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APLICAÇÃO DA PENA- DOSIMETRIA

Segundo Nucci, é o processo judicial de discricionariedade juridicamente vinculada visando a


suficiência para prevenção e reprovação da infração penal.
O juiz, dentro dos limites legais, deve fixar o quantum ideal, de acordo com seu livre
convencimento, sempre fundamentando a exposição de seu raciocínio.
A motivação da sentença é exigência de todas as legislações modernas, onde exerce função de
defesa do cidadão contra o arbítrio do juiz. Além de ser uma garantia para o Estado, pois se
interessa a este que sua vontade superior seja exatamente cumprida e se administre corretamente
a justiça. O Juiz, na aplicação da pena deve obedecer certos limites, individualizando a sanção
no caso concreto.
Ou seja, o Juiz fixa um quantum ideal, fundamentando sua motivação de forma obrigatória para
que se evita assim, o cidadão tenha maior defesa contra a vontade dele. Além disso, a motivação
é como uma garantia do Estado, pois a ele interessa que sua vontade superior seja exatamente
cumprida e se administre corretamente a justiça.
1- Determinação da Pena:
Processo que o juiz realiza para fixar a sanção aplicável ao agente pelo ilícito praticado;
-A lei enumera uma série de elementos a serem levados em consideração, iniciando por aqueles
previstos no art. 59:
“Deve-se avaliar a maneira de ser do agente e a reprovabilidade do fato punível. ”
-A determinação penal leva em conta a reprovação do ilícito praticado e a prevenção do crime.
–Os critérios do art. 59 servem para nortear a ação judicial e afastar o arbítrio do julgador, na
primeira fase.
-O crime é formado pelos elementos componentes do tipo básico (caput), sendo que faltam um
deles, altera-se a figura típica ou não haverá delitos.
-É possível que o crime ocorra em circunstancias especificas, ou de particular maneira,
formando-se o que se chama tipo derivado, o qual se compõem das circunstancias do delito.
-Outras circunstancias existem para preencher o delito, mas que não estão no tipo, e sim na
parte geral, como as agravantes e atenuantes, as quais se faltarem não influem na existência do
delito, mas sim na aplicação da pena.
Ou seja, o crime é formado por aquilo que se descreve no caput, porém existem circunstancias
especificas, particulares, que formam o tipo derivado que compõe as circunstancias do delito.
Algumas dessas circunstancias, existem para preencher o delito, previstos na parte geral que não
influenciam diretamente a existência do delito, mas sim na aplicação de sua pena, são essas as
agravantes e as atenuantes.
-Critério trifásico de determinação da pena:
A) juiz fixa a pena base, de acordo com o art. 59;
B) verifica-se a existência de circunstancias agravantes ou atenuantes legais, que
obrigatoriamente influenciam na pena;
C) O juiz considera se existem ou não, causas especiais de aumento ou diminuição previstas na
parte geral ou na parte especial, art. 68.
-A prevenção geral não pode agravar a pena, a culpabilidade do réu é aqui limite intransponível.
A prevenção geral também supostamente atingida com a aplicação da pena justa, de que é efeito
secundário.
1ª FASE DE FIXAÇÃO DA PENA:
-Base nas circunstancias judicias do art. 59;
-Circunstancias residuais, atuam se não estiverem entre as demais circunstancias (agravantes,
atenuantes causas de aumento e diminuição de pena);
-Servem para formar a pena-base;
-Volteiam a realização do delito, sem afetar-lhe a existência, mas que influenciem na fixação da
pena, materializando-se conforme as pessoais convicções do magistrado.
-Pena- base: primeira eleição do quantum da pena feita pelo magistrado, fundado nas
circunstancias judiciais do art. 59. Sobre a pena, ele lançara as agravantes e atenuantes na
segunda fase, e na terceira fase, as causas de aumento ou de diminuição.
-O juiz analisa:
Personalidade: conjunto de caracteres exclusivos de uma pessoa, parte herdada, parte
adquirida. Se deve analisar o meio e as condições em que o agente se formou e vive, se o crime
é expressão da maneira de ser do acusado.
Antecedentes do agente, não no sentido de reincidência, mas sim com relação a seu
comportamento anterior. Tudo que existiu ou aconteceu no campo penal, ao agente, antes de
praticar o delito, ou seja, sua vida pregressa criminal. Atualmente, devem ser consideradas as
condenações com transito em julgado que não são aptas a gerar reincidência. Todo o mais, e,
face do princípio da presunção da inocência, não deve ser considerado. Absolvição do anterior
não é mau antecedente.
Conduta social: é o papel que o réu tem na comunidade, na família, no trabalho, na vizinhança,
