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NINA MÜLLER
Amor em Julgamento © Copyright 2015 — Nina
Müller
REVISÃO
Carolina Durães de Castro
Milena
Edu
Dias atuais...
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Milena
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Edu
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Milena
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Edu
Milena
Edu
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Milena
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Instantes depois, eu estava dentro do elevador
do edifício onde Edu morava e envolta em seus
braços. Ele passeava suas mãos quentes em minha
pele, enquanto me beijava, roçando sua costumeira
barba por fazer em meu rosto, arrancando
pequenos gemidos de minha garganta e deixando
minha calcinha completamente molhada.
As portas se abriram e sem se importar se
estávamos ou não sendo vistos por alguém, Edu
saiu me agarrando com um das mãos em minha
bunda e a outra em minha nuca, enquanto me
beijava. Ele me encurralou contra a parede e
continuou seu delicioso processo de apertar o meu
corpo contra o seu.
— Edu... — sussurrei por entre seus lábios, que
não me davam tréguas, tirando meu ar. — Edu,
alguém pode nos ver! — alertei, separando-o de
mim o mínimo possível para olhar em seus olhos.
— Milena, esse edifício tem um morador por
andar. Se eu quisesse te comer aqui e agora, eu
faria — falou subindo com a língua até o lóbulo da
minha orelha.
— Que bom! Eu tenho uma vizinha de 80 anos
chamada Ofélia. — Sorri, enquanto ele mordiscava
a minha orelha, me atiçando.
— Então uma hora dessas nós daremos um
show para a dona Ofélia. O que você acha? — Ele
abriu um sorriso de canto divertido, voltando a
lamber meu pescoço e a apertar a minha bunda.
— Edu! — exclamei com dificuldade,
espalmando as minhas mãos em seu peito. —
Primeiro nós temos que conversar, esqueceu?
— A gente pode inverter a ordem da pauta,
doutora. — Sorriu malicioso, enquanto abria a
porta de sua casa e me puxava para dentro. — Ah,
estou louco para sentir o calor de seu corpo, minha
deusa! — Ele fechou a porta com o pé e me levou
até o sofá da sala de estar.
Quando pressenti que sua intenção era me
colocar sentada sobre o sofá, eu virei o corpo e o
coloquei de frente para o móvel. Ele abriu um novo
sorriso sensual e deslizou suas mãos pelas minhas
costas.
— Você quer estar no comando, é? — indagou
em tom divertido.
— Eu falo sério! Precisamos esclarecer alguns
pontos. E isso é importante!
Edu ergueu as mãos para cima e tirou seu
paletó e sua gravata. Abriu os primeiros botões da
camisa, deixando parte de seu peito a mostra e
dobrou as mangas do tecido até a altura dos
cotovelos.
— Agora podemos conversar. — Sorri e, com a
palma de minha mão eu o fiz sentar-se no sofá. Ao
contrário do que pensei, ele não se opôs ao meu
comando e se deixou conduzir.
— Venha cá! — Edu me puxou pela cintura e
me colocou sentada em seu colo. Dei uma risada
divertida e envolvi meus braços ao redor de seu
pescoço.
— Você promete ficar quieto? — perguntei e
ele concordou com a cabeça. — Edu, você deve
estar querendo uma explicação pela minha fuga,
depois de transarmos na sala de audiências, não é?
— Sim Milena, eu fiquei intrigado e sei que o
que fizemos foi errado. Admito! Foi impulsivo e
inconsequente. Mas se você pensa que estou
arrependido, está enganada — completou com um
meio sorriso safado, dando uma palmada em
minha bunda.
— Edu, nós arriscamos a nossa carreira. Você
tem um nome a zelar no judiciário e eu não posso
perder o que tanto lutei para conquistar. Só eu sei o
quanto foi difícil chegar onde estou — finalizei
aflita, sabendo quanto tempo foi despendido para
que eu conseguisse finalmente realizar meu sonho
e dar uma vida mais digna a mim e minha família.
— Ei — Ele segurou meu rosto em suas mãos e
seus olhos buscaram os meus. — Nada disso irá
prejudicar sua carreira. Eu prometo! Não
acontecerá outra vez! Mas porra, Milena, eu queria
que aquilo acontecesse e você também!
— Sim, eu queria. Mas eu não posso me deixar
levar pelos meus desejos. Você não entende? — Eu
me libertei de seu toque e me levantei
abruptamente. Edu fez o mesmo e me encarou de
forma inquisitiva. — Eu dei meu sangue por esse
concurso e não vou jogar minha carreira pela
janela.
— Como eu disse, não voltará a se repetir. Eu
dou a minha palavra. Mas agora eu preciso saber o
porquê você não me recebeu ontem à noite? —
indagou mudando o rumo da conversa. Eu sabia
que Edu não deixaria o assunto passar
despercebido.
— Eu estava com visitas. — respondi,
começando de leve, pois sabia que o porteiro me
disse que ele ficou enfurecido quando eu avisei que
não o receberia.
— Isso eu sei! Milena, quem é André? —
questionou sendo muito direto para o meu pesar.
— Uma pessoa que eu conheço há alguns anos
— disse sem dar maiores explicações.
