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CONCURSO DE CRIMES E CRIME CONTINUADO

Adapatado de Curso de Direito Penal – Fábio Roque

CONCURSO DE CRIMES (CONCURSUS DELICTORUM)

É a pluralidade objetiva no crime, ou seja, é a pluralidade de infrações penais. Tem previsão


no Código Penal, nos arts. 69 a 71. No art. 69, temos o concurso material de crimes, também chamado
de concurso real, pela doutrina, já no art. 70, está previsto o concurso formal de crimes que é também
denominado de concurso ideal e, por fim, no art. 71, temos a previsão do crime continuado também
chamado de continuidade delitiva.

CONCURSO MATERIAL DE CRIMES

Ocorre quando se tem mais de um crime praticado mediante mais de uma conduta, como por
exemplo no caso do agente que após estuprar a vítima a mata para ocultar o crime. Assim, de acordo
com o art. 69, do CP, o critério utilizado é do cúmulo material de penas, senão vejamos: “Quando o
agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso
de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.”
Pode ser classificado como:
a) Concurso material homogêneo: ocorre quando se tem mais de um crime, mediante mais
de uma ação ou omissão, mas os crimes praticados são idênticos.
b) Concurso material heterogêneo: ocorre quando se tem mais de um crime, mediante mais
de uma ação ou omissão e os crimes praticados não são idênticos.

CONCURSO FORMAL DE CRIMES

Ocorre nas hipóteses em que o agente pratica mais de um crime mediante uma ação ou
omissão, como por exemplo no caso do agente que joga uma bomba em algum local que acaba por
produzir lesões corporais em várias pessoas. Tem previsão no art. 70, do CP, da seguinte maneira:
“Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.”
Pode ser classificado:
a) Quanto à identidade de crimes:
• Concurso formal homogêneo: ocorre quando se tem mais de um crime, mediante
uma ação ou omissão, mas os crimes praticados são idênticos.
• Concurso formal heterogêneo: ocorre quando se tem mais de um crime, mediante
uma ação ou omissão e os crimes praticados não são idênticos.

b) Quanto à unidade de desígnios


• Próprio ou perfeito: é aquele em que o agente não possui desígnios autônomos.
Não ocorre entre crimes dolosos, mas pode ocorrer entre crimes culposos e entre
crime doloso e culposo. Neste, será aplicada a regra da exasperação, ou seja, será
aplicada a pena do crime mais grave ou qualquer uma delas, caso as penas dos
crimes sejam iguais, e ocorrerá a exasperação de 1/6 até a 1/2. A lei não estabeleceu
um critério para a exasperação, mas a doutrina e a jurisprudência, recorrem ao
critério objetivo da quantidade de crimes praticados, ou seja, quanto maior a
quantidade de crimes, maior a exasperação.
Cúmulo material benéfico: se no caso concreto, a regra do cúmulo material for
mais benéfica ao réu, em vez de exasperar as penas, as penas serão somadas.

• Impróprio ou imperfeito: ocorre na situação em que existem desígnios


autônomos, ou seja, o agente mediante uma ação ou omissão, já possuía a intenção
de produzir mais de um resultado. Ocorre, portanto, nos crimes dolosos. Nesta
situação, aplica-se a mesma regra do concurso material, ou seja, as penas dos
crimes serão somadas (cúmulo material de penas).