na escola deve ser também considerada. Tem relação, também, com a forma de vida em uma
visão mais abrangente, examinando-se o meio de sustento, a dedicação, as tarefas honestas, a
assunção de responsabilidades familiares.
Culpabilidade: em delitos dolosos leva em conta a vontade reprovável, contrária ao dever, e
nos delitos culposos refere-se à maior ou menor gravidade da violação do cuidado objetivo que
se expressa na imprudência, na negligencia ou imperícia. É a culpabilidade em sentido lato, é a
reprovação social que o crime e o autor do fato merecem. O juiz deve fazer uma análise da
censura que o crime merece, sobre o que aconteceu, e não só sobre o autor. O importante é a
reprovabilidade gerada pelo fato delituoso.
Motivos: são de particular relevo na maior ou menor gravidade da ação. Motivo é o que move,
é o antecedente psicológico do ato volitivo, existindo um que pode se sobrepor a outro. A maior
ou menor reprovabilidade do motivo influi na gravidade da culpa e, pois, do crime. Observa-se
que os motivos fútil e torpe, não podem ser considerados na pena base, pois são circunstancias
agravantes a serem consideradas em fase posterior. Varia de acordo com diversas razões, sendo
precedentes que levam a ação criminosa. Todo crime tem um motivo, sendo que sua avaliação é
que faz com que o juiz aumente ou diminua a pena-base.
Circunstâncias: são os elementos acidentais do delito. Aqueles que constitutivos do tipo,
afetando apenas a gravidade do crime.
Consequências: os efeitos da ação delituosas que estão além do evento, se referem a
culpabilidade e reprovabilidade do crime. Constituem o mal causado pelo crime.
Comportamento da vítima: contribuição dada por ela ao fato punível, de modo a influir sobre
a reprovabilidade da ação. Trata-se do modo de agir da vítima, que pode levar ao crime. Com
base, então, no art. 59, fixa o juiz: as penas aplicáveis, dentre as cominadas (no caso de previsão
alternativa); a quantidade da pena, dentro dos limites previstos; o regime inicial de cumprimento
de pena, para as privativas de liberdade, devendo ser fundamentada sua decisão, possível
substituição destas por restritivas de direto.
A enumeração do art. 59 tem sido considerada taxativa, porém a referência genérica a
“circunstâncias”, permite ao julgador considerar toda espécie de elementos acidentais
relacionados com o fato.
As circunstâncias judiciais não tem previsão de quantidade, e não podem levar a pena
fora dos limites legais.
Resumindo:
O juiz na primeira fase precisa analisar os seguintes critérios para a fixação da pena-base:
-Personalidade: se o crime é expressão da maneira de ser do criminoso;
-Antecedentes: comportamento anterior, sua vida pregressa criminal anterior, inclusive casos
em transito julgado que não são aptas a reincidência. Absolvição anterior, não se considera;
-Conduta Social: papel do réu na comunidade, e analise da sua forma de vida, se é honesta;
-Culpabilidade: vontade reprovável, reprovação social do ato;
-Motivo: o que move a realização do crime. Todo crime tem um motivo.
-Circunstancias: elementos acidentais do delito, afetam a gravidade do delito;
-Consequências: efeito da ação delituosa além do evento, relacionada a culpabilidade e a
reprovabilidade do crime; O mal causado pelo crime;
-Comportamento da vítima: Modo de agir da vítima, que pode levar ao crime.
2ªFASE DE FIXAÇÃO DA PENA:
-Circunstancias legais previstas na Parte Geraldo CPB,
-Recomendação que o juiz eleve ou aplique moderadamente a pena,
-Fica circunscrito aos limites mínimo e máximo previstos no tipo penal;
-Aumenta ou diminui obrigatoriamente a pena;
-Juiz com poder inteiro discricionário, pois a lei não fixa o quantum;
-Mesmo não havendo um quantum fixo, o juiz deve respeitos os limites previstos na lei;
-Baseado na reprovabilidade e gravidade do delito;
-Envolve agravantes e atenuantes;
*Para aplicar as agravantes e atenuantes, não podem ser constitutivas do crime ou que não o
tornem qualificado ou privilegiado. **
1) Circunstancias agravantes:
-Previstas no artigo 61, com rol taxativo, não podendo ser ampliado, nem por analogia.
-Todas aplicadas aos delitos dolosos,
-Apenas a reincidência se aplica a delitos culposos também;
-Somente as de caráter objetivo se comunicam ao participe;
A MOTIVAÇÃO AGRAVANTE, QUANDO NÃO COSNTITUI OU QUALIFICA O
CRIME
A) Motivo fútil:
-Insignificante, banal desproporcional a reação criminosa;
-Não se confunde com motivo injusto, pois o delito é sempre injusto;
-Não se equipara a ausência de motivo;
-Ciúme, não se considera fútil, por razão de ser o sentimento comum e natural; apesar de
injusto, não se considera ínfimo ou desprezível;
-Embriaguez, não se encaixa também;

