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O Que É Akasá E Para Que Serve O Acaça

O que é Àkàsà/ acaçá e para que serve o Akasà e sua importância dentro do culto do
Candomblé e da religião Afro, as definições mais elementares do ÀKÀSÀ, dizem que se trata de
uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvida ainda quente, em folha de banana.

A definição é correta, mas extremamente superficial, já que o ÀKÀSÀ é de longe a comida mais
importante do candomblé. Seu preparo e forma de utilização nos rituais de oferendas
envolvem preceitos e bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados. Todos os
Òrìsàs, de Òrìsà a OBATÀLÀ, recebem acaçá, em suas oferendas, adimu, obrigações, etc.

Todas as cerimonias, do ebó mais simples aos sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de
iniciação, de passagem, em tudo mais que ocorra em uma casa de candomblé, só acontece
com a presença de ÀKÀSÀ. A pasta branca à base de milho branco, chama-se eco (èko), depois
de envolvida na folha de banana ou em um recipiente, aí sim, será ÀKÀSÀ.
O ÀKÀSÀ, é um corpo, símbolo de um ser. A única oferenda que restitui e redistribui o àse.

O ÀKÀSÀ remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida; e por ser o grande
elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da
vida, tornou-se a comida e predileção de todos os Òrìsàs. Só existe uma oferenda capaz de
restituir o àse e desenvolver a paz e a prosperidade na Terra, ela é justamente o ÀKÀSÀ.
Mas o que faz de uma comida aparentemente tão simples a maior das oferendas aos òrìsàs?

O Que Significa ÀKÀSÀ?

Do conjunto  Èkò (mingau) que significa o corpo e Ewè (folha) o oculto e feito o ÀKÀSÀ.
Será que todos sabem o que realmente é um ÀKÀSÀ?

Primeiramente, é preciso esclarecer que a pasta branca à base de farinha de milho branco (que
fica alguns dias de molho e depois passada pelo pilão ou moinho)  ai cozinha com agua até
virar um mingau consistente, chama-se na verdade eco (Èkò). Depois de coxear, uma porção
da pasta ainda quente, é envolvida em um pedaço de folha de banana para enrijecer (na África
é utilizada outra folha, chamada èpàpo), tornando-se, agora sim, um ÀKÀSÀ.(Hoje em dia nós
temos a facilidade de encontrar o milho vermelho moído que é o fubá vermelho e o milho
branco que é o fubá branco, mais existem sacerdotes que ainda utilizam o ritual de
antigamente).

Percebe-se a fundamental importância da folha de banana, uma vez que o Èkò só passa a ser
ÀKÀSÀ quando envolvido em uma folha verde que lhe atribui existência individualizada e
oculta, pois passa a ser uma porção desprendida da massa, assim como e emi, que dá vida aos
seres, é, na verdade, uma parte da atmosfera, ou do próprio Olorum, que todos ser leva
dentro de si, o sopro da vida, o ar que respiramos. A folha de Banana mantem o ÀKÀSÀ oculto
para que nenhuma energia venha se alimentar dele antes da hora, só no momento do ritual
pode-se e deve retirar o ÀKÀSÀ da folha para ser ofertado, a folha em sí não faz parte da
oferenda e nem é um alimento, ela apenas e um recipiente e como tão pode ser reutilizada.
O Akasa tem o formato de pirâmide porque representação de um Corpo, um Ser, um
Descendente, nosso eu espiritual, nosso Ori Ínù, ele pode representar todos os Òrìsàs. 
  
Sua forma ligeiramente cônica nos remete ao infinito símbolo do crescimento e expansão. 
Comparado a uma montanha que nos leva as alturas, a ponta deste tem o poder de atrair as
mais diversas energias.

Portanto, o acaçá é um corpo, o símbolo de um ser. A única oferenda que restituí e redistribui
o àse. 

É importante insistir que o que faz do acaçá um corpo único, eminente representação de um
ser, é a folha, seu poderoso invólucro verde, que lhe confere individualidade e força vital
diante do poderoso orun, os òrìsàs e do grande Deus Oludumaré.

Somente a água é tão importante quanto o acaçá, pois não existem substitutos para nenhum
dos dois, que são, a exemplo do obi, elementos indispensáveis em qualquer ritual. Ambos
configuram-se como símbolo da vida, e é justamente para afastar a morte do caminho das
pessoas, para que o sacrifício não seja o homem, que são oferecidos.

O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida. E por ser o grande
elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da
vida, tornou-se a comida e predileção de todos os òrìsàs.

Fato é que quem não faz um bom acaçá não é um bom conhecedor do candomblé, pois as
regras e diretrizes da religião nunca foram ditadas pela intuição. “Constituem grandes
fundamentos cristalizados” ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que
candomblé não é intuição, mas fundamento sim, e fundamentos se aprende.

Nem todas as palavras do mundo são suficientes para decifrar o valor de um ÀKÀSÀ. Basta
admitir que os segredos estão nas coisas mais simples para ver que muitos julgaram
insignificantes, a comida mais importante do candomblé, banalizando o sagrado e
privilegiando a intuição em detrimento do fundamento.

Fato é que quem não faz um bom ÀKÀSÀ, não pode ser considerado um bom conhecedor de
candomblé; pois, as regras e diretrizes da religião dos Òrìsàs nunca foram ditadas pela
intuição. Constituem grandes fundamentos "cristalizados" ao longo de anos e anos de
tradição. 

Fundamento é o segredo compartilhado, o mistério sagrado, o detalhe que faz a diferença e a


prova de que ninguém pode enganar o Òrìsà. Aqui o grande fundamento é que o sangue dos
animais jamais pode jorrar sobre os igbás sem a presença do elemento pacificador, pois, o
ÀKÀSÀ simboliza a paz.

Quando ofertado e retirado do seu invólucro verde, tornando-se a comida que agrada a todos
os  òrìsàs, a primeira oferenda que deve ser colocada diretamente no assentamento,
juntamente com o obi e a água, antes de qualquer sacrifício. O ÀKÀSÀ deve permanecer
fechado, imaculado até o momento de ser entregue ao Òrìsà, só então é retirado da folha. É
como se o sagrado tivesse que ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é
quase sempre um elemento consagrado.

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