CRIME CONTINUADO

O crime continuado ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie, e pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. É uma ficção
jurídica de modo a fazer com que a pena não observe a regra do concurso material e sim a regra da
exasperação.
Assim, os requisitos do crime continuado são:
a) Pluralidade de condutas: ocorre mediante mais de uma ação ou omissão.
b) Crimes da mesma espécie: Existe divergência entre a doutrina e a jurisprudência. Para a
doutrina majoritária, crimes da mesma espécie são aqueles que tutelam o mesmo bem
jurídico. Já para a jurisprudência majoritária crimes da mesma espécie são aqueles que se
encontram no mesmo tipo penal. Contudo, o STJ já reconheceu a continuidade delitiva
entre os crimes de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP) e sonegação de
contribuição previdenciária (337-A, CP).
c) Semelhantes condições de tempo: a lei não estabeleceu o lapso temporal necessário.
Contudo, a jurisprudência nacional tem se inclinado no sentido de que não se deve
reconhecer a continuidade delitiva quando transcorre lapso superior a 30 dias, mas esse
critério não é absoluto, dependendo do caso concreto.
d) Semelhantes condições de lugar: O CP também não estabeleceu o que seria, no entanto,
a doutrina e jurisprudência entendem que continuado seria o crime quando praticadas as
condutas na mesma cidade ou em cidades vizinhas. Contudo, este critério não é absoluto.
e) Semelhanças na maneira de execução: não haveria, por exemplo, mesmo modo de
execução entre um furto e um roubo, pois as formas de execução são bastantes distintas.
f) Outras circunstâncias semelhantes: o CP não faz menção ao que seria. Assim, irá
depender do caso concreto.
Deste modo, de acordo com o art. 71, do Código Penal: “Quando o agente, mediante mais
de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de
tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais
grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.”. Como é percebido,
como consequência, tem-se o critério da exasperação, só que diferente do crime formal, no que
concerne ao patamar.
Neste caso, também será aplicada a pena do crime mais grave ou qualquer uma delas, caso as
penas dos crimes sejam iguais, e ocorrerá a exasperação de 1/6 a 2/3. Todavia, existe uma
particularidade no crime continuado, na qual a doutrina irá chamar de crime continuado específico
ou qualificado e que tem previsão no art. 71, parágrafo único do CP: “Nos crimes dolosos, contra
vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz,
considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e
do art. 75 deste Código.”
No crime continuado qualificado também estão presentes os requisitos do crime continuado,
prescritos no art. 71, CP, contudo, há uma particularidade no sentido de que há violência e grave
ameaça à pessoa, com vítimas distintas.
Cumpre salientar que com a redação do parágrafo único do art. 71, CP, a súmula n. 605 do
STF está ultrapassada, desde a entrada em vigor da atual parte geral do Código Penal, em 1984, muito
embora não tenha sido cancelada expressamente pelo STF, a respectiva súmula não mais se aplica.
Em relação às consequências do crime continuado específico, este não adota o critério da
exasperação, mas sim o critério de elevar a pena até o triplo, ou seja, a pena do crime mais grave será
elevada até o triplo. Todavia, nestas circunstâncias, o CP previu a regra do cúmulo material benéfico
e, assim, a pena será a elevada até o triplo desde que seja mais benéfica ao réu do que a aplicação do
cúmulo material.

MEDIDA DE SEGURANÇA

A medida de segurança, como regra, é uma sanção penal imposta aos inimputáveis por doença
mental, excepcionalmente, pode ser imposta ao semi-imputáveis.
Durante muito tempo se entendeu que a medida de segurança não tinha natureza sancionatória,
mas sim teria natureza terapêutica, curativa ou tutelar, ou seja, a medida de segurança serviria para
tratar a doença mental do inimputável. Todavia, esta concepção permitia que o sujeito ficasse
custodiado sob a égide da medida de segurança indefinidamente.
A lei previu um prazo mínimo para a aplicação da medida de segurança, mas não previu um
prazo máximo, assim, consoante art. 97, §1º, CP: “A internação, ou tratamento ambulatorial, será
por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica,
a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos”
Em 2016, o STF entendeu que as medidas de segurança possuem natureza sancionatória, sem
prejuízo do caráter terapêutico e, a partir daí o STF passou a entender que a medida de segurança
necessitava de um limite de cumprimento. Deste modo, de acordo com o entendimento do STF, a
medida de segurança não pode ter caráter perpétuo, e estabeleceu como limite o previsto no art. 75
do Código Penal.
Já para o STJ, o prazo máximo para o cumprimento da medida de segurança é o máximo
estabelecido para o tipo penal.
Na medida de segurança a sentença que a determina não é condenatória, mas absolutória
imprópria, pois o magistrado irá absolver o inimputável e aplicar a respectiva medida de segurança.

TIPOS DE MEDIDAS DE SEGURANÇA

Só existem dois tipos em nossa legislação:


a) Internação: nesta o sujeito fica internado no HCT (Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico)
b) Tratamento ambulatorial: nesta, o agente é submetido a tratamento compulsório, mas
sem necessidade de internação.

Como é sabido, o fundamento da medida de segurança é a periculosidade e o da pena é


culpabilidade. No entanto, o Código utiliza um critério bastante criticado na doutrina e jurisprudência
para estabelecer quando se deve ter a aplicação de internação ou tratamento ambulatorial, pois
consoante o CP, caso seja prevista pena de detenção para o crime, o juiz deve aplicar o tratamento
ambulatorial, levando a crer que se a pena for de reclusão, não caberia o tratamento ambulatorial e
deveria ser aplicada a internação. Isto é bastante criticado, pois tem como parâmetro a reprovabilidade
da pena.
Assim, a doutrina e jurisprudência afirmam que o julgador deve afastar este critério e utilizar
como parâmetro a necessidade do tratamento, ou seja, a depender da análise do caso concreto o
julgador poderá aplicar a internação ou o tratamento ambulatorial, consoante a necessidade do
inimputável, independentemente de estar prevista em lei pena de reclusão ou detenção.