— Ele é seu namorado?
Merda! Estava pronta para contar parte de
minha vida particular ao Edu? Nunca cogitei me
abrir com ele assim. Transamos uma única vez e
senti como se estivesse na obrigação de dizer-lhe a
verdade.
— André é meu ex-namorado — respondi por
fim.
— Ex? — Ele arqueou uma sobrancelha
especulativa e eu concordei. — E o que o seu ex foi
fazer em seu apartamento tarde da noite?
— Ele foi me fazer uma visita, pois tinha
acabado de chegar do Havaí, onde estava em uma
competição de surfe. Ele apenas queria me dar um
oi. — Dei de ombros.
— E vocês não têm mais nada um com outro?
— Eu e André não temos mais nada faz mais
de um ano. Somos apenas amigos.
Edu coçou o queixo e se aproximou me
envolvendo pela cintura. A carranca que ele tinha
se desfez com um piscar de olhos. Seu olhar se
tornou intenso e carregado de magnetismo.
— Está tudo esclarecido então? — Eu
concordei com a cabeça e ele sorriu inclinando o
rosto para baixo para ficar próximo ao meu. —
Ótimo! A única coisa que quero fazer agora é me
enterrar em você!
A maneira que ele falava comigo, sempre
expondo suas intenções me excitava. Nunca
imaginei que seria o tipo de pessoa que gostasse de
uma conversa suja ao pé do ouvido, mas vi que
estava completamente enganada.
Sem me dar tempo para respirar, sua boca
encontrou a minha. Com os braços envoltos em
minha cintura, Edu me suspendeu do chão e me
conduziu pelo corredor. Quando chegamos ao seu
quarto, ele me colocou de pé e girou meu corpo, de
modo que eu ficasse de costas para ele. Uma de
suas mãos viajou em direção ao meu seio,
enquanto a outra deslizou por baixo do meu
vestido, contornando a barra da minha calcinha.
— E essa bocetinha, está pronta para receber o
meu pau? — Edu afastou o tecido para o lado e
logo o seu dedo está em minha abertura. — Porra,
Milena! Sempre molhadinha para mim. Não sabe o
quanto isso me dá tesão!
— Ah, Edu! Eu quero você e não os seus dedos!
— choraminguei, sentindo-o apertar meu seio por
cima da roupa, enquanto estocava o dedo dentro
em mim.
— Estou louco para te comer. Você sente o
quanto eu a quero? — Ele empurrou sua ereção
contra minha bunda, movendo os quadris
impiedosamente. Arquejei.
Edu puxou o dedo para fora e me virou com
rapidez. No instante seguinte, sua língua estava em
minha boca, me devorando com desejo. Enquanto
nos beijávamos sofregamente, as nossas mãos
impacientes despiam um ao outro. Meus dedos
desabotoavam os botões de sua camisa, os seus
abriam o meu cinto e desciam o zíper de meu
vestido, que caiu aos meus pés. Quase arranquei a
roupa de seu corpo, que escorregou ao chão,
deixando seu peito exposto para mim. Contemplei
sua masculinidade. Cada pedacinho dele. Sorri e
cai de boca na sua pele. Distribuí beijos, lambidas
e mordidas. Edu gemeu, entrelaçou os dedos em
meu cabelo e desprendeu o meu coque, deixando
meus cachos caírem em meus ombros.
Desabotoei o botão de sua calça de terno e
desci o zíper. Edu abriu os olhos e saiu de suas
calças, parando diante de mim. Eu me coloquei de
joelhos e subi meu olhar pelas coxas grossas e,
escondido em sua cueca boxer branca, estava o seu
pênis ereto, pulsando como um louco. Passei a
língua nos lábios e encarei seus olhos luxuriosos.
— Você quer provar o guerrinha, minha
putinha gostosa? — Sorriu, entrelaçando uma das
mãos em meu cabelo.
—Acho que de “guerrinha” seu pau só tem o
apelido. — Abri um sorriso sacana e tirei sua
cueca. Seu pênis saltou livre diante de meus olhos
e o que mais desejava é tê-lo em minha boca.
Segurei firme seu membro e massageei para
cima e para baixo. Beijei a cabeça rosada, fazendo
um joguinho de sedução. Edu agarrou com mais
firmeza meu cabelo e me encarou. Não me fiz de
rogada e abocanhei sua carne macia. Chupei com
gosto, indo e vindo, massageando suas bolas,
lambendo toda a sua extensão.
— Me fode com essa boquinha gostosa! —
rosnou enquanto eu o enterrava em minha boca.
Intensifiquei os movimentos, chupando com
mais força. Edu começou a mover os quadris,
bombeando ainda mais para dentro, tocando a
base da minha garganta. Acariciei suas bolas com
uma das mãos, enquanto a outra segurava sua
ereção em movimentos rítmicos. Suguei com
avidez e senti que ele enrijeceu o quadril. Edu
estava quase lá!
— Não para, minha deusa, que eu vou gozar —
chiou fechando os olhos e inclinando a cabeça para
trás.
Chupei mais rápido e voltei a circular a língua
na extremidade. Em questão de segundos, Edu
explodiu, gozando em minha boca. O líquido
ligeiramente salgado escorregou em minha língua
e Edu gemeu satisfeito.
