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RESUMO DA UNIDADE

No presente módulo trataremos dos institutos da Ação Penal e da Teoria Geral das
Provas. Especificamente, no que tange à ação penal, a abordagem se deu de forma
bastante abrangente, indo desde o seu fundamento, cuja previsão se encontra no
artigo 5º, XXXV da Constituição Federal, passando por seus principais aspectos
(requisitos, espécies, titularidade, princípios e, inclusive a ação em si), finalizando
com as consequências decorrentes da falta de seus pressupostos, prazos, hipóteses
de rejeição da petição inicial (denúncia ou queixa-crime), bem como a análise dos
recursos cabíveis contra o recebimento e rejeição desta. Já quanto ao estudo das
provas, analisaremos, além de seu conceito (como meio instrumental utilizado tanto
pela acusação quanto pela defesa para comprovar fatos), os meios de provas
(perícia, interrogatório, confissão, declaração do ofendido, testemunhas,
reconhecimento de pessoas e coisas, acareação, documentos, indícios, busca e
apreensão), liberdade da prova, sistema de valoração, bem como seu ônus.

Palavras-chave: Direito Processual Penal. Direito Penal. Ação Penal. Prova.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mec ânicos , i ncl usiv e fo toc ópias o u
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .........................................................................................4


CAPÍTULO 1 - AÇÃO PENAL...............................................................................................6
1.1 Ação penal pública....................................................................................................7
1.1.1 Ação penal pública incondicionada ........................................................................8
1.1.2 Ação penal pública condicionada à representação do ofendido .......................8
1.1.3 Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.......... 10
1.2 Princípios da ação penal pública ......................................................................... 11
1.3 Da ação penal privada........................................................................................... 14
1.3.1 Princípios da ação privada ................................................................................... 17
CAPÍTULO 2 - DENÚNCIA E QUEIXA............................................................................. 21
2.1 Requisitos ................................................................................................................ 22
2.1.1 Endereçamento ...................................................................................................... 24
2.1.2 Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua
identificação ........................................................................................................................... 24
2.1.3 Descrição dos fatos em todas as suas circunstâncias..................................... 25
2.1.4 Classificação jurídica do fato................................................................................ 27
2.1.5 Pedido de condenação.......................................................................................... 28
2.1.6 Rol de testemunhas ............................................................................................... 29
2.2 Prazos ...................................................................................................................... 29
2.3 Causas de rejeição da denúncia ou queixa....................................................... 30
2.4 Recursos cabíveis contra o recebimento e rejeição da denúncia ou queixa-
crime 33
CAPÍTULO 3 - DAS PROVAS............................................................................................ 34
3.1 Ônus da prova ........................................................................................................ 35
3.2 Sistema de apreciação ou valoração da prova ................................................. 36
3.3 Liberdade de prova ................................................................................................ 37
3.4 Meios de prova ....................................................................................................... 38
3.4.1 Perícia ...................................................................................................................... 38
3.4.2 Interrogatório ........................................................................................................... 40
3.4.3 Confissão................................................................................................................. 43

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3.4.4 Declaração do ofendido ........................................................................................ 44
3.4.5 Testemunhas .......................................................................................................... 45
3.4.6 Reconhecimento de pessoas e coisas ............................................................... 46
3.4.7 Acareação ............................................................................................................... 47
3.4.8 Documentos ............................................................................................................ 47
3.4.9 Indícios..................................................................................................................... 48
3.4.10 Busca e apreensão............................................................................................. 49
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 53

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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

O estudo da ação penal relaciona-se à possibilidade de pedir ao Estado a


aplicação do direito, isto é, a pretensão acusatória. Percebe-se, neste caso, a
aplicabilidade de princípios constitucionais como o da inafastabilidade do poder
jurisdicional ou direito fundamental de acesso à justiça. Contudo, é importante
analisar a necessidade de preenchimento de exigências para o exercício do direito
de ação.
Especificamente, quanto à ação penal pública, pode ser de duas espécies,
incondicionada ou condicionada à representação do ofendido, a depender do crime.
A ação penal pública incondicionada (cujo titular é o Ministério Público) é a regra n o
nosso ordenamento jurídico e, quando não for a medida, a lei declarará
expressamente. Não obstante, a ação penal pública condicionada à representação
do ofendido obedece ao art. 100, §1º do Código Penal, informando sua necessidade
sempre que a lei exigir. Neste caso, trataremos dos procedimentos quando se tratar
de representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. Daremos
enfoque também aos princípios relacionados a ambas as espécies de ação.
Ainda, no estudo da ação penal, temos da espécie privada (cuja titularidade é
do ofendido ou seu representante legal), onde analisaremos seus princípios e seu
cabimento, que se dá somente em situações específicas definidas pela lei. A ação
penal privada divide-se em propriamente dita ou exclusiva, personalíssima ou
subsidiária da pública. Adentraremos, ainda, no estudo procedimental para cada
espécie de ação, especificando as características da denúncia e da queixa-crime,
bem como, sua rejeição por ausência de pressupostos e, ainda, o cabimento de
recursos.
Por fim, é de suma importância, no que tange ao estudo das provas, embora
trate-se de uma faculdade que tem a parte de demonstrar suas alegações no
processo, ressaltarmos sua relevância, principalmente quanto aos benefícios de su a
produção. Analisaremos o sistema de valoração da prova, liberdade probatória,
meios de provas, especificamente, a perícia, o interrogatório, a confissão, a
declaração do ofendido, as testemunhas, o reconhecimento de pessoas e coisas, a
acareação, documentos, indícios e a busca e apreensão. Importante ressaltar que

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todo o estudo se desenvolve de forma bastante detalhada, para que alcance fácil
entendimento e com destaque nas principais características de cada instituto.

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CAPÍTULO 1 - AÇÃO PENAL

De acordo com os ensinamentos de Tourinho Filho, ação penal é “o direito de


pedir ao Estado (representado pelos seus Juízes) a aplicação do Direito Penal
Objetivo. Ou o direito de pedir ao Estado-Juiz uma decisão sobre um fato relevante.”
(2010, p. 160). Já GONÇALVES a descreve como sendo um “procedimento judicial
iniciado pelo titular da ação quando há indícios de autoria e de materialidade a fim
de que o juiz declare procedente a pretensão punitiva estatal e condene o autor da
infração penal” (2014, p. 71).
Deste modo, trata-se a ação penal de um direito de apresentar em juízo
pretensão acusatória, sob o fundamento de que artigo 5º, inciso XXXV da
Constituição da República Federativa do Brasil Federal, determinando que “a lei n ão
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” conjugado
com o princípio da inafastabilidade do poder jurisdicional ou direito fundamental de
acesso à justiça.
Pondera AURY LOPES JUNIOR que “(...) no processo penal, desde o início, é
imprescindível que o acusador público ou privado demonstre a justa causa, os
elementos probatórios mínimos que demonstrem a fumaça da prática de um delito,
não bastando o cumprimento e critérios meramente formais.”
O preenchimento de algumas exigências condiciona o regular exercício do
direito de ação. Tais exigências dividem-se em condições da ação ou de
procedibilidade, podendo ser genéricas ou específicas, confira-se:
a. Genéricas - são as condições exigidas em todo e qualquer processo, são
elas:
I. Possibilidade jurídica do pedido: o pedido de condenação feito na inicial
acusatória – denúncia ou queixa-crime – deve versar sobre um fato típico, ou seja,
descrito em lei, demonstrando a congregação dos elementos exigidos no tipo penal.
II. Legitimidade de parte ou “ad causam” (para causa): diz respeito sobre a
capacidade de ser parte no processo penal, devendo ser ajuizado por quem detenha
legitimidade e em face de quem possa responder pela imputação. Por conseguinte,
sendo pública a ação penal terá legitimidade ativa para agir o Ministério Público, e,
se privada for, deverá ser proposta pelo ofendido ou seu representante legal. Sobre

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a legitimidade passiva (contra quem será proposta a ação penal) deverá o indivíduo
ser maior de 18 (dezoito) anos e pessoa física, com exceção dos crimes ambientais
(Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998), caso em que poderá ser proposta em
face de pessoa jurídica.
III. Interesse de Agir - deve a ação penal basear-se nos indícios de autoria e de
materialidade delitiva, demonstrando-os em seu corpo para sua admissão.
Outrossim, deve inexistir quaisquer das causas de extinção de punibilidade.
b) Específicas - são condições exigidas a depender do caso concreto, como,
por exemplo, a representação da vítima, a requisição do Ministro da Justiça, dentre
outras. Assim, não observada alguma condição específica para a procedibilidade da
ação, o juiz a rejeitará, condicionando a nova propositura ao atendimento da
condição, consoante artigo 43 do Código de Processo Penal.
Para definir as ações penais, o Código Pena, em seu artigo 100, e o Código de
Processo Penal levam em consideração o critério da classificação subjetiva,
traduzido pela titularidade do direito de ação. Neste diapasão, a ação penal pode ser
pública ou privada.

Figura 1 - Ação Penal

Fonte: Victor Eduardo Rios, 20191.

1.1 Ação penal pública

Nos termos do artigo 100, caput, do Código Penal “a ação penal é pública,
salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido”. O Código de
1 Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito processual penal esquematizado/ Victor Eduardo Rios Gonçalves,
Alexandre Cebrian Araújo Reis. – 8. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. (Coleção esquematizado® /
coordenador Pedro Lenza).

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Processo Penal, em seu artigo 24, dispõe: “(...) nos crimes de ação penal pública,
esta será promovida por denúncia do Ministério Público”, o que é recepcionado pela
Constituição Federal, em seu artigo 129, dispositivo em que são arroladas as
funções institucionais do Ministério Público.2 A ação penal pública divide-se em
incondicionada e condicionada à representação do ofendido ou de seu
representante legal.
Seja qual for o crime, se ocorrer em desfavor do “patrimônio ou interesse da
União, Estado e Município, a ação penal é pública” conforme determina o artigo 24,
§ 2º do Código de Processo Penal.

1.1.1 Ação penal pública incondicionada


A ação penal será pública incondicionada quando a lei não dispuser em
contrário – o que se tem como regra no ordenamento jurídico pátrio –, sendo,
portanto, de titularidade do Ministério Público, órgão que detém para si a
possibilidade de propor a ação penal, a qual, não exige qualquer condição para agir
além das condições gerais de qualquer ação.
Impende-nos informar que alguns tipos penais não trazem a titularidade da
ação penal em seu bojo, o que nos remete a errônea ideia de que a ação penal é
pública incondicionada diante da falta de informação da titularidade. Todavia, por
vezes, o legislador penal trouxe o exercício do direito de ação ao fim do artigo, como
no crime de Violação do segredo profissional, descrito no artigo 154 do Código
Penal (Dos Crimes Contra a Inviolabilidade dos Segredos), cuja previsão de
exercício está no parágrafo único, do mesmo diploma, in verbis: ”somente se
procede mediante representação.”

1.1.2 Ação penal pública condicionada à representação do ofendido


O artigo 100, § 1º do Código Penal diz que “a ação pública é promovida pelo
Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofen dido
ou de requisição do Ministro da Justiça”.
A titularidade para a propositura da ação penal pública condicionada é do
Ministério Público, entretanto, como condição para que este possa ingressar com a

2 O inciso I do artigo 129 da Constituição Federal lista como uma das funções do Ministério Público a de”
promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei”.

