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#DEOLHONOCONCEITO: É o instituto que se verifica quando o agente mediante uma (concurso formal) ou
várias condutas (material ou continuidade) pratica dois ou mais crimes (sempre). Ou, ainda, de forma mais
direta: dá-se o concurso de crimes quando o agente com uma ou várias condutas, realiza pluralidade de
crimes.
a) Sistema do cúmulo ou acúmulo material = impõe ao juiz a soma de todas as penas dos crimes praticados
pelo réu. Foi o sistema adotado no concurso material e no formal impróprio ou imperfeito. E no de multa, salvo
no caso de crime continuado (majoritária).
b) Sistema da exasperação = o juiz aplica somente uma das penas, aumentada de determinado percentual.
Foi adotado no concurso formal próprio ou perfeito e no crime continuado.
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OBS: os julgados utilizados no material foram retirados do Buscador Dizer o Direito.
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A jurisprudência ainda acrescenta um quarto requisito para o crime continuado. Trata-se de requisito
não previsto expressamente no art. 71 do CP. Por isso, alguns doutrinadores afirmam que ele não é necessário.
É a unidade de desígnios.
Segundo esta teoria, os requisitos para a continuidade delitiva são apenas objetivos e estão
expressamente elencados no art. 71 do CP. Daí o nome: puramente objetiva. Não é necessário que se discuta
se a intenção do agente era ou não praticar todos os crimes em continuidade delitiva. Essa teoria é minoritária.
De acordo com esta teoria, os requisitos para a continuidade delitiva são de natureza
tanto objetiva como subjetiva. Daí o nome da teoria: objetivo-subjetiva.
Os requisitos objetivos estão previstos no art. 71 (mesmas condições de tempo, lugar e forma de
execução).
O requisito subjetivo, por sua vez, é a unidade de desígnio, ou seja, o liame volitivo entre os delitos, a
demonstrar que os atos criminosos se apresentam entrelaçados (a conduta posterior deve constituir um
desdobramento da anterior).
“Somente deveria ter direito ao reconhecimento desse benefício legal o agente criminoso que demonstrasse
ao juiz o seu intuito único, o seu propósito global, vale dizer, evidenciasse que, desde o princípio, ou pelo
menos durante o iter criminis, tinha o propósito de cometer um crime único, embora por partes. Assim, o
balconista de uma loja que, pretendendo subtrair R$ 1.000,00 do seu patrão, comete vários e contínuos
pequenos furtos até atingir a almejada quantia. Completamente diferente seria a situação daquele ladrão que
comete furtos variados, sem qualquer rumo ou planejamento, nem tampouco objetivo único.” (NUCCI,
Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 6ª ed., São Paulo: RT, 2006, p. 405).
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(...) De acordo com a Teoria Mista, adotada pelo Código Penal, mostra-se imprescindível, para a aplicação da
regra do crime continuado, o preenchimento de requisitos não apenas de ordem objetiva - mesmas condições
de tempo, lugar e forma de execução - como também de ordem subjetiva - unidade de desígnios ou vínculo
subjetivo entre os eventos. (...)
STJ. 6ª Turma. HC 245.156/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 15/10/2015.
Existem três teorias que foram desenvolvidas para tentar explicar a natureza jurídica da continuidade delitiva:
a) Teoria da unidade real: afirma que todas as condutas praticadas que, por si sós, já se constituiriam em
infrações penais, são um único crime.
b) Teoria da ficção jurídica: sustenta que cada uma das condutas praticadas constitui-se em uma infração
penal diferente. No entanto, por ficção jurídica, esses diversos crimes são considerados, pela lei, como crime
único.
c) Teoria mista: defende que se houver crime continuado surge um terceiro crime, resultado do próprio
concurso.
#DEOLHONAJURIS #TEMQUESABER
Os julgados mais recentes do STJ são no sentido de que apropriação indébita previdenciária e sonegação de
contribuição previdenciária não são crimes da mesma espécie. Logo, não cabe continuidade delitiva entre eles:
Os delitos de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária, previstos,
respectivamente, nos arts. 168-A e 337-A do CP, embora sejam do mesmo gênero, são de espécies diversas;
obstando a benesse da continuidade delitiva. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1868826/CE, Rel. Min. Ribeiro
Dantas, julgado em 09/02/2021.
#COMOPODESERCOBRADO
Candidato, conceitue concurso de crimes e diferencie as espécies.
