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Segunda Fase

Direito Penal
OAB

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Sumário
Esqueleto da peça. .................................................................................................................................. 4
Tratamento: ............................................................................................................................................ 4
Rito processual ........................................................................................................................................ 6
Suspensão Condicional do Processo ....................................................................................................... 7
Suspensão em concurso de crimes ......................................................................................................... 9
Teses de mérito..................................................................................................................................... 11
Excludentes de antijuridicidade (art. 23, CP): ....................................................................................... 14
Elementos da culpabilidade .................................................................................................................. 14
Crime continuado (art. 71 do CP) ......................................................................................................... 15
Teses de nulidade e extinção da punibilidade ...................................................................................... 15
Resposta à acusação ............................................................................................................................. 19
Teses subsidiárias.................................................................................................................................. 22
Dosimetria da pena ............................................................................................................................... 22
Atenuantes: art. 65 e 66, CP. ................................................................................................................ 23
Agravantes: art. 61 e 62, CP. ................................................................................................................. 24
Regime inicial da pena .......................................................................................................................... 25
Substituição da pena (art. 44 do CP)..................................................................................................... 26
Suspensão condicional da pena ............................................................................................................ 27
Memoriais ............................................................................................................................................. 28
Apelação................................................................................................................................................ 31
Revisão Criminal.................................................................................................................................... 36
Recurso em Sentido Estrito ................................................................................................................... 40
Procedimento do Júri I .......................................................................................................................... 46
2ª Fase do Rito do Júri .......................................................................................................................... 49
Apelação da Segunda Fase do Júri ........................................................................................................ 53
Linha do tempo da apelação ................................................................................................................. 54
Linha do tempo do RESE ....................................................................................................................... 55
Carta testemunhável............................................................................................................................. 55
Embargos infringentes .......................................................................................................................... 57
Execução Penal ..................................................................................................................................... 59
Estado de Flagrância (art. 302 do CPP) ................................................................................................. 62
Teoria geral das cautelares diversas da prisão (art. 282 e 283, CPP) ................................................... 63

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Prisão temporária ................................................................................................................................. 63
Prisão preventiva (art. 311 ao 316, CPP) .............................................................................................. 64
Habeas corpus ....................................................................................................................................... 68
Processo de Execução ........................................................................................................................... 71
Recurso Especial e Recurso Extraordinário ........................................................................................... 71
Embargos de declaração ....................................................................................................................... 75
Queixa-crime ......................................................................................................................................... 76
Medidas assecuratórias no Processo Penal (art. 125 a 144-A, CPP)..................................................... 79
Mandado de Segurança ........................................................................................................................ 82
Prescrição I ............................................................................................................................................ 84
Prescrição da pretensão punitiva em abstrato ..................................................................................... 84
Prescrição da pretensão punitiva em concreto .................................................................................... 87
Prescrição virtual/perspectiva/antecipada ........................................................................................... 87
Prescrição da pretensão executória ..................................................................................................... 88
Processos incidentes ............................................................................................................................. 89
Momento para apresentar exceções .................................................................................................... 91
Exceção de suspeição............................................................................................................................ 91
Forma da exceção ................................................................................................................................. 92
Exercícios de pedidos: ........................................................................................................................... 95
Revisão geral ......................................................................................................................................... 96
Peças ..................................................................................................................................................... 97
Competência ......................................................................................................................................... 99

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Esqueleto da peça.
É o diagnóstico da situação do cliente. São perguntas utilizadas para entender o
caso do cliente.
a) Quem é o cliente?
b) Qual é o crime e a pena?
c) Qual é a ação penal relacionada aquele crime?
d) Qual é o rito processual que o crime segue?
e) O crime admite o sursis processual?
f) Em que momento processual estamos?

Tratamento:
a) Qual seria a peça?
b) Qual é a competência da peça?
c) Qual a tese alegada?
d) Qual é o pedido da peça?
Cliente
Anotar a parte que se está defendendo, sua posição processual (autor ou réu) e
a parte contrária.
Ex.: “João” (réu) e Ministério Público (autor).
Ex.: João, filho da vítima Maria (assistente da acusação) + MP x Paulo (réu).
Qual é o crime e a pena?
Anotar o crime que está sendo imputado e sua respectiva pena, incluindo
eventuais causas de aumento ou diminuição de pena constantes do enunciado.
Ex.: cliente sendo acusado por crime de corrupção passiva
Art. 317, pena de 2 a 12 anos com aumento de pena do §1º (corrupção
majorada) + 1/3
Obs 1: neste item deve ser considerado o crime imputado mesmo que o crime
efetivamente praticado seja outro. Por ex.: o MP pode denunciar por homicídio
doloso, mas efetivamente ocorreu o culposo. Se o crime não é aquele imputado,
é relevante para a tese, não para essa fase de diagnóstico.
Obs 2: se o problema não apontar exatamente o tipo penal, deve-se principiar
tipificando a conduta.

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Ação penal
Identificar a ação penal adequada ao crime encontrado.
Ação penal (sempre proposta perante um juiz):
 Pública
Autor: MP
Assistentes: CADI
Inicial: denúncia
Pode ser:
1. Incondicionada: em regra, é incondicionada
2. Condicionada: pode ser condicionada a representação (autorização) da
vítima ou a requisição (ordem) do Ministro da Justiça

 Privada
Autor: vítima/ofendido; cônjuge, ascendente, descendente ou irmão
Inicial: queixa-crime
Pode ser:
1. Ação penal privada propriamente dita: pode ser movida pela vítima ou pelo
CADI
2. Ação penal personalíssima: somente a vítima pode ajuizar, não tem outros
para ajuizar essa ação. Única modalidade no ordenamento brasileiro é o art.
236 do Código Penal.
3. Ação penal privada subsidiária da pública: quando o MP quedar inerte (art.
46, CPP) 5 dias réu preso/10 dias réu solto = para a manifestação do MP.
Obs 1: a ação penal deve estar mencionada no próprio artigo do crime ou em
artigo relacionado a disposições gerais. Quando não houver menção, a ação
penal será pública incondicionada.
Home working: identificar na parte especial do CP todas as entradas da palavra
representação e queixa e grifar o respectivo artigo.
Exceção: art.129, CP: a lei 9.099/95 em seu art. 88 diz que a lesão corporal leve
e culposa dependem de representação. Sublinhar a remissão existente embaixo
do art. 129, relativa à lei 9099/95.
Se a lesão leve ou culposa for praticada em contexto de violência doméstica
contra a mulher, ela é regida pela Lei Maria da Penha. Aos crimes regidos pela

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LMP não se aplica os dispositivos da Lei 9099/95. Portanto, crimes praticados
nesse contexto serão de ação penal pública incondicionada. (súmula 542, STJ)
Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
A Lei Maria da Penha não fala em ação penal, só diz que afasta Lei 9099/95.
Obs 2: Súmula 714 do STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante
queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a
ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de
suas funções.

Rito processual
Verificar o rito adequado para o crime encontrado.
Os ritos processuais são divididos em dois tipos básicos:
 Especial (relacionado ao crime)
Pode ser:
1. Rito do júri: aplicado para crimes dolosos contra a vida (art. 121 ao 128 CP)
2. Rito funcional: aplicado aos crimes praticados por funcionário público contra
Adm (art. 312 a 327, CP)
3. Rito dos crimes contra a honra: se aplica a calúnia, difamação e injúria (art.
138 a 145, CP)
4. Crimes contra propriedade imaterial: somente se aplica ao crime de
violação de direitos autorais (art. 184, CP)
5. Rito da Lei de Drogas: se aplica aos crimes da Lei 11.343/2006

 Comum (relacionado a pena)


Pode ser:
1. Ordinário: aplicado sempre em que a pena máxima é maior ou igual a 04
anos.
2. Sumário: aplicado sempre que a pena máxima for menor que 04 anos.
3. Sumaríssimo: aplicado quando a pena máxima é menor ou igual a 02 anos.
Obs:
 O rito sumaríssimo prevalece sobre os especiais.
 Aos crimes regidos pela Lei 11.340/2006 não se aplica o rito sumaríssimo.
Primeiro verifica se é sumaríssimo, depois verifica se é especial, se não for
especial, verifica se é ordinário ou sumário.
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Obs: art. 28 da Lei 11.343/2006: rito sumaríssimo.
Obs: súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do processo e a transação
penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da
Penha.

Suspensão Condicional do Processo


O crime admite o sursis processual?
Se aplica a qualquer rito processual, a dinâmica está prevista no art. 89 da Lei
9099/95: pena mínima for igual ou inferior a um ano. Somente importa a pena
mínima.
As infrações são abrangidas estando ou não dentro da lei 9099/95.
Ex.: crime de estelionato (art. 171, CP), pena de reclusão de 1 a 5 anos; ação
penal pública incondicionada, rito ordinário: possibilita a suspensão condicional
do processo.
Requisitos:
 Pena mínima igual ou inferior a um ano
 Não pode estar sendo processado (não ter outra ação penal em curso)
 Não pode ter sido condenado por outro crime doloso ou culposo (não cabe
pra contravenção). O impedimento legal à suspensão condicional do
processo apenas se configura se a infração anterior e atual forem ambos
crimes. (Se qualquer das duas for contravenção penal, continua cabendo a
suspensão, pois nesse caso o sujeito não está sendo processado, nem foi
condenado por outro crime). A lei não define por quanto tempo após pode ser
proposta a suspensão condicional do processo, contudo, o STF entende que
o período depurador ou purificador da reincidência (5 anos contados do
cumprimento ou extinção da pena) seria aplicado, por analogia, para
possibilitar a suspensão condicional do processo, aplicando-se para ela o art.
64, I, do CP. Se for condenado por crime e agora está sendo processado por
contravenção, cabe a suspensão.
Obs: art. 7º, Lei 8137/90: crimes contra relação de consumo: embora a pena
seja de 2 anos a 5 anos de detenção OU multa, cabe a suspensão. A multa
sempre é menor que a privação de liberdade de 1 ano. Se a multa for de forma
cumulativa, não cabe, tem que avaliar a pena mínima.
STF: se vier escrito OU multa na pena, a verdadeira pena mínima é a multa,
portanto, cabe suspensão. Portanto, o STF entende que naqueles crimes
em que a pena de multa for cominada de forma alternativa, esta seria a
pena mínima em abstrato daquele crime, por isso, neste caso, caberia

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suspensão condicional do processo ainda que a pena mínima privativa de
liberdade seja superior a um ano.
Iniciativa da proposta de suspensão (art. 89):
O Ministério Público é quem propõe:
Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional
da pena.
O juiz pode receber ou rejeitar a denúncia. Só se fala em suspensão se houver
um processo instaurado. Recebida a denúncia, o juiz ouve o acusado para saber
se ele aceita a proposta. Se o acusado aceitar, o juiz ordena a suspensão de 02
a 04 anos. Esse período de suspensão é o período de prova. Se o acusado se
comportar durante esse prazo, tem a extinção da punibilidade, sem ser
condenado.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
STJ: Cabe suspensão na ação penal privada por iniciativa do querelante, se ele
não quiser propor, não tem o que fazer. A sua recusa é insuperável.
Tese de cabimento da suspensão: tem que expor os requisitos do art. 89.
Pedido:
A) cabe a suspensão e não houve proposta: requer seja dada vista ao
Ministério Público para formulação de proposta de suspensão condicional do
processo, com fundamento no art. 89 da Lei 9.9099/95. (como a suspensão é de
inciativa do MP, pede para o juiz dar vista ao MP para que ele formule a
suspensão).
B) se o enunciado informar que o MP já recusou expressamente a formular
proposta de forma injustificada/ilegal:
Se o juiz entender que cabe a suspensão. Súmula 696 do STF: Reunidos os
pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se
recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a
questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de
Processo Penal.
Requer, diante da recusa injustificada do Promotor de Justiça, sejam os autos
remetidos ao Procurador Geral de Justiça para a formulação de proposta de
suspensão condicional do processo, nos termos do art. 28 do Código de
Processo Penal e Súmula 696 do Supremo Tribunal Federal.

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Suspensão em concurso de crimes
Os Tribunais Superiores entendem que tem que avaliar o cabimento da
suspensão levando em conta o concurso como um todo.
Tem que se descobrir qual é a pena mínima no concurso inteiro. Se o resultado
é até um ano é cabível a suspensão.
Concurso material (art. 69, CP)
Ex.: João cometeu um crime de estelionato e ao ser levado para a delegacia,
desacata o policial militar (art. 331, CP). A pena mínima desse concurso passa a
ser de 01 ano e 06 meses. Portanto, não permite a suspensão, porque é maior
que 01 ano.
Súmula 243, STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em
relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou
continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja
pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
Crime continuado (art. 71, CP)
Ex.: estelionato praticado em continuidade delitiva. Se aplica uma pena com
aumento que varia de 1/6 a 2/3. Para achar a pena mínima aplica somente o
menor aumento, só para saber se cabe ou não a suspensão. Portanto, 1 anos +
1/6 = 1 ano e 2 meses.
Súmula 723, STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por
crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o
aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
Em que momento processual estamos? Qual seria a peça?
Linha do tempo dividida em quatro fases:
Fase 1: Consumado o crime
A) Investigação
Fase 2: Início da ação penal
B) Ação penal: com a decisão de recebimento de denúncia ou queixa e vai até a
sentença
Fase 3: recursal
C) Após sentença
Fase 4: Após trânsito em julgado
Peças mestras

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Mesma estrutura de peças
Petições iniciais: são peças únicas.
 Queixa-crime
 Revisão criminal
 Habeas corpus
 Mandado de segurança
Formato:
Preâmbulo:
A) Qualificação completa das partes
B) Juntar procuração (procuração anexa ou instrumento de mandado anexo)
C) Fatos, direito e pedido.
Respostas do réu: são peças únicas
 Resposta à acusação: tem no rito ordinário e sumário, apresentada durante a
ação, depois de recebida a denúncia.
 Defesa prévia/resposta preliminar: é apresentada antes do recebimento da
denúncia, somente nos ritos especiais:
o Crimes Funcionais (art. 514 do CPP);
o Lei de Drogas (art. 55 da Lei 11.343/06);
o Rito sumaríssimo do JECRIM (art. 81 da Lei 9099/95).
Formato:
A) endereçada ao juiz de primeiro grau
B) não precisa de qualificação completa (já qualificado nos autos/na denúncia ou
queixa
C) juntar procuração (procuração anexa ou instrumento de mandado anexo)
D) Dos fatos
E) Do direito
F) Do pedido
Recursos: são peças duplas
Sempre terá petição de algo (pode ser de interposição ou de juntada) e
razões/contrarrazões
Obs: somente os embargos de declaração serão peça única.
Formato:

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A) petição de interposição ao juízo recorrido a quo e as razões ao juízo ad quem.
Usar o verbo interpor quando for interposição e requerer a juntada quando for
petição de juntada.
Petições simples
Não entram nos três grupos anteriores.
 Memoriais
 Pedidos de soltura
 Pedidos de execução

Teses de mérito
Tipicidade
Objetiva
o Formal: está relacionada com a pura letra da lei
o Material: está relacionada com o conteúdo da norma incriminadora e pode
ser afastada por princípios como a insignificância e a adequação social (que
tornam o fato atípico)
Obs:
A) as súmulas 589, 599 e 606 do STJ afastam a insignificância nos casos de
violência doméstica contra a mulher, nos crimes contra à Administração Pública
e no sinal irregular de internet.
B) insignificância e reincidência: hoje é pacífica a orientação nos Tribunais
Superiores que o reincidente não merece os favores da insignificância. Crítica:
tornar o fato relevante penal porque o autor é reincidente é punir o sujeito por ser
quem é, e não pelo o que fez. É um inaceitável direito penal do autor.
Adequação social: conduta socialmente adequada não merece relevância penal.
Ex.: colocar brinco no recém-nascido.
C) a súmula 502 do STJ pacificou que a venda de produto pirata não é
socialmente adequado e configura crime.
Subjetiva
Pelo princípio da vedação de responsabilidade objetiva não há crime sem dolo
ou culpa (art. 19 CP).
Todos os tipos incriminadores são a princípio dolosos, pois o dolo está implícito
em todos eles. A culpa, por outro lado, precisa de previsão expressa para que
tenha relevância (art. 18, parágrafo único, CP)

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▫ Dolosa: o dolo é consciência e vontade, classificado em:
Direto: ocorre quando o autor prevê o resultado e atua para alcançá-lo (quer o
resultado)
Eventual: há previsão do resultado e o autor aceita o risco de sua produção (é
indiferente se ocorrer ou não)
▫ Culposa
1) É a quebra do dever geral de cuidado.
2) Previsibilidade objetiva: partindo da conduta tida como descuidada o resultado
deve ser um desdobramento esperado, previsível.
Obs: para evitar resultados insatisfatórios sobre a previsibilidade foi adotado o
princípio da confiança.
Pelo princípio da confiança quem cumpre seus próprios deveres de cuidado tem
o direito de acreditar que terceiros também o farão. Quem não cumpre o dever
de cuidado, perde a confiança.
Classificação da culpa:
Consciente: aquela em que o autor faz previsão do resultado, mas tem certeza
que irá evitá-lo.
Inconsciente: aquela em que o autor não faz previsão do resultado, nem quer,
nem deixa de querer, porque não conseguiu pensar no resultado.
Teoria do Erro
Erro de tipo
Essencial: são duas as espécies de erro de tipo essencial:
▫ Erro sobre elementar: por equivocada compreensão da situação de fato, o
sujeito não sabe, não tem consciência que realiza as elementares do tipo.
Ex.: pegar um celular achando que é seu. Consequência: afasta o dolo (dolo
= consciência e vontade).
O erro sobre elementar está previsto no art. 20, caput, do CP.
Pode ser:
A) inevitável: é aquele que o cuidado comum não evitaria. Afasta a culpa. É
atípico.
B) evitável: é aquele que o cuidado comum evitaria. Não afasta a culpa. Então,
responde por culpa, se prevista a forma culposa.

