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Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário

Tribunal de Justiça
Comarca de Nova Iguaçu
Cartório da 4ª Vara Criminal
Dr. Mário Guimarães, 968 CEP: 26255-230 - da Luz - Nova Iguaçu - RJ e-mail: nig04vcri@tjrj.jus.br

Fls.
Processo: 0101976-77.2013.8.19.0038

Réu preso

Classe/Assunto: Ação Penal de Competência do Júri - Homicídio Qualificado (Art. 121, § 2º - CP), IDO CP
Autor: MP
Assistente de Acusação: TANIA MARIA SOARES PESSANHA
Réu: VANDER DA SILVA BRAGA
Réu: ROSANGELA PRADO BERNARDINO
Réu: JOAQUIM GILBERTO BERNARDINO SILVA
Inquérito 053-05579/2013 05/11/2013 53ª Delegacia Policial

Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. JuizAlexandre


Guimaraes Gaviao Pinto

Em 24/11/2016

Sentença
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
COMARCA DE NOVA IGUAÇU/MESQUITA
JUÍZO DE DIREITO DA 4ª VARA CRIMINAL
TRIBUNAL DO JÚRI

PROCESSO Nº 0101976-77.2013.8.19.0038
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO
RÉUS: 1- VANDER DA SILVA BRAGA e 2- ROSÂNGELA PRADO BERNARDINO

SENTENÇA

VANDER DA SILVA BRAGA e ROSÂNGELA PRADO BERNARDINO, qualificados nos autos do


processo em epígrafe, foram denunciados e pronunciados como incursos nas penas do artigo 121,
§ 2º, incisos I e IV do Código Penal, tendo sido submetidos a julgamento perante o Tribunal do Júridesta
Comarca no dia 24 de novembro de 2016.

Sabe-se que o Júri é dotado de soberania quanto às suas decisões, tomadas de maneira sigilosa e inspiradas
na íntima convicção de seus integrantes leigos, o que traduz a garantia de tutela dos direitos da liberdade e
coletivo, conferindo aos membros da própria comunidade a prerrogativa de

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julgar seus próprios pares.

No caso submetido à apreciação judicial, ao final do julgamento, no que tange ao primeiro réu VANDER DA
SILVA BRAGA, decidiram os Jurados reunidos em ABSOLVER o referido acusado, ante o não
reconhecimento pelo Conselho de Sentença da autoria delitiva imputada ao mesmo. Já no que se refere a
segunda ré ROSÂNGELA PRADO BERNARDINO, por ter o Conselho de Sentença do Tribunal do Júri da
Comarca de Nova Iguaçu/Mesquita ACOLHIDO EM PARTE, no exercício de sua soberania constitucional, a
pretensão punitiva estatal veiculada na denúncia, condenando a aludida acusada pela prática do delito
previsto no artigo 121, caput, do Código Penal, passa este Juiz Presidente a fixar as penas cabíveis na
espécie, em atenção ao critério trifásico disciplinado pelo artigo 68 de Código Penal.

DA DOSIMETRIA DA PENA APLICADA

NO QUE SE REFERE A ACUSADA ROSÂNGELA PRADO BERNARDINO

DA PENA-BASE

É cediço que as circunstâncias de que cuida o artigo 59 do Código Penal


são dados, fatos, elementos ou peculiaridades que apenas circundam o fato principal, não integrando a figura
típica. Podem, na realidade, contribuir para aumentar ou diminuir a sua gravidade, já que o tipo penal, além
dos seus elementos essenciais, pode ser integrado por certas circunstâncias, acidentais, que, embora não
alterem a sua constituição ou existência, acabam por influir na dosagem final da pena.

Especificadamente no que se relaciona a acusada Rosângela Prado


Bernardino entende este Juiz Presidente que a pena-base da ré não pode ser arbitrada no mínimo legal, eis
que a culpabilidade da referido agente é acentuadíssima, havendo uma clara e maior censurabilidade em seu
comportamento, maior reprovabilidade do comportamento praticado, não se esquecendo a realidade concreta
em que se deu o crime, especialmente a maiorexigibilidade de outra conduta.

