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SEGURO/BA.
I – DOS FATOS
(Endereço do Escritório)
funk, em razão do “glamour” gerado pelo seu poder no local. Após horas bebendo,
Brutus chamou as garotas para irem até sua residência para ouvir música, beber e fazer
uso de drogas, o que foi prontamente atendido por ambas. Ao chegarem à casa de
Brutus, elas viram que lá havia muitas drogas, dinheiro e armas de fogo, tudo isso típico
de um traficante de drogas que comandava a mercancia ilícita de entorpecentes no local
e começaram a perguntar sobre o trabalho de Brutus.
Brutus não queria ficar falando de trabalho naquele momento, mas, sim, ter uma
noite de relação sexual com as moças, todavia Cleópatra não aceitou e pediu para que
ele solicitasse um Uber para ela ir embora para a sua comunidade, sendo que apenas
Afrodite anuiu ao convite sexual. Enfurecido com a recusa ao seu convite sexual, Brutus
pegou um fuzil e disparou, dolosamente, contra Cleópatra, atingindo-a mortalmente,
sendo que o mesmo disparo que a perfurou também acertou Afrodite, que morreu
imediatamente, mas ele não tinha a intenção de matá-la, o que ocorrera por erro na
execução, em virtude da imprudência de ter usado uma arma muito possante para
eliminar alguém que estava próximo a ele.
Destaca-se que Cleópatra e Afrodite eram moradoras de uma comunidade rival,
chefiada por outro traficante que era inimigo de Brutus, sendo que, quando a notícia do
homicídio chegou até ele, foi acionada a Polícia Militar, de forma anônima, dando o
direcionamento exato da residência de Brutus para constatar que os corpos lá estavam e
ele ser preso.
A Polícia Militar, sem qualquer investigação prévia, chegou logo pela manhã e
arrombou a porta, encontrando Brutus ainda dormindo e os dois corpos no chão com
orifício de entrada de uma bala de fuzil que transfixou ambas as vítimas e parou a
trajetória na parede, tendo sido recolhido o projétil. Além disso, os policiais
encontraram 40 papelotes de cocaína embalados prontos para comércio, bem como o
fuzil utilizado no delito e uma pistola 9 mm que estava no armário da cozinha.
Cumpre ressaltar que, para encontrar as drogas e a pistola, os militares
asfixiaram Brutus com sacola plástica, tendo ele, após não aguentar mais ser espancado
e asfixiado, apontado onde guardava a arma e as drogas, bem como confessou ter
praticado os homicídios.
Com sua prisão em flagrante, Brutus foi encaminhado para o Instituto Médico
Legal para fazer exame de corpo de delito, constatando-se que ele fora asfixiado e
espancado horas antes de fazer a perícia.
(Endereço do Escritório)
Após receber o auto de prisão em flagrante, o Juiz responsável pelos fatos
designou audiência de custódia para a oitiva do acusado e ficar a par dos moldes em que
se deram a sua prisão.
Na audiência de custódia, realizada dentro do prazo legal, o acusado mencionou
que os policiais militares entraram em sua residência sem o seu consentimento, tendo
ainda espancado e asfixiado ele, de forma a confessar o crime, o que fora comprovado
pelo exame de corpo de delito.
Não obstante, o membro do Ministério Público, tendo visto que Brutus tinha
uma extensa ficha criminal, bem como os crimes que foram flagrados no momento de
sua prisão em flagrante, requereu a conversão em prisão preventiva, uma vez que o
acusado teria praticado crime hediondo, consistente no delito do art. 121, §2º, II (motivo
fútil) e VIII (emprego de arma de fogo de uso restrito), do Código Penal, por duas vezes
(duas vítimas), combinado com o crime do art. 16, caput (porte ilegal de arma de fogo
de uso restrito), da Lei nº 10.826/03, por duas vezes (fuzil e pistola 9 mm), e art. 33,
caput (tráfico de drogas), da Lei nº 11.343/06, todos em concurso material de crimes, na
forma do art. 69 Código Penal, destacando que não era possível a concessão de
liberdade provisória com fiança, pois a Lei nº 8.072/90, art. 2º, II, veda tal benefício
legal. Além disso, o Promotor de Justiça não acreditou que os policiais teriam
espancado e asfixiado o acusado, bem como que os crimes praticados foram
comprovados pela entrada em sua residência, sendo dispensável o consentimento do
morador nessas situações de permanência do delito.
