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O conceito de sucessão
Artigo 2024.º
Das sucessões em Geral
(Noção)
CONCLUSÃO
Tanto para um sector da doutrina como para outro, a sucessão será sempre
uma aquisição mortis causa; ou seja, é a morte de uma determinada pessoa que
faz com que os bens dessa mesma pessoa sejam adquiridos por outrem.
2025.º C.C
(Objecto da sucessão)
1. Não constituem objecto de sucessão as relações jurídicas que devam
extinguir-se por morte do respectivo titular, em razão da sua natureza
ou por força da lei.
2. Podem também extinguir-se à morte do titular, por vontade deste, os
direitos renunciáveis.
Quando o legislador diz “em razão da sua natureza” significa que estamos
perante uma norma imperativa, que não pode ser afastada pela vontade das
partes.
Quando o legislador diz “ por força da lei”, tal significa que estamos perante
uma norma supletiva, ou seja, em princípio, a lei proíbe a transmissão, mas, se
o de cujus quiser estipular o contrário, poderá fazê-lo.
Artigo 2025.º
2.Podem também extinguir-se à morte do titular, por vontade deste, os
direitos renunciáveis.
Pr. GALVÃO TELES.
Diz que esse preceito não faz sentido porque a intransmissibilidade por morte
não pode ser convencionada. Ou seja, não pode existir um contrato que diga
que não serão transmitidos por morte determinados bens.
Para ele, neste artigo, a lei admite que os titulares dos direitos possam
determinar unilateralmente a sua intransmissibilidade por morte. A lei admite
que o titular de um determinado direito possa convencionar, porque se se pode
renunciar a um direito também se pode determinar que este se extinga por
morte do titular.
Caso contrário, o que o de cujus poderia fazer era momentos antes de morrer,
renunciava ao direito, o direito saia da sua esfera jurídica e, assim, já não era
transmitido.
CONCLUSÃO FINAL.
Ambrósio ao sair da discoteca é assaltado por B que tem como arma uma
seringa com VIH-SIDA. Ambrósio oferece resistência e B espeta-lhe a seringa
injetando o seu conteúdo. Dois anos depois, Ambrósio vem a falecer.
Quid Iuris
1. Será que a vítima tem direito a receber a indemnização pela sua morte
2. Se eventualmente a vítima tiver direito adquirido a receber a
indemnização a quem é que a mesma será transmitida
3. Para o Pr. Galvão Teles – “o argumento que diz que a pessoa não
pode receber a indemnização porque já não tem personalidade jurídica não
procede; não procede porque a morte é o último momento da vida.
Portanto, quando a pessoa começa a morrer ainda está viva, e,
consequentemente, possui personalidade jurídica. A maioria da doutrina
discorda deste entendimento. Para a maioria da doutrina há
incompatibilidade lógica entre a morte e a vida; ou seja, a morte começa
quando a vida termina; não há um campo de intercepção.
Artigo 496.º
(Danos não patrimoniais)
O artigo 496.º n.º 3; apenas nos interessa a parte final: “em caso de morte...”,
podem ser atendidos não só os danos não patrimoniais sofridos pela vítima,
como os sofridos pelas pessoas com direito a indemnização nos termos do
número anterior”.
EIS A QUERELA.
Defende que a vítima tem direito a indemnização pela sua própria morte,
portanto, para este Pr., o artigo 496 n. 3 fala da existência de duas
indemnização:
1 Trata-se da indemnização que a vítima recebe devido aos danos não
patrimoniais causado pela sua própria morte. Esta indemnização será
transmitida aos seus sucessores pela via sucessória; ou seja, de acordo
com a ordem que se encontra no artigo 2133 C.C
2 Trata-se de uma indemnização por direito próprio que é atribuído aos
familiares da vítima em virtude do sofrimento causado pela perda de um
ente querido. Esta indemnização será atribuída às pessoas que constam
do artigo 496 n. 2; ou seja, de acordo com a seguinte ordem:
1. Cônjuge e descendente;
2. Ascendente;
3. Irmãos ou sobrinhos caso estes exerçam o direito de
representação.
Para estes autores, não estão em causa duas indemnizações, mas apenas uma.
Só há indemnização que é atribuída às pessoas que constam do artigo 496 n.2.