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inicial acusatória, a vítima deverá assim anuir, sendo a representação um
pressuposto à procedibilidade para o início da ação penal. Quando a ação penal for
condicionada, a lei o dirá expressamente, trazendo, em geral ao fim do artigo, o
preceito de que somente procederá mediante representação, como são os casos
dos artigos 129, caput e § 6° (lesão corporal leve e culposa, respectivamente –
titularidade colacionada no artigo 88 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995) –,
e 147 (ameaça) do Código Penal.
É imprescindível apontar que nos crimes de lesão corporal de natureza leve e
culposa oriundos de violência doméstica e familiar (Lei nº 11.340, de 07 de agosto
de 2006) a titularidade para a propositura da ação penal pertence ao Ministério
Público, segundo o julgamento no Supremo Tribunal Federal da ADI 4424/2012.
Assim, a representação do ofendido é “a manifestação da vontade da vítima ou
de seu representante legal no sentido de solicitar providências do Estado para
apuração de determinado crime, e, concomitantemente, autorizar o Ministério
Público a ingressar com a ação penal contra os autores do delito” (GONÇALVES,
2014, p. 88).
De acordo com o artigo 38 do Código de Processo Penal, a representação,
como regra, deve ser formulada pelo ofendido. Sendo a vítima menor de 18 anos,
incapaz, doente mental ou retardada deverá a representação ser apresentada pelo
seu representante legal, ou, no caso de não possuírem representantes legais, o juiz
deverá nomear um curador especial para representá-los, segundo autoriza o artigo
33 do Código de Processo Penal.
No caso de morte do ofendido ou caso seja declarado ausente mediante
decisão judicial, o direito de representar pode ser exercido pelo cônjuge,
companheiro, ascendente, descendente ou irmão, em conformidade com o artigo 24,
§ 1º do Código de Processo Penal. Existindo mais de um legitimado, a solução mais
adequada é a aplicação da ordem trazida no artigo 36 do Código de Processo Penal,
a qual, determina que deva ser exercida primeiro pelo cônjuge, e na ausência desse,
pelos demais, seguindo-se a ordem de parentesco mais próxima.
A representação pode ser oferecida pessoalmente ou por procurador com
poderes especiais, na forma oral (situação em que será reduzida a termo) ou por
escrito, dirigida ao Juiz, Ministério Público ou à autoridade policial, e deverá conter

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todas as informações que possam servir de alicerce à apuração do fato criminoso,
em consonância com a orientação capitulada no artigo 39 do Código de Processo
Penal.
O artigo 38 do Diploma Processual Penal pátrio combinado com o artigo 103 do
Código Penal exigem que a representação deva ser apresentada em 06 (seis)
meses a partir da data em que a vítima, ou seu representante legal, tenham
conhecimento do autor do fato criminoso – o que não se confunde com a data do
fato. Não sendo oferecida no prazo legal, decairá o direito de ação, importando na
extinção da punibilidade do agente, nos moldes do artigo 107, inciso IV do Código
Penal.
Insta esclarecer que o artigo 25 do Código de Processo Penal autoriza a
possibilidade de retratação da representação do ofendido antes do oferecimento da
denúncia, impedindo, assim, a propositura da ação penal.
Por fim, sobre a possibilidade do ofendido oferecer novamente representação
em desfavor do acusado depois de ter se retratado, temos que “a retratação da
retração é possível, desde que feita antes de escoado o prazo decadencial”
(MARCÃO, 2014, p. 235).

1.1.3 Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça


Trata-se de ação penal pública que depende do pedido feito pelo Ministro da
Justiça, eis que referida requisição é uma condição de procedibilidade para o início
da ação penal.
A requisição é um ato com rigor formal, sendo necessária a observância de
certas circunstâncias para seu oferecimento, a qual se destina ao Ministério Público
(na figura do Procurador Geral de Justiça), e, com relação à legitimidade para a
requisição, esta é privativa do Ministro da Justiça.
Com relação ao prazo para a requisição em comento, a lei não determina
qualquer limite, e no silêncio da lei a interpretação é no sentido de que possa ser
feito a qualquer tempo, respeitando-se, porém, a prescrição do crime que opera a
extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, inciso IV do Código Penal.
Muito se discute se a requisição do Ministro da Justiça é retratável, pois a lei
não prevê a possibilidade de retratação, dividindo-se a doutrina em duas correntes,

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sendo uma no sentido de ser a requisição irretratável – tendo em vista que o artigo
25 do Código de Processo Penal só mencionou a retratação da representação
(entendimento de José Frederico Marques, Fernando da Costa Tourinho Filho,
Magalhães Noronha, Mirabete) –, e a segunda, que opina pela retratação da
requisição – lastreada na aplicação da analogia prevista no artigo 3º do Código de
Processo Penal (Damásio de Jesus, Luiz Flávio Gomes, Celso Delmanto, Renato
Marcão).
Assim sendo, temos como crimes de ação penal pública cuja persecução
depende de requisição do Ministro da Justiça os cometidos por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil (artigo 7º, §3º, alínea “b”, do Código Penal), e também os
crimes de injúria praticados contra o Presidente da República (artigo 141, inciso I,
combinado com o parágrafo único do artigo 145, ambos do Código Penal, e artigo 26
da Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983 – Lei de Segurança Nacional).
Quanto a seus efeitos, a requisição n ão vincula o Ministério Público no sen tido
da obrigatoriedade da propositura da ação, pois não se refere a uma ordem. Assim,
mesmo havendo requisição, compete ao Ministério Público o exame da presença
dos requisitos necessários ao oferecimento da denúncia, podendo propor a ação
penal ou requerer seu arquivamento.

1.2 Princípios da ação penal pública


Os princípios, “constituem importantes instrumentos para que os julgadores
balizem suas decisões e também para que o legislador atue dentro de determinados
parâmetros na elaboração das leis. Trata-se de diretrizes genéricas e servem para
definir limites, fixar paradigmas ou alcance das leis, bem como para auxiliar em sua
interpretação” (GONÇALVES, 2014, P. 74).
A ação penal pública possui princípios que lhe são pecu liares, como veremos a
seguir:
i. Princípio da Oficialidade: A ação penal deve ser proposta pelo Ministério
Público, que é o órgão oficial para ingressar com a inicial acusatória, conforme artigo
129, inciso I da Constituição Federal. Segundo TOURINHO FILHO “ao Estado, e só
ao Estado, cumpre punir aquele que inobservou a norma penal. E continua
afirmando que “o Ministério Público tem o exercício da ação penal, mas esta não lhe

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pertence, e sim ao Estado. Aí está, pois, o princípio da oficialidade. Quem propõe a
ação penal pública incondicionada é um órgão do estado, o Ministério Público.
Órgão “oficial”, órgão do Estado, portanto.” (2010, p. 166).
ii. Princípio da Obrigatoriedade ou da Legalidade Processual: Determina que
verificada a apuração do fato criminoso, o Ministério Público, na ação penal pública,
está obrigado a propor a exordial acusatória (denúncia) para que o processo seja
iniciado, desde que exista justa causa. É o que descreve o artigo 24 do Código de
Processo Penal, ao dispor que a ação penal será promovida por denúncia do
Ministério Público.
Preconiza Renato Brasileiro de Lima que a
“obrigatoriedade de of erecer a denúncia não signif ica que, em sede de
alegações orais (ou de memoriais), o Ministério Público esteja sempre
obrigado a pedir a condenação do acusado. Af inal, ao Parquet também
incumbe a tutela de interesses individuais indisponíveis, como a liberdade
de locomoção.
Logo, como ao Estado não interessa uma sentença injusta, nem tampouco
a condenação de um inocente, provada sua inocência, ou caso as provas
coligidas não autorizem um juízo de certeza acerca de sua culpabilidade,
deve o Promotor de Justiça manif estar-se no sentido de sua absolvição. A
propósito, o art. 385 do CPP dispõe que, nos crimes de ação públic a, o juiz
poderá prof erir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha
opinado pela absolvição” (2014, p. 215).

Se a regra é a obrigatoriedade para a propositura da ação penal pelo Ministério


Público, a esta cabe exceção, como é o caso do instituto da Transação Pen al,
aplicável às infrações penais de menor potencial ofensivo, prevista no artigo 76 da
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, a qual, obedecidas as regras ao instituo
inerentes, permite ao Ministério Público deixar de propor a denúncia em razão da
oferta de uma medida alternativa diversa da pena privativa de liberdade, que, caso
seja aceita pelo acusado, obstará o oferecimento da denúncia.
iii. Princípio da Indisponibilidade: Como a ação penal pertence ao Estado,
(salvo as exceções) e não ao Ministério Público, este não poderá dispor, para
desistir, transigir, ou acordar, quer seja a ação penal pública incondicionada ou
condicionada, de acordo com o que prescreve o artigo 42 do Código de Processo
Penal. Também não poderá, de igual modo, desistir de recurso que haja interposto,
nos termos do artigo 576 do Código de Processo Penal.
Assim, é de competência do Ministério Público a propositura de ação penal
pública quando se trata de crime, e, uma vez ajuizada, esta torna-se indisponível,

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podendo ninguém, nem mesmo o Ministério Público, desistir da ação, tampouco do
recurso que haja interposto, porque mesmo existindo a vítima, o direito na ação
penal pública é coletivo e não apenas do ofendido que teve seu bem jurídico violado.
Portanto, caso a vítima não queria prosseguir com o processo, nenhum efeito terá a
vontade da parte, diante da indisponibilidade da ação em comento.
Existem situações em que haverá certa flexibilização traduzida pela exceção à
aplicação do princípio em referência, como por exemplo, nos casos das infrações de
menor potencial ofensivo, onde, de acordo com o que determina o artigo 89 da Lei nº
9.099, de 26 de setembro de 1995:
“Nos crimes em que a pena mínima cominada f or igual ou inf erior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao of erecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro ano s ,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspensão condicional da pena”.

Se decorrido o prazo da suspensão, tendo o acusado cumprido devidamente


as condições estabelecidas, o processo será extinto, consoante determina o artigo
89, §5º da referida lei.
IV. Princípio da Indivisibilidade: Muito embora não seja u m consenso na
doutrina, prevalece o entendimento de que caso haja a apuração de infração penal
que contenha mais de um acusado relacionado ao mesmo fato criminoso, a ação
penal deve ser proposta contra todos os coautores conhecidos. Nesse sentido, o
Ministério Público não poderá escolher contra quem ofertará a ação penal, devendo
estender contra todos aqueles que de fato praticaram a ação penal.
Esse é o posicionamento de Tourinho Filho afirmando que “se a propositura da
ação penal constitui um dever, é claro que o órgão do Ministério Público não pode
escolher em relação a quem deva ela ser proposta” (2010, p. 169).
Contudo, há posição contrária segundo a qual a ação penal pública é divisível,
e que entende ser possível ao Ministério Público desmembrar o processo e contra
apenas um dos acusados, sem prejuízo do prosseguimento das investigações
quanto aos demais envolvidos. Corroborando a esse entendimento, há inúmeros
julgados nos Tribunais Superiores que afirmam não ser possível a aplicação do
princípio da indivisibilidade na ação penal pública.
Nesse sentido:

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“HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.
DESCABIMENTO.COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E
DESTE SUPERIOR TRIBUNAL DEJUSTIÇA. MATÉRIA DE DIREITO
ESTRITO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE
PARA JUSTIFICAR O TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL OU A
MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO JUÍZO. INVIABILIDADE. NÃO
CABIMENTO DO REFERIDO POSTULADO NA AÇÃO PENAL PÚBLICA.
IMPOSSIBILIDADE DECONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. HABEAS
CORPUS NÃO CONHECIDO. "(...) Não é o que ocorre no caso, pois um
acusado não pode alegar of ensa ao princípio da indivisibilidade - que não
cabe na ação penal pública - para sustentar ilegalidade no f ato de estar
sendo processado, e outro indivíduo, que teria incorrido na mesma c ondut a,
não. Compete ao Ministério Público, na condição de dominus litis, avaliar s e
há elementos de autoria e materialidade suf icientes para a propositura da
ação penal pública. Se determinada pessoa não f oi denunciada é porque
com relação a ela não está f ormada a opinio delicti, cuja af erição compete,
em tal caso, exclusivamente ao Parquet. Habeas corpus não conhecido.
(STJ, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 27/11/2012, T5
- QUINTA TURMA)

Intranscendência: A ação penal não pode passar da pessoa do acusado, como


determina ao artigo 5º, inciso XLV da Constituição Federal. Seguindo referida
orientação, Tourinho Filho explica que “a ação penal é proposta apenas em relação
à pessoa ou às pessoas a quem se imputa a prática da infração” (2010, p. 171).
Assim, a propositura da ação penal não pode prejudicar terceiros alheios a
prática criminosa e não será possível, como por exemplo, a propositura da inicial
acusatória em desfavor dos pais do menor de idade, ou ao irmão do réu que venha a
falecer no curso do processo.
Frisa-se que, preenchidos os requisitos para tanto, a morte do acusado não
impede a possibilidade de se pleitear a indenização civil ex delicito, haja vista um
dos efeitos da sentença penal condenatória é tornar certa a obrigação de reparar o
dano causado e o interessado poderá pleiteá-la aos herdeiros do acusado na esfera
cível.

