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Rio, 22/07/2016

AULA INAUGURAL DE TÉCNICA DE SENTENÇA CRIMINAL

Professor:

Livro: Pagganela Borges

Princípio da insignificância- exclusão da tipicidade.

O fato de o réu ter poucos recursos não acerreta o não pagamento da multa, pois não há
previsão legal. O que ocorre é uma redução do seu valor.

O fato de ser a vítima testemunha macula o depoimento dela? Policial que prendeu pode
ser testemunha?

Os bens foram restituídos, não há reparação do valor dos bens. Cabe apenas dano
material.

Cada aparelho está avaliado em 150 reais, isso quer dizer significância.

O réu permaneceu solto durante todo o processo: Em regra nas provas de sentença, se o
réu está preso continua preso. Se o réu está solto, continua solto. Contudo, isso não deve
ser aplicado na prática, apenas é uma regra para fazer sentenças fictícias.

Não inventar fatos em uma técnica de sentença.

Comprovados os fatos narrados na denúncia, os autos vieram conclusos para sentença:


verdade absoluta dentro da técnica. Se está dizendo que estão comprovados os fatos,
não discuta essa comprovação.

Estrutura: ARTIGO 381, CPP

RELATÓRIO:
FUNDAMENTAÇÃO
DISPOSITIVO

RELATÓRIO:

Réus, fatos, capitulação.


Teses de defesa. (repetir da questão)
Atos estruturais ou essenciais do procedimento (Denúncia, recebimento (data), citação,
resposta, prelimiar, decisão do 397, AIJ, alegações finais)
+ Habilitação do assistente.

Não colocar juízo de valor no relatório.

Interessante dar uma olhada nas sentenças, para saber como estão estruturadas e assim,
auxiliar nas aulas de técnica. Não ler só acórdão e jurisprudência.
TJ- SITE- Banco do Conhecimento- Várias sentenças de várias matérias.

FUNDAMENTAÇÃO:

- Primeira coisa a ser analisadas são questões processuais. "O réu não foi citado." "Não
foi nomeado curador." "Não foi ouvida testemunha."

Cuidado que numa técnica de sentença e numa prova de concurso, o examinador não
quer que você reconheça nulidade processual e converta em diligência. Vá até o final.
Com a dosimetria. 99,9% pede condenação.

- Adequação da denúncia: a denúncia é adequada aos fatos. Artigo 383, do CPP-


emendatio e 384, do CPP- mutacio

- Prescrição (PPA)- Artigo 109, CP (essa é a prescrição analisada na técnica de


sentença)
Quando for calcular prescrição utilizar a data que você está fazendo a técnica. Exemplo:
Data da Publicação da Sentença: 22/07/2016
O máximo que o réu ficaria condenado é de 8 anos, então prescreve em 12 anos, Artigo
109, III, CP.

 Súmula 438 STJ: Prescrição pela pena ideal: é o juiz recebendo a denúncia, já
vislumbrar que aquilo ali vai ser prescrito. Não pode pela experiência dizer que
vai aplicar a pena de tanto, então não proseegue, evitando criar um processo
inútil.

 Prescrição pela pena em concreto: PPP


OBS: art. 119, do CP e súmula 497 (STF)
Exige trânsito em julgado pelo menos para a acusão. ( artigo 110, parag 1, CP)

- Materialidade: se o crime ocorreu ou não. Não são os vestígios do crime. Se não tiver
ocorrido o crime, não há materialidade, então absolve.

Pode abrir um tópico para a materialidade.

Provas produzidas- "Comprovados os fatos narrados na denúncia"

- Autoria: Provas Produzidas: "Comprovados os fatos narrados na denúncia".

OBS 1: Posição majoritária- súmula 70 STJ- válido o testemunho pelo próprio policial
que fez a prisão.

OBS 2: Declaração dos lesados- jurisprudência majoritária no sentido de que são


válidos esses depoimentos.
É importante escrever as palavras materialidade e autoria nas provas.

