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RESUMO DA UNIDADE

Esta unidade analisará os principais aspectos atinentes ao processo e ao


procedimento na seara penal. Especificamente, foram enfocados os aspectos gerais
do processo e do procedimento partindo de sua necessária distinção, dos
instrumentos hábeis a romper a inércia da jurisdição e o necessário respeito ao
devido processo legal enquanto supraprincípio que reclama a necessária
observância aos procedimentos fixados em lei. No âmago da técnica, percorremos
as disposições legais e posições doutrinárias atinentes ao procedimento comum
ordinário, sumário e sumaríssimo e aos procedimentos especiais a fim de
demonstrar os pontos de aproximação e distanciamento entre os mais diversos
procedimentos penais. O estudo é salutar para a compreensão lógica dos
procedimentos nos âmbitos abstrato e prático.

Palavras-chave: processo penal; procedimento; rito; atos; audiência; instrução;


julgamento; debates.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .........................................................................................3


CAPÍTULO 1 – NOTAS INICIAIS SOBRE O PROCESSO E O PRECEDIMENTO.....4
1.1 Diferença entre processo e procedimento ............................................................4
1.2 Ne procedat judex ex officio ....................................................................................5
1.3 Respeito ao devido processo legal ........................................................................8
1.4 Nulidades................................................................................................................. 10
1.5 Processo e procedimento: entendimentos do STF........................................... 15
CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTO COMUM .................................................................... 24
2.1 Rito ordinário........................................................................................................... 24
2.1.1 Citação ..................................................................................................................... 25
2.1.2 Resposta à acusação ............................................................................................ 27
2.1.3 Conflito de Jurisdição ............................................................................................ 32
2.1.4 Restituição Das Coisas Apreendidas.................................................................. 34
2.1.5 Incidente de Falsidade .......................................................................................... 38
2.1.6 Incidente de Insanidade Mental do Acusado ..................................................... 39
2.1.7 Audiência de Instrução, Debates e Julgamento................................................ 41
2.2 Rito sumário ............................................................................................................ 49
2.3 Rito sumaríssimo.................................................................................................... 51
CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTO ESPECIAL ............................................................... 54
3.1 Rito do Júri .............................................................................................................. 54
3.2 Rito dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos .................... 59
3.3 Rito dos crimes contra a honra ............................................................................ 62
3.4 Rito dos crimes contra a propriedade imaterial ................................................. 63
3.5 Rito da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006) ........................................................... 64
3.6 Suspensão condicional do processo................................................................... 68
REFERENCIAS..................................................................................................................... 72

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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

O estudo do processo e do procedimento é essencial para a compreensão


global e adequada às diversas nuances do direito processual penal. O direito penal
versa sobre o comportamento e a pena, enquanto o processo penal visa à
efetivação do direito penal, pois entre o crime e a pena há um procedimento, isto é,
a pena deve ser aplicada por meio de um processo. Assim, o processo penal é o
meio constitucionalmente adequado para a efetivação do direito penal.
Diante da ocorrência de um crime, o Estado, enquanto detentor do monopólio
do direito de punir, deverá aplicar uma pena previamente prevista na legislação
penal. Para tanto, deve-se seguir um procedimento que consagre, entre outros
princípios e garantias, o necessário contraditório, a ampla defesa, a publicidade, a
imparcialidade.
Nesse sentido, o processo penal é um conjunto de atos concatenados e lógicos
que cuidam desde a ocorrência do crime à aplicação da pena. Os princípios e
garantias são as bases na qual o processo penal se susten ta, tendo como principal
fonte a Constituição Federal. Os princípios são valores que norteiam a criação, a
interpretação e a aplicação da norma, enquanto as garantias permitem um processo
justo, sem arbitrariedades, por parte do Estado.
Dentro desse panorama, a observância dos procedimentos é essencial para
um processo válido e justo dentro do sistema processual penal acusatório que se
consagrou no Brasil. Nesse norte, a compreensão dos diversos ritos consagrados na
legislação processual penal pátria é essencial ao estudioso do Direito.

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CAPÍTULO 1 – NOTAS INICIAIS SOBRE O PROCESSO E O PRECEDIMENTO

1.1 Diferença entre processo e procedimento

Inicialmente é preciso diferenciar processo de procedimento, sendo o processo,


segundo Tourinho Filho, “aquela atividade desenvolvida pelo Juiz com o concurso
dos demais sujeitos processuais - partes e auxiliares da Justiça - visando a solução
do litígio” e “conjunto de atos processuais que se sucedem, de forma coordenada,
com a finalidade de resolver, jurisdicionalmente, o litígio, denomina-se processo”. E
quanto ao procedimento, ensina ainda que é a “coordenação e ordem dos atos
processuais” (2010, p. 703).
É possível vislumbrar que, no processo penal, o procedimento se divide em
comum e especial (art. 394 do CPP1). O procedimento comum, por sua vez, se
subdivide em ordinário, sumário e sumaríssimo. Quanto aos procedimentos
especiais, suas regras são colacionadas no Código de Processo Penal, bem como
pela Legislação Penal Especial e serão objetos de estudo, os crimes de
competência do júri, os crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, os
crimes contra a honra, os crimes contra a propriedade imaterial e os crimes na lei de
drogas (Lei 11.343/2006).
Segundo a lição de Norberto Avena, se, por um lado, a finalidade do processo
é possibilitar ao Estado a satisfação do jus puniendi e, por outro, a realização desse
direito de punir está condicionada à observância de garantias que permitam ao
imputado opor-se à pretensão punitiva estatal, conclui-se que, para alcançar
validamente seu desiderato e atingir o fim a que se destina, o processo deverá ter
desenvolvimento regular, o que compreende2:
a) Instauração de uma relação jurídica processual triangularizada pelo juiz
(como sujeito processual imparcial a quem compete a solução da lide) e
pelas partes (acusação no polo ativo e defesa no polo passivo). Define-
se, assim, relação jurídica como o vínculo que se estabelece entre os

1Art. 394, CPP. O procedimento será comum ou especial.


2Avena, Norberto Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro:
Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018.

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sujeitos que, no processo, ocupam posições distintas e aos quais


assistem faculdades, direitos e obrigações.
b) A realização de uma sequência ordenada de atos, chamada de
procedimento, a qual abrange, necessariamente, a formulação de uma
acusação (pública ou privada), o exercício do direito de defesa, a
produção das provas requeridas pelos polos acusatório e defensivo e a
decisão final.
Importante ter em vista que, tanto na relação jurídica estabelecida entre os
sujeitos distintos quanto no procedimento propriamente dito, deverão incidir os
princípios processuais penais constitucionais, assecuratórios de garantias como a do
contraditório, da ampla defesa, do devido processo legal, da publicidade dos atos,
de ser julgado o réu por juiz com competência previamente definida a partir de
normas jurídicas gerais (juiz natural) etc.

IMPORTANTE
Ação direta de inconstitucionalidade. Arts. 39 e 94 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do
Idoso). (...) Aplicabilidade dos procedimentos previstos na Lei 9.099/1995 aos crimes
cometidos contra idosos. (...) Art. 94 da Lei 10.741/2003: interpretação conforme à
CB, com redução de texto, para suprimir a expressão “do Código Penal e”. Aplicação
apenas do procedimento sumaríssimo previsto na Lei 9.099/1995: benefício do idoso
com a celeridade processual. Impossibilidade de aplicação de quaisquer medidas
despenalizadoras e de interpretação benéfica ao autor do crime. [ADI 3.096, rel. min.
Carmen Lúcia, j. 16-6-2010, P, DJE de 3-9-2010].

1.2 Ne procedat judex ex officio

Independentemente do procedimento a ser adotado, é certo que o processo


começa com a apresentação de uma petição inicial, hábil a romper a inércia da
jurisdição, dando início à ação penal. Theodoro Jr. recomenda que conceituemos a
jurisdição não somente como um poder, mas sim como uma função estatal, função
esta de “declarar e realizar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma
situação jurídica controvertida”.

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Diz-se ser tal ofício estatal, instrumental, pois é tão-somente um “instrumento


de que o próprio direito dispõe para impor-se à obediência dos cidadãos”, a fim de
executar ou declarar existente ou não a pretensão de alguém com legitimidade e
interesse em agir que se dispôs a tirar a jurisdição de sua inércia natural. Em suma,
podemos dizer que a jurisdição é a função exclusiva e legítima do Estado, quando
provocado, de dirimir litígios trocando a vontade das partes pela vontade da lei de
forma definitiva3.
Por seu turno, a ação penal é o direito público subjetivo de pleitear ao Estado a
aplicação do direito penal objetivo, através do exercício da tutela jurisdicional. Para
tanto, será necessária a provocação da jurisdição por aquele que detiver a
titularidade da ação penal, uma vez que a jurisdição é inerte, de modo que não
haverá procedimento de ofício. A afirmativa é expressão do princípio do ne procedat
judex ex officio. Interessante mencionar que, no caso de inércia do Ministério
Público, poderá o próprio ofendido propor ação penal privada subsidiária da pública
a fim de tirar a jurisdição da inércia.
São exceções ao princípio do ne procedat judex ex officio o habeas corpus,
uma vez que pode ser concedido de ofício desde que se verifique que alguém está
sofrendo ou na ameaça de sofrer coação à liberdade de locomoção e a decretação
de prisão preventiva, no curso da ação penal.
Nesse sentido, o início da ação penal, executando-se os procedimentos
aplicáveis à espécie, depende do oferecimento de uma denúncia ou de uma queixa -
crime.
A denúncia é a petição inicial utilizada, exclusivamente, pelo Ministério Pú blico
para provocar a jurisdição a fim de se iniciar uma ação penal pública condicionada
ou incondicionada, enquanto a queixa-crime é a petição inicial utilizada pelo
ofendido/vítima ou seu representante legal para provocar a jurisdição a fim de se
iniciar uma ação penal privada.

IMPORTANTE
O sistema processual penal acusatório, mormente na fase pré-processual, reclama
deva ser o juiz apenas um “magistrado de garantias”, mercê da inércia que se exige

3 THEODORO JR. Pág. 36 a 38.

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do Judiciário enquanto ainda não formada a opinio delicti do Ministério Público. (...)
mesmo nos inquéritos relativos a autoridades com foro por prerrogativa de função, é
do Ministério Público o mister de conduzir o procedimento preliminar, de modo a
formar adequadamente o seu convencimento a respeito da autoria e materialidade
do delito, atuando o Judiciário apenas quando provocado e limitando-se a coibir
ilegalidades manifestas. In casu: inquérito destinado a apurar a conduta de
parlamentar, supostamente delituosa, foi arquivado de ofício pelo i. relator, sem
prévia audiência do Ministério Público; não se afigura atípica, em tese, a conduta de
deputado federal que nomeia funcionário para cargo em comissão de natureza
absolutamente distinta das funções efetivamente exercidas, havendo juízo de
possibilidade da configuração do crime de peculato-desvio (art. 312, caput, do CP).
[Inq 2.913 AgR, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 1º-3-2012, P, DJE de 21-6-2012.]

IMPORTANTE
Direito a mover ação penal privada subsidiária da pública. Art. 5º, LIX, da CF. Direito
da vítima e sua família à aplicação da lei penal, inclusive tomando as rédeas da
ação criminal, se o Ministério Público não agir em tempo. Relevância jurídica.
Repercussão geral reconhecida. Inquérito policial relatado remetido ao Ministério
Público. Ausência de movimentação externa ao Parquet por prazo superior ao legal
(art. 46 do CPP). Surgimento do direito potestativo a propor ação penal privada.
Questão constitucional resolvida no sentido de que: (i) o ajuizamento da ação penal
privada pode ocorrer após o decurso do prazo legal, sem que seja oferecida
denúncia, ou promovido o arquivamento, ou requisitadas diligências externas ao
Ministério Público. Diligências internas à instituição são irrelevantes; (ii) a conduta do
Ministério Público posterior ao surgimento do direito de queixa não prejudica sua
propositura. Assim, o oferecimento de denúncia, a promoção do arquivamento ou a
requisição de diligências externas ao Ministério Público, posterior ao decurso do
prazo legal para a propositura da ação penal, não afastam o direito de queixa. Nem
mesmo a ciência da vítima ou da família quanto a tais diligências afasta esse direito,
por não representar concordância com a falta de iniciativa da ação penal pública.
[ARE 859.251 RG, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-4-2015, P, DJE de 21-5-2015,
repercussão geral, Tema 811.]

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1.3 Respeito ao devido processo legal

Nesse elastério, a denúncia e a queixa-crime são instrumentos essenciais ao


jus persequendi, isto é, ao direito de perseguir em juízo a aplicação da lei penal, por
meio do processo. O jus persequendi se dá, basicamente, em três etapas: o
inquérito policial; a ação penal em primeira, segunda e instâncias superiores e a
execução penal. Nossos estudos se voltam à segunda etapa do jus persequendi,
mais especificamente aos procedimentos que compõem o processo penal.
É certo que o processo penal, enquanto expressão do jus puniendi, deve
obediência ao devido processo legal, eis que uma decisão válida deve ser
construída em respeito aos seus procedimentos, é importante ressaltar que em toda
a persecução penal deve estar presente o respeito ao devido processo legal, porque
toda dinâmica processual deve estar em consonância a ele para falarmos em um
processo válido e justo.
Pois este, segundo Neves, é o princípio base, norteador de todos os demais
princípios a serem observados no processo judicial, trazendo conceito in determinado
de forma que tão-somente a previsão do devido processo legal pelo legislador, seria
capaz de suprir a previsão dos demais princípios processuais (perigosamente,
entretanto), visto que a partir dele seria capaz o juiz prever, no caso concreto, os
outros princípios dele derivados 4.
No mesmo sentido, Theodoro Jr. afirma que o due process of law traz,
hodiernamente, a garantia a um processo justo, funcionando, dentre outras coisas,
como um superprincípio, no qual se busca a razoabilidade e formas que
proporcionem a celeridade de sua tramitação.
Como, abaixo, assinala:
Nesse âmbito de comprometimento com o “justo”, com a “correção”, com a
“ef etividade” e a “presteza” da prestação jurisdicional, o due process of law
realiza, entre outras, a f unção de superprincípio, coordenando e delimitando
todos os demais princípios que inf ormam tanto o processo c omo o
procedimento. Inspira e torna realizável a proporcionalidade e razoabilidade
que deve prevalecer na vigência e harmonização de todos os princípios do
direito processual de nosso tempo 5.

4 NEVES. Pág. 62 e 63.


5 THEODORO. Pág. 24.

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Vale-se, aqui, dizer que o devido processo legal traz consigo dois aspectos: um
substancial, no qual a decisão oriunda do provimento jurisdicional deve fazer
prevalecer, sempre, a supremacia das normas, dos princípios e dos valores
constitucionais. E outro procedimental em que se impõe fiel respeito ao contraditóri o
e à ampla defesa, decorrência do princípio constitucional da igualdade 6.
Desse modo, é importante se falar em substantive due process – devido
processo legal em sentido material – pois não basta à prestação judicial a mera
regularidade formal – respeito ao procedimento fixado em lei -, é-se necessário que
esta seja substancialmente razoável e correta. Daqui, então, emergem os princípios
da proporcionalidade e da razoabilidade, nos quais se ponderam os interesses em
jogo, visando à justiça do caso concreto.
Como afirma Câmara:
O devido processo legal substancial deve ser entendido como uma garant ia
do trinômio ‘vida-liberdade-propriedade’. Através da qual se assegura que a
sociedade só seja submetida a leis razoáveis, as quais devem atender aos
anseios da sociedade, demonstrando assim sua f inalidade social. Tal
garantia substancial do devido processo legal pode ser considerada como o
próprio princípio da razoabilidade das leis 7.

Mas, outrossim, não se pode afastar, jamais, o seu sentido formal, que nada
mais é que o direito de processar e de ser processado, de acordo com as normas
processuais e princípios, devendo aquelas serem produzidas de forma válida,
respeitando, também, um devido processo legal em âmbito legislativo.
O devido processo legal guarda suas raízes no princípio da legalidade,
garantindo ao indivíduo que somente seja processado e punido se houver lei penal
anterior definindo determinada conduta como crime, cominando-lhe pena. Além
disso, modernamente, representa a união de todos os princípios penais e
processuais penais, indicativo da regularidade plena do processo criminal.
Associados, os princípios constitucionais da dignidade humana e do devido
processo legal entabulam a regência dos demais, conferindo-lhes unidade e
coerência8.