O dolo da acusada é realmente intenso, sendo manifestamente gravoso o


grau de censurabilidade da ação reputada como típica e antijurídica.

Na hipótese que se descortina nos autos, não há que se falar na fixação da pena-base da ré no mínimo legal,
levando-se em conta o intenso grau de censurabilidade do comportamento da

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agente, que atuou com dolo intenso e de maneira nitidamente covarde.

A reprimenda da ré não pode deixar de ser efetivamente proporcional a gravidade da conduta por ela
perpetrada e de suas nefastas consequências.

A acusada atuou com frieza e culpabilidade exacerbada.

Na realidade, as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal não


se mostram realmente favoráveis em relação a ré, devendo ser a sua pena-base arbitrada acima do mínimo
legal.

Vislumbrou-se, aqui, uma personalidade realmente fria da agente,


destacando-se que as circunstâncias que cercaram a prática delitiva excederam a previsibilidade do tipo legal,
exigindo a exasperação de sua reprimenda nesta primeira fase de fixação da pena, como forma de reprovação
social à altura que o crime e a autora do fato merecem, com a ressalva de que a prova dos autos não revelou
ter a vítima influenciado em nada na prática delitiva.

A análise feita por este Juiz Presidente, além de possuir fundamento legal
expresso no já citado artigo 59 do Código Penal, almeja, também, atender ao princípio da individualização da
pena, o qual constitui vetor de atuação dentro da legislação penal, conforme se verifica nas sábias palavras do
respeitável doutrinador e Magistrado Guilherme de Souza Nucci, conforme ver-se-á a seguir:

"Quanto mais se cercear a atividade individualizadora do juiz na aplicação da pena, afastando a possibilidade
de que analise a personalidade, a conduta social, os antecedentes, os motivos, enfim, os critérios que são
subjetivos, em cada caso concreto, mais cresce a chance de padronização da pena, o que contraria, por
natureza, o princípio constitucional da individualização da pena, aliás, cláusula pétrea" ("Individualização da
Pena", Ed. RT, 2ª edição, 2007, pág. 195).

Ora, quanto mais intenso for o dolo, maior será a censura.

Aqui convém reconhecer que a conduta social e personalidade da ré que,


sem qualquer piedade, desferiu golpes com instrumento perfuro-corto-contundente contra a vítima são
intensamente negativas, destacando-se que a sua covarde conduta revela seu inegável desajuste social, sendo
certo, ainda, que, na ré, se identifica uma personalidade voltada para a má índole e diminuta ou nenhuma
sensibilidade ético-social com desvio de caráter que não pode deixar de ser valorado.

Os motivos do crime, as circunstâncias e consequências delitivas não se


mostram favoráveis a apenada. Isto porque, não há crime gratuito ou sem motivo, sendo fundamental para a
dosagem da pena considerar o julgador a natureza e qualidade dos motivos que levaram o indivíduo à prática
do delito.

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As circunstâncias delitivas são inteiramente desfavoráveis a acusada,


defluindo do próprio fato delituoso, tais como forma e natureza da ação delituosa, os tipos de meios
utilizados, objeto, tempo, lugar, forma de execução e outras semelhantes, raciocínio que também se aplica as
consequências do crime, posto que não se pode desprezar a maior danosidade decorrente da ação delituosa.

No caso em apreciação, a vítima foi morta covardemente, tentando


desesperadamente lutar pela sua sobrevivência, com, ao todo, 17 (dezessete) golpes, com a ressalva de que
esses golpes foram dados de maneira impiedosa, já que a ré estava inconformada com o término de uma
conturbada relação amorosa.