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▫ Erro sobre descriminante: sinônimo de excludente de antijuridicidade.
Também chamada de descriminante putativa (putare = errar, imaginar)
Conceito: por equivocada compreensão da situação de fato, o sujeito imagina
estar em situação que se fosse real tornaria sua conduta acobertada por uma
excludente de antijuridicidade. Consequência: no Brasil prevalece que foi
adotada a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual as consequências do
erro sobre discriminante serão as mesmas do erro de tipo sobre elementar art.
20, §1º), ou seja, sempre afasta o dolo, se inevitável, afasta também a culpa. Se
evitável, permite a punição por culpa se houver previsão legal. É a chamada
culpa imprópria que decorre do erro de tipo evitável sobre discriminante. É
chamada imprópria pois a conduta é, na verdade, dolosa, mas receberá a pena
do crime culposo por força da lei.
▫ Erro de tipo acidental:
Erro sobre a pessoa (art. 20, §3º, CP): por equivocada identificação da vítima,
o sujeito atinge pessoa diversa da pretendida. Consequência: responde como se
tivesse alvejado a vítima pretendida.
Erro na execução (art. 73, CP): por imprecisão no golpe executório, ou seja,
por falha na mira, o sujeito atinge pessoa diversa da pretendida.
Consequência:
A) resultado único: se atinge apenas terceiro, responde como se tivesse alvejado
a vítima pretendida.
B) resultado múltiplo ou complexo: se atinge quem pretendia e também terceiro,
responde pelos dois crimes em concurso formal
C) Resultado diverso do pretendido (art. 74, CP):
Hipótese: sujeito quer praticar o crime A, mas consuma o crime B por culpa.
1. Se o crime B for previsto como culposo absorverá a tentativa de A.
2. Se o crime B não for previsto na forma culposa, o autor responde pela
tentativa de A.
3. Se consuma o crime A (doloso) e o B (culposo), responderá por ambos em
concurso formal.
Obs: é possível combinar o erro na execução com excludentes de
antijuridicidade. É possível essa combinação tanto no resultado único como no
múltiplo.
Erro sobre o nexo causal: conceito doutrinário. Se o autor alcança o resultado
pretendido por meio ou modo diverso do planejado. Consequência: responde
pelo crime doloso consumado na forma como pretendia.

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Excludentes de antijuridicidade (art. 23, CP):
 Estado de necessidade (art. 24, CP)
São dois requisitos: situação de perigo atual não criada voluntariamente pelo
autor e sacrifício inevitável e razoável.
Razoável é o sacrifício de um bem para salvar outro de igual ou maior valor.
Obs: Se o sacrifício não for razoável fica afastada a excludente de
antijuridicidade do estado de necessidade, mas nos termos do art. 24, §2º, o juiz
poderá diminuir a pena.
Nos termos do art. 24, §1º, não pode arguir estado de necessidade quem tem o
dever legal de enfrentar o perigo.
 Legítima defesa (art. 25, CP)
 Exercício regular de direito
 Estrito cumprimento do dever legal
Culpabilidade

Elementos da culpabilidade
 Imputabilidade
 Potencial consciência da ilicitude
 Exigibilidade de conduta diversa
Excludentes da culpabilidade
 Inimputabilidade: são três as causas de inimputabilidade
o Menor de 18 anos (art. 27, CP)
o Embriaguez acidental completa (art. 28, §1º, CP)
o Doença mental (art. 26, CP): o inimputável do art. 26 que pratica fato típico e
antijurídico será absolvido impropriamente e receberá medida de segurança.
 Erro de proibição (art. 21, CP)
Por equivocada compreensão do conteúdo do ordenamento o sujeito erra sobre
o que é proibido e o que é permitido.
Pode ser
o Inevitável: quando o autor não sabe e nas suas circunstâncias de vida, não
poderia saber da proibição. Afasta a culpabilidade, gera absolvição.
o Evitável: quando o autor não sabe, mas nas suas circunstâncias de vida
poderia saber da proibição. Neste caso, há diminuição da pena.
Classificação do erro de proibição:
o Erro de proibição direto: é o que incide sobre a proibição em crime comissivo.

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o Erro de proibição mandamental: é aquele que incide sobre a norma
mandamental de um crime omissivo.
o Erro de proibição indireto: é aquele que incide sobre a existência no
ordenamento de uma excludente de antijuridicidade. Também chamado de
excludente de antijuridicidade putativa por erro de proibição.

 Inexigibilidade de conduta diversa: coação moral irresistível e obediência


hierárquica (art. 22, CP).

Crime continuado (art. 71 do CP)


Trata-se de ficção jurídica segundo a qual uma série de atos criminosos será
punida como se fosse um único crime.
Requisitos:
o Crimes da mesma espécie: são os que estão no mesmo tipo (ex.: furto, furto
qualificado, furto privilegiado, etc)
o Semelhantes condições de tempo: até 30 dias de um crime a outro;
o Semelhantes condições de lugar: até Comarcas vizinhas;
o Semelhante modo de execução.
o Unidade de plano criminoso (requisito dos Tribunais): o sujeito deve ver os
crimes como um só.

Teses de nulidade e extinção da punibilidade


Se houver mais de uma tese, a sequência é:
1. Nulidade
2. Extinção da punibilidade
3. Mérito (é dividida em principais e subsidiárias)
Principais: levam à absolvição (como a falta de tipicidade, falta de ilicitude, falta
culpabilidade, escusas absolutórias do art. 181 do CP e 348, §2º do CP)
Subsidiárias: desclassificação, aplicação da pena.
Nulidade
Tem conteúdo processual.
Dentro do tópico “Do Direito”:
Art. 564, CPP: rol exemplificativo.
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

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I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
A nulidade por incompetência é a mais comum em prova. Ex.: tramita na Justiça
Estadual um roubo ocorrido na Caixa Econômica Federal.
II - por ilegitimidade de parte;
Por ex.: o MP ofereceu denúncia em crime de ação penal privada. Neste caso, deve
ser alegada a nulidade por ilegitimidade da parte.
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções
penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no Art. 167;
A realização do exame é obrigatória de acordo com o art. 158, CPP
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito
quando se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de
curador ao menor de 21 anos;
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada
e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e
os prazos concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de
testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a
lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos
estabelecidos pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua
incomunicabilidade;

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k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e
despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o
julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
Utilizado quando a nulidade não entra nos demais incisos. É uma cláusula genérica.
Ex.: durante a audiência de instrução no interrogatório judicial, houve a presença de
advogado, mas o juiz não deixou o advogado entrevistar o réu antes da audiência.
Dessa forma, faltou elemento essencial do ato, sendo este a entrevista prévia
assegurada no art. 185, §5º, CPP.
Art. 185,§ 5º, CPP: Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao
réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por
videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados
para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente
na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso.
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das
suas respostas, e contradição entre estas.
Exemplos comuns em prova:
Incompetência:
Primeiro encaixa no art. 564, CPP, no inciso I.
Violado o juiz natural, art. 5º, LIII, CF
Falta de representação do ofendido
Primeiro fundamento é o art. 564, CPP, inciso III, alínea “a”
Violou o devido processo legal, art. 5º, LIV, CF
Ausência de entrevista prévia antes do interrogatório
Primeiro fundamento é o art. 564, IV, CPP
Violou a ampla defesa, art. 5º, LV, CF
Se no tópico “Do Direito” alegou a nulidade, o pedido formulado será:

17
Ante o exposto requer anulação do processo ab initio ou a partir de ....., com
fundamento no artigo 564, incisos ..., do CPP.
Ab initio:
Vício surge no ato inicial ou antes dele. O ato inicial é a decisão de recebimento da
denúncia ou queixa.
Exemplo de nulidade no recebimento da denúncia ou queixa:
 Juiz incompetente
Exemplo de vício antes do recebimento:
 Falta de representação do ofendido, o vício está no oferecimento da
denúncia.
Se o vício surge depois da decisão de recebimento, se anula a partir do ato viciado,
porque os atos anteriores são válidos.
Extinção da punibilidade
Natureza material. Fora do art. 107 ainda se tem outras causas que extinguem a
punibilidade, como por exemplo o art. 312, §2º do Código Penal:
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse
do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade
de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.
Também pode ocorrer a extinção pela formulação de suspensão condicional do
processo, quando o prazo expira sem revogação (art. 89, §5º, Lei 9099/95):
Art. 89, § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
punibilidade.
As causas de extinção encontradas no Código Penal são:

18
Art. 107, Código Penal - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
(abolitio criminis)
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite (calúnia e
difamação, art. 143 do CP; falso testemunho, art. 342, §2º, CP);
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. (a lei penal usa a frase “juiz
pode deixar de aplicar a pena” para indicar o perdão judicial)
Pedido para essa tese:
Súmula 18, STJ: A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório
Requer a declaração da extinção da punibilidade, em razão de...... (encaixa a causa
que alegou no Direito) com fundamento no art. 107, inciso ..., do Código Penal (caso
não seja causas esparsas).

Resposta à acusação
1. Cabimento
Fundamento: art. 396 e 396-A.
Identificação: logo após a citação e antes da audiência de instrução
2. Legitimidade
 Somente do réu (pois a outra parte que está acusando)
 Não precisa qualificar o réu
 Mencionar procuração
3. Competência
 Peça única
 Endereçada ao juiz da causa, mesmo se a tese for de incompetência
4. Prazo
 10 dias a partir da citação
 Prazo processual: exclui do início e inclui o do final, se prorroga.
 Começa no primeiro dia útil após a citação

19
 Só começa e termina em dia útil
Ex.: citação no dia 27/03/2019 ... 28, 29, 30, 31, 1, 2, 3, 4, 5 e 6. se o dia
06/04/2019 cai no sábado, a data é na segunda-feira dia 08/04/2019
5. Teses e pedidos
Teses “do Direito” Pedidos
Nulidade (art. 564, CPP) Anulação (art. 564, CPP)
 Incompetência (art. 564, I) Quando a tese for somente nulidade, se
 Ilegitimidade (art. 564, II) pede a anulação com fulcro no art. 564
 Falta de representação (art. 564, ou, caso se entenda possível, a rejeição
III, a) da ação com fulcro no artigo 395 do
 Inépcia (quando a inicial for Código de Processo Penal.
genérica e o enunciado deixar (probabilidade mínima de cobrarem
claro que é assim) (art. 564, IV) rejeição tardia, no entanto, pode-se
 Falta de justa causa (falta de colocar isso na prova para mostrar ao
prova mínima para a propositura examinador que sabe dessa teoria
da ação, somente alegada se
clássica)
ficar claro no enunciado a falta
de justa causa) (art. 564, IV)

Extinção da punibilidade (art. 107, CP) Absolvição sumária com fulcro no art.
397, IV, CPP
Tese de mérito (espalhadas na parte Absolvição sumária com fulcro no art.
geral do Código Penal) 397, inciso III, I ou II.
 Atipicidade
 Exclusão da ilicitude
 Exclusão da culpabilidade
 Escusa absolutória
Desclassificação, desde que ela gere: Desclassificação e nulidade/absolvição
 Nulidade (ou) sumária/sejam os autos remetidos ao
 Absolvição sumária (ou) MP para que seja feita a proposta de
 Direito ao sursis processual sursis processual
A resposta à acusação tem dois caminhos a serem seguidos: anulação ou
absolvição.
Estrutura da Resposta à Acusação.
________________________________________________________________
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE ...
(não se recomenda abreviar palavras no endereçamento)
(se o problema trouxer a Vara e Comarca, deve-se colocar, se ele não trouxer,
deve a informação ser suprida por reticências “...”)

20
(pular de 5 a 10 linhas, embora não haja obrigatoriedade, é por estética)
(Preâmbulo, tem que ter 7 informações: nome, qualificação, advogado, juiz,
verbo, peça e fundamento – A PEÇA DEVE SER IDENTIFICADA COMO
ADVOGADO, GÊNERO MASCULINO)
Patrícia, já qualificada nos autos do processo crime que lhe move a
justiça pública, por seu advogado que esta subscreve (conforme procuração
anexa) vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar
Resposta à Acusação com fulcro no art. 396 e 396-A do CPP, pelas razões
de fato e de direito a seguir expostas.

I- DOS FATOS
(narrar resumidamente em no máximo dois parágrafos)
II- DO DIREITO
(a melhor forma de discorrer sobre uma tese é se utilizando o silogismo, expõe
primeiro a lei – premissa maior; depois a premissa menor – caso e, por último, a
conclusão)
No presente caso é evidente a ocorrência da decadência. Segundo o
art. 38 do CPP, a vítima decai do direito de queixa se não o exercer no prazo
de seis meses. No caso em apreço, a queixa-crime foi oferecida após seis
meses. Dessa forma, cristalina a extinção da punibilidade.
Caso assim não entenda....
Não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência...
III- DO PEDIDO
Diante do exposto requer a absolvição sumária do réu com fulcro no art.
397, IV do CPP. Caso não seja acolhida a tese anterior, requer sejam intimadas as
testemunhas a seguir arroladas:
Rol de testemunhas:
(rito ordinário 8, rito sumário 5, se o problema trouxer testemunhas, coloca só
apenas elas)
1. Nome, qualificação, endereço
2. Nome, qualificação, endereço
3. Nome, qualificação, endereço
4. Nome, qualificação, endereço
5. Nome, qualificação, endereço
6. Nome, qualificação, endereço

21
7. Nome, qualificação, endereço
8. Nome, qualificação, endereço
Termos em que,
Pede deferimento
Local ..., data do último dia do prazo, se pedirem.
Advogado ...
OAB nº ...

Teses subsidiárias
As teses subsidiárias são utilizadas APÓS a Resposta à Acusação, tendo em vista
que elas tratam da pena e na RA não há condenação, porque sequer houve
audiência.

Dosimetria da pena
É seguido o critério trifásico.
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código;
em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por
último, as causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas
na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
Primeira fase: chamada pena-base
No art. 59 do CP se tem as circunstâncias judiciais, que devem ser observadas ao
falar da pena-base.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível.

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 Ausentes circunstâncias desfavoráveis, a pena-base deverá ser fixada no
patamar mínimo legal.
 Nessa fase da dosimetria da pena devem ser respeitados os limites mínimo e
máximo da pena cominada ao crime;
 Circunstâncias inerentes ao delito não são capazes de justificar o aumento da
pena-base, são necessários dados concretos do caso;
 Conforme a súmula 444 do STJ processos em curso e inquéritos policiais não
servem de fundamento para o aumento da pena-base, tendo em vista o
princípio da presunção de inocência.
 Atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes;
 Nos casos de crime qualificado em que incidir mais de uma qualificadora, a
primeira delas servirá para qualificar o crime e as demais podem ser
consideradas na pena-base.
Segunda fase da dosimetria: pena intermediária (atenuantes e agravantes)
 Também nessa fase da dosimetria da pena devem ser respeitados os limites
mínimo e máximo da pena cominada ao crime, nesse sentido é a súmula 231
do STJ (A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à
redução da pena abaixo do mínimo legal.)

Atenuantes: art. 65 e 66, CP.


Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta)
anos, na data da sentença; Prestar atenção nessa atenuante da idade.
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato
injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; no caso
da confissão incide a atenuante, conforme a súmula 545 do STJ. ("Quando a
confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à
atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.")
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

23
Agravantes: art. 61 e 62, CP.
Reincidência
Haverá reincidência se um no crime for praticado após o trânsito em julgado da
condenação por crime anterior e desde que não passados 5 anos desde a extinção
da pena por este crime anterior.
No caso de suspensão da pena ou livramento condicional o período de prova será
computado no período depurador.
Não prevalecem como reincidência crimes militares próprios e crimes políticos.
Crime + crime = reincidência
Contravenção + crime = não reincidente
Crime + contravenção = reincidência
Contravenção + contravenção = reincidência
Art. 7º da LCP.
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de
transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior.
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5
(cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento
condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Conforme a súmula 241 do STJ, a mesma condenação não pode ser considerada
para aumento da pena-base como mau antecedente e para aplicação da agravante
da reincidência (A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância
agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.)
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se
do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as
que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da
reincidência.
Ex.: se o agente confessa e é reincidente = STJ entende que confissão é ponto da
personalidade do agente, portanto, se anula com a reincidência.

24
O art. 67 do Código Penal indica as circunstâncias que têm preponderância. Assim
se incidirem atenuante e agravante deve-se verificar o peso de cada uma e se o
peso for o mesmo, elas se compensam. O STJ entende que a atenuante da
confissão entra na personalidade do agente, tendo portanto, preponderância. deste
modo, se houver confissão e reincidência elas poderão ser compensadas.
Terceira fase da dosimetria da pena: pena definitiva (causas de aumento e
diminuição de pena)
Nas causas de aumento e diminuição se tem fração.
Nesta fase podem ser extrapolados limites mínimo e máximo da pena cominada ao
crime.
Conforme a súmula 443 do STJ não fundamenta o aumento em fração superior a
mínima o mero número de majorantes incidentes no crime de roubo: O aumento na
terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera
indicação do número de majorantes.
Tentativa: no caso da tentativa a causa de diminuição será dosada conforme a
maior ou menor aproximação da consumação do delito.

Regime inicial da pena


Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou
aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima
ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em
regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;

25
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de
regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou,
ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
O reincidente só vai para o regime fechado, em tese.
Súmula 269 do STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos
reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judicias.”
Conforme a súmula 269 do STJ, pode ser fixado regime inicial semiaberto ao
reincidente se a pena for de até 04 anos e se forem favoráveis as circunstâncias
judiciais.
Conforme o §3º do art. 33, pode ser fixado regime inicial mais gravoso do que o
indicado pela pena se as circunstâncias judiciais forem desfavoráveis.
Para fixar o regime mais gravoso, deve haver fundamentação concreta conforme as
súmulas 440 do STJ, 718 e 719 do STF.
Art. 387, CPP: detração da pena
§ 2o O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no
Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime
inicial de pena privativa de liberdade.
Ao fixar o regime o juiz deve observar a detração do art. 387, § 2º, do CPP.
Obs: a previsão de regime inicial fechado obrigatório da lei de crimes hediondos é
tida como inconstitucional, fere o princípio de individualização da pena.
Se o crime é apenado com detenção é inviável o regime inicial fechado.

