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CENTRO DE APOIO AOS POLICIAIS

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MODELO RECURSO ADMINISTRATIVO DE QUEIXA – ATO


DE CENSURA

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR DA _______________________

Assunto: RECURSO DE QUEIXA

Nome completo: ______________________________________________________,


graduação/posto: ______________, matrícula________________, portador do
RG nº __________ Órgão Expedidor ______________ e do CPF n°
_________________, servindo atualmente no _______________________, vem
respeitosamente a presença de Vossa Senhoria, NOME:
___________________________________________, Grad. _______, matrícula
_____________, RG Nº ________, servindo no ___° BPM, nos termos do Art.
5º, inciso LV da Constituição Federal com o art. ____ do Código
Disciplinar, por meio de seu procurador infra-assinado, vem
respeitosamente a presença de Vossa Senhoria, interpor:

RECURSO DE QUEIXA

Em face da decisão proferida pelo Tenente-Coronel ____________________,


publicada no _____/_____, que puniu o autor nos termos do art. _____,
CDME:

DOS FATOS:

Em primeiro lugar, cabe destacar que o recorrente é


profissional compromissado, dedicado, disciplinado, comprometido com
os resultados, princípios e valores instituídos pela corporação, pautando
sempre suas ações pela legalidade e pela ética.
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No entanto, foi punido com uma pena de 21 (vinte e


um) dias, sob o pretexto que o queixoso cometeu o ato de censura, diante
do contido no recurso administrativo de outro PAD, onde havia o seguinte
transcrito:
Destaco assim que a insistência nessa imposição punitiva
não tem qualquer finalidade educativa, seja ela individual
ou coletiva, ao contrário, este ato reforça a desmotivação
de nossos poderes representativos estatais, pois insistir
numa punibilidade como essa, se torna um desvio de
finalidade, um abuso de poder na modalidade desvio [...]

Apesar do princípio do contraditório e da ampla


defesa, o argumento trazido pelo queixoso foi levado em conta como uma
ofensa e causou a instauração do presente Processo Administrativo
Disciplinar.

DOS FUNDAMENTOS

A conduta praticada pelo queixoso não possuiu


nenhuma intenção de ofender ou censurar o superior hierárquico,
pautando-se apenas nas suas garantias legais e constitucionais que
serão vistas adiante.

a. DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO SOBRE O


ORDENAMENTO JURÍDICO

Como um dos pilares do Estado Democrático de


Direito trazido na Constituição Federal, na condição de verdadeiro
dogma, o direito ao contraditório e ampla defesa, bem como a liberdade
de expressão e de informação estão presentes em todos os documentos
internacionais de direitos humanos e nas Constituições Democráticas.
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Conforme bem ensina, Celso Antônio Bandeira de


Mello:

princípio é, por definição, mandamento nuclear de um


sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental
que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o
espírito e servindo de critério para sua exata compreensão
e inteligência, exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a
tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos
princípios que preside a interlecção das diferentes partes
componentes do todo unitário que há por nome sistema
jurídico positivo.

Assim também dispõe a jurisprudência, em caso


similar ao deste PAD, como pode ser visto adiante transcrita:

CONSTITUCIONAL - ADMINISTRATIVO - MILITAR -


ATIVIDADE CIENTÍFICA - LIBERDADE DE EXPRESSÃO
INDEPENDENTE DE CENSURA OU LICENÇA - GARANTIA
CONSTITUCIONAL - LEI DE HIERARQUIA INFERIOR -
INAFASTABILIDADE - PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR - TRANSGRESSÃO MILITAR -
INEXISTÊNCIA - FALTA DE JUSTA CAUSA - PUNIÇÃO
ANULADA - RECURSO PROVIDO. I - A Constituição
Federal, à luz do princípio da supremacia constitucional,
encontra-se no vértice do ordenamento jurídico, e é a Lei
Suprema de um País, na qual todas as normas
infraconstitucionais buscam o seu fundamento de
validade. II - Da garantia de liberdade de expressão de
atividade científica, independente de censura ou licença,
constitucionalmente assegurada a todos os brasileiros
(art. 5º, IX), não podem ser excluídos os militares em razão
de normas aplicáveis especificamente aos membros da
Corporação Militar. Regra hierarquicamente inferior não
pode restringir onde a Lei Maior não o fez, sob pena de
inconstitucionalidade. III - Descaracterizada a
transgressão disciplinar pela inexistência de violação ao
Estatuto e Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de
Santa Catarina, desaparece a justa causa que embasou o
processo disciplinar, anulando-se em conseqüência a
punição administrativa aplicada. III - Recurso conhecido e
provido.
(STJ - RMS: 11587 SC 2000/0017515-3, Relator: Ministro
GILSON DIPP, Data de Julgamento: 16/09/2004, T5 -
QUINTA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 03/11/2004
p. 206)
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Dessa forma, os princípios constitucionais devem ser


