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Calculo da Pena

“[...] a pena justa será somente a pena necessária” (Von Liszt)

Prof. Cristian Kiefer da Silva


Critério Trifásico de Fixação da Pena
Art. 68 do Código penal

1
● PRIMEIRA FASE: analise da circunstâncias judiciais
– circunstâncias constantes do art. 59 do CP.
– Ao final da primeira fase é fixada a pena-base.

SEGUNDA FASE: analise das circunstâncias legais

2

– circunstâncias agravantes ou atenuantes previstas nos
arts. 61 e seguintes do CP
– ao final fixa-se a pena provisória

● TERCEIRA FASE: analise das causas de aumento ou

3
diminuição de pena,
– encontradas na parte geral e parte especial
– São expressas por frações (aumenta-se da metade,
diminui-se de dois terços, etc)
– a pena resultante deste processo será a pena final
Circunstâncias judiciais
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Analise, criteriosa, de cada uma das oito circunstâncias judiciais
– Individualiza a pena para cada réu e para cada infração penal praticada
● sentença sem fundamento para valoração das circunstâncias judiciais ou que não
indica os elementos dos autos que formaram o convencimento do Juiz quanto a essa
valoração padece de nulidade
● Situações possíveis:
– Circunstâncias judiciais são todas favoráveis ao agente, deve fixar a pena-base
no mínimo legal
– circunstância judicial valorada desfavoravelmente ao condenado
● Acréscimo de um quantum ao mínimo cominado no tipo penal, sem
extrapolar, jamais, a pena máxima in abstrato
● não podem ser valorados negativamente quando integrar:
– definição típica
– quando caracterizar circunstância agravante
– causa especial de aumento de pena.
● Valor quântico para cada circunstância:
– Não há disposição legal
– Jurisprudência
● 1/6 da pena mínima in abstrato
● Majora ou reduz, apenas, dentro dos limites legais
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Culpabilidade do sentenciado
– dimensionar a culpabilidade pelo grau de intensidade da
reprovação penal
– Dois dos elementos da culpabilidade:
● o potencial conhecimento da ilicitude
● a exigibilidade de conduta diversa
● É um exame de valoração, de graduação que deverá expressar o plus da
conduta típica
● Expressões utilizadas em sentenças
– o agente agiu com culpabilidade, pois tinha a consciência da ilicitude do
fato...
– estelionato, pelo fato de "o agente ter agido de má-fé, sem importar-se
com seu semelhante que sofreu o prejuízo...
● Atenção: o fato de o acusado ter agido livre e conscientemente não pode
fundamentar a exasperação da pena-base, pois, se a ação não fosse
consciente e deliberada, inexistiria dolo. Assim o uso de tais expressões não
autorizam a exasperação da pena base.
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Antecedentes: Não se confunde com reincidência. Esta somente
ocorrerá se o autor já possuir contra si, na data do novo delito, condenação
penal transitada em julgado.
● Trata-se de verificar condutas pregressas do acusado, as quais sejam
judicialmente reprováveis. (antecedentes desabonadores referentes à vida
privada do acusado do ponto de vista social e moral, serão considerados na
análise da conduta social ou da personalidade do agente, dependendo do
caso).
● Somente fatos anteriores à prática do delito que se está punindo podem
caracterizar antecedentes, cuja pena não tenha sido integralmente cumprida
ou extinta há mais de 5 anos (art. 64, inciso I, do CPB).
● Também não se pode considerar, aqui, a reincidência, porquanto esta deverá
ser considerada na segunda etapa dosimétrica, por constituir circunstância
agravante (art. 61, I, do CP).
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Conduta Social
– Percebida através dos elementos indicativos da inadaptação ou do bom
relacionamento do agente perante a sociedade em que está integrado
● não é na sociedade que o Magistrado considera saudável ou ideal
– Se o ambiente em que o agente se inserir for, por exemplo, uma
favela, não poderá o Juiz exigir-lhe comportamento típico das classes
sociais mais abastadas
● Destaca-se, para analise, três campos da vida: familiar, laborativo e religioso
– analisar: o modo de agir do agente nas suas ocupações, sua cordialidade ou
agressividade, egocentrismo ou prestatividade, rispidez ou finura de trato, seu
estilo de vida honesto ou reprovável
● Não bastam meras conjecturas
● É necessário que se ponderem as provas produzidas nos autos: a palavra das
testemunhas que conviveram com réu (inclusive das abonatórias), eventuais
declarações, atestados, abaixo-assinados, etc,
● Demonstração de um comportamento habitual.
– fato isolado na vida do condenado não revela sua conduta social, que é sempre
permanente.
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Personalidade
– índole do agente, sua maneira de agir e de sentir, seu grau de
senso moral, ou seja, a totalidade de traços emocionais e
comportamentais do indivíduo
