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SCHMITT, Ricardo Augusto. Sentença Penal Condenatória. 4 ed. Salvador: Ivs Podivm, 2009.

Capítulo I. Teoria da Sentença. Partes da sentença: relatório, fundamentação, dispositivo,


parte autenticativa (cidade, data, assinatura).
Relatório. Sua falta acarreta nulidade. Deve constar nome de todos os acusados,
individualmente. Na LJE não é exigido.
Fundamentação. Sentença cuja fundamentação é contrária ao dispositivo é suicida. Sem
fundamentação é nula. Analisa preliminares e, no mérito, autoria e materialidade. Juiz deve
analisar todas as teses defensivas.
Possibilidade de nova definição jurídica do fato. Para a ementatio libelli não é necessário
intimar a defesa, uma vez que essa se defende dos fatos, não da capitulação legal. Se a
sentença puder cominar pena que enseje a suspensão condicional do processo, deve o juiz
intimar o MP para decidir se oferece esta benesse, art. 89 da L9099/95 e art. 383, p. 1º, do
CPP. No caso de mutatio libelli, deve-se obediência ao art. 384 do CPP.
Sentença do Júri. Na sentença do T. Júri não há relatório ou fundamentação.
Ex: “Dudu Colméia, vulgarmente conhecido por “X-mão”, brasileiro, etc, foi denunciado pelo
Ministério Público pela prática do art. 121, p. 4º, do CPB. Instalada a Sessão Plenária de
Julgamento, foram inquiridas testemunhas, etc. Formulados os quesitos, o Júri, por maioria,
reconheceu autoria e materialidade do delito e considerou a qualificadora do delito por
motivo torpe. Em razão da vontade soberana do Júri, julga-se procedente o pedido formulado
na denúncia para condenar o réu pela prática do crime previsto no art. 121, p. 4º, II, do CPB.
Passa-se à dosimetria (...)”
No fim, ainda tem de consta: “condena-se o réu ao pagamento das custas processuais. Após o
trânsito em julgado, determina-se: lançar o nome do réu no rol dos culpados; expedir guia de
recolhimento; em cumprimento ao art. 72 do CPB, oficiar o TER; oficiar a SIAPRI com
informações sobre a condenação do réu”
Parte dispositiva. Conclusão do MM, deve ser coerente com a fundamentação. Importante:
analisar cada crime e respectiva aplicação de pena individualmente, bem como a situação de
cada réu.
Capítulo II. Individualização da pena. Lembrar que a individualização da pena é preceito
fundamental e ocorre nas fases legislativa, judicial e cumprimento.
Capítulo III. Circunstâncias judiciais. Primeira fase do sistema trifásico de dosimetria da pena,
ex vi art. 68 do CPB. Tem-se oito circunstâncias previstas no art. 59 do CPB. Elas visam a indicar
o montante de pena, entre o máximo e o mínimo, que seja suficiente para a reprovação e
prevenção do crime. São elas:
I – Culpabilidade. Não se confunde com o terceiro elemento do conceito trifásico do crime. O
art. 59 diz respeito à reprovabilidade e censurabilidade do crime e do autor. É um plus em
relação ao tipo penal – culpa maior ou dolo mais intenso em relação ao crime praticado. Exs:
crime premeditado ou frieza do agente; no caso de culposo: se em velocidade excessiva, sem
carteira e após furar sinal vermelho, mata alguém, a reprovabilidade é maior. Não serve como
este requisito, vg, o fato de ser policial em crime de concussão, uma vez que ser agente
público, de per se, já é elementar do crime. Pode, ainda, valorar em razão de: dolo mais
intenso, etc.
II – Maus Antecedentes. Demonstra que pena anterior não serviu para a ressocialização, razão
pela qual se justifica fixação da pena base além do mínimo legal. Apenas sentença anterior

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com trânsito em julgado serve para este fim, conforme STJ, mas STF, em 2007 adotou
entendimento contrário. Também não configuram maus antecedentes atos infracionais. Para
autor, necessário observar presunção de inocência neste aspecto. No caso de prescrição, se
pela pretensão executória, possível contar para maus antecedentes, se da punitiva não,
porquanto não formado o título executivo. Transação penal ou suspensão condicional do
processo da Lei 9099/95 não gera, pelo art. 76 da mesma e 89, respectivamente. Também a
sentença concessiva de perdão judicial, por força da S18STJ.
Para Tribunais superiores, pena com mais de 5 anos gera maus antecedentes, porquanto não
pode ser valorada para fins de reincidência.
III. Conduta social. Comportamento do agente no meio social revelado pelo relacionamento
no meio em que vive, tanto perante a comunidade quanto família e colegas de trabalho. Para o
autor, mera suposição de envolvimento em crime não poderia desabonar sua conduta, sob
pena de, vias transversas, ferir presunção de inocência. Ex: é respeitado onde vive; não foram
colhidas informações a respeito, razão pela qual não se há como valorar esta circunstância; é
desapegado da família, não tem interesse pela filha, conduta social valorada nagativamente.
IV. Personalidade do agente. Caráter ou índole pessoal do agente. Maneira de ser e de agir.
Para autor, o pouco contato do juiz com o réu não permite analisar esta circunstância. Apenas
laudo firmado por profissional serviria para este fim. Pelo STJ, não vale valorar isto como forma
transversa de fatos que não serviram como reincidência, maus antecedentes ou conduta
social.
V. Motivos do crime. A motivação que levou o autor a cometer o crime. Não deve ser valorada
se: apenas é o dolo normal do crime (lucro fácil, nos crimes contra o patrimônio); se valoradas
como qualificadora, atenuante ou agravante ou causa de aumento ou diminuição. Seria
exemplo: furtou para dar remédios à esposa doente, são favoráveis; reprovável, furtou verba
pública para saldar dívida pessoal.
VI. Circunstâncias do crime. Elementos que não compõem o crime, mas influenciam em sua
gravidade: ânimo do agente; local da ação; condições de tempo e modo de agir, objeto
utilizado
VII. Consequencias do crime. Maior ou menor dano causado pelo crime, seja à coletividade ou
à vítima e seus dependentes. Ex: mata pai de família com cinco filhos e esposa desempregada.
VIII. Comportamento da vítima. A vítima provocou o crime? Ou facilitou. Ex: deixou o carro
aberto, na rua, à noite, com chave na ignição, reprovável. Se usa mini-saia à noite, não pode
ser punida, porquanto tem liberdade para se vestir.