2) Motivo torpe:
-Atinge profundamente o sentimento ético-social de coletividade, repugnante, abjeto, vil,
indigno, repugna a consciência média;
-O motivo não pode ser ao mesmo tempo torpe e fútil;
-O ciúmes, como sentimento comum a maioria, não se considera torpe;
-Qualquer caracterização de futilidade é suficiente para eliminar a torpeza de qualquer
comportamento;
-A vingança nem sempre é considerada motivo torpe, se verifica se pode ou não ser
considerada como motivo torpe, a causa de sua origem e natureza;
**Os motivos agravantes são incomunicáveis na hipótese de concurso de pessoas, pois a
motivação é individual, e não constituem elementares típicas, segundo o melhor
entendimento doutrinário. **
FINALIDADES AGRAVANTES, QUANDO NÃO CONSTITUEM OU
QUALIFICAM O CRIME:
-Cometer crime para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a
vantagem de outro delito
-Especial torpeza;
-Abrange dolo especifico, um especial fim do agente;
-Pressupõem a existência de outro crime, que seria o crime-fim, o qual se pretenderia
facilitar ou assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem.
-Se aplicam somente ao crime-meio e não ao crime-fim; mesmo que o crime-fim não veja a
ocorrer, ou seja, mesmo que a finalidade não seja atendida.
-Se as figuras previstas neste inciso se referirem a um delito putativo (existe somente na
mente do sujeito) ou impossível, a agravante não pode incidir (relação sexual com
prostituta, e achando ter cometido crime, mata eventual testemunha de seu ato).
Consumando-se os dois crimes, tem-se o concurso material.
-Assegurar a vantagem de outro crime- o fim pretendido é garantir o êxito do
empreendimento delituoso, qual seja, o aproveitamento da vantagem que o crime
assegurado pode proporcionar-lhe, patrimonial ou não, direita ou indireta: CONEXÃO
OCASIONAL.
-É irrelevante que o agente aja no interesse próprio ou de terceiros. Se trata da conexão de
entre crime-fim e o crime-meio, os quais, se igualmente executados, pode resultar no
cumulo material de penas, com o crime-fim absorvendo por completo o crime-meio. Ou
seja, só será aplicada no crime-meio quando o crime-fim não se realizar; não incide a
agravante, mas corre concurso material.
-Para garantir a execução: CONEXÃO TELEOLÓGICA
-CONEXÃO CONSQUENCIAL: Garantir a impunidade, ocultação ou vantagem de outro
crime.
MODO DE AGRAVANTES QUANDO NÃO CONSTITUEM OU QUALIFICAM O
CRIME:
-Modo insidioso com que a atividade delituosa é praticada, dificultando ou impossibilitando
a defesa da vítima por traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificulta ou
torna impossível a defesa do ofendido;
-Traição: é o ataque sorrateiro, inesperado, tiro pelas costas da vítima. É o crime cometido
mediante ataque súbito e sorrateiro, que atinge a vítima, descuidada ou desatenta antes de
perceber o ato criminoso. É a ocultação moral ou física da intenção do sujeito ativo, que
viola a confiança da vítima, é a deslealdade para com a vítima;
-Se a vítima pressente a atenção do agente, não mais se configura traição.
-Não se configura quando houver tempo para a vítima ao menos fugir;
-Emboscada: é a tocaia ou cilada. Verifica-se quando o agente se esconde para surpreender
a vítima; é a ação premeditada de aguardar oculto a presença da vítima em um lugar por
onde ela terá que passar.
-O criminoso aguarda escondido a passagem da vítima desprevenida, que é surpreendida;
-Sempre se trata de um crime premeditado, pois o sujeito ativo desloca-se com
antecedência, examina o local, projeta os próximos passos e coloca-se à espera da passagem
da vítima para, com segurança e sem risco, o ataca-la.
-Dissimulação: é ocultar a verdadeira intenção, ganhar proximidade da vítima. Mostra-se o
que não é, ilude a vítima, que não tem razões para desconfiar do ataque e é apanhada
desatenta e indefesa. O agente esconde ou disfarça o próprio rosto para surpreender a vítima
desprevenida.
-Outro meio que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima (interpretação analógica):
é necessário tem a mesma natureza das outras agravantes elencadas. Tem como finalidade
punir mais severamente aquele que atua covardemente, e por que motivo, deve-se provar
que ocorreu supressa para a vítima, que com isso teve sua reação dificultada;
MEIOS QUE SEMPRE AGRAVAM A PENA, QUNADO NÃO CONSTITUEM OU
QUALIFICAM O CRIME:
-Espécies de gênero de meio insidioso, meio cruel ou meio que possa resultar perigo
comum:
-Veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel ou que possa resultar
perigo comum:
-São meios de cometer o crime, envolvendo meio insidioso que é aquele que denota
estratagema, perfídia; crueldade, significando imposição a vítima de sofrimento além do
necessário ao resultado; perigo comum, aquela situação que coloca em risco outras pessoas
além da visada pelo agente.
prevê, novamente, interpretação analógica .
-Veneno: só agrava se for feita dissimuladamente, como estratagema, como cilada. É
indispensável que a vítima desconheça a circunstância de estar sendo envenenada;
-Se aplicado com o conhecimento da vítima e com uso de violência, não pode ser aplicado
como meio insidioso, mas como meio cruel lato sensu, com intenção de provocar grande
sofrimento a vítima;
-Emprego de fogo ou explosivo: podem constituir meio cruel ou meio de que pode resultar
perigo comum, dependendo das circunstancias.
-Emprego de tortura: meio de causa prolongado, atroz e desnecessário padecimento a
vítima. É modalidade de meio cruel, distinguindo se somente pelo aspecto temporal,
exigindo ação um pouco mais prolongada em sua fase executória.
-Asfixia, pode ser cruel ou insidioso. Trata-se de supressão da respiração originada de um
processo mecânico ou tóxico.