Substituição da pena (art. 44 do CP)


Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime
não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que
seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;

26
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por
multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por
duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde
que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a
reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva
de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o
juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se
for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
Requisitos:
1. Crime sem violência ou grave ameaça
2. Pena de até 4 anos ou qualquer pena para crime culposo
3. Não ser reincidente específico em crime doloso
4. Circunstâncias judiciais favoráveis
Conforme o §2º do art. 44, se a pena aplicada for de até 01 ano, a substituição será
por UMA RESTRITIVA OU MULTA, só podendo haver cumulação se a condenação
for superior a um ano.

Suspensão condicional da pena


Art. 77 do CP:
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício.
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.

27
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos,
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior
de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (sursis
etário e humanitário)
Requisitos da suspensão:
1. Pena privativa de liberdade não superior a dois anos.
2. Não ser cabível a substituição do art. 44, CP.
3. Não ser reincidente em crime doloso (se a condenação pelo crime anterior for
a pena de multa caberá a suspensão conforme §1º do art. 77)
4. Circunstâncias favoráveis
Obs: conforme o §2º do art. 77, caberá a suspensão da pena para uma pena de até
04 anos por questões etárias ou humanitárias.

Memoriais
Oferecimento da denúncia/queixa -> juiz recebe/rejeita -> recebida, é ordenada a
citação do acusado -> apresentar em 10 dias a RA -> designada a audiência de
instrução e julgamento -> art. 400, CPP (ouve o ofendido, testemunhas da
acusação, testemunhas de defesa, peritos, acareação, reconhecimento de pessoas
ou objetos, interrogatório) -> alegações finais na forma oral (primeiro a acusação em
20 min prorrogáveis por mais 10; depois a defesa no mesmo prazo) -> sentença.
Pode haver a substituição das alegações finais na forma escrita, que é chamado de
memoriais. Os memoriais vêm ANTES da sentença.
Geralmente o enunciado vem assim: “encerrada a instrução, a acusação se
manifestou requerendo a condenação, intimado, apresente a peça cabível”.
Previsão legal:
Art. 403, §3º, CPP (é o que a OAB sempre cobrou)
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão
oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela
acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir,
sentença.
§ 3o O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de
acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a
apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir
a sentença.
Art. 404, parágrafo único:

28
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a
requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais.
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes
apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por
memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença.
Prazo para apresentar memoriais: 05 dias sucessivos (primeiro corre 5 dias para
a acusação e depois que a acusação apresenta, 5 dias para a defesa)
Os memoriais são uma petição simples, será peça única, endereçada ao juiz de 1º
grau para quem foi apresentada a RA.
Preâmbulo: cliente (pode ser da acusação ou defesa), qualificação, advogado, juiz,
verbo, peça (ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS), fundamento.
Estrutura da peça

___________________________________________________________________
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE ...

Cliente já qualificado nos autos da ação penal nº ..., por seu advogado
que esta subscreve, vem, perante Vossa Excelência, apresentar Alegações
finais sob a forma de memoriais, com fulcro no art. 403, §3º, do Código de
Processo Penal, pelos motivos doravante apresentados.

I- DOS FATOS

II- DO DIREITO
TESES DO DIREITO

29
1) primeira tese, se houver, a nulidade. Sempre com fundamento no art. 564
do CPP, combinado com fundamento constitucional
2) tese de extinção da punibilidade (art. 107, CP)
3) tese de mérito principal, que levaria a absolvição. (falta de tipicidade,
licitude ou culpabilidade, existência de escusas absolutórias, falta de provas)
4) tese de mérito subsidiária (para caso ocorra condenação):
 Desclassificação
 Aplicação da pena: solicitar a pena base no patamar mínimo legal;
afastamento de agravante, reconhecimento das atenuantes; afastamento das
causas de aumento e reconhecimento de causas de diminuição; regime
inicial melhor possível dentre aqueles previstos em leis; substituição da pena
privativa de liberdade por restritivas de direito (art. 44, CP); quando não
couber restritiva, ver se cabe suspensão condicional da pena.
III- DO PEDIDO
TESES DO PEDIDO
Tese de nulidade alegada: requer anulação do processo ab intio (ou a partir de
certo ponto), com fundamento no art. 564, Ia IV do CPP.
Tese de extinção da punibilidade: requer que seja declarada a extinção da
punibilidade em razão da (prescrição, decadência, perempção) com fundamento
no art. 107 do CP. (obs: em regra, a tese de extinção da punibilidade enseja o
pedido de “declaração da extinção da punibilidade, em razão de ..., com
fundamento no art. 107, inciso ..., do CP. Exceção: a RA é a única peça em que
a tese de extinção da punibilidade gera o pedido de absolvição sumária do art.
397, IV, do CPP).
Tese de mérito principal alegada: requer a absolvição do acusado com
fundamento no art. 386, incisos I a VII, do CPP. Obs: nos memoriais e peças
subsequentes, o pedido de absolvição passa a ser fundamentado no art. 386 do
CPP, apenas na RA é utilizada a absolvição sumária do art. 397 do CPP.
Tese de desclassificação: caso seja condenado, requer a desclassificação para
o crime ...
Final do pedido: requer ainda que não seja fixado valor de reparação civil em
favor da vítima (se não houve prejuízo ou se já foi reparado) e, se o for, seja o
menor montante (art. 387, IV, CPP), bem como seja reconhecido o direito de o
acusado recorrer em liberdade (art. 387, §1º, CPP)
Termos em que,
Pede deferimento,

30
Local ..., data ...
Advogado ... OAB nº ...
ATENÇÃO: SE TIVER PELA ACUSAÇÃO NA AÇÃO PENAL PRIVADA,
PEDE A CONDENAÇÃO TAMBÉM, POIS SE NÃO PEDIR SERÁ EXTINTA A
PUNIBILIDADE PELA PEREMPÇÃO (ART. 60, III, CPP).

Apelação
Art. 593 e segs, CPP.
Processamento da apelação
Sentença -> interposição da apelação (art. 593) -> juiz recebe a apelação ->
intima a parte para oferecer razões (art. 600) -> volta ao juiz -> juiz intima a parte
para oferecer contrarrazões (art. 600) -> volta ao juiz -> sobe ao Tribunal.
Possibilidades
A) interposição + razões
B) petição de juntada + razões
C) petição de juntada + contrarrazões
1) Cabimento da apelação
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz
singular; Exceção: crime político, previsto na Lei de Segurança Nacional. Da
sentença que julga o crime político cabe recurso ordinário constitucional ao STF (art.
102, II, CF).
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular
nos casos não previstos no Capítulo anterior; cabível quando:
 Da decisão que decreta o sequestro de bens (art. 125, CPP)
 Da decisão que indeferir o pedido de levantamento do sequestro (art. 131,
CPP)
 Da decisão do juiz que julga a restituição de coisa apreendida
Legitimidade da apelação do art. 593, I, CPP
A) Ministério Público
B) a defesa (defesa técnica e o próprio acusado)
C) art. 598, CPP: Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz
singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no
prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que

31
não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá,
porém, efeito suspensivo.
O ofendido pode recorrer para aumentar a pena, mas sempre em caso de
inércia do Promotor.
Fundamento legal
A) apelante pela acusação em ação penal privada
 Interposição + razões (art. 593, I): se o enunciado disser que foi intimado da
sentença
 Petição de juntada + razões (art. 600): se o enunciado disser que o recurso
já foi interposto
B) apelante pela defesa
 Interposição + razões (art. 593, I)
 Petição de juntada + razões (art. 600)
C) assistente da acusação
 Interposição + razões (art. 593, I c.c. 598)
 Petição de juntada + razões (art. 600 c.c. 598)
D) recorrido
 Petição de juntada + contrarrazões (art. 600)
Forma da peça
1. Interposição

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca


de ...

Gustavo J., já qualificado nos autos da ação penal nº ... que lhe move a
Justiça Pública por seu advogado que esta subscreve (se o enunciado disser
que acabou de ser procurado pela família, precisa de procuração, caso contrário
não) vem, respeitosamente, dentro do prazo legal, interpor recurso de apelação
com fundamento no art. 593, I, do CPP. (pode ser outro inciso)

32
Ante o exposto, requer seja recebida e processada a presente apelação e
encaminhada com as inclusas razões ao Egrégio Tribunal pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ....
OAB nº ...
2. Petição de juntada
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ... Vara Criminal da Comarca de
...

Gustavo J., por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, dentro do prazo legal, requerer a juntada das inclusas
razões de apelação com fundamento no art. 600, CPP.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ....
Advogado ...
OAB ...
3. Razões
Razões de Apelação
Ref. Processo nº ...
Apelante ...
Apelado ... Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Douto Procurador de Justiça

33
Em que pese o notável saber jurídico do Meritíssimo Juiz “a quo”, impõe-
se a reforma da sentença, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
I- Dos Fatos
.
.
.
II- Do Direito

III- Do Pedido
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o recurso para que se
reforme a sentença a fim de ... (absolver, desclassificar, etc), como medida de
justiça.
Termos em que,
Pede provimento.
Local ... e data ...
Advogado ...
OAB nº ...
Prazo
Como regra, se utiliza o prazo da interposição: 05 dias.
Atenção:
Se estiver pelo assistente de acusação, a interposição pode ser:
 Habilitado (com advogado): prazo de 05 dias
 Não habilitado: prazo de 15 dias (art. 598).
O assistente somente pode apelar em caso de inércia do MP.
Exceção:
No JECRIM o prazo é de 10 dias (art. 82, da Lei 9.099/95).
Se o recurso já tiver sido interposto, o prazo é de 08 dias para a petição de
juntada.
Termo inicial do prazo:

34
A) se for petição de juntada + razões: data da intimação
B) se interposição como assistente de acusação: art. 598, parágrafo único:
O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia em
que terminar o do Ministério Público.
C) interposição quando estiver pela defesa: “a defesa foi intimida no dia X” -
considera essa data.
“o advogado foi intimado da sentença no dia X e o réu no dia Y”: o termo inicial é
sempre o do que foi intimado por último.
Prazo na prova:
1) o enunciado dá uma data em que não dá pra saber o dia da semana:
ignora o dia da semana e conta corrido normal.
2) o enunciado fala o dia da semana: precisa considerar isso e fazer o
calendário. Se for intimado na sexta, começa a contar o prazo na segunda.
Teses e pedidos:
1. Contrarrazões
Que não seja conhecido o recurso ou, subsidiariamente, que seja improvido.
Não conhecimento: MP apresentou fora do prazo.
Geralmente está dentro do prazo, então só pede o improvimento.
Teses da CR:
Listar os pedidos do recorrente e contra argumentar.
2. Razões
Tudo que se alega nos memoriais pode alegar na apelação.
Ex.: de pedido: Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente
recurso e, então, que seja declarada a nulidade “ab initio” do processo com
fulcro no art. 564, I, CPP, remetendo os autos para (Justiça Federal,
Estadual,etc).... Subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento, que seja
reformada a sentença com a absolvição do réu nos termos do art. 386, III, CPP,
cmj.
Ex.: de pedido: Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente
recurso e, então, que seja declarada a nulidade do processo a partir da citação,
com fundamento no art. 564, IV, CPP, remetendo os autos para a ...
Subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento, que seja reformada a
sentença com a absolvição do réu por falta de provas para embasar o édito
condenatório, com fulcro no art. 386, VII, CPP. Caso a tese anterior não seja

35
acolhida, requer a fixação da pena no mínimo legal, bem como, que seja fixado o
regime inicial aberto nos termos do art. 33, §2º, c, do CP, cmj.

Revisão Criminal
Do que se alega e pede dos memoriais para frente as teses são iguais.
Entra na categoria de petição inicial, portanto, se é necessário fazer a
qualificação completa da parte; juntar a procuração; peça única; não tem prazo
para ser proposta.
Somente cabe após o trânsito em julgado da condenação (ou porque ninguém
recorreu ou porque se esgotaram todos os meios recursais).
É como se fosse a “ação rescisória” do Processo Civil.
Frase que equivalem ao trânsito em julgado:
 Intimadas da sentença condenatória, as partes não recorreram no prazo
legal;
 Intimadas as partes, o prazo recursal escoou “in albis”
A revisão não pode ser presumida, somente se sabe que ela existe houver
dados que permitam entender que teve o trânsito em julgado.
A revisão criminal no Brasil só existe para a defesa, existindo somente “pro réu”,
nesse caso, o cliente será sempre o condenado. Inexiste no país a denominada
revisão “pro societate”.
OBS:
O próprio art. 621 do CPP diz que o cabimento da revisão é apenas para o
acusado: Não cabe revisão contra absolvição do réu.
Exceto quando houver absolvição imprópria do doente mental, quando o juiz
absolver de pena, mas aplicar medida de segurança. Embora não seja pena, a
medida de segurança é uma sanção (conteúdo condenatório em “embalagem”
absolutória). Portanto, é a única decisão absolutória que admite revisão criminal,
por ter um conteúdo condenatório revestido de absolvição. Requer a revisão
criminal por analogia a fim de a defesa obter uma absolvição própria, sem
qualquer sanção.
Se o réu for absolvido com trânsito em julgado, ele ficará assim para sempre.
Endereçamento
 Endereçada sempre ao presidente do Tribunal competente.
 Identificar onde ocorreu o trânsito em julgado:

36
a) ocorreu em 1º grau: propõe no TJ (se for Justiça do Estado) ou ao Tribunal
Regional Federal
b) ocorreu em Tribunal: propõe no mesmo Tribunal onde foi proferida a última
decisão e se deu o trânsito em julgado.
Estrutura da peça:
Opção 1: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ...
Opção 2: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DO
ESTADO DE ...
Opção 3: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (OU STF)
Preâmbulo
Cliente (condenado ou sucessores do CADI), qualificação completa, por
seu advogado (procuração anexa), vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, propor ação de Revisão Criminal, com fulcro no art. 621, inciso ..., do
Código de Processo Penal, pelos motivos de fatos e de direito doravante
apresentados.
Incisos para utilizar no preâmbulo:
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal
ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da
pena. Prova nova que de qualquer modo beneficia o condenado.
Nos memoriais em diante, a falta de provas gera absolvição. Pede o
desentranhamento, e então, faltará provas para a condenação.
I- DOS FATOS
...
II- DO DIREITO
Podem ser alegadas todas as teses estudadas em memoriais.

37
 Nulidade, se houver: sempre com fundamento no art. 564, CPP.
 Extinção da punibilidade: art. 107, CP.
 Teses de mérito principais que ensejariam a absolvição (falta de tipicidade,
ilicitude, culpabilidade; escusas absolutórias; falta de provas (entra a prova
ilícita)
 Subsidiárias: desclassificação; aplicação da pena
III- DO PEDIDO
Ante o exposto, requer a procedência do pedido de revisão criminal, nos termos do
art. 626 do CPP para ... (a anulação do processo com fulcro no art. 564, CPP; para
a declaração da extinção da punibilidade em razão de ...., com fulcro no art. 107,
CP; para que seja declarada a absolvição réu ... com fundamento no art. 386, CPP;
para a desclassificação para o crime tal, etc). Requer ainda, o reconhecimento do
direito à indenização por erro do judiciário, nos termos do art. 630, CPP, art. 5º,
LXXV, CF e art. 10 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (decreto
678/92)
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB nº ...
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma
justa indenização pelos prejuízos sofridos.
Vigora a proibição da reformatio in pejus.
Prova nova: se utilizará o incidente de produção antecipada de provas do
CPC.
Se utiliza os arts. 381/383 do CPC.
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a
verificação de certos fatos na pendência da ação;
II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou
outro meio adequado de solução de conflito;
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de
ação.

38
§ 1o O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por
finalidade apenas a realização de documentação e não a prática de atos de
apreensão.
§ 2o A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde
esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu.
§ 3o A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para
a ação que venha a ser proposta.
§ 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova
requerida em face da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal
se, na localidade, não houver vara federal.
§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a
existência de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter
contencioso, que exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que justificam a
necessidade de antecipação da prova e mencionará com precisão os fatos sobre os
quais a prova há de recair.
§ 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de
interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente
caráter contencioso.
§ 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato,
nem sobre as respectivas consequências jurídicas.
§ 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova no
mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, salvo se a sua
produção conjunta acarretar excessiva demora.
§ 4o Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo contra
decisão que indeferir totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente
originário.
Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 (um) mês para
extração de cópias e certidões pelos interessados.
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao promovente da
medida.
Jurisprudência do STJ: se a decisão condenatória for proferida no JECRIM se
propõe a revisão criminal na Turma Recursal.
Endereçamento:
EXECELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DA EGRÉGIA
TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPCEIAL CRIMINAL DA COMARCA DE ...

39
Recurso em Sentido Estrito
Cabimento
Só é cabível nas hipóteses previstas expressamente em lei se a decisão for
proferida pelo juiz de 1º grau.
Hipóteses tacitamente revogadas do rol do art. 581: XI, XII, XVII, XIX ao XXIV
Art. 581, CPP:
Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: essas
decisões têm que ser proferidas por juiz de 1º grau, caso contrário, não cabe o
RESE.
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
II - que concluir pela incompetência do juízo;
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
IV – que pronunciar o réu;
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante;
VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008)
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa
extintiva da punibilidade;
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; CABE AGRAVO
EM EXECUÇÃO
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
XVII - que decidir sobre a unificação de penas; CABE AGRAVO EM
EXECUÇÃO

40
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em
julgado; CABE AGRAVO EM EXECUÇÃO
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; CABE
AGRAVO EM EXECUÇÃO
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
CABE AGRAVO EM EXECUÇÃO
XXII - que revogar a medida de segurança; CABE AGRAVO EM EXECUÇÃO
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei
admita a revogação; CABE AGRAVO EM EXECUÇÃO
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. CABE
AGRAVO EM EXECUÇÃO

Principais hipóteses do art. 581:


Inciso I:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Diante de rejeição de denúncia ou queixa. Utilizado pela acusação. Neste caso, a
tese é de que a denúncia ou queixa preenchem os requisitos e devem ser
recebidas, formulando-se ao final o pedido de recebimento da inicial.
Exceção: se a rejeição da denúncia ou queixa for proferida pelo juiz do Juizado
Especial Criminal o recurso cabível é o de apelação, conforme art. 82 da Lei
9.099/95.
Quando a acusação ajuíza o RESE, a parte contrária é intimada para apresentar as
contrarrazões do RESE.
Conforme a súmula 707 do STF, o denunciado deve ser intimado para oferecer
contrarrazões a esse RESE, não sendo suficiente a nomeação de defensor dativo,
sob pena de nulidade.
Súmula 707, STF:
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões
ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de
defensor dativo.
A decisão do Tribunal que julga procedente o RESE, equivale ao recebimento da
denúncia ou queixa, salvo se a decisão recorrida for nula.
Ele recebe e manda o juiz seguir com o processo, conforme a súmula 709 do STF.
41
Súmula 709, STF:
Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
Não cabe o RESE da decisão que recebe a denúncia ou queixa, mas a
defesa pode valer-se do habeas corpus.
Inciso II
II - decisão que concluir pela incompetência do juízo;
Nesse caso a tese é de que o juiz é competente, com pedido de que seja
reconhecida a sua competência.
Incisos VIII e IX:
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa
extintiva da punibilidade;
São duas faces da mesma moeda, em um o juiz reconhece a extinção da
punibilidade e no outro não a reconhece.
Se a decisão for proferida pelo juiz da execução caberá agravo em execução.
Inciso X:
X - decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
Só é cabível o RESE se essa decisão for proferida por juiz de primeiro grau.
Conforme o art. 574, inciso I, contra decisão do juiz que concede HC cabe
recurso de ofício, mas isso não impede a interposição do RESE.
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos,
em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;
OBS: Se o HC for denegado por Tribunal, cabe Recurso Ordinário Constitucional.
Inciso XV:
XV - decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta;
Nesse caso, o recurso é cabível contra a decisão do juiz de primeiro grau que
não recebe ou não processa a apelação interposta. O objeto desse RESE é o
preenchimento dos requisitos de admissibilidade da apelação, com pedido de que
ela seja recebida e processada.

