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BÀBÁLÁWÒ: OS GUARDIÕES DOS SEGREDOS.

Na lógica da Religião Yorùbá, Olódùnmarè, nosso Deus maior, onipotente e onipresente


dentro de sua imensa sabedoria quando criou o homem à sua semelhança e perfeição e
determinou sua vida na terra, nos deixou também uma forma para que pudéssemos
conhecer a trajetória de nosso destino e desta forma minimizar nosso sofrimento,
enquanto seres que desconectados do EU Divino, sozinhos, não temos noção de nossas
vidas, nem para onde ir, nem o que fazer diante das inúmeras situações que nos
deparamos em nosso dia a dia.
Esta bússola que nos conduz a ir em direção daquilo que é o melhor para todos nós é
Òrúnmìlà-Ifá aquele que Olódùnmarè permitiu que fosse a testemunha da criação de tudo
o que na terra existe, portanto o “guardião dos segredos”, que estava presente em nossa
criação primeira e também a cada vez que aqui retornamos no processo de evolução.
Òrúnmìlà-Ifá, portanto é aquele que através do jogo divinatório fala o seu passado, seu
presente e seu futuro. É o código decifrado do destino individual de cada ser humano, que
trazemos quando nascemos, sendo um culto específico onde os portadores desta
sabedoria são chamados de Bàbáláwò, “o Pai dos Segredos”.
No Culto a Ifá, os Bàbáláwò são pessoas escolhidas pela divindade através do jogo de
Opele-Ifá, pois necessitam reunir em sua personalidade um caráter compatível com a
missão que será desenvolvida, e onde não é permitido a traição, a falsidade, o orgulho, a
vaidade, tendo que reunir uma forma de caráter muito especial, além da inteligência, para
ser um iniciado. Neste Culto as pessoas não se candidatam a Bàbáláwò. Na África, após o
nascimento de uma criança ela já é levada a um Bàbáláwò para que os pais saibam o que
será melhor para o seu destino, e desta forma encaminhada para a missão na qual
nasceu. Os escolhidos, quando atingem a idade necessária são encaminhados então ao
templo e ali com os anciãos serão iniciados no culto e passam a adquirir o conhecimento
dos segredos, a conduta necessária para que nunca percam este poder e a forma de
como ajudar aos outros em qualquer tipo de aflição.
Dentre estes escolhidos, alguns serão encaminhados para ser Bàbáláwò, e outros para ser
o Omo-Ifá, aqueles que acompanharão o Bàbáláwò em tudo o que fizerem, mas que
nunca poderão atingir ao grau maior da sabedoria embora esteja presente e ciente de
todos os rituais sagrados. Este código será decifrado através dos 16 Odù, que são os 16
Òrìsà primordiais, ou seja, o retrato de nosso caminho na terra que podem ser
multiplicados por mais 16 e assim por diante, podendo chegar a 23.368 poemas de Ifá,
retratando todas as formas emocionais e os problemas adquiridos pelo ser humano. Para
cada caminho (destino) existem inúmeras rezas e ensinamentos passados oralmente ao
iniciado permitindo com isto que além de conhecer nosso sofrimento apresente também a
sua solução. Olódùnmarè não nos deixaria aqui somente para sofrer e andarmos
desgovernados, isto não está incluso na lógica da criação, a única coisa é que o poder do
conhecimento não pode estar nas mãos de qualquer um, uma vez que os níveis do caráter
humano não são iguais, e que na maioria das vezes as pessoas vão moldando sua forma
de ser de acordo não com o seu código interior, mas sim refletindo a força externa da
sociedade em que vive.
Este treinamento requer muitos anos, de prática, rituais, e absorção do conhecimento, até
que recebam de seus anciãos a autorização final para também desempenhar a função de
Bàbáláwò.
Os Bàbáláwòs adquirem poderes e como a própria tradução diz “Guardião dos Segredos”,
seus poderes sobrenaturais são inúmeros e chegam além da morte, pois dentro dos
ensinamentos aprendem a manipular poções e magias que podem curar inúmeras
doenças, trazendo vida às pessoas muitas vezes desenganadas pela ciência comum.
Além da cura, eles têm conhecimentos no preparo de magias para que tenhamos proteção
contra a violência, acidentes, alcançarem a prosperidade, resolver casos amorosos,
trabalhando com as folhas (Ewé), conseguem passar de um elemento para o outro o
campo das energias em prol da felicidade do ser humano.
No campo espiritual eles podem ouvir a palavra dos ancestrais, em qualquer lugar do
mundo, pois conhecem a língua sagrada. Seus conhecimentos permitem que interrompam
o ciclo de uma criança Àbíku ( que nascem e morrem em poucos dias, ou que sobrevivem
sob o perigo da morte constante), evitando novo sofrimento para seus pais, assim como o
culto a Egbe ( grupos espirituais que ficam no astral para atrapalhar as pessoas).
Cultuando as Ìyáàmi Osoronga, (as Mães Feiticeiras), podem se transportar de um local
para outro, e vir à presença dos mortos que vivem junto de nós.

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