OUTROS AGRAVAMENTOS, QUANDO NÃO CONSTITUEM OU QUALIFICAM


O CRIME:
a) Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge: parentesco pode ser legitimo ou
ilegítimo, natural ou civil. Em caso do casal, quando estiverem separados, não se aplica
a agravante. É necessários laudos que comprovem o parentesco; Concubinas e
companheiros não se encaixam;
b) Abuso de autoridade e relações do lar: em tais situações devem ocorrer apoio e
assistência. Se tratam de situações que facilitam a prática do crime e que implica em
violação de especiais deveres:
- abuso de autoridade: relacionada ao campo privado, que estabelecem dependência da
vítima em relação ao agente, como tutor, guardião, curador, etc.
- relações domésticas: ligações entre pessoas de uma mesma vida familiar, parentes ou
não – primo, por ex. Pode ser inserido neste caso a relação de companheiro, fruto de
união estável.
- coabitação: pessoas que vivem sob o mesmo teto, mesmo que por pouco tempo – ex.
pensão.
- hospitalidade: vínculo existente entre pessoas durante uma estada provisória na casa
de alguém – não requer intimidade ou permanência demorada.
- com violência contra a mulher, na forma de lei específica.
c) Abuso de poder ou violação de dever: exercício abusivo de autoridade pública.
-Abuso é o uso do poder além dos limites legais da violação de dever é desrespeito às
normas que norteiam cargo, oficio, ministério ou profissão. Não há abuso de poder sem
violação de dever, mas pode haver violação de dever sem abuso de poder.
-Se elementar ao crime, não se configura como agravante.
-Abuso de poder não pode constituir delito próprio;
-Para se caracterizar como agravante faz-se necessário que o agente ultrapasse,
concretamente, os limites autorizados ao exercício de poder ou viole dever inerente ao
cargo, ofício, ministério ou profissão.
D) Contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida: menor capacidade de defesa
das vítimas, além da perversidade e covardia do agente.
-Deve existir nexo logico entre a conduta desenvolvida e o estado de fragilidade da vítima;
-Criança é o menor de 7 anos segundo Fragoso, mas o ECA adota os menores de 12 anos
completos;
-Idoso é o que tem mais de 60 anos, de acordo com o estatuto do idoso.
-Enfermo: pessoa doente, tem suas resistências diminuídas em razão de algum mal;
-Mulher gravida: o agente deve ter conhecimento da gravidez para que se qualifique como
agravante;
E) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade: agrava se a autoridade tem
o ofendido sob sua guarda. O agente, em tais casos demonstra ousadia, desafiando a autoridade,
merecendo maior reprimenda.
F) em ocasião de incêndio, naufrago, inundação ou qualquer calamidade pública, ou desgraça
particular do ofendido: o agente se aproveita dessas situações para praticar o crime;
G) Embriaguez preordenada: o agente se embriaga deliberadamente para praticar o crime,
rompendo freios inibitórios e busca uma escusa. Visa evitar, também, que o agente se coloque,
de proposito, em estado de inimputabilidade. É indiferente o grau de embriaguez.
AGRAVANTES NA HIPOTESE DE CONCURSO DE PESSOAS:
-Pune-se mais severamente aquele que exerce um papel de liderança entre o os participantes,
independentemente de ser ou não o autor intelectual.
-A mesma pena será aplicada a todos quantos concorrem para o crime, porém a punibilidade dos
autores e do partícipe se mede em concreto, pela própria culpabilidade de cada um e pelo grau
de responsabilidade com relação ao delito.
- Envolve não apenas os casos de concurso de pessoas, mas também de autoria mediata,
decorrente de coação moral irresistível.
A) Coage ou induz outrem a execução material do crime:
Induzir: suscitar uma ideia, fazer surgir uma ideia até então inexistente;
Coação: se irresistível exclui a punibilidade do coagido, podendo, dependendo das
circunstancias, transformar o coautor em autor mediato, se não estiver participando diretamente
do fato criminoso; Se resistível: atenuante;
-Pode ser física, moral resistível ou irresistível
B) Instigue ou determine a cometer o crime alguém sujeito a sua autoridade ou não punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal:
-Instigar: reforçar uma ideia já existente;
-O agente provoca a solução criminosa;
-Determinar: significado de mandar, comandar ou até exigir que subalterno ou alguém sob seus
domínios cumpra a sua determinação.
-Instigar alguém sujeito a sua autoridade: exclui a responsabilidade penal de quem praticar o
fato delituoso, configurando a obediência hierárquica; Além do mandante responder sozinho
pelo crime, terá a incidência da agravante penal;
-Não punível em virtude de condição ou qualidade social: escusas absolutórias ou imunidades
pessoais, que não se confundem com excludentes de criminalidades; divididos pelo Ministro
Francisco De Assis Toledo como: causas que afastam a censurabilidade do fato porque negam,
desde o início, a priori, a existência de um agente culpável e, causas que afastam a
censurabilidade do fato porque anulam um dos elementos essenciais da própria culpabilidade.
C) execute o crime, ou nele participe, mediante paga ou promessa de recompensa: se o
mercenário executa ou nele participa mediante paga ou promessa de recompensa, é uma torpeza
especifica;
REINCIDÊNCIA (ART 63 e 64):
primário: aquele que jamais sofreu qualquer condenação irrecorrível.
Reincidente: aquele que cometeu um crime após a data do transito em julgado da sentença que o
condenado por crime anterior, enquanto não transcorrido o prazo de cinco anos, contados a
partir do cumprimento ou da extinção da pena.
Não reincide:
-Caso ocorra no dia da sentença em transito julgado (tem de ser depois);
-Por efeito de reincidência a anterior condenação por crime propriamente militares ou políticos,
nem a condenação anterior por contravenção.
-Se entre a condenação anterior, contados a partir do cumprimento ou extinção da pena,
decorrerem cinco anos até a infração posterior, computados o período de suspensão condicional
da pena ou de livramento condicional, se não tiver ocorrido revogação. *Após esse prazo, o réu
é considerado primário, inclusive para fins e fiança, não podendo, a condenação anterior ser
considerada para fins de antecedentes criminais. *