1.3 Da ação penal privada

A regra é de que a ação penal é pública, cuja titularidade pertence ao Ministério


Público. Mas existem situações que o Estado direciona a legitimidade de agir para o
ofendido, ou seu representante legal, pois interessam diretamente à vítima, e nesses
casos chamamos a ação penal de privada, de acordo com o que autoriza o artigo 30

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do Código de Processo Penal que aduz: “Ao ofendido ou a quem tenha qualidade
para representá-lo caberá intentar a ação privada.”
É importante destacar que mesmo a titularidade sendo da vítima, o direito de
punir continua sendo do Estado, que “apenas concede ao ofendido ao seu
representante legal o jus persequendi in judicio. Trata-se de um caso, no campo
processual, de substituição processual (Tourinho Filho, 2010, p. 216).
Os crimes de ação penal privada se procedem mediante o oferecimento de
queixa-crime e encontram-se espalhados pelo Código Penal. Diante de sua
excepcionalidade trazida pelo artigo 100, caput, a previsão sobre a titularidade da
ação deve constar no tipo penal de forma expressa – “somente se procede mediante
queixa.”
De forma a exemplificar a disposição expressa quanto a titularidade da ação
penal privada, trazemos os crimes contra a honra (artigos 138 a 145 do Código
Penal), crimes contra a propriedade imaterial (artigos 183 a 195 do Código Penal), e
o exercício arbitrário das próprias razões (artigo 345 do Código Penal), entre outros.
O prazo para oferecimento da queixa-crime no caso de ação penal privada
exclusiva e personalíssima é de 06 (seis) meses a contar da data do conhecimento
do autor do fato, e com relação a ação penal privada subsidiária da pública, o prazo
será de 06 (seis) meses a partir do dia em que se esgotar o limite para oferecimento
da denúncia que deveria ter sido proposta pelo Ministério Publico, conforme
determina o artigo 29 do Código de processo Penal.
Vejamos quadros comparativos das caudas extintivas da punibilidade
relacionadas a incidentes processuais da ação privada3;

3 Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito processual penal esquematizado/ Victor Eduardo Rios Gonçalves,
Alexandre Cebrian Araújo Reis. – 8. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. (Coleção esquematizado® /
coordenador Pedro Lenza).

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Figura 2 - Da Ação Penal Privada

Fonte: Vitor Eduardo Rios Gonçalves, 2019

Figura 3 - Perempção e Decadência

Fonte: Vitor Eduardo Rios Gonçalves, 20194.

A ação penal privada se divide em três espécies, quais sejam:

4 Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito processual penal esquematizado/ Victor Eduardo Rios Gonçalves,
Alexandre Cebrian Araújo Reis. – 8. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. (Coleção esquematizado® /
coordenador Pedro Lenza).

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I. Propriamente dita ou exclusiva: É aquela que pode ser proposta pela vítima
ou por seu representante legal. No caso de morte do ofendido ou declarada a sua
ausência, o direito de propor a queixa-crime passará para qualquer uma das
pessoas elencadas no artigo 31 do Código de Processo Penal, sendo elas: cônjuge,
ascendente, descendente e irmão, os quais poderão prosseguir na ação penal já
instaurada.
São exemplos de crimes de ação penal privada exclusiva o dano (artigo 163,
caput, e parágrafo único, IV do Código Penal), exercício arbitrário das próprias
razões (artigo 345, parágrafo único do Código Penal) e os crimes de calúnia, injúria
e difamação (artigos 138, 139, e 140 combinados com o artigo 145, todos do Código
Penal).
II. Personalíssima: A ação penal só poderá ser proposta pelo ofendido de
maneira restrita. Nesse caso, com a morte da vítima, o direito de ingressar com a
queixa-crime não passa para outra pessoa de forma alguma, extinguindo-se a
punibilidade do réu. Assim, o crime preceituado no artigo 236 do Código Penal
(induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento para o casamento) e a
titularidade para a propositura da ação penal fica a cargo do cônjuge enganado
(artigo 236, parágrafo único do Código Penal).
III. Subsidiária da pública ou supletiva: De acordo com o artigo 29 do Código de
Processo Penal “será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal.” Portanto, se o Ministério Público não entrar com a ação
penal que é pública, no prazo previsto, cabe ao ofendido propor ação penal privada
subsidiária da pública.
Nesse caso, a ação penal é originariamente de iniciativa pública, mas o
Ministério Público não promove a ação penal no prazo estabelecido pela lei, e, em
razão disso, o ofendido ou o seu representante legal poderão de forma subsidiária
ajuizá-la, cuja previsão está determinada no artigo 5º, inciso LIX da Constituição
Federal.

1.3.1 Princípios da ação privada


Princípio da Oportunidade ou Conveniência: a vítima não está obrigada a
promover a ação penal, mesmo estando presentes as condições necessárias para a

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propositura da ação. Cabe ao ofendido optar por ingressar com a ação penal em
desfavor daquele que violou seu bem jurídico tutelado pelo estado. Portanto, trata-se
de uma faculdade da vítima em propor ou não a queixa-crime no prazo legal.
Cumpre-nos salientar que caso não seja proposta a ação penal no prazo legal,
haverá o instituto da decadência, que consiste na perda do direito de ingressar com
a inicial acusatória em virtude de não tê-la feito no limite temporal exigido pela lei,
consoante determina o artigo 38 do Código de processo Penal, imperando-se a
extinção da punibilidade do agente, com fulcro no artigo 107, inciso IV do Código
Penal.
Pode ocorrer também a possibilidade do ofendido renunciar, dentro do prazo
decadencial, ao direito de oferecer a queixa-crime em desfavor do infrator, que
consiste na desistência do direito de ingressar com a ação penal privada antes do
término para fazê-lo, podendo se dar de forma expressa ou tácita Na renúncia
expressa a vítima declarará que não exercerá seu direito de queixa e “constará de
declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com
poderes especiais” de acordo com o artigo 50 do Código de Processo Penal.
Já a renúncia tácita, o ofendido pratica ato incompatível com a intenção de
iniciar a ação penal, o que faz presumir a ausência de vontade para propor a ação
penal o que pode ser demonstrado por qualquer meio de prova, segundo o artigo 57
do Código de Processo Penal. Cite-se, como exemplo, o fato de a vítima convidar o
ofensor para ser padrinho de seu casamento, demonstrada está a renúncia tácita ao
direito de agir.
A renúncia ocorre antes da propositura da ação penal e é irretratável,
consistindo em ato unilateral do ofendido, tendo em vista que não exige a aceitação
por parte do ofensor. Caso haja mais de um infrator, o artigo 49 do Código de
Processo Penal dispõe que “a renúncia ao direito de queixa, em relação a um dos
autores do crime a todos se estenderá.”
Princípio da Disponibilidade: Cabe ao ofendido decidir ingressar com uma ação
penal contra o autor do fato, mas poderá a qualquer tempo desistir do
prosseguimento do processo. Assim, a vítima que decide se quer prosseguir até o
final da ação penal. A disponibilidade pode se ocorrer de duas formas: I. através
perempção (artigo 60 do Código de Processo Penal); ou II. pelo perdão do ofendido

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(artigo 51 do Código de Processo Penal), sendo que os dois institutos são causas de
extinção da punibilidade e aplicam-se a todos os tipos de ações privadas, com
exceção da ação privada subsidiária da pública, uma vez que, nesta, o dever de agir
cabe ao órgão do Ministério Público.
Trata-se a perempção da própria desídia do ofendido, que embora tenha
exercido seu direito de ação com a propositura da inicial acusatória, se torna inerte
ao processo instaurado por sua vontade. Leciona Gustavo Badaró que “A
perempção é a extinção do direito de ação, pelo desinteresse ou neglig6encia do
querelante em prosseguir coma a ação” (apud, MARCÃO, p. 254).
O instituto da perempção é aplicável apenas da ação penal privada exclusiva e
personalíssima, pois no caso da ação penal privada subsidiária da pública, caso o
querelante deixe de dar andamento ao processo, o Ministério Público poderá
retomar a ação penal como parte.
Com relação ao perdão do ofendido, só tem cabimento na ação penal privada
exclusiva e personalíssima, possibilitando ao querelante (ofendido) mesmo depois
de ajuizada a ação penal privada, a possibilidade de perdoar o querelado (ofensor)
abdicando do direito de prosseguir com o processo. Assim, de acordo com o artigo
105 do Código penal, “o perdão do ofendido, nos crimes em que se somente se
procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.”
O perdão da vítima é ato bilateral por carecer da aceitação do ofensor para que
produza seus efeitos jurídicos, tendo em vista a possibilidade de o réu querer provar
sua inocência em juízo, devendo o perdão ocorrer antes do trânsito em julgado da
decisão. Na existência de mais um querelado, o perdão oferecido a um, a todos
aproveita, mas só terá efeito ao que aceitar, prosseguindo-se o feito em desfavor
deste (artigo 51, parte final combinado com o artigo 106, inciso III, ambos do Código
Penal).
A aceitação do perdão do ofendido pode ocorrer de forma tácita, resultante de
ato incompatível com o desejo de prosseguir coma ação penal (art. 106, § 1º do
Código de Processo Penal) e de forma expressa, ocasião em que o querelado
deverá “ser intimado a dizer, no prazo de 03 (três) dias, se o aceita, devendo, ao
mesmo tempo, ser cientificado de que seu silêncio importará em aceitação” (art. 58
do Código de Processo Penal). Com relação ao prazo para a oferta do perdão, esse

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se dará até o trânsito em julgado da sentença, conforme autoriza o artigo 106, § 2º
do Código Penal.
Princípio da Indivisibilidade: possuo previsão expressa no artigo 48 do Código
de Processo Penal, in verbis: "A queixa contra qualquer dos autores do crime
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua
indivisibilidade.” Portanto, a ação penal privada tem que ser proposta contra todos
os coautores conhecidos segundo preconiza o artigo 48 do Código de processo
Penal.
O Estado dá ao ofendido a possibilidade de propositura da ação penal, mas,
com base nesse princípio, a vítima não tem a faculdade de propor a ação penal em
face de apenas um autor do fato, quando, na verdade, existiu mais de um agente na
infração penal. Cabe ao ofendido dizer se propõe ou não a ação penal. Contudo,
não lhe cabe escolher quem irá processar ou não.

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CAPÍTULO 2 - DENÚNCIA E QUEIXA

A elaboração de uma petição inicial pela parte que possui a titularidade é


condição necessária à propositura da ação penal, peça onde deverá atender a todos
os requisitos exigidos por lei, como a exposição por escrito dos fatos que, em tese,
constituem o ilícito penal. Deve conter ainda, de forma manifesta, o interesse de qu e
seja aplicada a lei penal ao presumido autor da infração, bem como a indicação das
provas em que se fundamenta a pretensão punitiva.
Nesse sentido, o Código de Processo Penal divide as espécies de exordial
acusatória entre denúncia e queixa-crime. Chamamos de denúncia o petitório
inaugural oferecido pelo Ministério Público nos crimes de ação penal pública
(incondicionada ou condicionada à representação do ofendido ou requisição do
Ministro da Justiça), nos moldes do artigo 24 do Código de Processo Penal. E será
denominada de queixa-crime a inicial proposta pelo ofendido ou seu representante
legal nos crimes de ação penal privada, consoante preceitua o artigo 100, § 2º do
Código Penal.
Através do conceito etimológico, a palavra denúncia, ou seja, a “peça
inauguratória de ação penal, de iniciativa do Ministério público” (Larousse Cultural.
Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Editora Universo, 1992, p. 317), advém
do verbo denunciar, do latim denuntiare, significando anunciar, “fazer denúncia de;
acusar, delatar”.
Em sentido estrito, na técnica do Direito Penal, para o autor De Plácido e Silva,
“diz-se denúncia o ato mediante o qual o representante do Ministério Público formula
sua acusação perante o juiz competente a fim de que se inicie a ação penal contra a
pessoa a quem se imputa a autoridade de um crime ou contravenção”.
O doutrinador Fernando da Costa Tourinho Filho conceitua a denúncia como:
[...] o ato processual por meio do qual o Representante do Ministério Público leva ao
conhecimento do Juiz, respaldado em provas colhidas no inquérito ou em outras
peças de informação, a notícia de uma infração penal, diz quem a cometeu e pede
seja instaurado o respectivo processo em relação a ele.
O referido autor expõe ainda que “a denúncia, na técnica processual brasileira,
significa a peça inaugural da ação penal, quando promovida pelo Ministério Público”.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
E, seguindo em sua obra, conclui o conceito da seguinte forma: “Assim, a denúncia
é o ato processual por meio do qual o Estado-Administração, pelo seu órgão
competente, que é o Ministério Púbico, dirige-se ao Juiz, dando-lhe conhecimento de
um fato que reveste os caracteres de infração penal e manifestando a vontade de
ver aplicada a sanctio júris ao culpado.”
No mesmo sentido, porém de forma um pouco mais abrangente, Hidejalma
Muccio traz o seguinte conceito de denúncia:
“A denúncia constitui o ato processual escrito ou oral do órgão do Ministério
Público que, em nome do Estado -Administração, nos crimes de ação penal
pública, seja incondicionada, ou condicionada à requisição do Ministro da
Justiça, ou à representação do of endido ou de quem legalmente o
represente, desde que presente a condição (representação ou requisição),
invoca perante o Estado-Juiz a prestação da tutela jurisdicional, deduzindo -
lhe com observância dos requisitos previstos no art. 41 do Código de
Processo Penal e demais outros decorrentes do próprio ordenamento
jurídico processual penal, a pretensão punitiva, dano início à ação (ao
processo) contra o autor da inf ração penal, objetivando sua
responsabilização e a aplicação do Direito Penal objetivo.” (MUCCIO,
Hidejalma. 2001, p. 17).