— Que boca deliciosa, Milena! — Ele me
segurou pelos ombros e me colocou de pé. Passou
o polegar em meus lábios e os capturou em um
beijo quase pornográfico.
Deslizei meus dedos em seu bíceps, apertando,
acariciando. Cheguei até chegar a sua nuca e cravei
minhas unhas ali. Edu rosnou. Eu gemi. Me deliciei
com aquela loucura toda. Enrosquei os dedos em
seu cabelo, mordi seus lábios, suguei sua língua. E,
quando eu pensei que tinha o controle da situação,
ele se afastou ofegante e me encarou.
— Calma, minha deusa. Em minha cama sou
eu que dou a sentença e você só a cumpre,
gemendo muito para mim.
Uma das mãos prendeu meus braços atrás de
minhas costas enquanto a outra puxou suavemente
meu cabelo. Com o pescoço completamente
exposto para ele, sua língua voltou a deslizar
quente e úmida em minha pele.
— Oh, Edu! Eu quero você! — implorei
tentando mover as mãos para tocá-lo.
— E você terá! — Ele liberou meus pulsos com
cautela e suas mãos se concentraram em meu sutiã,
que caiu aos meus pés com extrema facilidade. —
Estou doido para cair de boca em seus seios,
Milena! — E ele o fez. Edu chupou, lambeu e beijou
os meus mamilos, me levando ao êxtase. Sua língua
habilidosa trabalhou tão bem em minha pele
sensível que meus seios doeram de excitação.
Após meus seios receberem uma preliminar
completa, sua língua deslizou na minha barriga,
contornando a barra da minha calcinha. Edu
segurou as extremidades da roupa íntima e a
escorregou em minhas pernas, beijando e
lambendo as minhas coxas. O contato de sua barba
por fazer em meu corpo despertou ondas de
eletricidade que me enlouqueceram. Estremeci
quando ele voltou subindo sua língua em minhas
pernas até encontrar a minha camada de pelos
púbicos.
— Agora chegou a minha vez de provar
novamente o gosto dessa bocetinha gostosa.
Edu me deitou sobre a cama, abriu as minhas
pernas, me deixando completamente exposta. Seus
olhos brilharam ao contemplar a minha vagina e eu
me contorci excitada. Ele agarrou firme minhas
coxas e deslizou sua língua por elas. Mordi o lábio
inferior e arfei quando senti sua língua em meu
clitóris. Edu sugou com vontade e prendeu meu
ponto sensível entre os dentes. Voltou a repetir o
processo e inseriu o dedo médio em mim.
— Olhe para mim, Milena, quero ver seu rosto
se contorcer enquanto você é fodida pela minha
língua. — Exigiu e retornou com o delicioso
processo de me chupar com força, enquanto seu
dedo entrava e saía de minha vagina.
Os movimentos ganharam rapidez e eu não
consegui mais aguentar. Com os olhos presos aos
de Edu, eu me debati, agarrei com força o lençol e
pronunciei palavras incompreensíveis, gozando
sem parar.
— Perfeita! Linda! — Suas palavras de elogio
me pegaram de surpresa outra vez e meu cérebro
formulou a mesma pergunta de sempre: será que
eu era bonita de verdade?
Edu abriu a gaveta do criado mudo e ouvi o
som do preservativo sendo rasgado. Ele elevou
minhas pernas e apoiou em seus ombros.
Suspendeu minha bunda o mínimo do colchão e
me invadiu. Lento. Forte. Fundo. Tomando tudo de
mim, dando tudo dele.
— Que bocetinha mais apertada, porra! —
grunhiu por entredentes, estocando um pouco
mais rápido, com os dedos cravados em minha
bunda, e os lábios deslizando na sola de meu pé.
— Me come, Edu! Ahhh... — implorei
inclinando o tronco para cima e a cabeça para trás,
fechando os olhos, sentindo-o tomar posse de meu
corpo com volúpia.
Para me torturar, ele retornou com os
movimentos lentos, me preenchendo e me levando
a loucura. Mordi o lábio, gritei, serpenteei
enquanto ele abaixava as minhas pernas,
penetrando até o fundo, pairando em cima de mim
para me encarar. A intensidade do seu olhar era
tanta, que por um momento me senti invadida,
como se ele visse além da imagem que eu oferecia
ao mundo.
Fui inundada por paixões violentas,
sentimentos que estavam surgindo aos poucos e
me deixando confusa. Deslizei minhas mãos em
suas costas, sentindo sua musculatura bem
trabalhada, seu vigor, seu cheiro. Apertei seus
braços, beijei seu pescoço. Edu rosnou, enquanto
me comia gostoso, bombeando em um ritmo
compassado.
— Milena, você tem noção do quanto me deixa
louco? — indagou ofegante retornando com os
movimentos punitivos.
Edu me comeu bruto, suave, forte, lento. Tirava
seu membro só para voltar a me penetrar com
tudo. Meu corpo tremia, minha cabeça girava e
meu coração batia como um louco. Era tão
embriagante, intenso e delicioso, que perdi o
controle de mim mesma. Quando dei por mim,
convulsionei gozando, gemendo alto, imersa em
tudo que ele estava significando na minha vida.