6 THEODORO. Pág. 25.


7 CÂMARA. Pág. 35
8 Nucci, Guilherme de Souza Manual de direito penal / Guilherme de Souza Nucci. – 16. ed. – Rio de

Janeiro: Forensse, 2020.

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1.4 Nulidades
O não respeito ao procedimento estabelecido em lei para determinada
persecução penal pode acarretar na nulidade do ato, contaminando, inclusive, os
atos dele derivado.
O artigo 563 do Código de Processo Penal, entretanto, afirma que: “Nesse
sentido, se o ato atinge sua finalidade sem causar prejuízo às partes, não deverá ser
declarada sua nulidade por mera irregularidade formal. Essa é expresso do princípio
da instrumentalidade das formas”.

IMPORTANTE
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUNAL DO JÚRI.
ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 563 E 593, III, A, DO CPP. INDEFERIMENTO DO
PEDIDO DE TRANSMISSÃO DO CONTEÚDO DA MÍDIA DA AUDIÊNCIA DE
CUSTÓDIA EM SESSÃO PLENÁRIA. DECISÃO MOTIVADA. NULIDADE NÃO
CONFIGURADA. RESOLUÇÃO N. 213/CNJ. DESCABIMENTO DA ANÁLISE DE
ATO NORMATIVO QUE NÃO SE ENQUADRA NO CONCEITO DE LEI FEDERAL.
AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE EFETIVO PREJUÍZO. ALEGAÇÕES
GENÉRICAS. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. Consoante
orientação desta Corte Superior de Justiça, não caracteriza cerceamento de defesa
o indeferimento de requerimento de produção de provas, quando o magistrado o faz,
fundamentadamente, por considerá-las infundadas, desnecessárias ou protelatórias,
como na hipótese em tela, em que ficou reconhecida a prescindibilidade, naquele
momento processual, da reprodução da mídia contendo o interrogatório do
recorrente realizado por ocasião da audiência de custódia, tal como solicitada pela
defesa, motivação legítima, fundamentada na Resolução n. 213 do Conselho
Nacional de Justiça. 2. Não cabe a esta Corte Superior avaliar se foi ou não
equivocada a adoção da citada resolução pelas instâncias ordinárias, porquanto
inviável em sede de recurso especial a interpretação ou exame de ato normativo que
não se enquadra no conceito de lei federal. Precedentes. 3. O reconhecimento de
nulidades, no processo penal, com a consequente anulação do ato processual,
reclama uma efetiva demonstração do prejuízo à parte, sem a qual prevalecerá o
princípio da instrumentalidade das formas positivado pelo art. 563 do Código de

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Processo Penal. 4. Na hipótese dos autos, o recorrente não demonstrou,


concretamente, a imprescindibilidade da prova requerida, tendo suscitado
genericamente a questão. Assim, inviável o reconhecimento de qualquer nulidade
processual, em atenção ao princípio do pas de nullité sans grief. 5. Para se
determinar se a atitude da Juíza Presidente do Tribunal do Júri causou prejuízo
concreto ao réu, seria necessário profunda análise dos elementos fáticos constantes
dos autos, o que é vedado, em recurso especial, pelo disposto na Súmula 7/STJ. 6.
Recurso especial improvido.
(STJ - REsp: 1717508 MT 2018/0001712-3, Relator: Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, Data de Julgamento: 26/02/2019, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 14/03/2019)

Nesse sentido, a falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação


estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se,
embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a
suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá
prejudicar direito da parte (art. 570, CPP).
No âmbito do processo penal, o artigo 564 traz interessante rol exemplificativo
segundo o qual a nulidade ocorrerá:
• Por incompetência, suspeição ou suborno do juiz. Ao tratarmos do
procedimento comum ordinário, destinaremos algumas linhas para tratar
do procedimento das exceções de incompetência e de suspeição.
• Por ilegitimidade de parte.
• Por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
• Por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de
contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios,
ressalvado o disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao
ausente, e de curador ao menor de 21 anos;

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d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por


ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se
tratar de crime de ação pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando
presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia,
com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do
Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade,
nos termos estabelecidos pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e
sua incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m)a sentença;
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de
sentenças e despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação,
o quorum legal para o julgamento;
Demais a mais, ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das
suas respostas, e contradição entre estas.
Cumpre mencionar, nos termos do art. 572 do Código de Processo Penal, que
a ausência de intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação
pública, a falta de intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do
Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia e a falta de intimação das
testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela
lei considerar-se-ão sanadas: (a) se não forem arguidas, em tempo oportuno; (b) se,

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praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim e (c) se a parte, ainda que
tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
Quanto ao momento de arguição da nulidade, exemplificativamente, temos qu e
as nulidades:
a) Da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a
que se refere o art. 406, CPP9.
b) Ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o
julgamento e apregoadas as partes (art. 447, CPP10);
c) Verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso
ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as
partes;
d) Do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo
depois de ocorrerem.
Note-se, entretanto, que pelo princípio do venire contra factum proprium 11 e do
nemo auditur propriam turpitudinem allegans 12, nenhuma das partes poderá arguir
nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a
formalidade cuja observância só à parte contrária interesse (art. 565, CPP). Além
disso, não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na
apuração da verdade substancial ou na decisão da causa (art. 566, CPP).
Sobre o nemo auditur propriam turpitudinem allegans, in teressante trazer à luz
deste ensaio a jurisprudência abaixo, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que
embora trate de direito processual civil, é pertinente ao entendimento do tema:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. NULIDADE
DE CITAÇÃO. NULIDADE DE ALGIBEIRA. NULIDADE DE BOLSO. NEMO
AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. DECISÃO MANTIDA.
1. Trata-se de Agravo de Instrumento contra decisão a qual rejeitou a
declaração de nulidade do ato citatório, sob o argumento de que o causídico
constituído não possuía poderes para receber a citação em nome da
devedora. 2. Na espécie, cabível a aplicação da máxima latina nemo auditur
propriam turpitudinem allegans, ou seja, ninguém pode se benef iciar da
própria torpeza, uma vez que evidenciada tentativa de declaração de
nulidade de algibeira, em clara oposição aos Princípios Colaborativos e de

9 Art. 460, CPP. Antes de constituído o Conselho de Sentença, as testemunhas serão recolhidas a
lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das outras.
10 Art. 447, CPP. O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vint e

e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho
de Sentença em cada sessão de julg amento.
11 Vedação do comportamento contraditório
12 Ninguém pode se benef iciar da própria torpeza

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Boa-Fé que norteiam o Processo Civil atual. 3. Guardar a nulidade no bolso


e querer apresentá-la tão somente em momento que lhe convém é
comportamento altamente rechaçado pela Doutrina e Jurisprudência pátrias
e atenta contra os Princípios Gerais do Direito. 4. Agravo de Instrumento
conhecido, mas desprovido. (TJ-DF 07006377420188079000 DF 0700637-
74.2018.8.07.9000, Relator: EUSTÁQUIO DE CASTRO, Data de
Julgamento: 22/08/2018, 8ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no
DJE:27/08/2018 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Quanto ao venire contra factum proprium, vejamos:


PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 155, CAPUT, DO CÓDIGO
PENAL. (1) IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE RECURSO ESPECIAL.
IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. (2) SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO. AUSÊNCIA DE PROPOSTA. JUSTIFICATIVA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO EM ALEGAÇÕES FINAIS. CONDUTA SOCIAL E
CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. JUÍZO NÃO DISCORDOU. MANTEVE -SE
SILENTE. DEFESA EM ALEGAÇÕES FINAIS NÃO SE OPÔS. APÓS A
SENTENÇA NÃO MANEJOU EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
EXPECTATIVA DE CONDUTA CONTRÁRIA À JÁ ASSUMIDA. BOA -FÉ
OBJETIVA. VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM. NULIDADE. NÃO
RECONHECIMENTO. (3) PENA-BASE. ACRÉSCIMO. (A)
CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. INCREMENTO
JUSTIFICADO. (B) ANTECEDENTES. FEITOS EM CURSO. SÚMULA 444
DO STJ. ILEGALIDADE. RECONHECIMENTO. (4) WRIT NÃO
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. É imperiosa a
necessidade de racionalização do emprego do habeas co rpus, em prestígio
ao âmbito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à lógica do
sistema recursal. In casu, f oi impetrada indevidamente a ordem como
substitutiva de recurso especial. 2. Não há manif esta ilegalidade a ser
reconhecida. A relação processual é pautada pelo princípio da boa-f é
objetiva, da qual deriva o subprincípio da vedação do venire contra f actum
proprium (proibição de comportamentos contraditórios). Na espécie,
depreende-se que, em sede de apelação, a def esa pleiteou a nulidade,
tendo em vista a ausência de proposta pelo Parquet de suspensão
condicional do processo, aduzindo que o Juízo de primeiro grau não se
manif estou. Todavia, verif ica-se que o Ministério Público, em alegações
f inais, asseverou que não of ertaria o sursis pro cessual, em razão da
conduta social do paciente e das circunstâncias do crime. A Def esa, na
mesma ocasião, não se opôs. Prof erida a sentença, a Def esa não manejou
embargos declaratórios. Ademais, é de ver que a pena do paciente é
superior a 1 (um) ano de reclusão, bem como é idônea a justif icativa
apresentada pelo Parquet para não propor a suspensão condicional do
processo. 3. A dosimetria é uma operação lógica, f ormalmente estruturada,
de acordo com o princípio da individualização da pena. Tal procedimento
envolve prof undo exame das condicionantes f áticas, sendo, em regra,
vedado revê-lo em sede de habeas corpus (STF: HC 97677/PR, 1.ª Turma,
rel. Min. Cármen Lúcia, 29.9.2009 - Inf ormativo 561, 7 de outubro de 2009.
Na espécie, constitui f undamentação adequada para o acréscimo da pena-
base, em 1/6 (um sexto), considerar como negativas as circunstâncias e
consequências do crime (praticado contra uma irmã, com consequências
graves para o patrimônio dela, o que autoriza a f ixação da pena pouco
acima do mínimo legal). Todavia, notabiliza-se que não há como persistir o
acréscimo com relação ao antecedentes, uma vez que f eitos em cursos não
podem ser utilizados para elevar a pena-base (Súmula 444 do STJ), sendo
imprescindível o decote do incremento sancionatório. 4. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida, de of ício, a f im de reduzir a pena do pac ient e
para 1 (um) ano, 1 (mês) e 15 (quinze) dias de reclusão, mais 11 (onze)

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dias-multa, mantidos os demais termos do acórdão. (STJ - HC: 223432 RJ


2011/0259891-2, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
Data de Julgamento: 29/08/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação:
DJe 12/09/2013)
No que tange a incompetência, reza o artigo 567 do Código de Processo Penal
que a incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
Enquanto a nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo
tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais (Art. 568, CPP).
No mesmo sentido, as omissões da denúncia ou da queixa, da representação,
ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em
flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final (art. 569,
CPP).
De mais a mais, a exegese do art. 573 do Código Processo Penal recomenda
que os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada serão renovados ou retificados.
Mas, conforme dito alhures, a nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a
dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência, devendo o juiz
que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.
A lei denominada Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019) trouxe a inclusão do
inciso V ao art. 564 do Código de Processo Penal para consignar expressamente a
existência de nulidade quando se tratar de decisão carente de fundamentação.
Denoto ainda que o art. 315 trata da necessidade de fundamentação das
decisões. Como já disse, a própria Constituição, em seu art. 93, IX, exige que todas
as decisões do Poder Judiciário sejam fundamentadas. Essa exigência existe para
que as decisões possam ser controladas, de forma a ser avaliado o fundamento que
embasa a decisão judicial. Além disso, a fundamentação é essencial para permitir a
ampla defesa, já que o prejudicado pela decisão deve saber exatamente os motivos
que levaram o Juiz a proferir a decisão, a fim de que possa atacá-la em seu recurso.

1.5 Processo e procedimento: entendimentos do STF

Percorridas temáticas como a necessária distinção entre processo e


procedimento e o imprescindível respeito aos procedimentos legais, importa - a nós

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– adentrarmos, a título de elucidação prática, em alguns entendimentos do Supremo


Tribunal Federal sedimentados em súmulas.
Nesse sentido, a súmula vinculante 11 prescreve que somente será lícito o u so
de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal
do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Note-se da simples exegese do enunciado a necessidade de justificativa por
escrito pelo magistrado para o uso de algema em réu preso, conforme ponderado
pelo Ministro Luiz Fux:
No caso em comento, o enunciado da Súmula Vinculante 11 assentou o
entendimento de que a utilização de algemas se revela medida excepcional,
notadamente quando envolver processos perante o Tribunal do Júri em que
jurados poderiam ser inf luenciados pelo f ato de o acusado ter permanecido
algemado no transcurso do julgamento. Com ef eito, a utilização das
algemas somente se legitima em três situações, a saber: (i) quando há
f undado receio de f uga, (ii) quando há resistência à prisão ou (iii) quando há
risco à integridade f ísica do próprio acusado ou de terceiros (e.g.,
magistrados ou autoridades policiais). Mais que isso, é dever do agente
apresentar, posteriormente, por escrito, as razões que o levaram a proceder
à utilização das algemas. Do contrário, haverá a responsabilização tanto do
agente que ef etuou a prisão (criminal, cível e disciplinar) quanto do Estado,
bem como a decretação de nulidade da prisão e/ou dos atos processuais
ref erentes à constrição ilegal da liberdade ambulatorial do indivíduo. Ocorre
que, in casu, a autoridade reclamada (Juízo da 2ª Vara Criminal da
Comarca de Americana/SP) apresentou extensa f undamentação ao indef erir
o pedido de relaxamento da prisão . Daí por que se mostra inf undada a
pretensão dos reclamantes. [Rcl 12.511 MC, rel. min. Luiz Fux, dec.
monocrática, j. 16-10-2012, DJE 204 de 18-10-2012.]

De mais a mais, cumpre asseverar, conforme vimos ao tratarmos de nulidades,


que, sendo relativa, faz-se necessária a comprovação de efetivo prejuízo à defesa
em razão do uso injustificado de algema. Veja-se:
(...) é de registrar-se, tal como assinalado pelo Ministério Público Federal
em seu douto parecer, que o uso injustif icado de algemas em audiência,
ainda que impugnado em momento procedimentalmente adequado,
traduziria causa de nulidade meramente relativa, de modo que o seu
eventual reconhecimento exigiria a demonstração inequívoca, pelo
interessado, de ef etivo prejuízo à def esa — o que não se evidenciou no
caso —, pois não se declaram nulidades processuais por mera presunção,
consoante tem proclamado a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(...). O entendimento ora ref erido reaf irma a doutrina segundo a qual a
disciplina normativa das nulidades no sistema jurídico brasileiro rege-se
pelo princípio de que “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não
resultar prejuízo para a acusação ou para a def esa” (CPP, art. 563 (...)).

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Esse postulado básico — pas de nullité sans grief — tem por f inalidade
rejeitar o excesso de f ormalismo, desde que a eventual preterição de
determinada providência legal não tenha causado prejuízo para qualquer
das partes (...). [Rcl 16.292 AgR, rel. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 15-3-2016,
DJE 80 de 26-4-2016.].