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CONCURSO DE AGENTES
#DIFERENCIE
Crimes Unissubjetivos, unilaterais ou de concurso eventual (são crimes normalmente cometidos por uma
única pessoa, mas admitem o concurso. Ex. crime de homicídio);
Crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário (são aqueles em que o tipo penal
reclama a pluralidade de agentes. Eles não podem ser praticados por uma única pessoa. Ex. crime de
associação criminosa. Art. 288 CP exige três ou mais pessoas); esse crime se divide em 3 espécies:
o De condutas paralelas: Quando as várias condutas se auxiliam mutuamente. Ex.: quadrilha ou
bando.
o De condutas contrapostas: As condutas voltam-se umas contra as outras. Ex.: rixa.
o De condutas convergentes: Aqui o crime nasce do encontro das condutas. O tipo penal pressupor
vontades convergentes. Ex.: adultério (que não existe mais); bigamia.
Crimes acidentalmente coletivos ou eventualmente coletivos (podem ser praticados por uma única
pessoa, mas a pluralidade de agentes faz surgir uma modalidade mais grave do delito, seja uma
qualificadora seja uma causa de aumento da pena. Ex. furto qualificado, roubo majorado – causa de
aumento da pena).
O concurso de pessoas que nós vamos estudar (artigos 29 a 31) só se aplica aos crimes Unissubjetivos,
unilaterais ou em concurso eventual. Nos outros dois tipos de crime o que ocorre é um pseudoconcurso,
concurso impróprio ou concurso aparente de pessoas. Por que não se aplica aos demais crimes? Nesses outros
crimes o concurso de pessoas é disciplinado pelo próprio tipo penal.
Requisitos:
Pluralidade de agentes;
Relevância das condutas;
Liame subjetivo (consciência de que estão reunidos – é diferente de acordo prévio);
Identidade de infração.
#NÃOCONFUNDA:
CONCURSO DE AGENTES AUTORIA COLATERAL OU INCERTA
Pluralidade de agentes e de conduta Pluralidade de agentes e de conduta
Relevância causal das condutas Relevância causal das condutas
Liame subjetivo entre os agentes NÃO há liame subjetivo entre os agentes
Exceção: teoria pluralista – haverá um crime para cada agente. É a teoria adotada excepcionalmente pelo CP.
Exemplos: a gestante que consente com o aborto responde pela conduta do art. 124, já quem provoca o aborto
responde pelo crime do art. 126; crime de corrupção ativa e passiva; crime de contrabando/descaminho e
facilitação de contrabando/descaminho.
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Concurso necessário (crimes plurissubjetivos) – exige a pluralidade de agentes para se consumar; Concurso
eventual (crimes monossubjetivos) – não exigem pluralidade de agentes, mas pode ocorrer (é o concurso ao
qual se aplica as regras ora estudadas).
#DEOLHONATABELA:
TEORIAS SOBRE AUTORIA
Não distingue autor e partícipe, mas permite o estabelecimento de graus diversos de
Teoria extensiva
autoria.
Autor é quem contribui de forma mais efetiva para a concorrência do resultado.
Teoria objetivo-
Partícipe é quem concorre de forma menos relevante.
material
Para a teoria, não importa quem realizou o núcleo do tipo penal.
Autor é quem realiza o núcleo do tipo penal.
Teoria objetivo-
Partícipe é quem concorre para o crime sem realizar o núcleo do tipo penal.
formal
Embora seja controverso, é a teoria adotada pela maioria da doutrina.
Autor é quem controla finalisticamente o fato, ou seja, quem decide a sua forma de
execução, seu início, cessação e demais condições.
Partícipe será aquele que, embora colabore dolosamente para o alcance do resultado,
Teoria do domínio não exerce domínio sobre a ação.
do fato A teoria só se aplica aos crimes dolosos e comissivos.
#SELIGA: Essa teoria serve para diferenciar autor e partícipe, não para imputar
responsabilidade penal.
#SINÔNIMO: teoria objetiva-subjetiva ou objetiva-individual.
Autoria mediata: o autor indireto ou mediato é aquele que, sem realizar diretamente a conduta típica, comete
o crime por ato de interposta pessoa, utilizada como seu instrumento. Hipóteses:
O terceiro não tem culpabilidade (inimputabilidade, coação moral irresistível ou obediência
hierárquica);
O terceiro não tem dolo ou culpa (coação física irresistível, estados de inconsciência);
Erro determinado por terceiro.
#ATENÇÃO No caso de autoria mediata, não há concursos de agentes, porque não há vínculo subjetivo. Apenas
o autor mediato será responsabilizado. Segundo doutrina majoritária, NÃO existe autoria mediata nos crimes
culposos.
#COMOPODESERCOBRADO
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Três correntes:
1ª) crime omissivo não admite concurso de agentes (para essa corrente, todos os omitentes são autores da
sua omissão)
2ª) crime omissivo admite concurso de agentes (tanto coautoria quanto participação). Ex.: 3 pessoas que estão
vendo outra agonizando e nada fazem, os 3 são co-autores no crime de omissão de socorro.