Capítulo IV. Pena-base. Fixada entre máximo e mínimo conforme apontam as circunstâncias
judiciais. Para exasperação da pena é necessária fundamentação idônea, não baseada em fatos
vagos e imprecisos ou somente em transcrição de texto de lei.
No caso de CJ ser também qualificadora, deve-se valorar o fato como qualificadora. Caso
hajam duas qualificadoras, nada impede que uma seja utilizada como CJ e a outra como
qualificadora.
No caso da CJ também ser agravante ou atenuante (porquanto estas têm incidência
obrigatória, segundo STJ) ou causa de aumento ou diminuição, deve nessa fase ser analisada.
Portanto, na 1ª fase, devem-se buscar fatos que não constituam elementares, qualificadora,
agravantes e atenuantes ou causas de aumento ou diminuição.

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Lembrar que há CJ objetivas, ligadas ao crime: culpabilidade, motivos, circunstâncias,
conseqüências do crime, comportamento da vítima.
Há, também, subjetivas, próprias do agente: antecedentes, conduta social e personalidade.
Há alguns TJ´s que permitem ao MM. Apenas analisar CJ no caso de fixação em patamar
superior ao mínimo legal. Todavia, autor entende que deve sempre fundamentar.
Maus antecedentes: lembrar: condenação que não implica em reincidência.
Lembrar do ponto médio: 2 a 10 anos: apenas se amplamente desfavoráveis as CJ ao agente a
pena pode superar os 6 anos.
Para autor, neste caso, se houver apenas maus antecedentes, mas nada a valorar nos demais
quesitos, a pena-base deveria ser fixada, vg, em 3 ou 4 anos. Se houverem vários fatos a serem
valorados como maus antecedentes, a reprimenda-base pode ser até superior a este lapso
temporal. Se as CJ forem totalmente favoráveis e houver apenas um maus antecedentes, a
pena deve ser fixada pouco acima do mínimo legal.
Para ultrapassar o ponto médio deve haver muitas CJ contrárias ao agente, como três ou mais.
A pena de multa deve ser fixada em exata simetria com a pena de multa.
Nas CJ, segundo TSuperiores, não há alguma que prepondere sobre as demais. Todas teriam
mesmo grau de importância. No que pese isto, acreditam que maus antecedentes seriam mais
graves, uma vez que pena anterior não foi suficiente para a pessoa parar de delinqüir.
Para o autor, as CJ devem ser valoradas no seguinte modo: pena máxima – pena mínima = x.
Cada circunstância seria x/8 (uma vez que há oito circunstâncias). Assim, vg, pena de 2 a 10
anos, intervalo = 8; cada circunstância seria 1/8. homicídio, de 6 a 20, intervalo de 14, seria
14/8, mais ou menos 1 ano e meio.
Este critério guardaria proporcionalidade.
Lembrar que o comportamento da vítima não pode, nunca, prejudicar o réu.
Destarte, para o autor, os antecedentes deveriam ser fixados em aproximadamente 2/8.

Dúvida: maus antecedentes do art. 59 é apenas a sentença penal transitada em julgado há


menos de 5 anos (STJ) ou também inquéritos e ações em curso (STF)? Se resposta for
conforme STJ, qual seria diferença de maus antecedentes para reincidência?
Problema no 59: maus antecedentes; personalidade do agente (exige-se laudo?)
Decisões judiciais sobre o art. 59.
Nada impede que o MM. analise juntamente as circunstâncias de mais de um acusado. As
objetiva, decorrentes do crime, podem ser iguais, se autores praticaram mesma ação. As
subjetivas também, se não há nada a indicar diferenças relevantes entre autores. TJMG e STJ.
Condenação por contravenção penal gera maus antecedentes.

Capítulo V. circunstâncias legais. É a segunda fase, atenuantes e agravantes. As agravantes


sempre são taxativas. MM pode reconhecer agravante mesmo que não alegada pela acusação.
O rol das atenuantes é exemplificativo.
Na segunda fase a pena não pode ultrapassar o máximo nem o mínimo, segundo enunciado da
S231 do eg. STJ.
Na segunda fase também não há patamar fixo para agravar ou atenuar a pena.

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Não devem ser valoradas como atenuantes ou agravantes elementos que possam ser também
Majorantes e Minorantes, ou causas de aumento ou diminuição.
Atenuantes em espécie. Agente com menos de 21 anos na data do fato ou mais de 70 na
condenação.
Desconhecimento da lei. Lembrar que ignorantia legis neminem excusat.
Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral. Social – interesses da
sociedade; moral – sentimento pessoal do agente. Lembrar que alguns crime também contam
com esse elemento para privilegiar o crime. Não pode ser aplicado duas vezes.
Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano.
Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de
autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima. Lembrar do art. 22. aqui o ato da vítima é injusto, não agressão injusta, que levaria à
legítima defesa.
Confissão espontânea perante autoria da autoria do crime. Na fase policial ou judicial. Se
retrata na fase judicial, ainda faz jus à atenuante caso a confissão seja levada em consideração
na sentença.
Sob influência de multidão ou tumulto, se não o provocou. Situação dos chamados crimes
multitudinários.

