A primeira menção histórica relatada sobre o princípio do devido processo legal
consta no artigo 39 da Magna Charta Libertatum, outorgada pelo Rei João sem-Terra em 1215, sob a pressão do baronato e do alto clero. Nesse documento em específico foram concedidas algumas liberdades a essa casta privilegiada de homens. Foi redigida em latim e contava, inicialmente a Magna Carta, com 63 artigos, mais o preâmbulo, todavia, com a reedição de 1225, sob o reinado de Henrique III, os 63 artigos foram reduzidos a 37, passando o antigo artigo 39 a ser o 29. O princípio do devido processo legal se constitui numa das mais importantes garantias que nos foram legadas pelas antigas declarações de Direitos, e está persiste até nos dias de hoje. A locução “devido processo legal” corresponde à tradução para o português da expressão inglesa “due process of law”, porém, significa Direito, e não lei. É certo que, referido preceito constitucional que se extrai o princípio do devido processo legal, uma garantia constitucional ampla, que confere a todo indivíduo o direito fundamental a um processo justo e devido. Esse princípio possui fundamentação legal no artigo 5º, incisos LIV e LV da Constituição Federal, ele garante que o indivíduo só seja privado de sua liberdade ou terá seus direitos restringidos mediante um processo legal, exercido pelo Poder Judiciário, por meio do juiz natural, assegurados o contraditório e a ampla defesa. É sabido que a Magna Carta de 1988 consagrou em seu texto um rol de direitos e garantias, com a simples finalidade de servir à cidadania e à democracia. Desta forma, destaca-se o artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, o qual prevê que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal justo. Sua dimensão processual, o princípio do devido processo legal deve ser entendido, como a garantia do pleno acesso à justiça, a qual se encontra consagrada no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal. Essa dimensão tem como base a garantia de um efetivo e mais brando acesso à justiça, assegurando-se o direito de ação, a igualdade de tratamento entre as partes, o direito de defesa e o contraditório. É comum a frase por autores atualmente, “a ideia do devido processo legal está associada à ideia de um processo justo.” De modo geral, ele assegura a todos o direito a um processo com suas etapas devidas e previstas em lei e todas as garantias constitucionais, como todos tem direito. Visto que, se não forem observadas as regras básicas, ele se tornará nulo por isso e por outras regras que é de longe considerado o mais importante dos princípios constitucionais, pois dele derivam todos os demais, pois se reflete em uma dupla proteção ao sujeito, no âmbito material e formal, de forma que o indivíduo receba instrumentos para atuar com paridade de condições com o Estado. Todavia, há de se observar que há uma relação estreita entre o devido processo legal e o conceito de justiça, o que se observa tanto na sua dimensão processual quanto na material. O conceito de justiça está ligado ao princípio do devido processo legal, observando o objetivo final, que é a realização de um efetivo acesso à justiça, o que só ocorrerá de fato, seguindo e analisando os demais princípios de natureza, alguns deles sendo, do contraditório, ampla defesa, juiz natural, razoabilidade na duração dos processos, entre outros. O princípio do devido processo legal se constitui numa das mais importantes garantias que nos foram legadas pelas antigas declarações de Direitos, e a exemplo de outros institutos, a sua adoção pelo nosso ordenamento jurídico teve como fonte de inspiração direta o direito americano. Foi inspirada na matriz americana, pois, de longa data, o princípio do devido processo legal tem sido aplicado, tanto na dimensão processual quanto na substantiva, a Constituição de 1988 também permite a aplicação de ambas as dimensões. Com efeito, apesar de o princípio do devido processo legal ter tomado entre nós, inicialmente, a forma de garantia inominada circunscrita ao direito processual, é sabido que a partir da Constituição de 1988, no artigo 5º, inciso LIV, passou-se a constar expressamente do nosso ordenamento jurídico, o que lhe ampliou de forma exorbitante o âmbito e força de incidência. Hoje, toda e qualquer definição que se venha a criar para o princípio do devido processo legal tem, necessariamente, que levar em conta as suas dimensões processuais. A importância desse princípio é exorbitante, mas, todavia seu campo de incidência tão vasto, que é difícil estabelecer uma divisão sob os demais princípios ao processo, tal como constam da legislação ordinária e mesmo da Constituição.E a dificuldade aumenta se pensamos em classificar e sistematizar os diversos componentes que o integram. Pode-se afirmar, seguramente, que todos os outros princípios de natureza processual são densificações do princípio do devido processo legal. Significa dizer que tais princípios estariam presentes no sistema positivo ainda que não tivessem sido incluídos expressamente no texto constitucional.
II - Conclusão:
O presente trabalho teve como propósito demonstrar e analisar o princípio do devido
processo legal, demonstrando grande amplitude deste princípio que se vê como base, pois é o norteador de todos os demais princípios que devem ser observados no processo. De fato, é o qual assegura o direito de ação e o direito de defesa judicial aos indivíduos, ampla defesa, contraditório, juiz natural, publicidade dos atos processuais, duração razoável do processo, motivação das decisões, tratamento paritário conferido às partes envolvidas no processo. Em análise a este trabalho, diante de tamanha relevância, o princípio do devido processo legal foi elevado à categoria de preceito internacional, encontrando respaldo na Convenção Europeia de Direitos do Homem, bem como, na Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica). Diante de todos os aspectos ora analisados, e considerando a grande preocupação do constitucionalismo contemporâneo em assegurar os direitos fundamentais por meio do processo constitucional, restou demonstrado que o devido processo legal é expressão de democracia e cidadania, por reunir em seu conteúdo, inúmeras garantias de ordem constitucional e processual. E com isso, somente com poucas palavras não é possível igualar ele a outro ou qualquer princípio processual, pois este é a personificação de justiça para todos. É por isso também, que quando se estuda o curso de Direito, esse princípio está sempre ligado a qualquer matéria fixada, e até mesmo depois na vida profissional, pois, como já visto, é assegurado a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais.