Hedonistas: podem ser sexuais (que obtém prazer sexual ao matar),
que buscam emoçã o(se excitam ao matar) ou que querem tirar
proveito(acreditam que vã o lucrar de alguma forma);
b. Assassinos em busca de poder: querem ''brincar de Deus'' ou
sentir-se no domínio da vida e da vítima;
3.Perfis Geográficos
4. Mapas Mentais
motivaçã o do assassino.
Reduçã o de pena
7.209, de 11.7.1984)
Assim, para que um indivíduo seja imputá vel é necessá rio que ele nã o só
entenda o cará ter ilícito do que faz, bem como tenha capacidade de
determinar-se de acordo com sua vontade. Ou seja, o agente deve
compreender que a açã o praticada é contra o ordenamento jurídico e ainda
assim escolher voluntariamente seguir o caminho do crime.
Quando a razã o ou voliçã o se encontram diminuídas, ocorre a exclusã o da
imputabilidade, que permite a semi-imputabilidade ou inimputabilidade. O
agente considerado imputá vel submete-se ao trâ mite regular do processo
legal, e, ao final, poderá sofrer pena privativa de liberdade, restritiva de
direitos ou de cunho pecuniá rio.
O fundamento da inimputabilidade é simples: se o indivíduo nã o pode
compreender a ilicitude de seus atos nem agir de acordo com sua vontade,
nã o seria justo punir-lhe por meio de pena.
Existem três critérios doutriná rios para a inimputabilidade: bioló gico,
psicoló gico e sistema misto (biopsicoló gico).
O sistema bioló gico analisa a condiçã o mental do indivíduo; se ele
apresenta alguma enfermidade ou grave deficiência mental será
considerado irresponsá vel sem nenhuma indagaçã o psicoló gica.
O sistema psicoló gico nã o leva em conta a saú de mental, e sim se, no
momento do delito, o agente era capaz de entender a criminalidade do fato
e determinar-se de acordo com isso.
O sistema misto é a uniã o dos dois anteriores: a responsabilidade só se
exclui se o agente, em razã o de enfermidade ou retardo mental, era incapaz
de entendimento ético-jurídico de sua açã o e determinar-se.
O Brasil adota o método biopsicoló gico, exceto em casos de crimes
cometidos por menores de 18 anos, onde se aplica o bioló gico simples, pois
o menor nã o teria o que se chama de maturidade mental.
O Có digo Penal dispõ e sobre as causas da falta da imputabilidade: ser
menor de idade; ter doença mental; ter desenvolvimento mental
incompleto ou retardado. O termo “doença mental” abrange a imensa gama
de doenças mentais, como a epilepsia condutopá tica, esquizofrenia,
neuroses, paranoias, psicoses, etc.
Desenvolvimento mental incompleto é aquele que ainda nã o está
terminado, como nos casos de menores de idade, surdos-mudos sem
educaçõ es especializadas e silvícolas nã o civilizadas. Desenvolvimento
mental retardado é aquele que nã o atingiu a maturidade psíquica, como
nos casos de idiotia, imbecilidade ou debilidade mental, onde o está gio
mental nã o condiz com o está gio de vida onde se encontra o indivíduo.
No caso da semi-imputabilidade, a capacidade de compreender a ilicitude e
a voliçã o estariam parcialmente retiradas do agente no momento do crime.
Em caso do agente ser inimputá vel, sofrerá medida de segurança em
hospital especializado a fim de que se cure ou tenha sua enfermidade
mental controlada. O tempo mínimo de internaçã o varia de um a três anos,
depois disso o interno será submetido a exames que comprovarã o o
aumento ou diminuiçã o de sua patologia, se ele apresentar periculosidade
ainda, permanecerá recluso, repetindo periodicamente os exames.
Se for considerado semi-imputá vel, o criminoso poderá ter a reduçã o da
pena de um terço a dois terços ou aplicaçã o da medida de segurança, de
acordo com o que definir o magistrado em relaçã o a cada caso.
Porém vale dizer que nem toda doença mental indicará ausência de
imputabilidade, pois a medicina se preocupa com qualquer defeito do
funcionamento mental, enquanto o direito se preocupa apenas se o agente
era capaz de compreender seus atos e dispor de sua vontade. Assim,
mesmo que o réu tenha alguma deficiência mental, poderá ser julgado
imputá vel, caso se comprove que sua doença nã o lhe retirou a
compreensã o e vontade.
Nos termos do Art. 182 do Có digo de Processo Penal, o juiz nã o é obrigado
a aceitar as conclusõ es do perito quanto à imputabilidade, podendo decidir
o contrá rio.
apliquem penas".