Atenuantes inominadas. Art. 66 do CPP. Seriam exemplos: indicar o local do crime, sincero
arrependimento. Desde que haja fato que permita atenuar a pena, é obrigatória sua valoração.
Circunstâncias agravantes. Sempre agravam, devem ser conhecidas ex officio. Todavia, devem
estar contidas nos fatos narrados na denúncia, mesmo que não tipificada na mesma. Isso
porque, caso não narrado o fato na denúncia, não há como o réu se defender, o que feriria o
contraditório e ampla defesa.
As do 61 e 62 se aplicam aos crimes dolosos. Não se aplicam nem aos culposos nem aos
preterdolosos. A reincidência, no art. 63, se aplica também a culposos e preterdolosos.
Agravantes em espécie. Reincidência. Prevista nos arts. 63 e 64 do CPB. Apenas é reincidência
se houver condenação anterior transitada em julgado pela prática de crime. O cometimento
do crime deve ser posterior à condenação definitiva. É apenas para crimes, contravenção penal
gera maus antecedentes, mas não reincidência.
Lembre-se: apenas fato praticado após a condenação por crime anterior gera reincidência – se
fato ocorrer antes e a condenação sobrevier no curso do processo, não se há de reconhecer
reincidência. Voto do STJ: condenação considerada para fins de reincidência ocorreu em 2001,
os fatos da impetração em 1997. Reincidência não configurada.
A prescrição da pretensão punitiva não gera reincidência, mas a da executória gera.
Também não geram reincidência: sentença com perdão judicial (art. 120 do CP); condenação
somente a pena de multa (mesmo que se trate de crime, segundo maioria); anistia e abolitio
criminis; aceitação de proposta de transação penal da L9099/95; suspensão condicional do
processo, art. 89 da L9099/95; condenação por crimes militares e políticos.
A sentença cuja pena foi cumprida ou extinta há mais de 5 anos, contado período de sursis ou
livramento condicional, não conta como reincidência. Sentença anterior a este lapso temporal
é contada como maus antecedentes, segundo STF e STJ.
Gera reincidência: indulto.

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Para autor, se houver duas condenações que poderiam gerar reincidência, uma pode ser
valorada a título de reincidência e outra de maus antecedentes, sem que se verifique bis in
idem. (acho que examinador fala em aumentar a exasperação da pena – 1/6; 1/5; ¼; 1/3...)
Motivo torpe ou fútil.
Para facilitar ou assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime.
Deve haver conexão objetiva entre os crimes.
À traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido.
Com o emprego de veneno, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, de que podia
resultar perigo comum.
Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. Não contra parentes por afinidade. No
caso de separação de fato, há agravante, salvo se casal vive sob clima de completa hostilidade.
Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, coabitação ou
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica. Abuso de
autoridade seriam relações privadas, tais como tutela, curatela, etc. coabitação é de ânimo
definitivo, hospitalidade não, como estada temporária.
Com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão.
Se função pública já é elementar do crime, há bis in idem se reconhecida esta agravante.
Ministério é relativa a atividades religiosas.
Contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida. Em razão da menor
possibilidade de defesa destas pessoas. Criança é menor de 12 anos. Deve ter conhecimento
deste fato, para se evitar imputação objetiva.
Quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade.
Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de
desgraça particular do ofendido. Porquanto mostra insensibilidade do agente.
Em estado de embriaguez preordenada.

Art. 62. no caso de concurso de agentes. Promove ou organiza ou dirige a atividade dos
demais. Visa a punir com maior severidade o autor intelectual do delito. Deve haver uma
hierarquia entre o comandante e os demais.
Coage ou induz outrem à execução material do crime.
Instiga ou determina alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição
ou qualidade pessoal.

Critérios para valoração das circunstâncias legais. No caso de não haver concurso entre
atenuantes e agravantes, seria caso de agravar ou atenuar em 1/6 sobre a pena fixada na
primeira fase. Vg: crime punido de 2 a 10 anos, fixou-se em 6 anos na primeira fase. Na
segunda fase, há reincidência. Assim, agravar-se ia em 1/6, no caso, 1 ano. Este critério foi
criado pela jurisprudência e é aceito majoritariamente. Não se deve fazer referência expressa à
fração de 1/6 na aplicação da pena. Na segunda fase apenas se deve fazer referência aos
termos atenua-se ou agrava-se. É incorreto falar em aumento, diminuo, minoro, acresço, etc.
Se houver duas atenuantes ou duas agravantes, o correto é usar 2/6, por óbvio. Na segunda
fase, a pena não deve ser reduzida aquém do mínimo legal ou além do máximo, por força da
S231STJ. No caso de aplicação da Súmula, deve-se afirmar que reconhece a atenuante ou
agravante, mas que a mesma não pode ser valorada, ante o óbice da S231STJ.

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Autor afirma que a severidade vai aumentando com o passar das fases: na primeira fase,
estariam os elementos mais leves, na segunda, os médios e na terceira os mais graves. Assim,
como na terceira, em geral, o aumento mínimo é de 1/6, seria incoerente fixar em patamar
maior que este alguma atenuante ou agravante, ante a gradação acima referida.
Concurso de atenuantes e agravantes. Segundo o art. 67 do CPB, havendo concurso, deve
aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como
tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da
reincidência.
A principal, que deve prevalecer sobre as demais é a menoridade. Em segundo lugar estaria a
reincidência. Em terceiro a confissão. Em quarto, os motivos do crime, que podem tanto
atenuar quanto agravar.
No caso de uma circunstância preponderante sobre outra, vg, menoridade VS motivo fútil, a
pena deve ser atenuada. Todavia, não se atenua como antes, no patamar de 1/6. autor afirma
que ideal, neste caso, é atenuar ou agravar, conforme a preponderância, pela metade do que
ocorreria se a circunstância legal viesse sozinha. Ex: pena na 1ª fase de 6 anos. Se há
menoridade+motivo fútil: prepondera menoridade, mas com meia força – atenuaria em 6
meses, para 5 anos e seis meses.
Caso de concurso de uma preponderante contra duas não preponderantes: vg: reincidência Vs
confissão e relevante valor moral. Neste caso, como há duas atenuantes, embora estas não
preponderem individualmente, a balança tende ao lado da atenuação. Assim, utilizando-se o
critério anterior, dever-se-á atenuar em 6 meses (a primeira é tomada pela preponderância da
reincidência, a segunda perde metade de sua força inicial).
Se atenuante e agravante forem da mesma força, não preponderando uma sobre a outra,
neutralizam-se seus efeitos.
Critério trifásico foi proposto por Hungria. Roberto Lyra propunha bifásico. Com isso, autor
critica a S231STJ.