Edu me seguiu, se enterrando dentro de mim e
rosnando como um louco.
***
Edu
***
***
Milena
***
***
Edu
Milena
***
A festa em comemoração ao aniversário da
Seccional da OAB acontecia animada. Algumas
pessoas dançavam na pista, outras conversavam
acomodadas as mesas e em pequenos grupos. Eu
assistia a tudo ao lado do Edu, que conversava
tranquilamente com seus amigos.
Ele acariciou o meu braço e deslizou a mão
para posicioná-la a minha cintura. Sorri e respirei
fundo para manter a razão presente. Enquanto eles
conversavam, eu aproveitei para refletir sobre o
que estava acontecendo entre nós dois. Sabia que
era apenas um encontro e que mais tarde nós
íamos acabar na cama. E não via a hora de estar nos
braços do Edu, sentindo-o me possuir com volúpia
e intensidade.
Embora eu soubesse que talvez fosse mais uma
para a sua coleção, eu não conseguia me afastar
dele. Edu era um homem muito sedutor, bonito e
decidido. Ele sabia que despertava a atenção do
sexo feminino onde quer que fosse, e se aproveitava
para alcançar seus objetivos. Fosse através da
beleza, ou da audácia. Mas eu não o estava
recriminando por ser assim. Cada um levava a vida
do jeito que queria.
Bebi um gole do champanhe e deixei a taça
sobre a mesa. Essa era a quarta taça de bebida que
eu bebia na noite e como eu não comi quase nada,
achei melhor parar por aqui. Não queria repetir a
cena da boate. Deus me livre! Lancei um olhar para
o relógio do celular e percebi que passava das onze
horas. Avisei ao Edu e fui retocar a maquiagem no
ao banheiro. O ambiente estava pouco
movimentado, pois alguns convidados já deixaram
a festa. Principalmente os casais que tinham filhos
pequenos.
Tirei o batom de dentro da bolsa e fixei o olhar
no espelho. Atrás de mim surgiu uma garota de
pele muito branca, olhos verdes, cabelos castanhos
ondulados, pouco abaixo dos ombros. Ela usava um
vestido preto longo, levemente rodado da cintura
para baixo. A garota era bonita, mas tinha uma
expressão de superioridade que acabava por torná-
la levemente vulgar.
Ela sorriu para o meu reflexo no espelho e eu
girei o corpo na hora. Seus olhos verdes me
analisaram por inteira, com ar de desdém. A
estranha media cada curva minha, desde o dedão
do pé até o fio de cabelo. Não fazia a mínima ideia
de quem fosse essa garota, a única coisa que sabia
era que eu não gostei dela e que ela também não
gostou de mim.
— Olá, doutora Milena Venturini, até que
enfim nos conhecemos. — Sorriu cinicamente,
estendendo a mão em minha direção. — Eu sou
Cibele de Britto.
Ao ouvir o seu nome, eu enrijeci o corpo e uma
náusea subiu até a minha garganta. A sirigaita, que
havia deixado um bilhete e uma minúscula
calcinha na gaveta do closet do Edu, estava
sorrindo e me tratando como se fôssemos amigas?!
Não sabia se eu girava nos calcanhares e a deixava
falando sozinha, ou se entrava no joguinho dela,
fingindo que estava tudo bem. Decidi seguir a
segunda opção e apertei rapidamente a sua mão.
— Oi Cibele, tudo bem? — Abri um sorriso
irônico, pois como diz o ditado: “se você estiver em
Roma, aja como os romanos”.
— Estou ótima! — Ela acomodou uma mecha
de seu cabelo brilhante atrás da orelha, deixando o
brinco de rubi a mostra. Típico ato de garota rica e
mimada que ganhava tudo de mão beijada. — Você
sabe quem eu sou, não?
— Acho que não! — Eu me fiz de
desentendida, colocando o batom dentro da bolsa e
voltando a encará-la. — Você não é uma dançarina
de pole dance? Por que se for isso, me desculpe, mas
eu não costumo ir a esse tipo de evento — ironizei
e ela comprimiu os lábios descontente.
— Eu sei qual é o seu jogo, Milena! — Ela
estreitou os olhos verdes em fúria. — Você sabe
sim quem eu sou. Eu sou a namorada do Edu!
— Namorada?! — Não contive uma risada
baixa o que a deixou ainda mais furiosa.
— Sim! Estamos afastados um do outro, mas é
por pouco tempo. Em breve ele voltará a ficar
comigo. Isso já aconteceu outras vezes e eu sei que
Edu sempre acaba voltando para quem ele ama de
verdade. — Ela fez o seu discurso fantasioso e eu
reprimi outra risada.
— De vez em quando é bom sonhar, Cibele.
Porém, devemos manter a razão presente. —
Pisquei um olho enquanto duas garotas que
estavam no toalete passavam por nós aos
cochichos. Elas saíram de fininho e Cibele mostrou
as garras de vez.
— Quem você pensa que é, Milena? Olhe para
você! — Ela fez sinal com a mão em minha direção.