Réu não reincidente e não primário: aquele que está sendo julgado e já tem contra si uma
sentença condenatória anterior, transitada em julgado após o cometimento do segundo crime,
não pode ser considerado reincidente ou primário. Verifica-se a reincidência quando o agente
comete novo crime depois de transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior
Ficta: Não se exige que a condenação anterior tenha sido executada;
Real: se ocorresse apenas depois do cumprimento da pena anterior, seria reincidência real.
Casos de aplicabilidade: Crime com Crime/ Crime com Contravenção/ Contravenção com
Contravenção.
Caso de não aplicabilidade: contravenção com crime.
Justifica-se como agravante, em virtude da maior culpabilidade na rebeldia frente à ordem
social, na contumácia da inimizade ao direito.
Comprovação: Se faz pela certidão cartorária comprovando a condenação anterior, e não apenas
pela folha de antecedentes.
Agravante subjetiva, não se comunica aos participes ou coautores.
-Os dois crimes podem ser dolosos ou culposos, ou um doloso e outro culposo, gera a
reincidência, porém existem julgados negando tal fato, mas o art. 63 não faz distinção.
-Extinção da punibilidade afasta a reincidência apenas no caso de anistia ou de abolito criminis,
desaparece o próprio crime, ressaltando que se com relação ao processo anterior ocorreu perdão
judicial, este tem natureza de sentença absolutória, não gerando a reincidência.
-Efeitos da reincidência:
-Impede a concessão do sursis;
-Aumenta o prazo para livramento condicional;
-Estende o prazo de prescrição da pretensão punitiva;
-Interrompe a prescrição;
-Agravante PREVALECE sobre as demais, impede a substituição por pena restritiva de
direitos ou multa, o inicio de cumprimento da pena em regime semiaberto ou aberto.

ATENUANTES:
Circunstancias legais: Atenuantes genéricas que se são expressamente relacionadas no texto
legal;
Circunstancias judiciais: Contrário;
-Diminuem a punibilidade 3e deverão ser valoradas na sentença final;
-O código não estabelece quantidade de diminuição, mas estabelece um mínimo legal;
A) MENORIDADE RELATIVA/ SE O AGENTE MENOR DE 21 ANOS NA DATA DO
FATO, OU MAIOR DE 70 ANOS, NA DATA DA SENTENÇA:
-Excluídos são os menores de 18 anos;
-Menoridade relativa (Imaturidade): Data do fato e Individualização da pena com pavilhão
especial. Emancipação nada interfere.
-Velhice (Menor temibilidade): Data da sentença em 1º grau;
*Para ambos o prazo prescricional é reduzido pela metade.
*Se prova por qualquer documento hábil.
B) DESCONHECIMENTO DA LEI:
É inescusável, porém o desconhecimento ou errada compreensão, podem diminuir a pena.
-Não depende a atenuante do desconhecimento ser escusável, inevitável.
C) RELEVANTE VALOR MORAL E SOCIAL:
2ª mais preponderante;
Determinada pela escala de valores em que se estrutura a sociedade;
O Legislador distingue valor social e valor moral.
Valor social: Coletivo, se refere a interesse não exclusivamente individual, mas de ordem geral,
vida coletiva;
Valor moral: individual, se refere a interesse de ordem pessoal (eutanásia) é o que está de
acordo com a moralidade e os princípios éticos dominantes.
Dos motivos dependem a maior ou menor reprovabilidade da ação.
D) ARREPENDIMENTO:
Eficaz:
Para configurar o arrependimento são necessários:
A) Ser logo após o crime;
B) Com espontaneidade;
C) Com eficiência;
D) Finalidade de evitar as consequências.