Capítulo VI. Causas de diminuição e aumento de pena. São todas fixadas em fração e podem
levar a pena aquém do mínimo e além do máximo. A fração opera-se sobre a pena fixada na
segunda fase.
No caso de aumento ou diminuição previsto abstratamente entre intervalos como, vg,
tentativa reduz de 1/3 a 2/3 – o patamar fixado deve ser fundamentado. Neste caso, será o
caminho no iter criminis. Há julgados que afirmem pela necessidade de motivação apenas se
fixar fração mais grave. Autor não concorda.
Após o critério trifásico, chega-se à pena aplicada ao condenado, aslvo se existir concurso de
crimes a ser observado.
Concurso de crimes não é causa de aumento de pena.
Lembrar que causas de diminuição e aumento encontram previsão na parte geral, situação em
que aplicáveis a todos os crimes e na parte especial, aplicáveis apenas ao tipo a que se
referem.
As de diminuição da parte geral estão nos arts: 14, II; 16; 21; 24, § 2º; 26, § ú; 28, § 2º e 29, §
1º. Causa de aumento de pena apenas no art. 29, § 2º, parte final.

Qualificadoras. Mudam a pena prevista em abstrata e o tipo do crime cometido. Previstas


apenas na parte especial.

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Não é correto falar em homicídio dupla ou triplamente qualificado. Apenas uma qualificadora
é levada em conta para alteração do tipo legal e as demais, serão utilizadas nas 3 fases de
aplicação da nova pena. Destarte, o que prevalece é que, havendo duas ou mais qualificadoras,
estas devem ser aplicadas, de preferência, na 2ª fase e, se não houver prevista agravante, na
1ª fase, como CJ. (há corrente minoritária que aplica art. 61 para que apenas possa ser
utilizada como CJ).

Análise do art. 68 do CPB. “No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na


parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.”
Devem-se aplicar todas as causas de aumento ou diminuição, previstas na parte geral ou
especial. A regra do art. 68 apenas é relativa ao concurso de Maj e Min da parte especial.
Ou seja, a regra se aplica no caso de: MajEsp+MajEsp; pode se aplicar apenas a que mais
aumente; MinEsp+MinEsp; pode se aplicar a que mais diminua.
No caso de MajEsp+MinEsp, aplicam-se as duas, assim como se aplicam ambas as causas, nas
demais situações, como em concorrência com as da parte geral.
Assim, vg, no caso de estupro praticado em concurso de agentes, MAJ1/4 + praticado por
ascendente MAJ 1/2, poderá o juiz aplicar apenas a majorante de 1/2. Como se afirmou, é
apenas uma possibilidade, não imposição.
Para a maioria, Juiz deve justificar apenas se piorar a situação do réu: não aplicar duas MIN ou
aplicar as duas ou mais MAJ. Autor discorda.
No caso de haver MAJ ou MIN com intervalo entre máximo e mínimo, como no caso de
tentativa, reduz de 1 a 2/3, a fundamentação quanto à fração aplicada deve ser realizada na
parte da fundamentação da sentença, não em seu dispositivo.
Critérios para aplicação das causas de diminuição e aumento da pena. As atenuantes devem
anteceder as agravantes na aplicação, bem como as MIN devem preceder as MAJ. Todavia, a
ordem não altera o resultado. Tanto faz reduzir em 1/2 primeiro e depois aumentar em 1/3 ou
se realizar o caminho inverso que o resultado será absolutamente igual.
As frações devem ser aplicadas cumulativamente. Ex: duas MIN, de 1/2 pena de 8 anos: aplica-
se 8 X 1/2 = 4; pega-se este resultado e diminui-se mais 1/2 e o resultado será 2.

Capítulo VII. Concurso de crimes.


Após aplicação do critério trifásico, estar-se-á diante da pena definitiva, salvo se presente
hipóteses de reconhecimento de algumas das regras aplicáveis ao concurso de crimes –
concurso material, formal ou crime continuado.
A aplicação das regras do concurso de crimes não entra no critério trifásico. Assim, apenas
após a fixação da pena definitiva para estes se aplica a regra do concurso.
Há dois requisitos para o concurso de crimes: unidade de pessoas, pluralidade de delitos.
Lembrar que a extinção da punibilidade ocorre de forma isolada em relação a cada crime,
desprezando-se eventual concurso de crimes.
Na denúncia não se deve fixar configuração de crime continuado ou concurso. Esta matéria
deve apenas ser tratada na sentença, após instrução probatória.

Concurso material. Ou real. Mais de uma ação ou omissão, mais de dois crimes.

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§ 1º do art. 69 – se em relação a uma não se aplicou sursis, não se pode substituir as demais
por PRD;
§ 2º do art. 69 – ler dispositivo.

Concurso formal. Ou ideal. Art. 70. uma ação ou conduta, mais de um resultado típico.
Lembrar que uma ação pode ser composta de vários atos, sem que se desconfigure a aplicação
do art. 70 do CPB. Ex: roubo contra pessoas da mesma família, ou dentro de ônibus, no mesmo
contexto fático.
Há concurso formal homogêneo – prática de mesmos crimes; e heterogêneo – prática de
crimes diversos.
Aplica-se a pena mais severa (ou a do crime, no homogêneo), com acréscimo de 1/6 à 1/2.
Lembrar que essas regras são apenas para beneficiar agente – concurso material benéfico. A
fração escolhida entre o intervalo acima exposto deve guardar relação com a quantidade de
crimes praticados.
Lembrar que se os resultados havidos decorrerem de desígnios autônomos, aplica-se regra do
concurso material. Assim, vg, se terrorista derruba avião para matar todo mundo, com um
míssil, a pena será a de um homicídio, cumulativamente, para cada passageiro. É o chamado
concurso material impróprio ou imperfeito.

Crime continuado. Colar de pérolas de Marcelo Sarsur. Requisitos: crimes da mesma espécie;
mesmas condições de tempo; mesmas condições de lugar; maneira; subseqüentes sejam
continuação do primeiro.
Aplica-se pena mais grave (se crimes são diversos ou a do crime, se iguais), acrescida de 1/6 a
2/3.
No caso de os crimes dolosos serem praticados com violência ou grave ameaça contra vítimas
diferentes, o julgador pode até triplicar a pena, observados os critérios do art. 59 do CPB.