devidamente aplicados na análise da conduta praticada pelo queixoso,
assim como na análise de todos os meios de defesa conferidos pela lei.

b. DA NULIDADE PROCESSUAL

Neste sentido, Capez (2007, p. 689-690) entende que


a nulidade absoluta ocorre quando a formalidade violada não está
estabelecida simplesmente em lei, “havendo ofensa direta ao Texto
Constitucional, mais precisamente aos princípios constitucionais do
devido processo legal (ampla defesa, contraditório, publicidade,
motivação das decisões judiciais, juiz natural etc.).”
O autor, acima citado, também considera que as
nulidades absolutas apresentam as seguintes características:

a) há ofensa direta a princípio constitucional do


processo;
b) a regra violada visa garantir interesse de ordem
pública, e não, mero interesse das partes;
c) o prejuízo é presumido e não precisa ser
demonstrado;
d) não ocorre preclusão; o vício jamais se convalida,
sendo desnecessário argüir a nulidade no primeiro
momento processual; o juiz poderá reconhecê-la ex
officio a qualquer momento do processo;
e) depende de pronunciamento judicial para ser
reconhecida.

Como visto, o presente processo administrativo está


eivado de inconstitucionalidades, que devem ser combatidos com a
correta nulidade deste procedimento administrativo disciplinar.
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c. DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA


DEFESA

É importante destacar que o requerente, no uso do


direito ao contraditório e ampla defesa, emitiu sua opinião sobre a
legalidade do PAD, dessa forma, é necessário discorrer sobre ambos os
princípios.

Enquanto o princípio do contraditório induz a


enfrentar razões apontadas por outrem contra o acusado, rebatendo-os,
procurando demonstrar a verdade dos fatos pelo seu ponto de vista, com
fulcro no princípio da ampla defesa. O termo ampla defesa é explícito ao
conferir a amplitude do direito do réu se defender em processos judiciais
ou administrativos, conferindo a liberdade de apontar máculas no
respectivo processo.

O exercício do direito à ampla defesa não pode ser


limitado a apenas contrapor nos termos exatos da acusação, e sim
garantir todos os meios para o réu impugnar o processo. Segundo Alves
(1999, p. 4), a ampla defesa é exercida mediante pelo menos três outros
direitos que lhe são inerentes:

a) direito de informação;
b) direito de manifestação;
c) direito de ter as razões consideradas.

Para Arduin (2006, p. 179), com base no princípio da


ampla defesa e do contraditório, aos acusados, no âmbito do direito
disciplinar, é licito:
a) não ser obrigado a produzir prova contra si mesmo (não
existe dever de confissão); b) se fazer presente em todos os
atos processuais, inclusive sessão colegiada de
julgamento; c) requisitar a produção de provas admitidas
pelo direito; d) requisitar acareações e inquirições; e)
solicitar inquirições de testemunhas; f) reperguntar às
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testemunhas, ofendido e acusador; g) contestar e


impugnar atos processuais; h) contraditar testemunhas;
i) arguir suspeição e impedimento de pessoa ou órgão
julgador; j) formular e contraditar quesito nas solicitações
de exames e perícias; k) vistas de laudos periciais, podendo
contestá-los e requerer novos exames e perícias; l)
reconhecimento de coisa, objeto e pessoa; m) requisitar
cópias de processo ou de autos; n) recorrer de toda
decisão; o) obter vista de autos para produzir sua defesa;
p) ter conhecimento formal da acusação, quem a produziu,
quais as provas e testemunhas; q) produção de
contraprova; r) defesa própria, por intermédio de outro
Militar ou por Advogado constituído. (grifei)