42
Se o RESE ou o agravo não forem admitidos, cabe a carta testemunhável (art.
639 ao 646, CPP).
Código de Trânsito Brasileiro
Cabe RESE contra a decisão do juiz que decreta ou denega a medida cautelar
de suspensão da habilitação (art. 294, parágrafo único, CTB).
OBS: se o enunciado narrar que a parte é intimada da prolação da decisão, deve
ser feita a interposição do recurso com as suas razões. De outro lado, se o
enunciado narrar que o recurso já foi interposto e que a parte é intimada para dar
continuidade, o caso é de juntada das razões, com fundamento no art. 588 do CPP.
Competência
O RESE tem competência dupla.
A interposição/petição de juntada para o juiz que proferiu a decisão.
As razões são direcionadas ao Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal.
Juízo de retratação (art. 589, CPP)
Apresentadas as razões e contrarrazões do RESE, o juiz exercerá o juízo de
retratação.
Se o juiz mantiver a decisão, o caso será remetido o Tribunal para julgamento
do recurso.
Se o juiz reformar a decisão e dessa nova decisão couber o RESE, ao invés da
parte interpor o recurso, ela pode fazer petição simples requerendo a remessa dos
autos ao Tribunal para julgamento da questão.
Este juízo de retratação deve ser mencionado na petição de interposição.
Também há juízo de retratação nos recursos de agravo em execução e carta
testemunhável.
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao
juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando
instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por
simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo
mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados,
subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
Prazo
 Caso de interposição + razões: 5 dias (Art. 586. O recurso voluntário poderá
ser interposto no prazo de cinco dia)

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 Caso de petição de juntada + razões: 2 dias (Art. 588. Dentro de dois dias,
contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o
traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em
seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo)
Assistente de acusação
Pode recorrer de forma supletiva nos termos do art. 584, §1º, CPP. Se ainda
não for habilitado, deve-se requerer a habilitação no próprio preâmbulo com
fundamento no art. 268, CPP.
Se não estiver habilitado, segue-se a previsão do parágrafo único do art. 598,
CPP.
Contrarrazões
Serão feitas contrarrazões de RESE se o enunciado narrar que a parte
contrária interpôs o recurso e o advogado é intimado para se manifestar a respeito.
Devem ser apresentadas na forma de petição de juntada ao juiz que proferiu a
decisão com as razões ao Tribunal competente, fundamentando-se o preâmbulo no
art. 588 do CPP.
Deve-se rebater o recurso da parte contrária, requerendo-se não seja
conhecido e/ou não seja provido, confirmando-se a decisão proferida.
Prazo de 2 dias a partir da intimação.
Modelo de interposição
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE ...

Cliente, já qualificado dos autos da ação penal nº ..., que lhe move a Justiça
Pública, por seu advogado que esta subscreve, inconformado com a respeitável
decisão, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência interpor Recurso
em Sentido Estrito, com fundamento n art. 581, inciso ..., do Código de Processo
Penal.
Requer seja recebido e processado o presente recurso, e após as
contrarrazões, seja realizado o juízo de retratação do art. 589 do CPP, e caso o
entendimento seja pela manutenção da decisão, requer o encaminhamento dos
autos ao Egrégio Tribunal.

44
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB nº ...

RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


Processo nº ...
Recorrente: Cliente
Recorrido: Ministério Público

Egrégio Tribunal X
Colenda Câmara (TJ)/Turma (turma no caso de
TRF)
Doutor Procurador de Justiça

Em que pese o notável saber jurídico do Meritíssimo juiz “a quo”....


I- DOS FATOS
.
.
.
II- DO DIREITO
.
.
.
III- DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso para ...

45
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB nº ...
Em caso juntada no preâmbulo coloca: vem requerer a juntada das inclusas
razões com fulcro no art. 588, CPP...

Procedimento do Júri I
Primeira fase
É o direito fundamental de ser julgado pelos pares. O direito ao julgamento no
júri também é uma forma e garantir ao cidadão a participação democrática no poder
judiciário, na função jurisdicional.
Princípios constitucionais do júri - art. 5º, XXXVIII, CF
1. Plenitude de defesa:
É mais intensa que a ampla defesa e pode atuar na intima convicção do jurado
permitindo argumentos emocionais, sociais ou de política criminal para a
absolvição. A plenitude da defesa maximiza todos os princípios relacionados a
ampla defesa.
Por fim, a plenitude da defesa impõe a dissolução do conselho de sentença se o
julgador perceber que o réu está indefeso.
2. Sigilo das votações
O sigilo impõe a incomunicabilidade dos jurados. A legislação foi alterada para
encerrar a votação no quarto voto com o mesmo sentido, fortalecendo o sigilo.
É esse sigilo das votações que mantem a constitucionalidade da sala secreta,
mesmo diante da determinação constitucional da publicidade dos julgamentos.
3. Soberania dos vereditos
Em regra, o Tribunal não poderá reformar em grau de recurso a decisão dos
jurados, mas apenas o que foi decidido pelo juiz togado.
A soberania dos vereditos tem duas mitigações:
A) a possibilidade de submissão a um novo julgamento no caso de decisão
manifestamente contrária a prova dos autos.

46
B) é a controversa (dica: na OAB defender que sim) possibilidade de pedido
absolutório na revisão criminal, mesmo na condenação advinda do Tribunal do
Júri. Justificativa: a garantia d ser julgado pelos pares não pode prejudicar o
direito de liberdade de um réu inocente. Impedir o pedido absolutório na revisão
criminal no Júri poderia significar a perpetuidade de uma condenação
evidentemente injusta.
Dica prática, o pedido seria de absolvição com fundamento no art. 626 do
Código de Processo Penal c.c. o art. 386 OU subsidiariamente a submissão a
novo júri, nos termos do 593, §3º, CPP, sempre c.c. o art. 626, CPP.
4. Competência mínima para os crimes dolosos contra a vida
Art. 121 ao 126, CP.
O Código de Processo Penal ampliou a competência mínima acrescentando
também os crimes conexos.
Procedimento
1. Denúncia
São admissíveis 08 testemunhas na primeira fase
2. Citação
3. Resposta à acusação
Fundamentada no art. 406, §3º, CPP.
Polêmica: na resposta à acusação no procedimento do júri é possível um pedido
de absolvição sumária com base no art. 397, CPP?
1ª posição: não, pois já há uma absolvição sumária possível no final da primeira
fase do rito escalonado (art. 415, CPP). Não teria sentido uma segunda
possibilidade de absolvição sumária.
2ª posição: sim, é possível o emprego do art. 397, CPP, pois nos termos do art.
394, §4º, CPP, o disposto nos artigos 395 a 398 serão aplicados a todos os
procedimentos de primeiro grau. (essa é a tese defendida na OAB).
4. Réplica da acusação (art. 409, CPP)
Recebida a réplica, o juiz decide sobre os pontos levantados na resposta à
acusação e, se for o caso, designa a audiência de instrução e julgamento.
5. Audiência de instrução e julgamento
Obs: nos termos do art. 412, o procedimento da primeira fase deverá ser
encerrado em noventa dias.

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6. Ao final da primeira fase se tem quatro decisões possíveis, as decisões
são:
A) pronúncia (art. 413, CPP): ocorre quando há prova da materialidade e
indícios suficientes de autoria.
Excesso de linguagem: nos termos do art. 413, §1º, CPP, a fundamentação da
pronúncia deve ser limitada à indicação da materialidade do fato e os indícios
suficientes de autoria. O juiz não deve ir além disso para não influenciar os
jurados.
Polêmica: na pronúncia vigora o “in dubio pro societate”?
1ª posição: a dúvida sobre a culpa do réu deve ser interpretada a favor da
sociedade, com a pronúncia.
2ª posição do STF: não existe “in dubio pro societate” no processo penal, nem
mesmo na pronúncia (ARE 1067392). O STF esclareceu que não é investigada a
culpa do réu, mas sim a suficiência dos indícios de autoria e a dúvida sobre tal
suficiência deve ser resolvida pró réu.
B) impronúncia (art. 414, CPP)
Se o juiz não se convence da prova de materialidade ou da suficiência dos
indícios de autoria, deve impronunciar o réu (não existe absolvição por falta de
provas na primeira fase do júri). Nos termos do art. 414, parágrafo único,
enquanto não extinta a punibilidade, poderá ser formulada nova acusação, se
houver prova nova.
Obs: nem todo documento ou testemunha ainda não presente nos autos é prova
nova, é necessário que o novo elemento de prova seja capaz de alterar o
julgamento sobre fato relevante.
C) absolvição sumária (art. 415, CPP)
I- se provada a inexistência do fato;
II- provado não ser o réu autor ou partícipe do fato;
III- se o fato não constitui infração penal (atipicidade)
IV- se demonstrada causa de exclusão de crime ou isenção de pena
(excludentes de antijuridicidade ou de culpabilidade).
Obs: nos termos do art. 415, parágrafo único do CPP, no final da primeira fase o
juiz só poderá absolver impropriamente o réu se a inimputabilidade por doença
mental for a única tese defensiva. Dica: se apesar de outra tese defensiva o juiz
absolver impropriamente o réu, recurso deverá buscar em primeiro a outra tese e
subsidiariamente a pronúncia do acusado, para que o réu inimputável possa
sustentar sua inocência em plenário.

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D) desclassificação (art. 419, CPP)
Se reconhecida a incompetência do juízo pela desclassificação do fato para um
crime não doloso contra a vida.
Recursos
Absolvição sumária: apelação
Impronúncia: apelação
Pronúncia: RESE
Desclassificação: RESE
MACETE: decisões com vogal, recurso com vogal. Decisão com consoante,
recurso com consoante.
A apelação terá como base o art. 416 do CPP e o RESE de pronúncia é
fundamentado no art. 581, IV, CPP e contra a desclassificação o inciso II.
Memoriais do júri:
Mesma estrutura do rito ordinário e sumário.
Pedidos:
 Absolvição
 Impronúncia
Fundamento: 403, § 3º e 404, CPP

2ª Fase do Rito do Júri


É o chamado juízo da acusação.
Com a preclusão da pronúncia tem início a segunda fase do rito do júri. O
Tribunal do Júri é formado por 01 juiz togado e 25 jurados (art. 447, CPP).
Procedimento da 2ª Fase do Júri
1. Intimação das partes (art. 422, CPP)
Para que as partes arrolem testemunhas. O juiz que atua nessa fase é o juiz
presidente do Tribunal do Júri. Enquanto na primeira fase atua o juiz da vara
criminal do júri.
Podem arroladas nesta fase no máximo 05 testemunhas.
2. Saneamento do processo (art. 423, CPP)

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Nessa fase o juiz realiza diligências para sanar eventual nulidade e elabora um
relatório do processo.
3. Desaforamento (art. 427/428, CPP)
Cabe a qualquer momento durante a segunda fase do júri. É uma hipótese de
prorrogação de competência.
Hipóteses de desaforamento:
A) dúvida sobre a imparcialidade dos jurados. Caso problema envolva apenas
um jurado basta que ele seja recusado. Justifica-se o desaforamento se o
problema tiver uma dimensão maior.
B) risco a segurança do réu. A primeira medida é de requisitar reforço policial.
C) qualquer motivo de ordem pública.
D) se transcorrer mais de seis meses da preclusão da pronúncia sem o
julgamento.
Qualquer das partes pode requerer o desaforamento em qualquer das quatro
hipóteses. O juiz somente pode representar pelo desaforamento com base nas
três primeiras hipóteses.
O desaforamento é julgado por órgãos fracionários dos Tribunais de 2ª Instância
(TJ ou TRF).
Se a defesa não for ouvida, o desaforamento é nulo. Súmula 712 STF
É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência
do júri sem audiência da defesa.
4. Convocação do júri
São sorteados os 25 jurados.
5. Sessão de julgamento
5.1. instalação
 Chamada dos jurados (art. 463, CPP): tem o objetivo de verificar se foi
atingido o “quorum” mínimo para instalar a sessão (15 jurados). se o juiz
instalar a sessão com menos de 15 jurados haverá nulidade. A nulidade
neste caso está fundamentada no art. 564, III, alínea “i”, CPP.
É possível o empréstimo de jurados de outra Comarca para completar o
“quoerum” mínimo?
1ª posição (STJ): não é possível, porque as partes têm o direito de conhecer
previamente os jurados. Posição que deve ser adotada na prova.

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2ª posição: não há nulidade no empréstimo de jurados. Porque não haveria
prejuízo ao réu.
 Ausência e suas consequências:
Se o réu não comparece (art. 457, CPP):
Se o réu estiver solto e a ausência for justificada, o julgamento será adiado.
Se o réu estiver solto e a ausência for injustificada, o julgamento ocorre
normalmente.
Se o réu estiver preso, o Estado tem que conduzi-lo até o julgamento, se ele não
for conduzido, o julgamento será adiado.
Se o réu estiver preso e não quiser ir ao julgamento, ele tem tal direito, desde
que faça o pedido por escrito em documento assinado por ele e seu advogado.
Ausência do defensor (art. 456, CPP)
Se o advogado não comparece, ainda que de forma injustificada, o julgamento
será adiado. Em havendo adiamento, nomeia-se defensor público ou defensor
dativo com no mínimo 10 dias de antecedência para assumir a defesa caso o
advogado constituído falte novamente.
5.2. Formação do Conselho
 Incomunicabilidade (art. 466, §1º, CPP)
Os jurados não podem manifestar opinião ou conversar. A quebra da
incomunicabilidade gera nulidade (art. 564, III, alínea “j”, CPP). A
incomunicabilidade começa quando o jurado é sorteado e dura até a prolação da
decisão.
 Sorteio
No momento do sorteio as partes podem oferecer as recusas que podem ser:
A) imotivadas: cada parte pode opor no máximo três.
B) motivadas: número ilimitado, servem para alegações relativas a impedimento
ou suspeição. Se as recusas forem tantas que sobrem menos que sete jurados
há o chamado estouro de urna e o julgamento deve ser adiado (art. 471, CPP).
5.3. Fase de instrução
Ordem de oitiva:
 Vítima
 Testemunha de acusação
 Testemunha de defesa

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 Interrogatório
É permitida a leitura de algumas peças (art. 473, §3º, CPP):
 Provas colhidas por precatória
 Provas cautelares
 Antecipadas
 Provas não repetíveis
5.4. Debates orais
Ordem:
 Acusação
 Defesa
 Réplica da acusação
 Tréplica da defesa
Cada aparte concedido gera três minutos de acréscimo no tempo da parte
contrária (art. 497, XII, CPP).
Para a prova sustentar que é possível inovar substancialmente a tese quando da
tréplica. Ex.: defesa que inicialmente pleiteava o relevante valor moral, mas na
tréplica sustentou a absolvição. Fundamenta-se tal raciocínio na plenitude de
defesa.
Art. 478, CPP
Trouxe alguns limites argumentativos.
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer
referências:
I – à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade
que beneficiem ou prejudiquem o acusado;
II – ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de
requerimento, em seu prejuízo.
Art. 479, CPP
Trata da exibição de objeto ou documento sobre a matéria de fato.
Qualquer documento ou objeto que verse sobre matéria fática só pode ser
apresentado em plenário se juntado ao menos com três dias de antecedência.
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a
exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima
de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.

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Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura de jornais ou
qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias,
laudos, quadros, croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar
sobre a matéria de fato submetida à apreciação e julgamento dos jurados.
Art. 480, §1º, CPP.
Se houver dúvida do jurado, este questionará ao magistrado que o responderá
dando vista dos autos.
5.5. Julgamento
Os quesitos devem ser feitos de forma simples e em proposições afirmativas. O
ROL está previsto no art. 483, CPP.
Quesitos obrigatórios:
 Materialidade
 Autoria
 Genérico de absolvição (art. 483, III, CPP)
Faltando qualquer um desses quesitos há nulidade, súmula 156 do STF.
É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório.
Na hipótese de desclassificação, o próprio juiz presidente julga (art. 492, CPP).