Posterior:
Diminuição de pena objetiva, basta que seja voluntario e realizado antes do recebimento da
denúncia, mediante a devolução ou reparação integral do bem jurídico lesado.
Reparação de dano: em casos de menor potencial ofensivo, extingue a punibilidade, nos casos
em que a ação penal não é pública.
E) COAÇÃO RESISTÍVEL:
-Coação física excluí a ação, a moral irresistível exclui a culpabilidade;
-Pode ser tanto física quanto moral;
-É possível que alguém sofra uma coação moral que podia refutar, mas não o fez por fraqueza
ou infelicidade- Não merecendo absolvição deve ter a pena diminuída.
-O coator será sempre punível, na coação irresistível, na condição de autor mediato e na
condição resistível na condição de coautor ou de participe, dependendo das demais
circunstancias. Quando resistível, o coator sofrerá agravante, pois será autor mediato e esta será
o meio de sua execução.
-Cumprimento de ordem de autoridade superior:
O Subordinado cumpre ordem superior, tem obrigação de cumprir ordens inconvenientes,
inoportunas, mas não ilegais.
Quando respeitando ordem superior cumpre ordem manifestamente ilegal, responde pelo crime
que praticar, mas beneficia-se da atenuante.
Se cumprir ordem ilegal (mas não manifestamente ilegal), não responderá pelo crime e somente
o superior hierárquico responderá pela ordem dada, por ter avaliado incorretamente a ordem
recebida, incorrendo numa espécie de erro de proibição.
F) INFLUENCIA DE VIOLENTA EMOÇÃO, PROVOCADA POR ATO INJUSTO DA
VITIMA:
-Tem de ser consequência de provocação injusta da vítima, bastando apenas a influência da
violenta emoção; capaz de provocar perturbação do animo, não se exigindo também que
seja cometido o delito logo após uma provocação, cabendo um maior tempo entre a ação e a
reação, mas se exige a relação.
-Somente emoção intensa, violenta, absorvente, que seja capaz de reduzir quase por
completo a vis electiva, em razão dos motivos que a eclodiram, dominando, segundo os
termos legais, o próprio autocontrole do agente.
-A intensidade da emoção deve ser de tal ordem que o sujeito seja dominado por ela, o
sujeito ativo deve agir sob o ímpeto do choque emocional.
-É fundamental a provocação da própria vítima e seja injusta; de forma que justifique, de
acordo com o consenso geral, a repulsa do agente, a sua indignação.
-A reação não precisa ser necessariamente imediata;
G) CONFISSÃO ESPONTANEA:
-É suficiente apenas a confissão da autoria, não estando condicionada a nenhuma exigência
formal ou processual, ao contrário do que começou a entender a jurisprudência dos tribunais
superiores.
-Pode ocorrer perante a autoridade policial ou judicial, indiferentemente.
-Basta ser espontânea, sem qualquer coação e voluntária.
-Não é exigível que a autoria do crime seja desconhecida, nem tampouco que o réu
demonstre arrependimento pelo fato praticado.
H) INFLUÊNCIA DE MULTIDÃO OU TUMULTO:
-Sentimento de alma coletiva, em que as reações de cada um passam a ser da massa em