Utilizando-se de analogia ao Direito Civil, José Frederico Marques explica que


“a denúncia está para a ação penal pública como a petição inicial para a ação civil.
Uma e outra constituem o instrumento formal da apresentação do pedido em juízo
para ser dado início à ação” (MARQUES, José Frederico.2001, p. 135), instaurando-
se, após a citação do acusado, a instância ou relação processual.
Segundo o aludido autor, a denúncia seria, portanto “o ato processual em que
se formaliza a acusação, ou ato instrumental para início da actio poenalis de caráter
público.” (MARQUES, José Frederico. 2001, p. 135).

2.1 Requisitos

De forma exemplificativa, o artigo 41 do Código de Processo Penal colaciona


exigências que deverão ser obedecidas no momento da formulação da denúncia ou
queixa, sob pena da exordial acusatória ser rejeitada.
Ensina o jurista, Fernando Capez, sobre o tema:
“A denúncia ou a queixa são peças acusatórias iniciadoras da ação penal,
consistem em uma exposição por escrito de f atos que constituem, em t es e,
ilícito penal, com a manif estação expressa da vontade de que se aplique a
lei penal a quem é presumivelmente seu autor e a indicação das provas em
que se alicerça a pretensão punitiva. A denúncia é a peça acusatória

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inaugural da ação penal pública (condicionada ou incondicionada); a queixa,
peça acusatória inicial da ação penal privada.” (CAPEZ, 2008, p. 148).

Assim, os requisitos para a propositura da inicial acusatória estão contidos no


artigo 41 do Código de Processo Penal, são eles:
• Descrição do fato em todas suas circunstâncias: deve o titular da ação
penal (Ministério Público ou Ofendido) descreve de forma minuciosa o
fato criminoso de forma a permitir o exercício da ampla defesa e o
respeito ao contraditório, não bastando para tanto, a mera menção à
infração penal.
• Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua
identificação: a inicial acusatória deve mencionar a qualificação do
acusado, e caso não disponha dos elementos civis, é possível informar as
características físicas ou apelido, deficiência ou tatuagem para que possa
de forma inequívoca ser encontrado.
• Classificação jurídica do fato: necessário se faz referida classificação, vez
que o Acusado se defende dos fatos e não da capitulação jurídica.
• Rol de testemunhas (se houver): Caso não seja apresentado o rol de
testemunhas no momento do oferecimento da denúncia ou queixa, a
prova será considerada preclusa, não sendo possível a indicação de
testemunhas em aditamento à inicial ou em outra oportunidade
processual, a não ser que haja referência a determinada pessoa no curso
da instrução, oportunidade em que poderá ser requerida a oitiva da
testemunha pelo Juízo.
• Pedido de condenação;
• Endereçamento da petição: a quem se destina dentro das regras de
competência estabelecida nos artigos 69 e seguintes do Código de
Processo Penal.
• Nome, cargo e a posição funcional do denunciante;
• Assinatura.

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Impende destacar que a não observância dos requisitos citados resultará na
inépcia da inicial acusatória e tem por consequência a sua rejeição, nos moldes do
art. 395, inciso I, do Código de Processo Penal, conforme restará abaixo explicitado.

2.1.1 Endereçamento
No sentido de se determinar o órgão que será responsável para o
processamento do feito de acordo com a lei, o petitório inaugural deve conter o
correto endereçamento do juiz ou tribunal competente para o processo.
É importante ressaltar que o endereçamento equivocado caracteriza mera
irregularidade sanável com a remessa dos autos ao juiz competente. Confira-se: “o
endereçamento equivocado não impede o recebimento da vestibular acusatória,
sanando-se, irregularidade, com a remessa ou recebimento dos autos pelo Juízo
realmente competente (STF, RHC 60.126).

2.1.2 Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem sua


identificação
Faz-se necessário apontar na exordial acusatória o conjunto de qualidades
pelas quais se possa identificar o denunciado, distinguindo-o das demais pessoas
pela identificação através do nome, sobrenome, endereço, filiação entre outros.
Qualificar, conforme leciona Fernando Capez, “é apontar o conjunto de
qualidades pelas quais se possa identificar o denunciado, distinguindo-o das demais
pessoas.” (CAPEZ, 2008, p. 150). Esta qualificação somente é prescindível se for
possível obter-se a identificação do acusado, seja por identificação datiloscopia,
exame de DNA, reconhecimento pessoal da vítima, ou mediante outros dados.
Diante da impossibilidade de qualificação direta, a identificação poderá ser
através do fornecimento de traços físicos característicos do autor (sexo, altura, cor,
idade, etc...) conforma autoriza o artigo 259 do Código de Processo Penal.
Contudo, ante a dificuldade em se qualificar de modo completo o acusado,
deve-se levar em conta os vários sinais singulares que possam in dividualizá-lo,
sempre tendo em vista que, caso essa qualificação não seja possível, a denúncia
será rejeitada por desrespeito ao seu aspecto formal.
Assim explica o doutrinador Fernando da Costa Tourinho Filho:

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“Pode acontecer de alguém ser preso em f lag rante e continuar preso.
Nenhuma dúvida quanto à identidade f ísica. Quando do interrogatório, a
cargo da Autoridade Policial, o indiciado f orneceu dados inexatos a resp eit o
de sua identidade civil: nome, f iliação, endereço etc. (Pode até conf igurar o
crime de f alsa identidade). Como proceder o Promotor quando f or of ertar
denúncia? Limitar-se-á a louvar-se nas inf ormações prestadas (a menos
haja prova em contrário), e se, no curso da instrução ou da execução da
pena, f or descoberta sua verdadeira identidade, será f eita a devida
correção, nos termos do art. 259 CPP. Aliás, quando do envio da f icha
datiloscopia ao Departamento de Investigação, se ele já f oi identif icado, a
correção será f eita mais f acilmente. Se não f or possível a descoberta da sua
identidade real, ele cumprirá a pena sob aqueles dados f alsos.”
(TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal, 2010,
p. 143).

2.1.3 Descrição dos fatos em todas as suas circunstâncias


A denúncia e a queixa-crime devem ser precisas, não podendo haver acusação
vaga; com o objetivo de permitir a ampla defesa e viabilizar a aplicação da lei penal,
deve ser feita com a correta delimitação do tema ou imputação do fato criminoso.
Para tanto, devem ser incluídas todas as circunstâncias que cercam o fato,
principalmente as elementares.
Entretanto, as circunstâncias acidentais, como é o caso das agravantes
genéricas, quando não mencionadas na denúncia, podem ser supridas até a
sentença, consoante o artigo 569 do Código de Processo Penal.
No caso de concurso de agentes, quando não for o caso de ações uniformes, e
houver divisão de tarefas, a denúncia deve indicar de forma precisa a conduta de
cada um dos coautores ou partícipes, afinal o artigo 29 do Código Penal prevê que a
pena seja aplicada na medida da culpabilidade de cada agente.
Nem sempre é possível ser individualizada a conduta de cada um dos
coautores e partícipes. Para tanto, Fernando Capez aduz que os tribunais têm
admitido a narração genérica da conduta desses agentes, devendo, entretanto, o
autor deixar bem clara a existência das elementares do concurso de agentes
(CAPEZ, 2008, p. 148). Segue, o autor em referência, expondo o atual entendimento
dos tribunais superiores acerca deste assunto:
“No caso dos crimes de autoria coletiva, o Superior Tribunal de Justiç a vem
entendendo que, quando a acusação não tem elementos para especif icar a
conduta de cada coautor e partícipe, a f im de não viabilizar a persecução
penal, é possível f azer uma narração genérica do f ato, sem descrever a
conduta de cada um, uma vez que a inaugural poderá ser emendada até a
sentença condenatória. ([...] 6ª T., RHC 2.438-4, j. 4-5-1993; 6ª T., HC
2.840-6, j. 11-10-1994; 5ª T., RHC 4. 251-6, j. 15-2-1995; 6ª T., HC

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4.721/RJ, rel. Min. William Patterson, DJU, 28 Abr. 1997, p. 15918.”
(CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal, 2008, p. 149).
[...] Na mesma linha, o Supremo Tribunal Federal vem se posicionado, sob
o argumento de que a impunidade estaria assegurada se se reclamasse do
Ministério Público, no momento da denúncia, a individualização das
condutas, dada a maneira como os delitos de autoria coletiva são
cometidos.” ([...] STF, HC 73.903-2/ CE, DJU, 25 abr. 1997, p. 15200.”
(CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal, 2008, p. 149).
“[...] Convém f risar, no entanto, que a peça acusatória não pode, a pretexto
de ser genérica, omitir os mais elementares requisitos que demonstrem
estar presentes as indispensáveis condições para a causa petendi. A
atuação do rigorismo do art. 41 do Código Penal, não implica em admitir-se
denúncia que nem de longe demonstre a ação ou omissão praticada pelos
agentes, o nexo de causalidade com o resultado danoso ou qualquer
elemento indiciário de culpabilidade[...]” (Nesse sentido, STJ, 1ª T., HC
3.335-3, rel Min. Cid Flaquer Scartezzini, j. 24-5-1995, v. u., DJU, 7 out.
1995, p. 23050.” (CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal, 2008, p.
149).

Diante da impossibilidade da denúncia ou queixa serem imprecisas, é que


também não se admite que estas sejam alternativas, pois torna a acusação incerta,
além de dificultar ou até mesmo inviabilizar o exercício da defesa.
A descrição do fato jurídica é necessária pois possibilita o acesso ao acusado,
logo de início, ao exercício da ampla defesa. “Conhecendo com precisão todos os
limites da imputação, poderá o acusado a ela se contrapor o mais amplamente
possível, desde, então, a delimitação temática da peça acusatória, em que se irá
fixar o conteúdo da questão penal.” (Pacelli, 2009, p. 144).
Assim, “a descrição do fato deve ser minuciosa, não se admitindo a imputação
vaga e imprecisa, que impossibilite ou dificulte o exercício da defesa. O autor deve
incluir na peça inicial todas as circunstâncias que cercaram o fato, sejam elas
elementares ou acidentais, que possam, de alguma forma, influenciar na apreciação
do crime e na fixação e individualização da pena. Se a deficiência na narrativa não
impedir a compreensão da acusação a denúncia deve ser recebida. A omissão de
alguma circunstância acidental (não constitutiva do tipo penal) não invalida a qu eixa
ou a denúncia, podendo ser suprida até a sentença”. (CPP, art. 569).( CAPEZ,
2008, p. 148.)
Nesse sentido é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:
‘o processo penal do tipo acusatório repele, por of ensivas à garantia da
plenitude de def esa, quaisquer imputações que se demonstrem vagas,
indeterminadas, omissas ou ambíguas. Existe, na perspectiva dos princípios
constitucionais que regem o processo penal, entre a obrigação estatal de
of erecer acusação f ormalmente precisa e juridicamente apta e o direito
individual de que dispõe o acusado à ampla def esa. A imputação penal

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omissa ou def iciente, além de constituir transgressão do dever jurídico que
se impõe ao Estado, qualif ica-se como causa de nulidade absoluta’ (1ª T.,
HC 70.763-DF, rel Min. Celso de Mello, DJU, Séc. I, 23 set. 1994, p. 514)

Já com relação aos crimes societários de autoria coletiva, o Supremo Tribunal


Federal e o Superior Tribunal de Justiça de maneira majoritária não admitem que a
denúncia seja genérica, devendo a inicial acusatória descrever de forma
pormenorizada a conduta de cada um. Veja-se posicionamento a respeito:
STF: 1) Habeas Corpus. Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei
no 7.492, de 1986). Crime societário. 2) Alegada inépcia da denúncia, por
ausência de indicação da conduta individualizada dos acusados. 3)
Mudança de orientação jurisprudencial, que, no caso de crimes societários,
entendia ser apta a denúncia que não individualizasse as condutas de cada
indiciado, bastando a indicação de que os acusados f ossem de algum modo
responsáveis pela condução da sociedade comercial sob a qual f oram
supostamente praticados os delitos. Precedentes: HC nº 86.294-SP, 2ª
Turma, por maioria, de minha relatoria, DJ de 03.02.2006; HC nº 85.579-
MA, 2ª Turma, unânime, de minha relatoria, DJ de 24.05.2005; HC nº
80.812-PA, 2ª Turma, por maioria, de minha relatoria p/ o acórdão, DJ de
05.03.2004; HC nº 73.903-CE, 2º Turma, unânime, Rel. Min. Francisco
Rezek, DJ de 25.04.1997; e HC nº 74.791-RJ, 1ª Turma, unânime, Rel. Min.
Ilmar Galvão, DJ de 09.05.1997. 4) Necessidade de individualização das
respectivas condutas dos indiciados. 5) Observância dos princípios do
devido processo legal (CF, art. 5o, LIV), da ampla def esa, contraditório (CF,
art. 5º, LV) e da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III). Precedentes:
HC no 73.590-SP, 1º Turma, unânime, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de
13.12.1996; e HC nº 70.763-DF, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Celso de
Mello, DJ de 23.09.1994. 6) No caso concreto, a denúncia é inepta porque
não pormenorizou, de modo adequado e suf iciente, a conduta do paciente.
7) Habeas corpus def erido. [HC 86879 ― Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA ―
Rel. p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES ― Julgamento: 21/02/2006 ―2ª
Turma ― DJU 16/06/2006, p.28]
STJ: HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. CRIME
CONTRA A ORDEM ECONÔMICA. DENÚNCIA GENÉRICA.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ORDEM CONCEDIDA. 1) A denúncia,
à luz do disposto no artigo 41 do Código de Processo Penal, deve conter a
descrição do f ato criminoso, com todas as suas circunstâncias e, por
consequência, no caso de concurso de agentes, a def inição da conduta de
cada autor ou partícipe. 2) A imputação genérica, que culmina por inverter o
ônus da prova, f azendo incumbência do denunciado demonstrar que nada
teve a ver com o f ato descrito na acusatória inicial, nega a garantia
constitucional à ampla def esa. 3) Ordem concedida. [HC 35251/MG
(2004/0062450-7) ― Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO ― 6ª Turma
―Julgamento: 04/10/2005 ― DJU 01/08/2006, p. 549]