Apelação da Segunda Fase do Júri


1. Cabimento
Todas as hipóteses estão no art. 593, III, do CPP.
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (não importa quando ocorreu a nulidade,
pode ser na primeira ou na segunda fase do júri)
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos
jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de
segurança; (argumentar que houve erro ou injustiça no tocante à pena ou MS)
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
O recurso pode ser fundamentado em mais de uma alínea.
2. Competência
(RECORRENTE) Petição de interposição + razões (interposição 593, III, CPP,
VERBO INTERPOR, PRAZO DE 05 DIAS) OU Juntada + razões (para juntada,
art. 600, CPP, VERBO APRESENTAR, PRAZO DE 08 DIAS)

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(RECORRIDO) Se for CR: juntada + razões, porque a outra parte já interpôs (art.
600, CPP).
3. Endereçamento
PETIÇÃO DE JUNTADA OU INTERPOSIÇÃO:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO ... TRIBUNAL
DO JÚRI DA COMARCA DE ...
RAZÕES:
EGRÉGIO TRIBUNAL
COLENDA CÂMARA
DOUTA PROCURADORIA DE JUSTIÇA
4. Teses e pedidos
 Alínea “a”: Nulidade: anulação que pode ser “ab initio” ou a partir de... (art.
564)
 Alínea “b”: ataca a decisão do juiz presidente, portanto, o Tribunal pode
retificar a decisão. (§1º)
 Alínea “c”: ataca a decisão do juiz presidente, portanto, o Tribunal pode
retificar (§2º).
 Alínea “d”: ataca a decisão dos jurados que é soberana, portanto, Tribunal
não pode mudar. Então pede anulação e submissão a novo julgamento (§3º)
Não pede absolvição, nem desclassificação, pede para haver submissão a novo
julgamento.

Linha do tempo da apelação


1. Sentença
2. Intimação da sentença
3. Interposição no prazo de 05 dias.
4. O juiz pode receber ou rejeitar a apelação
5. Se for recebida, tem a intimação do recorrente
6. Recorrente apresenta razões no prazo de 08 dias
7. Intimação do recorrido
8. Para apresentar contrarrazões no prazo de 08 dias
9. Envia para o TJ onde a apelação será submetida a um
julgamento.
10.Acórdão da apelação (desse acórdão pode caber: embargos de
declaração, embargos infringentes e recurso especial ou recurso
extraordinário.
Na OAB, se o problema disser que houve a intimação da sentença,
apresenta as razões junto com a interposição no prazo de 05 dias.
Fundamento: 593, CPP. “vem interpor”

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Se o problema disser que já houve a interposição, e que o juiz intimou
novamente o recorrente, apresenta a petição de juntada com as razões
no prazo de 08 dias. Fundamento: 600, CPP. “vem requerer a juntada”.
Se for recorrido, apresenta a petição de juntada com as contrarrazões
no prazo de 08 dias. Fundamento: 600, CPP.

Linha do tempo do RESE


1. Decisão
2. Intimação da decisão
3. Interposição em 05 dias
4. Juiz decide se recebe ou rejeita
5. Se receber, intimação do recorrente
6. Recorrente apresenta razões em 02 dias
7. Intimação do recorrido
8. Recorrido apresenta CR
9. Manda para o TJ, há um acórdão
10.Desse acórdão cabem embargos de declaração, embargos
infringentes, recurso especial ou extraordinário.
Intimação da decisão (2): Interposição + razões: prazo de 05 dias.
Fundamento 581.
Intimação da recorrente (5): petição de juntada +razões: prazo de 02
dias. Fundamento art. 588.
Intimação do recorrido (8): petição de juntada + contrarrazões: prazo de
02 dias. Fundamento 588.
Da decisão que rejeita o RESE, cabe CARTA TESTEMUNHÁVEL

Carta testemunhável
Cabimento
Fundamento: art. 639, CPP.
Identificação:
 Decisão do juiz de 1ª instância que denega ou nega seguimento a
recurso em sentido estrito ou agravo em execução.
Legitimidade
Parte que interpôs o RESE ou o agravo em execução.
Competência
A interposição desse recurso é para o escrivão.
As razões vão para o Tribunal de Justiça ou para o TRF.

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Prazo
48 horas (02 dias)
Teses e pedidos
A tese é simplesmente o cabimento do RESE ou do agravo.
Pedido: que seja recebido e processado o RESE ou agravo e que seja
julgado de “meritis”.
Grifar 639, 640 e 644.
Estrutura
ILUSTRÍSSIMO SENHOR ESCRIVÃO DIRETOR DO ... OFÍCIO
CRIMINAL DA COMARCA DE ...

Tício, já qualificado nos autos do processo crime nº ... que lhe


move a Justiça Pública, por seu advogado que essa subscreve, vem
mui respeitosamente, perante Vossa Senhoria requerer a extração de
Carta Testemunhável, com fulcro no art. 639 do Código de Processo
Penal.
Indica para traslado:
A) decisão que ensejou o recurso denegado ..
B) certidão de intimação da decisão ...
C) interposição e razões do recurso denegado
D) a decisão que denegou o recurso
E) certidão de intimação da decisão que denegou o recurso
Ante o exposto, requer seja extraída a presente carta
testemunhável, que seja realizado o juízo de retratação, com
fundamento no art. 589, CPP e, caso o Meritíssimo Juiz mantenha a
decisão, que seja encaminhada a carta com as inclusas razões, ao
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de ...
Termos em que,
Pede deferimento.
Local .. data ...
Advogado ...
OAB nº ...

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RAZÕES DE CARTA TESTEMUNHÁVEL
Testemunhante: cliente
Testemunhado:
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
Douto Procurador de Justiça

Em que pese o notável saber jurídico do Meritíssimo juiz “a quo”, impõe-se a


reforma da respeitável decisão, pelos fatos e motivos doravante apresentados.
I- DOS FATOS
II- DO DIREITO
III- DO PEDIDO
Ante o exposto requer seja conhecido e provido o presente recurso,
determinando-se o recebimento e processamento do recurso em sentido estrito, ou
que seja desde logo julgado “de meritis”, com fulcro no art. 644 do CPP.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB nº ...

Embargos infringentes
Só existem para a defesa.
Cabimento
Fundamento: art. 609, parágrafo único do CPP.
Identificação: quando houver um acórdão proferido em apelação, RESE, agravo
em execução, que seja desfavorável ao réu que tenha uma votação não unânime.
Obs: habeas corpus denegado pelo TJ, ainda que em votação não unânime, não
cabe embargos infringentes, somente ROC.
Legitimidade
A legitimidade para opor é somente o réu. É o único recurso exclusivo da defesa.

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Competência
Interposição: são dirigidos ao relator
Razões: se dirigem ao Tribunal de Justiça.
Prazo
10 dias
Teses e pedidos
A tese é limitada ao que foi reconhecido pelo voto vencido.
Pedido: é o que reconheceu o voto vencido.
Se o voto vencido tiver reconhecido nulidade chama-se embargos de nulidade.
Se o voto vencido tratar de qualquer outra matéria se chama embargos
infringentes.
Petição de interposição
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO
ACÓRDÃO Nº ... DA ... CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TROBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE ...

Cliente, já qualificado nos autos do processo crime nº ..., que lhe move a
justiça pública por seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente a
presença de Vossa Excelência opor embargos infringentes com fulcro no art.
609, parágrafo único do Código de Processo Penal.
Requer que seja recebido e processado o presente recurso com as
inclusas razões.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB nº ...

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Execução Penal
Princípios da Execução Penal
1. Princípio da Humanidade das penas
O condenado não perde sua dignidade.
A pena tem como objetivo a integração social do condenado (art. 1º, da Lei de
Execução Penal).

São proibidas penas desumanas (art. 5º, XLVII, CF).


 Morte: não existe pena de morte no Brasil, salvo em caso de guerra externa
declarada.
 Pena de caráter perpétuo. Nos termos do art. 75, §1º, do Código Penal,
denominamos unificação de penas o procedimento por meio do qual o juízo
das execuções penais limita a trinta anos a soma das penas que supera tal
valor. O pedido de unificação de penas será fundamentado no art. 76, III,
alínea “a” da LEP.
Observação: importante lembrar que a expressão “unificação de penas também
pode significar o reconhecimento tardio do crime continuado: se não foi possível
reconhecer o crime continuado na sentença condenatória pois os crimes foram
objeto de processos diferentes a única solução será o pedido ao juízo das
execuções, com base no art. 66, III, “a” da LEP.
SÚMULA 527, STJ.
 Trabalho forçado: é o imposto mediante grave constrangimento físico ou
mental e gratuito. É inconstitucional, no entanto, o trabalho pode ser
obrigatório (art. 39, V, LEP). O trabalho obrigatório é o imposto mediante
perda de benefícios e castigos não corporais.
 Pena de banimento: é a retirada forçada de um território.
 Pena cruel: é a que impõe intenso e ilegal sofrimento.
Sistema Progressivo
Progressão é a passagem de um regime mais grave para outro mais ameno. A
Súmula 491 do STJ proíbe a progressão por salto.
Requisitos da progressão
Art. 112 da LEP c.c. art. 2º da Lei de Crimes Hediondos.
1. Requisito temporal (objetivo)
 Nos crimes comuns é necessário o cumprimento de 1/6 da pena.

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 Nos crimes hediondos e equiparados (terrorismo, tráfico e tortura) é
necessário o cumprimento de 2/5 da pena, se o réu for primário. E 3/5 se o
réu for reincidente.
Observações:
 A súmula 715 do STF esclarece que os benefícios da execução penal serão
calculados com base na pena total aplicada e não na unificação em 30 anos.
 Toda reincidência é apta a elevar o requisito temporal para 3/5 na
condenação por crime hediondo. Não precisa ser reincidência específica.
 Na condenação por crime hediondo cumulada com crime comum os prazos
para a progressão devem ser calculados individualmente para cada crime e
depois somados.
 A súmula vinculante 26 STF e a súmula 471 do STJ esclarecem que os
marcos de 2/5 e 3/5 só serão exigidos nos crimes hediondos e equiparados
posteriores a 29 de março 2007. Os crimes hediondos anteriores admitem
progressão com o cumprimento de 1/6 da pena.
 O termo inicial para contagem do requisito temporal para a segunda
progressão será a data em que o condenado deveria ter recebido a primeira
progressão, pois os requisitos já estavam cumpridos, ainda que o juiz tenha
decidido em data posterior.
 Súmula 534 do STJ: a prática de falta grave interrompe a contagem de prazo
para progressão, ou seja, será desprezado o tempo de pena já cumprido e
reiniciada a contagem a partir da falta, tendo como base o que resta de pena
a cumprir.
 A súmula 441 do STJ pacificou que a prática de falta grave não interrompe a
contagem do prazo para o livramento condicional.
 A súmula 535 do STJ consolidou que a prática de falta grave não interrompe
a contagem do prazo para indulto e comutação. O indulto é o perdão do
presidente. Comutação é o perdão parcial.
 Na segunda progressão o cálculo da fração será feito com base na pena que
resta a cumprir.

2. Bom comportamento (requisito subjetivo)


Em regra, o bom comportamento será comprovado por atestado de conduta
carcerária firmado pelo diretor do estabelecimento.
Súmula 439 do STJ: o exame criminológico não está proibido, mas so será
admitido se o juiz fundamentar sua necessidade nas peculiaridades do caso
concreto.

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3. Nos termos do art. 33, §4º, do Código Penal, nos crimes contra a
Administração Pública progressão fica condicionada a reparação do
dano com acréscimos legais.
Remição
Está disciplinada nos artigos 126 e seguintes da LEP. A remição é o desconto
como pena cumprida por dias de trabalho ou estudo.
Nos termos do art. 127 da LEP a prática de falta grave impõe a perda de até um
1/3 dos dias remidos.
Remição pelo trabalho
Só é possível nos regimes fechado e semiaberto. A cada três dias de trabalho
ganha um de remição.
Remição pelo estudo
A remição pelo estudo é possível em qualquer regime e também no livramento
condicional. Ganhará um dia de remição para 12 horas de estudo, divididas em
ao menos três dias.
Recurso
Contra toda e qualquer decisão do juízo das execuções cabe AGRAVO EM
EXECUÇÃO.
Art. 197, LEP
O rito do agravo em execução será o mesmo do RESE. Com o mesmo
procedimento e prazo nos termos da súmula 700 do STF.
Peculiaridades do Agravo
 Será interposto perante o juízo das execuções.
 Constará: “vem interpor Agravo em Execução com fulcro no art. 197 da Lei
de Execução Penal.
 Caberá retratação com base no art. 589 do CPP.
 O recorrente será chamado de agravante.
 Prevalece nos Tribunais Superiores que no caso do art. 179 da LEP, o
agravo (do MP) tem efeito suspensivo. É o agravo contra decisão de
desinternação condicional na medida de segurança.
Medidas cautelares pessoais
(envolve a prisão e medidas cautelares diversas da prisão)
Atualmente passou-se a defender a existência de apenas duas espécies de
prisão cautelar.

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1. Prisão temporária (Lei 7960/89)
2. Prisão preventiva (art. 311 ao 316 do CPP)
ATENÇÃO: a prisão em flagrante é apenas uma pré cautela que se exaure com
a lavratura do auto e do envio em 24h ao magistrado, conforme art. 310 do CPP.

Estado de Flagrância (art. 302 do CPP)


A) Flagrante próprio (perfeito ou real)
Incisos I e II do art. 302, CPP.
O agente está cometendo a infração ou acabou de cometê-la.
B) Flagrante impróprio (imperfeito ou quase flagrante)
Inciso III do art. 302, CPP.
Acontece em decorrência de uma perseguição, logo após, pela autoridade ou
por qualquer pessoa, em situação que faça ser o autor.
O tempo de perseguição não importa, o que tem relevância é o momento de seu
início, bem como a sua continuidade.
C) Flagrante presumido (ou ficto)
Inciso IV do art. 302, CPP.
Nesse caso não há perseguição, mas o indivíduo é encontrado logo depois com
o objeto que faça presumir ser o autor da infração. Ex.: instrumento do crime,
produto do crime, etc.
Cuidado: qualquer pessoa pode realizar a prisão em flagrante (flagrante
facultativo); já a autoridade tem o dever de prender em flagrante, sob pena de
prevaricação (art. 301, CPP).
Procedimento após a lavratura do flagrante
 Comunicação do juiz em 24h;
 Envio de cópia integral à Defensoria em 24h;
 Entrega da nota de culpa em 24h (nome do condutor, das testemunhas,
motivo da prisão, assinatura da autoridade, a falta da entrega desse
documento leva ao relaxamento da prisão em flagrante.
 Também são obrigatórias a comunicação à família do preso ou qualquer
pessoa indicada por ele, bem como ao MP.
Possíveis atitudes por parte do juiz quando recebe o auto de prisão em
flagrante (art. 310 CPP)

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A) Relaxamento do flagrante em caso de prisão ilegal: demonstra que a
pessoa não estava em situação de flagrância delitiva.
B) Conceder liberdade provisória com ou sem fiança: trata-se de uma
medida de natureza cautelar que ocorrerá quando não for o caso de aplicação
de prisão preventiva.
C) Conceder liberdade provisória acoplada de medidas cautelares diversas
da prisão (art. 319, CPP).
D) Caso essas medidas cautelares diversas da prisão forem insuficientes
ou inadequadas, o juiz, em “ultima ratio”, decreta a prisão preventiva do
agente. O juiz deverá fundamentar a decretação da prisão preventiva sob
pena de nulidade.

Teoria geral das cautelares diversas da prisão (art. 282 e 283, CPP)
A) Afastamento do juiz do Inquérito Policial: em regra, o juiz não pode decretar
cautelares de ofício no IP, nos termos do art. 282, §2º, do CPP. Salvo as
hipóteses do art. 310 do CPP. Se o juiz fizer isso, surge a tese da nulidade do
art. 564, IV, CPP.
B) Contraditório prévio: como regra, o juiz precisa ouvir a parte contrária para
saber se vai decretar a prisão ou não (art. 282, §3º, CPP).
EXCEÇÕES:
 A primeira está no art. 282: urgência ou perigo de ineficácia da medida
 A segunda é o próprio flagrante.
C) A prisão preventiva é a última opção, nos termos do art. 282, §6º, CPP. Para
saber qual medida aplicar, o juiz deve observar o princípio da proporcionalidade
(art. 282, I e II, CPP).
Atenção: as medidas cautelares diversas da prisão estão no art. 319 do CPP,
que traz um rol taxativo.

Prisão temporária
É regulada pela lei 7.960/89.
Trata-se de medida cautelar aplicada durante a investigação.
Hipóteses de cabimento
I. Imprescindibilidade para a investigação ou
II. Acusado sem residência fixa ou de identificação duvidosa e

63
III. Fundadas razões de autoria e participação nos específicos crimes elencados
na lei
Conclusão: devem estar previstos I e III ou II e III.
Prazo
O prazo é de 05 dias, prorrogável por mais 05 dias em caso de extrema e
comprovada necessidade.
Por sua vez, nos crimes hediondos e equiparados, o prazo é de 30 dias
prorrogado por até igual período, em caso de extrema e comprovada
necessidade.
O juiz apenas pode prorrogar uma única vez e sempre de forma fundamentada.
Características da prisão temporária
 Somente pode ocorrer na fase do inquérito policial
 Somente decretada pelo juiz
 Nunca pode ser decretada de ofício
 Requerimento do Ministério Público ou representação da Autoridade Policial
Dicas práticas
Quando a prisão temporária for decretada pelo juiz em desfavor do indiciado que
cometeu o crime fora do rol taxativo previsto em lei, deve-se pedir o relaxamento
da prisão.
Por outro lado, se o juiz decreta a prisão temporária que não é imprescindível
para as investigações (crime que está no ROL taxativo), deve-se pedir a
revogação.

Prisão preventiva (art. 311 ao 316, CPP)


CUIDADO: sempre que houver pedido de revogação de prisão preventiva, deve
se utilizar o pedido subsidiário que consta no art. 321, CPP.
Pressupostos (art. 321, CPP)
 Indícios suficientes de autoria
 Prova da materialidade do crime
São pressupostos cumulativos.
Fundamentos da prisão preventiva (art. 312, CPP)
São alternativos, ou seja, basta a presença de apenas um deles.

