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SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ARAXÁ/MG.

Artigo  5º  CF  LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;

VALMIR DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, pedreiro,


inscrito no CPF nº 076.423.556-70, portador do RG nº
MG-19.152.151, residente e domiciliado na Rua sete de
maio, nº 48, bairro, Santa Terezinha, Araxá/MG, vem
com o devido acato perante Vossa Excelência por meio
de seus advogados e bastante procuradores, Julliano
Santiny de Castro, OAB/MG nº200.195 e Marcela
Santilene de Castro, OAB/MG Nº 194.154 requerer:
LIBERDADE PROVISÓRIA para que possa aguardar em
liberdade a tramitação processual, com fundamento no
art. 310 do CPP, pelos motivos de fato e de direito a
seguir aduzidos.

DOS FATOS
O Requerente em **/**/**** por volta das 23:30 minutos horas estava visitando assistidos
da ONG ******************* da cidade de ******, no Bairro do *********, e parou seu
veículo de fronte à residência do corréu (*************), pessoa que conhece do bairro pela
alcunha de “neguinho” que neste ato lhe solicitou carona, este indivíduo já conhecido dos
meios policiais como usuário e traficante de drogas.

A Requerente por receio de sua segurança concordou com a carona e transportá-lo, pois o
mesmo disse que levaria a mulher no hospital, neste momento, enquanto aguardava a
companheira de “neguinho” entrar no veículo, a Viatura da Polícia Militar abordou o seu
veículo e encontrou na bolsa de “neguinho” pequena quantidade de drogas, e mediante
“conversa” com os Policiais o corréu mostrou o local onde guardava maior quantidade de
drogas escondidas em sua casa.
A Requerente não viu problema algum na detenção de “neguinho”, no primeiro momento,
até que os Militares lhe imputaram participação na propriedade das drogas encontradas.

E por não aceitar este tipo de imputação a levou ao desespero, mesmo argumentando com os
PMS de nada adiantou, pois disseram que as placas do seu carro foi alvo de Disk Denuncia e,
uma vez que Ela estava com conhecido “marginal” da favela, era participante do crime. (sic.)

Sendo assim, conforme indicado pelo delegado de plantão do **º DP foi lavrado o APDF
oriundo do RDO nº ****/****, e por assim dizer, a Requerente esteve no dia e horário em
companhia de pessoa de baixa credibilidade e contumaz no mundo do crime, mas para fins de
transportar o corréu e sua Companheira ao hospital e jamais drogas.

A Requerente desconhecia totalmente o conteúdo da mochila do corréu, e no momento em


que fora presa em flagrante por transportar substância tóxica, Excelência para Requerente
tratava-se de roupas e pertences da mulher que seria socorrida ao Nosocômio.

Ressalta-se, contudo, que a Requerente não só desconhecia completamente o conteúdo em


poder de “Neguinho”, mas também não pôde se recusar a prestar o auxílio, pois na
comunidade foi orientada pelos demais colegas de trabalho sobre a má fama do corréu, e
temendo por sua segurança resolveu mesmo constrangida ajudar aguardando o embarque da
mulher dele.

Para sua tremenda surpresa o delegado de plantão não deu crédito aos seus reclamos e
lavrando o flagrante como incursa no crime de tráfico de drogas, mas sobre o todo arcabouço
do ocorrido, uma vez que, sendo pessoa de bem, sem quaisquer antecedentes criminais,
jamais, sujeitar-se-ia aquele ato criminoso.

DO DIREITO
Consoante disposto no art. 310, III do CPP, o réu, mesmo tendo sido detido em Prisão em
Flagrante, tem direito à Liberdade Provisória com ou sem fiança.

No caso em epígrafe, evidencia-se a caracterização dessas circunstâncias, uma vez que a


Requerente é primária e de bons antecedentes, tendo comprovação de residência fixa, em
consonância com o fato de ignorar o conteúdo da mercadoria que estava na posse de terceiro
dentro do quadro fático ora exposto e homiziado pelo histórico de policia judiciária.

É oportuno lembrar que a Liberdade Provisória é sempre admitida quando não houver
comprovadamente nos autos, a hipótese da necessariedade da decretação de prisão
preventiva, necessidade que não pode ser presumida, mas de fato.
Nunca é demais repetir que entre os primados fundamentais da nossa Constituição estão o
direito à liberdade e a dignidade da pessoa humana e da presunção da inocência.
(art. 5º LVII CF) sendo encarceramento uma exceção.

O rompante desta assertiva, aponta para a desnecessidade da prisão cautelar, sendo a


Requerente primária e de bons antecedentes, não é sequer economicamente saudável
manter sua prisão, tão somente porque, a mesma exerce função digna no
***********************.

No passado, MM Juiz, a possibilidade de liberdade provisória, era aplicado com rigor das
prisões cautelares, um ativismo judicial penal que ao final após os trâmites do processo
redundavam em absolvições por falta de provas, e por causa do inc. II do art. 2º da
Lei 8072/90, considerando a natureza da infração, de caráter genérico e absoluto como certa
tipologia de delitos, triste em nossas plagas pois vigorou entre nós.

Eis que, os ventos da dignidade da pessoa humana e da justiça sopraram dos Tribunais
Superiores e tal entendimento mudou e hodiernamente a jurisprudência que merece
decalque é esta:

"O legislador do art.  2º  I,  II, in fine, da Lei  8072/90, fugindo do princípio da subordinação da
Lei à  Constituição, acrescentou, quanto aos crimes hediondos e prática de tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e terrorismo, impedimento ao  indulto  e à liberdade provisória, pela
presumida periculosidade dos agentes, sem que a  Carta Magna  contenha qualquer proibição
a respeito (art. 5º, XLIII). Excedeu-se, portanto, e restringiu direitos, ferindo profundamente
a  Constituição. A vedação à liberdade provisória contraria os incs.   LXVI,  LVI,  LV  e  LVII  do
art.  5º  da  CF  (respectivamente: princípio da liberdade provisória, princípio do devido
processo legal, princípio do contraditório e da ampla defesa, princípio da presunção da
inocência). Assim, ante as flagrantes violações ao  texto constitucional  e considerando que
toda prisão processual cautelar deve sempre estar adstritas a um juízo de necessidade - que
não pode ser presumido por lei -  torna-se possível a concessão de liberdade provisória aos
autores dos denominados crimes hediondos e de prática de tortura, tráfico ilícito de
entorpecentes e terrorismo  se comprovadamente não houver nos autos hipótese da
necessidade de decretação da prisão preventiva." ( RT 671/323).
Assim, devido a inexistência de características que determinem a prisão da Requerente, deve-
se optar pela concessão da Liberdade Provisória, já que preenche todos requisitos legais e
não justifica sua prisão antecipadamente, que por sua vez, a privação de liberdade como
antecipação da pena deságua em condição por demais ilícita, conforme art.  310 , II CPP e
art. 5º LXVI da CF.

DOS PEDIDOS

Isto posto, preenchendo os requisitos acima elencados e reprisados, requer-se digne V. Exa.
atender ao pedido supramencionado, promovendo a LIBERDADE PROVISÓRIA, cujo o
flagrante lavrado contra a Requerente, formalmente legal, porém materialmente claudicante
para fundamentar sua prisão provisória.

Assim a expedição de alvará de soltura é medida justa e razoável, para que


********************************* possa aguardar em liberdade o andamento do
processo, que será, indubitavelmente, ao fim e ao cabo, julgada inocente, e por ser medida
de Direito clama por inteira JUSTIÇA.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Local e data

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Nome. Advogado OAB/UF

Segue anexo.

1- Procuração ad juditia.

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