Outra súmula vinculante, cuja observância interessa ao objeto deste ensaio é a


de súmula vinculante 14 ao rezar que é direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
A referida súmula foi aprovada em 02 de fevereiro de 2009 e teve como
referências legislativas os artigos 1º, III; e art. 5º, XXXIII, LIV e LV, CF/1988; 9º e 10,
CPP/1941; 6º, parágrafo único; e 7º, XIII e XIV, Lei 8.906/1994.
Importa-nos trazer à baila o voto do Ministro Cezar Peluso, no Habeas Corpus
88.190, cujo brilhantismo serviu de precedente representativo para sua edição.
Vejamos:
Há, é verdade, diligências que devem ser sigilosas, sob risco de
comprometimento do seu bom sucesso. Mas, se o sigilo é aí necessário à
apuração e à atividade instrutória, a f ormalização documental de seu
resultado já não pode ser subtraída ao indiciado nem ao def ensor, porque, é
óbvio, cessou a causa mesma do sigilo. (...) Os atos de instrução, enq uant o
documentação dos elementos retóricos colhidos na investigação, esses
devem estar acessíveis ao indiciado e ao def ensor, à luz da Constituição d a
República, que garante à classe dos acusados, na qual não deixam de
situar-se o indiciado e o investigado mesmo, o direito de def esa. O sigilo
aqui, atingindo a def esa, f rustra-lhe, por conseguinte, o exercício. (...) 5. P o r
outro lado, o instrumento disponível para assegurar a intimidade dos
investigados (...) não f igura título jurídico para limitar a def esa nem a
publicidade, enquanto direitos do acusado. E invocar a intimidade dos
demais investigados, para impedir o acesso aos autos, importa restriç ão ao
direito de cada um dos envolvidos, pela razão manif esta de que os impede
a todos de conhecer o que, documentalmente, lhes seja contrário. Por isso,
a autoridade que investiga deve, mediante expedientes adequados,
aparelhar-se para permitir que a def esa de cada paciente tenha acesso,
pelo menos, ao que diga respeito a seu constituinte. [HC 88.190, voto do rel.
min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 29-8-2006, DJ de 6-10-2006.]

Alheio à vinculação em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à


administração pública, importa-nos, igualmente, trazer à luz outros entendimentos
sumulados pelo Supremo Tribunal Federal, conforme passaremos a listar.
• Conforme estudado, o desrespeito procedimental pode ensejar na
nulidade do procedimento, nesse sentido o STF tem entendido que:

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Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação


da expedição de precatória para inquirição de testemunha.
Súmula 156 - É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de
quesito obrigatório
Súmula 160 - É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade
não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
Súmula 162 - É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos
da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes.
Súmula 206 - É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado
que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo.
Súmula 351 - É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
Súmula 352 - Não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador
ao réu menor que teve a assistência de defensor dativo.
Súmula 361 - No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito,
considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de
apreensão.
Súmula 366 - Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei
penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que
se baseia.
Súmula 431 - É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância,
sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus
Súmula 523 - No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Súmula 706 - É relativa a nulidade decorrente da inobservância da
competência penal por prevenção.
Súmula 707 - Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para
oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a
suprindo a nomeação de defensor dativo.
Súmula 708 - É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos
autos da renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para
constituir outro.

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Súmula 712 - É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da


competência do júri sem audiência da defesa.
• O princípio do impulso oficial prescreve que, uma vez iniciado o
procedimento, a relação processual desenvolver-se-á por impulso oficial,
seguindo a ordem procedimental. Nesse sentido, as partes devem
observar os prazos prescritos em lei. Sobre os prazos, o Supremo
Tribunal Federal sedimentou entendimento que:
➢ Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com
efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá in ício na
segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em
que começará no primeiro dia útil que se seguir (súmula 310).
➢ O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em
habeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias (súmula
319).
➢ O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr
imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público
(súmula 448).
➢ Não exige a lei que, para requerer o exame a que se refere o art.
777 do Código de Processo Penal, tenha o sentenciado cumprido
mais de metade do prazo da medida de segurança imposta (súmula
520).
➢ É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão
do juiz da execução penal (súmula 700).
➢ No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e
não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de
ordem (súmula 710).

• Veremos, em momento oportuno, ao tratarmos da fase de decisão no rito


comum ordinário, que encerrada a instrução probatória, se entender
cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova
existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não
contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou a

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queixa. Todavia, adianta-se que a súmula 453 adverte que não se aplica
à segunda instância o referido instituto da mutatio libelli disposto no art.
384 Código de Processo Penal.

• No que diz respeito à fixação da competência, cumpre a observância das


súmulas:
➢ Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento de
latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri.
➢ Súmula 611 - Transitada em julgado a sentença condenatória,
compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
➢ Súmula 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa
e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do
processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados.

A suspensão condicional do processo, a ser melhor estudada mais adiante,


está prevista no artigo 89 da Lei 9.099/95, de sorte que nos crimes em que a pena
mínima cominada for igual ou inferior a um ano, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde
que o acusado cumpra determinados requisitos. Nesse elastério, segundo o STF,
reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo,
mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a
questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de
Processo Penal 13 (súmula 696), para que este proponha a suspensão condicional do
processo, designe outro órgão do Ministério Público para propô-la, ou insista na não
propositura.

13 Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do


inquérito policial ou de quaisquer peças de inf ormação, o juiz, no caso de considerar improcedentes
as razões invocadas, f ará remessa do inquérito ou peças de inf ormação ao procurador-geral, e este
of erecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para of erece-la, ou insistirá no
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender (antiga redação, antes da
Lei nº 13.964/2019).

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Outrossim, importante salientar que com a entrada em vigar da lei denominada


Pacote Anticrime (Lei nº 13.964/2019),houve novas e importante considerações no
Código de Processo Penal, senão vejamos:
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
elementos inf ormativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará
os autos para a instância de revisão ministerial para f ins de homologação,
na f orma da lei.
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
competente do órgão ministerial, conf orme dispuser a respectiva lei
orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da
União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial
poderá ser provocada pela chef ia do órgão a quem couber a sua
representação judicial.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado
conf essado f ormal e circunstancialmente a prática de inf ração penal sem
violência ou grave ameaça e com pena mínima inf erior a 4 (quatro) anos, o
Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde 7
que necessário e suf iciente para reprovação e prevenção do crime,
mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de
f azê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados p elo Ministério
Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois
terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na f orma do art. 46
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade
pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que
tenha, pref erencialmente, como f unção proteger bens jurídicos iguais ou
semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério
Público, desde que proporcional e compatível com a inf ração penal
imputada.
§ 1º Para af erição da pena mínima cominada ao delito a que se ref ere o
caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição
aplicáveis ao caso concreto.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I - se f or cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais
Criminais, nos termos da lei;
II - se o investigado f or reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou prof issional, exceto se
insignif icantes as inf rações penais pretéritas;
III - ter sido o agente benef iciado nos 5 (cinco) anos anteriores ao
cometimento da inf ração, em acordo de não persecução penal, transação
penal ou suspensão condicional do processo; e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou f amiliar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo f eminino, em
f avor do agressor.

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§ 3º O acordo de não persecução penal será f ormalizado por escrito e será


f irmado pelo membro do Ministério Público, pelo inv estigado e por seu
def ensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será
realizada audiência na qual o juiz deverá verif icar a sua voluntariedade, por
meio da oitiva do investigado na presença do seu def ensor, e sua
legalidade.
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuf icientes ou abusivas as
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os
autos ao Ministério Público para que seja ref ormulada a proposta de acordo,
com concordância do investigado e seu def ensor.
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz
devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua execução
perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos
requisitos legais ou quando não f or realizada a adequação a que se ref ere o
§ 5º deste artigo.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério
Público para a análise da necessidade de complementação das
investigações ou o of erecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução
penal e de seu descumprimento.
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para f ins
de sua rescisão e posterior of erecimento de denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo
investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como
justif icativa para o eventual não of erecimento de suspensão condicional do
processo.
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal
não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os f ins
previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecuç ão penal, o juízo
competente decretará a extinção de punibilidade.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o
acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa
dos autos a órgão superior, na f orma do art. 28 deste Código.

Feitas as devidas considerações, passaremos no próximo capítulo ao estudo


procedimento comum, disposto no Código de Processo Penal.

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INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 11ª ed. Rio de Janeiro:
2009.
PEREIRA E SILVA, Igor Luis. Princípios Penais. 1ª Ed. Editora Juspodivm, 2012.

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23

RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 21ª Ed. São Paulo: Atlas, 2013.
REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito
Processual Penal Esquematizado. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual
Penal. 8ª Ed. Editora Juspodivm, 2013.
TOURINHO FILHO. Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 13ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
TUCCI, Rogério Lauria. Do Corpo de Delito no Direito Processual Penal
Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1978.

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CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTO COMUM

Conforme dito alhures, o procedimento comum se subdivide em ordinário,


sumário e sumaríssimo. O artigo 394, §1º do Código de Processo Penal bem dispõe
que o procedimento será: (a) ordinário quando tiver por objeto crime cuja sanção
máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de
liberdade; (b) sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade e (c) sumaríssimo, para
as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.

2.1 Rito ordinário

O processamento do rito ordinário está estabelecido nos artigos 394 a 405 do


Código de Processo Penal e está direcionado às infrações penais cuja pena máxima
prevista seja igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade.
O rito ordinário possui as seguintes fases:

Oferecimento
da denúncia ou Recebimento Citação
queixa-crime

Audiência de
Resposta à Despacho do
instrução e
acusação juiz
julgamento

Alegações
Sentença
finais

Em suma, havendo o oferecimento da denúncia ou a queixa, o juiz poderá


recebê-la ou rejeitá-la. Havendo o recebimento da denúncia ou da queixa-crime,

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deverá haver a citação do réu para apresentação de sua resposta à acusação.


Apresentada a defesa, o juiz deverá despachar reconhecendo a hipótese de
absolvição sumária ou afastando-a, ocasião em que designará audiência de
instrução, interrogatório e julgamento, em 60 dias, cuja dinâmica contempla a oitiva
da vítima, oitiva das testemunhas de acusação e das testemunhas de defesa (8
testemunhas para cada um14), esclarecimentos do peritos, reconhecimento e
acareações e interrogatório do réu. Finalizada a instrução, não havendo o
requerimento de diligências, deverá as partes apresentar suas alegações finais orais
ou seus memoriais para, por fim, o magistrado proferir a competente sentença,
encerrando, em regra, o primeiro grau de jurisdição. Vejamos com mais afinco a
dinâmica processual.
Note que com o oferecimento da denúncia ou queixa-crime, o juiz poderá
rejeitar a exordial acusatória liminarmente se verificar a ocorrência das hipóteses
constantes no rol do artigo 395 do CPP, in verbis:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - f or manif estamente inepta;
II - f altar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal;
III - f altar justa causa para o exercício da ação penal.
Não sendo o caso de rejeição liminar, a inicial será recebida, o juiz ordenará a
citação do acusado para responder aos termos da acusação.

IMPORTANTE
Aplicam-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposição legal em
contrário, bem como se aplicam subsidiariamente aos procedimentos especial,
sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.

2.1.1 Citação
No processo penal, a citação é o ato essencial para a validade do processo,
conforme expressamente dispõe o artigo 363 do Código de Processo Penal e é o
momento em que o réu é cientificado acerca da existência da ação penal, para que
possa vir a juízo para se ver processar e realizar a sua defesa. A f inalidade da

14 Art. 401, CPP. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela
acusação e 8 (oito) pela def esa. §1º Nesse número não se compreendem as que não prestem
compromisso e as ref eridas. §2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas
arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código.

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citação é dar ciência do inteiro teor da imputação e para o chamamento do acusado


para que possa exercer o seu direito de defesa.
A citação pode ser real (pessoal) quando feita diretamente ao acusado, por
mandado: através de oficial de justiça, quando o réu encontra-se em local certo e
sabido dentro da jurisdição do juízo processante (art. 351 CPP); por carta precatória:
quando está em local conhecido, mas fora da jurisdição do juízo processante (art.
353 CPP); por carta rogatória: o réu está no exterior em local conhecido (art. 368
CPP), e o prazo prescricional ficará suspenso até o cumprimento.
Já a citação ficta será feita por edital: quando o acusado foi procurado mas não
foi encontrado, encontrando-se em local incerto e não sabido.
Observe-se que a nulidade da citação por edital deixou de ter a relevância que
possuía no passado. Com efeito, atualmente o processo fica suspenso se o réu
citado por edital não comparece e não nomeia defensor.
O reconhecimento posterior de nulidade da citação por edital só terá relevância
se tiver sido determinada a produção antecipada da prova (oitiva de testemunhas),
hipótese em que a prova terá que ser repetida. Antes das alterações trazidas pela
Lei n. 9.271/96, a ação penal obrigatoriamente prosseguia, inclusive com prolação
de sentença, em caso de citação por edital. Assim, a constatação de nulidade do
edital obrigava à repetição de todo o processo, desde o seu princípio. Nos termos do
art. 364 do Código de Processo, o prazo do edital é de 15 dias.
Existe também no ordenamento processual pátrio a citação por hora certa, e
ocorre o oficial de justiça verifica que o réu está se ocultando para não ser citado
(art. 362 CPP).
O artigo 366 do CPP determina que se o réu for citado por edital e não
comparecer e não constituir defensor, os prazos do curso do processo e da
prescrição ficarão suspensos. E nesse sentido a súmula 415 do STJ define o prazo
que deve durar a suspensão em referência: “O período de suspensão do prazo
prescricional é regulado pelo máximo da pen a cominada". Ao determinar a
suspensão, o juiz pode verificar se é caso da decretação da prisão preventiva do
acusado, ou se existe a necessidade de produção antecipada de alguma prova
considerada urgente, cuja decisão deverá ser motiva, consoante determin a a súmula
455 do STJ: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base

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no artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando


unicamente o mero decurso do tempo”.

FIQUE LIGADO
A essência do processo penal consiste em permitir ao acusado o direito de defesa.
O julgamento in absentia fere esse direito básico e constitui uma fonte potencial de
erros judiciários, uma vez que o acusado é julgado sem que se conheça a sua
versão. Julgamento in absentia propriamente dito ocorre somente quando o acusado
não é, em nenhum momento processual, encontrado para citação, sendo esta então
realizada por edital, fictamente, e não quando o acusado, citado pessoalmente,
escolhe tornar-se revel. O art. 420 do CPP, com a redação determinada pela Lei
11.689/2008, não viola a ampla defesa; pois, ainda que procedida a intimação ficta
por não ser o acusado encontrado para ciência pessoal da pronúncia, o ato foi
precedido por anterior citação pessoal após o recebimento da denúncia, ainda na
fase inicial do processo. A norma processual penal aplica-se de imediato, incidindo
sobre os processos futuros e em curso, mesmo que tenham por objeto crimes
pretéritos. O art. 420 do CPP, com a redação determinada pela Lei 11.689/2008,
como norma processual, aplica-se de imediato, inclusive aos processos em curso, e
não viola a ampla defesa. [RHC 108.070, rel. min. Rosa Weber, j. 4-9-2012, 1ª T,
DJE de 5-10-2012.]

2.1.2 Resposta à acusação


Em todos os procedimentos, comuns e especiais, ressalvados o procedimento
do júri e dos juizados especiais, haverá resposta escrita da defesa, após a citação
do réu. O acusado terá o prazo de 10 dias para apresentar a defesa escrita (art. 396,
CPP). Na resposta à acusação, o réu deverá arguir preliminares, alegar tudo que
interesse à defesa do acusado, apresentar documentos e justificações, requerer a
produção das provas que entenda relevantes e arrolar as testemunhas de no
máximo 8, sob pena de preclusão.

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Apresentada a resposta à acusação, o juiz verificará se é caso de absolvição


sumária, estampada no artigo 397 do Código de Processo Penal 15, podendo
entender:
a) Pela existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato: trata-
se do reconhecimento do estado de necessidade, da legítima defesa, do
estrito cumprimento do dever legal e ou do exercício regular de direito,
dispostos nos artigos 23, 24 e 25 do Código Penal. De mais a mais, faz-
se possível a exclusão da ilicitude do fato pelo consentimento do
ofendido, nos crimes cujo bem jurídico é disponível.
Importante frisar que com a atualização da Lei nº 13.964/2019, a legítima
defesa foi ampliada, conforme consta no parágrafo único do artigo 25 do Código
Penal Parágrafo único “Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,
considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes”.
b) Pela existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, salvo inimputabilidade: trata-se das hipóteses de coação moral
irresistível e obediência hierárquica, previstas no artigo 22 do Código
Penal. Ademais, também pode haver a exclusão da culpabilidade pelo
erro de proibição (art. 21 do Código Penal) e pela embriaguez completa
acidental (art. 28, II, § 1º, Código Penal). Note-se que, pelo fato de a
doença mental depender de prova pericial, a inimputabilidade não pode
ser alegada por ocasião da resposta à acusação.
c) Que o fato narrado evidentemente não constitui crime: em tal hipótese, a
denúncia ou a queixa-crime traz para apreciação uma conduta atípica. A
descrição fática não pode ser subsumida a qualquer figura penal.
d) Pela extinção da punibilidade do agente: trata-se da chamada preliminar
de mérito posto que, alegada uma das causas do artigo 107 do Código
Penal, induz à análise meritória.