3ª) prevalece: crime omissivo admite participação, mas não coautoria (cada omitentes é autor da sua omissão).
Todos os presentes que se omitirem são autores de sua omissão, e não co-autores.
Autoria colateral – Duas ou mais pessoas, desconhecendo a intenção uma da outra, praticam determinada
conduta visando ao mesmo resultado. NÃO HÁ concurso de pessoas, já que ausente o vínculo subjetivo.
Autoria incerta – Quando, na autoria colateral, não se sabe qual dos dois autores causou o resultado. Aplica-
se o in dubio pro reo (incidirá na pena por tentativa).
Partícipe: consiste na contribuição para a conduta criminosa do autor, mas sem praticar o verbo do tipo
penal. O partícipe não tem o domínio do fato, mas induz, instiga ou auxilia o autor.
a) Acessoriedade mínima: para se punir o partícipe basta que o autor pratique um fato típico. Essa teoria
não é aceita.
b) Acessoriedade limitada: a punição do partícipe é possível quando o autor pratica um fato típico e
ilícito. Essa teoria sempre foi a preferida no Brasil.
c) Acessoriedade máxima ou extrema: só é possível a punição quando o autor comete fato típico, ilícito
e culpável. No caso de agente sem culpa, o agente responderia pela autoria mediata.
d) Hiper acessoriedade ou ultra acessoriedade: quando o autor pratica fato típico, ilícito, culpável e foi
efetivamente punido. A grande falha dessa teoria é que se o autor comete o crime e se mata, por
exemplo, sua punibilidade é extinta e o partícipe não poderia ser punido.
Prevalece a aplicação da Teoria da acessoriedade limitada, segundo a qual a participação é punida quando o
autor realiza uma conduta típica e ilícita.
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Em regra, a participação ocorre antes da consumação do crime. Contudo, em alguns casos é possível que o
agente induza/instigue o autor após a consumação.
-Participação negativa (conivência) – NÃO há punição. Se dá quando a pessoa não tem dever jurídico de agir
para evitar o resultado (mesmo que possa, não está obrigada a agir).
#OBS: Em caso de arrependimento do partícipe que induz/instiga (auxilio moral), só não haverá punição se ele
conseguir impedir o autor de praticar o crime.
#OBS: é possível participação por omissão? Sim, desde que o omitente: a) tenha o dever jurídico de evitar o
resultado (art. 13, §2º, CP); b) passe a aderir subjetivamente (tem que ter esse requisito para evitar a
responsabilidade penal objetiva); e, c) relevância da omissão. Não basta ter o dever jurídico, tem que perceber
que haverá o crime e querer e assumir o risco.
Cooperação dolosamente distinta (art. 29, §2º) – um dos agentes quis participar de crime menos grave, mas
acabou concorrendo para um crime mais grave. No caso de não ser previsível o resultado mais grave, o
concorrente que não quis participar responde apenas pelo crime menos grave. Se era previsível, responde pelo
crime menos grave, mas com a pena elevada até a metade.
Comunicabilidade de elementares e circunstâncias (art. 30, CP)– elementares (são elementos constitutivos
do crime) são sempre comunicáveis; circunstâncias (são dados acessórios ao crime) objetivas são sempre
comunicáveis, mas as subjetivas são incomunicáveis (salvo se elementares do crime ou de conhecimento do
outro agente).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Caso concreto: a ré, sócia-proprietária da empresa, foi acusada de suprimir, dolosamente, ICMS, no montante
de R$ 600 mil, fraudando a fiscalização tributária por meio de inserção de elementos inexatos e omissão de
operação em documentos exigidos pela lei fiscal. A imputação foi baseada unicamente na
teoria do domínio do fato. Afirmou-se que é autor do delito aquele que detém o domínio da conduta, ou seja,
o domínio final da ação. Logo, é autor aquele que decide se o fato delituoso vai acontecer ou não,
independentemente dessa pessoa ter ou não realizado a conduta material de inserir elemento inexato em
documento exigido pela lei fiscal, por exemplo. O STJ não concordou com a imputação. A
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teoria do domínio do fato funciona como uma ratio, a qual é insuficiente, por si só, para aferir a
existência do nexo de causalidade entre o crime e o agente. É equivocado afirmar que um indivíduo é autor
porque detém o domínio do fato se, no plano intermediário ligado à realidade, não há nenhuma circunstância
que estabeleça o nexo entre sua conduta e o resultado lesivo. Não há como considerar, com base na
teoria do domínio do fato, que a posição de gestor, diretor ou sócio administrador de uma empresa implica a
presunção de que houve a participação no delito, se não houver, no plano fático-probatório, alguma
circunstância que o vincule à prática delitiva. Em decorrência disso, também não é correto, no âmbito da
imputação da responsabilidade penal, partir da premissa ligada à forma societária, ao número de sócios ou ao
porte apresentado pela empresa para se presumir a autoria, sobretudo porque nem sempre as decisões
tomadas por gestor de uma sociedade empresária ou pelo empresário individual, - seja ela qual for e de que
forma esteja constituída - implicam o absoluto conhecimento e aquiescência com os trâmites burocráticos
subjacentes, os quais, não raro, são delegados a terceiros. STJ. 6ª Turma. REsp 1854893-SP, Rel. Min. Rogerio
Schietti Cruz, julgado em 08/09/2020 (Info 681).