tumulto. A sugestão criminosa se transmite de individuo para individuo, em tais situações.
Se trata de influência psíquica;
-Aqueles que praticarem o crime sob influência de multidão em tumulto, quer não
provocarem, poderão ter suas penas atenuadas;
-Terão a pena agravada os que promoverem, organizarem ou liderarem a prática criminosa
ou dirigirem a atividade dos demais.
I) ATENUANTE INOMINADA:
É uma circunstância aberta, permitindo ao juiz um arbítrio enorme, abrangendo qualquer
circunstância relevante, mesmo que não prevista em lei (ex. réu vítima de violência sexual
na infância, que venha a praticar crime sexual como adulto, delinquente que se converte à
caridade).
Envolve qualquer circunstância relacionada com o fato ou com o agente, que afete de forma
significativa o merecimento de pena.
CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA (MAJORANTE E
MINORANTES):
-Fatores de aumento ou redução da pena, estabelecidos em quantidades fixa ou variáveis,
mas sempre prefixadas no texto legal, ao contrário das atenuantes e agravantes, que não
apresentam nenhum marco limitador expresso. Sem estabelecer o mínimo e um máximo.
-Qualificadoras: tipos penais derivados, com novos limites, mínimo e máximo...
-Majorantes e minorantes: causas modificadoras da pena, apenas estabelecendo sua variação
fixa ou variável.
-São modificadoras na terceira fase da aplicação de pena, enquanto, as qualificadoras
estabelecem limites mais elevados, dentro dos quais será calculada a pena-base.
Distinção em 3 fases das agravantes e atenuantes genéricas:
1ª. Em relação a colocação no Código Penal:
-As agravantes e atenuantes genéricas se localizam apenas na parte genérica do código;
-As Majorantes e minorantes se localizam tanto na parte genérica quanto na parte especial
do código;
-2ª Em relação ao “quantum” de variação;
-As agravantes e atenuantes não fixam a quantidade de aumento e de diminuição, deixando-
a ao prudente arbítrio do julgador;
-As Majorantes e minorantes devem atingir um sexto da pena, que é o limite mínimo das
Majorantes e minorantes; podendo estabelecer uma quantidade fixa ou variável, o quantum
de variação da pena;
-3ª Em relação ao limite de incidência:
-A pena mínima para aquém do mínimo abstratamente cominado no tipo penal, em caso de
atenuantes e agravantes;
-As minorantes podem reduzir a pena para aquém do mínimo cominado ao tipo penal
violado.
-As Majorantes, podem ultrapassar a pena além do máximo cominado no tipo penal
infringido (opinião minoritária).
Podem ser obrigatórias ou facultativas;
Concurso de agravantes e atenuantes:
Art. 67, no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite
indicado pelas circunstancias preponderantes, considerando-se como tais:
-As que resultam dos motivos do crime, personalidade do agente e da reincidência;
-A juiz deve fazer preponderar a agravante da reincidência, ou seja, deve-se sempre
considerar acima das demais a reincidência, dando-a preferência sobre as outras;
-Em casos de ambas serem preponderantes, pode haver uma compensação (anulação).