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 Garantia da ordem pública: não é sinônimo de clamor público, na verdade
significa probabilidade de reiteração de condutas criminosas, devendo o juiz
fundamentar sua decisão de forma concreta, não havendo o que se falar em
alegações genéricas.
 Garantia da ordem econômica: aplica-se o mesmo raciocínio do fundamento
anterior.
 Conveniência da instrução criminal: sempre que o réu tenta modificar, de
maneira indevida, a produção probatória. Após produzida a prova, o réu
deverá ser solto.
 Assegurar a aplicação da lei penal: iminente fuga do agente do distrito da
culpa, inviabilizando a futura execução da pena.
 Descumprimento de medida cautelar: nesse caso o juiz pode substituir por
outra medida, impor outra medida cautelar cumulativamente e, em último
caso, decretar a prisão preventiva.
Dica prática:
O candidato, caso não concorde com um desses cinco fundamentos, deverá
pedir a revogação da prisão.
Caso não esteja presente um desses requisitos, deve-se requerer o relaxamento
da prisão.
Requisitos da prisão preventiva (art. 313 do CPP)
 Crime cuja pena máxima seja maior que 04 anos e dolosos;
 Reincidência em crime doloso;
 Violência doméstica;
 Investigado com identidade duvidosa
Deve estar presente um desses requisitos.
Obs:
Liberdade provisória sem fiança (art. 310, parágrafo único, CPP): quando ocorrer
uma excludente de ilicitude.
Liberdade provisória com fiança (321, 323 e 324, CPP).
Observações finais da prisão preventiva
A prisão preventiva pode ser decretada no inquérito ou no processo. Sempre
pelo juiz. Essa espécie de prisão somente pode ser decretada de ofício durante
o processo, mas não no inquérito. Salvo quando se tratar de delito em que incida
a Lei Maria da Penha
Pedido de revogação de prisão preventiva

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE ...

Cliente, nacionalidade, estado civil, profissão, residente e domiciliado na


Rua ..., por seu advogado que esta subscreve, conforme procuração anexa, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência requerer a revogação da
prisão preventiva com fulcro no art. 316 do CPP, pelas razões de fato e de direito
a seguir expostas.
I- DOS FATOS
Cliente foi preso preventivamente pela prática de crime de tentativa de
roubo, fundamentando-se a respeitada decisão judicial no fato de que tendo sido
detido na posse da “res”, havia indícios suficientes de autoria, sendo a prisão
decretada para assegurar a instrução criminal, pois o requerente não teria
comparecido a audiência de instrução e julgamento, prejudicando, assim, a
produção de prova, na medida em que impossibilitava o reconhecimento pessoal
por parte da vítima.
II- DO DIREITO
A prisão preventiva carece de amparo legal, conforme a seguir restará
demonstrado.
Diz o art. 312 do CPP que a prisão cautelar poderá decretada para a
garantia da ordem pública ou econômica, por conveniência da instrução criminal,
assegurar a aplicação da lei penal ou descumprimento de medida cautelar
diversa da prisão. Tudo isso desde que haja certeza da materialidade e indícios
firmes de autoria.
No entanto, após a realização do procedimento para reconhecimento de
pessoas e coisas, foi possível concluir que os fundamentos que ensejaram a
custódia cautelar desapareceram. A vítima afirmou, com certeza, que o acusado
não foi um dos roubadores, desaparecendo assim os referidos indícios de
autoria.
Dessa forma, ausentes os pressupostos legais, a segregação cautelar
arbitrária e deve ser revogada.
III-DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja revogada a prisão preventiva imposta ao
requerente, nos termos do art. 316 do CPP, ou, caso Vossa Excelência entenda

66
necessário, que seja concedida a liberdade provisória, nos termos do art. 321 do
CPP, aplicando-se, se for o caso, uma das medidas previstas no art. 319 do
CPP, expedindo-se o alvará de soltura.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB ...

Atenção:
A prisão preventiva segue a regra da cláusula “rebus sic stantibus” do art. 316,
CPP, ou seja, pode ser decretada, revogada e novamente decretada, quantas
vezes forem necessárias, dependendo da alteração do quadro fático que a
justifique.
Dicas finais aleatórias:
 Todo prazo que afeta o direito de punir é de natureza penal. Com efeito, o
prazo penal é contado da seguinte forma: conta-se o dia do começo e exclui
o do fim (art. 10, Código Penal). O prazo penal é fatal e improrrogável, em
outras palavras, caso o último dia caia no final de semana ou no feriado, não
se prorroga.
 Os três crimes contra a honra são os de injúria, difamação e calúnia. A injúria
(art. 140, CP) consiste em xingamentos ofensivos ou imputação de
qualidades negativas. A injúria praticada contra funcionário público em razão
de suas funções e como diferenciá-la do desacato? Enquanto a injúria é
praticada na ausência do funcionário público, o desacato é cometido na sua
presença. Exceção: injúria racial, art. 140, §3º, 1ª parte, CP. Não confundir
injúria racial com racismo (Lei 7716/89). Com efeito, enquanto a injúria racial
é endereçada à pessoa ou grupo de pessoas determinado. O racismo
engloba manifestações preconceituosas generalizadas ou segregação racial.
 A difamação consiste na imputação de um fato ofensivo à reputação da
vítima. Em regra geral, não é aceita a exceção da verdade na difamação
salvo se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de
suas funções.
 Calúnia: ocorre a imputação de um fato certo e determinado a alguém falso,
definido como crime ou delito. Caso haja imputação de contravenção penal, o
crime é de difamação.

67
Habeas corpus
Cabimento
Fundamentos: o habeas corpus é feito em petição única, fundamentada em duas
ordens de artigos diferentes: art. 5º, LXVIII, CF e art. 647 e 648, inciso ..., do
CPP.
Tem natureza jurídica de ação mandamental constitucional.
Tutela a lesão ou ameaça de lesão à liberdade de locomoção.
Verbo: impetrar.
Não se admite dilação probatória: a parte que impetra o HC tem que trazer,
desde já, a lesão ou ameaça à direito. Portanto, a prova deve ser pré constituída,
não sendo possível manejar o remédio com o objetivo de produzir.
Modalidades de HC:
 HC preventivo: é o que se dá em momento imediatamente anterior à prática
do ato ilegal. Nessa modalidade, o que se pede é um salvo conduto (art. 660,
§4º, CPP).
 HC liberatório: o ato ilegal já foi praticado. se o juiz já tiver decretado a
prisão, ainda que o cliente ainda não tenha sido preso, deve-se impetrar HC
liberatório porque, em tese, o ato ilegal da expedição do mandado já ocorreu.
O pedido aqui é o contramandado de prisão. Se estiver preso: alvará de
soltura.
Hipóteses de cabimento (art. 648, CPP)
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
Geralmente, trata de teses de mérito. Ex.: IP instaurado para apurar crime de
adultério. Como não se trata de crime, pede-se o trancamento do IP; o delegado de
polícia que instaura IP somente com base em denúncia anônima, nessa hipótese
deve-se pedir o trancamento do IP, uma vez que a denúncia anônima por si só não
pode gerar instauração de inquérito.
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
Trata do excesso de prazo na prisão. Aqui se fala essencialmente do caso de prisão
provisória, temporária e preventiva. Fundamenta no art. 5º, LXXVIII da CF (que fala
da duração razoável do processo).
Prisão temporária: somente pode ocorrer por 5 dias prorrogáveis por mais 5 (art. 2º,
Lei 7960/89= prazo para crimes comuns). Em caso de crimes hediondos ou
equiparados, o prazo é de 30 dias prorrogáveis por mais 30 (art. 2º, §4º, Lei
8072/90).

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Excesso de prazo = prisão ilegal = pedido de relaxamento de prisão e expedição de
alvará de soltura.
Excesso de prazo na prisão preventiva:
 A prisão preventiva não tem prazo
 Tem que observar há quanto tempo está preso
 Observar a pena em abstrato
 Fundamento: art. 282 do CPP para falar da proporcionalidade, o tempo da
prisão cautelar não pode ser maior que a pena em abstrato do crime.
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
Essa hipótese só se aplica para prisões decretadas na fase policial (onde só cabe
prisão temporária e preventiva). referida hipótese se aplica apenas para prisões
decretadas na fase policial (inquisitorial), temporária ou preventiva. Caso a decisão
seja proferida no bojo do processo, em verdade, haverá incompetência para todo o
feito e não apenas para a prisão e nessa situação o fundamento do HC será o art.
648, VI. Pede o relaxamento ou alvará de soltura.
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
Ex.: sujeito que foi preso porque havia risco de ameaçar testemunha, mas a
testemunha já foi ouvida, portanto, a prisão se torna desnecessária, ensejando o
pedido de revogação e alvará de soltura.
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
Art. 564, CPP.
VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 107, CP- trata das principais causas extintivas da punibilidade. Esse ROL é
exemplificativo, existem mais hipóteses de extinção da punibilidade. (ex.:
pagamento dos tributos nos crimes contra ordem tributária; reparação do dano no
peculato culposo antes da sentença irrecorrível 312, §3º, CP)
Não é cabível HC:
 Súmula 693 do STF: decisão que condena à pena de multa; quando se tratar
de infração penal que tem unicamente pena de multa.
Competência
Autoridade coatora Competência
Delegado Juiz de 1º grau
Particular Juiz de 1º grau
Juiz de 1º grau TJ ou TRF
Juiz do JECRIM Turma Recursal
Turma Recursal TJ ou TRF

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TJ STJ
STJ STF

Legitimidade
Paciente: aquele que está sofrendo a coação à liberdade de locomoção. Para
trancar IP que apura delito de pessoa jurídica a medida cabível é o mandado de
segurança;
Impetrante: aquele que impetra o HC.
Autoridade coatora: é aquela responsável pelo ato ilegal. A partir da autoridade
coatora, descubro quem é competente.
Prazo
Não há prazo.
Teses e pedidos
Ante o exposto requer a concessão da ordem para ....
Recurso ordinário constitucional
Cabimento
Pode ser para:
 STF, art. 102, alíneas, CF;
A) decisão denegatória de HC ou mandado de segurança em única instância por
Tribunal Superior.
B) do julgamento de crime político: prevalece na doutrina que crimes políticos
são aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei 7170/83). Substitui a
apelação quando há condenação ou absolvição na Justiça Federal. Segue o rito
e tem os mesmos prazos da apelação.
 STJ, art. 105, II, alínea, CF;
A) decisão denegatória proferida em única ou última instância envolvendo HC
por TJ/TRF. Em razão da expressão “última instância” entende-se que cabe
ROC da decisão que nega provimento a RESE interposto de decisão de 1ª
instância que denegou HC.
B) decisão denegatória em única instância envolvendo mandado de segurança.
Da decisão de primeira instância que concede ou denega HC cabe RESE.
Competência
Interposição: Presidente do Tribunal “a quo” (de origem).

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Razões: podem ir pro STF ou STJ. (Egrégia Turma)
Se o recurso for pro STJ usa o fundamento no art. 105, II, alínea ..., CF c.c. art. 30
da Lei 8038/90.
Caso seja para o STF o fundamento é o art. 102, II, alínea ..., CF c.c. Lei 8038/90.
Legitimidade
É o sujeito que teve a ordem denegada.
Prazo
Se denega HC o prazo é de 05 dias.
Se denega mandado de segurança o prazo é de 15 dias.
Teses e pedidos
Ante o exposto requer seja conhecido e provido, para que seja concedida a ordem a
fim de ...

Processo de Execução
Ao contrário do processo de conhecimento, não move através de peças
obrigatórias.
Tem duas principais peças:
 Pedido ao juiz da execução (como o pedido de progressão de regime)
 Decisão do juiz
 Pedido de livramento condicional (após cumprir 1/3 da pena)
 Decisão do juiz
De ambas as decisões cabem agravo em execução.

Recurso Especial e Recurso Extraordinário


Cabimento
Fundamento:
 Recurso Especial está no art. 105, III, alínea “a”, CF + art. 1029, CPC: ofensa
à Lei Federal.
 Recurso Extraordinário está no art. 102, III, alínea “a”, CF + art. 1029, CPC:
ofensa direta à CF. Somente se não houver violação a nenhum artigo de lei,
mas apenas à CF.
Identificação

71
 Tem que haver uma decisão de TJ/TRF/Turma Recursal ou STJ da qual não
caiba mais nenhum recurso.
Legitimidade
Qualquer das partes
Competência
Todos os recursos tem interposição e razões (excetos os embargos de
declaração).
Interposição: presidente do Tribunal “a quo”
Razões:
 REsp: STF
 RExt.: STF.
Prazo
15 dias
Teses e pedidos
Pode alegar qualquer tese relativa à questão legal ou constitucional violada.
Exemplo:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ...

Tício, já qualificados na ação penal nº ..., que lhe move a Justiça Pública,
por seu advogado que esta subscreve, vem, mui respeitosamente, perante
Vossa Excelência, interpor Recurso Extraordinário, com fulcro no art. 102, III,
“a”, CF c.c. art. 1029 do CPC.
Requer seja recebido e processado o presente recurso e remetido com as
inclusas razões para o Supremo Tribunal Federal.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ...

72
OAB nº ...

RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO


RECORRENTE: Tício
RECORRIDA: Justiça Pública
Proc. Nº ...
Supremo Tribunal Federal
Colenda Turma
Douta Procuradoria da República

I-DOS FATOS
Relatório do processo
II- DO CABIMENTO
O presente recurso é perfeitamente adequado a combater a decisão guerreada,
senão, vejamos. O artigo 102, III, alínea “a” prevê que é cabível o Recurso
Extraordinário quando for violado dispositivo constitucional. No caso em tela de
cisão que considerou a existência de inquéritos como maus antecedentes colide
frontalmente com o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII).
Dessarte deve ser admitido o recurso.
III- DA REPERCUSSÃO GERAL (Somente existe no Rext)
A questão constitucional apresenta manifesta repercussão geral, como a seguir
será demonstrado.
Segundo o art. 1035 do CPC haverá repercussão geral quando a solução da
controvérsia transcender os limites subjetivos da causa. No caso em tela, a questão
relativa à abrangência da presunção de inocência tem interesse jurídico geral.
Desta forma, preenchido também este requisito de admissibilidade.
IV- DO DIREITO
V- DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso .....
Termos em que,
Pede deferimento.

73
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB nº ...

PEÇA COMPETÊNCIA DA PEDIDO DA PEÇA DE


INTERPOSIÇÃO INTERPOSIÇÃO
Apelação Juiz a quo Recebimento e remessa
RESE Juiz a quo Recebimento, retratação e
remessa
Agravo em execução Juiz a quo (execução) Recebimento, retratação e
remessa
Carta testemunhável Escrivão Retratação e remessa
Embargos de declaração Não tem interposição
Embargos infringentes Relator Recebimento
Recurso Especial Juiz a quo Recebimento e remessa
Recurso Extraordinário Juiz a quo Recebimento e remessa
Agravo (1042 CPC) Presidente do Tribunal a Recebimento, retratação e
quo remessa
Rec. Ordinário Juiz a quo Recebimento e remessa
Constitucional

PEÇA NOMENCLATURAS
Apelação Apelante/Apelado
RESE Recorrente/Recorrido
Agravo em execução Agravante/Agravado
Carta testemunhável Testemunhante/Testemu
nhada
Embargos de declaração Embargante/ Embargado
Embargos infringentes Embargante/ Embargado
Recurso Especial Recorrente/Recorrido
Recurso Extraordinário Recorrente/Recorrido
Agravo (1042 CPC) Agravante/Agravado
Rec. Ordinário Recorrente/Recorrido
Constitucional

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Embargos de declaração
1. Fundamento legal
A) art. 382,CPP: utilizado para despacho, decisão, sentença.
B) art. 619, CPP: utilizado para o acórdão.
C) art. 83, Lei 9099/95: utilizado para sentença ou acórdão no JECRIM.
2. Cabimento, efeitos e prazo
CPP JECRIM
Obscuridade, contradição ou omissão Obscuridade, contradição ou omissão

Ambiguidade --------------
2 dias 5 dias
Interrompe o prazo recursal Interrompe o prazo recursal

Atenção:
 o cabimento é para defeito interno do ato
 Se houver mais de um réu, e apenas um deles opor embargos de declaração,
o prazo para recurso será interrompido para todos os réus.
 A função moderna dos embargos de declaração é permitir o
prequestionamento da matéria.

3. Forma
Os embargos de declaração são PEÇA ÚNICA.
EXECELENTISSÍMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO
ACÓRDÃO Nº ... DA ... CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE ...

Cliente, já qualificado na ação penal nº ..., por seu advogado que esta
subscreve vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência opor embargos
de declaração com fulcro no art. 619 do Código de Processo Penal (pode ser
outro), pelas razões de fato e de direito doravante apresentadas.
I- DOS FATOS
II- DO DIREITO

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III- DO PEDIDO
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso a fim
de que seja sanada ... (a omissão, contradição ou obscuridade), fixando-se a
pena no mínimo, como medida de justiça.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB nº ...

Queixa-crime
1. Generalidades sobre a ação penal privada
Modalidades:
 Ação penal privada propriamente dita
 Ação penal privada personalíssima: aquela em que não há sucessão
processual (Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o
outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento
anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § único: a ação penal
depende de queixa do contraente enganado)
 Ação penal privada subsidiária da pública: em caso de inércia do Ministério
Público, se tem 06 meses para propor a queixa-crime.
Princípios da ação penal privada
 Oportunidade: o ofendido não é obrigado a propor a queixa-crime
 Disponibilidade: o querelante pode desistir da ação penal.
 Indivisibilidade: a exclusão voluntária de um dos autores do crime é causa de
renúncia em relação a este extensível aos demais (art. 48, CPP).

Caso Danilo Gentili: a deputada que ofereceu queixa crime contra ele não
colocou as pessoas que compartilharam o vídeo no polo passivo. Há
jurisprudência que a “renúncia” face à essas pessoas são extensíveis ao
Danilo Gentili.

Requisitos da queixa-crime (art. 41 e 44, CPP)


 Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias.
Na peça prática, na fase dos fatos, deve-se copiar de forma resumida
a classificação do crime.

76
Como regra, não se admite a denúncia ou queixa genérica, salvo nos
crimes de autoria coletiva (por ex.: crimes societários).
 Qualificação do acusado (art. 41, CPP)
Qualificação do acusado ou elementos que permitam a sua identificação.
 Classificação do crime

 ROL de testemunhas, quando necessário.


No JECRIM não tem número máximo de testemunhas previsto em lei,
usa o do sumário que é 5.
 Procuração com poderes especiais
Poderes especiais significam que na procuração deve estar descrito o
fato. A procuração não precisa ter o fatos narrados de maneira
minuciosa. Se o querelante assina a queixa-crime junto com o advogado
está suprida eventual deficiência da procuração.