— Você não passa de uma garota de classe média,
que sustenta os pais e a irmã — disparou seu
veneno sobre mim, falando de minha família como
se a conhecesse. Meus nervos ficaram a flor da pele
e me controlei para não partir para cima dela.
— Cibele, eu não sei qual é o seu propósito em
me atingir dessa forma. Eu não tenho nada contra
você.
Ela deu risada cínica e empinou o queixo, me
provocando. Enquanto a cobra se contorcia a minha
frente, eu rezava a Deus para manter a razão. Caso
contrário, Ricardo teria trabalho essa noite. Se ela
continuasse a me provocar, eu descia do salto e
desfazia com esse ar de superioridade que Cibele
trazia no rosto.
— Milena, quem está sonhando aqui é você!
Ou você acha mesmo que Eduardo Luís Guerra, um
dos maiores e mais respeitados juízes do estado e
por que não dizer do país, irá namorar uma... — Ela
voltou a me analisar, com um ar de repulsa. —
Bem, basta você se olhar no espelho. Sua Isaura! —
Quando eu pensei em dar uma resposta para a
sirigaita, ela deu um último olhar em minha
direção e saiu como um foguete, batendo a porta
do banheiro.
Engoli em seco e apoiei as mãos na bancada de
mármore. Parecia que o ar me faltava e não sentia
mais as minhas pernas. Aquela cobra desgraçada
conseguiu o que queria. Ela pegou o meu ponto
fraco que era a autoestima. Ergui os olhos com
dificuldade e encontrei meu reflexo no espelho. De
imediato a dor invadiu o meu peito, me fazendo
sua prisioneira outra vez.
A sensação horrenda se espalhou com fúria e a
minha cabeça começou a girar com velocidade. O
gosto do espumante veio a minha boca e eu saí
quase me arrastando até a privada. Entrei e mal
deu tempo de trancar a porta. O vômito veio à tona
e, junto com ele, a dor de saber o que os outros
realmente pensavam sobre mim. Cibele tinha
razão! Edu nunca teria nada sério comigo. E esse
pensamento fez com que o pranto se tornasse
intenso e rasgasse o meu peito.
***
Edu
***
Milena
***
***
Edu
***
Estacionei o carro em frente à casa de minha
mãe e Milena me olhou com o semblante surpreso.
— Edu, onde estamos? — indagou desconfiada
se remexendo no banco do carona.
— Você já vai descobrir. — Sorri e saí do carro.
Dei a volta e abri a porta para ela. — Venha! —
Segurei em sua mão e a conduzi em direção à porta
de entrada.
Enquanto caminhávamos, eu aproveitei para
analisar melhor a roupa que Milena estava usando:
um vestido floral solto, sem mangas e uma
sandália estilo rasteirinha. Embora usasse uma
roupa mais despojada, ela estava divina como
sempre. Paramos em frente à porta e eu toquei a
campainha. Não demorou muito para que Cida, a
secretária do lar de minha mãe, aparecesse diante
de nós com um sorriso nos lábios.
— Edu, que surpresa maravilhosa! — Cida
falou entusiasmada enquanto lançava um breve
olhar para Milena, que assistia a tudo sem entender
nada. — Por favor, entrem. — Ela abriu espaço e
nós cruzamos a entrada. Cida nos conduziu até a
sala de estar e saiu para avisar a minha mãe.
— De quem é essa casa, Edu? — indagou
Milena em um sussurro, olhando ao redor,
desconfiada.
— Você já vai saber.
Alguns segundos depois, minha mãe apareceu.
Ao constatar a presença de Milena ao meu lado, ela
abriu um sorriso alegre e seus olhos verdes
brilharam em nossa direção. Dona Myrthes estava
muito elegante em um vestido longo estampado e
sapatilhas. O cabelo castanho curto estava
cuidadosamente penteado e ela exalava o seu
perfume predileto. Minha mãe não era uma mulher
que se parecia com essas estrelas de tevê, mas
mesmo com seus 58 anos, ela se cuidava e
mantinha tanto o corpo como a mente sã.
— Edu, não esperava você hoje. — Minha mãe
me deu um selinho nos lábios como de costume e
me deixou sem jeito. — Por que você não disse que
viria, meu filho?
Milena que estava ao meu lado, arregalou os
olhos. Ela ficou imóvel e não moveu um músculo
sequer de seu lindo rosto. Sabia que ela estava em
choque por saber que estava na casa de minha mãe,
e por isso, eu tratei logo de deixá-la mais a vontade.
— Mãe, essa é Milena Venturini. — Minha mãe
percebeu a surpresa de Milena e abriu um novo
sorriso para a deusa de ébano que continuava sem
piscar.
— É um prazer conhecê-la, Milena. Eu me
chamo Myrthes Andrade. Seja bem-vinda.
— É um prazer conhecê-la também, dona
Myrthes — respondeu Milena abrindo um sorriso
para minha mãe e me lançando um olhar
desaprovador.
Sabia que depois teria que me explicar com ela,
mas estava adorando a surpresa que fiz. Não avisei
a minha mãe que eu vinha e nem ela cogitou que
eu viesse acompanhado. Era uma novidade para
minha mãe, pois a única garota que eu trouxe em
sua casa foi Cibele, em uma única noite. Levando
em conta que foi uma noite catastrófica, tenho
certeza de que a dona Myrthes estava mais do que
feliz em apagar essa lembrança.