- relevante valor moral X uso de fogo = valor moral prevalece

- reincidência X multidão = reincidência prevalece

- motivo fútil X confissão (duas preponderantes) = se anulam

- menoridade X explosivo = prevalece a menoridade


Existência de duas ou mais qualificadoras:
a) a segunda qualificadora, em diante, deve valer como agravante (se existir esta como
correspondente), lançada na segunda fase da execução da pena;
b) não é obrigatório qualquer tipo de aumento, pois uma delas já cumpriu com sua missão;
c) a segunda causa em diante funciona como circunstância judicial, devendo atuar na
primeira fase de fixação da pena.
Nucci prefere a primeira posição, a não ser que exista a agravante correspondente, quando
então prefere a terceira posição.

Concurso entre causas de aumento e de diminuição:


Devem ser aplicadas sem possibilidade de compensação (se anularem), se previstas na parte
geral (obrigatórias).
Previstas na parte especial: o juiz pode aplicar uma só, sempre usando a que mais aumente
ou a que mais diminua.
Previstas na parte especial: admite-se a compensação da seguinte forma: tratando-se de duas
ou mais causas de aumento ou duas ou mais de diminuição, o juiz pode aplicar a mais ampla
delas. Ex: incêndio para obter vantagem pecuniária e causando lesão grave para a vítima –
pode o juiz aplicar as duas ou somente a mais grave. Art. 68, parágrafo único.

Critério para aplicação dos aumentos e das diminuições:


existem 3 posições a respeito:
a) todas as causas de aumento ou de diminuição devem incidir sobre a pena extraída na
segunda fase da fixação da pena. O mesmo critério é usado para a causa de diminuição. Ex:
roubo, chegando a 6 anos, ocorrendo duas causas de aumento, uso de arma de fogo e
continuidade delitiva – 6 mais 2, 8, e pela continuidade, mais um ano, 9;

b) todas as causas incidem umas sobre as outras: no ex. 6 anos, mais 2, sobre os oito soma-
se 1/6, totalizando 8 anos e 4 meses;
c) as causas de aumento incidem sobre a pena extraída da 2ª. Fase e as de diminuição
incidem umas sobre as outras (efeito cascata). Este último critério é uma tentativa de
conciliação. O
Pega a pena da segunda fase e vai adicionando as Majorantes e as minorantes.

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