– "personalidade desajustada", "ajustada", "agressiva",
"impulsiva", "boa" ou "má“
● tecnicamente, nada informam
● É necessário fundamento baseado no conjunto probatório
– Elementos para valoração: laudos psiquiátricos,
informações trazidas pelos depoimentos testemunhais e,
ainda, a própria experiência do Magistrado em seu
contato pessoal com o réu
– Não havendo, elementos suficientes não deve, o juiz,
hesitar em declarar que não há como valorar essa
circunstância
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Dos motivos
● constituem a fonte propulsora da vontade criminosa
– Não se trata, portanto, de analisar a intensidade de dolo ou culpa
● médico que facilita a morte do paciente, diante de seu desmedido e
incombatível sofrimento, possui motivo menos reprovável
● agente que mata o irmão, para que seja o único sucessor do
patrimônio do ascendente, motivo mais reprovável.
● furto praticado pelo desejo de obtenção de lucro fácil, o Juiz deve
entender pelo não recrudescimento da pena em razão desta
circunstância judicial pois, freqüentemente, este é o motivo dos
crimes de furto
– Os motivos diversos dos normais à espécie delitiva, portanto, é que
devem ser valorados pelo Magistrado
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Das circunstâncias
● elementos do fato delitivo, acessórios ou acidentais, não
definidos na lei penal.
– Franco:o lugar do crime, o tempo de sua duração, o
relacionamento existente entre autor e vítima, a
atitude assumida pelo delinqüente no decorrer da
realização do fato criminoso
● é mais censurável a conduta do agente que matou
alguém na igreja ou na casa da vítima do que aquele que
a matou em sua própria casa.
● é menos censurável o agente que se demonstrou
sinceramente arrependido da prática delitiva do que
aquele que comemorou o evento embriagando-se (desde
que não configure arrependimento eficaz)
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Das consequências
● Avaliação do grau de intensidade da lesão jurídica
causada à vítima ou a seus familiares
● material quando causar diminuição no patrimônio da
vítima, sendo suscetível de avaliação econômica
● o dano moral implicará dor, abrangendo tanto os
sofrimentos físicos quanto os morais
– não se pode considerar como conseqüência desfavorável do
crime de homicídio, a perda de uma vida
– o fato de o agente ter ceifado a vida de um pai de família
numerosa, o que é mais censurável do que a conduta daquele que
assassinou uma pessoa solteira.
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Do comportamento da vítima
● Inovação trazida com a Reforma da Parte Geral do
Código Penal, em 1984
● é preciso perquirir em que medida a vítima, com a sua
atuação, contribuiu para a ação delituosa.
– Muito embora o crime não possa de modo algum ser
justificado, não há dúvida de que em alguns casos a
vítima, com o seu agir, contribui ou facilita o agir
criminoso,
– essa circunstância refletir favoravelmente ao agente
na dosimetria da pena
PRIMEIRA FASE
Circunstâncias judiciais - Art. 59 do CP
● Algumas condutas da vítima:
– vítima instiga, provoca, desafia ou facilita a conduta delitiva do
agente
● injusta provocação da vítima: causa de diminuição de pena
– a ser sopesada somente na terceira etapa da dosimetria, como
ocorre no homicídio (art. 121, §1º, do CP) e nas lesões corporais
(art. 129, §4º, do CP).
● Túlio Lima Vianna:
– não será considerado favorável ao agente o comportamento da
vítima pela "mera roupa provocante com a qual desfila a moça
em local ermo, pois ninguém é obrigado a trajar-se com recato"
– Por outro lado, a moça que aceita ir ao motel com um rapaz e lá,
desiste da relação no último momento, certamente contribui para
a prática do estupro
– conclui o autor que: "a clara diferença entre os dois
comportamentos das vítimas está na absoluta passividade do
primeiro e na atividade do segundo".
SEGUNDA FASE
Circunstâncias legais - Arts. 61 e ss, CP
AGRAVANTES E ATENUANTES
● CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES são somente
aquelas previstas nos arts. 61 e 62 do Código Penal
– Não majora a pena acima do máximo legal
● CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES são aquelas
previstas no art. 65 do mesmo diploma legal, havendo
ainda no art. 66 do CP a previsão de uma atenuante
genérica
– não reduz a pena abaixo do mínimo legal
● Valor quântico para cada circunstância:
– Não há disposição legal
– Jurisprudência
● 1/6 da pena mínima “in abstrato”
● Ao final tem-se a fixação da pena provisória
Circunstâncias Agravantes
Agravantes genéricas do art. 62 do
CP
CIRCUNSTÂNCIAS GENÉRICAS
ATENUANTES
CIRCUNSTÂNCIAS GENÉRICAS
ATENUANTES
CAUSAS DE AUMENTO E DE
DIMINUIÇÃO GENÉRICAS
CAUSAS DE AUMENTO E DE
DIMINUIÇÃO GENÉRICAS
São assim chamadas porque se situam na parte geral do código
penal. São as causas que aumentam ou diminuem as penas em
proporções fixas (1/2, 1/3, 1/6, 2/3, etc.)