2.1.4 Classificação jurídica do fato


A correta classificação da infração penal, embora seja necessária, não é
requisito essencial da denúncia, já que o juiz, nos moldes dos artigos 383 e 384 do
Código de Processo Penal, poderá dar classificação diversa àquela trazida na peça
inaugural, ou seja, o Juiz só está adstrito aos fatos narrados na exordial, e o

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acusado também se defende do que foi narrado quanto à sua pretensa conduta
cometida e não da capitulação que dela resulta.
Inclusive, caso se verifique novas provas de que os fatos ocorreram de forma
diversa, a classificação poderá ser modificada, conforme permite artigo 384 do
Código de Processo Penal. Ainda, eventual erro na tipificação da infração penal,
poderá ser corrigido até a prolação da sentença, consoante permite o artigo 383 do
mesmo Diploma.
Assim, é possível que o juiz exerça certo controle sobre as petições iniciais
oferecidas pelo Ministério Público ou querelante, recebendo-as já na fase vestibular
do processo com capitulação legal diversa da indicada pelo titular da ação penal
quando constatado de plano excessos no poder de acusar.
No que diz respeito ao dispositivo legal imputado ao réu, este deverá
necessariamente restar expresso na peça acusatória, não bastando somente a
menção da nomenclatura jurídica, já que é de fundamental importância para o
encaminhamento para a vara competente, resultando na competência para o
processamento do feito.

2.1.5 Pedido de condenação


O requerimento final é a conclusão lógica da causa de pedir apontado na peça
inaugural, sendo, de rigor, a formulação do pedido de condenação do acusado. De
acordo com os ensinamentos de Renato Marcão “como petição inicial que são, a
denúncia, e também a queixa devem conter pedido de condenação do apontado
autor do delito, conforme os fatos narrados.
A inicial acusatória não se presta a simples comunicação de um fato, de
maneira que incumbe àquele que apresentá-la em juízo deduzir pedido
juridicamente possível. Cabe ao autor da ação penal postular a prestação
jurisdicional condenatória. Se, ao contrário, a petição não contiver pedido, não
poderá ser recebida. Vale dizer: deve ser rejeitada” (MARCÃO,2014, p. 266).

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2.1.6 Rol de testemunhas
O arrolamento das testemunhas é facultativo por ocasião da propositura do
petitório inaugural, entretanto, caso não seja apresen tado nesta oportunidade –
quando do oferecimento da denúncia –, haverá preclusão da prova.
Impende esclarecer que, com fundamento no princípio da Busca da Verdade
Real, havendo esquecimento ou até mesmo diante da impossibilidade de arrolá-las
no momento em que a lei exige, e estas surgirem no curso do processo, é possível
indicar ao juiz as testemunhas relevantes ao deslinde da causa e requerer a oitiva
delas como sendo testemunhas do juízo (artigo 209 do Código de Processo Penal).

2.2 Prazos
O artigo 46 do Código de Processo Penal dispõe que o prazo para
oferecimento da denúncia é, em regra, de 15 (quinze) dias se o denunciado estiver
solto, e de 05 (cinco) dias caso o acusado esteja preso, contados a partir do dia em
que o Ministério Público receber os autos do Inquérito Policial.
Segundo Renato Marcão, “caso o Ministério Público requeira diligências (CPP,
art. 16), o prazo de 15 (quinze) dias será restituído integralmente e voltará a correr
da data em que referido órgão receber novamente os autos” (2014, p. 269).
A legislação extravagante possui prazos diversificados para o oferecimento da
denúncia ou queixa, sendo eles:
• 02 (dois) dias, nos crimes contra a economia popular (artigo 10 da Lei nº
1.521, de 26 de dezembro de 1951);
• 10 (dez) dias crimes eleitorais (artigo 357 da Lei nº 4.737, de 15 de julho
de 1965);
• 48 (quarenta e oito) horas, nos crimes de abuso de autoridade (artigo 13
da Lei nº 4.898, de 09 de dezembro de 1965);
• 10 (dez) dias, nos crimes de tráfico de drogas e assemelhados (artigo 54
da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006).

Com relação ao oferecimento da queixa-crime, o prazo para o oferecimento é


decadencial e será em regra de 06 (seis) meses, a contar da data do conhecimento

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da autoria da infração penal na ação penal privada propriamente dita e
personalíssima, conforme determina o artigo 38 do Código de Processo Penal.
Consoante ensinamento de Renato Marcão “na contagem do prazo
decadencial, segue-se a regra do artigo 10 do Código Penal, segundo o qual deve
ser computado o dia do começo e excluído o dia final. Vencido o prazo sem
ajuizamento da inicial, operar-se-á a decadência do direito de queixa, devendo o ju iz
julgar extinta a punibilidade com fundamento no artigo 107, inciso IV, do Código
Penal” (2014, p. 270).
No que tange à propositura da peça inaugural da ação penal privada
subsidiária da pública, o prazo será de 06 (seis) meses a contar do término do prazo
do Ministério Público para propor a ação penal.

2.3 Causas de rejeição da denúncia ou queixa


Se a petição inicial atender os requisitos exigidos pela lei, será recebida e dará
início à fase judicial da persecução penal, determinando, assim, a citação do
acusado para responder os termos da acusação. Portanto, “o despacho do juiz,
atestando a perfeição técnica da inicial acusatória, formaliza o início da do processo
penal, que estará integralizado com a realização da citação (art. 363, CPP).
Contudo, impõe-se que a inicial atenda não só aos requisitos formais do art. 41
do CPP, como também não esteja maculada por uma daquelas hipóteses
esboçadas no art. 395 do CPP, que levariam à sua rejeição” (TÁVORA, 2013, p.
199).
Já Renato Marcão coloca que “deve ser rejeitada a inicial acusatória que não
estiver formalmente em ordem e substancialmente autorizada (amparada em
elementos de convicção colhidos em inquérito policial; termo circunstanciado ou
outros documentos que lhe sirvam de base)” (2014, p. 853).
Assim, o artigo 395 do Código de Processo Penal determina as causas que
farão o juiz rejeitar a denúncia ou queixa, quais sejam:
• Inépcia da inicial (artigo 395, inciso I, do Código de Processo Penal):
Consistindo na falta de atendimento dos requisitos quanto à forma e
conteúdo da peça inicial, bem como os demais indicados no artigo 41 do
Código de Processo Penal;

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• Falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal (artigo 395, inciso II, do Código de Processo Penal): Refere-se a
ausência de capacidade para ser parte, diante da ilegitimidade ativa ou
passiva, bem como falta de possibilidade jurídica do pedido e interesse de
agir;

Uma das correntes doutrinárias entende que os pressupostos processuais são


as condições mínimas para a existência da relação processual, que são: um órgão
investido de jurisdição, o pedido e as partes. Presente essas condições, a relação
processual existe.
Uma outra corrente doutrinária não se contenta com os chamados
pressupostos de existência, porque não basta que a relação processual seja
constituída; é preciso que ela, uma vez existente, se desenvolva validamente.
Falam, então, nos pressupostos de validez. Sustentam que, sem os de existência,
haverá um “não-processo”, enquanto que a ausência dos pressupostos de validez
“implica na existência do processo, porém, inválido, ineficaz...” São, assim,
pressupostos de validade tudo quanto é exigido para a validade da relação
processual constituída, como um órgão jurisdicional competente, não suspeito ou
impedido, a existência de coisa julgada ou de litispendência, a ausência de nulidade
etc.” (MUCCIO, Hidejalma. 2001, p. 72.)
Já as condições da ação, “são os requisitos essenciais para que possa exercer
o direito de ação e, assim, ter direito ao julgamento do mérito.” (Mendonça, 2008, p.
260).
Estas, segundo a maior parte da doutrina, estão divididas em três condições:
a) possibilidade jurídica do pedido;
b) legitimidade da parte (legitimatio ad causam) ou legitimidade de agir; e
c) Interesse de agir ou interesse legítimo.
Falta de justa causa para o exercício da ação penal (artigo 395, inciso III, do
Código de Processo Penal): É imprescindível a existência de indícios, ainda que
mínimos, para o exercício da ação penal. Consistem estes nos indícios de autoria e
materialidade delitiva, sendo, outrossim, necessário que haja conexão entre os fatos
que foram apurados e a imputação dirigida ao acusado.

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Nesse diapasão, “para ser viável a ação penal, além da regularidade da inicial
acusatória, é preciso estar demonstrada a ocorrência do ilícito penal imputado, a
autoria e a materialidade (sendo caso), razão pela qual deve estar acompanhada de
elementos de convicção” (MARCÃO, 2014, p. 857).
Impende ainda destacar que conforme explica Andrey Borges de Mendonça, a
jurisprudência é contumaz em entender que inexiste justa causa para a ação penal
nos seguintes casos,
a) quando o fato for manifestamente atípico;
b) quando já estiver extinta a punibilidade; e
c) quando a imputação não vier lastreada em um mínimo suporte probatório,
a demonstrar a sua viabilidade e seriedade da acusação.
Neste sentido, é o entendimentos nos seguintes julgados:
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 168, §1º, III, DO CP.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FALTA DE JUSTA CAUSA.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE DOLO. I - O trancamento
de ação por f alta de justa causa, na via estreita do writ, somente é viável
desde que se comprove, de plano, a atipicidade da conduta, a incidência d e
causa de extinção da punibilidade ou ausência de indícios de autoria ou de
prova sobre a materialidade do delito, hipóteses não ocorrentes na espécie
(Precedentes). II - In casu, se a recorrente não f oi a destinatária da ordem
judicial, constata-se, prima f acie, que não agiu com dolo, de modo que dev e
ser trancada a ação penal contra ela instaurada pela suposta prática do
delito de desobediência. Recurso provido. (Superior Tribunal de Justiça.
Habeas Corpus nº 17046, da 5ª Turma. Relator: Min. Felix Fischer).
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
ART. 297 DO CÓDIGO PENAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
FALTA DE JUSTA CAUSA. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA
DESCRITA NA DENÚNCIA E DE EQUÍVOCO NA QUALIFICAÇÃO
JURÍDICA DO FATO. I - O trancamento de ação por f alta de justa causa, na
via estreita do writ, somente é viável desde que se comp rove, de plano, a
atipicidade da conduta, a incidência de causa de extinção da punibilidade ou
ausência de indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do delito,
hipóteses não ocorrentes na espécie (Precedentes). II - O delito previsto no
art. 301, § 1º, do Código Penal não é próprio, podendo qualquer pessoa s er
seu sujeito ativo. (Precedentes) III- In casu, se o objeto da f alsidade material
f oi certidão negativa de débito, o delito imputado ao paciente na exordial
acusatória deve, em atendimento ao princípio da especialidade, ser
desclassif icado do art. 297, caput, para o art. 301, § 1º, do Código Penal. IV
- Se pena máxima cominada ao crime de f alsidade material de atestado ou
certidão é de 2 (dois) anos, e, entre a data do f ato e o recebimento d a
denúncia transcorreu o ref erido lapso temporal, operou-se a prescrição da
pretensão punitiva, ex vi dos arts. 107, IV e 109, V, do Código Penal.
Recurso parcialmente provido. (Superior Tribunal de Justiça. Habeas
Corpus nº 17522, da 5ª Turma. Relator: Min. Felix Fischer).