15 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágraf os, deste Código, o juiz d ev erá
absolver sumariamente o acusado quando verif icar: I - a existência manif esta de causa excludente da
ilicitude do f ato; II - a existência manif esta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade; III - que o f ato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a
punibilidade do agente.

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Ainda que o artigo 396-A do Código de Processo Penal expresse que a


resposta à acusação é momento oportuno para o oferecimento de documentos e
justificações, é certo que, a teor do artigo art. 231 do mesmo diploma legal, salvo os
casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer
fase do processo. Trata-se da homenagem ao princípio da verdade real, tal regra
visa à eficácia da prova em detrimento do excesso de formalismo. Uma vez
apresentado o documento, deve ser garantido o contraditório à parte contrária.
Ressalta-se que documento é o objeto material em que se insere uma
expressão de cunho intelectual por meio de escritos, sinais ou imagens. Nesse
sentido, o art. 232 do Código de Processo Penal bem dispõe que se consideram
documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
Além disso, à fotografia do documento, devidamente autenticada, deve ser dado
mesmo valor do original.
Note-se, por oportuno, que as cartas particu lares interceptadas ou obtidas por
meios criminosos não serão admitidas em juízo, em homenagem à vedação à
utilização de provas ilícitas. Ademais, a interceptação de correspondência constitui
crime contra a liberdade individual (crime de violação de correspondência). Todavia,
o destinatário da correspondência poderá utilizá-la como defesa, ainda que sem o
consentimento do signatário.
Cumpre salientar que, não sendo caso de absolvição sumária, por não estar
presente qualquer das hipóteses do artigo 397 do Código de Processo Penal, o
advogado não deve na resposta à acusação tratar-se do mérito da causa, isso
porque nessa fase do processo é impossível a absolvição arrimada no artigo 386 do
Código de Processo Penal. Nesse sentido, a resposta à acusação deve apenas
promover o requerimento de provas e juntar os documentos pertinentes, ocasião em
que o juiz determinará o prosseguimento do feito, ordenará a intimação das partes,
do defensor e, se for o caso, do querelante e do assistente (arts. 399 16 e 40017 do

16 Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando
a intimação do acusado, de seu def ensor, do Ministério Público e, se f or o caso, do querelante e do
assistente. §1º O acusado preso será requisitado para comp arecer ao interrogatório, devendo o poder
público providenciar sua apresentação. §2º O juiz que presidiu a instrução deverá prof erir a sentença.
17 Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60
(sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do of endido, à inquirição das testemunhas
arroladas pela acusação e pela def esa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código ,
bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e

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CPP), e marcará a audiência de instrução debates e julgamento que deverá ocorrer


no prazo de 60 dias.
De mais a mais, o manejo de alguma das exceções dispostas no artigo 95 do
Código de Processo Penal deve ser feito em petição apartada no mesmo momento
do oferecimento da resposta à acusação, mas, em regra, não suspenderão o regular
andamento da ação penal 18.

2.1.2.1 Exceções
Conforme dito alhures, no mesmo prazo da apresentação da resposta à
acusação, poderá o réu opor as seguintes exceções: (a) suspeição;
(b) incompetência de juízo; (c) litispendência; (d) ilegitimidade de parte; (e) coisa
julgada.
É certo que o juiz deverá espontaneamente afirmar suspeição por escrito,
declarando o motivo legal e remetendo de imediato o processo ao seu substituto,
intimadas as partes (art. 97, CPP).
Não o fazendo, a parte interessa deverá fazê-lo em petição assinada por ela
própria ou por procurador com poderes especiais, aduzindo as suas razões
acompanhadas de prova documental ou do rol de testemunhas (art. 98, CPP).
Frisa-se que a arguição de suspeição deverá ser analisada antes de qualquer
outra, salvo quando fundada em motivo superveniente (art. 96, CPP). Apresentada a
exceção de suspeição o juiz poderá reconhecê-la ou não a aceitar.
Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo, mandará
juntar aos autos a petição do recusante com os documentos que a instruam, e por
despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos autos ao substituto
(art. 99, CPP). Caso não aceite, todavia, o juiz mandará autuar em apartado a
petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer
testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos,
dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento
(art. 100, CPP).

coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. §1º As provas serão produzidas numa só audiênc ia,
podendo o juiz indef erir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. §2º Os
esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.
18 Art. 111, CPP. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra,

o andamento da ação penal.

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Nessa hipótese, se reconhecida, preliminarmente, a relevância da arguição, o


juiz ou tribunal, com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição das
testemunhas, seguindo-se o julgamento, independentemente de mais alegações
(§1º, artigo 100, CPP). De outro lado, se a suspeição for de manifesta
improcedência, o juiz ou relator a rejeitará liminarmente (§1º, artigo 100, CPP).
A consequência lógica para a decisão de procedência da exceção de
suspeição é o reconhecimento da nulidade de todos os atos do processo principal.
Além disso, deverá o juiz pagar as custas, no caso de erro inescusável. Caso,
entretanto, a exceção for rejeitada, evidenciando-se a malícia do excipiente, a este
será imposta multa (Art. 101, CPP).
Importante ressaltar que se for arguida a suspeição do órgão do Ministério
Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a
produção de provas no prazo de três dias (art. 104, CPP). No mesmo sentido,
também poderão ser objeto da exceção de suspeição os peritos, os intérpretes e os
serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à
vista da matéria alegada e prova imediata (art. 105, CPP).
Alheio ao processo penal, no âmbito do inquérito policial, o Código de Processo
Penal, em seu art. 107, fixa a impossibilidade de opor suspeição às autoridades
policiais nos atos do inquérito, mas ressaltar que estas deverão se declarar
suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
Por seu turno, a exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta,
verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa, ocasião em que, se, ouvido o
Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será remetido ao juízo
competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá. Mas caso
seja recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por termo a
declinatória, se formulada verbalmen te (art. 108, CPP). Ademais, é obrigação do
magistrado se declarar, nos autos, incompetente se em qualquer fase do processo
sobrevier motivo para tanto, independentemente de alegação da parte interessada
(art. 109, CPP).
O mesmo procedimento, no que for compatível, deverá ser observado no caso
das exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada (art. 110,
CPP). Certo que se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá

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fazê-lo numa só petição ou articulado (art. 110, §1º CPP). Urge salientar que a
exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato principal,
que tiver sido objeto da sentença (art. 110, §2º CPP).

2.1.3 Conflito de Jurisdição


O artigo 113 do Código de Penal bem observa que as questões atinentes à
competência se resolverão não só pela exceção própria, como também pelo conflito
positivo ou negativo de jurisdição. Nesse sentido, cumpre ressaltar que haverá
conflito de jurisdição quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem
competentes (conflito positivo), ou incompetentes (conflito negativo), para conhecer
do mesmo fato criminoso ou quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de
juízo, junção ou separação de processos.19
Nesse diapasão, tem-se o presente exemplo de conflito negativo de
competência:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. PROCESSO PENAL.
CRIMES DE TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA. TRANSNACIONALIDADE DE UMA DAS CONDUTAS.
CONEXÃO (CPP, ART. 76). APREENSÃO DE 3 KG DE CRACK
REALIZADA EM FOZ DO IGUAÇU - PR (PONTE DA AMIZADE). FATO
ISOLADO NOS AUTOS. CONDUTAS DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES
E POSSE ILEGAL DE ARMAS E MUNIÇÃO NA CIDADE DE RIO GRANDE
- RS. AUSÊNCIA DE LIAME ENTRE AS CONDUTAS. INAPLICABILIDADE
DA SÚMULA N. 122 DO STJ. DESMEMBRAMENTO DO INQUÉRITO. 1. A
conexão exigida pela doutrina e pela jurisprudência, para atrair a
competência da Justiça Federal em relação às outras condutas praticadas
pelo (s) réu (s), deve atender a uma das circunstâncias dos incisos do art.
76 do Código de Processo Penal, de modo a permitir a alteração da
competência material taxativamente prevista na Constituição Federal. 2. Na
espécie, a transnacionalidade de uma das condutas de tráf ico ilícito de
entorpecentes, relativa a quatro membros da organização criminosa, resto u
isolada na investigação conduzida pela Polícia Federal, cujos elementos
colhidos não apontam liame daquele f lagrante, realizado em Foz do Iguaçu -
PR, na Ponte da Amizade, com a posterior descoberta de armas de f ogo,
munição e outras substâncias entorpecentes - que não carregam indícios de
origem externa -, em poder dos demais componentes da quadrilha, na
Cidade de Rio Grande - RS, e, tampouco, com novas operações da
organização criminosa em solo estrangeiro. 3. Salvo essa conduta de
comprovada transnacionalidade de quatro dos investigados, os demais
crimes (arts. 33, caput, e 35 da Lei n. 11.343/06 e art. 12 da Lei n.
10.826/03) devem ser processados e julgados perante a Justiça Estadual, à
míngua de circunstâncias f áticas que evidenciam as hipóteses de
modif icação de competência disciplinadas no art. 76 do CPP, o que impõe o
desmembramento do inquérito policial e af asta a aplicação da Súmula n.
122 do STJ. 4. Conf lito conhecido para declarar competente o Juízo de
Direito da 2ª Vara Criminal de Rio Grande - RS, restando a competência do

19 Art. 114 do Código de Processo Penal

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Juízo Federal da 2ª Vara e Juizado Criminal de Rio Grande - SJ/RS apenas


em relação ao suposto delito de tráf ico internacional de entorpecentes,
determinando-se o desmembramento do inquérito policial, na f orma
decidida pelo Juízo suscitado. (STJ - CC: 125826 RS 2012/0252372-4,
Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento:
27/08/2014, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 05/09/2014).

Verificado o conflito, este poderá, nos termos do art. 115 do CPP, ser suscitado
pela parte interessada, pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos
juízos em dissídio ou por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
Importante ressaltar a necessária observância do artigo 116 do diploma legal
em comento que impõe que os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a
parte interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do
conflito, perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os
documentos comprobatórios.
Quanto ao procedimento, é certo que quando negativo o conflito, os juízes e
tribunais poderão suscitá-lo nos próprios autos do processo.
Já no caso de conflito positivo, uma vez distribuído o feito, o relator poderá
determinar imediatamente que se suspenda o andamento do processo. Note-se que
a suspensão imediata se trata de uma faculdade do relator, assim expedida ou não a
ordem de suspensão, o relator requisitará, em prazo determinado, informações às
autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimen to ou representação.
Recebidas as informações requisitadas, e depois de ouvido o procurador-geral, o
conflito será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de
diligência.
Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para a sua
execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o
houverem suscitado.
Cumpre salientar que, nos termos do art. 117 do Código de Processo Penal, o
Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, restabelecerá a su a jurisdição,
sempre que exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores.
Vale salientar que a nova lei denominada de Pacote Anticrime (Lei nº
13.964/2019), trouxe novas regulamentações no tocante a jurisdição, vejamos o
dispositivo encartado na Lei nº 12.694/2012.
Art. 1º-A. Os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais
poderão instalar, nas comarcas sedes de Circunscrição ou Seção Judiciária,

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mediante resolução, Varas Criminais Colegiadas com competência para o


processo e julgamento:
I - de crimes de pertinência a organizações criminosas armadas ou que
tenham armas à disposição;
II - do crime do art. 288-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal); e
III - das inf rações penais conexas aos crimes a que se ref erem os incisos I e
II do caput deste artigo.
§ 1º As Varas Criminais Colegiadas terão competência para todos os atos
jurisdicionais no decorrer da investigação, da ação penal e da execução da
pena, inclusive a transf erência do preso para estabelecimento prisional de
segurança máxima ou para regime disciplinar dif erenciado.
§ 2º Ao receber, segundo as regras normais de distribuição, processos ou
procedimentos que tenham por objeto os crimes mencionados no caput
deste artigo, o juiz deverá declinar da competência e remeter os autos, em
qualquer f ase em que se encontrem, à Vara Criminal Colegiada de sua
Circunscrição ou Seção Judiciária.
§ 3º Feita a remessa mencionada no § 2º deste artigo, a Vara Criminal
Colegiada terá competência para todos os atos processuais posteriores,
incluindo os da f ase de execução.

2.1.4 Restituição Das Coisas Apreendidas


O artigo 6º do Código de Processo Penal ao estabelecer a dinâmica do
inquérito policial prescreve que logo que tiver conhecimento da prática da infração
penal, a autoridade policial deverá, entre outras providências, apreender os objetos
que tiverem relação com o fato.
No entanto, as coisas apreendidas poderão ser restituídas. Salvo os
instrumentos e produtos do crime, cuja perda é efeito da condenação criminal,
ressalvada a hipótese de pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé. Verificada
a impossibilidade de restituição dos instrumentos do crime, cuja perda em favor da
União for decretada, estas serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se
houver interesse na sua conservação, nos termos do art. 124 do Código de
Processo Penal.
Nesse sentido, o artigo 118 do CPP orienta que antes de transitar em julgado a
sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas enquanto
interessarem ao processo.
Conforme podemos observar:
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NA RESTITUIÇÃO DE
COISAS APREENDIDAS. ART. 118, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
HIPÓTESE EM QUE O TITULAR DA AÇÃO PENAL AFIRMOU QUE O
MATERIAL APREENDIDO POSSUI RELEVÂNCIA PARA A
INVESTIGAÇÃO. INDEFERIMENTO DO PEDIDO. 1 - Conf orme estabelece
o art. 118 do Código de Processo Penal "antes de transitar em julgado a
sentença f inal, as coisas apreendidas não poderão ser restituídos enquanto
interessarem ao processo." 2 - No caso em concreto, salientou o Ministério

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35

Público Federal que os bens e documentos apontados pelo Agravante


f oram regularmente apreendidos, mediante cumprimento de mandado
expedido para o local onde se encontravam, tudo devidament e
f undamentado em decisão prof erida nos autos do Inquérito 1086. 3 - O
órgão ministerial af irmou também que o material apreendido é de interesse
da investigação. Assim, não há f undamento legal para acolher o pedido s ub
examine. 4 - Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg na ReCoAp: 12
DF 2016/0325517-7, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
Data de Julgamento: 21/06/2017, CE - CORTE ESPECIAL, Data de
Publicação: DJe 29/06/2017)

Logo, sendo a coisa restituível e finalizado o processo ou não mais


interessante a este, a restituição da coisa poderá ser ordenada, após ouvido o
Ministério Público, pela autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde
que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante (art. 120, CPP).
Caso paire dúvidas quanto ao direito à restituição da coisa, o pedido será
autuado em apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 dias para a provar o
direito. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente (art. 120, §1º, CPP).
O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá,
se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado
para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante,
tendo um e outro dois dias para arrazoar (art. 120, §2º, CPP).
Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as
partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário
ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea (art. 120, §4º do CPP).
Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a
leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as
detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade (art. 120,
§5º, CPP).
Cumpre, por fim, mencionar que sendo a coisa restituível, se dentro no prazo
de 90 dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença final,
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados ou não
pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à disposição
do juízo de ausentes (art. 123, CPP).
Importante salientar que com a entrada em vigor da denominada lei Pacote
Anticrime (Lei nº 13.964/19), a redação processual mudou no tocante as medidas
assecuratórias:

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Anterior Atual (Lei 13.964/19)


Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos Art. 122. Sem prejuízo do disposto no
arts. 120 e 133, decorrido o prazo de 90 art. 120, as coisas apreendidas serão
dias, após transitar em julgado a alienadas nos termos do disposto no art.
sentença condenatória, o juiz decretará, 133 deste Código. Parágrafo único.
se for caso, a perda, em favor da União, (Revogado).
das coisas apreendidas (art. 74, II, a e b
do Código Penal) e ordenará que sejam
vendidas em leilão público. Parágrafo
único. Do dinheiro apurado será
recolhido ao Tesouro Nacional o que não
couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 124-A. Na hipótese de decretação de
perdimento de obras de arte ou de outros
bens de relevante valor cultural ou
Não existia dispositivo correspondente.
artístico, se o crime não tiver vítima
determinada, poderá haver destinação
dos bens a museus públicos.
Art. 133. Transitada em julgado a
sentença condenatória, o juiz, de ofício
ou a requerimento do interessado ou do
Art. 133. Transitada em julgado a Ministério Público, determinará a
sentença condenatória, o juiz, de ofício avaliação e a venda dos bens em leilão
ou a requerimento do interessado, público cujo perdimento tenha sido
determinará a avaliação e a venda dos decretado. § 1º Do dinheiro apurado,
bens em leilão público. Parágrafo único. será recolhido aos cofres públicos o que
Do dinheiro apurado, será recolhido ao não couber ao lesado ou a terceiro de
Tesouro Nacional o que não couber ao boa-fé. § 2º O valor apurado deverá ser
lesado ou a terceiro de boa-fé. recolhido ao Fundo Penitenciário
Nacional, exceto se houver previsão
diversa em lei especial. Art. 133-A. O juiz
poderá autorizar, constatado o interesse

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público, a utilização de bem sequestrado,


apreendido ou sujeito a qualquer medida
assecuratória pelos órgãos de segurança
pública previstos no art. 144 da
Constituição Federal, do sistema
prisional, do sistema socioeducativo, da
Força Nacional de Segurança Pública e
do Instituto Geral de Perícia, para o
desempenho de suas atividades. § 1º O
órgão de segurança pública participante
das ações de investigação ou repressão
da infração penal que ensejou a
constrição do bem terá prioridade na sua
utilização. § 2º Fora das hipóteses
anteriores, demonstrado o interesse
público, o juiz poderá autorizar o uso do
bem pelos demais órgãos públicos. § 3º
Se o bem a que se refere o caput deste
artigo for veículo, embarcação ou
aeronave, o juiz ordenará à autoridade
de trânsito ou ao órgão de registro e
controle a expedição de certificado
provisório de registro e licenciamento em
favor do órgão público beneficiário, o
qual estará isento do pagamento de
multas, encargos e tributos anteriores à
disponibilização do bem para a sua
utilização, que deverão ser cobrados de
seu responsável. § 4º Transitada em
julgado a sentença penal condenatória
com a decretação de perdimento dos
bens, ressalvado o direito do lesado ou

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terceiro de boa-fé, o juiz poderá


determinar a transferência definitiva da
propriedade ao órgão público beneficiário
ao qual foi custodiado o bem.

2.1.5 Incidente de Falsidade


O procedimento de verificação de falsidade documental está estipulado no
artigo 145 do Código de Processo Penal que orienta: arguida, por escrito, a falsidade
de documento constante dos autos, o juiz observará o seguinte processo:
I. Mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte
contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta.
II. Assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das partes, para
prova de suas alegações. A respeito:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. INCIDENTE DE FALSIDADE. ART.
145 DO CPP. ORDEM SUCESSIVA DE MANIFESTAÇÃO DAS PARTES.
PRAZO DE TRÊS DIAS. NULIDADE DA DECISÃO. Para a produção de
provas, no prazo de 03 dias, previsto no art. 145, inciso II, do CPP, primeiro
deve ser intimada a parte que provocou o incidente, depois a outra. Ordem
sucessiva para manif estação das partes. Decretada a nulidade da decisão
que determinou a intimação para atuação em ordem sucessiva, sem indicar
qual das partes aproveitaria o prazo em primeiro lugar. Recurso em sentido
estrito, provido, por maioria. (Recurso em Sentido Estrito Nº 70059093344,
Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Gaspar
Marques Batista, Julgado em 15/05/2014) (TJ-RS - RSE: 70059093344 RS,
Relator: Gaspar Marques Batista, Data de Julgamento: 15/05/2014, Quarta
Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 01/07/2014)

III. Conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender


necessárias.
IV. Se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar
o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público.
É certo que a arguição de falsidade, feita por procurador, exige poderes
especiais (art. 146, CPP) e que o juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da
falsidade (art. 147, CPP).
No que diz respeito ao prazo para arguição do incidente de falsidade, mister a
análise da presente decisão de relatoria do Ministro Felix Fischer:
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
CORRUPÇÃO ATIVA. DESCAMINHO TENTADO. LAVAGEM DE
CAPITAIS. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA.
INOCORRÊNCIA. INDEFERIMENTO DE PEDIDO DE INSTAURAÇÃO DE

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INCIDENTE DE FALSIDADE. DOCUMENTO JUNTADO NOS AUTOS HÁ


MAIS DE DEZ ANOS. IMPUGNAÇÃO APÓS PROLAÇÃO DA SENTENÇA.
PRECLUSÃO. PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA, DA LEA LDADE
PROCESSUAL E DA BOA-FÉ OBJETIVA. EXAME PERICIAL.
DISCRICIONARIEDADE REGRADA DO MAGISTRADO. AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. RECURSO NÃO PROVIDO. I - As
instâncias ordinárias concluíram, acertadamente, que o requerimento de
instauração de incidente de f alsidade seria manif estamente intempestivo,
notadamente porque o documento a ser periciado constava dos autos há
mais de dez anos, e o pedido f oi apresentado após a prolação da sent enç a,
tratando-se de questão preclusa. II - Embora não exista prazo def inido em
lei para que se possa requerer a instauração de incidente de f alsidade
documental previsto no artigo 145 e seguintes do Código de Processo
Penal, os recorrentes permaneceram inertes por longo período, mesmo
tendo amplo acesso às inf ormações necessárias para instruir o incidente de
f alsidade, deixando para impugnar o documento somente após encerrada a
instrução processual. Permitir o comportamento em análise, representaria
violação aos princípios da segurança jurídica, da razoabilidade, da lealdade
processual e da boa-f é objetiva, diante da reabertura da f ase de produção
de provas mesmo diante da inércia dos recorrentes. III - O def erimento de
diligências é ato que se inclui na esf era de discricionariedade regrada do
Magistrado processante, que po derá indef eri-las de f orma f undamentada,
quando as julgar protelatórias ou desnecessárias e sem pertinência com a
instrução do processo, não caracterizando, tal ato, cerceamento de def esa.
IV - A jurisprudência desta Corte de Justiça, há muito já se f irmou no sentido
de que a declaração de nulidade exige a comprovação de prejuízo, em
consonância com o princípio pas de nullite sans grief , consagrado no art.
563 do CPP, o que não ocorreu na hipótese concreta. Recurso conhecido e
não provido. (STJ - RHC: 79834 RJ 2016/0337507-7, Relator: Ministro
FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 07/11/2017, T5 - QUINTA TURMA,
Data de Publicação: DJe 10/11/2017)

Por fim, importante salientar que reconhecida ao não a falsidade, a decisão não
fará coisa julgada em prejuízo de u lterior processo penal ou civil (art. 148, CPP).

2.1.6 Incidente de Insanidade Mental do Acusado


Dispõe o artigo 149 do Código de Processo Penal que quando houver dúvida
sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento
do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão
ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
Nesse sentido, o exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito,
mediante representação da autoridade policial ao juiz competente (artigo 149, §1º,
CPP).
Sobre a temática:
CRIMINAL – INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL – ARTIGO 149, CPP –
DÚVIDA QUANTO À HIGIDEZ MENTAL DA REQUERENTE –
COMPROVAÇÃO POR MEIO DE RELATÓRIO MÉDICO – DEFERIMENTO
DO PEDIDO. 1.A instauração do incidente de insanidade mental é decisão

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adstrita ao convencimento do julgador quando houver dúvida sobre a


sanidade mental do acusado, cabendo àquele, com exclusividade, decidir
sobre a necessidade ou não desta prova para apurar a inimputabilidade ou
semi-imputabilidade do acusado, levando -se em conta a sua capacidade d e
compreensão do ilícito à época da inf ração penal. 2. Ao caso voga, a
Requerente apresentou às f ls. 7/8, relatório médico atestando alterações em
sua higidez mental. Com ef eito, tenho que o ref erido relatório mostra-se
suf iciente a evidenciar a necessidade de instauração do incidente de
insanidade mental. 3.Ante todo o exposto, em dissonância ao parecer do
Ministério Público, def iro o pleito autoral para instaurar o incidente de
insanidade mental, devendo a Requerente ser submetida a exame médico -
legal, nos termos do que dispõe o artigo 149, do Código de Processo P enal
e ainda, sejam respondidos os quesitos f ormulados à f l. 5.
4.DEFERIMENTO DO PEDIDO. (TJ-AM 02318261620168040001 AM
0231826-16.2016.8.04.0001, Relator: Jorge Manoel Lopes Lins, Data de
Julgamento: 12/03/2017, Segunda Câmara Criminal)

Bem como:
[...] Acarreta nulidade, por cerceamento de def esa, a negativa de realização
de exame de insanidade mental, se há f undada dúvida acerca d a higidez
psíquica do acusado que, em seu interrogatório, aparenta não gozar da
plenitude de suas f aculdades mentais, e que f oi comprovadamente vítima
de traumatismo cranioencef álico ocorrido em data anterior aos f atos,
apresentando períodos de delírio e conf usão mental como sequelas do
trauma. [...] (TJ-SC - APR: 00004328020188240119 Garuva 0000432-
80.2018.8.24.0119, Relator: Sérgio Rizelo, Data de Julgamento: 19/03/2019,
Segunda Câmara Criminal)

No que tange o procedimento relativo ao incidente de insanidade mental do


acusado, é certo que o incidente se processará em auto apartado, que só depois da
apresentação do laudo, será apenso ao processo principal (art. 153, CPP).
Arguido, o juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame,
ficando suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às
diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento (artigo 149, §2º, CPP).
Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos,
em estabelecimento adequado que o juiz designar. O exame não durará mais de
quarenta e cinco dias, salvo se os peritos demonstrarem a necessidade de maior
prazo. Ademais, se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá
autorizar sejam os autos entregues aos peritos, para facilitar o exame (art. 150,
CPP).

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Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração, inimputável


nos termos do art. 26 do Código Penal20, o processo prosseguirá, com a presença
do curador (art. 151, CPP).
Mas, caso se verificar que a doença mental sobreveio à infração, o processo
continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, podendo o juiz ordenar a
internação do acusado em manicômio judiciário ou em outro estabelecimento
adequado (art. 152, CPP).
Reestabelecido, o processo retomará o seu curso, ficando assegurada ao
acusado a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem prestado
depoimento sem a sua presença (art. 152, §2º, CPP).
Por derradeiro, caso a insanidade mental sobrevier no curso da execução da
pena, o sentenciado deverá ser internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em
outro estabelecimento adequado, onde Ihe seja assegurada a custódia (art. 154 c/c
art. 682, CPP).

2.1.7 Audiência de Instrução, Debates e Julgamento


Instrução processual
Nessa audiência, os atos instrutórios são concentrados em apenas uma
audiência, na qual também será proferida a sentença, salvo quando houver a
necessidade probatória complexa ou a quantidade excessiva de acusados deman de
exame mais cuidadoso, quando, então, será permitida a apresentação de memoriais
pelas partes (acusação e defesa) no prazo de 5 dias sucessivamente para cada um,
e se fixará novo prazo para a sentença (art. 403, § 3º, CPP).
A lei adotou, os princípios da concentração, da imediatidade e da oralidade
durante a audiência com o escopo de realizar, num único dia, todos os atos que
antes eram espaçados.
Na audiência de instrução debates e julgamento, o juiz examinará todas as
provas trazidas pela acusação e pela defesa. Isso porque a prova é o meio de
demonstração de um fato. É a forma legal de convencimento do juiz a uma
determinada alegação, não pode haver condenação sem provas.

20 Art. 26, CP - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenv olvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do f ato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

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Para a condenação deve haver um conjunto probatório capaz de indicar


indiscutivelmente a ocorrência e autoria do crime. O processo deve se ocupar à
busca da verdade real, em que qualquer dúvida deverá beneficiar o réu (in dubio pro
reo).
Cumpre ressaltar que a prova é aquela produzida, via de regra, sob o crivo do
necessário e suficiente contraditório e da ampla defesa, de modo a ser necessário o
respeito ao procedimento disposta no Código de Processo Penal ou na legislação
penal especial.
O conjunto probatório permite ao juiz o firmamento de sua convicção. Note-se
que não há hierarquia entre as provas, o juiz é livre para formar seu convencimento,
desde que motivando a decisão.
Nesse sentido, o Código de Processo Penal, em seu artigo 155, proíbe a
decisão condenatória com base exclusiva em indícios, ao dispor que o juiz formará
sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.
Assim, em regra, ninguém poderá ser condenado com base exclusiva nos
elementos indiciários colhidos na fase de inquérito, pois, nesta, inexiste o regular
exercício do contraditório e da ampla defesa. Os elementos do inquérito são
importantes, pois servem de base para a denúncia, para o rol de testemunhas, para
indicar a posterior produção da prova, mas não bastam por si só à condenação.

FIQUE LIGADO
Processo penal. Presunção hominis. Possibilidade. Indícios. Aptidão para lastrear
decreto condenatório. Sistema do livre convencimento motivado. (...) O julgador
pode, através de um fato devidamente provado que não constitui elemento do tipo
penal, mediante raciocínio engendrado com supedâneo nas suas experiências
empíricas, concluir pela ocorrência de circunstância relevante para a qualificação
penal da conduta. [HC 103.118, rel. min. Luiz Fux, j. 20-3-2012, 1ª T, DJE de 16-4-
2012.]

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A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz,


de ofício, ordenar, mesmo antes de in iciada a ação penal, a produção antecipada de
provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação
e proporcionalidade da medida; determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto
relevante.
Em regra, o ônus recai sobre o autor da ação penal, devendo provar a
existência do crime, a autoria deste e a presença de dolo ou culpa. Mas, o ônus de
provar não é obrigação, mas sim uma necessidade. O ônus é a atitude que se
espera da parte. De tal modo, quem alega deve provar o alegado por qualquer meio
de prova admitida em direito, respeitado o procedimento para sua produção.
O procedimento probatório é o procedimento pelo qual se produz a prova. Este
tem dinâmica dividida em três fases, quais sejam:
a) Proposição, ocasião em que as provas a serem produzidas devem ser
propostas pelas partes. É o momento de indicação das provas.
Basicamente, a única prova que tem momento de proposição previamente
determinado é a prova testemunhal;
b) Admissibilidade, momento em que o juiz deve admitir ou não a produção
da prova. Ressalta-se que, no processo penal, se dentro do prazo, o
magistrado deve admitir a produção da prova, sob pena de cerceamento
de defesa.
c) Execução, consiste na fase de produção efetiva da prova. Importante
rememorar que a prova testemunhal deve ser indicada em momentos
específicos, sob pena de o deferimento ficar a critério do juiz, devendo o
autor indicar as pessoas que pretende ouvir na denúncia e o réu na
defesa preliminar. No rito especial do Júri, as testemunhas devem ser
indicadas após o trânsito em julgado da pronúncia.
Em razão do princípio da verdade real, nada impede a indicação de
testemunha fora do prazo, mas, nesta hipótese, restará à critério do juiz o
deferimento. Caso não seja aceita, não há recurso manejável, sendo possível a
impetração de Habeas Corpus sob alegação de cerceamento de defesa.