Não há que se falar na fixação da pena-base no mínimo legal, caso


contrário, estar-se-ia desconsiderando a adequada individualização da reprimenda, na medida em que a pena
da acusada poderia ser fixada no mesmo e diminuto patamar de alguém que eventualmente tivesse cometido
o homicídio em outras circunstâncias extremamente mais favoráveis, o que não ocorreu na espécie.

Não se pode deixar de considerar que a vítima tentou desesperadamente


fugir de sua algoz, no intuito legítimo de salvar a sua vida, com a ressalva de que, ainda assim, foi morta
com, nada mais, nada menos, do que 17 (dezessete) golpes com instrumento de ação perfuro-corto-
contundente em várias partes de seu corpo, o que inclui a nuca; o lado esquerdo do pescoço; tórax e os dois
braços, e isto sem sinais de defesa nas mãos ou antebraço, como se vê do laudo de fls.223/223v.

A ré ceifou de maneira impiedosa a vida da vítima, e isto tudo com intenso


dolo, deixando-a, inclusive, à própria sorte no meio da via pública com 17 (dezessete) perfurações no corpo.

O juiz, ao individualizar a pena, deve apreciar com cautela, porém com a


máxima atenção, todos os elementos relacionados ao fato e ao condenado, sopesando e aplicando os critérios
estabelecidos na lei para que a reprimenda seja imposta de forma equilibrada e justa, levando-se em conta
que somente assim será arbitrada uma pena proporcionalmente necessária e suficiente para a reprovação do
crime.

O que é preciso se ter presente é que deve o magistrado, vinculado


obviamente a regras de majoração da pena, aumentá-la até o montante que considerar adequado, em razão de
circunstâncias peculiares de cada caso, o que exige fundamentação, dentro de parâmetros estabelecidos na lei
penal, sendo esta justamente a hipótese delineada nos autos, que guarda marcantes peculiaridades.

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A sociedade, máxime nos conturbados e violentos dias atuais, almeja que


o magistrado realmente se liberte do "fetichismo da pena mínima", a fim de ajustar a quantificação da sanção
de acordo com a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as
circunstâncias do crime, bem como o comportamento da vítima.

In casu, não se mostra recomendável, por tudo que acima foi dito, a fixação da pena-base da ré Rosângela
Prado Bernardino no mínimo legal em hipótese alguma, levando-se em conta o volumoso grau de
censurabilidade do comportamento da referida agente que procedeu com dolo acentuadíssimo e de feitio
nitidamente covarde, ceifando de maneira vil e infame a vida da desvalida vítima, desferindo vários golpes
contra o ofendido.

A ré desferiu vários golpes contra a vítima, o que gerou uma verdadeira rudeza no seu corpo.

A personalidade e a conduta social da acusada, que se arvorou, com seu intolerável egoísmo, a ser "senhora
da vida e da morte" de seu jovem amante são claramente deturpadas e totalmente viciadas no grau mais
extremado que se possa imaginar, sendo certo que as austeras circunstâncias e consequências do crime
solidificam a certeza de que a conduta censuradamente adotada extrapola muitíssimo o dolo normal previsto
no tipo penal, diferenciando-se sobremaneira dos demais casos similares, o que exige uma reação severa,
proporcional e, principalmente, seguramente eficaz, encontrando respaldo a dosimetria da pena ora
operacionalizada no próprio princípio da individualização da reprimenda previsto no artigo 5º, inciso XLVI
da Carta Magna.

A reprimenda da ré não pode deixar de ser materialmente proporcional a absurda gravidade da conduta por
ela adotada e de suas gravíssimas consequências, considerando-se que interviu com clara desenvoltura na
impressionantemente perversa empreitada criminosa.

A ré maculou com requintes de barbarismo o corpo de seu amante que foi morto com 17 (dezessete) golpes
de instrumento perfuro-corto-contundente.

As circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal se mostram


completamente desfavoráveis em relação a acusada, devendo ser a sua pena-base arbitrada muito acima do
mínimo legal, na medida em que, apesar de não ostentar maus antecedentes, sendo tecnicamente primária,
agiu com nítida tirania e prepotência, agredindo uma vítima indefesa com portentosa malvadeza e
desumanidade.

A acusada submetida a julgamento agiu com enorme grau de


censurabilidade em seu proceder, atuando com dolo protuberante e elevada prepotência, sendo

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certo que o seu censurável atuar revela os marcantes requintes da sua atormentada personalidade impiedosa
na execução do crime.

Agiu a ré perante a vítima, que apenas pretendia por fim de maneira


harmoniosa e definitiva com a conturbada e falida relação amorosa, exercitando, portanto, sua liberdade de
escolha, com tanta vileza, que restou patenteada uma personalidade acentuadamente nebulosa, sombria e
infame marcada por exorbitante desfaçatez.

Não há como negar que as circunstâncias que cercaram a execução


delitiva excederam muitíssimo a previsibilidade do tipo legal, exigindo a exasperação da reprimenda nesta
primeira fase de fixação da pena como forma de reprovação social à altura que o crime e a autora do fato
realmente merecem.

A ré atuou sem qualquer piedade ou sinal de arrependimento concreto,


deixando a vítima à própria sorte em via pública com 17 (dezessete) perfurações no corpo.

A prova dos autos não revelou, sequer, ter a vítima influenciado em nada
na prática delitiva, tendo sido morta covardemente a bel prazer da acusada, que, na realidade, pretendia se
vingar pelo fim do fracassado relacionamento, a que o ofendido não almejava mais continuar se submetendo.

A culpabilidade da ré é elevadamente intensa e agudamente reprovável,


demonstrando uma personalidade fria por completo e claramente desfigurada, que foge dos padrões
mínimos da normalidade.

As consequências delitivas foram graves, sendo certo que o modo como a


indefesa vítima foi executada e covardemente sacrificada conduzem a arraigado juízo de reprovabilidade, o
que sinaliza a indispensabilidade da pena ser materialmente proporcional e, portanto, justa, a fim de alcançar,
inclusive, aos anseios da sociedade, servindo de medidapreventiva contra crimes dessa natureza.

Não há que se falar em ilegalidade no recrudescimento da pena fundado


na maior culpabilidade do agente, tendo em vista a elevada reprovabilidade da conduta delituosa cometida,
não se podendo perder de perspectiva que a ré em questão ceifou a vida da vítima de guisa completamente
impiedosa a assoalhar a impressionante desenvoltura com que o crime foi cometido.

Pelas razões acima expostas, indicando o conjunto probatório amealhado nos autos que as
circunstâncias do crime foram significativamente negativas; que as circunstâncias judiciais são muito
desfavoráveis a acusada e que é de se impor o reconhecimento da extensão da

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reprovabilidade gerada pelo fato criminoso, levando-se em conta a pujante culpabilidade da ré, a sua
egoística, prepotente e daninha personalidade, bem como o fato de que a conduta do falecido contribuiu
patavina para a realização do delito, já que o mesmo apenas pretendia pôr fim a uma relação conturbada no
exercício regular de sua liberdade, em atenção às diretrizes previstas no artigo 59 do Estatuto Penal, entende
este Juiz Presidente ser plenamente possível e legítimo a fixação da pena-base no patamar justo e adequado,
em razão da ponderosa conduta ilícitaincorrida, em 11 (onze) anos e 06 (seis) meses de reclusão.

DA PENA PROVISÓRIA

Levando-se em conta a incidência da circunstância atenuante da confissão espontânea prevista no artigo 65,
inciso III, "d", do Código Penal, é de se impor a redução da pena anteriormente arbitrada para 11 (onze) anos
de reclusão.

Não existindo quaisquer circunstâncias agravantes a serem consideradas fica arbitrada como pena provisória
11 (onze) anos de reclusão, passando este Juiz Presidente para a terceira fase da dosimetria ora elaborada.