Todavia, para se calcular o valor desta indemnização vai se ter em
consideração:
Para o Pr. Pamplona, o artigo 496 n.3 refere-se a dois tipos de danos, e,
consequentemente, a duas indemnizações:
1. São os danos não patrimoniais sofridos pela própria vítima que não o
dano morte, neste caso, será a própria vítima a receber esta
indemnização.
2. São os danos não patrimoniais sofridos pelos familiares da vítima em
virtude da perda de um ente querido; ou seja, o artigo 496 n.3, aplica-se
a situações em que existe um lapso de tempo entre a lesão que vai
provocar a morte e a própria morte (este ponto, não se aplica quando a
morte é extantânea).
A vítima não vai ser indemnizada pela sua própria morte, mas sim, pela
presciência da mesma na medida em que causa sofrimento de saber-se que
devido a actuação de um terceiro se vai morrer mais cedo do que se
imaginava. No entanto, este sofrimento é um dano não patrimonial que deverá
ser indemnizado.
Tem uma posição muito semelhante a do Pr. Pamplona, ou seja, diz que o
artigo 496 n.3 diz respeito a indemnização atribuída a própria vítima quando
ocorre um lapso de tempo entre o facto que da origem a morte e a própria
morte. Todavia, esta indemnização deve ser transmitida pela via sucessória
normal e não às pessoas constantes no artigo 496 n.2; ou seja, deve ser
transmitida de acordo com a ordem constante do artigo 2133.
Situações duvisosas
NOSSA POSIÇÃO:
Primeira situação: o autor da sucessão deixa uma quota, mas quer que
esta quota seja preenchida com determinado bem. Por exemplo: o autor da
sucessão diz: deixo ao Joel, meu grande amigo, um quinto do meu património,
mas quero que esse um quinto seja preenchido com a minha casa no Waku
Kungu.
Uma deixa deste género só é admitida num único caso que vem
expressamente previsto na lei e que se trata do instituto do legado por conta
da legítima. 2163.
1ª Será que isto se pode fazer ou não? Colocam-se duas questões: será
estaremos realmente na presença de uma quota?
Artigo 2030.º
3. É havido como herdeiro o que sucede no remanescente dos bens do
falecido, não havendo especificação destes.
AS DEIXAS CATEGORIAIS
Vg. o autor da sucessão diz: deixo todos os meus bens imóveis ao César
e todos os meus bens móveis ao Edson. Coloca-se a questão: são deixas a
título de herança ou são deixas a título de legado? Qual é a sua natureza?
Diz-nos que essas deixas são deixas a título de legado porque os sucessores
vão receber bens determinados.
Dizem que são deixas a título de herança porque o autor da sucessão não quis
atribuir bens determinados. O que ele quis foi dividir o património por duas
pessoas. O autor poderia ter dito algo deste género: “deixo todos os meus bens
móveis a A e o remanescente a B”. Pelo menos B seria sem qualquer dúvida
herdeiro na medida em que seria instituído no remanescente.
Artigo 2030.º
3. É havido como herdeiro o que sucede no remanescente dos bens do
falecido, não havendo especificação destes”.
Estas deixas são deixas a título de legado porque o autor da sucessão teve
como objectivo atribuir a A apenas os bens imóveis e, atribuir a B apenas os
bens móveis.
Se considerarmos estas deixas como deixas a título de herança, caso um deles
não possa ou não queira receber a respectiva deixa, devido ao instituto do
direito de acrescer, o outro iria beneficiar dessa deixa e assim sendo seria
preterida a vontade do autor da sucessão. Como estamos no âmbito da
sucessão testamentária tal não pode acontecer porque a vontade do autor da
sucessão tem de prevalecer.
Artigo 2030.º
4. “ O usufrutuário, ainda que o seu direito incida sobre a totalidade do
património, é havido como legatário”.
Artigo 2030.º
5. “A qualificação dada pelo testador aos seus sucessores não lhes confere o
título de herdeiro ou legatário em contravenção do disposto nos números
anteriores”.
Este sucessor, não obstante ter sido designado como legatário, terá de ser
tratado como o herdeiro, na medida em que recebeu uma quota abstracta e, de
acordo com o artigo 2030 n. 2 é herdeiro. O testador também não pode dizer:
“deixo a B o meu automóvel e quero que ele seja tratado como meu
herdeiro”.
Se o sucessor recebeu um bem determinado, tem de ser aplicado o estatuto de
legatário e não de herdeiro.