Foi requerido o relaxamento da prisão em flagrante, tendo em vista, que ela fora
feita de forma ilegal, uma vez que se descumpriu o artigo 5º da Constituição Federal,
quando os policiais militares praticaram crime de tortura e violaram o domicílio do
acusado, apontando, ainda, que os requisitos da prisão preventiva não estavam
presentes. Todavia, o Magistrado com atuação na audiência de custódia entendeu
por bem decretar a prisão preventiva com base nos seguintes fundamentos:
“Decido que o crime de tortura não foi claramente comprovado, devendo ser
investigado em via própria; a invasão de domicílio feita pelos policiais é justificável,
pois estava ali sendo praticado um crime hediondo, constituindo a ausência de
consentimento mera irregularidade. Por isso, decreto a prisão preventiva com base na
garantia da ordem pública, bem como pela hediondez dos delitos”.
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Dessa forma, o réu, neste momento, encontra-se preso preventivamente na
cidade de Porto Seguro/BA, mais precisamente por ordem da 1ª Vara do Tribunal do
Júri da Comarca de Porto Seguro/BA. Cumpre ressaltar que, até o presente momento,
passados 200 (duzentos) dias, não foi juntado laudo preliminar das drogas apreendidas
nem laudo de eficiência e prestabilidade das armas de fogo apreendidas, estando os
autos com o Ministério Público para oferecimento da denúncia, mas pendentes as
diligências apontadas.
II – DO DIREITO
XI. a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (Brasil, 1988, [s. p.])
Além disso, toda prova ilícita é inválida e deve ser desentranhada do processo,
maculando o próprio ato prisional, eis que o Estado não pode praticar crime para
combater outro crime, como ocorre nos crimes de tortura para obter algum tipo de
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informação. A par de gerar a ilicitude da prova, bem como a ilegalidade da prisão, o
Código de Processo Penal regulamenta a matéria, na forma transcrita a seguir:
“Art. 157, caput. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo,
as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou
legais” (Brasil, 1941, [s. p.]).
Esse mandamento constitucional deixa claro que a prisão somente deveria ser
feita em último caso, não podendo haver a inversão de valores fundamentais, sendo a
liberdade uma exceção, e a restrição da liberdade, algo corriqueiro.
O art. 312 do CPP demonstra os requisitos necessários para a realização da
prisão preventiva, nesses termos:
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Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva
se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela
subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. Decretada a prisão
preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade de sua
manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob
pena de tornar a prisão ilegal.
Com a novel modificação legal, o juiz que decretou a prisão preventiva deverá
atentar-se, após o prazo de 90 dias, para a necessidade ou não de sua manutenção,
conforme exposto no livro OAB Esquematizado, in verbis:
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Uma última observação acerca desse tema é a novidade inserida no parágrafo único do
art. 316, CPP, em que se exige do Juiz, de ofício, a necessidade de revisar a prisão
preventiva decretada a cada 90 dias, justificando a sua manutenção com os elementos
concretos constantes dos autos. Trata-se de mais uma conquista da Advocacia para que
não se perpetuem prisões sem maiores fundamentações e apenas de forma automática.
(Gonzaga, 2022, p. 677)
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando
se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de
2018)
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído
dada pela Lei nº 13.721, de 2018).
Ressalta-se que a Lei de Drogas exige a realização de dois laudos periciais para
satisfazer o devido processo legal, sendo indispensáveis os laudos preliminares ou de
constatação e o definitivo, uma vez que a ausência de um dos dois laudos ocorre
situação de nulidade absoluta.
Trata-se da disposição prevista nos artigos 50 e seguintes, a seguir transcritos:
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Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará,
imediatamente, comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado,
do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento da
materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo não ficará
impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias,
certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo
definitivo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no
prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária.
(Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas
referida no § 3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia,
certificando-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
Pelo que se observa, em tudo que foi exposto acima, nos crimes que deixam
vestígios, a necessidade do laudo pericial é fundamental, de forma a comprovar a
existência da materialidade delitiva.
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eficazes para proteger o bem jurídico tutelado e a aplicação do devido processo legal,
tais medidas cautelares encontram-se dispostas no art. 319, CPP, nesses termos:
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III – DOS PEDIDOS
a) Que sejam cumpridos os requisitos do art. 312, CPP, uma vez que, não foram
apresentados elementos que descumpram a garantia da ordem pública ou qualquer outro
elemento autorizador;
b) O não cumprimento do art. 316 do CPP, uma vez que, se trata de uma imposição
legislativa;
Termos em que,
Pede deferimento.
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Advogado:.
OAB Nº. (____)
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