SEMI-IMPUTÁVEIS

São também chamados de fronteiriços, pois se encontram na fronteira entre a imputabilidade


e inimputabilidade. A expressão semi-imputabilidade é amplamente aceita. No entanto, para o
Professor Cezar Roberto Bitencourt esta condição não existe, pois, a imputabilidade tem natureza
absoluta e assim ele denomina de culpabilidade reduzida.
Está definido no art. 26, parágrafo único do Código Penal: “A pena pode ser reduzida de
um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”. Assim, o semi-
imputável é condenado a uma pena diminuída de 1/3 a 2/3.
Consoante o Código Penal o juiz, a depender do caso, poderá converter a pena diminuída em
medida de segurança, se entender que é adequado ao tratamento do semi-imputável. Esta conversão
pode ser realizada pelo juiz sentenciante, na sentença, ou, posteriormente, pelo juiz da execução. É
importante salientar, que não há como aplicar medida de segurança aos imputáveis.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Quando falamos em efeitos da condenação, estamos nos referindo, particularmente, aos


efeitos extrapenais. A condenação pode ter efeitos penais e extrapenais. Assim, os efeitos penais se
dividem em principal, que seria o cumprimento da pena, e secundários que são a caracterização da
reincidência e dos antecedentes criminais, a inclusão do nome do réu no rol dos culpados.
Os efeitos extrapenais da condenação estão enumerados nos art. 91 e 92, do Código Penal e
se dividem em:
• Genéricos (art. 91, CP): são efeitos automáticos, pois não precisam ser declarados
na sentença pelo juiz e são genéricos porque aplicam-se aos casos em geral.
Constituem na reparação do dano e no confisco de bens. O confisco é a perda dos
bens em favor da União, ressalvado o direito do lesado e do terceiro de boa-fé, dos
instrumentos, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou
detenção, constitua fato ilícito; e produtos ou qualquer bem ou valor que constitua
proveito auferido com a prática do crime.
• Específicos (art. 92, CP): não são automáticos e, deste modo, o juiz deve declará-
los expressamente na sentença. São específicos, pois se aplicam a apenas alguns
casos. Conforme o art. 92, CP: “São também efeitos da condenação:
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior
a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever
para com a Administração Pública
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4
(quatro) anos nos demais casos.
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela
nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem
igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro
descendente ou contra tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a
prática de crime doloso.”

A lei Anticrime introduziu o art. 91-A no Código Penal e este consagra o que chamamos de
confisco alargado de bens. Assim, consoante o artigo mencionado: “Na hipótese de condenação por
infrações às quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser
decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença
entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu rendimento
lícito.”, ou seja, será também considerado produto do crime aquele patrimônio que for incompatível
com os rendimentos lícitos do agente.
Neste caso, o Ministério Público irá apontar na denúncia a discrepância entre o patrimônio do
agente e os seus rendimentos lícitos e esse valor superior ao seu patrimônio lícito será confiscado. No
entanto, é necessário que o MP traga isso na denúncia a fim de garantir o contraditório e que o réu
possa provar a origem lícita do patrimônio. É importante salientar que, a sentença deve fazer menção
expressa a esses valores que são perdidos.

REABILITAÇÃO

É um instituto que, pretendendo a reinserção social do condenado, objetiva assegurar o sigilo


acerca das informações relativas à condenação criminal e à suspensão de alguns dos seus efeitos
extrapenais específicos. Isto se dá mediante uma decisão judicial, que reconhece a extinção das penas
impostas.
Os requisitos estão presentes no art. 94 do Código Penal, e são:
• Prazo de 2 anos da extinção da pena;
• Domicílio no país;
• Bom comportamento;
• Reparação do dano.
As finalidades da reabilitação é o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação e o
atingimento dos efeitos extrapenais descritos no art. 92, do Código Penal.