Estrutura da queixa-crime
Endereçamento (competência)
Raciocínio:
 Ver qual é o crime
 Ver se tem alguma qualificadora ou caso de aumento
 Verificar a competência
SEMPRE OLHAR O ART. 141, CPP.
Calúnia com causa de aumento de pena (art. 138 c.c. 141, CPP: SAI DO JECRIM).
OBS: a injúria racial já está naturalmente fora do JECRIM devido a sua pena (art.
140, §3°, CP).
Justiça Federal
Art. 109, V, CF:
 Crimes à distância + tratado: competência da JF.
 Tratados principais: tráfico de drogas, tráfico de pessoas, racismo,
pornografia infantil, etc.
Fundamento legal
 Art. 30, 41 e 44 do CPP c.c. art. 100, §2° do CP.
 Ação penal privada subsidiária da pública: art. 30 c.c 29 c.c 41 c.c. art. 44,
CPP c.c. art. 100, §3°,CP.

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Forma
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE ...

Juliana, brasileira, solteira, domiciliada a Rua ..., CPF ..., RG ...., por seu advogado
que esta subscreve (conforme procuração com poderes especiais em anexo doc. 1)
vem, mui respeitosamente, dentro do prazo legal perante Vossa Excelência oferecer
queixa-crime em face de ... , brasileiro, estado civil ...., com fundamento no artigo
30, 41 e 44, CPP c.c. art. 100, §2°, CP, pelas razões de fato e de direito doravante
apresentadas.
Segundo restou apurado, no dia .../.../... o querelado caluniou a querelante
imputando-lhe falsamente fato definido como crime na presença de várias pessoas
(art. 138 c.c. 141, ambos do Código Penal).
As testemunhas informam que o acusado disse que a autora comercializava
entorpecentes para sustentar seu modo de vida.
Fato esse ocorrido na sala de aula e, assim agindo, o fez na presença de várias
pessoas.
Destarte, cometeu o querelado o crime de calúnia (art. 138 do CP) com a causa de
aumento prevista no art. 141 do CP:
(Copiar artigos)
Ante o exposto, requer seja autuada a presente queixa-crime e que seja intimadas
as partes para a audiência de reconciliação (art. 520, CPP) e após, que seja
recebida a queixa-crime determinando-se a citação do réu para que se defenda (art.
396 e 396-A, CPP) e, ao final, que seja condenado como incurso nas penas do art.
138 c.c. 141, III, ambos do CP. Requer, ainda, a fixação do valor mínimo da
indenização nos termos do art. 387, IV do CPP e a condenação em custas e
honorários.
Requer, por fim, a intimação das testemunhas abaixo arroladas.
1. Nome, qualificação, endereço
2. Nome, qualificação, endereço
3. Nome, qualificação, endereço.
4. Nome, qualificação, endereço
5. Nome, qualificação, endereço
Termos em que,
Pede deferimento.

78
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB n° ...
Prazo
Prazo decadencial de 6 meses a contar do conhecimento da autoria. (Atenção aqui
o prazo é de direito material, inclui o início e exclui o fim).

Medidas assecuratórias no Processo Penal (art. 125 a 144-A, CPP)


Cautelares reais ou patrimoniais, pois incidem sobre um objeto, sobre uma “res”.
Buscam tais medidas assegurar a perda do produto do crime, a reparação de
danos, pagamento de despesas processuais e multas.
Têm grande relevância nos crimes de “colarinho branco”, crimes de lavagem de
capitais, dentre outros.
1. Sequestro (art. 125 a 132, CPP)
Podem ser objeto de sequestro bens imóveis e bens móveis. Os bens devem ter
sido adquiridos com os proventos da infração. Incide a medida sobre o produto
indireto da infração. Ex.: carro adquirido com dinheiro furtado.
Somente incide sobre bens de origem ilícita.
Existe no sequestro a referibilidade, ou seja, o bem sobre o qual incide o
sequestro, deve ter relação com o crime objeto do processo. Portanto, é
necessária a relação entre o bem a ser sequestrado e o crime objeto do inquérito
ou processo.
Sequestro de bens móveis x busca e apreensão
O sequestro incide sobre produto indireto da infração penal. Já a busca e
apreensão incide sobre o produto direto da infração, sobre o objeto material da
infração. Ex.: carro roubado é sujeito a busca e apreensão.
No caso de busca e apreensão se pede a restituição. Em caso de indeferimento
de restituição, se maneja apelação (593, II, CPP).
Requisitos do sequestro (art. 126, CPP)
 Indícios veementes da proveniência ilícita dos bens;
Momento (art. 127, CPP)
Tanto o inquérito quanto no processo.
Defesa cabíveis para afastar o sequestro

79
 Embargos do investigado/réu (art. 130, I, CPP): normalmente, o réu
sustentará a relação inexistente entre o bem adquirido e a infração.
 Embargos de terceiro de boa-fé (art. 130, II, CPP): terceiro que adquiriu o
bem de maneira onerosa, não pode ser um valor vil.
 Embargos de terceiro estranho ao processo (art. 129, CPP). Ex.: terceiro que
deixa o carro em consignação na concessionária de um traficante que utiliza
o local para lavar dinheiro.
Levantamento (art. 131 CPP)
1. Se não for ajuizada a ação penal no prazo de 60 dias a contar da conclusão
da diligência.
2. Se o terceiro para quem o bem tiver sido transferido prestar caução que
assegure a reparação do dano.
3. Se houver absolvição ou extinção da punibilidade por decisão transitada em
julgado.
Especialização e registro de hipoteca legal (art. 134, CPP)
Incide sobre bens imóveis. A hipoteca decorre de lei, de modo que se pede a
sua especificação, individualização e posterior registro. Após isso é que se dará
a hipoteca.
Finalidade
É assegurar a indenização .
Momento
Somente ocorre no processo.
Requisitos
 Certeza da infração
 Indícios suficientes de autoria
Defesas cabíveis
Não há previsão expressa, mas a doutrina aplica por analogia as hipóteses do
sequestro.
Cancelamento (art. 141, CPP)
Com o trânsito em julgado da decisão absolutória ou extintiva da punibilidade.
Arresto (art. 136 e seguintes)
Incide sobre bens imóveis ou móveis.
Existem duas espécies de arresto:

80
 Arresto de bens imóveis chamado de arresto prévio: nada mais é do que um
bloqueio genérico, medida preparatória da hipoteca legal. Bloqueia-se de
maneira genérica até a individualização.
 Arresto de bens móveis (subsidiário – art. 137, CPP): tem natureza
subsidiária, pois somente é cabível se não houver bens imóveis em valor
suficiente para garantir a indenização. Na execução, esse arresto é
convertido em penhora.
Momento do arresto
Inquérito ou processo.
Requisitos
 Certeza da infração
 Indícios suficientes da autoria
Levantamento
Arresto prévio: art. 136, CPP. Se não for promovida a hipoteca legal no prazo de 15
dias do início do processo.
Arresto subsidiário: art. 141, CPP. O levantamento ocorre com o trânsito em julgado
da absolvição ou da extinção da punibilidade.
Levantamento: revogação da cautelar, tira seus efeitos
Alienação antecipada de bens (art. 144-A)
Medida também prevista na Lei de Lavagem de Capitais.
Incide sobre bens sujeitos à qualquer grau de deterioração ou depreciação. Ou
quando houver dificuldade para sua manutenção. Serve para preservar o valor do
bem.
O bem será vendido em leilão e o dinheiro ficará em uma conta vinculada ao juízo,
se o réu for absolvido esse dinheiro voltará para ele.
Peculiaridades envolvendo a Lei de Drogas
Trata das medidas cautelares no art. 60 e seguintes da Lei 11.343/2006.
Essa lei permite a constrição do bem utilizado para a prática do tráfico.
Art. 61 e 62, §1°, da Lei de Drogas: bens usados na prática do tráfico serão
apreendidos sendo possível por meio de autorização judicial que esses bens sejam
usados para a prevenção e o combate ao tráfico de drogas.
Importante: quando se tratar de arma de fogo apreendida, quando não mais
interessar ao processo será encaminhada ao Comando do Exército, que as
destruirá ou doará aos órgãos de Segurança Pública ou às Forças Armadas.

81
Mandado de Segurança
Cabimento
É um remédio constitucional ou ação autônoma. Disciplinado na lei 12.016/09 e no
art. 5°, LXIX.
Serve para tutelar direito liquido e certo não amparado por habeas corpus.
Direito líquido e certo exige prova pré constituída. É demonstrável já na impetração.
Não se admite dilação probatória. Deve ser comprovado de plano.
Não é cabível Mandado de Segurança contra ato de particular, mas apenas quando
a autoridade coatora atuar em regime jurídico de Direito Público.
Hipóteses mais comuns:
 Quando a Autoridade Policial indefere pedido de vista do IP pelo advogado.
Súmula Vinculante 14. Também cabível a Reclamação ao STF por
descumprimento da Súmula.
 Quando se tratar de crime que apenas tem pena de multa.
 Ré Pessoa jurídica processada por crime ambiental.
Competência
Para saber a competência tem que identificar a autoridade coatora.
Autoridade policial coatora é competente o juízo de 1°grau.
Juiz de 1° grau coatora competente é o desembargador presidente do TJ/TRF
JECRIM coatora competente é a Turma Recursal
TJ/TRF/STJ/STF coatora é competente o Pleno ou o Órgão Especial desses
Tribunais.
Legitimidade
É o titular do direito líquido e certo. É necessária capacidade postulatória,
precisa de advogado.
Prazo
120 dias. Trata-se de um prazo decadencial. Contado da ciência do ato ilegal.
Teses e pedidos
Tese: ilegalidade do ato + violação do direito liquido e certo.
Pedido: requer seja concedida a ordem para..
Reclamação ao STF
Cabimento
82
Trata da reclamação ao STF por descumprimento a Súmula Vinculante.
Cabe da decisão judicial ou ato administrativo que contraria, nega vigência ou
aplica indevidamente Súmula Vinculante (art. 7° da Lei 11.417/06).
Fundamentos
Art. 103-A da CF e art. 7° da Lei 11.417/06.
Competência
Endereçada ao Ministro Presidente do STF.
Legitimidade
Parte que se prejudicou com o descumprimento da Súmula.
Prazo
Não há prazo para reclamação.
Teses e pedidos
Tese: descumprimento de Súmula Vinculante. Quando se tratar por
descumprimento de ato administrativo, deve-se demonstrar que houve o
esgotamento das vias administrativas.
Pedido:
 Se for decisão judicial: requer a cassação
 Se for ato administrativo: requer a anulação
No caso da Súmula vinculante 11 a própria súmula traz uma consequência
específica, qual seja a nulidade da prisão.

83
Prescrição I
Prescrição da pretensão punitiva Prescrição da pretensão executória
Dividida em duas modalidades: Consequência:
 Em abstrato Impede somente a execução da pena.
 Em concreto Mantem reincidência e maus
antecedentes.
Consequência:
Impede a prolação de sentença
condenatória ou revoga inteiramente os
seus efeitos.
Não há reincidência, nem maus
antecedentes.

Dica Prescrição
“ainda não há sentença transitada em Prescrição da pretensão punitiva em
julgado para a acusação” abstrato
(calculada com base na pena máxima)
“já há sentença transitada em julgado Prescrição da pretensão punitiva em
para a acusação” abstrato
ou
Prescrição da pretensão punitiva em
concreto (calculada de acordo com a
pena em concreto)

“já há sentença transitada em julgado Prescrição da pretensão punitiva em


para ambas as partes” abstrato
ou
Prescrição da pretensão punitiva em
concreto
ou
Prescrição da pretensão executória
(calculada com base na pena em
concreto)

Prescrição da pretensão punitiva em abstrato


1. Verificar a pena máxima para o crime
Obs: majorante ou minorantes: são consideradas, faz se a conta.
Ex.: pena máxima de 4 anos + 1/3 (causa de aumento) = Transforma 4 anos em
meses = 48 meses
48 meses dividido por 3 = 16 meses

84
4 anos + 16 meses = 5 anos e 4 meses.
Obs: concurso de crimes: não é considerado, verifica as penas dos crimes de
forma separada.
2. Transformar a pena em prescrição
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o
disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa
de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a
doze;
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a
oito;
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a
quatro;
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois;
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Prescrição das penas restritivas de direito
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos
previstos para as privativas de liberdade.
Como se considera a pena de multa?
Ela não é considerada para a prescrição.
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
aplicada.
Art. 28 da Lei 11.343/2006
Somente é cominada pena restritiva de direitos.
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas,
observado, no tocante à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes
do Código Penal.
3. Prescrição pela ½ (art. 115, CP):

85
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso
era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos.
Obs: vale mesmo para a prescrição em 02 anos da pena de multa e do art. 28 da
Lei de Drogas.
4. Intervalos
Somente quatro datas são relevantes:
A) data da consumação do crime (art. 111, CP).
B) O recebimento da denúncia é uma causa interruptiva (art. 117, CP), zera e
recomeça a contagem.
C) Publicação da sentença ou acórdão condenatório é uma causa interruptiva
(art. 117, CP), zera e recomeça a contagem.
D) Trânsito em julgado definitivo
Intervalo no júri
A) data da consumação do crime (art. 111, CP).
B) O recebimento da denúncia é uma causa interruptiva (art. 117, CP), zera e
recomeça a contagem.
C) Pronúncia, zera e recomeça a contagem.
D) Acórdão confirmatório da pronúncia, zera e recomeça a contagem.
E) Sentença, zera e recomeça a contagem.
F) Trânsito em julgado definitivo
Obs:
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a
correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos
neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18
(dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
Obs:
Art. 117 – que trata das causas interruptivas ”sentença ou acórdão condenatório”:

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A sentença ou acórdão absolutório NÃO interrompem o prazo prescricional.
O acórdão confirmatório da condenação interrompe o prazo:
 1ª posição: não, pois não há previsão legal (adotado na OAB).
 2ª posição: sim, pois é o mesmo que acórdão condenatório

Prescrição da pretensão punitiva em concreto


Leva-se em consideração a pena imposta na sentença condenatória, é essa a pena
que se coloca no art. 109 do CP para se obter o prazo prescricional.
É possível também a redução pela metade (art. 115, CP).
Pressupostos
 Deve haver uma condenação para se extrair a pena concreta que servirá de
parâmetro.
 Situação processual que impeça o aumento da pena: trânsito em julgado
para acusação ou recurso da acusação no qual não se busca o aumento da
pena. Nessas hipóteses não pode o Tribunal aumentar a pena pois incorreria
em reformatio in pejus. (art. 617, CPP).
Espécies de PPP em concreto
1. Prescrição da pretensão punitiva retroativa: ocorre em momento anterior a
sentença condenatória.
2. Prescrição de pretensão punitiva intercorrente/superveniente/subsequente:
ocorre em momento posterior a sentença condenatória.
Lei 12.234/2010: essa lei modificou a amplitude da prescrição retroativa, reduzindo
sua incidência. Referida lei não interferiu na prescrição em abstrato que pode
ocorrer a qualquer momento. Em razão dessa lei há dois regimes jurídicos:
A) fatos praticados até 05/05/2010: a prescrição retroativa pode ser contada a
qualquer momento antes da sentença. Entre o fato e o recebimento da denúncia e
entre o recebimento da denúncia e a sentença condenatória.
B) fatos praticados a partir de 06/05/2010: não há mais possibilidade de prescrição
retroativa entre a data do fato e o recebimento da denúncia, mas somente após o
recebimento.

Prescrição virtual/perspectiva/antecipada
Aplicava-se em casos nos quais o inquérito tramitava por longos anos e se
verificava pelas circunstâncias do fato e condições do investigado que eventual

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pena imposta muito provavelmente geraria prescrição. Nesses casos o MP
promovia o arquivamento do IP por falta de interesse de agir
Súmula 438 do STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da
existência ou sorte do processo penal.

Prescrição da pretensão executória


Premissa: trânsito em julgado para as partes.
Termo inicial (art. 112, I, CP): trânsito em julgado para a acusação (posição
pacífica do STJ).
Efeitos do reconhecimento da PPP: afasta todos os efeitos penais e extrapenais.
Afastando o cumprimento da pena (principal) e reincidência, maus antecedentes
(secundário). Também afasta a obrigação de reparar o dano (extrapenal).
Efeitos do reconhecimento da PPE: afasta apenas o efeito penal principal, ou seja,
somente afasta o cumprimento da pena.
Prazo da PPE:
1) Pena privativa de liberdade:
 Pena aplicada em concreto
 Jogar a pena aplicada no art. 109 do CP
 Reincidência aumenta o prazo da prescrição executória em 1/3. (Súmula 220,
STJ e art. 110, “in fine”, CP) Essa é a reincidência reconhecida na decisão da
sentença. Só haverá o aumento em 1/3 no caso de reincidência já
caracterizada no momento em que foi prolatada a sentença. A reincidência
deve ter sido expressamente declarada e reconhecida na sentença sob pena
de não gerar o aumento.
 Verificar o art. 115 do CP.
Regras específicas envolvendo prescrição
 Prescrição do art. 28 da Lei de Drogas se dá em 02 anos (art. 30, da Lei
11.343/2006)
 Prescrição de penas restritivas de direitos é o mesmo prazo da pena privativa
de liberdade (art. 118, CP).
Causas interruptivas relacionadas a PPE (art. 117, V e VI)
1) Início ou continuação do cumprimento da pena: corre a prescrição executória
enquanto estiver foragido.

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Art. 117, §2º, CP: Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V (Início ou
continuação do cumprimento da pena) deste artigo, todo o prazo começa a correr,
novamente, do dia da interrupção.
Nesta hipótese do inciso V, a prescrição interrompida começa a correr da data da
fuga. Na hipótese de fuga a prescrição é regulada pela pena que resta a cumprir
(art. 113 do CP).
Também no caso de revogação do livramento conta-se a prescrição pelo tempo que
resta a cumprir.
Art. 117, VI (reincidência): chamada de reincidência futura. Não é a mesma que
aumenta em 1/3. Por ex.: o sujeito está foragido e nessa condição pratica novo
crime de modo que essa causa interruptiva a pena será aplicada após o trânsito em
julgado por esse crime. Antes do trânsito em julgado não se aplica essa causa
interruptiva.
Revisão geral:
Fato típico: conduta (art. 13, §2º), nexo (art. 13, §1º), resultado e tipicidade (art.14 a
20)
Ilícito (art. 23 – consentimento do ofendido é reconhecido de maneira pacífica pela
doutrina)
Culpável: imputabilidade (art. 26 a 28); potencial consciência da ilicitude (art. 21) e
exigibilidade de conduta diversa (art. 22).