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2.4 Recursos cabíveis contra o recebimento e rejeição da denúncia ou
queixa-crime

Contra a decisão que rejeita a denúncia ou queixa-crime caberá Recurso em


Sentido Estrito, fundamentado no artigo 581, inciso I, do Código de Processo Penal .
No caso de a rejeição ser relativa às infrações penais de menor potencial ofensivo, o
recurso pertinente será a Apelação, com fundamento no artigo 82 da Lei nº 9.099, de
26 de setembro de 1995.
Já quanto ao recebimento da denúncia, “não há previsão expressa de recurso
contra decisão de recebimento da inicial acusatória; todavia, é inegável que, se tal
decisão acarretar constrangimento ilegal, poderá ser discutida em sede de habeas
corpus, mas o trancamento de ação penal é medida excepcional, só admitida diante
de manifesta ilegalidade”(MARCÃO, 2014, p. 865).
Esse entendimento também é pacífico no Supremo Tribunal Federal, confira-
se:
A jurisprudência do Supremo Tribunal é f irme no sentido de que "o
trancamento da ação penal, em habeas corpus, constitui med ida
excepcional que só deve ser aplicada quando indiscutível a ausência de
justa causa ou quando há f lagrante ilegalidade demonstrada em inequívoca
prova pré-constituída", o que não se verif ica na presente hipótese (RHC
95.958/PI, Rel. Min. Ricardo Lewando wski, DJ 04.09.2009).

A jurisprudência desta Corte fixou -se no seguinte sentido:


"[o] trancamento de ação penal, por via de habeas corpus, é medida
excepcional, que somente pode ser concretizada quando o f ato narrado
evidentemente não constituir crime, estiver extinta a punibilidade, f or
manif esta a ilegitimidade de parte ou f altar condição exigida pela lei para o
exercício da ação penal" (HC n. 92.921, Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, DJ de 25.9.08).

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CAPÍTULO 3 - DAS PROVAS

No magistério de Badaró, o processo penal envolve uma controvérsia fática em


que há uma imputação de fatos penalmente relevantes realizada pelo Ministério
Público ou querelante e a negativa de tais fatos pela defesa. O juiz “não presenciou
o fato que é submetido à sua apreciação, é por meio das provas que o juiz poderá
reconstruir o momento histórico em questão, para decidir se a infração, de fato,
ocorreu e se o réu foi seu autor” (Gonçalves, 2014, p. 247).
Assim, a reconstrução histórica operada pelo magistrado através das provas
que lhe serão apresentadas nos autos do processo possibilitará a formação de seu
convencimento – observadas as regras atinentes à investigação e à admissão,
produção e valoração das provas.
No campo jurídico, o conceito de prova significa o meio instrumental de que se
valem a acusação e a defesa para comprovar os fatos da causa estruturais aos
fundamentos do exercício dos direitos de ação e de defesa, respectivamente.
Segundo Tourinho Filho, “provar, é antes de mais nada, estabelecer a existência da
verdade; e as provas são os meios pelos quais se procura estabelece-la. É
demonstrar a veracidade do que se afirma, do que se alega. Entendem-se, também,
por prova, de ordinário, os elementos produzidos pelas partes ou pelo próprio Juiz
visando a estabelecer, dentro do processo, a existência de certos fatos” (2010, p.
553).
Dessa feita, é através das provas que se tenta chegar à verdade formal, eis
que o objetivo é “demonstrar que algo ocorreu, ou não, de uma ou outra maneira, e
assim influenciar na convicção do magistrado a respeito da existência ou
inexistência de um fato ou alegação pertinente e relevante para o julgamento da
causa” (Marcão, 2014, p. 421).
Já o objeto de prova são as afirmações ou fatos primários ou secundários que
devem ser comprovados. Mesmo que o fato não seja contestado, ele precisa ser
comprovado. Nesse caso, “só devem constituir objeto de prova as alegações e os
fatos pertinentes e relevantes, assim compreendidos aqueles que têm relação com a
causa e realmente podem influenciar na análise da imputação formulada,

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contribuindo para o julgamento da ação penal, cumprindo que a atividade probatória
se desenvolva conforme o ordenamento jurídico vigente” (Marcão, 2014, p. 421).
Portanto, não necessitam de prova os fatos evidentes (ex.: réu preso em Santo
André acusado de estupro que ocorreu na Bahia enquanto cumpria pena), os fatos
notórios (ex.: que dia 07 de setembro é feriado por comemorar-se a independência
do Brasil), fatos que tenham presunção absoluta (ex.: que menores de 18 anos são
inimputáveis), fatos impossíveis (ex.: réu alega como álibi que estava no planeta
Marte) e os fatos irrelevantes (ex.: qual a cor preferida da vítima).
Como expõe Aury LOPES JR. (2015, p. 362), são atos de provas aqueles que:
I. se ref erem há uma af irmação;
II. integram o processo penal e a ele servem;
III. destinam-se a f ormação da convicção do juiz para o julgamento f inal;
IV. servem à sentença;
V. exigem estrita observância da publicidade, contradição e imediação;
VI. praticados ante o juiz que julgará o processo.

E não se confundem com os atos de investigação, estes entendidos como:


I. se ref erem há uma hipótese;
II. integram à investigação preliminar;
III. servem para f ormar o juízo de probabilidade;
IV. não observam a publicidade, contradição e imediação;
V. servem à f ormação da opinio delicti do acusador;
VI. não são dirigidos à sentença;
VII. servem de f undamentos para decisões interlocutórias e adoção de
medidas cautelares;
VIII. praticados pela Polícia Judiciária ou pelo Ministério Público.

3.1 Ônus da prova

Cumpre registrar, que a prova não constitui uma obrigação, mais sim um ônus,
que é a faculdade ou encargo que tem a parte de demonstrar no processo o que
alegou em seu favor. Portanto, a prova é ônus processual de quem alega, buscan do
as partes a produção em seu próprio benefício, segundo preceitua o artigo 156 do
Código de processo Penal.
O ônus probatório em matéria processual penal é incumbência do órgão
acusador, sendo, portanto, um direito-dever, como também se posiciona TOURINHO
FILHO: “Cabe, pois, à parte acusadora provar a existência do fato e demonstrar sua
autoria. Também lhe cabe demonstrar o elemento subjetivo que se traduz por dolo
ou culpa. Se o réu goza da presunção de inocência, é evidente que a prova do

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crime, quer a parte objecti, quer a parte subjecti, deve ficar a cargo da Acusação”
(2010, p. 565).
Contudo, em relação à defesa entende a doutrina se tratar de uma faculdade
processual ou um direito-faculdade, espécie de ônus imperfeito ou diminuído –
alheio ao sentido literal do termo ônus.
Assim, “o ônus probatório, é portanto, atribuído às partes, que repartem a
incumbência de demonstrarem as respectivas alegações. Por isso reza o art. 156 do
Código de Processo Penal que a prova da alegação é de quem alega” (Gonçalves,
2014, p. 253). E nesse sentido, portanto, cabe ao acusador provar o fato constitutivo
de sua pretensão punitiva e cabe à defesa provar fato impeditivo, modificativo ou
excludente (como, por exemplo, as causas de exclusão de ilicitude ou culpabilidade)
da pretensão punitiva do Estado.
É importante esclarecer que é facultado ao juiz de ofício ordenar a produção de
provas que são urgentes e relevantes e ainda determinar a realização de diligências
que entender cabíveis para dirimir eventuais dúvidas sobre o fato criminoso,
consoante autorizado pelo artigo 156, incisos I e II do Código de Processo Penal.

3.2 Sistema de apreciação ou valoração da prova

Ao juiz cabe atribuir os valores às provas apresentadas pelas partes, assim,


decidindo pela procedência ou improcedência do pedido formulado. Da aludida
valoração, se valerá o juiz da regra contida no artigo 155 do Código de Processo
Penal. Que assim dispõe: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.”
Através da história, a apreciação ou valoração das provas passou por
diferentes fases. Neste estudo, serão analisados os três sistemas mais relevantes:
O primeiro refere-se ao Sistema de livre apreciação ou convicção íntima, onde
o juiz tem poder absoluto, tem ampla liberdade de decidir, independentemente do
que conste dos autos, e não é obrigado a fundamentar sua decisão. Trata-se de
uma valoração íntima do julgador, de seu conhecimento pessoal. Na atualidade do

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procedimento brasileiro, o único momento em que ocorre este tipo de valoração é no
Tribunal do Júri, pois, os jurados decidem e não fundamentam suas decisões.
O segundo é o Sistema da prova legal ou tarifada que surgiu como uma reação
extremada ao sistema anterior. Nesse sistema, o julgador segue o que a regra legal
determina. Ou seja, é o legislador que determina o sistema, portanto, é a lei que dá
o valor à prova. Ainda, é encontrado este sistema na legislação no artigo 158 do
Código de Processo Penal, que preceitua: “Quando a infração deixar vestígios, será
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
confissão do acusado.”
Como, também, ainda é encontrada a valoração legal da prova no parágrafo
único do artigo 155, que assim dispõe: “(...) “Parágrafo único. Somente quanto ao
estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.”
Por fim, o terceiro é o Sistema do livre convencimento ou persuasão racional
que é o adotado pelo Código de rocesso penal. Isso porque, pelo Princípio do livre
convencimento motivado, o magistrado é livre na análise das provas produzidas nos
autos e suas decisões devem ser fundamentadas. As provas não possuem valores
pré-determinados e uma não comprva mais que a outra, pois não possuem pesos,
são anlaisadas como um todo para firmar a convicção do juiz.

3.3 Liberdade de prova

Em princípio, todo e qualquer meio de prova é admitido no ordenamento


processual pátrio, ainda que não expressamente previsto em nosso Código. Este é o
princípio adotado pelo Código de Processo Penal brasileiro vigente onde o sujeito
que produzirá as provas não ficará atrelado às que estão previstas em lei
(nominadas). A liberdade probatória garante as partes a possibilidade de se valerem
de quaisquer meios de prova, permitindo, deste modo, a busca da verdade real –
intrínseca à ideal consecução da persecução penal.
Entretanto, o princípio da liberdade probatória não é e nem pode ser absoluto,
existindo limites consagrados, como, por exemplo, o disposto no artigo 5°, inciso LVI
da Constituição Federal, que determina a inadmissibilidade das provas obtidas por
meios ilícitos. Assim, temos como exemplo de prova ilícita (que viola uma regra de

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direito material) a utilização de um detector de mentira, por infringir o artigo 146 do
Código Penal (delito de Constrangimento Ilegal), a confissão com tortura, a violação
de domicílio para a obtenção de documentos e a gravação telefônica que expõe a
intimidade da pessoa.
O Código de Processo Penal dispõe sobre as provas ilícitas em seu artigo 157
caput, aduzindo que “são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo,
as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais
ou legais.” E o mesmo dispositivo, em seu §1°, menciona que “são também
inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo
de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas
por uma fonte independente das primeiras.”
Assim, se a prova for obtida com violação a norma legal ou constitucional, será
desentranhada do processo e o mesmo ocorrer com as provas ilegítimas que são
aquelas onde há violação de uma regra de direito processual no momento em que é
produzida no processo, como, por exemplo, interrogatório do acusado sem a
presença de advogado.

3.4 Meios de prova

Meio de prova é todo fato, documento ou alegação que possa servir, direta ou
indiretamente, à busca da verdade real dentro do processo. Na busca pela verdade
real, podem as partes optar por meios de prova não especificados em lei. Assim, os
meios de prova não são taxativos, ou seja, não precisam estar descritos pelo
legislador de maneira exaustiva, bastando apenas que na lei não haja nenhum
obstáculo ou restrição à produção daquela determinada prova.

3.4.1 Perícia
Etimologicamente, o termo “perícia” significa habilidade, saber, capacidade,
característica esta que, com o decorrer do tempo passou a diferenciar a ação ou a
investigação praticada por alguém e para a qual colocou seu conhecimento ou saber
altamente especializado.

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Assim, o exame pericial é importante, pois, embora não esteja adstrito à perícia
para julgar (artigo 182 Código de Processo Penal), poderá o magistrado valer-se do
conhecimento técnico, científico ou artístico sobre toda a matéria a ser julgada
disposto no laudo pericial para formular seu convencimento.
Poderá ser realizada sobre vários meios e coisas que estejam relacionados ao
crime e que necessitem de análise técnica. As perícias poderão recair sobre
instrumentos utilizados na prática delituosa, nas pessoas que fazem parte da
ocorrência, nos locais ou recintos, em documentos e escritos, nos cadáveres; enfim,
todo universo pertinente ao crime e que possa ser submetido à análise técnica.
Conforme o artigo 159, caput e §1º, do Código de Processo Penal: “(...) o
exame de corpo de delito e outras perícias serão realizadas por perito oficial,
portador de diploma de curso superior”, e na falta deste, “por 02 (duas) pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
exame”.
Portanto, perito, seja ele oficial ou nomeado, deverá formular o laudo pericial
descrevendo de forma minuciosa tudo que examinar, finalizando com a conclusão
acerca das indagações formuladas pelas partes, consoante artigo 160 do Código de
Processo Penal. Apenas uma ressalva quanto ao enunciado de súmula 361 do
Supremo Tribunal Federal no sentido de que é nulo o exame realizado por um só
perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência
da apreensão. Trata-se de nulidade relativa, que deve ser alegada em momento
oportuno e ter o prejuízo processual comprovado.
De um modo geral, as perícias são requisitadas quando a persecução penal se
encontra ainda na fase investigativa; o artigo 158 Código de Processo Penal
descreve as circunstâncias em que deverão ser realizadas: “Quando a inf ração
deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direito ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado”.
Portanto, nos crimes que deixam vestígios, o exame de corpo de delito se
mostra obrigatório, sob pena de operar a nulidade absoluta estampada no artigo
564, inciso III, alínea “b” do Código de Processo Penal.

