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AO JUÍZO DE DIREITO DA … VARA CRIMINAL DA COMARCA …

ROMUALDO, nacionalidade …, estado civil …, profissão …, inscrito no CPF


sob o nº …, portador do RG nº …, endereço eletrônico …, residente e domiciliado na
rua …, número …, bairro …, na cidade …, estado …, CEP …, por seu advogado
infrafirmado, com procuração em anexo, vem à presença de Vossa Excelência, com base
no art. 5º, inciso LXV, da CRFB/88 e no art. 310, inciso I, do CPP, requerer
RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, pelas razões de fato e de direito
a seguir expostas:

1. DOS FATOS
Romualdo trafegava em alta velocidade por uma via escura e praticamente
deserta, quando atingiu 03 (três) pedestres que atravessavam fora da faixa de pedestre.
Imediatamente Romualdo saiu de seu veículo, notando que havia causado a morte de
um pedestre e ferido dois gravemente. No mesmo instante, o requerente chamou por
socorro médico, e após a remoção das vítimas, ele se dirigiu a delegacia de polícia mais
próxima e comunicou o ocorrido à autoridade local. Após a oitiva dos fatos o delegado
plantonista efetuou a prisão em flagrante de Romualdo pelos crimes de homicídio
praticado mediante dolo eventual e lesão corporal em sentido formal, conforme o auto
de prisão em flagrante presente em anexo.
É necessário evidenciar que, passado dois dias da lavratura do auto de
prisão em flagrante a família de Romualdo comunicou que não conseguia vê-lo nem
entrar em contato com o mesmo, além do fato do delegado não ter comunicado o fato ao
juízo competente, tampouco comunicou o fato a defensoria pública. Além disso,
registraram ainda que o requerente sequer tinha ciência dos crimes pelos quais estaria
preso, uma vez que não recebeu a nota de culpa.
Destarte, diante do cometimento de todas estas ilegalidades pontuadas
acima, resta evidente a necessidade oferecer o presente Relaxamento de prisão.

2. DO DIREITO
A) DA ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE.
O artigo 301 do CTB estabelece que, quando o condutor de veículo estiver
envolvido em acidente de trânsito e deixar de prestar socorro à vítima, não adotar
providências no sentido de evitar perigo pessoal, omitir-se quanto aos procedimentos de
socorro, ou não aguardar a chegada da autoridade de trânsito, ele poderá ser preso em
flagrante.
Veja que diz o artigo 301 do Código de Trânsito:
“Art. 301 CTB. Ao condutor de veículo, nos casos de sinistros de
trânsito que resultem em vítima, não se imporá a prisão em
flagrante nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral
socorro àquela.”

Ainda com base no Artigo 301 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a


prisão em flagrante em crimes de trânsito, especialmente nos casos de acidentes com
vítimas, só é admissível em determinadas circunstâncias. O artigo estabelece que o
condutor envolvido em acidente com vítimas não será preso em flagrante, nem será
exigida fiança, se prestar socorro à vítima e se comprometer a comparecer ao tribunal
quando necessário.
Conforme os fatos narrados, no caso em tela o requerente prestou socorro
imediato, além de ter espontaneamente procurado a delegacia mais próxima e se
apresentado a autoridade policial, agindo de acordo com as normas legais. Portanto, não
há motivos para a prisão em flagrante de Romualdo, tendo sido esta, ilegal, pois este
tipo de prisão carece de respaldo legal, uma vez que o caso de Romualdo não se
enquadrada em nenhuma das situações expressamente previstas no artigo 302 do
Código de Processo Penal (CPP).
Ademais, a prisão em flagrante é evidentemente nula, uma vez que o
requerente não teve suas garantias constitucionais respeitadas, violando o artigo 5º,
inciso LXII, da Constituição Federal, uma vez que o direito à comunicação à família de
uma pessoa detida é um aspecto importante dos direitos fundamentais, visando
preservar a dignidade e manter a transparência no processo legal.
A apresentação voluntária do requerente, de maneira espontânea, afasta a
necessidade da prisão em flagrante, tornando-a desnecessária e, portanto, ilegal. Em
virtude desses fundamentos legais, a prisão em flagrante deve ser considerada ilegal e,
consequentemente, relaxada.

B) DO DIREITO A ASSISTÊNCIA DO ADVOGADO


O direito de assistência de um advogado, é um direito fundamental
garantido pela legislação brasileira. De acordo com a Constituição Federal, artigo 5º,
Inciso LXIII, o preso será informado de seus direitos, entre os quais, a assistência da
família e de advogado. Direito este também assegurado pelo Estatuto da OAB, em seu
art. 7º, III.
Portanto, era imperativo que a autoridade policial tivesse solicitado a
presença de um advogado ou encaminhado uma cópia do Auto de Prisão em Flagrante
para a Defensoria Pública. Inquestionavelmente, essa situação mais uma vez destaca a
natureza ilegal da prisão, a qual deve ser revogada.