— Vamos para a varanda que aqui dentro está
muito quente. — Nós três nos dirigimos à área
externa da casa, onde nos acomodamos ao redor de
uma mesa e mamãe sorriu animada. — Meu filho,
se você dissesse que vinha, eu tinha feito o bolo de
brigadeiro que você adora.
— Mãe, não precisa se preocupar. Eu volto
outro dia para saborear o bolo com você.
— Você gosta de preparar surpresas, não é,
Edu? — Mamãe estava lançando um olhar curioso
para Milena que estava acomodada ao meu lado.
Ela ainda estava um pouco tensa, mas não parecia
mais tão irritada. — Bem, não temos bolo de
chocolate, mas a Cida fez um de fubá. Vou chamá-
la para nos servir o bolo com um delicioso suco de
graviola.
Momentos depois, Cida apareceu com uma
bandeja repleta de gostosuras e deixou em cima da
mesa. Mamãe cortou uma fatia de bolo para cada
um de nós, enquanto a sua secretária do lar servia
os copos de suco. Cida sorriu para mim e para
Milena e voltou para a copa.
— Esse bolo é uma das muitas especialidades
da Cida. — Mamãe falou entregando o prato de
doce para Milena.
— Deve estar muito gostoso. Obrigada! — ela
agradeceu sorrindo.
— De nada! — Minha mãe devolveu o sorriso.
Milena deu uma garfada no bolo e eu bebi um
pouco de suco para refrescar a minha garganta. Um
silêncio inesperado pairou no ar enquanto minha
mãe nos estudava meticulosamente. Seus olhos
brilhavam para mim e para Milena o que
evidenciava a sua suspeita a respeito de nós dois.
Dona Myrthes sabia que a deusa de ébano não era
minha amiga, pois eu nunca tive mulheres como
amigas. A única exceção era Tânia. Mas essa não
contava, porque antes de ser minha amiga, ela era
um de meus tantos casos.
— E como está o bolo?
— Está muito bom — respondeu Milena após
saborear mais uma garfada.
— Oh, que maravilha! Cida vai adorar saber
disso! — Mamãe exclamou entusiasmada. — De
onde vocês se conhecem? — A pergunta inesperada
de minha mãe fez com que Milena quase se
engasgasse com o bolo. Ela engoliu o lanche
rapidamente e bebeu um gole de suco.
— Eu e Edu nos conhecemos no ambiente de
trabalho. — A minha deusa tentou parecer
tranquila, mas percebi que ela estava tensa, pois
devorou a fatia de bolo em questão de minutos.
— Você é serventuária da justiça também?
— Mamãe, a Milena é promotora pública —
respondi por ela que estava com a boca cheia de
bolo. Minha mãe abriu um sorriso demonstrando
seu contentamento. — Nos conhecemos no Fórum,
entre uma audiência e outra.
— Que interessante! — Minha mãe sorriu. —
Aceita outro pedaço de bolo, Milena? — Minha
mãe parecia que estava gostando da Milena e isso
me agradava muito.
— Obrigada, mas eu estou satisfeita. — Milena
agradeceu deixando o prato e o garfo em cima da
mesa.
— Você se graduou em uma universidade
particular ou pública? — dona Myrthes continuou
com a sua curiosidade aguçada.
— Eu sempre estudei em colégios públicos e
fiz faculdade em uma instituição pública também,
assim como a especialização em Direito Penal.
— Além de ser uma moça muito bonita, você é
inteligente. — Minha mãe a elogiou e eu meus
olhos brilharam de satisfação. — Edu tem um bom
gosto. — Sorriu e agora era a minha vez de quase
me engasgar com um pedaço de bolo. Minha mãe
precisava ser tão indiscreta?
Milena girou o rosto para me fitar e eu respirei
fundo. Em vez de ver fúria em seus olhos castanhos
o que eu vi era satisfação. Ela estava gostando da
minha mãe e isso me deixava ainda mais feliz.
Nunca fiz algo tão inusitado que obtivesse um
resultado tão satisfatório.
— A senhora é uma mulher muito simpática,
dona Myrthes, e muito bonita também. — Milena
sorriu para mamãe que lhe devolveu o sorriso.
— Querida, obrigada. Mas eu só digo o que é
verdade.
— Mãe, como vão as coisas em seu
consultório? — perguntei mudando de assunto. Ela
era psicóloga e mesmo estando aposentada, ela
ainda atendia alguns pacientes.
— Estão um pouco cansativas, mas eu não me
queixo. Amo o que eu faço e prefiro trabalhar a
ficar em casa olhando para as paredes —
respondeu entre uma garfada e outra de seu
pedaço de bolo.
— A irmã mais nova da Milena também é
psicóloga.
— Você tem mais irmãos, Milena?
— Não, somente a Lívia — ela falou de modo
sucinto.
— Pelo menos você tem uma irmã.
Infelizmente, eu não pude dar mais irmãos ao Edu.