A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala hierárquica sirva para
demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. Do mesmo modo, também não permite a condenação de um
agente com base em conjecturas. Assim, não é porque houve irregularidade em uma licitação estadual que o
Governador tenha que ser condenado criminalmente por isso. STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 3/10/2017 (Info 880).
O diretor-geral da empresa de telefonia Vivo foi denunciado pelo fato de que na filial que funciona no Estado
de Pernambuco teriam sido inseridos elementos inexatos em livros fiscais. Diante disso, o Ministério Público
denunciou o referido diretor pela prática de crime contra a ordem tributária (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90). A
denúncia aponta que, na condição de diretor da empresa, o acusado teria domínio do fato, o poder de
determinar, de decidir, e de fazer com que seus empregados contratados executassem o ato, sendo
responsável pelo delito. O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não se pode invocar a
teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem nenhuma outra prova, citando de forma genérica o
diretor estatutário da empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria sido supostamente praticado na filial
de um Estado-membro onde ele nem trabalha de forma fixa. Em matéria de crimes societários, a denúncia
deve apresentar, suficiente e adequadamente, a conduta atribuível a cada um dos agentes, de modo a
possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos denunciados na estrutura jurídico-administrativa da
empresa. Não se pode fazer uma acusação baseada apenas no cargo ocupado pelo réu na empresa. STF. 2ª
Turma. HC 136250/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 23/5/2017 (Info 866).
#COMOPODESERCOBRADO
O domínio do fato, em sua concepção, portanto, compunha as espécies de autoria ou coautoria (direta ou
mediata).
Todavia, é com Claus Roxin que a teoria do domínio do fato ganhou sua expressão mais acabada. Mais do que
um aperfeiçoamento, Roxin construiu uma nova teoria do domínio do fato.
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Enquanto para Welzel a teoria do domínio do fato seria um pressuposto (requisito) material para
determinação da autoria, para Roxin essa teoria consistiria em um critério para
delimitação do papel do agente na prática delitiva (como autor ou partícipe). Assim, para Roxin, a teoria
representou uma forma de distinguir autor de partícipe. Roxin não utilizou a teoria para encontrar
responsabilidade penal onde ela não existe. Usou apenas para diferenciar o papel desempenhado por cada
agente no delito.
Essa teoria é insuficiente para se aferir a existência de nexo de causalidade entre o crime o agente
Observa-se, portanto, que a teoria do domínio do fato funciona como uma ratio, a qual é insuficiente, por si
só, para aferir a existência do nexo de causalidade entre o crime e o agente.
É equivocado afirmar que um indivíduo é autor porque detém o domínio do fato se, na prática, não há
nenhuma circunstância que estabeleça o nexo entre sua conduta e o resultado lesivo.
É necessária a comprovação da existência de um plano delituoso comum ou de alguma contribuição que essa
pessoa tenha dado para a ocorrência do fato criminoso.
Não há como considerar, com base na teoria do domínio do fato, que a posição de gestor, diretor ou sócio
administrador de uma empresa implica a presunção de que houve a participação no delito, se não houver, no
plano fático-probatório, alguma circunstância que o vincule à prática delitiva.
A teoria do domínio do fato, seja sob a concepção de Welzel, seja sob a de Roxin, não permite, isoladamente,
que se faça uma acusação pela prática de crime tributário – aliás, de qualquer crime –, eis que a imputação
deve ser acompanhada da devida descrição, no plano fático do nexo de causalidade entre a conduta e o
resultado delituoso.
“A teoria do domínio do fato não tem lugar para colmatar a falta de substrato probatório da autoria delitiva”
(STF. AP n. 987/MG, Rel. Min. Edson Fachin, DJe 8/3/2019).
Em decorrência disso, também não é correto, no âmbito da imputação da responsabilidade penal, partir da
premissa ligada à forma societária, ao número de sócios ou ao porte apresentado pela empresa para se
presumir a autoria, sobretudo porque nem sempre as decisões tomadas por gestor de uma sociedade
empresária ou pelo empresário individual, - seja ela qual for e de que forma esteja constituída - implicam o
absoluto conhecimento e aquiescência com os trâmites burocráticos subjacentes, os quais, não raro, são
delegados a terceiros.
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