Pode-se afirmar que os psicopatas possuem consciência da ilicitude de seus
atos. Sob o aspecto cognitivo, os psicopatas compreendem que as suas
condutas podem ser ilícitas. Nã o é no campo racional que se distingue um
indivíduo de personalidade considerada "normal" de outro acometido pela
psicopatia. Em verdade, o psicopata se difere das demais pessoas pelo
aspecto afetivo ou emocional. Uma pessoa com este distú rbio da
personalidade compreende que sua conduta é injustificada, porém
despreza o sofrimento que possa causar à vítima, somente se importando
com o proveito que possa vir a ter de sua açã o.
De regra, os psicopatas possuem capacidade de compreender o cará ter
ilícito de seu ato, constataçã o que por si só poderia nos levar a crer que sã o
indivíduos imputá veis. Sucede que, o problema pode residir na capacidade
de autodeterminaçã o. Em muitos casos, o psicopata nã o possui capacidade
para determinar-se conforme seu entendimento. Nesta hipó tese, o
psicopata seria considerado inimputá vel, a teor do disposto no caput do
artigo 26.
Enfrentando a questã o, Francisco de Assis Toledo, um jurista brasileiro,
reconheceu que em alguns casos a reduçã o da capacidade de
autodeterminaçã o nã o leva necessariamente à reduçã o da capacidade de
entender o cará ter ilícito do fato, dizendo:
"(...) se de um lado a reduçã o da capacidade de
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
Homicídio culposo
Aumento de pena
Foi criado um relató rio de aná lise criminal do VICAP e distribuíram-no nas
59 divisõ es de campo do FBI. Projetado para ser uma aná lise por
computador o relató rio era um documento amedrontador, mas, era
importante em seu todo.
Constituído por 189 perguntas á serem respondidas em 42 subtítulos. O
agente do FBI, apó s recolher informaçõ es administrativas devia fornecer
informaçõ es sobre um de três tipos de crime: homicídio ou tentativa de
homicídio; corpo nã o identificado com suspeita de ser vítima de homicídio;
ou sequestro ou desaparecimento de uma pessoa. Também havia
necessidade de informar se o criminoso tinha relaçõ es com trá fico de
drogas, ou matado anteriormente.
Em seguida vinham os detalhes do caso específico, como: datas e horá rios;
o estado (civil, de emprego, de escolaridade etc.); identificaçã o da vítima; e
uma completa descriçã o física, incluindo marcas de nascença, tatuagens e
outras características físicas notá veis. Depois, o formulá rio requisitava
informaçõ es sobre as pessoas suspeitas, bem como qualquer pessoa detida
no momento e detalhes dos veículos envolvidos no crime.
Até esse ponto, o agente tinha respondido 95 questõ es. Mais 61 perguntas
vinham relacionadas ao “Modus Operandi do Ataque”. Apó s, 30 perguntas
deveriam ser respondidas pelo médico legista e pelos investigadores
forenses. Por fim, o agente deveria fornecer uma lista de outros casos que
pudessem estar relacionados, bem como um “resumo narrativo” que incluía
todos os detalhes que o agente julgasse relevantes que nã o foram
abordados anteriormente.
Por ultimo, o FBI salientava, “os casos em que o infrator foi detido ou
identificado devem ser apresentados para resolver casos no sistema VICAP
que possam estar relacionados com infratores já reconhecidos”.
Trinta anos depois da proposta, em outubro de 2009, o FBI a coloca em
prá tica, com quatro programas bá sicos: VICAP; criaçã o de perfis;
investigaçã o e desenvolvimento; e treinamento de agentes e de policiais
locais.
O VICAP foi inicialmente adotado pela maioria dos estados e continua
sendo empregado pelo FBI. Porém, muitos Departamentos Policiais
acharam que a proposta era complexa e lenta e aprovaram relató rios
abreviados. As policias de Rochester, Baltimore, Kansas City, Mobile,
Filadélfia e Chicago, o condado de Los Angeles e os estados de Nova York,
Connecticut, Massachusetts e Virginia adotaram relató rios mais curtos.
Outros estados criaram seus pró prios sistemas de monitoramento que nã o
estavam diretamente ligados ao FBI.
Com todos os estudos, constata-se que apesar do valor do relató rio VICAP
na hora de comparar crimes ou localizar os autores, e apesar dos
programas de treinamento oferecidos pelo FBI, o trabalho dos criadores de
perfis continua a ser muito intuitivo. Entretanto, em 1990 foi publicado na
revista Law & Human Behavior um novo perfil pelo qual concluíram que os
criadores de perfis podem produzir perfis mais ú teis e vá lidos dos
criminosos do que os psicó logos clínicos ou os investigadores criminalistas
mais experientes.