Critérios de aumento no concurso formal e no crime continuado. O STJ adota o seguinte


critério: concurso formal: 2 crimes, 1/6; 3 crimes, 1/5; 4, 1/4, 5, 1/3; 6 ou mais, 1/2.
Crime continuado mesma coisa, se for 7, aplica 2/3, que é o máximo.

Limite da pena na sentença. A pena aplicada na sentença pode (e deve) ser superior a 30 anos.
a unificação do art. 75 não se presta para fins de benefícios, tais como alteração de regime de
cumprimento. Assim, se aplicada pena de 60 anos, não se tratando de crimes hediondos,
apenas com cumprimento de 10 anos, ou 1/6 da pena, seria possível progressão, aos demais
requisitos.

Pena de multa na hipótese do concurso de crimes. Não se aplica à pena de multa regras de
concurso de crimes. Assim, a multa, sempre, é somada. Art. 72. Sempre se aplicaria regra do
concurso material.
Todavia, Tribunais superiores afirmam que, como a teoria adotada no tocante ao crime
continuado seria a de ficção jurídica, sendo apenas um para efeito de aplicação da pena, a
pena de multa também obedece à regra do crime continuado. Observe-se que este
entendimento não se aplica ao concurso formal.

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Vg: crime 1 – 6 anos de reclusão + 30 dias-multa; crime 2 – 3 anos de reclusão + 25 dias multa.
Caso não se aplicasse regra do crime continuado à multa, esta seria de 55 dias multa,
aplicando-se, seria de 35 dias multa (30+1/6). Assim, in casu, seguindo-se STF e STJ, a pena
deve ser de 7 anos e 35 dias-multa.

Capítulo VIII. Pena de Multa. Sanção legal prevista isolada ou cumulativamente a


determinados tipos penais. Consiste no pagamento ao fundo penitenciário do valor fixado na
sentença. Possui referência de quantidade de dias-multa e valor respectivo.
Deve ser fixada a pena conforme art. 68 do CPB, ante seu caráter punitivo.
A quantidade de dias-multa é fixada conforme sistema trifásico, já o valor é fixado com
espeque na situação econômica do réu. Fala-se que o critério para fixar multa é bifásico. Isso
significa que se fixa primeiro quantidade e depois valor dos dias-multa. Mas isso não retira o
fato de que a quantidade de dias-multa é fixada segundo valor trifásico.
Devem ser desprezadas as frações de real na fixação do valor.
Critérios para quantidade de dias-multa. Art. 49 do CPB, entre 10 e 360 dm. Algumas leis
estabelecem outros critérios, como L11343/06. Ante especialidade, observar-se-á a lei
específica.
Na fixação da quantidade de DM, na primeira e segunda fases, a quantidade deve ficar entre o
limite máximo e mínimo, ante S231STJ. Apenas na 3ª fase, MM, pode-se reduzir a quantidade
a aquém do mínimo ou além do máximo.
Segundo STJ, como a pena de multa parte da mesma análise havida quando da fixação da PPL,
é necessário que entre as duas haja coerência e proporcionalidade. Assim, se fixada a PPL além
do mínimo, também deve o ser a quantidade de DM. Já se fixada no mínimo a PPL, não há
razão para que a quantidade de DM seja maior que o mínimo.
Autor propõe uma forma de regra de três para se chegar ao valor de dias-multa. Consiste no
seguinte: averigua-se o máximo e mínimo cominado em abstrato ao crime e a pena
efetivamente aplicada. Com base nisto, tira-se média e aplica-se à multa, considerando-se que
o máximo desta é 360 e mínimo 10DM, a rigor.
Assim, vg, crime é punido de 2 a 10 anos. Pena foi fixada em 6, portanto, na metade. Assim,
multa deve ser fixada na metade entre 10 e 360, que é 185DM.
Lembrar que na L11343/06, o art. 33 prevê multa de 500 a 1500DM. Assim, se fixar em 10
anos, seriam 1000DM.

Critério para fixação do valor dos DM. Mínimo é 1/30 do salário mínimo (SM) e máximo de 5
SM. Pode multiplicar por 3 caso seja ineficaz, ante art. 60, § 1º, do CPB.
O valor é fixado conforme a capacidade econômica do réu.
O 1/30 avós decorre do seguinte: o dia-multa corresponde a um dia de trabalho do condenado
(porque a princípio o mês tem trinta dias). Assim, se o fera recebe 10 SM por mês, o valor do
DM deve ser de 10X1/3 do SM = 1/3 SM. Já, se for juiz e receber aproximadamente 40 SM, o
valor deve ser de 1SM e 1/3 cada DM.
Estando o réu desempregado, fixa-se a multa no mínimo legal.
Pena de multa substitutiva. S171 do STJ: “Cominadas cumulativamente, em lei especial, PPL e
pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa”. Assim, se prevista no CPB o crime,
pode, mesmo aplicada cumulativamente, haver a substituição, situação em que se devem
somar as duas multas, conforme posição majoritária.

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Execução e pagamento da pena de multa. Uma vez transitada em julgado aplicação da pena
de multa, esta é dívida ativa, de valor. Assim, não pode voltar a ser PPL jamais, art. 51 do CPB.
Descabe HC para discutir pena de multa, por este motivo.
Pagamento deve se dar nos 10 dias seguintes ao trânsito em julgado da sentença.
A atribuição para executar o valor é da Fpúb, não do MP.
Prescrição da pena de multa é em 2 anos. para autor deveria ser em 5, ante o CTN.

Capítulo IX. Regime de cumprimento da PPL.