Artigo 2068
(Âmbito da herança)
“A herança responde pelas despesas com o funeral e sufrágio do seu autor,
pelos encargos com a deixa testamentária, administração e liquidação do
património hereditário, pelo pagamento das dívidas do falecido, e pelo
cumprimento dos legados”.
Artigo 2070.º
(Preferência)
2. Os encargos da herança são satisfeitos segundo a ordem por que vêm
indicados nos artigos 2068.º
Artigo 2071.º
(Responsabilidade do herdeiro)
Para aferirmos o modo como os encargos vão ser satisfeitos, temos que ter em
consideração duas situações:
1. A herança encontra-se indivisa; ou seja, a partilha ainda não foi
efectuada.
2. Verifica-se quando a partilha já foi efectuada.
Artigo 2091.º
(Exercício de outros direitos)
1. Fora dos casos declarados nos artigos anteriores, e sem prejuízo do
disposto no artigo 2078.º, os direitos relativos à herança só podem ser
exercidos conjuntamente por todos os herdeiros ou contra todos os
herdeiros.
Artigo 2098.º
(Pagamento dos encargos após a partilha)
1. Efectuada a partilha cada herdeiro só responde pelos encargos em
proporção da quota que lhe tenha cabido na herança.
Pode ocorrer situações em que não existem herdeiros legitimários, e nas quais,
o autor da sucessão distribui toda a sua herança, através de legados. Neste
caso, os legatários terão de desempenhar o papel que competia aos herdeiros,
se eram os herdeiros que tinham de responder pelos encargos, neste caso
concreto serão os legatários. Portanto, existindo vários legatários, estes irão
responder pelos encargos da herança na proporção dos bens que receberam,
EXCEPTO se o testador tiver disposto outra coisa. O testador tem a liberdade
e autonomia para dizer:
por exemplo:
Que apesar de ter distribuído toda a herança em legados, quer
que apenas um dos legatários seja responsável pelos encargos da
herança.
Por exemplo: o autor pode dizer: “deixo a minha casa de férias a B desde que
ele ofereça 10.000 USD a C.”.
Por exemplo, o autor da sucessão pode dizer: “deixo o meu carro a D que,
todavia deverá pagar a dívida do mecânico”.
Artigo 2053.º
(Aceitação a benefício de inventário)
1. A herança deferida a menor, interdito, inabilitado ou pessoa colectiva
só pode ser aceita a benefício de inventário.
Artigo 2030.º
4. O usufrutuário, ainda que o seu direito incida sobre a totalidade do
património, é havido com legatário.
3ª DIFERENÇA ENTRE O HERDEIRO E O LEGATÁRIO: O
FUNCIONAMENTO DO DIREITO DE ACRESCER.
Artigo 2301.º
(Direito de acrescer entre herdeiros)
1. Se dois ou mais herdeiros forem instituídos em partes iguais
na totalidade ou numa quota dos bens, seja ou não conjunta
a instituição, e algum deles não puder ou não quiser aceitar
a herança, acrescerá a sua parte à dos outros herdeiros
instituídos na totalidade ou na quota.
2. Se forem desiguais as quotas dos herdeiros, a parte do que
não pôde ou não quis aceitar é dividida pelos outros,
respeitando-se a proporção entre eles.
Artigo 2302.º
(Direito de acrescer entre legatários)
1. Há direito de acrescer entre os legatários que tenham sido
nomeados em relação ao mesmo objecto, seja ou não
conjunta a nomeação.
2. É aplicável, neste caso, com as necessárias adaptações, o
disposto no artigo anterior.
Artigo 2243.º
(Termo inicial ou final)
1. O testador pode sujeitar a nomeação do legatário a termo
inicial; mas esse apenas suspende a execução da disposição,
não impedindo que o nomeado adquira direito ao legado.
Artigo 2130.º
(Direito de preferência)
1. Quando seja vendido ou dado em cumprimento a estranhos
um quinhão hereditário, os co-herdeiros gozam do direito de
preferência nos termos em que este direito assiste aos
comproprietários.
A DESIGNAÇÃO SUCESSÓRIA
Artigo 2157.º
(Herdeiros legitimários)
são herdeiros legitimários os descendentes e os ascendentes, pela ordem e
segundo as regras estabelecidas nos artigos 2133.º a 2138.º
D
/ \
E ________ A B
[ \
G F – adoptado
[
H
RESOLUÇÃO:
Nos termos do artigo 2157.º determinam-se os sucessores legitimários.