- Tipicidade/ Ilicitude/ Culpabilidade


Análise do crime em si.
1. Tipicidade: no caso concreto- insignificância. Pelo fato de ser uma continuidade
delitiva você afasta a insignificância também.

REsp 1503539

Princípio da insignificância pressupõe 4 vetores:

a) mínima ofensividade da conduta do agente

b) nenhuma periculosidade social da ação

c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento

d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Afasta a insignificância: Furto qualificado + valor do furto

2. Excludente de ilicitude (justificantes):

Art. 23, do CP

3. Excludente de culpabilidade

DOSIMETRIA- ART. 68, DO CP

1 fase
2 fase PPL + MULTA
3 fase

Artigos 68 e 59, CP

1: Pena base
2: Agravantes e atenuantes
3: Causas de aumento e diminuição

Partir do crime do caso concreto- furto qualificado 155, parag 4 CP. 2 a 8 anos e multa.
No caso é destreza.

Partir de 2 anos.

Na primeira fase eu aplico o artigo 59, que traz as circunstâncias judiciais:


Culpabilidade
Antecedentes- STJ sumula 444 X STF
Conduta Social
Personalidade
Motivos
Circunstâncias
Consequências
Comportamento da vítima
Pegar o máximo e o mínimo. Média de 6 anos. Para cada circunstância desfavorável
você vai aumentar a pena de 1/8. Aqui não há nenhuma circunstância. Seria um
aumento de 9 meses para cada circunstância desfavorável.
Parto sempre do mínimo de 2 anos, nesse caso, e vou aumentando 9 meses a cada
circunstância desfavorável.
Na primeira e na segunda fases não pode ir além do máximo ou abaixo do mínimo.

Súmula 231 do STJ. A incidência da circunstância atenunante não pode conduzir ...

Culpabilidade da dosimetria da pena: é um sinônimo de reprovabilidade maior. Ex:


quando um policial comete um crime, se não for causa de aumento de pena, coloca na
culpabilidade. No nosso caso, não tem nada que indique que a conduta dele é mais
reprovável.

Antecedentes: Afastaria pela súmula 444 STJ.

Conduta Social: como a pessoa se comporta na família, no trabalho, ou seja, no seio da


sociedade. No nosso caso, ele até levou uma testemunha de caráter para dizer que ele
era um bom pai.

O fato de ser desempregado ou alcoólatra não entraria como má conduta social.

Na primeira fase não existe compensação.

Motivos: dados concretos. Furtou porque? não sabemos.

Circunstâncias: são as circunstâncias do crime. Situação organizada com várias pessoas


armadas, ou um grupo em que cada um tem apenas um revólver.

Consequências: o que o crime acarretou? Não ocorreu, os bens foram devolvidos para as
vítimas. Ex: homicídio de um pai de família assassinado com 12 filhos que ficam sem
sustento.

Comportamento da vítima: ele nunca vai aumentar a pena do sujeito. Análise estéril. O
comportamento é ao contrário: a vítima induziu o comportamento de furto.

Na nossa primeira fase, manteve a pena em 2 anos. Não teve circunstância judicial
desfavorável.

2 fase: agravantes e atenuantes. Artigos 61 a 67 CP

Agravantes:
Reindicência Artigo 63. No nosso caso não há.

Súmula 444 STJ

Atenunates:
confissão espontânea
Na segunda fase cabe compensação. Se houver reincidência e confissão as
circunstâncias se compensam.

Agravantes e atenuantes: de quanto eu aumento ou diminuo? Jurisprudência fala no


percentual de 1/6. Porque 1/6 a ideia é que a agravante e atenuante sejam um pouco
mais gravosas do que a primeira fase, mas um pouco mais brandas do que a 3 fase.

Para cada uma eu aumento 1/6. Se tiver 3 agravantes, 3/6.

No caso concreto, confissão apenas: pena = 2 anos. Pq não pode diminuir do mínimo
legal. Súmula 231 do STJ.