PPL. É a reclusão, detenção e prisão simples (a última para contravenções penais).
Regime fechado. Em estabelecimento de seg. Max ou média. Autor fala que se penitenciária
não tiver condições de oferecer trabalho, não há remição (será?).
S341STJ. “A freqüência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de
execução de pena sob regime fechado ou semi-aberto”. Lembrar que o exame criminológico
para progressão de regime é facultativo.
Semi-aberto. Cumprido em colônia agrícola, industrial ou similar. Art. 33 do CPB. Mais grave
inicial para detenção. Para que haja regressão necessário ouvir o conduzido, ante ampla
defesa. Permite-se trabalho externo, ao contrário do regime fechado. Apenas no semi-aberto
há saída temporária de até 7 dias, por até 4 vezes ao ano. No fechado há apenas saída, com
escolta policial, no caso de falecimento ou doença grave de parentes próximos e necessidade
de tratamento médico.
A saída temporária apenas pode ser determinada pelo MM. Juiz. Já a permissão de saída pode
ser determinada pelo diretor do presídio.
Lembrar que é ilegal manter preso em regime mais severo por ausência de vagas em
estabelecimentos para penas menos graves. Todavia, STJ permite que fique em
estabelecimento previsto para regime mais grave, desde que em ala separada (para presos em
regime semi-aberto).
Regime aberto. Cumprido em casa do albergado ou estabelecimento adequado. Se baseia na
autodisciplina e responsabilidade do condenado. Apenas se recolhe ao cárcere à noite e nos
dias de folga. Não pode cumprir em cadeia da DePol. Seria possível, segundo STJ, em 2005,
cumprir em prisão domiciliar se não houver casa do albergado. (será? Está correto, votos do
STJ de 2009).
Pode haver prisão domiciliar também se o condenado está acometido de doença grave cujo
tratamento não seja possível no estabelecimento prisional, independentemente do regime.

Critérios para fixação do regime de cumprimento da pena privativa de liberdade. Art. 33, §
2º, do CPB: I - mais de 8 deverá ser fechado, II - entre 8 e 4, não reincidente, poderá iniciar no
semi-aberto; III – não reincidente, pena igual ou inferior a 4 anos, poderá iniciar no aberto.
Regime inicial deve considerar, além da pena, as condições do réu.
Circunstâncias consideradas na fixação do quantum da pena também devem ser observadas na
fixação do regime inicial.
S718STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada”

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S719STF: “a imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea”.
É, portanto, desproporcional fixar a pena no mínimo legal e, sendo menor que 8 anos e réu
não reincidente, fixar em regime mais gravoso.
A reincidência, a rigor, impende em regime mais grave, na maioria das vezes.
Balizamento para o autor é o seguinte:
PPL acima de 8+reclusão, sempre fechado.
PPL entre 4 e 8. CJ+não reincidente – semi-aberto; CJ desfavoráveis e não reincidente pode ser
fixado no fechado, se reincidente, mesmo com boas CJ, fechado, desde que punido com
reclusão.
PPL menor que 4. CJ e não reincidente, aberto; CJ ruins ou reincidente, semi-aberto; CJ ruins +
reincidente = fechado.

LCHed. Lembrar que a decisão do STF foi em controle difuso – HC. Luiz Flávio Gomes fala em
efeitos do controle difuso abstrativizado.
É possível fixação de regime inicialmente fechado, mas não integralmente fechado. Autor acha
errado até inicialmente fechado ser errado.
Lei 11464/07 não pode ter efeitos retroativos. Assim, condenado anterior, como LCHed é
inconstitucional, tem direito à progressão, aos demais requisitos, cumprido 1/6 da pena.

Fixação do regime na hipótese do concurso de crimes. Lembrar que no caso de concurso de


crimes, total pode ser somado ou fixado conforme regras do concurso de crimes. Assim, se se
chegar, vg, a mais de 8 anos somando todos os crimes, em tese, o regime é fechado.
No caso de concurso material de crimes, apenas pode-se somar reclusão+reclusão e
detenção+detenção. Assim, vg, se condenado a 4,2 e 3 de reclusão e 1 e 2 de detenção, soma
seria: condenado a 9 anos de reclusão mais 3 de detenção. Obediência à regra do art. 69 do
CPB. O regime seria o seguinte: para os 9 de reclusão, fechado, para 3 de detenção, a princípio,
aberto, executando-se primeiro a de reclusão.

Capítulo X. Substituição da PPL. Lei 9714/98 aumentou número de PRD´s e as aplicou até PPL
de 4 anos. É reflexo da falência do sistema carcerário brasileiro.
Art. 44 do CPB – são autônomas e substituem as PPL´s. São substitutivas porquanto não são
previstas diretamente no tipo penal, mas substituem as PPL´s. Exceção é o art. 28 da Lei
11343/06, que comina diretamente PRD´s.
Assim, caso a PPL seja inferior a 4 anos, deve o julgador se manifestar motivadamente sobre a
possibilidade ou não da substituição, nos moldes dos arts. 44 e SS.
Cabe ED e, inclusive, HC para que o MM. Juiz analise possibilidade de substituição.
Apenas após o estabelecimento do regime de cumprimento de pena é possível analisar a
substituição. Isso porque, em caso de descumprimento, deverá ser cumprida a PPL.

PRD´s em espécie.
Prestação pecuniária. 45, § 1º. Entre 1 e 360 SM. A ser pago à vítima ou sociedade de
assistência. Pode ser prestada de outra maneira (como cestas básicas), desde que beneficiário
aceite, art. 45, § 2º.

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Lembrar que multa se reverte ao Estado, é diverso da prestação pecuniária. As duas são
cumuláveis. Multa não admite convolação em PPL, ao contrário da prestação pecuniária.
O MM. deve indicar o motivo pelo qual escolheu a prestação pecuniária e apontar o valor,
conforme seguintes parâmetros: situação econômica do condenado, extensão do dano.
Perda de bens e valores. Em favor do Fundo Penitenciário Nacional. Limite é 1 – valor do
prejuízo ou 2 – proveito obtido pelo agente. Não se confunde com o art. 91, II, b, do CPB.
Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas. Atribuição de tarefas gratuitas ao
sentenciado, tendo como beneficiários escolas, hospitais, etc. Deve guardar relação com
aptidão do condenado. Razão é de 1 hora/dia de condenação. 46, §§ 1º a 3º. Não pode
atrapalhar o trabalho do condenado. É a de maior aplicabilidade nos julgados. Pena deve ser
maior que 6 meses para aplicar esta substitutiva. No caso de PPL superior a 1 ano, é permitido
ao acusado que cumpra a pena em menor tempo, mas nunca menos que a metade da PPL.
Quem determina aonde o serviço será prestado é o MM. Juiz de Execuções, em sentença
admonitória.
Interdição temporária de direitos. Art. 47 do CPB. São as seguintes: Proibição de exercício de
cargo, função ou atividade pública, bem como mandato eletivo. Não se confunde com efeito
não automático da sentença, do art. 92. apenas é aplicável para crimes praticados no exercício
da profissão, com violação aos deveres a ela inerentes, art. 56 do CPB. Proibição de exercício
de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, licença ou autorização
do poder público. Também se aplica o art. 56 do CPB. Suspensão de autorização para dirigir
veículo. Aplica-se a crimes culposos de trânsito, art. 57 do CPB. É também efeito não
automático da sentença, art. 92, III, do CPB. (lembrar o seguinte: parece que CTB já cuida do
caso como efeito automático, o que esvazia este dispositivo. Ler Greco a respeito). Proibição
de freqüentar determinados lugares. É criticável pela dificuldade de fiscalização. Apenas deve-
se proibir acesso a lugares que guardem relação com a prática do crime. Limitação de fim de
semana. Fica em casa do albergado ou outro estabelecimento por 5 horas no sábado e 5 no
domingo. Não pode ser cumprida em DePol. Também não pode cumprir em cela separada para
presos em regime aberto. Nestes casos, é possível limitação do fim de semana em prisão
domiciliar. Lembrar que é possível e recomendável assistir a palestras e cursos.