— Mamãe lamentou-se e nesse instante eu me
recordei dos dois abortos espontâneos que ela teve
depois que eu nasci. Eu tinha apenas quatro anos
de idade quando o primeiro aborto aconteceu e seis
anos da segunda vez, mas lembrava de que havia
uma sensação de tristeza na casa. — Eu engravidei
do Edu logo depois que me formei. Não é fácil você
criar um filho e ter que trabalhar também. Mas eu
consegui.
— Você é uma guerreira, mãe — afirmei com
carinho, pois sabia os apuros que ela teve que
passar nos últimos anos, depois que meu pai saiu
de casa para viver com a Elisa.
— Mas Edu tem uma irmãzinha.
Incomodado, deixei o prato sobre a mesa com
a fatia de bolo pela metade e lancei um olhar
reprovador para minha mãe. Não queria ter que
falar na família de meu pai agora. Definitivamente
não queria!
— Mãe, não vamos falar sobre isso!
Milena que estava sem entender nada dividia a
atenção fitando nós dois em busca de respostas.
Não sabia qual foi a intenção da dona Myrthes em
tocar nesse maldito assunto na frente da Milena. O
fim de tarde que até agora estava sendo ótimo,
perdeu o encanto.
— Sim, meu filho — concordou minha mãe,
contrariada, servindo os copos com um pouco de
suco de graviola.
— Dona Myrthes, eu preciso ir ao toalete —
disse Milena se levantando.
— Venha comigo que eu a conduzo — falou
minha mãe se levantando também. — É por aqui.
— As duas saíram e eu fiquei sozinho por um
momento. Aproveitei para terminar de comer o
meu bolo e apreciar a vista do jardim florido a
minha frente.
Não demorou muito para que e minha mãe
retornasse. Em suas mãos eu vi um envelope
lacrado e ela o deixou em cima da mesa. Franzi o
cenho confuso enquanto ela se acomodou na
cadeira onde estava sentada.
— Edu, você devia ter me avisado de que estava
namorando. Isso não se faz, filho! Quer me matar
do coração? — indagou sorridente em tom
divertido.
— Mãe, eu e a Milena não estamos namorando!
— Vi minha mãe dar uma risadinha baixa e
balançar a cabeça de um lado para outro.
— Ah meu filho, você está enganando quem? A
mim é que não é! — Ela deu uma piscadinha
inclinando o corpo um pouco para frente. — A
propósito, Milena é linda! Dessa vez, você acertou.
E além da beleza ela tem conteúdo, o que é mais
importante.
— Ela é linda por completo. — Sorri orgulhoso.
E, lançando um olhar rápido para o envelope sobre
a mesa, indaguei: — O que é isso que a senhora
tem ai, hein mamãe?
— Edu, esse é o convite de aniversário da sua
irmã Sofia.
— O que esse convite está fazendo aqui em sua
casa? Falta ainda um mês para esse aniversário! —
disse puto de raiva, só em cogitar a audácia que
meu pai teve para trazer esse convite para a sua ex-
esposa.
— Seu pai não obteve sucesso em falar com
você ao telefone, então passou aqui para deixar o
convite para que eu te entregasse.
— Não irei a essa festa! De jeito nenhum!
— Edu, por favor, termine essa desavença com
o seu pai e... — Dona Myrthes tentou me persuadir,
mas ouvimos passos vindos do interior da casa e
ficamos em silêncio. Era Milena que retornava do
toalete.
Ela parou próximo à mesa, mas não se sentou.
Percebi que Milena estava um pouco nervosa e de
imediato a preocupação se fez presente. Será que
ela não gostou de ter conhecido a minha mãe? Ou
era outra coisa que a estava deixando inquieta?
— Edu, nós podemos ir? — perguntou Milena
e minha mãe franziu o cenho demonstrando
descontentamento.
— Mas é cedo ainda. Por que vocês não ficam
para o jantar? — Convidou minha mãe
esperançosa.
— Eu preciso rever alguns autos processuais
para o dia de amanhã, que será cheio.
— Bem, assim como a Milena, eu também
tenho trabalho a fazer. — Eu me levantei e minha
mãe me seguiu fazendo o mesmo.
— Você não vai levar o convite de aniversário
de sua irmã? — questionou dona Myrthes, me
deixando na maior saia justa.
— Não, eu não vou.
— Eu adoro festa de aniversário, ainda mais de
criança. É sempre tão alegre! — Milena me lançou
um olhar sugestivo do tipo “pegue a porra do convite
de cima da mesa, Edu Guerra”!
— Edu, leve o convite do aniversário da Sofia.
— Minha mãe estendeu o papel em minha direção.
Muito contrariado eu peguei o envelope e guardei
no bolso da bermuda. Não queria discutir com ela
devido a um maldito pedaço de papel sem
importância.
Nós nos despedimos de dona Myrthes, que
entusiasmada, fez questão de marcar um jantar
para os próximos dias. Milena aceitou o convite e
saímos em direção ao carro. Minha mente estava
confusa e imersa em vários pensamentos. Um deles
era na reação inesperada de minha deusa, que
parecia tensa. Ao chegar próximo ao carro, ela
interrompeu os passos e ficou olhando ao redor.
Não entendi seu comportamento estranho e eu
também parei, fitando-a com ar especulativo.