E se eu tiver agravante e atenuante? Vai analisar a força de cada uma. Reincidência e


confissão, STJ e STF- uma compensa a outra. Só na segunda fase existe compensação.
Então se compensou zerou.

Julgado: Resp 1341370

Site do STJ- jurisprudência em tese.

3 fase:

São as causas e aumento e as causas de diminuição. Majorantes e minorantes. Parte


especial e geral do Código.

Começa pela parte especial.

Então, começar pelas causas de aumento da parte especial. Vão estar vinculadas ao
crime que você está analisando. No caso concreto não há nenhuma causa especial de
aumento.

Ex que tenha causa de aumento: 129, parag 7, CP.Causa de aumento da parte especial.
Primeira coisa que você considera na dosimetria na terceira fase.

Causas de diminuição da parte especial.

Súmula 511 STJ

Furto privilegiado: Pequeno valor: 1 salário mínimo.

Partir para as causas de diminuição da parte geral:


As causas de aumento da parte geral é concurso de crimes, então é a última coisa que
vai ser analisada.

Nosso caso concreto, causa de aumento da parte geral: tentativa. Artigo 14, II e parag.
único CP).

Superadas essas fases, estamos em 2 anos.

Concurso de Crimes
Então, chegamos em concurso de crimes.

Crime continuado, continuidade delitiva. Artigo 71, CP.

CÁLCULO DE AUMENTO POR SER CRIME CONTINUADO. Leitura da parte final


do artigo 71. Aumentado de 1/6 a 2/3. Sei o percentual de aumento pelo número de
crimes. É proporcional ao número de infrações cometidas.

2 crimes- 1/6
3 crimes- 1/5
4 crimes- 1/4
5 crimes- 1/3
6 crimes- 2/3

No nosso caso, como são 5 crimes, o aumento será de 1/3 de 2 anos. Serão 2 anos e 8
meses.

Pena final definitiva: 2 anos e 8 meses.

MULTA:

Para cada fase que você passou, vai aumentando proporcionalmente a pena de multa.
Artigo 49, CP.

Partir sempre de 10 dias multa que é o mínimo. Em cada fase, você vai aumentar
proporcionalmente a pena de multa.

A ideia é que se você aumentou um pouco a pena durante as fases, aumenta um pouco a
pena de multa. Tem que ser um aumento proporcional.

Valor do dia-multa: artigo 60 CP. Situação econômica do réu.

Caso concreto: valor mínimo 1/30 do SM.

Concurso de crimes: suponha concurso material: somo a pena de cada crime, então eu
somo a pena de multa também? Para cada um você vai aplicar a pena de multa.

REGIME DE CUMPRIMENTO:

ARTIGO 33, CP. Regime para o caso concreto: regime aberto, pena inferior a 4 anos.
Essa é a regra geral, a não ser que esteja presente alguma circunstância do artigo 59, CP.

CASO DE SUBSTITUIÇÃO DE PENA:


Requisitos- Artigo 44 CP.
Substituição no caso concreto.

Espécies- artigo 43 CP
Clássica: prestação de serviços à comunidade. Não precisa dizer aonde o sujeito vai
prestar o serviço, mas precisa dizer qual delas o sujeito vai cumprir.
Fixo o regime antes de ver se substitui, pq o sujeito pode descrumprir a pena restritiva
de direito.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Artigo 77, CP

OBS: não confundir com a suspensão condicional do processo (art. 89, da lei 9.099/95)

DISPOSITIVO

- Condenação ( art. 387 CP) ou absolvição (art. 386 CP)


- Capitulação completa tipo c/c ag e at c/c ca e cd)
- PPL e Regime
- Cautelares diversas da prisão (art. 319) - Prisão preventiva (art. 311/316, do CPP)
- Valor mínimo de reparação - art. 387, IV, do CPP
- Providências finais (ex: art. 72 c/c 50, parag 3 da lei 11.343/06; art. 25, da Lei
10.826/03)
- Custas judiciais

Local, Data
Assinatura do Magistrado

Não assinar a prova!!!!

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