Processos incidentes
Questões prejudiciais
Trata-se de um ponto de direito material cuja decisão deve anteceder ao mérito
processo.
Questão prejudicial obrigatória (art. Questão prejudicial facultativa (art.
92, CPP) 93, CPP)
Existência do crime Existência do crime
Controvérsia séria e fundada Ação cível antecede a ação penal
Estado civil das pessoas Questão cível diversa da anterior
Suspende o processo e a prescrição até Suspende o processo e a prescrição
o trânsito em julgado da ação cível por prazo determinado

Incidente de insanidade mental (art. 149 a 154, CPP)


Trata-se de perícia pela qual se verifica se o indiciado ou acusado é inimputável ou
não. Somente o juiz determina a realização do incidente (art. 149, “caput”, CPP).

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Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do
curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este
submetido a exame médico-legal.
§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante
representação da autoridade policial ao juiz competente.
§ 2o O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando
suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que
possam ser prejudicadas pelo adiamento.
Procedimento
Nomeia o perito -> perito faz o laudo -> juiz homologa o laudo
Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos,
em estabelecimento adequado que o juiz designar.
§ 1o O exame não durará mais de quarenta e cinco dias, salvo se os peritos
demonstrarem a necessidade de maior prazo.
§ 2o Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar
sejam os autos entregues aos peritos, para facilitar o exame.
O prazo de 45 dias pode ser ultrapassado justificadamente. Caso seja injustificado,
é considerado abusivo. O STJ não admitiu que continuasse a pessoa internada por
mais de 02 anos sem término do incidente que já durava 01 ano e meio.
Da decisão que homologa o laudo não cabe recurso.
Inimputabilidade e processo
A) inimputável ao tempo do crime: é processado e se for comprovada a sua culpa,
ele receberá medida de segurança.
Súmula 527 STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve
ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
B) inimputável durante a execução da pena: neste caso, deve a pena ser convertida
em medida de segurança pelo restante da pena (art. 183, LEP)
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier
doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do
Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá
determinar a substituição da pena por medida de segurança.
C) inimputável após o cometimento do crime e antes da execução da pena (art. 152,
CPP)
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo
continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do art.
149.

90
§ 1o O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio
judiciário ou em outro estabelecimento adequado.
§ 2o O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado,
ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem
prestado depoimento sem a sua presença.
A prescrição NÃO ficará suspensa, por ausência de previsão legal.
Exceções
ROL das exceções - art. 95, CPP
Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de:
I - suspeição;
II - incompetência de juízo;
III - litispendência; (gera extinção do processo)
IV - ilegitimidade de parte;
V - coisa julgada. (gera extinção do processo)

Momento para apresentar exceções


Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário.
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste
Código.
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista
dos autos por 10 (dez) dias.
Ex.: Excelência há litispendência no presente caso. Com efeito observo que o
acusado já se encontra processado pelo mesmo falo na Comarca de Jarinú.
Preconiza o art. 110 do CPP estabelece que ...
Se cair em pergunta: diz que a peça cabível é a petição pugnando a exceção de
litispendência. Se cair na peça prática: faz a RA. A incompetência de juízo,
litispendência, ilegitimidade da parte e coisa julgada podem ser alegadas na
resposta á causação.

Exceção de suspeição
A) suspeição (art. 254)

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Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau,
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por
qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
B) impedimento (art. 252)
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do
Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como
testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de
direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

Forma da exceção
Petição simples
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE ...

Cliente, já qualificado na ação penal nº ... que lhe move a Justiça Pública, por
seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem, mui respeitosamente,
perante Vossa Excelência opor exceção de incompetência com fundamento no art.
95, II, do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito doravante
apresentadas.

92
I- DO FATO
II- DO DIREITO
III- DO PEDIDO
Ante o exposto requer, após a oitiva do Ministério Público, que seja acolhida
a presente exceção de incompetência, anulando-se “ab initio”o processo nos termos
do art. 564, II, do CPP, remetendo-se os autos para a Comarca de ..., como medida
de Justiça.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local ..., data ...
Advogado ...
OAB nº ...
Incidente de restituição de coisa apreendida (art. 118 a 124 do CPP)
Enquanto interessaram ao processo as coisas não serão restituídas.
Quem pode restituir?
A) delegado: caso o delegado não restitua o bem, caberá mando de segurança.
B) juiz: da decisão do juiz sobre a restituição de coisa apreendida caberá apelação
do art. 593, II, CPP. Quando houver dúvida sobre quem seja o real proprietário o juiz
criminal deve remeter as partes ao juízo cível. dessa decisão também caberá
apelação do art. 593, II, CPP.
Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas
não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.
Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não
poderão ser restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final,
salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade
policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao
direito do reclamante.
§ 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado,
assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só
o juiz criminal poderá decidir o incidente.
§ 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o
resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será
intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do
reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar.

93
§ 3o Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público.
§ 4o Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as
partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário
ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea.
§ 5o Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas
a leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as
detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade.
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os proventos da
infração, aplica-se o disposto no art. 133 e seu parágrafo.
Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos arts. 120 e 133, decorrido o prazo de
90 dias, após transitar em julgado a sentença condenatória, o juiz decretará, se for
caso, a perda, em favor da União, das coisas apreendidas (art. 74, II, a e b do
Código Penal) e ordenará que sejam vendidas em leilão público.
Parágrafo único. Do dinheiro apurado será recolhido ao Tesouro Nacional o
que não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no prazo
de 90 dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença final,
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados ou não
pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à disposição
do juízo de ausentes.
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da União for
decretada, e as coisas confiscadas, de acordo com o disposto no art. 100 do Código
Penal, serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver interesse na sua
conservação.

94
Exercícios de pedidos:
1) resposta acusação com as seguintes teses: nulidade por incompetência e
absolvição por atipicidade do fato.
Ante o exposto, requer seja anulado “ab initio” o processo, nos termos do art. 564, I,
do CPP, remetendo-se os autos ao juízo competente ou, caso não seja esse o
entendimento, que seja absolvido sumariamente, nos termos art. 397, III do CPP,
como medida de justiça.
2) memoriais do rito comum com nulidade “ab initio” por incompetência
Justiça Federal para Estadual. Tese de absolvição por fato inexistente.
Fixação da pena no mínimo legal e regime inicial semiaberto e substituição
por pena restritiva de direitos.
Ante o exposto, requer seja anulado “ab initio” o processo, nos termos do art. 564, I,
do CPP, remetendo-se os autos à Justiça Estadual ou, caso não seja esse o
entendimento, que seja julgado improcedente o pedido da acusação absolvendo-se
o acusado nos termos do art. 386, I, do CPP. Subsidiariamente, caso não seja o
entendimento, requer seja fixada a pena no patamar mínimo legal (art. 59 e
seguintes, CPP), a fim de que seja fixado o regime inicial semiaberto, nos termos do
art. 33, §2º, “b’, do CP, bem como, que seja substituída a pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos, com fulcro no art. 44 do CP, como medida de
justiça.
3) apelação com teses: nulidade por defeito na citação e absolvição por falta
de provas. (se for falta, vai no 564, III, CPP)
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso de apelação,
declarando-se a nulidade a partir da citação, com fundamento no art. 564, IV, do
CPP. Subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento, requer seja reformada
a sentença, absolvendo-se o apelante, com fulcro no art. 386, VII, do CPP, como
medida de justiça.
4) RESE de pronúncia, teses: nulidade por eloquência acusatória,
impronúncia, pronúncia por homicídio simples.
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, declarando-se
a nulidade a partir da pronúncia do recorrente, nos termos do 564, IV c.c. art. 413,
§1º, do CPP. Subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento, requer seja
reformada a sentença, impronunciando-se o recorrente, nos termos do art. 414 do
CPP. Ademais, caso não seja esse o entendimento, requer seja desclassificada a
imputação, afastando-se a qualificadora do delito, pronunciando o acusado por
homicídio simples (art. 121, “caput”, do CP), como medida de justiça.

95
Revisão geral
Recursos
Apelação Interposição (art. 593) - Razões vão para o
Verbo interpor ou recebimento e remessa TJ/TRF ou Turma
requerer a juntada Petição de juntada (art. Recursal
600) - vão para o juiz “a
quo”
RESE Interposição (art. 581) - Razões para o TJ ou TRF
Verbo interpor ou recebimento, retratação e
requerer a juntada remessa
Petição de juntada (art.
588) - vão para o juiz “a
quo”
Agravo em execução Interposição (art. 197, Razões para o TJ ou TRF
Verbo interpor ou LEP) - recebimento,
requerer a juntada retratação e remessa
Petição de juntada (art.
588) - vão ao juiz “a quo”
da execução
Carta testemunhável Interposição (art. 639) - Razões para o TJ ou TRF
(indicar peças para retratação e remessa
traslado) Petição de juntada (art.
Verbo requerer a 639) - vão para o escrivão
extração
Embargos infringentes Interposição (art. 600, § Razões para o TJ ou TRF
ou de nulidade único) - opor
Verbo opor Petição de juntada (609,
§ único) - vão para o
relator do TJ ou TRF -
recebimento
Recurso Especial Interposição (art. 105, III, Razões para o STJ:
Verbo interpor a, CF) - recebimento e 1) fatos
remessa 2) cabimento
Petição de juntada (art. 3) direito
105, III, a, CF) - vão para 4) pedido
o presidente do Tribunal
Recurso Extraordinário Interposição (art. 102, III, Razões para o STF:
Verbo interpor a, CF c.c. 1029, CPC) - 1) fatos
recebimento e remessa 2) cabimento
Petição de juntada (art. 3) repercussão geral
102, III, a, CF c.c. 1029, 4) direito
CPC) - vão para o 5) pedido
presidente do Tribunal

Agravo – serve para Interposição (art. 1042, Razões para o STJ ou

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fazer o Resp e o Rext CPC) - recebimento, STF
subirem ao STJ/STF retratação e remessa
Verbo interpor Petição de juntada (art.
1042) - vão para o
presidente do Tribunal
Recurso Ordinário Interposição (art. 105, II Razões para o STJ
Constitucional ou 102, II, ambos da CF) (denegado pelo TJ) ou
(HC ou MS denegados - recebimento e remessa STF (denegado pelo STJ)
por Tribunal) Petição de juntada (art.
Verbo interpor 105, II ou 102, II, ambos
da CF) - vão para o
presidente do Tribunal
Embargos de São peça única, dirigida ____________________
declaração sempre ao juiz “a quo” ou
Verbo opor desembargados relator
do acórdão

Peças
Queixa-crime Fundamento: art. 41 e 44, CPP
Endereçamento: juiz de 1ª instância
Qualificar e mencionar a juntada de
procuração com poderes especiais
Pedido: recebida e autuada,
determinando-se a citação do réu para
ver-se processado e ao final condenado
nas penas do art. ...
Resposta à acusação Fundamento: art. 396 e 396-A
Endereçamento: juiz de 1ª instância
Não precisa qualificar e mencionar
procuração
Pedido: sempre baseado no art. 397
Memoriais Fundamento: art. 403, §3º ou 404, §
único
Endereçamento: juiz de 1ª instância
Não precisa juntar procuração, nem
qualificar
Pedido:
 Anulação
 Extinção da punibilidade
 Absolvição (art. 386)
 Dosimetria
 Regime
 Benefício
 Indenização

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 Direito de recorrer em liberdade
Revisão criminal Fundamento: art. 621
Endereçamento: presidente do TJ ou
TRF
Pedido (art. 626):
 Anulação
 Absolvição (art. 386)
 Dosimetria
 Regime
 Benefício
 Indenização do réu pelo erro
judiciário

Pedidos ao juiz da Vara de Fundamento: art. 66 da LEP


Execuções Criminais Endereçamento: juiz da vara das
execuções criminais
Pedido: qualquer direito da execução
Pedidos relacionados a prisão Prisão em flagrante:
cautelar  Ilegal: pedido de relaxamento de
prisão em flagrante (art. 5º, LXV,
CF)
 Desnecessária: pedido de
liberdade provisória (art. 5º,
LVXVI)
Prisão preventiva:
 Ilegal (art. 313): pedido de
relaxamento da prisão preventiva
(art. 5º, LXV, CF)
 Desnecessária (art. 312): pedido
de revogação da prisão
preventiva (art. 316)
Prisão temporária:
 Ilegal (crime fora do ROL do art.
1º): pedido de relaxamento da
prisão temporária (art. 5º, LXV,
CF)
 Desnecessária: pedido de
revogação da prisão temporária

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Competência
Por prerrogativa de função (foro privilegiado)
Previsto na CF e/ou na CF Estadual
 102, I, CF
 105, I, CF
 96, III, CF
 29, X, CF
Senador e deputado federal somente serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal
se o crime tiver relação com o mandato e for praticado durante o mandato. Cabe ao
Supremo analisar se foi praticado durante o mandato e se tem relação com ele. O
STJ aplicou a mesma regra do Supremo para governador.
Desembargador: se cometer crime no mesmo Estado da Federação em que atua a
competência será sempre do STJ e se cometer em outro Estado aplica-se o
precedente do Supremo.
Justiça especializada
A) Justiça Trabalhista
Não tem competência penal
B) Justiça Militar
Art. 125, § 4º, CF
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados,
nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares
militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao
tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças.
Militar estadual que cometa crime doloso contra a vida de civil vai para o Júri.
Já o militar das Forças Armadas (art. 9º, §2º, do Código Penal Militar):
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da
Justiça Militar da União, se praticados no contexto:
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo
Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;

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II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar,
mesmo que não beligerante; ou
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e
da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto
no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais (...)
Ex.: PM estadual junto com militar das Forças Armadas cometem crime doloso
contra a vida de civil nas hipóteses do art. 9º, §2º do COM.
O PM estadual vai para júri da Justiça Estadual e o militar das Forças Armadas
vai para a Justiça Militar da União.
C) Justiça Eleitoral
Competente para julgar os crimes eleitorais.
Justiça Federal (art. 109, IV, CF)
Não julga contravenção penal, nem mesmo a bordo de navio ou aeronave, que irá
para o JECRIM estadual.
Se a contravenção for praticada conexa a crime federal haverá separação de
processos, ou seja, a contravenção é julgada no JECRIM Estadual e o crime na
Justiça Federal.
Art. 109, IV: a JF julga o crime político, que é aquele previsto na Lei de Segurança
Nacional (Lei nº 7170/83). Da sentença que julga o crime político cabe Recurso
Ordinário Constitucional ao STF (art. 105, II, CF).
Art. 109, IV, CF: a JF julga crimes praticados contra bens, serviços ou interesses da
União, Autarquias Federais e Empresas Públicas Federais
Ex.: de Autarquia Federal: INSS, Banco Central, e tratando-se de competência, a
OAB é considerada assim.
Empresa Pública Federal
Ex.: Caixa Econômica Federal, Correios.
Se a agência dos Correios for roubada a competência será Federal se a agência for
explorada pelo governo, mas se for explorada por particular a competência será
estadual. Se o carteiro tiver o seu malote roubado a competência será Federal, pois
o serviço postal se trata de serviço Federal.
Sociedade de Economia Mista Federal
Crimes cometidos contra SEMF é julgado pela Justiça Estadual (Súmula 42, STJ).
Contrabando ou descaminho

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Crime julgado pela Justiça Federal do local de apreensão dos bens, Súmula 151,
STJ.
Uso de documento falso
Súmula 546, STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o
documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
Súmula 200, STJ: O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de
crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
Crime praticado contra funcionário público federal
Súmula 147, STJ
Depende se o crime está relacionado ou não com a função
Crime ambiental
Se afetar bens da União, a competência é Federal.
Art. 109, V, CF
Crimes Transnacionais + Tratado
Tratado
 Racismo
 Tráfico Internacional de Drogas
 Tráfico Internacional de Pessoas
 Pornografia infantil
No caso da internet a competência será Federal se preenchidos os dois requisitos
acima. Uma simples injúria pela internet não tem competência Federal. Se o crime
for praticado por e-mail ou whats app a competência será estadual ainda que tenha
tratado.
DeepWeb: competência Federal.
Art. 109, VI, CF
Crimes contra o Sistema Financeiro quando previstos em lei 7.492/86
A competências desses crimes é da JF.
Art. 109, IX, CF
Crimes cometidos a bordo de navio ou aeronave
Aeronave: ainda que no solo é de competência da Justiça Federal.

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Navio: só será Federal se o navio estiver em situação de deslocamento ou potencial
deslocamento para águas internacionais.
Art. 109, XI, CF
Crimes decorrentes de disputa de direitos indígenas
Súmula 140, STJ
Competência territorial
A regra é a Teoria do Resultado, que é o local da consumação (art. 70, CPP).
Exceções à teoria do resultado:
 Art. 73, CPP: Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá
preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido
o lugar da infração.
 Teoria do Esboço do Resultado: nos crimes plurilocais a competência é do
local onde o resultado se projetou, se esboçou.
Casos especiais de competência territorial
 Falso testemunho na carta precatória: competência é do juízo deprecado
 Ameaça: crime formal e a competência é do local em que a vítima toma
conhecimento da ameaça.
 Emissão dolosa de cheque sem fundo: a competência é do local da recusa
do pagamento pelo sacado (súmula 521, STF e súmula 244, STJ).
Peça prática de assistente da acusação
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às
testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os
recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts.
584, § 1º, e 598.
§ 1o O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas
propostas pelo assistente.
§ 2o O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente,
quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou
do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado.
A) memoriais
B) apelação: somente pode existir em caso de inércia do MP
C) Razões em recurso de apelação apresentado pelo MP (art. 600 e §1º, CPP)
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão
o prazo de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de
contravenção, em que o prazo será de três dias.

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§ 1o Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias, após o Ministério
Público.

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