● Exemplo de causa de diminuição: Tentativa (art. 14, p. u.),


arrependimento posterior (art. 16), erro de proibição evitável (art.
21, 2ª parte), semi-imputabilidade (art. 26, p. u.), menor participação
(art. 29, §1º) etc.

● Exemplo de causa de aumento: concurso formal (art. 70), crime


continuado (art. 71) e crime continuado específico (art. 71, p. u.).

Essas causas podem elevar a pena além do máximo e diminuí-las


aquém do mínimo, ao contrário das circunstâncias anteriores.
TERCEIRA FASE
Causas de aumento ou diminuição de pena
Encontradas na parte geral ou parte especial do código

● Encontrarem-se dispersas no Código


– parte geral – Ex.: tentativa, concurso formal, crime continuado
– parte especial – Ex.: art. 157 §2º, art. 155 §1º § 2º
● são facilmente identificáveis
– sempre expressas por uma fração (aumenta-se da metade,
diminui-se de um a dois terços, etc).
● Ordem de aplicação:
– primeiramente são aplicadas as causas de aumento de pena e, em
seguida, as causas de diminuição de pena.
– a causa de diminuição de pena em razão da tentativa (art. 14,II,
do CP) será sempre a última a ser aplicada.
● Pena pode ultrapassar os limites mínimos e máximos
Definição do regime inicial de
cumprimento de pena
● Após a fixação do quantum da pena
definitiva, o regime inicial de
cumprimento de pena será definido
com base no art. 33 do Código Penal.

● Regime integralmente fechado: art.


2º, §1º, lei nº 8.072/90
Substituição da pena
● última etapa no processo de fixação da pena e deverá observar o disposto
no art. 44 do Código Penal.
● Os requisitos para a substituição da pena são:
– 1) crime culposo ou crime doloso com pena inferior a 4 (quatro) anos;
– 2) o crime não ter sido praticado com violência ou grave ameaça;
– 3) o réu não ser reincidente no mesmo crime (reincidência específica);
– 4) as circunstâncias judiciais serem favoráveis. Obviamente se o juiz
considerou na primeira fase da fixação da pena as circunstâncias
judiciais favoráveis ao réu para fixar a pena-base, estas circunstâncias
também devem ser consideradas favoráveis quando da análise da
substituição da pena.
● As penas iguais ou inferiores a 1(um) ano serão substituídas por uma
prestação pecuniária ou uma restritiva de direitos.
● As penas superiores a 1(um) ano serão substituídas por uma prestação
pecuniária e uma restritiva de direitos ou por duas restritivas de
direitos.
Substituição da pena
● Notas
● A prestação pecuniária não obedece ao critério de fixação com base em
dias-multa, devendo ser determinada uma importância entre 1(um) e 360
(trezentos e sessenta) salários mínimos
● O código se refere a prestação pecuniária e, portanto, não é de boa técnica
a fixação de pagamento de cestas básicas, uma vez que não são pecúnia
(dinheiro) e podem ter valor variável.
● A prestação pecuniária deve ser paga preferencialmente a vítima, mas se por
qualquer motivo esta não puder receber o pagamento (vítima de homicídio
culposo, por exemplo) o pagamento será feito a seus dependentes. Não
havendo vítima nem dependentes ou no caso de não haver uma vítima
determinada (crimes contra a saúde pública, por exemplo) a prestação
pecuniária será paga a entidades assistenciais.
● A prestação de serviços comunitários só pode ser aplicada em penas
superiores a 6 (seis) meses e será cumprida à razão de 1 (uma) hora de tarefa
por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal
de trabalho, tudo nos termos do art. 46 do CP.
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● CASO: AMBROSINO, penalmente menor com 20 anos, curso superior
incompleto, desempregado, usuário de drogas, mas sempre auxilia o padre
durante as quermesse e missas, em 09/08/2010, em companhia de Jumentino
Capa Preta, bandido famoso no bairro, junto ao qual sempre é visto, invadiu a
residência do seu irmão durante o horário de repouso noturno, mediante a
escalada do muro de 2m de altura e arrombamento da janela e subtraiu duas
bicicletas novas, sendo uma delas importada e de alto valor por ser fabricada com
material especial, tendo em vista que a vítima é ciclista profissional.