4 descendentes = G, F (artigos 7.º, 8.º; 197.º C.F); H
5 ascendentes = D
De acordo com o artigo 2134.º, “os herdeiros de cada uma das classes de
sucessíveis preferem aos das classes imediatas”
Assim teremos:
4 descendentes = G, F, H
5 é excluído = D
Nos termos do artigo 2135.º “dentro de cada classe os parentes de grau mais
próximo preferem aos de grau mais afastado”.
4 Descendentes do 1º grau = G e F
5 Descendente do 2º grau = H é excluído.
1ª - PARTE.
CÁLCULO DA LEGÍTIMA.
O artigo 2162.º tem como epígrafe o cálculo da legítima mas em bom o que
está em causa é o cálculo da herança para efeitos da legítima objectiva.
Nos termos do n.º 2, os bens que não sejam objecto de colação de acordo com
o artigo 2112.º não serão tidos em conta para o cálculo da herança.
Ex: Inagimenos que A durante a sua vida, oferece um automóvel ao seu amigo
B. Num dia de grande tempestade, o relâmpago acerta numa árvore que cai
sobe o automóvel deixando-o sem qualquer valor comercial. Esse automóvel
não será tido em consideração para efeitos de cálculo da herança.
Artigo 2162.º
(cálculo da herança)
H= R+ D - P
H – herança
QUOTA INDISPONÍVEL
Artigo 2158.º
(Legítima dos filhos)
1. A legítima dos filhos é de metade da herança se existir um só filho, e
de dois terços se existirem dois ou mais.
O n.º 2 deste artigo foi revogado pela Lei n.º 10/77 de 9 de Abril.
Neste artigo estão previstas duas situações:
H = 900
QI QD QI QD
450 450 600 300
C = 150
Art. 2158.º n.º 1
B 450 D = 150 2ª parte.
E = 150 H = 900
Art. 2158.º n.º 1 1ª parte. QI = 900*2=600
QD = H – QI
QD = 900 – 600
QD = 300
Artigo 2159.º
(Legítima dos descendentes do segundo grau e seguintes)
os descendentes do segundo grau e seguintes têm direito à legítima que
caberia ao seu ascendente, sendo a parte de cada um fixada nos termos
prescritos para a sucessão legítima.
Artigo 2160.º
(Legítima dos pais)
A legítima dos pais é de metade da herança.
Neste caso, a QI é de metade da herança.
H = 900
QI QD
450 450
Artigo 2161.º
(Legítima dos ascendentes do segundo grau e seguintes)
A legítima dos ascendentes do segundo grau e seguintes é de um terço da
herança.
H = 900 QI QD
300 600
LEGÍTIMA SUBJECTIVA
Artigo 2136.º
(Sucessão por cabeça)
Os parentes de cada classe sucedem por cabeça ou em parte iguais, salvas as
excepções previstas neste código.
Artigo 2139.º
(Descendentes do primeiro grau)
1. A partilha entre filhos faz-se por cabeça, dividindo-se a herança em
tantas partes quantos forem os herdeiros, salvo o disposto no número
seguinte.
2. (Revogado pela Lei n.º 10/77 de 9 de Abril).
O artigo 2139.º n.º 1 confirma a regra do artigo 2136.º que é a divisão por
cabeça em metade da herança.
Quando é que as disposições testamentárias devem ser inseridas no relictum e
quando é que não devem?
Neste caso, não se irão somar os 100 aos 1800 porque o enunciado diz que a
totalidade do património, ou seja, o relictum é de 1.800. Logo, os 100 estão
contidos nos 1.800.
R = 1.000.000
100.000
H= R + D - P
D= 200.000
P = 400.000
QI = H/2/3
QI = 900 * 2 = 600
3
QD = H – QI
QD = 900 – 600 = 300
QI QD
600 300
-----------------------------
C – 200 200
D – 200 100
E - 200
Obs: Tanto na quota indisponível como na quota disponível, tem de dar resto
zero, o resultado da distribuição.
Artigo 2168.º
Redução de liberalidades
(Liberalidades inoficiosas)
Dizem-se inoficiosas as liberalidades, entre vivos ou por morte, que ofendam
a legítima dos herdeiros legitimários.
Artigo 2169.º
(Redução)
As liberalidades inoficiosas são redutíveis, a requerimento dos herdeiros
legitimários ou dos seus sucessores, em tanto quanto for necessário para
que a legítima seja preenchida.