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Sobre a ausência do réu na audiência de instrução, vejo que o réu possui o


direito de estar presente na audiência de instrução, sendo um desdobramento dos
princípios constitucionais da ampla defesa e contraditório, previstos no art. 5º, LV, da
Constituição Federal, em suas vertentes autodefesa e defesa técnica. Ao franquear-
se ao réu a possibilidade de presenciar e participar da instrução processual,
objetiva-se municiá-lo para que seja interrogado ao final devidamente preparado.
Estando o réu em liberdade, deverá ser intimado sobre a data em que ocorrerá
a audiência, para que possa estar presente. Caso esteja preso, caberá ao Estado o
dever de providenciar seu deslocamento até a sala de audiências. Caso o réu não
compareça à audiência de instrução, por falta de intimação, caberá a arguição de
nulidade, por violação dos princípios da ampla defesa e contraditório (arts. 5 o , LV,
da CF e 564, IV, do CPP)21. Importante ressaltar, que a ausência de intimação
pessoal da defesa ou do defensor dativo sobre os atos do processo também
acarretará a nulidade processual (arts. 5 o , LV, da CF e 370, § 1 o , e 564, III, c, e
IV, ambos do CPP).

FIQUE LIGADO
A expedição de cartas rogatórias para oitiva de testemunhas residentes no exterior
condiciona-se à demonstração da imprescindibilidade da diligência e ao pagamento
prévio das respectivas custas, pela parte requerente, nos termos do art. 222-A do
CPP, ressalvada a possibilidade de concessão de assistência judiciária aos
economicamente necessitados. A norma que impõe à parte no processo penal a
obrigatoriedade de demonstrar a imprescindibilidade da oitiva da testemunha por ela
arrolada, e que vive no exterior, guarda perfeita harmonia com o inciso LXXVIII do
art. 5º da CF. [AP 470 QO-quarta, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 10-6-2009, P, DJE
de 2-10-2009.]

21 Prática f orense: prática penal / Fernando Marques...[et al.] – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.
(Coleção Prática Forense / coordenada por Darlan Barroso e Marco Antonio Araujo Junior) 1. Direito
2. Direito penal - Brasil 3. Prática f orense 4. Ordem dos Advogados do Brasil - Exames I. Tıt́ ulo II.
Marques, Fernando III. Barroso, Darlan IV. Araujo Junior, Marco Antonio V. Série.

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Debates
Encerrada a fase de instrução processual, não havendo requerimento de
diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20
minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10
minutos (art. 403, CPP).
Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um
será individual (art. 403, §1º, CPP). Ao assistente do Ministério Público, após a
manifestação desse, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual período
o tempo de manifestação da defesa (art. 403, §2º, CPP).
Todavia, faz-se possível a apresentação das alegações finais de forme escrita,
de modo que o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de
acusados, conceder às partes o prazo de 5 dias sucessivamente para a
apresentação de memoriais (art. 403, §3º, CPP)
Cumpre ressaltar, outrossim, que, ordenada diligência considerada
imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem
as alegações finais, ocasião em que realizada a diligência determinada, as partes
apresentarão, em seguida, no prazo sucessivo de 5 dias, suas alegações finais, por
memoriais (art. 404, CPP).
Logo, pode-se consignar que as alegações finais poderão ser feitas de forma
escrita quando: (a) for ordenada diligência imprescindível; (b) for reconhecida
considerável complexidade do caso; (c) houver considerável número de acusados.
Nos memoriais, o advogado de defesa poderá ventilar preliminares, como
incompetência do juízo, inépcia da inicial, nulidade, cerceamento de defesa e
extinção de punibilidade, e tratar no mérito de toda as teses defensivas possíveis,
como absolvição, desclassificação, afastamento de qualificadoras, causas de
aumento de pena e agravantes, reconhecimento de causas de diminuição de pena,
privilégio ou atenuante, fixação da pena no mínimo legal, baseado nas
circunstâncias do art. 59 do Código Penal, regime de cumprimento de pena mais
brando e substituição da pena.
Finalizados os debates orais ou concluída a audiência sem estes, esta será
registrada em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo
dos fatos relevantes nela ocorridos. Sempre que possível, o registro dos

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depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos


meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações.
A sentença será proferida logo após ser encerradas as alegações finais orais
ou em 10 dias em caso de memoriais.
Emendatio Libelli
Encerrada a instrução processual, o juiz, sem modificar a descrição do fato
contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda
que, em consequência, tenha de, no momento do julgamento, aplicar pena mais
grave.
Ademais, se, em consequência de definição jurídica diversa, houver
possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá
de acordo com o disposto na lei. Tratando-se de infração da competência de outro
juízo, a este serão encaminhados os autos (Art. 383, CPP).
Mutatio Libelli
Além da emendatio libelli, encerrada a instrução probatória, se entender cabível
nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de
elemento ou circunstância da infração penal não con tida na acusação, o Ministério
Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 dias, se em virtude desta
houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo
o aditamento, quando feito oralmente.
Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, o juiz fará
remessa dos autos ao procurador-geral, e este realizará o aditamento, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-lo, ou não tomará providências,
ocasião em que o processo prosseguirá no estado em que se encontra (artigo 384,
§§1º e 5º).
Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 dias e admitido o aditamento, o
juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação
da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado,
realização de debates e julgamento (artigo 384, §2º).

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Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 testemunhas, no prazo de


5 dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento (artigo 384,
§§4º).
Julgamento
Finalizada a instrução processual e oferecidas as alegações finais orais ou
escritas, observadas as hipóteses de emendatio libelli e de mutatio libelli, o juiz,
valendo-se de seu livre convencimento motivado, proferirá a competente sentença,
absolvendo ou condenando o réu.
O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que
reconheça: (a) estar provada a inexistência do fato; (b) não haver prova da
existência do fato; (c) não constituir o fato infração penal; (d) estar provado que o réu
não concorreu para a infração penal; (e) não existir prova de ter o réu concorrido
para a infração penal; (f) existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o
réu de pena ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (g) não
existir prova suficiente para a condenação.
Decidindo pela absolvição, o juiz, na sentença, mandará, se for o caso, por o
réu em liberdade e ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente
aplicadas. Além disso, há a possibilidade de aplicação de medida de segurança, se
cabível, hipótese em que estaremos diante da absolvição imprópria aplicável aos
inimputáveis com periculosidade demonstrada.

FIQUE ATENTO
A circunstância de o agente apresentar doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado (critério biológico) pode até justificar a incapacidade civil,
mas não é suficiente para que ele seja considerado penalmente inimputável. É
indispensável que seja verificado se o réu, ao tempo da ação ou da omissão, era
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento (critério psicológico). (...) A marcha processual deve
seguir normalmente em caso de dúvida sobre a integridade mental do acusado, para
que, durante a instrução dos autos, seja instaurado o incidente de insanidade
mental, que irá subsidiar o juiz na decisão sobre a culpabilidade ou não do réu. [HC
101.930, rel. min. Cármen Lúcia, j. 27-4-2010, 1ª T, DJE de 14-5-2010.]

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De outro lado, não sendo caso de absolvição por restar, sem dúvida,
comprovada a existência do crime, a autoria e a culpabilidade, o juiz proferirá
sentença condenatória na qual: (a) mencionará as circunstâncias agravantes ou
atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer; (b) mencion ará
as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na
aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Código Penal; (c)
aplicará as penas de acordo com essas conclusões; (d) fixará valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos
pelo ofendido; (e) atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos
e medidas de segurança; (f) determinará se a sentença deverá ser publicada na
íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação.
De mais a mais, o juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou,
se for o caso, a imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem
prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta (art. 387, CPP).
Ressalta-se que nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada (art. 385).
Na hipótese de absolvição ou condenação, a intimação será feita: (a) ao réu,
pessoalmente, se estiver preso; (b) ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele
constituído, quando se livrar solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado
fiança; (c) ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração,
expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o
oficial de justiça; (d) mediante edital , se o réu e o defensor que houver constituído
não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça; (e) mediante edital,
se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado, e assim o certificar o
oficial de justiça.
Importante mencionar que o prazo do edital será de 90 dias, se tiver sido
imposta pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, e de 60
dias, nos outros casos. Nessa hipótese, o prazo para apelação correrá após o
término do fixado no edital, salvo se, no curso deste, for feita a intimação por
qualquer das outras formas (art. 392, CPP).

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Tendo ciência da sentença, qualquer das partes poderá, no prazo de 2 dias,


pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade,
ambiguidade, contradição ou omissão (art. 382, CPP).

IMPORTANTE
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada [Súmula 718, STF].

2.2 Rito sumário

O rito sumário está preceituado nos artigos 531 a 538 do CPP e é destinado às
infrações penais cuja pena máxima abstrata cominada ao delito seja inferior a 04
anos e superior a 2 anos de pena privativa de liberdade (art. 394, §1º, inciso II, do
CPP). Os atos processuais no rito em comento, serão realizados na seguinte ordem:

Oferecimento da
denúncia ou Recebimento Citação
queixa

Alegações finais Audiência de Resposta à


orais instrução acusação

Sentença

Em suma o procedimento do procedimento comum sumário se iniciará com


oferecimento da denúncia ou queixa. Não sendo caso de rejeição, o magistrado a
receberá, determinando a citação do réu para que apresente resposta à acusação.

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Apresentada defesa técnica, o magistrado acolherá a tese defensiva, absolvendo


sumariamente o réu ou intimará as partes para audiência de instrução em 30 dias,
ocasião em que ocorrerá a oitiva do ofendido, a oitiva das testemunhas de acusação
e das testemunhas de defesa, os esclarecimentos dos peritos, o reconhecimento de
pessoas e coisas e as acareações necessárias, o interrogatório do réu. Finalizada a
instrução processual, as partes apresentarão suas alegações finais orais, deixando o
processo em termos para o magistrado proferir sentença.
Assim, destaca-se que o rito sumário se processa de maneira muito parecida
com rito ordinário, e as principais diferenças estão relacionadas com o prazo para
audiência, o número de testemunhas e a possibilidade de se requerer diligências ao
final da instrução.
No rito sumário o prazo para a designação de audiência em caso de
recebimento da denúncia ou queixa-crime será de 30 dias, consoante preconiza o
artigo 530 do Código de processo penal. As partes poderão arrolar cada uma no
máximo 5 testemunhas, consoante autoriza o artigo 532 do CPP.
Não há previsão de requerimento de diligências e todas as provas deverão ser
produzidas nessa audiência, pois nenhum ato será adiado, salvo quando
imprescindível a prova faltante e o juiz a considerar relevante, segundo artigo 535 do
CPP.

IMPORTANTE
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial
criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro
procedimento, observar-se-á o procedimento sumário (art. 538, CPP).

De maneira idêntica ao rito ordinário, no sumário existe a audiência una de


instrução e julgamento. A única diferença entre as audiências diz respeito ao prazo
para a realização do ato. Enquanto no procedimento ordinário a audiência deve ser
realizada no prazo de 60 dias, no rito sumário o prazo máximo para a audiência é de
30 dias, contado do recebimento da denúncia ou queixa pelo juiz (art. 531, caput) 22.

22Nucci, Guilherme de Souza Manual de direito penal / Guilherme de Souza Nucci. – 16. ed. – Rio de
Janeiro: Forensse, 2020.

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2.3 Rito sumaríssimo

Segundo a Lei 9.99/95, o rito sumaríssimo aplica-se as infrações de menor


potencial ofensivo, que nos termos do art. 61 da Lei, são todas as contravenções
penais e os crimes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não
com multa, possuindo as seguintes fases.

Termo Audiência de Composição


Fase Preliminar
Circunstanciado conciliação Civil dos Danos

Audiência de Oferecimento
Defesa
instrução e da denúncia ou Transação Penal
preliminar (oral)
julgamento queixa

Recebimento Instrução Debates Julgamento

Conforme se vislumbra do esquema acima, o procedimento comum


sumaríssimo possui duas fases. A fase preliminar se inicia com o termo
circunstanciado e o posterior encaminhamento para a audiência de conciliação. Na
referida audiência, será proposta a composição civil dos danos. Caso seja aceita, a
composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil
competente (art. 74, Lei 9.099/95), caso não seja aceita o Ministério Público poderá
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser
especificada na proposta (transação penal) (art. 76, Lei 9.099/95).

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ATENÇÃO
Na reunião de processos, perante o juízo comu m ou o tribunal do júri, decorrentes
da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da
transação penal e da composição dos danos civis (art. 60, parágrafo único da Lei
9.099/95).

Caso o autor da infração aceite, o juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou


multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
Não havendo a transação penal, entretanto, haverá o oferecimento da
denúncia ou da queixa-crime, encerrando a fase preliminar.
Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia
ao acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação
de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão
ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados (art.
78, Lei 9.099/95).
Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou qu eixa. Havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa,
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos
debates orais e à prolação da sentença (art. 81, Lei 9.099/95).
Nesse sentido, é de se notar que o rito sumaríssimo está intimamente ligado
aos princípios que o regem, quais sejam: celeridade, oralidade e informalidade e da
não aplicação de pena privativa de liberdade.
É um rito peculiar e sua diferença com os outros ritos inicia-se já em sede
policial, pois, no procedimento sumaríssimo, em regra, não há inquérito policial e sim
o termo circunstanciado (art. 69 lei 9099/95). Elaborado o termo circunstanciado
(descrição do fato criminoso, a qualificação da vítima) a autoridade encaminhará
este termo ao juizado especial criminal onde será marcada audiência preliminar,
ocasião em que o juiz explicará sobre a possibilidade de composição civil dos danos
e da aceitação da proposta de transação penal (aplicação de uma pena de imediato
que não seja a restritiva de liberdade oferecida pelo Ministério Público- art. 76 da Lei

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9.099/95). Feita a proposta de transação penal o autor do fato poderá aceita-la ou


não. Se esta não for aceita, então, será oferecida a denúncia ou queixa-crime e
marcada data para audiência de instrução e julgamento, ocasião em que as partes
sairão intimadas (art. 78 da Lei 9.099/95)
Na referida audiência, se na audiência preliminar já tiver sido oportunizada a
tentativa de conciliação, será apresentada defesa preliminar de forma oral, momento
em que o juiz decidirá se rejeita a inicial acusatória ou a recebe. Não sendo o caso
de rejeição, ato contínuo, o juiz de imediato procederá a oitiva das testemunhas de
no máximo de 3 para cada parte, logo após, procederá o interrogatório do réu ,
passando aos debates orais da acusação e defesa nessa ordem, por 20 minutos
prorrogáveis por mais 10 minutos, e após será proferida a sentença (art. 81 da Lei
9.099/95).
De acordo com o artigo 82 da Lei 9.099/95, da decisão que rejeita a denúncia
ou queixa-crime, bem como da sentença, caberá apelação, no prazo de 10 dias.

SAIBA MAIS:
A condução coercitiva da testemunha no processo penal e as garantias
constitucionais. Acesse: CONPEDI

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. Niterói, RJ: Impetus, 2012.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. Volume único. 2ª Ed.
Salvador: JusPodvm, 2014.
MARCÃO, Renato. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2014.
MIRABETE, Julio Fabrini. Processo Penal. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006.
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais
Penais. 2ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012.

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CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTO ESPECIAL

3.1 Rito do Júri

O júri possui sua competência estabelecida expressamente na Constituição


Federal (art. 5º XXXVIII), sendo designado para a apuração e julgamento dos crimes
dolosos contra a vida, tentados ou consumados e possuindo como princípios que
norteiam o rito do Júri, estão também a plenitude de defesa, o sigilo das votações e
a soberania dos veredictos. O processamento dos crimes de competência do júri
está preceituado nos artigos 406 a 497 do CPP.
O rito do Júri tem a formatação bifásica ou escalonada, e se divide em duas
fases: na primeira, estão abrangidos os atos praticados do oferecimento da denúncia
até a decisão de pronúncia; e na segunda, estão contemplados os atos praticados
entre a pronúncia e o julgamento pelo Tribunal do Júri. Confira-se:
Na fase de instrução preliminar, o procedimento inicia-se com o oferecimento
da denúncia ou queixa-crime na Vara do Júri. Em caso de recebimento, haverá a
citação do réu para apresentar resposta à acusação. Recebida a defesa, o Ministério
Público terá vista dos autos para manifestação sobre documentos e preliminares.
Ato contínuo, deverá ser realizada a audiência de instrução, na qual ocorrerá a oitiva
do ofendido, a oitiva das testemunhas de acusação, a oitiva das testemunhas de
defesa, a oitiva do perito, a acareação e o reconhecimento de pessoas e coisas, o
interrogatório do réu, as alegações finais orais, e posterior prolação de sentença de
absolvição sumária, impronúncia, desclassificação de delito ou pronúncia.
Caso o réu seja pronunciado, iniciar-se-á a fase do juízo da causa (judicium
causae), ocasião em que as partes deverão arrolar testemunhas, juntar documento e
requer diligências. Ato contínuo, será elaborado relatório sucinto dos autos,
determinando data para o julgamento, convocação dos Jurados, formação do
conselho de sentença, estabelecimento da incomunicabilidade, entrega do relatório,
exortação, oitiva do ofendido, oitiva das testemunhas de acusação (5 testemunhas),
oitiva das testemunhas de defesa (5 testemunhas), oitiva dos peritos, interrogatório
do réu, debates orais (1h30min+1h), réplica (1h +1h), tréplica (1h+1h), formulação
dos quesitos, votação dos jurados e sentença (absolvição ou condenação).