C) DA COMUNICAÇÃO À FAMÍLIA
Primeiramente, cabe destacar que a comunicação à família não é apenas
uma formalidade, mas uma salvaguarda dos direitos fundamentais do detido. Ela
permite que os familiares estejam cientes da situação, garantindo não apenas o direito à
informação, mas também a possibilidade de buscar assistência legal adequada para o
preso.
A comunicação da prisão à família de uma pessoa detida é um aspecto
crucial do devido processo legal e está respaldada tanto no Código de Processo
Penal,em seu artigo 306, que estabelece que a prisão de qualquer pessoa e o local onde
se encontra serão imediatamente comunicados ao juiz competente e à família do preso
ou à pessoa por ele indicada, quanto na Constituição Federal do Brasil, por sua vez, em
seu artigo 5º, inciso LXII, assegura que "a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada".
No caso apresentado, a família de Romualdo não conseguiu vê-lo ou
contatá-lo após dois dias da prisão, constituindo uma violação desses dispositivos
legais. A demora na comunicação prejudica a capacidade da família de exercer seus
direitos e contribui para a falta de transparência no processo penal. Esse aspecto reforça
a necessidade do relaxamento da prisão ilegal de Romualdo.

D) DA NÃO COMUNICAÇÃO AO JUÍZO


Conforme o Código de Processo Penal, em seu artigo art. 306, §1º, é
imperativo que a autoridade policial comunique imediatamente a prisão à autoridade
judiciária competente. A ausência desse procedimento no caso de Romualdo, passados
dois dias da prisão em flagrante, configura uma irregularidade evidente. A não
comunicação prejudica o direito do detido à rápida apreciação judicial da legalidade de
sua prisão, o que é fundamental para a proteção dos direitos individuais.
Deste modo, não resta duvidas que a prisão é ilegal e deve ser relaxada.

E) DA NÃO COMUNICAÇÃO À DEFENSORIA PÚBLICA

O direito à assistência de um advogado desde o momento da prisão é uma


garantia fundamental do indivíduo. A ausência de comunicação à defensoria pública no
prazo adequado é outra irregularidade que prejudica os direitos de Romualdo. A
assistência jurídica é crucial desde as fases iniciais do processo penal para garantir a
adequada defesa e o respeito aos princípios legais.
Deste modo, a ausência de comunicaco do fato a defensoria esta infringindo
os termos do art. 5º, LXII, da CRFB/88, por essa razão, a prisão é ilegal e deverá ser
relaxada.

F) DA AUSÊNCIA DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA.


Conforme o artigo 310 do Código de Processo Penal brasileiro, é estipulado
que a autoridade policial tem a responsabilidade de levar o indivíduo preso perante a
autoridade judicial dentro de um período de 24 horas após a prisão. A audiência de
custódia é uma medida que facilita essa apresentação diante do juiz, oferecendo a
oportunidade para que o magistrado avalie a legalidade da prisão, escute as alegações do
detido e tome as decisões pertinentes.
Deste modo, a ausência da audiência de custódia no caso de Romualdo
representa uma irregularidade no processo penal, pois foi negado ao requerente a
possibilidade do juiz analisar os fatos e perceber as ilegalidades cometidas pelas
autoridades, vindo a relaxar a prisão de Romualdo, como resta o artigo 310, I do CPP.
Sendo assim, a não realização da Audiência de Custódia configura grave
violação à legalidade do processo penal, devendo desta maneira, haver o relaxamento da
prisão do requerente.

G) DA AUSÊNCIA DA NOTA DE CULPA


A não entrega da nota de culpa a Romualdo representa uma violação clara
de seus direitos. Este documento é essencial para informar ao detido sobre os motivos
da sua prisão, possibilitando que ele compreenda as acusações e prepare sua defesa de
maneira adequada. A falta desse documento compromete a transparência e a legalidade
do processo.
O artigo 306 do CPP, §2º estabelece claramente que, no prazo de até 24
horas após a realização da prisão, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de
culpa, assinada pela autoridade, que deve conter o motivo da prisão, o nome do
condutor e os das testemunhas.
A não entrega da nota de culpa no prazo estabelecido evidencia violação
clara dos procedimentos legais. Essa documentação é fundamental para informar ao
detido sobre os motivos de sua prisão, possibilitando que ele compreenda as acusações e
prepare sua defesa de maneira adequada, conforme garantido pelo devido processo
legal. A ausência desse documento compromete a transparência e a legalidade do
processo, tornando totalmente ilegal a prisão de Romualdo, devendo esta ser realaxada.

3. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer que seja deferido este relaxamento de prisão em
flagrante, para que se expeça o respectivo alvará de soltura em favor do requerente.

Termos em que,
Pede Deferimento.

Local, data
Advogado
OAB nº..

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