Artigo 2170.º
(Proibição da renúncia)
Não é permitida em vida do autor da sucessão a renúncia ao direito de
reduzir as liberalidades.
De acordo com este artigo, o autor da sucessão não pode renunciar, ou seja,
não pode dizer o seguinte: “deixo o meu carro a B, o imóvel a G, e não quero
que estas liberalidades sejam reduzidas.
Artigo 2171.º
(Ordem da redução)
A redução abrange em primeiro lugar as disposições testamentárias a título
de herança, em segundo lugar os legados, e por último as liberalidades que
hajam sido feitas em vida do autor da sucessão.
Artigo 2172.º
(Redução das disposições testamentárias)
1. Se bastar a redução das disposições testamentárias, será feita
proporcionalmente, tanto no caso de deixas a título de herança como
a título de legado.
Artigo 2172.º
2. No caso, porém, de o testador ter declarado que determinadas
disposições devem produzir efeito de preferência a outras, as
primeiras só serão reduzidas se o valor integral das restantes não for
suficiente para o preenchimento da legítima.
O testador não pode renunciar a redução mas, pode fazer o que consta no
artigo 2172.º n. 2. Neste caso, não há redução proporcional, e sim, de acordo
com a vontade do testador.
Ex: tendo feito as liberalidades, o testador diz que se alguém tiver que ser
reduzido, prefiro que seja o meu amigo J.
Artigo 2173.º
(Redução de liberalidades feitas em vida)
1. Se for necessário recorrer às liberalidades feitas em vida, começar-se-
á pela última, no todo ou em parte; se isso não bastar, passar-se-á à
imediata; e assim sucessivamente.
Artigo 2173.º
2. Havendo muitas liberalidades feitas no mesmo acto ou na mesma
data, a redução será feita entre elas reteadamente, salvo se alguma
delas for remuneratória, porque a essa é aplicável o disposto no n. 3
do artigo anterior.
LEGADO POR CONTA DA LEGÍTIMA
Artigo 2163.º
(Proibição de encargos)
O testador não pode impor encargos sobre a legítima nem designar os bens
a que devem preencher, contra a vontade do herdeiro.
A pessoa que recebe um legado por quota, não obstante receber bens
determinados, não perde a sua qualidade de herdeiro. Portanto, estamos
perante uma figura sui generis que se denomina “herança surpresa certa” –
herança ex re certa.
Partimos do pressuposto que aquele que aceita o legado por conta continua a
ser herdeiro legitimário. Assim sendo, a doutrina é unânime em considerar que
ele tem direito a diferença existente entre o montante da legítima subjectiva e
o montante referente ao legado.
L.P.C = 20 QI QD
60 30
B – 30 ............15
C – 30 ............ 15
Para estes autores, o legado por conta de valor superior a legítima, consiste
num facto de o herdeiro poder receber um legado para além da sua quota;
ou seja, o pré legado é um benefício que acresce o herdeiro e, portanto,
imputa-se na quota disponível.
Para este autor, nesta figura, o autor da sucessão não tem como objectivo
avantajar o sucessível legitimário.
Ex: L.P.C = 50
QI QD
60 30
B – 30 .......... 20
C – 30 ..........10
Enquanto no legado por conta, este iria preencher a legítima neste caso, o
legado vai substituí-lo. O sucessível legitimário não irá receber a legítima e
sim um legado com natureza legitimária. Legado esse que substitui a legítima.
Por isso denominamos "legado em substituição da legítima".
Artigo 2165.º
2. A aceitação do legado implica a perda do direito a legítima, assim como a
aceitação da legítima envolve a perda do direito ao legado.
Artigo 2049.º
1. Se o sucessível chamado à herança, sendo conhecido, a não aceitar nem a
repudiar dentro dos quinze dias seguintes, pode o tribunal, a requerimento
do Ministério Público ou de qualquer interessado, mandá-lo notificar para,
no prazo que lhe for fixado, declarar se a aceita ou repudia.
ex: L.C.S = 40
H = 90 QI QD
60 30
B - 30 ......... 10
C - 30
Ex: H = 90
L.E.S = 20 - C QI QD
60 30
B - 30
C - 20
QI QD
60 30
B - 40
C - 20.
COLAÇÃO.
Ex: A, faz uma doação a C seu neto, em 2000. Todavia, A, falece em 2005.
Estará C sujeito a colação?
A resposta é negativa. C, não estaria sujeito a colação porque apesar de ser
descendente, não era legitimário prioritário à data da doação.