DA PENA DEFINITIVA

Não há causas de diminuição ou de aumento de pena a serem valoradas,


motivo pelo qual fixa-se a PENA DEFINITIVA da ré ROSÂNGELA PRADO BERNARDINO pela prática
do crime previsto no artigo 121, caput, do Código Penal em 11 (onze) anos de reclusão.

Em decorrência do instituto da DETRAÇÃO PENAL, considerando-se o


tempo de prisão provisória a que foi submetida a acusada, deve ser subtraído da sua condenação o período de
prisão cautelar, a saber: 02 (dois) anos, 10 (dez) meses e 07 (sete) dias, o que faz com que remanesça a ser
cumprido do total de pena o tempo de 08 (oito) anos, 01 (um) mês e 23 (vinte e três) dias de reclusão.

Deixa este julgador de substituir a pena privativa de liberdade


aplicada por penas restritivas de direito, em razão de a ré não satisfazer os requisitos legais para tanto, haja
vista o quantum da pena privativa de liberdade aplicada; o fato de o crime de homicídio ter sido praticado
com violência e grave ameaça à pessoa (cf. artigo 44, inciso I, do Código Penal) e a culpabilidade, a conduta
social e a personalidade da condenada, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente (cf. artigo 44, inciso III, do Código Penal). Pelo mesmo motivo, deixa de aplicar o
sursis, na forma do artigo 77 do Código Penal.

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Vale lembrar que, tendo em vista que o quantum da pena de reclusão ora imposta a acusada, verifica-se que a
mesma não faz jus ao benefício da substituição desta pena privativa de liberdade por restritivas de direitos,
não podendo ser beneficiada, da mesma forma, pela suspensão condicional do cumprimento da pena privativa
de liberdade aplicada.

DO REGIME PRISIONAL APLICÁVEL

Os fatores fundamentais para a determinação do regime inicial de


cumprimento da pena privativa de liberdade são: espécie, quantidade da pena aplicada e reincidência, sendo
esses fatores complementados pelos elementos do artigo 59 do Código Penal, na forma do § 3º, do artigo 33,
do mesmo diploma legal.

No caso em julgamento, A ACUSADA deverá cumprir a pena privativa de liberdade aplicada em regime
inicialmente FECHADO, por força do artigo 33, § 2º, "a", do Código Penal.

Além de ser o regime FECHADO o previsto pela lei de regência para um


grave caso como o vertente, tendo em vista o quantum da pena fixada ao final, é oportuno salientar também
que tal regime prisional para o cumprimento inicial da reprimenda é o único adequado à consecução das
finalidades da sanção penal aplicada, consideradas as circunstâncias em que o crime foi praticado, que bem
sinalizaram a ousadia da agente e a personalidade inteiramente avessa aos preceitos que presidem a salutar
convivência social, bem como as consequências de sua conduta.

A ação adotada pela ré, como visto anteriormente, denota personalidade


claramente agressiva, menosprezo pela integridade corporal, psicológica e pela própria vida da vítima, o que
exige uma pronta e pertinente resposta penal.

Levando-se em conta a gravidade do crime e a quantidade da pena privativa de liberdade aplicada fica
mantida, para a garantia da ordem pública, a prisão preventiva da ré, condenada na presente data, posto que
subsistem os motivos determinantes de sua custódia cautelar, tal como previsto nos artigos 311 e 312 do
Código de Processo Penal, devendo aguardar detida o trânsito em julgado da presente decisão.

A manutenção da prisão processual da acusada, ora condenada, na visão deste julgador, mostra-se realmente
necessária para a garantia da ordem pública, objetivando acautelar a credibilidade do Poder Judiciário, em
razão da gravidade do crime.

