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DOS CRIMES CONTRA A VIDA

• HOMICÍDIO (Art. 121)

• INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (Art. 122)

• INFANTICÍDIO (Art. 123)

• ABORTO (Art. 124 ao 128)


HOMICÍDIO QUALIFICADO

INÍCIO
5ª Aula
HOMICÍDIO CULPOSO
Art. 121, § 3º - Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Conceito de Homicídio Culposo


Ocorre o homicídio culposo quando o agente, com manifesta
imprudência, negligência ou imperícia, deixa de empregar a atenção ou
diligência de que era capaz provocando o resultado morte, previsto (culpa
consciente) ou previsível (culpa inconsciente, jamais querido ou aceito).
HOMICÍDIO CULPOSO

Seja qual for a modalidade da culpa, não se quer o resultado.

Violação do Dever de Cuidado


Há três maneiras de violar o dever de cuidado: negligência,
imprudência ou imperícia.
• Negligência: Ausência de Cautela, de precaução.
• Imprudência: Afoiteza.
• Imperícia: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou
profissão.
HOMICÍDIO CULPOSO

A culpa concorrente da vítima não exime o agente de


responsabilidade. O Direito Penal não admite compensação de culpas.
Porém, a culpa concorrente da vítima pode atenuar a
responsabilidade do agente (diferente ocorre se a culpa é exclusiva da
vítima, pois aqui o agente não tem culpa). É o que diz o artigo 59 do
CP:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime:
HOMICÍDIO CULPOSO

Homicídio Culposo na Direção de Veículo Automotor não se Ajusta


Mais ao artigo 121, § 3º do CP, mas sim ao artigo 302 do CTB
Aplica-se CTB se o agente estiver na direção de veículo automotor.
Não basta o veículo seja o instrumento do crime. O agente tem que
dar direção ao veículo, mesmo que o motor esteja desligado (desde
que dê movimento e direção ao carro).
Por outro lado, num caso em que a pessoa para o carro numa ladeira
e não puxa o freio de mão, e o carro desce e atropela alguém, não é
caso do artigo 302 do CTB, mas sim do artigo 121, § 3º, do CP.
HOMICÍDIO CULPOSO

Essa diferença é muito importante, pois o artigo 121, §3º, do CP, tem
uma pena que varia de 1 a 3 anos (permite até suspensão condicional
do processo).

Já o artigo 302 do CTB, tem uma pena que varia de 2 a 4 anos, não
permitindo mais suspensão condicional do processo.
HOMICÍDIO CULPOSO

Artigo 121, § 3º, do CP Artigo 302 do CTB

Pena de 1 a 3 anos Pena de 2 a 4 anos

Cabe Suspensão Condicional do Processo NÃO Cabe Suspensão Condicional do


Processo
HOMICÍDIO CULPOSO

Dois crimes idênticos, com o mesmo


resultado, justifica penas diferentes?
Há teses de que a pena do CTB é inconstitucional, por falta de
proporcionalidade. Mas é uma minoria (que pode ser usada em
provas da defensoria).

Ela diz que o desvalor do resultado no CP tem o mesmo desvalor do


CTB. Se o desvalor do resultado é o mesmo, por que tem
consequências diferentes?
HOMICÍDIO CULPOSO

Posição Contrária:
Há argumento dizendo que o crime não é constituído só de resultado,
mas também de conduta.
Ao olhar o desvalor da conduta, podemos perceber que é diferente.
O desvalor da conduta no transito é potencialmente mais lesiva,
merecendo uma pena maior. Assim, a diferença de pena é justificada
pelo desvalor da conduta, e não do resultado (é a tese que
prevalece).
MAJORANTES DO HOMICÍDIO

O artigo 121, § 4º, tem que ser dividido em duas partes:

A primeira diz respeito às majorantes do homicídio culposo e, a


segunda parte, do homicídio doloso.

Há quatro majorantes para o homicídio culposo, e duas no doloso.


MAJORANTES DO HOMICÍDIO

Art. 121, § 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3


(um terço), se o crime resulta de
a)inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se
b) o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima,
c) não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou
d) foge para evitar prisão em flagrante. (...)
HOMICÍDIO CULPOSO MAJORADO

Inobservância de Regra Técnica de


Profissão, Arte ou Ofício
Essa majorante não se confunde com a Imperícia. Isso porque na
Imperícia FALTA a aptidão técnica. Já nessa majorante, o agente tem a
aptidão técnica, mas não a observa.
Aqui estamos diante de uma “negligência profissional”. Aqui
incluímos, por exemplo, o erro médico.
O erro do médico serve como negligência para configurar a culpa e,
o mesmo erro, serviria como majorante? Não seria bis in idem?
HOMICÍDIO CULPOSO MAJORADO

Temos duas correntes, e temos que defender a mais adequada ao


concurso que se está prestando:

1ª corrente: Ocorrência de Bis in Idem (STF, HC 95.078, julgado dia


10/03/2009).

2ª corrente: Não ocorre Bis in Idem (STJ, HC 63.929, julgado em


13/03/2007).
Omissão de Socorro

Aqui na Omissão de Socorro não configura o artigo 135, mas apenas


gera o aumento. É um crime culposo majorado por uma omissão
dolosa.

Obs.: Não incide o aumento quando a vítima é imediatamente


socorrida por terceiros.