● Posteriormente, as bicicletas foram recuperadas e devolvidas à vítima.

● Preso, AMBROSINO foi denunciado e condenado nas iras do art. 155, §1º e
§4º, incisos I e IV, c/c art 61, , incisos I e II, alínea “e”, c/c art. 65, inciso I e III,
alínea “d”, todos do CPB.
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● Durante o interrogatório, AMBROSINO confessou espontaneamente a prática
do furto e informou, também já foi definitivamente condenado por receptação em
29/02/2010 (antes da prática do presente delito) , cumprido em regime aberto e
que ainda responde a dois processos por furto, sendo que foi condenado
definitivamente por 1 deles em 01/02/2011 (após a prática do presente delito).

● Na instrução criminal apurou-se que AMBROSINO é pessoa bem quista dos


seus familiares e conhecidos. Sempre trata bem às pessoas, sendo cordial e
prestativo. Contudo, largou a faculdade e nunca gostou de trabalhar, estando
sempre acompanhado de pessoas mal vistas no bairro.

● Apurou-se ainda que na tarde da data do furto, logo após adquirir a bicicleta de
maior valor, a vítima teve um desentendimento com o autor e xingou-o dizendo
que ele era um derrotado, um “Zé-Ninguém”, que não trabalhava e nunca teria
condições de ter uma bicicleta igual a dele.
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● VAMOS CALCULAR A PENA-BASE:
● 1) AMBROSINO cometeu furto duplamente qualificado;
● 2) A pena do furto qualificado é de 2 a 8 anos;
● 3) Para cálculo da pena-base, vamos considerar apenas a qualificadora da
escalada e rompimento de obstáculo. A qualificadora do concurso de pessoas será
considerada como circunstância judicial. Se houvesse a hipótese agravante
genérica de concurso de pessoas, esta circunstância seria considerada como
agravante.
● 4) Parte-se sempre da pena mínima (2 anos para a espécie de crime cometido);
● 5) Tendo em vista que há 8 circunstâncias judiciais descritas no art. 59, do CPB.
Cada circunstância judicial representará 1/8 da diferença entre o mínimo e o
máximo. Entre a pena mínima (2 anos) e a pena máxima (8 anos) há um intervalo
de 6 anos, ou seja, 72 meses. 1/8 de 72 (72 ÷ 8) é igual a 9 meses. Então, para
cada circunstância judicial desfavorável aumenta-se a pena em 9 meses;
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● 6) As circunstâncias judiciais favoráveis não diminuem a pena, apenas não a
aumenta.
● 7) Logo:

● a) Culpabilidade: Desfavorável (mais 9 meses). AMBROSINO agiu com dolo


intenso para subtrair o bem, pois sabedor da existência das bicicletas de alto
valor na casa de seu irmão, valeu-se de grande esforço para consumar o delito.

● b) Antecedentes: Desfavorável (mais 9 meses). AMBROSINO possui


condenação posterior ao furto na casa do seu irmão.