Segundo este artigo, a obrigação não recai só sobre o donatário, mas também
sobre os seus representantes. Esta situação trata-se de uma situação diferente
da anterior.
Na situação anterior C era representante de B, mas, a colação não recaia sobre
ele porque a data da doação, C, não era legitimário prioritário de A. Todavia,
se a colação recaísse sobre B, C como seu representante também ficaria
sujeito a colação na medida em que os representantes são instituídos nos
mesmos direitos e deveres dos representados.
Ex: A, doa a B seu filho, em 2000, uma cerca quantia. Em 2001 B, pré-
morreu ao autor da sucessão, deixando um descendente C. A, chegou a falecer
em 2005.
Quid juris?
Artigo 2111.º
(Frutos)
Os frutos da coisa doada sujeita a colação, percebidos desde a abertura das
sucessão, devem ser conferidos.
Os frutos das coisas doadas sujeitas a colação também estão sujeitas a colação
após a abertura da sucessão.
Ex: Se, eventualmente um imóvel for sujeito a colação, as rendas que dela
advenham após a abertura da sucessão também estão sujeitas a colação.
Artigo 2112.º
(Perda da coisa doada)
Não é objecto de colação a coisa doada que tiver perecido em vida do autor
da sucessão por facto não imputável ao donatário.
Ex: Uma árvore destruir um carro doado. Este carro não será chamado à
colação devido a este facto natural superveniente que destruiu a coisa.
Artigo 2109.º
(Valor dos bens doados)
1. O valor dos bens doados é o que eles tiveram á data da abertura da
sucessão.
2. Se tiverem sido doados bens que o donatário consumir, alienou ou
onerou, ou eu pereceram por sua culpa, atende-se ao valor que esses
bens teriam na data da abertura da sucessão, se não fossem
consumidos, alienados ou onerados, ou não tivessem perecido.
3. A doação em dinheiro, bem como os encargos em dinheiro que a
oneraram e foram cumpridos pelo donatário, são actualizados nos
termos do artigo 551.º
Segundo este artigo, o bem doado é conferido pelo valor que tem na data da
abertura da sucessão.
Artigo 2104.º
Colação
(Noção)
1. Os descendentes que pretendam entrar na sucessão do ascendente
devem restituir à massa da herança, para igualação da partilha, os
bens ou valores que lhes foram doados por este: esta restituição tem o
nome de colação.
2. São havidas como doação, para efeitos de colação, as despesas
referidas no artigo 2110.º
Ao lermos este artigo, ficamos com a ideia de que a colação opera pela
restituição dos bens ou valores doados; ou seja, ficamos com a ideia de que os
descendentes têm de devolver os bens que receberam ou pagar o montante
equivalente a despesa que foi feita em seu favor. Todavia, temos de ter em
consideração o artigo 2108.º n.º 1
Artigo 2108.º
(Como se efectua a conferência)
1. A colação faz-se pela imputação do valor da doação ou da
importância das despesas na quota hereditária, ou pela restituição
dos próprios bens doados, se houver acordo de todos os herdeiros.
Ex : A B = 40 ( doação)
B C R= 50
H= 90
Qi Qd
60 30
__________
B=30.....10+5
C=30-----10+5
B= 45 Qi Qd B= 60 Qi Qd
R=50 60 30 R=30 60 30
________________
-------------------- B=30.............30
B=30.......15 C=30
C=30-------15
Dispença de colação
A colação tem como objectivo igualar os herdeiros legitimários, ou seja,
faz que nenhum deles seja avantajado relativamente aos demais. Porem,
o autor da sucessão pode ter tido como objectivo avantajar um dos
herdeiros legitimários. Neste caso terá de se recorrer ao instituto da
dispensa de colação.
Art.2113
- No acto da colação
- Ou posteriormente
Ex : o autor da sucessão doa um imóvel ao seu filho e quer que esta doação
seja dispensada de colação.
Como a doação de imóvel tem de ser efectuada por escritura publica (art.
875) a dispensa de colação só pode ser feita
Art.2114, n 1
INTANJIBILIDADE QUANTITATIVA
INTANJIBILIDADE QUALITATIVA
ART. 2163
- ou aceita o legado
- ou aceita a legitima
Qi Qd
50 50
----------------------
B= 50
50 = C
Ainda que o legitimário quisesse receber outro bem, não poderá fazer.