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O exame de corpo de delito pode ser direito quando for realizado sobre
vestígios materiais que ainda existem, e indireto feito geralmente através de
depoimentos de testemunhas, pois estão ausentes os vestígios materiais do crime,
por uma série de fatores relacionados ao delito, de acordo com o que autoriza o
artigo 167 do Código de Processo Penal.
O exame pericial está capitulado nos artigos 158 a 184 do Código de Processo
Penal, trazendo a forma como deve ser realizada e quais os exames devem ser
feitos em alguns crimes específicos, quais sejam: no homicídio, exame de necropsia
para determinar a causa da morte (artigo 162 do Código de Processo Penal) e
exame do local do crime (artigo 169 do Código de Processo Penal); na lesão
corporal, para classificar a natureza da lesão (artigo 168 do Código de Processo
Penal); no furto qualificado por meio de escalada e destruição ou rompimento de
obstáculo, deve-se apurar o objeto utilizado, a forma de execução (artigo 171 do
Código de Processo Penal), bem como exame grafotécnico para apurar a autoria de
escritos através de comparação de letras, entre outros.

3.4.2 Interrogatório
O interrogatório e tratado nos artigos 185 a 196 do Código de Processo Penal e
trata-se do momento em que o acusado é ouvido pelo juiz sobre as acusações que
lhe estão sendo imputadas
É a oportunidade principal em que o investigado (durante a fase de
investigação; pré-processual) ou réu (durante a ação penal) tem para se defender
das suspeitas ou acusações. Com relação à natureza jurídica, diz-se que o
interrogatório é meio de defesa, pois o investigado ou réu não pode ser prejudicado
se decidir calar-se diante das perguntas que lhe sejam feitas. É o direito ao silêncio
que tem a pessoa no interrogatório.
Essa garantia do cidadão decorre do princípio constitucional da proteção contra
a autoincriminação, também conhecido pela frase em latim nemo tenetur se
detegere, que significa “ninguém é obrigado a descobrir-se” (no que se refere à
produção de provas contra si). É também considerado meio de prova, tendo em vista
que faculta “ao réu que negue a conduta ou a explique, mas também possibilitar a
colheita, pelo juiz, de elementos de convicção” (Gonçalves, 2014, p. 276).

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O interrogatório judicial deve ser sempre feito na presença do defensor (o
advogado) do réu (artigo 185 do Código de Processo Penal). O defensor pode ser
escolhido pelo próprio acusado (o que se denomina de advogado constituído) ou
designado pelo juiz, se o réu não puder ou não quiser contratar um (chamado de
advogado nomeado ou dativo). Além disso, a pessoa a ser interrogada tem o direito
a entrevista prévia e reservada com seu advogado (artigo 185, §5º do Código de
Processo Penal).
Se o acusado estiver preso, o interrogatório pode ocorrer no próprio
estabelecimento prisional, desde que haja condições adequadas de segurança. Se
não, cabe ao juiz requisitar o réu, isto é, determinar à polícia que o traga à sua
presença no momento designado para o interrogatório.
A depender do caso, o juiz pode autorizar, a pedido de uma das partes
(Ministério Público ou Defesa) ou de ofício, que o interrogatório se faça por sistema
de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagen s
em tempo real. Isso somente pode acontecer com uma das seguintes finalidades:
I. evitar risco à segurança pública, quando houver suspeita de que o preso
integre organização criminosa ou possa f ugir durante o deslocamento até o
local do interrogatório;
II. viabilizar a participação do réu no interrogatório, quando houver
dif iculdade para seu comparecimento;
III. impedir que o acusado inf luencie testemunha ou a vítima; e
IV. atender a grave motivo de ordem pública.

Para que a proteção contra a autoincriminação funcione no interrogatório, o juiz


deve iniciar o ato comunicando o conteúdo da acusação e informando que o réu tem
o direito de permanecer em silêncio diante de qualquer pergunta e que isso não lhe
gerará prejuízo (artigo 186 do Código de Processo Penal). Justamente por essa
razão, o juiz, o Ministério Público e advogados que atuem no processo não podem
ameaçar o interrogando (ou seja, a pessoa que é interrogada) de prisão por falso
testemunho nem de outra consequência negativa.
Além das perguntas sobre os fatos da acusação, o interrogatório também se
destina a obter dados relativos à pessoa do réu. Por isso, o juiz deve indagar o
interrogando sobre sua residência, seus meios de vida ou profissão, as
oportunidades sociais que teve, o lugar onde exerce a sua atividade, a vida
pregressa (ou seja, a vida anterior aos fatos da acusação), se foi preso ou
processado alguma vez e, em caso afirmativo, o juízo do processo, se houve

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suspensão condicional da pena ou condenação, a pena imposta, o cumprimento
dela e outros dados familiares e sociais (artigo 187, §1º do Código de Processo
Penal).
Se houver mais de um réu, eles deverão ser interrogados separadamente
(artigo 191 do Código de Processo Penal), a fim de que as informações prestadas
por uns não influenciem os demais, e, a depender do caso, para que uns não
atemorizem os outros. A primeira finalidade, porém, pode ser frustrada nos casos em
que há mais de um réu, e os interrogatórios ocorrem em momentos diferentes, pois
os acusados interrogados depois tomam conhecimento do interrogatório dos
corréus.
O Código de Processo Penal prevê ainda regras especiais para o interrogatório
de cidadãos surdos, mudos, surdos-mudos e analfabetos (artigo 192 do Código de
Processo Penal). Se o réu não compreender o português, o interrogatório deverá ser
feito por meio de intérprete (artigo 193 do Código de Processo Penal).
Importante ressaltar que antes da lei denominada de Pacote Anticrime (Lei nº
13.964/2019), não existia nenhuma referência sobre a possibilidade de nomeação
de defensor para o Investigado “Policial”, contudo, atualmente há esta previsão
conforme consta do artigo 14-A do Código de Processo Penal:
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas
no art. 144 da Constituição Federal f igurarem co mo investigados em
inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos
extrajudiciais, cujo objeto f or a investigação de f atos relacionados ao uso d a
f orça letal praticados no exercício prof issional, de f orma consumada ou
tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto -Lei nº 2. 848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir
def ensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá s er
citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir
def ensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento
da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de
nomeação de def ensor pelo investigado, a autoridade res ponsável pela
investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o
investigado à época da ocorrência dos f atos, para que essa, no prazo d e 48
(quarenta e oito) horas, indique def ensor para a representação do
investigado.
§ 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores
militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição
Federal, desde que os f atos investigados digam respeito a missões para a
Garantia da Lei e da Ordem.

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3.4.3 Confissão
A confissão é um meio de prova disciplinado especificamente nos artigos 197 a
200 Código de Processo Penal. É considerada uma admissão por parte do acusado
da veracidade da imputação que lhe foi feita pelo acusador, na totalidade ou
parcialmente. Assim, “Confissão é a admissão da própria responsabilidade.
Confessar, no processo penal, significa admitir como verdadeiros os fatos imputados
na denúncia ou queixa-crime” (Marcão, 2014, p. 488).
O seu valor probatório é relativo, devendo ser corroborada por outros meios de
prova também admitidos, e avaliada em conformidade com o sistema do livre
convencimento, nos termos do artigo 197 do Código de Processo Penal que
explicita: “O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as
demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade
ou concordância”.
Como características principais a confissão é um ato personalíssimo, não
podendo ser produzido por terceiro, ainda que portador de uma procuração com
poderes especiais – devendo ser realizado, como regra, na oportunidade do
interrogatório; caso seja feita em outra ocasião, deve ser tomada por termo nos
autos (artigo 199 do Código de Processo Penal). Deve ser produzido na forma oral,
reduzida a termo para se completar validamente.
Deve ainda ser voluntária e espontânea, livre de qualquer coação ou
constrangimento ilegal. É divisível, visto que o Juiz, ao julgar, pode aceitar toda a
confissão ou apenas uma parte dela, como expressamente declinado no artigo 200
do Código de Processo Penal. E mais, é retratável, pois uma vez realizada, o
acusado pode voltar atrás e retratar o que disse, apresentando nova versão sobre os
fatos.
Insta declinar que o silêncio do acusado não pode trazer qualquer
consequência in pejus à sua defesa, não sendo considerado confesso caso silencie,
nos moldes do artigo 186, parágrafo único, do Código de Processo Penal

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3.4.4 Declaração do ofendido
O ofendido é “o titular do interesse jurídico lesado pela conduta criminosa, ou
seja, é a vítima, o sujeito passivo do delito” (Gonçalves, 2014, p. 287).
De acordo com o artigo 201 do Código de Processo Penal: “Sempre que
possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar,
tomando-se por termo as suas declarações”.
Quanto à obrigatoriedade da inquirição do ofendido, sempre que possível
deverá o ofendido ser ouvido, e, se intimado não comparecer, poderá ser conduzido
coercitivamente – ocasião em que será indagado sobre as circunstâncias da infração
e se sabe quem é o autor e quais as provas que pode indicar.
É importante esclarecer que o ofendido não se confun de com a testemunha,
pois não se toma dele o compromisso de dizer a verdade e não será computado no
número de testemunhas que podem ser arroladas na denúncia ou queixa-crime. De
igual forma, não o pode ser processado pelo crime de falso testemunho, mas
responderá, entretanto, pelo crime de denunciação caluniosa se der causa à
instauração de investigação policial ou de processo judicial contra alguém,
imputando-lhe crime de que o sabe inocente (artigo. 339 do Código Penal).
O ofendido tem direito de ser comu nicado dos atos processuais relativos ao
ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à
sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem (artigo 201, § 2°
do Código de Processo Penal), cuja comunicação se dará no endereço por ele
indicado, ou por meio eletrônico por este indicado (artigo 201, §3°do Código de
Processo Penal).
Ainda no que diz respeito ao ofendido, o juiz poderá decidir pela necessidade
de preservação deste, podendo determinar segredo de justiça em relação aos
dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito,
como prevê o parágrafo 6º do artigo 201 do Código de Processo Penal.
Ademais, caso o juiz determine que o ofendido tenha sua identidade protegida,
ele deporá sem a presença do réu ou através de videoconferência. No caso de
deferimento a qualificação do ofendido deverá ser ocultada. Antes do início da

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audiência e durante a sua realização será reservado espaço separado para o
ofendido (artigo 201, §4° do Código de Processo Penal).

3.4.5 Testemunhas
No processo penal, testemunha é toda aquela pessoa que tem conhecimento
sobre algum fato relacionado à causa e que pode certificar sua ocorrência. Ela deve
ser isenta, imparcial, e equidistante das partes. Toda pessoa pode ser testemunha
(artigo 202 do Código de Processo Penal) e deverá prestar compromisso de dizer a
verdade, sob pena de cometer crime de falso testemunho (artigo 342 do Código
Penal). Todavia, não prestarão compromisso de dizer a verdade os menores de 14
anos e os deficientes mentais (artigo 208 do Código de Processo Penal). Podem
recusar-se a depor os ascendentes, descendentes, afins em linha reta, cônjuges e
irmãos do acusado.
São proibidos de depor quem em razão da função (cargo público), do ministério
(prática religiosa), ofício (qualquer outra atividade, ainda que não remunerada) ou da
profissão devam guardar segredo, salvo se desobrigados pela parte interessada
quiserem dar o seu depoimento (artigo 207 do Código de Processo Penal).
Testemunhas suspeitas são aquelas consideradas inidôneas, que transmitam
descrédito ou que possuam óbices psíquicos. Nestes casos, o juiz tomará seus
depoimentos e depois valorará de acordo com seu entendimento.
Contradita: é o meio processual utilizado pelas partes quando entende que a
testemunha é suspeita (tem interesse na causa). Nesse caso, o juiz terá as
seguintes opções: i. perguntará se a testemunha deseja ser ouvida (somente no
caso do artigo 206 – parentes); ii. excluirá e dispensará a testemunha (artigo 207 –
proibidas); iii. ouvirá sem colher compromisso (artigo 208 – menores e incapazes);
ou iv. tomará o depoimento com compromisso e valorará posteriormente.
As testemunhas são classificadas segundo a sua relação com os fatos/partes
nos seguintes termos:
• numerárias: são aquelas arroladas pelas partes, de acordo com o número
limitado em lei;
• informantes: aquelas que, por não serem obrigadas, não prestam
compromisso, (parentes, interesse na causa, etc);

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• referidas: aquelas que foram mencionadas em outros depoimentos
testemunhais, sendo convocadas pelo juiz;
• de antecedentes: que depõem a respeito das informações da vida
pregressa do acusado (que influem na dosagem da pena – artigo 59 do
Código Penal).