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A primeira fase do júri, também denominada instrução preliminar, possui


basicamente a mesma estrutura do procedimento comum ordinário. Há o
oferecimento da denúncia (ou queixa-crime subsidiária), que pode ser rejeitada
liminarmente nos casos de inépcia, falta de pressuposto processual, de condição da
ação ou de justa causa. Se o juiz receber determina a citação do acusado para
responder à acusação por escrito no prazo de 10 dias (art. 406 CPP). Não o fazendo
no prazo designado, o juiz deverá nomear defensor dativo para apresentar defesa,
no mesmo prazo de 10 dias (art. 407 CPP). Na resposta à acusação, o acusado
poderá alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas que serão produzidas e arrolar no máximo 8 testemunhas. (art.
406, § 2º, 3º CPP).
Após a defesa, o juiz deverá notificar o órgão de acusação para que se
manifeste sobre a defesa apresentada no prazo de 05 dias (art. 409 CPP). Depois
desta resposta, a audiência de instrução deverá ser designada em até 10 dias (art.
410 CPP), visando que, em audiência una sejam ouvidos, o ofendido (se possível),
as testemunhas, peritos, acareações e, por fim, o interrogatório do acusado (art. 411
CPP).
Na mesma audiência, após a conclusão da instrução probatória, devem ter
início os debates orais, por 20 minutos para acusação e defesa, respectivamente,
prorrogáveis por mais 10 minutos. A seguir, deverá o juiz exarar a decisão que
poderá ser a de pronunciar o réu, impronunciá-lo, absolvê-lo sumariamente ou
desclassificar o a infração penal. Vejamos cada uma das possíveis decisões nessa
fase do júri:
Pronúncia (art. 413 CPP): a sentença será de pronúncia quando o magistrado
ficar convencido da possibilidade de ter havido crime doloso contra a vida e da
existência de indícios suficientes de autoria ou de participação do acusado;
entretanto, como bem estabelece o art 413, §1º do CPP, “a fundamentação da
pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação”, e ainda, sob pena das mesmas
não poderem ser arguidas no plenário, deverá o magistrado “especi ficar as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena”;

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Impronúncia (art. 414 CPP): a sentença será de impronúncia quando, o


magistrado se convencer que não existam indícios suficientes que atribuam a autoria
ao acusado. Entretanto, a impronúncia não forma coisa julgada, e não impede, no
entanto, que enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, possa ser formulada
nova denúncia ou queixa se houver prova nova (art. segundo o art. 414, parágrafo
único).
Absolvição sumária (art. 415 CPP): é sentença absolutória terminativa oriunda
da inexistência do fato, ou por não ser o acusado autor ou partícipe do delito, ou o
fato não constituir infração penal ou ainda ficar demonstrada causa de isenção de
pena ou de exclusão de crime, afastada desse grupo a indagação de
inimputabilidade por deficiência mental, como bem coloca o art. 415 do CPP.
Desclassificação (art. 419 CPP): quando o juiz se convencer, em discordância
com a acusação, da existência de crime diverso dos da competência do Tribunal do
Júri, e não for competente para o julgamento, remeterá os autos a outro que o seja.
Nesse sentido, a primeira fase do júri deverá ser encerrada no prazo máximo
de 90 dias, consoante determina o artigo (412 CPP).
A segunda fase, também denominada judicium causae (juízo da causa) tem
início a partir do momento em que ocorre a preclusão da decisão de pronúncia.
Deve se atentar para o fato de que não se fala em trânsito em julgado, mas tão
somente de preclusão, uma vez que a pronúncia não põe fim ao processo nem faz
coisa julgada material, devendo o processo ser remetido ao juiz presidente do
Tribunal do Júri (art. 421 CPP).
Esta fase tem, como objetivo, a preparação do processo para que seja julgado
perante o Tribunal do Júri. O juiz deve então notificar o Ministério Público e depois o
advogado do réu para que, em 05 dias, apresentem o rol de testemunhas que
deverão ser ouvidas em plenário (máximo de 05). É possível também juntar
documentos e requerer diligências (art. 422 CPP). O juiz então deverá deliberar
sobre os requerimentos e eventualmente conduzir a realização das diligências
solicitadas. Ao fim, deverá realizar um relatório do processo, fixando uma data para
a realização da sessão de julgamento.
Existe uma possibilidade, nesta segunda fase, de que qualquer das partes,
inclusive o juiz, requeiram ao Tribunal o desaforamento, que permite que o

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julgamento pelo júri seja feito em uma comarca diferente daquela em que correu o
processo criminal (art. 424, 427 e 428 CPP).
Algumas situações indicam o desaforamento, são elas: interesse público;
dúvida sobre a imparcialidade dos jurados; segurança pessoal do réu; e
comprovação de que, por excesso de serviço, o julgamento não pode ser realizado
após seis meses da preclusão da pronúncia.
Do julgamento no plenário propriamente dito, é importante destacar que há
uma ordem de prioridade para a organização da pauta de julgamentos, prevista no
artigo 429 do CPP. Primeiro, devem ser julgados os processos de acusados presos,
devendo se conferir prioridade aos que mais tempos estiverem na prisão. Depois a
ordem a ser respeitada é a data da pronúncia, julgando primeiro, por lógica, aqueles
há mais tempo pronunciados. Insta declinar que qualquer documento só poderá ser
juntado aos autos com o mínimo de 03 dias úteis, única restrição experimentada à
possibilidade de se juntar documento em qualquer momento do processo.
Segundo o artigo 447 do CPP, O Tribunal do Júri será composto por um juiz-
presidente mais vinte e cinco jurados, sorteados aleatoriamente pelo juiz entre todos
os candidatos alistados, sendo sete desses designados a participar do Conselho de
Sentença, como bem informa o art. 433 do CPP. No dia do julgamento, o juiz
presidente, antes de iniciar os trabalhos, deve verificar a presença de no mínimo 15
jurados. Então irá anunciar o processo que deve ser julgado. Logo depois, serão
sorteados os jurados, facultadas às partes a recusa imotivada de três jurados cada.
Outras recusas podem ocorrer, desde que motivadas pelas partes.
Após o sorteio e formação do Conselho de Sentença, com 07 jurados, o juiz
presidente deve fazer aos jurados uma exortação de julgar com imparcialidade e
justiça (art. 472). Depois devem ser entregues aos jurados cópias da pronúncia, de
decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório feito pelo
juiz presidente na segunda fase. Aqui há críticas a essa entrega da decisão de
pronúncia aos jurados, ante o sério risco que tenha laborado em excesso de
linguagem e possa afetar o julgamento dos jurados.
Após este procedimento, serão inquiridas as testemunhas, ocorrendo a
inquirição de modo diverso daquela prevista no procedimento ordinário. Aqui n ão as
partes, mas o juiz presidente começa a inquirição, facultando às partes, depois, a

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apresentação de questionamentos. O mesmo ocorre no interrogatório do acusado.


Os jurados também podem formular perguntas, que serão intermediadas pelo juiz
presidente.
Após estas providências que devem ser tomadas em plenário, serão iniciados
os debates pelo Ministério Público, que tem uma hora e meia, e depois a defesa pelo
mesmo tempo. Se for mais de um acusado, este tempo será de duas horas e meia
para cada parte. O assistente falará sempre depois do Ministério Público, e este
depois do querelante se for o caso de ação penal privada subsidiária da pública.
A acusação tem ainda a possibilidade de réplica, pelo prazo de uma hora, ao
que se sucede a tréplica da defesa por igual período de tempo. Em caso de
múltiplos réus, réplica e tréplica poderão durar até duas horas.
Durante as alegações em plenário, as partes não poderão fazer referência à
decisão de pronúncia ou qualquer outra que a confirme, nem ao silêncio do acusado
ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento. Se qualquer menção for
feita, cabe o registro em ata para, em caso de prejuízo, alegação da nulidade em
recurso para o Tribunal (art. 478 CPP).
Concluídos os debates, o juiz pergunta aos jurados se estão em condições de
julgar ou se necessitam de algum esclarecimento. Os jurados podem ter acesso aos
autos ou mesmo aos instrumentos do crime se assim solicitarem ao juiz. A partir da
dúvida de algum jurado, inclusive, pode se originar a necessidade de proceder a
alguma diligência, o que levará à dissolução do Conselho de Sentença para a
realização das diligências.
O juiz então lerá os quesitos (art. 483 CPP) e os explicará (art. 484CPP),
conduzindo depois a votação. Os votos deverão ser, em sigilo, apurados, parando a
contagem quando qualquer quesito receber 04 votos em um determinado sentido.
Após a votação e vinculado ao seu resultado, o juiz presidente proferirá sentença,
consoante determina o artigo 492 do CPP.

FIQUE ATENTO
Pode o juiz presidente do tribunal do júri reconhecer a atenuante genérica atinente à
confissão espontânea, ainda que não tenha sido debatida no plenário, quer em
razão da sua natureza objetiva, quer em homenagem ao predicado da amplitude de

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defesa, consagrado no art. 5º, XXXVIII, a, da CR. É direito público subjetivo do réu
ter a pena reduzida, quando confessa espontaneamente o envolvimento no crime. A
regra contida no art. 492, I, do CPP deve ser interpretada em harmonia aos
princípios constitucionais da individualização da pena e da proporcionalidade. [HC
106.376, rel. min. Cármen Lúcia, j. 1º-3-2011, 1ª T, DJE de 1º-6-2011.]

IMPORTANTE
A Constituição Federal da República elenca em seu artigo 5º, inciso XXXVIII a
instituição do Júri como direito fundamental, estabelecendo que é reconhecida a
instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude
de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; e d) a
competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Por fim, ressalto que a Lei nº 11.689/08 (referente ao novo procedimento do


júri) afastou a prisão automática do antigo art. 408, §§ 2º e 3º, passando a dispor em
seu art. 413, § 3º, que o juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção,
revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente
decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da
prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste
Código de Processo Penal.

3.2 Rito dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos

O procedimento especial dos crimes de responsabilidade dos funcionários


públicos está previsto no art. 514 ao 518 do CPP e aplica-se a todos os funcionários
públicos.
Incialmente impende esclarecer que os crimes funcionais são aqueles
cometidos pelo funcionário público no exercício das suas funções contra a
administração pública e estão capitulados nos artigos 312 a 327 do Código Penal e
artigo 3º da Lei 8.137/1990. Dentre estes estão:

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• Crimes funcionais próprios; só podem ser praticados por funcionários


públicos, ou seja, a ausência da condição de funcionário público leva a
atipicidade da conduta.
• Crimes funcionais impróprios: são aqueles que podem ser praticados
também por particulares, ocorrendo tão somente uma nova tipificação. A
inexistência da condição de funcionário público leva a desclassificação
para outra infração.
Tanto os crimes funcionais próprios como os impróprios submetem-se ao
procedimento especial, bastando apenas que sejam afiançáveis.
De acordo como o artigo 327 do Código penal, “considera-se funcionário
público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a
funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para
a execução de atividade típica da Administração Pública.”
O diferencial do rito em questão é que oferecida a denúncia ou queixa-crime, o
juiz, antes de recebê-la, determinará não só a sua autuação, mas também mandará
notificar o agente para apresentar a sua defesa preliminar no prazo de 15 dias,
consoante determina o artigo 514 do CPP. A matéria da resposta preliminar deve
dizer respeito à existência do fato; à autoria; à tipicidade; à licitude; e à subsistência
da punibilidade.
Um ponto de discussão jurisprudencial e doutrinária que merece destaque é a
ausência de notificação para apresentação da resposta preliminar prevista no art.
514 do CPP quando o crime funcional em questão for afiançável. O entendimento
consagrado é de que tal notificação é obrigatória, sob pena de nulidade. Nessa
seara, o Superior Tribunal de Justiça vem adotando a Súmula 330 (STJ), que dispõe
ser desnecessária essa resposta preliminar na ação penal instruída por inquérito
policial, banalizando a aplicação desse verbete nos julgados de sua competência.
Mas de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), a falta
de notificação do acusado para apresentar a defesa preliminar estampada no artigo
acima acarretará na nulidade do processo, conforme RT 572/412, in verbis: "Artigo
514 do CPP. Falta de notificação do acusado para responder, por escrito, em caso

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de crime afiançável, apresentada a denúncia. Relevância da falta, importando


nulidade do processo, porque atinge o princípio fundamental da ampla defesa.
Evidência do prejuízo."
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), embora possua preceito sumulado, vem
adotando o mesmo entendimento, conforme se verifica no RSTJ 34/64-5:
"Recurso de habeas corpus Crime de responsabilidade de f uncionário
público. Sua notif icação para apresentar def esa preliminar (art. 514, CPP).
Omissão. Causa de nulidade absoluta e insanável do processo. Of ensa à
Constituição Federal (art. 5º., LV). Nos presentes autos, conheceu-se do
recurso e deu-se-lhe provimento, para se anular o processo criminal a que
respondeu o paciente, pelo crime do artigo 317 do CP, a partir do
recebimento da denúncia (inclusive), a f im de que se cumpra o estabelecido
no artigo 514 do CPP."

Se o juiz se convencer da inexistência do crime ou da improcedência da ação,


rejeitará a denúncia ou queixa-crime, conforme artigo 516 do CPP. Caso haja o
recebimento da denúncia ou queixa, o procedimento passa a seguir o rito ordinário
(art. 517 CPP). É importante esclarecer que a defesa preliminar não exclui o
oferecimento de resposta à acusação (art. 396 CPP), a qual deverá ser apresentada
seguindo-se os demais atos processuais do rito ordinário (art. 518 CPP).
Assim, não sendo o caso de absolvição sumária, o juiz designará audiência de
instrução e julgamento que deverá ocorrer no prazo de 60 dias. Na audiência de
instrução, debates e julgamento, seguirá a ordem estabelecida no art. 400 do CPP ,
ocasião em que o Juiz e as partes poderão requerer ou não diligências.
Caso não sendo requerida diligência ou se essas forem indeferidas pelo
magistrado, as partes apresentarão alegações finais orais e em seguida será
proferida a decisão. Diante da complexidade dos fatos ou diante do número de
acusados, o magistrado aplicar o disposto no art. 403 § 3º, que se refere à
substituição das alegações mencionadas por memoriais escritos e, após, proferirá a
sentença em 10 (dez) dias. E, nos casos em que forem deferidas diligências, após
essas serem realizadas, o juiz mandará notificar as partes para apresentarem
memoriais escritos e, posteriormente, será proferida a sentença, conforme o art. 404,
parágrafo único (AVENA, 2009, p. 688).