SUCESSÃO TESTAMETARIA
TESTAMENTO
Ex: o testador, pelo testamento, pode designar um tutor para o seu filho.
CARACTERISTICAS DO TESTAMENTO
4 Acto singular
Art. 2181
Esta regra existe de forma a evitar que uma pessoa influencie a outra, porque
a vontade do testador tem de ser a mais livre possível.
5 Acto pessoal
Art. 2182, n 1
O testamento, sendo um acto pessoal, não pode ser feito por meio de
representante
ex: - a) deixo os meus bens aos pobres da minha paróquia e nomeio o pároco
para os distribuir
- b) deixo o meu carro àquele que, de entre os meus amigos, for escolhido
pelo meu irmão.
6 Acto formal
2 Forma comum:
2. testamento cerrado
Art. 2208
Só pode fazer testamento cerrado quem saiba ler. Os que
não sabem ler são inábeis. Esta inabilidade tem como caso
uma qualidade da pessoa, aplicar-se-á uma sanção – a da
incapacidade de testar, ou seja, a nulidade. Art. 2109
Faz sentido que a lei só admita que quem saiba ler é que
possa fazer testamento cerrado.
7 Acto revogável
Esta característica faz com que o sucessível testamentário nem possa ter a
certeza de que irá suceder ao de cujus. Quem é sucessível testamentário hoje
amanha poderá já não ser.
3. Revogação expressa
4. Revogação tácita
Este art. Aplica-se apenas ao testamento cerrado. A ideia que esta presente no
art. é da revogação através da distribuição do testamento por parte do testador.
Para que este tipo de revogação se verifique é necessário que se preencha dois
requisitos cumulativos:
Art. 2315, n 3
Obs: para o professor da cadeira, se o testador riscou, é porque não quis que
aquela disposição fosse atendida.
Art. 2316
Art. 2316.º, nº 3
Por outro lado, há que ter em consideração que aqueles que não sabem ou não
podem escrever, não podem fazer testamento cerrado. São obrigados a
fazerem um testamento público. Art. 2208.º C.C
3 O tutor
4 O curador
5 O administrador legal de bens
1 Descendentes
2 Ascendentes
3 Colaterais até ao terceiro grau
4 O cônjuge do testador
O Art. 2193.º não faz sentido, porque o menor não tem capacidade para testar,
a menos que seja emancipado.
Art. 2197.º
Art. 2196.º
( esta parte não faz sentido e o nosso ordenamento jurídico, não prevê)
O que aqui esta em causa é que o testador não pode testar a favor do seu
amante.
Neste art. O que se pretende proteger, não é a liberdade de testar, mas sim, a
defesa da instituição familiar. Verifica-se uma reprovação social. Reprova-se
o facto de o autor da sucessão, casado, ter cometido adultério e, ainda para
agravar, fazer um testamento a favor da amante ou do amante.
Portanto, uma deixa feita ao amante ou amante será nula, mas não existirá
nulidade se, na altura da abertura da sucessão, o casamento já se encontrar
dissolvido.
O legislador entendeu que, neste caso, não é reprovável uma deixa efectuada a
favor da pessoa com quem o testador cometeu o adultério.
Art. 2198º
2 O cônjuge do inibido
3 A pessoa de quem o inibido seja herdeiro presumido
4 Qualquer terceiro que, posteriormente, vá transmitir ao inibido a coisa
ou direito que lhe tenha sido cedida.
SUBSITUIÇÃO PUPILADA
Art. 2297.º, n.º 1 C.C
A ratio do preceito é que, como o filho de A viria a morrer sem ter os seus
herdeiros, dá-se ao progenitor a possibilidade de escolher, por ele, as pessoas
que irão ser suas herdeiras. Isto desde que o filho de A venha a falecer sem
deixar descendentes ou ascendentes. Art. 2297.º, n.º 2 C.C
A tem um filho B que é interdito por anomalia psíquica, pelo que nunca
poderá testar.
A, diante disso, supre essa incapacidade, nomeando C e D para herdeiros e
legitimários de B caso este morra.