O número de testemunhas varia de acordo com o procedimento adotado:


I. ordinário (pena superior a 4 anos) e 1ª fase do Júri: até 8 testemunhas;
II. sumário (pena maior que 2 e até 4 anos) e 2ª fase do Júri: até 5
testemunhas;
III. sumaríssimo (Lei nº 9.099/95 – até 2 anos): até 3 testemunhas.
Não serão contadas como testemunhas o ofendido, o informante e a
testemunha referida (aquela conhecida por depoimento de outra).

3.4.6 Reconhecimento de pessoas e coisas


Nos artigos 226 a 228, o Código de Processo Penal prevê as normas
disciplinadoras do reconhecimento de pessoas e coisas. O reconh ecimento é o ato
pelo qual alguém verifica e confirma a identidade de pessoa ou coisa que lhe é
mostrada, em ato processual praticado diante de autoridade policial ou judiciária, de
acordo com a forma especial prevista em lei. Tem como finalidade “verificar se o
reconhecedor tem condições de afirmar que a pessoa ou coisa a ser reconhecida já
foi vista por ele em ocasião pretérita”.
O procedimento no reconhecimento de pessoas e coisas está tipificado no
artigo 226 do Código de Processo Penal, e determina que a pessoa que fará o
reconhecimento deverá descrever previamente as características da pessoa a ser
reconhecida, bem como, sempre que possível, ser este posto com outros indivíduos
de compleição física semelhante para que o reconhecedor o aponte. Ademais, o ato
deverá ser reduzido a termo e lavrado pela autoridade policial, com a assinatura de
duas testemunhas que presenciaram o reconhecimento.
De acordo com o artigo 228 do Código de Processo Penal, se mais de uma
pessoa for chamada para fazer o reconhecimento, este será realizado de forma
separada para que o reconhecimento de uma não influencie no da outra.

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3.4.7 Acareação
O significado da palavra “acareação”, também chamada de acareamento,
careação ou confrontação, consiste no ato de colocar frente a frente (vis-à-vis)
pessoas que prestaram seus depoimentos de forma divergente.
Nestor TÁVORA e Rosmar Rodrigues ALENCAR lecionam que “Acarear ou
acaroar é pôr em presença, uma da outra, face a face, pessoas cujas declarações
são divergentes. Ocorre entre testemunhas, acusados e ofendidos, objetivando
esclarecer a verdade, no intuito de eliminar as contradições. É admitida durante toda
a persecução penal, podendo ser determinada de ofício ou por provocação. Tem por
natureza jurídica ser mais um meio de prova”. (2013, p. 467).
Assim sendo, para que acareação seja realizada, a doutrina enumera alguns
pressupostos, sendo eles: deve ocorrer entre depoimentos que tenham sido
prestados no mesmo processo, e que as pessoas já tenham prestado suas
declarações, e exista divergência sobre fato ou circunstância relevante que seja
manifesta e irreconciliável, de maneira que não se possa chegar à verdade pelas
demais provas produzidas nos autos.
Assim, somente poderá ser realizada a acareação quando ocorra divergência
entre depoimentos, isto é, entre pessoas físicas e não entre pessoa e documento, ou
pessoa e laudo pericial.

3.4.8 Documentos
O artigo 232 do Código de Processo Penal conceitua os documentos como
“quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares”. São
considerados documentos: escritos, fotos, fitas de vídeos e som, desenhos,
gravuras, esquemas, cd’s, dvd’s, e-mails, entre outros que sirvam para expressar e
provar um fato ou acontecimento juridicamente relevante.
A natureza jurídica dos documentos é de meio de prova, pois visa a
comprovação de algo. A produção dos documentos no processo penal pode se dar
em qualquer fase, de acordo com o artigo 231 do Código de Processo Penal, ou
seja, podem ser juntados na inicial acusatória, por ocasião da resposta escrita e
durante a instrução criminal. Após a juntada do documento, o juiz deve intimar e
oportunizar a parte contrária que se manifeste quanto à prova produzida.

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Entretanto, é importante declinar que quanto ao plenário do Júri, o artigo 479
do Código de Processo Penal, de forma única no ordenamento processual pátrio,
veda a produção de prova documental “durante o julgamento não será permitida a
leitura de documentos ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos
com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciência a outra parte”.
A doutrina classifica os documentos em:
• Públicos: são aqueles produzidos por quem desempenha de forma legal a
função pública – ex.: certidão de casamento, nascimento, óbito.
• Privados: são aqueles elaborados pelo particular.
• Solenes: são aqueles que devem ser elaborados seguindo as exigências
legais.
• Livres: podem ser firmados sem a determinação de requisitos formais.
• Causais ou circunstanciais: não são feitos objetivando a comprovação de
um fato específico.
• Pré-constituídos: são confeccionados com a finalidade de constituir prova
de um fato específico.

3.4.9 Indícios
Nos moldes do artigo 239 do Código de Processo penal, “Considera-se indício
a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por
indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.”
Nesse sentido, “nenhum fato é tão isolado que não guarde relação, direta ou
indireta, com outro fato ou circunstância. Nessa inter-relação inevitável é que o
observador encontra o caminho, por meio do fato secundário, e por indução, para
chegar ao principal que aquele remete” (Marcão, 2014, p. 561).
Como não há hierarquia de provas no sistema processual pátrio, e levando-se
em consideração o sistema da persuasão racional, “não há qualquer óbice, portan to,
para que o juiz fundamente a sentença condenatória com base, exclusivamente, em
prova indiciária, já que a certeza pode, em tese, advir de elementos dessa natureza.
A rigor, até mesmo um único indício pode servir de base para o acolhimento da
pretensão punitiva, desde que se mostre suficiente para convencer o juiz”
(Gonçalves, 2014, p. 314).

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3.4.10 Busca e apreensão
É um meio de prova, de natureza cautelar que objetiva a localização, remoção
e conservação das provas importantes para os autos do processo.
Assim, “busca é o nome que se dá ao com junto de ações dos agentes estatais
para a procura e descoberta daquilo que interessa ao processo, ao passo que a
apreensão o ato consistente em retirar pessoa ou coisa do local em que esteja para
fins de sua conservação” (Gonçalves, 2014, p. 314).
Quanto às modalidades a busca pode ser:
I. Domiciliar (artigo 240, §1º do Código de Processo Penal): é efetuada em
residência ou em local de trabalho. Considera-se domicílio (artigo 246 do Código de
Processo Penal e artigo 150, §4º do Código Penal) o compartimento habitado,
mesmo que provisoriamente, não aberto ao público, destinado à atividade
profissional, como o apartamento, o quarto de hotel, o escritório etc. Segundo o
artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal “a casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em casa de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial”.
A busca domiciliar poderá ocorrer, segundo o artigo 240 do Código de
Processo Penal, quando for para:
• prender criminosos;
• apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
• apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos
falsificados ou contrafeitos;
• apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime
ou destinados a fim delituoso;
• descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
• apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu
poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo
possa ser útil à elucidação do fato;
• apreender pessoas vítimas de crimes;
• colher qualquer elemento de convicção

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
II. Pessoal (artigo 240, §2º do Código de Processo Penal): também chamada
geral, é realizada no corpo, nas vestes, ou nos objetos trazidos pela pessoa.
Ocorre quando “houver fundada suspeita de que alguém oculte: a) arma
proibida; b) coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; c) instrumentos de
falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; d) armas e
munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fins
delituosos; e) objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; f) cartas,
abertas ou não, destinadas ao acusado; g) qualquer elemento de convicção (CPP,
art. 240, § 1º)” (Tourinho Filho, 2010, p. 631).
Caso a busca seja realizada em mulher, o artigo 249 do Código de Processo
Penal determina que a revista seja feita por outra mulher.
Por fim, vale frisar que com a entrada em vigor da nova Lei nº 13.964/19
(Pacote Anticrime), o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada
inadmissível, não poderá mais proferir a sentença ou acórdão, esta alteração consta
no novo §5º do artigo 157 do Código de Processo Penal.
Outrossim, acho válido trazer no tópico “provas”, a descrição dos recentes
artigos, nos quais passaram a existir e entraram em vigor com a nova legislação
supra mencionada, vejamos os novos artigos do Código de Processo Penal sobre a
denominada cadeia de custódia.
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os
procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica
do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de
crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada
a existência de vestígio.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova pericial f ica responsável por sua
preservação.
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado
ou recolhido, que se relaciona à inf ração penal.
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio
nas seguintes etapas:
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova pericial;
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo
isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios
e local de crime;
III - f ixação: descrição detalhada do vestígio conf orme se encontra no local
de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames,
podendo ser ilustrada por f otograf ias, f ilmagens ou croqui, sendo
indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito
responsável pelo atendimento;

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IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial,
respeitando suas características e natureza;
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio
coletado é embalado de f orma individualizada, de acordo com suas
características f ísicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com
anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
acondicionamento;
VI - transporte: ato de transf erir o vestígio de um local para o outro,
utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura,
entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características
originais, bem como o controle de sua posse;
VII - recebimento: ato f ormal de transf erência da posse do vestígio, que
deve ser documentado com, no mínimo, inf ormações ref erentes ao número
de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem,
nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do
exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identif icação de quem o
recebeu;
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de
acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas,
f ísicas e químicas, a f im de se obter o resultado desejado, que deverá ser
f ormalizado em laudo produzido por perito;
IX - armazenamento: procedimento ref erente à guarda, em condições
adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de
contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do
laudo correspondente;
X - descarte: procedimento ref erente à liberação do vestígio, respeitando a
legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.
‘Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada pref erencialmente
por perito of icial, que dará o encaminhamento necessário para a central de
custódia, mesmo quando f or necessária a realização de exames
complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou process o d ev em
ser tratados como descrito nesta Lei, f icando órgão central de perícia of ic ial
de natureza criminal responsável por detalhar a f orma do seu cumprimento.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito
responsável, sendo tipif icada como f raude processual a sua realização.
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será
determinado pela natureza do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração
individualizada, de f orma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade d o
vestígio durante o transporte.
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência
adequado e espaço para registro de inf ormações sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à anális e
e, motivadamente, por pessoa autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se f azer constar na f icha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data,
o local, a f inalidade, bem como as inf ormações ref erentes ao novo lacre
utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo
recipiente.
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de
custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve s er
vinculada diretamente ao órgão central de perícia of icial de natureza
criminal.

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§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com
local para conf erência, recepção, devolução de materiais e documentos,
possibilitando a seleção, a classif icação e a distribuição de materiais,
devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não
interf iram nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser
protocoladas, consignando-se inf ormações sobre a ocorrência no inquérito
que a eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão
ser identif icadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações
deverão ser registradas, consignando -se a identif icação do responsável
pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à
central de custódia, devendo nela permanecer. Parágraf o único. Caso a
central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar
determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar
as condições de depósito do ref erido material em local diverso, mediante
requerimento do diretor do órgão central de perícia of icial de natureza
criminal.

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rev. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2003.

CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 15 ed. Editora Saraiva, 2008.

FERNANDES, Antônio Scarance. Processo penal constitucional. 5ª ed. rev. São


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GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito processual penal esquematizado/


Victor Eduardo Rios Gonçalves, Alexandre Cebrian Araújo Reis. – 8. ed. – São
Paulo: Saraiva Educação, 2019. (Coleção esquematizado® / coordenador Pedro
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Cândido Rangel. Teoria geral do processo.15ª Ed. Editora Malheiros,1999.

MUCCIO, Hidejalma. Da denúncia: teoria e prática. 1.ed. Bauru: Edipro, 2001.

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JESUS, Damásio. Código de processo penal anotado. 22.ed. atual. São Paulo:
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Larousse Cultural. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Editora Universo,


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LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. Niterói, RJ: Impetus, 2012.

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MARCÃO, Renato. Curso de processo penal. São Paulo: Saraiva, 2014.

MARQUES, José Frederico. Elementos do direito processual penal. 2. ed.,


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MARQUES, José Frederico. Estudos de direito processual penal. 2 ed. Campinas:


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MIRABETE, Julio Fabrini. Processo penal. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006.

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NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios constitucionais penais e processuais


penais. 2ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. 11ª ed. São Paulo:
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OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 11ª ed. Rio de Janeiro:
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RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2013.

REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito


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TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual


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