Obs.: Também não incide o aumento no caso de morte instantânea.


Aqui seria uma hipótese de socorro inviável.
Omissão de Socorro

Nenhuma dessas duas hipóteses autoriza o agente a deixar de


socorrer porque imaginou que o socorro seria inócuo (o agente
pensou que vítima morreria de qualquer maneira).

Se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima


(ainda com vida), não o faz, concluindo pela inutilidade da ajuda,
sofrerá o aumento, pois não compete a pessoa decidir. (posição do
STF).
O Agente Não Procura Diminuir as
Consequências do seu Ato

Aqui há praticamente uma redundância com a majorante anterior.


O Agente Foge para Evitar o Flagrante

O pena aqui foi majorada pelo legislador porque o agente demonstra


uma insensibilidade de espírito e moral, e prejudica a investigação.

A maioria da doutrina entende que é aplicável. Mas há discussão de


que fere garantias individuais, como a de não produzir provas contra
si mesmo.
MAJORANTES DO HOMICÍDIO

Art. 121, § 4º - (...) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de


1/3 (um terço) se o crime é praticado:

a) contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou

b) Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos.


HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO

A majorante incide se o homicídio é praticado contra pessoa menor


de 14 ou maior de 60 anos.

Para incidir a majorante no Homicídio Doloso, é imprescindível que o


agente conheça a idade da vítima, evitando a responsabilidade penal
objetiva (se ele não conhece, estou diante de um erro de tipo que
desaparece a majorante).
HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO

E se quando o agente dá um tiro a vítima é menor de 60 anos (ou de


14 anos) e, quando morre, já é maior de 60 anos (ou de 14 anos)?
Incide o aumento?

A vítima tem que ter essa idade quando o crime é PRATICADO. E, nos
termos do artigo 4º do CP, o crime considera-se praticado no
momento da conduta. Temos que ver se, no momento da conduta, a
vítima era menor de 14 ou maior de 60.
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)

Perdão Judicial
Versa o artigo 121, § 5º, do CP:
Art. 121, § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)

Conceito de Perdão Judicial

É o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática de um fato típico


e antijurídico por um sujeito comprovadamente culpado, deixa de
lhe aplicar a pena nas hipóteses taxativamente previstas em lei,
levando em consideração determinadas circunstâncias que concorrem
o evento. O Estado perde o Interesse de Punir.
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)
a) Não pressupõe relação de parentesco.

b) Diferentemente do perdão do ofendido, não precisa ser aceito. O


perdão do ofendido precisa aceito, por isso é chamado de “Bilateral”. Já o
perdão Judicial é um Ato Unilateral, pois dispensa aceitação.

c) O Perdão Judicial não é uma faculdade do juiz, mas sim um direito


subjetivo do réu. Preenchidos os requisitos, o juiz tem que perdoar.
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)

Natureza Jurídica da Sentença Concessiva do Perdão Judicial

A primeira corrente afirma que a Natureza Jurídica da sentença que


concede o perdão judicial é Condenatória.

A segunda corrente diz que a natureza jurídica é de verdadeira


Declaratória Extintiva da Punibilidade (prevalece).
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)

Essa discussão traz repercussões práticas. Se a natureza é


condenatória, essa decisão interrompe a prescrição. Em o Promotor
recorrendo, a prescrição volta a correr da decisão. Além disso, essa
sentença serve como título executivo.

Capez diz que uma terceira repercussão prática seria que, se for
condenatória, depende do devido processo legal. Já se entendermos
que for declaratória Extintiva de Punibilidade, essa sentença poderia
ser concedida ainda em sede de Inquérito Policial. Mas essa posição
do Capez está ERRADA, pois perdão judicial reconhece culpa e, se
reconhece culpa, sempre depende de devido processo legal. Aliás, só
se perdoa alguém que tem culpa.
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)

Por outro lado se a natureza for Declaratória Extintiva da


Punibilidade, a prescrição não é interrompida. Se o Promotor
recorre, ele tem que saber que a prescrição está correndo desde a
denúncia.

Também NÃO serve como titulo executivo no cível (e precisa de um


processo de reconhecimento.

É essa a corrente que prevalece, segundo a Súmula 18 do STJ:


STJ. Súmula 18 - A sentença concessiva do perdão judicial é
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer
efeito condenatório.
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)

Para o professor Renato Brasileiro de Lima, a sentença que concede o


perdão judicial, é de natureza condenatória; porque o artigo 120 só
faz sentido se essa sentença for condenatória.
Por isso o artigo 120 do CP faz esse alerta; porque a decisão é
condenatória, pois se fosse extintiva, é obvio que não geraria
reincidência.
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)

Artigo 120 do CP

Perdão judicial
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será
considerada para efeitos de reincidência.
HOMICÍDIO (Perdão Judicial)

Cabe Perdão Judicial no Código de Trânsito Brasileiro?


O Perdão Judicial cabe apenas para Homicídio Culposo nas hipóteses
do Código Penal. O artigo 300, do CTB, que trazia o perdão judicial,
foi vetado.

Contudo, temos que ler as razões do veto, que dizem que esse artigo
é dispensável justamente porque já existe o artigo 121, § 5º, do CP (o
que foi um erro já que o artigo 121, §5º é taxativo).

Portanto, CABE perdão judicial no Código de Trânsito Brasileiro.


FIM

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