Como a substituição pupilar e quase pupilar têm como natureza serem meios
de suprimento da incapacidade, assim que o pupilo ou que pupilo adquirirem
ou readquirirem a capacidade testamentária activa, a substituição pupilar ou
quase pupilar caducam. Art. 2297.º, n.º 2; 2298.º, n.º 2
Por outro lado, para que a substituição pupilar e quase pupilar possam ter
lugar, o substituído não pode deixar herdeiros, isto é, nem ascendentes nem
descendentes. Art. 2297, n.º2; 2298, nº 2 cc
A SUCESSÃO LEGITIMA
Art. 2131.º ss
Art. 2133.º
Art 2145.º
Art.2152.º ss
Para o Estado aceitar tem de correr um processo. A aceitação opera ope legis
FENOMENO JURIDICO SUCESSORIO
Aspectos:
Efeitos processuais,
Efeitos fiscais
Para se saber onde é que se vai liquidar o imposto sucessório Art. 2031.º C.C
VOCAÇÃO SUCESSÓRIA
CARACTERISTICAS
PRESSUPOSTOS
1. Existência do chamado
ART. 2033.º
Para que alguém possa suceder a outrem é necessário que tenha personalidade
jurídica.
ex. Pode-se fazer uma deixa desse género : ‘deixo os meus bens aos
filhos que o meu amigo Satchimuma vier a ter ‘.
Ex. A faz um testamento deixando todos os bens aos filhos que B vier a ter.
Quando A morre B tem três filhos. O que é que acontece se B tiver mais
filhos?
Prof Pamplona Real: não se poderá efectuar partilha enquanto não haver a
certeza de que B já não poderá mais ter filhos. Essa certeza pode ser obtida
das seguintes formas:
Os menores, interditos e inabilitados são incapazes nos termos gerais, mas não
são afectados pela incapacidade sucessória.
• INDIGNIDADE
QUERELA
O Prof. Pamplona Real discorda dizendo que o que o art. 2036º tem por
epígrafe a declaração de indignidade e trata todas as alíneas do art. 2034.º de
forma igual, não distinguindo a al. a) e b) das al. c) e d), chegando a conclusão
que será necessário haver um processo judicial para todas as causas de
indignidade.
Art.2038.º
- Por testamento
- Por escritura pública
Se o autor da sucessão reabilitar expressamente um determinado
sucessível apôs a abertura da sucessão, aqueles que beneficiariam com o
afastamento indigno já têm legitimidade para propor a acção de declaração
de indignidade.
Verifica-se quando:
confrontação
Obs. DIFERENÇA ENTRE art. 2166.º, n.º 1 al. b) e Art. 2034.º al. b)
Formas de deserdação
As causas da deserdação são taxativas, porque está em causa uma pena civil.
Art. 2167.º
QUERELA
Se A quisesse poderia ter deserdado C, mas não o fez, também não se poderá
aplicar a indignidade. Todavia, os sucessíveis que forem beneficiados com o
afastamento de C podem recorrer a indignidade.
VOCAÇÕES INDIRECTAS
- a indignidade
- a deserdação
art. 2283º Substituição plural: uma pessoa pode ser substituída por varias
pessoas e várias podem ser substituídas por uma.
2. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
Art. 2040.º
Art.2043
A + 2002
׀
B++ 1999
׀
C
Art. 2037º,nº2
Art. 2044.º
Estirpe: é constituída pelos descendentes daquele que não pode ou não quis
aceitar.
Se Qi = 900 ; logo Qi
L.S = 300 900
G = 300
E = 150
F = 150
H = 100
I = 100
J = 100
3. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
Art. 2301,nº2º
O acrescer entre herdeiros testamentários ocorre na proporção das contas dos
mesmos.
Ex. Se temos três herdeiros, o primeiro com direito a 75.00; o segundo com
direito a 100.00 e o terceiro com direito 50.00
Se o que tem direito a 75.00 repudiar, a sua parte vai acrescer aos demais.
Assim, o segundo, que tinha 100.00, fica com 150.00 e o terceiro, que tinha
50.00, fica com 75.00
Art. 2306º
A aquisição da parte acrescida dá-se por força da lei, ou seja, a aceitação não é
necessária; inclusivamente o beneficiário não pode repudiar apenas a parte
acrescida. Ou repudia tudo ou tem que aceitar a parte acrescida.
Se a parte acrescida for repudiada, ela reverterá para a pessoa a favor de quem
o encargo tenha sida constituído.
De acordo com este art., são beneficiados com a parte acrescida os sucessíveis
da mesma classe e grau.
Ex. se um dos irmão do autor da sucessão repudiar a parte que lhe compete,
caso tenham sido chamados mais irmãos, essa parte será dividida
proporcionalmente entre eles.
Art. 2306º