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3.3 Rito dos crimes contra a honra

Os crimes contra a honra são definidos como calúnia, injúria e difamação,


tipificados nos artigos 138 a 145 do Código Penal. O rito que deverá ser seguido
para o processamento de referidos crimes está disposto nos artigos 519 a 523 do
Código de Processo Penal.
Trata-se de um rito especial, e inicia-se com o oferecimento da queixa-crime,
conforme estabelece o art. 394, do CPP. O juiz antes de receber a queixa,
determinará o cumprimento do disposto no art. 520: deverão ser notificado
querelante e querelado a comparecer, desacompanhados de seus advogados, à
audiência de reconciliação.
Os atos que compõem esse rito são iguais ao do procedimento ordinário,
trazendo dois aspectos distintos, quais sejam: 1. É prevista audiência de conciliação;
e 2. É admitida a exceção da verdade nos crimes de calúnia e difamação. Assim, a
ordem desse procedimento envolve os seguintes atos: a) ajuizamento da ação penal
e audiência de reconciliação – antes que o magistrado receba a queixa-crime e se
não for o caso de queixa manifestamente inepta, ele ordenará o comparecimento do
querelante e do querelado para comparecerem à audiência de tentativa de
reconciliação (art. 520 CPP).
Na audiência de reconciliação (art. 520, CPP), as partes serão ouvidas
separadamente pelo Juiz. Primeiro o querelante; depois o querelado. Caso não haja
conciliação, segue-se, então o procedimento comum sumário ou sumaríssimo,
conforme a pena máxima cominada ao fato criminoso, com o recebimento da
queixa-crime, citação e resposta à acusação – não sendo situação para rejeição da
inicial (art. 395 CPP), o juiz receberá a queixa e concederá o prazo de dez dias para
que o querelado responda ao petitório inaugural.
Se o procedimento prosseguir segundo o rito ordinário – após a resposta do
acusado, seja ou não também apresentada exceção da verdade, o Juiz verificará se
é cabível alguma das hipóteses previstas no 397 do CPP. Não sendo caso de
absolvição sumária, segue o rito com designação de audiência de instrução e
julgamento nos mesmos moldes do rito ordinário (art. 400 e seguintes do CPP).

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FIQUE LIGADO
O Ministério Público tem legitimidade ativa concorrente para propor ação penal
pública condicionada à representação quando o crime contra a honra é praticado
contra funcionário público em razão de suas funções. Nessa hipótese, para que se
reconheça a legitimação do Ministério Público, exige-se contemporaneidade entre as
ofensas irrogadas e o exercício das funções, mas não contemporaneidade entre o
exercício do cargo e a propositura da ação penal. [Inq 3.438, rel. min. Rosa Weber, j.
11-11-2014, 1ª T, DJE de 10-2-2015.]

3.4 Rito dos crimes contra a propriedade imaterial

O rito dos crimes contra a propriedade imaterial está tipificado nos artigos 524
a 530-I do CPP.
Os crimes contra a propriedade imaterial estão elencados nos artigos 184 do
Código Penal, artigos 183 a 195 da Lei n. 9.279/96.
Os crimes contra a propriedade imaterial seguem o procedimento comum,
previsto para os crimes apenados com reclusão (rito ordin ário), consoante determina
o artigo 524 do CPP, e como todo crime que deixa vestígios, o exame de corpo de
delito é condição de procedibilidade para o exercício da ação penal. Conforme
exigência do artigo 525 do CPP.
As providências preliminares se diferen ciam, pois os crimes contra a
propriedade imaterial se a titularidade da ação for privada ou pública, devendo ser
observadas referidos procedimentos sob pena de rejeição liminar da denúncia ou
queixa.
No caso de crime de ação penal privada se procede na forma dos artigos 524 a
530 do CPP (artigo 530-A do CPP): Seguindo o artigo 525 do CPP, é necessário um
laudo para ter a certeza de que o objeto foi falsificado. Antes do querelante oferecer
a queixa-crime, exige-se a busca e apreensão e perícia dos objetos ilicitamente
produzidos. Sem essa providência preliminar, a ação penal será rejeitada. Havendo
ou não apreensão, o laudo pericial será elaborado no prazo de 3 dias contados a
partir do encerramento da diligência, e depois encaminhado ao juiz para
homologação (art. 528 CPP).Se o laudo atestar a falsificação, após a homologação,

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a vítima dará início à ação penal com o oferecimento da queixa-crime, seguindo as


demais fases pelo rito ordinário.
No caso de crime de ação penal pública se procede na forma dos artigos 530-B
até 530-H (artigo 530 I do CPP): a Autoridade Policial procederá à apreensão dos
bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, em sua totalidade, juntamente com os
equipamentos, suportes e materiais que possibilitaram a sua existência, desde que
estes se destinem precipuamente à prática do ilícito (art. 530-B);
Na ocasião da apreensão será lavrado termo, assinado por duas ou mais
testemunhas, com a descrição de todos os bens apreendidos e informações sobre
suas origens, o qual deverá integrar o inquérito policial ou o processo (art. 530-C); e
subsequente à apreensão, será realizada, por perito oficial, ou, na falta deste, por
pessoa tecnicamente habilitada, perícia sobre todos os bens apreendidos e
elaborado o laudo que deverá integrar o inquérito policial ou o processo (art. 530-D).
Efetuada a apreensão, após os exames periciais necessários, a Autoridade
Policial poderá nomear fiéis depositários de todos os bens apreendidos os titulares
de direito de autor e os que lhe são conexos conforme dispões o art. 530-E do CPP.
o juiz poderá determinar a requerimento da vítima, ressalvada a possibilidade de se
preservar o corpo de delito, a destruição da produção ou reprodução apreendida
quando não houver impugnação quanto à sua ilicitude ou quando a ação pen al n ão
puder ser iniciada por falta de determinação de quem seja o autor do ilícito (art. 530-
F, CPP). Após os procedimentos preliminares segue-se o rito ordinário, e em caso
de condenação por crime de violação de direito autoral, nos termos do art. 530-G do
CPP, o juiz poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou
reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos.

3.5 Rito da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006)

Os procedimentos a serem observados na Lei drogas encontram-se


disciplinados nos artigos 48 a 59 da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas). Insta declinar
que os crimes que serão processados perante esse rito estão declinados nos artigos
33 ao 39 da Lei 11.343/06, não se aplicando, portanto ao artigo 28 da referida Lei
(porte para consumo pessoal), o qual deverá ser processado pelo rito sumaríssimo.

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ATENÇÃO
O rito para o crime do artigo 28 é diverso do rito para o crime de tráfico. Nesse
sentido, quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar e quem, para seu consumo pessoal, semeia,
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica serão
submetidos às seguintes penas: (a) advertência sobre os efeitos das drogas; (b)
prestação de serviços à comunidade; (c) medida educativa de comparecimento a
programa ou curso educativo.
Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o juiz atenderá à
natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que
se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e
aos antecedentes do agente.

Assim, o processamento do feito dos crimes em questão, será organizado da


seguinte forma: oferecimento da denúncia, notificação da parte, defesa preliminar
(art. 55 da lei, prazo de 10 dias), recebimento da denúncia, citação pessoal do
acusado, Audiência de instrução (interrogatório do réu , oitiva das testemunhas de
acusação, oitiva de testemunha de defesa) debates orais e sentença.
De acordo com o determinado no art. 55 da Lei de Drogas, oferecida a
denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Na resposta, consistente em defesa preliminar e
exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar todas as razões de
defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas que pretende
produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas (§ 1º do art. 55). As
exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 113 do Código
de Processo Penal (§ 2º do art. 55).
Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação (§
3º do art. 55). Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias (§ 4º do art.
55). Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10 (dez) dias,

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determinará a apresentação do preso, realização de diligências, exames e perícias


(§ 5º do art. 55).
Ao invés de receber a denúncia de plano (art. 396, caput, do CPP), caso não
seja hipótese de rejeição, e desde logo mandar citar o réu para apresentar resposta
escrita, no procedimento da Lei de Drogas o juiz, não sendo caso de rejeição liminar
da peça acusatória, mandará notificar o denunciado para apresentação de resposta
escrita, cujo ato antecede o recebimento da denúncia, ao contrário do que ocorre no
procedimento comum.
No âmbito da Lei de Drogas, somente após a efetiva apresentação da resposta
é que o juiz, não sendo caso de rejeição, avaliação mais uma vez pertinente após a
resposta escrita, irá receber a acusação, designar audiência de instrução e
julgamento, que será realizada dentro de 30 dias após o recebimento da denúncia,
salvo se for determinada a realização de avaliação para atestar a dependência de
drogas, ocasião em que ocorrerá em 90 dias (art. 56, § 2º da lei 11.343/2006).
Na audiência de instrução e julgamento, primeiro procederá ao interrogatório
do acusado, seguindo da inquirição das testemunhas de defesa e acusação, e após
será dada a palavra à acusação e depois à defesa para alegações orais pelo prazo
de 20 minutos cada um, prorrogáveis por 10 minutos a critério do juiz (art. 57 da Lei
11.343/06). Encerrados os debates, o magistrado proferirá a sentença no ato ou o
fará no prazo de 10 dias (art. 58 da Lei 11.343/06).

FIQUE LIGADO
O óbice, previsto no art. 44 da Lei 11.343/2006, à suspensão condicional da pena
imposta ante tráfico de drogas mostra-se afinado com a Lei 8.072/1990 e com o
disposto no inciso XLIII do art. 5º da CF. [HC 101.919, rel. min. Marco Aurélio, j. 6-9-
2011, 1ª T, DJE de 26-10-2011.]

Importante saber que para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e


estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da
natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
pessoa idônea (LD, art. 50, § 1º). Ademais, o perito que subscrever o laudo de

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constatação não ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo (LD,


art. 50, § 2º).
Tratando-se de exame pericial preliminar, não definitivo, não se exige que seja
feito por dois peritos, tampouco que sejam observadas todas as formalidades
previstas no Código de Processo Penal, sendo suficiente que uma pessoa idônea –
que pode ser um policial com experiência no combate ao narcotráfico – ateste que a
substância apreendida em poder do agente é, de fato, droga.
Importante salientar que por meio desse exame, é possível verificar a
existência do princípio ativo da droga, o que indica a materialidade provisória do
delito. Para a jurisprudência do STJ, o laudo preliminar de constatação configura
verdadeira condição de procedibilidade para a apuração do ilícito, sendo necessário
não apenas para a lavratura do auto de prisão em flagrante, mas, também, para o
oferecimento/recebimento da denúncia. Sem embargo de sua reconhecida
importância, o exame provisório possui caráter meramente informativo, de modo
que, “com a posterior juntada aos autos do laudo definitivo, fica superada qualquer
alegação de nulidade em relação ao laudo anterior.”
Ao contrário, o laudo definitivo (também chamado de exame toxicológico) –
exigido, em regra, para a condenação 20 – pode ser trazido aos autos durante o
trâmite da ação penal. Para uns, em até 3 (três) dias antes da audiência de instrução
e julgamento, em vista do que disciplina o art. 52, parágrafo único, inc. I, da LD. Para
outros, com antecedência mínima de 10 (dez) dias antes da audiência de instrução e
julgamento, em razão de que, durante o curso do processo, é permitido às partes,
quanto à perícia, requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou
questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de
10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar (CPP, art.
159, § 5º, I). Assim, “se a própria lei prevê que o requerimen to da oitiva dos peritos
para esclarecerem a prova pericial deve ser feito com antecedência mínima de 10
(dez) dias, é evidente que a parte só poderá considerar a possibilidade de solicitar

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esclarecimentos caso já tenha tido ciência do laudo pericial que f oi juntado aos autos
do processo23.

3.6 Suspensão condicional do processo

A suspensão condicional do processo está estampada no artigo 89 da Lei


9.099/95 e é aplicável tanto para as infrações penais de menor potencial ofensivo
(art. 61 da Lie 9.099/95) quanto para os crimes cuja pena mínima abstrata não seja
superior a um ano. Nesse sentido, vale esclarecer que, embora previsto na Lei dos
Juizados Especiais, a suspensão condicional do processo figura como norma
genérica, razão pela qual também é aplicável aos delitos que reclamam outros
procedimentos, ressalvados os crimes militares que preveem expressa vedação
quanto à aplicação da lei 9.099/95 no artigo 90-A.
A classificação dada na denúncia pelo Ministério Público é muito relevante,
pois é com base nela que se verifica o cabimento da suspensão condicional do
processo (crimes com pena mínima não superior a 1 ano) ou o cabimento da prisão
preventiva (crimes com pena máxima superior a 4 anos, desde que presentes
fundamentos que a justifiquem).
Portanto, a suspensão condicional do processo é uma medida alternativa que
tem por objetivo principal evitar a aplicação da pena, desde que presentes as
condições delineadas pelo caput do art. 89 da Lei n.º 9.099/95.
Para a concessão do benefício, a lei exige os seguintes requisitos: que o crime
tenha pena mínima cominada igual ou inferior a um ano; que o acusado não esteja
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime; que estejam
presentes os requisitos para a suspensão condicional da pena (art. 77, CP) – a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem
como os motivos e circunstâncias, autorizem a concessão do benefício; que tenha
ocorrido a reparação do dano.

23Masson, Cleber Lei de Drogas: aspectos penais e processuais / Cleber Masson, Vinícius Marçal. –
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.

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IMPORTANTE
Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto
for superior a um ano. [Súmula 723, STF]

Vale lembrar que a suspensão condicional do processo não se confunde com a


suspensão condicional da pena (sursis-art. 77 a 82 do Código Penal), uma vez que a
última subordina-se a existência de uma sentença condenatória, ao contrário da
primeira que tem por finalidade evitar a prolação de uma sentença, por meio do
sobrestamento da ação penal.
A suspensão condicional da pena é também chamada de “”. Impende
esclarecer que, quando não houver especificação de que se trata de sursis
processual, tratar-se-á de suspensão da pena. O instituto da suspensão condicional
da pena está tipificado no Código Penal, em seu artigo 77, cujo caput dispõe que: “A
execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos.”
A pena também poderá ser suspensa por “quatro a seis anos, desde que o
condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a
suspensão”, conforme o § 2º do art. 77, CP.
A principal diferença entre os dois institutos está consubstanciado no fato de
que, em uma, a sentença já foi prolatada, e a pena já foi estabelecida. O que se
suspende, portanto, é a execução da pena, mas não extingue integralmente a
punibilidade. Já no final da suspensão condicional do processo, o beneficiado
permanece sem antecedentes, e na suspensão condicional da pena, sobre o
beneficiado continuam a incidir os efeitos secundários da condenação.

FIQUE LIGADO
O instituto da suspensão condicional do processo constitui importante medida
despenalizadora, estabelecida por motivos de política criminal, com o objetivo de
possibilitar, em casos previamente especificados, que o processo nem chegue a se
iniciar. (...) Em se tratando de instrumento de política criminal despenalizadora, o
instituto da suspensão condicional do processo exige mais do que a aplicação das

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condições objetivamente consideradas. Vai além: para efeito de revogação da


suspensão do processo, confere ao julgador importante função de sopesar a
gravidade de eventual falta no cumprimento das condições fixadas, diante da
conduta do acusado frente ao benefício. O acusado não soube se valer do favor
legal que lhe foi conferido, não demonstrando o necessário comprometimento com a
situação de suspensão condicional do processo, em claro menoscabo da Justiça
Criminal do Estado. Na situação em concreto, deixou o acusado de cumprir uma das
condições com as quais se comprometeu, respeitante ao comparecimento mensal
em juízo eleitoral para informar e justificar as suas atividades. O comparecimento a
juízo constitui obrigação distinta daquela alusiva às justificações para viagem, motivo
pelo qual não podem as diversas comunicações de viagem juntadas aos autos ser
encaradas como justificadoras do não comparecimento do acusado. [AP 512 AgR,
rel. min. Ayres Britto, j. 15-3-2012, P, DJE de 20-4-2012.]

A suspensão condicional do processo é oferecida após a apresentação da


exordial acusatória, e submete o acusado a um período de prova que pode variar
entre dois a quatro anos, lapso temporal em que deverá cumprir as condições legais,
ou outras que o Magistrado reputar convenientes (art. 89, § 1.º, incisos I, II, III, IV,
Lei 9.099/95), sendo que após o cumprimento integral sem qualquer revogação, será
decretada a extinção da punibilidade do agente.

SAIBA MAIS:
Tribunal do júri: a influência do perfil do réu e da vítima nas decisões do conselho de
sentença. Acesse: CONPEDI

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009.
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REFERENCIAS

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THEODORO JR. Humberto - Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do


direito processual civil e processo de conhecimento. Ed. 50, Rio de Janeiro,
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CÂMARA, Alexandre Freitas, 18° Ed., Editora - Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2008.

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