d. DO PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

Para apreciar a defesa do réu, o julgador deve analisar


as razões conforme o princípio da impessoalidade.
O princípio da impessoalidade não foi aplicado neste
PAD, pois a autoridade julgadora do Processo Administrativo Disciplinar
não deveria tomar os argumentos pelo processado como ofensivos a sua
pessoa, pois, no exercício do direito de defesa, o queixoso agiu para atacar
a legalidade do processo disciplinar e não para atingir a conduta moral
das autoridades da corporação. Nesse sentido, posiciona-se Medauar
(1993, p. 89-90):

Impessoalidade, imparcialidade, objetividade envolvem


tanto a idéia de funcionários que atuam em nome do
órgão, não para atender objetivos pessoais, como de
igualdade dos administrados e atuação norteada por fins
de interesse público. Trata-se de ângulos diversos do
intuito essencial de impedir que fatores pessoais,
subjetivos, sejam os verdadeiros móveis e fins das decisões
administrativas. Com o princípio da impessoalidade, a
Constituição visa a obstaculizar atuações geradas por
antipatias, simpatias, objetivos de vingança, represálias,
‘trocos’, nepotismo, favorecimentos diversos, muito
comuns em concursos públicos, licitações, processos
disciplinares, exercício do poder de polícia.
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Cabe destacar ainda a ausência do elemento doloso


que é a comprovação da vontade explícita, livre para realizar uma ofensa
a um superior hierárquico.

A punição de um militar em razão da manifestação do


direito de defesa deve ser considerada como o cerceamento desta
prerrogativa, pois na hipótese de uma alegação de suspeição ou
impedimento, a atitude certamente será interpretada como uma censura.

e. PRINCÍPIO DA DISCRICIONARIEDADE REGRADA

O princípio da discricionariedade regrada tem estreita


relação com o princípio da oportunidade, pois a sua existência no direito
pátrio tem mitigado o princípio da obrigatoriedade. Tal princípio orienta
que:
[...] o órgão estatal tem a faculdade de promover ou não a
ação penal, uma discricionariedade da utilidade tendo em
vista o interesse público. Funda-se este na regra mínima
non curat praetor, ou seja, o Estado não deve cuidar de
coisas insignificantes, podendo deixar de promover o jus
puniendi quando verificar que do exercício da ação penal
podem advir maiores inconvenientes que vantagens.
(MIRABETE, 2006, p. 28).

É importante destacar que toda infração disciplinar


tem como característica a lesividade ou ofensividade. No presente caso, é
notória a ausência desses elementos pois, como apresentado neste
recurso, o queixoso apenas exerceu o seu direito à ampla defesa.

Dessa maneira, mesmo se a conduta possuir certa


relevância, contudo sem gravidade, deverá o oficial observar se existe a
real necessidade de punição grave, podendo assim aplicar penalidade
mais leve de forma proporcional para uma simples advertência, por
exemplo.
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É importante destacar ainda, a presença das


circunstâncias atenuantes do requerente, nos termos do art. 24, I, II e
IV, CDME, como a constatação de bons antecedentes; a relevância de
serviços prestados; a influência de fatores diversos, devidamente
comprovados e justificados.

DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

a) Que Vossa Senhoria, reconheça a nulidade deste


Procedimento Administrativo Disciplinar diante da demonstrada
inconstitucionalidade formal e material e reforme a decisão que puniu o
recorrente com o consequente arquivamento da presente comunicação.

b) Caso esse não seja entendimento de Vossa


Senhoria, requer que seja aplicada advertência ao requerente nos termos
do art. ______ do Código Disciplinar, com orientação verbal, haja vista, a
presença dos requisitos como os antecedentes deste assim o
recomendarem.

______, ____ de _______________de __________


Local data

Dr. TIAGO REIS


OAB/PE

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