Algo que também merece atençã o é o tratamento que a mídia dá aos serial
killers, e o quanto isso influencia a sociedade, e acaba por aumentar o
problema.
Nos dias atuais, a mídia, principalmente telejornais e jornais impressos,
lucram com a audiência que ganham através de notícias e reportagens
sobre crimes e atos de extrema violência de que tratam. A sociedade parece
ter se acostumado a ver mortes, assassinatos, estupros, roubos, sequestros,
e todo tipo de violência que se possa e nã o se possa imaginar. A televisã o
transmite essas “informaçõ es” praticamente o dia inteiro: na hora de
almoço, de jantar, de manhã , tarde e noite, sem escrú pulos nem limites; e
ainda pior: os fatos chegam distorcidos e cheios de comentá rios jurídicos
completamente equivocados.
Além disso, a cada ano sã o produzidos mais filmes, seriados, jogos e livros
contando histó rias macabras de violência, tortura e morte, que vá rias
pessoas, principalmente jovens, consomem com avidez.
Algumas destas produçõ es, inclusive, retratam serial killers, verdadeiros ou
fictícios. Como exemplo, cita-se grandes sucessos de bilheteria mundial:
Seven, os 7 pecados capitais; O Iluminado; Jogos Mortais; Pâ nico; O
Albergue; além de filmes sobre os pró prios assassinos, como O Zodíaco e
Jack, o Estripador. Estima-se que só em relaçã o a este ú ltimo existam mais
de 215 filmes, 11 livros, 9 programas de TV e uma ó pera.
Isso tem se tornado um grande problema social, estimulando cada vez mais
o surgimento de pessoas violentas e criminosas.
Por mais que alguns afirmem que ver violência nã o torna ninguém violento,
nã o se pode ignorar o fato de que atualmente a populaçã o está acostumada
a ver cenas hediondas e nã o reagir, tornou-se normal e cotidiano ouvir falar
de pessoas que foram baleadas na rua, que foram esfaqueadas, atropeladas,
entre outras coisas bem piores. A mídia tem explorado esses temas visando
apenas lucro, sem se importar com a deformaçã o social que está causando.
Os serial killers gostam de chamar a atençã o: muitos deles acompanhavam
as notícias e investigaçõ es sobre seus crimes enquanto nã o eram
localizados. Para eles, aparecer na mídia é como ganhar um troféu pelos
seus atos, eles nã o se envergonham do que fizeram, pelo contrá rio, sentem
orgulho de exibir sua “arte” e serem conhecidos pelo mundo.
Alguns deles, como é o caso do Assassino da Praia do Cassino, se tornam
serial killers inspirados por outros de quem ouviram falar na televisã o. No
caso do supracitado serial killer, se tornou assassino porque queria que o
Sul tivesse seu pró prio Maníaco do Parque.
Sã o conhecidos por serem sedutores, enigmá ticos, despertando a
curiosidade e interesse de quase todas as pessoas. Isso também acontece
quando eles aparecem na mídia: a populaçã o fica fascinada. Enquanto
alguns assistem a tudo e ficam horrorizados, outros acabam admirando os
assassinos e começam a idolatrá -los, podendo até querer tornar-se igual a
eles. Nenhuma das duas situaçõ es é aceitá vel, como estudado a seguir.
Algumas pessoas chegam a fazer coleçõ es e pequenos museus sobre um
serial killer que admira, comprando seus objetos pessoais, acumulando
fotos dele e seus crimes, compram livros que falem sobre ele, entre outras
coisas. Isso obviamente é um comportamento doentio de alguém que nã o
tem a percepçã o e noçã o da realidade, podendo se tornar alguém violento
ou até mesmo assassino. Afinal, quem admira um assassino, boa pessoa nã o
pode se tornar.
Outra hipó tese é de que, ao ver os documentá rios e reportagens sobre
serial killers, a populaçã o fique aterrorizada. É claro que é impossível ouvir
falar e ver cenas destes crimes horríveis sem sentir certa repugnâ ncia,
medo e horror. O problema é que a populaçã o nã o tem conhecimento de
direito, e nã o está pronta para reconhecer as medidas necessá rias para
julgar estes casos.
Mesmo que seja um assassinato simples, a maioria das pessoas dirá : “Esse
criminoso merece morrer.”, ou “Esse homem só pode ser louco para
cometer tal atrocidade!”. Percebe-se que nenhuma destas opiniõ es condiz
com o presente tema, já que, primeiramente, nã o existe pena de morte no
Brasil, nem existirá , a menos que seja criada uma nova Constituiçã o; e,
como já visto, serial killers nã o sã o “loucos”. Por este julgamento
precipitado das pessoas, o serial killer sofreria medida de segurança, o que
certamente o beneficiaria. É necessá rio lembrar que, em casos de
homicídio, o caso será julgado no tribunal do jú ri, e que os jurados serã o
pessoas comuns, que, provavelmente, se assistirem os telejornais, terã o
uma opiniã o errada e acabarã o por julgar o indivíduo sem qualquer ló gica
ou fundamento no direito.
Também nisto erram os apresentadores de televisã o, que adoram lançar
sua opiniã o, sem conhecimento nenhum de direito, sobre os criminosos,
sem nem ao menos ter sido feita uma investigaçã o ou aná lise do caso. Deve-
se esclarecer que os ú nicos que podem julgar uma pessoa, e declará -la
inocente ou culpada sã o os juízes de direito e magistrados. A funçã o da
mídia nunca foi julgar nem estabelecer opiniõ es, mas apenas informar.
É possível perceber o ponto ao que a sociedade chegou, com seus filmes,
jornais, novelas, seriados, jogos, livros. A sociedade está deturpada e
corrompida. Ai está o motivo pelo qual o nú mero de psicopatas e serial
killers vem aumentando assombrosamente.
Serial killer é a denominaçã o dada aos criminosos que matam mais de três
pessoas, com intervalos de calmaria, utilizando-se normalmente de
métodos parecidos ou idênticos, e escolhendo também vítimas com algum
perfil comum. Diferente dos psicó ticos, os serial killers podem ser
considerados psicopatas, pois têm sua saú de mental perfeita, sendo à s
vezes mais capazes mentalmente do que pessoas comuns. No entanto, têm
uma deficiência psicoló gica, que os faz serem incapazes de terem emoçõ es
como as outras pessoas: nã o sentem remorso, piedade, culpa, compaixã o.
Sabem que seus atos sã o contra as leis, mas moralmente nã o se sentem
compelidos a segui-las.
Sendo um assunto pouco estudado no Brasil, surgiu a discussã o se os serial
killers devem ser considerados imputá veis ou inimputá veis. À luz do que
foi analisado e estudado neste trabalho, chegou-se à opiniã o de que, de fato,
os serial killers nã o sã o doentes mentais, mas também nã o sã o iguais à s
outras pessoas psicologicamente. Assim, sendo conscientes de seus atos,
mas nã o tendo a noçã o moral sobre eles, deve-se analisar cada caso para
determinar uma sançã o justa, pois cada serial killer é diferente dos demais.
O melhor método para definir por imputá vel ou nã o, é a aná lise do modus
operandi, da cena do crime, entre outros fatores, para classificá -lo como
organizado ou desorganizado. Sendo organizado, é notá vel que seu
raciocínio e saú de mental estã o intactos. Porém, no caso de ser
desorganizado, poderá ser mentalmente insano, ou seja, inimputá vel.
É perceptível também que os traumas durante a infâ ncia fizeram aflorar a
personalidade psicopata em vá rios casos, nos dando a conclusã o de que o
fator que mais influencia no surgimento de um serial killer é o abuso físico
e emocional. Sendo assim, o problema nã o está na mente, nem na genética,
nem em danos sofridos ao corpo. Embora esses fatores possam ter certa
influência, a psicopatia só se desenvolve quando a pessoa é submetida a
choques psicoló gicos, traumas e abusos.
Dessa forma, criar leis e puniçõ es pode remediar o problema, mas, somente
a mudança na sociedade pode prevenir esse tipo de crime, e evitar que
mais vidas sejam destruídas: a das vítimas, e também a dos serial killers.
APÊNDICE A
PESQUISA DE CAMPO
1.INTRODUÇÃO
Segundo Ilana Casoy, serial killers sã o “indivíduos que cometem uma série
de homicídios durante algum período de tempo, com pelo menos alguns
dias de intervalo entre eles.” Para a autora, a diferença entre um serial
killer e um assassino comum nã o se encontra na quantidade de pessoas
mortas, e sim na falta de motivaçã o dos assassinatos.
A grande maioria dos assassinatos em série ocorrem sem que haja uma
relaçã o perceptível entre o assassino e suas vítimas. A vítima representa
um símbolo. “Na verdade, ele nã o procura uma gratificaçã o no crime,
apenas exercita seu poder e controle sobre outra pessoa.”
Casoy ensina que o termo “Serial Killer” foi usado pela primeira vez pelo
agente aposentado do FBI Robert Ressler, grande especialista no assunto.
Ressler pertencia à Behavioral Sciences Unit (Unidade de Ciência
Comportamental) do FBI.