● c) Conduta social: Neutra. Apurou-se que Ambrosino é pessoa com bom


relacionamento social, sendo, inclusive, auxiliar do padre da paróquia e pessoa
querida por seus vizinhos e amigos. Contudo, não gosta de trabalhar, abandonou
a faculdade porque não gosta de estudar, mas cursou até o ensino médio e se
encontra, habitualmente, em más companhias. Assim, os elementos da conduta
social de Ambrosino se compensam e não há aumento da pena.
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● d) Personalidade: Impossível de aferir. O Juiz não é profissional apto a aferir a
personalidade das pessoas. Tal trabalho encontra-se no ramo da Psicologia e
Psiquiatria. Temerário para um Juiz fazer juízo sobre a personalidade do agente
quando não se encontram nos autos, laudos periciais atestando que a
personalidade do autor é deturpada. No presente caso, não há nos autos o referido
laudo, nem outros elementos capazes de fazer prova necessária de que
Ambrosino possui personalidade reprovável.
● e) Motivos do crime: Desfavorável (mais 9 meses). Os motivos do crime são
desfavoráveis, tendo em vista que Ambrosino agiu por motivo fútil, representado
pela vontade de vingar-se da humilhação sofrida. frise-se que a vontade de obter
a res furtiva, por si só não justifica a exasperação da pena, tendo em vista que tal
fato é inerente ao dolo do tipo de furto.
● f) Circunstâncias do crime: Desfavorável (mais 9 meses). Nesse caso,
considera-se o concurso de pessoas como circunstância desfavorável, tendo em
vista que tal fato ainda não foi considerado, pois como o crime possui 2
qualificadoras, até este momento, apenas a escalada foi sopesada.
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● g) Consequências do crime: Favorável. Não houve nenhuma conseqüência
mais drástica para a vítima, tendo em vista que a res furtada foi devolvida.

● h) Comportamento da vítima: Favorável. Verifica-se que a vítima, com o seu


comportamento arrogante, acabou por incentivar o irmão a praticar o crime.

● 8) Verifica-se que, da análise das circunstâncias judiciais do crime, a delas são


desfavoráveis;

● 9) Considerando que cada uma das circunstâncias judiciais exaspera a pena


em 9 meses. Tem-se que A PENA-BASE a ser aplicada é de 5 anos (2 anos da
pena mínima + 3 anos de exasperação da pena (9 meses vezes 4 circunstâncias
desfavoráveis é igual a 36 meses, ou 3 anos).
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● 2ª ETAPA: ATENUANTES E AGRAVANTES:

● As atenuantes e agravantes são aplicadas sobre a pena base e jamais podem


reduzir a pena a aquém do mínimo ou elevá-la além do máximo.

● Assim como no caso das circunstâncias judiciais, não existe uma regra
matemática para esse cálculo, sendo um critério discricionário do Juiz, todavia,
pode-se reduzir a pena em 10% ou aumentá-la em 10% para as agravantes e
atenuantes genéricas.

● No caso há 2 atenuantes:

● 1) AMBROSINO é menor de 21 anos na data do fato (art. 65, inciso I, do


CPB);
● 2) AMBROSINO confessou o crime espontaneamente (art. 65, inciso III,
alínea “d”, do CPB)
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● E 2 agravantes:

● 1) Reincidência (art. 61, inciso I do CPB)

● 2) Ter o agente praticado o crime contra irmão (art. 61, inciso II,
alínea “e”)

● Conforme se vê, há concurso entre atenuantes e agravantes.

● O art. 67 do CPB diz que: “No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve
aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes,
entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da
personalidade do agente e da reincidência”
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● Circunstâncias preponderantes são aquelas que prevalecem sobre as
demais.
● De acordo com o descrito no art. 67, as circunstâncias preponderantes são as que
se referem aos motivos do crime (torpe, fútil, relevante valor social ou moral,
etc.), à personalidade do agente (menoridade, velhice) e à reincidência.
● Destarte, a reincidência (preponderante) supera a confissão espontânea (não
preponderante).
● Se houver concurso entre duas circunstâncias preponderantes, por ex,
reincidência e relevante valor social (preponderante por ser motivo), uma exclui
a outra.
● Se houver concurso entre 2 circunstâncias não preponderantes, por ex. confissão
espontânea e o uso de veneno, uma neutraliza a outra.
● A circunstância da menoridade é superpreponderante, ou seja, supera todas as
demais.
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● No caso do delito cometido por AMBROSINO, há 1 atenuante
superpreponderante (menoridade) e 1 atenuante não preponderante
(confissão espontânea); 1 agravante preponderante (reincidência) e 1
circunstância não preponderante (crime cometido contra irmão).

● Assim, a menoridade será preponderante sobre a reincidência, logo diminui-se


10% da pena; já as demais circunstâncias, por serem ambas não
preponderantes, se anulam, não causando qualquer alteração na pena.

● A alteração da pena, nesta fase, será aplicada sobre a pena-base determinada na


1º Etapa e não sobre a pena abstratamente cominada.
● ASSIM, 5 ANOS (60 MESES), MENOS 10% (6 MESES) É IGUAL A 4
ANOS E 6 MESES.
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● OBS: Por se tratarem de circunstâncias objetivas, ao contrário da
circunstâncias judiciais, que são subjetivas, o Juiz não precisa justificar sua
aplicação, apenas fundamentá-las com base nas provas existentes nos autos.