AÇÃO PENAL

Este é um tema que está tanto no Código Penal quanto no Código de Processo Penal. Na
conceituação bem conhecida de Francesco Carnelutti, direito de ação é o direito público subjetivo de
exigir do Estado-juiz que diga o direito a ser aplicado ao caso concreto. Isto vale para ação penal, que
pode ser conceituada como o direito público subjetivo de exigir do Estado-juiz que diga o direito
penal a ser aplicado ao caso concreto.
No Brasil, a ação penal pode ser de iniciativa pública ou de iniciativa privada. A ação penal
de iniciativa pública pode ser incondicionada ou condicionada à representação do ofendido ou
condicionada à requisição do Ministro da Justiça. Já a ação penal de iniciativa privada pode ser:
exclusiva ou propriamente dita, personalíssima e subsidiária da pública ou supletiva.
Ação penal pública é titularizada pelo Ministério Público, consoante o art. 129, I, da
Constituição Federal e a ação penal privada é titularizada pelo ofendido. Como regra, se o ofendido
morrer ou for considerado ausente por decisão judicial, o direito de prosseguir com o processo
criminal ou oferecer a queixa-crime passará para o cônjuge ou companheiro ou companheira,
ascendentes, descendentes, ou irmãos, nesta ordem, conforme o art. 24, §1º, do CPP. Todavia, isto
não se aplica à ação penal privada personalíssima, na qual o direito de queixa é exclusivo do ofendido.
Na ação penal de iniciativa pública, a peça inicial acusatória é a denúncia e na ação penal de
iniciativa privada a petição inicial é a queixa-crime, sendo esta peça, privativa de advogado que deve
ser constituído por procuração com poderes especiais.

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

A ação penal pública incondicionada é a grande regra do nosso ordenamento jurídico, ou seja,
se a lei não dispuser de maneira contrária, o crime será de ação penal pública incondicionada. Isto
significa que, o titular da ação, que é o Ministério Público, não está subordinado ou submetido a
nenhuma condição.
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA

Na ação penal pública condicionada, a titularidade é do Ministério Público e, nesta ele está
submetido a duas condições de procedibilidade: a representação do ofendido e a requisição do
Ministro da Justiça. A previsão de ação penal pública condicionada é dada de forma expressa.
Os crimes contra a honra são, em regra, de iniciativa privada, todavia, em algumas situações,
será pública condicionada à representação do ofendido, como, por exemplo, nos casos de injúria
qualificada, também chamada de injúria preconceituosa e também no crime de injúria praticado
contra a honra do servidor público em razão de sua função. Neste último, nos termos da súmula 714,
do STF, poderá ser de ação pública condicionada à representação do ofendido, ou de ação penal
privada, a critério do ofendido.
Os crimes de ameaça, de lesão corporal leve e de lesão corporal culposa, se processam
mediante ação penal pública condicionada à representação. Todavia, os casos de lesão corporal leve
e culposa que envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher procedem mediante ação
penal pública incondicionada.
Em relação aos crimes procedidos mediante ação pública condicionada à requisição do
Ministro da Justiça, temos três casos no Código Penal e dois deles são crimes contra a honra, como
nas hipóteses de crimes contra a honra do Presidente da República, de chefe de governo estrangeiro.
A terceira hipótese se encontra expressa no art. 7º, § 3º, do CP e diz respeito aos crimes cometidos
no exterior por estrangeiro contra brasileiro.

AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA

Consoante já explicitado, os crimes procedidos mediante ação penal de iniciativa privada são
exceção em nosso ordenamento jurídico e dentre as hipóteses é possível citar os três casos de crimes
contra a honra: calúnia (art.138, CP), difamação (art. 139, CP) e injúria (art. 140, CP), que, em regra,
são casos de iniciativa privada.
A ação penal privada personalíssima é aquela na qual apenas o ofendido pode processar
criminalmente, ou seja, diferentemente do que ocorre na ação penal privada exclusiva ou subsidiária
da pública, no caso de morte ou declaração de ausência por decisão judicial do ofendido, o direito de
oferecer a queixa-crime não passa para terceiros. Este é o único caso do nosso ordenamento jurídico
em que a morte da vítima extingue a punibilidade do agente.
Atualmente, só existem dois casos de ação penal privada personalíssima, que estão previstos
no art. 236, do CP, que são crimes contra o casamento. Em qualquer das duas hipóteses previstas no
art. 236, o cônjuge ludibriado só poderá processar criminalmente o cônjuge criminoso após a anulação
do casamento na esfera cível.
A ação penal privada subsidiária da pública, também chamada de supletiva, se refere ao caso
de crime de ação penal pública, na qual caberia ao ofendido oferecer a queixa-crime, no lugar da
denúncia, em virtude da inércia do Ministério Público. É importante salientar que, só cabe a ação
penal privada subsidiária da pública nos crimes em que há um ofendido definido, não cabendo no
caso de crimes vagos.

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