A Unidade de Ciência Comportamental, dando seguimento à pesquisa do
psiquiatra James Brussel, começou seus trabalhos montando uma
biblioteca com entrevistas com serial killers condenados por todos os
Estados Unidos. Com o objetivo de entender o que os levava a matar, os
investigadores entrevistavam muitos serial killers famosos, como Emil
Kemper, Charles Mason e David Berkowitz.
Os serial killers sã o datados desde a antiguidade. No século XIX na Europa
foi conduzida a primeira pesquisa sobre criminosos sexuais e violentos e
seus crimes, pelo Dr. Richard von KrafftEbing. O mesmo é conhecido pelo
compêndio “Psychopathia Sexualis” de 1886, no qual descreveu inú meros
estudos sobre homicídios sexuais, serial killers, entre outros.
Nã o há apenas uma causa que faz com que uma pessoa se torne um serial
killer. Na verdade, sã o uma série de fatores que contribuem para que isso
ocorra. A Classificaçã o Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados à Saú de (CID) define a psicopatia como
um transtorno de personalidade, no qual o indivíduo nã o sente empatia em
relaçã o à s outras pessoas, e despreza as obrigaçõ es sociais. Seu
comportamento nã o muda facilmente por experiências adversas ou até
mesmo puniçõ es. O indivíduo possui baixa tolerâ ncia á frustraçõ es e baixo
limiar para a descarga de agressividade. Tende, inclusive, a culpar terceiros
ou fornecer explicaçõ es para o comportamento conflitante com a
sociedade.
Nem todos os psicopatas se tornam serial killers. Entretanto, é fato que
noventa por cento dos serial killers sã o psicopatas, portanto, a psicopatia é
intrínseca nesses indivíduos.Importa destacar que existem níveis
diferentes de gravidade apresentada pelos psicopatas, de leve a severo.
Segundo o entendimento de Delton Croce:
“Chamamos personalidades psicopá ticas a certos indivíduos que, sem perturbaçã o da inteligência,
inobstante nã o tenham sofrido sinais de deterioraçã o, nem de degeneraçã o dos elementos integrantes da
psique, exibem através de sua vida intensos transtornos dos instintos, da afetividade, do temperamento e
do cará ter, mercê de uma anormalidade mental definitivamente pré-constituída, sem, contudo, assumir a
forma de verdadeira enfermidade mental. ”
Durante a infâ ncia nã o se nota aspectos que diferenciam a criança como um
potencial serial killer. Contudo, no histó rico da grande maioria deles está
presente a “terrível tríade”: abuso de animais, incontinência uriná ria em
idade avançada e piromania.
Conforme ensina Casoy, se fazem presentes outras características, como
“ (...) devaneios diurnos, masturbaçã o compulsiva, isolamento social, mentiras crô nicas, rebeldia,
pesadelos constantes, roubos, baixa autoestima, acessos de raiva exagerados, problemas relativos ao
sono, fobias, fugas, propensã o a acidentes, dores de cabeça constantes, possessividade destrutiva,
problemas alimentares, convulsõ es e automutilaçõ es, todas elas relatadas pelos pró prios serial killers em
entrevistas com especialistas."
O projeto também acrescentava outros pará grafos. No 7º, foi disposto que
além das características já elencadas, seria necessá rio um laudo pericial
unâ nime de um grupo de profissionais. Deveriam ser necessariamente dois
psicó logos, dois psiquiatras e um especialista com comprovada experiência
no assunto. O art. 8º dizia que o sujeito considerado assino em série deveria
passar por uma expiaçã o mínima de 30 anos de reclusã o em regime
integralmente fechado, ou se submeter a medida de segurança em algum
hospital psiquiá trico por igual período. Percebe-se e um tratamento
extremamente duro no referido projeto, que tratava o assassino como
merecedor de medidas extremas.58
Segundo o pensamento de Siena, “a presente proposiçã o está em franca
desarmonia com o sistema de penas adotado pela Parte Geral do Có digo
Penal59”. A pena mínima de 30 anos de reclusã o contraria o disposto no
art. 75. O regime “integralmente fechado” nã o é compatível com a
individualizaçã o da pena prevista na Constituiçã o (art. 5º, XLVI).
No art, 9º era proibido qualquer tipo de anistia, graça, indulto ou
progressã o de regime para o assassino.60 O tratamento diferenciado
enfrentado pelo assassino fere inclusive o princípio da igualdade ao criar
estes tipos de exceçõ es.
O projeto foi arquivado em 2014, e desde entã o, nã o há nenhum outro
projeto sobre o tema em tramitaçã o.