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A prisão preventiva não tem como único e exclusivo objetivo prevenir a prática de novos crimes por parte do
agente, como exaustivamente tem sido ressaltado pela doutrina e jurisprudência pátrias, já que evitar a
reiteração criminosa constitui apenas um dos aspectos desta espécie de custódia cautelar. Tanto é assim que o
Colendo Supremo Tribunal Federal já admitiu este fundamento como sendo também suficiente para a
manutenção de decreto de prisão preventiva. Neste sentido, confira-se: (STF, HC 85298-SP, 1ª Turma, rel.
Min. Carlos Aires Brito, julg. 29.03.2005)

Na espécie, a manutenção da custódia cautelar da ré se exibe necessária para a preservação da credibilidade e


da respeitabilidade do Poder Judiciário, as quais ficariam extremamente abaladas caso, agora, quando já
existe decisão formal, condenando a referida acusada pela prática deste grave crime, conceder-lhe
prematuramente e sem qualquer justa causa o benefício de liberdade provisória.

A ré respondeu ao processo presa, não havendo nos autos qualquer causa que justifique o direito de apelar em
liberdade. Nenhum sentido faria, após a condenação, viesse tal acusada a ser prematuramente solta, sobretudo
quando os motivos que ensejaram o decreto de sua custódia cautelar (CPP, artigo 312), foram ainda mais
reforçados pelo Tribunal do Júri, cuja decisão é soberana.

Por tudo que acima foi dito, diante do resultado do julgamento,


depreende-se que persistem os requisitos da custódia cautelar, não podendo o Poder Judiciário fechar os
olhos a esta realidade, de modo que a paz social deve ser preservada, ainda que sacrificada a liberdade
individual da ré, o que significa dizer que não poderá recorrer em liberdade.

Expeça-se cartas de execução provisória de sentença em desfavor da


acusada, se for o caso, cumprindo o disposto no artigo 8º, da Resolução nº 113, do Conselho Nacional de
Justiça.

Em cumprimento ao artigo 804 do Código de Processo Penal, condeno a


ré ao pagamento das custas e todas as demais despesas processuais, com a ressalva do artigo 12, da Lei nº
1.060/50.

Observado o princípio da congruência, deixa este julgador de fixar indenização mínima, nos moldes do artigo
387, inciso IV, do Código de Processo Penal, tendo em vista que não há pedido formulado neste sentido.

Após o trânsito em julgado, feitas as devidas anotações e comunicações, expeça-se carta de sentença e lance-
se os nomes da ré no Rol dos Culpados.

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Antes, contudo, da remessa do processo ao arquivo, certifique-se se há algum bem apreendido e/ou
eventualmente fiança que ainda não foi dado destino. Caso positivo, abra-se conclusão.

Dou a presente por publicada em plenário, e as partes por intimadas.

Registre-se e comunique-se.

Esta sentença condenatória é lida em público, às portas abertas, na presença dos réus, de Defensora Pública e
Advogado, da Promotora de Justiça e dos Srs. Jurados, saindo todos os presentes intimados. Quanto ao réu
Vander da Silva Braga, em razão da absolvição determinada pelos Srs. Jurados componentes do Conselho de
Sentença, expeça-se alvará de soltura em favor do mesmo, salvo se por al estiver preso.

Nova Iguaçu, 24 de novembro de 2016.

ALEXANDRE GUIMARÃES GAVIÃO PINTO


JUIZ PRESIDENTE

Nova Iguaçu, 24/11/2016.

Alexandre Guimaraes Gaviao Pinto - Juiz Titular

Autos recebidos do MM. Dr. Juiz

Alexandre Guimaraes Gaviao PintoEm

/ /

Código de Autenticação: 492P.91FE.P8AB.QP5J


Este código pode ser verificado em: http://www4.tjrj.jus.br/CertidaoCNJ/validacao.do

110 BRUNASIMIAO

ALEXANDRE GUIMARAES GAVIAO PINTO:000027312 Assinado em 24/11/2016 18:27:39


Local: TJ-RJ

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