Substituição da PPL. Limites PPL de 4 anos em crimes dolosos, não praticado com violência ou
grave ameaça à pessoa. Não há limites em crimes culposos.
Os requisitos subjetivos são: não reincidência em crime doloso (mesmo que reincidente, pode
aplicar PRD, desde que: 1- não reincidente no mesmo crime, reincidência específica; 2 –
medida seja recomendável. Autor afirma que se crime anterior é grave, mesmo que não
reincidente, não seria recomendável a substituição), antecedentes, conduta social,
culpabilidade, motivos e circunstâncias indicarem que substituição é suficiente, art. 44, II e III.
Autor afirma que, por coerência, se fixa pena no mínimo legal e este patamar é inferior a 4
anos, se há demais requisitos subjetivos, deve-se aplicar PRD.
Autor afirma o seguinte: 1 CJ desfavorável, aplica-se PRD; 2, situação limítrofe, a depender do
caso concreto; 3 CJ desfavoráveis – não é recomendável aplicar PRD.
Substituída a PPL por PRD não é necessário tratar de suspensão condicional da pena, sursis.
Caso negada substituição, deve-se analisar possibilidade de sursis, caso pena seja menor que 2
anos, ou 4, no caso de sursis etário e humanitário.

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Apenas após a análise do cálculo dos arts. 70 e 71, com aumentos de 1/6 a ½ ou 1/6 a 2/3 é
que se deve analisar se a pena é de até quatro anos para fins de substituição.
No caso de concurso material, apenas após somadas as penas nos moldes do art. 69.
Art. 44, § 2º, do CPB, determina o seguinte: condenação igual ou inferior a 1 ano – substituição
por 1 PRD ou multa; superior a 1 ano – 2 PRD´s ou Multa+PRD.
A PRD é mais gravosa que a multa, porquanto o descumprimento daquela leva ao
cumprimento da PPL, o que não ocorre com a multa.
A imposição de PRD incumbe ao MM. Juiz. Limitação do fim de semana, como mais gravosa
que outras, deve ser fundamentada.
Deve, ademais, haver motivação pela escolha entre qual PRD restou aplicada.
PRD apenas pode ser executada após o trânsito em julgado da sentença que a determinou.

Substituição da pena em crimes hediondos e equiparados. Antigamente, STF determinava


que implicitamente LCHed vedava substituição. Este entendimento caiu. Atualmente, todavia,
a LTóx, 11343, veda, em seu art. 44, substituição de pena. Autor é pela inconstitucionalidade
deste dispositivo. STF e STJ, a princípio, não. Assim, atualmente, apenas os crimes da Lei
11343/06 não são passíveis de substituição. Tortura também, mas porque praticado mediante
violência ou grave ameaça.

Capítulo XI. Suspensão Condicional da Pena.


Ou sursis penal, previsto nos arts. 77 e SS do CPB. Não se é de confundir com o sursis
processual, previsto no art. 89 da LJE.
Apenas é de se analisar sursis penal na sentença, após impossibilidade de aplicação de PRD´s.
Cumprida, a PPL extingue-se. Caso haja nova condenação, conta para fins de reincidência ou
maus antecedentes.
Não se aplica a PRD´s ou multa.
Caso o MM. Não aplique, cabe HC e ED para reclamar.
Modalidades de sursis.
Comum. Requisito objetivo. PPL cominada até dois anos. Requisito subjetivo. Não reincidiente
em crime doloso, CJ autorizem a concessão do benefício. Condenação a pena de multa não
impede. A reincidência não precisa ser específica, reincidente em crime doloso, não há
possibilidade de sursis.
Suspende por período de 2 a 4 anos. sujeita a certas condições. No primeiro ano deve se
submeter à limitação de fim de semana ou prestar serviços à comunidade. Pode, também,
determinar outras medidas, desde que não atentem contra dignidade.
Verifica-se, portanto, que como requisitos são os mesmos da PRD, mas prazo é menor,
instituto praticamente perdeu aplicabilidade, restando apenas aos crimes cometidos com
violência ou grave ameaça.
Especial. § 2º do art. 78. requisitos especiais: reparação do dano, salvo impossibilidade de
fazê-lo, CJ plenamente favoráveis. Assim, a PPL deve ser fixada no mínimo previsto em
abstrato. PPL também deve ser menor que 2 anos, cominada.
A única diferença é que não há prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de
semana no primeiro ano, mas tão somente uma das seguintes condições: a) proibição de
freqüentar determinados lugares; b) ausentar-se da comarca; c) comparecimento mensal ao
juízo para prestar informações. Pode o MM. Também, determinar outras condições.

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Sursis etário e humanitário (por razões de saúde). Para maior de 70 anos ou doente. Pena não
superior a 4 anos, período de suspensão é de 4 a 6 anos. devem, também, estar presentes os
requisitos do art. 77, I, II e III.