— Milena, está tudo bem?
— Não sei. Você já sentiu a sensação de que
está sendo observado? — Eu a fitei sem entender
nada, e neguei com a cabeça. — Ah, deixa pra lá.
Deve ser coisa da minha cabeça.
— É bem provável, minha deusa. Eu não vejo
ninguém suspeito na área. — Brinquei abrindo a
porta do carro para ela se acomodar ao banco do
carona. Dei a volta e me sentei no banco do
motorista. — Estou louco para voltarmos ao seu
apartamento e realizar a minha fantasia de te
comer você sobre o tapete da sua sala de estar.
— Eu acho uma excelente ideia!— Ela sorriu
maliciosa, mordendo o lábio inferior. — Mas antes,
você me deve uma explicação por ter me trazido na
casa da sua mãe sem me consultar. E eu a exigirei
de você, doutor Guerra — falou em tom firme e eu
abri um sorriso sacana.
— Será um prazer, doutora Venturini. Um
enorme prazer eu diria. — Finalizei deixando a
frase repleta de interpretações e Milena muito
excitada.
Capítulo 16
Sandra
Milena
Edu
***
Milena
***
***
Edu
Milena
***
Edu
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***
Milena
***
Edu
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Milena
Lívia
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Milena
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***
Edu
***
Milena
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***
Depois de um banho, estávamos jantando na
mesa que serviu de cenário para a nossa transa
selvagem. Edu me servia de um pedaço de pizza
enquanto eu servia nossas bebidas. Ele sorriu para
mim e eu me derreti de tanto amor. Esse sorriso de
morte ainda acabaria comigo.
— Agora vamos ao prato principal — disse em
tom divertido e ele riu.
Após algumas garfadas, Edu deixou os talheres
sobre a mesa e se aproximou um pouco. Percebi
que ele queria falar algo importante porque seu
semblante se tornou sério. Eu me endireitei na
cadeira, limpo a boca com o guardanapo e esperei
pela sua declaração.
— Milena, eu sei que você quer muito conhecer
a sua mãe biológica. Você tem certeza sobre isso?
— Concordei com a cabeça, pois era o que eu mais
queria. — Bem, então eu irei ajudá-la a encontrar a
sua mãe.
— Ah, Edu! Eu nem sei o que dizer... —
sussurrei, emocionada por ele estar me ajudando
nesse processo tão difícil. — Obrigada, Edu!
— Não precisa agradecer, minha deusa. Eu irei
contratar um detetive, mas quero ter certeza de que
você sabe que tal descoberta pode ter
consequências desagradáveis.
— Sim, eu sei.
— Eu quero te pedir uma coisa: tome cuidado
para não magoar seus pais adotivos e a Lívia
durante essa busca. Eles te amam muito, Milena.
— Eu farei de tudo para não machucá-los. Eles
são minha família e eu não os trocarei por nada.
Tenha certeza — disse com convicção, pois sabia o
amor que minha família tem por mim era enorme,
assim como o meu por eles.
— Fico feliz em ouvir isso. — Edu colocou
minha mão entre as suas e a acariciou.
— Edu, eu quero me desculpar com você. —
Ele franziu o cenho, confuso. — Eu te magoei, fiz
você sofrer por ser covarde. Me perdoe! — Abaixei
os olhos me sentindo mal por tê-lo magoado.
Depois que recebi a visita de sua mãe no hospital,
eu percebi que eu havia ferido demais o seu
coração.
— Amor, você não tinha saída. Você tentou
proteger a mim e a sua família. Eu entendi o que
houve e você não deve ficar se culpando por isso.
— Ele me chamou com carinho, erguendo o meu
queixo e buscando os meus olhos.
— Mas, eu te fiz sofrer...
— Bem, confesso que não foi um dos meus
melhores momentos. Mas já passou e ficou tudo
esclarecido entre nós dois. E é isso que importa,
Milena. — Ele afagou meu rosto com ternura. —
Cibele pagará pelos seus crimes.
— Não entendo como uma pessoa pode querer
machucar tanto alguém — argumentei pensativa.
— A gente nunca sabe o que se passa
realmente no coração das pessoas. — O celular do
Edu tocou e ele atendeu a chamada. Ele não disse
nada, mas vi o sangue ser drenado de seu rosto e
Edu ficou ofegante.
— Sim, mãe! Estou a caminho — Depois de
encerrar a ligação, ele colocou a cabeça em suas
mãos, balançando-a de um lado para o outro.
— Edu, o que houve?
— Meu pai sofreu um enfarte. Tenho que
correr para o hospital, Milena — respondeu
desolado se levantando e pegando as chaves do
carro.
— Espere! Eu vou com você. Só preciso de
cinco minutos para vestir algo apropriado. — Meu
coração se apertou por vê-lo tão aflito. Sabia que
ele e o pai não mantinham um relacionamento
amigável. Comecei a rezar para que desse tudo
certo, pois sabia em meu coração que se Edu
perder o seu pai sem ter feito as pazes, ele ficaria
perdido.
Capítulo 30
Edu
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Milena
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Edu
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Milena
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Milena
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Edu
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Conrado
Milena
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FIM