● 3ª ETAPA: CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA: As


causas de aumento e diminuição de pena são, via de regra, específicas, ou seja,
encontram-se descritas no próprio tipo penal, estabelecendo um quantum
específico (1/3, metade, 2/3).

● Uma causa de diminuição de pena descrita na parte geral é a tentativa (art. 14,
inciso II), aplicável a todos os delitos não consumados. (CAUSA DE
DIMINUIÇÃO DE PENA GENÉRICA). Todas as causas de aumento ou
diminuição de pena descritas no tipo penal são específicas para aquele
determinado delito. Ex. art. 157, §2º, inciso I (a violência ou a grave ameaça que
aumenta a pena de 1/3 a ½ é aplicada, neste caso, somente ao crime de roubo),
art. 121, §1º (a violenta emoção que diminui a pena de 1/6 a 1/3 é aplicável, ao
crime de homicídio).
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● No caso do delito cometido por AMBROSINO, não há causa de diminuição de
pena e verifica-se haver 1 causa de aumento de pena (§1º, do art 155), ou
seja, furto cometido durante o repouso noturno.

● Nesse caso, o CPB estabelece o aumento de 1/3 da pena.

● OBS: quando o quantum de aumento ou diminuição é variável (ex. de 1/6 a 1/3),


o juiz deverá avaliar o índice de aumento ou diminuição levando em conta as
circunstâncias judiciais do crime (art. 59, do CPB).
● Quanto pior forem as circunstâncias judiciais do crime, maior será o índice de
aumento e menor o índice de diminuição; Quanto melhor forem as circunstâncias
judiciais, menor será o índice de aumento e maior o de diminuição.

● No caso de AMBROSINO, o índice fixado por lei é fixo, ou seja, 1/3.


ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● Observe-se que as causas de aumento e diminuição de pena, não mais se aplicam
à pena-base, mas a pena encontrada após a aplicação das agravantes e atenuantes,
ou seja, 4 anos e meio (54 meses).

● Assim: 54 meses mais 1/3 (18 meses) é igual a 72 meses, ou seja, 6 anos, sendo
esta a pena final aplicada a AMBROSINO.

● OBSEVAÇÕES: Segundo o parágrafo único do art. 68: “No concurso de causas


de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a
um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que
mais aumente ou diminua.”

● ASSIM:

● 1) Se houver 2 ou mais causas de aumento genéricas (previstas na Parte Geral),


todas elas terão incidência;
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● 2) Se houver 2 ou mais causas de aumento específicas (previstas no próprio tipo
penal), o juiz limitar-se a aplicar a causa que mais aumenta, devendo a outra
atuar como agravante genérica, se estiver descrita no rol dos arts. 61 e 62 do CP.
Caso não estejam descritas, serão consideradas como circunstância judicial,
quando da dosimetria da pena base.

● 3) Se houver causa de aumento e de diminuição. Aplicam-se ambas. Primeiro a


diminuição.

● 4) Se houver 2 ou mais causas de diminuição genérica, todas serão aplicadas. Ex.


Semi-imputável que pratica tentativa de furto. Diminui-se a pena pela tentativa
(1/3 a 2/3). Após essa redução, diminui-se novamente de 1/3 a 2/3, em razão da
semi-imputabilidade. Somente após a apuração da pena diminuída por uma das
causas é que se diminui novamente em razão da segunda causa.
ROTEIRO DIDÁTICO PARA
CÁLCULO DA PENA
● 5) Se houver 2 ou mais diminuições específicas (previstas no próprio tipo), o juiz
aplicará a causa que mais diminua. A outra será considerada atenuante genérica
objetiva (se estiver no rol do art. 65, do CPB), atenuante genérica subjetiva (art.
66, do CPB) ou como circunstância judicial a ser analisada quando da dosimetria
da pena-base.

● 6) Havendo causas de diminuição genérica e específica, ambas terão incidência.


Ex. furto tentado praticado por réu primário (art. 155, §1º, c/c art 14, inciso II, do
CPB).

● 7) De igual forma, havendo causas de aumento genérica e específica, ambas


serão aplicadas. Ex. furto continuado praticado durante o período de repouso
noturno (art. 155, § 2º, c/c art. 71, ambos do CPB).
OBRIGADO A TODOS!

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