Aplicação de sursis a crimes hediondos. Mesma situação das PRD´s. Pode ser aplicado a CHed,
mas não a tóxicos, por vedação do art. 44 da L11343/06.

Audiência admonitória. Em sendo aplicado o sursis, é necessária a referida audiência.

Suspensão condicional do processo. Art. 89 da LJE. Pena cominada em abstrato que não
exceda a um ano. Iniciativa de propositura é do MP. Deve ser aceita pelo acusado e
homologada pelo MM. Juiz. Ocorre antes do desenvolvimento do processo. Agente fica
vinculado a algumas condições impostas em audiência. Cumprida, há extinção da punibilidade.
Assim, caso haja nova condenação, não há maus antecedentes.

Capítulo XII. Direito de Apelar.


A rigor, é de se permitir apelação em liberdade, ante a presunção de inocência, salvo se
presentes requisitos da prisão preventiva, art. 312 do CPP.
A princípio, estando o réu foragido, deve-se decretar sua prisão. Isso para garantia da
aplicação da Lei Penal.
Se já estiver preso, a princípio, deve continuar, salvo se desaparecerem requisitos do 312.
Caso condenado apenas a regime aberto, é de se soltar o réu preso preventivamente.
Fato de o crime ser hediondo nada alteraria. STF, atualmente, entende que a proibição de
liberdade provisória decorre da inafiançabilidade destes crimes. Ver art. 2º, II, da LCHEd.
Parece que o TJMG, praticamente inteiro, é no sentido de não aplicação do art. 44 da L11343
quanto à liberdade provisória e nova redação do art. 2º, II, da LCHed. Assim, apenas presentes
os requisitos do art. 312 do CPP é possível prisão para apelar.

A seguir, voto do STF, de 23 de junho de 2009:


EMENTA: HABEAS CORPUS. 1. PRISÃO EM FLAGRANTE POR TRÁFICO DE DROGAS. LIBERDADE
PROVISÓRIA: INADMISSIBILIDADE. 2. PEDIDO FORMULADO PARA QUE OS PACIENTES TENHAM
O DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE: IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA CONDENATÓRIA QUE
ASSENTOU ESTAREM PRESENTES, NO CASO, OS PRESSUPOSTOS PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO
CAUTELAR. 1. A proibição de liberdade provisória, nos casos de crimes hediondos e
equiparados, decorre da própria inafiançabilidade imposta pela Constituição da República à
legislação ordinária (Constituição da República, art. 5º, inc. XLIII): Precedentes. O art. 2º, inc. II,
da Lei n. 8.072/90 atendeu o comando constitucional, ao considerar inafiançáveis os crimes de
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos. Inconstitucional seria a legislação ordinária que dispusesse diversamente, tendo
como afiançáveis delitos que a Constituição da República determina sejam inafiançáveis.
Desnecessidade de se reconhecer a inconstitucionalidade da Lei n. 11.464/07, que, ao retirar a
expressão 'e liberdade provisória' do art. 2º, inc. II, da Lei n. 8.072/90, limitou-se a uma
alteração textual: a proibição da liberdade provisória decorre da vedação da fiança, não da
expressão suprimida, a qual, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal, constituía
redundância. Mera alteração textual, sem modificação da norma proibitiva de concessão da

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liberdade provisória aos crimes hediondos e equiparados, que continua vedada aos presos em
flagrante por quaisquer daqueles delitos. 2. A Lei n. 11.464/07 não poderia alcançar o delito de
tráfico de drogas, cuja disciplina já constava de lei especial (Lei n. 11.343/06, art. 44, caput),
aplicável ao caso vertente. 3. Irrelevância da existência, ou não, de fundamentação cautelar
para a prisão em flagrante por crimes hediondos ou equiparados: Precedentes. 4. Sentença
condenatória que assentou a existência dos pressupostos para a decretação da prisão cautelar.
Não há falar, no caso, na possibilidade de os Pacientes recorrerem em liberdade. 5.
Impossibilidade de execução provisória da pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos
decorrente de sentença penal condenatória, ressalvada a decretação de prisão cautelar nos
termos do art. 312 do Código de Processo Penal. 6. Ordem denegada.
Igualdade de tratamento a co-réus. Deve-se estender benefício, caso haja identidade de
situação fático-processual. Cabe HC para tanto.

Capítulo XIII. Efeitos da Condenação.


Efeitos automáticos. Ou genéricos, art. 91 do CPB. Não precisam constar na sentença, por
decorrerem diretamente da Lei.
São os seguintes:
Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. A sentença penal é título
judicial. Antigamente, mister se fazia liquidação por artigos. Atualmente, é necessário que o
MM. Juiz fixe valor mínimo da indenização. Para autor, apenas deve fixar quantum se houver
elementos para tanto.
TJMG: como é efeito imediato, não precisa de haver pedido e fixação direta não ofende
contraditório e ampla defesa.
Perda em favor da União, ressalvado direito do lesado ou de terceiros de: lembrar que vai
para a União 1 – instrumentos do crime, desde que ilícitas; 2 – do produto do crime ou de
qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do delito.

Efeitos não automáticos da condenação. Os do art. 92 do CPB. Caso seja hipótese de possível
aplicação destes dispositivos, é obrigatória a motivação sobre aplicação ou não. Se não for
caso nem hipotético de aplicação, não se é de justificar.
São os seguintes:
Perda do cargo, função ou mandato eletivo. Se crime é contra AdmPúb ou com abuso de
poder, em pena superior a 1 ano, ou condenação a mais de 4 anos, nos demais casos.
Incapacidade para exercício de pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à
reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado. Aplicação de sursis ou PRD não
impede esta hipótese.
Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
Efeitos que devem constar da sentença. Apenas os não automáticos, visto que os automáticos
são aplicáveis ex vi legis.

Capítulo XIV. Providências Finais. Deve: condenar ao pagamento de custas; determinar


inserção do réu no rol dos culpados; expedir guia de recolhimento; comunicar o TER para
suspender direitos políticos do condenado, com fulcro no art. 15, III, da CR88; determinar
registro nos antecedentes criminais. Todas estas providências devem ser tomadas apenas após
o trânsito em julgado, por força do art. 5º, LVII, da CR88.

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